Вы находитесь на странице: 1из 11

International Journal of Cardiovascular Sciences.

2016;29(1):65-75 65

ARTIGO DE REVISÃO

Doenças Psiquiátricas e o Sistema Cardiovascular: Interação


Cérebro e Coração
Psychiatric Disorders and Cardiovascular System: Heart-Brain Interaction
Fernando José Nasser1, Marcos Merula de Almeida2, Lucas Saraiva da Silva2, Renata Gudergues Pereira de Almeida2,
Gustavo Borges Barbirato3, Mauro Vitor Mendlowicz1, Cláudio Tinoco Mesquita2
1
Universidade Federal Fluminense – Faculdade de Medicina – Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental – Niterói, RJ – Brasil
2
Universidade Federal Fluminense – Faculdade de Medicina – Departamento de Medicina Clínica – Niterói, RJ – Brasil
3
Universidade Federal Fluminense – Programa de Pós-graduação em Ciências Cardiovasculares – Niterói, RJ – Brasil

Resumo

Depressão e ansiedade são transtornos psiquiátricos que frequentemente coexistem com a doença arterial
coronariana (DAC) e outras doenças cardiovasculares (DCV). Tanto os sintomas depressivos como a ansiedade
são atualmente reconhecidos como fatores de risco para DAC e DCV, além de apresentarem processos
fisiopatológicos complexos que parecem influenciar negativamente no prognóstico dos pacientes com essas
comorbidades. Dentre estes, destacam-se a hipercortisolemia, a hiperatividade simpática, as anormalidades
plaquetárias complexas, a ativação imunológica levando à resposta inflamatória, os fatores genéticos comuns e
a associação com comportamentos que predispõem à doença cardiovascular. Estratégias de tratamento da
depressão, como o uso de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), têm o potencial de contribuir
para a redução do risco de eventos coronarianos agudos. Clinicamente, instrumentos e protocolos para o rastreio
e avaliação da depressão e ansiedade buscam atuar nos efeitos negativos desses transtornos sobre a qualidade de
vida e a saúde cardiovascular.

Palavras-chave: Doenças cardiovasculares; Transtornos mentais; Doença das coronárias

Abstract (Full texts in English - www.onlineijcs.org)

Depression and anxiety are psychiatric disorders that often coexist with coronary artery disease (CAD) and other cardiovascular
diseases (CVD). Both depressive symptoms and anxiety are currently recognized as risk factors for CAD and CVD, and present
complex pathophysiological processes that seem to adversely influence the prognosis of patients with these comorbidities. These
symptoms include hypercortisolism, sympathetic hyperactivity, complex platelet abnormalities, immune activation leading to
inflammatory response, common genetic factors and association with behaviors that predispose to cardiovascular disease. Strategies
for treating depression such as using selective serotonin reuptake inhibitors (SSRI), have the potential to contribute to reducing the
risk of acute coronary events. From a clinical perspective, instruments and protocols for screening and evaluating depression and
anxiety are intended to counteract the negative effects of these disorders on the quality of life and cardiovascular health.

Keywords: Cardiovascular diseases; Mental disorders; Coronary disease

Correspondência: Marcos Merula de Almeida


Av. Marquês do Paraná, 303 4º andar Anexo – 24033-900 – Niterói, RJ – Brasil
E-mail: drmerula@gmail.com

DOI: 10.5935/2359-4802.20160003 Artigo recebido em 17/12/2015, aceito em 23/02/2016, revisado em 29/02/2016.


66 Nasser et al. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75
Interação Cérebro e Coração Artigo de Revisão

Introdução longo da vida e sua prevalência corresponde a 14,6% e


11,1% em países desenvolvidos e em desenvolvimento,
Portadores de doenças psiquiátricas apresentam respectivamente 10. De acordo com a Organização
mortalidade duas a três vezes maior em relação à Mundial da Saúde (OMS)11, mais de 340 milhões de
população geral, destacando-se as doenças pessoas sofrem de depressão em todo o mundo e em
cardiovasculares (DCV) – as principais responsáveis por 2020 ela será a segunda causa de anos perdidos de vida
este dado. Dentre estas, cabe destacar a doença arterial saudável.
coronariana (DAC)1.
O National Comorbidity Survey12 revelou que os transtornos
Depressão e ansiedade são altamente prevalentes em de ansiedade são os transtornos mentais mais frequentes
indivíduos com DAC e outras DCV. Embora frequentes na população em geral. Uma em cada quatro pessoas
esses transtornos psiquiátricos são usualmente satisfaz os critérios diagnósticos para um transtorno de
ignorados2,3. Têm sido considerados ainda fatores de risco ansiedade, com uma taxa de prevalência de 18,1%. A
independentes para DAC e DCV, além de alterarem a prevalência em um ano para fobias é 8,7%; para o
sua história natural4,5. Identificação precoce e tratamentos transtorno de ansiedade generalizada, 3,1%; e para o
eficazes desses transtornos transtorno de pânico, 2,7%12. A partir da análise de dados
ABREVIATURAS E podem contribuir para o dos Estados Unidos, concluiu-se que a prevalência do
ACRÔNIMOS aumento da sobrevida dos transtorno do pânico é de 2,1% em 12 meses e 5,1% ao
pacientes cardiopatas6. longo da vida, predominando no sexo feminino e na faixa
• CRF – corticotropina
etária de 20 a 29 anos13.
• DAC – doença arterial Nesta revisão, pretende-se
coronariana
delinear a prevalência e o Para este estudo, foi realizada revisão de literatura de
• DCV – doenças impacto da depressão e da artigos publicados nas bases de dados PubMed, Medline
cardiovasculares
ansiedade em pacientes com e Google Scholar até o limite de 2 de novembro de 2015.
• HPA – hipotálamo-hipófise- DAC ou outras formas de Utilizaram-se os termos major depression, anxiety, panic
adrenal
DCV. Serão discutidos os disorder, cardiovascular disease e coronary heart disease.
• IAM – infarto agudo do mecanismos pelos quais elas
miocárdio alteram o prognóstico das A pesquisa com a combinação de todos os termos
• ISRS – inibidores DCV. Além disso, serão retornou 1 418 artigos. Os filtros foram: artigos de
seletivos de recaptação abordados os instrumentos de
de serotonina relevância internacional e publicados após 1995. Através
rastreio e o manejo dos da avaliação dos resumos, foram excluídos os artigos que
• PCR – proteína C-reativa pacientes com DAC e depressão não tratavam do tema e em duplicidade, restando
concomitantes. 79 artigos, que foram alvo desta revisão.

