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MEMBRANA POLIMÉRICA
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
DEM/POLI/UFRJ
Aprovado por:
________________________________________________
Profa. Carolina Palma Naveira-Cotta
________________________________________________
Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz
________________________________________________
Prof. Fernando Pereira Duda
________________________________________________
Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz
________________________________________________
D.Sc. José Roberto Brito de Souza
2
Sumário
1. Introdução ........................................................................................................................... 8
Contextualização ......................................................................................................... 8
Objetivos .....................................................................................................................10
Revisão Bibliográfica ..................................................................................................11
2. Processo de Dessalinização ..............................................................................................15
Módulo de Membrana .................................................................................................16
3. Metodologia .......................................................................................................................18
Procedimento Experimental ........................................................................................18
3.1.1. Coletor Solar ........................................................................................................20
3.1.2. Painel Fotovoltaico ..............................................................................................20
3.1.3. Trocador de Calor Tipo Banho .............................................................................21
3.1.4. Reservatórios de Águas Salobra e Destilada .......................................................22
3.1.5. Trocador de Calor Tipo Placas Paralelas .............................................................23
3.1.6. Tanque de Resfriamento .....................................................................................24
3.1.7. Computador e Sistema de Aquisição de Dados ...................................................24
3.1.8. Sensores .............................................................................................................25
3.1.9. Turbina para Medição de Vazão do Coletor Solar ................................................27
4. Testes ................................................................................................................................29
Testes com a Resistência Elétrica ..............................................................................29
4.1.1. A Influência da Vazão ..........................................................................................31
Testes com Coletor Solar............................................................................................32
5. Análise de Resultados .......................................................................................................33
Fluxo de Água Destilada .............................................................................................33
Eficiência Térmica e de Dessalinização do Módulo.....................................................33
5.2.1. Eficiência Térmica no Módulo de Membrana .......................................................33
5.2.2. Eficiência de Dessalinização................................................................................36
6. Conclusão e Sugestões .....................................................................................................37
7. Referências Bibliográficas ..................................................................................................38
3
I. LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. - https://nacoesunidas.org/pos2015/....... 8
Figura 2: Módulo de membrana em espiral. Fonte: Hassan et al. (2008) ..................................12
Figura 3: Diagrama da montagem experimental de laboratório. Fonte: Fadi et al. (2016) .........13
Figura 4: Desenho esquemático e montagem do módulo de DMCD; (a) esquema do módulo, (b)
módulo montado Fonte: Khalifa et al. (2017) .............................................................................14
Figura 5: Transferência de Calor e Massa na Destilação por Membrana ..................................15
Figura 6: Módulo e membrana formada por fibras capilares......................................................16
Figura 7: Dessalinizador da PAM Membranas. Fonte: Cotta et al. (2017) .................................18
Figura 8: Esquema do Dessalinizador .......................................................................................19
Figura 9: Coletor Solar. Fonte: Cotta et al. (2017) .....................................................................20
Figura 10: Painel Fotovoltaico. Fonte: Cotta et al. (2017) ..........................................................21
Figura 11: Trocador de calor tipo banho com isolamento ..........................................................22
Figura 12: Reservatórios e sensor de nível ...............................................................................23
Figura 13: Trocador de calor do tipo placas ..............................................................................23
