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COMENTÁRIOS AO CÓDIGO 

CIVIL 
CRISTIANO ZANETTI 

PÁGINA 747 

Seção VII Dos Contratos Aleatórios 

Art.  458.  Se  o  contrato  for  aleatório,  por  dizer  respeito  a  coisas  ou  fatos  futuros, 
cujo  risco  de  não  virem  a  existir  um  dos contratantes assuma, terá o outro direito 
de  receber  integralmente  o  que  lhe  foi  prometido,  desde  que  de  sua  parte  não 
tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. 

Contrato aleatório 

  O  contrato  aleatório  é  caracterizado  pela  assunção  de  um  risco 


especialmente  elevado,  cuja  materialização  ainda  não  ocorreu  ou  é  ignorada  por 
ambas  as  partes.  Alea  é  a  palavra  latina  para  risco.  O  risco  inerente  ao  contrato 
aleatório  disciplinado  pelo  Código  Civil  recai  sobre  a  existência  ou  extensão  de 
uma  ou  mais  prestações.  O  risco  pode  se  materializar  em  favor  de  um  ou  outro 
contratante,  do  que  decorrerá  o  caráter  mais  ou  menos  vantajoso  do  negócio.  O 
contrato aleatório nasce, portanto, das esperanças e dos receios das partes 162 

  O  contrato  aleatório  é  uma  espécie  de  contrato  oneroso  e  contrapõe-se  ao 


comutativo,  no  qual  as  prestações  das  partes  são  certas  e  subjetivamente 
equivalentes.  Os  exemplos  clássicos  de  contrato  comutativo  e  aleatório  são, 
respectivamente, a locação e o ​seguro. 

Âmbito operativo  

A  disciplina  contida  nos  arts.  458 a 461 do Código Civil adverte a influência 


da  compra  e  venda.  Isso  se  deve  ao  fato  de  a  compra  e  venda  aleatória  ser 

1   
conhecida já desde o direito romano 164. 

Por  isso,  o  dispositivo  emprega  o  conceito  de  “coisa”  quando  seria  mais 
apropriado  se  valer  do  de  “bem”165.  Pela  mesma  razão,  os  dispositivos 
subsequentes  qualificam  as  partes como “alienante” e “adquirente”. A inserção da 
disciplina  no  título  do  Código  Civil  dedicada  aos  “contratos  em  geral”  demonstra, 
contudo,  tratar-se  de  regramento  aplicável  à  generalidade  dos  contratos 
aleatórios, caracterizados pela presença de um risco especialmente acentuado. 

Contratos  aleatórios  por  força  de  lei  -  Há  alguns  tipos  contratuais  de  caráter 
aleatório especificamente disciplinados na legislação, como o seguro, a constituição de 
renda vitalícia, o jogo e a aposta 166. 

Contratos  aleatórios  por  vontade  das  partes  Mais  frequentemente, no entanto, 


são  as partes que conferem caráter aleatório a dado con-trato usualmente comutativo, 
mediante a modificação de sua estrutura básica. O exemplo paradigmático é a compra 
e  venda.  Como  regra,  trata-se  de  um  contrato comutativo. Se, todavia, uma das partes 
assumir  o  risco  de  o  bem  não  vir  a  existir  ou  vir  a  existir  em  qualquer  quantidade e, 
ainda  ​(P.  478)assim,  obrigar-se  a  pagar  dado  preço, o contrato passará a ser aleatório, 
conforme  evidencia  a  leitura  dos  arts.  458  e  459  do  Código  Civil.  As  partes  são 
igualmente  livres  para  conferir  caráter  aleatório  a  contratos  mistos  ou 
verdadeiramente originais que vierem a celebrar entre si 167. 

Bem futuro de existência sujeita a risco  

O  texto  legal  dedica-se  a disciplinar contrato que recaia sobre bem futuro, cuja 


existência  se  encontre  sujeita  a  risco.  ​A  norma  evidencia  que  o  outorgado  pode 
tomar  o  risco  pela  existência  do  bem,  mediante  a  assunção  da  obrigação  de 
efetuar  sua  contraprestação,  ainda  que  nada  venha  a  receber.  Tal  risco  é 
compensado  pela  chance  de  lucrar,  na  hipótese  de  o  bem  vir  a  existir  em 
quantidade  significativa.  O  exemplo  tradicional  é  o  da  compra  e  venda  de 
mercadoria que não se sabe se virá a existir​. 

  A  título  ilustrativo,  pode-se  pensar  na  contratação  da  aquisição  de  minérios 
que  eventualmente  sobre-venham  da  exploração  de  certa  mina.  ​No direito romano, a 
figura  era  exemplificada  com  recurso  à compra do eventual produto do arremesso de 
rede de pesca, mais tarde denominada emptio spei168 

2   
Nessas  situações,  o  risco  de  que  a  coisa  não  venha  a  existir  corre  por  conta  do 
adquirente.  Em  outras  palavras,  ainda  que,  respectivamente,  não  sobrevenha  nenhum 
grama  de  minério  ou  nenhum  peixe,  o  adquirente  encontrar-se-á  obrigado  a  efetuar  a 
prestação contratada 

Fato futuro de existência sujeita a risco 

  A  norma  demonstra  que  a  categoria  dos  contratos  aleatórios  não  está  adstrita  às 
obrigaçõeS de dar, pois também podem abranger as obrigações de fazer e de não fazer. 

