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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

WALTERLÂNIA SILVA SANTOS

O GRUPO NA ATENÇÃO À SAÚDE PARA PESSOAS COM O


VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA:
UMA ANÁLISE À LUZ DE BOURDIEU

Goiânia
2012
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E
DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a
disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG),
sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme
permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação
da produção científica brasileira, a partir desta data.
1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ X ] Tese

2. Identificação da Tese
Autor (a): Walterlânia Silva Santos
E-mail: walterlaniasantos@gmail.com
Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ X ]Sim [ ] Não
Vínculo empregatício do autor Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão
Agência de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás Sigla: FAPEG
País: Brasil UF:GO CNPJ:
Título: O GRUPO NA ATENÇÃO À SAÚDE PARA PESSOAS COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA ADQUIRIDA: UMA ANÁLISE À LUZ DE BOURDIEU
Palavras-chave: Prática de Grupo. HIV. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Pesquisa Qualitativa
Atenção à Saúde. Processos grupais.
Título em outra língua: GROUP ON HEALTH CARE FOR PEOPLE WITH THE VIRUS OF ACQUIRED
IMMUNE DEFICIENCY HUMAN: AN ANALYSIS OF THE LIGHT BOURDIEU

Palavras-chave em outra língua: Group Practice. HIV. Acquired Immunodeficiency Syndrome.


Qualitative Research. Health Care. Group Processes

Área de concentração: Dinâmica do Processo Saúde-Doença


Data defesa: (dd/mm/aaaa) 14/12/2012
Programa de Pós-Graduação: Ciências da Saúde
Orientador (a): Dr. Marcelo Medeiros
E-mail: marcelofen@gmail.com
Co-orientador (a): Drª Roselma Lucchese
E-mail: roselmalucchese@hotmail.com

3. Informações de acesso ao documento:


1
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________________________________________ Data: ____ / ____ / _____


Assinatura do (a) autor (a)

1
Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão
deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão
sempre disponibilizados.
WALTERLÂNIA SILVA SANTOS

O GRUPO NA ATENÇÃO À SAÚDE PARA PESSOAS COM O


VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA:
UMA ANÁLISE À LUZ DE BOURDIEU

Tese de Doutorado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do
Título de Doutora em Ciências da
Saúde.

Orientador: Dr. Marcelo Medeiros


Co-orientadora: Drª Roselma Lucchese

Goiânia
2012

ii
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Santos, Walterlânia Silva.


S237g O grupo na atenção à saúde para pessoas com o vírus da
imunodeficiência humana adquirida [manuscrito]: uma
análise à luz de Bourdieu / Walterlânia Silva Santos. - 2012.
162 f.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Medeiros; Co-orientadora:


Profª Dra. Roselma Lucchese.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás,
Faculdade de Medicina, 2012.
Bibliografia.
Inclui lista de siglas.
Anexos.
Apêndices.

1. Processos grupais. 2. Síndrome da imunodeficiência


adquirida. 3. Estrutura de grupo. 4. HIV. 5. Pesquisa
qualitativa. 6. Prática de grupo. 7. Enfermagem. I. Título.

CDU: 614.4:616-083
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA TESE DE DOUTORADO

Aluno(a): Walterlânia Silva Santos

Orientador(a): Dr. Marcelo Medeiros


Co-Orientador(a): Drª Roselma Lucchese

Membros:
1. Dr. Marcelo Medeiros

2. Drª Toyoko Saeki

3. Drª Denize Bouttelet Munari

4. Drª. Lizete Malagoni de Almeida Cavalcante Oliveira

5.Drª Ana Lucia Queiroz Bezerra

OU

6. Drª Maria Márcia Bachion

7. Drª Daniela Tavares Gontijo

Data: 14/12/2012

iv
Dedico esta investigação às pessoas com HIV/aids, especialmente, aos
participantes desta pesquisa, que por meio da troca de experiência se
apropriam de modo de viver diferenciado, possibilitanto-nos refletir
sobre nossa existência.

v
AGRADECIMENTOS

A Deus

A Jesus

Ao orientador, Dr. Marcelo Medeiros

À coorientadora, Roselma Lucchese

À Denize Bouttelet Munari

À minha família

Aos meus amigos e minhas amigas (visíveis e invisíveis)

À banca de qualificação (DrªAna Lúcia Queiroz Bezerra, Drª Denize Bouttelet


Munari, Drª Márcia Maria de Souza)

Aos acadêmicos e acadêmicas de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás –


Campus Catalão

À Casa de Apoio do Doente de Aids (C.A.D.A/GO)

Ao Núcleo de Estudos de Pesquisa Qualitativa (NEQUASE)

Ao programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e à Valdecina Quirino

Ao Departamento de Enfermagem Campus Catalão da Universidade Federal de


Goiás (Enfermagem/CAC/UFG) e aos docentes que o constitui

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Goiás (FAPEG)

Enfim, a TODOS que contribuíram na constituição desta Tese, e principalmente, do


processo de crescimento pessoal e profissional. Esse aprendizado se reflete na minha
história, experiência encantadora e indescritível. Por isso, MUITO OBRIGADA!

vi
“quando estamos aprendendo,

necessariamente – embora não de maneira

inteiramente consciente – estamos

abandonando outras formas de ver o

mundo ou a realidade, ou qualquer coisa

que seja vivida como perda, e isso fornece a

direção do nosso trabalho”.

(PICHON-RIVIÈRE, 2009, p. 277)

vii
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 11

1. CAPÍTULO I 14

1.1. OBJETIVOS 34

2. CAPÍTULO II 35

2.1. Interface grupo e HIV/aids 35

2.2. Conceitos de Bourdieu: habitus e campo 53

2.3. Pressupostos do estudo 62

3. PERCURSO METODOLÓGICO 64

3.1. Tipo de Estudo 64

3.2. Campo de Estudo 66

3.2.1. Aproximação ao campo de estudo 67

3.3. Participantes da Pesquisa 68

3.4. Trabalho de Campo 69

3.5. Organização e Análise de Dados 71

3.6. Preceitos Éticos 72

3.6.1. Acompanhamentos dos agentes sociais da Pesquisa 72

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 74

4.1. Artigo 1 76

4.2. Artigo 2 84

4.3 Artigo 3 96

4.4. Artigo 4 113

CONSIDERAÇÕES FINAIS 129

REFERÊNCIAS 133

ANEXOS 152

APÊNDICES 165

Anexos viii
ANEXOS e APÊNDICES

Anexo A Critérios para definição do caso de aids no Brasil

Anexo B Parecer do Comitê de Ética

Anexo C Normas de publicação dos respectivos periódicos

Apêndice A Descrição dos encontros grupais

Apêndice B Tarefa explícita e tarefa implícita dos encontros grupais

Apêndice C Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Anexos ix
LISTA DE SIGLAS

aids Acquired Immunodeficiency Syndrome

ARV Antirretrovirais

AZT Zidovudina

CDC Centers for Disease Control and Prevention

DST Doença Sexualmente Transmissível

GO Grupo Operativo

HIV Human Immunodeficiency Virus

MS Ministério da Saúde

ONG Organização Não-Governamental

OSC Organização da Sociedade Civil

PVHA Pessoas Vivendo com HIV/aids

QV Qualidade de Vida

SAE Serviço de Assistência Especializada

TARV Terapia Antirretroviral

UNAIDS Joint United Nations Programme on HIV/aids

WHO World Health Organization

Siglas x
RESUMO

INTRODUÇÃO: As práticas grupais são utilizadas como estratégia da


educação em saúde e indicadas para atendimento de pessoas vivendo com
HIV/aids (PVHA). Dentre os fundamentos teóricos, temos a perspectiva de
Pichón-Rivière, designado de grupo operativo (GO). Além disso, a interação
social permite a análise de conceitos Bourdieu. Estes aspectos são
relevantes para planejar e desenvolver a atenção à saúde dessas pessoas.
OBJETIVO: Investigar o grupo como modalidade de atenção à saúde para
pessoas com o vírus da imunodeficiência humana adquirida à luz de
Bourdieu. METODOLOGIA: Estudo descritivo de abordagem qualitativa, em
uma Organização da Sociedade Civil para atender PVHA, por meio de dez
encontros de GO, semanais, com duração, em média, de 1h30min,
realizados de agosto a novembro de 2010, com 14 participantes com
frequência variável. Os participantes apontaram os temas relacionados à
vida com o diagnóstico de HIV/aids para os demais encontros, assim como
esclarecemos o funcionamento do grupo. Os GO foram gravados e
transcritos, e o material analisado por meio da técnica de análise de
conteúdo à luz de conceitos de Bourdieu. A pesquisa foi desenvolvida após
a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e
Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, sob o
protocolo Nº 029/2009. RESULTADOS: Desse processo de análise do
conjunto de dados foram construídos quatro artigos para publicação em
periódicos reconhecidos no campo da Saúde. Artigo 1 (Intervenções grupais
no atendimento das necessidades da pessoa com HIV/AIDS: revisão
integrativa) constatou-se a situação de publicações internacionais sobre
atividades grupais com PVHA, com evidência de assertividade da tecnologia
de grupo para atendimento de PVHA. O artigo 2 (Ferramenta para registro
de grupo de pessoas com HIV/AIDS: relato de experiência) descreve a
elaboração de um instrumento de registro dos acontecimentos no grupo,
uma vez que não identificamos essa ferramenta para grupos genéricos. O
artigo 3 (A vida da pessoa pós-HIV/AIDS: habitus e campo à luz de
Bourdieu) diz respeito à análise do conteúdo das falas das sessões grupais
e nos auxiliou a conhecer a força do grupo formado para a coleta de dados,
que é a experiência de viver com HIV/AIDS. A construção da experiência
advém de fontes de saberes diferenciados: de suas próprias vivências, das
de outra PVHA e de pessoa que não têm infecção/doença, ou seja, daqueles
que convivem com HIV/AIDS. O artigo 4 (Avaliação de grupo operativo para
pessoas que vivem com HIV/AIDS) consta a análise horizontal das crônicas
das sessões grupais, idenficando que o grupo operou mudanças na vida dos
participantes e funcionou como espaço para acolhimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: O atendimento grupal é prática eficiente para
atender necessidades da PVHA, uma vez que o grupo operou mudanças na
vida dos participantes, por meio do aprendizado de viver com HIV/aids. Oe
os profissionais de saúde precisam valorizar a composição do conhecimento
das PVHA que guiam suas práticas de saúde.
Descritores: Processos grupais. Síndrome da Imunodeficiência adquirida.
Estrutura de grupo. HIV. Pesquisa Qualitativa. Prática de Grupo. Enfermagem

Resumo xi
ABSTRACT

INTRODUCTION: The group practices are used as a strategy of health


education and care given to people living with HIV / AIDS (PLWHA). Among
the theoretical foundations, we have the prospect of Pichón-Rivière,
designated operational group (OG). Moreover, the social interaction permits
analysis of concepts Bourdieu. These aspects are relevant for planning and
developing the health care of these people. OBJECTIVE: To investigate the
group as a form of health care for persons with human immunodeficiency
virus in light of Bourdieu. METHODOLOGY: A descriptive qualitative
approach in a Civil Society Organization to meet PLWHA through ten
meetings GO, weekly, lasting, on average, 1h30min, conducted from August
to November 2010, with 14 participants frequently variable. Participants
pointed out issues related to living with a diagnosis of HIV / AIDS to other
meetings, as well as clarify the operation of the group. The GO were
recorded and transcribed, and analyzed material using the technique of
content analysis to concepts of Bourdieu. The survey was developed after
the study was approved by the Ethics in Medical Research Human and
Animal Hospital of the Federal University of Goiás, under protocol No.
029/2009. RESULTS: In this process of analysis of the data set were built
four articles for publication in journals recognized in the field of Health Article
1 (Intervention group in meeting the needs of people with HIV / AIDS: an
integrative review) revealed the situation of publications international group
activities with PLWHA, with evidence of assertiveness of group technology to
care for PLWHA. Article 2 (Tool to record group of people with HIV / AIDS:
experience report) describes the development of an instrument to record the
events in the group, since no such tool to identify generic groups. Article 3 (A
person's life pós-HIV/AIDS: habitus and field in light of Bourdieu) relates to
the content analysis of the speeches of the group sessions and helped us to
know the strength of the group formed to collect data, which is the
experience of living with HIV / AIDS. The construction of the experience
comes from different sources of knowledge: of their experiences of PLWHA
and another person who did not have infection / disease, or those who live
with HIV / AIDS. Article 4 (Assessment of operative group for people living
with HIV / AIDS) contained a horizontal analysis of the chronicles of the
group sessions, the group operated idenficando changes in participants' lives
and functioned as a space to host. CONCLUSION: The care group practice
is efficient to meet the needs of PLHIV, since the group operated changes in
participants' lives, through learning to live with HIV / AIDS. Oe health
professionals need to enhance the knowledge of the composition of PLHIV
who guide their health practices.

Descriptors: Group Processes. Acquired Immunodeficiency Syndrome.


Group Structure. HIV. Qualitative Research. Group Practice. Enfermagem
11

APRESENTAÇÃO

O estudo dos grupos para pessoa vivendo com HIV/aids1 (PVHA) surgiu

durante a pesquisa para composição de minha dissertação de Mestrado, quando

coordenei um grupo de mulheres vivendo/convivendo com HIV/aids. Naquele

momento, o objeto de estudo consistiu dos significados da gravidez/maternidade

para mulheres após a descoberta da infecção/doença. Nas reuniões, algumas

mulheres preferiram atividades que não lembravam o HIV/aids (por exemplo, o

artesanato) e outras almejavam informações para se cuidarem melhor. Contudo, os

acontecimentos grupais despertaram-me o interesse em investigar o que

impulsionava aquelas mulheres a frequentar o grupo e quais os significados do

grupo em suas vidas. Essas vivências com o grupo foram as que mais me

sensibilizaram a buscar respostas às questões iniciais para o doutorado.

Aspectos observados no referido grupo foram sintetizados em uma

publicação (SANTOS; MUNARI; MEDEIROS, 2009), cujo objetivo foi relatar a

experiência de troca de vivências entre mulheres vivendo e convivendo com

HIV/aids, em que mulheres que convivem, diz respeito às que não têm o

diagnóstico, mas cuidam de PVHA. O resultado dessa reflexão serviu principalmente

para aproximar as exposições de (in)compreensões da cuidadora em relação à

PVHA, e dessas sobre as cuidadoras, promovendo escuta terapêutica no ambiente.

Para a entrada naquele campo, busquei por formação em Coordenação de

Grupo (Treinamento Básico em Dinâmica de Grupo) da Sociedade Brasileira de

1
A palavra ‘aids’ passou a ser, do ponto de vista gramatical, equivalente à ‘sífilis’, ‘coqueluche’, ‘conjuntivite', nomes de
doenças são substantivos comuns, grafados com inicial minúscula, pois seguiu o mesmo processo de evolução linguística, por
exemplo, da palavra ‘laser’ (sigla de light amplification by stimulated emition of radiation).
12

Psicoterapia, Dinâmica de Grupo e Psicodrama – SOBRAP®/Regional Goiás, assim

como disciplinas de pós-graduação, ainda no mestrado, sobre essa temática.

Durante as atividades do doutorado, a participação na disciplina “Análise crítica da

utilização de grupo operativo no contexto da atenção à saúde” foi o momento em

que me aproximei das ideias de Pichon-Rivière, o qual propõe para essa forma de

trabalho, algumas particularidades, dentre essas, o foco na aprendizagem.

A partir de então, outras questões surgiram, tais como, quais os tipos de

grupo são organizados para indivíduos soropositivos nas publicações brasileiras? Na

busca por alguma resposta, foram identificados grupos de apoio (RASERA; JAPUR,

2003; GALVÃO et al, 2011, SOUZA; VIETTA, 2004), mas também uma importante

lacuna no conhecimento sobre o grupo operativo (GO) para pessoas com HIV/aids.

Além disso, o estudo do GO me mobilizou a desenvolver um grupo para pessoas

com HIV/aids que favorecesse o (re)aprendizado de (con)viver com esse

diagnóstico. Neste processo, houve a colaboração do grupo de pesquisadores do

Núcleo de Estudos Qualitativos em Saúde e em Enfermagem (NEQUASE) da

Faculdade de Enfermagem (FEN) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Finalizado este processo, o estudo foi redigido de acordo com o que segue:

No Capítulo I delineamos os propósitos da investigação, norteados pelo

problema do HIV/aids ao longo das últimas três décadas, com dados

epidemiológicos, ações de controle da epidemia, pesquisas que indicam as

dificuldades e facilidades do indivíduo com HIV/aids.

No Capítulo II explicitamos a nossa base teórica sustentada em Pichon-

Rivière e Bourdieu portanto, com foco em alinhar o conhecimento considerando a

interface dessas três áreas, pessoas com HIV/aids, grupo e conceitos de

habitus/campo sob a perspectiva de Bourdieu.


13

A metodologia deste estudo compõe o Capítulo III, com os aspectos

característicos (referencial teórico-metodológico, campo de estudo, trabalho de

campo, preceitos éticos nesta pesquisa).

No Capítulo IV apresentamos os nossos resultados e discussões em formato

de quatro artigos. Em cada um, incluímos a descrição dos respectivos métodos.

O tópico seguinte consta das nossas Considerações Finais sobre o alcance

ou não do que pretendíamos e sugestão de investigações futuras.

Assim, a composição desta Tese proporcionou aprendizado por meio de

crescimento pessoal e profissional para perceber possibilidade de abordagem da

PVHA, assim como do modo que se estrutura para enfrentamento do diagnóstico, e

impulsionando para reflexões sobre o fenômeno em questão.


14

1. CAPÍTULO I: DELINEANDO O TEMA, O PROBLEMA E O


OBJETO DE ESTUDO

Ao longo do tempo, a identificação casos de doenças emergentes (não

conhecidas) ou de reemergentes desafiaram o ser humano a uma explicação

coerente sobre causalidade, tratamento e cura (CDC, 1994).

No início da década de 1980, uma doença emergente aparentemente fatal,

com declínio súbito do bem estar e alteração da imagem corporal, despertou a

atenção de pesquisadores (COFFIN et al, 1986). Em 1983, o grupo americano de

Robert Gallo e do francês Luc Montagnier disputaram a descoberta do agente

causador dessa enfermidade, designando human T-cell lymphotropic virus type III

(HTLV-III) e lymphadenopathy-associated virus (LAV), respectivamente (WONG-

STAAL, 1985; GLUCKMAN, 1993), posteriormente denominado pelo Centers for

Disease Control and Prevention (CDC) de Human Immunodeficiency Virus (HIV)

(COFFIN et al, 1986).

A infecção pelo HIV se divide em estágios, desde a fase aguda até a

avançada, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (do inglês tem-se a sigla aids)

caracterizada em 1982 pela CDC (BRASIL, 2010; CDC, 1987).

Para a definição do caso de aids no Brasil tivemos diferentes protocolos (CDC

modificado -1987, Critério Rio de Janeiro/Caracas -1992, Critério Excepcional CDC-

1992, Critério Excepcional ARC + óbito - 1996), sendo que o protocolo vigente para

pessoas com treze anos e mais de idade começou a vigorar em 2004 – Critério CDC

adaptado (Anexo A) – com o intuito de simplificar tais critérios (BRASIL, 2004,

2008a). No referido protocolo estabelece as condições para que um caso seja


15

notificado como aids; portanto, pessoas infectadas com o vírus, mas que não

preenchem os requisitos, sem manifestações clínicas da doença, não são

notificadas, apesar de também apresentarem demandas de atenção à saúde

(PEREIRA; NICHIATA, 2011).

Segundo estimativa do Joint United Nations Programme on HIV/aids –

Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS), até 2010 havia 34

milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo, o que significou um aumento de

17% em relação a 2001 e 1,8 milhões de mortes relacionadas à aids (UNAIDS,

2011). Tal instituição tem representantes de 22 governos de todas as regiões

geográficas, além de pessoas pertencentes a Organizações da Sociedade Civil

(OSC).

O Brasil conta com aproximadamente um terço das pessoas com HIV da

América Latina e Central (UNAIDS, 2010), números que alertam sobre esse

problema emergente de saúde. Até junho de 2011, foram notificados 608.230 casos

de aids no Brasil; destes, 12.588 em Goiás, o estado que se destaca por maior

número de casos da doença da região Centro-Oeste (BRASIL, 2012a).

Nos anos 1980, a doença foi identificada em indivíduos de grupos específicos

de risco (homossexuais, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo),

geralmente do sexo masculino, e por isso se considerou, inicialmente, que somente

esses indivíduos poderiam se infectar com o vírus. Essa relação estimulou

comportamentos de segregação/discriminação de tais indivíduos, ao mesmo tempo

em que outras pessoas não portadoras do vírus não se apropriaram de práticas

sexuais seguras (BRASIL, 2008a, 2008b).

A discriminação, segundo Mann (1987), diz respeito à terceira epidemia, em

que identificamos as respostas sociais adversas a partir do HIV/aids, marcada pelo


16

preconceito, discriminação e negação, sendo que a primeira epidemia relacionada

ao HIV significa a disseminação do vírus. A segunda constitui a epidemia da aids em

que houve manifestações de sinais e sintomas que caracterizam a doença (MANN,

1987).

No final da década de 1990, considerando os indivíduos que não aderiram às

práticas de proteção de contaminação do vírus, o perfil epidemiológico da aids no

Brasil abrangeu pessoas com práticas heterossexuais (heterossexualização), jovens

(juvenização) com baixo poder econômico (pauperização) e de cidades do interior

(interiorização) (BRITO; CASTILHO; SZWARCWALD, 2000).

Para se ter uma ideia, em números, do impacto do comportamento sexual dos

brasileiros, dentre os heterossexuais, houve aumento de quase 10 vezes na

proporção de casos de aids entre homens e mulheres de 1985 (26,7:1) a 1995

(2,7:1), definindo a “feminização” da aids. Em 2010, a razão de casos

homem:mulher foi de 1,8:1, significando que para aproximadamente dois homens

com aids houve um caso notificado da doença na mulher (BRASIL, 2007a, 2012a).

Portanto, o perfil epidemiológico indicou que a doença não estava relacionada

às pessoas pertencentes a determinadas condições (grupos de risco), mas sim, às

que apresentassem comportamento suscetível, principalmente, as pessoas com vida

sexual não segura, sendo essa a principal via de transmissão do vírus (BRASIL,

2012a).

Nesse contexto, Ayres et al (2003) consideraram que a vulnerabilidade ao

HIV/aids está relacionada à chance de infecção pelo vírus com a situação de

exposição ao mesmo (relação sexual, transfusão de sangue e hemoderivados, uso

de drogas injetáveis, acidente ocupacional, transmissão vertical), bem como aos

aspectos individuais (comportamentais), coletivos (programáticos/institucionais) e


17

sociais (meio em que o indivíduo está inserido) que podem ser de caráter

permanente ou circunstancial.

Essa mudança de grupos de risco para pessoas vulneráveis repercutiu também

nas Políticas Públicas, pois à medida que a epidemia se disseminou, observou-se

que as ações governamentais no sentido de controle da doença e de cuidado às

pessoas com HIV/aids não foram e fetivas (BRASIL, 1997; GRANGEIRO; SILVA;

TEIXEIRA, 2009).

Os representantes das ONG/aids se mobilizaram desde 1992, no sentido de

exigir respostas governamentais à epidemia, inicialmente com protestos nas ruas e,

posteriormente, por meio de documentos direcionados aos órgãos responsáveis,

articulando ações de corresponsáveis nas medidas deliberadas pelo governo, por

meio de participações em conselhos, fóruns e grupos de trabalho (BRASIL, 1997).

Essa peculiaridade influenciou para que o programa brasileiro de DST/aids fosse

considerado um dos melhores do mundo e exemplo para a organização das políticas

voltadas para HIV/aids de outros países, demonstrando a necessidade de

articulação com as dimensões sociais (GRANGEIRO; SILVA; TEIXEIRA, 2009).

Considerando que além disso, o tema HIV/aids constitui a Agenda Nacional

de Prioridades de Pesquisa em Saúde (BRASIL, 2008c), este estudo visa a

contribuir no que diz respeito aos estudos sociais em Doença Sexualmente

Transmissíveis (DST) com ênfase em HIV/aids da referida agenda, uma vez que tem

como proposta discutir os significados de grupo como estratégia de atendimento

para pessoas com HIV/aids.

As políticas de tratamento da PVHA que incluem a terapia antirretroviral

(TARV) nortearam os serviços de atenção à saúde dessas pessoas (BRASIL, 2008a,

2008b, 2008c).
18

Assim, para concretizar as ações direcionadas para as PVHA existe a

assistência hospitalar, ambulatorial, OSC, dentre outros (BRASIL, 2008c). Porém,

independente do local, a forma acolhedora com que se incentiva a pessoa a adesão

à TARV e ao autocuidado são os fatores fundamentais para a eficiência de serviços.

O atendimento em grupo é espaço para se estabelecer vínculo e favorecer o

acolhimento (OLIVEIRA et al, 2010).

Oliveira et al (2005) destacaram aspectos positivos desde o ambiente físico

do serviço de assistência especializada (SAE) ao agendamento escalonado para

diminuir o tempo de espera pelas consultas. Mas, Borges, Sampaio e Gurgel (2012),

em estudo que incluiu três unidades de SAE do Estado de Pernambuco,

constataram que apesar de atenderem a grande parte das recomendações para

infraestrutura do Ministério da Saúde (MS) nenhum desses serviços contava com a

equipe mínima de profissionais (médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e

profissionais de nível técnico e administrativo), indicador que sinaliza prejuízos ao

atendimento integral da PVHA.

Outro aspecto que aponta para fragilidades dos serviços é a necessidade de

treinamento para os profissionais de saúde para que possam promover diálogo com

a população atendida, embora esse comportamento acolhedor ainda dependa de

características pessoais (OLIVEIRA et al, 2005).

Ainda no que concerne à influência dos serviços de saúde na vida dos

soropositivos, vale ressaltar no cuidado as PVHA, o desrespeito aos princípios

bioéticos, que bloqueia a harmonia da relação profissional-pessoa atendida, com

identificação de falhas na assistência à saúde dos portadores do HIV/aids

(FELISMINO; COSTA; SOARES, 2008). De igual forma, a valorização dos

resultados dos exames laboratoriais (CD4+ e carga viral), para avaliar a adesão
19

medicamentosa, podem contribuir para o estabelecimento de um clima de

desconfiança quando os resultados são contraditórios com os relatos da PVHA

sobre a administração de ARV (GUZMÁN; IRIART, 2009), considerando que um dos

principais motivos para troca ou abandono dos ARV foram as reações adversas

(vômitos e transtornos digestivos), a falta de adesão medicamentosa, a fatiga e o

estilo de vida (REQUEJO; ÁVILA, 2010).

Apesar das dificuldades dos serviços de saúde, tais como as citadas acima,

os resultados do estudo de Faustino e Seidl (2010) apontam mudanças já que

sinalizam uma relação positiva de intervenção cognitivo-comportamental e adesão

aos ARV, pois identificaram aumento na percepção das vantagens do tratamento

nessa PVHA, minimizando vulnerabilidades.

Além disso, a relação do estado psicológico com o sistema imunológico foi

foco da investigação de Ulla e Remor (2004), que indicam a partir de revisão

bibliográfica, que comportamentos/emoções decorrentes do apoio social, estilos de

vida e confrontação da realidade poderiam atuar na modulação do sistema

imunológico, com controle da proliferação viral. No entanto, discutem que ainda não

se sabe as fontes, situações e tipos de comportamentos que podem atuar para

promover tal interação dos sistemas nervoso, endócrino e imunológico (ULLA;

REMOR, 2004).

Quanto ao tratamento medicamentoso, no ano de 1986, o fármaco zidovudina

ou azidotimidina (AZT) teve sua ação comprovada como redutor da multiplicação do

HIV, portanto, este foi o primeiro antirretroviral com certa eficácia no controle do HIV

(ARV) (SPERLING, 1998).

Assim, a principal estratégia para suprimir de forma contínua a replicação do

HIV é o uso dos ARV para reduzir a morbidade e a mortalidade associada ao HIV
20

por meio da preservação/restauração do sistema imunológico (BRASIL, 2008a). A

combinação de ARV, conhecida como “coquetel”, inicialmente deve incluir três

drogas, sendo as mais utilizadas a zidovudina, a lamivudina e a efavirenz (BRASIL,

2008a).

A distribuição gratuita e universal dos ARV é garantida pela Lei 9.313/96

(BRASIL, 1996) e a efetivação do tratamento contra a aids foi incluída na Declaração

de Compromisso sobre HIV/aids nas Nações Unidas desde 2001 (UNAIDS, 2001,

2011b). As repercussões positivas dos ARV foram evidenciadas com o aumento da

sobrevida das PVHA, caracterizando a cronicidade da doença, isto é, condição

contínua por período de anos ou décadas (WHO, 2003).

Apesar de o Brasil ser um dos quinze países, do total de 119, em que 60%-

70% da população indicada para uso de ARV faz uso deles (UNAIDS, 2011a), há

aspectos para o cuidado das PVHA que extrapolam o controle de linfócitos T-CD4+

e carga viral, como o contexto de adaptações do estilo de vida. Por isso, para

entendermos o contexto da infecção/doença, além de aspectos epidemiológicos, as

informações sobre as pessoas acometidas são imprescindíveis. Vale esclarecer que

consideramos como PVHA neste estudo, a que sabe do diagnóstico da infecção e

que realiza ou não o tratamento medicamentoso (SANTOS; MUNARI; MEDEIROS,

2009).

Atualmente, pode-se dizer que a Aids não é mais sinônimo de doença fatal,

embora seu tratamento definitivo (cura) inda não tenha sido determinado. No

entanto, no XIX Congresso Internacional da aids, realizado em Washington – U.S.A.,

julho de 2012, houve o relato de dois casos de pacientes com aids que

desenvolveram leucemia e que, ao ter êxito no tratamento dessa última por meio de

transplante de células-tronco, não houve detecção do vírus, levantando-se a


21

possibilidade de o HIV ter adquirido o estado de latência, ou seja, mesmo depois de

dois anos de acompanhamento dos casos, não se definiu essas experiências como

cura da aids (THE INTERNATIONAL AIDS SOCIETY SCIENTIFIC WORKING

GROUP ON HIV CURE, 2012).

Dentre as repercussões negativas dos ARV, Silveira et al (2012) avaliaram 250

PVHA e concluíram que os sintomas depressivos são frequentes em indivíduos em

TARV, especialmente os de baixa renda. Essas repercussões influenciam na adesão

ou não adesão aos ARV e medidas gerais de cuidado; por isso, a atenção à saúde

das PVHA deve minimizar tais aspectos. Carvalho e Galvão (2008) ressaltaram a

importância de promover a autoajuda e discutir os aspectos envolvidos no processo

de enfrentamento, possibilitando uma maior compreensão sobre a doença, além de

desmistificar o estigma que rodeia a vida da PVHA, assim como de seus familiares.

Segundo o MS (BRASIL, 2008b), diferentes espaços de assistência podem

contribuir para a formação de grupos que estimulem às PVHA como promotoras de

sua saúde, permitindo a interação entre pessoas que compartilham a mesma

condição. Conforme recomendações do MS, a participação em grupos é singular

para que a pessoa possa conhecer diversas formas de lidar com a soropositividade,

a partir da troca de experiências com outros indivíduos (BRASIL, 2008b).

Assim, além da avaliação clínica, as PVHA precisam ter alternativa de espaço

para elaborar questões subjetivas da natureza humana, como as relações

interpessoais com os profissionais e outras PVHA. Nesse sentido, o grupo oferece

oportunidade para compartilhar suas opiniões sobre o atendimento dos serviços de

saúde. Também o MS incentiva a promoção de saúde e prevenção de adoecimento

por meio de atividade grupal. No manual de adesão ao tratamento de pessoas

vivendo com HIV e aids ressalta-se que


22

o grupo é um ambiente de motivação para o tratamento pelo


compartilhar de desafios e pela busca de alternativas para superá-
los. Permite a construção de vínculos, de acolhida, de respeito às
diferenças e de reforço da autoestima e do autocuidado (BRASIL,
2008b, p.99).

Além disso, as práticas grupais são uma das formas de intervenção da

educação em saúde muito utilizadas pela Enfermagem desde a década de 1970

(MUNARI; FUREGATO, 2003). O profissional da equipe de saúde, ao desenvolver a

prática de grupo, precisa se apropriar de ferramentas para tal atividade. Uma dessas

é compreender as estratégias de enfrentamento positivo e negativo desenvolvidas

pela PVHA.

Diversos autores (ALMEIDA; LABRONICI, 2007; BORGES; SAMPAIO;

GURGEL, 2012; CARVALHAES; TEIXEIRA FILHO, 2012; ESHER et al, 2012;

FELISMINO; COSTA; SOARES, 2008; FERREIRA; FAVORETO; GUIMARÃES,

2012; FREITAS et al, 2012; GALVÃO; PAIVA, 2011; GOMES et al, 2012; GUZMÁN;

IRIART, 2009; KROLL et al, 2012; LADEIRA; SILVA, 2012; LOPERA; EINARSON;

BULA, 2011; MALISKA et al, 2009; OLIVEIRA et al, 2005; PINHO; PEREIRA, 2012;

REQUEJO; ÁVILA, 2010; SANTOS et al, 2012; SILVA; SILVA, 2011; TUNALA, 2002;

ULLA; REMOR, 2004; VILLELA, 2012; WEAVER et al, 2004) discutiram sobre

condições que favorecem ou não a viver/conviver com a soropositividade,

abrangendo a religiosidade, o trabalho, a imagem corporal, os serviços de

saúde/profissionais, a resiliência.

