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PODERES
I – INTRODUÇÃO
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A discussão travada a esse respeito não ocorre apenas no Brasil. Nos EUA, o assunto também é
extremamente polêmico. Ver, a respeito, ELY, John Hart. Democracy and distrust: a theory of judicial
review. 11. Imp. Cambrige: Harvard University Press, 1995, onde o autor aborda o assunto sob a ótica da
legitimidade judicial no controle das políticas públicas.
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típicas dos outros Poderes estão ou não em consonância com o texto
constitucional.
Para tanto, pesquisar-se-á nos grandes pensadores as origens e
a evolução do princípio da separação dos poderes, concentrando as atenções
na Obra de Monstesquieu. Após, far-se-á uma análise nas decisões do
Supremo Tribunal Federal que, de algum modo, digam respeito ao tema para,
em seguida, se analisar a oportunidade em que tais decisões podem ser
proferidas.
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O Poder Judiciário era tido como um Poder Executivo, já que lhe cabia
apenas aplicar a lei. O juiz era a “boca da lei”, não lhe cabendo interpretar ou
inovar, mas simplesmente fazer aplicar a lei. Afirma Montesquieu (1994, p.
176): “Mas os Juízes da Nação, como dissemos, são apenas a boca que
pronuncia as palavras da lei; seres inanimados que não lhe podem moderar
nem a força, nem o rigor”.
Segundo o pensador francês, o Poder Judiciário é neutralizado em si
mesmo, enquanto o poder de legislar e o Executivo se neutralizam em razão
das funções que dispõem.
Tendo em vista que a lei correspondia ao produto do trabalho do Poder
Legislativo – fruto da democracia representativa – não poderia o Judiciário
desvirtuar a lei, já que ela era decorria do povo. O Legislativo interpretava o
“espírito” (os anseios) da sociedade e criava as leis.
A idéia de obediência irrestrita à lei, marco da Escola da Exegese, foi
perdendo força com o tempo. Como bem demonstra Edilson Nobre (2006, p.
114), essa transformação começou com Portalis que, com seu Discurso
Preliminar, quando da elaboração do Código Civil, defendeu que a lei não era a
única fonte do direito.
A função interpretativa e criativa do juiz foi evoluindo e ganhando
espaço, tendo no direito norte-americano um de seus principais exemplos.
O poder de veto do Judiciário através da decretação de
inconstitucionalidade não consta na teoria de Montesquieu e também foi fruto
dessa evolução. Apesar de não se verificar tal ideia no original de sua Obra, o
resultado, todavia, encontra suporte em suas lições, haja vista que consiste em
mais uma forma de limitação do poder. (AMARAL JÚNIOR, 2008, p. 66).
Avançando no tempo e com os direitos sociais ganhando status
constitucional, nasceu a polêmica em torno das “interferências” do Judiciário
nos outros Poderes em casos de omissão inconstitucional, assunto que ainda
gera grande polêmica, mas que também encontra seu fundamento no espírito
da obra de Montesquieu, conforme se verificará no tópico seguinte.
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Apesar de alguns filósofos já terem pensando anteriormente sobre uma
forma de tripartição das funções estatais, coube a Montesquieu avançar e
explicar claramente a ideia de que a divisão dos poderes e sua atribuição a
pessoas diferentes era a fórmula para evitar os excessos. Às diferenças
objetivas, deveriam corresponder também diferenças subjetivas
(ECHAVARRIA, 1981, p. 221). Limitando o poder e dividindo-o entre diferentes
titulares para que não haja abusos, Montesquieu formulou a base para a
concretização do princípio da liberdade, até então bastante neutralizado pelos
excessos do absolutismo. O objetivo era limitar principalmente o poder dos
governantes.
Celso Bastos assevera que:
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Essa conclusão é extremamente importante, pois ela é a base para o
desenvolvimento de outros Poderes, assim como de interferências de um
Poder em outro. Ou seja, tendo em mente que o objetivo é limitar os detentores
de poder que estão à sua frente contra os abusos que possam gerar, é legítimo
concluir que algum Poder pode interferir de maneira mais concreta em outro
para que o cidadão não sofra os abusos decorrentes do seu uso desvirtuado.
Como salientou o próprio pensador francês: “Para que não possam abusar do
poder, precisa que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder.”
(MONTESQUIEU, 1994, p. 163).
Importante também mencionar que Montesquieu não pensou em uma
separação absoluta de Poderes. Lendo atentamente sua obra, verifica-se que
há mais uma “administração em separado” do que essencialmente uma divisão
de forma absoluta.
O rei tinha o direito de vetar as leis; o Legislativo fiscalizava o Executivo
através da possibilidade de exigir que os ministros prestassem contas de sua
administração, assim como interferiam no Judiciário quando julgavam os
nobres pela Câmara dos Pares nos casos previstos.