Figura 14: Tanque de Resfriamento ..........................................................................................24
Figura 15: Circuito elétrico e monitor do sistema de controle e aquisição de dados ..................25
Figura 16: Legenda dos sensores .............................................................................................26
Figura 17: Sensores de temperatura e pressão P10: pressão na entrada do módulo (água
destilada); P11: pressão na saída do módulo (água destilada); P20: pressão na entrada do
módulo (água salobra); P21: pressão na saída do módulo (água salobra); T10: temperatura na
entrada do módulo (água destilada); T11: temperatura na saída do módulo (água destilada); T20:
temperatura na entrada do módulo (água salobra); T21: temperatura na saída do módulo (água
salobra). ....................................................................................................................................27
Figura 18: Turbina para medição da vazão ...............................................................................28
Figura 19: Teste a temperatura de 75°C. Nível: volume no reservatório de água destilada; T10:
termopar na entrada do módulo (água destilada); T11: termopar na saída do módulo (água
destilada); T20: termopar na entrada do módulo (água salobra); T21: termopar na saída do
módulo (água salobra); T30: termopar no interior do trocador tipo banho. ................................30
Figura 20: Fluxo experimental de água destilada em função da temperatura da água salobra na
entrada do módulo da membrana Tfeed: Temperatura da corrente de água salobra (alimentação)
.................................................................................................................................................33
Figura 21: Balanço térmico no módulo de membrana ...............................................................34
4
III. LISTA DE SIGLAS
DM Destilação por Membrana
QL Calor latente
Tfeed Temperatura da corrente de água quente salobra (alimentação)
Tm Temperatura média
ηt Eficiência térmica
ρágua Massa específica da água
5
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Fevereiro/2018
6
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
Fevereiro/2018
Keywords: Solar desalination, Membrane distillation, Polymer membranes, Heat and mass
transfer
7
1. Introdução
Contextualização
Nas últimas décadas, o desenvolvimento industrial e o crescimento da população mundial
têm resultado em uma demanda maior por água doce. Ao mesmo tempo, a poluição e a redução
de fontes de água na superfície (rios e lagos), limitam o acesso aos recursos de água doce
disponíveis (Hassan et al., 2008). Neste contexto, surge uma demanda por fontes alternativas de
água, abrindo espaço para tecnologias que não se mostravam viáveis até então, como a
dessalinização de água salgada.
A ONU, Organização das Nações Unidas, reúne países voluntariamente com o objetivo
de trabalhar em prol da paz e do desenvolvimento mundial. Em 2015, os países participantes se
reuniram e adotaram um plano de ação com dezessete objetivos para transformar o mundo até
o ano de 2030 (Agenda 2030). São os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
baseados nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que haviam sido estipulados
no ano 2000. Os ODS são ilustrados na Figura 1 abaixo.
Água destilada é o estado puro da água, sem misturas com outras substâncias e sem
presença de microrganismos. Na prática, não conseguimos obter água totalmente destilada livre
de quaisquer substâncias ou sais, porém com o processo de destilação, é possível obter um
elevado grau de pureza.
8
Destilação é o processo físico de separação de misturas homogêneas por meio da
ebulição ou evaporação das substâncias que compõem a mistura. No nosso caso, queremos
obter água destilada a partir de água salobra, que consiste na água que possui mais sais
dissolvidos que a água doce e menos que a água do mar.
9
Objetivos
O objetivo deste trabalho é realizar a caracterização experimental de um sistema de
dessalinização de água através da utilização de uma membrana de destilação de contato direto.
Para isso, será estudada e analisada a influência de certas variáveis no método de destilação de
água por membrana polimérica, como as temperaturas das correntes de água salobra e
destilada, e as vazões utilizadas nas correntes de água salobra e destilada. Será analisada
também a potência consumida no processo e as eventuais perdas de energia (especialmente
calor), visando caracterizar o processo e obter a melhor eficiência na produção de água destilada.
Nesses lugares, a água que a população tem acesso, extraída de poços artesianos, é
salobra e imprópria para consumo, utilização doméstica ou até para agricultura regular. Assim, a
utilização do dessalinizador permitiria produzir água destilada para ser usada na irrigação de
alimentos, uso doméstico (como cozinhar e tomar banho) e até para consumo próprio após um
tratamento para restaurar parte dos sais perdidos na destilação.
Além disso, o processo de dessalinização por membrana pode ser muito útil se utilizado
em embarcações marítimas. O fato de ter uma fonte infinita de água salgada representa uma
vantagem muito grande, podendo assim, fazer uso dela juntamente com o calor rejeitado do
motor da embarcação para produzir água destilada e abastecer o suprimento de água doce da
embarcação. Com o processo de dessalinização, temos como produto a água destilada. Como
rejeito desse processo, teríamos água aquecida com uma concentração maior de sal, o que não
representa um problema, uma vez que pode ser despejada de volta no mar.
