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CapítulO 426 Os Distúrbios Psiquiátricos rla PrátiCa Médica r 2587

ta em ra tos, moscas-das-frutas ou outras espêcies. Modelos ani-


mais e5tao dispúníveis para muitas doenças neurológicas, tais
corn o a doença de Huntington, que antenonnente só eram ob-
m NAOS PRÁTICA
DISTÚRBIOS PSIQUIATRICOS
M~DlCA
servadas nos seres humanos, Estes modelos estão oferecendo
importantes aspectos dos mecanismos da doença e podem tam- R. B. Schi.ffer
bém revolucionar o processo de identificar novos tratamentos.
Diferentes mutaçOcs no mesmo gene podem produzir diferen- As principais doenças que acometem a populaçilO no século
tes doenças. Por exemplo, as sindromes neurológicas da en."aque- XXI provave1mcntesão diferentes daquelas que receberam a ma i-
ta hemiplégica familiar, ataxia episódica ou ataxia espinocerebelar or pane dos recursos médicos du rante os últimos 100 anos. À
progressiva podem ser causadas por mutações no gene CACNlJ A4, medida que a mortalidade especifica de cada faixa etária dimi-
que codifica um canal de cálcio neurnna\. O fenótipo em alguns nui constantemente, ocorre um desvio dos distúrbios infeccio-
individuos combina elementos dos rrts disnlrbios. sos agudos e dos distúrbios nutricionais, em favor dos dislur-
Doenças uma vez consideradas como entidades clinicas e: patO- bios mais crõnicos, associados ao estilo de vida. De acordo com
lógicas ünicas são agora conhecidas como causadas por mUlações a Organização Mundial de Saúde, :> das 10 causas-lideres de
independentes em dois ou mais genes. Por exemplo, mUlações em incapacidade mundialmeme são distúrbios psiquiátricos: depres-
qualquer um de rrts genes pode causar a doença de Alzheimer são unipo!ar, abuso de subSlilncias. lransLOrno bipolar, esqui-
làmiliar (Tabela 425-1). Cada uma das proteínas codificadas pare- zofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo.
ce ter um papel no processamento pretoolitico da proteína amilói- A morbidade psiquiátrica é comum entre os pacientes no
de pm:ursora, e as manifestações produzidas por estes diferentes cenário ambu latorial mt':dico geral nos países desenvolvidos e
genes são indisúnguíveis pelos exames clinico convencional e pa- subdesenvolvidos. Os médicos generalistas podem ler a expec-
tológico. Outros disturbios nos quais a heterogeneidade genética tativa de que 1 dentre 4 p acientes viSIOS por eles apresente uma
semelhante resulta em um fenótipo virtualmente identico incluem doença psiquiátrica em atividade, passfvel de diagnóstico. Os
a doença de Parkinson hereditária, a esclerose lateral amiotróHca e diagnósticos mais comuns no cenário m édico são a depressão,
alguns tipos de atrofla espinocerebelar. o transtorno de ansiedade generali zada, os trans tornos somaLO-
A influência genética sobre uma ampla gama de características formes, o abuso de subsliincias e os tran stornos de personalida-
tão diversas quanto a personalidade ou a predisposiçãO para neu- de. A ma ioria destes dis túrbios tem a!.:entuada morbidade psi-
rodegcneração foi dL'ITlonstrada nos estudos com gêmeos. À medi- cossocial, e são todos tratáveis. O reco nh ecimen to inicial e o
da que o catálogo de variantes genéticas conhecidas, ou polimor- tratamento destes distúr bios d evem ocorrer no cenário médico
fismos, no genoma humano se expa nde rapidamente, o processo geral devido à carência d e p siquiatras e à diflcu ldade de acesso
de. identifica.r os polimorl'tsmos que influenciam o comportamen ~ a especialistas da área p:;iquiátrica no cenário dos convênios
to ou a sw;cetibiliclade para a doença já começou. Para dar dois (managed care). Os dados indicam que menos que 25% dos pa-
exemplos, um polimorfismo no gene codificando um receptor da cientes com estas doenças mentais neuróticas são reconhecidos
dopamina está associado com o comportamento de b usca de novi- e tra tados por provedores de cuidados primários.
dades e com os disturbios do déficit da atcnçãO'hipcratividade, e Os distúrbios psiquiátricos se apresentam como conjuntos
os polimorflsmos do gene codificando a apolipoproteína E estio variáveis de sinais e simomas, ou sindromes. Os diagnósticos
2SSOciados com a doença de Alzheimer. A prova da causa e efeito é psiquiátricos ainda sào feitos com base nestas caracteristicas
mais difícil nestes polimorflsmos associados com doença que nas clínicas apesar do crescente conhecimento sobre as bases neu-
mutações que causam doenças. Entretanto, a probabilidade de que robiológicas destas situações. Ainda não existem testes labora-
um polimOrflS1ll0 seja biologicamente significativo se toma fone toriais confiáveis para diagnóstico. Todos os distúrbios psiqu iá-
quando sua associação com uma doença ou ttaço comp:mamental tricos têm um espectro de gravidade, e as terapias disponíveis
e confrrmada em muitaS diferentes populações e quando há evi~ provavelmente fun cionam melhor durante as suas fases mais
dhJcia de que o polimOlflS1llo afeta a função bioquímica. brandas. Este capítulo esboça as características clfnicas e o tra-
Com o reconhecimento de que fatores genéticos causam ou tamento das principais síndromes psiquiátricas que ocorrem com
tndispOem o paciente a muitaS d<xnças neurológicas, a história freqüência no cenário médico geral
bmiliaré uma parte importante porérncom uma rone carga emo~
cicma\ e potencialmente esrressa.nte da história do paciente. A
doenca d e Alzhetmer, epilepsia, sfndrome de Tourelte e outras SINDROMES
:3oenças com uns implicam um considerável risco para o paciente
QIJ. para os filhos do paciente, porem sao frequentemente n ega-
DEPRESSÃO E SUlCIDIO
das na história familiar. A aus!ncia de uma hislória familiar da
:.oença é raramente um argumento contra a consideração do que DlagnósUco eManifestações Clinicas
paciente p ossa ter u ma condição hereditária. Duas característi-
cas específicas dos disturbios neurológicos são importantes para Desde o advento da terceira versão do MataHl {Diagnósti-
se considerar a Obtenção de uma história fami lar detalhada. Pri- co e Estatístico dos Tra ns torn os Mentais (DSM-lll) da Associa-
~ro, antecipaçdo, a piora de uma d<xnça em geraçOes sucessi- ção Americana de Psiquiatria, em 1979, os transtornos de-
"QS. é uma caracterlstica das doenças com repetições de ninucle- pressivos têm sido diagnosticados por meio de critérios des-
oXideos. Segundo, muitas doenças genéticas mitocondriais são critivos. Esta publicação marcou um grande avanço nos di-
~mitidas apenas pelas mães para seus filhos ou filhas; algu- agnósticos psiquiátricos p orque requeria que es tes fossem
GIS vezes, esta forma de herança pode ser erroneamente inte r- substanciados por dados clínicos observáveis. Dive!."SOS trans-
~da corno autossomica dominante. Apenas se a transmissao to rnos do espectro depressivo estão incluídos na edição atual
:::asculino-masculino é observada, pode ser considerada como do DSM (DSM-IV) . As principais características clfnicas dos
5:iIbelecida urna herança autOSSOmica dominante. trans tornos d epressivos estio incluídas nos critérios diag-
nósti cos para um episódio depressivo maior e para a disti-
mia (Tabela 426-1). Estes transtornOS tendem a reco rrer, e
....snJtAS SUGERIDAS síndromes crônicas de depressãO leve. como a d!.Stimia. po-
!Ic:: TO: Ri5b and bmtfitS of ON ... lesnng fOT nwroS'Cnelic dóSordCT$. s'm;n dem evoluir n o tempo para transtornos depressivos mais
"""ml 1999;19:253-159. TaleJ do DNIo ~ _ wj/j~odon com 'ltiddd.>so imponantes e mais graves. Quando o padrJo de recorrf:ncia
}lllgamcnlh no (""luto dos pacltllla mdi~od....is e "'" f_IIi«j. ê de apenas uma das slndromes depressivas, o transtOrno é
~n IM. l>awson Vl..: Ran: g<:nClic mut,UlOns s.!>(d Hghl on lhe palhogenm.
chamado de lmmtOTnO depre5sivo unipolar. Quando estão
oI" Parkmson dlsc:~.J Clin ln~ lOO..l;lll :145-1 5 1. Cerco de lOS das PI1r-
'=sons que s4D familimn foram <luocrados <I 10 ~II(S "'fet<:nlJ:S. 4 dos qlt<li. incluídos episódios similares à mania (ver adiante). o trans-
}an:m clonados. torno é denominado lranstomo bipolar.
~ JP. Hardy J. l'is<:h1xck KH: To:rlc proldns in ncUtodc:gertCrlllj~ d~. Os sintomas de depressão variam para cada indivfduo e
:5ocncc 2002;296:1991-1995. Um "",iO' cnle>odimelllO dus m«<mlsmoscdula·
,..,. <k Ir~ de proldroas <trl0t"lll<lls t dos efeiUn do oe>lm"lo h J!1IIlC/nQs
às vezes são difíceis de reconhecer. O componamento e a
ameas po<k pmnilir o a.s.envolvlmcnlo do fl"<UM!etllh r/di....,.
2588 Capítulo 426 Os Distúrbios PsIQUiátricos na Prática Médica