Assim, vê-se que já se podia falar desde Montesquieu que o poder era
único e o que se realmente se dividiam eram as funções. Pode-se dizer
também que já havia uma ideia de um sistema de freios e contrapesos, ideia
essa depois aprofundada por JAMES MADISON, em o Federalista n. 51
(1788).
A teoria de tripartição dos poderes consiste em uma forma de evitar o
abuso dos que estavam à sua frente, seja através de freios recíprocos, seja
através de intervenções.
Essa ilação é acompanhada por Marilene Rodrigues:
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A conclusão que se apresenta é importantíssima porque em sua obra
Montesquieu ainda não tinha a concepção de estado constitucional como se
apresenta nos dias atuais. Não existia uma carta soberana com os deveres de
cada Poder, de forma que Montesquieu não tinha como imaginar a interferência
de um Poder no outro nos casos em que fossem descumpridos os preceitos de
uma constituição.
O que Montesquieu quis deixar claro foi que um Poder deveria frear o
outro sempre que ocorresse qualquer tipo de abuso, sempre que o Poder fosse
utilizado mais em benefício próprio do homem que estava à sua frente do que
em benefício do povo, seu legítimo detentor. O princípio deveria ser utilizado
para brecar os excessos do Estado e, consequentemente, ser garantidor de
direitos.
Montesquieu, antes de um crítico político, era um crítico da alma
humana. Ele era extremamente desconfiado de todo homem que exercia
qualquer espécie de poder. Para ele, o poder sempre corrompe e por isso
devem existir formas de freá-lo.
Partindo dessa idéia, tem-se que cada organização estatal deve se
estruturar de forma que cada Poder seja freado pelos outros para que não
ocorram abusos. Não só isso: devem os Poderes interferir nos outros nos
casos em que qualquer deles exorbite suas competências, seja de forma ativa,
seja de forma omissiva.
É verdade que Montesquieu não previu a omissão dos Poderes. Ele
apenas previu que quando caminhassem, os Poderes deveriam caminhar
juntos, haja vista que um poderia impedir o trabalho do outro. Como já se disse
acima, a ausência quanto à omissão é explicada pelo fato de, à sua época,
ainda não existir o constitucionalismo tal como o conhecemos hoje, sobretudo
em relação à supremacia das leis constitucionais e o dirigismo que nela se
encontra presente.
Outra ideia a se destacar é a crítica que se tem em relação aos diversos
pensadores, antes ou depois de Montesquieu, que se digladiam na
estruturação dos Poderes. Saint-Girons, por exemplo, critica Montesquieu e
defende que não existem senão duas funções – editar as leis e fazê-las
executar. Luigi Palma afirma existirem seis – a Eleitoral, o Representativo, o
Moderador, o Governante, o Judiciário e o Real. Romagnosi entendia serem
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oito. Georges Burdeau defendia a existência de duas e Karl Loewenstein
acrescenta à idéia de Burdeau a função de controle. (RODRIGUES, 1995, p.
24).
Tem-se que o legado maior de Montesquieu não foi a divisão dos
Poderes em três, mas sim e sobretudo a magnífica conclusão de que o poder
corrompe e que o homem tem que ter freios. Para o pensador francês, a
inexistência de obstáculos para qualquer detentor do poder fazia com que ele
abusasse, passasse a utilizá-lo não mais em benefício dos outros, mas em
benefício próprio.
Partindo dessa concepção, crê-se que cada sociedade deve se
estruturar de acordo com seu contexto social, seja criando mais Poderes, seja
reduzindo-os às suas necessidades básicas, sempre com o intento de inexistir
abusos.
Montesquieu concebeu uma forma genérica de como frear o poder
político, fórmula essa que vem sendo aperfeiçoada e modificada de acordo
com cada contexto social.
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contínua, de outro. Assim, tendo em conta que ao legislador não seria
dado escolher se concede ou não o direito de greve, podendo tão-
somente dispor sobre a adequada configuração da sua disciplina,
reconheceu-se a necessidade de uma solução obrigatória da
perspectiva constitucional. MI 712/PA, rel. Min. Eros Grau,
25.10.2007. (MI-712).
Agindo desse modo, o Supremo vem contrariando a antiga doutrina
sobre o assunto e sua própria jurisprudência anterior no sentido de que ao
Judiciário não era dada competência de interferir nas atividades dos demais
Poderes.
Vem, pois, o Supremo dando um contorno diferente ao princípio da
separação dos poderes, entendendo que, nos casos em que houver omissão
inconstitucional, pode o Judiciário condenar o Executivo a cumprir a obrigação
e, no caso do Legislativo, “substituir-se” temporariamente na função deste para
disciplinar a matéria ausente.