Epidemiologia Depressão
Depressão é um termo usado para descrever uma
A DAC é a principal causa de morte e incapacidade
variedade de fenômenos clínicos. De acordo com o Manual
global, inclusive nos países desenvolvidos7-9. Estima-se
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 5a ed.14
que, a cada ano, cerca de 935 mil pessoas nos Estados
(DSM 5), os dois principais sintomas do episódio
Unidos tenham infarto agudo do miocárdio (IAM) e,
depressivo maior são o humor deprimido e uma acentuada
aproximadamente, 1/3 delas irá morrer em consequência
diminuição do interesse ou prazer em quase todas as
dele. Em 2011, uma em cada sete mortes nos Estados
atividades que antes motivavam o paciente (anedonia).
Unidos deveu-se à DAC, a qual apresenta taxa de Para que a existência de um episódio depressivo maior
mortalidade anual superior às neoplasias, causas possa ser confirmada, pelo menos um desses dois sintomas
externas, doenças respiratórias e ao diabetes mellitus principais deve estar presente e se fazer acompanhar de
combinados. A DAC também impõe um pesado ônus outros sintomas característicos, totalizando um mínimo
financeiro ao sistema de saúde: apenas em 2011, seus de cinco sintomas. A duração mínima de um episódio
custos diretos e indiretos nos Estados Unidos foram depressivo é de duas semanas (Quadro 1)14.
estimados em 320,1 bilhões de dólares9.
Cinco ou mais dos critérios a seguir devem estar
A depressão é um distúrbio mental com alta incidência. presentes por no mínimo duas semanas e devem
Estima-se que 5,8% dos homens e 9,5% das mulheres constituir alteração do funcionamento pregresso. Pelo
experimentem pelo menos um episódio de depressão ao menos um entre os critérios (1) e (2) deve estar presente.
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75 Nasser et al. 67
Artigo de Revisão Interação Cérebro e Coração

Quadro 1
Critérios diagnósticos de depressão

1. Humor deprimido na maior parte do dia, praticamente todos os dias.


2. Interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades diminuído de forma marcante na maior parte do dia, quase
todos os dias.
3. Perda ou ganho importante de peso (cerca de 5%) sem realização de dieta específica ou diminuição/aumento do apetite,
praticamente todos os dias.
4. Insônia ou excesso de sono, praticamente todos os dias.
5. Retardo ou agitação psicomotora, praticamente todos os dias, observada por outros.
6. Fadiga ou perda da energia, quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade, desvalorização de si ou culpa excessiva, quase todos os dias.
8. Dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, quase todos os dias.

9. Pensamentos/desejo de morte recorrente; ideação, planejamento ou tentativa de suicídio.

Os sintomas causam sofrimento ou problemas sócio-ocupacionais clinicamente significativos. Não são mais bem explicados
por condição médica geral, uso de medicamentos ou substâncias.

Fonte: adaptado de Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM 514.

Depressão e DAC: uma ligação bidirecional? DAC, constatando que as pessoas com depressão tinham
Estudos epidemiológicos indicam que a depressão é um risco 2,5 vezes maior de sofrer IAM ou morte de causa
desproporcionalmente mais frequente entre pacientes coronariana do que a população em geral21. Em coorte
portadores de DAC, com uma prevalência estimada entre recente, confirmou-se o maior risco de IAM em pacientes
20% e 40% 15. Relata-se ainda que a depressão está que preencheram os critérios para depressão22.
associada prospectivamente com um risco aumentado
de desenvolvimento de DAC durante a vida 16 . Evidências epidemiológicas também dão suporte à
Independentemente dos efeitos diretos ou indiretos sobre existência de associação entre a depressão e aumento da
a DAC, o seu pronto reconhecimento e tratamento em mortalidade após IAM23. Estudo de seguimento por
pacientes coronariopatas são reconhecidamente 60 meses de 158 pacientes que sofreram IAM revelou que
importantes, visto que podem contribuir para restaurar a depressão maior era preditor significativo de
a qualidade de vida e promover o bem-estar17. mortalidade e eventos cardíacos adversos24. Outro estudo
de seguimento com 896 pacientes mostrou que o aumento
A DAC frequentemente coexiste com transtornos do risco não se restringia apenas aos pacientes com
depressivos. É possível que essa comorbidade não reflita depressão maior. A gravidade de sintomas depressivos
apenas uma coocorrência aleatória de duas doenças durante a internação, avaliada através do Inventário de
independentes com prevalência elevada 15. Estudo Depressão de Beck, apresentou uma relação dose-
controlado indicou que algumas populações deprimidas resposta com a mortalidade de origem cardíaca. Mesmo
têm risco aumentado de DCV e correm risco de morte pacientes que sofriam de quadros depressivos
três vezes maior do que grupos-controle pareados18. relativamente suaves no início do período de
acompanhamento, apresentaram mortalidade cardíaca
Pacientes deprimidos têm risco 1,6 vezes maior que aumentada cinco anos depois25. Welin et al.26, por sua
pacientes não deprimidos de apresentar evento cardíaco vez, acompanharam 275 pacientes que haviam sofrido
nos primeiros 24 meses após o diagnóstico de DAC19 e seu primeiro IAM e constataram que o aumento do risco
são significativamente mais propensos a morrer no ano de mortalidade associado a sintomas depressivos
seguinte ao diagnóstico20. Rugulies21 analisou 11 estudos presentes na linha de base ainda era perceptível nove
de coorte que avaliaram a associação entre depressão e anos depois26.
68 Nasser et al. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75
Interação Cérebro e Coração Artigo de Revisão

Nos últimos anos, portanto, acumularam-se evidências causalidade27. Entretanto, não se pode afirmar simplesmente
de que a depressão não apenas é mais prevalente nos que uma doença cause a outra, mas que se busque elucidar
pacientes com DCV do que na população geral, como os mecanismos pelos quais a DCV pode contribuir para o
também é fator de risco para o desenvolvimento de DCV desenvolvimento da depressão e vice-versa28.
e está associada a mau prognóstico em pacientes com
DAC23-26. Os principais mecanismos propostos são: 1) hipercortisolemia;
2) hiperatividade simpática; 3) anormalidades plaquetárias
Dado que a depressão parece ser fator de risco significativo complexas levando a fenômenos trombóticos; 4) ativação
para a mortalidade e/ou morbidade cardíaca, tanto em do sistema imunológico promovendo inflamação; 5) fatores
populações saudáveis quanto naquelas com DCV, aventou- genéticos comuns; e 6) associação da depressão com
se a hipótese de que a relação entre as duas poderia ser de comportamentos que predispõem à DCV (Figura 1).

