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Direito da
Cultura e
Liberalização
de conteúdos
musicais na
Internet
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Trabalho elaborado por:
“Um autor não tem direitos. Eu não tenho nenhum, apenas deveres.”
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Índice
Introdução – página 4
Bibliografia – página 18
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Introdução:
A Internet que começou por ser usada como tecnologia bélica é hoje um
elemento banal no dia-a-dia de qualquer cidadão, seja através da utilização do vulgo e-
mail, da pesquisa on-line, das compras ou da utilização de conteúdos musicais,
cinematográficos, literários, entre outras coisas. No que toca à utilização de conteúdos
musicais que é, de resto, o que interessa ao nosso trabalho, podemos distinguir uma
panóplia de tipos: a pesquisa gratuita de conteúdos musicais (através de redes como o
MySpace ou YouTube), o download gratuito desses mesmos conteúdos (através de sites
das bandas, editoras ou de comunidades on-line) e o download ilegal destes.
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será feita uma análise da dicotomia bandas/editoras apresentando os representantes
contra e a favor.
Quanto à utilização ilícita, que não é o ponto principal deste trabalho, terá uma
análise quanto ao regime jurídico e actual realidade, isto é, quanto aos vários níveis de
reprovabilidade do acesso não autorizado a conteúdos musicais e quanto aos vários
tipos de possíveis indivíduos a punir.
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O direito à cultura e as várias concepções
E, por fim, a concepção mais ampla, que identifica a cultura como uma realidade
complexa que conjuga vários elementos, nomeadamente sociológicos e filosóficos.
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A perspectiva das bandas
Bandas a favor
Com vista a uma melhor compreensão desta nova realidade, que é a liberalização
de conteúdos musicais na Internet, vamos focar-nos numa banda, os Arctic Monkeys, e
vamos dissecar o seu “caminho” no mundo da música de modo a compreender a
influência que esta forma de promoção tem.
Como tal, e por tudo o que em cima foi dito, fácil é compreender que muito
antes da edição do CD de estreia, já os Arctic Monkeys esgotavam salas em Londres.
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FERNANDES, Pedro Relógio, Arctic Monkeys e MySpace Proibida a Entrada a Editoras (consultado
em Outubro de 2010 em http://www.inversus.pt/v7/musica.pdf).
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FERNANDES, Pedro Relógio, Arctic Monkeys e MySpace Proibida a Entrada a Editoras (consultado
em Outubro de 2010 em http://www.inversus.pt/v7/musica.pdf).
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Records, uma editora independente, que se encontrava mais de acordo com os ideais da
banda.
Comunidades musicais
Cada vez mais o consumidor tende a procurar bandas que escrevem as suas
próprias músicas e que sejam originais, e não apenas aquelas que pretendem a fama. E é
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FERNANDES, Pedro Relógio, Arctic Monkeys e MySpace Proibida a Entrada a Editoras (consultado
em Outubro de 2010 em http://www.inversus.pt/v7/musica.pdf).
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O MySpace apresenta uma das taxas de crescimento mais elevadas da Internet.
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FERNANDES, Pedro Relógio, Arctic Monkeys e MySpace Proibida a Entrada a Editoras (consultado
em Outubro de 2010 em http://www.inversus.pt/v7/musica.pdf).
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precisamente neste sentido que o MySpace assume uma importância crucial. Tem se
registado uma fidelização cada vez mais intensa e “sentida”. Troca-se a distância pelo
real. Pela essência sincera da relação entre ouvinte e criador de música. A relação
funciona como uma espécie de “pacto de lealdade”. Baseado no descomprometimento
com que tudo começa. Livre de compromissos forçados pela habitual insistência dos
media e desprendida de encargos. É a nova forma de promover música: sem filtros.
Directamente da garagem para o consumidor6.
Bandas contra
Por parte das bandas, não existe de facto uma posição marcada contra esta
realidade, na medida em que a decisão de optar por esta forma de divulgação de
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FERNANDES, Pedro Relógio, Arctic Monkeys e MySpace Proibida a Entrada a Editoras (consultado
em Outubro de 2010 em http://www.inversus.pt/v7/musica.pdf).
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TRINDADE, Gonçalo, Indie: O Mito (consultado em Outubro de 2010 em
http://www.ruadebaixo.com/indie-o-mit.html).
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conteúdos musicais é pessoal, isto é, esta realidade não retira o ónus das bandas
decidirem como querem fazer o seu percurso e a divulgação da sua música.
Parte jurídica
As leis vigoram durante períodos mais ou menos longos. Durante esse tempo, a
sociedade regulada pelo ordenamento jurídico a que a lei pertence sofre
necessariamente evoluções e modificações mais ou menos profundas. As leis terão de
se adaptar a estas, sob pena de se tornarem rapidamente letra morta ou de
preconizarem soluções claramente inadequadas ao devir social e às necessidades e
interesses que pretendem regular10.
