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O documento analisa os elementos eclesiológicos presentes na obra de Lucas (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos), mostrando que Lucas faz uma teologia da história para situar Jesus e a Igreja nascente. A eclesiologia de Lucas enfatiza o sentido comunitário, a igualdade, a fraternidade, a pluralidade carismática e a Igreja como pneumática e missionária, preocupada com os pobres.
O documento analisa os elementos eclesiológicos presentes na obra de Lucas (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos), mostrando que Lucas faz uma teologia da história para situar Jesus e a Igreja nascente. A eclesiologia de Lucas enfatiza o sentido comunitário, a igualdade, a fraternidade, a pluralidade carismática e a Igreja como pneumática e missionária, preocupada com os pobres.
O documento analisa os elementos eclesiológicos presentes na obra de Lucas (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos), mostrando que Lucas faz uma teologia da história para situar Jesus e a Igreja nascente. A eclesiologia de Lucas enfatiza o sentido comunitário, a igualdade, a fraternidade, a pluralidade carismática e a Igreja como pneumática e missionária, preocupada com os pobres.
Eclesiologia/ Sinivaldo Tavares Aluno: José Roney de Freitas Machado; José Sotero; Felipe Trindade; Marcelo Miotto
Elementos Eclesiológicos da Obra Lucana (Evangelho de Lucas e Atos dos
Apóstolos)
No tocante da eclesiologia, há muitos teólogos que defendem que a obra lucana
(Evangelho de Lucas e Atos) nos apresenta um retrato fidedigno de como as comunidades cristãs se organizavam no primeiro século, tanto que, alguns mais jurisprudentes, por assim dizer, chegam a vislumbrar em Atos dos Apóstolos uma espécie de doutrina acabada, o que, por sua vez, sugere algum tipo de institucionalização. Não obstante, se por um lado, é verdade que os Atos dos Apóstolos são imprescindíveis para que possamos compreender a vida da Igreja primitiva, por outro, ao prescindirmos de uma atitude analítico-crítica para com o relato, corremos o risco de compreender a obra como um texto estritamente historiográfico, e com isso, perdermos de vista suas nuanças teológicas, bem como o contexto histórico-redacional no qual Lucas realiza o seu trabalho, o que resultaria em grande prejuízo à sua “eclesiologia”. Portanto, é importante ter em conta que, Lucas faz teologia da história, e isso, exatamente para situar Jesus na história do antigo Israel, apresenta-lo como sendo o cumprimento da promessa feita aos antepassados e mostrar que a Igreja nascente, enquanto portadora dessa boa nova que é o reino, tem a incumbência de anunciá-lo ao mundo mediante o testemunho de todos aqueles que aderiram a proposta de Jesus como projeto de vida; e isso, sob a ação do Espírito Santo. Nesse sentido, se nos predispormos a ler a obra lucana, não como relato historiográfico sobre o nascimento e a evolução da Igreja, mas como narrativa eclesiológica, tornar-se-á bastante evidente que não podemos formular uma eclesiologia sistemática prescindindo de uma abordagem crítica a respeito do contexto sócio- político- econômico da época. Ora, pois, a situação da Igreja narrada em Atos, escrita por volta dos anos 70 e 80, retrata a época em que a Igreja não está organizada institucionalmente, processo que só acontecerá mais adiante, no final do século I e início do século início do século II. Importa justificar que, com isso não queremos dizer que as comunidades cristãs não tinham nenhum tipo de conformação ou sistematização, mas apenas nos advertir do perigo de interpretarmos a Igreja nascente como uma instituição hierarquicamente e magistralmente pronta, o que do ponto de vista histórico não procede. Feitas tais considerações, temos melhores condições de penetrarmos os textos de Lucas e extraímos deles alguns elementos importantes para a eclesiologia, tão importantes que, diga-se de passagem, serão retomados, relidos e adaptados à luz das intuições “aggiornamentistas” do Concílio vaticano II. Sabemos pelos estudos exegéticos que Lucas e Atos são uma única obra, e que só tardiamente a mesma fora dividida em duas partes. Portanto, uma única teologia perpassa os textos lucanos de ponta a ponta, e todos os eventos narrados no Evangelho são como que uma preparação para a cena seguinte, para o momento eclesiológico, por assim dizer. Partindo da intuição que, na perspectiva do cumprimento da promessa, o reino de Deus já estava presente na pessoa de Jesus e daqueles que se agrupavam em torno dele (Lc 11, 20), podemos ser apressados em constatar que a Igreja nascente era a plena realização do reino de Deus na terra, o que seria um equívoco. Claro, não podemos negar que o que a as comunidades de fé propunham como ideal de vida, de fato apontava para algo novo, para um modelo de organização social alternativo, tanto que estas acabaram por se tornar um testemunho credível diante da sociedade e a atrair adeptos do povo. Entretanto, importa esclarecer que, uma coisa é afirmar que a Igreja é o reino de Deus; outra é inferir que