Culpa ou dolo do outorgante  

A  prestação  sujeita  a  risco  pode  vir  a  faltar  pelas  mais  variadas  razões,  e  ainda 
assim,  o  contratante  estará  obrigado  a  contraprestação.  A  solução  é  diversa,  no entanto, 
se  a  inexistência  da  prestação  sujeita  a  risco  for  imputável  a  quem  se  obrigou  a 
executá-la.  Nessa  hipótese,  resta  caracterizado  incumprimento  do  outorgante,  cujas 
consequências variarão, conforme se trate de mora ou inadimplemento definitivo. 

Liberdade contratual 

  Contratos  que  prevejam  a  obrigação  de  prestar  ainda  que  a  contraprestação  não 
sobrevenha  são  raros.  Isso  não  significa,  no  entanto,  que  a  previsão  seja  de  pouca 
utilidade.  Muito  ao  contrário. Seus termos demonstram que as partes podem assumir até 
mesmo  o  risco  de  prestar  sem  nada  receber  em  troca.  ​Isso  significa  que  os  contratantes 
têm  o  poder  de  definir  a  extensão  do  risco  disciplinado  pelo negócio celebrado e reforça 
o papel da liberdade contratual como princípio******* 

Lesão, vícios redibitórios e onerosidade excessiva  

A  materialização  do  risco  assumido  no  contrato  aleatório  afasta  a  incidência  da 
disciplina da lesão, dos vícios redibitórios e da onerosidade excessiva. 

Art.  459.  Se  for  aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si 


o  risco  de  virem  a  existir  em  qualquer  quantidade,  terá  também  direito  o  alienante  a 
todo  o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha 
a  existir  em  quantidade  inferior  à  esperada.  Parágrafo  único.  Mas,  se  da coisa nada vier 
a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. 

3   
 

P. 749 

Risco de quantidade  

O  contrato  também  assume  caráter  aleatório  se  o  outorgado  obriga-se  a  prestar 


independentemente  da quantidade de bens que receba a título de contraprestação, desde que 
haja  ao  menos  um  deles.  T​rata-se  de  figura  distinta  da  disciplinada  no  art.  458  do  Código 
Civil,  pois,  agora,  o  outorgado  não  assume  o  risco  de  prestar  ainda  que  nada  tenha recebido 
em  troca.  Exemplo  corriqueiro  é o da compra e venda de safra. ​O comprador pode se obrigar 
a  efetuar  pagamento  certo,  seja qual for o resultado da safra em determinado ano, desde que 
haja  algum  resultado.  No  direito  romano,  a  figura  era  exemplificada  com  a  compra  do 
produto  da  rede  de  pesca,  desde  que  houvesse  algum,  ajustada  por  meio  de  contrato  que 
mais tarde veio a ser conhecido como emptio rei speratae 169. 

Risco de qualidade  

Por extensão, o dispositivo evidencia que o risco da qualidade do bem pode correr por 
conta do outorgado. Se assim for ajustado, o outorgado encarregar-se-á de efetuar a 
prestação, ainda que a contraprestação venha a existir em qualidade inferior à esperada170. 
Tem-se, aqui, contrato aleatório por renúncia à garantia dos vícios redibitórios, prevista no 
art. 441 do Código Civil171. 

Inexistência de bem  

Pactuado o negócio previsto no dispositivo, a prestação não será devida, caso o bem 
não venha a existir ou seja imprestável para o uso a que se destina. Tem lugar, então, a 
resolução da relação jurídica contratual, com fundamento no art. 128 do Código Civil. Se a 
prestação já tiver sido efetuada, sua restituição será de rigor. 

Culpa ou dolo do outorgante 

Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a 
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que 

4   
a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato 

p. 750 

Momento da materialização do risco  

O dispositivo legal permite que as partes assumam o risco de o bem já não existir ao 
tempo da celebração do negócio. Isso se dá, por exemplo, na hipótese de se contratar a 
aquisição de mercadorias que se encontram em um navio, cujo risco de naufrágio é assumido 
pelo adquirente 172. 

À caracterização do contrato aleatório, não é essencial que a materialização do risco 


seja futura; basta que seja ignorada pelas partes173 

O papel da regra é de elucidar a amplitude que o princípio de liberdade assume no 


âmbito do direito contratual. Por extensão, nada obsta que as partes assumam o risco de o 
bem deixar de existir no momento da transferência de sua titularidade ou no curso de lapso 
temporal entre elas acordado. Isso ocorre amiúde nas cessões de créditos litigiosos ou 
potencialmente litigiosos, nas quais o risco pela existência da posição jurídica corre por conta 
do cessionário. 

Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada 
como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante ​não ignorava a 
consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.  

Ciência da materialização do risco  

A disciplina legal parte do pressuposto de que a sorte do bem era desconhecida de 
ambas as partes. Se, no entanto, a materialização do risco já fosse conhecida por um dos 
contraentes, a parte prejudicada pode pleitear a anulação do negócio por dolo, na esteira da 
disciplina constante dos arts. 145 e s. do Código Civil.​ A título ilustrativo, pode-se imaginar 
uma compra e venda voltada para a aquisição de alimentos potencialmente contaminados. A 
vantagem do adquirente será maior ou menor, conforme os alimentos possam ser 
aproveitados no todo ou em parte. Sua prestação somente será exigível, todavia, se a 
materialização do risco não for conhecida pela parte contrária. Caso contrário, o outorgante 
terá omitido fato sobre o qual devia ter se pronunciado. Isso caracteriza o dolo e permite 
anular o negócio jurídico. Fato notório A incidência do dispositivo exige que a materialização 
do risco tenha sido intencionalmente omitida por parte de um dos contratantes. Segue-se daí 
que a anulação do negócio jurídico está condicionada à demonstração de que a parte 
silenciou a respeito do aperfeiçoamento do risco, embora já o conhecesse. Não basta, 

5   
portanto, demonstrar tratar-se de fato notório174. 

p.751 

6   

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