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DIREITO EMPRESARIAL

@dicasexconcurseira 1
1. Fontes do Direito Empresarial........................................................................................................................................................3
2. Características do Direito Empresarial...........................................................................................................................................4
3. Princípios do Direito Empresarial...................................................................................................................................................4
4. Evolução do Direito Empresarial....................................................................................................................................................6
5. Empresário......................................................................................................................................................................................7
6. Excluídos da atividade empresarial...............................................................................................................................................7
7. Distinção entre os conceitos..........................................................................................................................................................8
8. Elemento de empresa....................................................................................................................................................................8
9. Empresário Individual....................................................................................................................................................................9
10. Interpretação do art.978 do CC/02............................................................................................................................................10
11. Estabelecimento Empresarial.....................................................................................................................................................11
12. Nome Empresarial......................................................................................................................................................................15
13. Desconsideração da Personalidade Jurídica..............................................................................................................................16
14. Propriedade Industrial...............................................................................................................................................................20
15. EIRELI..........................................................................................................................................................................................33
16. Sociedades – Noções Introdutórias ..........................................................................................................................................35
17. Classificação das Sociedades ....................................................................................................................................................37
18. Sociedade simples......................................................................................................................................................................38
19. Sociedade em nome coletivo.....................................................................................................................................................42
20. Sociedade em comandita simples..............................................................................................................................................42
21. Sociedade limitada.....................................................................................................................................................................43
22. Sociedade anônima....................................................................................................................................................................48
23. Reorganização societária...........................................................................................................................................................54
24. Direito cambiário – Títulos de Crédito......................................................................................................................................59
25. Direito Falimentar – Falência e Recuperação Judicial...............................................................................................................77

Este material foi feito com base nas anotações de aula do curso do
CERS (ano 2015) de direito empresarial do professor Juan Luiz Souza Vazquez.
Este material não está atualizado pela jurisprudência sobre “contrato empresariais”.
Ao terminar a matéria, leia sempre os artigos de lei correlatos,
especialmente no assunto referente aos tipos societários,
pois é muito cobrado em provas de concurso a literalidade da lei.
Acredito que a jurisprudência mais cobrado se refere ao direito falimentar!

@dicasexconcurseira 2
1. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL
(Classificação do Professor Ricardo Negrão)

CF/88

CÓDIGO CIVIL

PRIMÁRIAS CÓDIGO COMERCIAL*


(1850)

LEIS EXTRAVAGANTES

FONTES i) uniforme
ANALOGIA
ii) constante
SECUNDÁRIAS
COSTUMES** iii) boa-fé
(LINDB)

PRINC. GERAIS iv) observar a lei***


DO DIREITO iv) assentado****

* O Código Comercial ainda disciplina o direito marítimo.


** Costumes (tem força vinculativa) x Hábito (não tem força vinculativa).
*** O costume não pode ser contra legem.
**** Assentamento = permite-se que, numa Junta Comercial, seja arquivado/assentado um costume comercial (Lei 8934/84). A
expressão “assentar” está associada aos usos e costumes.

STJ – RESP 875161/SC, REL. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, JULGADO EM 09/08/2011, DJE 22/08/2011.
DIREITO COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. CHEQUE. ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA. CARACTERE ESSENCIAL DO TÍTULO. DATA
DE EMISSÃO DIVERSA DA PACTUADA PARA APRESENTAÇÃO DA CÁRTULA. COSTUME CONTRA LEGEM. INADMISSÃO PELO
DIREITO BRASILEIRO. CONSIDERA-SE A DATA DE EMISSÃO CONSTANTE NO CHEQUE.
1. O cheque é ordem de pagamento à vista e submete-se aos princípios cambiários da cartularidade, literalidade, abstração,
autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé, por isso que a sua pós-
datação não amplia o prazo de apresentação da cártula, cujo marco inicial é, efetivamente, a data de emissão.
2. A alteração do prazo de apresentação do cheque pós-datado implicaria na dilação do prazo prescricional do título, situação
que deve ser repelida, visto que infringiria o artigo 192 do Código Civil. Assentir com a tese exposta no especial, seria anuir com
a possibilidade da modificação casuística do lapso prescricional, em razão de cada pacto realizado pelas partes. (AgRg no Ag
1159272/DF, Rel. Ministro Vasco Della Giustina, desembargador convocado do TJ/RS, Terceira Turma, julgado em 13/04/2010,
DJe 27/04/2010). (...)
3. Não se pode admitir que a parte descumpra o artigo 32 da Lei 7.357/85 e, ainda assim, pretenda seja conferida interpretação
antinômica ao disposto no artigo 59 do mesmo Diploma, para admitir a execução do título prescrito. A concessão de efeitos à
pactuação extracartular representaria desnaturação do cheque naquilo que a referida espécie de título de crédito tem de
essencial, ser ordem de pagamento à vista, além de violar os princípios da abstração e literalidade”. (...)

Entre a data de emissão e o “bom para”, o que vale é o que está na data de emissão. O “bom para” não vale para o
direito comercial.
Cheque pós-datado é costuma CONTRA LEGEM, legitimado pela jurisprudência.
Vale o que está escrito no local da inserção da data (princípio da literalidade).
Se o cheque pós-datado for apresentado antes da data, gera dano moral in re ipsa (Súmula 370, STJ).
Súmula 370 STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
Vide também REsp 877.074/RJ = prova testemunhal também pode ser usada para provar costume.

@dicasexconcurseira 3
2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL

i) Internacionalidade

ii) Globalização
COSMOPOLITISMO
iii) Exemplo: LUG (Lei
Uniforme de Genebra)

i) Direito Empresarial
ii) Direito Societário
CARACTERÍSTICAS FRAGMENTÁRIO
iii) Direito Cambiário
iv) Direito Falimentar

INFORMALISMO: deriva da dinâmica das


relações

ELASTICIDADE: MUDANÇAS CONSTANTES

ONEROSIDADE: INTUITO DE LUCRO


(não é requisito, mas sim objetivo)

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL

I. INTRODUÇÃO

a) ESPÉCIE DE NORMA JURÍDICA: é majoritário o entendimento de que a norma jurídica pode ser dividida em duas categorias:
i) regras; e ii) princípios.

b) Contribuição “Alexyana”: a doutrina de Robert Alexy formulou o conceito de princípio como “mandamentos de otimização”.

c) Contribuição de Dworkin: o conceito proposto por Alexy pode ser melhor compreendido pela construção idealizada por
Ronald Dworkin, ou seja, em caso de conflito: i) para as regras, aplica-se a técnica do “tudo ou nada”; e ii) para os princípios, a
técnica do “peso” ou da “poderação”.
Ex: “cláusula de não concorrência” à o franqueado, quando desfeito o negócio jurídico, tem que ficar 2 anos sem
trabalhar no ramo. Ponderação de dois princípios: sigilo dos negócios e livre iniciativa.

O Projeto do Novo Código comercial possui a seguinte redação:


Nenhum princípio expresso ou implícito pode ser invocado para afastar a aplicação de qualquer disposição deste Código ou da
Lei.

Há uma nova proposta de Código Comercial, apresentada por Fábio Ulhoa Coelho, cuja redação é diversa:
Nas relações regidas por este Código, nenhum princípio expresso ou implícito pode ser invocado para afastar a aplicação de
qualquer de seus dispositivos, ou da lei, a menos que demonstrada a sua inconstitucionalidade. à Ora, se uma lei for
inconstitucional, ela seria afastada de qualquer jeito (não precisa de um princípio para isso).

Segundo Humberto Ávila, os princípios possuem as seguintes funções eficaciais:


1) Interpretativa: um dispositivo legal deve ser interpretado de acordo com os princípios legais e constitucionais.
2) Bloqueadora: uma regra legal deve ser afastada quando incompatível com um princípio constitucional (ex: devido processo
legal – apresentação de documentos determinada em prazo exíguo pela lei).
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3) Integrativa: se não há uma regra legal específica, o aplicador deverá criá-la a partir de princípios constitucionais (ex: se não
houver determinação legal expressa, o juiz deve dar vista de um documento juntado aos autos à parte adversa).

De acordo com o Projeto do Código Comercial:

Art.4º São princípios gerais informadores das disposições deste Código:


I – Liberdade de iniciativa;
II – Liberdade de competição; e
III – Função social da empresa.

LIVRE
INICIATIVA*

LIBERDADE DE
CAMBIÁRIOS
COMPETIÇÃO

FUNÇÃO SOCIAL AUTONOMIA DA


DA EMPRESA *** PRINCÍPIOS VONTADE

LIBERDADE DE PRESERVAÇÃO
ASSOCIAÇÃO ** DA EMPRESA
MAXIMIZAÇÃO
DOS ATIVOS DO
FALIDO
(otimização do
ativo e redução
do passivo)

* O princípio da livre iniciativa está na CF (art.170, caput). De acordo com o Ministro Eros Grau, a livre iniciativa pode
ser compreendida como uma obrigação de fazer (observar os valores constitucionais) e como uma obrigação de não fazer (não
causar danos a terceiros).
** Liberdade de se associar e de sair da associação. É possível exercer o direito de retirada da sociedade limitada? O
art.1077 do CC não admite o direito de retirada em caso de quebra da affectio societatis. No entanto, é entendimento
majoritário de que é possível exercer o direito de retirada, mesmo nos casos não expressos no art.1077, devido ao princípio da
livre associação.
*** Função social da empresa: a empresa existe apenas para dar lucro ao empresário? O lucro não é um fim em si
mesmo. O empresário tem responsabilidade para com os outros. À luz dos arts.116, parágrafo único, e 154 da Lei das
Sociedades Anônimas + art.170, III, da CF (função social da propriedade), a resposta é negativa. A função social da empresa diz
que é necessário observar os interesses dos “stake holders”, que são os sócios, empregados, comunidade, o Estado, clientes,
consumidores, etc.

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4. EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL

FASES DO DIREITO
EMPRESARIAL

TEORIA DOS ATOS DE


CORPORAÇÕES DE OFÍCIO TEORIA DA EMPRESA
COMÉRCIO

IDADE MÉDIA SISTEMA FRANCÊS SISTEMA ITALIANO


SISTEMA FECHADO E REVOLUÇÃO FRANCESA CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942
PROTETIVO CÓDIGO FRANCÊS DE 1807 CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2001
SISTEMA SUBJETIVO SISTEMA OBJETIVO SISTEMA SUBJETIVO MODERNO

a) SISTEMA SUBJETIVO (DIREITO DOS COMERCIANTES):


i. O direito comercial era aplicado apenas aos comerciantes matriculados nas corporações de ofício. OBS: atualmente, o registro
a empresa não é requisito para a constituição da empresa. O registro tem natureza declaratória; posso ser empresário sem ter
registro. Neste caso, haverá uma sociedade irregular.

ii. O poder da burguesia aumenta e esse direito especial acaba sendo estendido para pessoas que não seriam comerciantes (a
burguesia passa a ser o governo da sociedade urbana).

iii. Com a idade moderna, esse direito passa a ser regulado por leis estatais, aplicadas por tribunais especiais e, posteriormente,
por tribunais comuns.

b) SISTEMA OBJETIVO (DIREITO DOS ATOS DE COMÉRCIO):


i. Expansão do direito dos comerciantes para industriais (é a industrialização do direito mercantil).

ii. Não importa quem é a pessoa que realizada a atividade comercial, mas sim o ato por ela explorado.

iii. Qualquer pessoa poderia realizar o ato de comércio*, mesmo sem registro em qualquer corporação (que foram extintas).
* Carvalho de Mendonça tem a seguinte classificação dos atos de comércio.
a) Ato de comércio por natureza (ex: atividade bancária);
b) Ato de comércio por conexão (ex: comerciante compra balcão para colocar em sua loja);
c) Ato de comércio por força de lei (ex: sociedade anônima, independentemente do objeto, é sociedade empresária,
por força de lei).

iv. Ocorreu a estatização do direito mercantil, pois o Estado passa a criar as regras de direito comercial.

v. O Brasil adotou o sistema dos atos de comércio no Código de 1850. Este Código não trouxe o conceito de ato de comércio,
nem tampouco a sua abrangência. Coube ao Regulamento 737 enumerar os atos de comércio.

vi. Regulamento 737 de 1850 enumerou os atos de comércio. Este regulamento foi revogado pelo CPC/39, mas foi usado como
referência (mesmo revogado) até o CC/02.

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c) SISTEMA SUBJETIVO MODERNO (DIREITO DE EMPRESA):
i. O direito mercantil passa a ser expandido para outros profissionais que outrora estavam excluídos do sistema objetivo (ex:
prestadores de serviço).
ii. O conceito de empresário é mais abrangente que o de comerciante.
iii. É necessário organizar uma atividade do ponto de vista econômico para que exista a empresa e, por consequência, o
empresário.

5. EMPRESÁRIO

CC, Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,
ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

ESPÉCIES DE EMPRESÁRIO
NO DIREITO BRASILEIRO

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EIRELI SOCIEDADE EMPRÁRIA


(Pessoa Física) (Pessoa Jurídica) (Pessoa Jurídica)

Tecnicamente falando:
O sócio não é empresário.
Empresário é a sociedade.
A pessoa só é empresária se tiver uma empresa individual.

6. EXCLUÍDOS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

EXCLUÍDOS DO DIREITO
EMPRESARIAL

COOPERATIVAS EMPRESÁRIO RURAL PROFISSÃO INTELECTUAL

Art.971 do CC/02 Regra: não exerce atividade


Art.982 do CC/02 empresário
São sempre sociedades Empresário rural não exerce
atividade empresarial, mas pode Exceção: pode ser
simples, mas, apesar disso, seu empresária, se houver
registro é feito na Junta ter a opção de se registrar na
Junta Comercial. Em se elemento de empresa. Ex: o
Comercial (por força da lei que médico exerce atividade
regula as cooperativas) registrando, passará a ser
equiparado, para todos os intelectual de natureza
efeitos, ao empresário. Aqui, o científica e, assim, não é
registro tem natureza empresário. Mas, se o
constitutiva. médico for dono de uma
clínica, será considerado
empresário*.

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7. DISTINÇÃO ENTRE OS CONCEITOS: EMPRESA, EMPRESÁRIO E ESTABELECIMENTO

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
(PF)

EMPRESÁRIO SUJEITOS DE
SOCIEDADE EMPRESÁRIO (PJ) DIREITO

EIRELI (PJ)

CAPITAL

TRABALHO
ATIVIDADE ECONOMICAMENTE
EMPRESA ORGANIZADA, ATRAVÉS DA REUNIÃO INSUMOS
DOS FATORES DE PRODUÇÃO
TECNOLOGIA

ESTABELECIMENTO COMPLEXO DE BENS ORGANIZADOS PELO


OBJETO DE DIREITO
COMERCIAL EMPRESÁRIO, PARA O EXERCÍCIO DA EMPRESA

“Empresa” não vai à falência, pois empresa é atividade.


Empresário vai à falência.

EMPRESÁRIO à profissional + que organizada a empresa + produtor de bens ou prestador de serviços.


EMPRESA à atividade economicamente organizada à reunião dos fatores de produção = capital, trabalho, tecnologia
e insumos.

8. ELEMENTO DE EMPRESA

Enunciado 195 da III Jornada de Direito Civil do CJF: A expressão “elementos de empresa” demanda interpretação econômica,
devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um
dos fatores da organização empresarial.

Nona Câmara Cível


Apelação nº 0106837-38.2004.8.19.0001
Apelante: IMAGEM RIO PRODUTOS RADIOLÓGICOS LTDA
Apelada: SMIL SERVIÇOS MÉDICOS INFANTIL LTDA
Relator: DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA DA SILVA

Apelação Cível. Pedido de falência. Prestação de serviço médico. Atividade empresarial. Reconhecimento. Sociedade Irregular.
Falta de registro na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro. Reforma da decisão. Decretação da falência com
reconhecimento da responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios. Recurso provido.

