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Socioambiental
Carta de abertura 03
Sumário executivo 06
Introdução 08
I. Regulamentação socioambiental no Sistema Financeiro Nacional 16
A - Leis 18
B - Resolução comentada – CMN nº 4.327/2014 20
C - Regulações socioambientais específicas 30
D - Outras normas vinculadas à Responsabilidade Socioambiental 31
IV. Capacitação 66
V. Plano de ação 68
VI. Conclusão 79
Guia de Responsabilidade Socioambiental 2
3 PwC | ABBC
Carta de abertura
investimento e financiamento, do Com base no cenário de crescente Vale lembrar que a edição dessa
apoio ao desenvolvimento de produtos importância do tema e na constatação resolução foi precedida por um
e serviços voltados à proteção do meio de que, indistintamente, todas longo debate, do qual participaram
ambiente e, por fim, das questões as instituições integrantes do diversos representantes da sociedade
internas, o que abrangia a utilização sistema financeiro estão sujeitas civil, inclusive das entidades
racional dos recursos energéticos, a riscos decorrentes de questões representativas das instituições
hídricos e de materiais. socioambientais, o Conselho financeiras, entre elas a ABBC. No
Monetário Nacional, acatando processo de audiência pública que fez
Desde então, diversos outros proposta do Banco Central do Brasil, parte da ampla discussão promovida,
compromissos, documentos, editou regulamentação específica a associação registrou entendimento
recomendações e iniciativas dispondo sobre as diretrizes a serem de que a disciplina da matéria traria
voluntárias foram firmados e adotados observadas no estabelecimento inegáveis benefícios para o sistema
em diversos países. No Brasil, o e na implantação da política de financeiro e para a sociedade como
tema Finanças Sustentáveis ganhou responsabilidade socioambiental. um todo. Adicionalmente, a ABBC
especial relevância nos últimos anos, teve oportunidade de contribuir com
ficando latente a necessidade de Na referida Resolução nº 4.327, de algumas considerações, especialmente
adequada avaliação e gerenciamento 25 de abril de 2014, o regulador alertando sobre a necessidade de
do risco socioambiental por parte das estabeleceu que a própria instituição evitar dispositivos que trouxessem
instituições financeiras. elabore e aprove sua política, o riscos não medidos à concessão
que deve ser feito observando dois de crédito, além de sugerir que o
Por outro lado, apesar da percepção princípios fundamentais: o da processo ocorresse de forma gradual
dos diversos riscos associados às relevância e o da proporcionalidade. e de comum acordo com o órgão
questões socioambientais, essa O que vai determinar a política são supervisor. Houve também o aporte
pauta também pode ser tratada os diferentes riscos, a atividade e para a elaboração do texto final, por
como oportunidade, fazendo com os perfis operacionais de cada uma meio dos diversos encontros e oficinas
que a prevenção de perdas e danos delas. Por outro lado, o sucesso da realizados com o regulador.
econômicos resulte em melhoria implementação dependerá do pleno
na eficiência da instituição como envolvimento da alta administração
um todo. Isto também pode ser da instituição no processo, da
observado por meio da abertura disseminação das boas práticas
de novos mercados, por exemplo, socioambientais em todos os níveis
o de financiamento de atividades organizacionais e do permanente
produtivas sustentáveis, novas monitoramento e acompanhamento
tecnologias, seguros, e outra vasta das operações pelas áreas diretamente
gama de possibilidades. envolvidas e impactadas.
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Sumário executivo
Marcus Manduca
Sócio - PwC Risk Consulting
Guia de Responsabilidade Socioambiental 8
Introdução
1972 1987
Relatório Brundtland
(Nosso Futuro Comum)
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento: propõe que o desenvolvimento
sustentável é “aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades”. Este modelo vincula o limite do bem
estar da sociedade ao limite máximo para utilização
dos recursos naturais, pressupondo um compromisso
de solidariedade mútuo e uma integração equilibrada
dos sistemas econômicos, social e ambiental.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 10
Protocolo Verde
(Atualizado em 2008)
Iniciativa Financeira do Princípios e diretrizes de políticas e práticas
Programa das Nações Unidas socioambientais firmados pelos bancos públicos
para o Meio Ambiente (United brasileiros. Na Carta de Princípios para o
Nations Environmental Program Desenvolvimento Sustentável, os signatários
- Finance Iniciative - UNEP-FI) reconheceram seu papel na contínua melhoria do
Incorporação de aspectos bem-estar da sociedade e da qualidade do meio
socioambientais na gestão e ambiente. Compromisso semelhante foi assinado
nas estratégias de negócio das pelos bancos privados em 2009.
instituições financeiras.
1992 1995
Declaração Internacional dos Bancos para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Estabelecimento de compromisso das instituições financeiras com
a sustentabilidade ambiental, que deve levar em consideração
três aspectos: (i) a inserção do risco ambiental na avaliação de
investimentos e financiamentos; (ii) o apoio ao desenvolvimento de
produtos e serviços que promovam a proteção do meio ambiente;
(iii) as operações internas, incluindo a adequada administração do
consumo de energia, águas e matérias em geral.
11 PwC | ABBC
Princípios do Equador
Estrutura de gestão de risco composta por dez princípios,
adotada pelas instituições financeiras para identificar, avaliar
e gerenciar risco social e ambiental em projetos com valores
superiores a US$ 10 milhões. Tem por objetivo fornecer um
padrão mínimo para apoiar as tomadas de decisão de maneira
diligente e responsável. Os princípios são baseados nos
padrões de desempenho estabelecidos pelo Internacional
Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial.
2003 2005
Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE) da BM&FBOVESPA
Ferramenta para análise comparativa da performance das
empresas listadas na BM&FBOVESPA comprometidas
com os princípios de gestão sustentável, com foco em
eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e
governança corporativa.
Oportunidades
Questões socioambientais não estão associadas apenas aos riscos. Elas podem
gerar oportunidades efetivas de negócio e se tornar uma vantagem competitiva.
Para identificar esse potencial, é preciso estar aberto à inovação.