proporções de transtorno depressivo unipolar entre os parentes


cognição podem ser afetados, bem como o humor e o afeto. de primeiro grau de pacientes com transtorno unipolar. Estes
Algumas pessoas experimentam a depressão como uma leu- parentes ttem um risco para transtornos depressivos maiores ao
tificaÇão do pensamento e dos movime ntos_ Para alguns, as longo da vida variando de 10 a 20%, com um maior risco talve::
caracteríSticas mais proeminentes s3.o o esquecimemo e a para os transtornos do espectro depressivo. Este grau de au-
dificuldade de concentração. Outros pacientes manifes tam mento do risco é cerca de lrl:s a dnco vezes o da população
agi tação eaté mesmo experiências psicóticas quando o trans~ normal. Os estudos em gêmeos e de adoção solo consistentes
tomo é grave. Esla variabilidade de çaracteIisticas clínicas com uma contribuição genética para os transtornos dep!'eSS1--
entre pacientes pode ser utilizada como base para classifi- vos maiores, mas eles sugerem que outros fatores também são
car um episódio depressivo maior nos subtipos agitado, psi- impoTlantes. Os fatores de risco ambientais para a depressao
cótico e outros. não parecem ser passíveis de generali:zação, porém são específi-
cos para os individuos afetados. As têcnicas mais recentes de
genética molecular, tais como avaliação de não-concürdânci:!
genOmica, detecção de expansões de repetições e análise de DKA
EUolngla mitocondrial não aumentaram a compreensão atual da genética
dos transtornos afetivos. É provável que múltiplos genes de vul-
Diversas linhas de evidência sugerem que sindrome de de- nerabilidade operem em diferentes famJ1ias por diferentes me-
pressão maior tenha uma base gené tica. A ocorr~ncia de episó- canismos e por m eio de interações complexas com os eventos
dios depressivos maiores aglom era-se clarament e em famílias. da vida.
Em geral, estão presentes elevadas proporções de transtornos
bipolares e unipolares entre parentes de primeiro grau de paci-
entes com um transtorno bipolar, e estão presentes elevadas f1slopatologla
Nos anos de 1960, foram apresentadas as primeiras hip6te.
5eS sobre a associaçã o entre o metabol ismo das catccolaminas
Tabela 426-1 • CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA OS (norepinefrina, cpinefr ina, dopamina) e a depressao. As hipó-
TRANSTORNOS DEPRESSIVOS teses neuroquímicas subseqüentes invocaram anonnalidades no
meubolismo da indolamina (scrotoni na) nos transtornos de·
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR pressivos. Estas temias neuroquimicas dos distúrbios afetivos
1. Pelo menos cinco dos seguintes sintomas estiveram presentes derivaram amplamente de observações farmacológicas nos anos
durante o mesmo período de 2 semanas e represenlaID uma de 1950, que sugeriam que os depletores de indolamina e cate·
mudança em relação ao estado anterior; pelo menos um dos
sintomas é humor deprillÚdo ou perda do interesse ou prazer colamina, tais como a reserpina, poderiam provocar depressãO.
A. Humor deprimido a maior parle do dia, quase lodos os dias enquanto as drogas que implementam o metabolismo da cate-
B. Interesse ou prazer acentuadamente reduzidos em todas. colamlna c indolamina (p. ex., antidep ressivos tricíclicos) fo--
ou quase todas, as atividades do dia, quase todos os dias ram terapeuticas nos pacientes deprimidos. Estas hipóteses neu-
C. Perda de peso significativa OU ganho de peso sem estar de roquimicas iniciais para a depressão postulavam que a diminui-
dieta ou aumento ou reduçào no apetite quase todos os dias ção na disponibilidade de serotonina e norepinefrina nas sinap-
D. Insônia ou hipersonia quase tcx:los os dias ses transmissoras-específicas no cérebro eslava associada com
E. Agitação psicomotora ou lemidão quase todos os dias; depressão, e que nlveis elevados deslas substãncias estavam as-
observáveis por ou tras pessoas
sociados com a mania. Os estudos subseqo.entes deram suporte
F. Fadiga ou perda de energia qUõl5c todos os dias
G_ xnsaÇ<1o de Inutilidade ou culpa inadequada (que pode sa à hipótese de que os melabolismos da catccolamina e da indola·
delirante) quase todos os dias mina são imporlantes nos estados de humor, embora as rela-
H. Cap<tcidade dimmuída de pensar ou se concentrar, ou ções sejam complexas. Quase todas as drogas çom proprieda-
indecisão, quase todos os dias des antidepressivas afetam a disponibilidade de catecolamina e
I. Pe!l5amentOS recorrentes de mone, ide-dçào suicida de indolamina nas sinapses no sistema nervoso central.
recorrente sem um plano espedfico, ou uma lentalwa de As evidências também sugerem que em muitas pessoas com
suicídio ou um plano especifico para comcter suiddio transtornos depressivos maiores a função neuroendócrina este-
2, A. Não pode ser estabelecido que um fator orgânico Iniciou c
ja alterada. A hiperatividade do eixo hipotalamico-hipofisário-
manteve o distúrbio
B. O distúrbio n10 t uma r(aÇllo nonnal 11. morte d( (nte querido
adrenocortical tem sido o mais proeminente destes disturbios
3. Em nenhum mom(nto durante o dLstúrbio houve delfnos ou neurocndócrinos. Esla hiperatividade se reflete no aumento dos
alucinaçCes durante um penodo de 2 semanas na aus~ncia de nfveis de cortisol circulante nos pacientes deprimidos em com-
sintomas de humor proe minentes (i. e.. antes dos sintomas de paração aos controles, somando-se a níveis mais elevados de
humor desenvolverem-se ou após sua remissão) conisol no líquido cefalorraquidiano, maior excreção de corti-
4 . Ausincia de sobreposiçao li esquizofrenia, disn1rbio sol urinário livre, e resistência do conisol à s upressão pela de-
esquizofren.ifonne, distúrbio delirante ou tranStorno psk6tico, Xllmetasona.
nem a outro diagnóstico específico Os pacientes com transtornos afeth·os frequentemente apro-
OISilMIA SCOlam distúrbios do ritmo circadiano que se rcl1etem em pa-
I. Humor deprimido a maior parte do dia por pelo menos 2 anos drões anormais de sono. Queixas de dificuldade em pegar no
2, Presença, cnquantO deprimido, de dois ou mais dos seguintes: sono e despertar prematuro pela manhã são indicadores cllni-
A. Apetite reduzido cos confiáveis de depressãO. Os estudos eletroencefalográficos
B. Insónia ou hipersonia demonstraram uma au5tncia relativa de sono onda-lenla (eS tá-
C. Pouca energia ou fadiga
D. Bab:a auto-esLima
gios 3 e 4) nos indivIduos deprimidos e um periodo abreviado
E. Pouca concemroção ou dificuldade em tomar dcclsóes entre o início do sono e o primeiro período de sonho (Iatencia
F. Sensação de desesperança de movimentos-oculares-rápidos). Estes distúrbios do sono
3. Durante o penodo de 2 anos, a pessoa nunca esleve sem os melhoram quando melhora o distúrbio do humor.
sintomas por mais de 2 meses de c:~da vez
4. Nenhum (plSÓdio depressiva maLDr esteve presente durame os
primeiros 2 anos do distúrbio
IncidêncIa 8 PrevalêncIa
5. Não hou'·c um episódio maníaco entremeado As taxas de prevaléncia para transtornos depressivos maio-
6. O distúrbio não ocorrI! durante o curso de um transtorno res ao longo da vida são de 15 a 20% nos Estados Unidos. A
psic6tico
prevalência exala não é conhecida devido à variabilidade dos
7. Os simomas rulo 530 causados pelos cfetlQS fisiológicos de uma
substância métodos de verificação e de diagnóstico. As taxas de prevaltn-
8. Os sintomas provocam sofrimento significativo ou prejulzo da pontual para a depressão maior em populações urbanas nos
funcional Estados Unidos variam de 2 a 4% para homens e de 4 a 6% para
mulheres.
Z589
Risco do Sulcldlo
o sulcidio t. um çomponam~nto I!xclusivamente humano, ISuspeita clíntea do risco de SUicídiol
para o qual possuímos apenas Urrul hmitada compreensão psi_
cobio16gica . Os suiddios finaliUlclos são comuns nos Estados
I
Unidos, contribuindo para 30.000 mortes a cada ano. Um nú- Falo~s de risco:
mero muito maior de pessoas tenta o suicídio, com graus variá- lsofamento sOCial
veis d e lntencionalidade. As mais fortes caracterlsticas associa· Isolamento esplritt;(al
das ao suicídio com sucesso são a depressãO em curso, abuso de Sex,o mmlllino
álcool e enfumidade clínica crônica. As taxas de suicídio $lo Ooen~ çlínica crõnica;
maiores para homens com idadcs su perio res a 69 anos, e as Doença psiqlliátnca crõniCa
taxas são maioTeS entre os brancos e americanos nativos do que Abuso de substância
em outros grupos raciais.
A maioria das pcssoa5 que cometeram o suicfdio foi vista
por u m mtdico no mls anterior. A análise: das visitas preceden-
ou poucos --'-
tes fornece evidl:ncia que indlcios en c:obt.nos e implícitos rela-
úvos ao suicldio foram transmitidos. Quando existe qualquer
I~m Itens positivos IDots ou mais itens positlvosl
suspeita sob re o potencial para o suicfdio, t imponanlc fazer j j
perguntas diretas ao paciente. Quando os sintomas depressivos
Tentar reduzir o sofrimento Consulta psiquiátrica
s.:'lo mais gr-.lVes, ou quando eles incluem características de agi-
InIciar tratamento clínico imediata
laÇa0 ou idéias delirantes, é maior o risco d e suicídio (Fig. 426-
com obsetvação rigorosa
1). Idade avançad..1, sexo masculino e abuso intercorrente de
aleool tambtm silo fatores de risco. O isolamento socÍiIl é um
poderoso fator de risco, assim como a enfermidade clínica d e
do r crônica. Ê essencial para packmes de alto risco a consulta nCURA C2&l • Abordagem do paciente depri mi do com risco
com um psiquiatra. pol~1 de suicídio.

" TllllmeDIII ProgufJsUce


o diagnóstico de um transtorno depressivo maior ê o até 50 mg. O citalopram pode ser tomado uma vez. ao dra.
prmC.ipiado tnuamento. Os pac.lentes deprimidosgeralmen- com«ando com 10 rngfdia e aumelllando a dose em inter-
te ficam aliviados quando o seu sofrimento é reconhecido e valos de 2 semanas até. 40 rug. O citalopram gernll1;lente é
é permitido que eles discutam isto. O p1a.no terapêutico deve bem to lerado pelos pademes Idosos. Embora a dosagem
ser indi,;dualizado. Uma esu:1tégia psicOlerapêutica (dis- dos níveis plasmáticos destas drogas e de seus metab61itos
cutida mais adiante) deve ser considerada para cada pad- esteja disponivel em alguns laboratórios, grandes ensaios
ellle antes da escolha de uma droga. Evidencia forte e re- clínicos sugerem que a aferição dos ní\·eis plasmáticos não
ccl;ltc indicou que a combiT).ação de um amidepressivo. tal é um guia útil para a resposta clinica.
como a nc.fazodona, com psicote.rnpia cognitiva comporta- lIITIlIl.BISSrnS TlICICUCIS. Considera-se que os anti-
mental (ver mais adiame) melhorn o prognóstico na depres- depressiVOs triciclicos afetem o humor deprimido inibin-
são crômca em comparação com cada uma das ~ernpias iso- do a Tecaptação smáptica de norepinefrina e serotonina.
Iadamente. O Tem sido demonstrado que o tratamento inici- Alguns dcstes agentes. {aIS como a desipramina e :l. Dor~
aI da depressãO na prática de. cuidados primários utilizando mpuhna, tem um cfeito relauvamente maior nos siste-
lntidepres.sivos combinados com lernpla cognitiva melhora mas de reatptação de norepinefrina. Outros, taIS como a
a qualidade de vida ea empregabilid3de, em comparação ao amitriptilina, têm um efeito m:l.is amplo nos sitemas se.-
tratamemo padrão.S rotoninérgicos. Corno um grupo, entretanto, os antide-
pressivos rricíclicos t~m a desvantagem de afetar sist.e-
DROGAS PARA DEPRESSÃO mas neuroquimicos que não sao considerados essen,dais
para a eficácia anticlepressiva, incluln,do os sistemas his-
As drogas antidcpressivas dIsponíveis nos Estados Uni- taminérgicos adrenérgicos e os acetilcolinérgicos. Os an-
dos (Tabela 426-2) ,·ariam na sua estrutura e função. tidepressivos tricídicos possuem uma ampla gama de efei-
''P-m smntOSlAIIlCII'TIÇIIIlSROT1lllia. Os inibi- tos colaterais. IUcluindo hipotensão onoslática, taquiar-
dores se:letivos da recaptaç:1O de sUOlonina (ISRS) marea- rilmias cardíacas, retenção urinária e constipação. Estas
ram um Importante avanço na farm3cologia antidepressiV1l drogas 5<10 consideradas agentes de segunda linha para o
porque eles ttm deitos neuroquimicos mais especificas no tratamento da depressão, e são utilizadas em pacientes
siStema nervoso central em comparação com outros agen- nos quais o tratamento com ISRS falhou ou em pacientes
tes. Os ISRS são o tratamento inicial para a doença depres- que possuem condições clínicas especiaiS compliatdoras,
siva. Eles :Huarn bloqueando a n:caplaçto de serOlonina nas como bexiga cspásuca e parkinsonismo. Nestas úlLimas
membranas pré-sinápticas. com um efeito relativamente Sltuações, os efeitos colaterais dos anti depressivos mel-
pequeno nos sistemas nomdrenérgicos, colinérgicos, hista- dicos podem ser ben(:ficos.
mlllérgicos e em outros sistemas neuroquimicos. O resulta- INIBIDDIESDA MUNOAMINO OIIDASE. Os inibidores da mono-
do é que. eles eslL10 associados com menos deitos colaterais ammo oxidase utilizados na prálica psiquiátrica são imbi-
que os antidepressivos triddicos. Vantagens adicionais dos dores irreversíveis de ambas as formas (A e B) da monoami-
ISRS sobre os antigos antidepresslvos tridelicos incluem no o xidade cerebral. Estas drogas raramellle são utilizadas
dosagem u ma vez ao dia e a possibilidade de iniciar o trata- atualmente devido às suas inte.rações potenCialmente peri-
mento c om as doses-alvo na maioria dos pacientes. A dose gosas com a tiramina dJetélÍca e com outros agentes com
diána da se.rtralina t de 50 mg uma \'ez ao dia para quast: propriedades simpancorruméticas ou se.rotoninérgicas.
todos os pacientes. A dosagem pode. ser aumentada até 100 IWIIIIEPlESSIIOSAnrn:as. A amoxapltUI é um antidepressi-
m&'dia após 3 semanas se não h ouver evidencia de melho- vo com algumas propriedades bloqueadoras da dopamina.
ra. Para não·respondedores, a dose pode ser aumentada até Ela está associada com efwos colaterais cxtrapiramidais.
150 ou 200 mgldia. A paroxetina pode ser iniciada com 20 Esta droga possui uma vantagem teõrlca nos pacientes de-
rug uma vez ao dia e aumentada a intervalos sem elhantes primidos com caraçterfsticas psicóticns.
2590 Capítulo 426 Os Distúrbios Psiquiá!riXJs na Prática Mé!b

A trazodona e a nefazodona jnfbem a reca:ptação da seroto- A bugTOpiol)a é um ~ovo composto m,onocíclko que ini-
nina (5-HJ") T).as sinapses e possuem alllago'nismo p:.n;a um be a recaptação de doparoina mas pOSSUI pouço delto em
subtipo de receptor de serOlOnina (5-HT 2). Uma vantagem outros sistemas adrenérgicos. A mirlazapl.na 6 uma pipera-
especifica da nefazodona é a austncia de efeitos colaterais zinoazepina tetracidica que é análoga à mtanserina, um an-
anticolinérgicos proeminentes. A tmzodona tem algumas tidepressivo disponivelna Europa.. Ela é um bloqueador ex.,
propriedade sedativas, o que a toma 11tH em pacientes agi- pré-sináptico que aumenta a liberaçãO de norepinefrina ê
tados com distúrbio do sono, particularmente os idosos. serotonina. Ela lam,bem bloqueia os receplores 5-m 2 e 5-
A venlafaxina é um antidepressivo fenileti lamínico que HT 3 e receptores de histamina Hl. Os seus efeitos colaterais
inibe a recapatação de scrotonina e de norcpinefrina. Ela é comuns incluem ganho de peso, boca seca c constipação.
seletiva para estes dois sistemas neuroquimicos, demons- Ela é uma alternativa razoável para pacientes que nilo res-
trando pouca ligacão in vilro a receptores colinérgicos, his-- pondem aos ISRS.
taminérgicos e serotonintrgicos.