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Com Canotilho surgiu a idéia de Constituição Dirigente, onde as normas
programáticas não são apenas um conjunto de intenções, mas sim normas
jurídicas dotadas de eficácia obrigacional. Paulo Lopo Saraiva (1983), por
exemplo, defendeu o cabimento de mandado de segurança dos direitos sociais.
A onda doutrinária que perfilhava pela aplicação dos direitos sociais a
qualquer custo, no entanto, não durou muito tempo. Começou-se a ver que, na
prática, a questão não era tão simples, pois além do desgaste político com a
interferência nos outros Poderes, exigia-se, quase sempre, verbas para o
custeio dos direitos, verbas essas que o Judiciário não detinha.
Com o tempo, o próprio Canotilho reviu suas teses (apud Ricardo
Torres, 2008, p. 73) e passou a pregar a idéia de que as normas programáticas
estão limitadas pela reserva orçamentária dos Estados a não ser em casos
excepcionais.
Foi com base nesse duelo entre o direito fundamental e a existência de
verba para custeá-lo que surgiu no direito alemão o tema da reserva do
possível. Segundo esse princípio, a implementação dos direitos estão sujeitos
à condição do financeiramente possível, ou seja, o poder estatal só pode
garantir os direitos até os limites dos recursos públicos.
É importante saber, por exemplo, quais tipos de direitos devem ser
garantidos pelo Judiciário independente da reserva orçamentária existente nos
outros poderes. Para tanto, importante se faz o estudo da questão do mínimo
existencial, outro tema que reclama uma série de variações e que no presente
ensaio não será possível um aprofundamento.
A teoria da reserva do possível, em sua origem, teve como condições
para ser arguida as seguintes (NUNES JÚNIOR, 2009, p. 175/176): a) a de que
um mínimo vital seja satisfeito; b) a de que o Estado comprove que vem se
empenhando na implementação do direito social reclamado e c) a avaliação da
razoabilidade da demanda.
A reserva do possível não foi elaborada para mitigar a implementação do
mínimo vital. Sua intenção é conformar demandas sociais que lhe vão além. O
mínimo vital deve ser observado de qualquer forma, até que todas as forças
(orçamentos) do Estado estejam impossibilitadas. Esse entendimento já foi
defendido no STF (RE-AgR 410715/SP).
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No entanto, em termos gerais, pode-se dizer que o princípio do mínimo
existencial pode ser dividido em dois subprincípios: a) mínimo existencial
fisiológico; e b) mínimo existencial básico (SARLET, 2008, p. 21). O mínimo
existencial fisiológico diz respeito a aspectos ligados diretamente com o direito
à vida em suas condições matérias mínimas, enquanto que o mínimo
existencial básico pretende garantir, além do mínimo fisiológico, a inserção dos
cidadãos no meio social de forma digna.
Para Ana Paulo Barcellos (apud Ricardo Torres, 2008, p. 77), o mínimo
existencial é composto de quatro elementos, a saber: “a educação
fundamental, a saúde básica, a assistência aos desamparados e o acesso à
Justiça”. Acrescenta a autora que esses quatro elementos constituem o núcleo
da dignidade da pessoa humana e podem ser exigíveis através do Poder
Judiciário.
Em termos de Brasil, e esse aspecto é importante, porque a garantia dos
direitos tem de levar em conta o lado sócio-econômico atual do país, tem-se
que questionar se apenas o mínimo existencial fisiológico deve ser alvo de
intervenção do Judiciário, ou se esse poder também tem legitimidade para
adentrar no mérito do mínimo existencial básico.
Analisando o atual contexto sócio-econômico pelo qual o país atravessa,
não se tem como deixar de entender que o mínimo existencial a ser garantido é
aquele definido como básico, onde estão presentes, essencialmente, o direito à
saúde, educação fundamental, assistência aos desamparados e acesso à
justiça.
Mas não é só. Afora o mínimo vital, importante assentar que a
Constituição brasileira traz uma série de direitos sociais subjetivos em seu
corpo e que estão além do mínimo existencial, o que não acontece na
Alemanha, berço da teoria da reserva do possível. Assim, mais uma vez
acompanhando Vidal Serrano NUNES JÚNIOR (2009, p. 190 e 194/196), no
Brasil o Legislativo e o Executivo não estão adistritos apenas ao mínimo vital,
devendo observar também os direitos sociais garantidos constitucionalmente.
Desse modo, o legislador não poderia criar leis orçamentárias que não
previssem gastos suficientes para os direitos sociais previstos
constitucionalmente, ainda que esses estivessem fora do mínimo vital. Isso
acontece porque a lei orçamentária deve obedecer aos comandos
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constitucionais. A título de exemplo, seria inconstitucional uma lei orçamentária
que destinasse verbas para publicidade institucional sem garantir o suficiente
para os direitos sociais constitucionalmente previstos (NUNES JÚNIOR, 2009,
p. 180/181).