Capítulo I
Regulamentação socioambiental
no Sistema Financeiro Nacional
A regulação socioambiental, como As instituições financeiras, sob Muitos desses princípios foram
nas demais regras aplicáveis ao o aspecto estritamente legal, incorporados ao arcabouço legal
Sistema Financeiro Nacional (SFN), são obrigadas a observar a brasileiro já em 1981, pela Lei
é composta por leis – neste caso, regulamentação sobre o assunto há nº 6.938/1981 da Política Nacional
envolvendo toda a sociedade e mais de 30 anos. Vários princípios do do Meio Ambiente e pela Constituição
os demais setores da economia Direito Ambiental, envolvendo, por Federal, promulgada em 1988, que, no
– e também por documentos exemplo, a tríplice responsabilidade artigo 225, assegura “a todos o direito
adicionais. Em relação ao meio pelo dano – civil, administrativa e ao meio ambiente ecologicamente
ambiente, a maioria delas é editada penal – e a responsabilidade civil equilibrado, bem de uso comum do
pelo Conselho do Meio Ambiente objetiva e solidária, já fazem parte povo e essencial à sadia qualidade de
(CONAMA) e pelos conselhos do dia a dia de várias instituições. vida impondo-se ao Poder Público e à
estaduais. No que tange ao sistema Da mesma forma, os princípios do coletividade o dever de defendê-lo e
financeiro, elas são editadas pelo poluidor-pagador e do protetor- preservá-lo para as presentes e futuras
Conselho Monetário Nacional (CMN) recebedor, da prevenção e da gerações”. Adicionalmente, são
e pelo Banco Central do Brasil (BCB). precaução, entre outros, incluem-se estabelecidas as seguintes obrigações:
entre aqueles a serem observados,
quando se trata do dever de cuidado
com o meio ambiente.
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Aspectos Poluidor indireto Art. 3º inciso IV - Lei nº 6.938, de 1981 - Lei PNMA
ambientais Art. 2º - Lei nº 9.605, de1998 - Lei de Crimes Ambientais
Responsabilidade civil objetiva Art. 927 - Lei nº 10.406, de 2002 – Novo Código Civil
Novo Código Florestal – Acesso Art. 78, A- Lei nº 12.651, de 2012 (Código Florestal Brasileiro)
ao Crédito Rural
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Trabalho análogo ao escravo Art. 149 - Lei nº 10.406, de 2002 – Novo Código Civil
Dever geral S/As Art. 116 - Lei nº 6.404, de 1976 - Lei das Sociedades Anônimas
com a
comunidade Cooperativismo Lei nº 5.764, de 1971 - Lei das Cooperativas
Resolveu:
Guia de Responsabilidade Socioambiental 22
Capítulo I
Do objeto e do âmbito de aplicação
Capítulo II
Da política de responsabilidade socioambiental
Comentário
Art. 2º A PRSA deve conter princípios § 3º As instituições mencionadas
e diretrizes que norteiem as ações no art. 1º devem estimular a Além de estabelecer que a PRSA
de natureza socioambiental nos participação de partes interessadas deve conter princípios e diretrizes
negócios e na relação com as no processo de elaboração da política que norteiem as ações de natureza
partes interessadas. a ser estabelecida. socioambiental, a norma dá ênfase
à necessidade de envolvimento das
§ 1º Para fins do disposto no caput, § 4º Admite-se a instituição de partes interessadas no processo de
são partes interessadas os clientes uma PRSA por: estabelecimento da política. Este é
e usuários dos produtos e serviços um dos pontos centrais da norma,
oferecidos pela instituição, a I. conglomerado financeiro; e ou seja, fazer com que o público
comunidade interna à sua organização interno e externo, que, de alguma
e as demais pessoas que, conforme II. sistema cooperativo forma, se relaciona ou interage com
avaliação da instituição, sejam de crédito, inclusive a a instituição, seja ouvido e participe
impactadas por suas atividades. cooperativa central de efetivamente de sua elaboração.
crédito, e, quando houver,
§ 2º A PRSA deve estabelecer a sua confederação e banco Embora haja artigo contendo
diretrizes sobre as ações estratégicas cooperativo. disposição mais precisa no fim
relacionadas à sua governança, da resolução, o regulador, desde
inclusive para fins do gerenciamento § 5º A PRSA deve ser objeto de logo, vincula a PRSA à diretoria ou
do risco socioambiental. avaliação a cada cinco anos por parte ao conselho de administração, ao
da diretoria e, quando houver, do determinar a periódica reavaliação
conselho de administração. no mínimo a cada cinco anos da
política instituída por parte da alta
administração da instituição.
Capítulo III
Da governança
Capítulo IV
Do gerenciamento do risco socioambiental
Comentário
Art. 4º Para fins desta Resolução,
define-se risco socioambiental como O gerenciamento do risco
a possibilidade de ocorrência de socioambiental, a ser tratado no
perdas das instituições mencionadas Capítulo III deste guia, é o núcleo
no art. 1º decorrentes de danos da norma em termos operacionais.
socioambientais. A redação desse artigo da norma
deixa clara a intenção do regulador
de tratar o assunto com foco no risco,
preocupando-se, inclusive, em defini-
lo como aquele associado a perdas
decorrentes de danos socioambientais.
Comentário
Art. 5º O risco socioambiental deve
ser identificado pelas instituições O regulador deu ênfase ao risco
mencionadas no art. 1º como um socioambiental, ao reservar artigo
componente das diversas modalidades específico para determinar que esse
de risco a que estão expostas. risco deve ser percebido e tratado
como parte dos demais aos quais
a instituição está exposta. Este
comando, a despeito de ser simples
e direto, encerra um conceito
de alta relevância, pois força a
instituição financeira a fazer uma
avaliação completa de seus processos
operacionais e a verificar como os
diversos riscos interagem.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 26
Comentário
Art. 6º O gerenciamento do risco socioambiental das instituições mencionadas
no art. 1º deve considerar: Este comando normativo está entre
os poucos que estabelecem ações
I. sistemas, rotinas e procedimentos que possibilitem identificar, classificar, específicas por parte das instituições
avaliar, monitorar, mitigar e controlar o risco socioambiental presente financeiras, fato que aumenta sua
nas atividades e nas operações da instituição; importância. Como a norma se
aplica a todas as instituições, elas
II. registro de dados referentes às perdas efetivas em função de danos devem considerar as situações ali
socioambientais, pelo período mínimo de cinco anos, incluindo valores, descritas como condição mínima
tipo, localização e setor econômico objeto da operação; para fazer o gerenciamento do
risco. Os princípios de relevância
III. avaliação prévia dos potenciais impactos socioambientais negativos de e proporcionalidade são
novas modalidades de produtos e serviços, inclusive em relação ao risco evidentemente aplicáveis a este
de reputação; e caso, mas apenas com relação
à complexidade dos processos
IV. procedimentos para de trabalho, e não quanto à
adequação do gerenciamento do risco socioambiental às mudanças necessidade de observância das
legais, regulamentares e de mercado. disposições regulatórias.