Tabela 426-2 • DROGAS PARA DEPRESSÃO (POR GRUPO ESTRUTURAL)


DROGA NOME COMERCIAL FAIXA DE DOSE INICIAL FAIXA DE DOSE-AlVO EFEITOS COLATERAIS CDMENTÃRIOS

TRIClcucos
Imlpramina Tofranil 10-75 mg 100-300 mg Boca seca, ronstipaçio,
Desipr.unina Norpramin 10·75 mg 100-200 mg hipotensao
posturaI,
Amitriptilina Elavil 10·50 mg 100-3OQmg taquiarritmia
Tlimipramina Sunnontil 25,]' mg 200-300 mg
Nomipnlina Pame\or 10·50 mg 75-1SOmg
Protliptilina Y"'1IctH [0-30 rng 20-50 mg
Doxepina Sinequan 25-75 rng 75· 300 mg
TETRACICLICOS
Maprotilina Ludiomil 25 -75 rng 100-300 mg
INIBlOORES SELETIVOS DA RECAPTACÃO DE SERDTDNlNA
fluoxetina Prou, 10-20 mgldla 10-80 rngfdia Nervosismo. insonia,
Senalina Zoloft 50 mgtdia :ID-200 mgfdia tumor, agilllç-Jo,
dor de cabeça,
l'aroxetina Paxil 20 mgldia 20·50 mgldia perda de peso
fluvo"amina Luvox 50 rngldia 50-300 mgldia
Citalopram Ce\exa 10 mgldia 10-40 mgldia
INIBlOORES DA MONOAMINO OXJO.ASE
fenelzina Naroil 15-45 mg 45-75 mg Crises hipenensi,',1$; Pacientes usando estas
sedaçâo, tumor drogas têm que
Tranilctpromi.na Pamate 10-20 mg 20·30 mg estar em dieta livre
de tiramina
ATfplCOS OU NÃO-TR1CfclICOS
Amoxapina Asendin 25-75 mg 100·300 mg
Trazodona D"",I 25-75 mgldia em doses 300 mg/dia em doses Prtapismo Útil como segunda
divididas divididas droga para
distúrbios do sono
Nefuodona Senone 100 mg 2 vezes ao dia 200-400 mg Cefaltia às vezes Tão. ef~ti'\'a quanto a
associada com lm!pramma
sonol~ncia
Venlafa"ina Effexor 25 rng 3 vezes ao dia 200-275 mgldia, tm Hipertensão Inihidor da reca plllçl0
3 vezes de serotonia e
norepinefrina, pode
ser detiva no
U'Ilamento da
depressão resistente
Mlrtazapina Remeroll 15 mg/dia 30-45 mgldia Sonolência, ganho Aumentos com
ponderaI intervalos de 1-2
semanas
Bupropiona Wcllhutlin 100 mg 2 ;'czes ao dia 300 mgldia. em 3 Afeta a recaptação de Pode ser especialmente
"ezes dopamina e de útil na depressão
norepinefrina atípica
PSICOESTlMUI..AN1ES
Dextroanfetamina Dexedlina 2,5 g 5-10 rng O pOlencial para abuso
deve ser
considerado
Pemolina Cylert 18,7' mg 37 rng 2 vczes ao dia
Metilfenidato Rillllina 2.5 rng 2 vezes ao dia 10 mg 3 '"ezcs ao dia
2591

TRANSTORNOS BIPOLARES Tabela 426~3 • PRINCIPAIS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS


Os transtornos bipolares (antertonneme denominados trans- PARA UM EPISÓDIO MANIACO
tornos maníaco-depressivos) siio caracterizados por acentua-
Um período distinto de humor anormalmente e peISÍ5tentemente
das valiaçõe5 no humor de episódios depressivos a episódios c\~'ado, expans1\'O ou irrilá\'~l, durando pelo mrnO$ 1 sel1Uina
maniacos. Geralmente se observa um comportamento nonnal (ou qualquer duração se a hOSpitaliza.çJ.o for neCessária)
entre os episódios. As fases maniacas destes distúrbios podem Durante o período de perturbação do humor, pelo menos tr!s dos
ser acompan hadas de características psicóticas. Existe pouca seguintes sintomas persistiram (quatro se o humor era apenas
dificuldade no reconhecimento da doença ao longo de um cur- irritável) e estiveram presentes em um grau signiftcativo:
so longitudinal. Porêm, se os pacientes são examinados apenas 1. Auto-estima inflada ou grandiosidade
sucintamente em um momento particular no tempo, a excita- 2. Necessidade reduzida de sono (I'. ex., sente-se repousado
ção maniaca pode ser confundida com psicose esquizofrenica. depois de apenas 3 hOTaS de sonO)
3. Mais loquaz que o h3bitual ou sente-se pressionado a
A fase depressiva grave do transtorno bipolar também pode ser
continuar falando
confundida com um estado catatÔnico. Durante as fases agudas, 4. Fuga de idêias ou experii!ncia Subjeth"3. de que os
os transtornos bipolares devem ser tratados por psiquiatras. pensamentos estão correndo
5. Ois1r.\tibilidade (i. e., atenção desviada com excessiva
facilidade para u m estímulo externo irrelevante ou
DlagnósUco 8 Manifestações Clinlca. insignificante)
6. Aumento da atividades dirigida a objetivos (socialmente,
A fase manlaca dos transtornos bipolares é caracterizada no trabalho ou na =b, ou sexualmente} ou agita~o
por um humor eufórico expansivo no qual o paciente está psicomotora
sujeitO a planos e idéias grandiosas (Tabela 426-3). A des- 7. EngajamentO excc:ssi\"o em ath1dades prazerosas com um
peito dessas expansividade e grandiosidade, os pacientes alto potencial de consequtncias dolorosas Cengajamemo
que são frustrados ou confrontados tornam-se frequ ente- em surtOS lllcontidos de compras. indiscriçóes sexuais.
mente irritá veis e às vezes agressivos. O paciente pode ser investimentos financeiros tolos)
O distúrbio de humor é suficientemente grave para causar prejuízo
psicótico na fase maniaca, com delírios e alucinações con- acentuado no funcionamento ocupacional ou nas ati\"Ídades
sistentes com grandiosidade; delírios persecutórios (i. e., sociais de ro~ina ou no relacionamento costumeiro com os
sensaç;1o de estar sendo conuolado) também podem estar outros, ou para exigir hospitaliz.ação, como meio de evlt:lr dano
presentes. Às vezes, é dificil distinguir um paciente esqui- a si pOprio ou aos outros
zofrênico excitado de um paciente maniaco até que um epi- Os sintomas n40 540 devidos ao efeito direto de uma subst4ncia (I"
sódio dep ressivo ocorra ou o curso deteriore em u m pro- ex., abuso de drogas, medicamentos) ou a uma condiçào clínica
cesso esqui zofrênico. Em todos os casos, é crucial excluir geral Cp. ex., hlperti reoidismo)
distú rbios me tabólicos ou outros distúrbios clínicos, pri n-
cipalmente em pacientes mais idosos.
A mMia de idade de início do transtorno bipolar é por genéticos igualmente fortes nào possuiam esta localizaçto cro-
voha dos 30 anos, porém celCa de 20% dos pacientes h'!m mossômica particular. A fisipatologia do distúrbio bipolar, até
inicio antes dos 20 anos. Em mulheres, o inicio da condição onde se conhece, é semelhante à biologia dos distú rbios de-
tem uma distribuição bimodal, com um pico situado entre pressivos maiores.
os 20 e os 30 anos e outro situado mais precocemente, po-
rém a idade de início do transtorno bipolar sobrepõe-se bas-
tante, de forma que em uma pessoa jovem, é difícil a dife- • Tratamento
renciação de um distúrbio psicótico. e o diagnóstico pode
alterar-se conforme o quadro clínico evolua ao longo do Tratamento dos distúrbios bipolares possui tr~ aspectos
tempo. Quase metade dos pacientes com transtornos bipo- dístimos: o episódio maniaco, o episódio depressivo maio r
lares tem dois ou três episódios da doença, e um terço expe- e a terapia de manutençào a longo prazo. Antes do inicio de
rimenta sete ou mais episódios após O padrão ter co.meça- qual9,uer tratamento é necessáriO uma avalia'X"0 díl).i,Cl ade-
do . Cada episódio, tamo maníaco quanto dep ressi,vo, pode quada para assegurar que o Raoente tenha uma doença afe-
durar de 4 a 13 meses: alguns se tomam crônicos, e algu ns tiva primária. O pacieJ;tte em um estado maníao:;o a&udo é
cessam muito rapidamente. As durações mais curtas geral- tipicamente delirante, grandioso e b:iperaúvo. Nesta condi-
mente estão relacionadaS com um tratamento eficaz.. Alguns ção, ele parece fgual a qualquer paciente com psicose. No
pacientes alternam rapidamente enue os extremos em. 2 a 4 primeiro episódio, não é possivel difereQciar pelas carac~e­
dias, porém a maiona dos episódios tem uma. du ração mais rísticas clínicas este estado de um primeiro epIsódiO de es-
longa, e a fase maniaca freqüentemente segue a fase depres- qu izofrenia ou de úma psicose causada por um dislúrblO
siva. Em contraSte com a esquizofrenia, o maior p roblema nsico. O diagnóslico diferencial nos primeiros episód~os
do transtorno maníaco-depressivo não é a cronificação (1% apóia-se em uma história cl(nica cuidadosa, história famili-
em alguns estudos). A mortalidade do distúrbio biplolar é ar, e em CJ:;affies físico e laboratoriais. Os cpisódios psicóti-
em média 2 a 2,5 vezes a taxa esperada para a idade; 8 a cos agudos devem ser avaliados por psiquiatras.
10% dos pacientes cometem o suicídio. O tratamento da fase maníaCl aguda geralmente é reali-
zado no hospital porque é imperativo proteger os pacientes
de seus próprios atos (p. ex., gastar quantidades absuri:las
de dinheiro ou fazer discursos constrangedores). Entretan-
Epidemiologia e FislopalOlogia to, se os familiares dão suporte e acreditam que eles silo
capazes de controlar a situação, O tratamento pode ser ini-
o risco de desenvolvimento de distúrbio bipolar ao longo da ciado fora do hospital. O valpro<ltO é tão eficaz qU<lmo O
vida varia de 0,6 a 0,9%. A incidência anual de novos casos é de lítio no tratamento de um episódio maníaco e das fases mis-
9 a 15 por 100.000 em homens e de 7,4 a 32 por 100.000 em tas do transtorno bipolar.1l A olanzapina também se mos-
mulheres. O risco aumenta com a história familiar positiva para trou eficaz no tratamento agudo do transtorno hipolar, es-
distúrbio bip-olaL O padrao ge nético no distúrbio bipolar não pecialmente quando as caractcrfstiCls psicóticas estão pre-
está defmido mas sugere-se que seja autossOmico dominante sentes. Nas raras situações nas quais a agitação não pode
com pelletrãncia incompleta. Existe uma cOllcorcl.1nda de 72% ser controlada com medicação, o clfnico pode considerar a
em gêmeos monozigóticos e uma concordância de 19% em ge- utilizaçãO de terapia cletroconvulsiva para controlar a exci-
meos dizigó ticos do mesmo sexo. O curso da enfermidade e a tação maníaca. As fases depressivas agudas do transtorno
resposta ao tratamento são semelhantes em pacientes aparenta- bipolar são tratadas da mesma forma que os episódiOS de-
dos. Em uma bem estudada família Amish , foi localizado um pressivos maiores (ver anteriormen te).
gene anormal no cromossomo 11. Outrns famílias com padrões
2592 Capitulo 426 Os DiStúrbios PSÍQuiátricos na Prática Médica