10
Na usina nuclear de Angra II, de acordo com a Eletronuclear, a temperatura da água após
o aquecimento no reator chega a aproximadamente 300°C, com uma vazão de 7400 ton/h. Se
conseguirmos aproveitar parte desse calor que será rejeitado, seria possível alimentar diversos
sistemas de dessalinização, gerando água destilada e reduzindo custos para resfriar a água que
será retornada ao mar.
Revisão Bibliográfica
Nos últimos anos, em razão da maior dificuldade de se obter água limpa para atender as
necessidades de populações em diversas regiões do planeta e em virtude do desenvolvimento
de novos materiais e técnicas que possibilitam a produção de água doce a partir de água salgada,
cada vez mais protótipos e equipamentos estão sendo testados, com diferentes configurações
de membranas, para realizar procedimentos de dessalinização.
Kimura e Nakao (1987), Banat (1994), e Hsu et al. (2002) testaram um módulo onde a
membrana foi inserida entre dois compartimentos cilíndricos (perpendiculares ao eixo do
cilindro), com a corrente quente fluindo em um compartimento e a fria em outro. As dimensões
dos compartimentos foram diferentes para cada estudo realizado, onde o comprimento variou
entre 12 a 15 cm e o diâmetro entre 5 a 8 cm.
Ohta et al. (1990) utilizaram um sistema de dessalinização de contato direto com módulos
de placas e membrana semipermeável. Água salobra aquecida (40 a 60⁰C) fluía de cima para
baixo em um dos lados da superfície da membrana retangular, enquanto água fresca a baixas
temperaturas (20 a 40⁰C) fluía na direção oposta pela outra superfície da membrana. O vapor
proveniente da água salobra aquecida permeava através da membrana até ser condensado no
lado frio. Neste teste, 24 módulos como esse foram alinhados perpendicularmente. As dimensões
de cada módulo era de 840mm de altura, 390mm de largura e 80mm de profundidade, enquanto
a espessura da membrana era de 0,25mm.
11
Canal de Condensação
Canal de Evaporação
Membrana Hidrofóbica
1. Entrada Condensador
2. Saída Condensador
3. Entrada Evaporador
4. Saída Evaporador
5. Saída do destilado
Guoqiang et al. (2014) realizaram testes com DM para duas configurações, membrana
de contato direto e à vácuo. Eles optaram por essas configurações pois, segundo eles, a
membrana por contato direto é a mais estudada e com a operação mais simples, enquanto a
destilação por membrana a vácuo é a menos estudada e requer uma perícia maior para realizar
a manutenção do sistema. O módulo de membrana utilizado no trabalho de Guoqiang et al. foi
composto por uma casca cilíndrica de polipropileno (PP) com 26 fibras ocas porosas hidrofóbicas
de fluoreto de polivinilideno (PVDF) no interior, regularmente espaçadas pelo volume. As fibras
possuíam um diâmetro externo de 1,46mm e espessura de 0,24mm, enquanto a casca possuía
um diâmetro interno de 0,012m e comprimento de 0,22m. Um modelo matemático foi
desenvolvido para simular a performance dos processos de DMCD e DMV, sendo posteriormente
validado por comparação com os resultados experimentais.
Fadi et al. (2016) também formularam um modelo matemático dinâmico para o processo
de DMCD. A validação do modelo que descreve o mecanismo de troca de calor e massa dentro
do módulo de membrana foi realizada através da correlação com os experimentos desenvolvidos.
12
Foi projetado um sistema experimental de laboratório totalmente autônomo na Universidade de
Ciências e Tecnologia King Abdullah (KAUST). Um esquema da montagem experimental pode
ser visto na Figura 3.