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Comentário
Art. 7º As ações relacionadas ao
gerenciamento do risco socioambiental Esta disposição reforça a intenção
devem estar subordinadas a uma do regulador em tratar os aspectos
unidade de gerenciamento de risco socioambientais nas atividades e
da instituição. operações da instituição como mais
um risco interligado aos demais riscos.
Parágrafo único. Independente Por esse motivo, a norma alerta sobre
da exigência prevista no caput, a necessidade de uma estrutura de
procedimentos para identificação, governança compatível com a dimensão
classificação, avaliação, do risco socioambiental a que está exposta.
monitoramento, mitigação e controle A resolução não apenas determina que o
do risco socioambiental podem ser risco socioambiental faça parte da mesma
também adotados em outras estruturas estrutura de gerenciamento dos demais
de gerenciamento de risco da instituição. riscos a que estão sujeitas as instituições,
como estimula que os processos de
trabalho inerentes à análise de cada risco
sejam realizados de forma coordenada.
Comentário
Art. 8º As instituições mencionadas
no art. 1º devem estabelecer critérios O artigo deixa evidente a preocupação
e mecanismos específicos de avaliação do regulador com o risco socioambiental
de risco quando da realização de em operações relacionadas a atividades
operações relacionadas a atividades econômicas com maior potencial de
econômicas com maior potencial de causar danos socioambientais. Por isso,
causar danos socioambientais. ele determina às instituições a adoção
de critérios e mecanismos específicos de
avaliação de risco. Desse modo, entende-se
que, para as atividades com maior potencial
de dano socioambiental, a gestão do risco
deve ser mais criteriosa, de preferência
ter equipe especializada para avaliação
e monitoramento. A leitura do primeiro
capítulo deste guia mostra claramente a
amplitude legal e regulatória do assunto.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 28
Capítulo V
Das disposições finais
Comentário
Art. 9º As instituições mencionadas no
art. 1º devem estabelecer plano de ação Embora tratado no capítulo “Das Disposições Finais”, o
visando à implementação da PRSA. que para alguns poderia significar menor importância, o
plano de ação é um dos pontos centrais da norma. Por este
Parágrafo único. O plano mencionado motivo, também será objeto de tratamento específico deste
no caput deve definir as ações guia, no Capítulo V.
requeridas para a adequação da
estrutura organizacional e operacional Sob a ótica do regulador, o plano de ação é o documento
da instituição, se necessário, bem como que servirá como instrumento de gestão para implantação
as rotinas e os procedimentos a serem da política. Será uma das principais ferramentas de
executados em conformidade com as acompanhamento e monitoramento das diretrizes
diretrizes da política, segundo estratégicas formalizadas na PRSA, seja por parte do
cronograma especificado pela supervisor, seja por parte da instituição financeira.
instituição.
Comentário
Art. 10. A PRSA e o respectivo plano
de ação mencionado no art. 9º devem O regulador teve a preocupação expressa de vincular a
ser aprovados pela diretoria e, quando efetividade da norma à necessidade de a política e o plano de
houver, pelo conselho de administração, ação serem aprovados pela alta administração da instituição.
assegurando a adequada integração Considerando que quem estabelece a PRSA e o respectivo plano
com as demais políticas da instituição, é a própria instituição, com a participação efetiva da diretoria
tais como a de crédito, a de gestão de ou do conselho, a responsabilidade pelo seu cumprimento e
recursos humanos e a de observância recai diretamente no alto comando.
gestão de risco.
Como desfecho, o regulador teve a preocupação de alertar a alta
gerência para assegurar a integração da PRSA com as demais
políticas da instituição, citando as de crédito, recursos humanos e
gestão de risco. Sobre esse artigo, fica claro que as ações da PRSA
não devem e não podem ser executadas exclusivamente por uma
unidade, uma equipe, ou até mesmo uma pessoa. A PRSA deve se
integrar toda à organização e contar com o engajamento dessas
áreas e também das demais para seu pleno funcionamento.
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Comentário
Art. 11. As instituições mencionadas
no art. 1º devem aprovar a PRSA e o O cronograma foi estabelecido
respectivo plano de ação, na forma com o objetivo de permitir que
prevista no art. 10, e iniciar a execução as determinações regulatórias
das ações correspondentes ao plano de possam ser cumpridas de forma
ação segundo o cronograma a seguir: gradual, sem impactos relevantes na
estrutura operacional das instituições
I. até 28 de fevereiro de 2015, financeiras, respeitando, inclusive, a
por parte das instituições premissa de não lhe imputar custos
obrigadas a implementar o desnecessários.
Processo Interno de Avaliação da
Adequação de Capital (Icaap), Para as instituições obrigadas a
conforme regulamentação em implementar o Processo Interno de
vigor; e Avaliação da Adequação de Capital
(ICAAP), foi concedido prazo de oito
II. até 31 de julho de 2015, pelas meses para a adaptação normativa.
demais instituições. Às demais instituições, o prazo foi de
15 meses.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 30
31 PwC | ABBC
Guia de Responsabilidade Socioambiental 32
Transparência contratual A norma da transparência contratual tem relação direta com a PRSA, tendo em
vista, principalmente, que suas determinações tratam da prestação de informações
Resolução nº 3.694, de 2009
necessárias à livre escolha da instituição ou de seus produtos por parte do cliente.
Para tanto, ela faz menção à importância das cláusulas contratuais que abordam os
mútuos deveres, responsabilidades e penalidades.