Figura 1
Depressão e suas repercussões sistêmicas: mecanismos propostos para justificar a relação da depressão com DAC.
DAC – doença arterial coronariana

1. Hipercortisolemia endoteliais vasculares e a acelerar o desenvolvimento da


A hipercortisolemia é causada por condições que ativam aterosclerose e hipertensão arterial sistêmica 31,33 .
cronicamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) Adicionalmente, a hiperatividade do eixo HPA
e ocorre usualmente na depressão maior, no transtorno potencializa os mecanismos simpáticos, resultando em
do pânico e nas desordens de ansiedade generalizada, elevação dos níveis das catecolaminas circulantes,
podendo acelerar o desenvolvimento da DCV29. Em marcadores inflamatórios, disfunção endotelial e
resposta ao estresse, os neurônios do hipotálamo, variabilidade da frequência cardíaca33.
contendo fator liberador de corticotropina (CRF),
aumentam a liberação de corticotropina (ACTH) e outros 2. Hiperatividade simpática
produtos a partir da hipófise anterior. Proporção A depressão costuma coexistir com hiperatividade
significativa de pacientes com depressão maior simpática 34 . Assim, em combinação com níveis
apresentam evidências de hiperatividade do eixo HPA, cronicamente elevados de cortisol, a hiperatividade
como níveis elevados de CRF no líquor, não supressão simpática poderia contribuir para o desenvolvimento
da secreção de cortisol após a administração de acelerado da doença aterosclerótica35. O mecanismo de
dexametasona e hipercortisolemia 30-32 . Níveis excitação simpática em pacientes com depressão ou
cronicamente elevados de cortisol tendem a lesar células transtorno de ansiedade permanece incerto, mas uma
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75 Nasser et al. 69
Artigo de Revisão Interação Cérebro e Coração

desregulação autonômica capaz de aumentar a atividade 5. Fatores genéticos comuns


nervosa simpática, levando à disfunção ventricular Há evidências sobre as contribuições genéticas comuns
esquerda, tem sido proposta36. Utilizando-se de técnicas à depressão e à DAC. Em estudos com gêmeos, tanto a
de cateterização cardíaca direta juntamente com a depressão quanto a DAC mostraram contribuição
metodologia de diluição isotópica de noradrenalina, genética. McCaffery et al.45 investigaram as duas doenças
demonstrou-se que a atividade do sistema nervoso em conjunto e a correlação entre as heranças foi de 0,42,
simpático cardíaco em pacientes com depressão segue indicando que quase 20% da variabilidade dos sintomas
uma distribuição bimodal, com valores elevados em depressivos e da DAC poderia ser atribuída a fatores
alguns pacientes (cerca de 30%)37. genéticos comuns. Os autores concluíram que a
covariação de sintomas depressivos e DAC pode ser
3. Anormalidades plaquetárias atribuída, em parte, à vulnerabilidade genética comum45.
Os efeitos negativos da depressão sobre a DCV também
podem ser medidos através do funcionamento plaquetário 6. Fatores comportamentais
anormal. A depressão tem sido associada com alterações Além dos efeitos diretos fisiopatológicos, a depressão
funcionais complexas das plaquetas, tais como aumento pode contribuir indiretamente para o aparecimento de
das concentrações dos receptores funcionais da DAC através de suas conhecidas associações com
glicoproteína IIb/IIIa e hiperatividade do sistema de comportamentos que colocam os indivíduos em risco
transdução de sinal do receptor do transportador 2a da aumentado para o desenvolvimento de DCV46. De forma
serotonina. Esses achados são de grande interesse, tendo geral, os pacientes com depressão podem conviver com
em vista o papel que as anormalidades dos sistemas hábitos de vida pouco saudáveis, com tendência a
serotonérgicos supostamente exercem na fisiopatologia praticar menos atividade física e maior propensão ao
da depressão. Os pacientes deprimidos também tabagismo e ao abuso de álcool – situações que são
apresentam diminuição da agregação plaquetária em conhecidamente fatores de risco para o desenvolvimento
resposta à serotonina38-40. de DCV e IAM47.

4. Ativação do sistema imunológico Rastreio da depressão em pacientes com DAC


A depressão também pode contribuir para o Não há consenso sobre a necessidade e o método ideal
desenvolvimento de DCV através de alterações do de rastreio de depressão em portadores de DAC48. A
sistema imunológico. Os pacientes deprimidos têm níveis American Heart Association49 em conjunto com a American
elevados de marcadores inflamatórios41, estando a Psychiatric Association recomendam a triagem rotineira
depressão associada com o aumento da proteína para a depressão em todos os pacientes com DAC.
C-reativa (PCR) e fibrinogênio42. Indivíduos com humor
deprimido apresentam níveis plasmáticos mais elevados As recomendações feitas pelo comitê da American Heart
de interleucina 6 (IL-6), interleucina 1 (IL-1) e PCR43,44. Association49 foram resumidas no Quadro 2.

Quadro 2
Recomendações da American Heart Association49 para rastreio de depressão em portadores de doenças cardiovasculares

Realização de rastreio de rotina para depressão nos pacientes com DAC em vários contextos, inclusive hospitais, nos
ambulatórios e consultórios médicos e nos centros de reabilitação cardíaca.

Os pacientes cujo rastreio resultar positivo devem ser avaliados por um profissional qualificado no diagnóstico e tratamento
da depressão.

