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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 22ª VARA FEDERAL DE PORTO ALEGRE/RS

PROCESSO Nº 5070080-67.2015.4.04.7100

PAULO RICARDO ROZANO ROCHA, já qualificado nos autos da


ação penal em epígrafe, vem respeitosamente perante V. Exa., através da
Defensoria Pública da União, apresentar as RAZÕES do RECURSO DE
APELAÇÃO interposto no evento 157.

Assim, requer sejam as presentes razões recebidas e processadas,


com remessa dos autos ao Egrégio TRF da 4ª Região para apreciação e julgamento.

Nestes termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 16 de março de 2017.

Renato Braga Vinhas


Defensor Público Federal
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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

PROCESSO Nº 5070080-67.2015.4.04.7100

RAZÕES DE APELAÇÃO

Colenda Turma,
Eminente Relator,

I. SÍNTESE DOS FATOS.

O Ministério Público denunciou PAULO RICARDO ROZANO


ROCHA, como incurso nas sanções dos artigos 296, inciso II, e §1º, inc. I, por três
vezes, na forma dos arts. 69 e 70, todos do Código Penal, pelos fatos a seguir
narrados.

“1. No dia 02 de julho de 2012, na Avenida Maringá, n. 1931, em


Alvorada, através do serviço eletrônico “Receitanet” da Receita
Federal do Brasil, o denunciado PAULO RICARDO ROZANO ROCHA
falsificou e fez uso de dois selos públicos contrafeitos, quais sejam: (a)
reconhecimento de firma de José Jacinto Peixoto Madeira pelo
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Tabelionato de Viamão Rua Comendador Manoel Pereira, 24 - Centro


- Porto Alegre/RS CEP 90030-010 – Fone (51) 32166900 Fax (51)
32166950 E-mail: dpu.adm.rs@dpu.gov.br – www.dpu.gov.br Página |
2 em Documento Básico de Entrada de Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (DBE- CNPJ); e (b) certidão de registro na Junta Comercial do
Rio Grande do Sul (JUCERGS) em Alteração Social da pessoa jurídica
Turis Sul Turismo e Câmbio Ltda., CNPJ n. 87.526.711/0001-82. Os
dois documentos falsificados foram encaminhados à Delegacia da
Receita Federal para conferência e alteração de endereço da empresa
(evento 1, not_crime2, fls. 07/08, do inquérito policial n.º 5023690-
10.2013.4.04.7100). (...)

“2. No dia 11 de outubro de 2012, na Avenida Maringá, 1931,


Alvorada, através do serviço eletrônico “Receitanet” da Receita
Federal do Brasil, o denunciado PAULO RICARDO ROZANO ROCHA
falsificou e fez uso de selo público falsificado, consistente em
reconhecimento de firma de Marlei Arrugueti da Silva pelo Tabelionato
de Notas de Alvorada/RS em Documento Básico de Entrada do CNPJ,
encaminhado à Delegacia da Receita Federal para conferência e
inscrição da empresa Arrugueti e Silva Pestadora de Serviços de Mão
de Obra Ltda. no CNPJ (evento 1, not_crime2, fl. 09 do inquérito
policial n.º 5029308- 33.2013.4.04.7100).

A denúncia foi recebida em 17.11.2015 (evento 03).

Encerrada a instrução probatória e apresentados memoriais pelas


partes, sobreveio sentença procedente no evento 147, que condenou PAULO às penas
de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, pela prática do crime de falsificar
selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal
público de tabelião (art. 296, II, CP c/c com art. 71 CP).
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A pena privativa de liberdade foi substituída por duas penas


restritivas de direito, quais sejam, prestação de serviços à comunidade e
prestação pecuniária. A pena de multa restou fixada em 10 (dez) dias-multa à razão
de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo nacional vigente à época do fato (outubro de
2012).

Diante do exposto, o réu, inconformado, vem apelar a essa Egrégia


Corte, almejando a reforma da sentença e sua consequente absolvição.

II. RAZÕES DE REFORMA.

Na sentença recorrida, o ilustre magistrado prolator rechaçou os


argumentos expendidos pela defesa nas alegações finais escritas, referentes à
ausência de provas, com fulcro nos artigos 386, incisos V e VII, do Código de
Processo Penal.