Dentre os fatores dificultadores para o enfrentamento positivo, tem-se que a

aids ainda é vista como uma doença contagiosa e que, por isso, feia, ruim e

perigosa, relacionada à irresponsabilidade do “outro”, despertando sentimentos de

sofrimento e medo, que contribuem para o autoisolamento (MARQUES; TYRRELL;

OLIVEIRA, 2009). Isso justifica a necessidade de divulgação de informações


23

corretas, evitando que as PVHA sejam rotuladas como promíscuas ou marginais

(FELISMINO; COSTA; SOARES, 2008).

Carr e Gramling (2004) e Melchior et al (2007) afirmaram que as PVHA são

discriminadas, estigmatizadas, consistindo de fatores que contribuem para

dificuldades de assistência. Esses resultados foram reforçados por Ferreira,

Figueiredo e Souza (2011) que sugerem a implantação de ações para minimizar a

discriminação nas instituições e, dessa forma, contribuir para a qualidade de vida

das PVHA.

Maliska et al (2009) verificaram que a imagem estigmatizada da aids é tão

preponderante para as pessoas que, indivíduos com HIV/aids e manutenção da

forma física questionaram tal diagnóstico, e, com o decorrer do tempo, suas próprias

experiências determinaram mudanças em suas concepções de imagem da aids,

proporcionando a dissolução de alguns ‘mitos’. Os significados da aids ancorados na

desconstrução da vida/construção da morte, na dessexualização dos corpos, na

culpabilização representando um castigo, perpassam a trajetória das PVHA

(ALMEIDA; LABRONICI, 2007; FELISMINO; COSTA; SOARES, 2008). Esse salto no

conhecimento sobre aids é positivo, como também serve de alerta para a negação

da doença e, portanto, comportamentos que favorecem a transmissão/reinfecção

com HIV e de outros microrganismos.

Desse modo, as questões pontuadas focalizam o receio e/ou vivência de

discriminação no cotidiano de PVHA decorrentes, sobretudo, da construção social

da infecção, que os tornam mais vulneráveis (individual, social e programática) em

seus contextos e que podem influenciar na sua qualidade de vida (MELCHIOR et al,

2007).
24

A questão da autoimagem também se modificou, ao longo dos anos, pois

antes dos ARV, os soropositivos eram relacionados com a desnutrição e carências

nutricionais. Ladeira e Silva (2012) identificaram número elevado de PVHA com

eutrofia (estado nutricional normal) e sobrepeso. Kroll et al (2012) destacaram

resultados similares, com elevada prevalência de sobrepeso e obesidade em

soropositivos, especialmente entre as mulheres, ao mesmo tempo que se

apresentaram risco cardiovascular mais alto. Mesmo esses resultados apresentando

a evidência de fator de risco para co-morbidades, a aparência física positiva auxilia

as PVHA a diminuir as situações constrangedoras nas relações sociais.

Um dos motivos para a mudança do “rótulo corporal” foi o uso da TARV, já

que favorece a lipodistrofia, em que há acúmulo de gordura no abdome, nas mamas,

na região cervical e perda de gordura nas pernas, nos braços, na face e nos glúteos.

Há também outros fatores associados à lipodistrofia, como sexo, idade, tempo de

exposição aos ARV, alterações metabólicas, CD4 no início da terapia antirretroviral

(TARV) (BRASIL, 2008a). As alterações da composição corporal causadas pela

lipodistrofia não têm o mesmo impacto discriminatório das imagens da década de

1980.

Além de questões relacionadas à TARV, o tratamento do paciente portador de

doença crônica deve favorecer a adaptação ativa, instrumentalizando-o para que,

por meio de seus próprios recursos, desenvolva mecanismos que lhe permitam

conhecer seu processo saúde/doença de modo a identificar, evitar e prevenir

complicações, agravos e, sobretudo, a mortalidade precoce. Nesse sentido, é

incluído no tratamento um item significativo, de relevância para o sucesso do

cuidado e que representa um desafio para ambos – profissionais e pacientes – pelo


25

intrincado de variáveis que traz em si, que é a adesão ao tratamento (SILVEIRA;

RIBEIRO, 2005).

Aguiar e Iriart (2012) encontraram PVHA que preferiram não conversar sobre

o assunto; isto é, a negação do diagnóstico, pois a percepção de saúde estava

relacionada à “capacidade de estar vivo e de resistir ao cotidiano de dificuldades”

(p.120). Esse tipo de reação dos indivíduos pode implicar em manifestação de

outros agravos à saúde, tanto físicos como mentais.

Apesar do estudo de Gomes et al (2012) constatar também que a recusa da

doença é uma das formas de enfrentá-la, destacaram também o contrário, isto é, a

busca de redes de apoio, dentre as quais aquelas com pessoas de mesma condição

sorológica. Weaver et al (2004) concluíram que as PVHA que realizaram

elaborações sobre o seu contexto (enfrentamento cognitivo), em intervenção

individual, melhoraram a qualidade de vida (QV), comportando-se como fator de

autoproteção do indivíduo, em detrimento dos que negam a doença, identificando

diminuição nos escores de QV devido ao sofrimento psicológico.

Em relação à terceira epidemia, ou seja, a epidemia da discriminação,

preconceito e negação, Felismino, Costa e Soares (2008) constataram que o

principal problema para a pessoa com o diagnóstico não é a condição de ter

HIV/aids, mas o preconceito e a discriminação, que restringem a sua liberdade de

ação. Monteiro, Villela, e Knauth (2012), em estudo de revisão, identificaram que a

literatura brasileira sobre o tema não é expressiva quando comparada à

internacional e a que existe no país, privilegia experiências individuais de

discriminação. Os autores recomendam a inclusão de análises de grupos sociais

sobre a problemática.
26

Em relação ao emprego, mulheres relataram a importância da flexibilidade de

horários no trabalho para realização de exames de rotina e acompanhamento de sua

condição de saúde e que, quando a negociação foi bloqueada, o ambiente de

trabalho se tornou hostil, o que levou a optar a pedidos de demissão (FERREIRA;

FIGUEIREDO; SOUZA, 2011). Quanto a esse aspecto, Freitas et al (2012)

identificaram resultados convergentes com o estudo anterior, que abordaram o

universo masculino. A conclusão da pesquisa foi de que os homens com HIV sentem

temor da descoberta da infecção no ambiente de trabalho, pontuando que as

ausências para o acompanhamento clínico foi contraproducente, com consequente

risco de perda de emprego. Portanto, as angústias vivenciadas, tanto por homens

como por mulheres com HIV/aids para se sustentar no mercado de trabalho são

relacionadas aos receios do preconceito.

Mulheres soropositivas que participavam de uma ONG/aids relataram que o

trabalho é uma das estratégias de enfrentamento do HIV/aids, uma vez que, além de

ser fonte de ocupação e distração, amplia as relações interpessoais, funcionando

como suporte (FERREIRA; FIGUEIREDO; SOUZA, 2011).

Para a PVHA, a remuneração também tem relevância devido ao aumento dos

gastos financeiros para o autocuidado. Essa questão foi investigada por Lopera,

Einarson e Bula (2011) junto a 540 adultos soropositivos de Bogotá (Colômbia) com

planos privados de saúde. O estudo identificou aumento sensível de gastos

adicionais para aqueles indivíduos com a infecção/doença que apresentaram falhas

terapêuticas, assim como inaptidões físicas relacionadas à aids, repercutindo no

orçamento familiar, com consequente aumento das demandas básicas e da pobreza,

apesar do plano de saúde.


27

Esse fator tem impacto direto na adesão ao tratamento, uma vez que a

situações comprometidas de emprego, transporte, habitação e alimentação

determinaram o acompanhamento do tratamento clínico (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE INFECTOLOGIA, 2008).

A questão religiosa pode corroborar para o autocuidado, assim como pode

incentivar a autonegligência. Um exemplo desta última é quando existem conflitos

interpessoais com membros de um grupo religioso e dúvidas sobre o poder de Deus

para interferir no processo de viver com HIV/aids (FERREIRA; FAVORETO;

GUIMARÃES, 2012). Esse movimento de não encontrar sentidos na vida pode

contribuir para fragilizar a PVHA.

Pesquisa de Galvão e Paiva (2011), que incluiu 14 mulheres com HIV,

concluiu que fatores positivos para o enfrentamento e o cuidado da soropositividade

foram a religiosidade, o suporte social e familiar, a presença de filhos e a

cumplicidade profissional. A religiosidade pode ser um recurso de enfrentamento da

infecção/doença no sentido de fortalecer o indivíduo a superar questões terapêuticas

relacionadas ao HIV, com aumento de resiliência e oferecendo apoio social

(FERREIRA; FAVORETO; GUIMARÃES, 2012). Costa, Zago e Medeiros (2009),

Pinho e Pereira (2012) identificaram, inclusive, que mulheres soropositivas se

referiram à “terapia religiosa” concomitante a TARV, ou seja, afirmaram a esperança

nos poderes divinos para auxiliar a superar aos desafios impostos pela vivência com

HIV.

Tunala (2002) observou diversas fontes de estresse para mulheres com a

infecção/doença, verificando que em 59% dos casos o estresse não está apenas

ligado à sorologia do HIV, mas também à família, parceiros, finanças, profissão e

vivência de discriminação, entre outros. Esse achado corrobora a necessidade de


28

constituição de grupos de apoio emocional tanto para as mulheres, como para os

seus conviveres (familiares e parceiros) no sentido de minimizar o estresse das

PVHA.

O enfrentamento afetivo é outro aspecto que entrecruza com o autocuidado.

Carvalhaes e Teixeira Filho (2012) apontam que muitas pessoas soropositivas

preferem parceiros afetivo-sexuais também com HIV devido ao fato de acreditarem

em não ter direito de se relacionar com pessoas soronegativas, sentir-se “podre por

dentro”, temer infectar o parceiro e que somente outra PVHA poderia compartilhar a

experiência da doença, favorecendo o aumento da vulnerabilidade individual.

Segundo Souto et al (2012), a partir da infecção do HIV, as pessoas

remodelaram a percepção das práticas sexuais. Em geral, consideraram sexo na

vigência da infecção como algo anormal, perigoso e de difícil compreensão,

desenvolvendo uma das três posturas: abstinência sexual (frustração), maturidade

da própria sexualidade, contornando a angústia relacionada ao HIV/aids (superação)

ou aqueles que continuaram com a vida sexual ativa com sofrimento.

As atitudes positivas de PVHA foram favorecidas pela possibilidade de

prolongamento da vida com o uso dos ARV (GOMES et al, 2012), permitindo assim

a construção e execução de projeto de vida, diferentemente da relação de morte e

aids, ao descobrir o diagnóstico.

A maternidade é um dos recursos das mulheres com HIV/aids para se

manterem vivas, comprovando a sua capacidade de ter filhos saudáveis e

planejando o futuro negociado com as fases da vida da prole (CARVALHAES;

TEIXEIRA FILHO, 2012; SANTOS et al, 2012). Porém outras optam pelo aborto,

pois ser mãe com HIV representa repensar sua relação com a própria vida, parceiro,

situação financeira, família, serviço de saúde e prevenir a transmissão vertical mãe-


29

feto, por isso a necessidade de ponderar sobre a vida da pessoa com HIV/aids e

oferecer alternativas para gerenciar a vida reprodutiva, sendo que a tomada de

decisão envolve valores culturais e morais (VILLELA, 2012).

Os aspectos destacados como cooperadores do enfrentamento positivo,

foram relacionados à resiliência como “a capacidade do ser humano de superar

adversidades” (CARVALHO et al, 2007, p. 2030) e que há diferentes fatores que

contribuem para o bem-estar da PVHA, tais como, aceitação da infecção,

participação da família, religiosidade, organizações governamentais e ONG/aids.

Desse modo, a investigação de Silva e Silva (2011) reafirmou o papel de destaque

das ONG/aids na vida de pessoas com a infecção/doença, principalmente, porque

essas instituições são referenciadas pelas experiências de autonomia, dignidade e

cidadania, como também de promoverem atividades de grupo com a proposta de

compartilhar vivências.

Assim, considerando esse contexto desde a descoberta da aids e o número

crescente de pessoas com HIV/aids que vivem há meses/anos com a infecção, além

das dificuldades ressaltadas nos serviços de saúde, as PVHA revelaram

necessidades diferenciadas no que diz respeito à saúde física e mental, além dos

aspectos financeiro e social (ALMEIDA; LABRONICI, 2007; BORGES; SAMPAIO;

GURGEL, 2012; CARVALHAES; TEIXEIRA FILHO, 2012; ESHER et al, 2012;

FELISMINO; COSTA; SOARES, 2008; FERREIRA; FAVORETO; GUIMARÃES,

2012; FREITAS et al, 2012; GALVÃO; PAIVA, 2011; GOMES et al, 2012). Vale

ressaltar que a aids prevalece nas pessoas com vida economicamente produtiva,

reprodutiva e social ativas, de 20 a 49 anos, gerando custos diretos e indiretos

(BRASIL, 2012a). Assim, investir em recursos de atendimento à saúde das PVHA

pouco onerosos, como a utilização da tecnologia grupal, pode repercutir tanto na


30

diminuição da vulnerabilidade das PVHA, quanto para o gerenciamento de questões

relacionadas ao HIV/aids.

Diante disso, a relevância de investigar a visão das PVHA em interação com

outras pessoas sobre suas vivências com HIV/aids, assim como, a perspectiva de

grupo possibilita o empoderamento individual e coletivo. Estudos que abordam a

ótica social-histórica política, subjetiva, colaboram para ampliar a rede de

informações sobre HIV/aids.

Silva e Silva (2011) sugerem a constituição de espaços alternativos de redes

sociais para discussão da sexualidade e expressão da diversidade, contribuindo

inclusive para evitar reinfecções de PVHA (transmissão de subtipos diferentes de

HIV por meio de relações sexuais entre duas pessoas com o diagnóstico), além de

favorecer a diminuição da vulnerabilidade do indivíduo. Um dos recursos para se

organizar tais discussões é o atendimento grupal.

Dessa forma, o desenvolvimento e avaliação de intervenções grupais junto a

PVHA, assim como a análise dos processos gerados a partir dessas intervenções

podem direcionar o atendimento de Enfermagem e da equipe de saúde para a

problemática de viver e conviver com HIV/aids, beneficiando a busca de atendimento

integral, contribuindo para orientações do trabalho em grupo e superando o

tratamento unicamente individual e medicamentoso.

Assim, este estudo tem como diferencial a proposta da intervenção grupal na

a perspectiva de Pichon-Rivière, que foi elaborada a partir do mapeamento de

evidências científicas sobre tecnologia de grupo e a sua adequação para

atendimento às pessoas que vivem com HIV/aids.

Embora a revisão de literatura não tivesse apontado para o uso de GO, outras

abordagens grupais foram efetivas (Teoria Cognitivo-Comportamental, Grupo de


31

Apoio, Teoria Cognitiva Social), mostrando, portanto, a possibilidade do GO atender

às demandas de PVHA. Essa afirmação tem como base o fato de sistematizar ações

de profissionais-coordenadores de grupo, podendo além de proporcionar espaço de

atendimento das PVHA, dar visibilidade à evolução das ações no decorrer de um

período (intervenção), ou seja, não visa somente à troca de vivências, mas as

internalizações a partir dessas trocas. Essas são possíveis devido à técnica

específica do GO e dessas ferramentas, tal como a crônica. A crônica de um grupo

tem o objetivo de descrever e analisar a técnica empregada, as operações

realizadas e o funcionamento do grupo em cada encontro (PICHON-RIVIÈRE,

2009).

Vale ressaltar que as práticas de grupo de educação em saúde (grupos

genéricos), em sua maioria, não seguem direcionamentos teóricos, assim como não

possuem registro dessas práticas. A partir disso, surgiu a inquietação sobre a

elaboração de formulário, adaptando os aspectos relevantes da crônica aos grupos

genéricos, portanto um instrumento que colaborasse com o registro da atividade

grupal pelo profissional da equipe de saúde, repercutindo no fortalecimento da

tecnologia de grupo (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Outro fator que pode contribuir para a prática de grupo para PVHA é a análise

das falas desses indivíduos durante a atividade grupal. Com a aproximação aos

conceitos de Bourdieu sobre habitus e campo, formulamos mais um problema de

pesquisa, pois habitus diz respeito às experiências, pensamentos, sentimentos do

agente imerso no contexto que influencia e é influenciado no campo (BOURDIEU,

2004). Assim, as pessoas adultas com HIV/aids revelam os significados da

organização da vida, os pensamentos e sentimentos, ou seja, o habitus constituído a

partir do diagnóstico do HIV/aids no campo grupal.


32

Ao mesmo tempo em que buscamos as respostas para as perguntas

anteriores, construímos material que possibilita avaliar a operatividade da

intervenção grupal para pessoas com HIV/aids, constituindo-se também problema

desta investigação.

Desse modo, esses questionamentos nortearam as etapas desta pesquisa,

pois acreditamos que as respostas podem instrumentalizar o atendimento das

PVHA.
33

1.1 OBJETIVOS

Com vistas a oferecer subsídios aos profissionais de saúde para uma atuação

mais assertiva no atendimento a PVHA desde o processo de formação, fortalecendo

o enfrentamento de sua condição a partir do constituir-se com HIV/aids, bem como

para contribuir ao aprimoramento de políticas públicas frente às dimensões do

processo saúde-doença dessas pessoas, foram estabelecidos para esta

investigação os seguintes objetivos:

Objetivo geral

 Investigar o grupo como modalidade de atenção à saúde para pessoas

com o vírus da imunodeficiência humana adquirida à luz de Bourdieu.

Objetivos específicos:

 Sintetizar evidências nas produções científicas sobre efetividade das

práticas grupais no atendimento às pessoas que vivem com HIV/aids.

 Descrever a experiência de adaptação do roteiro de GO em práticas

grupais na atenção à pessoa que vive com HIV/ aids..

 Analisar a construção do habitus de pessoas adultas com HIV/aids.

 Avaliar a operatividade do grupo para pessoas vivendo com o vírus da

imunodeficiência adquirida humana.


34

2. CAPÍTULO II: GRUPO, HABITUS/CAMPO E HIV/AIDS

2.1 INTERFACE GRUPO E HIV/AIDS

Como explicitado no capítulo I, o perfil de atendimento à pessoa com HIV/aids

passou de situações agudas que culminavam com o óbito, para outras demandas ao

sistema de saúde (assistência ambulatorial especializada, hospital-dia e assistência

domiciliar terapêutica), incluindo atividades nas OSC, em sua maioria, grupais

(BRASIL, 2008b).

A World Health Organization (WHO) publicou em 1995 um dos primeiros

materiais que indicaram técnicas de grupos para avaliar as necessidades de PVHA

(WHO, 1995), com ênfase no grupo focal.

Para este estudo, o entendimento de grupo é a reunião de pessoas em torno

de um mesmo objetivo, com comunicação (visual/ auditiva/ verbal e conceitual) entre

seus integrantes, respeitando aos acordos estabelecidos para tal momento,

permeados por acontecimentos conscientes e inconscientes (fantasias, desejos,

ansiedades, identificações), coordenado por um profissional treinado (ZIMERMAN,

2000; PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Essa forma de trabalhar com grupos exige definição de características para

direcionamento das ações. Portanto, é necessário indicar o número de encontros

previstos, objetivo, periodicidade e tipo de grupo (homogêneo ou heterogêneo).

O número ideal de participantes em um grupo é de até doze pessoas, pois

dessa forma há menor chance de haver dispersão e fuga das atividades grupais

(YALOM; LESCZC, 2006). A natureza do grupo quanto aos objetivos podem ter a
35

finalidade de oferecer suporte, realizar tarefa, socialização, aprendizagem de novos

comportamentos, treinamento de relações humanas ou oferecer psicoterapia

(MUNARI; FUREGATO, 2003).

Quanto ao tipo de participantes, Zimerman (2000) propõe que seja conforme

as necessidades das pessoas: pessoas em uso de substâncias psicoativas

(tabagistas, indivíduos que utilizam drogas lícitas ou ilícitas), cuidados primários de

saúde (suporte para pacientes hipertensos, diabéticos, reumáticos), reabilitação

(infartados, colostomizados, vítimas de violência), sobrevivência social

(estigmatizados), suporte (pacientes crônicos), problemas sexuais e conjugais.

Portanto, a pessoa com HIV/aids, por apresentar co-morbidade, pode se enquadrar

em diferentes tipos de participantes.

Os grupos não possuem um protocolo de classificação, mas, de acordo com

Zimerman (2000), há a proposta de dividi-los em grupos psicoterápicos e grupos

operativos. Dependendo do ponto de vista, os grupos psicoterápicos são

considerados terapêuticos e os grupos operativos, não terapêuticos. Mas mesmo

não sendo a finalidade dos grupos operativos serem terapêuticos, o diálogo e as

reflexões durante a participação dos integrantes podem ser terapêuticas (PICHON-

RIVIÈRE, 2009). Assim, a classificação em grupos terapêuticos depende da

condução do coordenador, do vínculo estabelecido coordenador-integrantes,

integrantes-integrantes e da abertura do integrante para participar como protagonista

da atividade grupal.

As intervenções grupais para PVHA podem potencializar o desempenho ativo

dos participantes, com um senso mais positivo de si próprio, o que impulsiona para o

encontro de novos significados na vida e promoção do autocuidado (GETZEL,

1991).
36

Cartwright e Zander (1967) afirmaram que os grupos mobilizam poderosas

forças e tem influência (positiva ou negativa) decisiva na vida das pessoas. A

apreensão da dinâmica do grupo permite ao coordenador selecionar decisão

assertiva e desenvolver as potencialidades dos membros do grupo, despertando

para modificações de comportamentos e aumento da autonomia de cada indivíduo

no grupo.

Os grupos podem auxiliar as pessoas que estão enfrentando crises vitais

importantes e alterações no estilo de vida (VINOGRADOV; YALOM, 1992) por isso a

potencialidade dessa estratégia para PVHA, uma vez que defrontam com dilemas

relacionados desde a forma como se infectou até as perspectivas para sua vida.

Para Munari e Furegato (2003, p. 47):

entender um grupo como um espaço de troca de experiência é


vê-lo servir como agente de transformação, quanto mais
existirem atitudes de acolhimento e de solidariedade entre seus
membros, maiores as chances do desenvolvimento de
potencialidades individuais e coletivas.

O enquadre de grupo estimula conversas e reflexões, compartilhando

questões relacionadas à ressignificação da vida, valores e princípios morais, de

respeito à pessoa humana. É um processo de sensibilização conjugada a

informações pertinentes ao enfrentamento da sua situação de vulnerabilidade, com

possibilidade de promover empoderamento.

Para Teixeira (2007), o grupo é uma tecnologia sócioeducativa para produzir

saúde, ampliando as práticas “cuidativas”, ao mesmo tempo em que funcionam

como educativas. Essa autora aponta que “o cuidado solitário precisa ser substituído

pelo solidário” (p. 159), com relacionamentos capazes de produzir saberes e afetos.

Assim, os grupos são dispositivos de mudança ou instrumentos que possibilitam

mudanças de práticas aos participantes, sendo que os participantes desses grupos


37

podem apresentá-las nos outros espaços que frequentam (escolas, igrejas,

residência, outros) com impacto na cultura local.

Quando utilizado para atender a indivíduos portadores de diabetes mellitus, o

trabalho em grupo possibilitou o alcance de resultados positivos na atenção primária,

com sugestão para que seja um recurso mais empregado no contexto de atenção à

saúde (OLIVEIRA et al, 2009). Em trabalho que se utilizou a tecnologia de grupo

como estratégia de acolhimento de familiares de pacientes de UTI, os participantes

do estudo perceberam o grupo como ambiente favorável à expressão e

compartilhamento dos sentimentos (OLIVEIRA et al, 2010).

O apoio recebido por alcoolistas por meio de grupos foi demonstrado pela

visão de que o local representaria uma casa, uma família, um lugar seguro, em que

todos tem o mesmo problema e se ajudam para a reconstrução de suas vidas.

Nesses grupos, é fundamental a presença do enfermeiro para orientar e buscar

soluções junto ao grupo, visando a entender o comportamento humano (JAHN et al,

2007).

Rasera e Japur (2003) observaram que o apoio em grupo é ativamente

construído por seus participantes e que PVHA negociaram a respeito de viver com o

diagnóstico a partir de conteúdos socialmente significativos, ou seja, os relatos sobre

sofrimento foram expressivos devido ao compartilhar de vivências semelhantes. À

medida que as trocas dialógicas foram recíprocas, os participantes do grupo

explicitaram a construção da soropositividade fora do grupo e, portanto, as

possibilidades de vida com HIV/aids.

Assim, as trocas de experiências mútuas entre PVHA envolvem a construção

de conhecimento, além de não ter que se submeter ao preconceito advindo das


38

pessoas ditas “normais” (GOMES et al, 2012; SANTOS; MEDEIROS; MUNARI,

2009).

As redes sociais alternativas, como grupos de autoajuda, podem ter efeitos

positivos para homens e mulheres com HIV/aids (CAMPERO et al, 2010; CAIXETA

et al, 2011), sendo consideradas como oportunidade para se relacionar com outras

PVHA, ter melhores condições de atenção à saúde, acesso às informações e

enfrentar, de modo menos solitário, a condição (CAMPERO et al, 2010). Apesar da

frequência irregular, os homens se referem ao grupo como espaço seguro e

reflexivo, além de se sentirem fortalecidos para enfrentar crises relacionadas à

doença. Por isso, PVHA que não participam de grupos se tornam mais vulneráveis

(CAMPERO et al, 2010).

Summers et al (2000), ao realizar estudo no início do século XX que envolveu

21 mulheres com HIV/aids, demonstraram que as participantes de atividade grupal

apresentaram maior tempo de vida (73 meses) quando relacionadas às mulheres

que não participaram (45 meses). Portanto, as discussões grupais sobre

autoimagem, família, intimidade, revelação, sigilo, morte e morrer, espiritualidade

podem ter tido influência sobre a sobrevivência dessas mulheres. Nesse sentido, o

grupo é um espaço que dá a possibilidade de as pessoas que vivem com HIV/aids

se orientarem, levando em consideração o seu contexto histórico-social,

características não contempladas quando se trata de reuniões que se fundamentam

na estratégia de palestra. Carvalho, Martins e Galvão, (2006) sugerem a

necessidade de programas educativos para orientação tanto da prevenção do HIV

quanto de atenção às PVHA. Tais programas podem oferecer mais do que repasse

de informações, caso sejam concebidos como atividades de grupo.


39

Os grupos de autoajuda, convivência e adesão para PVHA possibilitam a

troca de experiências e fortalecimento individual, podendo ser considerados como

provedores de informações (CAIXETA et al, 2011).

Investigação conduzida por Heckman et al (2011) mostrou que a partir de

intervenção grupal, houve diminuição nos sintomas de depressão leve de pessoas

com 50 anos ou mais vivendo com HIV/aids, sendo necessário somente um

coordenador de grupo, já que os resultados foram similares quando se utilizou dois

coordenadores, sugerindo a necessidade de identificar intervenções apropriadas

para a idade. Além disso, o atendimento grupal pode ser realizado por apenas um

profissional, sendo prática de cuidado pouco onerosa, considerando-se que os

custos estimados com os antirretrovirais foram de 525 milhões de dólares em 2008

(UNAIDS, 2010).

A estratégia de grupo também é ferramenta de cuidado assertiva para

cuidadores/familiares de indivíduos vulneráveis ao HIV, bem como de usuários de

substâncias psicoativas. Portanto, o grupo de apoio/suporte foi indicado para ser

utilizado na educação em saúde, prevenção, promoção e recuperação da saúde de

indivíduos e grupos sociais (ALVAREZ et al, 2012).

Apesar dos benefícios da intervenção grupal e da indicação do MS para que

os profissionais assistam as PVHA utilizando a tecnologia de grupo, os documentos

governamentais não contêm orientações suficientes para a aplicação de tal

estratégia (BRASIL, 2008c). Um possível reflexo dessa realidade é que, no

QUALIAIDS (sistema de avaliação da qualidade da assistência ambulatorial para

pessoas vivendo com HIV/Aids do Departamento de DST, aids e hepatites virais) o

atendimento na modalidade de grupo tem uma das menores percentagens de

serviços oferecidos para acompanhamento das PVHA (BRASIL, 2008d).


40

A pesquisa de Silva et al (2003) identificou que as reuniões dos grupos na

Saúde Coletiva foram planejadas pela equipe multidisciplinar, mas na maioria a

estratégia de abordagem do grupo foi a palestra, que pouco possibilitou a interação

entre os integrantes. Assim, o profissional não treinado para atuar como

coordenador no contexto grupal manteve o mesmo padrão de funcionamento

(palestra) em todos os grupos, apesar das diferenças de clientela, da frequência das

atividades e dos objetivos do grupo.

Além disso, estudos comprovam que a intervenção grupal, quando conduzida

por pessoas que não possuem orientação para a análise da dinâmica grupal pode

gerar uma percepção controvertida do que seja o encontro em grupo, seus objetivos

e resultados (ANDALÓ, 2001; MUNARI; FUREGATO, 2003). Esse aspecto é

reforçado no manual de adesão aos ARV:

trabalho em grupo não é tarefa simples, pois exige definição clara de


objetivos, planejamento, preparação dos encontros e atuação
competente na facilitação da atividade, tendo em vista os objetivos
delineados. Diante da falta de qualificação técnica para essa
atividade, pode haver comprometimento da qualidade da intervenção
e até mesmo eventuais prejuízos para os pacientes (BRASIL, 2008b,
p.100).

No entanto, no estudo de Nogueira (2012), ao investigar um grupo de

promoção à saúde para idosos mostrou que o fato de as coordenadoras não terem

formação específica em coordenação de grupos, não foi fator impeditivo para

mobilizar o potencial dessa forma de abordagem, fato atribuído à capacidade

gregária do ser humano e à habilidade na vida em grupo.

A condução do coordenador, a despeito da base de integração grupal, tem

uma diversidade de vertentes a adotar para suas ações. Dentre essas, temos

empírica, psicodramática, filosófica, institucional, comunitária, comunicacional,


41

gestáltica, sistêmica, comportamentalista, psicanalítica, sociológica e operativa

(ZIMERMAN, 2008).

O grupo operativo (GO) foi assim denominado por Enrique Pichon-Rivière

(1907-1977), psicanalista, em 1947, a partir de experiências com pessoas

diagnosticadas com transtornos mentais graves hospitalizadas. A perspectiva

operativa tem como objetivo o centramento e execução de tarefa. Para o autor, a

tarefa tem por finalidade aprender a pensar em termos da resolução das dificuldades

instituídas e manifestadas no campo grupal (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Pichon sustenta que a concepção de sujeito/indivíduo é social e

historicamente constituída. Nesse caso, o grupo é considerado a unidade básica de

interação entre os sujeitos, em constante dialética com o ambiente em que vivem, ou

seja, constroem o mundo e nele se constroem, com a inter-relação entre os sujeitos

valorizando a experiência da aprendizagem (GAYOTTO, 2003; PICHON-RIVIÉRE,

2009).

Os grupos operativos podem e são utilizados nos mais diversos contextos:

clínica, escola, empresa, comunidade e nas diferentes instituições, variando,

principalmente, com relação à tarefa grupal. O GO foi utilizado no ensino de física,

por exemplo, (SILVA; VILLANI, 2012), como troca de experiências entre alunos da

graduação (CORREA; SOUZA; SAEKI, 2005; LUCCHESE; BARROS, 2002), para

analisar os trabalhos de equipes de saúde (GRANDO; DALL’AGNOL, 2010), na

atenção à saúde de pessoas com diabetes mellitus (TORRES; HORTALE; SCHALL,

2003) e como estratégia de coleta de dados (DALL’AGNOL et al, 2012, LUCCHESE;

BARROS, 2007). Sendo que não se encontrou na literatura consultada, artigo sobre

GO como atendimento para PVHA.


42

Dall’agnol et al (2012) destacaram que, no GO a tarefa pode ser

compreendida como o objetivo comum a que o grupo se organiza, e a centralidade

na tarefa, e não no indivíduo ou no grupo, é o diferencial dessa vertente de

intervenção grupal.

Desse modo, na técnica do grupo operativo coexiste a tarefa explícita

(aprendizagem, diagnóstico ou tratamento), a tarefa implícita (o modo como cada

integrante vivencia o grupo) e o enquadre do grupo que significa as normas para o

funcionamento do mesmo (duração, frequência, função do coordenador e do

observador) (BASTOS, 2010).

A técnica consiste, em geral, de partir do explícito para descobrir o

implícito/latente, com o fim de torná-lo emergente e, assim, num contínuo movimento

espiralado. A preocupação é abordar, por meio do grupo, o aqui e agora, centrando-

se na tarefa (finalidade e existência do grupo) e, durante este caminho, abordar

problemas pessoais relacionados à tarefa. Assim, esse movimento promove a

aprendizagem. Operativa é a mudança de situação para outra (PICHON-RIVIÈRE,

2009).