Neste julgado, o Tribunal reconheceu a possibilidade de ser decretada a falência de uma clínica e, por estar registrada
no RCPJ, também decretou a falência dos sócios, na forma do art.81 da Lei de Falências.
A SMIL alegou que não era sociedade empresária, tanto que seu registro está no RCPJ (registro no cartório civil de
pessoas jurídicas) e daí não podia ser requerida sua falência. O juiz de 1º grau acolheu a tese, mas o TJ entendeu que seria uma

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sociedade empresária e, além disso, considerou a sociedade irregular (por faltar registro na Junta Comercial). Daí decretou a
falência e a responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios.
Outro julgado.
Ementa: Recuperação Judicial – Indeferimento – Não basta distribuir pedido de recuperação de empresa para obter,
automaticamente, do Juízo, o despacho de processamento – Há que se ter alguma substância mínima, que, no caso,
infelizmente, não há – Da definição legal de empresário constante do art.966 do CC, colhe-se o aspecto essencial só há
empresário e, de conseguinte, empresa, se houver exercício de atividade econômica – Trata-se de verdadeiro requisito para a
caracterização da empresa: sem exercício de atividade econômica não há empresa – Ora, como se pode inferir da leitura dos
documentos acostados com a petição inicial, atualmente, nenhuma atividade operacional é exercida, não há mais restaurante –
Sem o exercício da atividade não há o que se preservar – Apelação não provida. (TJ/SP – Apelação Sem Revisão 5767934900 –
Órgão julgador: Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais – Relator (a): Romeu Ricupero – Data do julgamento:
27/08/2008 – Data de registro: 11/09/2008).

Conclusão: para requerer recuperação judicial, o empresário deve estar no exercício da empresa. No caso, observou-se
que não havia mais atividade empresarial (o restaurante havia fechado).

9. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
(É PESSOA FÍSICA)

RESPONSABILIDADE REGISTRO NA JUNTA IDADE MÍNIMA?*


ILIMITADA

Deve indicar o objeto, sede,


O seu patrimônio capital e PODE ter CNPJ (mas Exige-se idade mínima
responde por todas as isto não fará com que seja PJ; apenas para iniciar a
obrigações assumidas haverá influência no atividade empresarial (art.5º,
tratamento tributário) p.u., V, CC)

* Existe idade mínima para ser sócio? Não. O menor será representado ou assistido + o capital deve estar integralizado + o
menor não pode exercer a administração. Caso o menor seja emancipado, dispensa-se tais requisitos.
CUIDADO! Tecnicamente, deve-se falar “Sou sócio da Empresa X”, e não “Sou sócio de João”.

Enunciado 05 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário
individual tipificado no art.966 do Código Civil responderá primeiramente os bens vinculados à exploração de sua atividade
econômica, nos termos do art.1.024 do Código Civil.

10. INTERPRETAÇÃO DO ART.978 DO CC/02

CC, Art. 978. O empresário casado (REFERE-SE APENAS AO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL, QUE TEM APENAS UM PATRIMÔNIO) pode,
sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da
empresa (TECNICAMENTE, EMPRESA NÃO TEM PATRIMÔNIO, POIS EMPRESA É ATIVIDADE) ou gravá-los de ônus real.

CC, Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648*, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
* casos em que o cônjuge denegue a outorga sem justo motivo ou lhe seja impossível concedê-la, o juiz poderá supri-la.

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Como conciliar estes dois artigos? Parte da doutrina diz que o art.978 é especial em relação ao art.1647 (para o prof.
Juan Vaszquez, esta é a pior interpretação). Na prática, a melhor solução é: afetar o imóvel no Registro de Empresário Individual
na Junta (é dizer “este imóvel faz parte do meu negócio”), com o consentimento do cônjuge, para que depois eu possa aliená-lo
livremente; ou essa outorga do cônjuge ser feita o Cartório de Imóveis. Mas, tem que ter outorga! Vide Enunciado 06.

Enunciado 06 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: O empresário individual regularmente inscrito é destinatário da norma
do art.978 do Código Civil, que permite alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa, desde que exista, se for
o caso, prévio registro de autorização conjugal no Cartório de Imóveis, devendo tais requisitos constar do instrumento de
alienação ou de instituição do ônus real, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis.

11. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

CC, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens (CORPÓREOS E INCORPÓREOS) organizado, para exercício
da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

De acordo com o art.1142 do CC, considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para o exercício da
empresa, por empresário ou por sociedade empresária.
Os bens podem ser divididos em: i) corpóreos: máquinas, balcões, estoque, veículos, móveis; e ii) incorpóreos: marca,
ponto, nome, direitos de propriedade industrial, etc.
Trata-se de elemento essencial para o exercício da atividade empresarial, sendo considerado instrumento da atividade
empresarial.
Oscar Barreto Filho sustentava que o estabelecimento empresarial seria um “complexo de bens, materiais e imateriais,
que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada atividade mercantil”.

ATENÇÃO! Estabelecimento comercial é também chamado de “fundo de comércio”.

MARCA

PONTO MÁQUINAS

ESTABELECIMENT
O

DIREITOS DE
PROPRIEDADE VEÍCULOS
INDUSTRIAL

ESTOQUE

@dicasexconcurseira 10
Essa imagem retrata um CONTRATO DE TRESPASSE? Não. Na
imagem, vende-se apenas o ponto. E, regra geral, o trespasse
é a transferência de tudo. OBS: A doutrina diz que pode haver
trespasse com a transferência de apenas um elemento, se
houver o esvaziamento/desmantelamento do negócio. Mas
isso é uma exceção.
A principal matéria dentro do assunto “estabelecimento
comercial” é o contrato de trespasse, que é a alienação do
estabelecimento empresarial (transfere-se a titularidade).

BENS INTEGRANTES DO ESTABELECIMENTO NOME


THUNDER ALIMENTOS LTDA
DA SOCIEDADE THUNDER MARCA
PONTO
*E não trespasse. PATENTE
BENTO BRUNO Houve apenas uma VEÍCULOS
alteração na UTENSÍLIOS
composição MÓVEIS
societária. A TÍTULO
CESSÃO DE QUOTAS*
RENATA BERNARDO thunder alimentos
ltda continua sendo
a mesma thunder.

NÃO HÁ ALTERAÇÃO DO TITULAR


DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL

PROPOSTA DE AQUISIÇÃO DO ESTABELECIMENTO

THUNDER ALIMENTOS LTDA NOME


MARCA
PONTO
PATENTE BOMPREÇO INDÚSTRIA S/A
VEÍCULOS
UTENSÍLIOS
BENTO BRUNO MÓVEIS
TÍTULO
MUDA A TITULARIDADE
PARA “BOMPREÇO” à HÁ
TRESPASSE

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EFEITOS DO CONTRATO DE
TRESPASSE

REGISTRO NA JUNTA SUCESSÃO DAS OBRIGAÇÕES DO


EM RELAÇÃO A TERCEIROS ALIENANTE

Art.1.146 do CC/02
Art.1.145 do CC/02
Art.1.144 do CC/02 Art.133 do CTN
Art.94, III, da LF
Art.448 da CLT
Art.129, Vi, da LF
Art.60, p.u. e 141, II, da LF

Efeitos em relação a terceiros


CC, Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá
efeitos quanto a terceiros depois de AVERBADO à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro
Público de Empresas Mercantis, e de PUBLICADO na imprensa oficial.

Efeitos em relação a credores


CC, Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, OU do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30
dias a partir de sua notificação.

Interpretação do art.1145 do CC/02:


Regra: é necessária PRÉVIA AUTORIZAÇÃO dos credores anteriores do alienante.

NOTIFICAÇÃO: Extrajudicial ou Judicial


PRAZO: 30 dias
CONSENTIMENTO: Expresso ou Tácito (após os
30 dias, o silêncio vale como consentimento)

Duas exceções:
a) Pagamento de todos os credores;
b) Alienante permanece com bens suficientes para pagar todos os credores.

Sucessão das obrigações do alienante


• COMERCIAIS E CIVIS à Art.1146, CC
• TRIBUTÁRIAS à Art.133, CTN
• TRABALHISTAS à Art.448, CLT
OBS: Há duas exceções na Lei de Falências.

CC, Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
REGULARMENTE CONTABILIZADOS, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 1 ano, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Três questões importantes extraídas do Art.1.146 do CC/02:


a. O adquirente somente responde pelas dívidas CONTABILIZADAS (o que não for devidamente contabilizado será de
responsabilidade apenas do alienante; e ultrapassado o prazo de 1 ano, apenas o adquirente é responsável).
b. Haverá uma solidariedade de 1 ANO entre o adquirente e o alienante;
c. A contagem do prazo de 1 ano de solidariedade depende do momento do vencimento da obrigação:
i. Se ANTES da publicação do trespasse, contar-se-á da PUBLICAÇÃO;

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ii. Se APÓS a publicação do trespasse, a contagem iniciar-se-á do VENCIMENTO.

Sucessão das obrigações tributárias


SUCESSÃO
TRIBUTÁRIA

SUBSIDIARIEDADE SUBSIDIARIEDADE INTEGRALMENTE


(Benefício de ordem) (Benefício de ordem) (Solidariedade?)
Art.133, II CTN Art.133, II, CTN Art.133, I, CTN

Alienante CONTINUA Alienante RETOMA o ALIENANTE NÃO


explorando a exercício da atividade EXERCE MAIS
atividade* EM ATÉ 6 MESES DO QUALQUER
TRESPASSE* ATIVIDADE**

* Nestes dois casos, não importando o local e a atividade exercida, o adquirente tem o direito ao benefício de ordem.
** O adquirente responde “integralmente”/exclusivamente (o alienante não responde) ou, numa interpretação pro Fazenda
Pública, o “integralmente” deve ser interpretado no sentido de “solidariamente” (adquirente e alienante respondem).

Obrigações trabalhistas

CLT, Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos
respectivos empregados. à O adquirente passa a ser responsabilizado pelas obrigações trabalhistas anteriores. Muitos juízes
entendem até que seria caso de responsabilidade solidária.

Há duas exceções na Lei de Falências:

PROCESSO FALIMENTAR:
LF, Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das
modalidades de que trata este artigo:
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor,
inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL
LF, ART.60, Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.

Outros pontos importantes

@dicasexconcurseira 13
AVIAMENTO

CLÁUSULA DE
PENHORA
NÃO
DA SEDE
CONCORRÊNCIA

QUESTÕES

SUB-ROGAÇÃO
CESSÃO DOS
DOS
CRÉDITOS
CONTRATOS

a) PENHORA DA SEDE – Súmula 451 STJ: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

b) CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA EM CONTRATO DE TRESPASSE:


i. Regra: é implícita. Para que o alienante possa fazer concorrência, portanto, deve haver menção expressa no contrato
de trespasse.
ii. Trespasse/usufruto/arrendamento: em caso de trespasse, a cláusula de não concorrência vale prazo de 5 anos. No
caso de usufruto e arrendamento, a cláusula de não concorrência deve valer enquanto durar o usufruto ou
arrendamento.
iii. Limites: a cláusula é limitada no tempo, usufruto e território.
iv. Fundamentos: não “roubar” a clientela.

c) AVIAMENTO: é o potencial de lucratividade do estabelecimento empresarial. É o sobrevalor dos bens que fazem parte do
estabelecimento. “Sobrevalor” está ligado à expressão “goodwill of a trade”. Há doutrinador que diferencia o aviamento em
objetivo e subjetivo. O aviamento objetivo está relacionado à fama que o próprio negócio possui; enquanto que aviamento
subjetivo se relaciona à fama que o empresário detém no mercado. O aviamento objetivo é muito analisado muitos nos casos de
franquia.
d) SUB-ROGAÇÃO DO CONTRATOS: quando se celebra um contrato de trespasse, é natural que o adquirente do
estabelecimento empresarial queira manter em vigor os contratos que foram celebrados pelo alienante. O art.1148 do CC diz
(em redação confusa) que, havendo trespasse, teremos, como regra, a sub-rogação do adquirente nos contratos celebrados
para a exploração do estabelecimento comercial. Mas o art.1148 excepciona duas hipóteses em que não haverá sub-rogação:
i. Se houver vedação expressa no contrato de trespasse;
ii. Se o contrato tiver caráter pessoal.

No trespasse, há sub-rogação do contrato de locação do estabelecimento? Aqui, há controvérsia. A Lei de Locação diz
que o contrato tem caráter pessoal, mas há doutrina afirmando que há sub-rogação no contrato de locação em razão do
contrato de trespasse, afinal, o contrato de locação é fundamental para viabilizar o contrato de trespasse.

e) CESSÃO DE CRÉDITOS: Art.1149, CC à a cessão de crédito só se dá após a publicação do trespasse, ressalvada a boa-fé do
devedor que pagou ao alienante sem saber do trespasse.

@dicasexconcurseira 14
12. NOME EMPRESARIAL

I. PONTOS IMPORTANTES
a) IDENTIFICA O EMPRESÁRIO: Se a marca identifica produtos ou serviços, o nome empresarial identifica o empresário; e o
título do estabelecimento (vulgarmente chamado de “letreiro”) identifica o ponto empresarial.

b) PROTEÇÃO ESTADUAL: Art.1166, CC – o nome empresarial é protegido apenas no âmbito estadual. Se a marca tiver proteção
em todo o território nacional, ainda assim o nome empresarial só terá proteção no âmbito estadual. Mas ATENÇÃO! É possível
alcançar a proteção do nome empresarial em âmbito nacional. Para tanto, será necessário averbar o nome empresarial em
todas as Juntas Comerciais dos outros estados do Brasil.

c) ALIENAÇÃO:
De acordo com o art.1.164, caput, do CC, o nome empresarial não pode ser alienado. Mas, se você estiver diante de
uma prova discursiva... Será mesmo que que não pode haver a alienação do nome empresarial? Há duas espécies de nome
empresarial: firma e denominação. Há autores que entendem que a firma tem ligação com os direitos da personalidade e, assim,
seria inalienável; enquanto que a denominação teria natureza patrimonial e, portanto, seria alienável. CUIDADO! Isto é
entendimento de doutrina minoritária.

d) ESPÉCIES:
i. FIRMA:
i.1 – FIRMA INDIVIDUAL: espécie de nome empresarial utilizado pelo empresário individual.
i.2 – RAZÃO SOCIAL (ou FIRMA COLETIVA): é a firma utilizada por pessoa jurídica. Ex: Bernardo e Bruno Fotografia Ltda.

ii. DENOMINAÇÃO: ex – Petróleo Brasileiro S.A. A denominação pode ter o nome civil da pessoa, para, por exemplo,
homenageá-la, independentemente dessa pessoa fazer parte ou não da sociedade, ou, ainda, se está viva ou não.

e) PRINCÍPIOS:
i. VERACIDADE;
ii. MORALIDADE: o nome empresarial não pode ofender a moralidade, os bons costumes, a fé e a religião (isto também
se aplica às marcas).
iii. NOVIDADE: o nome empresarial será registrado na Junta Comercial e, a partir daí, ele terá a devida proteção no
território estadual. Devo ter cuidado de verificar se naquela Junta já não há um nome empresarial igual.
DE OLHO NA JURIS! O STJ relativizou o alcance dessa proteção (INFO 426, STJ), admitindo a coexistência de dois nomes
empresariais na mesma Junta Comercial, porque, no caso concreto, não havia possibilidade real de confusão entre os
consumidores e tampouco eles (os empresários) atuavam na mesma atividade.

f) SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (ou SOCIEDADE SECRETA) – arts.991 a 996, CC: no CC/02, não há nenhum
dispositivo que trate do nome empresarial da sociedade em conta de participação. No art.991 do CC, há uma remissão ao
art.1162 do CC, que diz que a sociedade em conta de participação não tem nome empresarial. ISSO CAI MUITO EM PROVA!

DECORE!

EMPRESÁRIO NOME EMPRESARIAL


Empresário Individual Usa firma Individual
Sociedade em nome coletivo e Sociedade em comandita Usam firma coletiva/razão social
simples
Sociedade Anônima Usa sempre denominação
Sociedade Limitada, Sociedade comandita por ações e EIRELI Podem escolher entre firma coletiva ou denominação
Sociedade em conta de participação/sociedade secreta Não tem nome empresarial

g) Art.1.158, §1º, CC: Só quem pode usar o nome empresarial é o administrador da sociedade. Usar o nome empresarial de
forma inadequada faz com que a pessoa tenha responsabilidade pessoal pelo ato.

h) A omissão da expressão “limitada” no nome empresarial da sociedade limitada faz com que o sócio tenha responsabilidade
ilimitada.

Firma ou
@dicasexconcurseira 15
i) LTDA
Ex: LTDA
Denominação

PJ PJ

Ambos os sócios são pessoas jurídicas à Qual o nome empresarial terá esta
sociedade? Apenas poderá ser denominação.

13. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

I. Um pouco de história
a) Caso Bank of United States x Deveaux (EUA, 1809) à foi o 1º caso de desconsideração, onde a Suprema Corte dos EUA
reconheceu a competência da Justiça Federal para julgar o litígio.

Em 1809, nos EUA, já se discutia a Disregard Doctrine. No caso Bank of United States vs. Deveaux, o Juiz Marshall
conheceu da causa, com a intenção de preservar a jurisdição das Cortes Federais sobre as Corporativas, já que a
Constituição Federal Americana, no seu artigo 3º, seção 2ª, limita tal jurisdição às controvérsias entre cidadão de diferentes
estados. A decisão, em si, não foi relevante, visto que foi repudiada pela doutrina da época, mas, já em 1809, as Cortes
levantaram o véu personal e consideraram as características dos sócios individuais. (BOTTAN; ROSLINDO; MOHR,
2000, n. 89, p.26).
Acesso em: http://www.apmeducacao.com.br/arquivos/artigo_cientifico/adv_emp/marcelinodepaula.pdf

Surgiu para fraudar os interesses dos credores da sua


b) Caso Salomon x Salomon CO (Inglaterra, 1897) empresa individual. Houve a desconsideração a
Vale R$ 1 milhão CAPITAL SOCIAL personalidade jurídica apenas na 1ª instância.
DE 400 MIL

ESTABELECIMENTO Mulher
(vestuário/sapataria)
Filho 1

Filho 2 CADA SÓCIO TINHA 1


EMPRESÁRIO PESSOA
INDIVIDUAL JURÍDICA AÇÃO (TOTAL DE 6 AÇÕES)
Filho 3

SALOMON Filho 4
(20 mil ações)
Filho 5
Imóvel (sede da
CREDOR (de R$600 mil) Garantia Real pessoa jurídica)

II. Teorias
a) TEORIA MAIOR: é a regra em nosso ordenamento; exige a prova do abuso da personalidade jurídica, fraude ou confusão
patrimonial + insolvência da pessoa jurídica.

b) TEORIA MAIOR (INFO 356, STJ): é exceção em nome ordenamento; exige apenas a mera inadimplência da pessoa jurídica. É a
teoria adotada no CDC e no direito ambiental.

c) TEORIA INDIRETA: é aplicada quando se quer estender a responsabilidade para outras pessoas jurídicas do mesmo grupo
econômico; mas pode também alcançar pessoas jurídicas de outros grupos econômicos (conforme entendimento do STJ).
É uma construção doutrinária realizada pelo professor Alfredo Lamy Filho. A sociedade mãe (sociedade holding)
controla diversas outras sociedades/pessoas jurídicas. Cada uma das pessoas jurídicas controladas terão personalidade jurídica
própria (há separação societária formal; mas, na essência, essas pessoas jurídicas constituem uma unidade), cada uma
exercendo uma atividade específica.

@dicasexconcurseira 16
(AgRg no REsp 1374488/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma, Julg. 07/08/2014, DJe 15/08/2014)
4. O Tribunal de origem reconheceu que o magistrado não agiu de ofício e que era legítima a desconsideração da personalidade
jurídica, visto os indícios de formação de grupo econômico com finalidade ilícita. A revisão do entendimento firmado
demandaria reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é inviável em recurso especial, sob pena de violação da
Súmula 7/STJ. (...)

INFORMATIVO 480 DO STJ. REsp 1259.018/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, Julg: 09/08/2011, DJe 25/08/2011.
(...) 1. Em situação na qual dois grupos econômicos, unidos em torno de um propósito comum, promovem uma cadeia de
negócios formalmente lícitos mas com intuito substancial de desviar patrimônio de empresa em situação pré-falimentar, é
necessário que o Poder Judiciário também inove sua atuação, no intuito de encontrar meios eficazes de reverter as manobras
lesivas, punindo e responsabilizando os envolvidos. (...)

2. É possível ao juízo antecipar a decisão de estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas na hipótese em que,
verificando claro conluio para prejudicar credores, há transferência de bens para desvio patrimonial. Inexiste nulidade no
exercício diferido do direito de defesa nessas hipóteses. (...)

3. A extensão da falência a sociedades coligadas pode ser feita independentemente da instauração de processo autônomo. A
verificação de existência de coligação entre sociedades pode ser feita com base em elementos fáticos que demonstrem a efetiva
influência de um grupo societário nas decisões do outro, independentemente de se constatar a existência de participação no
capital social. (...)

4. Na hipótese de fraude para desvio de patrimônio de sociedade falida, em prejuízo da massa de credores, perpetrada
mediante a utilização de complexas formas societárias, é possível utilizar a técnica da desconsideração da personalidade
jurídica com nova roupagem, de modo a atingir o patrimônio de todos os envolvidos. (...)

INFORMATIVO 513 DO STJ


(...) Nessa hipótese, a extensão dos efeitos da falência às sociedades integrantes do mesmo grupo da falida encontra respaldo
na teoria da desconsideração da personalidade jurídica, sendo admitida pela jurisprudência firmada no STJ. AgRg no REsp
1.229.579-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/12/2012.

INFORMATIVO 480, 364, 356 e 195

à É SUFICIENTE A ALEGAÇÃO DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE, PAR APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO?

(REsp 1241.873/RS, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, 3ª Turma, Julg. Em 10/06/2014, DJe 20/06/2014)
(...) 1. A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica para excepcionar a regra legal que consagra o
princípio da autonomia da pessoa coletiva requer a comprovação de que a personalidade jurídica esteja servindo como
cobertura para abuso de direito ou fraude nos negócios e atos jurídicos. (...)

2. O encerramento da empresa, com declaração de inexistência de passivo, porém na pendência de débito inadimplido, quando
muito, pode configurar dissolução irregular, o que é insuficiente, por si só, para a aplicação da teoria da disregard doctrine.
Precedentes. (...)

(AgRg no AREsp 489.914/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, Julg. Em 24/04/2014, DJe 29/04/2014)
(...) 1. A mera demonstração de insolvência da pessoa jurídica ou a dissoluçõa irregular da empresa sem a devida baixa na Junta
Comercial, por si sós, não ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. (...)
2. Discute-se se o encerramento irregular da sociedade empresária, que não deixou bens suscetíveis de penhora, por si só,
constitui fundamento para a desconsideração da personalidade jurídica. (...) 5. A dissolução irregular da sociedade não pode ser
fundamento isolado para o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, mas, aliada a fatos concretos que permitam
deduzir ter sido o esvaziamento do patrimônio societário ardilosamente provocado de modo a impedir a satisfação dos
credores em benefício de terceiros, é circunstância que autoriza induzir existente o abuso de direito, consubstanciado, a
depender da situação fática delineada, no desvio de finalidade e/ou na confusão patrimonial. (...)

à É NECESSÁRIO CITAR O SÓCIO PARA APLICAR A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO? De acordo com o art.135 do CPC/15, é
necessário realizar a CITAÇÃO. De acordo com precedentes mais antigos do STJ, bastaria a intimação. Este entendimento deve
ser revisto, após o CPC/15.

@dicasexconcurseira 17
INFORMATIVO 501 DO STJ
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INTIMAÇÃO DO SÓCIO – RESP 1.096.604-DF.
A Turma, por maioria, entendeu pela desnecessidade da citação do sócio para compor o polo passivo da relação processual, na
qual o autor/recorrido pediu a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa, haja vista o uso
abusivo da sua personalidade e a ausência de bens para serem penhorados. In casu, o recorrido entabulou contrato particular
de compromisso de compra e venda de imóvel com a construtora recorrente, porém, apesar de cumprir a sua parte no contrato,
não recebeu a contraprestação. (...)
(...) No entendimento da douta maioria, é suficiente a intimação do sócio da empresa, ocasião em que será oportunizada a sua
defesa, ainda mais quando o processo encontra-se na fase de cumprimento de sentença, onde o recorrente fará juz à ampla
defesa e ao contraditório, pois, poderá impugnar o pedido ou oferecer exceção de pré-executividade*.

* Se estou na fase de cumprimento de sentença e aplico a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, o sócio pode se
defender via impugnação ou exceção de pré-executividade. Professo Juan Vazquez: O sócio não poderia se defender por
embargos de terceiro? Não, porque o STJ tem entendimento firme de que quando há desconsideração da personalidade
jurídica, o sócio passa a ser parte no processo (quem é parte não é terceiro). Esse entendimento do STJ, à época, era meio
contraditório, pois o STJ entendia que bastava a “intimação” do sócio e, ao mesmo tempo, afirmava que ele era parte (mas,
quem é parte deve ser citado). Agora, com o CPC/15, definitivamente se entende que o sócio deve ser citado e é parte.

CPC/15, Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas
cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

à A DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA É ADMITIDA NO DIREITO BRASILEIRO? Sim, conforme art.133,
§2º, do CPC/15.

CPC/15, ART.133, §2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

à A DESCONSIDERAÇÃO PODE SER APLICADA DE OFÍCIO?

CPC/15, Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério
Público, quando lhe couber intervir no processo.

De acordo com o CPC/15, não pode ser instaurado de ofício, mas somente a pedido da parte ou do MP.

Mas veja esse precedente do TJ/SP:

TJSP: Plano de saúde. Ilegitimidade passiva. Embora seja pessoa jurídica diversa da administradora do contrato de saúde do
autor, pertence ao mesmo grupo econômico e pode ser demanda em nome dela. Desconsideração da personalidade jurídica
que pode ser determinada de ofício. Inexistência de julgamento extra petita. Interesse de agir presente. Farta documentação
que comprova a necessidade do autor do medicamento para tratamento coberto pelo contrato no período em que a apelante
era responsável pelo reembolso. Obrigação bem reconhecida. Recurso improvido. (Apelação Cível 551.954-4/1)

Para estender a falência, a jurisprudência do STJ admite a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica
de ofício. Mas o fato é que, nos termos do art.50 do CC, a desconsideração não pode ser aplicada de ofício, dependendo de
requerimento da parte ou do MP, conforme art.133 do CPC/15.

à A DESCONSIDERAÇÃO ESTÁ SUJEITA A PRAZO? STJ: Não. A desconsideração da personalidade jurídica é um direito potestativo
do credor de requerer a declaração de desconsideração. Direito potestativo se submete a prazo decadencial. Mas quando o
prazo decadencial não está previsto em lei, não há prazo para o exercício do direito potestativo.

INFORMATIVO 468 STJ


RESP 1.180.191-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Julgado em 05/04/2011
(...) A Turma conheceu parcialmente do recurso, mas lhe negou provimento, consignando, entre outros fundamentos, que, no
caso, a desconsideração da personalidade jurídica é apenas mais uma hipótese em que não há prazo – decadencial, se
existisse – para o exercício desse direito potestativo. À míngua de previsão legal, o pedido de desconsideração da
personalidade jurídica, quando preenchidos os requisitos da medida, poderá ser realizado a qualquer momento.

@dicasexconcurseira 18
à EXISTE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA EM FAVOR DO SÓCIO?
Imaginem uma sociedade LTDA, que é titular de um imóvel. A LTDA tem dois sócios: Bento e Bruno, que são irmãos e
residem neste imóvel que é da pessoa jurídica. Há uma dívida tributária e a Fazenda Pública promove uma execução fiscal em
face da pessoa jurídica e, nesta execução fiscal, solicita a penhora desse imóvel.
A jurisprudência do STJ construiu uma linha de raciocínio no sentido de que este imóvel não poderia ser objeto de
penhora à luz do art.1º da Lei 8.009/90, ou seja, o imóvel é considerado bem de família. Está-se diante de uma entidade familiar.

à A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PODE SER APLICADA QUANDO SE ESTIVER DIANTE DE UMA
FUNDAÇÃO/ASSOCIAÇÃO/COOPERATIVA?
Existem inúmeros acórdãos que dizem que o art.50 do CC em nenhum momento impede a aplicação da teoria da
desconsideração a estas pessoas.
À cooperativa, com muito mais razão, a teoria da desconsideração deve ser aplicada, pois a cooperativa é uma
sociedade (“sociedade cooperativa”).

à É POSSÍVEL A APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?


A Administração Pública pode aplicar a teoria da desconsideração independentemente da intervenção do Poder
Judiciário. Para tanto, deve instaurar procedimento administrativo com ampla defesa e contraditório. O STJ acolheu este
posicionamento. O caso foi o seguinte: há uma sociedade LTDA, cujos sócios são Bento e Bruno. Esta LTDA venceu uma licitação
e depois foi declarada inidônea para contratar com o Poder Público. Os sócios, então, constituíram uma outra pessoa jurídica
(ex: LTDA 2), com os mesmos sócios, empregados, endereço. Pergunta: esta LTDA 2 pode participar de licitação? Não. A
Administração Pública, por meio da teoria da desconsideração, pode estender a sanção à LTDA 2 + princípio da supremacia do
interesse público + princípio da moralidade.

@dicasexconcurseira 19
14. PROPRIEDADE INDUSTRIAL
[Lei 9.279/96 – Lei de Propriedade Industrial (LPI)]

Objetivos da Lei de Propriedade Industrial


i. Tutelar os bens de propriedade industrial - que são considerados bens móveis (art.5º, LPI) -, quais sejam:
* marca (se submete a registro);
* desenho industrial (se submete à registro);
* invenção (se submete à patente) e
* modelo utilidade (se submete à patente).

ii. Repressão à:
* concorrência desleal;
* falsas indicações geográficas (ex: só posso dizer que é champagne se for originário da região de champagne da
França).

Bens de Propriedade Industrial

a) MARCA (art.122 e segs. da LPI)


i. Conceito: sinal visualmente* perceptível que possa permitir distinguir um produto ou serviço de outro.
* Não se pode, por exemplo, registrar uma marca sonora. Existem outras formas de se proteger um “som” (através, por
exemplo, do instituto da concorrência desleal).

ii. Classificação
a) Marca nominativa ou figurativa;
b) Marca mista (nome + figura);
c) Marca tridimensional.

iii. Espécies
a) Marca de produtos ou serviços;
b) Marca de certificação;
c) Marca coletiva.

CAIU EM PROVA! TJ/RJ – 2014 – VUNESP


60. A marca usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas e especificações técnicas,
notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada, nos termos da lei, é considerada
marca:
a) de certificação;
b) de conformidade;
c) coletiva;
d) de produto ou serviço.

MARCA FIGURATIVA MARCA NOMINATIVA MARCA MISTA MARCA TRIDIMENSIONAL

MARCA DE PRODUTOS MARCA DE SERVIÇOS MARCA COLETIVA


Indica que o
produto/serviço está
vinculado ou tem como
origem determinado
ente coletivo

@dicasexconcurseira 20
MARCA DE CERTIFICAÇÃO

Atesta a qualidade
do produto ou
serviço

iv. Princípios
• Princípio da Licitude: a marca tem que respeitar regras quanto à moralidade, fé, religião, étnica, cor e raça.

• Princípio da Disponibilidade: a marca deve estar disponível para ser objeto de registro. Se já houver uma marca
registrada na mesma classe, haverá impedimento.
• Princípio da Territorialidade: uma vez registrada, a marca terá proteção em todo o território nacional. Exceção: marca
notoriamente reconhecida (art.126, LPI), a qual tem proteção independentemente de estar ou não registrada no Brasil,
em razão da Convenção de Paris do qual o Brasil é signatário.
CUIDADO! Existem também as marcas de fato, que são aquelas já utilizadas pelo seu titular sem que este a tenha
registrado. Neste caso, o titular terá a sua marca protegida pelo instituto da concorrência desleal (e não pelo instituto
da “marca”, já que não houve registro). É crime usar marca alheia, registrada ou não.

• Princípio da Especialidade: é o princípio mais importante de todos! A proteção da marca se dá na classe. Exceção:
marca de alto renome/notória. Para ser uma marca de alto renome, tem que haver reconhecimento (que tem efeito ex
nunc, ou seja, não retroativo) dessa qualificação especial pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Se
você tiver uma marca de alto renome, terá proteção em todas as classes.

REVISTA VEJA (classe 11) PRODUTOS DE LIMPEZA VEJA (classe 3)

INFORMATIVO 517 DO STJ (Marca de Alto Renome)


REsp 1.162.281-RJ
É legítimo o interesse do titular de uma marca em obter o INPI, pela via direta, por uma declaração geral e abstrata de que sua
marca é de alto renome. A denominada “marca de alto renome”, prevista no art.125 da Lei de Propriedade Industrial, consiste
em um temperamento do princípio da especialidade, pois confere à marca proteção em todos os ramos de atividade. Tal
artigo não estabeleceu os requisitos necessários à caracterização do alto renome da marca, de modo que a regulamentação do
tema ficou a cargo do INPI. [...]