ela é o espaço intramundano privilegiado onde o reino de Deus, de algum modo, acontece, manifesta-se. Tal distinção é importante exatamente para não pensarmos que as comunidades cristãs eram agrupamentos fechados, agremiações alienadas do mundo no qual elas mesmas se encontravam (os cristãos viviam a sua fé no mundo, viviam a vida cotidiana das pessoas de seu tempo, o que significa dizer que, assim como a encarnação é histórica, a Igreja é também uma realidade histórica). Para Lucas, é bastante claro que o evento Pascal e Pentecostes estão nas origens da Igreja. Ela é nascida do Espírito e assistida por ele. O Espírito seria o grande impulsionador da Igreja em sua missão de anunciar o reino até os confins da terra. Disso, temos claro que a evangelização não era uma atividade esporádica da Igreja primitiva, mas algo que fazia parte de seu cotidiano, algo que lhe era conatural. Vale também evidenciar a dimensão carismática do Espírito que, frente a situações bastante concretas, faz-se expressar na criação de alguns ministérios, estes que tem como finalidade última, o serviço, sobretudo, aos mais necessitados. Tendo que, enquanto teólogo, Lucas quer nos apresentar em primeira mão uma visão idealizada da vida da comunidade, isto é, oferecer-nos os primeiros tempos da vida cristã como paradigma, é imprescindível que esbocemos alguns elementos fundantes da identidade cristã a partir do que representou para os seguidores de Jesus o pós-pascal. Segundo Atos, as principais características da Igreja primitiva são: a perseverança nos ensinamentos dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e na oração. Estas são orientações motrizes a partir das quais os cristãos da primeira hora viviam a sua fé. Outro dado importante a se explicitar é que, embora Lucas fizesse parte do mundo grego, conhecia bem a cultura judaica. Talvez por isso, ele tenha conseguido articular com tanta maestria estes dois mundos tão distintos, e a partir de sua teologia, oferecer às comunidades cristãs gentias uma mensagem que lhes conferia pertença e os incluía na história da salvação. Nessa perspectiva, faz todo o sentido que a Igreja se pense como o novo povo de Israel, até porque, a proposta de Jesus se coloca como continuidade das promessas veterotestamentárias, e a comunhão eclesial como que atesta profeticamente tal prédica. Em síntese, a obra lucana nos denota uma eclesiologia do sentido comunitário, da igualdade radical e da fraternidade eclesial, da pluralidade carismática, da encarnação e da historicidade, da Igreja pneumática e missionária que tem os pobres como privilegiados da atenção. A eclesiologia do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos faz suscitar em nós importantes reflexões pastorais para os dias de hoje. Lucas apresenta uma Igreja que nasce no Espírito Santo e que é conduzida por ele. Essa Igreja, por sua vez, desdobra-se em uma rede de comunidades onde todos possuem funções dignas e são chamados a serem discípulos e missionários, testemunhas da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador do mundo. Depois, a eclesiologia lucana mostra-se muito preocupada com a assistência aos pobres. Deveras, há uma grande insistência da parte do autor para que nas comunidades cristãs não haja miseráveis, por isso, insiste na partilha dos bens em comum, visto que, em Cristo, todos são irmãos, além do que, tudo o que se tem, em última instância, pertence a Deus. Nesse sentido, “bom seria que em nossas paróquias tivessem cristãos dispostos a anunciar Jesus se engajando em projetos sociais. Bom seria se não houvesse centenas de pessoas desempregadas e mendigos entregues à própria sorte em nossa capital de Belo Horizonte e nas nossas cidades metropolitanas”. Lucas não concebe uma Igreja hierarquizada, onde os cargos da comunidade são privilégios hereditários ou objetivo de carreirismo. A seu ver, as funções não possuem níveis de status; tratam-se de trabalhos ministeriais a serviço dos irmãos da comunidade, ao passo que, todos são valorizados pelo que fazem. O evangelista não define a Igreja como um grupo fechado que guarda o segredo messiânico revelado por Deus, mas, dá- nos a conhecer uma comunidade interessada em transmitir a sua fé em todos os lugares do mundo e sob todas as circunstâncias possíveis. Ele exprime a Igreja como um caminho contínuo de conversão e de aprendizado comunitário, um lugar onde se toma decisões em assembleia, à exemplo do concílio de Jerusalém (perspectiva da colegialidade). A eclesiologia lucana não é centralizadora, mas dialogal, sob a luz do Espírito Santo. Desde a eclesiologia de Lucas, se nos é possível compreender a proposta do Papa Francisco de uma Igreja em saída; uma Igreja de discípulos e missionários que, de fato, optem pelo testemunho radical do Evangelho e sejam exemplos de solidariedade e santidade (humanidade). A eclesiologia lucana se configura um convite aos cristãos de hoje a confiarem mais na força do Espírito Santo e a aderirem com entusiasmo à proposta de uma Igreja missionária que de continuidade ao projeto salvífico comunicado por Deus.