incluindo nervosismo, insónia, hipocondria e queixas sow±l-


caso É clinicamente útil considerar dois padrões diferentes de
~ mp eRis6d!o maníaco, os pacientes com
tranSlOrnos de ansiedade: (1) ansiedade crônica, generalizada ~
Golocados elR tratamento de manu-
(2) ansiedade episódica, semelhante ao pânico. A ansiedade epi-
tençâo . to quanto com lítio. Amda resta ip.-
sódica frequentemente é dependente do contexto, tal como:<
certeza sdtr6~ d,o !;p.tamento de manutenção e sobre a
ansiedade quanto ao desempenho de um músico antes de Ill!:::<.
dWga de W;olha.
Ap tes de se iniciar o tratamento COpllÍtio, devem§q!ea.Íi-
apresentação. Quando ocorrem ataques de pânico, entretAllic.
iàg,os U!.);l hel;llograma completo, anál,i.Se da uJ,ipa r eletr6l,lto;>, eles são qualitativamente diferentes da ansiedade generalizad:a-
O paciente tipicamente experimenta início súbito de medo in-
·m;'i.!sl de creatinina, nível d:~ U:~éial esrua~ dos Ijpr;m.Opios ti~
tenso, excitação e até de angústia respiratória, sem [alores pro-
:lfoideanos e um e.l,etroca.rdiogram? d e base. O liti6 pode estar
vocativos. Os ataques de pãnico freqüentemente são confundl-
contra-indicado na vigência de él,oéç.:ças Çynifl<lS crônicas, es-
dos com doenças médicas sist~micas, tais como angina de pelll:l
pepflmente insunciêçcia re.nal. G W E!o::!"lato de lit~o está dis-
ou epilepsia. Existe também um espectro de distúrbios mentais
po"~úve~ em ~te1.f5 ou cáJ?Sulas de, 300 IIl1g~ e em taBlet~ de
relacionados que incluem caraneristicas ansiosas, tais como 2S
300 mg de Íil5eração lenta. Na mania aguda, a dose inj,t.W, de
fobias e o distúrbio do eSLIesse pós-traumático
carl;lo.n ato de lítio é, geralmewe, de 300 l\lg n;és a quatro vezes
ªo dia" O litlo tem uma meia~vida de 24 a 36 ;horas', e leva pelo
~enos 4 dias para m;ingi;\" um estado estacioflãrjo. Sua efi6icia Incidência 8 Prevalência
terapêutica es.p.~ctfj,ca não é evidente até- pelo menos 4' a 10
dias após o inícIO do tratamento. O nfvel sér.ico de lítio deve As taxas de prevalência dos LIansto=os de ansiedade ao lon-
ser monitorizado ea dpse aeve ser ajustada de acordo. A dose go da vida diagnosticáveis pelo DSM são de 30% para mulheres
deve ser ajustada para cima com a adl!lÍnistração deUl:n tal:l1ete e 19% para os homens. As taxas de prevaltncia pontual sào de 1
inteiro ou metadt; de um tablete depois de cheear o nível sérico a 6% para a ansiedade generalizada e de 1% para o transtorno
dl! l,J:oga I).este intervalo. Os niyeis séricos adequados para o do pânico. Os transtornos de ansiedade podem ser os distúrbi-
tratamento da doença aguda situam-se entre 0,8 e 1,4 mEq/L. os psiquiátricos mais comuns na prática médica geral.
Para o tratamento de manutenção, são deseJáveis níveis séJ;i-
cos em torpo deO,:+ mEq(L. As aoses e o nível sérico, entretan- Flslopalologia
to, devem ser dimin,uídos gradativamente para, cadà p.aciente
de acordo com a eficáilla clímea. As doses geralmente são ad- De forma semelhante aos transtornos depressivos, os traTl5-
l;llinistradas duas vezes ao dia porque a absorção pelo trato tornos de ansiedade agrupam-se em famílias. Os estudos com
gastrointestinal é. rá]?ida, e os níveis da droga atigem pico no gemeos indicam mais claramente a existência de um risco fa mi-
soro em 1 a l .horas. liar compartilhado que é maior para o transtorno de pânico que
Níveis séricos, de lítio maiores que 2 mEq/L sào tóxicos e para o de ansiedade generalizada. A neurofisiologia e a nemo-
sào uma emergência medica que requer hospitalização e possi- química subjacentes aos transtornos de ansiedade implicam urna
velniente hemodiálise (Cap. 106). Os efeitos colaterais duran- hiperatividade dos sistemas noradrenérgicos que se projeta do
te o uso crónico do lítio incluem o desenvolvimento de leuco- locus n:mlcus para as regiões prosencefálicas.
citose leve, hipotireoidismo, diabetes insípido e dano tubular
renal. Muitos pacientes apresentam um tremor que pode ser
embaraçoso e que ocasionalmente interlere com as atividades.
Dlagnósuco OMann.slações Clínicas
O valproato é iniciado com dose de 750 mgldia em toma- Os critérios diagnósticos para transtorno de ansiedade
das divididas, aumentando-se a cada tres a quatro dias até que generalizada (DSM-IV) enfatizam a presença de uma preo-
a concentração sérica seja maior que 50 ].lglmL. Muitos paci- cupação excessiva ou irreal sobre duas ou ,mais cin:unstân,ci-
entes requerem doses de 1.000 a 2.500 mglkgldia, administra- as da vida, durante um periodo de 6 meses ou mais, no qual
das duas a três vezes ao dia. A olanzapina é administrada uma a pessoa passa mais dias perturbada por estas preocupaçàes
vez ao dia, iniciahnente na dose de 10 mg e, posterionnente,
do que dias livres delas. Pelo menos seis sintomas da Tabela
com aumentos de 5 mg até 20 rngldia, se necessários. A carba- 426-4 devem estar presentes durante estes periodos.
mazepina e outras drogas antkpiléticas, tais como a lamotrigi~ Os ataques de pânico são caracterizaaos pelo início sú-
na, gabapentina e o topirarnato, também podem ser eficazes bito de intensa apreensão, medo, ou sensação de destruição
no tratamento agudo e a longo prazo dos distúrbios bipolares. iminente. Estes ataques são freqúentemente espontâneos e
podem estar sobrepostos ao transtorno de ansiedade gene-
ralizada descritos anterionnente (Tabela 426-5).
Prognóstico
Os episódios maníacos ou depressivos produzem prejuízos • Tratamento
importantes nas [unções psicológicas, social e vocacional. São
comuns o divórcio e a perda do emprego. A psicoterapia de A eficáciq, 4,os a~é"p~es fa qp.aw!ógtcos no tq!1stOff.19: Se
suporte a longo prazo geralmente está indicada em adi(ão ti pânico ou no tliagstoFl,1.0 .d~ al.},s~e,iaae aguda, ~edida P.01'
fannacoterapia, com o objetivo de ajudar o paciente a se ajustar meio da f:re,.qclêncía ae slluaçÔes hv~es âe 1?âmco, é alta,
a estas conseqüências psicossociais da doença. Os sintomas de co,rn taxas de suc~ de 50 a 70%. pemonsr;rou-;?\"i que
alguns pacientes bipolares não se resolvem completamente mas, qUatr0 classes de medicaç<:ies são eficazes em oredu~ir os
de fato, produzem deterioração psicossocial permanente. En- ataques de 'pânico recorrentes: ISR~, antidep~essivos trie,í~
tretamo, os pacientes bipolares tem um curso recidivante, e fi- clicos, bt;nzodiaze,Plnicos e. inib~dores da m"onoamino oxi~
cam livres de sintomas entre os episódios. Os seus prognósticos dase, Todas as drogas aestas quatro classes têm eficácias
funcionais dependem da freqüência e de gravidade dos episódi- semelhantes. O tratamento geralmente t iniciad0 com ISfi,8
os afetivos e da resposta destes ao tratamento. O manejo de ou co.m benzodiazepínicos. Os ensaios clínicos dão supor-
todos os pacientes bipolares envolve cuidadosa monitorização re para tratamento do transtorno do pânico com todos os
dos sinais precoces de instabilidade afe tiva e seu tratamento ISRS disponíveis nos EUA: fluoxetina, sertralina, paroxe-
imediato para minimizar danos psicossodais a longo prazo tina e fluvoxamina. As doses dos ISRS para transtorno do
pânico devem ser aquelas aos ljmites superiores das faixas
apresentadas na Tabela 426-2. O alprazolam tem sido o
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE benzodiazepínico mais estudado para O tratamento do
transtorno de pânico. Tipicamente, sua dose inicial é de
Os transtornos de ansiedade ocorrem em qualquer idade e 0,5 mg duas vezes ao dia, com possibilidade de aumento
estão associados com uma variedade de sintomas de aflição,
capitulo 426 Os C/ist(rl)i:)s F'SIqWtrlcos na Práoca Médca 2593

para 6 a 8 mgfdia se necessário. pela avahação clínica. para Tabela 426-5 • CRITÊRIOS DIAGNÔSTICOS PARA O
o controle dos sintomas. Muitos pacientes requerem far- TRANSTORNO DO PÂNICO
macoterapia de manutenção, e outros apresentam sinto- Um ou maiS ataques de panico (penados continuos de medo
mas apesar do tratamento. intenso ou desconforto) ocorreram e (1) eram inesperados (L.
Os antidepressivos são muito menos eficazes para a an- e.• não OCOrreram Imediatamente antes ou durante a exposiciO
siedôlde cr ônica ou gcner alizadôl. Quase lodos os benzodi- a alguma sltuaçâo que quase sempre causa ansiedade) e (2) MO
azepinicos propiciam um alMo a CUrtO prazo q ue é dra- foram di!Sencadeados por situações nas quais a pessoa era o
mático na ansiedad e generalizada, porém são comuns o foco de ateny10 de outros.
hábito e a dependência, de forma que é necessário caUlela. Ou quatro ataques ocorreram dentro de um penado de .. semanas
Se os smtomas de ansiedade apresentarem qualquer carac- ou um ou mais ~{aques foram seguidos por pelo menos I mts
teríStica slluacional generalizada. Outras medidas teraptu- de medo ~istente de ter OUtrO :laque.
Pelo menos quatro dos silllOlllllS segumteS desenvol\"t.ram-se
ticas devem ser consideradas antes de prescre\-er ben- durante pelo menos um dos aaques
zodlazepinicos. Devem ser tentadas todas as variações da Encurumento da respiraç:lo (diSpnéia) ou serwções de
psicOterapia cognitivo-componam~tal, inclusive tranqui- sufocamemo
hzaçâo, educação, exercicios de relaxamento. hiPnose e Vertigem, tontura ou sensaç;l;o de desmaio
omras psicolerapias. As alteraçOes ambientais podem ser Palpitacões ou freqíle.ncta cardiaca acelerada (taquicardia)
consideradas em casa e no trabalho. dependen do dos sin- Tremores
tomas de ansiedade específicos para cadôl indivíduo. Quan- Sudorcse
do for prescrita a intervenção pslcofarmacológica, ela deve Sufocaç"-o
Náusea ou desconforto abdominal
set oferecida por um período defmido de 1 a 4 semanas, Despersonali2~ç;I;o ou desrealli:açl0
enquantO a situação é tranq\'ull,zada pelo médico. Pode-se Donntnda ou sensações de fonm.gamento (parestcsias)
fazer uma tentativa com anti-histamilllcos, tais CQmo a di- Ondas de calor ou calafrios
fenilidramina. 2S mg uts vezes ao dia , para alguns paci- Dor ou desconfono !Onoco
entes. A buspirona é um agente ansiolitico não-benzodia- Medo de morrer
zeplnlco que a lgumas vezes oferece alfvio em doses imci- Medo de · ficar louco" ou de fazer alguma COISa
ais de 5 IUg duas vezes ao dia. Os benzodiazepini cos apre- descontroladamentc
sentados na Tabela 426-2 s:lo eficazes em muitos pacien- Durnnte alguns destes ataques pelo menos quatro dos SIntOmas
dcsenvoh'eram-se subitamente e atingiram Um pico nos 10
tes. O lorazepam é frequentemente o primeiro a ser utili-
mmutos miciais do primeiro slnlQma notado durnnte o aaque
zado devido a seu relativamente curto tempo de ação (meia-
vida de 10 a IS horas) e pela ma Ior faci lidade de ajuste de
doses em pacientes idosos ou doentes. O lorazepam deve
ser administrado pelo menos duas vezes ao dia e: [requen-
temente t rês vezes ao dia, dev ido à sua meia-vida ma is TRANSTORNOS SOMATOFORMES
curta em comparação com outras drogas, tais como o dia-
zepam. A dosagem inicial para a maioria dos pacientes é
Os transtornos somatofonnes (Tabela 426-7) são um grupo
heterose:neo de: transtornos que companilham as caraClertsLi-
de 0,5 mg duas vezes ao dia. A dose deve ser aumentada
CllS comuns de mimet1zar doençasclfniCllS. Este mimetismo pode
em 0,5 mgld ia a cada trts dias alé que os si n tomas-alvo se
envolver um exagero da gravidade ou da incapacidade de uma
resolvam ou sobrevenham efeitos colaterais sed ativos. A
doe.nça clínica real. ou pode consisli r inteiramente na simula-
paroxetina em dose de 20 a 40 mgldia também é eficaz. Os
çto de uma doença dfnica que rtao está presente. Diversos dis-
pacientes idosos devem ser acompanhados cuidadosamente
tllrbios em evolução são ~somatoformes~ no todo ou em pane,
para o desenvolvimento de ataxia de marcha. Devem ser
mas não são estritamente classificados na categoria de lranslor-
dadas oponunidades para todos os pacientes de desconti-
no somatOrorme:.
nua r ou reduzir a dose.