Com base no supra referido, quanto a nós impõem-se fazer uma interpretação
actualista do mencionado artigo do Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos11,
uma vez que o DL que introduziu as alterações que levaram à presente redacção do art.
9º data de 198512, e como tal, parece-nos que nesta altura, o legislador quando fez o
artigo não estava a pensar na questão da divulgação de conteúdos musicais na Internet,
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Art. 42º da CRP: «É livre a criação intelectual, artística e científica. § 2.º Esta liberdade compreende o
direito à invenção, produção e divulgação da obra científica, literária ou artística, incluindo a protecção
legal dos direitos de autor.»
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Art. 9º do Código do Direito de Autor e Direitos Conexos: «O direito de autor abrange direitos de
carácter patrimonial e direitos de natureza pessoal, denominados direitos morais. § 2.º No exercício dos
direitos de carácter patrimonial o autor tem, o direito exclusivo de dispor da sua obra e de fruí-la e utilizá-
la, ou autorizar a sua fruição ou utilização por terceiro, total ou parcialmente.»
10
PEDRO EIRÓ, Noções Elementares de Direito, Editorial Verbo, Lisboa, 2008, p.164.
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Como, aliás, o legislador ordinário, muito provavelmente, também deve ter feito.
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O Código do Direito de Autor e Direitos Conexos sofreu nove alterações, sendo que a que introduziu o
art. 9º com a presente redacção foi a terceira.
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até porque, as novas formas de acesso à música não se encontravam tão difundidas, e
não se impunham na sociedade de uma forma tão sedimentada como hoje em dia.
Tal como prevê o art. 42º n.º2 da CRP, existe uma liberdade constitucionalmente
protegida, de divulgação de obras artísticas. Estabelecendo a Constituição comandos
gerais, e servindo a lei ordinária para concretizar esses mesmos comandos, o Código
dos Direitos de Autor e Direitos Conexos especifica no seu art. 9º este mesmo
imperativo constitucional.
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Se a liberalização de conteúdos musicais na Internet não fosse permitida,
estaríamos de certa maneira a limitar o princípio da liberdade de expressão, uma vez
que nem todas as bandas têm a oportunidade de ter uma editora, quer por as mesma não
apostarem nelas, quer por não ser possível, tendo em conta o grande crescimento que se
tem registado nesta área, do mercado as absorver.
Como tal, e pelo que dissemos, parece-nos que, e tendo em conta que as letras
das músicas são muito mais do que meras palavras, e que são sim verdadeiras fontes de
ideias, a sua limitação seria um verdadeiro atentado à liberdade de expressão.
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A perspectiva das editoras
A favor:
Nos dias de hoje, onde o download ilegal é uma realidade cada vez mais em
crescendo, as editoras acreditam que disponibilizar conteúdos on-line de forma gratuita
é a forma mais eficaz de combater este “hábito”.
Contra:
As grandes editoras são contra a disponibilização gratuita das músicas dos seus
agenciados na Internet, no entanto, utilizam este meio para promover (por exemplo
através de vídeos em sites como o youtube) e descobrir novos talentos.
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Indie – Estilo musical ou tipo de editora?
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IGAC, SPA e ilícitude associada ao desrespeito pelos direitos de autor.
A Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC) tem vindo, desde 2003 a
combater a pirataria, principalmente no formato físico. Só nos primeiros seis meses de
2009 o IGAC apreendeu mais de 138 mil ficheiros ilegais.
Esta entidade já tentou fechar dezenas de sites que propiciam o download ilegal,
no entanto, muitos destes sites não desaparecem do ciberespaço.
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como a ex-ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas referiu13 “o download ilegal de
produtos culturais não pode ser penalizado em Portugal uma vez que não está
identificado como matéria criminal”, sendo, neste momento, penalizável a
disponibilização de conteúdos para esse download.
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http://www.ionline.pt/conteudo/35152-download-ilegal-conteudos-nao-pode-ser-penalizado-diz-
ministra-
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Em jeito de conclusão…
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Bibliografia
SILVA, Vasco Pereira da; A cultura a que tenho direito – Direitos fundamentais e
cultura; Edições Almedina; Coimbra; 2007.
Webografia:
http://www.igac.pt/
http://www.spautores.pt/
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/geral/internet-download-pirataria-agencia-
financeira/1220185-5238.html, consultado em Outubro de 2010.
http://www.inverbis.net/actualidade/gabinete-combater-downloads-ilegais.html,
consultado em Dezembro de 2010.
http://www.ionline.pt/conteudo/35152-download-ilegal-conteudos-nao-pode-ser-
penalizado-diz-ministra-, consultado em Outubro de 2010.
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