Para esse aprender a pensar, e que possibilita a transformação de si e do

contexto que está inserido, é necessário a abertura para o novo, perceber as

experiências dos outros integrantes do grupo (BASTOS, 2010).

Assim, a estrutura grupal age sobre a disposição dos membros do grupo para

modificar ou conservar comportamentos. Porém, para esse acontecimento, o grupo

precisa superar a ansiedade (ansiedade depressiva por abandono do vínculo

anterior e, ansiedade paranoide gerada pelo novo vínculo e a insegurança social

consequente) despertada pela possibilidade de mudança, considerando o conjunto


43

de experiências, afetos e conhecimentos com os quais os componentes do grupo

pensam e atuam, tanto em nível individual como grupal (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Porém, antes de se estabelecer a tarefa, pode o grupo se manter na pré-

tarefa, momento em que as pessoas podem acionar um dispositivo de segurança

destinado a salvar-se do sofrimento/mudança (por exemplo, maior responsabilidade

com o autocuidado) e da culpa, sendo essas manifestações das resistências do

grupo, motivadas por medos básicos de ataque e perda. Assim, a manutenção de

posicionamentos, sem entrar na tarefa, favorece a cristalização de papéis dos

integrantes do grupo, e funciona como mecanismo de postergação (GAYOTTO,

2003; PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Desse modo, a partir do momento em que o grupo elabora os medos básicos,

abre-se para o desconhecido, pode-se dizer que o grupo está na tarefa (BASTOS,

2010).

No grupo operativo, instrumento que propomos como adequado à


abordagem da doença, coincidem o esclarecimento, a comunicação,
a aprendizagem e a resolução da tarefa porque na operação da
tarefa é possível resolver situações de ansiedade (PICHON-
RIVIÈRE, 2009, p.143).

A tarefa é a elaboração de um esquema referencial comum, condição básica

para o estabelecimento da comunicação e a informação, portanto, a aprendizagem

(PICHON-RIVIÈRE, 2009).

O grupo é constituído pelo coordenador, observador e integrantes, que

estabelecem o objetivo-contrato, ou seja, normas básicas de funcionamento do

grupo, incluindo horário para início e término da atividade, a autorização ou não de

atrasos de integrantes, dentre outras normas (GAYOTTO, 2003).

O momento da tarefa consiste na abordagem de ansiedades, em que se

define para o participante o que vai acontecer, e que pode não estar relacionadas às
44

possibilidades do imaginário grupal. Na passagem da pré-tarefa para a tarefa, o

sujeito efetua um salto (PICHON-RIVIÈRE, 2009). Os integrantes entram em tarefa

por meio de disparador temático/consigna, a partir do qual, o grupo passa a operar

ativamente como protagonista.

Para Pichon, mesma obra, as necessidades do homem só são satisfeitas

socialmente, em relações que determinam e que, ao mesmo tempo, é por elas

determinado. Saúde está diretamente ligada à capacidade de o ser humano agir de

modo “ativamente adaptado”, transformando o mundo e ao mesmo tempo sendo por

ele transformado, numa relação dialética (CARNIEL, 2008).

O encontro de GO é constituído, em geral, por três etapas: abertura,

desenvolvimento e fechamento. Ao analisar o movimento de grupo, emergem

comportamentos dos integrantes do grupo, como o porta-voz (GAYOTTO, 2003).

O porta-voz é uma pessoa que, pela sua história pessoal, é muito sensível ao

problema subjacente e que, atuando como radar, detecta as fantasias inconscientes

do grupo - implícitas (percebe o emergente) e as explicita (enuncia), tais fantasias

podem ser a resistência à mudança (grupo conspirador). Em geral, esse revelador

do grupo não tem consciência de seu movimento, no momento de enunciar algo, da

significação grupal que tem esse algo; ele enuncia ou faz algo que vive como

próprio, tanto que a sua ação provoca sensações que variam do alívio até mesmo à

raiva (GAYOTTO, 2003; PICHÓN-RIVIÈRE, 2009). Portanto, o porta-voz revela o

Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO) grupal.

Os pressupostos básicos ou o ECRO são constituídos da análise da interação

(inter-relação) social e o seu intercâmbio com o mundo externo. O ECRO significa o

“conjunto de experiências, conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo pensa e

age (PICHON-RIVIÈRE, 2009, p.125)” e se consolida no trabalho em grupo.


45

No GO a proposta é construir um ECRO comum. O ECRO nos permite uma

compreensão horizontal (as relações sociais, a organização e o sistema social) e

vertical (o indivíduo inserido nesse sistema) de uma sociedade em permanente

mudança e dos problemas de adaptação ou de relação do indivíduo com seu meio,

ressignificando o ECRO, por vezes por meio de conflitos cognitivos e/ou emocional,

podemos modificar o comportamento humano (MEDEIROS; SANTOS, 2011)

Pichon ainda em 2009, afirma que o cone (vetores) – figura 1 - é o ponto de

referência para interpretar fenômenos grupais. Para tanto, a indicação é para que os

acontecimentos dos grupos sejam registrados por um ou mais observadores por

meio de um enfoque panorâmico. A partir dos registros, juntamente com a leitura de

grupo do(s) coordenador(es) é elaborada uma crônica, com a explicitação dos

vetores presentes no processo grupal e a aplicação de esquemas referenciais

(ECRO) (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Figura 1 – Cone Invertido proposto por Pichon-Rivière1.


Emergente
Comunicação
Afiliação - Pertença

Aprendizagem
Cooperação

Pertinência Tele

Latente

Para análise dos vetores, Pichon propõe a seguinte descrição (PICHON-

RIVIÈRE, 2009):

1
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. 8 ed. São Paulo: WMFMartins Fontes; 2009.
46

•Afiliação ou identificação: Inicialmente, há o distanciamento entre os

integrantes. A tarefa é realizada com maior intensidade, determinada por esse

sentimento (afiliação), proporcionando um clima de segurança que favorece a tarefa

(GAYOTTO, 2003). A afiliação pode se converter em pertença e esse movimento é

necessário para que os integrantes do grupo se vinculem e valorizem ou não os

pensamentos dos demais membros.

•Pertença: quando ocorre uma maior integração do grupo, permitindo aos

membros elaborar a tarefa e formar vínculos. A afiliação e a pertença são os

princípios básicos para o desenvolvimento dos outros processos no grupo (PICHON-

RIVIÈRE, 2009). Dessa maneira, percebemos o pertencimento a um determinado

grupo, quando os integrantes se identificam de forma que aconteça o acolhimento

dos pensamentos para a mudança de comportamento.

•Cooperação: Consiste na contribuição, ainda que silenciosa, para a tarefa

grupal entre os integrantes do grupo (GAYOTTO, 2003). Nesse vetor, observamos o

apoio entre as pessoas que constituem o grupo, com a complementação de ações.

Esse auxílio inclui questões simples, mas com grande significado, como

proporcionar conforto no setting grupal.

•Pertinência: É definida como sendo a capacidade de o grupo centrar-se na

tarefa, implícita e explícita, e que permite os saltos na espiral (cone invertido)

(PICHON-RIVIÈRE, 2009). Os saltos no cone invertido potencializam a mudança de

comportamento.

•Comunicação: Ocorre entre os membros do grupo, pode ser verbal ou não

verbal. O foco do observador também deve ser no sentido de identificar como ocorre

a comunicação (de um para todos, de um para um, entre pares ou trios), seu
47

conteúdo, auxiliando a análise da interação entre os integrantes do grupo no setting

grupal (LUCCHESE, BARROS, 2002).

•Aprendizagem: É um dos indicadores de fundamental importância no

processo grupal, uma vez que reflete os saltos qualitativos de mudanças de

pensamentos e de comportamentos. Esse vetor é identificado quando os integrantes

se permitem superar os medos básicos, transpor os obstáculos, e, dessa forma,

adaptar-se ativamente à realidade (PICHON-RIVIÈRE, 2009). Para Pichon-Rivière

(2009), os processos de comunicação e aprendizagem nas relações intersubjetivas,

fundamentadas no diálogo, constituem o vínculo (reaprendizagem da realidade).

•Tele: Esse indicador pertence ao âmbito do implícito e está presente em todo

o processo de comunicação e aprendizagem. Refere-se à disposição que os

membros do grupo tem de atuar em conjunto, disposição que pode ser positiva ou

negativa (favorecendo a tarefa – aceitação do outro- disposição para a tarefa; ou a

medida de dificuldade que cada um tem no trabalhar com o outro). Tele constitui um

sinal de trabalho, em relação a algum membro, coordenador ou tarefa. Ele deriva da

sensação subjetiva que se tem do outro, apesar de não se conhecê-lo. Essa

sensação pode ser desencadeada pelo tom de voz ou alguma característica do

sujeito que nos remete a outro tempo da nossa história, que se atualiza no aqui-

agora (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

Para Carneiro (2010) é fundamental que as práticas educativas sejam

constante e adequadamente avaliadas, de forma criteriosa e formativa, a fim de

levantar acertos e possibilidades de melhoria das práticas. Para tal é necessário que

se estabeleça uma indagação constante em relação a qual contexto e com que

finalidade as práticas educativas estão sendo desenvolvidas.


48

Na modalidade de GO, a análise dos vetores (crônica) possibilita a avaliação

da intervenção grupal, com o intuito de conduzir o grupo para a tarefa, pois a busca

(in) consciente dos participantes por manter o estado em que se encontram (zona de

conforto), pode disparar comportamentos de fuga do grupo.

Já que Pichon-Rivière afirma que o esquema de referência não se estrutura

como uma organização conceitual, mas no alicerce motivacional, de experiências

vividas. Essas são possibilidades para construção do mundo interno, habitado por

pessoas, vínculos, lugares que se articulam com um tempo próprio, configuram a

estratégia da descoberta (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

O grupo operativo, na medida em que permite aprender a pensar, permite

superar, por meio de cooperação e complementariedade na tarefa, as dificuldades

da aprendizagem, enriquece o conhecimento de si e do outro na tarefa. Daí ser

terapêutico no sentido de que permite a aprendizagem, no pensar, no contato com a

realidade (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

O GO é universal pelo fato de que sua técnica (como uma técnica social)

torna possível a abordagem de diversas situações terapêuticas que possam ocorrer

em comunidades, ou com indivíduos internados. Apesar de a concepção de GO ter

sido na área da saúde, houve utilização da investigação operativa para o

comércio/indústrias, logística, tática e estratégia militar (PICHON-RIVIÈRE, 2009).

O grupo é um recurso que possibilita mudanças no modo como o ser


humano compreende e se responsabiliza por sua saúde, melhora
sua qualidade de vida e amplia a efetividade das relações entre os
usuários e a instituição (SILVA et al, 2003, p. 23).

Considerando que para os portadores de doenças crônicas, como PVHA, são

necessários esforços cognitivos e comportamentais para o enfrentamento da

doença, o tratamento requer a utilização de estratégias, busca de informações,

recursos para aquisição de habilidades que possam auxiliá-los no processo de


49

adaptação e manejo da doença, ou seja, será exigida uma mudança de hábitos e

estilo de vida (SILVA et al, 2003).

Munari e Furegato (2003) reafirmam a necessidade de estudos sobre os

fenômenos grupais, para que se trabalhe de forma menos empírica com os grupos,

qualquer que seja sua finalidade. Andaló (2001) ressaltou a ênfase nos processos

grupais para o atendimento à saúde, para tanto o conhecimento sobre os processos

grupais são um instrumento valioso, em termos da eficácia para atingir objetivos ou

realizar tarefas, resolver conflitos e tensões, dentre outros, sendo evidente a

necessidade de ampliar o saber sobre essa área.

Ao contrário do GO, que tem características de um grupo fechado, o Ministério

da Saúde incentiva os chamados grupos de adesão, habitualmente abertos

(BRASIL, 2008b), nos quais o tema adesão ao tratamento é abordado. Porém,

nesse estudo visamos à investigação da possibilidade de grupos não apenas com a

intenção de estimular a adesão ao tratamento medicamentoso pontualmente, mas

incentivar à reflexão sobre o modo de se posicionar frente à soropositividade.

Apesar desses aspectos, autores como Artur (2010); Botene e Pedro (2011);

Faustino e Seidl (2010) destacaram as dificuldades para a realização de grupos com

a finalidade de coleta de dados com PVHA, bem como o compromisso dos

indivíduos com a infecção ou mesmo dos cuidadores. Assim apesar da necessidade

de mais estudos sobre a assertividade de grupo para a referida população, torna-se

iminente investigar estratégias de adesão a tais grupos. Uma das possibilidades é o

desenvolvimento de GO, pois tem o fundamento no vínculo entre os participantes do

grupo.

Para Pichon, a execução da tarefa permite “novo estilo de vida”, baseado na

adaptação ativa à realidade, transformando-os em agente de mudança social


50

(PICHON-RIVIÉRE, 2009). Essa aprendizagem é suscetível de (re) aprendizagem e

de transmissão, portanto, esses aspectos são convergentes ao conceito de habitus

de Bourdieu.

Leone e Díaz (2005) identificaram aproximações entre conceitos de Bourdieu

e Pichon-Rivière à medida que ambos consideraram o indivíduo como agente social

que se constrói e é construído conforme o contexto.

Mesmo em áreas diferentes do conhecimento, ambos os autores abordaram a

dimensão social relacionada a fatores individuais, já que anteriormente o foco de

explicação da realidade se fundamentava ou no aspecto coletivo ou individual, de

modo dicotômico, não refletindo acerca da inter-relação indivíduo-meio social.

Os conceitos de Bourdieu e de Pichon Rivière ajudam a pensar a relação

entre o indivíduo e a sociedade, entre sujeito e objeto, entre um e os múltiplos, entre

o singular e o coletivo.

2.1. CONCEITOS DE BOURDIEU: HABITUS e CAMPO

Jean Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês que estabeleceu

relações do mecanismo de convivência entre as pessoas, com o intuito de

compreender as facetas que permeiam suas vidas. Conforme Sallaz e Zavisca

(2007) acima de 10% dos artigos publicados nos quatro principais periódicos sobre

sociologia americana citam Bourdieu, demonstrando a relevância dos conceitos

desse autor e contrapondo a ideia de que os mesmos são apenas reprodução

teorista.

Para a formulação dos conceitos de campo e de habitus, Bourdieu imergiu na

realidade de moradores da Argélia e numa aldeia da França, com intuito de ser um


51

teórico na prática. Essa abordagem permitiu a percepção de que o modo de ser do

indivíduo é (re)definida pelo contexto e que a sua postura permite a (re)definição de

regras no campo (BOURDIEU, 2007).

Os conceitos de habitus e campo de Bourdieu são articulados com da

pesquisa qualitativa, pois a própria construção desses conceitos foi permeada pelo

entendimento da visão de mundo dos indivíduos, a partir da sua posição no espaço

social (BOURDIEU; 2004).

O processo de pesquisa foi orientado pelo entendimento de Bourdieu (2004)

sobre indivíduo, com a perspectiva de que as pessoas transformam a visão de

mundo conforme suas percepções, experiências e o meio a que pertencem, essas

características formam o habitus, segundo o referido autor. Assim, existem

diferentes formas pelas quais o indivíduo se aproxima da realidade ou da

imaginação, com diferenças na maneira de apreensão (competências adquiridas) e

de execução (implementação), que incluem as simpatias e antipatias, gostos e

aversões, pensamentos conscientes e inconscientes, opiniões declaradas e veladas

(BOURDIEU, 2007).

E por esses motivos é que as práticas podem receber sentidos e valores

opostos em campos diferentes, mas que se estende além do espaço adquirido ou

incorporado, funcionando como estilo de vida expresso na sociedade (BOURDIEU,

2007).

Sendo o social constituído por diferentes campos, cada um destes tem seu

próprio objeto (ativismo, artístico, econômico, dentre outros) e conhecimento de

mundo. Assim, são microcosmos no interior do social que tem relativa autonomia, já

que se caracterizam por agentes com mesmo habitus e que esses podem

transformar o campo, assim como ser transformado por ele. Portanto, esses
52

conceitos tem relação dinâmica, com constante movimento advindo da interação

social (BOURDIEU, 1996).

A reciprocidade da relação estabelece um movimento perpétuo, um sistema

generativo autocondicionado — o habitus — que busca permanentemente se

reequilibrar, que tende a se regenerar, a se reproduzir. Tal estruturalismo é fundado

em uma noção de estruturas sincrônicas e inconscientes, mas históricas — como a

do campo — contextuais e geradoras — como a do habitus — em que é a

percepção individual ou do grupo, a sua forma de pensar e a sua conduta são

constituídas segundo as estruturas do que é perceptível, pensável e julgado

razoável na perspectiva do campo em que se inscrevem (BOURDIEU, 1996). Por

exemplo, diz ele que o trabalhador, seja ele um operário, um burocrata ou um

pianista, não pode se conduzir, improvisar ou criar livremente. Ele é sujeito da

estrutura estruturada do campo, dos seus códigos e preceitos.

Bourdieu (2004) nega o determinismo e a estabilidade das estruturas, mas

mantém a noção de que o sentido das ações mais pessoais e mais transparentes

não pertence ao sujeito que as perfaz, senão ao sistema completo de relações nas

quais e pelas quais elas se realizam. Com isto, ele se coloca a meia distância entre

o subjetivismo, que desconsidera a gênese social das condutas individuais, e o

estruturalismo, que desconsidera a história e as determinações dos indivíduos.

A noção de habitus é, para Bourdieu, o encontro da história objetivada e

incorporada, que lhe confere um significado e finalidade uma sensação subjetiva

(MARTINS, 2004). E para intervir junto a essa realidade para promover vida ativa e

independente, tem necessidade de entender os conceitos de saúde da pessoa, suas

práticas e experiências. Bourdieu visa entender e explicar ações individuais e

grupais no mundo social (RHYNAS, 2005).


53

O capital representa o poder de uma pessoa e pode ser trocado ou usado

para melhorar a sua posição dentro do campo, e esse movimento pode culminar

com o empoderamento (BOURDIEU, 2004). Assim, habitus, a partir do capital

incorporado, é como princípio que gera e organiza práticas e representações que

podem ser adaptadas à realidade, com preferências do agente (BOURDIEU, 2004;

IGNATOW, 2009; WACQUANT, 2003).

A partir da ideia que nos constitui o agente social, influenciados pela família,

escola e contextos diferenciados ao longo da vida, o que já se encontra estruturado,

também influenciam a constituição de outros agentes que se aproximam e que se

distanciam da forma de pensar, estas são as estruturantes. Esse movimento de

agregar, ao mesmo tempo, que se torna agregado, de alguma forma, na vida do

outro, constitui o habitus.

Estudo que envolveu enfermeiros e estudantes como o objetivo de analisar o

modo de interação destes dois grupos com pacientes específicos concluiu que as

ações dos profissionais com habilidades de lidar com os pacientes foi replicado

pelos estudantes, sendo que este processo é inconsciente e transferível. O habitus

dos profissionais “regulou” as práticas realizadas pelos estudantes (RHYNAS, 2005).

Assim, o habitus é individual, envolve atitudes e valores pessoais que são

influenciados por tradições, educação, cultura e convicções; mas é desenvolvido por

socialização e por compreensões pessoais e aprendizados. Desse modo, o habitus

é coletivo/grupal. Assim, os conceitos de Bourdieu podem ser utilizados para

pesquisas na enfermagem e na saúde, inclusive pela necessidade de abordar

aspectos subjetivos de cuidar (subjetividade) em serviços de saúde, que em sua

maioria, funcionam seguindo o modelo biomédico (objetividade). Com potencial para

desenvolver valiosas considerações sobre as interações de


54

enfermeiros/profissionais da saúde com as estruturas e agentes dentro do campo e

os símbolos de doenças (RHYNAS, 2005), como a aids.

O campo é um espaço social em que os participantes se envolvem e se

interrelacionam, de modo recíproco, durante a realização de suas atividades. Esse

engajamento é a demonstração de que os envolvidos compartilham ideias.

Para Martins (2004, p. 64), o ganho cognitivo da teoria de Bourdieu é que

pode ser visto como uma tentativa de evidenciar que ali onde
pensávamos que havia um sujeito livre, agindo de acordo com sua
vontade mais imediata, na verdade o que existe é um espaço de
forças estruturado que molda a capacidade de ação e de decisão de
quem dele participa.

Bourdieu, ao analisar a dimensão indivíduo-sociedade, percebe as influências

para formação de ideias e posicionamentos. Logo, o autor coloca em questão a

autonomia do sujeito, pois a “liberdade de expressão” é subsidiada pela rede de

relações: educação, moda, televisão, produção artística de uma época, dentre

outras, que direcionam a forma de ser e as opções dos sujeitos, assim, coagindo

decisões diferenciadas das estabelecidas para aquela realidade social. A cada

campo corresponde um habitus próprio de campo. Cada agente do campo é

caracterizado por sua trajetória social, seu habitus e sua posição no campo

(BOURDIEU, 1996).

Estudo de Lopes, Cardoso e Cascardo (2008) abordou a reconfiguração do

habitus da enfermagem em um serviço de saúde a partir do reconhecimento do

trabalho dos enfermeiros com mudanças significativas tanto no serviço de

enfermagem, quanto na assistência aos pacientes de HIV/aids.

Assim, o entendimento de viver com HIV/aids a partir da dimensão social

permite a visão do habitus da pessoa em condição específica, que impulsiona para

mudanças no estilo de vida. A investigação sobre o habitus de pessoas com


55

HIV/aids, possibilita conhecer a forma de funcionamento desses indivíduos e a

constituição da estrutura mediadora entre as condições objetivas de uma sociedade

(mercado, divisão de trabalho, política, classes sociais) e subjetivas dos integrantes

desta sociedade. Por ser mediadora tende produzir práticas que sejam ajustadas às

estruturas objetivas (BOURDIEU, 1996).

Segundo Montagner (2008), não há estudo publicado por Bourdieu,

especificamente, na área da saúde, porém ao refletir acerca do corpo e suas

experiências para a composição de si, o autor pontua que se trata do ponto

geométrico das práticas em saúde. Ao se referir a três dimensões do corpo: físico,

estático e dinâmico, relaciona-o com doença crônica, devido à presença de fatores

de risco comportamentais (modificáveis).

As questões que envolvem o indivíduo que sabe ter o HIV permeiam desde a

forma como se designa a pessoa com essa infecção (‘portador’, ‘doente da aids’,

’soropositivo’) até o envolvimento com movimentos sociais (por exemplo, OSC).

Esse é um dos motivos pelos qual optamos por Bourdieu: os amplos conceitos que

elaborou acerca do modo de ser dos sujeitos, incluindo a forma que reagimos no

cotidiano e como construímos o acervo próprio de informações que orientam o fazer

e o não fazer. Neste estudo, o conceito de habitus e de campo constituem a base

para a compreensão de viver com HIV/aids.

Bourdieu propõe a análise do indivíduo inserido em um meio/grupo e

influenciando na construção histórica e sendo influenciado no seu habitus. Gomes et

al (2012) identificaram que soropositivos esquematizam suas relações interpessoais

e consigo mesmos, a partir de uma organização psicossociológica da aids. Segundo

os mesmos autores, essa organização se mostra influenciável pela comunicação

social mediada por veículos de comunicação. Por isso, o habitus.


56

Para Ferreira e Favoreto (2011), o papel de protagonista, em relação às

“estórias de vida” e o adoecimento, emergiu como elemento central no

enfrentamento das rupturas advindas do adoecimento e influenciou na incorporação

da adesão em uma perspectiva terapêutica.

Assim, as PVHA a partir de questões novas (viver com HIV/aids) buscam

formas de manejar a vida, mas apesar dessa individualidade, as histórias se

assemelharam em relação ao movimento de protagonismo que os pacientes fazem

para enfrentar as dificuldades e barreiras impostas no curso da vida, expostos a

vulnerabilidades (consequências físicas e morais do adoecimento pelo HIV).

(FERREIRA; FAVORETO, 2011).

Esse protagonismo foi percebido na forma como as pessoas se referiram aos

seus hábitos de vida, dando ênfase ao autocuidado, expressando mudanças em sua

visão sobre saúde e sobre o manejo do tratamento. A incorporação de modo de

viver diferenciado permite o destaque no campo em questão.

2.2. PRESSUPOSTOS DO ESTUDO

Apesar de contar com três décadas da epidemia da aids, viver com HIV/aids

significa um cotidiano permeados por questões implícitas e pelo sigilo. Nessa

realidade, as pessoas soropositivas manejam suas vidas conforme a estrutura

interna de cada indivíduo, que permite se apropriar de informações para o

enfrentamento da infecção/doença.

Para Bourdieu, esse movimento de constituir-se de acordo com as situações da

vida, assim como de corroborar com a composição do outro diz respeito ao habitus.

Um dos espaços possíveis para esse movimento é o grupal para PVHA, sendo uma
57

alternativa de atendimento que auxilia no despertar de um posicionamento mais

assertivo frente ao diagnóstico, sobretudo, referente ao autocuidado.

Assim, a partir de intervenção grupal acreditamos que as PVHA possam

visualizar possibilidades de enfrentamento do contexto por meio do olhar de outra

PVHA, permitindo os saltos qualitativos de aprendizagem. Esse movimento é que

determina a operatividade do grupo, e, portanto, o alcance dos objetivos.


58

3. PERCURSO METODOLÓGICO

Este é um estudo descritivo de abordagem qualitativa, tendo como objeto de

pesquisa o grupo como modalidade de atenção à saúde de pessoas com HIV/aids.

As investigações descritivas tem a finalidade, primordial, de observar, descrever e

documentar as características de um fenômeno ou aspectos da situação. Gil (2010),

Polit, Beck e Hangler (2004) pontuam que por meio de estudo descritivo, o problema

de pesquisa pode ser entendido e as práticas melhoradas por meio da descrição e

análise de observações in loco. A pesquisa de natureza qualitativa trabalha com o

universo de significados, opiniões, pensamentos, atitudes de indivíduos (MINAYO,

2008). Assim, este caminho foi o que mais se adequou para alcance de nossos

objetivos e a exploração do objeto de estudo.

Além da metodologia descrita nos parágrafos anteriores, utilizamos a revisão

integrativa para sistematizar as evidências científicas sobre a assertividade do grupo

para PVHA e identificação do conhecimento existente. Igualmente, durante o

desenvolvimento da pesquisa elaborou-se um relato de experiência que explicita a

trajetória da elaboração de um instrumento para registo de grupo.

3.1. CAMPO DE ESTUDO

Para a execução da investigação foram necessárias etapas tais como a

escolha do espaço onde seria realizada a pesquisa e do grupo de pessoas, bem

como o estabelecimento dos critérios de inclusão/exclusão e o planejamento das

estratégias de entrada em campo de acordo com Minayo (2006).


59

Dessa forma, elegemos como campo de estudo uma Organização da

Sociedade Civil (OSC), localizada na região metropolitana de Goiânia, Goiás. A

instituição foi fundada em 1993 e conta, atualmente, com o cadastro de duzentas e

cinquenta famílias, sendo que cada uma destas tem um ou mais indivíduos que

vive(m) com HIV/aids. A elegibilidade baseou-se nas condições favoráveis para o

desenvolvimento da pesquisa, tanto no aspecto de estrutura física (sala reservada),

quanto de acesso às PVHA pessoalmente ou por contato telefônico.

Essa OSC tem a peculiaridade de funcionar tanto como residência por curta

temporada a PHIV/aids que esteja em dificuldades de moradia, independente de sua

naturalidade, quanto ofertando serviços. Estes são: serviço de psicologia individual,

atendimento jurídico que inclui orientações sobre direitos específicos para os que

vivem com o referido diagnóstico (DECLARAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

DAS PESSOAS PORTADORAS DO VÍRUS DA AIDS, 1989), auxílios (cesta básica

mensal, medicamento, transporte, documentação), distribuição de preservativos,

organização de eventos beneficentes, além de proporcionar refeições diárias aos

frequentadores do local. Não havia atividades grupais para as cadastradas na ONG.

A equipe responsável para execução dessas atividades são membros da

diretoria (presidente, vice-presidente, diretor financeiro, diretor de promoção social,

secretaria geral, conselho fiscal, conselho consultivo, apoio psicológico, apoio

jurídico), segurança, cozinheira e voluntários. Naquele momento, não havia

enfermeiro incluído no quadro de prestadores de serviços.

A OSC tem projetos de ações contemplados para financiamento por parte de

órgãos governamentais e outras OSC, assim como doações de colaboradores.

3.1.1. Aproximação ao campo de estudo


60

Com a sinalização positiva do responsável da OSC para realização deste

estudo, iniciamos a entrada no trabalho de campo e de apresentação da

pesquisadora. Esta etapa teve impacto direto na qualidade de dados coletados, uma

vez que entra em jogo a capacidade de empatia, de observação e de aceitação dos

comportamentos do pesquisador, pois, além de observar o grupo, as intenções do

pesquisador são também observadas pelo grupo, como o pesquisador irá preservar

os segredos do grupo (MINAYO, 2006).

A OSC foi considerada um espaço privilegiado por ser já conhecido pelos

sujeitos, portanto um indicativo de segurança e confiança, favorecendo a

particularidade da pesquisa qualitativa.

Para o contato com as PVHA escolhemos o dia do mês em que as famílias

cadastradas adquiriam a cesta básica, momento em que realizamos a abordagem

de algumas pessoas, com a apresentação da pesquisadora, explicitação da

atividade, seguida do convite para participar. Algumas pessoas com quem

conversamos naquele dia justificaram impedimentos relacionados à execução de

atividades laborais, outras aceitaram a proposta e as demais que iriam refletir sobre

o convite, fornecendo possibilidades de contato.

Além desses, o responsável nos forneceu contatos telefônicos de outras

pessoas que não compareceram. Esse processo de aproximação aconteceu nos

meses de junho e julho de 2010.

3.2. PARTICIPANTES DA PESQUISA

Para o cadastro na instituição é necessária a confirmação do diagnóstico por

meio da apresentação do exame sorológico positivo. As pessoas que participaram


61

deste estudo estavam cadastradas na OSC, idade superior a 18 anos, ambos os

sexos, independente das experiências sexuais, dialogar sobre as experiências com

HIV/aids.

As pessoas que não apresentavam capacidade de se expressar por alguma

limitação física ou mental não poderiam participar da intervenção grupal, devido aos

critérios estabelecidos.

Quando obtivemos o aceite de 15 PVHA, marcamos horário e dia da semana

para a realização da primeira coleta de dados. Os participantes, em sua maioria, já

haviam se visto no espaço da OSC ou no espaço hospitalar, mas não conversaram

anteriormente sobre suas experiências. Com exceção de dois que residiam no

mesmo local.

3.3. TRABALHO DE CAMPO

A pesquisa foi conduzida pela intervenção grupal que oportunizou a

exposição do movimento de construção do habitus e campo (BOURDIEU, 1996) das

PVHA, originando os dados empíricos do estudo.

Para tanto, utilizamos um dos possíveis enfoques para o trabalho de grupo, o

Grupo Operativo (GO), tecnologia concebida pelo psicanalista Pichón-Rivière, que

tem como finalidade a realização de uma tarefa pelos integrantes do grupo,

desempenhada por meio da vinculação grupal (PICHÓN-RIVIÈRE, 2009). Vale

esclarecer que conceitos de Bourdieu e de Pichón-Rivière convergem no aspecto de

que sujeito (indivíduo) e estrutura (sociedade) se constituem reciprocamente

(LEONE; DÍAZ, 2005).


62

O GO, diferentemente da entrevista coletiva, é uma estratégia de coleta de

dados que privilegia a vivência e a opinião das pessoas participantes e a interação

entre elas (LUCCHESE; BARROS, 2007).

Cada encontro grupal foi coordenado pela própria pesquisadora,

supervisionada por uma especialista na área de grupos em saúde e uma

observadora silente, este responsável por registrar a comunicação não verbal, assim

como seu contexto (PICHÓN-RIVIÈRE, 2009).

Os encontros grupais foram realizados de agosto a novembro de 2010,

semanalmente. No primeiro encontro grupal contamos com a presença de 8

pessoas. As outras 6 PVHA convidadas compareceram nos encontros

subsequentes, um que havia aceitado justificou ausência pelo exercício de atividade

remunerada. Portanto, o grupo foi constituído de 14 participantes com frequência

variável.

No início dos trabalhos definimos o objetivo contrato ou contrato terapêutico,

disposto numa cartolina, abordando os seguintes aspectos: o número de dez GO,

horário de início da atividade no período vespertino, já que foi citada a concentração

de outras atividades no turno matutino, dia da semana (quinta-feira), duração da

sessão grupal, sigilo das informações relatadas no grupo, utilização de telefones

móveis durante o encontro no modo silencioso, oferecimento de lanche pós-

encontro, ressarcimento de custos de transporte para deslocamento residência-

OSC-residência.

O tempo de duração dos encontros foi, em média, de 1h30min, distribuído

entre abertura, desenvolvimento e encerramento, conforme explicitado em

apêndice A.
63

No primeiro encontro, primordialmente, houve a apresentação dos integrantes

do grupo e contrato terapêutico (normas de funcionamento do grupo e constituição

da agenda de temas dos próximos encontros). No segundo encontro, resgatamos o

tema destacado na reunião anterior (doença oportunista), desse modo, procedemos

nas demais sessões de grupo. Sendo que os temas a seguir nortearam os demais

encontros: “tomada de decisão e alimentação”, “gravidez e HIV”, “adesão

medicamentosa”, “sexualidade”, “drogas (i)lícitas”, “revelação diagnóstica”, “direitos

e deveres da PVHA”, “perspectivas futuras”

Os integrantes citaram quais temas almejavam que fossem discutidos

(Apêndice B), que compuseram a tarefa explícita do GO. Na manutenção desta

tarefa a cada encontro reforçamos o contrato terapêutico, a relação de temas

sugeridos e a avaliação do GO.