INFORMATIVO 505 DO STJ


DIREITO EMPRESARIAL. PROTEÇÃO DE MARCA NOTÓRIA. EFEITOS EX NUNC.
A proteção de marca notória registrada no INPI produz efeitos ex nunc, não atingindo registros regularmente constituídos em
data anterior. O direito de exclusividade ao uso da marca em decorrência do registro no INPI, excetuadas as hipóteses de
marcas notórias, é limitado à classe para a qual foi deferido, não abrangendo produtos não similares, enquadrados em outras
classes. [...]

INFORMATIVO 484 DO STJ


USO. MARCA. RAMOS COMERCIAIS DISTINTOS. POSSIBILIDADE.
REsp 1.262.118-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 4/10/2011.
Trata-se, na origem, de ação indenizatória por perdas e danos objetivando, em síntese, a abstenção de uso de marca comercial
em razão da ocorrência de prática de concorrência desleal. Nas instâncias ordinárias, não houve comprovação de que a marca
detinha proteção especial por ser de alto renome, uma vez inexistente manifestação do INPI nesse sentido. [...] Nesse caso, a
marca foi registrada por sociedade empresária cujo objeto social é gestão de planos de saúde e hospitais, bem como por
sociedade empresária para fazer referência a produtos de higiene doméstica, tais como sabão em pó, detergente, alvejante de
roupa, dentre outros.

@dicasexconcurseira 21
[...] Os ramos comerciais em que atuam são, portanto, distintos. Logo, como a utilização da marca refere-se a diferentes
classes de produtos, a Turma entendeu que não há colidência de marcas capaz de gerar dúvida no consumidor, motivo que
leva a convivência pacífica do uso da marca pelas duas sociedades empresárias.

Marca de Alto Renome Marca Notoriamente Conhecida (Marca de Fato)


O STJ chama também de “marca notória”. Tem proteção, no seu ramo de atividade,
Deve estar registrada no INPI como marca de alto renome. independentemente de estar previamente registrada no
É exceção ao princípio da especificidade, pois tem proteção INPI.
em todas as classes.

v. Não se registra marca genérica ou vulgar (art.124, VI, LPI). Ex: registrar a marca “pizza” não pode; mas “pizza hut” pode.
De acordo com o inciso VI do art.124 da LPI, não são registráveis como marca: “sinal de caráter genérico, necessário,
comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado
comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e
época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva*”.

“Porta pronta” é genérico,


mas o seu layout/design a
diferenciou suficientemente.

INFORMATIVO 477 DO STJ


INPI. LIMITAÇÃO. REGISTRO. MARCA INDUSTRIAL MISTA.
Após a análise doutrinária da questão, no caso dos autos, o Min. Relator esclarece que a recorrente pretende obter
exclusividade sobre o uso da marca de palavras comuns desprovido de origem que, isolada ou conjuntamente, descreve o
produto comercializado. Assim, o acolhimento de tal pretensão acabaria por criar monopólio indevido, pois os concorrentes
ficariam impedidos de anunciar a comercialização de portas prontas, o que é vedado pelo art.124 da LPI. Diante do exposto, a
Turma negou provimento ao recurso. Precedente citado: REsp 1.166.498-RJ, DJe 30/3/2011. REsp 1.039.011-RJ, Rel. Min. Sidnei
Beneti, julgado em 14/6/2011.

INFORMATIVO 526 DO STJ


DIREITO EMPRESARIAL. MITIGAÇÃO DA EXCLUSIVIDADE DECORRENTE DO REGISTRO NO CASO DE MARCA EVOCATIVA.
Ainda que já tenha sido registrada no INPI, a marca que constitui vocábulo de uso comum no segmento mercadológico em que
se insere – associado ao produto ou serviço que se pretende assinalar – pode ser utilizada por terceiros de boa-fé. Com efeito,
marcas evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade, atraem a mitigação da regra de
exclusividade decorrente do registro, possuindo um âmbito de proteção limitado. [...]
[...] Isso porque o monopólio de um nome ou sinal genérico em benefício de um comerciante implicaria exclusividade
inadmissível a favorecer a detenção e o exercício do comércio de forma única, com prejuízo não apenas à concorrência
empresarial – impedindo os demais industriais do ramo de divulgarem a fabricação de produtos semelhantes através de
expressões de conhecimento comum, obrigando-os ao domínio público -, mas sobretudo ao mercado geral, que teria
dificuldades para identificar produtos similares aos do detentor da marca.
[...] Nesses casos, expressões que, a rigor, não deveriam ser admitidas como marca – por força do óbice contido no art.124,
VI, da LPI – acabam sendo registradas pelo INPI, ficando sujeitas a terem sua exclusividade mitigada. Precedente citado: REsp
1.166.498-RJ, Terceira Turma, DJe 30/3/2011. REsp 1.315.621-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2013.

vii. Proteção
• Depende do registro no INPI, pois nosso sistema é atributivo;
• Sistema Atributivo: só tem direito exclusivo da marca se houver registro;
• A proteção dura 10 anos, a partir da concessão do registro, podendo ser renovado sucessivamente;
• Direito de precedência: utilização por 6 meses e boa-fé (art.129, §1º, LPI). Garante àquele que utiliza a marca (sem o
registro) há 6 meses e de boa-fé a prioridade para o registro da marca em relação a outra pessoa que requer
primeiramente o registro.
INFORMATIVO 481 DO STJ

@dicasexconcurseira 22
MARCA. DEPÓSITO. INPI. PENDÊNCIA. REGISTRO.
REsp 1.032.104-RS
Discute-se no REsp se o depósito da marca junto ao INPI confere ao depositante o direito à sua proteção independentemente do
registro. [...] A Turma entendeu que o acórdão recorrido violou o art.130, III, da LPI, que é expresso em conferir também ao
depositante – e não apenas ao titular do registro da marca – o direito de “zelar pela sua integridade material ou reputação”.
[...] O registro da marca como notória, ao afastar o princípio da especialidade, confere ao seu titular proteção puramente
defensiva e acautelatória, a fim de impedir futuros registros ou uso por terceiros de outras marcas iguais ou parecidas, não
retroagindo para atingir registros anteriores. Precedente citado: REsp 246.652-RJ, DJ 16/4/2007. AgRg no REsp 1.163.909-RJ, Rel.
Min. Massami Uyeda, julgado em 2/10/2012.

vii. Extinção (art.142, LPI)


A extinção se dá:
1 – Com o término do prazo de duração (que é de 10 anos, renováveis). Se o titular não requerer a renovação, extingue-
se a proteção da marca;
2- Renúncia;
3 – Caducidade (art.143, LPI). O INPI concede o registro da marca, sendo que você tem que dar aplicação industrial à
marca, explorá-la em até 5 anos. Se não explorar a marca dentro deste prazo, haverá caducidade e o titular vai perder o direito
ao uso exclusivo da marca. Exceção: você pode demonstrar um motivo justo para não ter iniciado a exploração da marca.

INFORMATIVO 480 DO STJ


MARCA. REGISTRO. CADUCIDADE. EFEITOS.
Trata-se de embargos de divergência em que a questão é definir quais os efeitos do cancelamento de registro de marca
industrial por ausência de uso (caducidade), nos termos do art.142, III, da LPI. A Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria,
acolheu os embargos ao reconhecer os efeitos prospectivos (ex nunc) da declaração de caducidade do registro da marca
industrial. [...] Precedente citado do STF: ADI 2.240-BA, DJ 3/8/2007; do STJ: REsp 330.175-PR, DJ 1º/4/2002. EREsp 964.780-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgados em 10/8/2011.

A degeneração de uma marca pode acarretar a extinção do direito sobre uma marca? Segundo o STJ, sim. Segundo o
INP, não.
• A degeneração ocorre quando uma marca se torna muito famosa, a ponto de substituir o próprio produto em si, como
é o caso da lâmina de barbear que é confudida como Gillete, embora essa seja apenas uma marca representativa do
produto.
• A degeneração representa a perda da capacidade distintiva da marca (Tomazette).
• O INPI entende que a degeneração da marca não gera a sua extinção, mantendo tais registro.
• O INPI, certamente, não deve aceitar o registro de uma marca genérica, mas não há nada na LPI sobre a questão da
degeneração da marca.
• Dênis Barbosa entende que a degeneração acarreta a perda do objeto do direito, não sendo protegida judicialmente. É
a corrente adotada pelo STJ (REsp 242.083-RJ – “TICKET”).

viii. Nulidade
• Nulidade Administrativa: instaurado de ofício pelo INPI ou a requerimento de qualquer interessado (180 dias da
concessão). Prazo de defesa: 60 dias (art.170, LPI).

• Nulidade Judicial:
* Legitimidade: INPI ou qualquer interessado.
* Prazo de defesa: 60 dias (art.173, LPI).
* Competência: Justiça Federal (art.175, LPI), com intervenção do INPI.
* Prazo: 5 anos (art.174, LPI), salvo se houver alegação de má-fé (art.225, LPI).

ix. Pedido Indenizatório


• Marca de Fato: deve ser objeto de proteção, com a finalidade de evitar a concorrência desleal (art.195, LPI).
• Prazo de Defesa: 15 dias (CPC).
• Competência: Justiça Estadual.
@dicasexconcurseira 23
• Prazo: 5 anos (art.225, LPI).
• Cumulação de pedido indenizatório com pedido de nulidade: não se admite (INFO 519 do STJ). Afinal, cada pedido tem
um juízo competente.

INFORMATIVO 519 DO STJ


DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CUMULAÇÃO DO PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCÁRIO COM O
DE REPARAÇÃO DE DANOS.
É indevida a cumulação, em um mesmo processo, do pedido de reconhecimento de nulidade de registro marcário com o de
reparação de danos causados por particular que teria utilizado indevidamente marca de outro particular. Tendo em vista o
disposto no art.109, I, da CF, a análise do pedido anulatório é de competência da Justiça Federal, pois há interesse do INPI (que
é uma autarquia federal). [...]
[...] A lide reparatória, entretanto, não envolve a entidade autárquica federal, cuidando-se de demanda entre particulares, cuja
apreciação compete à Justiça Estadual. Desse modo, não é possível a cumulação de pedidos, porquanto, na forma do artigo 292,
§1º, II, do CPC, esta só é possível na hipótese em que o mesmo juízo é competente para de todos conhecer. REsp 1.188.105-RJ,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/3/2013.

INFORMATIVO 525 DO STJ


O termo inicial do prazo prescricional de 5 anos (art.225, LPI) para pleitear indenização pelo prejuízos decorrentes do uso da
marca industrial que imite outra preexistente, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia registrada (art.124,
XIX, LPI), é a data da violação do direito à propriedade industrial e se renova enquanto houver o indevido uso. Isso porque o
prazo prescricional começa a correr tão logo nasça a pretensão, a qual tem origem com a violação do direito subjetivo – o direito
de propriedade industrial. [...]
[...] Ademais, considerando que a citada violação é permanente, enquanto o réu continuar a utilizar marca alheia registrada,
diariamente o direito será violado, nascendo nova pretensão indenizatória, motivo pelo qual não há como reconhecer que a
pretensão do autor estava prescrita quando do ajuizamento da demanda. REsp 1.320.842-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 14/5/2013.

à Conflito entre “nome empresarial” e “marca”


Se um nome empresarial e uma marca de titulares diferentes estiverem em conflito, como solucioná-lo à luz do
entendimento do STJ? A LPI, no art.124, diz que não pode ser registrada como marca algo que gere violação de um nome
empresarial já devidamente registrado. Porém, não se pode fazer uma interpretação literal desse dispositivo.
Ex: “A” é titular do nome empresarial “X” (proteção estadual).
“B” pretende o registro da marca “X” (proteção nacional, por classe, em regra).
O art.124, LPI, impede o registro de uma marca que ofenda um nome empresarial.
Lembre: o nome empresarial tem proteção estadual. Daí, seria desproporcional proibir “B” de registrar a marca “X”, já
que o nome empresarial “X” só tem proteção, por exemplo, no Rio de Janeiro. E a marca tem proteção nacional. O STJ (no
Informativo 464) disse que só se impediria o registro da marca, neste exemplo, se o nome empresarial de “A” tiver proteção em
todo o território nacional. Você ainda tem que lembrar de uma coisa: às vezes, o nome empresarial está registrado na Junta
Comercial do Rio de Janeiro e averbado em todos os outros cartórios do país (adquirindo proteção em âmbito nacional), mas
ainda assim se deve analisar em que ramo de atividade atua este nome empresarial. Se não atuar no mesmo ramo da marca,
não há conflito e a marca poderá ser registrada.
O STJ tem considerado que se a marca já existe (está registrada) e se há um nome empresarial também registrado, se a
marca for de alto renome, ela irá prevalecer. Se não for de alto renome, analisa-se se atuam no mesmo ramo. Se não for do
mesmo ramo, não há conflito. Se for do mesmo ramo, resolve-se pelo princípio da anterioridade.

b) INVENÇÃO E MODELO DE UTILIDADE

LPI, Art.8º, É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial*.

LPI, Art.9º, É patenteável como modelo utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que
apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabrição.

OBS: o modelo utilidade é também chamado de “pequena invenção”.

* Novidade, atividade inventiva e aplicação industrial são requisitos de patenteabilidade também aplicáveis ao modelo utilidade.

@dicasexconcurseira 24
i. Invenção: é um bem (móvel) imaterial, produto do engenho humano, resultado de atividade inventiva e suscetível de
aplicação industrial. OBS: todos os bens de propriedade industrial são considerados bens móveis.

ii. Descoberta: não se confunde com a invenção, pois a descoberta seria uma revelação da natureza e a invenção é fruto da arte
intelectual do ser humano.

iii. Garantia constitucional: é considerado direito fundamental pela CF, conforme art.5º, XXIX.

iv. Requisitos de Patenteabilidade (art.8º, LPI):


1 – Novidade:

* Novidade Absoluta: para que seja possível conceder uma patente, é necessário que não esteja compreendido no
“Estado da Técnica”, ou seja, exige-se um desconhecimento dos cientistas ou pesquisadores acerca daquilo que se pretende
obter a carta patente. Assim, a novidade tem que ser absoluta.

* Estado da Técnica: abrange todos os conhecimentos difundidos no meio científico, acessível a qualquer pessoa e
reivindicados pelo depositante, ou seja, tudo o que foi tomado acessível ao público no Brasil e no mundo.

* Exceções (quando haverá divulgação, mas, mesmo assim, protegeremos a novidade):


- Período de Graça (art.12, LPI): divulgação feita pelo inventor, INPI ou terceiros (através do inventor), nos 12 meses
anteriores ao depósito. O inventor fez o pedido e, nos 12 meses anteriores ao depósito (quando aceitarem patentear), houve
divulgação: isso é o chamado período de graça.

- Prioridade “externa” (art.16, LPI): direito de registrar patentes em outros países unionistas em até 12 meses do
depósito. A prioridade externa serve para garantir ao inventor brasileiro a proteção da sua invenção no exterior, desde que o
outro país seja signatário da Convenção da União de Paris.

- Prioridade interna (art.17, LPI): depósito no Brasil sem prioridade (externa) e publicação. Prazo de 1 ano para o
mesmo requerente ou seus sucessores.

2 – Atividade Inventiva:

Conceito de Atividade Inventiva: a invenção não poderá decorrer de maneira óbvia de simples conhecimentos constantes do
estado da técnica.

Inventividade: deve-se demonstrar que a criação intelectual traz uma vantagem que até então não existia. Não poderia ser
simplesmente uma reprodução daquilo que já se encontra no Estado da Técnica.

Critérios empregados para verificação da inventividade:


* Diminuição de custos de produção;
* Simplificação no processo de fabricação;
* Aumento de eficiência.

3 – Aplicação Industrial;

Conceito: a invenção deverá ter um efeito técnico e prático que represente instrumentos aptos a satisfazer as necessidades da
sociedade de consumo.
OBS: criação meramente artística não pode ser patenteada, pois não terá produção industrial.