Bomba (permeado)
Refrigerador elétrico
Aquecedor elétrico
Permeado produzido
Módulo de
membrana
Alimentação Permeado
Balança eletrônica
Bomba (alimentação)
No trabalho de Fadi et al., um módulo de membrana de folha plana com área ativa de
0,005m², com dimensões do canal de fluxo iguais a 0,1m x 0,05m x 0,002m foi projetado
utilizando metacrilato de polimetil (PMMA). A membrana utilizada é um material compósito
formado por uma camada ativa de politetrafluoroetileno (PTFE) e uma camada suporte de
polipropileno (PP). No sistema, água preaquecida circula pelo lado da corrente de alimentação
da membrana, enquanto água deionizada circula pelo outro lado da membrana em um modo de
contracorrente. As temperaturas das correntes de alimentação e do permeado foram controladas
através de termorreguladores, um equipamento elétrico utilizado para realizar o controle da
temperatura do sistema. Água do mar fresca foi usada em cada experimento. O permeado
gerado através do processo de DM resulta em um sobre fluxo e transborda através de uma saída
de permeado no tanque de refrigeração. O permeado coletado então, fica separado em um outro
reservatório, sendo seu peso, continuamente monitorado por uma balança. A pressão,
temperatura e vazão também são continuamente monitorados por sensores nas entradas e
saídas do módulo para ambas correntes.
13
sustentar mecanicamente a membrana, tem a finalidade de elevar a turbulência no canal de
alimentação, para melhorar o fluxo de permeação através da membrana. Na Figura 4 pode ser
visto um esquema do modelo proposto e o módulo montado. As placas por onde passam as
correntes de alimentação e permeado possuem cada uma 160mm de comprimento, 160mm de
largura e 25mm de espessura. As correntes de alimentação e permeado atuam em
contracorrente. Cada corrente de água entra por um lado do módulo, é distribuída entre os três
canais mostrados na Figura 4b e em seguida coletado na saída, do lado oposto. Um aquecedor
elétrico foi utilizado para variar a temperatura da corrente de água salobra entre 40 e 90⁰C e um
refrigerador elétrico para variar a temperatura do permeado entre 5 e 25⁰C. A salinidade usada
para a corrente de alimentação foi de 2g/L.
Permeado
Alimentação
Figura 4: Desenho esquemático e montagem do módulo de DMCD; (a) esquema do módulo, (b) módulo montado
Fonte: Khalifa et al. (2017)
14
2. Processo de Dessalinização
A destilação por membrana (DM), como dito anteriormente, é um processo relativamente
recente na literatura. Diferente da osmose reversa, na DM utilizamos membranas hidrofóbicas.
Isso significa que até certas pressões a membrana não pode ser molhada por líquidos. Assim,
períodos de secagem não danificam a membrana, podendo ser operada de forma intermitente.
M
Q AS Corrente
água fria
destilada
QC
T2
T1 FV
Corrente
água quente Q AD
salina
QAS: Calor cedido pela corrente de água salina
QAD: Calor recebido pela corrente de água destilada
QC: Calor transferido por condução pela membrana
FV: Fluxo de vapor que atravessa a membrana
M: Parede da membrana de destilação
15
Módulo de Membrana
O módulo de membrana polimérica é a parte do equipamento que torna possível o
processo de destilação da água salgada. A membrana é composta por uma casca cilíndrica
externa que envolve 350 fibras capilares em seu interior, dentro dos quais escoa a corrente de
água destilada fria. A corrente de água quente salobra flui, em sentido contrário, por fora dos
tubos capilares. Envolvendo a membrana temos uma carcaça preta flangeada, por onde
conectamos as entradas e saídas do módulo de membranas. Podemos ver o módulo e a
membrana com seus capilares na Figura 6.