Transparência nas
operações de crédito Esse normativo se revela plenamente atual, não apenas por seus comandos
implícitos de que os contratos e os documentos devem ser elaborados com redação
Circular nº 2.905, de 1999
clara e objetiva, mas também e, principalmente, por mencionar que a redação
respectiva deve estar adequada à natureza e à complexidade da operação ou do
serviço prestado. Ou seja, a essência dessa norma está presente na regulamentação
da PRSA. O objetivo dessa determinação, portanto, é permitir o completo
entendimento do conteúdo do contrato e a perfeita identificação de condições,
prazos, valores, encargos, multas, entre outros.
Por outro lado, no caso dos serviços especiais, permite-se a cobrança de tarifas
em algumas operações, a exemplo daquelas relacionadas aos Créditos Rural,
Habitacional e ao Microcrédito. Nesta hipótese, faz-se necessária uma consulta às
regras específicas, para verificar a aplicabilidade da operação a ser realizada. Caso
isso ocorra, o contrato deve explicitar claramente tarifa, custos, periodicidade e,
principalmente, em qual comando regulatório ou legal a cobrança está amparada.
35 PwC | ABBC
Resolução nº 3.517, de 2007 Não menos importante do que os normativos anteriores, a norma sobre o CET
deve estar no centro das atenções das instituições. Ela trata da obrigatoriedade
Custo Efetivo Total – CET
da prestação de informações ao cliente previamente à contratação das operações
de crédito, modalidade fortemente vinculada às questões socioambientais, como
já foi destacado. Pelo fato de essas informações incluírem juros, tarifas, seguros,
entre outras, um tratamento adequado da matéria também se constitui em elemento
fundamental no processo de mitigação de risco.
Resolução nº 3.694, de 2009 Esta regra também está plenamente atrelada à regulamentação que trata da
responsabilidade socioambiental, ao dispor sobre a obrigatoriedade de adequação
Adequabilidade de Produtos e
dos produtos e serviços ofertados pela instituição às necessidades, interesses e
Serviços (Suitability)
objetivos dos clientes.
Resolução nº 3.954, de 2011 Considerando a importância que o segmento dos correspondentes – cuja atuação
está focada na prestação de serviços de atendimento a clientes e usuários da
Correspondentes no país
instituição contratante – ostenta no processo de distribuição do crédito no país, e
tendo em vista que eles atuam em nome e sob a responsabilidade das instituições
financeiras, é desnecessário alertar para o grau de envolvimento também desse
setor com a PRSA.
Capítulo II
Política de Responsabilidade
Socioambiental (PRSA)
Nas três últimas décadas, relatórios das empresas. Desse modo, observou-
científicos trouxeram à tona diversos se, nesse período, o crescente número Responsabilidade Social pode ser
debates acerca dos problemas de empresas que passou a adotar a definida como o compromisso que
ambientais – aquecimento global, Responsabilidade Social Corporativa uma organização deve ter para
destruição da camada de ozônio, como parte de suas estratégias. com a sociedade, expresso por meio
devastação de florestas tropicais de atos e atitudes que a afetem
etc. O que se pôde observar foi Apesar da evolução da discussão, positivamente, de modo amplo,
o surgimento e o crescimento não existe um consenso sobre o ou a alguma comunidade, de
de organizações da sociedade conceito de responsabilidade social e modo específico, agindo de forma
(ONGs) exigindo dos governos ambiental das organizações. Alguns proativa e coerente no que tange a
ações mais concretas, por meio de focam a responsabilidade social como seu papel específico na sociedade
políticas públicas e de atuações um compromisso para a sociedade, e a sua prestação de contas para
socioambientais mais consistentes como Ventura (1999)2: com ela.
2. VENTURA, Elvira C.F. Responsabilidade social das organizações: estudo de caso no Banco
Central do Brasil. Dissertação (Mestrado em Administração). Escola Brasileira de Administração
Pública/Fundação Getulio Vargas. Rio de Janeiro: Ebap/FGV, 1999.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 38
B. Diretrizes da política
C. A responsabilidade
socioambiental na
organização e nos negócios
socioambiental um grande
A responsabilidade socioambiental guarda-chuva, contemplando
apresenta diversos conceitos que, de as diversas atividades internas
maneira geral, são voltados para o da instituição – envolvendo o
relacionamento da empresa com as relacionamento com fornecedores,
partes interessadas e com o meio em funcionários, comunidades afetadas –,
que atua. Poucas definições focam e também dos negócios – envolvendo
na responsabilidade e na inserção clientes, investidores, parceiros
dos aspectos socioambientais no etc. Dessa forma, a PRSA não é
negócio, como visto na principal política assistencialista, mas parte
preocupação contida na Resolução do negócio praticado nas instituições
nº 4.327/2014. A norma considera financeiras, por isso ela também diz
a política de responsabilidade respeito aos riscos e às oportunidades
relacionados às operações.
47 PwC | ABBC
Partes interessadas
Riscos x Oportunidades
Mitigação de risco
Recompensa Melhorias de Qualidade na compra
Benefícios fiscais imagem e reputação de produtos e serviços
Seguradora Regulação/Mercado
Redução Abertura de
dos prêmios novos mercados
Perda de Perda de
cobertura mercado
49 PwC | ABBC
A visão de que sustentabilidade social Ainda em relação à dimensão Para a promoção da ecoeficiência nas
e ambiental faz parte do negócio de organizacional, um aspecto instalações da instituição financeira,
uma instituição financeira pode ser importante a ser considerado é necessária a implantação de um
uma abordagem nova para algumas na PRSA é a adoção de um sistema com indicadores, processos
entidades dessa área, principalmente sistema de uso mais eficiente dos e rotinas, a fim de que possa ser
porque a intermediação financeira, recursos, conceito conhecido auditado, monitorado e reportado
diretamente, não é um negócio de como “ecoeficiência”. A adoção de aos gestores responsáveis e às demais
grande impacto social e ambiental. práticas mais ecoeficientes em uma partes interessadas. No capítulo
O principal impacto do negócio instituição financeira pode parecer do plano de ação, serão descritos
das instituições financeiras sobre o irrelevante, já que apresenta baixo exemplos de boas práticas de
meio ambiente e sobre a sociedade impacto sobre o meio, por não ecoeficiência.
é indireto: ocorre por meio de seus participar do sistema produtivo,
clientes e/ou investidores que, em mas gera vários benefícios. Existem São várias as vantagens na adoção
muitos casos, fazem parte do setor sete elementos fundamentais para o de boas práticas de ecoeficiência nas
produtivo. alcance da ecoeficiência: instalações de instituições financeiras
– elas estão inter-relacionadas.