Os pacientes com doença cardíaca que estão sendo tratados para depressão devem ser continuamente monitorizados
quanto à adesão ao tratamento, à eficácia da farmacoterapia e à segurança em relação à saúde cardiovascular e mental.

É essencial que se busque coordenar os tratamentos cardiovascular e psiquiátrico nos pacientes com condições comórbidas.

Fonte: adaptado de Lichtman et al.49


70 Nasser et al. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75
Interação Cérebro e Coração Artigo de Revisão

O instrumento de rastreio recomendado no relatório da Recentemente, um grande estudo prospectivo associou


American Heart Association (AHA) é o Patient Health a ansiedade ao aumento da incidência de DAC. O estudo
Questionnaire49 (PHQ-9). A recomendação da AHA é que com quase 50 000 homens avaliados para ansiedade
os dois primeiros itens do PHQ-9 sejam perguntados ao mostrou que o diagnóstico de qualquer transtorno de
paciente. Caso a resposta seja afirmativa a uma ou a ansiedade estava fortemente associado à DAC e ao IAM
ambas as questões, deve-se perguntar os itens restantes49. durante 37 anos de seguimento, com HR: 2,17 (IC95%:
Escores ≥9 parecem representar maior probabilidade de 1,28-3,67) e 2,51 (IC95%: 1,38-4,55), respectivamente53.
depressão entre adultos da população geral, com Em outros estudos, o transtorno de ansiedade
sensibilidade de 77,5% e especificidade de 86,7%50, que generalizada estava associado ao risco aumentado de
devem ser encaminhados ao psiquiatra. eventos cardiovasculares recorrentes e de morte
cardíaca54,55.
Ansiedade e transtorno do pânico
A ansiedade normal tem uma função adaptativa, Estudo de coorte, envolvendo mais de 57 000 indivíduos
representando um sinal que motiva o indivíduo a agir diagnosticados com transtorno do pânico, concluiu que
frente a situações que demandam uma intervenção. A houve aumento significativo do risco de IAM em
ansiedade é dita patológica quando há avaliações indivíduos com menos de 50 anos de idade e de DAC em
exageradas ou imprecisas do suposto perigo14. todas as faixas etárias56.

Os principais transtornos de ansiedade listados na CID- Em 2015, uma meta-análise propôs correlacionar o
10 são: a fobia social, o transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do pânico e a incidência de DCV em pacientes
a fobia específica, o transtorno de pânico (com e sem sem evidências de comprometimento coronariano57. Tal
agorafobia) e o transtorno de ansiedade generalizada, estudo reuniu artigos sobre fatores intrínsecos às
sendo estes dois últimos os mais relacionados ao aumento doenças cardiovasculares que poderiam estar alterados,
do risco de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares como a variabilidade da frequência cardíaca58, alterações
adversos51. do complexo QRS e do intervalo QT no
eletrocardiograma 59,60, fluxo reduzido nas artérias
A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque coronárias61 e angina microvascular62. A análise de
de pânico propriamente dito: um episódio de ansiedade citocinas inflamatórias também foi positiva, com
agudo que se faz acompanhar de abundante evidência de que o transtorno do pânico resulta em
sintomatologia física. Os sintomas físicos típicos são: estado pró-inflamatório: houve aumento sérico de
palpitações, dor torácica, sufocação, falta de ar, sudorese, 18 das 20 citocinas avaliadas63.
tremores, sensações de calor ou de frio, tonteiras, náuseas
ou diarreia, medo de perder o controle ou de ficar louco Esses dados apontam que os transtornos de ansiedade
e sensação de morte iminente14. representam fator de risco independente para DAC,
muito embora ainda não se possa afirmar quais os
O sintoma principal no transtorno de ansiedade mecanismos fisiopatológicos implicados nessa
generalizada é a expectativa apreensiva ou preocupação relação64.
exagerada. Os pacientes referem passar a maior parte do
tempo com preocupação excessiva14. Mecanismos propostos para ligação entre
ansiedade e DAC
Ansiedade, transtorno de pânico e DAC
Algumas hipóteses capazes de justificar o impacto da
A relação entre ansiedade e DAC não é tão estudada e ansiedade sobre o início ou progressão da DAC são
compreendida como na depressão. Entretanto, citadas na literatura (Figura 2). Estudo de 200565 relata
atualmente, já é possível estabelecer uma incidência que a partir de pesquisa telefônica aleatória para a
aumentada de eventos cardiovasculares em indivíduos população não institucionalizada com idade ≥18 anos
portadores desse transtorno16. nos Estados Unidos da América (EUA), os autores
estimaram em 15% a prevalência de sintomas de
Em meta-análise, envolvendo 20 estudos prospectivos ansiedade na população estudada.
com seguimento médio de 11,2 anos, evidenciou-se que
indivíduos com ansiedade generalizada apresentam risco Estudo transversal de 201266 com 453 homens e 400 mulheres
aumentado de DAC e de morte cardiovascular, evidenciou que pacientes com transtornos de ansiedade
independentemente das variáveis demográficas, fatores apresentavam risco aumentado para eventos
de risco biológicos e comportamentos de saúde52. cardiovasculares, em comparação à população saudável.
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75 Nasser et al. 71
Artigo de Revisão Interação Cérebro e Coração

Figura 2
Relação entre ansiedade e DAC: hipóteses que justificam o impacto da ansiedade para progressão da DAC.
DAC – doença arterial coronariana

Atualmente, propõe-se um efeito adicional da ansiedade Tratamento da depressão e da ansiedade na doença


sobre o sistema nervoso autônomo simpático e sobre o cardiovascular
controle hemodinâmico. Assim, há ativação excessiva do No cenário terapêutico, atualmente, a combinação
eixo HPA e do sistema nervoso simpático. A liberação do tratamento medicamentoso com a psicoterapia,
de catecolaminas plasmáticas e o dano endotelial tanto para os casos de depressão quanto para aqueles
corroboram para a evolução da aterosclerose, a ocorrência de transtorno de ansiedade, representa uma
de DAC e de eventos cardiovasculares64. alternativa22,16.