CUIDADO! A aplicação econômica não está relacionada apenas ao setor industrial. Portanto, a expressão “aplicação industrial”
tem sentido amplo, incluindo a prestação de serviços. O que importa é a satisfação dos interesses da sociedade de consumo.

4 – Exclusões e Proibições (não vai poder conceder patente de invenção ou de modelo utilidade):
4.1. Exclusões (art.10, LPI): A LPI exclui determinadas criações do regime de patentes, quais sejam:
a. DESCOBERTAS: reconhecimento de algo que já existe (é revelação da natureza);
b. TEORIAS CIENTÍFICAS: a teoria da relatividade não poderia ser objeto de uma patente, até por ser fruto de uma
descoberta e não existir aplicação industrial.
c. MÉTODO MATEMÁTICO: o teorema de Pitágoras, de igual forma, também seria fruto de uma descoberta.

@dicasexconcurseira 25
d. CONCEPÇÕES PURAMENTE ABSTRATAS: falta de aplicação industrial.
e. ESQUEMAS, PLANOS, MÉTODOS COMERCIAIS, CONTÁBEIS, FINANCEIROS, EDUCATIVOS, PUBLICITÁRIOS, SORTEIO E
FISCALIZAÇÃO: falta de aplicação industrial;
f. OBRAS LITERÁRIAS, ARQUITETÔNICAS, ARTÍSTICAS E CIENTÍFICAS: proteção do direito autoral;
e. PROGRAMAS DE COMPUTADOR: proteção pela Lei 9.609/1998;
h. REGRAS DE JOGO: a regra de jogo não possui aplicação industrial e nem são protegidas pelo direito autoral (art.8º, II,
da Lei 9.610/1998);
i. TÉCNICAS E MÉTODOS OPERATÓRIOS: opção do legislador;
j. TODO OU PARTE DE SERES VIVOS E MATERIAIS BIOLÓGICOS: a princípio, não passaria de uma descoberta, contudo, há
entendimento no sentido de que se o processo de obtenção desses seres ou material biológico for não natural, poderia ser
concedida a patente.

ATENÇÃO! Este art.10 cai muito em prova!

4.2. Proibições (art.18, LPI): A LPI proíbe determinadas criações do regime de patentes:
a. VIOLAÇÕES À MORAL, À SAÚDE, À SEGURANÇA, À ORDEM: opção do legislador;
b. SUBSTÂNCIA, MATÉRIAS, MISTURAS, ETC: são criações da natureza, e não do intelecto humano;
c. TODO OU PARTE DE SERES VIVOS: a princípio, estaríamos diante de algo que já existe e não seria fruto do intelecto
do ser humano, mas a lei excepciona os microorganismos transgênicos que atendem aos requisitos de patenteabilidade e não
sejam fruto de mera descoberta, admitindo-se, assim, a concessão da patente.

v. Proteção e Vigência das Patentes


v.i. Sistema Atributivo: a proteção da invenção depende da concessão do registro, mas os seus efeitos retroagem à data do
depósito. OBS: lembre-se que a proteção da marca não retroage (tem efeito ex nunc).

v.ii. Prazos: Art.40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 anos e a de modelo utilidade pelo prazo de 15 anos
contados da data do depósito.
Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 anos para a patente de invenção e a 7 anos para a patente de
modelo utilidade, a contar da data da concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de
mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior.

SE LIGA! Primeiro, vem o depósito da invenção ou modelo utilidade; depois, vem a concessão do registro.

a) 20 anos: contados da data


do depósito.
INVENÇÃO (Art.40 e
p.u) ATENÇÃO! Os
b) 10 anos: nao pode ser
inferior a 10 anos, contados prazos de proteção
da data da concessão. da patente NÃO
são prorrogáveis!
Prazos CUIDADO! A
a) 15 anos: contados da data proteção da marca
do depósito.
é prorrogável.
MODELO DE
UTILIDADE (Art.40 e
p.u.) b) 7 anos: nao poderá ser
inferior a 07 anos, contados
da data da concessão.

v.iii. Cessão e Licenças Voluntárias: por se tratar de bem móvel, a patente pode ser objeto de negócios, podendo ser cedida
pelo seu titular, transferindo-se a propriedade a terceiros ou, se preferir, poderá manter a titularidade, licenciando-a (aplicam-
se as regras da locação de coisa móvel).
Cessão à transferência da patente a terceiro.
Licença voluntária à mantém a titularidade da patente (aplica-se as regras da locação de coisa móvel).

@dicasexconcurseira 26
v.iv. Licença Compulsória: a LPI reprime a utilização abusiva da patente, determinado a licença compulsória, nos seguintes
casos:
* Exercício abusivo da patente;
* Abuso do poder econômico;
* Situação de abuso pelo titular para inviabilizar sua comercialização;
* Emergência nacional ou interesse público.

PATENTE REALZADA PELO


EMPREGADO:
Vai pertencer ao empregado,
empregador ou será de uso
comum?

Art.88 da LPI
Art.88, §1º, LPI Art.88, §2º, LPI
Brasil e decorre do contrato
de trabalho (o contrato é Remuneração do Extinção do contrato de
específico para a finalidade empregado trabalho
de criar um invento)

Em regra, pertence ao
Pertencerá exclusivamente Salvo cláusula em contrário, empregador, se solicitado
ao empregador limita-se ao salário. até 1 ano após a extinção
do contrato.

PATENTE REALZADA PELO


EMPREGADO

Art.89, LPI
Art.90, LPI
Concessão de remuneração Art.91, LPI
ao empregado Pertence exclusivamente
Propriedade comum
(remuneração adicional ao ao empregado
empregado)

A criação se deu Contribuição do empregado +


Art.89, p.u. LPI: não desvinculada do seu
incorpora o salário meios de produção/criação
trabalho e sem recursos, do empregador, salvo
meios, etc do empregador disposição em contrário

@dicasexconcurseira 27
PATENTE REALZADA PELO
EMPREGADO

Art.91, §3º, LPI Art.92, LPI


Art.93, LPI
Efetiva exploração da Estas regras também se
Também se estende:
patente pelo empregador aplicam aos:

- estagiários
Dentro de 1 ano da
- autônomo e empresa - entidades da Administração
concessão, sob pena de
Pública
passar para o empregado - contratante e contratada

é REGISTRADO Forma plástica ornamental


Produto Resultado Novo e
c) DESENHO INDUSTRIAL
original na
Conjunto ornamental de linhas e cores sua
configuração
extena

LPI, Art.95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e
cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que
possa servir de tipo de fabricação industrial.

DESENHO INDUSTRIAL

i. Requisitos:
1 – Novidade absoluta: para que seja possível conceder um registro de desenho industrial, é necessário que não esteja
compreendido no “Estado da Técnica”, ou seja, exige um desconhecimento dos cientistas ou pesquisadores acerca daquilo que
se pretende obter o registro. Exceção: a. Período de Graça – divulgação feita pelo autor, INPI ou terceiros (através do inventor)
nos 180 dias anteriores ao depósito.

2 – Originalidade: para que seja possível conceder um registro de desenho industrial, é necessário que haja uma configuração
visual nova e que seja distinta das já existentes, excluídas as obras de caráter exclusivamente artístico.
@dicasexconcurseira 28
3 – Aplicação industrial: para que seja possível conceder um registro de desenho industrial, é necessário que haja aplicação
industrial.

4 – Legalidade: para que seja possível conceder um registro de desenho industrial, é necessário que se observe as restrições
contidas no art.100, LPI.

ii. Prazos de Proteção:


i.1. Mínimo: 10 anos de proteção a partir da concessão do registro.
i.2. Prorrogação: máximo de 3 períodos de prorrogação por 5 anos cada, totalizando o prazo máximo de proteção, já contando
com o inicial, de 25 anos.
10 + 5 + 5 + 5 = 25 anos.

iii. Extinção do Registro


Se dará nas seguintes hipóteses:
* Expiração do prazo de vigência;
* Renúncia;
* Falta de pagamento da retribuição (arts.108 e 120, LPI);
* Inobservância do art.217 da LPI (ausência de procurador para aquele que é titular de desenho industrial e residente
no exterior).

JURISPRUDÊNCIAS SOBRE PROPRIEDADE INDUSTRIAL


A prescritibilidade do direito de alegar a nulidade de registro de marca, conforme previsto no art. 174 da Lei nº 9.279/96, não
pode ser afastada por meio de aplicação da teoria dualista das nulidades
O art. 174 da Lei nº 9.279/96 preconiza que: “prescreve em 5 (cinco) anos a ação para declarar a nulidade do registro, contados
da data da sua concessão”. Mesmo que se alegue que o registro feito pelo INPI é nulo de pleno direito (e não apenas anulável),
ainda assim os efeitos decorrentes desse registro não poderão ser afastados se, entre a data de sua prática e o ajuizamento da
ação, já houver se passado mais de 5 anos, salvo flagrante inconstitucionalidade. Assim, não se aplica a teoria dualista das
nulidades para o registro de marca pelo INPI. Teoria dualista das nulidades: divide os atos administrativos defeituosos em nulos
e anuláveis, de sorte que os atos administrativos contaminados por vício de legalidade poderiam ser invalidados a qualquer
tempo pela Administração, em decorrência de seu poder de autotutela. A ação de nulidade da marca não pode ser considerada
como imprescritível sob pena de esvaziar o conteúdo normativo do art. 174, além de gerar instabilidade, não somente aos
titulares de registro, mas também a todo o sistema de defesa da propriedade industrial. A imprescritibilidade não constitui regra
no direito brasileiro, sendo admitida somente em hipóteses excepcionalíssimas que envolvem direitos da personalidade, estado
das pessoas, bens públicos. Os demais casos devem se sujeitar aos prazos prescricionais do Código Civil ou das leis especiais. STJ.
3ª Turma. REsp 1.782.024-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/05/2019 (Info 648).

Termo inicial do prazo prescricional de ação de abstenção de uso de marca


A pretensão de abstenção de uso de marca nasce para seu titular com a violação do direito de utilização exclusiva. No caso
concreto, o titular da marca havia autorizado que terceiro a utilizasse até determinada data. A pretensão inibitória nasceu a
partir do momento em que este terceiro desrespeitou a data assinalada como termo final de vigência da autorização. STJ. 3ª
Turma. REsp 1631874-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593).

A aquisição de distintividade de marca não gera como decorrência lógica, direta e automática a exclusividade de seu uso
Marcas “fracas”, evocativas, descritivas ou sugestivas: são aquelas que apresentam baixo grau de distintividade, por se
constituírem a partir de expressões que remetem à finalidade, natureza ou características do produto ou serviço por elas
identificado. São formadas, portanto, por expressões de uso comum, de pouca originalidade. Ex: “American Airlines” (empresa
de serviços de transporte aéreo). Em caso de marcas evocativas ou sugestivas, a exclusividade conferida ao titular do registro
comporta mitigação, devendo ele suportar o ônus da convivência com outras marcas semelhantes. Ex: “American Airlines” teve
que aceitar outra marca registrada como “America Air” (empresa brasileira que atua como táxi aéreo). Isso porque no caso de
uso de marcas evocativas ou descritivas, a anterioridade do registro não justifica o uso exclusivo de uma expressão dotada de
baixo vigor inventivo. A “American Airlines” buscou anular o registro da marca nominativa “America Air” invocando a teoria da
“distintividade adquirida” (significação secundária ou secondary meaning). O fenômeno da distintividade adquirida ocorre
quando um signo de caráter comum, descritivo ou evocativo foi utilizado durante tanto tempo, alcançando tantas pessoas que
passou a adquirir eficácia distintiva suficiente, a ponto de possibilitar seu registro como marca. O STJ não acolheu a tese. Diante
do fato de as duas marcas serem evocativas e considerando que as empresas prestam serviços distintos (não tendo sido
constatada a possibilidade de confusão junto ao público) inexiste qualquer razão jurídica que justifique a declaração de nulidade

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do registro marcário da “America Air”. STJ. 3ª Turma. REsp 1773244/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info
646)

O INPI possui legitimidade para recorrer de decisão que extinguiu reconvenção apresentada por litisconsorte passivo pedindo
a nulidade de registro de marca
O INPI possui legitimidade para recorrer de decisão que extinguiu, sem resolução de mérito, reconvenção apresentada por
litisconsorte passivo, na qual se veiculou pedido de nulidade de registro de marca. STJ. 3ª Turma. REsp 1775812-RJ, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/03/2019 (Info 644).

Para analisar se houve imitação de trade dress, é indispensável a prova pericial


A caracterização de concorrência desleal por confusão, apta a ensejar a proteção ao conjunto-imagem (trade dress) de bens e
produtos é questão fática a ser examinada por meio de perícia técnica. É necessária a produção de prova técnica para se
concluir que houve concorrência desleal decorrente da utilização indevida do conjunto-imagem (trade dress) de produto da
empresa concorrente. Assim, o indeferimento da perícia que havia sido oportunamente requerida para tal fim caracteriza
cerceamento de defesa. STJ. 3ª Turma. REsp 1353451-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/09/2017 (Info 612).
STJ. 4ª Turma. REsp 1778910-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 06/12/2018 (Info 641).

Ações envolvendo trade dress e nulidade de registro de marca


As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos, concorrência desleal e outras demandas afins, por não
envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de competência da Justiça estadual,
já que não afeta interesse institucional da autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade de
registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela provisória. STJ.
2ª Seção. REsp 1527232-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 618).

Danos materiais e morais em caso de uso indevido de marca


O uso indevido da marca acarreta dano material uma vez que a própria violação do direito revela-se capaz de gerar lesão à
atividade empresarial do titular. O uso indevido da marca provoca desvio de clientela e confusão entre as empresas,
acarretando indiscutivelmente dano material. Desse modo, se ficar demonstrado o uso indevido de marca, o juiz deverá declarar
a existência do dano (an debeatur). O quantum debeatur, por sua vez, deverá ser apurado no âmbito da liquidação pelo
procedimento comum, haja vista a necessidade de comprovação de fatos novos, nos termos do art. 210 da LPI. Quanto ao
prejuízo extrapatrimonial, prevalece que o uso indevido da marca gera dano moral in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre
da mera comprovação da prática de conduta ilícita - contrafação -, revelando-se desnecessária a demonstração de prejuízos
concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral. STJ. 4ª Turma.REsp 1327773-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 28/11/2017 (Info 619).

Honorários sucumbenciais em desfavor do INPI


Em ação de nulidade de registro de marca a que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência direta, não cabe condenação do
instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1378699-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 7/6/2016 (Info 585).

Ação de nulidade de registro de marca e responsabilidade do INPI pelos honorários sucumbenciais, custas processuais e
reembolso de despesas feitas pelo autor
Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca proposta por uma sociedade empresária ("A") contra o
INPI e contra outra empresa concorrente ("B"), titular da marca questionada na demanda. A ação foi julgada procedente e
discutiu-se se o INPI deveria pagar honorários advocatícios, custas e despesas processuais. Foram expostas três conclusões: I —
Na ação de nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade empresária porque concedeu
indevidamente o registro para a empresa "B" mesmo gerando confusão com a marca da empresa "A" e também porque não deu
andamento ao pedido administrativo formulado pela empresa "A" para anular o registro indevidamente concedido. Assim,
diante disso, o referido Instituto deve responder solidariamente pelos honorários advocatícios sucumbenciais mesmo que, na
ação proposta, ele tenha reconhecido a procedência do pedido formulada na Inicial. II — Em ação de nulidade de registro de
marca, o INPI é isento de pagamento de custas. III — Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente,
cabe a ele reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora. STJ. 3ª Turma. REsp 1258662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576).

