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Meio desconcertados com a torpeza das cenas, pensamos que possam ser casos
isolados e chegamos a exclamar: isso sempre aconteceu, mas agora, com as redes
sociais e uma câmera nas mãos de cada um, somos bombardeados com acontecimento
esporádicos que passam como sendo a tônica do social! Nem bem assentamos o
pensamento e uma nova saraivada, agora de racismo, invade os telejornais e,
obviamente, nossas redes sociais, grupos de WhatsApp e um sem número de mídias que
nos bombardeiam cotidianamente com notícias dos quatro cantos da terra. Mas o que
está acontecendo com a cordialidade, marca do brasileiro? Que voltas deu a redonda
Terra para nos encontrarmos à beira deste precipício?
Mas vamos lá. Voltemos um pouco no tempo para tentar rascunhar nossa
tragédia. Na década de 1980, mais precisamente em 1983/84, fomos às ruas pedir o fim
da Ditadura Militar que já durava nesta altura quase 20 anos, a pressão das ruas foi
grande, envolvendo amplos setores da sociedade, parafraseando Aldir Blanc e João
Bosco, juntou malandro com trabalhador. O movimento Diretas Já, ainda que tenha sido
frustrado, a história a maioria sabe, desembocou no fim do Regime e em uma nova
Carta Constituinte (1988), alcunhada de a Constituição Cidadã, ainda que desagradasse,
tanto patrões quanto empregados.
Nas décadas que se seguiram, controlamos a inflação com o Plano Real (1994) e
começamos a deixar para trás a pobreza, com o Bolsa Família (2003) e outras políticas
redistributivas. Paralelamente, ainda que de forma tímida, avançávamos em políticas de
reconhecimento de direitos, como a Lei Maria da Penha, que tipificava a violência
contra a mulher e a possibilidade de adoção do nome social para pessoas GLBTQ+, o
racismo, este já era crime desde 1989.