Para a avaliação do GO, os encontros foram gravados digitalmente e

transcritos na íntegra e juntamente com as impressões do observador, constituíram

a crônica da reunião, ou seja, a síntese dos acontecimentos grupais (PICHÓN-

RIVIÈRE, 2009). A crônica foi o instrumento disparador para o GO seguinte, em que

relembramos os acontecimentos do encontro anterior, com o objetivo de centrar-se

na tarefa grupal.

Além da composição da crônica, o material transcrito foi organizado para

análise do conteúdo das falas.

3.4. ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A organização e análise dos dados dependeram dos movimentos exigidos

pelo desenho metodológico de cada artigo produzido por este estudo. Os dados
64

originados nos GO foram submetidos à análise de conteúdo, modalidade temática

(BARDIN, 2011).

Desse modo, neste estudo seguimos as etapas da análise supracitada que

consistiram em descobrir a presença de temas significativos relacionados ao objeto

de estudo e envolveu três etapas (BARDIN, 2011). Na primeira, designada pré-

análise foram realizadas leituras e releituras dos encontros grupais com o foco na

busca de temas que contemplassem os objetivos iniciais. A segunda etapa, ou seja,

a exploração do material, consistiu na formação de núcleos de sentido. E na terceira

etapa, denominada tratamento e interpretação dos resultados obtidos, aconteceu a

agregação dos núcleos de sentidos, originando subcategorias e categorias, assim

como a proposição de inferências e interpretações à luz do referencial teórico de

Bourdieu.

Para Minayo (2006), a análise de dados:

diz respeito ao conjunto de procedimentos para valorizar,


compreender, interpretar os dados empíricos, articulá-lo com a teoria
que fundamentou o projeto ou com outras leituras teóricas e
interpretativas cuja necessidade foi dada pelo trabalho de campo
(p.27)

No processo de análise, os GO foram codificados pela letra G seguida da

numeração arábica sequencialmente G1, G2,..., G10. Os resultados do processo

analítico foram detalhados no artigo 3.

3.5. PRECEITOS ÉTICOS

Os princípios éticos foram respeitados no decorrer da pesquisa, ressaltando a

exposição dos objetivos aos participantes, sendo garantido o anonimato e o sigilo

das falas.
65

Uma vez aceito o convite, procedemos à assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – Apêndice C. Com as PVHA que

compareceram após o primeiro encontro, adotamos o mesmo procedimento com

relação aos cuidados éticos. A participação teve caráter voluntário e sem qualquer

ônus, sendo garantido o valor para deslocamento de ônibus residência-OSC-

residência e devido ao horário do término da sessão grupal, foi oferecido lanche ao

final de cada encontro grupal. A qualquer tempo foi garantido o direito ao

participante de solicitar seu afastamento da pesquisa, sem qualquer prejuízo ao

atendimento de suas necessidades.

A pesquisa foi desenvolvida após a aprovação do estudo pelo o Comitê de

Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Goiás, em conformidade com a Resolução nº 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, sob o protocolo Nº 029/2009 – Anexo B.

3.5.1. Acompanhamento dos Participantes da Pesquisa

O pesquisador que utiliza a técnica de grupo para obtenção de dados

empíricos desempenha além do papel de estudioso dos acontecimentos, o de

coordenador de grupo (LUCCHESE; BARROS, 2007; MUNARI et al, 2008).

Assim, a expressão de sentimentos foi valorizada, de modo que quando

identificamos, por questões externas ou internas ao grupo, participante com intensa

mobilização de emoções orientamos para acompanhamento. Vale ressaltar que a

atividade grupal é um espaço aberto para as pessoas emitirem seus pensamentos e

que um dos benefícios da tecnologia de grupo é o se sentir acolhido (ALVAREZ et

al, 2012; OLIVEIRA et al, 2010).


66

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente tese obedece parcialmente à estrutura formal de um texto

monográfico e neste capítulo apresentamos os resultados formatados como textos

produzidos para publicação, redigidos conforme as normas dos periódicos

selecionados para sua submissão.

Assim, no artigo 1 (Intervenções grupais no atendimento das necessidades da

pessoa com HIV/AIDS: revisão integrativa) constatou-se a situação de publicações

internacionais sobre atividades grupais com PVHA, já que a busca preliminar

realizada em periódicos nacionais revelou que os artigos voltam-se à prevenção da

transmissão do vírus. Esse artigo foi submetido à Acta Paulista de Enfermagem, de

acordo com as normas específicas (ANEXO C), com o status “em avaliação”.

O artigo 2 (Ferramenta para registro de grupo de pessoas com HIV/AIDS:

relato de experiência), a ser submetido à Cogitare Enfermagem (normas em ANEXO

D) diz respeito à experiência de elaboração de um instrumento de registro dos

acontecimentos no grupo, uma vez que não identificamos essa ferramenta para

grupos genéricos. O registro é o reflexo do desempenho das atividades de grupo e

da articulação com as demandas do grupo.

O artigo 3 (A vida da pessoa pós-HIV/AIDS: habitus e campo à luz de

Bourdieu) diz respeito à análise do conteúdo das falas das sessões grupais e nos

auxiliou a conhecer a força do grupo formado para a coleta de dados, que é a

experiência de viver com HIV/AIDS. Sendo destacada como o eixo da vida dos

indivíduos participantes desta investigação e que a construção da experiência

advém de fontes de saberes diferenciados: de suas próprias vivências, das de outra


67

PVHA e de pessoa que não têm infecção/doença, ou seja, daqueles que convivem

com HIV/AIDS. O status desse artigo submetido à Revista da Escola de

Enfermagem da USP – REEUSP é “em avaliação”, e as normas estão no ANEXO E.

O artigo 4 (Avaliação de grupo operativo para pessoas que vivem com

HIV/AIDS) consta a análise horizontal das crônicas das sessões grupais,

adicionalmente da escala de indicadores do desempenho grupal. Este objetiva

abordar a avaliação da intervenção grupal e aponta a importância do estudo dos

vetores para a assertividade de grupo operativo. Esse será submetido ao parecer da

Revista Gaúcha de Enfermagem, cujas normas foram anexadas (ANEXO F).


68

4.1. Artigo 1 – Intervenções grupais no atendimento das necessidades da pessoa

com HIV/Aids: revisão integrativa

Walterlânia Silva Santos1


Marcelo Medeiros2
Roselma Lucchese3
Denize Bouttelet Munari4
RESUMO
Intervenções grupais no atendimento das necessidades da pessoa com
HIV/AIDS: revisão integrativa
Objetivo: Sintetizar evidências nas produções científicas sobre a efetividade de
práticas grupais no atendimento às pessoas que vivem com HIV/AIDS. Método:
Revisão integrativa da literatura, com o intuito de responder a questão: o
atendimento grupal é prática efetiva na abordagem das necessidades das pessoas
que vivem com HIV/AIDS? Resultados: Selecionou-se 28 artigos. A produção
científica, em sua maioria, é originária dos Estados Unidos, publicada entre 2004 e
2009, por profissionais da Psicologia, com quantidade de sessões grupais variável,
norteados pela teoria cognitivo-comportamental, com alcance dos objetivos
propostos, sendo todos os grupos fechados. Conclusão: Os dados apontam que o
atendimento grupal é prática eficiente para atender às necessidades relacionadas à
depressão, ansiedade e adesão medicamentosa.
Descritores: Processos grupais. Estrutura de Grupo. Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida. HIV. Revisão.
ABSTRACT
Group interventions in meeting the needs of people with HIV/AIDS: an integrative
review
Objective: To summarize evidence on scientific productions on the effectiveness of
group practices in caring for people living with HIV / AIDS. Method: Integrative
literature, in order to answer the question: care group practice is effective in
addressing the needs of people living with HIV / AIDS? Results: 28 articles were
selected. The scientific production, mostly originated from the United States,
published between 2004 and 2009, by professional psychology, with variable amount
of group sessions, guided by cognitive-behavioral theory, to achieve the proposed
objectives, with all groups closed . Conclusion: These data demonstrate that the
service group is efficient to meet the needs related to depression, anxiety and
medication adherence.
Keywords: Group Processes. Group Structure. Acquired Immunodeficiency
Syndrome. HIV. Review.

1
Enfermeira. Professora Assistente. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão (UFG/CAC). E-mail:
walterlaniasantos@gmail.com
2
Enfermeiro. Professor Associado. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem(UFG/FEN). E-
mail: marcelo@fen.ufg.br
3
Enfermeira. Professora Adjunta. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão(UFG/CAC). E-mail:
roselmalucchese@hotmail.com
4
Enfermeira. Professora Titular. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem(UFG/FEN). E-mail:
denize@fen.ufg.br
69

RESUMEN
Intervenciones grupales en el cumplimiento de las necesidades de las personas con
VIH/SIDA: una revisión integradora
Objetivo: Resumir las pruebas en producciones científicas sobre la eficacia de las
prácticas de grupo en el cuidado de las personas que viven con el VIH / SIDA.
Método: bibliografía Integrativa, con el fin de responder a la pregunta: la práctica de
cuidado en grupo es efectiva en el tratamiento de las necesidades de las personas
que viven con el VIH / SIDA? Resultados: 28 artículos fueron seleccionados. La
producción científica, en su mayoría procedían de los Estados Unidos, publicados
entre 2004 y 2009, por la psicología profesional, con cantidad variable de sesiones
de grupo, guiado por la teoría cognitivo-conductual, para lograr los objetivos
propuestos, con todos los grupos cerrados . Conclusión: Estos datos demuestran
que el grupo de servicio es eficiente para satisfacer las necesidades relacionadas
con la depresión, la ansiedad y la adherencia a la medicación.
Descriptores: Procesos de Grupo. Estructura de Grupo. Síndrome de
Inmunodeficiencia Adquirida. VIH. Revisión.

INTRODUÇÃO
De acordo com o Departamento de DST/AIDS, até junho de 2011, notificou-se
608.230 casos de pessoas com AIDS no Brasil(1), correspondendo aos indivíduos
que já desenvolveram a síndrome da imunodeficiência adquirida. Pessoas que além
do enfrentamento do tratamento da síndrome, podem, também, se depararem com o
preconceito e a discriminação, devido ao estigma inerente ao HIV/AIDS(2).
O tratamento antirretroviral altamente ativo (HAART), a partir de 1996 (3),
permitiu à pessoa que vive com HIV/AIDS (PVHA) mudança de esperança de vida
limitada para o aumento da expectativa de vida, ou seja, os que utilizam
adequadamente esses medicamentos apresentam aumento da sobrevida, revelando
características de doença crônica(4), podendo ter o diagnóstico de co-morbidades.
Para tanto, há tecnologias que atendem de forma ampla as necessidades de
atenção à saúde das PVHA, englobando ações direcionadas para a dimensão
individual (consulta individual com foco em adesão, interconsulta e consulta
conjunta, tratamento diretamente observado), assim como para a dimensão coletiva
(grupos de adesão, grupo de sala de espera, rodas de conversa) (3-4).
Em relação ao atendimento grupal, além de estimular a adesão
medicamentosa, funciona como espaço para trocas de experiências, e dentre vários
aspectos, revela a PVHA que não é a única com a infecção/doença, podendo
renovar o sentimento de inclusão(5-6). A realização de prática de grupo é uma
recomendação do Ministério da Saúde e visa a oferecer suporte, promover a
70

reflexão, informação e discutir as dificuldades e possibilidades para a resolução de


situações que permeiam a vida da PVHA(3).
Dessa forma, torna-se imperativo ressaltar os resultados terapêuticos das
ações em grupo no tratamento de PVHA por meio de síntese das evidências,
prioritariamente, na literatura internacional, uma vez que consulta aos estudos
nacionais identificou práticas grupais com enfoque na prevenção de HIV (7),
demonstrando uma fragilidade de divulgação do cuidado em outros níveis de
complexidade de atenção à saúde.
Assim, nesse estudo, partiu-se do pressuposto de que o resgate das produções
acerca de HIV/AIDS e grupos no campo da saúde podem aclarar aspectos sobre a
cientificidade dessa estratégia de atendimento a PVHA. Esta investigação objetivou
sintetizar evidências nas produções científicas sobre a efetividade de práticas
grupais no atendimento às pessoas que vivem com HIV/AIDS.

METODOLOGIA
O presente estudo seguiu as etapas que constituem o método de revisão
integrativa da literatura: formulação do problema de pesquisa, amostragem da
literatura, categorização dos estudos, avaliação do material, interpretação dos
resultados, síntese(8).
O ponto de partida de uma revisão integrativa é a definição da questão
norteadora da pesquisa que, no caso deste estudo foi: o atendimento grupal é
prática efetiva na abordagem das necessidades das pessoas que vivem com
HIV/AIDS?
Então, prosseguiu-se o acesso aos acervos dos sítios eletrônicos: Science
Direct, Springer, Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line
(MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e American
Psychological Association (APA) para seleção dos artigos utilizando os descritores
Group Practice, Group Structure, Group Processes, Self-Help Groups relacionados
alternadamente com HIV, Acquired Immunodeficiency Syndrome, aids, por palavras
no título, palavras no resumo ou descritores. Incluiu-se o descritor não controlado
aids devido ao número maior de artigos encontrados. Considerou-se elegíveis para
esta investigação somente artigo original, com texto completo disponível on line,
publicados nos idiomas inglês, espanhol e português até setembro de 2011, que
71

respondessem à questão norteadora, com apresentação de método de avaliação da


efetividade grupal.
Assim, na busca inicial, encontrou-se 1617 artigos. Desses, 36 foram
selecionados conforme critérios de inclusão para o preenchimento do formulário de
coleta de dados orientada pelos seguintes aspectos: periódico de publicação, ano de
publicação, delineamento do estudo, objetivo, idioma, nível de evidência, população
estudada, procedência do artigo, assim como síntese dos resultados e referencial
técnico-teórico. Segue-se a distribuição dos artigos encontrados: 17 – ScienceDirect,
09 – APA, 07 – MEDLINE, 02 – Springer e 01 – LILACS, com a exclusão da
duplicidade, 28 artigos foram incluídos no estudo, conforme figura 1. O processo de
coleta de dados foi conduzido por três pesquisadores de maneira conjunta.
Figura 1: Fluxograma da coleta de dados para Revisão Integrativa sobre grupos de pessoas com
HIV/Aids. Revisão Integrativa, Brasil, 2011.

Para a extração das informações dos 28 artigos procedeu-se a codificação dos


artigos com o uso de letra A e ordenação numérica (Ex.: A1), foram organizados e
apresentados em gráfico e quadro, para auxiliar a avaliação e a interpretação dos
resultados dos estudos científicos quanto aos objetivos estabelecidos, no sentido de
identificar a efetividade da prática grupal aplicada a PVHA.
Dentre os aspectos mencionados, faz-se necessário esclarecer que se utilizou-
a classificação em seis níveis de evidência(9): nível um - evidência obtida do
resultado de meta análise de estudo clínico controlado e randomizado; nível dois -
Psicologia
estudo de desenho experimental; nível três - estudo quase experimental; nível
quatro - estudo não experimental, descritivo ou com abordagem metodológica
qualitativa; nível cinco - relatório de caso ou de dado de avaliação de programa;
nível seis - opinião de especialista(s). Dessa forma, indica-se qual a abordagem que
72

os estudos a respeito de grupo para PVHA foram produzidos e pontuar quais os


aspectos precisam ser melhor investigados.
RESULTADOS
Os dados extraídos dos artigos constituem o gráfico 1 e quadro 1. Sendo que
no gráfico 1 ressalta-se os seguintes aspectos: área do conhecimento, delineamento
do estudo, país de procedência do artigo e ano de publicação.
Gráfico 1: Mapeamento da área do conhecimento, tipo de abordagem metodológica, país de
procedência e ano de publicação predominantes. Revisão Integrativa, Brasil, 2011

No quadro 1, ressaltou-se os referenciais propostos nas intervenções de


grupos, suas características técnico-teóricas e síntese dos resultados.

Psicologia
73

Quadro 1: Mapeamento dos artigos selecionados de acordo com o título, objetivo, referencial teórico, número de sessões e de participantes e os resultados.
Revisão Integrativa, Brasil, 2011.
Arti NºSessões/
Objetivo Referencial Teórico Síntese dos resultados
go Nº Pessoas
Avaliar os efeitos de grupo baseado na gestão de Os indivíduos do grupo-intervenção apresentaram redução
Gestão de
A-1 contingência para mudança de comportamentos de 24S;10P significativa de carga viral e comportamentos de risco
Contingência
saúde. quando comparados aos do grupo-controle.
Testar os efeitos de intervenção de grupo no uso de
Intervenção efetiva para diminuir uso de álcool e cocaína
A-2 álcool, cocaína e maconha em adultos HIV-positivos Grupo de apoio 15S;-P
em pessoas com HIV e trauma sexual.
com histórias de abuso sexuais na infância.
Testar a efetividade de intervenções grupais para Evidência de que as intervenções podem ter efeitos
Modelo
A-3 reduzir o uso de álcool e sexo desprotegido em 8S;12-15P positivos significativos para a saúde de homens com HIV,
Transteórico
pessoas com HIV. resultando em reduzido consumo de álcool.
Avaliar a necessidade de atividade grupal para Teoria Cognitiva Há a necessidade de participação no grupo para orientar
A-4 5S; 3-7P
mulheres com HIV. Social no gerenciamento de sintomas relacionados ao HIV.
O grupo de autoajuda favorece relações interpessoais
Investigar os efeitos da participação de mulheres
Grupo de Quinzenal entre as mulheres com HIV e os profissionais de saúde,
A-5 com HIV em grupo de autoajuda para percepções
autoajuda. (S) assim como aumentou a autoestima das mulheres
sobre estigma e acesso aos serviços de saúde
resultando em diminuição da percepção do estigma.
Adaptação de Demonstrou-se diminuição dos sintomas de depressão,
Investigar a viabilidade de intervenção de grupo de 10 S; 5-16
A-6 Modelos ansiedade e raiva associadas ao HIV/aids nos
apoio para órfãos com HIV/aids. P
Psicossociais participantes do grupo de intervenção.
Examinar os mecanismos psicológicos benéficos de Teoria Cognitivo-
A intervenção diminui depressão e aflição de PVHA que
A-7 um grupo intervenção para indivíduos HIV-positivos Comportamental 12S;8-10P
perderam familiares com aids.
com perda de familiar com aids. (TCC)
Examinar as estratégias desenvolvidas no grupo de Quinzenal/ Sugerem que as necessidades dessas mulheres são mais
A-8 apoio pelas mulheres com HIV para o atendimento Grupo de apoio mensal; bem atendidas quando se organizam e realizam atividades
de saúde. por 3 anos contínuas em grupo.
Os participantes do grupo-intervenção demonstraram
Comparar a eficácia de intervenção grupal com o Educação em
A-9 6S maior aderência aos ARV quando comparados com as
protocolo-padrão para aderência aos antiretrovirais saúde em grupo
pessoas que participaram do protocolo-padrão.
A- Investigar o manejo do estresse após três formas de 8-10 S; Os parâmetros de imunidade do grupo-intervenção
TCC
10 intervenção, incluindo a grupal. 6-10 P aumentaram, com importante significado clínico.
Determinar a eficácia do grupo de apoio e contatos
A- A diferença de aderência aos ARV entre grupo-intervenção
por telefone, comparada com o protocolo-padrão Grupo de apoio 4S
11 e grupo-controle não foi significativa.
para aumentar a aderência aos ARV.
A- Avaliar a viabilidade de uma intervenção de grupo. Foco na 4S;8-12P Demonstrou-se a viabilidade da intervenção grupal com
74

12 para aumentar uso de preservativo em casais comunicação e casais sorodiscordantes por culturas diferentes em fases
sorodiscordantes para HIV. resolução de diferentes da epidemia para prevenção do HIV.
problemas.
Embora a intervenção grupal auxilie os homossexuais a
Avaliar a eficácia de um grupo de intervenção para
A- lidar com a condição de HIV em um ambiente social, não
pacientes com HIV com dificuldades no ajuste TCC 16S;8-10P
13 ajuda a melhorar relações familiares entre os
psicossocial para a infecção de HIV.
heterossexuais.
Demonstrou-se que um prazo maislongo prazo de
A- Estudar os efeitos longitudinais de intervenção
TCC 12S;6-10P participação de atividades grupais propicia diminuição de
14 grupal para pessoas com aids.
aflição entre as PVHA.
Examinar os efeitos longitudinais de intervenção
A- TCC e grupo de Identificou-se significativa redução da dor e angústia nos
grupal para PVHA com perda de pessoa com 12S;20P
15 apoio participantes da intervenção grupal.
HIV/aids.
Examinar o efeito do número de intervenções Os resultados demonstraram a relação inversa entre a
A- TCC e grupo de
grupais para o enfrentamento relacionado ao 8S, 20P aflição/angústia e o número de participações nas
16 apoio
HIV/aids. intervenções grupais.
A- Avaliar a qualidade de vida de pessoas com HIV Identificou-se melhora da aflição, portanto, impacto
TCC 12S;20P
17 pós-intervenção de grupo. positivo do grupo na qualidade de vida dos participantes.
A participação na intervenção grupal é associada com
A- Avaliar os efeitos de intervenção grupal em 10-13P; 6-
Grupo de apoio melhoria emocional em adolescentes, podendo influenciar
18 adolescentes HIV-positivos. 26S
positivamente em resultados clínicos.
Investigar se o grupo intervenção pode ajudar aos Sugeriu-se que a curto prazo a intervenção grupal pode
A-
chineses heterossexuais com HIV a aliviar angústia e TCC 7S;6-7P ser efetiva, melhorando a qualidade de vida e humor de
19
promover a qualidade de vida chineses heterossexuais com HIV.
As atividades grupais possibilitam um espaço valioso para
A- Investigar os benefícios da interação grupal entre
Grupo de apoio 11S;13P troca de experiências e compreensão dos aspectos
20 portadores de HIV/aids.
psicossociais do ser humano.
Examinar o impacto de um grupo de intervenção em Demonstrou-se redução de angústia e aflição relacionada
A-
homens e mulheres com HIV que perderam seus TCC 12S;20P à perda em ambos os sexos, e redução da depressão
21
companheiros com aids entre mulheres.
Comparar os efeitos entre grupo intervenção e um Não identificou diferença de efeito significativo entre os
A-
grupo-controle a longo prazo em homossexuais com TCC 17S;6-8P dois grupos, ambos diminuíram a angústia e melhoraram o
22
HIV. sentimento de apoio social.
Avaliar a eficácia imediata e
A- As intervenções grupais diminuem os níveis de depressão
a longo prazo de intervenção grupal para reduzir a TCC 16S;8P
23 e de ansiedade de pessoas que vivem com HIV.
ansiedade e depressão em pacientes com HIV.
A- Comparar os efeitos do grupo-intervenção com o TCC e grupo de 5-8 S; 6- Identificou-se menor taxa de práticas sexuais
75

24 grupo de apoio para reduzir sexo desprotegido em apoio 10P desprotegidas no grupo-TCC quando comparado com o
pessoa que vive com HIV/aids. grupo de apoio.
Os homens com HIV, após dez semanas de intervenção,
Testar os efeitos da intervenção grupal nos níveis de
A- 8-10S; 4- demonstraram menos ansiedade, angústia e percepção de
ansiedade, percepção de estresse, níveis de TCC
25 9P estresse, assim como baixa produção de NE urinária em
norepinefrina (NE) urinária em homens com HIV.
24-hr.
Comparar a sobrevivência de mulheres HIV - As mulheres HIV - positivas que participaram de grupo de
A- Neurocomportamen 12S;10-
positivas entre participantes de grupo de apoio e não apoio tiveram maior tempo de vida quando comparadas
26 tal 11P
participantes. com as que não participaram.
Avaliar a viabilidade e efetividade de terapia grupal
A- 15-
conciliado ao medicamento para o tratamento de TCC Demonstrou-se a diminuição dos escores de depressão.
27 20S;15P
depressão entre homossexuais com HIV/aids.
Avaliar a associação entre participação de grupo de Verificou-se diminuição de comportamento de risco,
A- 52S;25-
apoio e redução de comportamentos de risco entre Grupo de apoio podendo ser uma estratégia de prevenção entre esses
28 30P
pessoas com HIV usuárias de droga. indivíduos.
76

DISCUSSÃO
A partir do gráfico 1 identificou-se-se que a procedência dos artigos
selecionados, em sua maioria (n=19; 67,8%), foi dos Estados Unidos. Esses
dados podem ter relação com o fato de que naquele país originaram-se os
estudos sobre dinâmica de grupos, com Kurt Lewin, em 1930, ou seja, lá foi o
local que sediou conjecturas iniciais acerca de modos diferentes de reunir
pessoas com o mesmo objetivo, talvez reflexo do contexto em que trabalhar e
divulgar cientificamente a tecnologia de grupos tenha sido mais explorado.
Do total dos artigos, dezenove artigos (n=19; 67,8%) foram publicados
entre 2004 e 2009. Identificou-se a publicação de artigo desde 1996; a
distribuição da amostra indica a busca contínua por avaliação de intervenções
grupais, como também aponta o início de estudos acerca da efetividade do
alcance de objetivos de um grupo para pessoas com HIV/aids. Quanto a esse
último aspecto, fica demonstrado que os estudos acerca dessa temática
iniciaram-se simultaneamente a de outros aspectos para diminuir complicações
à saúde das PVHA.
Dos periódicos apresentados, 39,3% (n=11) são oriundos da Psicologia e
17,8% provenientes de revista sobre DST/aids. Portanto, a psicologia se
destaca na produção relacionada a grupos com PVHA, talvez porque
referenciais teóricos desta ciência foram incorporados à prática de grupo com
êxito, como a teoria cognitivo-comportamental, que não é de uso restrito da
Psicologia, havendo trabalhos desenvolvidos por outros profissionais.
O panorama demonstrado nesta revisão integrativa revelou que o objeto
de estudo discutido é versátil, tendo em vista que pode ser abordado por
diversas áreas do saber (ciências sociais, humanas, saúde), portanto,
permitindo o trabalho por equipes multidisciplinares. O caráter interdisciplinar
das intervenções foi observado mediante a autoria dos artigos. Observaram-se,
em média, quatro autores para cada estudo, interligando áreas do
conhecimento.
A população alvo do maior número das pesquisas (92,8%) foram PVHA
adultas, incluindo grávidas, mas verificaram-se grupos de
crianças/adolescentes e idosos. Assim, as investigações selecionadas
77

demonstraram que a estratégia de grupo é adequada a diferentes etapas do


ciclo de vida, evidenciando também que abarcam a diversidade de gênero,
uma vez que se observaram grupos de indivíduos homossexuais,
heterossexuais e bissexuais. O atendimento grupal estendeu-se aos familiares
e cuidadores, Esses também possuíam dúvidas e angústias relacionadas à
infecção(10).
Desse modo, a prática de grupo é uma ação flexível e democrática,
devendo o coordenador de grupo adequar a linguagem e os temas às pessoas
que participam do grupo, pois as razões relatadas pelas PVHA para participar
de sessões grupais são: encontrar apoio, fazer amigos, sentir-se bem, saber
como é o trabalho em grupo, viver melhor com problemas específicos
relacionados à infecção, conhecer pessoas com a mesma condição e superar a
solidão(11).
Considerando a análise do nível de evidência dos estudos selecionados,
observou-se que a maioria (n=22, 78,6%) se caracterizou como estudo
quantitativo, predominando força de evidência nível 1, ou seja, um dos mais
indicados método pra avaliação da efetividade de uma intervenção. Entretanto,
vale ressaltar que é fundamental no processo avaliativo considerar as diversas
dimensões do processo grupal. Sendo assim, estudos qualitativos focados em
aspectos subjetivos dessa experiência podem e devem ser realizados com
intuito de captar aspectos menos visíveis do ponto de vista quantitativo, tais
como a percepção realizada pelos participantes de que o grupo auxiliou a
diminuição de consumo de álcool(12), aumento da aprendizagem e cooperação
(13)
, favorecimento de relações interpessoais(14).
Em relação aos dados apresentados no quadro 1, a quantidade de
sessões grupais foi variável, observando-se grupo de curta duração (cinco
sessões) até atividade grupal com duração de três anos. A finalidade do grupo
(15)
determina a quantidade de sessões, sendo que um estudo demonstrou que
a participação das PVHA de maior número de sessões grupais esteve
diretamente relacionada à diminuição de estresse, ansiedade e depressão.
No que se refere à modalidade de funcionamento dos grupos para PVHA,
os dados demonstram que quando os grupos são abertos, permitindo que seja
livre a participação de novos integrantes em todas as sessões grupais, houve
78

limitações associadas, principalmente quanto ao vínculo entre os participantes,


pois a insegurança frente a pessoas desconhecidas não favorece o
compartilhamento de experiências, levando a fuga do foco do grupo e gerando
constrangimento aos participantes(5).
Todos os grupos que foram formados com o objetivo de pesquisa nos
estudos constituíram-se em grupos fechados. Um estudo sobre grupo de
suporte ressaltou as dificuldades em desenvolver grupo aberto para PVHA,
relacionado à recusa da doença e a decepção por parte de alguns participantes
em comentar esta experiência (5).
De modo geral, o referencial teórico de grupo que nortearam as
intervenções descritas nos artigos selecionados foi a teoria cognitivo-
(15-19)
comportamental , sendo o grupo utilizado como estratégia de cuidado às
PVHA, seja para prevenção de agravos à saúde, adesão a terapêutica
medicamentoso seja para melhorar qualidade de vida por meio de diminuição
ansiedade, angústia e depressão, aumentando a autoestima.
Quanto ao número de participantes, identificaram-se grupos a partir de
três até trinta PVHA. Um grupo deve conter por volta de 8 a 12 pessoas, pois a
quantidade excessiva de membros pode suscitar conversas paralelas que
(20)
interfiram no entendimento do conteúdo grupal , tanto para os próprios
participantes como para o(s) coordenador(es). Cada grupo tem identidade
própria, podendo variar de participativo nas atividades ou apático em relação a
elas, cabendo ao coordenador compreender esses perfis e tomar decisões
assertivas a cerca do manejo de grupo , para cada caso. Logo não é correto
afirmar que o número reduzido de participantes de um grupo facilitaria sua
coordenação em oposição às dificuldade maiores presumidas em um grupo
mais frequentado.
O quadro 1 diz respeito aos objetivos e sínteses de resultados dos
estudos, uma vez que estes são os parâmetros nesta investigação para
obtenção da efetividade da ação. Assim, considerou-se a efetividade do grupo
quando se constatou o alcance dos objetivos propostos.
Dessa forma, os resultados das pesquisas foram de que a intervenção
grupal diminuiu a ansiedade, depressão, angústia(16), estas variáveis foram
avaliadas tanto por meio de: escalas validadas (21), entrevista
79

semiestruturada(14) e/ou exames laboratoriais(15). As práticas de grupo


obtiveram impacto significativo no gerenciamento do estresse (19) e de sintomas
relacionados à infecção(21) e/ou tratamento repercutindo na qualidade de vida.
Também se verificou temas variados que nortearam as atividades
grupais: adesão ao tratamento medicamentoso(24), enfrentamento(18),
orfandade(23), diminuir comportamentos de risco que possam culminar com
infecção de cepas resistentes do HIV, bem como de outras doenças
sexualmente transmissíveis(20) e uso de álcool/outras drogas(14); em alguns
destes estudos comparou-se a ação proposta com o cuidado que as PVHA
tinham acesso nos serviços de saúde(22-23).
A partir da intervenção grupal, identificou-se o desenvolvimento da
capacidade de negociação e criatividade com as situações do cotidiano devido
à infecção do HIV(16,24). Os resultados demonstraram que quanto maior a
exposição à intervenção menor é a aflição e angústia (18), e participantes com
HIV/AIDS de grupo de apoio tiveram maior sobrevida quando comparados com
pessoas que não participaram da referida prática(24).
Dois dos estudos que atenderam aos critérios de inclusão não
demonstraram diferença significativa entre os parâmetros de avaliação do
grupo-intervenção e grupo-controle, sendo atribuído a fatores relacionados
também à natureza heterogênea da amostra em relação ao tempo de uso dos
ARV(25) e ao paradoxo desejo dos participantes de contribuir mais com a
pesquisa do que se envolver com o tratamento oferecido pela intervenção
grupal(25).
Estes dados reforçam a perspectiva de que a intervenção grupal deveria
ser uma prática integrada aos cuidados à PVHA, sendo esta sugestão de
alguns dos autores dos estudos(12,21,23). Pessoas devem desenvolver o
autoconhecimento e o papel que desempenham nos diferentes grupos sociais
em que se inserem e desta forma favorecer o autocuidado; a este
comportamento incluem-se a educação em saúde, identificada como
necessidade da PVHA(26).
O atendimento grupal é prática eficiente para atender às necessidades
relacionadas à depressão, ansiedade, a adesão medicamentosa, entre outros.
80

Muitos estudos foram excluídos, nesta pesquisa, inclusive estudos brasileiros,


uma vez que não avaliaram a efetividade de intervenção grupal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na busca dos artigos constataram-se vinte e oito produções que
avaliaram a efetividade do grupo com o intuito de atendimento das
necessidades das PVHA em diferentes faixas etárias e gêneros. Dessa forma,
considerando a pergunta que mobilizou esta investigação, o grupo é uma
alternativa efetiva para o atendimento da PVHA e os estudos demonstram que
a convivência grupal pode estar ligada ao aumento da sobrevida desses
indivíduos, ao estabelecimento de parcerias, diminuição de estresse e
ansiedade, além de promover as trocas de experiências.
Além disso, o grupo tem dentre seus benefícios o de ser pouco oneroso,
já que atende a várias pessoas que vivem com HIV/aids por um ou dois
coordenadores de grupo.
No Brasil, as políticas de saúde pública incentivam o desenvolvimento de
grupos de adesão, porém ainda identificou-se escassez de produção
proveniente de pesquisadores brasileiros na área para que os resultados
dessas pesquisas pudessem fundamentar a prática dos profissionais de saúde,
apesar dos serviços disponibilizarem também os cuidados na modalidade
grupal. ao técnica de grupos foram aplicadas tanto para pessoas com HIV,
como para aquelas que desenvolveram a aids, ou seja, não são somente
grupos de adesão ao tratamento medicamentoso. Reafirmando esta estratégia
como forma de cuidado aos que adquiriram a infecção, mas não
desenvolveram a doença, uma vez que em ambas as situações o indivíduo
perpassa por angústias e necessita de apoio para realizar as adaptações do
estilo de vida.
Como já dito, a revisão integrativa é um método de pesquisa para ser
aplicado na prática clínica com potencial para indicar ações assertivas, assim,
neste trabalho, identificaram-se evidências de que a prática de grupo deve ser
utilizada para o atendimento de PVHA, bem como a avaliação dessa atividade
deve ser conforme o objetivo do grupo.
Este estudo permitiu condensar diferentes perspectivas de avaliar a
prática de grupo para pessoas que vivem com HIV/aids podendo contribuir com
81

os profissionais que realizam essa ação na constituição do saber aprender,


uma vez que a teoria que fundamentou a maioria dos estudos foi a cognitivo-
comportamental, como o saber fazer com a aplicação de instrumentos que
possam apontar o quanto suas atividades atingem aos objetivos almejados.