Impossibilidade de cumulação de ação de nulidade de registro com indenização por danos


É indevida a cumulação, em um mesmo processo, do pedido de reconhecimento de nulidade de registro marcário com o de
reparação de danos causados por particular que teria utilizado indevidamente marca de outro particular. STJ. 4ª Turma. REsp
1188105-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/3/2013 (Info 519).
@dicasexconcurseira 30
Caducidade de marca (art. 143 da LPI)
A Lei 9.279/96 prevê a possibilidade de o registro da marca caducar se não for usada: Art. 143. Caducará o registro, a
requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do
requerimento: I — o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou II — o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5
(cinco) anos consecutivos, ou se, no mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de seu
caráter distintivo original, tal como constante do certificado de registro. Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa
começa a fabricá-lo aqui no Brasil, mas ele só é vendido para o mercado externo, nunca sendo comercializado aqui. Há risco de
haver a caducidade da marca com base no inciso I? NÃO. Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora
o produto em território nacional, claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda proteção legal, pois aqui
empreende, gerando produção, empregos e riqueza, sendo indiferente que a mercadoria aqui produzida seja destinada ao
mercado interno ou exclusivamente ao externo. Produzir no País o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente
ao requisito legal de “uso da marca iniciado no Brasil”. Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa (de grande
porte) começa a fabricá-lo aqui no Brasil, mas depois de mais de 5 anos, somente produziu cerca de 70 pacotes do produto. Há
risco de haver a caducidade da marca com base no inciso II? SIM. É possível que se reconheça a caducidade do registro da marca
quando, em um período de cinco anos, o valor e o volume de vendas do produto relacionado à marca forem inexpressivos. No
caso analisado pelo STJ, o uso esporádico da marca, com escassas negociações no mercado, foi considerado inexpressivo dentro
da magnitude das operações bilionárias realizadas pela empresa, portanto, insuficiente para configurar e comprovar o uso
efetivo da marca. STJ. 4ª Turma. REsp 1236218-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 5/2/2015 (Info 563).

Propaganda comparativa
A propaganda comparativa é forma de publicidade na qual se compara, explícita ou implicitamente, produtos ou serviços
concorrentes, a fim de conquistar a escolha do consumidor. Em nosso país, não há lei definindo o que seja publicidade
comparativa. A doutrina e o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária do CONAR afirmam que a publicidade
comparativa, em regra, é permitida, desde que não viole alguns princípios. Segundo decidiu o STJ, é lícita a propaganda
comparativa entre produtos alimentícios de marcas distintas e de preços próximos no caso em que: a) a comparação tenha por
objetivo principal o esclarecimento do consumidor; b) as informações vinculadas sejam verdadeiras, objetivas, não induzam o
consumidor a erro, não depreciem o produto ou a marca, tampouco sejam abusivas (art. 37, § 2º, do CDC); e c) os produtos e
marcas comparados não sejam passíveis de confusão. A publicidade comparativa não é vedada pelo CDC, desde que obedeça ao
princípio da veracidade das informações, seja objetiva e não abusiva. De igual forma, em regra, a propaganda comparativa não é
proibida pela Lei 9.279/96 (LPI). Para que a propaganda comparativa viole o direito marcário do concorrente, as marcas devem
ser passíveis de confusão ou a menção à marca do concorrente deve ser feita de forma depreciativa, acarretando a degradação
(desgaste do outro produto) e o consequente desvio de clientela. STJ. 4ª Turma. REsp 1377911-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 2/10/2014 (Info 550).

Direito de uso exclusivo de marca


A empresa “A” oferece serviços de orientação e reeducação pedagógica a alunos com dificuldades escolares. Essa instituição
registrou no INPI a expressão “CRESCER”, adquirindo o direito de uso da marca. Alguns anos depois, foi inaugurada uma escola
(empresa “B”) e passou a também utilizar a palavra “CRESCER” em suas atividades empresariais. O STJ entendeu que o uso da
expressão “CRESCER” por parte da escola viola o direito de uso exclusivo de marca pertencente à empresa “A”. Isso porque,
embora as atividades exercidas sejam distintas, elas se enquadram na mesma classe de serviços, a de serviços de educação. STJ.
3ª Turma. REsp 1309665-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/9/2014 (Info 548).

Precedência de nome empresarial que não implica direito ao registro de marca


Determinada sociedade empresária registrou seu ato constitutivo na junta comercial de Blumenau (SC) com o nome empresarial
de “Multimed Distribuidora de Medicamentos Ltda.”. Anos mais tarde, uma sociedade empresária do Rio Grande do Sul
(“Multiclínica Serviços de Saúde Ltda.”) registrou no INPI, como marca, a expressão “MULTIMED”. O STJ entendeu que esse
registro da marca MULTIMED foi válido, mesmo o nome empresarial da outra empresa sendo igual. Isso porque as formas de
proteção do nome empresarial e da marca comercial não se confundem. Em regra, a proteção do NOME EMPRESARIAL fica
restrita ao Estado/DF de competência da Junta Comercial em que foi registrado o ato constitutivo da empresa. Ex.: se a empresa
“A” registrou seu ato constitutivo na Junta Comercial de Blumenau, a proteção será apenas em Santa Catarina. Essa proteção
poderá ser estendida a todo o território nacional, desde que seja feito pedido complementar de arquivamento nas demais
Juntas Comerciais. A proteção da MARCA é mais extensa e, depois do registro no INPI, apenas o titular desta marca poderá
utilizá-la em todo o território nacional. Para que nome empresarial da empresa “Multimed Distribuidora de Medicamentos
Ltda.” pudesse impedir que outra empresa registrasse no INPI a marca “MULTIMED” seria necessário que ela tivesse feito
pedido complementar de arquivamento do seu nome empresarial nas demais Juntas Comerciais do país. STJ. 4ª Turma. REsp
1184867-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2014 (Info 548).

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Licenciamento da marca e obrigação de o licenciador zelar pela sua integridade e reputação
É possível ao titular do registro de marca, após conceder licença de uso, impedir a utilização da marca pelo licenciado quando
não houver observância à nova padronização dos produtos e dos serviços, ainda que o uso da marca tenha sido autorizado sem
condições ou efeitos limitadores. STJ. 3ª Turma. REsp 1387244-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/2/2014
(Info 538).

Marcas fracas ou evocativas


Marcas fracas ou evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade, atraem a mitigação da regra de
exclusividade decorrente do registro, admitindo-se a sua utilização por terceiros de boa-fé. O monopólio de um nome ou sinal
genérico em benefício de um comerciante implicaria uma exclusividade inadmissível, a favorecer a detenção e o exercício do
comércio de forma única, com prejuízo não apenas à concorrência empresarial — impedindo os demais industriais do ramo de
divulgarem a fabricação de produtos semelhantes através de expressões de conhecimento comum, obrigando-os à busca de
nomes alternativos estranhos ao domínio público — mas sobretudo ao mercado em geral, que teria dificuldades para identificar
produtos similares aos do detentor da marca. STJ. 3ª Turma. REsp 1315621-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2013
(Info 526).

Marca de alto renome


O titular de uma marca detém legítimo interesse em obter, por via direta, uma declaração geral e abstrata de que sua marca é
de alto renome. Cuida-se de um direito do titular, inerente ao direito constitucional de proteção integral da marca. O art. 125 da
LPI não estabeleceu os requisitos necessários à caracterização do alto renome de uma marca, sujeitando o dispositivo legal à
regulamentação do INPI. A sistemática imposta pelo INPI por intermédio da Resolução nº 121/05 somente admite que o
interessado obtenha o reconhecimento do alto renome de uma marca pela via incidental. Há, portanto, uma lacuna existente na
Resolução nº 121/05 considerando que ela prevê a declaração do alto renome apenas pela via incidental. Essa omissão do INPI
na regulamentação do art. 125 da LPI justifica a intervenção do Poder Judiciário. Vale ressaltar, no entanto, que ainda que haja
inércia da Administração Pública, o Poder Judiciário não pode suprir essa omissão e decidir o mérito do processo administrativo,
mas apenas determinar que o procedimento seja concluído em tempo razoável. Dessa forma, até que haja a manifestação do
INPI pela via direta, a única ilegalidade praticada será a inércia da Administração Pública, sendo incabível, nesse momento, a
ingerência do Poder Judiciário no mérito do ato omissivo. Por outro lado, os atos do INPI relacionados com o registro do alto
renome de uma marca, por derivarem do exercício de uma discricionariedade técnica e vinculada, encontram-se sujeitos a
controle pelo Poder Judiciário, sem que isso implique violação do princípio da separação dos poderes. STJ. 3ª Turma. REsp
1162281-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/2/2013 (Info 517).

Termo inicial da prescrição pelo uso indevido de marca industrial


O termo inicial do prazo prescricional de cinco anos (art. 225 da Lei nº 9.279/1996) para pleitear indenização pelos prejuízos
decorrentes do uso de marca industrial que imite outra preexistente, suscetível de causar confusão ou associação com marca
alheia registrada (art. 124, XIX), é a data da violação do direito à propriedade industrial e se renova enquanto houver o indevido
uso. STJ. 4ª Turma. REsp 1320842-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/5/2013 (Info 524).

Invalidade do registro e competência da Justiça Federal


Para que o juízo estadual negue a proteção conferida pelo registro da marca ou do desenho industrial, é necessário que, antes, a
invalidade desse registro tenha sido reconhecida pelo juízo federal competente, em processo que conte com a participação do
INPI. STJ. 3ª Turma. REsp 1132449-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/3/2012.

Para que o pedido seja arquivado ou a patente extinta por falta de pagamento da retribuição, exige-se notificação prévia do
depositante ou titular
Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição anual prevista no art. 84 da Lei nº
9.279/96, exige-se notificação prévia do respectivo depositante ou titular. Obs: retribuição anual é um valor que deve ser pago
anualmente ao INPI pelo fato de o indivíduo ter pedido ou já ser titular de uma patente. STJ. 3ª Turma. REsp 1669131-RJ, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608).

Termo inicial para o pagamento da retribuição quinquenal prevista no art. 120 da Lei 9.279/96
O prazo para o pagamento da "retribuição quinquenal" prevista no art. 120 da Lei nº 9.279/96 conta-se da data do depósito do
pedido de registro do desenho industrial no INPI, e não da data do certificado de registro. STJ. 3ª Turma. REsp 1470431-PR, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/2/2016 (Info 578).

Possibilidade de o INPI analisar as cláusulas dos contratos de transferência de tecnologia que são submetidos a seu registro
Os contratos que impliquem transferência de tecnologia, para produzirem efeitos em relação a terceiros, precisam ser
registrados e/ou averbados no INPI (art. 211 da Lei nº 9.279/96). O INPI, ao examinar os contratos que lhe são submetidos para

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averbação ou registro, pode e avaliar as cláusulas contratuais exigindo a alteração daquelas que forem abusivas ou ilegais? SIM.
O art. 211 da Lei nº 9.279/96 em conjunto com o art. 2º da Lei nº 5.648/70 (com redação dada pelo art. 240 da Lei nº 9.279/96)
permitem que o INPI analise as cláusulas dos contratos de transferência de tecnologia que lhe são submetidos para registro,
podendo reprimir cláusulas abusivas e/ou ilegais. O INPI pode intervir no âmbito negocial de transferência de tecnologia, diante
de sua missão constitucional e infraconstitucional de regulamentação das atividades atinentes à propriedade industrial. STJ. 2ª
Turma. REsp 1200528-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 16/2/2017 (Info 599).

15. EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada)

É pessoa jurídica com


um único membro

CC, Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por UMA ÚNICA PESSOA* titular da totalidade
do capital social, devidamente INTEGRALIZADO*, que não será inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo vigente no
País.
* Essa pessoa poderia ser pessoa física e também pessoa jurídica?
* O capital social pode ser integralizado por bens, dinheiro, crédito; mas não pode ser integralizado por serviços.

§1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da
empresa individual de responsabilidade limitada.
§2º A pessoa natural (NO CAPUT, O LEGISLADOR FALA APENAS EM “PESSOA”) que constituir empresa individual de
responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
§3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra
modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§4º ( VETADO).
§5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer
natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja
detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
§6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades
limitadas (EX: A RESPONSABILIDADE DA EIRELI É LIMITADA).
§7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada,
hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de
fraude.

i. Natureza Jurídica da EIRELI


Existem duas correntes:
a) Sociedade Unipessoal (Sérgio Campinho, Fábio Ulhoa Coelho, Erasmo Valladão): a EIRELI seria um exemplo de sociedade
unipessoal, portanto, com apenas um sócio que seria titular de todo o capital social;

b) Novo Ente Jurídico Personificado (entendimento majoritário): a EIRELI corresponde a um novo ente jurídico personificado,
distinto das sociedades, tendo sido incluído o inciso VI no art.44 do CC/02, o que evidencia não se tratar de sociedade, pois, se
assim fosse, não seria necessária a inclusão deste inciso. E, como não seria uma sociedade, também não seria pertinente falar
em “sócio” ou “capital social”, de modo que o único titular da EIRELI seria o “instituidor”.

Enunciado 468 da V Jornada de Direito Civil do CJF: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) não é sociedade,
mas novo ente jurídico personificado.

Enunciado 3 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é
sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária.

Enunciado 472 da V Jornada de Direito Civil do CJF: É inadequada a utilização da expressão “social” para as empresas individuais
de responsabilidade limitada.

ATENÇÃO! Vocês devem ter cuidado, pois os autores que sustentam ser a EIRELI uma sociedade, evidentemente não concordam
com tal enunciado.
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à Qual é a diferença entre a EIRELI, o empresário individual e a subsidiária integral?

EIRELI EMPRESÁRIO INDIVIDUAL SUBSIDIÁRIA INTEGRAL


É pessoa jurídica, cuja responsabilidade É pessoa física, de responsabilidade Art.251, LSA: a subsidiária integral é
é limitada ao investimento que se ilimitada. uma sociedade anônima que só tem um
realizou. sócio (que será uma pessoa jurídica
nacional). Ex: Transpreto é uma S.A.
cujo único sócio é a Petrobrás.

ii. Local de Registro da EIRELI


Existem dois entendimentos a respeito:
1 – Uma primeira orientação sustenta ser a EIRELI sempre uma empresa, portanto, o arquivamento de seu ato constitutivo
deveria ocorrer sempre na Junta Comercial.

2- Uma segunda corrente – que é majoritária – sustenta a necessidade de ser analisado o objeto explorado, para, então, ser
definida se ela explora empresa ou não. Se não for organizada uma atividade empresária (como ocorre com as atividades
intelectuais, em regra), a EIRELI deve ser registrada no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, não se sujeitando à falência.
Mas, se explorar atividade empresária, deve ser registrada na Junta Comercial e poderá sofrer falência.

Enunciado 471 da V Jornada de Direito Civil do CJF: Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente,
para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alteração dos fatos constitutivos
configura irregularidade superveniente.
ATENÇÃO! Na opinião do professor Juan Vazquez, a falta de registro dos atos constitutivos apenas não terá eficácia contra
terceiros.

iii. Instituidor da EIRELI


Existem dois entendimentos:
a. Somente PESSOA NATURAL (Tavares Borba): a pessoa NATURAL é a destinatária da norma, pois a intenção do legislador foi
permitir que a pessoa natural conseguisse obter a responsabilidade limitada, já que inexistente em relação ao empresário
individual. A sociedade já teria a possibilidade de constituir subsidiária integral.

b. PESSOA NATURAL ou PESSOA JURÍDICA (TRF): Não há para a pessoa jurídica ser titular do capital da EIRELI, pois o art.980-A,
caput, fala em “pessoa”, gênero do qual são espécies a pessoa natural e a pessoa jurídica. Qualquer interpretação em sentido
contrário violaria o princípio da legalidade.

Enunciado 468 da V Jornada de Direito Civil da CJF: A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída
por pessoa natural.

Enunciado da Academia Brasileira de Direito Civil: A empresa individual de responsabilidade limitada poderá ser constituída por
pessoa jurídica, admitida a participação em mais de uma empresa dessa modalidade.

Decisão Judicial. Proc. Nº 0800278-98.2012.4.05.8300 – 4ª Turma – TRF 5ª Região: Trata-se de mandado de segurança coletivo
impetrado por Fundação Alice Figueira de Apoio ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco, fundação de direito privado,
contra ato atribuído ao Presidente da Junta Comercial de Pernambuco – JUCEPE. Essa fundação foi instituída para apoiar o IMIP
(Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira) e deseja criar uma EIRELI para explorar uma farmácia (renda para o
instituto). O MP de Pernambuco autorizou. A decisão também afastou a restrição da IN 117 do DNRC.

iv. Administrador da EIRELI


O art.980-A não trata desta questão. Portanto, seguindo o §6º deste dispositivo, teremos que aplicar a regra da
sociedade limitada. Desta forma, conforme art.1061 do CC/02, o administrador não precisa ser o próprio instituidor, podendo
ser nomeada uma terceira pessoa.

v. Capital “social” da EIRELI


O art.980-A, caput, afirma que deverá estar integralizado no ato de constituição (não pode parcelar), não podendo ser
inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país. Essa exigência de capital mínimo não é comum em nosso sistema.
Existe uma ADIN (4.637) no STF questionando essa vinculação ao salário mínimo e a exigência desse valor, pois violaria a livre
iniciativa, mas não foi concedida a liminar.