DlagDóS1lcee Mannestações Clínicas ITQI


Tabela 426-4 • SINTOMAS OIAGNOSTICOS PARA TIOSTOINOCON1lRSIII. A caracteriSlica essencial de um
ANSIEDADE E PÂNICO transtorno conversivo é a presença de um Sintoma ou de
uma deficie:ncia que afeta a função sensitiva ou motora
TENSÃO MOTORA. vo luntária e que sugere uma condição neuro lógica ou clf-
Tremores, c;ontraç0c5 ou sensaç~o de aguaclo nica ge ral. O fen ômeno conversivo tipicamente nao se
Tcnsa,o muscubr, dores ou sensibilicladl: encaixa nos sistemas anatômicos conheCidos mas, em vez
Agilaç:lo disso, segue o concei to inconsciente Individual da fun-
CallSllço f:lcil Çao neurológica. Os transtornos conversivos podem ser
epISÓdicos, como as crises eplléticas conversivas, ou crO-
íFEAATMOADE AUTONOMICA nicos e persistentes, como no caso de perda sensitiva ou
Encurtamento da respiração ou seosaçOe:s de $ufocamcuto fraqueza. Para se fazer um diagn6stico válido de trans-
Põdpilaçócs ou freqüencia cardíaca acc!eroda (taquicardia) lorno conversivo. as seguintes caraCterfslicas devem es-
Sudores.t fria, mãos úmidas tar presentes: falh a do transtorno em respeitar a neuro-
Boca seca anatomia e a ncurofisiologia conheCidas, e algu ma as-
" ertlgem ou 5Cnsaç;lo de cabeça lev~
:-:âusea, dia rréia, Ou outros problemas abdominais sociaçllo positiva com mOlivaçlo psicológica n ilo-inten-
On~ de calor ou calafrios
cionaL
\1 icç>1o freqüente TlOSTO•• OfIeTlel •. No transtorno ficticio, a produ-
?roblemas na deglutil;10 ou "n6 na garpna" ção de smais ou sintomas é maIs deliberada. O individuo
pode auto-admmistrar uma droga ou outro material para
l'IifuA EATENÇÃO EM VARREIJUP.A criar sinais físicos. A motivação das ações pode ser in-
Sentir-se tenso ou agiado conscl~te, mas a própna açAo é ddiberada.
Resposta exagcr.:tda ao susto A sfndromede Munchausen, que talvez seja o mais bem
DiflCUldade. de concenua.çlo ou um "branco na mente- por causa conhecido dos distúrbios ficticios, é defmida como um
da anSiedade padrão repetitivo de compOrtamentos de procurar aten-
Problemas para dormir ou manter o sono ção médica no qua l o indivíduo tem queixas dra máticas,
Irritabilidade porém fa lsas. As qu eixas somáticas lipicamen te envol-
2594 Capituto 425 Os DisItrbkls PsiqJjátricos na Prática Médica

Patolenla
vem sistemas orgân icos, tais como do r abdominal ou hc-
m orraglil. Ainda não existem explicações neurobiológicas verossímeis pu
SIMUlAÇÃO. Simul;lção ê a produÇão de sintomas físicos os tra nstornos soffiatoformes. Eles devem ser compreendidos COI»a
ou psicológicos falsos ou grosseiramente exagerados quan- um fenómeno psicológico, com níveis VOlriáveis de autocoIlSCil&,
do esta produção dos sintomas e a motivação são conscien- da em cada individuo para com a natureza fictiOa do Inmstomr.
temente compreendidas pelo paciente. No caso da simula- Freud e seus rol.aborndores acredilavam que os sintomas ~
Ção, o ganho secundaria ou reforço ambiental para o com- riam ser produzidos por um processo de dissociação - a eKpu1s:k..
ponamento estão geralmente transparentes, Estes reforços da conscirncia uma memória ou de sentimentos dolorosos e se.
ambientais tipicamente incluem o alívio de trabalho duTO TCposiçãO por um si ntoma físico. A vantagem que o transtom.:
ou de responsabilidades, como n o treinamento mili tar, ou co nversivo gera para o paciente é a prote~'âo propiciada pela &.-
um panorama de recompensa financei:ra significa tiva, como física, !XJrque esta dor está assodada ou simboliza um simom.
nos litígios. físico. Esta proteção propiciada pela dor psicológica e pelo estn::ssr
$' i • DA RIDUiI CRINICA. Em meados dos anos de 1980, é denominada ganho primdrio do distúrbio somatofonne. O ga-
surgiram relatos nos EUA de uma síndrome de fatigabilida- ho primário não é sempre prontameme discernível. porque o pa-
de patológica. Em alguns pacientes com esta sindrome, fa- dente estâ qua<;e sempre inconsciente dele.
tores psicológicos inconscientes slo con tribuintes pratica- O ganho secundarlo associado co m o trans torno conversil
me:nte: certos. Outros fa tores contr ibuin tes, incl u indo dis- rdere-se a um ganho financeiro claram ente \isívd ou alívio da
função do sistema imunológico, hipotensão ortostática e responsabilidade que um estado de doença co nfere. Estes gan-
sistema endocrinológico, estão sob investigação. hos podem ser vistos por meio de muitos pretextos, tais como
RBROmllGlA. Existe uma considerável sobreposiçãO en- pensões por incapacidade, alivio do trabalho, aumento da aten-
tre pacientes que se queixam de fadiga crônica e o co njunto ção da famma e dos méd icos e pagamentos de inde nização.
d e sintomas miá!gicos que é denominado fibromialgia (Cap.
289). A fibromialgia é uma constelação de sintomas vagos, InCidência a Prevalência
incluindo hipersensibilidade d isseminada, pontos de gati-
lho e dor generalizada_Apesar de sua causa ser pouco clara Não existem bons dados epidemiológicos sobre os transtor-
no presen te, a fibromialgia parece ser uma síndrome dolo- nos somatoformes. Esludos transversa is de pacientes assistidos
rosa, mais especificamente um distúrbio com sensibilidade por se rviços de neurologia geral indiCllill taxas de prevaléncia
anormal à dor. de 15 a 2 0% nas populações_ Não estão disponíveis eslUdos
populacionais especfficos para este distúrbio .

Tabela 426-6 • DROGAS PARA ANSIED ADE E PÂNICO


DROGA DOSE INICIAl FAIXA-ALVO DA DOSE EfEITOS COLATERAIS COMENTÁRIOS

SEDATIVOS HIPNÓTICOS
Hidrato de cloral 500 rog SOO-I .OOO mg Sedação; riSço de Raramente apropriado
5uperdosagem
MeprobamatO 200 mg 3 vezes ao dia 1.200-1.600 rng
ANTl-HISTAMINICOS
Difenidramina 25 mg VO a qualquu hora .sOmg Boca 5eCI., confusão Mais útil ao deitar, pelo
mental sono associado
HidrOKizina
BENZODIAZEPiNICOS
Lorazepam 0.5 mg VO 2-10 mg divididos ) ,·tzes Também efetivo para
ao dia ansiedade generalizada
Oiuepam S mgVO 5-10 mg 2 ve:es ao dia Possibilidade dt Potencial pa ra abuso por
drogadi~o mui tos usuários
Triazolam 0.125 mg 0,25-0.5 mg ao deitar
Clordiazepóxido 5 mg 2 vezes ao dia 10-30 mg
Tenuzepam 7,5 mg ao deitar 15-30 rng
Alprazolam 0,25 mg 2 "czes ao dia 2-8 mydia Ataxia, sonolbcia
Clorazepaw 7,5 mg ao dcitar 15-60 mgfdia
Flurcepam 15 mg ao dcitar 30-60 mg Ataxia, sonol~ ncia PotenCial para abuso
O:><azepam 10 mg 2 vezes ao dia 60-120 rng/dia
Clonazepam 0,25 mg qd 1.3 mg/dia Sedaçao, ataxia A longa duraç;\o da açãO
pennite d ose única
diária
Buspirona 5 mg 2 vezes ao dia 20-30 mgfdia Nel.... osismo. dor de Sem dependência mesmo

""'"
com uso prolongado
Zolpidem 10 mg ao deitar 10 mg ao deitar Hábito, sonol!ncia Ma is usado oonforrnt a
necessidade
IHLOOUEADORES
Propranolol 20 Jng 2 vezes ao dia Individualizar entre -+{l e Bradjcardia, confusão Nao bloqueia o
120 mg/dia mental componente medo da
ansiedade ou do
plnico
Capitulo 426 Os Distúrbios Psi~iátrkXls na Práti:a Mé!Ica 2595