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Immunodeficiency Virus/Acquired Immunodeficiency Syndrome in outpatient
care. Acta paul. enferm. 2010;23(4):526-32.
83

4.2. Artigo 2 – Instrumento para registro de grupo operativo para pessoas com
HIV/aids: relato de experiência

Instrumento para registro de grupo operativo para pessoas com HIV/aids: relato de
experiência1
Instrument operating group record com pessoas HIV/aids: experience report
Instrumento para registrar grupo operativo para las personas con VIH/SIDA: relato de
experiencia
Walterlânia Silva Santos2
Marcelo Medeiros3
Roselma Lucchese4
Denize Bouttelet Munari5
Instrumento para registro de grupo operativo para pessoas com HIV/aids: relato de
experiência
Resumo
O objetivo deste estudo foi descrever a experiência de elaboração de um roteiro de registro
para práticas grupais na atenção à pessoa que vive com HIV/AIDS. Realizaram-se dez
encontros grupais e após cada encontro, a partir da anotação do observador, procedeu-se ao
estudo dos onze pontos a serem observados a partir de um roteiro para registro de grupo
operativo, para que possa ser utilizado em outras modalidades de grupo. Apenas um item não
pode ser adaptável e dois foram conjugados, portanto o registro para um grupo genérico é
composto por oito itens. Além de o registro sistematizado conter a história do grupo de forma
sintética e objetiva, potencializa a avaliação das intervenções grupais, uma vez que apresenta
análise qualitativa dos encontros grupais.
Descritores: Estrutura de Grupo; Processos Grupais; Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida; Registros de Enfermagem; HIV.

Abstract
The purpose of this study is to describe the experience of preparing a script record for group
practices in the care of people living with HIV/AIDS. We conducted ten group meetings and
after each meeting, the annotation from the observer, we proceed to the study of eleven points
to look for a script to record group operating, so it can be used in other types of group. Only
one item cannot be adaptable and two were combined, so the record for a generic group is
1
Este projeto obteve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Goiás (FAPEG) - Rede
Goiana de Pesquisa em Enfermagem na Gestão, Desenvolvimento de Pessoas e da Tecnologia de Grupo
no Contexto do Trabalho em Saúde.
2
Enfermeira. Professora Assistente. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão (UFG/CAC). E-mail:
walterlaniasantos@gmail.com
3
Enfermeiro. Professor Associado. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de
Enfermagem(UFG/FEN). E-mail: marcelo@fen.ufg.br
4
Enfermeira. Professora Adjunta. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão(UFG/CAC). E-mail:
roselmalucchese@hotmail.com
5
Enfermeira. Professora Titular. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem(UFG/FEN).
E-mail: denize@fen.ufg.br
84

composed of eight items. In addition to the record contain the systematic history of the group
in a concise and objective enhances the evaluation of group interventions, as it presents
qualitative analysis of group meetings.
Key words: Group Structure; Group Processes; Acquired Immunodeficiency Syndrome;
Nursing Records; HIV.

Resumen
El objetivo de este estudio fue describir la experiencia de preparar un plan de trabajo para las
prácticas de grupo de registro en el cuidado de las personas que viven con el VIH / SIDA.
Había diez reuniones de grupo y después de cada reunión, a partir de la anotación del
observador, se procedió a estudiar los once puntos a destacar de una secuencia de comandos
para grabar grupo operativo, por lo que puede ser utilizado en otros tipos de grupo . Sólo un
elemento no puede ser adaptable y dos se combinaron para que el registro de un grupo
genérico consta de ocho artículos. Además del registro sistematizado contienen la historia del
grupo de manera sintética y objetiva, realza la evaluación de las intervenciones en grupo, ya
que presenta un análisis cualitativo de las reuniones de grupo.
Palabras clave: Estructura de Grupo; Procesos de Grupo; Síndrome de Inmunodeficiencia
Adquirida; VIH.

INTRODUÇÃO
A partir da década de 1980 houve expansão na utilização do grupo na área da saúde
como técnica para coleta de dados em pesquisas, atendimento em saúde coletiva (hospitalar
ou não), educação permanente e gerenciamento de pessoas(1-6). Tanto que a discussão sobre
tecnologia de grupo foi ampliada e incluída nas orientações do Ministério da Saúde (MS)
como forma de atender aos indivíduos em diversos programas, dentre quais o Programa
Nacional de DST/aids(7-8).
Entretanto, para o atendimento na modalidade de grupo faz-se necessário que o
profissional de saúde aproprie-se de uma concepção técnica para desempenhar práticas
grupais. De modo genérico, a coordenação de grupo envolve o saber/fazer no acolhimento,
desenvolvimento, síntese das falas, encerramento e registro dos acontecimentos durante o
encontro grupal. Este registro norteia as ações do coordenador nos próximos encontros
grupais, possibilitando a análise do movimento do grupo e sua correlação com o contexto
histórico, social, econômico e cultural. Além disso, funciona como memória do grupo,
facilitando uma situação emergente de troca do coordenador, sendo uma ferramenta de
avaliação contínua da dinâmica do grupo(9), demonstrando a atuação profissional e a prova da
qualidade do cuidado(10).
Os registros, quando redigidos de maneira que retratam a realidade a ser documentada,
possibilitam a comunicação permanente, podendo destinar-se a diversos fins(11). Quanto às
orientações gerais sobre o que observar e anotar do movimento grupal, a literatura consultada
85

indica as formas de comunicação e seus ruídos, o contexto e o âmbito das relações entre os
integrantes(2,9,16), como também anotações orientadas pelo objetivo do grupo(12). Nesse sentido
um instrumento de registro do grupo sistematizaria a observação e a coordenação.
Dessa forma, nos inquietou a necessidade de orientações assertivas e norteadoras dos
registros sobre a sessão grupal. Na busca de referências que conduzissem à construção ou
utilização de um instrumento de registro, encontrou-se dois(2,9) roteiros para grupo operativo
(GO) denominados ‘crônica’ e fundamentados na teoria de Pichon-Rivière.
Contudo, a aplicação deste instrumento(2) requer conhecimento específico acerca de
GO. Assim propomos uma adequação deste para a utilização por profissionais generalistas
que coordenam grupos.
O objetivo do estudo foi descrever a experiência de adaptação do roteiro de GO em
práticas grupais na atenção à pessoa que vive com HIV/AIDS.
METODOLOGIA
Este estudo é um relato de experiência em que os autores aplicaram um instrumento de
registro de grupo em dez encontros grupais, semanais, com duração, em média, de uma hora e
meia, realizado de agosto a novembro de 2010.
O local selecionado foi uma Casa de Apoio do Estado de Goiás para pessoas que vivem
com HIV/AIDS (PVHA) que funciona como moradia, oferece serviços diversos (psicológico,
jurídico, apoio social), e facilita o acesso do paciente a sistemas de atendimento(8).
Nas reuniões participaram 14 PVHA cadastrados na Casa de Apoio que aceitaram
integrar ao grupo. Cada encontro contou com a presença média de 5 pessoas, além do
coordenador e um observador. Após cada encontro grupal, a partir da anotação do observador,
procedeu-se o estudo dos pontos observados em uma crônica de GO do Instituto de
Psicologia Social Enrique Pichon-Rivière(2), supervisionado por uma especialista na referida
teoria.
O roteiro da crônica contém indicadores para o entendimento do acontecimento grupal,
que possibilitam sua avaliação. As dimensões para análise do grupo são no sentido de
compreensão do transcorrer da sessão e o desenvolvimento das intersecções, envolvendo
todos os encontros. Para tanto, a construção da crônica é sinalizada por onze pontos
observáveis: 1 - situação de abertura, 2 - situação de tarefa, 3 - relação entre abertura e
fechamento, 4 - conflito central da reunião, 5 - papéis mais significativos nesses conflitos, 6 -
porta-vozes que emergem e em que situação aparecem, 7 - quanto à temática, 8 - tipo de
86

comunicação, 9 - o vetor predominante da reunião, 10 - características do vínculo grupo-


coordenador, 11- situar contexto político-social(2).
Com base nessas orientações e na experiência em fazer grupo com PVHA nos
questionamos quais os pontos que um profissional sem a formação Pichoniana identificaria e
analisaria? Quais as potencialidades e as limitações do instrumento sugerido na análise do
grupo para um profissional generalista? As respostas encaminhariam a construção de roteiro
facilitador da prática em grupos conduzidas por profissionais de saúde.
Este relato faz parte de projeto maior que recebeu a aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Goiás nº 029/2009.
CONTEXTUALIZANDO A APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO NO GRUPO
PARA PVHA
Os 14 participantes, média de idade de 38 anos, sem vínculo empregatício, sendo 8 do
sexo masculino, tempo médio de conhecimento da sorologia positiva há 7 anos, apenas uma
mulher se declarou casada. Os demais relataram parcerias esporádicas.
Identificou-se estudos(13-15)que investigaram o efeito de práticas grupais por meio de
escalas que mensuram ansiedade, depressão e angústia pré e pós intervenções em grupo de
pessoas com HIV/aids (mulheres, homens, crianças e adolescentes). Os resultados
demonstraram que tais práticas são indicadas para minimizar os sintomas relacionados a essas
condições; porém, a avaliação da atividade grupal aconteceu a partir de escalas específicas
conforme o objetivo.
No entanto, para uma avaliação da dinâmica grupal as dimensões devem abranger o
processo de planejamento e esclarecimento de objetivos que nortearão o que observar(12). Para
esse processo de avaliação é essencial o registro do grupo, pois constitui o material empírico
das relações do grupo, foco da análise. É o registro do grupo que conterá os dados para a
avaliação dos objetivos do grupo, do aprendizado de seus participantes e a mudança de
comportamento(3,12,16).
Assim, para cada item do referido instrumento, procedeu-se a sua adaptação no sentido
de elaborar um instrumento genérico para profissionais da saúde. No quadro 1 apresentamos
os itens e aspectos que os constitui, tanto na crônica como as sugestões para grupos genéricos,
também alcunhados grupos de apoio.
87

Alguns itens - 4 ,5 ,6 ,9 ,10 ,11 - não tem descrição dos aspectos que devem ser
observados no roteiro de crônica consultado, porém foi possível sua releitura devido à
consultoria à especialista em GO.
Quadro 1: Descrição dos aspectos observáveis a serem anotados em uma crônica e roteiro adaptado, 2011.
Item Roteiro Original1 Registro Adaptado
( )há preferência de posição espacial entre os membros.
( )cumprimento do horário de início da sessão grupal.
1-Situação de Emergentes de abertura, ansiedades
( )lembram-se de membros faltosos.
abertura predominantes.
( )conversas espontâneas.
Relacione os membros envolvidos em cada aspecto pontuado,
O coordenador percebe o grupo:
( )silencioso ( )apático ( )reflexivo
O tipo de relação que aparece entre ( )motivado/interessado ( )outro ___________________
integrantes e o objeto de Os membros conversam sobre:
2- Situação de conhecimento. Como a temática é ( )o tema de modo superficial.
tarefa abordada? (vivencial ou ( )fatos externos ao grupo.
conceitualmente). Ocorrem saltos ( )vivências relacionado ao tema, abordam os sentimentos,
de aprendizagem? percepções e emoções. Quais____________
( )vivências sem relação com o tema.
( )resgate de mudanças de comportamento,
( )obstáculos relacionados ao espaço físico:______________
3-Relação entre ( )comportamento individual e coletivo. Quais: ___________
Visualizar obstáculos que aparecem
abertura e ( )houve desenvolvimento do tema proposto atingindo ou não o
e quais as formas de resolução.
fechamento objetivo da sessão.
( )identifica possibilidade de resolução a partir do grupo.
( )conflito verbalizado: idéias, estilos de vida.
4-Conflito Central
Não descreve ( )percepção de conflito implícito.
da Reunião
( )conflito nãoidentificado (sem evidências).
5-Papéis mais
Indicar quais pessoas e comentários mais relevantes, e
significativos Não descreve
comportamento dos demais membros nesses momentos.
nesses conflitos
6-Porta-voz que
Conjugado com item 5.
emergem e em que Não descreve
situação aparecem
Observar a relação entre temas Se houve associações com os assuntos discutidos com vivências
7-Quanto à
pessoais e temas grupais, por pessoais resgatadas das diversas fases da vida de cada elemento
temática
exemplo: fantasias inconscientes. do grupo. Quais________________________
8-Tipo de ( )predomina verbal. Quais membros: __________________
Características e desenvolvimento.
comunicação ( )predomina não-verbal. Quais membros: _______________
9-Vetor
Não descreve Não-adaptável
predominante
10-Descrição do
( )próximo ( )afastado/distante ( )dependência do coordenador.
vínculo grupo- Não descreve
( )constrói autonomia. ( )Outro _________________________
coordenador
11-Situar contexto
Não descreve Conjugado com item 1.
político- social

Dessa maneira, o tópico 1, denominado Situação de abertura, contém a descrição das


ansiedades predominantes do setting grupal e organização dos membros no círculo, bem
como se deu este movimento(9), ou seja, se as pessoas mudam de lugar espontaneamente, e
qual a facilidade/dificuldade com que acontece esse movimento.

1
O roteiro original foi identificado na seguinte referência: Corrêa AK, Souza MCBM, Saeki T. Transição para o
exercício profissional em enfermagem: uma experiência em grupo operativo. Esc. Anna Nery Rev. Enferm.
2005;9(3):421-8.
88

Esse aspecto é primordial para o coordenador identificar os papéis desempenhados no


grupo. Percebeu-se que os posicionamentos das pessoas constituem sua atitude no grupo,
além de refletir qual posição espacial pode proporcionar conforto e segurança. Por exemplo,
no decorrer dessa experiência identificou-se integrante que se sentou em posição
desconfortável e, logo após a formatação do setting grupal, mudou de lugar, mobilizando o
grupo.
A Situação de tarefa constitui o item 2. A tarefa é um conceito dinâmico e dialético que
se propõe uma determinada atividade explícita (tarefa explícita)(2,9). No transcorrer do grupo,
por meio das discussões, ressignificações, interjogo de papéis e representações, atinge-se os
conteúdos latentes (tarefa implícita) referentes à ansiedade grupal(9). O conceito de tarefa é
complexo e pode limitar a compreensão de profissionais nãoespecialistas.
Dessa forma, sugere-se registrar a percepção dos membros do grupo em relação à
proposta de trabalho do coordenador, ou seja, discutiram a proposta? Desviaram ou
permaneceram focados na atividade? Preferiram falar do outro ao invés de falar de si?
Emergiram que emoções e sentimentos?
Nessa experiência, o grupo sugeriu, na primeira sessão grupal, a construção de uma
agenda de temas relacionados diretamente com viver com HIV/aids. Cada sessão iniciava-se
com a tarefa explícita relacionada ao tema escolhido, e no transcorrer do trabalho do grupo,
observou-se que havia o movimento em discutir e expressar sentimentos de suas vivências
pregressas, como relações amorosas e familiares, relacionadas ou não ao assunto. Os próprios
sujeitos reconheceram que usaram do espaço grupal para falar da vida e, não apenas da
doença.
O desafio é adoção de atitude de coordenar grupos que supere a lógica da intervenção
individual aplicada na modalidade coletiva, tão comum nos serviços de saúde no âmbito da
atenção aos portadores de doenças crônicas(7), quando há somente repasse de informações,
sem escuta das pessoas que participam do grupo. Desviar o foco da atenção na doença para as
experiências da pessoa no processo de adoecimento é um caminho para garantir a efetividade
do grupo(7).
Na leitura do movimento grupal a coordenadora percebeu que o grupo foi mais
espontâneo quando se buscou temas relacionados às atividades do cotidiano, relacionando-as
com os enfrentamentos do HIV/aids. Esse movimento não foi visto como fuga da atividade,
uma vez que analisaram e compararam a vida antes e depois de viver com o HIV/aids.
89

Ainda no item 2 da crônica, sugere-se incluir o salto de aprendizagem(2), sendo que,


para um profissional generalista, indica-se ressaltar quais pessoas demonstram mudanças no
modo de pensar e agir no enfrentamento das questões emergentes.
O item 3 - Relação entre abertura e fechamento – refere-se a visualizar obstáculos que
aparecem e quais as formas de resolução. Aqui indica-se descrever a dificuldade estrutural
(sala, ventilação, iluminação, privacidade, outros) do setting grupal e o funcionamento de
grupo, destacando se houve desenvolvimento do tema proposto para a sessão grupal.
Em relação ao Conflito Central da Reunião (item 4) é o momento em que o
coordenador pode citar a presença de conflitos e incômodos dos participantes no grupo.
Identificar as características de cada um e apreender os modos de se expressar no espaço
grupal, um movimento que nem sempre é amistoso, pois vem carregado de conceitos
sócioculturais. Por isso, há necessidade de sintonia do coordenador com o grupo e habilidade
em gerenciar conflitos, encarando-os como uma ótima oportunidade para crescimento dos
envolvidos.
O coordenador deve se comportar como mediador de um diálogo, mesmo nos casos de
conflitos com pessoas externas ao grupo, na busca de despertar a coerência da situação a
partir das falas dos próprios participantes(17). Um dos exemplos foi quando membros do grupo
relataram que são vistos como problemáticos pelos outros (sociedade). Assim, a coordenadora
conduziu o tema: O que você aprendeu sozinho na sua vida? Os membros resgataram suas
conquistas, assim como comportamentos diferentes dos atuais, e perceberam que enfrentaram
dificuldades com atitudes incoerentes e que, em algum momento do ciclo da vida, não se
comunicaram adequadamente com a família ou pessoas de outras instituições da sociedade,
principalmente na fase de negação do diagnóstico do HIV/aids.
Os passos seguintes-itens 5 e 6: papéis mais significativos nesses conflitos e porta-
vozes que emergem e em que situação aparecem(2). Indica-se descrever quais pessoas
emitiram comentários e como se comportaram os demais membros. O coordenador e/ou
observador detectam as ações mais sutis (movimentos corporais, direcionamento do olhar).
Aspectos da crônica que são vinculados a linguagem “Pichoniana” são complexos para
coordenadores de outras modalidades de grupos, um exemplo é a observação de fantasias
inconscientes(2) que compõe o item 7. Este ponto pode se tornar mais claro para profissionais
generalistas somente quando o membro do grupo trás, em sua fala, experiências anteriores
(como da infância). Diferente dos especialistas que captam as fantasias do movimento grupal,
90

mesmo nas entrelinhas. Por tanto, indica-se que este tópico nem sempre esteja no registro
devido à dificuldade de sua percepção.
Quanto ao tipo de comunicação(2)- item 8, o coordenador destaca se houve predomínio
de comunicação, verbal e nãoverbal, e se foram complementares ou contrárias. É necessário
observar o que foi dito, mas também os gestos, modo de se sentar, ruídos de comunicação,
metacomunicação, assim como se estas informações contribuíram para compreensão dos
movimentos grupais.
O item 9 da crônica diz respeito ao vetor predominante da reunião. Esse aspecto não foi
possível transpor para o nosso registro, visto que se trata de fundamentos do espiral
“Pichoniano” e seus indicadores de avaliação da operatividade do grupo.
A descrição do vínculo grupo-coordenador (item 10) deve ser norteada pelo
desenvolvimento das propostas para o grupo, pois um vínculo mais estreito possibilita tratar
de questões intrapessoais e interpessoais de modo aberto dentro do grupo, principalmente
quando nos referimos de uma doença crônica carreada de preconceito e estigma, como o
HIV/aids. Além disso, essa etapa auxilia ao coordenador a visualizar o seu papel no grupo(18).
Isso não quer dizer que esta etapa funcione como frustração ou glória para coordenador, mas
indica a necessidade de (re)ver algumas questões nas dimensões do referencial teórico do
profissional e de gestão de serviços.
Já o item 11 pontua os acontecimentos relevantes que se dão no contexto político-
social, inserindo-os na primeira etapa do registro, ou seja, no item 1, não sendo necessário
repetir esta informação ao final do registro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este é um relato de experiência sobre a construção inicial de um instrumento
generalizável para registro dos encontros grupais. Apenas um item não pode ser adaptável e
dois foram conjugados a outros, portanto o registro para um grupo genérico é composto por
oito itens.
Assim, visando fortalecer essa prática no sentido de sistematizar o registro das reuniões
grupais, sugere-se aos profissionais de saúde que, ao aplicar a tecnologia de grupo nos
diversos espaços para o atendimento às PVHA e aos outros indivíduos, tenham condições de
incluir o registro da atividade grupal. E que essa prática possa somar o papel do coordenador
de grupo ao do observador.
O registro do encontro é uma estratégia que possibilita a análise qualitativa da
intervenção grupal, uma vez que o registro sistematizado tem a história do grupo de forma
91

sintética e objetiva, apresentando uma análise dos acontecimentos vividos no grupo e a visão
do coordenador pautado em referencial teórico. Constitui-se em uma ferramenta de avaliação
das intervenções grupais.
Como é instrumento em construção, indica-se que ao final o coordenador possa fazer
anotações que não tenham sido contempladas nesse instrumento. Também que o observador
tenha essa ferramenta como orientadora de seus registros e otimize sua atividade de observar
o movimento grupal para posterior análise.
Buscou-se na elaboração desse instrumento garantir o registro dos aspectos
generalizáveis para os demais tipos de grupos desenvolvidos na enfermagem e na saúde,
principalmente grupos de educação em saúde. Porém, o roteiro apresentado, discutido e
sugerido apresenta a limitação de ter sido aplicado somente nessa experiência com PVHA.
Portanto, há necessidade de que seja utilizado por outros coordenadores de grupos que
possam contribuir indicando fragilidades e expondo novos fatos nos espaços deixados no
roteiro, aproveitando-se de que já apresentamos alternativas para marcar os acontecimentos
do grupo em alguns itens (quadro 1), podendo delimitar fenômenos.

REFERÊNCIAS
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etnográfica. Ciênc. saúde coletiva. 2010;15 Suppl 1:1123-32.
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2005;9(3):421-8.
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grupo de diabéticos. Rev. Esc. Enferm. USP. 2009;43(3):558-65.
4 - HogaI LAK, Reberte LM. Pesquisa-ação como estratégia para desenvolver grupo de
gestantes: a percepção dos participantes. Rev. Esc. Enferm. USP. 2007;41(4):559-66.
5 - Monteiro MAA, Pinheiro AKB, Souza AMA. Grupo de apoio: relações interpessoais entre
puérperas com filhos recém-nascidos hospitalizados. Acta paul. enferm. 2008;21(2):287-93.
6 - Grando MK, Dall'agnol CM. Desafios do processo grupal em reuniões de equipe da
estratégia saúde da família. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2010;14(3):504-10.
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atenção a portadores de doenças crônicas. Cienc. cuid. saude. 2009;8 Suppl:148-54.
8 - Ministério da Saúde (BR). Programa Nacional de DST/Aids. Manual de adesão ao
tratamento para pessoas vivendo com HIV e Aids. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008.
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em pesquisa qualitativa. Rev. eletrônica enferm. [internet]. 2007 [acesso em:13 abr
2011];9(3):796-805. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n3/pdf/v9n3a18.pdf
10 - Matsuda LM, Carvalho ARS, Évora YDM. Anotações/registros de enfermagem em um
hospital-escola. Cienc. cuid. saude. 2007;6 Suppl 2:337-46.
92

11 - Matsuda LM, Silva DMPP, Évora YDM, Coimbra JA. Anotações/registros de


enfermagem: instrumento de comunicação para a qualidade do cuidado? Rev. eletrônica
enferm [internet]. 2006 [acesso em: 13 abr 2011];8(3):415-21]. Disponível em:
http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/7080
12 - Loomis, ME. Groups process for nurses. Saint Louis: Mosby Company, 1979
13 - Nguyen TA, Oosterhoff P, Ngoc YP, Wright P, Hardon A. Self-Help Groups Can
Improve Utilization of Postnatal Care by HIV-Infected Mothers. J. Assoc. Nurses AIDS Care.
2009;20(2):141-52.
14 - Ghebremichael MS, Hansen NB, Zhang H, Sikkema KJ. The Dose Effect of a Group
Intervention for Bereaved HIV-Positive Individuals. Group dyn. 2006;10(3):167-80.
15 Kumakech E, Cantor-Graae E, Maling S, Bajunirwe F. Peer-group support intervention
improves the psychosocial well-being of AIDS orphans: Cluster randomized trial. Soc. sci.
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16 - Munari DB, Furegato ARF. Enfermagem e grupos. 2nd ed. Goiânia: AB; 2003.
17 - Santos WS, Munari DB, Medeiros M. O grupo de mulheres que vivem e convivem com
HIV/AIDS: um relato de experiência. Rev. eletrônica enferm. [internet]. 2009 [acesso em: 13
abr 2011];11(4):1043-8. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n4/pdf/v11n4a32.pdf
18 - Souza MM, Brunini S, Almeida NAM, Munari DB. Programa educativo sobre
sexualidade e DST: relato de experiência com grupo de adolescentes. Rev. bras. enferm.
2007;60(16):102-5.
93

4.3. Artigo 3 – Habitus de pessoas com vírus da imunodeficiência humana à luz de


Bourdieu
Walterlânia Silva Santos1
Marcelo Medeiros2
Roselma Lucchese3
Denize Bouttelet Munari4

Habitus de pessoas com HIV/aids à luz de Bourdieu


Resumo
Estudo de abordagem qualitativa com objetivo de conhecer o habitus de pessoas adultas
com HIV/aids, por meio de grupos operativos semanais, com duração média de
1h30min, envolvendo 14 participantes com HIV/aids, realizados em Organização da
Sociedade Civil de Goiás, entre agosto e novembro de 2010. A tarefa grupal foi refletir
sobre a vida pós-diagnóstico de HIV. Os encontros foram gravados, transcritos e
submetidos a analise de conteúdo. Desse processo emergiu uma categoria central,
“Construindo saberes”, constituída por três subcategorias: “Experiência própria”,
“Experiência de outra PVHA” e “Experiência daqueles que não vivem com HIV/aids”.
Os resultados mostram que a combinação de diferentes fontes de saberes proporcionam
ao indivíduo com a infecção/doença ressignificações, permitindo o desenvolvimento
pessoal. Portanto, para o atendimento adequado desses indivíduos os profissionais de
saúde precisam valorizar a composição do conhecimento que guiam suas práticas de
saúde.
Descritores: Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Pesquisa Qualitativa. Estrutura
de Grupo. HIV.

Habitus of persons with human immunodeficiency virus in light of Bourdieu


Abstract
A qualitative study aiming to meet the habitus of adults with HIV / AIDS, through
weekly operating groups, with an average duration of 1h30min, involving 14
participants with HIV / AIDS, held in a Civil Society Organization of Goiás, between
August and November 2010. The task group was to reflect on life after HIV diagnosis.
The meetings were recorded, transcribed and subjected to content analysis. From this
process emerged a core category, "Building knowledge", consists of three
subcategories: "personal experience", "Experience of other PLHA" and "those who do
not experience living with HIV / AIDS." The results show that the combination of
different knowledge sources provide the individual with the infection / disease

1
Professora Assistente. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão (UFG/CAC). Mestre.
Enfermeira. E-mail: walterlaniasantos@gmail.com. (64) 3441-5330
2
Professor Associado. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem(UFG/FEN). Doutor.
Enfermeiro. E-mail: marcelo@fen.ufg.br (62) (62) 3209-6280. Ramal 200
3
Professora Adjunta. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão(UFG/CAC). Doutora. Enfermeira.
E-mail: roselmalucchese@hotmail.com (64) 3441-5330
4
Professora Titular. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem(UFG/FEN). Doutora.
Enfermeira. E-mail: denize@fen.ufg.br (62) (62) 3209-6280
94

resignifications, allowing the development. So for the appropriate care of these


individuals health professionals need to enhance the composition of knowledge that
guide their health practices.
Descriptors: Acquired Immunodeficiency Syndrome. Qualitative Research. Group
Structure. HIV.

El habitus de las personas con virus de inmunodeficiencia humana a la luz de Bourdieu


Resumen
Un estudio cualitativo con el objetivo de cumplir con el habitus de los adultos con VIH /
SIDA, a través de grupos operativos semanales, con una duración promedio de
1h30min, con 14 participantes con VIH / SIDA, que se celebró en una Organización de
la Sociedad Civil de Goiás, entre agosto y noviembre de 2010. El grupo de trabajo fue
reflexionar sobre la vida después del diagnóstico de VIH. Las reuniones fueron
grabadas, transcritas y sometidas a análisis de contenido. De este proceso surgió una
categoría central, el «conocimiento de construcción", consiste en tres subcategorías:
"experiencia personal", "La experiencia de otras PVVS" y "los que no sienten que viven
con el VIH / SIDA." Los resultados muestran que la combinación de fuentes de
conocimientos distintas proporcionar al individuo la infección / enfermedad
resignificaciones, permitiendo el desarrollo. Así que para la atención adecuada de estos
profesionales de la salud los individuos necesitan para mejorar la composición de
conocimiento que orientan sus prácticas de salud.
Descriptores: Síndrome de Inmunodeficiencia Adquirida. Investigación Cualitativa.
Estructura de Grupo. VIH.

INTRODUÇÃO

O número de casos de aids notificados no mundo ainda é ascendente,


caracterizando-se como pandemia. No Brasil, desde o início da década de 1980 até
junho de 2011 totaliza 608.230 casos(1). Graças às ações da política brasileira para
atenção às pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), que inclui o fornecimento de
antirretrovirais (ARV), houve acréscimo na sobrevida dessas pessoas em pelo menos
cinco vezes(2). Por isso, o HIV/aids passa a ser considerado condição crônica(3), com
repercussões no âmbito da saúde, que incluem alterações metabólicas e morfológicas,
além do aspecto social(3-6).
Cada indivíduo se comporta diferentemente perante a doença crônica(7), no caso
da PVHA, se soma a construção histórico-social negativa da aids, com a necessidade de
desenvolver estratégias de enfrentamento da condição de soropositividade. Com
destaque, as atividades de grupo auxiliam nesse processo, sendo que meta-análise sobre
qualidade do cuidado em intervenções para a adesão aos ARV demonstrou que
atendimentos alternativos, dentre esses o uso de grupo, tem taxas significativas de
sucesso clínico das PVHA quando comparadas ao cuidado padrão(8).
95

As intervenções grupais também ofereceram suporte social para enfrentar os


efeitos colaterais dos ARV(9). Além disso, o compartilhar das vivências por meio do
grupo propicia ao indivíduo com HIV/aids tanto expressar seus pensamentos, como
reelaborá-los a partir da fala de outro integrante(10). O grupo foi ressaltado como recurso
adequado para prevenção do HIV(11), com lacuna na produção científica brasileira no
que diz respeito ao uso dessa modalidade para compreender a PVHA, e realizar
atividades grupais como atendimento de enfermagem e da equipe multidisciplinar.
A interação dos agentes sociais em grupos auxilia a composição do conceito de
habitus para Bourdieu(12). O habitus dos indivíduos diz respeito ao repertório de
esquemas individuais, socialmente constituídos de disposições estruturadas (no social) e
estruturantes (nas mentes), que funcionam como princípio organizador de práticas(12).
Assim, esses pontos de vista orientam a tomada de decisão para o enfrentamento do
cotidiano.
Esse conceito tem estreita relação com o de campo; este designa o espaço social
com relativa autonomia, pois retraduz as pressões e as demandas externas(13). A
estrutura de um campo, num dado momento, é definida pela distribuição do capital
científico (conhecimento científico) entre os diferentes agentes engajados. Por isso, a
articulação desses dois conceitos é dinâmica, uma vez que há possibilidades de
repercussões do habitus no campo, e deste contribuir para o habitus dos agentes
sociais(13).
Desse modo, compreendemos que a organização de vida das pessoas permite a
mudança ou não de comportamento frente ao diagnóstico de uma doença crônica, a
consolidação dessas informações adquiridas e formuladas, ao longo da vida,
influenciam e são influenciadas pelo indivíduo, inclusive a adesão às medidas de
autocuidado.
Neste estudo questionamos o modo como a PVHA vem se organizando,
estruturando as interrelações consigo mesmo, com os outros, inseridos em contextos
específicos. Assim, buscamos por uma análise do indivíduo inserido em um grupo,
tendo como diferencial destacar os acontecimentos mais relevantes realçados por esses
agentes sociais a partir do diagnóstico do HIV/aids, e foram analisados à luz de
Bourdieu. O entendimento desses aspectos tem a perspectiva de apontar caminhos para
assistência de enfermagem mais efetiva, já que a visão de mundo da PVHA sobre sua
96

vivência apresenta suas especificidades, e tais considerações são primordiais para a


construção do processo de enfermagem e atendimento integral desses indivíduos.
Dessa forma, esta investigação objetivou analisar o habitus de pessoas adultas
com HIV/aids à luz do pensamento de Bourdieu.