Módulo MD 070 CP 2L
16
Algumas vantagens do processo de DM são:
17
3. Metodologia
O estudo da influência dos parâmetros da dessalinização foi realizado através da variação
da temperatura e da vazão da corrente de água salobra. Neste capítulo serão apresentadas cada
etapa do processo de dessalinização, desde o método de aquecimento da água salobra até a
produção final de água destilada. Os experimentos e caracterizações foram realizados no
Laboratório de Nano e Micro Fluídica e Microssistemas (LabMEMS) e no Instituto Virtual
Internacional de Mudanças Climáticas (IVIG) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O equipamento projetado e fabricado pela PAM Membranas, empresa incubada na UFRJ com
tecnologia do PEQ/COPPE, e utilizado para os experimentos, pode ser visualizado na Figura 7
Procedimento Experimental
O procedimento experimental de dessalinização é dividido em algumas etapas. O
desenho esquemático está representado pela Figura 8. O coletor solar é utilizado para aquecer
um reservatório de água doce. Essa água quente é bombeada do reservatório do coletor solar
para o trocador de calor cilíndrico tipo banho, com o objetivo de aquecer a água salobra, sem
contato direto. A água salobra é bombeada de seu reservatório para o módulo de membrana,
18
escoando na direção vertical, no sentido de baixo para cima, retornando ao reservatório após
esse processo.
Membrana
Enquanto isso, a água destilada escoa na mesma direção da água salobra e em sentido
oposto, de cima para baixo. Antes da água destilada passar pela membrana, ela é bombeada de
seu reservatório até o trocador de calor do tipo placas para que ocorra um resfriamento da água
destilada, já que ela absorve calor da corrente de água salobra quente. Esse procedimento visa
manter a temperatura da água destilada próxima à temperatura ambiente para que seja
preservado o gradiente de temperatura entre a água destilada e salobra. O tanque de
resfriamento contém água na temperatura ambiente, que é bombeada para o trocador de calor
tipo placas para absorver o calor da água destilada. Assim, a água do coletor solar funciona como
fonte quente e a do tanque de resfriamento opera como fonte fria.
É importante ressaltar que todos os processos ocorrem isoladamente, ou seja, são quatro
ciclos de água fechados, independentes entre si:
Foram realizados experimentos com uma resistência elétrica imersa no trocador de calor
(banho) para controle térmico, e assim manter a temperatura de entrada no módulo da água
salobra constante em cada experimento, já que o sol é uma fonte menos estável de energia em
virtude do movimento da Terra e de condições climáticas. O sistema, contemplado pelas bombas
hidráulicas, computador com sistema de aquisição de dados e resistência elétrica, é alimentado
19
eletricamente pela rede de energia do IVIG ou opcionalmente por 5 painéis fotovoltaicos que
serão detalhados posteriormente.
20
Figura 10: Painel Fotovoltaico. Fonte: Cotta et al. (2017)
21
Figura 11: Trocador de calor tipo banho com isolamento
O reservatório de água destilada possui um sensor medidor de nível GEMS, modelo CT-
1000 DU NT que é conectado ao computador, onde as medidas são armazenadas e lidas no
programa MONITOR (mostrado a frente).
22
Figura 12: Reservatórios e sensor de nível
23
3.1.6. Tanque de Resfriamento
A fonte fria consiste de uma caixa d’água FORTLEV com 500 litros de capacidade,
preenchida com água doce na temperatura ambiente, como pode ser vista na Figura 14. Esta
água troca calor com a água destilada através do trocador de calor do tipo placas destacado
anteriormente. É acoplada a uma bomba da marca THEBE modelo B – 12P, com vazão máxima
de 8m³/h e head máximo de 26m. A água para resfriamento circula com uma vazão de 0,65 m³/h.
24
Figura 15: Circuito elétrico e monitor do sistema de controle e aquisição de dados
3.1.8. Sensores
Para a aquisição de dados como temperaturas e pressões temos sensores distribuídos
pelo equipamento. As temperaturas são reportadas diretamente ao programa de aquisição
automática de dados e as pressões podem ser vistas no mostrador analógico. Medimos as
temperaturas e pressões na entrada e saída do módulo de membrana (em ambas correntes,
quente e fria), bem como no interior do trocador de calor do tipo banho.