Tabela 426-7 • TRANSTORNOS SOMATOFORMES Tabela 426-8 • TRANSTORNOS DE CARÁTER


TRANSTORNO CARACTERfsTICAS TIPO DE PADRÕES CARACTERíSTICOS DE
PERSONALIDADE COMPORTAMENTO
Tnnstomo de Trare>tomo crônico, rnullissistêmico,
somatizaçâo caT1lcterizado por qut:!xas de dor, Paranóide DesconfIança e suspeição
disfunçõ<::s sexual e gastrointestinal c Esquizóide Distanciamento das relações sociais, 2
sintomas pseuuoneurol6gicos. Inicio
geT1l1meme precoce na \~da , e as
realizaçó<::s psicossociais e
EsquizoUpico
com uma faixa restrita de expresSOcs
emocionais
Comportamento exctntrico to distorções
j
vocacionais slo limuadas
cognitivas; desconfono agudo nos
Transtorno cooversivo Síndrome de sintoma5 ou ddicitncias re!aciol\:lmentOS íntimos
que mimeUzam doenças clínicas ou
A.llLi--wcta1 DesrespeitOaos dircitos dO!> outros; um
neurológicas na5 quais os fatores
dereitO no S(:ntimento de remorso ou
psicológicos Sâo considerados de
compulsão por machucar OS outros
import~ncia etiológica
Tram;torno doloroso Síndrome clínicll cQnctenzada Limítrofe Instabilidade nos relacionamentos
interpessoais, na auto-imagem e nu
predominantemente por dor, na qu~l
regula~'lo do afeto
os faton:s ~ico16gicos slo
considerados de importância Histriônico Hiper-reati\1dade emocional,
etiológica comporl3menlos teatrais e de
s«Iuç1o
Hipocondri<l Preocupação crônica com ~ idéia de ter
uma doença gr.n·e. A preocup~çao t Narcisista GT1Indiosidade persistente, necessidade
geralmente pouco ameniz:;vcl pda de aumiraçl0 e falta de empalia
tranqüilizaçlo pelos outros
TranstOrno dismórfico Preocupaçao com defeito imaginado ou Esquivo Inibição social. senlÍml.-'TItos de
corporal exagerado na apartncia flsica inadcquaç10 e hiperse~ibilidade à
avaliaç10 ncgaliva
OUTROS TRANSTORNOS SOMATOFOFtME-SfMILES Dependente Comportamentos submisso e adereme
Tram;LQrno fictício Produção intenClOlUI1 ou fingimento de Obsessivo-compulsi,·o Comporl3mentos rigidos direcionados a
sinais físicos OU psicológicos quando detalhes, freqfrentemcnte assoclados
não está clar:lmente presente um a I.-'Ompulsoes para realizar tarefas
rdorço externo (p, ex,. evitar repetida e desnecessanamente
responsabilidades, ga nho financeiro)
Simulação PToduçâo intencional ou fingimento de
Sinais físicos ou psicológicos quando
estão presentes reforços exlunos (p.
e>:., evitar responsabilidades, ganho predisposições não dependem do contexto, e não são facilmen-
financeiro) te <llteradas de uma hora para OULra. Esses traços manifestam-se
Transtornos Distúrbios da consciência. da memória, no estilo e na <lção. Um individuo tipicamente não tem consei-
dissocia tivos da identidade ou da percepçJo, t ncia dessas qualidades porque elas são fonnadas na infância
considerados provenientes de fatores sob a fonna de aspectos duradouros da personalidade. As qua-
psicológil.-'Os lidades do caráter incl uem honestidnde, extemporaneidade,
confiança, agressividade e submissão.
Alguns individuos apl"CSel1tam grupos de traços mal-adapta-
tivos que causam dificuldades psicossociais recorrentes (Tabela
~ Tratamento 426-8). No DSM-lY, estes transtOrnos eslão classificados como
transtOmos do Eixo TI em oposição a classificação no Eixo 1 dos
o objetivo a longo prazo do tratamtnto dos transtornos transtornos psiquilitricos principaiS, mais evidentes, A pesqui-
soma,tofor:r.nes é permilir que o pacifime se Gonverta de pa- sa clínica descritiva que motiva e valida estes transtornos como
ciente clfnico para paciente ps~quiálrico. Este processo re- entidades cltnicas distintas é ainda mais limitada que aquela
quer paciência e fle:<.:ibilidade por parte do médico_ lmer- para os transtornos do Eixo L Os transtornos de personalidade
vençOes médicas gerais podem ser realizadas inicialmente, ttm um espectro de gravidade, com fronteiras especificas e li-
incluindo testes biológicos, reabilita<:ao médica e farmaco- miares pouco especificados_Quando os traços mal-adaplativos
terapia. Estas intervençOes podem fazer sentido se estiver são menos graves faz. sentido pensar clinicamente em "estilos
presente uma doença clütica ou se o paciente. enxerga inf1e- de personalidade~. 05 transtornos de personalidade também
xivelmeJ) te sua enfennidade como um problema físico. O diferelll dos transtornos do Eixo I porque eles tendem a ddinir
perigo das intervenções biológicas é que elas podem refor- mais as relações interpessoais do que os sintomas intrapSiqui-
çar a convicção do paciente de que sua enfennidade é física. cos em um dado individuo. É difícil imaginar o diagnóstico de
Se o fenômeno conversivo for acompanhado de sinto- um estilo de personalidade passivcw'agressivo em um contexto
mas fannacologicamente acessíveis, tais como ansiedade ou que não incluísse outras pessoas. Freqüenlemente, o melho r
depressão, pode ser util iniciar o tratamento psicofarmaco- dado para o diagnóstico de uma palologia do caráter é o padrão
lógico. Nã o está claro o quão freqüentemente o tratamento de comportamento que o paciente demonstra ao se relacionar
dos sintomas emocionais associados resulta em melhora dos com o médico.
sinlomas conversivos, mas este procedimento ocasionalmen-
te é eficaz.
Tratamento
Os transtornos de pt'XSQnalidade s10 difíceis de reconhe-
TRANSTORtWS DO CARATER cer e de trat:.lr. Os pacientes não estão conscientes das ca-
racterísticas que validam seus diagnósticos, e eles são tipi-
o comportamento abrange mais que a cognição e emoção; a
camen te sensíveis quando os padrões disfundonais do com-
lçãO e o estilo são dimensões adicionais, essenciais para o su-
portamento são esclarecidos. A psicofarmacologia não está
cesso e a satisfaçãO na vida. Padrões disfundonais de lidar com
indicada para estes disturbios. O objetivo do tratamento é
o mundo sãQ denominados transtornos do cardter. Cada pCSSO<l
ajudar o paciente a aumentar a sua consciblcia dos traços
tem um conjUnlO duradouro de troços comp<lrtamentais com
interpessoais disfuncionais de fo rma que eles possam cons-
os quais ela encara os desafios da vida, Para a maioria, esw
2596 Capitulo 426 Os Distúrbios Psiquiátocos na Prática Médica

cientemen~e !;;pl)g'olai os efeitos adversos. Embora a psico- Tabela 426-9 • A ESQUIZOFRENIA E OUTROS
terapia a longo prazo deva ser realizada por psiquiatras, os TRANSTORNOS PSICÓTICOS
médicos generalistas frequenlemcme podem oferecer a es-
clarecedora in~eFvenção iniciaL O procedimento mais efi- SINTOMAS CARACTERfSTICOS
caz"[)!lW pacientes que demonstram paarões comportamen- Pelo menos dois dos seguintes estiveram presentes a 1p.aior pane
tais de transtOITIO ae personalidade na prática médica sào do tempo durante um período de 1 mes (ou menos, se tral3d:

•f
as variantes do lipo de psicoterapia descritas ç:omo ~inter­ com sucesso):'
pessoais~ (ver adiante). Delirios
Alucinaçlies
Fala desorganizada (p. ex., descanilamentos frequentes, ~sa' -­
de um tópico ao outro", ou incOt:ri';ncia)
Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatõnioo
TRANSTORNOS ESQUIZOFRÊNICOS Sintomas negativos ú. e., embotamentO afetivo, alogia ou
avoliç:'\o)
A esquizofrenia é o principal transtorno mental psiC6lico
arquetípico. A psicose é definida como um distúrbio psiquiátri- OISFUNÇÃO SOCIAUOCUPACIONAL
co que rompe com a realidade experimental ou com os proces- Durante uma porção significativa do tempo desde o inicio do
distúrbio, uma ou mais das principais áreas de funcionamenw
sos de pensamento. A esquizofrenia tem início mais frequente-
(p. ex., trabalho, relações pessoais, autocnidado) estão
mente na adolescência tardia. Os sintomas caractelisticos de acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do inIcio
esquizofrenia situam-se em duas amplas categorias descritas (ou quando o início for na infância ou adolescência, falha em
como sintomas positivos e negativos. As características positi- atingir o nlve! esperado de funcionamento ocupacional,
vas incluem comportamentos tais como os delírios e as alucina- acadêmico e de relações interpessoais)
ções. As características negativas incluem sintomas tais como o DURAÇÁO
embotamento do afeto, a anedonia e a apatia. Quando a carac- Sinais continuos do distúrbio persistem por pelo menOS 6 meses.
telÍstica clínica predominante é um distúrbio dos processos de Este período de 6 meses deve incluir pelo menos I més de
pensamento, o transtorno esquizofrênico é descrito como de- Sintomas característicos como os descritos anteriormente
sorganizado. O curso da esquizofrenia geralmente é marcado (i. C., sintomas da fase ativa) e pode incluir fases de sintomas
por um declínio no funcionamento psicossocial, com uma ten- prodi'lmicos ou residuais. Durante essas fases residuais ou
dência de o paciente ficar cada vez mais pard baixo no estrato prodrómicas, os sinais do distúrbio podem ser apenas a
social. Para a maioria dos pacientes ela se torna uma enfermida- manifestação de sintomas negativos ou dois ou mais dos
de crônica, caracterizada por reincidências. sintomas característicos presenles em uma forma atenuada
Cp. ex., crenças estranhas, experiências sensitivas incomuns)
EXCLUSÃO DE TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO ETRANSTORNO DO
DlagnOsUco eManifestações Clinicas HUMOR
Os transtornos esquizoafctivos e o transtorno do humor com
A esquizofrenia é definida como um distúrbio mental de çaracteríCilS psicóticas foram descartados porque (1) nenhum
longa duração, pois é necessário que suas caracteristicas psi- episódio depressivo maior Ou epis6d..ios maniacos ocorreram
cológicas persistam por 6 meses (Tabela 426-9) . Também é concomitantemente com os sintomas da fase ativa, ou (2) se os
necessário que haja deterioração psicossocial a partir de um episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase
nível anterior de funcionamento como parte da definição ativa, sua duração total foi breve em relação à duração dos
de esquizofrenia. Quando um distúrbio mental psicótico períodos ativo e residual
persistiu por menos de 6 meses, não é recomendável utili- EXCLUSÃO DE DEPENDt.NCIA DE SUBSTÂNCIAlSITUAÇÁO CÚNICA GERAL
zar o diagnóstico de esquizofrenia. A esquizofrenia também O distúrbio não é devido a efeitos diretos de uma substância
tende a se caracterizar por reincidências agudas de caracte- (p. ex., abuso de drogas, medicamenlos) ou a uma situaçâo
rísticas pSicológicas ao longo do tempo. Durante primei- ° clínica geral
ro episódio de qualquer distúrbio psicótico, devem ser con- *NOla; apenas umsimoma caraCteríslico é necessário se os deHrios 5âo
siderados um transtorno afetivo ou uma doença clínica sis- bizarros ou se as alucinações consistem em uma voz fazendo comentários
têmica; os episódios psicóticos secundários a reações tóxi- constantes no comportamento ou nos p.nsamentos da Jl<'S5O', ou envolvem
cas a drogas, privação de sono, e causas médicas invariavel- duas ou mais vOzes conversando umas cOm as OUlTOS.
mente persistem por menos de 6 meses.
Os subtipos de esquizofrenia são definidos pelos sinto-
mas predominantes no momento da avaliação clínica mais da populaçãO geral; desta forma, a posiÇãO inferior dos pacientes
recente. Os subtipos incluem o tipO paranóide, O tipo de- parece ser mais o resultado da enfermidade do que sua causa.
sorganizado, o tipo catatônico e um tipo indiferenciado. Os Em 70% dos esquizofrênicos, a doença tem início entre 15 e
sintomas cata tônicos envolvem tanto o componamento mo- 35 anos. A doença afeta homens e mulheres em igual proporção
tor acentuadamente retardado (freqüentemente ao ponto de ao longo da vida. A idade na qual o risco de início atinge um
não apresentar nenhum movimento voluntário; padente ° pico é de l5 a 24 anos em homens e de 25 a 34 anos em mulhe-
mantém qualquer postura na qual foi passivamente coloca- res. Existem diferenças étnicas sutis, com uma maior inciden~
do) quanto O comportamento motor acentuadamente agi- cia nos países escandinavos e em raças diferentes da branca.
tado. Nas fonnas paranóides da esquizofrenia, os plincipais
sintomas são freqüentemente os delírios paranóides, e estes
tendem a permanecer constantes ao longo do tempo. O ter- Fisiopatologia
mo esquizofrenia tipo TCsidual, é utilizado quando os sinto-
mas positivos de psicose regredimm, porém o paciente man- A fisipatologia da esquizofrenia é desconhecida, e ainda não
tém uma função psicossocial ruim. foi determinada a origem anatõmica dos sintomas. Entretanto,
muitas situaçOes (p. ex., trauma, distúrbios convulsivos e do-
ença de Huntington) podem produzir delírios e alucinações se-
melhantes aos da esquizofrenia. Muitos especialistas relataram
Epidemiologia na esquizofrenia uma incidência acima da média de anormali-
dades neurológicas não-localizatórias, alterações que não estão
A prevalência de esquizofrenia na população geral é por vol- presentes em outras situações psiquiátricas.
ta de I %, com uma incidência em tolTlO de 0,5 por 1.000 pesso- Dentre os pacientes esquizofrênicos hospitalizados, 25%
as/ano. As taxas de prevalência são oito vezes maiores nas ca- mostram traçados eletroencdalográHcos anormalmente lentos
madas socioeconômicas desfavorecidas. Os pais de esquizofrf'- com o uso das técnicas de registro padronizadas. A tomografIa
nicos possuem uma distribuição de classes semelhantes àqucla computadorizada e a ressonância magnética mostraram alarga-
Capflulo 426 OS DistiI1Xos l'sã1uiâtriOOs na Prátk:a MéOCa 2597
mento do ventrfculo lateral e do terceiro ventrículo, alargamen- .----_-''''',._-.. ,.-.''''-111..__''''1
A adminiStraÇão de drogas antipsicóticas a longo prazo é
tO dos sulcos corticais, atrofia cerebelar, assimetria cerebral e
diminuição da densidade do cérebro. Apesar de não serem da- essencial pa;i"a,re.duzir recaídas (Iabela 426-1O). O tratamen-
ras as implicações destes achados, eles se correlacionam com a to farmacológico inicial da psicose deve começar coma ad-
piora do distlirbio cognitivo, ajustamento pré-mórbido ruim e ministração de uma daS drogasantipsicóticas -atipicas~ mais
du ração mais longa da doença. recentes. Este grupo de dJ;ogas indui a olanzapina, a rispe--
Fortes evidencias implicam falores genéticos na esquizofre- ridona, a que,tiapina, a ziprasidona e a clozapina. O uso da
nia. Dez a 15% dos filhos de pacientes esquizofrênicos têm a clozap,iria não pode ser considerado um ttatamento de pri-
doença. A coincidtncia de esquizofrenia em gêmeos monozigó- meira linha dev~do à sua, tOxicidade .hematopoética e hepá-
ticos gira em tomo de 60%. Uma evidencia adicional para um tica. Estes agentes s1l0 denominados adpicos devido aO es-
~ tor genético veio de estudos de crianças filhas de pais esqui- pectro de efeitos colaterais, que difere significativame.nte
=ofrênicos que fo ram criadas pelos seus pais naturais ou por daquele das drogas antipsicólicas mais antigas e tradicio-
pais adotivos rulG-esquizofrênicos: a probabilidade de destn- nais, como o haloptridol e a c1orpromazina. As novas dro-
\""Olver a doença é idêntica em ambas as circunstâncias, inde- gas, como grupo, possuem menos efeitos colaterais agudos
pendentemen te do ambiente. Apesar desses achados, fatores no sistema motor do que as drogas mais antigas c p,oaem ter
fa miliares foram implicados de outras maneiras. Em famílias um risco mais baixo a longo prazo para discincsia tardia.
co m interação emocional exagerada, os pacientes esquizofrêni- Estes agentes também são mais eficazes para OS sintomas
COS parecem se sair pior. Os ambientes com menor estimulo psicó~icos negativos da esquizofrenia, como a apatia e a
emocional parecem permiti r que os pacientes esquiz.ofrf nicos anergla.
funcionem melhor. O regime inicial típico inclui risperidona, 2 mg d,uas vezes
ao dia, com aumento para 6 a lO mgfdia de dose total depois
de 1 semana, se for bem tolerado. Geralmente se observa eficá-
• Tratamento e Prognóstico cia antipsicótica nesta faixa de dose-alvo da rispertdona, com
uma defasagem de 4 a 6 semanas para alguns efeitos. Uma
Dürante um
período de 25 a 30 anos, cerca de um terço outra alternativa é a olanzapina, que pode ser administrada
dos pacientes com esquizofrenia demonstrou alguma recu- uma vez ao dia. A dose inicial de olanzapina é de 5 mg ao dia
peração ou remissão, mas o restante dos pacientes penna- com aumenlosde 5 mga intervalos semanais até atingira faixa
neceu com sintomas residuais impo rtantes ou necessitou de 15 a 20 rng caso os sintomas não melhorem e os efeitos
de hospitalização prolongada. O tratamento requer o esta- colaterais sej am toleráveis. A agre5Shidade do regime de doses
belecimento de uma relação psi<:otcrapêutica a long'o prazo é ditada pela quali&de e gravidade dos sin tomas psicóticos. O
com o paciente ou com sua fam(lia, O que pode facilitar a início do efeito de qualquer droga antipsicótica é defasado,
monito rização do curso clínico, o reconhecimento de sin- assim, agentes psicotrópicos adicionais podem ser administra-
lomas precoces de descompensaçao, e melhorar a aderência dos durante os primeiros dias de tratamento. Um benzodiaze-
a tratamenlOS psicofarmacol6gicos. A psicoterapia para a pínico (p. ex., alpnuolam., 0,25 mg ttts vezes ao dia) pode ser
esquizofrenia é de supone (ver adiante), educacional e rea- adicionado quando a agitação e o distúrbio do sono forem gra-
bilitativa, em uma tentativa de prevenir ou minimizar a d e- ves. O fator que mais freqUentemente limita a administr.lção
terioração psicossocial crônica que pode ocorrer durante o de drogas antipsicóócas é o aparecimento de efeitos colaterais
curso da doença. extrapiramidais, incluindo distonia, acatisia e parkinsonismo.