Rozanski et al.67 evidenciaram que o estresse crônico e Do ponto de vista farmacológico, os inibidores seletivos
as desordens afetivas evocam respostas centrais, como da recaptação de serotonina (ISRS) compõem os
hipercortisolemia, aumento das catecolaminas medicamentos de escolha no tratamento da depressão
circulantes e alterações comportamentais, que se e ansiedade. Em meta-análise de pacientes com DAC e
relacionam diretamente a desfechos cardiovasculares. depressão o uso de ISRS reduziu os sintomas depressivos
Os autores demonstraram ainda que os pacientes e demonstrou potencial para melhoria do prognóstico
apresentavam variação reduzida da frequência cardiovascular69. Possíveis mecanismos benéficos dessa
cardíaca, disfunção do barorreflexo e aumento da classe de antidepressivos são: menor ativação
variação do intervalo QT. plaquetária e vasoconstrição coronariana70. Estudo de
caso-controle analisou a correlação do uso de
Estudo de coorte de indivíduos com sintomas de antidepressivos e menor risco de IAM. Ainda,
ansiedade revelou, após 32 anos de seguimento, 402 casos demonstrou que a interrupção do uso de ISRS torna o
de DAC, incluindo IAM fatal e não fatal, angina de peito indivíduo mais vulnerável71.
e morte súbita. Aqueles com dois ou mais sintomas de
ansiedade apresentaram risco elevado de DAC fatal e Outra classe de medicamentos indicada para tratamento
morte súbita, após análise multivariada para ajuste das da depressão e transtornos de ansiedade é constituída
variáveis de confundimento68. pelos antidepressivos tricíclicos (ATC). Seus efeitos
colaterais cardiovasculares são bastante reconhecidos:
Esses fatores podem justificar o aumento da incidência aumento da frequência cardíaca, hipotensão ortostática,
de DAC, bem como de arritmias e morte súbita em retardo da condução cardíaca e incremento da
pacientes com transtornos de ansiedade (Figura 3). variabilidade do intervalo QT72.
72 Nasser et al. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75
Interação Cérebro e Coração Artigo de Revisão

Figura 3
Resposta cardíaca ao estresse agudo: desfechos cardiovasculares relacionados a episódios agudos de ansiedade.
DAC – doença arterial coronariana

Um estudo de 2014, que acompanhou 956 pacientes com médica foi a venlafaxina, que está associada à
doença coronariana conhecida por 7,2 anos, avaliou a cardiotoxicidade grave apenas se administrada em altas
incidência de eventos cardiovasculares naqueles tratados doses76. A falência ventricular esquerda, mesmo em
com ATC ou ISRS, evidenciando que a primeira classe pacientes sem história de DCV prévia, também é relatada
resultava em menor variabilidade cardíaca e níveis na literatura77.
séricos superiores de noradrenalina em comparação à
outra. Ao final do tempo de seguimento, o uso de ATC Benzodiazepínicos são os medicamentos para manejo
foi claramente associado com maior mortalidade em das crises de pânico e ansiedade. Em 2014 um estudo
comparação com o uso de ISRS: 52,3% vs. 38,2%, analisou a relação entre os benzodiazepínicos e a
respectivamente. No mesmo estudo o grupo-controle ocorrência de acidente cardiovascular em pacientes
teve uma mortalidade de 37,3%73. com IAM prévio. Foram incluídos 7 419 pacientes e
evidenciou-se ausência de aumento do risco de eventos
Outro importante grupo de antidepressivos são os cardiovasculares futuros ao utilizar baixas doses de
inibidores da monoaminoxidase (IMAO), que tem como benzodiazepínicos após o episódio isquêmico78.
efeitos cardiovasculares mais preocupantes a hipotensão
ortostática e as crises hipertensivas, estas últimas Além do tratamento medicamentoso, é de suma
associadas inclusive a acidentes cerebrovasculares e importância a prescrição de terapias não medicamentosas
dissecção aguda da aorta74. Em virtude do seu perfil de que melhorem o prognóstico e a qualidade de vida do
efeitos adversos, estes devem ser evitados nos pacientes paciente, além de diminuir os riscos da evolução da DAC
com DAC75. e DCV, como atividade física79, principalmente o exercício
aeróbico e a reabilitação cardíaca.
Mais recentemente foi agregado ao arsenal terapêutico
o grupo de inibidores duplos de recaptação de serotonina Pode-se concluir que a depressão e a ansiedade são
e noradrenalina. O primeiro a ser utilizado na prática condições prevalentes que apresentam importante
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75 Nasser et al. 73
Artigo de Revisão Interação Cérebro e Coração

interconexão com as doenças cardiovasculares. O melhor Fontes de Financiamento


entendimento e reconhecimento precoce destas, bem O presente estudo foi parcialmente financiado pela
como a maior interação entre cardiologistas e psiquiatras Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do
pode ser de grande benefício no cuidado clínico Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e Conselho Nacional
cardiológico. de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Vinculação Acadêmica
Potencial Conflito de Interesses O presente estudo não está vinculado a qualquer
Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes. programa de pós-graduação.