Para identificar os sensores foram usadas etiquetas azuis para a água destilada e laranja
para a água salobra. Os sensores instalados são: T10, T11, T20, T21, T30, P10, P11, P20, P21
e P30. A nomenclatura utilizada é composta por três algarismos (XXX), onde cada um tem um
significado (com exceção ao T30 e P30, que são as medidas dentro do trocador de calor do tipo
banho). Podemos identificar os sensores da seguinte forma:
25
0 = Entrada
1 = Saída
1 = Água Destilada
2 = Água Salgada
T = Temperatura
P = Pressão
26
T10 P20
P10
P11
T20
P10
P11
P21
T21
P20
Figura 17: Sensores de temperatura e pressão
P10: pressão na entrada do módulo (água destilada); P11:
pressão na saída do módulo (água destilada); P20: pressão
na entrada do módulo (água salobra); P21: pressão na saída
do módulo (água salobra); T10: temperatura na entrada do
módulo (água destilada); T11: temperatura na saída do
módulo (água destilada); T20: temperatura na entrada do
módulo (água salobra); T21: temperatura na saída do
módulo (água salobra).
27
Figura 18: Turbina para medição da vazão
28
4. Testes
O tempo considerado para cada medição foi sempre maior que uma hora, a partir do
momento que havia estabilidade nas temperaturas desejadas. No exemplo da temperatura a
75°C, o início é marcado quando a temperatura T20 ultrapassa os 76°C, desligando a resistência.
De forma semelhante, o fim do experimento é demarcado quando a temperatura T20 atinge um
valor menor que 74°C pela última vez. Nesse caso, a resistência é desligada manualmente para
que não seja acionada quando baixar de 74°C. Essa informação pode ser melhor compreendida
com o auxílio da Figura 19.
29
100
90 Início Fim
80
70
60
50
40
30
20
10
0
8:48:54
8:52:11
8:55:28
8:58:45
9:02:01
9:05:18
9:08:36
9:11:53
9:15:13
9:18:39
9:22:09
9:25:45
9:29:22
9:32:58
9:36:35
9:40:11
9:43:48
9:47:24
9:51:01
9:54:40
9:58:16
11:14:27
11:18:43
10:01:53
10:05:36
10:09:32
10:13:28
10:17:24
10:21:21
10:25:17
10:29:13
10:33:09
10:37:06
10:41:02
10:44:58
10:48:55
10:53:07
10:57:23
11:01:39
11:05:55
11:10:11
Nível T10 T11 T20 T21 T30
Além disso, na temperatura de 75°C, foram realizados testes em duas vazões de água
salobra: 0,6m³/h e 0,3m³/h, para verificar a influência da vazão no processo de dessalinização.
De acordo com Alklaibi e Lior (2004), a vazão do fluido de alimentação, no nosso caso a água
quente salina, possui um efeito secundário. Em suas análises, triplicando o valor da vazão,
encontrou-se um aumento de 1.3 vezes no fluxo da água destilada produzida.
A vazão da água destilada foi fixada em 1,0m³/h pois em vazões menores a temperatura
da corrente de água destilada aumentava de forma mais significativa, o que não era desejável,
uma vez que a base deste processo de dessalinização é a diferença de temperatura entre as
correntes de água salobra e destilada. Foi também observado por Alklaibi e Lior (2004) que as
condições de operação no lado frio resultam em efeitos menores no processo quando
comparadas ao lado quente.