Tabela 426- 10 • DROGAS PARA PSICOSE


ClASSf NOME GENERICO DOSE AGUDA POR 24 HORAS DOSE DE MANUIDlÇAO EFEITOS COLAT8WS
Fenotiazina Clorpromazina 25-1.000 mg VO 25-400 mg VO AEPM; hlperprolactinemia
.-'.lifátiço 25·<Kl(l mg IM
f enotia:dna Perfenazina 64 mgVO 12-24 mg VO AEPM
?iperazina 15-30 mg IM 12,5-50 rng 1M de
Aufenazina 2,5-40mg VO decanoat()'" sellUlna
5-20 rng IM
Trifluorperarina 1-5 mg VO
Feno tiazina Tioridazina 25-S00 mgVO 25-30 mg VO AEPM; risco de degeneraçi.O
retiniana
?iperidina Mesoridazina 50-400mgVO 200-400 mg VO 300 rngldia
Butirofenona Haloperidol 2-25 mg VO 1-15 mg VQ AE"rM; pode causar disforia em
6-30mg IM 25-200 mg IM de doses baix:ls ou moderadas
decanoato por m~
TlOxantena Clorprorixene 30-100 rng VO 100-300 mg Forma immmus<:ular disponível
Tiotixeno 2-5 mg VO 5-10 mg VQ
Dibensoxazepina Loxapina 50-250rng VO 60-100 mg
Diidromdol Molindone 50-225 mg VO 20-200 mg Menor probabilidade de reduçao
do limiar convulsivo
Ben<:isoxazo Risperidona 2"'mgVO 2-20 mg Baixa incidencia de efeitOS
extrapiramidais
::>i!x.m:odiazepina Olamap'na 5-15 m& VO 5-10 mg VO Menos efeitos extr-apiramidalS:
Cloupina 200-400 mg 200-600 rng agranulocitose fatal; sedac~o
Difenilbutilpiperidina Pimozida 10-30 mg 10-30 mg
Fenilindol Quetiapina 25 mg 2 vezes ao dia 300-400 mgldia Baixa incldfncia de efeitos
Ziprasidona -w.80 mg 2 vezes ao dia extrapiramldais

AEP"M _ A1~ut no.pi ",~dos movimontO$.


2598 capitlllo 426 OS Distúrbios PsGuiátrb:ls na Prática Médica

c1uindo os recep tores Dl , D2 e 04. Ela também ter::.


tJ,ro ~isco adicional para o üso c.l.e drogas antipsicóticas e propriedades anticolin érgicas e de bloqueio de recept~ci
o desenvolvimep to da discinesia lliroia.. iJ.. disdnesia tardia espectro fannacológico gera menos efeitos colaterais a",,,,.
é uma sl'ndrome d e movimentos involuntários, ge.rnlmcnte midais que a maioria das drogas antipsicóticas mais ~
corcoatctóides, que podem afeta~ a boca, lábios, língua. cx- IlUfIIAI'INA. A quetiapina tem ações e usos semelhan:ts
ttentidadcs ou tronco. Apesar de geralmente associada ao clozapina. Ela está associada a menor incidencia de ~
uso de neurolépticos por um período de 6 meses ou mais, a tose. Está indicado um exame oftalmológico semi-anuaI~..._

