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A noção de pessoa para Stuart Hall é algo variante, que sofreu modificações ao

longo da história, até adquirir sua acepção pós-moderna: o sujeito fragmentado. No


capítulo três de sua obra, Hall se direciona para a questão das identidades culturais, mais
especificamente, as identidades nacionais e os efeitos da pós-modernidade e a
globalização sobre elas. Tendo isto em vista, o autor procura localizar o sujeito
descentrado/fragmentado nas identidades nacionais.

Na modernidade, uma importante referência de identidade cultural é o local de


origem do sujeito, o país em que ele nasceu. Dessa forma, frequentemente nos
definimos, de forma metafórica – pois a identidade nacional não é algo genético –, por
nossa identidade nacional. Para o filósofo Roger Scruton, é essencial que o individuo se
reconheça (identifique) primeiramente em algo mais amplo, como uma determinada
classe ou nação, para que posteriormente possa existir autonomamente. Entendo que, no
ato da identificação a uma coletividade, construímos nossa identidade individual. Já
Ernest Gallner, com uma acepção mais liberal, afirma que sem as identidades nacionais,
o sujeito moderno teria uma espécie de vazio em si, uma “perda subjetiva”, como se a
identidade nacional já parecesse algo intrínseco ao sujeito moderno.

Mas nosso autor trata o fenômeno das identidades nacionais como sendo algo
dinâmico, se construindo e se modificando no seio das representações. Para Hall, a
nação é algo que produz sentidos, é um sistema de representação cultural, uma
comunidade simbólica. Assim, a nação possui uma ideia, essa ideia de nação da qual as
pessoas participam é representada (ideias são representadas, simbologias,
exteriorização, manifestação de algo) em sua cultura nacional, no interior de nossa
cultura.

Hall afirma que as identidades nacionais são produto da modernidade, pois, na


era pré-moderna a identidade e a lealdade (características da identidade nacional) eram
atribuídas a um grupo ou região. Na modernidade, essa identificação e lealdade
transferem-se para o âmbito nacional. Dessa forma, as particularidades de uma tribo ou
região foram sendo colocadas de forma subordinada a algo “maior”. Gellner chama isso
de “teto político” do estado nação e esse teto se tornou uma fonte de significados para as
identidades culturais. Em primeiro plano estava a identidade nacional, e
secundariamente estavam as particularidades de cada povo ou região. Algumas das
consequências deste fato foram a padronização e generalização de alguns âmbitos, como
a língua e sistema de ensino. Assim, a heterogeneidade dá lugar a homogeneidade.

Neste capítulo, Hall discorre sobre a homogeneidade e unidade das identidades


nacionais, visando esclarecer se estas afirmativas têm ou não procedência.

Hall nos explica que as culturas nacionais atuam como fontes de significados,
pontos referenciais na identificação e, a partir disto se torna um aparato discursivo que
além de influenciar, orienta nossos atos e percepções acerca de nós mesmos. Isto
acontece porque, ao produzirem significados sobre a nação, as culturas nacionais
constroem identidades, pois estes significados são passíveis de identificação e podem
definir a identidade de um povo. Esses sentidos e significados são imagens criadas e
reproduzidas através de narrativas no interior de cada nação.

Hall se questiona, em seguida, como as nações modernas são imaginadas, quais


são as estratégias usadas para que tenhamos de forma comum um sentimento de
pertencimento a uma identidade nacional e de que forma elas são reproduzidas e, para
isto elenca cinco elementos explicativos que, funcionam como estratégias discursivas
que fazem com que a identidade nacional seja a principal referência de identificação.

A primeira estratégia é aquela pela qual as experiências e tudo aquilo que


simbolize a história da nação (com suas perdas e ganhos) são contadas, fornecendo uma
série de significados que dão sentido à nação, à existência de seus integrantes e trazem
um sentimento de pertencimento dos sujeitos a um todo.

Outra forma de reproduzir a identidade nacional é através das ênfases nas


origens, na continuidade, tradição e intemporalidade. Aqui, os elementos do caráter
nacional permanecem fundamentais, como algo unificado, contínuo e imutável, como se
a nação e todos os significados que ela carrega consigo fossem os mesmos desde sua
origem até os dias atuais.

A terceira estratégia consiste no que Hobsbawn chamou de invenção da


tradição, que também expressa continuidade com o passado, pois através de praticas
repetidas, impõe certas normas e costumes.

Já a quarta estratégia é quando a origem de determinada nação está fundada


nos mitos, uma história que localiza a origem da nação, do povo e de seu caráter
nacional num tempo tão longínquo que suas estórias se perderam no tempo. A quinta,
por sua vez, é a identidade nacional fundada na ideia de um povo puro.

Dessa maneira, essas retóricas da cultura nacional retornam ao passado


buscando algo para construir o presente e futuro, adquirindo um caráter de continuidade.
Mas o que pode estar contido nessa continuidade com o passado é o desejo de
“purificar-se”, expulsar os outros que poderiam trazer qualquer risco à sua identidade.
Assim, a nacionalidade pode ser sustentada por retóricas.

Em um próximo momento, o autor busca responder à questão que se refere á


unidade das identidades nacionais. Para tratar deste assunto, o autor elenca três
princípios de unidade, de acordo com a percepção de Ernest Renan: memórias do
passado compartilhadas com o todo, a vontade de viver em conjunto e a perpetuação da
herança.

De acordo com Hall, as identidades nacionais abarcam tanto a condição do


indivíduo como integrante do Estado-nação, quanto sua identificação com a cultura
nacional. Devido a isso, mesmo com a existência de classes diferentes, gênero ou raça,
busca-se uma unificação em torno de uma identidade cultural (nacional). Resta saber se
esta identidade é de fato unificadora, passando por cima das diferenças culturais.

A cultura nacional, além de produzir significados e ser referência de


identificações, é uma estrutura de poder cultural. Este poder cultural é exercido de
diversas formas, como na eliminação coerciva das diferenças presentes em determinada
localidade; quando as divisões sociais, de gênero e de etnia ficaram em segundo plano
em relação à identidade cultural ou ainda quando as culturas dos povos colonizados
também sofreram com as imposições culturais e as desconsiderações locais e,
consequentemente, deixaram ainda mais delineadas e definidas as identidades das
nações colonizadoras a partir da alteridade. Evidenciam-se tentativas de unificar as
identidades culturais através de argumentos.

Hall alerta que, todas as nações modernas são híbridos culturais e que, são
unificadas através da ação do poder cultural. A identidade cultural unificada é apenas
um aparato discursivo e ilusório, que subordinam as diferenças representadas
ilusoriamente em uma unidade nacional.

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