30
Tabela 2: Resultados dos experimentos com temperaturas controladas pela resistência elétrica e vazão de água
salobra de 0,6m³/h
Média das
Temperatura Média das Média das Média dos fluxos
produções de
água salobra temperaturas temperaturas de água
água destilada
[⁰C] T20 [°C] T10 [°C] destilada [l/m².h]
[l/h]
75 75.02 ± 0.02 36.1 ± 3.0 1.03 ± 0.04 0.92 ± 0.03
70 70.11 ± 0.02 34.4 ± 3.1 0.74 ± 0.08 0.67 ± 0.07
65 65.19 ± 0.04 35.4 ± 5.3 0.62 ± 0.10 0.56 ± 0.09
60 60.29 ± 0.07 32.9 ± 3.4 0.44 ± 0.11 0.39 ± 0.10
Podemos constatar que o fluxo de água destilada para a temperatura de 75°C foi bastante
satisfatório, uma vez que se aproxima das características informadas pelo fabricante da
membrana, que é 1,11l/m².h. A medida que reduzimos a temperatura da água salobra temos
também uma redução na produção de água destilada, chegando-se ao menor valor no fluxo de
0,44l/m².h com a temperatura de 60°C. A temperatura da corrente de água destilada foi mantida
aproximadamente a mesma nas medições para cada temperatura da água salobra.
Assim, na vazão de 0,6m³/h de água salobra, obteve-se um fluxo médio de água destilada
igual a 1,03l/m².h, enquanto com a vazão de 0,3m³/h obteve-se um fluxo médio de 0,87l/m².h,
portanto um aumento de aproximadamente 15% no fluxo produzido quando dobramos o valor da
vazão de água salobra. As incertezas nas medidas da vazão são dadas pela incerteza do
equipamento (rotâmetro), enquanto as incertezas restantes são consideradas como o desvio
padrão das medidas calculadas.
Produção de
Temperatura Vazão de água Temperatura Fluxo de água
água destilada
média T20 [°C] salobra [m³/h] média T10 [°C] destilada [l/m².h]
[l/h]
75.00 ± 0.73 0.60 ± 0.01 32.64 ± 1.69 0.98 ± 0.03 0.89 ± 0.03
75.03 ± 0.74 0.60 ± 0.01 38.10 ± 1.50 1.04 ± 0.01 0.94 ± 0.01
75.02 ± 0.71 0.60 ± 0.01 37.59 ± 1.35 1.05 ± 0.02 0.95 ± 0.02
Médias 1.03 0.92
31
Tabela 4: Resultados para experimento a 75ºC e vazão de água salobra de 0,3m³/h
Produção de
Temperatura Vazão de água Temperatura Fluxo de água
água destilada
média T20 [°C] salobra [m³/h] média T10 [°C] destilada [l/m².h]
[l/h]
75.09 ± 0.77 0.30 ± 0.01 35.61 ± 1.65 0.99 ± 0.08 0.89 ± 0.07
75.04 ± 0.71 0.30 ± 0.01 31.99 ± 1.31 0.77 ± 0.07 0.69 ± 0.07
75.05 ± 0.80 0.30 ± 0.01 31.43 ± 1.44 0.86 ± 0.01 0.78 ± 0.01
Médias 0.87 0.79
Nos dias selecionados para uso do coletor, e também em função das características
desse aquecedor solar, as temperaturas alcançadas não foram tão altas quanto nos melhores
experimentos com a resistência, portanto levando a uma produção consideravelmente menor de
água destilada. Vale também observar que foram registradas perdas de calor significativas no
trocador, como discutido mais à frente.
32
5. Análise de Resultados
Nesta seção analisaremos os resultados da produção de água destilada e alguns
aspectos do processo, como perdas de calor e eficiência.
Para a temperatura de 75°C obtivemos o resultado médio de fluxo de água destilada igual
a 1,03l/m².h, já bem próximo ao valor de referência informado pelo fabricante da membrana, de
1,11l/m².h.
1.00
0.80
0.60
0.40
0.20
0.00
60 65 70 75
Tfeed [⁰C]
Figura 20: Fluxo experimental de água destilada em função da temperatura da água salobra na entrada do módulo
da membrana
Tfeed: Temperatura da corrente de água salobra (alimentação)
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água salobra somada à potência da bomba necessária para a circulação das correntes de água.
Se considerarmos que a energia para alimentar as bombas de água é fornecida pelo painel
fotovoltaico, chegamos à seguinte equação, onde QL é o calor latente e QAS é o calor fornecido
pela água salobra:
𝑄𝐿
𝜂𝑡 = (1)
𝑄𝐴𝑆
𝑄 = 𝑚̇𝑚 ∗ 𝑐𝑝 ∗ 𝑇𝑚 (2)
A vazão mássica nas entradas das correntes de água salobra e destilada são as vazões
volumétricas medidas no sistema multiplicadas pela massa específica da água (ρágua).