Referências

1. Walker ER, McGee RE, Druss BG. Mortality in mental disorders 11. World Health Organization.[Internet]. The World health report
and global disease burden implications: a systematic review 2001: Mental health: new understanding, new hope. [cited 2015
and meta-analysis. JAMA Psychiatry. 2015;72(4):334-41. Aug 15]. Available from: <http://www.who.int/whr/2001/
Erratum in: JAMA Psychiatry. 2015. en/whr01_en.pdf>
2. Grace SL, Abbey SE, Irvine J, Shnek ZM, Stewart DE. Prospective 12. Kessler R, Chiu WT, Demler O, Merikangas KR, Walters EE.
Prevalence, severity, and comorbidity of 12-month DSM-IV
examination of anxiety persistence and its relationship to
disorders in the National Comorbidity Survey Replication. Arch
cardiac symptoms and recurrent cardiac events. Psychother
Gen Psychiatry. 2005;62(6):617-27. Erratum in: Arch Gen
Psychosom. 2004;73(6):344-52.
Psychiatry. 2005;62(7):709.
3. Huffman JC, Smith FA, Blais MA, Beiser ME, Januzzi JL, 13. Grant BF, Hasin DS, Stinson FS, Dawson DA, Goldstein RB,
Fricchione GL. Recognition and treatment of depression and Smith S, et al. The epidemiology of DSM-IV panic disorder and
anxiety in patients with acute myocardial infarction. Am J agoraphobia in the United States: results from the National
Cardiol. 2006;98(3):319-24. Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions. J
4. Pająk A, Jankowski P, Kotseva K, Heidrich J, de Smedt D, Clin Psychiatry. 2006;67(3):363-74.
De Bacquer D, et al; EUROASPIRE Study Group. Depression, 14. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical
anxiety, and risk factor control in patients after hospitalization manual of mental disorders DSM-V. 5th ed. Washington DC:
for coronary heart disease: the EUROASPIRE III Study. Eur J APA; 2013.
Prev Cardiol. 2013;20(2):331-40. 15. Whooley MA. To screen or not to screen? Depression in
5. Freedland KE, Carney RM. Depression as a risk factor for patients with cardiovascular disease. J Am Coll Cardiol.
2009;54(10):891-3.
adverse outcomes in coronary heart disease. BMC Med.
16. Gale CR, Batty GD, Osborn DP, Tynelius P, Rasmussen F.
2013;11:131.
Mental disorders across the adult life course and future coronary
6. Gilbody S, Sheldon T, House A. Screening and case-finding
heart disease: evidence for general susceptibility. Circulation.
instruments for depression: a meta-analysis. CMAJ. 2014;129(2):186-93. Erratum in: Circulation. 2015;131(20):e501.
2008;178(8):997-1003. 17. Haas DC. Depression and disability in coronary patients: time
7. T ownsend N, Nichols M, Scarborough P, Rayner M. to focus on quality of life as an end point. Heart. 2006;92(1):8-10.
Cardiovascular disease in Europe — epidemiological update 18. Lasserre AM, Marti-Soler H, Strippoli MP, Vaucher J, Glaus J,
2015. Eur Heart J. 2015;36(40):2696-705. Vandeleur CL, et al. Clinical and course characteristics of
8. GBD 2013 Mortality and Causes of Death Collaborators. Global, depression and all-cause mortality: a prospective population-
regional, and national age-sex specific all-cause and cause- based study. J Affect Disord. 2016;189:17-24.
specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic 19. Meijer A, Conradi HJ, Bos EH, Thombs BD, van Melle JP, de
analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet. Jonge P. Prognostic association of depression following
2015;385(9963):117-71. myocardial infarction with mortality and cardiovascular events:
a meta-analysis of 25 years of research. Gen Hosp Psychiatry.
9. Mozaffarian D, Benjamin EJ, Go AS, Arnett DK, Blaha MJ,
2011;33(3):203-16.
Cushman M, et al; American Heart Association Statistics
20. Barefoot JC, Helms MJ, Mark DB, Blumenthal JA, Califf RM,
Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease
Haney TL, et al. Depression and long-term mortality risk in patients
and stroke statistics - 2015 update: a report from the American with coronary artery disease. Am J Cardiol. 1996;78(6): 613-7.
Heart Association. Circulation. 2015;131(4): e29-322. Erratum 21. Rugulies R. Depression as a predictor for coronary heart disease:
in: Circulation. 2015. a review and meta-analysis. Am J Prev Med. 2002;23(1):51-61.
10. Whiteford HA, Degenhardt L, Rehm J, Baxter AJ, Ferrari AJ, 22. Gustad LT, Laugsand LE, Janszky I, Dalen H, Bjerkeset O.
Erskine HE, et al. Global burden of disease attributable to mental Symptoms of anxiety and depression and risk of acute
and substance use disorders: findings from the Global Burden myocardial infarction: the HUNT 2 study. Eur Heart J.
of Disease Study 2010. Lancet. 2013;382(9904):1575-86. 2014;35(21):1394-403.
74 Nasser et al. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75
Interação Cérebro e Coração Artigo de Revisão