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O valor deve estar integralizado no ato. Se houver um aumento no salário mínimo, deve haver a complementação do
valor de uma só vez (não pode ser parcelado).
Como devo integralizar o capital “social” da EIRELI? Devemos recorrer às regras sobre as sociedades limitadas. O capital
pode ser integralizado com bens, dinheiro ou crédito, não sendo admitida a contribuição em serviços (art.1055, §2º). Aplicam-se
as regras do art.1005, portanto. Se houver integralização com bens, o instituidor ficará responsável pela evicção e por sua
correta estimação (art.1055, §1º, CC/02 – so não haverá solidariedade). Em caso de integralização com crédito, o instituidor
ficará responsável pelo pagamento, excepcionando a regra do art.296 do CC/02, que trata da cessão de crédito.

Enunciado 473 da V Jornada de Direito Civil do CJF: A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização
do capital da EIRELI.

Enunciado 4 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa
individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores alterações no salário mínimo.

vi. Transformação da EIRELI


A EIRELI poderá surgir de forma originária, mas também poderá ser fruto de uma transformação de registro
(empresário individual para EIRELI) ou transformação de sociedade (de sociedade para uma EIRELI). Não importa se a sociedade
é limitada ou anônima, bastando que ocorra a concentração das quotas ou ações em poder de um único sócio.

Enunciado 483 da V Jornada de Direito Civil do CJF: Admite-se a transformação do registro da sociedade anônima, na hipótese do
art.206, I, d, da Lei 6.404/1976, em empresário individual ou empresa individual de responsabilidade limitada.

16. SOCIEDADES – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

1. Conceito de Sociedade: celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

2. Natureza do contrato social: é um contrato plurilateral, que se caracteriza por 2 aspectos:


i. Escopo comum: vontades convergentes dos sócios (realização do objeto da sociedade);
ii. Pluralidade de partes: a sociedade é composta por mais de um sócio.

ATENÇÃO! O instrumento do contrato societário pode ser um contrato social ou um estatuto (no caso de sociedade
anônima – S.A.).

Pluralidade de sócios + Affectio societatis + Contribuição para o capital + Partilha dos resultados
3. Elementos do contrato de sociedade (art.981, CC/02)
i. Pluralidade de sócios: é a regra em nosso ordenamento. Mas há exceções, que são as sociedades unipessoais,
constituídas tanto de forma permanente como temporária. Exemplos:
a) Art.251, LSA: subsidiária integral à é uma companhia (uma S.A.) unipessoal (permanentemente). O único sócio é
uma pessoa jurídica nacional. Ex: Transpreto, que é subsidiária integral da Petrobrás.

b) Duas hipóteses de unipessoalidade temporária (começou com pluralidade de sócios, mas depois ficou só um sócio,
sendo que apenas por um tempo determinado):
1 – Art.206, I, d, LSA: a S.A. foi constituída com pluralidade de sócios; mas depois permaneceu com apenas um
acionista. Daí, há um prazo para a pluralidade de sócios se restabelecer, sob pena de dissolução da sociedade. O prazo é da
Assembleia Geral Ordinária (AGO) do ano “X” para a AGO do ano “X + 1”. Nesta segunda AGO, já deve haver pluralidade de
sócios.
2 – Art.1033, p.u. IV, CC: a sociedade pode ficar unipessoal por apenas 180 dias. Esta regra aplica-se às sociedades
previstas no CC.

c) EIRELI: para aqueles que entendem que a EIRELI pode ser formada por uma pessoa jurídica.

ii. Affectio societatis


Há polêmica se a affectio societatis realmente constitui elemento do contrato societário.

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A presença deste elemento daz com que identifiquemos que a qualidade pessoal do sócio é determinante para a
continuidade do negócio, como ocorre nas sociedades limitadas.

OBS: numa S.A. aberta, jamais se encontrará a affectio societatis.

Há direito de saída do sócio, se houver a quebra da affectio societatis. Tal fato pode até gerar a exclusão de um sócio.
Sobre a S.A. fechada de natureza familiar, o STJ (no Informativo 357) entendeu que é possível a dissolução parcial da
S.A., em razão da quebra da affectio societatis. No Informativo 479, o STJ disse que não basta simplesmente alegar a quebra da
affectio societatis. A quebra da affectio societatis é decorrente de um fato, qual seja: a violação dos deveres dos sócios. Esta
violação deve ser provada. Neste informativo, o STJ entendeu que era possível a exclusão de um acionista de uma S.A. fechada
de natureza familiar, por alegação da quebra da affectio societatis.

iii. Contribuição para o capital social


a) Conceito de capital social: é a cifra contábil resultante da contribuição que o sócio fez para fazer parte da sociedade.

Capital social ¹ Patrimônio.

Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
$$ Dívidas Patrimônio = ativo + passivo
Imóveis Empréstimos Patrimônio líquido = ativo - passivo
Créditos Tributos
Capital social

O capital social é um passivo não exigível: quando o credor


quer penhorar bens, ele vai ao ativo da sociedade, pois não
se pode penhorar o capital social da sociedade.

O capital social é o mínimo de garantia dos credores: a garantia dos credores é que na coluna do “ativo” tenha, pelo
menos, o valor equivalente ao do capital social. Se o ativo for menor, os sócios não poderão fazer retiradas.

b) Integralização do capital social


O capital social pode ser constituído por dinheiro, bens, créditos e serviços.
Contribuir em uma sociedade limitada com bens: todos os sócios são solidariamente responsáveis pelo prazo de 5 anos
pela exata estimação dos bens confiados ao capital social – art.1.055, §1º, CC.
Já na S.A., para contribuir com bens, deve haver perícia + laudo pericial + assembleia para aprovar a entrada do bem na
sociedade.
O sócio que contribui com bens fica responsável pela evicção (art.1005, CC).
Contribuição com crédito: o art.296 do CC estabelece que, na cessão de crédito, em regra, o cedente não é responsável
pelo pagamento. CUIDADO! O art.1005, CC, diz que quando a cessão de crédito for feita com fim de integralização do capital
social, haverá sim a responsabilidade do sócio cedente pela solvência desse crédito. Aquele que contribuiu com crédito,
portanto, responde pela solvência do devedor.
Contribuição em serviço: vai depender do tipo societário.
Na sociedade limitada (art.1055, §2º, CC), a lei veda a contribuição com prestação de serviço.
Na S.A., a LSA não diz nada sobre contribuição com serviço. A doutrina diz que as formas de contribuição na S.A. são
apenas as expressamente previstas (bens, dinheiro e crédito).
Na sociedade simples, é possível a contribuição por prestação de serviço (art.1006, CC).
Nas sociedades em nome coletivo e em comandita simples, na opinião do professor Juan Vazquez, também será
possível contribuir com serviços, pois aplica-se a elas, em caso de omissão, as regras da sociedade simples.
Se houver menor ou incapaz na sociedade, o art.974, §3º, CC, diz que o capital deve estar sempre integralizado (não há
possibilidade de parcelamento do capital).

c) Princípios do capital social


1. Princípio da unidade: o capital social é único. Existe apenas um capital social.

2. Princípio da fixidez: o capital social é fixo. O patrimônio pode aumentar ou diminuir, mas o capital social deve
permanecer o mesmo. O capital social só pode aumentar ou diminuir em procedimento próprio.
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OBS: na sociedade cooperativa, pode haver ou não capital social. Se tiver, o capital social pode ser fixo ou variável.

3. Princípio da Intangibilidade: está relacionado ao fato de o capital social ser uma garantia para os credores. Os sócios
não podem fazer retiradas numa situação em que o ativo for menor do que o capital social (porque seriam retiradas em prejuízo
dos credores).

4. Princípio da realidade: o valor do capital social constante no contrato deve corresponder à realidade. A Junta
Comercial não fiscaliza se o valor declarado corresponde à realidade.

iv. Partilha dos resultados: o sócio não pode ser excluído da participação dos lucros, nem das perdas (art.1008, CC). O
sócio que contribuiu com serviço não pode se empregar em atividade concorrente, salvo autorização. Se ele descumprir a regra,
pode ocorrer duas situações: ele pode deixar de participar do lucro ou pode ser excluído da sociedade (art.1006, CC).

17. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

1. Classificação quanto ao OBJETO explorado:


a) Sociedade Simples: desenvolve atividade não empresarial;
b) Sociedade Empresária: desenvolve atividade empresária.

Exemplo: uma sociedade ltda pode ser simples ou empresária, a depender do objeto que ela explora. Se a ltda
desenvolver atividade intelectual, será uma sociedade simples e será registrada no Cartório Civil de Pessoas Jurídicas.
OBS: A S.A. é sempre sociedade empresária.

2. Classificação quanto à RESPONSABILIDADE dos sócios:


a) Sociedade limitada;
b) Sociedade ilimitada;
c) Sociedade mista: há categoria de sócio que responde de forma limitada, e outra categoria que responde de forma ilimitada.

Na sociedade limitada, os sócios respondem de forma limitada ao preço de suas quotas; e todos respondem
solidariamente pela integralização do capital.
Na sociedade anônima, o sócio responde pelo preço de emissão de suas ações (responsabilidade limitada).
Na sociedade em nome coletivo (constituída apenas por pessoas físicas), todos os sócios respondem de forma ilimitada
e solidária.
Na sociedade em comandita simples, o sócio comanditado (pessoa física) responde de forma ilimitada e solidária, e o
sócio comanditário responde de forma limitada ao preço da emissão de suas quotas. Há responsabilidade mista.
OBS: o sócio comanditário não pode praticar atos de gestão, nem ter o seu nome na firma, sob pena de ficar sujeito às
responsabilidades do sócio comanditado.

Na sociedade comandita por ações, os sócios diretores tem responsabilidade ilimitada; e os demais acionistas,
respondem apenas pelo preço de emissão das suas ações. Trata-se de responsabilidade mista.
Depois, trataremos da responsabilidade em caso de sociedade simples (sociedade que não desenvolve atividade
empresária).

3. Classificação quanto à NACIONALIDADE:


a) Sociedade nacional
b) Sociedade estrangeira
Art.1126, CC: a sociedade é nacional quando for constituída de acordo com as regras brasileiras e tiver sua sede no
Brasil. As demais sociedades são estrangeiras.

Enunciado 486 da V Jornada de Direito Civil: A sociedade estrangeira pode, independentemente de autorização do Poder
Executivo, ser sócia em sociedade de outros tipos além das anônimas.

4. Classificação quanto ao INSTRUMENTO DE INSTITUIÇÃO:


a) Sociedades contratuais: o instrumento de instituição é o contrato social. É o caso das sociedades previstas no CC/02.
b) Sociedades institucionais: o instrumento de instituição é o estatuto. É o caos da Sociedade Anônima (S.A.).

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5. Classificação quanto à NATUREZA:
a) Sociedade de pessoas: é a regra. A sociedade tem personalidade jurídica própria, distinta da dos sócios. Para que a sociedade
adquira personalidade jurídica, é necessário o arquivamento dos atos constitutivos no registro próprio. Quais os efeitos
decorrem do registro? Aquisição da nacionalidade da sociedade, estipulação do local da sede, instituição do nome e constituição
do patrimônio.

b) Sociedade de capital: não tem patrimônio próprio. Exs: sociedade em comum e sociedade em conta de participação.

18. Sociedade Simples

O termo “sociedade simples” pode significar: um tipo de sociedade, ou que determinada sociedade não explora
atividade empresarial ou que se trata de uma sociedade limitada “simples”.
Aqui, estudaremos a expressão “sociedade simples” como um tipo de sociedade!

A sociedade simples é um tipo de sociedade que não explora atividade empresarial.

Enunciado 477 da V Jornada de Direito Civil: O art.983 do Código Civil permite que a sociedade simples opte por um dos tipos
empresariais dos arts.1039 e 1.092 do Código Civil. Adotada a forma de sociedade anônima ou de comandita por ações, porém,
ela será considerada empresária.

Seus sócios podem ser pessoas físicas ou pessoas jurídicas, mas só a pessoa física pode administrar a sociedade.

Seu nome empresarial pode ser firma ou denominação.

A contribuição para o capital social pode ocorrer através de bens, crédito, dinheiro ou prestação de serviço.

O contrato social será arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art.997, CC).

Para realizar alteração no contrato social, se se tratar das matérias elencadas no art.997 do CC, deverá haver votação
da unanimidade dos sócios. Se se tratar de outras matérias, em regra, basta o voto da maioria absoluta, salvo expressa previsão
em contrário no contrato social.

A responsabilidade dos sócios é um tema muito polêmico e, por isso, na prática, ninguém opta por constituir uma
sociedade simples, porque ninguém sabe ao certo qual o tipo de responsabilidade que o sócio tem.
Mas, de acordo com o STJ, André Santa Cruz e Alfredo de Assim Gonçalvez Neto, a responsabilidade é ILIMITADA.
Observe a redação dos arts.997, VIII, e 1.023 do CC, ambos inseridos no capítulo que trata sobre as sociedades simples.

CC, Art.997.A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas
partes, mencionará:
VIII - se os sócios respondem, OU NÃO, SUBSIDIARIAMENTE, pelas obrigações sociais.
Em primeiro lugar, responde a sociedade; depois,
busca-se dos sócios o saldo remanescente.

Apenas o patrimônio da sociedade responde pela obrigação; o credor


não pode cobrar eventual saldo remanescente do patrimônio dos sócios.

CC, Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, RESPONDEM OS SÓCIOS PELO SALDO, NA PROPORÇÃO EM
QUE PARTICIPEM DAS PERDAS SOCIAIS, salvo cláusula de RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.

Da leitura do art.1.023 do CC, extrai-se que:


A regra é que o sócio responderá pelo saldo, na proporção em que participe das perdas sociais.
E, excepcionalmente, o sócio responderá pelo saldo, de forma solidária.
Enquanto que o art.997, VIII, do CC diz que a sociedade simples pode optar por não ter responsabilidade subsidiária.

@dicasexconcurseira 38
Exemplo: sociedade simples com 3 sócios (A, B e C).
• “A” subscreveu 40% do capital social e responde por 30% das perdas sociais, conforme estabeleceu em cláusula do
contrato societário.
• “B” subscreveu 30% do capital social e responde por 60% das perdas sociais;
• “C” subscreveu 10% do capital social e responde por 10% das perdas sociais.

Saldo do devedor à 10 mil reais à “A” seria responsável por pagar 3 mil reais.
“B” seria responsável por pagar 6 mil reais.
“C” seria responsável por pagar 1 mil reais.
OBS: se a responsabilidade fosse solidária, o credor poderia cobrar os 10 mil reais de qualquer um dos sócios.

Opinião do professor Juan Vazquez sobre a responsabilidade na sociedade simples (seguindo posicionamento de
Tavares Borba e Fabio Ulhoa Coelho): no contrato societário, posso escolher entre ter responsabilidade subsidiária ou não. Se eu
escolher por não ter responsabilidade subsidiária, afasta-se o art.1023 e os sócios passam a ter responsabilidade limitada. Se eu
escolher ter responsabilidade subsidiária, aplica-se o art.1023: responsabilidade proporcional à participação nas perdas sociais +
responsabilidade solidária, se previsto no contrato social.

Enunciado 61 da 1ª Jornada de Direito Civil do CJF – Art.1021: O termo “subsidiariamente” constante do inc.VIII do art.997 do CC
deverá ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse dispositivo com o art.1023 do mesmo Código. à Aqui,
seria o mundo perfeito, mas não é possível simplesmente alterar a letra da lei.

Enunciado 479 da V Jornada de Direito Civil do CJF: Na sociedade simples pura (art.983, parte final, do CC), a responsabilidade
dos sócios depende de previsão contratual. Em caso de omissão, será ilimitada e subsidiária, conforme o disposto nos arts.1023 e
1024 do CC. à Este entendimento é absurdo, pois o contrato social não pode ser omisso; tem que dizer qual é o tipo de
responsabilidade.

Enunciado 10 da 1ª Jornada de Direito Comercial do CJF: Nas sociedades simples, os sócios podem limitar sua responsabilidade
entre si, à proporção de sua participação no capital social, ressalvadas as disposições específicas.

INFORMATIVO 468 DO STJ.