METODOLOGIA

Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, realizada nas dependências de uma


Organização da Sociedade Civil (OSC) do Estado de Goiás direcionada para PVHA,
fundada em 1993, com cadastro atual de duzentas e cinquenta famílias.
Das pessoas convidadas presencialmente ou por telefone, 15 aceitaram participar
da pesquisa; destas 8 compareceram no primeiro encontro, 6 nos subsequentes.
Portanto, participaram da pesquisa 14 PVHA.
Para selecionar os integrantes foram considerados critérios de inclusão: ter
diagnóstico de HIV e/ou aids, recente ou não, ser cadastradas na OSC, idade superior a
18 anos, independente de suas experiências sexuais. Foram excluídos indivíduos com
incapacidade de se expressar.
A coleta de dados, ocorreu na forma de encontros grupais, orientados pela
perspectiva de Pichòn-Riviere(14), denominada grupo operativo (GO), centrada em uma
tarefa, que no caso foi refletir sobre a vida depois do diagnóstico de HIV/aids.
O contrato com os sujeitos foi para participação de 10 encontros grupais,
semanais, entre os meses de agosto a novembro de 2010, com duração média de 1h
30min. Na ocasião do convite aos participantes foi apresentado o objetivo da pesquisa e
solicitada a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A frequência de
participação foi variada, sendo que um membro participou de todas as sessões grupais e
sete pessoas em uma única. As ausências foram justificadas por mudança de residência,
imprevistos, internação hospitalar, consultas médicas ou para oportunizar atividade
remunerada esporádica.
Os grupos foram conduzidos por temas que emergiram no primeiro encontro
conforme demanda dos próprios participantes, e expostos no quadro 1. Os temas
discutidos foram a partir da análise do encontro anterior. Também
observamos/registramos a tarefa executada, ou seja, a que mobilizou os membros do
97

grupo, denominada tarefa implícita (Quadro 1), que nos auxiliou na percepção da
essência das falas dos participantes(14).
Quadro 1: Distribuição dos temas sugeridos (tarefa explícita) e tema discutido (tarefa
implícita) nos dez encontros grupais. Goiás, Brasil, 2012.

Grupo(G) Tarefa explícita Tarefa implícita
PVHA

G1 Apresentação dos 8
participantes, elaboração de Falta de informação da família
contrato do funcionamento do sobre HIV.
grupo.
G2 A principal e primeira DO é o 3
Doenças Oportunistas (DO).
preconceito.
G3 HIV como monstro – má 5
Alimentação para PVHA.
informação.
G4 Desinformação no espaço 3
Gravidez - Mudanças na vida.
religioso acerca do HIV/aids.
G5 Experiência no uso dos ARV 7
Adesão aos ARV
auxilia ao autoconhecimento.
G6 A vivência do HIV/aids para 3
Sexualidade.
definir posicionamentos.
G7 Considerar o outro mais 4
Drogas (i)lícitas.
problemático.
G8 A importância da informação 3
Revelação diagnóstica.
para PVHA.
G9 Ocultar o diagnóstico de 6
Direitos e deveres.
HIV/aids.
G10 Espaços somente para PVHA 5
Perspectivas.
para compartilhar informações.

Os encontros foram coordenados pela pesquisadora responsável, que exerceu o


papel de mediadora das discussões dos temas, com a colaboração de um observador que
auxiliou com o registro do conteúdo não verbal dos participantes, além dos cuidados
com a gravação digital das sessões.
Para a análise dos dados, os registros dos encontros foram transcritos na íntegra.
A organização e análise dos dados seguiram as orientações para análise de conteúdo,
modalidade temática(15). Este processo, bem como a discussão foi desenvolvida à luz do
98

conceito de habitus de Bourdieu(12), incluindo leitura exaustiva para identificação dos


núcleos de sentido por meio de ideias semelhantes e agrupadas em categorias. Deste
processo originou uma categoria central, Construindo Saberes, constituída por três
subcategorias: experiência própria, experiência de outra PVHA, experiência de quem
não vive com HIV/aids
Para identificação das falas referentes a cada encontro em grupo, designou-se a
letra G, seguido por algarismo arábico (G1), sequencialmente.
O projeto que deu origem a pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Médica Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás,
protocolo nº 029/2009.

RESULTADOS

A média de idade dos participantes foi de 38 anos, todos sem vínculo


empregatício, oito eram do sexo masculino. O tempo médio de conhecimento da
sorologia foi de 7 anos, e apenas uma mulher se declarou casada. Os demais relataram
parcerias sexuais esporádicas.
A apresentação dos resultados foi organizada a partir da análise, elaborada com
base nos conceitos de habitus de Bourdieu(12). Dessa forma, viver com HIV/aids
representou habitus específico desenvolvido a partir da articulação da informação
incorporada com a experiência pessoal, e do se apropriar do conhecimento advindo da
auto-observação, das conversas com pessoas que compartilham a condição de
soropositividade e ótica de pessoas que não vivem com HIV/aids, conforme Quadro 2.
99

Quadro 2: Apresentação das subcategorias com os respectivos trechos de falas dos encontros grupais. Goiás, Brasil, 2012.
CATEGORIA SUBCATEGORIAS E DEPOIMENTOS
EXPERIENCIA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA DE OUTRA EXPERIÊNCIA DE QUEM NAO
PVHA VIVE COM HIV/AIDS
Então, duas vezes eu parei [o uso Eu gosto muito de participar disso Essa informação (técnica) eu
CONSTRUINDO SABERES dos ARV] por conta própria, falei: [grupo], e não só eu, mas todos devorei ela. Devorei com todas as
acabou! Não quero mais essa aqui têm muito para conhecer, minhas forças. E hoje eu falo que
porcaria aí... (...). e eu vou falar: pegar um pouquinho a mais de eu não sou mais... não me
eu vi duas vezes, não tem o fundo certas experiências de vida, né? considero infeliz por ser
do poço?(G5). Com cada um, entre nós... tá portadora do vírus HIV. Eu me
eu me conheço! Eu aprendi a me bom? (G1). sinto feliz porque hoje eu sou mais
conhecer, eu aprendi a eu passei mal logo no comecinho informada. Hoje eu sou muito
reconhecer os meus defeitos que eu peguei HIV [...]. Aí eu mais pessoa do que quando não
clínicos, patológicos, psicológicos passei mal porque aí o biovir... possuía o vírus. [...] se eu não
e outra coisa... eu digo pra vocês, ele é bom, sabe? Aquele tivesse o vírus, eu não teria a
psicologicamente, branquinho... agora o stocrin. bagagem que eu tenho hoje.
psicologicamente aqui... dentro de Quando eu usava ele... era a Então, me considero privilegiada
vc sozinha... pode aumentar a sua mesma coisa de usar maconha de ter a informação que eu tenho,
carga de imunidade e baixar o misturada com cachaça. Nossa! de ter passado isso (a
teor de vírus no seu corpo, Eu passava mal, aí foi indo... uma informação) pra muita gente(G1).
[...]psicologicamente, amiga que tem HIV[...],falava pra Eu falo porque eu ministro
entendeu?(G3). A gente sabe, tomar um pouquinho de leite... aí palestra em faculdade,
parece que a gente sente na hora melhorou... aí eu acostumei (G2). instituições... eu conheço a fundo
que seu corpo fala para você. [...] todos os portadores que eu o negócio (aids) (G7).
Parece que ele te manda um conheci que morreu foi por
pontinho (sinal) para o cérebro abandono do tratamento... todos,
(G10). todos! Por isso que não paro com
os remédios (G5).
100

Experiência própria

As pessoas com diagnóstico de HIV/aids que participaram deste estudo indicaram


o próprio corpo como uma fonte de descobertas para conduzirem suas ações perante as
situações decorrentes da infecção/doença, podendo ser intencionais ou não intencionais.
Estas foram apresentadas por meio das reações espontâneas do corpo, ou seja, a partir
da experiência de viver com HIV/aids percebem a necessidade de cuidados por meio
sintomas ou intuições. As descobertas intencionais foram quando testaram determinadas
orientações de pessoas que não tem HIV/aids, quer sejam profissionais de saúde ou não,
no sentido de confirmá-las ou rejeitá-las.

Experiência de outra PVHA

Os acontecimentos com outras pessoas que vivem com HIV/aids são informações
valiosas. As experiências compartilhadas direcionam ações quando ocorrem situações
semelhantes, pois a convivência com outra pessoa na mesma condição norteia seu
posicionamento referente ao HIV/aids em uma relação de confiança.

Experiência de quem não vive com HIV/aids

O conhecimento de pessoas que não vivem com HIV/aids tem duas dimensões
para PVHA, uma quando se trata de conhecimento proveniente da relação com
profissionais de saúde e a outra de conviveres de HIV/aids. Em relação à primeira,
observamos que o conhecimento científico é apreciado pelas PVHA, principalmente,
nos momentos em que se sentem fragilizados. O domínio de um saber teórico-técnico
sobre a infecção/doença também foi utilizado como autoafirmação perante a sociedade,
atributo de status social diferenciado. No segundo caso, as informações equivocadas das
pessoas sem formação técnica são utilizadas para fortalecer a ocultação do diagnóstico.

DISCUSSÃO

As PVHA participantes dessa investigação citaram três fontes de saberes que


constituem o habitus: as próprias experiências, as de outras PVHA e as informações de
101

pessoas que não vivem com HIV/aids. Portanto, os resultados deste estudo indicam que
há uma separação das fontes de orientações para as PVHA: quem tem HIV/aids e quem
não vivencia a infecção.
As fontes de saberes sobre a doença para pacientes crônicos incluem a tradição, as
percepções individuais, convivência com outras pessoas, profissionais de saúde e meios
de comunicação(7). Porém, quando se trata do HIV/aids que carreia a relação com outras
condições discriminantes (homossexuais, usuários de drogas injetáveis e profissionais
do sexo), constata-se a desvinculação, temporária ou permanente, com sua rede social
com tendência a estabelecer novos vínculos norteados pelo compartilhar condição
semelhante, favorecendo a confiança e solidariedade(6,16). Quanto aos meios de
comunicação, os participantes criticaram a forma de abordagem do HIV/aids, por ser
pontual, não apresentando continuidade, ao contrário do encontrado em outro estudo(17).
Ainda afirmaram que a impressão é de que a transmissão do vírus se restringe ao dia
mundial (1º de dezembro) e a período festivo, mas há a necessidade de avaliação de
campanhas de sensibilização sobre HIV/aids(2).
Ao saber do resultado do teste anti-HIV positivo, os participantes relataram
adentrar em um campo desconhecido, marcado pelo estigma da deterioração da
autoimagem(16). Para esses indivíduos, a vivência possibilitou a busca e apropriação de
elementos acerca da infecção/doença, com consequente, formação de aparato adequado
para gerir o autocuidado. Assim, entendemos que a incorporação dessas informações no
seu cotidiano foi uma das estratégias para o enfrentamento da doença, no sentido de
construir a sua autonomia.
A experimentação possibilitou o autoconhecimento e, desta forma, conhecer
melhor o mundo(13). Os participantes deste estudo fortalecem a ideia de que a auto-
observação é ferramenta para deduções de como o corpo reage na condição de
soropositivo para HIV/aids, direcionando suas condutas de cuidado. As descobertas a
partir de alterações do corpo foram singulares e formaram um conhecimento
incorporado ao seu dia-a-dia(7). O corpo é o ponto central das práticas em saúde(20) e se
constitui no que há de mais subjetivo em nossa experiência ao mesmo tempo em que se
entrecruzam as diversas formas de saber, pois absorve padrões e influências, como
também se remete a um modo de produzir saberes(13,20).
O corpo corresponde ao espaço físico, à percepção estática e dinâmica, que mostra
todas as manifestações de uma pessoa. Uma vez que o corpo é resultado histórico-
102

cultural, nos definimos como pessoa por meio da nossa relação com o nosso próprio
corpo(13). A visão da experiência a partir do corpo contribui para elucidar aspectos do
adoecimento nas sociedades, permeado com doenças crônicas ligadas ao estilo de
vida(12). À medida que as PVHA explicitaram suas experiências como base para ações,
se tornaram sujeito do conhecimento.
A experiência de viver com HIV/aids foi ressaltada como um saber que é capaz de
contrariar até mesmo ao conhecimento científico, e de se tornar a verdade para as suas
vidas. O indivíduo com a infecção/doença possui seu conhecimento, podendo encontrar
respostas às dúvidas por seus próprios caminhos(19).
Apesar de os profissionais deterem a força de legitimação de disposições, ou seja,
a formação técnica(12), as PVHA participantes identificaram esse movimento e o
questionaram, pois relataram situações que discordaram do já reconhecido. Assim, o
que os conduziram para o cuidado diferenciado foi a dúvida acerca das orientações
desses profissionais, inclusive se estavam atualizadas ou não(22), despertando
desconfiança na relação profissional-PVHA.
Portanto, o indivíduo não é tão passivo frente a um profissional, pois é constituído
por conhecimento próprio(19). O habitus constitui um recurso na interpretação das
práticas, em que se resguardam as verdades que orientam as ações das pessoas, ou seja,
sentidos e significados nem sempre conscientes, percebidos e/ou pronunciáveis, mas
demonstrados por meio de comunicação não verbal(20).
Os participantes relembraram momentos em que comunicaram sintomas que não
foram valorizados pelos profissionais, talvez, por não ter em relação direta com uma
doença e não houve atenção suficiente para investigar de que se tratava. Esse pedido de
atenção negligenciado reflete uma atitude de não escuta dos profissionais de saúde que
interfere na interação profissional-indivíduo atendido(8).
O processo de autoconhecimento foi constituído também por meio da prova de
seus limites físicos, ou seja, algumas orientações de profissionais de saúde foram
testadas. Como exemplo, os participantes dessa investigação citaram o abandono dos
ARV e, a partir dessa experiência, conheceram efeitos reais da interrupção do
tratamento medicamentoso em seus corpos. Há uma indicação de que este
comportamento pode estar relacionado à necessidade da pessoa com doença crônica em
verificar seus limites(7), até mesmo da imunidade.
103

Assim, os integrantes do grupo deste estudo identificaram as respostas do corpo


como importante ferramenta para a gestão do autocuidado, pois organizaram manejos
estratégicos para lidarem com as dificuldades e rupturas criadas pelo adoecimento,
sendo o protagonismo norteador do projeto terapêutico das PVHA(16).
O habitus, sendo a identidade social em construção, foi composto também pela
identificação de ações de outras pessoas com a infecção/doença. Quando acontece a
troca de experiências, o indivíduo aprende e ensina(13), podendo adentrar o universo de
significados de outra PVHA(10).
A interação de PVHA em grupo, complementando informações e aconselhando
no enfrentamento das situações e relações cotidianas, demonstrou que trabalho em
grupo é uma possibilidade de atendimento a esses indivíduos(10). O sentido foi o
aprendizado de novos entendimentos sobre si e sobre o outro vivendo com HIV/aids.
O capital científico(12) foi incorporado e utilizado como árbitro para o veredito da
experiência, ou seja, pessoas com HIV/aids relataram suas experiência a outras PVHA,
manifestaram suas ideias sobre viver com HIV/aids e invocaram sua arbitragem, pois a
ótica foi de alguém que permeia o campo de viver com a infecção/doença.
Os espaços grupais restritos a PVHA, como em OSC, foram considerados
ambientes de socialização(10), apropriado para abordar temas que poderiam ser
considerados polêmicos em outros contextos sociais, como revelar o diagnóstico. No
momento em que a PVHA encontra outra soropositiva em OSC, diferentemente do
espaço do trabalho(6), abandonaram o sigilo que permeia suas vidas, afirmando-se
protagonistas e sujeitos do conhecimento(16).
Afinal, as PVHA ao frequentar ambiente onde podem sair do anonimato,
dialogam sobre o cotidiano, dúvidas e surpresas, relacionadas a viver com HIV/aids (10).
Esse aspecto precisa ser dimensionado e valorizado, pois cada grupo tem suas demandas
e sua compreensão sobre bem-estar, já que não há consenso de que a adesão aos ARV
garante a qualidade de vida das PVHA(21). E, dessa forma, esclareceram que o ambiente
restrito para PVHA é visto como local para ser compreendido com direitos de cidadãos,
respostas às atitudes discriminatórias provocadas pelo estigma(6).
Assim, a experiência de viver (ter HIV/aids) e conviver (relacionar-se com
alguém com HIV/aids) foi ressaltada como um conhecimento capaz de contrariar outras
fontes de informações, e de se tornar a verdade para as suas vidas. A experiência
primária, a vivenciada, transformada em prática científica, modifica-a, pois a
104

experiência confere autenticidade ao discurso(13). A interação entre as PVHA auxilia na


análise das práticas de saúde um dos outros. Portanto, as práticas são fonte de
transformação(20).
O habitus é estruturado por experiências diferenciadas, percepções e
aspirações(12). O acesso a diferentes tipos de conhecimento posiciona o indivíduo no
campo. Segundo os participantes do estudo, as PVHA que buscam a interação com
outras PVHA entendem melhor a dinâmica de sentimentos que rodeiam a sua
vivência(10), fundamentados na informação (científica ou senso comum) sobre HIV/aids.
Evidências científicas apontaram que em grupo reservado às PVHA houve
diminuição da ansiedade, efetiva adesão medicamentosa, além de incentivar o
entendimento sobre o viver com HIV/aids(22). O conteúdo das interações e da própria
experiência, que forma o habitus, direciona a vida PVHA em seus espaços sociais.
O fato de possuírem habitus semelhante permite que indivíduos estabeleçam uma
relação inteligível e de compreensão do outro. Não há necessidade de que tenha a
experiência vivida, basta que a pessoa do mesmo habitus explicite manejos adotados
para que os mesmos sejam reproduzidos por outra em situação similar. Dessa maneira,
os agentes seguem determinadas práticas na experiência cotidiana, ou seja, esquemas do
habitus, a partir do relato de agente semelhante, sendo o modo legítimo da troca de
práticas(13).
Conforme a percepção dos participantes deste estudo, os profissionais de saúde
têm a ideia pré-concebida de que as PVHA são problemáticas e que precisam utilizar
medicamentos para o equilíbrio da saúde mental, sendo esta uma das barreiras para o
cuidado(4). A divergência entre o campo que a PVHA se insere e o campo em que os
profissionais de saúde os colocaram prejudica a comunicação, repercutindo na
qualidade do atendimento à saúde.
As PVHA verificaram divergências de orientações entre os profissionais que os
acompanhavam e as normas técnicas, principalmente em relação à periodicidade da
solicitação de exames de rotina. Esta situação fortaleceu a premissa de selecionar quais
orientações devem guiar o autocuidado, e para isso, devem buscar saberes de diferentes
fontes. Diferente dos resultados de estudo envolvendo pessoas com outras doenças
crônicas que definiram os profissionais de saúde como informadores privilegiados(6). O
viver com HIV não foi relacionado ao tratamento medicamentoso da doença, ou a outras
105

patologias oportunistas, mas a uma dimensão ampla de ter ou não informações para
entender o mundo e se entender, com ressignificações da vida.
Assim, inferimos que os cuidados ao indivíduo com HIV/aids, além da escuta
terapêutica, precisam incluir esclarecimentos dos protocolos, para que o atendimento
tenha o impacto almejado no sentido de melhorias na vida da PVHA.
A particularidade de ser detentor de um conjunto de informações sine qua non
permitiu aos participantes visualizar as relações sociais de modo diferenciado. Os
membros da sociedade não detentores do conhecimento técnico-empírico referente à
vida da pessoa com HIV/aids discriminam as PVHA(4,22) e, por isso, são discriminados
por esses. Essa questão foi vista também como uma forma de enfrentamento para evitar
a exposição a momentos que podem aumentar sua condição de fragilidade(16).
As vivências de discriminação dos participantes pode ser o motivo para o
desenvolvimento de reflexões também discriminatórias, tais como, quem não tem HIV é
uma pessoa desinformada, pois privilegia sexo sem preservativo e que não souberam
organizar evento para discussão sobre HIV/aids. A experiência adquirida também
estabelece limites a excluir, inclusive pessoas, daquilo de que se é excluído(13).
O interjogo de papel social, que ora é excluído por ter HIV/aids e ora exclui
pessoas por não ter HIV/aids, permeiam as relações sociais de pertencimento e
exclusão. Assim, esse princípio silencioso de pertença e distanciamento produz
grupos(13). A luta-fuga das interações sociais que circundam a vida da PVHA se
confunde com a aceitação-negação de orientações que englobam acompanhamento do
status imunológico e alterações no estilo de vida.
Em relação às pessoas que discriminam, o movimento de compreensão da PVHA
por membros da sociedade não é diretamente relacionado à escolaridade. Os
participantes deste estudo atribuem a aceitação ao modo como as pessoas estão
vinculadas umas às outras e a formação familiar. Essa observação das PVHA é coerente
com estudo que explicita a discriminação própria de pessoas não solidárias, uma vez
que o preconceito e os valores morais são incorporados de modo singular de acordo
com a intencionalidade e vivência(16).
Segundo os participantes, a pessoa sem HIV/aids pensa que o soropositivo é um
monstro e que emagrece, imagens que são produto da discriminação, enfrentando uma
barreira social(4). Destarte, durante os encontros de grupo, a recomendação entre os
membros foi ocultar a condição de soropositivo em outros espaços sociais(17), sendo o
106

sigilo do diagnóstico um manejo para serem tratados normalmente pelos seus


conviveres. Portanto, inferimos que os encontros grupais foram úteis tanto para
conhecer a visão de mundo sobre viver com HIV/aids, quanto de oferecer espaço de
auxílio aos integrantes na sustentação de pensamentos que corroboram no
enfrentamento de sua condição.
A busca por informações científicas em documentos que norteiam as políticas
públicas também foi citada como uma ação que transforma a vida, já que possibilita o
protagonismo do cuidado(16), demonstrado durante os encontros grupais pelo uso de
vocabulário técnico. O conhecimento científico favorece o autoconhecimento(12) e o
sentimento de dono do próprio destino. Dessa forma, o indivíduo com HIV/aids pode
viver a experiência de construir parte do seu próprio cuidado(16), protagonizar suas
práticas e desenvolver a autonomia, que transcende o tratamento medicamentoso e
alcança diferentes âmbitos de viver com HIV/aids. A informação é tratada como um
bem de consumo que deve ser buscado para melhorar a vida, pois à medida que
adquirem dados acerca do HIV/aids, sentem-se empoderados e com capacidade
reconhecida.
Assim, a combinação do conhecimento científico, do conhecimento de si e da
própria inconsciência social permite o desenvolvimento pessoal(12). A análise dos
encontros de grupo reflete que viver com HIV/AIDS significa ser detentor de um
habitus com informação privilegiada, pois o fato de ter o diagnóstico de HIV/AIDS
implicou no aprendizado de estratégias que transformaram o seu habitus. Isto quer dizer
que o modo de pensar pós-diagnóstico mobiliza experiências diferenciadas relacionadas
à infecção/doença e sua inserção no campo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostraram a relevância de explorar a perspectiva das vivências de


PVHA adultas à luz de Bourdieu, uma vez que o habitus funciona a cada momento
como uma matriz de ações, e à medida que internaliza conhecimento, a PVHA constitui
o habitus específico de viver sabendo que tem o vírus da aids.
O ter informações é decisivo para se posicionar diante das situações vivenciadas e
das instituições que constituem a sociedade em relação ao HIV/aids. O interessante
movimento identificado nessa investigação foi que as PVHA participantes foram
107

discriminadas e também tem comportamento similar para demonstrar que não são
compreendidas, pois enfatizaram que a pessoa sem diagnóstico de HIV não tem
conhecimento apropriado sobre a infecção/doença.
No sentido de minimizar a supressão de informações para a pesquisadora durante
a coleta de dados dedicamos maior tempo ao trabalho de campo, vínculo terapêutico
com os integrantes do grupo, além do comportamento da coordenadora de mediar o
diálogo do grupo e esclarecer pontos divergentes baseada em documentos legais do
país, sendo esta fonte segura para os participantes desta investigação.
Em termos de implicações para prática de enfermagem, nossos achados indicam
que para atendimento abrangente à saúde da PVHA é importante perceber quais suas
fontes fidedignas de informações, pois a sua compreensão de mundo e sua vivência
norteiam a gestão de autocuidado. Diante do exposto, indicamos ao enfermeiro e a
equipe multidisciplinar, em especial de serviços especializados a PVHA, vislumbrar
atendimento adequado a esses indivíduos valorizando a composição do conhecimento
que guiam suas práticas de cuidado da saúde. Entendemos que explorar esses aspectos
possibilitou que o atendimento de enfermagem à PVHA fosse revisitado para explorar
as práticas conscientes/inconscientes desses indivíduos.
Algumas dúvidas suscitadas no cotidiano pelos participantes foram solucionadas
graças ao próprio aparato de conhecimento acerca da infecção/doença. Apesar da
assertividade de muitas informações repassadas por PVHA decorrentes de sua
observação, há necessidade de investigar os fundamentos das mesmas para realização
dessas condutas, uma vez que esse conhecimento pode contribuir no atendimento à
saúde.
A limitação desta investigação é referente aos resultados que, embora não possam
ser generalizáveis para os demais grupos de PVHA, indicam direcionamentos para o
atendimento dessas pessoas. Outro fator limitador foi a irregularidade da participação
dos indivíduos no grupo, que pode está relacionada à maior valorização do atendimento
individual, mas que precisa também ser investigado pois o desenvolvimento de estudo
nessa perspectiva exige compromisso em participação, uma vez que a não adesão ao
grupo inviabiliza a coleta de dados. Apesar de dois membros relatarem memória
comprometida devido ao uso de ARV, esta perspectiva é mais um desafio a ser
superado pelo coordenador de grupo com PVHA.
108

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Nigeria: Review of Research Studies and future directions for Prevention Strategies.
Afr. j. reprod. health. 2009;13(3):21-35.
110

4.4. Artigo 4 – GRUPO OPERATIVO PARA PESSOAS COM VÍRUS DA


IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA

Walterlânia Silva Santos1


Marcelo Medeiros2
Roselma Lucchese3
Denize Bouttelet Munari4

RESUMO
Com o objetivo de avaliar a operatividade do grupo para pessoas vivendo com o vírus
da imunodeficiência adquirida humana, realizamos pesquisa exploratória do tipo
avaliativa em uma Organização da Sociedade Civil (OSC) direcionada para pessoa
vivendo com HIV/aids(PVHA) por meio de dez encontros de grupo operativo(GO)
entre os meses agosto e novembro de 2010, com duração média de 1h30min.
Compareceram 14 PVHA convidadas, dessas, sete frequentaram duas ou mais sessões
de grupo, critério estabelecido para avaliar o desempenho grupal. Os acontecimentos do
grupo foram gravados e transcritos, permitiram o preenchimento da Escala de
Indicadores de Desempenho Grupal (EIDG) e a construção da crônica. Os dados foram
analisados conforme análise de conteúdo com categorias preestabelecidas pelos vetores
de avaliação de GO. O grupo operou mudanças na vida dos participantes e funcionou
como espaço para acolhimento, além, de permitir saltos qualitativos, à medida que os
participantes se dispuseram a executar a tarefa.
Descritores: Atenção à saúde. HIV. Prática de Grupo. Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida. Estrutura de Grupo.

EL OPERATORIO DE GRUPO PARA LAS PERSONAS CON EL VIRUS DE


SÍNDROME DE INMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA

RESUMEN
Con el objetivo de evaluar la operatividad del grupo de personas que viven con el virus
de la inmunodeficiencia humana, se realizó exploratorio tipo de evaluación en una
Organización de la Sociedad Civil (OSC), dirigida hacia las personas que viven con el
VIH / SIDA (PVVS) a diez reuniones de grupos operativos (GO) entre agosto y
noviembre de 2010, con una duración promedio de 1h30min. 14 personas asistieron a
las PVVS, estos siete asistido a dos o más sesiones de grupo, los criterios establecidos
para evaluar el desempeño del grupo. Los eventos del grupo fueron grabadas y
transcritas, permitió llenar Escala de Indicadores de Desempeño Group (EIDG) y la

1
Enfermeira. Professora Assistente. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão (UFG/CAC). E-mail:
walterlaniasantos@gmail.com
2
Enfermeiro. Professor Associado. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem
(UFG/FEN). E-mail: marcelo@fen.ufg.br
3
Enfermeira. Professora Adjunta. Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão (UFG/CAC). E-mail:
roselmalucchese@hotmail.com
4
Enfermeira. Professora Titular. Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem (UFG/FEN).
E-mail: denize@fen.ufg.br
111

construcción de la crónica. Los datos se analizaron de acuerdo con categorías de


análisis de contenido con predeterminado por la evaluación vectores IR. El grupo
operado cambios en la vida de los participantes y trabajó como un espacio para
acoger, además, para permitir saltos cualitativos, ya que los participantes estaban
dispuestos a realizar la tarea.
Descriptores: Atención a la Salud. VIH. Practica de Grupo. Síndrome de
Inmunodeficiencia Adquirida. Estructura de Grupo.

GROUP OPERATIVE FOR PEOPLE WITH VIRUS OF ACQUIRED


IMMUNODEFICIENCY SYNDROME

ABSTRACT
the objective of evaluating the operability of the group for people living with the human
immunodeficiency virus, we performed exploratory type of evaluation in a Civil Society
Organization (CSO) directed toward people living with HIV / AIDS (PLWHA) through
ten meetings operative group (GO) between August and November 2010, with an
average duration of 1h30min. 14 guests attended PLWHA, these seven attended two or
more group sessions, criteria established to evaluate the performance group. The events
of the group were recorded and transcribed, allowed filling Scale Performance
Indicators Group (EIDG) and the construction of the chronicle. The data were analyzed
according to content analysis categories with predetermined by the vectors assessment
GO. The group operated changes in participants' lives and worked as a space to host, in
addition, to enable qualitative leaps, as the participants were willing to perform the
task.
Descriptors: Health Care. HIV. Group Practice. Acquired Immunodeficiency Syndrome.
Group Structure.