Diante disso, visando garantir ao apelante o direito ao duplo grau de


jurisdição, assegurado na Constituição Federal e na Convenção Americana de
Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), submetemos à apreciação
desse Egrégio Tribunal os mesmos argumentos deduzidos nas alegações finais do
evento 143, os quais, a fim de evitar tautologia, abaixo reproduzimos:

DA AUSÊNCIA DE PROVAS

A prova colhida nos autos não demonstrou que foi o réu, ora
apelante, que concorreu para a ocorrência dos fatos narradas na denúncia, como se
passará a demonstrar.
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Quanto ao fato um, o Ministério Público refere que:

a autoria resta comprovada: (a) pela Consulta às Bases do Sistema


ReceitanetLog, que atesta que o lançamento de dados no Receitanet se
deu a partir do IP 177.18.144.114; (b) pelo Ofício 9712/15, encaminhado
pela GVT, o qual atesta a existência de uma instalação ativa na Av.
Maringá, 1931, que está associada o IP mencionado no item anterior, em
nome de PAULO RICARDO ROZANO ROCHA JUNIOR (filho do réu), no
período compreendido entre 03/10/2011 e 12/04/2013 (evento 39, OFIC3,
do IPL); (c) pelas declarações de PAULO RICARDO ROZANO ROCHA,
prestadas em juízo, nas quais confirma que possuiu um escritório de
contabilidade na Av. Maringá, 1331 (evento 136, VIDEO6).

Ocorre, entretanto, que restou demonstrado nos autos que no


endereço Rua Maringá, 1931, Alvorada, RS, funcionava não só o escritório de
contabilidade do réu como também outros estabelecimentos comerciais.

A testemunha Terezinha Ortenila Antunes (evento60 – vídeo06)


refere que havia outras salas comerciais ao lado, sendo uma região comercial com
muitas salas comerciais.

O ofício da GVT (evento 39, OFIC3, do IPL) refere que duas linhas
telefônicas estavam associadas ao mesmo endereço nos períodos dos fatos PAULO
RICARDO ROZANO ROCHA JUNIOR e ALEXSANDRO SOUZA DA SILVEIRA,
sendo que este último afirmou que perdeu os documentos em data passada. Logo,
não se pode afirmar com certeza absoluta de que o IP do qual foi emitido o DBE
tenha sido emitido de linha telefônica em nome do filho do réu como quer crer o
Ministério Público Federal.

Cumpre observar que o Ministério Público infere que as falsificações


dos documentos (assinatura de José Jacinto Peixoto Madeira posta em DBE –
evento 01, notcrime02, página 06, processo de n. 50236901020134047100 - e
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alteração de contrato social da empresa Turis Sul Turismo e Cambio Ltda, datada de
21 de maio de 2012 – evento 01, notcrime02, página 08, processo de n.
50236901020134047100) tenham sido realizadas pelo réu porquanto o referido DBE
teria, em tese, sido enviado de IP instalado em endereço no qual funcionava o seu
escritório de contabilidade. Ocorre que não há nos autos qualquer prova da autoria
de tais falsificações.

O fato de, em tese, ter sido o réu, ora apelante, responsável pela
confecção do DBE não leva a crer que ele tenha apresentado tais documentos
juntos à Receita Federal do Brasil ou realizado tais falsificações.

A notícia crime posta que consta no evento 01, notcrime02, do processo


de n. 50236901020134047100, não traz a informação da pessoa responsável pela
entrega do envelope com os documentos falsos mencionados na denúncia.

Diz a representação fiscal para fins penais, no item II, subitem 1.1,
descrição dos fatos:

O documento básico de entrada do CNPJ, código de acesso


42.74.44.54.22 – 87.526.711.000.182, acompanhado do contrato social da
empresa TURIS SUL E CAMBIO LTDA, foi entregue em envelope fechado
na Delegacia da Receita Federal em Porto Alegre para posterior
conferência e alteração do cadastrado CNPJ. Na análise houve dúvida
quanto a autenticidade do reconhecimento de firma de Thome Jacinto
Peixoto Madeira constante do Documento Básico de Entrada do CNPJ.

E o autor da representação fiscal referida, ouvido como testemunha na


presente ação penal, André Lohman Cauzzi, evento 60 – vídeo 02, afirma que o
registro de IP é mero indicativo da pessoa que, em tese, tenha feito uso dos
documentos falsos.
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No que tange ao responsável pelas informações, a testemunha assim


referiu:

esse sistema, ele nos permite identificar o IP, acredito que tenha junto,
a gente sempre manda uma tela do Receitanet log, que na verdade é
um registro, onde a aparece o IP e o endereço da máquina, do
computador em que foi feita aquela transcrição. A gente então infere
que o computador saiu daquele computador e que o preenchimento
tenha sido feito por aquela pessoa ali. É feita a representação, porque,
na verdade, a gente não tem como apontar o dedo para alguém e
dizer quem foi a pessoa exatamente que fez. A gente usa esse registro
como um apontador para que quem for verificar, que na verdade não
cabe a nós, que saiba de onde saiu aquilo

O mesmo raciocínio exposto acima, pode ser aplicado ao fato dois da


denúncia.