I discinesia tardia pode ocorrer após um período mais OJno


de administração. Os pacientes que recebem ncurolépticos
devem ser avaliados periodicamente para estes movimen-
tos anonnais. As taxas de discinesia tardia com as medica-
pada de [cnda para pacient.es em uso de quetiapina ~
relatos de catarata associada ao uso prolongado desta C::::p..
DI'BASlBOIl. A riprasidona é uma recém-apro\-ada ê:;:.o
tipsicótica que atua favorave lmente sobre os SinlOm:5 xs.:..
ções antipsicóti cas atípicas são consideravelmente menores e negativos da esquizofrenia. Ela tem baixas laxas &.
do que aquelas das drogas tradicionais, porém nãosão iguais colaterais cxtrapiramidais, porém pode causar acalÍSl2.. ~
a zero. A causa da discinesia tardia não é conhecida, mas associada a QT prolongado no eletrocardiogr:una.
acredita-se que represente uma hiperscnsibilidade dopam!-
nérgica nos sistemas motores extrapiramidais.
ABORDAGEM GERAL DA PSICOIARMACOlOGIA
Devem -se seguir algumas diretrizes clínicas geraispz::i.
de qualq uer droga psicotrópica. O médico deve, ~="'~
DROGAS PARA PSICOSE mente, selecionar os si ntomas, tais como agitação, dist!
so no, ou perda de peso, que serão o alvo do tratamento.
As drogas que afetam a [unção dopaminêrgica bloqueando isso, o clin ico deve estabelecer guias clinicas para julga:-.J.
os receptores mesolfmbicos de d opamina demonstraram capa- cia do tratamento. Se os sintomas-alvo nJo melhora." =_
cidade de melhorar uma vari edade de sintomas pskótkos. As um periodo definido de tempo, o tratamento de\"er.J 'Se""
drogas antipsicóticas mais antigas apresentam um espectro mais penso ou trocado, ou um esyecialista deverá ser consc:b.:-
amplo de bloqueio de receptor dopaminérgico, afetando todos DOSE ElIMPO PABA AVAlIAÇAO_ Os dois erros mais COI:lllll!.
os subtipos de receptores e neurônios dopaminérgicos nigroes- metidos por médicos nào-psiquiatras que utilizam agc:25
tnatais (subs tância nigra pars compacta, A9) e lfmbicos (área cofarmacológicos são a prcS<.';ção de dose inadequa6.
do tegmentO ventral, AIO) . Consequentemente, essas drogas esperar o tempo suficiente para a observação do efeito
tem muitos efeitos colaterais relacio nados com O sistema mo- do. Para todos os agentes. a primeira abordagem de t:=I.
tor. A nova geração de agentes antipsicóticos tem variáveis efei- posta abaixo da ideal deve ser o aumento da dose da drog:r
lOS nos subtipos de receptor de dopam ina e em OUtros sistemas donada até a dose -alvo diária LOtai predeterminada ou n-.
neuroquim icos, tais como o da serolOnina. dose málCÍma tolerada. Em segundo lugar, o médico ~
RISPUIDONA. Presume-se que o bloqueio concomitante de re- rar por um tempo pn:deu.:nninado, geralmente de ... a 6
ceptores D2 nos núcleos da base seja respOnsável pela produção nas, para drogas antidepressivas e antipsiçóticas, para pc::m.
das síndromes extr"-pi ramidais pelas drogas antipsic6ticas mais que as evidências clínicas de eficácia apareçam.
antigas. Mais recentemente, a pesquisa psicofarmaeológica se FAMILlABIDADECÚNICA. O uso efetivo destas drogas, CIJGD<
voltou para agentes que bloqueiam simultaneamente os recep- outros agentes farmacológicos, requer uma habilidade: _
tores O 2 e os da serotonina (5-HT 2). Algumas evidências suge- que é ob tida unicamen te com a experiência. Os clínitX!5
rem que esses agen tes têm menos efeitos colaterais extrapira- devem ten tar se familiarizar igualmente com t.(Xias:t.5 -
midais e que podem ser muito eficazes n o combate aos sinto- psicofarmacológicas, devem porém desenvolver uma
mas negativos da esquizofrenia em comparação com as drogas dade fundamentada na experiência com um ou dois agmzs.
antipsic6ticas tradicionais. Evidências in viiro indicam que a cada categoria.
risperidona tem uma afinidade 20 vezes maior para os reçeplo-
res 5-HT"I.ft. que para os receptores O 2,
ClOlAPllll. A clozapina foi desenvolvida na Áustria e na Ale- ABORDAGEM GERAl DA PSICIITfRAPIA
manha nos anos de 1960. Devido à sua estrutura tricidico-sí- Do escopo toral das morbidadcs psiquiá tricas amb"!-T.,...,...
mile, acreditou-se que ela poderia ser um anúdepressivo. Ao 90% são tratadas por médicos da atenção primária à saúrlee
invés disso, ela se mostrou uma d roga antipsicótica sem efeÍlos outros médicos não-psiquiatras. A restrição destes tr:l.t~
colaterais extrapiramidais. A clozapina é um dibcnzodia tepini- médicos gerais à psicofarmacologia é muito estreita.
co com propriedades e efeitos colaterais atipicos. Ela possui ror- rando O aumento persuasivo das evidencias da eficácia àz;;
tes propriedades anticolinérgicas em adição às propriedades blo- coterapias nas doenças psiquiátricas neuróticas. :! Atu1!',.,~...
queadoras de serotonina. Ela produt uma supressão proporcio- entretanto, não há modelo algum aceito gencralizadamertlt_
nalmente maior do sistema mcsolímbico em relação ao sistema qual as capacidades psicotcrapêuticas possam ser incorpa::x....=:
dopaminérgico estria!a!. A clozapina bloqueia os rt'Ceptores D 2 ao cenário médico generalista. O argumento persuash·o <=
da mesma fonna que outras drogas antipsicóticas, porém ela que, durante décadas, os médicos nolo-psiquiauas "xx,?~.
U\mbém produz um bloqueio relativ;J,mente maior dos sistemas várias fo nnas de psicoterapia regulannente através das •
DI, que pode contribuir para seu p adrão modificado de eficácia que eles j á estabeleceram com seus pacientes. Estes pl"ClÔslsl.
e para a ausência de discin esia como efeitO colateral. nais podem traba lhar para melhorar a sua efetividade psac::k
A dozapina pode causar agranulocitose fatal. Uma revisao rapêu tica.
dos relatos disponíveis indica que a agranulocitoSe ocorre cm TEORIA DO RnACIDNAMEIfIlITERAPrmCO. O paciente pr<><==. DI
0,5 a 2% dos pacientes recebendo dozapina. uma taxa mais alta médico por causa de uma necessidade vivenciada. Quase: 5i!2
do que aquela encontrada em pacien tes recebendo OUtras dro- pre elCÍste uma sensação de necessidade de ajuda, que poõe
gas antipsic6ticas. A agranulocitose não parece ser dose-depen- mais ou menos desenvolvida e conceitualizada, depenck:Dd:;
dente. Na ma ioria dos casos, existe um período prodrOmico de cada paciente. t a panir desta necessidade fundamenul::k
dive rsas $emanas no qual a contagem de leucócitos declina, sistência que se origina a possibilidade de uma relacio~
porém este pródromo nem semp re é observado. A descontinua- terapl!utico. Médicos nào-psiquiatras podem subest.im::u".l._
ção da medicaç-do ne m sempre previne a progressão para agra- fundidade emocional e o potencial poder psicoterapW~ h-
nu loçitose. A maioria dos casos ocorre dentro de 3 meses após ta relação. Este relacionamento já existe em uma fonna p;::::=!I..
o inicio do tra tamento. A monitorização semanal da função va com muitos de seus pacien tes e constilUi uma feo,",=~a
hematológica está indicada para todos os pacientes que rece- terapfutica subutilizada
bem clozapina. ESTUIttIAS PSlCOTERAPIUTlCIS.. As habilidades psicot~
OlAMlAPllO.. A Ola=pina bloqueia os receptores 5-HT2 além ticas básicas são universais entre os tratamentos be~
de um espewo de subtipos de receptores dopamin érgiços, in- dos a despeito da especialidade. Estas habilidades incluec ~
capitulo 427 ShIromes Dolorosas Especificas 2599
palia, sensibilidad~ a padr~ ~mocionais, capacidad~ d~ ouvir
ativam~nt~ ~ a habilidad~ d~ int~rvi.r com infonnaçoes correti- KeUeTMB, McCuUoo~jP, I(I~in 0:-1 , (1,,1 , A oompartson or ncfazodo.
~1lS em pont05 t~mporais ac~itáv~is. Quando os agentes psico-
ne, lhe rogniu,,", b<ha"ior,d-atW)"Sissysl~m or psyd>cuhmo.py. ~ud lhdt
combiruUOll for d-..c. ltt.ume-ru of chronIc dêp~n. N Engl j Mcd
farmacológicossao prescritos, os clinicos devem introduzir uma 2000;}4Z.1162-1170.
psicoterapia complementar paralelamente. Diversas abordagens 2 Sc:hotnhlollm M, UnlllUl" J. Sherboumt C. ec .1: eo.;c-dfecti~ness of
técnicas gerais podem ser utilizadas. pnocrice·lnítialN quallly ImJ>fO'-vneru fordqmsston: Resuhs of ~~.
domtzro corurolled uul.jAMA 2OO1 ;Z86, l)~Il30.
TDIAPII COBlIlTIIUIMPOftTIMlIfDl. A terapia componamen- 3. Bowdt:n CL Ilnogg~' AM, Swann AC, tI ai: Efna<:)' oi dlvalproex Y$
tal é uma psicoterapia fundamentada no p rincipio &eral de que hthium .00 pbotdlo in Ih~ lmltmenl oi mania. Thc Dcpokole Mania
as intervençoes devem focalizar os companamentos, pensamen- Stud)' G""'p. J AMA 1991:171 :918--9H.
tos e emoções que esll10 p~ntes num dctcnninado momento. i. Jureu RB, Knlr,D. l)oylcj, tI li: Pt-evrollng rtCur",nl d"l'ression U5lng
rognilr.·c lher.tpy wilh aoo wilhoUI a conlinll'llÍon p~. An:h Gcn
Tal hipÓtese moti va a maioria de nossos esforços educacionais Psychialry 2001 ;58:381-388.
~ é promamente compreensivel para a maioria dos médicos. Os
e1ementos-chavc desta ttcnica psicoleraptutica 5ao O esclareci- lBT1JRAS SlIGfRJOAS
mento. a aiucação e o suporte emocional. Esta esLralégia tera- Sc:h1ffer RB. Ibo s..\t: Ntumpsych.:ury, 2nd cd. Baltimore. Upp.ncotl 'M11imIs &"
pêutica é rttO lllendada como a estratégia dc primeira linha para W,llmlS, 2002. thn~JOI"IIIQdo".".vdriosau!(M:> ",,~d<o/>
a maior pane dos problemas psiquiáUicos leves. Este procedi- cW':Ua$ """ coMtrimtl1tO dispollf..n li<) substl"lN" "",ral '" ,,,,,,,,,,rrol_.
UI( ECT lte\iew Group: Efl'oacy.nd lafecyof MITOCOIIVUlslve Uw:r"f')' In depru-
mento é semelhante aos utilizados por muitos médicos para $1'1' dis0tde!5: ... systemat.lc I"t\iew.nd """2-OI.wys>s. UI1«I lOOJ:J6I :7W-
outros problemas terapeuticos e diagnósticos. 808.. Ekf"",_~ 'li«" j:II1MI..n...coft ~ lft<ftS tj"":<f% <jI« a !"""""
Co/"3i'oI, t mndd ,"",$ tf"a;: ~ lI$<III:Ia "'" dom alias "" bI!.auraI_,,-
/<lmt(l-
TDIIPIA PSlcooldNlCA. A psicoterapia psicodinamica é uma
Young AS, I(lap R, Sherboume CO. cl ai: TIle q .... lil)' or <2K for ckprcssI~ and
~·ersao de psicoterapia derivada da tcoria psicanalitica que utili-
arudcly disor<k", in Ih~ Unued St21e5- An:h <>tn Psychialry 2OOt;56:~5-6L
za maior limite de tempo. Um dos conceitos básicos da teoria U..... amontra "",'0II<I! Ik qualidmk "" almd,,,,,,,uo de "••clt"!n tm altllC<lo pn-
psicanalílica é o d eterminismo imrapsfquico. Este principio ""'na ~ ,,~<ltk41 Q"tda/f~.
defende que os eventos psicológicos não sao produzidos alea-
tOriamente, porém, pelo l'On trário, por forças causais operan-
tes, frequem emente de ro rma inconsciente, dentro do indivi-
duo. Estas fo rças causais geralmente incluem os impulsos bisi-
oos humanos, sexualidade e agressão, e a experiência de vida e
o desenvolvimento precoce do individuo.
m ESPECiFICAS
SINDRDMES DOLOROSAS
Freud per mitiu que seus pacientes pensassem e falassem li-
\"Ume nle durante as sessões, enquanto cle ouvia alentamente Michael C. Rowootham
para indícios sobre os significados e motivaçOcs que não esti-
vessem ainda compreendidos de forma consciente pelos paei- TRANSIÇÃO DA DOR AGUDA PIUIA DOR CRONICA
alies. Ele descreveu a resist!ncia qu~ os pacientes demonstra-
\"aIIl para im~dir que os suatimentos e connitos dolorosos Embora trauma, infeCçiO, inflamação e degeneraçto tecidual
anergisscm paa a vida conscteme, ~ escreveu sobre a rransf~­ graves o suficiente para causar dor aguda sejam cxpe.ritncias
:encia. a aplicação ao médico dos comportamen tos com com- umversais, apenas algumas poucas dores agudas evoluem para
p<>ncntes emocionais que derivam de outras áreas da experil'n- dor O"Õnica grave, incessante e incapacitante. ürot de 1O'r. dos
da de vida do paciente. Uma das maiores vantagens desta pers- casos de herpes zoster agudo progridem para se tomar uma neu-
pectiva t:: que ela pennit~ ao clínico conhect:r completamente as ralgia pós-herpélica estabelecida. ~ menos de 5% das lesões trau-
forças dos indivíduos confonne eles ~ expressaram ao longo máticas dos membros ou dos nervos perift::ricos persistem como
de suas vidas. As habmdades técnicas mais imponantes desta a sfndrome da dor regional complexa (SDRC I) ou como causal-
ttc.nica incluem audiclo ativa, conexOes empáticas com o paci- gia (SDRC li). Uma porcentagem ainda menor de lesões múscu-
auc e capacidade de fazer conexOes interpretativas com even- Io-esqucléticas evolui para a dor somática difusa da fibromialgia.
tos prévios d a vida. Os fatores que detenninam que dores agudas venham a se
nRAPIA IIfIlIIPlSSOIL A abordagem intc~ssoal à psicotera- tornar crônicas $Ao incompletamente compreendidos, porém
pia é dirigida explicitamente ao sistema de grupo no qual o podem ser agrupados em quatro categorias: (1) doença com
paciente vive: ou trabalha, em oposiÇãO ao paciente como indi- les:1o tecidual persistente, (2) funç:1O anormal do sistema ner-
~iduo. "Ela é uma psicoterapia orientada pelos relacionamentos. voso, (3) lesão do sistema nervoso e (4) fatores psicológicos. A
:\. abordagem fami liar é uma variação da terapia interpcssoal e é dor persiste enquanto continuar a haver destruição tecidual ati-
ralizada sempre que o mt::dlco traz pata o consultório mem- va e inflamaçao (I. e., o sistema nervoso estiver cumprindo sua
bros da família. A terapia de casais também é urna forma de função nanual de sinalizar com dor, em resposta a uma lesão
psicoterapia interpessoal e é o tipo mais comum de terapia tecidua\). Nos distúrbios anterionnente mencionados, não há
famüia r realizada por mtdicos nilo-psiquiatras. Nestas tempi- evidência de destnllçl10 tecidual continuada ou de infiltração
25. o rnt::dico aborda alguma diflculdade no sistema imerpes- por ct::lulas inflamatÓnas. Em vez disso, o sistema nervoso cen-
soai. Os padrões d~ relacionamento do sistema devem ser con- tral (SNC) responde de uma maneira patolo&icamente amplifi-
:>iderados, c as forças positivas devem ser identificadas. O p ro- cada a todos os impulsos sensitivos da região dolorosa, não
ruema tem qu~ permitir uma definição dentro deste sistema importando como eles foram gerados. Na neuralgia póS-herpé-
de relacionamento. A metáfora mais simples para usar para a lica e na SDRC li . os nervos periféricos estão lesados, às vezes
terapia inU'.:rpe5S0al no cenlirio clínico t:: a do impacto slstt::mi- &ravem~nte o bastante para produzir desaferenciaçjO e reorga-
co amplo d e uma doe:n~ clinica ~xperimentado por um paci- nização no SNC, levando à hiperatividade em alguns neuronios
ente identificado. do SNC e a padrOes anonnais de resposta em outros. Os nervos
DllfTllms. Uma diretriz básica para o desenvolvimento de sensitivos lesados podem, variavelmente, ser sensfveis de for-
um. plano de trabalho para uma psicoterapia clínica deve con- ma incomum aos seus estlmulos habituais, podem ser ativados
sidera r os .seguin tes pontos técnicos: espontaneamente, ou podem geral impulsos em resposta à ati-
vidade do sistema nervoso simpático. A neuralgia pó.s-herpéti-
Diagnóstico: Definir o problema com alguma dimensão psicos- ca é um distúrbio dolo roso comu m e sem controvérsias com
social que faça ~ ntido para o paciente e para a famJlia. uma causa conh~cida (reativação do vlIUS da varicela lalente na
Piano de tralxllho: Estabelecer um n umero inicial de visitas para fonna de lesões herpéticas; Cap. 435), sinto mas consistentes,
conversas, ~pecificando a freqüê ncia e a duração de cada mecanismos clinicos que estão cada vez mais bem compreendi-
visita. dos e pelos menos quatro lralamentos comprovados. Ao con-
Estrultgiu: Considerar as estratégias gerais aqui definidas, e con- trário, a SDRC I e a fibromial&ia (Cap. 289) 5<10 entidades con-
siderar quais estratégias podem ser mais bem aplicadas a cada troversas de etiologia incerla e com poucos tratamentos com-
situação. provados. f atores psicológicos, incluindo depressãO e ganho
P~cu. Estar pn:parado para solicitar o pan:cer de um psiquiatra. .secundário, podem ser suspeitados como a causa primária em

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