Embora as instituições financeiras não 1. Minimizar a intensidade do uso
façam parte do sistema produtivo, as de materiais
atividades internas também resultam 2. Minimizar a dispersão de
em impacto no meio ambiente. Por substâncias tóxicas
exemplo, também são emissoras de
3. Minimizar o uso de energia
gases de efeito estufa, contribuindo
e água
para o aquecimento global e para as
mudanças climáticas. Um programa 4. Fomentar a reciclagem e o reuso
de mitigação de emissões é bem- de materiais
vindo, por exemplo, com redução de 5. Optar pela utilização sustentável
viagens, estímulo à diminuição do de recursos renováveis
uso de veículo pelos colaboradores/ 6. Estender a durabilidade
funcionários e medidas dos produtos
compensatórias, como a compra de
7. Promover a educação das partes
créditos de carbono.
interessadas para um uso mais
racional dos recursos naturais
e energéticos
Guia de Responsabilidade Socioambiental 50
Engaja as partes
Garante interessadas Mitiga riscos
recursos naturais com questões à saúde
socioambientais
Melhora Reduz
qualidade de vida risco legal
51 PwC | ABBC
Outro aspecto importante a ser A implantação das ações Mudanças climáticas, crise de recursos
tratado na dimensão organizacional socioambientais no âmbito hídricos, exaustão de fertilidade dos
da política é o estabelecimento organizacional deve adotar os solos, acidez dos oceanos, poluição
de critérios socioambientais na princípios da relevância e da dos lençóis freáticos por excesso de
contratação de produtos e serviços proporcionalidade. Por exemplo, fertilizantes e agrotóxicos são alguns
junto aos fornecedores. A instituição para uma instituição com grande exemplos que geram impacto direto
deve ter procedimentos próprios, de número de agências, com uma sobre os negócios dos tomadores ou
modo a mitigar riscos e a incentivar as grande estrutura organizacional, emissores com os quais as instituições
boas práticas socioambientais entre as práticas de ecoeficiência têm fazem negócios.
seus fornecedores. Mais uma vez, as mais materialidade do que para
regras e os procedimentos devem ser uma instituição de porte menor e A crise ecológica, as pressões
sistematizados, para que possam ser que funciona com uma pequena da sociedade e os aspectos
monitorados e reportados. instalação. regulatórios criam um novo ambiente
institucional no qual as questões
Na dimensão organizacional, sem Além da organização, as instituições sociais e ambientais se tornam mais
dúvida, a principal parte interessada financeiras devem adotar práticas evidentes em um ritmo acelerado
são os colaboradores/funcionários. socioambientais em seus negócios, e cada vez mais relevante para as
Por isso, a PRSA deve estar integrada uma vez que, cada dia mais, questões instituições financeiras.
à política de recursos humanos sociais e ambientais estão se tornando
da instituição. Existem outras riscos e oportunidades para qualquer As instituições que, de maneira
recomendações de ações de RSA atividade econômica, especialmente alienada, conduzirem seus negócios
a serem adotadas na organização, para os intermediadores de recursos. ignorando as questões socioambientais
propostas de atividades para o estarão incorrendo em dois erros
relacionamento com as diversas partes A necessidade de incorporar aspectos fundamentais: primeiro, por aumentar
interessadas, que serão listadas no sociais e ambientais nos negócios das a exposição aos riscos decorrentes de
capítulo sobre o plano de ação. instituições financeiras tem se tornado danos sociais e ambientais e, segundo,
evidente, não apenas por força por perder oportunidades de negócio
regulatória, mas também pela crise geradas pelas mudanças nos rumos
ecológica vivenciada nos últimos anos. da economia.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 52
D. Estrutura de
governança
Conselho de
Administração
Comitê de
Responsabilidade
Socioambiental
Diretoria
Executiva
Fornecedores Produtos
Relações
Jurídico
investidores
Coordenador Controles
Marketing/
internos
Comunicação da PRSA Compliance
Investimentos/
Outros
Participações
Capítulo III
A Resolução nº 4.327/2014 traz uma Um aspecto importante em relação ao ambiental, medidas que podem ter
definição muito simples para o risco risco socioambiental é que ele permeia reflexo na situação econômico-
socioambiental: “a possibilidade de as demais modalidades de risco aos -financeira dos tomadores de crédito,
ocorrência de perdas decorrentes quais as instituições financeiras estão uma vez que comprometem sua
de danos socioambientais”. Sobre expostas. Ele pode potencializar o capacidade de pagamento. O que
essa definição, vale ressalvar que risco operacional, especialmente nas é risco financeiro para o tomador
as perdas podem ocorrer mesmo modalidades legal e reputacional, os de crédito torna-se também risco
antes de se efetivar o dano. A riscos de crédito e de mercado. para o financiador. Assim, o risco
possibilidade do dano já pode ambiental, ao afetar a saúde
provocar perdas. Exemplo disso O risco socioambiental pode provocar financeira do tomador de crédito,
ocorre com o risco de reputação. Se perdas para as instituições de forma consequentemente se torna risco
uma instituição financia projetos direta e indireta. Por exemplo, as para a instituição financeira.
com alto potencial de danos sociais instituições financeiras estão expostas
e ambientais, isso pode afetar sua indiretamente ao risco ambiental nas Por outro lado, alguns
reputação, mesmo antes de o dano operações de crédito porque, de forma problemas ambientais globais,
se efetivar. Esse é o motivo pelo qual global, a legislação ambiental, tanto independentemente da legislação
algumas instituições relutam em de países desenvolvidos quanto de de cada país, em especial os
financiar empreendimentos social e países em desenvolvimento, incorpora relacionados às mudanças climáticas,
ambientalmente muito arriscados. o Princípio do Poluidor Pagador. vêm se tornando relevantes para a
Isso obriga o poluidor à prevenção, economia, inclusive com potencial
reparação e repressão do dano para comprometer a capacidade de
Guia de Responsabilidade Socioambiental 58
pagamento dos tomadores de crédito Nesse contexto, a Securities and Assim, o impacto do risco
pertencentes a atividades econômicas Exchange Commission (SEC), em socioambiental sobre os preços de
diretamente afetadas, por exemplo, fevereiro de 2010, lançou um guia ações e/ou títulos em geral afeta os
a agropecuária e o setor de energia. oficial para orientar e esclarecer o resultados das instituições financeiras,
A escassez de água é outro problema que as empresas de capital aberto uma vez que podem refletir em perdas
que tem comprometido o retorno devem divulgar sobre questões ou ganhos por causa do efeito de
financeiro e se tornou risco potencial relacionadas ao clima. O propósito variação nos preços dos ativos que
e efetivo para muitos tomadores dessa iniciativa é fazer com que as compõem seus respectivos portfólios.