O Ministério Público Federal refere que a autoria está devidamente


comprovada nos autos,

(a) pela Consulta às Bases do Sistema ReceitanetLog, que atesta que


o lançamento de dados no Receitanet se deu a partir do IP
177.18.72.140; (b) pelo Ofício nº 89/2014 que informa que o IP
177.18.72.140 está vinculado à linha telefônica (51) 3082-1670,
registrada em nome de PAULO RICARDO ROZANO ROCHA JUNIOR
(filho do réu) e instalada na Av. Maringá, 1931; (c) pelas declarações
de PAULO RICARDO ROZANO ROCHA, prestadas em juízo, nas
quais confirma que possuiu um escritório de contabilidade na Av.
Maringá, 1931 (evento 136, VIDEO6).
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Do mesmo modo o inquérito policial (processo de n.


50293083320134047100) não refere em momento algum que o réu tenha sido
responsável pela entrega dos documentos junto à Receita Federal.

A notícia crime anexada ao evento 01, notcrime 02, aponta na descrição dos
fatos que envelope fechado foi entregue na Delegacia da Receita Federal em Porto
Alegre:

O documento básico de entrada do CNPJ, código de acesso


15.17.83.35.66 – 00.052.836.630.000, acompanhado do contrato
social registrado na Junta Comercial do RS, da empresa ARRUGUETI
E SILVA PRESTADORA DE MÃO DE OBRA LTDA, foi entregue em

envelope fechado na Delegacia da Receita Federal em Porto Alegre


para posterior conferência e inscrição da empresa em cadastro CNPJ.
(...)

Ademais, no segundo fato da denúncia, o réu, ora apelante, admite ter


realizado a DBE, mas nega ter entregue o documento na Receita Federal ou ter
conhecimento da falsidade do selo da assinatura de Marlei.

A versão trazida pelo réu, ao contrário do que posto pelo Ministério Público,
é crível, porquanto o contador não é responsável pela autenticidade das assinaturas
postas nos contratos sociais, mas sim as partes.

A testemunha de acusação Marlei tanto em sede policial (evento 05,


depoimtestemunha05, processo de n. 50293083320134047100) como em juízo
(evento136 – vídeo02) isenta o réu de culpa e aponta que o responsável pela
falsificação do selo de autenticidade de assinatura é o ex-marido, Eri Vilson.
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Logo, tendo em vista que não resta demonstrado que o réu tenha realizado a
falsificação dos documentos, tenha consciência da falsidade dos documentos em
tela ou tenha sido ele o responsável pela entrega dos documentos junto à Receita
Federal, a absolvição é medida que se impõe.

Nesse sentido a jurisprudência:

PENAL. FALSIDADE DOCUMENTAL. AUTORIA NÃO ELUCIDADA. USO


DE DOCUMENTO FALSO. DOLO. CONSCIÊNCIA DA FALSIDADE.
AUSÊNCIA DE PROVAS. ABSOLVIÇÃO.
- O crime de falsidade documental exige, para sua imputação, elucidação
quanto à autoria.

- O crime de uso de documento falso exige a comprovação do dolo por


parte do agente, sendo imputado somente àquele que, consciente da
falsidade, usou o documento adulterado como se verdadeiro fosse.
- Apelação improvida. (PROCESSO: 200405000100853, ACR3705/CE,
DESEMBARGADOR FEDERAL CESAR CARVALHO (CONVOCADO),
Primeira Turma, JULGAMENTO: 26/01/2006, PUBLICAÇÃO: DJ
15/02/2006- Página 845)

Desse modo, verifica-se que ausentes provas suficientes para condenação


do réu.

Logo, para que se tenha um juízo condenatório, deve haver o magistrado


ter certeza, o que não ocorre no caso dos autos, devendo a dúvida beneficiar o réu.
Em outras palavras, cabe ao autor da ação penal provar tudo aquilo a que
indiretamente se comprometera ao oferecer a denúncia. Se o Ministério Público não
conseguiu provar tais fatos, o princípio in dubio pro reo deve ser aplicado em sua
integralidade, uma vez que o in dubio pro societate já foi levado em consideração
quando da peça exordial.
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Portanto, em o Ministério Público não conseguindo êxito para provar o


que foi alegado na denúncia, permanecendo a dúvida, os fatos devem ser
interpretados favoravelmente ao réu.

A jurisprudência, diante da insuficiência das provas, dispõe o seguinte:

“Aplicação do princípio do in dubio pro reo. Autoria pelo apelante


sinalizada como mera possibilidade. Tal não é o bastante para a
condenação criminal, exigente de certeza plena. Como afirmou
Carrara ‘a prova, para condenar, deve ser certa como a lógica e exata
como a matemática.” (TJRS, RJTJERGS 177/136)

Ademais, como se infere da lição do ilustre doutrinador Afrânio da Silva


Jardim:

“O princípio do in dubio pro reu não admite aplicação parcial,


sob pena de se desfigurar. Ou o benefício da dúvida favorece,
sempre e em todos os casos o réu, ou não se adota o
princípio”.