23. L ichtman JH, Froelicher ES, Blumenthal JA, Carney RM, 38. Bruce EC, Musselman DL. Depression, alterations in platelet
Doering LV, Frasure-Smith N, et al; American Heart Association function, and ischemic heart disease. Psychosom Med.
Statistics Committee of the Council on Epidemiology and 2005;67(Suppl 1):S34-6.
Prevention and the Council on Cardiovascular and Stroke 39. Ormonde do Carmo MB, Mendes-Ribeiro AC, Matsuura C,
Nursing. Depression as a risk factor for poor prognosis among Pinto VL, Mury WV, Pinto NO, et al. Major depression induces
patients with acute coronary syndrome: systematic review and oxidative stress and platelet hyperaggregability. J Psychiatr
recommendations: a scientific statement from the American Res. 2015;61:19-24.
Heart Association. Circulation. 2014;129(12):1350-69. 40. Markovitz JH, Shuster JL, Chitwood WS, May RS, Tolbert LC.
24. Messerli-Bürgy N, Molloy GJ, Poole L, Wikman A, Kaski JC, Platelet activation in depression and effects of sertraline
Steptoe A. Psychological coping and recurrent major adverse treatment: an open-label study. Am J Psychiatry.
2000;157(6):1006-8.
cardiac events following acute coronary syndrome. Br J
41. Slavich GM, Irwin MR. From stress to inflammation and major
Psychiatry. 2015;207(3):256-61.
depressive disorder: a social signal transduction theory of
25. Lespérance F, Frasure-Smith N, Talajic M, Bourassa MG. Five-
depression. Psychol Bull. 2014;140(3):774-815.
year risk of cardiac mortality in relation to initial severity and
42. Rallidis LS, Varounis C, Sourides V, Charalampopoulos A,
one-year changes in depression symptoms after myocardial
Kotakos C, Liakos G, et al. Mild depression versus C-reactive
infarction. Circulation. 2002;105(9):1049-53.
protein as a predictor of cardiovascular death: a three year
26. Welin C, Lappas G, Wilhelmsen L. Independent importance of
follow-up of patients with stable coronary artery disease. Curr
psychosocial factors for prognosis after myocardial infarction. Med Res Opin. 2011;27(7):1407-13.
J Intern Med. 2000;247(6):629-39. 43. Howren MB, Lamkin DM, Suls J. Associations of depression
27. Carney RM, Freedland KE. Depression, mortality, and medical with C-reactive protein, IL-1, and IL-6: a meta-analysis.
morbidity in patients with coronary heart disease. Biol Psychosom Med. 2009;71(2):171-86.
Psychiatry. 2003;54(3):241-7. 44. W i u m - A n d e r s e n M K , Ø r s t e d D D , N i e l s e n S F ,
28. R eeves RR, Rose ES. Depression and vascular disease: Nordestgaard BG. Elevated C-reactive protein levels,
conceptual issues, relationships and clinical implications. psychological distress, and depression in 73,131 individuals.
Vascular Disease Prevention. 2006;3(3):193-203. JAMA Psychiatry. 2013;70(2):176-84.
29. Tirabassi G, Boscaro M, Arnaldi G. Harmful effects of functional 45. M cCaffery JM, Frasure-Smith N, Dubé MP, Théroux P,
hypercortisolism: a working hypothesis. Endocrine. Rouleau GA, Duan Q, et al. Common genetic vulnerability to
2014;46(3):370-86. depressive symptoms and coronary artery disease: a review
30. Vilela LHM, Juruena MF. Avaliação do funcionamento do eixo and development of candidate genes related to inflammation
HPA em deprimidos por meio de medidas basais: revisão and serotonin. Psychosom Med. 2006;68(2):187-200.
sistemática da literatura e análise das metodologias utilizadas. 46. Whooley MA, de Jonge P, Vittinghoff E, Otte C, Moos R,
J Bras Psiquiatr. 2014;63(3):232-41. Carney RM, et al. Depressive symptoms, health behaviors, and
31. Musselman DL, Evans DL, Nemeroff CB. The relationship of risk of cardiovascular events in patients with coronary heart
depression to cardiovascular disease: epidemiology, biology, disease. JAMA. 2008;300(20):2379-88.
and treatment. Arch Gen Psychiatry. 1998;55(7):580-92. 47. Mello MT, Lemos VA, Antunes HK, Bittencourt L, Santos-Silva R,
32. Ehlert U, Gaab J, Heinrichs M. Psychoneuroendocrinological Tufik S. Relationship between physical activity and depression
contributions to the etiology of depression, posttraumatic and anxiety symptoms: a population study. J Affect Disord.
2013;149(1-3):241-6.
stress disorder and stress-related bodily disorders: the role of
48. Ren Y, Yang H, Browning C, Thomas S, Liu M. Performance of
the hypothalamus-pituitary-adrenal axis. Biol Psychol.
screening tools in detecting major depressive disorder among
2001;57(1-3):141-52.
patients with coronary heart disease: a systematic review. Med
33. Pizzi C, Manzoli L, Mancini S, Costa GM. Analysis of potential
Sci Monit. 2015;21:646-53.
predictors of depression among coronary heart disease risk
49. Lichtman JH, Bigger JT Jr, Blumenthal JA, Frasure-Smith N,
factors including heart rate variability, markers of inflammation,
Kaufmann PG, Lespérance F, et al. AHA science advisory.
and endothelial function. Eur Heart J. 2008;29(9):1110-7.
Depression and coronary heart disease. Recommendations for
34. Sanchez-Gonzalez MA, May RW, Koutnik AP, Kabbaj M, screening, referral, and treatment. A science advisory from the
Fincham FD. Sympathetic vasomotor tone is associated with American Heart Association Prevention Committee to the
depressive symptoms in young females: a potential link Council on Cardiovascular Nursing, Council on Clinical
between depression and cardiovascular disease. Am J Cardiology, Council on Epidemiology and Prevention, and
Hypertens. 2013;26(12):1389-97. Interdisciplinary Council on Quality of Care Outcomes
35. Pizzi C, Costa GM, Santarella L, Flacco ME, Capasso L, Bert F, Research. Endorsed by the American Psychiatric Association.
et al. Depression symptoms and the progression of carotid Prog Cardiovasc Nurs. 2009;24(1):19-26.
intima-media thickness: a 5-year follow-up study. 50. Santos IS, Tavares BF, Munhoz TN, Almeida LS, Silva NT,
Atherosclerosis. 2014;233(2):530-6. Tams BD, et al. [Sensitivity and specificity of the Patient Health
36. Meyer T, Buss U, Herrmann-Lingen C. Role of cardiac disease Questionnaire-9 (PHQ-9) among adults from the general
severity in the predictive value of anxiety for all-cause mortality. population]. Cad Saude Publica. 2013;29(8):1533-43.
Psychosom Med. 2010;72(1):9-15. 51. Tully PJ, Winefield HR, Baker RA, Denollet J, Pedersen SS,
37. Barton DA, Dawood T, Lambert EA, Esler MD, Haikerwal D, Wittert GA, et al. Depression, anxiety and major adverse
Brenchley C, et al. Sympathetic activity in major depressive cardiovascular and cerebrovascular events in patients following
disorder: identifying those at increased cardiac risk? J coronary artery bypass graft surgery: a five year longitudinal
Hypertens. 2007;25(10):2117-24. cohort study. Biopsychosoc Med. 2015;9:14.
Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(1):65-75 Nasser et al. 75
Artigo de Revisão Interação Cérebro e Coração