de crédito, bem como a perda empresas informem aos investidores Além disso, eles sofrem perda de
de biodiversidade e dos serviços sobre a materialidade das questões reputação em relação ao seu dever
ecossistêmicos. climáticas nas operações de fiduciário, quando fazem gestão de
negócios, incluindo as novas ativos de terceiros, como na gestão de
Em relação ao risco de mercado, políticas de gestão de emissões, fundos mútuos de investimento.
muitos estudos têm comprovado que os impactos físicos das mudanças
o mercado de capitais responde tanto climáticas ou oportunidades de Contudo, as instituições não estão
de forma positiva quanto negativa negócio associadas à crescente expostas ao risco socioambiental
ao desempenho socioambiental das economia de energia limpa. apenas indiretamente, como
empresas. A falta de informações nas operações de crédito e nos
para o mercado tornava pouco viável No Brasil, a evidenciação de investimentos em que o dano
a avaliação dos fornecedores de informações sobre as práticas socioambiental é provocado pelo
crédito e financiamento das empresas socioambientais, embora não tomador ou pelo emissor. Podem
quanto às questões socioambientais, obrigatória, tem tratamento por ocorrer situações em que a instituição
mas os investidores têm pressionado meio de orientações dos reguladores financeira venha a ser considerada
os órgãos reguladores do mercado sobre a divulgação – Pareceres de responsável pela reparação do
de capitais para obrigar as empresas Orientação nº 15/87, 17/89 e 19/90 dano ambiental. Nesse caso, o risco
a divulgar mais informações sobre da Comissão de Valores Mobiliários socioambiental configura-se como
riscos sociais e ambientais, em (CVM); Norma Brasileira de risco legal. Isso pode ocorrer na área
especial sobre o clima. Contabilidade Técnica NBC-T nº operacional da organização, por
15, aprovada pela Resolução nº exemplo, na disposição de resíduos, ou
1.003/2004 do Conselho Federal de mesmo como proprietário de imóvel
Contabilidade (CFC); e Norma de com dano ambiental recebido em
Procedimento de Auditoria nº 11 do garantia de uma operação financeira.
IBRACON – Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil.
59 PwC | ABBC
Etapa
1ª etapa – identificar os principais Existem três aspectos relevantes que evidenciam a necessidade de fazer a
negócios da instituição: gestão do risco socioambiental nas operações de crédito:
• Operações de crédito;
• Investimentos;
• Participações;
• Emissões;
• Fusões e aquisições;
1
Risco de default do
2
Redução do valor
3
Existência
tomador de crédito das garantias, de potencial
• Gestão/administração de ativos.
em decorrência especialmente responsabilização
de problemas garantias reais. do financiador pelo
2ª etapa – avaliar em que tipo de socioambientais. dano ambiental.
negócio a instituição está mais
exposta ao risco socioambiental e
qual é a sua relevância; decidir sobre
que tipo de negócio será realizada a
avaliação de risco.
Considerando que grande parte Em relação ao risco ambiental, em Para uma mesma atividade, além
das instituições financeiras está geral, o CONAMA e os Conselhos do impacto socioambiental, outros
exposta ao risco socioambiental Estaduais do Meio Ambiente aspectos importantes podem alterar
nas operações de crédito, a 3ª fornecem listas de atividades em que o nível de risco, por exemplo: porte
etapa é o mapeamento do risco na são exigidas as licenças ambientais da empresa, nível de produção,
carteira de crédito da instituição e a e, em muitas agências ambientais localização e meio no qual está
correspondente classificação do risco. estaduais, é possível verificar o nível inserida. Quanto melhor a estrutura
de risco. O grau de exigência da institucional – regras claras e
Essa é uma etapa importante agência e da legislação ambiental, transparência, agências ambientais
do processo de implantação do para conceder a licença prévia, estruturadas, disponibilidade de
sistema de gerenciamento do risco de instalação ou de operação de dados e informações –, menor o
socioambiental. Para isso, é necessário uma determinada atividade, está nível de risco.
que todas as operações estejam diretamente relacionado ao nível de
marcadas com o Código Nacional risco. Essa informação será útil para
de Atividades Econômicas (CNAE), a classificação do risco, que pode ser
para identificar o tipo de atividade categorizado em três níveis: alto,
do tomador de crédito. Pelo CNAE, médio e baixo.
é possível segregar as atividades
potencialmente mais arriscadas sob o
ponto de vista socioambiental.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 62
Para avaliar os riscos sociais, as fará avaliação do risco socioambiental Com as diversas informações do
informações não são bem organizadas dos clientes ou a partir das operações cliente, é possível chegar a um
para fazer uma seleção das atividades de crédito. Se a decisão for pela rating socioambiental:
socialmente mais arriscadas e para avaliação dos clientes, será necessário
decidir sobre a gestão ou não do risco obter informações logo no início do
social. Contudo, ainda é possível relacionamento com a instituição, ou
fazer seleções com alguns dados seja, no preenchimento dos dados
disponíveis, como uma busca das para o cadastro. O ideal é fazer a
Identificação
pessoas físicas e jurídicas punidas avaliação do risco cliente por grupo
administrativamente pelo Ministério econômico. O risco socioambiental de
do Trabalho e Emprego (MTE) por uma empresa pode expor todo
manter trabalhadores em condições o grupo.
análogas às de escravos.