No que tange ao princípio da verdade real, merece ser salientado


apontamento realizado pelo ilustre doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho
em sua obra “Processo Penal 1”, 20ª edição:

“A função punitiva do Estado, preleciona Fenech, só pode


fazer-se valer em face daquele que, realmente, tenha cometido
uma infração; portanto o Processo Penal deve atender à
averiguação e descobrimento da verdade real, da verdade
material, como fundamento da sentença”.
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Nada melhor para complementar tal entendimento do que continuar a


transcrição da lição do prof. Fernando da Costa Tourinho Filho, in Processo Penal,
vol. 1, Saraiva, pág. 74, in verbis:

“Como bem diz Bettiol, numa determinada ética, o princípio do


favor rei é o princípio base de toda a legislação processual
penal de um Estado, inspirado na sua vida política e no seu
ordenamento jurídico por um critério superior de liberdade. (...)
No conflito entre o jus puniendi do Estado, por um lado, e o jus
libertatis do acusado, por outro lado, a balança deve inclinar-se
a favor deste último se se quiser assistir ao triunfo da liberdade.
E mais adiante acrescenta o mestre: o favor rei deve constituir
um princípio inspirador da interpretação. Isto significa que, nos
casos em que não for possível uma interpretação unívoca, mas
se conclua pela possibilidade de duas interpretações
antagônicas de uma norma legal (antinomia interpretativa), a
obrigação é escolher a interpretação mais favorável ao réu. No
processo penal, várias são as disposições que consagram o
princípio do favor innocentiae, favor libertatis ou favor rei.
Assim, a regra do art. 386, VI, impondo a absolvição por
insuficiência de prova; a proibição da reformatio in pejus (art.
617); os recursos privativos da Defesa (...).”

De acordo com a primeira parte do art. 156 do CPP, a prova da acusação


incumbirá a quem a fizer.

O Órgão Ministerial, ao oferecer denúncia, atendendo à exposição do fato


criminoso, com todas as suas circunstâncias, à qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, à classificação do crime e etc.,
conforme o art. 41 do mesmo diploma legal, deve, no decorrer da instrução criminal,
carrear todas as provas dessas alegações, sendo, portanto, seu ônus processual.
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No entendimento do Professor Afrânio da Silva Jardim (in, Direito


Processual Penal, 7ª edição, editora Forense, pág. 218):

“E o réu, nada teria que alegar e provar no processo penal? A


resposta é que, na realidade, não tem a defesa tais ônus para
lograr a absolvição autorizada pelo inciso VI do art. 386 do
Código de Processo Penal. O Réu apenas nega os fatos
alegados pela acusação. Ou melhor, apenas tem a faculdade
de negá-los, pois a não impugnação destes ou mesmo a
confissão não leva a presumi-los como verdadeiros,
continuando eles como objeto de prova de acusação. Em
poucas palavras: a dúvida sobre os chamados “fatos da
acusação” leva à improcedência da pretensão punitiva,
independentemente do comportamento processual do réu.”
[grifo nosso]

Quanto ao tema, assim dispõe o ilustre mestre Julio Fabbrini Mirabete, em


sua obra ‘Código de Processo Penal Interpretado’, 5ª Edição, Ed. Atlas, pág. 242:

“Ônus da prova (onus probandi) é a faculdade que tem a parte de


demonstrar no processo a real ocorrência de um fato que alegou em seu
interesse. Dispõe a lei que a prova da alegação incumbe a quem a fizer,
princípio que decorre inclusive da paridade de tratamento das partes. No
processo penal condenatório, oferecida a denúncia ou queixa cabe ao
acusador a prova do fato típico (incluindo dolo e culpa) e da autoria, (...).
Não está pois o réu obrigado a produzir prova contra si.” [grifamos]

Cumpre ainda ressaltar que, em se tratando de matéria criminal, apenas a


certeza quanto à acusação pode gerar decisão contrária a qualquer cidadão. Uma
condenação deve estar baseada substancialmente na autoria do delito. Certeza é a
ausência de dúvidas, devendo ser plena e absoluta.
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Em conclusão, em tendo o Ministério Público, no curso da ação penal a


autoria do réu quanto ao conhecimento da falsificação do documento (elementar do
tipo) e permanecendo a dúvida quanto à mesma deve-se aplicar o princípio do in
dubio pro reo para proceder-se a absolvição do acusado.

V. PEDIDOS.

Ante o exposto, PAULO RICARDO ROZANO ROCHA requer, por


intermédio da Defensoria Pública da União, o provimento do presente recurso de
apelação, para os fins de ser absolvido pela ausência de provas, com fulcro nos
artigos 386, incisos V e VII, do Código de Processo Penal.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Porto Alegre, 16 de março de 2017.

Renato Braga Vinhas


Defensor Público Federal

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