QAD in
QAS out
QPerdas
Como uma parte da água atravessa a membrana em forma de vapor, no sentido da água
salobra para a água destilada, temos uma vazão de água transportada através da membrana,
alterando a vazão de saída de ambas as correntes. Para calcular essa vazão de vapor, podemos
dividir o volume de água produzida no experimento pelo tempo considerado, obtendo-se assim
uma vazão volumétrica de água. Com isso, podemos encontrar as vazões de saída das correntes
34
de água. Para a água salobra, a vazão de saída equivale a vazão de entrada menos a vazão
calculada de vapor transportado através da membrana. Já para a água destilada, a vazão de
saída corresponde à vazão de entrada mais a vazão de vapor.
O calor cedido pela água salobra pode ser calculado como a diferença entre o calor na
entrada e na saída das correntes de água quente salina. Analisando o processo, podemos
considerar que o calor cedido pela corrente de água salobra é a composição de calor latente
mais o calor perdido para o ambiente, ou seja, todo o calor que não atravessou a membrana em
forma de vapor para a água destilada foi avaliado como perda.
Temperatura [⁰C] QAS [W] QAD [W] QLatente [W] Perdas [W] Eficiência [%]
75 801 ± 40 1195 ± 107 555 ± 18 246 ± 20 69.3
75 673 ± 34 1025 ± 92 587 ± 19 86 ± 7 87.3
75 635 ± 32 1034 ± 93 594 ± 20 41 ± 3 93.5
Médias 703 1085 579 124 83.4
35
As perdas calculadas nesse experimento foram maiores que nos outros dois, ou seja, há um
limite na quantidade de calor que é transferido através da membrana na forma de vapor, uma
saturação, e após esse limite, temos que o excesso de calor cedido acaba sendo desperdiçado,
e ao invés de ser utilizado como calor latente, é perdido para o ambiente.
Para a água salobra, foi utilizada uma concentração de sais de 2,0% em massa, ou seja,
20 gramas de sal para cada litro de água destilada. A solução foi feita em laboratório utilizando
substâncias puras de Na Cl e água destilada.
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6. Conclusão e Sugestões
O estudo e caracterização experimental do sistema de dessalinização por membrana nos
permitiu demonstrar que esse é um processo viável para produção de água destilada a partir de
água salobra ou marinha, visto que a proporção de sal na água afeta pouco o processo. Assim,
tendo em vista que esse sistema pode ser alimentado com energia solar e funcionar de forma
autônoma, se mostra vantajoso o investimento nessa tecnologia. Pode ser um caminho
sustentável para suprir as necessidades básicas de água para lugares onde a falta de água doce
e limpa é um problema.
Vimos também que, com os testes utilizando a resistência elétrica, conseguimos bons
valores de fluxo de produção de água (1,05l/m².h), inclusive comparáveis ao valor de referência
informado pelo fabricante da membrana, que é 1,11l/m².h. Entretanto, os testes com o coletor
solar não foram muito satisfatórios, obtendo-se valores de produção de água destilada abaixo
dos testes com a resistência, indicando que são necessárias melhorias no sistema de
aquecimento solar.
Como sugestão para continuidade das pesquisas com o presente dessalinizador, propõe-
se trocar o sistema de medição de nível de água destilada, para maior precisão nessa importante
medida.
Outra sugestão para trabalhos futuros é utilizar uma membrana em formato de espiral
como no sistema de Hassan et al. (2008). Com isso, é possível utilizar a própria água salobra
como fonte fria ao mesmo tempo que se realiza um pré-aquecimento. Assim, poderíamos montar
um dessalinizador com sistema de recuperação parcial de calor, tornando-o mais eficiente.
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7. Referências Bibliográficas
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