INTRODUÇÃO
As pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) e com êxito na terapia antirretroviral
(TARV), tem sua expectativa de vida aumentada(1). Por isso, essas pessoas apresentam
demandas de atenção à saúde tanto no atendimento da clínica quanto de apoio afetivo-
emocional(1). Esse último se constitui por estratégias que envolvem ações de prover
atenção, companhia e escuta (1).
Dentre as tecnologias de suporte emocional, o grupo se constitui em ferramenta
eficiente. A forma de condução do grupo depende do aparato técnico-teórico do
coordenador, sendo escolhida nesse estudo a abordagem proposta por Pichon-Rivière,
denominada grupo operativo (GO)(2), cujo diferencial é de que ele tem a finalidade de
executar uma tarefa a partir do vínculo entre os integrantes do grupo, incluindo o
coordenador. Para o autor, tarefa não é sinônimo de ocupação, mas significa o salto de
aprendizagem construído pelos próprios membros do grupo(2).
O GO foi considerado espaço privilegiado em que se articularam as influências
de ordem social, cultural, econômica, psíquica, histórica dos participantes para emergir
112

a mudança de visão de mundo(3). Tanto que por meio de GO, homens que fazem sexo
com homens (HSH) ressignificaram a prática do sexo, tornando-o mais seguro,
contribuindo para prevenção do HIV(3).
Para o alcance dos resultados, a prática de grupo exige planejamento,
desenvolvimento e avaliação da ação do coordenador. A sistematização da avaliação
tem sido ressaltada, haja vista, que permite identificar a assertividade da intervenção
grupal. Dessa forma, possibilita evidenciar a concretude dos resultados para as pessoas
atendidas nessa modalidade(4).
O GO tem a peculiaridade de apontar indicadores para avaliação de desempenho
grupal, denominados de: afiliação/pertença, comunicação, cooperação,
(2,5)
aprendizagem/pertinência, tele . Esses vetores foram organizados em um instrumento
designado de Escala de Indicadores de Desempenho Grupal (EIDG)(5).
Uma revisão sistemática da literatura nos possibilitou a identificação de estudos
que avaliaram a intervenção grupal para PVHA por meio de escalas específicas (6,7) de
adesão à TARV(6), diminuição de sintomas da depressão, ansiedade e aflição(7), assim
como, investigações que utilizaram o GO para atender a diferentes populações,
incluindo HSH(3), pessoas com diabetes(8, 9), educação de jovens e adultos(10), usuários
de álcool e outras drogas(11), dentre outras.
Porém, essa revisão, dentre as propostas de grupo para PVHA não se identificou
a abordagem na perspectiva de GO. Portanto, consideramos essa uma lacuna na
produção do conhecimento sobre avaliação de GO como recurso apropriado para
atendimento (operatividade) de PVHA, constituindo-se assim o nosso problema de
pesquisa. Para tanto, este estudo propõe a avaliação do desempenho grupal por meio da
análise da EIDG e dos vetores para GO.
Assim, objetivamos avaliar a operatividade do grupo para pessoas vivendo com
o vírus da imunodeficiência adquirida humana.
METODOLOGIA

Pesquisa exploratória do tipo avaliativa, cuja finalidade é elaborar


procedimentos de avaliação de um programa, cuidado, prática ou política, para
encontrar respostas referentes à realidade(12). A coleta de dados ocorreu nas
dependências de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) do Estado de Goiás
113

direcionada para PVHA, fundada em 1993, com cadastro atual de duzentas e cinquenta
famílias.
A população de estudo foram PVHA cadastradas na OSC que atenderam aos
seguintes critérios de inclusão, pessoas com dezoito anos ou mais, ambos os sexos,
diferentes experiências sexuais, com capacidade cognitiva para participação do GO, que
participaram, pelo menos de duas sessões de GO. Foram excluídos aqueles que
frequentaram somente um encontro do GO. Assim, compareceram 14 PVHA
convidadas presencialmente ou por telefone, após aplicar os critérios de elegibilidade
resultou em 7 PVHA.
Como intervenção na realidade para a pesquisa, realizamos 10 sessões de GO
semanais com duração média de 1h30min, no período de agosto a novembro de 2010.
No primeiro GO estabeleceu-se objetivo-contrato (contrato do grupo) com as regras de
funcionamento e propondo a tarefa de pensar sobre ‘a vida do soropositivo’. Também
esclarecemos os objetivos da pesquisa e a solicitação da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Naquele momento emergiram os temas dos encontros consecutivos: doenças
oportunistas, adesão aos ARV, sexualidade, drogas (i)lícitas, direitos e deveres das
PVHA, gravidez, sexualidade, revelação diagnóstica e alimentação para PVHA. A
prioridade dos temas foi estabelecida pelo próprio grupo.
As sessões grupais foram coordenadas pelo pesquisador contando com a
colaboração de um observador. Os registros foram feitos em diários do observador e
gravações em áudio, sendo que ambos deram origem às crônicas(5), que permitiram a
análise dos pontos emergentes, o comportamento dos integrantes, e o movimento do
grupo em torno da tarefa(13).
Para avaliação da intervenção utilizamos a análise das crônicas e da EIDG. Por
meio das crônicas foi possível verificar a presença dos vetores grupais. Com a EIDG
identificamos a disposição dos participantes do grupo no contexto do GO. Esse
instrumento é constituído por 30 indicadores escalonados entre quinze respostas
positivas e quinze negativas. Neste, cada vetor é representado por seis itens (5).
O maior vetor sim é S5 e o menor é o S1. O maior vetor sim é N1 e o menor é o N5.
Indicadores A (sim). S S S S S N N N N N Indicadores B (não).
1 2 3 4 5 5 4 3 2 1
Frequência assídua. Frequência irregular.
Com Pertença

Pontualidade. Atrasos constantes.


Assume responsabilidade com os Assume responsabilidades, sozinho.
outros.
unica

Comunica-se em função dos Comunica-se em função de interesses


ção

objetivos do grupo. próprios.


114

Esclarece mal-entendido. Deixa acontecerem os mal-


entendidos.
Facilita os diálogos. Prefere conversas paralelas.
Aprendizage Coopera

Complementa as ações grupais. Tenta impor o próprio ritmo.


Dá e solicita apoio. Contenta-se com o que faz.
ção

Assume papéis com flexibilidade. Repete papéis conhecidos.


Expressa ideias pertinentes ao Deixa que as dúvidas persistam.
tema.
Enfrenta situações desconhecidas. Frente ao novo, fica sem saber o que
fazer.
Encontra soluções aos desafios. Dá um tempo ao desafio.
m

Expressa sentimentos adequados à Evita expor sentimentos no grupo.


situação grupal.
Explora ansiedades adequadas à Paralisa-se quando surgem medos e
situação grupal. ansiedades no grupo.
Tele

Contribui para fortalecer a Protege-se quando há desconfiança no


confiança. grupo.
Fonte: Gayotto MLC, organizadora. Liderança II: aprenda a coordenar grupo. Petrópolis (RJ): Vozes, 2003.

A classificação final é de acordo com a escala numérica, e indica como muito


insatisfatório quando o somatório do desempenho grupal se localiza no intervalo de 0 a
15, e, respectivamente, insatisfatório (16 a 35), satisfatório (36 a 55) e muito satisfatório
(5)
(igual ou superior a 56) . O preenchimento da EIDG foi supervisionado por
profissional especialista em GO e ocorreu ao final da intervenção.
A organização e análise dos dados(14) foi conduzida por temática preestabelecida
pelos vetores(2) tanto analisados a partir das crônicas quanto da EIDG. Para
identificação das falas referente a cada encontro em grupo, designou-se a letra G,
seguida por número arábico (G1), sequencialmente.
O projeto que deu origem a essa investigação foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa Médica Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Goiás, sob o protocolo nº 029/2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação geral pela EIDG dos sete integrantes do grupo, quatro foram
classificados com desempenho muito satisfatório, com somatório igual ou superior a 56
pontos, três participantes tiveram desempenho satisfatório, ou seja, o resultado do
preenchimento da escala se inserido no intervalo de 36 a 55(5).
A EIDG indica a energia psicossocial do integrante naquele momento para o
trabalho em grupo. O resultado das operações matemáticas da escala é indício de maior
ou menor investimento do integrante nos movimentos grupais. A existência de pontos
extremos entre as respostas sim e não revelam o perfil do grupo e os pontos
intermediários apontam as contradições não elaboradas, entretanto a soma dos dois
resultados indicam o desempenho grupal(5). Desse modo, o resultado do desempenho
115

grupal como satisfatório e muito satisfatório significa que a dinâmica do conjunto foi
propícia para pertinência à tarefa grupal e às transformações.
Esse fator corrobora para a adesão das pessoas ao grupo de PVHA e, portanto,
converge com dados de que pessoas acometidas pelo HIV têm a necessidade de espaço
seguro para compartilhar suas angústias e suas vivências(5).
Quanto às categorias preestabelecidas, a afiliação é o primeiro vetor necessário
para que a reunião de pessoas constitua um grupo, pois reflete sua identidade e
aproximação. Conforme esse movimento acontece e se solidifica, a afiliação se
transforma em pertença, como se as pessoas desenvolvessem o sentimento de pertencer
a um determinado grupo. Por isso, a análise desses vetores é conjugada, visto que um é
a evolução do outro.
[...]então é o seguinte, eu gosto muito de participar disso, e não só eu, mas todos aqui têm
muito para conhecer, pegar um pouquinho a mais de certas experiências de vida, né? (G1).

Depois que eu conheci esse grupo, as coisas têm melhorado cada vez mais para mim e eu sei
que eu vou melhorar (G9).

Na avaliação da EIDG, afiliação/pertença foram representadas pelos três


primeiros indicadores, que determinam a existência do grupo(5). Para esta intervenção,
estes vetores se concentraram em pontos extremos na maior parte dos sujeitos,
revelando clareza do compromisso consigo próprio e com os outros membros como
perfil do grupo operativo.
Na análise do vetor afiliação se observou a identificação entre os integrantes
com o decorrer dos encontros. Os participantes relataram características pessoais a partir
do segundo encontro de grupo, como a condição patológica de sexomaníaco e o
pensamento de suicídio, que refletem a segurança para exposição de fragilidades. Esse
movimento dos integrantes do grupo em estabelecer parceria de trabalho e integração é
atribuído a experiências com a utilização de GO(13). Contrariamente aos achados do
estudo de GO(16) realizado com adolescentes sobre sexualidade e prevenção de
infecções sexualmente transmissíveis, em que houve resistência para expor
pensamentos. Talvez devido à faixa etária e suas especificidades ou, pela interação e
vínculos frágeis que refletem em aspectos negativos na afiliação/pertença.
Outro movimento que determina a qualidade dos vínculos e a operacionalidade
do GO é a pré-tarefa, momento em que as pessoas se encontram no setting grupal, mas
apresentam resistências ao contato com os pensamentos dos outros participantes e os
116

próprios (internos)(13). Durante essa investigação, os membros permitiram a abertura


para o desconhecido, ou seja, se protegeram pouco e, na maioria dos encontros a pré-
tarefa representou curtos períodos e logo entravam na tarefa grupal, indicando a
relevância de uma afiliação/pertença forte.
Assim, à medida que promoveram a escuta sem julgamentos, portanto,
terapêutico(13), cada participante se estimulava a falar de aspectos internos e,
designavam o grupo como espaço propício para revelações, conferindo o grau de
pertencimento ao mesmo.
Nesta pesquisa foi relevante a identidade que se formou entre os participantes,
estabelecendo um jogo simbólico entre sujeitos e contexto social com uma construção
sócio histórica(17). Para os integrantes do grupo, o valor de saber viver com HIV/aids de
pessoa infectada é maior do que de qualquer outro conhecimento, até mesmo de
profissional de saúde. Assim, ouvir uns aos outros foi mais próximo, mais real e
importante. Movimento que configurou o vetor cooperação, correspondente à
capacidade de ajuda mútua, representada pela articulação das necessidades grupais e
individuais. A partir da demanda de um dos participantes, o grupo se percebe.
[...] eu comecei a ir nas reuniões, sempre procurando saber [busca de informações]
procurando saber de mais coisa, procurando ajudar, porque pra mim também não é
fácil. A gente ajudar é bom, mas eu preciso ser ajudada e ser escutada também (G1)

Conforme a escala, este vetor apresentou resultados extremos em quatro dos


participantes, e contradições nos demais. Esses aspectos apontam para a interlocução de
papéis no decorrer da atividade de grupo, movimentos em que as pessoas se
complementaram e permitiram que a ansiedade grupal emergisse e mobilizasse os
acontecimentos.
A cooperação pode ser percebida pelo interjogo de papéis (porta-voz, impostor,
sabotador) do GO. O porta-voz é a pessoa que, em geral inconscientemente, expõe o
implícito, o que os demais estavam contendo em falar por medo da mudança, pois a
inquietação gera conflitos e desorganização, porém quando explicitada há a tendência à
reorganização de pensamentos(5). O impostor age como se estivesse cumprindo a tarefa,
mas fica na superficialidade. Enquanto o sabotador se assume como não executor da
tarefa, principalmente, pela necessidade de manter o estado atual.
No interjogo de papéis, as PVHA participantes compartilharam vivências,
encorajaram uns nos outros estratégias de enfrentamento ao HIV/aids. Essas
117

observações convergem nos aspectos ressaltados na EIDG relacionados ao vetor


cooperação, que são: flexibilidade/permanência de papéis, oferece ou não apoio, impõe
próprio ritmo ou segue o do grupo(5).
Nesse movimento houve o resgatar da própria história, correspondendo à
verticalidade do indivíduo. O encontro com a verticalidade dos demais integrantes do
grupo, com identificação de objetivos comuns, e elaboração de uma história comum,
representada a horizontalidade grupal(13). Dessa maneira, cada integrante contribui no
GO com sua história vertical para a construção da história coletiva.
A aprendizagem/pertinência pode ser avaliada individualmente ou
conjuntamente como proposto pela EIDG. Trata-se de vetores que indicam o grau de
centramento na tarefa e assim repercutindo na mudança qualitativa do grupo. A
aprendizagem diz respeito à adaptação ativa a realidade e a resolução da ansiedade(18).
[...] é como eu falei, nós todos temos que aprender um pouco com cada um (G1)

[...]você fala, não é por nada não, você fala uns negócios que eu sempre busquei,
porque pow!e nunca ninguém me ensinou isso (G2).

Na EIDG esses vetores (aprendizagem/pertinência) são identificados por:


expressa ideias pertinentes ao tema, enfrenta situações desconhecidas, encontra soluções
aos desafios(5). Neste estudo a escala revelou equilíbrio entre pontos extremos (S1, S5,
N1, N5) e intermediários (S2, S3, S4, N2, N3, N4), sendo que os últimos refletem as
contradições não elaboradas. Não obstante ao significado dos vetores em questão,
manter o centramento na tarefa e mobilizar aprendizagem nas pessoas diz respeito à
revisitação de matrizes e reelaboração de conflitos. Sendo assim, espera-se
aparecimento de resistências e ansiedades e com isso uma considerável contradição a
ser elaborada em um processo contínuo e permanente de aprendizagem.
Assim, as PVHA participantes revelaram a singularidade do conhecimento de
viver com HIV/aids, inclusive funcionando como conselheiro para enfrentar o HIV,
principalmente, no que diz respeito ao sigilo do diagnóstico e a necessidade de viver em
sociedade, já que o auto isolamento (solidão) é prática comum entre PVHA(15). Essa
aprendizagem não se relaciona somente a elaboração de novos conhecimentos, como
também de si próprio e dos outros, assim, permitindo ao indivíduo compreender as
situações a partir de inquietações(13).
Em estudo que abordou o GO como tecnologia para educação de jovens e
adultos, constatou-se que dialogicidade desperta a autonomia, como ferramenta de
118

enfrentamento das dificuldades que surgem na busca do conhecimento pelos sujeitos e


do crescimento destes, reafirmando que o grupo é espaço para interação(10). Essa
cooperação não significa a ausência de conflitos, mas permitir a flexibilidade de papéis,
e atuar quando se é cúmplice ou não ser cúmplice daquilo de que se discorda(9).
A aprendizagem foi ocorreu no grupo por intermédio da troca de experiências de
vida(17) em que se compartilhou pensamentos, sentimentos, conhecimentos, entre outros.
Assim, representa um indicador importante para o processo grupal em que permite a
revisitação de matrizes de aprendizagem com apropriação da realidade e produções
sociais, na coletividade(19).
Para pessoas com diabetes o trabalho em GO propiciou um espaço terapêutico
de discussão, já que trouxe aprendizagem para melhor manejo com a condição,
permitindo a ressignificação da experiência, assim como confrontar as fantasias
inconscientes e medos sobre a repercussão do diabetes no seu cotidiano, contribuindo
para o seu crescimento pessoal(9).
O GO permitiu o aprender a pensar com o outro, enriqueceu o conhecimento de
si e do outro, possibilitou superar as dificuldades e também parece ter contribuído para
promover uma maior autonomia dos seus integrantes, uma vez que o aprendizado a
partir da experiência emocional propiciou maior aceitação da condição de viver com
diabetes(8).
Assim, a aprendizagem é indissociável da comunicação e da interação, à medida
que esses elementos significam que aprendemos na convivência com os outros, sendo a
apropriação ativa da realidade, uma construção coletiva(13,20).
Nesse processo de viver consigo mesmo e conviver com HIV/aids, o indivíduo
se constitui e colabora com o outro na reciprocidade, pois se referencia no outro,
diferencia-se do outro, opõe-se ao outro, e assim, transforma e se transforma (13). Dessa
forma, o grupo se torna pertinente, já que este vetor diz respeito à eficácia com que se
realizam as ações em grupo(13).
A dinâmica do grupo se constrói pelos vetores comunicação e tele(5). O vetor
comunicação diz respeito tanto ao verbal quanto ao não verbal, e ao contexto em que
ocorrem. É por meio desse vetor também que é possível definir os diferentes papéis dos
integrantes do grupo descritos anteriormente.
119

Pelo resultado do EIDG também houve equilíbrio entre pontos extremos e


intermediários revelando um espaço dialético e dialógico, que mesmo diante das
contradições houve um clima de troca e novas experiências.
Quanto à comunicação é essencial para a expressão de si, e analisando suas
distintas manifestações, percebe-se objetivamente e subjetivamente o outro(2). Neste
grupo foi possível verificar que esse vetor esteve presente na maioria das reuniões de
forma dinâmica e de um para todos, consequentemente, contribuindo para a escuta e o
acolhimento.
[...]das vezes, você precisa participar mais de reunião. Às vezes falta é alguém pra
conversar, porque ali, e no mundo que nós vivemos. Então, o bom é passar a participar,
pra ver se desperta, né? (G10).

[...]O medo seu não é da pessoa. O meu é seu?[...] o medo é meu... [...] Ah... agora
entendi tudo! (G2)

Porém, houve momentos em que apareceram ruídos na comunicação(5),


principalmente nos encontro grupais em que estiveram presentes pessoas que não
haviam aderido ao grupo, ou seja, que não apresentaram o mesmo compromisso exigido
pelos que compareceram com frequência, o que exigiu o replanejamento do GO.
Ainda, o vetor comunicação pressupõe interação, que proporciona a clareza dos
pensamentos do outro, podendo transparecer o estar ou não no grupo, por isso que itens
na EIDG que expressam esse vetor comunicam-se em função dos objetivos do grupo,
esclarecem mal-entendidos, facilita os diálogos(5). As PVHA participantes relataram a
necessidade de esclarecer conflitos da vida, que esclarecem as questões, e esse não
esclarecimento gera ansiedade.
Um dos aspectos que vale ressaltar é o fenômeno comunicacional, em que a fala
de um membro do grupo pode ressoar em outro, e quando se fala sobre um tema
permeado pelo preconceito, como o HIV/aids, os integrantes citaram consecutivamente
momentos que justificam a autodefesa da sociedade, frisando que a discriminação é a
primeira e principal doença oportunista da PVHA.
A tele corresponde ao clima do grupo, e traduz a primeira impressão que se tem
do outro, portanto, a disposição de trabalhar com o outro, proporcionando uma tele
positiva ou negativa.
[...]Quando tá aqui (grupo) ela [uma integrante se refere a outra] acha bom (G9) [...]
gostei da reunião, quero participar mais. O grupo é maravilhoso, gostei de conhecer
mais pessoas igual a vocês. Agora vocês fazem parte da minha família (G9).
120

A tele identificada na EIDG se relaciona a sentimentos (in)adequados à situação


grupal, exploração de ansiedades e medos surgidos no trabalho conjunto e contribuição
para fortalecer a confiança(5). A disposição de trabalhar em grupo corresponde às
necessidades de cada um, por isso, um indivíduo que não se dispõe a executar a tarefa,
pode não ter o desejo daquele movimento no momento, por apresentar resistência à
mudança.
A tele entre as PVHA foi, na maior parte dos encontros, positiva, ou seja, as
pessoas tiveram impressão positiva uma das outras, resgataram histórias de
determinação ao longo de sua vida e esse movimento foi envolvido pela incorporação
dos integrantes do grupo como membro familiar. Os aspectos levantados permitem
utilizar o GO como grupo de promoção da saúde(13).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação da operatividade grupal a partir dos vetores foi realizada tanto por
meio de escala de indicadores, quanto por meio dos diálogos durante as sessões de
grupo.
Conforme a EIDG o desempenho grupal foi de satisfatório a muito satisfatório,
refletindo as observações que os membros do grupo expuseram sobre o significado
daquele momento. Também apontou as contradições não elaboradas em relação ao vetor
aprendizagem/pertinência. Esse movimento de reelaboração merece maiores
investimentos, mesmo considerando que o processo de aprendizagem seja infindável e
constante e que esse processo se dê em meio às resistências às mudanças e de suas
próprias reelaborações, mostra-se propício à identificação de incongruências.
Mesmo assim, o grupo operou mudanças na vida dos participantes e funcionou
como espaço para acolhimento deles. Além, de permitir saltos qualitativos, à medida
que os participantes se dispuseram para executar a tarefa e a partir desta execução de
tarefa alcançassem as ressignificações advindas do processo de desestruturação e
reestruturação de modo de pensar, repercutindo no estilo de vida.
O GO é uma estratégia alternativa para atendimento às PVHA, além da clínica
que também precisa ser acompanhada; o GO, contudo, pode funcionar como aliado dos
especialistas que atendem de modo individual, uma vez que no contexto grupal, as
PVHA revelaram angústias que repercutem no tratamento medicamentoso.
121

A limitação do estudo está relacionada ao preenchimento da escala de


desempenho grupal, pois apresenta difícil compreensão, se apresentando como
obstáculo para o autopreenchimento pelos integrantes do grupo conforme o nível de
instrução dos participantes. Igualmente houve uma dificuldade na identificação de
parâmetros para discussão dos dados em outros estudos, dada a lacuna de produção
científica acerca de avaliação e/ou análise de desempenho grupal.
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123

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta investigação realizada a partir de uma intervenção grupal, foi

possível visualizar que, dentre as estratégias para o autocuidado, as PVHA

participantes percebem diferentes fontes de informações, sendo a que mais se

destacou foi a experiência de quem vive com HIV/aids, tanto as próprias como

de outras PVHA. Dessa maneira, os resultados são indicativos para que os

serviços especializados para HIV/aids valorizem as situações de convivência

entre PVHA, para que possam intervir, quando necessário, assertivamente.

Esse acompanhamento por parte dos profissionais dos serviços de saúde se

direciona a integralidade do cuidado, sendo a medicalização também um dos

aspectos abordados.

Os conceitos de Bourdieu foram apropriados para iluminar a análise de

dados, uma vez que o movimento de se referenciar no outro, assim como ser

referência para o outro, no caso, daqueles que compartilham a mesma

condição de soropositivo, permitiu a compreensão do habitus de pessoas com

HIV/aids. Tal habitus se apresentou específico, pois na percepção das PVHA,

os que não têm o diagnóstico tornam-se fonte frágil de informações.

Por esses motivos que a tecnologia de grupo é um recurso propício para

estabelecer vínculo entre as PVHA, fortalecer o sentimento de perseverança

para superação dos obstáculos (efeitos colaterais, depressão, discriminação,

outros), além de prover confiança em si e na transformação de conceitos

prévios sobre viver com HIV/aids. Com a possibilidade de reproduzir a

experiência dos grupos em outras áreas, ou seja, o vínculo proporciona o


124

exercício da escuta ativa e, dessa forma, o acolhimento pautado na

solidariedade.

As PVHA participantes revelaram, dialeticamente, o anseio de adentrar no

campo da sociedade sem HIV/aids, para tanto, preservam a revelação do

diagnóstico. Dessa forma, acreditam que terão as aquisições materiais para

promover autocuidado e se desviam da primeira e principal doença oportunista:

discriminação.

Ainda durante os encontros de GO, as PVHA ressaltaram os anseios por

conquistar espaços (vínculo empregatício, constituir família, ter uma casa), e

que pelo fato de terem o HIV/aids, a dinâmica é diferenciada, veem seus

direitos negados, às vezes, por restrições físicas de atividades.

A pesquisa sobre grupo, em grupo, apresentou benefício imediato para as

PVHA. O conviver com HIV, a partir da atividade grupal, despertou atitude

emancipadora. Os integrantes do grupo, em alguns momentos, assumiram o

papel de “coordenadores”, ou seja, realizaram a síntese das falas e, até

mesmo, interpretações. Esse movimento foi interessante de ser observado,

principalmente, quando uma das integrantes que se declarava tímida e calada

teve esse comportamento.

Desse modo, a aprendizagem no grupo operativo foi observada tanto na

mudança de pensamentos com relação ao autocuidado, quanto de

comportamento e posicionamento frente às situações no grupo. Mesmo em

grupo de média duração, como o desta investigação, percebemos a mudança

na visão de mundo dos integrantes em algum aspecto: comportamento, opinião

ou manejo de viver com HIV/aids. A comunicação não verbal demonstrou o

engajamento das PVHA na intervenção grupal, de modo geral, refletindo da


125

operatividade do grupo. A estratégia grupal repercutiu favoravelmente no estilo

de vida das pessoas portadoras de HIV, uma vez que o grupo, no geral,

possibilita resolução de problemas e espaço para convivência social. Portanto,

esses foram o impacto imediato para os participantes do grupo.

Conforme discutido nos capítulos 1 e 2, bem como no artigo 1, a

produção científica brasileira sobre grupos de PVHA é limitada, tendo em vista

que o atendimento à saúde da PVHA em encontros grupais seja uma

recomendação do MS, assim como o potencial do GO para o atendimento das

PVHA, esse resultado mostra uma importante lacuna. Já no âmbito

internacional, identificamos estudos com intervenções grupais abordaram

questões específicas de viver com HIV/aids, como a depressão, adesão aos

ARV, assim como familiares das PVHA.

A cada experiência de coordenação de grupos para PVHA como prática

da enfermagem me fortalecem fundamentos da profissão, amparados na

comunicação e observação, além de visualizar a concretude do impacto da

atividade grupal para os participantes (membros do grupo/ coordenador/

observador). O exercício de avaliação de cada encontro permitiu identificarmos

mudanças de comportamento, envolvimento dos integrantes, repercussões no

cuidado consigo e com o outro, autovalorização a partir do aprendizado com a

vivência de outros membros do grupo. Particularmente, a mobilização dos

integrantes do grupo em mostrar para si mesmo seus sonhos, suas

necessidades (de carinho, de atenção, de escuta), de se descobrir por meio do

outro e de se revelar (inesperadamente), autodescoberta em pleno espaço

grupal. Esses acontecimentos promoveram na coordenadora, sensações

sublimes de respeito aos acontecimentos, de fortaleza ao “saber conviver”,


126

assim como estímulo para o desenvolvimento da prática grupal, na saúde e na

enfermagem, e servir como indicador de atendimento integral a PVHA.

Com isso, a tecnologia de grupo é uma ferramenta também indicada para

o processo de ensino-aprendizagem, para que as pessoas ainda na formação

acadêmica possam se sensibilizar frente à dilemática vida das pessoas com

HIV/aids, por meio da aproximação entre eles. A aula teórica sobre HIV/aids ou

mesmo o atendimento a essa população no momento da hospitalização não

traduzem a complexidade da PVHA, sendo um cuidado pontual no momento de

crise (por exemplo, doença oportunista).

Pelo fato de ser uma abordagem qualitativa, os resultados não podem ser

generalizáveis, porém apresentam indicadores das experiências de pessoas

com HIV/aids que podem ser utilizados para a (re)formulação das formas de

atendimento. Essa perspectiva é necessária para nos aproximar de

direcionamentos da vida dessas pessoas, que somente por meio de diálogos,

expressão de sentimentos e das vivências, é possível captar.

Em virtude dessas peculiaridades, com a necessidade de estimular que o

indivíduo exteriorize a forma como conduz a sua vida, o pesquisador se

defronta com potenciais dificultadores. Nessa investigação, tanto pela

população selecionada (PVHA) quanto pela técnica de coleta de dados

(grupal), houve resistência de alguns possíveis participantes, que por vivências

anteriores negativas, como pelo preconceito ainda sobre a infecção/doença e o

foco na medicalização, não se oportunizaram compartilhar com outras pessoas

de mesma condição. A participação desses não implicaria em ter os mesmos

benefícios dos que participaram, mas demonstrou o reforço de questões

culturais, como o atendimento individual e o foco na doença.


127

Um dos aspectos enriquecedores deste estudo foi o fato de incluir

pessoas com diferentes opções sexuais. Conforme a demanda das PVHA, o

profissional pode avaliar a possibilidade de grupos homogêneos. Assim,

sugerimos a realização dessas investigações, para levantar a existência de

perspectivas específicas.
128

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146

ANEXOS

ANEXO A
147

ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética


148

ANEXO C - Normas de publicação Acta Paulista de Enfermagem

CHECKLIST

 O título e o resumo estão nas três línguas? (Português/Inglês/Espanhol)


 Se o artigo for Original, o Resumo está estruturado? (objetivos, métodos, resultados e
conclusão).
 O resumo contém no máximo 150 palavras? É estruturado no caso de artigos
originais?
 Os nomes dos Autores estão numerados, e na titulação é apresentada somente a
titulação universitária máxima de cada autor e as Instituições as quais eles pertencem?
 Se o artigo for Original (pesquisa) foi informado o local onde foi realizado o trabalho?
 Foi colocado no artigo o nome do Autor responsável e seus dados (correspondência e
e-mail) para contato?
 Está incluso na submissão (anexar em documento suplementar) as cartas de
Aprovação do Comitê de Ética, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a Declaração de
Exclusividade? Caso esta norma não seja atendida o artigo será sumariamente devolvido. As
normas estão disponíveis.
 O artigo encontra-se de acordo com as normas de publicação, em relação ao número
de laudas correspondentes?