Algumas informações e documentos
O MTE também fornece estatísticas podem ser obtidos diretamente com o
das atividades econômicas cliente: licença ambiental, certificação
identificadas pelo CNAE com maior socioambiental e preenchimento Avaliação
incidência de acidente de trabalho de questionários autodeclaratórios. Informações
e informações sobre regiões onde As instituições podem fazer buscas do cliente
ocorreu uso de mão de obra infantil, automatizadas dessas informações
outro risco social muito importante a pela internet, nas agências ambientais
ser considerado. estaduais e municipais; no Ministério
do Trabalho e Emprego; no Ministério
Desse modo, o CNAE contribui para Público do Trabalho; pesquisas
a identificação do risco cliente, nas mídias e até mesmo contratar
sendo possível segregar as atividades consultorias especializadas, que
Classificação
com maior potencial de risco fornecem relatórios consolidados
socioambiental. No passo seguinte, para toda a carteira, ou para Rating socioambiental
a instituição financeira, com base individualizados, além de parecer do cliente
nos princípios da relevância e da técnico com classificação de risco.
proporcionalidade, deverá decidir se
63 PwC | ABBC
A decisão de fazer avaliação e lavagem de dinheiro e de corrupção fazer a avaliação prévia do risco
classificação do risco socioambiental para a sociedade, não é difícil perceber socioambiental para todos os clientes
para os clientes depende da que, ao estabelecer sistemas de ou avaliar apenas os de maior
preparação ao risco de cada identificação, avaliação e controles risco. Por exemplo, após a seleção
instituição. Algumas instituições para tentar evitar esses crimes, pelo CNAE, fazer nova seleção/
podem decidir por fazer a avaliação e a instituição estará assumindo filtro agregando outros critérios:
a classificação do risco socioambiental uma postura ética e socialmente faturamento/porte da empresa,
apenas nas operações de crédito. responsável, além de reduzir os riscos localização etc. Muitas instituições
legal, de Compliance e de reputação. financeiras têm adotado o critério
Pode haver questionamentos sobre de faturamento/porte entre os
o fato de a PLD e a anticorrupção Ainda em relação à avaliação do CNAEs selecionados e decidem
fazerem parte de responsabilidade risco cliente, adotando os princípios fazer a avaliação socioambiental das
social. Contudo, ao se observar os de relevância e proporcionalidade, empresas com faturamento superior
impactos negativos do crime de as instituições podem decidir a um determinado valor.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 64
Risco da Modalidade
operação de crédito
Além do valor da operação, Desse modo, para a implantação A instituição financeira não deve
outro importante critério a ser de um sistema de gestão de risco negligenciar o monitoramento no
adotado para a tomada de decisão socioambiental nas operações de sistema de gerenciamento de risco
sobre se a operação entra ou crédito, pode-se utilizar uma matriz, socioambiental. No financiamento
não no gerenciamento de risco relacionando o risco socioambiental de projetos, as licenças ambientais
socioambiental é a modalidade da da atividade econômica (CNAE) com prévias, de instalação, de operação
operação. O risco ambiental também a modalidade de crédito. É desejável e outras licenças são concedidas
depende da modalidade da operação que as operações de crédito de com condicionantes para mitigação
de crédito, especialmente por causa modalidades com alto potencial de dos danos. Por isso é necessário
do risco legal. Nos financiamentos risco socioambiental – project finance, o monitoramento por parte das
de projetos, o dever de cuidado financiamento à infraestrutura, instituições financeiras pois, uma
do financiador com os aspectos plano empresário, Crédito Rural etc. vez estabelecidas as condicionantes
socioambientais deve ser bem – e de atividade econômica, social e o cliente não as cumprir, elas não
maior do que em uma operação de e ambientalmente arriscadas sejam podem continuar com a liberação
empréstimo, como capital de giro, ou incluídas no sistema de gestão de dos recursos, sob pena de serem
cheque especial. risco socioambiental. corresponsabilizadas pelo dano.
Nos financiamentos, os recursos As operações devem ser avaliadas, No caso da avaliação de risco cliente,
têm destinação certa e facilitam a classificadas e monitoradas por equipe é aconselhável que na renovação do
identificação do nexo de causalidade especializada. Existem situações em cadastro, seja verificada a regularidade
entre o dano ambiental e a liberação que é aconselhável contratar um socioambiental, atualizadas as
dos recursos. Isso expõe o financiador consultor externo para avaliação, informações tanto por meio dos
ao risco legal como poluidor indireto, classificação e monitoramento, questionários auto declaratórios como
podendo ser corresponsável pelo dano quando o risco é muito alto, por pelos laudos de visitas e outras fontes
ambiental e sofrer perdas financeiras exemplo, contratação de de informações.
que podem ultrapassar muito os due diligence. Exemplos: (i) nos
valores financiados. Nessa situação, grandes projetos de infraestrutura; Outra forma de avaliar o cliente e de
há exposição ao risco de crédito – não e (ii) quando a quantidade desse orientar a análise de risco ambiental é
receber os recursos disponibilizados – tipo de operação na carteira é com base na lista do IBAMA – Anexo I:
e ao risco legal, ou seja, ser obrigado a muito pequena e ocorre com baixa Tabela de Atividades Potencialmente
reparar os danos causados. frequência, manter equipe ou analista Poluidoras e Utilizadoras de Recursos
especializado é mais oneroso. Ambientais, desenvolvida por órgão
ambiental de abrangência nacional e
de grande confiabilidade.5
Capítulo VI
Capacitação
Mudanças regulatórias podem ser No entanto, para que ela seja A capacitação é um elemento
um passo importante para inovações. efetiva e possibilite transformações fundamental para que a PRSA seja
A Resolução nº 4.327/2014 é um positivas para o negócio, é colocada em prática e executada
exemplo claro disso. As questões fundamental que todos os de maneira correta, conforme
socioambientais ganham cada colaboradores das instituições orientações da resolução. Sem
vez mais relevância em governos financeiras estejam não apenas ela, podem ocorrer deficiências no
e organizações do mundo todo, cientes de seu conteúdo, mas sistema de monitoramento de riscos
ocasionando riscos e oportunidades. também sensibilizados em relação socioambientais, como a execução
É evidente que, em pouco tempo, ao seu real significado. Afinal, incompleta de análises e o não
será impossível não levar em conta estamos falando do coração cumprimento de procedimentos de
a sustentabilidade socioambiental estratégico de uma instituição arquivo de documentos.
na estratégia e na avaliação de um financeira: riscos e oportunidades.