52. Roest AM, Martens EJ, de Jonge P, Denollet J. Anxiety and risk Understanding the role of depression and anxiety on
of incident coronary heart disease: a meta-analysis. J Am Coll cardiovascular disease risk, using structural equation modeling;
Cardiol. 2010;56(1):38-46. the mediating effect of the Mediterranean diet and physical
53. Janszky I, Ahnve S, Lundberg I, Hemmingsson T. Early-onset activity: the ATTICA Study. Ann Epidemiol. 2012;22(9):630-7.
depression, anxiety, and risk of subsequent coronary heart 67. R ozanski A, Blumenthal JA, Davidson KW, Saab PG,
disease: 37-year follow-up of 49,321 young Swedish men. J Am Kubzansky L. The epidemiology, pathophysiology, and
Coll Cardiol. 2010;56(1):31-7. management of psychosocial risk factors in cardiac practice:
54. Martens EJ, de Jonge P, Na B, Cohen BE, Lett H, Whooley MA. the emerging field of behavioral cardiology. J Am Coll Cardiol.
Scared to death? Generalized anxiety disorder and cardiovascular 2005;45(5):637-51.
events in patients with stable coronary heart disease: The Heart 68. Kawachi I, Sparrow D, Vokonas PS, Weiss ST. Symptoms of
and Soul Study. Arch Gen Psychiatry. 2010;67(7):750-8. anxiety and risk of coronary heart disease. The Normative
55. Roest AM, Zuidersma M, de Jonge P. Myocardial infarction and Aging Study. Circulation.1994;90(5):2225-9.
generalised anxiety disorder: 10-year follow-up. Br J Psychiatry. 69. T eply RM, Packard KA, White ND, Hilleman DE,
2012;200(4):324-9. DiNicolantonio JJ. Treatment of depression in patients with
56. Walters K, Rait G, Petersen I, Williams R, Nazareth I. Panic concomitant cardiac disease. Proq Cardiovasc Dis. 2015.
disorder and risk of new onset coronary heart disease, acute pii:S0033-0620(15)30022-0.
myocardial infarction, and cardiac mortality: cohort study using 70. G lassman AH, O’Connor CM, Califf RM, Swedberg K,
the general practice research database. Eur Heart J. Schwartz P, Bigger JT, et al; Sertraline Antidepressant Heart
2008;29(24):2981-8. Attack Randomized Trial (SADHEART) Group. Sertraline
57. Tully PJ, Wittert GA, Turnbull DA, Beltrame JF, Horowitz JD, treatment of major depression in patients with acute MI or
unstable angina. JAMA. 2002;288(6):701-9. Erratum in: JAMA.
Cosh S, et al. Panic disorder and incident coronary heart disease:
2002;288(14):1720.
a systematic review and meta-analysis protocol. Syst Rev.
71. Nagatomo T, Rashid M, Abul Muntasir H, Komiyama T.
2015;4:33.
Functions of 5-HT2A receptor and its antagonists in the
58. Yeragani VK, Pohl R, Berger R, Balon R, Ramesh C, Glitz D, et al.
cardiovascular system. Pharmacol Ther. 2004;104(1):59-81.
Decreased heart rate variability in panic disorder patients: a
72. Noordam R, Aarts N, Leening MJ, Tiemeier H, Franco OH,
study of power-spectral analysis of heart rate. Psychiatry Res.
Hofman A, et al. Use of antidepressants and the risk of
1993;46(1):89-103.
myocardial infarction in middle-aged and older adults: a matched
59. Yeragani VK, Pohl R, Bär KJ, Chokka P, Tancer M. Exaggerated
case-control study. Eur J Clin Pharmacol. 2016;72(2):211-8.
beat-to-beat R amplitude variability in patients with panic
73. R oose SP, Miyazaki M. Pharmacologic treatment of
disorder after intravenous isoproterenol. Neuropsychobiology.
depression in patients with heart disease. Psychosom Med.
2007;55(3-4):213-8.
2005;67(Suppl 1):S54-7.
60. P ohl R, Yeragani VK. QT interval variability in panic
74. Z immermann-Viehoff F, Kuehl LK, Danker-Hopfe H,
disorder patients after isoproterenol infusions. Int J
Whooley MA, Otte C. Antidepressants, autonomic function and
Neuropsychopharmacol. 2001;4(1):17-20.
mortality in patients with coronary heart disease: data from the
61. Vural M, Satiroglu O, Akbas B, Goksel I, Karabay O. Coronary Heart and Soul Study. Psychol Med. 2014;44(14):2975-84.
artery disease in association with depression or anxiety among 75. Blount TJ, Monga V, Nelson K, Sharma A. Aortic dissection in
patients undergoing angiography to investigate chest pain. Tex the setting of concomitant use of MAOI and trazodone: a case
Heart Inst J. 2009;36(1):17-23. report. J Clin Stud Med Case Rep. 2015;2(3):16.
62. Roy-Byrne PP, Schmidt P, Cannon RO, Diem H, Rubinow DR. 76. Batista M, Fonseca S, Cosyns J-P, Haufroid V, Capron A,
Microvascular angina and panic disorder. Int J Psychiatry Med. Hantson P. P30: Acute heart failure after venlafaxine overdose:
1989;19(4):315-25. post-mortem myocardial examination in two cases. Proceedings
63. Hoge EA, Brandstetter K, Moshier S, Pollack MH, Wong KK, of the Analytical, Clinical and Forensic Toxicology International
Simon NM. Broad spectrum of cytokine abnormalities in panic Meeting; 2014 June 10-14; Bordeaux, France. Toxicologie
disorder and posttraumatic stress disorder. Depress Anxiety. Analytique et Clinique. 2014;26(2 Suppl):S43.
2009;26(5):447-55. 77. H antson P, Batista M, Fonseca S, Ferreira I, Haufroid V,
64. Cohen BE, Edmondson D, Kronish IM. State of the art review: Capron A, et al. Acute heart failure after venlafaxine overdose:
depression, stress, anxiety, and cardiovascular disease. Am J post-mortem myocardial examination in two cases. Toxicologie
Hypertens. 2015;28(11):1295-302. Analytique et Clinique. 2014;26(4):193-6.
65. Strine TW, Chapman DP, Kobau R, Balluz L. Associations of 78. Wu CK, Huang YT, Lee JK, Jimmy Juang JM, Tsai CT, Lai LP,
self-reported anxiety symptoms with health-related quality of et al. Anti-anxiety drugs use and cardiovascular outcomes in
life and health behaviors. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. patients with myocardial infarction: a national wide assessment.
2005;40(6):432-8. Erratum in: Soc Psychiatry Psychiatr Atherosclerosis. 2014;235(2):496-502.
Epidemiol. 2005;40(8):680. 79. Krogh J, Speyer H, Gluud C, Nordentoft M. Exercise for patients
66. A n t o n o g e o r g o s G , P a n a g i o t a k o s D B , P i t s a v o s C , with major depression: a protocol for a systematic review with
Papageorgiou C, Chrysohoou C, Papadimitriou GN, et al. meta-analysis and trial sequential analysis. Syst Rev. 2015;4:40.

Вам также может понравиться