Artigos Originais: trabalhos de pesquisa com resultados inéditos e que agreguem valores
à Ciência Enfermagem, com no máximo 14 laudas. Sua estrutura é a convencional, isto
é, contendo introdução, métodos, resultados, discussão e conclusão/considerações
finais em itens separados, sendo que será aceito subtítulos acrescidos a esta estrutura.
Artigos de Revisão: destinados a englobar os conhecimentos disponíveis sobre
determinado tema, baseados em uma bibliografia pertinente, crítica e sistemática,
acrescido de análise e conclusão, com no máximo 12 laudas.
 No texto de artigos originais, O ITEM RESULTADOS ESTÁ SEPARADO DA
DISCUSSÃO?
 As Tabelas, Gráficos e Figuras estão em arquivos originais? (não deve exceder a 5)
 A imagem (Tabelas, Gráficos e Figuras) está salva na resolução de 300dpi em CMYK?
 No artigo há no máximo as 35 referências permitidas nas normas?
 O artigo está em formato de papel A4, com espaço entre linhas 1,5 (em todo o artigo,
nos resumos e referências), fonte Arial 12 e com as 4 margens 2,5cm?
 Há no máximo 5 descritores nos resumos?
 Devem acompanhar o resumo, abstract e resumen e correspondem às palavras e
expressões que identificam o conteúdo do artigo. Apresentar no máximo 5 descritores em
português, inglês e espanhol. Usar para definição dos descritores: Descritores em Ciências da
Saúde - DECS. (lista de descritores utilizada na Base de Dados LILACS da Bireme) disponível
no endereço http://decs.bvs.br/ e o Nursing Thesaurus do Internacional Nursing Index poderá
ser consultado como lista suplementar, quando for necessário.
 O texto do subtítulo conclusão/considerações finais não contém citações?
 As citações no texto estão numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem
em que forem mencionas pela 1ª vez no texto?
 As citações estão em números arábicos, entre parênteses, sobrescrito e sem menção
do nome dos autores?
 Nas referências bibliográficas, aquelas que se referem a artigos publicados em
periódicos latino-americanos e que possuem versão em inglês, estão em inglês? (caso estejam
na língua portuguesa ou em espanhol, os autores deverão alterar para a língua inglesa).
 O artigo está conforme a norma de publicação? Caso estas normas não sejam
atendidas o artigo será sumariamente devolvido.
Apresentação dos Artigos Originais
Os originais devem ser redigidos na ortografia oficial e digitados em folhas de papel tamanho
A4, com espaço 1,5, fonte Arial 12 e com as 4 margens de 2,5 cm. No preparo do original,
deverá ser observada, a seguinte estrutura:
 Cabeçalho: Título do artigo e subtítulo, se houver, com no máximo 12 palavras, em
português, inglês e espanhol.
149

 Nome do (s) autor (es): Nome(s) e sobrenome(s) do(s) autor(es) pelo qual é
conhecido na literatura. Nomes completos dos autores com indicação em nota de rodapé do
título universitário máximo e a instituição a que pertencem. Destacar nome do autor
responsável pela troca de correspondência, E-mail, fone e fax. O endereço eletrônico será
publicado.
Local de realização do trabalho: todos os trabalhos de pesquisa deverão destacar o local onde
foi realizada pesquisa e ou a instituição à qual deve ser atribuído o trabalho.
Título - o título do artigo deverá ser colocado antes do resumo, abstract e resumen,
respectivamente.
 Resumo: com no máximo 150 palavras. Incluir os resumos em português, inglês e
espanhol, e devem preceder o texto. Para os artigos originais o resumo deve ser estruturado
(Objetivos, Métodos, Resultados e Conclusão); para as demais categorias de artigos não é
necessário estruturar.
 Descritores: Devem acompanhar o resumo, abstract e resumen e correspondem às
palavras e expressões que identificam o conteúdo do artigo. Apresentar no máximo 5
descritores em português, inglês e espanhol. Usar para definição dos descritores: Descritores
em Ciências da Saúde - DECS. (lista de descritores utilizada na Base de Dados LILACS da
Bireme) disponível no endereço http://decs.bvs.br/ e o Nursing Thesaurus do Internacional
Nursing Index poderá ser consultado como lista suplementar, quando for necessário.
 Texto: Deverá obedecer a estrutura exigida para cada categoria de trabalho, no caso
de artigos originais (pesquisa) os resultados deverão estar separados da discussão. O item
conclusão/considerações finais não deve conter citações. As citações no texto devem ser
numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem em que forem mencionadas pela
primeira vez no texto. Identificar as citações por números arábicos, entre parênteses e
sobrescrito, sem menção do nome dos autores. Se forem sequenciais, devem ser separadas
por hífen; se forem aleatórias, devem ser separadas por vírgula. No texto deve estar inserido
as figuras, gráficos, tabelas. Todas as figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) e tabelas (no
máximo 5) deverão ser em preto e branco. Os autores podem enviar também as tabelas,
gráficos e figuras em doc suplementar se o desejarem.
 Referências: As referências dos documentos impressos e/ou eletrônicos deverão
seguir o Estilo Vancouver, elaborado pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas
Médicas, atualizadas em 2008, disponível no endereço eletrônico www.icmje.org. O
alinhamento das referências deverá ser feito pela margem esquerda. Os títulos de periódicos
devem ser abreviados de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus e International
Nursing Index.
 - Livros, capítulos, monografias, dissertações e teses deverão ser substituídos por
artigos publicados, quando possível.
 Sugerimos que pelo menos 60% das referências citadas seja dos últimos cinco anos.
 Todas as referências devem ser apresentadas sem negrito, itálico ou grifo- Para os
artigos com o texto completo em português ou outra língua, que não o inglês, as
referências deverão ter o título em inglês, entre colchetes, com a indicação da língua do
texto no final da referência, conforme exemplos abaixo.
Tabelas: As tabelas deverão ser inseridas no texto, numeradas consecutivamente com
algarismos arábicos e encabeçadas por seu título, recomendando-se a não repetição dos
mesmos dados em gráficos. Na montagem das tabelas, seguir as "Normas de apresentação
tabular", estabelecidos pelo Conselho Nacional de Estatística e publicados pelo IBGE (l993). O
limite é de cinco tabelas.
Ilustrações: As ilustrações (fotografias, desenhos, gráficos etc.) deverão ser numeradas,
consecutivamente com algarismos arábicos e citadas como figuras. Formato das ilustrações
em tif, gif ou jpg. O título das figuras deve ser colocado na parte inferior. Devem ser
suficientemente claras para permitir a reprodução. Os gráficos deverão vir preparados em
programa processador de gráficos.
Legendas: Imprimir as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas
figuras e tabelas. Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo a
cada figura e tabela e na ordem que foram citados no trabalho.
Abreviaturas e Siglas: Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela
primeira vez no texto. Nas legendas das tabelas e figuras devem ser acompanhadas de seu
nome por extenso. As abreviaturas e siglas não devem ser usadas no título dos artigos e nem
no resumo.
150

ANEXO D - Normas de publicação Cogitare Enfermagem

Atualizado em março de 2012


NORMAS EDITORIAIS
As normas da Cogitare Enfermagem estão baseadas no documento "Requisitos Uniformes
para Originais Submetidos a Revistas Biomédicas" do Comitê Internacional de Editores de
Revistas Médicas (www.icmje.org)
O manuscrito deve destinar-se, exclusivamente, à Cogitare Enfermagem, não devendo ser
submetido a outro periódico, à exceção de resumos ou relatórios publicados em reuniões
científicas.
Os autores são responsáveis por declarar conflitos de interesse, apoio financeiro, técnico,
institucional ou pessoal, relacionados ao estudo e por agradecimentos.
Os conceitos, opiniões e conclusões emitidos nos artigos, bem como a exatidão e procedência
das citações e referências, são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo,
obrigatoriamente, a opinião do Conselho de Editoração.
A publicação do manuscrito dependerá do cumprimento das normas da revista e da apreciação
pelo Conselho de Editoração, que dispõe de plena autoridade para decidir sobre sua aceitação,
podendo, inclusive, apresentar sugestões aos autores para alterações que julgar necessárias.
Em acordo com a Licença Criative Commons CC BY-NC-AS 2.5
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/) - Atribuição não comercial, a qual a
Cogitare Enfermagem adota, é permitido acessar, fazer download, copiar, imprimir,
compartilhar, reutilizar e distribuir artigos publicados, desde que citados os autores e a fonte.
Deste modo, os autores mantêm a propriedade dos direitos autorais de seu artigo, quando
publicado na Cogitare Enfermagem, não sendo necessária permissão ou autorização por parte
da revista.
Artigos de pesquisas clínicas devem informar o número de identificação em um dos registros
de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da
Saúde e pelo International Committee of Medical Journal Editors (http://www.icmje.org).
CATEGORIA DE ARTIGOS
Artigos originais - Limite máximo de 15 páginas
Estudo relativo à pesquisa científica inédita e concluída. Inclui: Introdução e Objetivos; Método;
Resultados; Discussão; Conclusão ou Considerações Finais.
Relato de experiência/caso - Limite máximo de 8 páginas
Relato de experiência, acadêmica ou profissional, relevante para a área da saúde.
4- NORMAS PARA SUBMISSÃO DO MANUSCRITO
A Cogitare Enfermagem não cobra taxas para a submissão de manuscritos. Em caso de Aceite
para publicação, o autor correspondente receberá carta contendo as informações adicionais
necessárias para sua publicação.
O manuscrito pode ser submetido ao Sistema Eletrônico de Revistas - SER no site
www.ser.ufpr.br/cogitare uma única vez; ou enviado para o e-mail cogitare@ufpr.br
Deve conter, obrigatoriamente, os seguintes documentos:
FORMATAÇÃO
- Digitado em formato ".doc".
- Tamanho A4, com 2,5 cm nas quatro margens.
- Redigido em ortografia oficial, fonte Times New Roman, tamanho 12. Para citação direta com
mais de 3 linhas usar fonte 10.
- Espaço duplo entre linhas no texto, inclusive no resumo.
- Espaço simples para título, nomes dos autores, citação direta com mais de três linhas e
depoimento.
- As referências devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que aparecem no texto
pela primeira vez.
- Palavras ou expressões em idioma diferente do qual o manuscrito foi redigido deverão estar
em itálico.
SEQUÊNCIA DO TEXTO E CONTEÚDO
PRIMEIRA PÁGINA (PÁGINA DE IDENTIFICAÇÃO)
Esta página é considerada para fins de contagem do número total de páginas do manuscrito e
deve conter as seguintes informações na sequência a seguir apresentada:
TÍTULO
151

- Deve ser conciso e refletir a ideia principal do manuscrito, com no máximo 16 palavras e
excluindo a localização geográfica da pesquisa.
- Digitado em caixa alta, negrito, espaço simples, centralizado.
- Em caso do manuscrito ter origem em tese, dissertação, monografia ou disciplina de
programa de pós-graduação, deverá conter asterisco (*) ao final do título e a respectiva
informação em nota de rodapé na primeira página.
AUTORIA
- Limitado a seis autores.
- Nomes completos e a primeira letra de cada nome em caixa alta; nomes dos autores
separados por vírgula; espaço simples entre linhas.
- Nomes apresentados imediatamente abaixo do título, alinhados à direita e numerados com
algarismos arábicos sequenciais e sobrescritos.
- Em nota de rodapé, na primeira página, devem constar as informações correspondentes a
cada autor: formação e maior titulação acadêmica, cargo ocupado, nome da instituição à qual
está vinculado, endereço completo, telefone e e-mail. É importante informar se pertence a
grupo de pesquisa e programa de pós-graduação.
CATEGORIA DO ARTIGO
- Informar a categoria do manuscrito (Item 3 das instruções para autores).
INTRODUÇÃO
- Deve conter justificativa, fundamentação teórica e objetivos. A justificativa deve definir
claramente o problema, destacando sua importância, lacunas do conhecimento, e o referencial
teórico utilizado quando aplicável.
MÉTODO
- Deve conter o método empregado, período e local em que foi desenvolvida a pesquisa,
população/amostra, critérios de inclusão e de exclusão, fontes e instrumentos de coleta de
dados, método de análise de dados.
- Para pesquisa que envolva seres humanos os autores deverão explicitar a observação de
princípios éticos, em acordo com a legislação do país de origem do manuscrito, e informar o
número do protocolo de aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa de acordo com a
legislação vigente.
RESULTADOS
- Informações limitadas aos resultados da pesquisa. O texto deve somente complementar
informações contidas em ilustrações apresentadas, não repetindo os dados.
DISCUSSÃO
- Apresentação de aspectos relevantes e interpretação dos dados obtidos. Relação e discussão
com resultados de pesquisas, implicações e limitações do estudo. Não devem ser
reapresentados dados que constem nos resultados.
CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Fundamentadas nos objetivos, resultados e discussão, evitando afirmações não relacionadas
ao estudo e/ou novas interpretações. Incluir as contribuições do estudo realizado.
REFERÊNCIAS
- Limite máximo de 30 referências. Sugere-se incluir as estritamente pertinentes à problemática
abordada, evitando incluir número excessivo de referências em uma mesma citação.
Exclusivamente para Artigo de Revisão não há limite quanto ao número de referências.
- As referências devem ser atuais e pertinentes à temática abordada; deve ser evitado incluir
número excessivo de referências em uma mesma citação.
- Recomenda-se citação de publicações da Cogitare Enfermagem, preferencialmente na versão
eletrônica.
As referências devem ser numeradas consecutivamente na ordem em que aparecerem no
texto pela primeira vez, e apresentadas de acordo com o estilo Vancouver.
152

ANEXO E - Normas de publicação Revista da Escola de Enfermagem da USP

Categorias de manuscritos aceitos pela Revista


 Artigo original: trabalho de pesquisa com resultados inéditos e que agreguem valores
à ciência Enfermagem. Limitado a 15 páginas. Sua estrutura deve conter:
- Introdução: deve ser breve, definir o problema estudado, destacando a sua importância e as
lacunas do conhecimento.
- Método: os métodos empregados, a população estudada, a fonte de dados e os critérios de
seleção devem ser descritos de forma objetiva e completa. Inserir o número do protocolo de
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e informar que a pesquisa foi conduzida de
acordo com os padrões éticos exigidos.
- Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, descrevendo somente os
dados encontrados sem interpretações ou comentários, podendo para maior facilidade de
compreensão ser acompanhados por tabelas, quadros e figuras. O texto deve complementar e
não repetir o que está descrito nas ilustrações.
- Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando
os novos e importantes aspectos observados no estudo e discutindo as concordâncias e
divergências com outras pesquisas já publicadas.
- Conclusão: deve corresponder aos objetivos ou hipóteses do estudo, fundamentada nos
resultados e discussão, coerente com o título, proposição e método.
 Estudo teórico: análise de construtos teóricos, levando ao questionamento de
modelos existentes e à elaboração de hipóteses para futuras pesquisas. Limitado a 15
páginas.

Descrição dos procedimentos


Cada artigo submetido à Revista é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas
estabelecidas nas Instruções aos Autores, sendo sumariamente devolvido em caso de não
atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois relatores, que o analisam
com base no Instrumento de Análise e Parecer elaborado especificamente para tal finalidade,
bem como, opinam sobre o rigor metodológico da abordagem utilizada. Havendo discordância
nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido
durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo
Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos
seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do
Conselho Editorial. Relações que podem estabelecer conflito de interesse, ou mesmo nos
casos em que não ocorra, devem ser esclarecidas.
Forma e preparação de manuscritos
Os textos devem ser digitados na nova ortografia oficial em folhas de papel tamanho A4, com
espaço entrelinhas de 1,5cm, fonte Times New Roman, tamanho 12, e as margens inferior,
laterais e superior de 2,5 cm.
Página de identificação: deve conter o título do artigo (máximo de 16 palavras) em português,
inglês e espanhol, sem abreviaturas e siglas; nome(s) do(s) autor(es), indicando no rodapé da
página a função que exerce(m), a instituição a qual pertence(m), títulos e formação profissional,
endereço (cidade, estado e país) para troca de correspondência, incluindo E-mail, de
preferência institucional, e telefone. Se o artigo for baseado em tese ou dissertação, indicar o
título, o nome da instituição e o ano de defesa.
 Citações- deve ser utilizado o sistema numérico na identificação dos autores
mencionados, de acordo com a ordem em que forem citados no texto. Os números que
identificam os autores devem ser indicados sobrescritos e entre parênteses. Se forem
(1-4)
seqüenciais, deverão ser indicados o primeiro e o último, separados por hífen, ex.: ; quando
(2,6,8)
intercalados, os números deverão ser separados por vírgula, ex.: .
 Notas de rodapé- deverão ser indicados por asterisco, iniciadas a cada página e
restritas ao mínimo indispensável.
 Depoimentos- frases ou parágrafos ditos pelos sujeitos da pesquisa devem seguir a
mesma regra de citações, quanto a aspas e recuo (4 cm além das margens), porém em itálico,
e com sua identificação codificada a critério do autor, entre parênteses.
 Ilustrações- as tabelas, quadros e figuras devem ter um título breve, serem
numeradas consecutivamente com algarismos arábicos na ordem em que forem inseridas no
153

texto, sendo limitadas a 5 no conjunto. Exceto tabelas e quadros, todas as ilustrações devem
ser designadas como figuras. As tabelas devem incluir apenas os dados imprescindíveis,
evitando-se tabelas muito longas, não utilizar traços internos horizontais ou verticais. As notas
explicativas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no cabeçalho ou título. Quando
a tabela ou figura forem extraídas de outro trabalho, a fonte original deve ser mencionada.
 Figuras (fotos, desenhos, gráficos etc.) - serão publicadas exclusivamente em P&B,
sem identificação dos sujeitos, a menos que acompanhadas de permissão por escrito de
divulgação para fins científicos. As figuras não devem repetir dados já descritos em tabelas.
 Apêndices e anexos- devem ser evitados.
 Agradecimentos- contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao
trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras,
mas que não preencham os requisitos para participar de autoria, devem constar dos
"Agradecimentos", no final do trabalho, desde que haja permissão expressa dos nomeados.
Também poderão ser mencionadas, as instituições que deram apoio, assistência técnica e
outros auxílios.
 Errata: após a publicação do artigo, se os autores identificarem a necessidade de
errata, deverão enviá-la imediatamente à Secretaria da Revista, por E-mail.
Resumo: deve ser apresentado em português (resumo), inglês (abstract) e espanhol
(resumen), com até 150 palavras (máximo de 900 caracteres), explicitando o objetivo da
pesquisa, método, resultados e conclusões.
Descritores: devem ser indicados de três a seis descritores que permitam identificar o assunto
do trabalho, acompanhando o idioma dos resumos: português (Descritores), inglês
(Descriptors) e espanhol (Descriptores), extraídos do vocabulário DeCS (Descritores em
Ciências da Saúde), elaborado pela BIREME e/ou (MeSH) Medical Subject Headings,
elaborado pela NLM (National Library of Medicine).
Referências:As referências dos documentos impressos e eletrônicos devem ser normalizadas
de acordo com o Estilo "Vancouver", elaborado pelo International Committee of Medical Journal
Editors (ICMJE), atualizado em 2009, disponível no endereço eletrônico (http://www.icmje.org)
e os títulos dos periódicos abreviados de acordo com a List of Journals Indexed for MEDLINE
(http://www.nlm.gov/tsd/serials/lji.html). Recomenda-se que o número de referências não
ultrapasse a 22. Sugere-se incluir aquelas estritamente pertinentes à problemática abordada e
evitar a inclusão de número excessivo de referências numa mesma citação. A lista apresentada
no final do trabalho deve ser numerada de forma consecutiva e os autores mencionados de
acordo com a sequência em que foram citados no texto.
A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores.
Os artigos publicados na Revista da Escola de Enfermagem da USP devem ser citados
preferencialmente no idioma inglês, na versão online, a partir de 2009.
154

ANEXO F - Normas de publicação Revista Gaúcha de Enfermagem

A Revista publica artigos nas seguintes seções:


Editorial: de responsabilidade do Conselho Diretor da Revista, que poderá convidar
autoridades para redigi-lo;
Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa
original inédita. Deve obedecer a seguinte estrutura: Introdução deve apresentar a questão
norteadora, justificativa, revisão da literatura (pertinente e relevante) e objetivos coerentes com
a proposta do estudo. Os métodos empregados, a população estudada, a fonte de dados e os
critérios de seleção devem ser descritos de forma objetiva e completa. Os resultados devem
ser descritos em sequência lógica. Quando apresentar tabelas e ilustrações, o texto deve
complementar e não repetir o que está descrito nestas. A discussão, que pode ser redigida
junto com os resultados, deve conter comparação dos resultados com a literatura e a
interpretação dos autores. As conclusões ou considerações finais devem destacar os achados
mais importantes comentar as limitações e implicações para novas pesquisas. Devem
obedecer ao limite de 4.500 palavras no total do artigo (títulos, resumos, descritores, corpo do
artigo, ilustrações e 20 referências no máximo);
Artigos de revisão sistemática e revisão integrativa da literatura: compreende avaliação
da literatura sobre determinado assunto. Deve incluir uma seção que descreva os métodos
utilizados para localizar, selecionar, extrair e sintetizar os dados e conclusões. Devem
obedecer ao limite de 5.000 palavras no total do artigo (títulos, resumos, descritores, corpo do
artigo, ilustrações e não possui limite de referências);
Artigos de reflexão: formulações discursivas de efeito teorizante com fundamentação
sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou
potencialmente investigativo. Devem obedecer ao limite de 2.500 palavras no total do artigo
(títulos, resumos, descritores, corpo do artigo, ilustrações e 15 referências no máximo);
Relatos de experiência: descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de
extensão. Devem obedecer ao limite de 2.000 palavras no total do artigo (títulos, resumos,
descritores, corpo do artigo, ilustrações e 15 referências no máximo);
Comunicações breves: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa
contendo dados inéditos e relevantes para a enfermagem. A apresentação pode acompanhar
as mesmas normas exigidas para artigos originais. Devem obedecer ao limite de 1.500
palavras no total do artigo (títulos, resumos, descritores, corpo do artigo, ilustrações e 10
referências no máximo);
Resenhas: análise crítica de obras recentemente publicadas (últimos 12 meses). Não
devem exceder a 500 palavras no total da análise;
Cartas ao editor: poderão ser enviadas contendo comentários e reflexões a respeito de
material publicado. Serão publicadas a critério da Comissão Editorial. Não devem exceder a
300 palavras no total.
APRESENTAÇÃO DOS ORIGINAIS
Os trabalhos devem ser redigidos de acordo com o Estilo Vancouver, norma elaborada
pelo ICMJE (http://www.icmje.org).
Devem ser encaminhados em Word for Windows, fonte Times New Roman 12,
espaçamento duplo (inclusive os resumos), com todas as páginas numeradas, configurados em
papel A4 e com as quatro margens de 2,5 cm.
Os títulos das seções textuais devem ser destacados gradativamente, sem numeração.
O título do artigo e resumo em maiúsculas e negrito (Ex.: TÍTULO; RESUMO); resumen e
abstract em maiúsculas, negrito e itálico (Ex.: RESUMEN; ABSTRACT) ; seção primária em
maiúsculas e negrito (Ex.: INTRODUÇÃO); e seção secundária em minúsculas e negrito (Ex.:
Histórico). Evitar o uso de marcadores ao longo do texto (Ex.: -, *, etc.] e alíneas [a), b), c)...).
Os manuscritos devem conter:
Título (inédito) que identifique o conteúdo, em até 15 palavras;
Resumo em até 150 palavras, elaborado em parágrafo único, acompanhado de sua
versão para o Espanhol (Resumen) em até 150 palavras e para o Inglês (Abstract) em até 150
palavras. Devem ser apresentados começando pelo mesmo idioma do trabalho. Os artigos
originais devem apresentar um resumo contendo: objetivos, método, resultados, discussão e
conclusões. Os demais artigos devem apresentar nos seus resumos: introdução, objetivos,
resultados e considerações finais. Os resumos devem ser elaborados em parágrafo único, sem
subtítulos.
155

Descritores: de 3 a 6 que permitam identificar o assunto do trabalho, em Português


(Descritores), Espanhol (Descriptores), e Inglês (Descriptors), conforme os “Descritores em
Ciências da Saúde” (http://decs.bvs.br), que apresenta os descritores nos três idiomas,
podendo a Revista modificá-los se necessário;
Título em outros idiomas: apresentá-lo nas versões que completem os três idiomas que
a Revista adota: Português (Título), Espanhol (Título), e Inglês (Title). As versões do título
devem ser apresentadas logo após os descritores do seu respectivo idioma;
Citações: utilizar sistema numérico para identificar as obras citadas. Representá-las no
texto com os números correspondentes entre parênteses e sobrescritos, sem deixar espaço
entre a palavra e o número da citação. Não mencionar o nome dos autores, excluindo
espressões como: “Segundo..., De acordo com...”. Quando se tratar de citação seqencial,
separar os números por hífen, quando intercaladas devem ser separadas por vírgula. Em caso
de transcrição de palavras, frases ou parágrafo com palavras do autor (citação direta), devem
ser utilizadas aspas na sequência do texto. Recomenda-se a utilização criteriosa deste recurso.
Exemplos:
Pesquisas apontam que...(1-4).
Alguns autores acreditam que...(1,4,5).
“[...] e nos anos seguintes o mesmo se repetiu”(7).
Referências: devem ser atualizadas (últimos 5 anos) e preferencialmente de periódicos.
Devem ser digitadas em espaço simples e separadas por um espaço simples. Utiliza-se neste
item “Referências” e não “Referências bibliográficas”. Utilizando lista numerada no final do
trabalho, deve ser composta por todas as obras citadas no texto, na ordem de ocorrência,
conforme a norma de Vancouver, não gerando mais de um número para a mesma obra. Indicar
prenomes dos autores abreviados. Os títulos dos periódicos devem ser abreviados de acordo
com o estilo usado no Index Medicus (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/journals).
Os trabalhos poderão ainda conter:
Depoimentos: são frases ou parágrafos ditos pelos sujeitos da pesquisa. Não utilizar
aspas e seguir a seguinte estrutura: recuo do parágrafo (1,25 cm), fonte tamanho 11, em
itálico, espaçamento simples, com sua identificação entre parênteses codificada a critério do
autor, e separadas entre si por um espaço simples. Supressões devem ser indicadas pelo uso
das reticências entre colchetes “[...]” e as intervenções dos autores ao que foi dito pelos
participantes do estudo devem ser apresentadas entre colchetes.
Ilustrações: poderão ser incluídas até cinco (gráficos, quadros e tabelas), em preto e
branco, conforme as especificações a seguir:
Símbolos, abreviaturas e siglas: devem ser explicitados na primeira vez em que forem
mencionados. Usar somente abreviaturas padronizadas. A não ser no caso das unidades de
medida padrão, todos os termos abreviados devem ser escritos por extenso, seguidos de sua
abreviatura entre parênteses, no resumo e na primeira vez que aparecem no texto, mesmo que
já tenha sido informado no resumo;
Utilizar negrito para destaque e itálico para palavras estrangeiras.
Deve ser evitada a apresentação de apêndices (elaborados pelos autores) e anexos
(apenas incluídos, sem intervenção dos autores).
156

APÊNDICES

APÊNDICE A - Descrição dos encontros grupais

1º Encontro

Abertura: apresentação dos integrantes do grupo, contrato terapêutico.

Desenvolvimento: Constituição de agenda dos encontros. Os

participantes elencaram os temas relacionados a viver pós-diagnóstico

HIV/aids (Registro em Cartolina para acompanhamento da agenda).

Encerramento: Devido à presença de uma pessoa que durante sua

apresentação relatou que estava em tratamento de tuberculose, outro

integrante sugeriu que o tema do próximo encontro fosse “doenças

oportunistas”. Solicitação aos integrantes do grupo que refletissem e

compartilhassem “uma palavra” sobre o significado do encontro. Interação

entre os membros durante lanche.

2º Encontro

Abertura: Assim como proposto no primeiro, iniciamos lembrando a

sugestão do tema “doenças oportunistas”.

Desenvolvimento: Quais as experiências com doenças oportunistas?

Um dos membros com a tentativa de recordar suas experiências com doenças

oportunistas, emite que a pessoa com HIV/aids que se relaciona sexualmente

com outra sem HIV/aids é promíscua. Essa observação desperta os demais

membros para discutir sobre promiscuidade, e principalmente, que essa

classificação é preconceituosa. Convergem na seguinte ideia: o preconceito é a

primeira e maior doença oportunista.


157

Encerramento: Como estou saindo dessa atividade grupal? Das

respostas emergiu a importância da tomada de decisão.

3º Encontro

Abertura: O que nos move para tomada de decisão para o autocuidado

com a alimentação?

Desenvolvimento: Persiste o tema do preconceito devido à má

informação, ressalta-se a fragilidade de ser portador de HIV/aids.

Encerramento: Como estou saindo deste grupo?

4º Encontro

Abertura: Os integrantes falam espontaneamente como se sentem,

mesmo sem a configuração do setting grupal. Proposta foi conversar sobre: O

que fiz sozinho na vida?

Desenvolvimento: discussão sobre gravidez e HIV

Encerramento: síntese ressaltando as experiências e a contribuição de

um para outro entre os membros do grupo.

5º Encontro

Abertura: Conversar sobre dificuldades e facilidades para adesão aos

antirretrovirais (ARV).

Desenvolvimento: Os participantes relatam dificuldades de curto prazo,

sendo a discussão principal em torno da cura da aids, as interações dos ARV

com álcool e outras drogas, e interpretação dos exames indicadores de adesão

medicamentosa (CD4 e carga viral).

Encerramento: Responder a: “O que não sabia e fiquei sabendo neste

encontro?”.
158

6º Encontro

Abertura: Proposta de atividade para conhecimento entre os membros

de grupo: “Eu sei que você é..., mas não sei se...”

Desenvolvimento: A partir da atividade inicial, os membros do grupo

desenvolvem discussão sobre autonomia da PVHA, inclusive sobre

sexualidade.

Encerramento: Reflexões sobre aprendizado e posicionamento perante

a vida.

7º Encontro

Abertura: Escolher três tarjetas (filipetas) que reflitam sentimentos do

momento da vida de cada um.

Desenvolvimento: Resgate da biografia relacionado a “ser

problemático”, incluindo as experiências com drogas i(lícitas), sentimentos

revestidos de busca de apoio na família e em divindade, como tentativa de

superação de situações constrangedoras.

Encerramento: Síntese dos sentimentos e a importância da revisitação

a cada um dos mesmos.

8º Encontro

Abertura: Sugestão de escolher uma imagem de revista que reflita

“como estou chegando?”.

Desenvolvimento: Como fazer para revelar o diagnóstico de HIV/aids a

uma criança?

Encerramento: Sintetizar uma palavra com o significado desta sessão

grupal.
159

9º Encontro

Abertura: Responder as seguintes perguntas: O que gosto de fazer e

faço? O que gosto de fazer e não faço? O que não gosto de fazer e faço? O

que não gosto de fazer e não faço?

Desenvolvimento: Reflexão sobre direitos e deveres. Após síntese das

respostas, os participantes descrevem os conflitos interpessoais e nas

mudanças da vida. Um dos integrantes sintetiza o encontro com dito popular: “a

gente nasce nu e hoje tá vestido”.

Encerramento: Expressar uma palavra sobre como está saindo da

atividade de grupo.

10º Encontro

Abertura: Como você está chegando?

Desenvolvimento: Conversas sobre as respostas da pergunta: “o que

precisa melhorar em você?”

Encerramento: Citar uma palavra que reflita como se sente no momento.


160

Apêndice B - Tarefa explícita e tarefa implícita dos encontros grupais


Grupo(G) Tarefa explícita Tarefa implícita
PVHA

G1 Apresentação dos 8
participantes, elaboração de Falta de informação da família
contrato do funcionamento do sobre HIV.
grupo.

G2 A principal e primeira DO é o 3
Doenças Oportunistas (DO).
preconceito.

G3 HIV como monstro– má 5


Alimentação para PVHA.
informação.

G4 Desinformação no espaço 3
Gravidez - Mudanças na vida.
religioso acerca do HIV/aids.

G5 Experiência no uso dos ARV 7


Adesão aos ARV.
auxilia ao autoconhecimento.

G6 A vivência do HIV/aids para 3


Sexualidade.
definir posicionamentos.

G7 Considerar o outro mais 4


Drogas (i)lícitas.
problemático.

G8 A importância da informação 3
Revelação diagnóstica.
para PVHA.

G9 Ocultar o diagnóstico de 6
Direitos e deveres.
HIV/aids.

G10 Espaços somente para PVHA 5


Perspectivas.
para compartilhar informações.
161

Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma
pesquisa. Meu nome é Walterlânia e minha área de atuação é HIV/Aids. Após ler com
atenção este documento e ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso
de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas
vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de dúvida
sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável,
Ms. Walterlânia Silva Santos 9090-9961 0760, ou com o orientador desta pesquisa,
Prof. Dr. Marcelo Medeiros pelo telefone (62) 32096280. Em caso de dúvidas sobre os
seus direitos como participante nesta pesquisa, você poderá entrar em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Goiás, nos telefones: (62) 3269 8338 – (62) 3269 8426.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do projeto: DIMENSÕES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA PARA
PORTADORES DE HIV/AIDS DE UM CENTRO DE TESTAGEM E
ACONSELHAMENTO – GOIÁS.
Pesquisadora Responsável: Walterlânia Silva Santos (aluna do Curso de Pós-
graduação em Ciêncas da Saúde da Universidade Federal de Goiás).
Orientador: Prof.º Dr. Marcelo Medeiros (professor da Faculdade de
Enfermagem da UFG e Orientador do Desenvolvimento da Pesquisa).
Objetivo do Projeto: A pesquisa objetiva desenvolver e avaliar intervenções
grupais junto a pessoas portadoras de HIV/Aids, nos modelos de grupos abertos e
fechados.
A pesquisa consiste na participação de encontros em grupo, cada um com
duração de uma hora, em local privado. As conversas que acontecerão durante os
encontros serão gravadas em um equipamento digital, caso assim o permita. Caso
contrário,solicitarei permissão para anotar sobre nossa conversa. Caso não queira
participar da pesquisa, ou suspender sua participação, poderá fazê-lo a qualquer
momento sem nenhum prejuízo ao seu atendimento nesta instituição.
Por ocasião da redação da tese e/ou publicação dos resultados por meio de
artigos publicados em periódicos técnico-científicos da área de saúde, parte de falas
serão utilizadas para ilustrar a discussão dos resultados e não haverá identificação
dos participantes do estudo.
A participação na pesquisa não se reverterá em benefícios financeiros aos
participantes e oferece possíveis riscos de natureza psíquica aos participantes, caso
apresentem emoções fortes serão encaminhadas para atendimento no serviço de
psicologia, serão oferecidos vale-transporte para o acompanhamento psicológico.
Sua participação em muito contribuirá para a ampliação do conhecimento sobre
trabalho em grupo como alternativa de assistência para pessoas com HIV/Aids e com
isso colaborar para a melhoria da qualidade da assistência de Enfermagem, e dos
demais profissionais de saúde ao portador do HIV de um modo geral. Aos informantes
desta pesquisa ficam preservado o direito de interromper sua participação a qualquer
momento, sem nenhum prejuízo. As gravações serão repassadas para CDs e serão
guardadas, com a máxima segurança e conservadas para qualquer averiguação no
tempo de cinco anos, após esse tempo os CDs e material transcrito serão destruídas
de modo seguro. O informante tem garantido o sigilo de suas informações e em
hipótese alguma será identificado, assegurando-lhe o direito de pleitear indenização
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em caso de danos decorrentes da participação na pesquisa. Em qualquer etapa do


estudo, você terá acesso à profissional responsável pela pesquisa para
esclarecimento de eventuais dúvidas, a qual pode ser encontrada pelo telefone:
Walterlânia Silva Santos - 9090 – 9961 0760.
Atenciosamente,

_______________________________________
Walterlânia Silva Santos-Pesquisadora Responsável

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO DE


PESQUISA
Eu,_________________________________,RG:______________CPF____________,
abaixo assinado, concordo em participar do estudo DIMENSÕES DO PROCESSO
SAÚDE-DOENÇA PARA PORTADORES DE HIV/AIDS DE UM CENTRO DE
TESTAGEM E ACONSELHAMENTO – GOIÁS, sob a responsabilidade de Ms.
Walterlânia Silva Santos, como sujeito voluntário. Fui devidamente informado e
esclarecido pela pesquisadora Walterlânia Silva Santos sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios
decorrentes de minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou
interrupção de meu acompanhamento/ assistência/ tratamento, bem como a
segurança de que não serei identificado (a) e que será mantido o caráter confidencial
da informação relacionado com a minha privacidade.E me foi assegurado o direito de
pleitear indenização em caso de danos decorrentes da participação na pesquisa. Foi-
me garantido que posso esclarecer dúvidas a qualquer momento, mediante ligações a
cobrar para a pesquisadora responsável e que no caso de sentir-me lesada posso
procurar pelos meus direitos.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo, sabendo que poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento.
Local e data: ______________________________________________________
Nome do sujeito: __________________________________________________
Assinatura do sujeito: _______________________________________________
Assinatura Dactiloscópia:

______________________________________________
Walterlânia Silva Santos – Pesquisadora Responsável
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimento sobre a pesquisa
e aceite do sujeito em participar.
Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome: __________________________Assinatura:________________________
Nome: __________________________Assinatura:________________________
* Observações complementares:______________________________________
Resolução 196/96 MS/CNS/CONEP

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