negócio. Desta forma, a resolução Trata-se de uma resolução que traz Foi neste sentido que a ABBC
antecipou inovações inevitáveis para impactos para áreas fundamentais, Educacional, em parceria com a
o Sistema Financeiro como um todo. como Crédito, Comercial, Jurídico, professora Maria de Fátima Tosini,
Compliance, entre outras. lançou o curso virtual “Introdução à
Responsabilidade Socioambiental no
Sistema Financeiro”6. Trata-se de um
e-learning de curta duração, elaborado
de modo a atingir colaboradores
de todas as áreas e níveis. São O curso “Capacitação em Esses e outros cursos podem ser
animações, divididas em vídeo- Responsabilidade Socioambiental oferecidos em turmas abertas na sede
-aulas de cerca de cinco minutos com Foco na Resolução da ABBC, na Avenida Paulista, em
cada uma. O conteúdo e o formato nº 4.327/2014 do CMN” tem como São Paulo, in company ou a distância,
foram didaticamente elaborados objetivos auxiliar as instituições para todo o Brasil. É característica
para manter a motivação do financeiras na elaboração de do Educacional trabalhar com a
aluno e facilitar a absorção das sua política e proporcionar uma flexibilidade e a adaptação necessárias
informações. Apesar de curto, o compreensão geral sobre como as para cada instituição. O programa e o
curso aborda o contexto e propicia questões sociais e ambientais são formato dos cursos presenciais e virtuais
conhecimentos indispensáveis inseridas nos negócios das empresas podem ser elaborados em conjunto,
para o quadro funcional de uma e das instituições do setor financeiro. sendo completamente customizados.
instituição financeira.
Já o curso “Regulação Criada em 1999, a ABBC Educacional
Além do ensino a distância, a Socioambiental no Sistema atua há 15 anos na formação e na
ABBC Educacional também oferece Financeiro” visa a proporcionar aos capacitação de agentes do mercado
cursos presenciais voltados aos participantes uma compreensão financeiro, com a responsabilidade
que trabalharão diretamente com geral sobre a regulação pelo treinamento de mais de 20 mil
a norma, aqueles que participarão socioambiental no Sistema profissionais. A instituição tem como
da elaboração da política e aqueles Financeiro Nacional, a partir do foco transmitir conhecimentos e
de áreas diretamente impactadas, quadro normativo aplicável. desenvolver competências com base em
como Crédito, Compliance e Riscos. situações reais de trabalho, para que
profissionais operem com qualidade nas
diversas atividades do sistema financeiro,
em um mercado cada vez mais exigente
de qualificação.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 70
Capítulo V
Plano de ação
Nesse caso, a execução do plano de O plano, com base nessas a. as datas para início e término
ação também pode e deve servir premissas, deve conter o das ações;
como um processo de aprendizado planejamento das ações necessárias b. o responsável e as áreas
de práticas socioambientais na para que os compromissos e as responsáveis pela execução
organização e nos negócios, diretrizes assumidos na PRSA e gestão;
como gerenciamento de riscos sejam executados, cumpridos,
socioambientais, mapeamento e acompanhados e aperfeiçoados. Isso c. os recursos necessários para
engajamento das partes interessadas e será obtido por meio da definição a execução;
outros aspectos relacionados à PRSA. de metas, do estabelecimento d. as metas ou os resultados
de rotinas e procedimentos, intermediários a serem
Não obstante exista uma vasta sem perder de vista a escala de atingidos no fim de cada
literatura nos manuais de prioridades e o cronograma para programa instituído;
administração tratando da cada uma das ações.
e. os indicadores que servirão
elaboração de planos de ação, no
para acompanhamento do
caso das instituições financeiras, essa Nesse sentido, em princípio, um
grau de execução;
ferramenta apresenta característica plano de ação deve observar uma
peculiar que facilita, de certa sequência lógica para execução das f. os mecanismos de
forma, sua constituição: o caráter determinações, contendo, para cada monitoramento; e
exclusivamente executivo. Isso porque atividade, no mínimo: g. os processos de contínuo
as primeiras etapas da criação desse aperfeiçoamento.
plano de ação já foram cumpridas
com a própria implantação da PRSA.
Guia de Responsabilidade Socioambiental 72
Estratégico/Institucional
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Declaração ou compromisso formal da
instituição e de sua diretoria e/ou conselho
Revisão do Estatuto
Estabelecimento de regras
de conduta
Guia de Responsabilidade Socioambiental 74
Governança
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Definição de orçamento
Definição de alçadas
Definição de áreas
específicas responsáveis
Definição de
Diretor-responsável
Definição de estrutura
funcional/administrativa
Contratação de pessoal
75 PwC | ABBC
Operacional
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Desenvolvimento/aquisição da estrutura
tecnológica
Desenvolvimento de
banco de dados
Produtos e serviços
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Avaliar produtos e serviços disponíveis
Legal
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Revisão dos contratos de concessão
de crédito
Desenvolvimento de estratégia
de marketing
Gerenciamento de risco
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Mapeamento do risco socioambiental
Verificação de processos
de provisionamento
Treinamento/Capacitação
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Desenvolver projeto de treinamento
Compliance
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Desenvolver mecanismos de
monitoramento e controle
Desenvolver mecanismos de
acompanhamento da PRSA
Divulgação
Áreas/ Prazo para Documentos Relação com Status Observações Prioridade
departamentos implantação relacionados a PRSA
envolvidos
Data Data
inicial final
Divulgar a PRSA
Capítulo VI
Conclusão
Elaboração
ABBC e PwC Brasil
Coordenação
Sergio Odilon dos Anjos
Maria de Fátima Tosini
Supervisão
Carlos Eduardo Sampaio Lofrano
Diretor Executivo
Ponceano Vivas
Diretor Institucional
Fotos
Arquivo PwC Brasil
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Serviços Profissionais Ltda., a qual é uma firma membro do network da PricewaterhouseCoopers, sendo que cada firma membro constitui-se em uma pessoa
jurídica totalmente separada e independente.
O termo “PwC” refere-se à rede (network) de firmas membro da PricewaterhouseCoopers International Limited (PwCIL) ou, conforme o contexto determina, a
cada uma das firmas membro participantes da rede da PwC. Cada firma membro da rede constitui uma pessoa jurídica separada e independente e que não
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ou da PwCIL, nem pode obrigá-las de qualquer forma.