Infere-se, portanto, que a teoria da reserva do possível está limitada pelo
que se convencionou chamar de mínimo existencial ou mínimo vital, que no
Brasil corresponde ao direito à saúde, educação fundamental, assistência aos
desamparados e acesso à justiça. Em face da presença de outros direitos
sociais previstos constitucionalmente, a reserva do possível também não pode
fazer frente a eles, mesmo que não façam parte do chamado mínimo
existencial.
Por fim é necessário esclarecer que a reserva do possível com a qual se
trabalha no presente ensaio é a reserva do possível legal, ou seja, aquela que
está ligada à ausência de previsão orçamentária para o gasto.
Isso é importante porque pode haver municípios que esgotem seus
orçamentos e não tenham condições de garantir sequer o mínimo existencial.
Nesse caso, reserva do possível fática, não há muito o que se fazer em relação
a este Ente, podendo, a depender da pretensão, redirecioná-la ao Estado ou à
União.
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uma cirurgia, não pode fazer com que o demandante “fure a fila” de espera se
não for um caso excepcional etc.
Para não incorrer em tais injustiças, deve o Judiciário, verificando que a
administração não dispõe de meios para a implementação regular do direito
fundamental, determinar que a salvaguarda seja feita com remanejamento de
verbas orçamentárias de outras cifras, a exemplo das alocadas para
publicidade.
Considerando que o mínimo existencial e os direitos sociais são
matérias constitucionais, a lei orçamentária, que possui status de lei ordinária,
não pode ser empecilho para a sua plena fruição.
Desse modo, em caso de comprovação de insuficiência de verba para
atender às condenações judiciais dentro da cifra correspondente aos direitos
sociais (saúde, educação, segurança, entre outros), perfilha-se que, diante da
excepcionalidade dos casos, é legítimo ao Judiciário intervir na projeção
orçamentária para realocar verbas de títulos não tão valiosos para que a
decisão judicial que acolhe o pleito não seja mais gravosa que sua denegação.
Contra essa posição, a princípio, se coloca Ricardo Torres (2008, p. 83):
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Paolo Biscaretti di Ruffa afirma que o estudo do princípio da separação
dos poderes merece dois corretivos, sendo um deles o de:
As críticas de outros Poderes não devem ser vistas como freio à atuação
jurisdicional ou como impedimento de avanço das decisões. São, no entanto,
um alerta para que se atue dentro do constitucionalmente permitido e para que
excessos não aconteçam, o que poderia gerar uma série crise política.
Para que as “interferências” sejam realizadas na medida do
constitucionalmente permitido, importantíssimo se faz a utilização dos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
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Dentro das pilastras do princípio da proporcionalidade, especial relevo
merece a proporcionalidade em sentido estrito, como forma de se saber até
que o ponto o direito prestacional postulado está em consonância com a real
necessidade do indivíduo, ou, em outros termos, se não há alguma forma de
implementá-lo de modo menos custoso que o pleiteado e menos invasivo na
esfera dos outros Poderes.
IX – CONCLUSÕES
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Em interessante estudo sobre o princípio da separação dos poderes, pesquisadores da Universidade de
Harvard e Yale examinaram o sistema constitucional de 71 países e chegaram à conclusão de que quanto
maior é a independência do Judiciário e a possibilidade de exercício do controle de constitucionalidade,
maior é a liberdade econômica e política dos países. Eles demonstraram empiricamente que a
independência do Judiciário e o sistema de controle de constitucionalidade são eficientes meios para frear
os excessos do Executivo e Legislativo, gerando consequências positivas nas liberdades econômicas e
políticas dos países que cultivam esses institutos. (LA PORTA et. al., 2004).
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3. Tendo em mente que o objetivo é limitar os detentores de poder contra
os abusos que possam gerar, é legítimo se pensar em outros Poderes
caso os existentes não sejam suficientes.
4. O princípio da separação dos poderes não pode ser utilizado para limitar
a implementação de direitos fundamentais; ao contrário, deve-se dele
fazer uso para justificar o controle dos abusos praticados por ação ou
omissão estatal e, consequentemente, assegurar os direitos
fundamentais;
5. No Brasil, a reserva do possível só pode ser levantada quando, além do
mínimo existencial básico, forem observados os direitos sociais previstos
constitucionalmente;
6. Nenhuma das três funções estatais pode ser mais importante ou ter
destaque exacerbado, devendo um Poder interferir em outro apenas
para a garantia das normas constitucionais e sempre de forma oportuna
e excepcional.
7. De igual forma, a intervenção deve se pautar pelo princípio da
proporcionalidade, sempre observando suas três vertentes: a)
necessidade; b) adequação e c) proporcionalidade em sentido estrito.
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