RESPONSABILIDADE. SÓCIOS. SOCIEDADE SIMPLES. NEGÓCIO JURÍDICO. PROVA TESTEMUNHAL.
[...] Nesse contexto, a Turma negou-lhes provimento por entender que, nas sociedades cuja responsabilidade dos sócios é
ilimitada – como na hipótese, em que se trata de sociedade simples -, uma vez exaurido o patrimônio da pessoa jurídica, não é
necessário desconsiderar sua personalidade para que se atinjam os bens dos sócios, conforme art.1023 do CC, o que evidencia a
legitimidade das recorrentes para figurar na demanda. [...] REsp 895.792-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
7/4/2011.

Sobre a administração da sociedade simples, somente pessoa física pode ser o administrador e não precisa ser sócio
necessariamente.

CC, Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de
seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar. à
Possibilidade de delegação de atos específicos.

CC, Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios.
à Se o contrato for omisso sobre a responsabilidade, todos serão responsáveis.
§1o Se a administração competir separadamente a vários administradores, cada um pode impugnar operação pretendida por
outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos.
§2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que
estava agindo em desacordo com a maioria.

CC, Art. 1.014. Nos atos de competência conjunta de vários administradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo nos
casos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências possa ocasionar dano irreparável ou grave.

A nomeação do administrador pode se dar no contrato social ou em ato separado.

@dicasexconcurseira 39
Excesso de poderes: a imposição de limitação aos administradores da sociedade simples tem o objetivo de proteger a
sociedade, de forma que a sociedade não responderá por obrigações celebradas pelo seu administrador perante terceiros nas
hipóteses previstas nos incisos do parágrafo único do art.1015 do CC.

CC, Art.1015, Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo
menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;
II - provando-se que era conhecida do terceiro; à má-fé do terceiro, que conhece a limitação e ainda assim negocia com a
sociedade.
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. à TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS (“além da
força da sociedade): tem aplicação no caso em que o administrador celebra um negócio com terceiro, vinculando a sociedade e
este negócio é evidentemente estranho ao objeto social desenvolvido pela sociedade.

A teoria ultra vires societatis tem origem no caso Ashbury Railway, em 1875, na Inglaterra. As companhias eram
constituídas por escritura pública e seu objeto social era imutável. Esta companhia tinha como objeto social a construção de
coisas relacionadas à linha ferroviária (e a fevorrovia em si). Esta companhia acabou ganhando uma licitação na Bélgica para
construir uma linha ferroviária. A Corte Suprema da Inglaterra disse que esse negócio estava eivado de nulidade, porque estaria
indo além das forças do objeto da sociedade. O ato seria nulo. Sendo nulo, nem o credor poderia cobrar do administrador. Com
a criação da Comunidade Européia, depois, afastou-se a teoria do ato ultra vires.
No Brasil, antes do CC/02, não se adotava esta teoria (a esse tempo, esta teoria já não era mais adotada na Europa,
nem nos EUA). A adoção desta teoria diminui a aplicação da teoria da aparência (que protege o terceiro de boa-fé). A teoria do
ato ultra vires é um retrocesso, mas existe e temos que entender como ela funciona.
O ato ultra vires gera hipótese de ineficácia (e não de nulidade). O que quer dizer que a sociedade pode ratificar o ato
(ratificando o ato, a sociedade passa a responder pela obrigação).
Apenas é possível aplicar a teoria do ato ultra vires (ou teoria ultra vires societatis) quando o administrador praticar
negócio cujo objeto é evidentemente estranho à atividade da sociedade.
A teoria do ato ultra vires não é aplicável à S.A. (art.158, II, LSA). A S.A. responde perante terceiros e depois tem ação
regressiva contra o administrador.
A teoria ultra vires societatis é aplicável às sociedades limitadas? Há omissão quanto a este ponto no capítulo que trata
das sociedades limitadas. Supletivamente, aplica-se as regras da sociedade simples, do que se conclui que é aplicável, também,
às sociedades limitadas.

ARGUMENTOS RELATIVOS À APLICAÇÃO DA TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS


Argumentos em favor da sociedade Argumentos em favor do credor
Limitação de poderes inscrita ou averbada no registro Dinâmica das relações negociais e matéria “interna corporis”
próprio
Má-fé do credor Boa-fé objetiva do credor, princípio da eticidade e probidade
– má-fé do devedor
Negligência do credor em verificar os poderes do Culpa “in vigilando e elegendo” da sociedade e dos demais
“administrador” sócios
Ato ultra vires Teoria da Aparência
O negócio jurídico não trouxe qualquer benefício aos demais Benefício dos demais sócios ou para a sociedade
sócios e à própria sociedade

TJ/SP – APELAÇÃO Nº 0015044-98.2009.8.26.0566 – 14ª CÂARA DE DIREITO PRIVADO DO TJ/SP – DES. PEDRO ABLAS –
19/9/2012.
AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE. Alegação de que o negócio jurídico pago com as cártulas extrapola o objeto social da empresa
sacadora. Ocorrência. Aplicação da ultra vires doctrine, prevista no art.1015, parágrafo único, III do CC. A sociedade limitada
sacadora do título tem como objeto social o comércio de combustíveis, enquanto que a beneficiada dedica-se à prestação de
serviços médicos e cirúrgicos. [...]
[...] O próprio sócio emitente do título de crédito confirma que o cheque foi utilizado para pagamento de cirurgia estética de sua
ex-esposa. Não havendo como conceber que o negócio jurídico contraído com a clínica tenha sido em favor do posto de
gasolina, é de rigor a aplicação da teoria ultra vires societatis prevista no art.1015, parágrafo único, III do CC para afastar a
responsabilidade da apelante no pagamento do débito representado pelos títulos, devendo a credora se voltar unicamente
contra o sócio que as emitiu em patente irregularidade, único responsável pelo pagamento. [...]

@dicasexconcurseira 40
TJ/SP – APELAÇÃO Nº 9154739-94.2008.8.26.0000 – 19ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TJ/SP – DES. RICARDO NEGRÃO
[...] FIANÇA – PESSOA JURÍDICA – EXONERAÇÃO – GARANTIA DE OBRIGAÇÃO ESTRANHA AO OBJETO SOCIAL DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA – Prestação da garantia “de favor” expressamente vedada pelo contrato social – Conhecimento da recorrida
acerca dessa cláusula – Má-fé da exequente – Assunção do risco do negócio – Atos ultra vires societatis verificados – Ausência
de responsabilidade da fiadora embargante – Responsabilidade dos sócios pela dívida afiançada (arts.1.105, parágrafo único,
incisos I a III, e 1.016, do CC). Provimento ao recurso. [...]

RESP 704.546/DF
[...] 4. No caso em julgamento, o acórdão recorrido emprestou, corretamente, relevância à boa-fé do banco credor, bem como à
aparência de quem se apresentava como sócio contratualmente habilitado à prática do negócio jurídico. Não se pode invocar
a restrição do contrato social quando as garantias prestadas pelo sócio, muito embota extravasando os limites de gestão
previstos contratualmente, retornaram, direta ou indiretamente, em proveito dos demais sócios da sociedade fiadora, não
podendo estes, em absoluta afronta à boa-fé, reivindicar a ineficácia dos atos outrora praticados pelo gerente. [...]

Liquidação da quota do sócio devedor


CC, Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que
a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação. à PENHORA DE QUOTAS.
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da quota do devedor, cujo valor,
apurado na forma do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação. à
LIQUIDAÇÃO DA QUOTA DO DEVEDOR à O CREDOR PODE REQUERER A EXCLUSÃO DO SÓCIO.

PENHORA DE QUOTAS (art.1026, caput) ¹ LIQUIDAÇÃO DE QUOTAS (art.1026, parágrafo único)

Ex: sociedade simples à LUCRO: R$30.000,00 para cada sócio.

Tem credor particular “X” a quem “X” moveu uma execução contra “B", onde se
“A” “B” constatou que só tem as quotas da sociedade
deve R$100.000,00
para executar à o credor vai requerer a
penhora das quotas de “B” à o juiz
determina a penhora das quotas (os
R$30.000,00). A penhora das quotas recai
sobre o lucro.

Se a penhora de quotas não é suficiente (porque, por exemplo, não há divisão de lucros), o que o credor poderia
suscitar? A LIQUIDAÇÃO DE QUOTAS, que é um pedido de exclusão do sócio “B” da sociedade. Quando o sócio “B” é excluído,
tem que fazer a APURAÇÃO DE HAVERES, que é uma perícia para determinar o valor que o sócio “B” teria direito de reembolsar.
Sendo que esse valor não é entregue ao sócio (como normalmente acontece), mas sim ao juízo da execução, em 90 dias (após a
liquidação) e em espécie.

ENUNCIADO 386 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF: Na apuração dos haveres do sócio, por consequência da liquidação de
suas quotas na sociedade para pagamento ao seu credor (art.1.026, parágrafo único), não devem ser consideradas eventuais
disposições contratuais restritivas à determinação de seu valor. à A NORMA DO ART.1026, P.U., É COGENTE.

ENUNCIADO 387 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF: A opção entre fazer a execução recair sobre o que ao sócio couber no
lucro da sociedade, ou na parte que lhe tocar em dissolução, orienta-se pelos princípios da menor onerosidade e da função
social da empresa. à Assim, tenta-se primeiro a penhora das quotas; em sendo insuficiente, parte-se para a liquidação de
quotas.
ENUNCIADO 388 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF: O disposto no art.1026 do Código Civil não exclui a possibilidade de o
credor fazer recair a execução sobre os direitos patrimoniais da quota de participação que o devedor possui no capital da
sociedade.

ENUNCIADO 389 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF: Quando se tratar de sócio de serviço, não poderá haver penhora das
verbas descritas no art.1026, se de caráter alimentar.

@dicasexconcurseira 41
Situação do cônjuge na separação

CC, Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se separou judicialmente, NÃO podem exigir desde logo a
parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à DIVISÃO PERIÓDICA DOS LUCROS, até que se liquide a sociedade.

SOCIEDADE SIMPLES

Maria é Se ambos se João não é sócio, mas


Carla Maria separam, poderá receber metade dos
casada com
(50% (50%) quais lucros periódicos da
João, no
) direitos tem sociedade, até que este seja
regime da
comunhão João sobre a liquidada.
universal de sociedade? Maria = 25% dos lucros
bens João = 25% dos lucros

Morte de sócio
CC, Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á* sua quota, salvo:
I - se o contrato dispuser diferentemente; à Ex: o contrato diz que o herdeiro vai assumir a condição de sócio.
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.

* Liquidar a quota é proceder à chamada “apuração de haveres”: faz-se uma perícia para identificar qual é o valor da quota do
sócio falecido e este valor apurado é entregue ao juízo do inventário. A quota representa um direito patrimonial (participação
nos lucros e na liquidação) e um direito pessoal (direito de voto, de retirada, de pedir a exclusão de outros sócio, de
participação).

19. SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

Responsabilidade dos sócios


CC, Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios,
solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. à CAI MUITO EM PROVA!

Administração da Sociedade
CC, Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato,
privativo dos que tenham os necessários poderes.

Proibição da Liquidação da quota do sócio


CC, Art. 1.043. O credor particular de sócio NÃO PODE, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do
devedor.
Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:
I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;
II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de 90 dias, contado
da publicação do ato dilatório.

20. SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

Neste tipo de sociedade, há duas espécies de sócio:


i. Sócio comanditado:
• Somente pessoa física;
• Tem responsabilidade ilimitada e solidária;
• Poderá ser administrador;
• O nome empresarial (firma) poderá ter seu nome.

ii. Sócio comanditário:


@dicasexconcurseira 42
• Pode ser pessoa física ou pessoa jurídica;
• Tem responsabilidade limitada ao preço de sua quota;
• Não pode administrar a sociedade, nem emprestar seu nome civil para compor o nome empresarial. Se contrariar esta
regra, responde como sócio comanditado.

21. SOCIEDADE LIMITADA

1. Responsabilidade do Sócio
Em regra, a responsabilidade dos sócios da sociedade limitada é limitada ao preço de sua quota, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social.

CC, Art.1052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social.

ATENÇÃO! Não há responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais. A Solidariedade se limita à integralização do capital
social.

Sociedade LTDA

"A” "B”

Subscreveu Subscreveu
30% e 70%, mas só Os 50% restantes são de responsabilidade
integralizou integralizou tanto de “A” quanto de “B” para integralizar
os 30% 20%

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA
“B” é chamado de “sócio
remisso", pois está em mora com
“X” é credor de uma nota promissória no valor de 100
a integralização do capital social.
mil reais emitido pela sociedade LTDA.
A sociedade pode tomar medidas
“X” cobra, via execução, este valor da sociedade LTDA.
contra o sócio remisso. São elas:
No entanto, não consegue receber nada, pois a
i. Executar o sócio remisso;
sociedade não tinha patrimônio. Neste caso, “X”
ii. Reduzir a sua participação ao
poderia exigir a nota promissória dos sócios? Não, pois
que efetivamente integralizou;
os sócios não respondem pelas dívidas da sociedade.
iii. Excluir o sócio remisso.
O credor pode, sim, exigir a integralização do capital
OBS: Antes de tomar qualquer
social (os 50% faltantes), tanto de “A” quanto de “B”.
dessas medidas, deve constituir o
Integralizado o capital social, o dinheiro entra no ativo
sócio remisso em mora (trata-se
da sociedade. Em seguida, o credor pode requerer a
de mora ex re, que depende de
penhora deste ativo para satisfazer o seu crédito.
notificação, no prazo de 30 dias)

Mas há exceções, quais sejam:


a) Art.1080, CC: os sócios que participam de deliberações (e expressamente as aprovam) infringentes à lei ou ao
contrato possuem responsabilidade ilimitada.
CC, Art.1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as
aprovam.

b) Art.1.055, §1º, CC: a responsabilidade dos sócios pela correta estimação dos bens integralizados ao capital social é
solidária, até o prazo de 5 anos da data do registro da sociedade.
CC, Art.1.055, §1º. Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o
prazo de 5 anos da data do registro da sociedade.
@dicasexconcurseira 43
c) Art.1.059, CC: lucro fictício à quando o sócio faz retirada, gerando prejuízo à sociedade (o ativo é menor que o
capital social), terá que “reembolsar”.
CC, Art.1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que
autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo ao capital.

d) Responsabilidade trabalhista: se a sociedade não responder por dívida trabalhista, o sócio responderá.

2. Responsabilidade tributária
i. Art.135, CTN;

CTN, Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

O art.135 do CTN estabelece as hipóteses fáticas em que, excepcionalmente, o sócio irá responder por dívida tributária
da sociedade. São as hipóteses:
a. Violação à lei, ao contrato social ou ao estatuto;
b. Dissolução irregular da sociedade: ver Súmula 430 do STJ. Segundo o STJ, não é qualquer sócio que poderia responder
por dívida tributária. Tem que ser um sócio que tenha, à época do fato gerador, poder de gestão. Como o sócio, neste
caso, poderia se defender? Será que ele podia entrar com uma ação de pré-executividade? De acordo com o
entendimento do STJ (Informativo 391), o sócio deveria opor embargos à execução, mas muitos juízos aceitam a
exceção de pré-executividade.
c. Ato praticado com excesso de poderes.

ii. Dissolução irregular:

Súmula 430 do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do
sócio gerente.

Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.

iii. O sócio que irá ser responsabilizado tributariamente deve ter tido poder de gestão, à época do fato gerador.

iv. Defesa do sócio: segundo o STJ, deve ser feita através de embargos à execução; mas muitos juízos admitem a
exceção de pré-executividade, que não depende de garantia do juízo.

3. Administração da Sociedade Limitada Se o capital estiver integralizado à votação de 2/3


i. Art.1.061, CC: o administrador não precisa ser sócio
Se o capital NÃO estiver integralizado à votação unânime

CC, Art.1.061. A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o
capital não estiver integralizado, e de 2/3, no mínimo, após a integralização.
ii. Art.1.060, CC: é possível que pessoa jurídica seja o sócio administrador?

CC, Art.1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais PESSOAS* designadas no contrato social ou em ato
separado.

* O sócio administrador pode ser pessoa física e pessoa jurídica? De acordo com a maioria da doutrina, a administração pode ser
feita apenas por pessoa física, por aplicação do art.997, VI, CC.
OBS: essa discussão é exclusiva das sociedades limitadas, pois, nas demais modalidades de sociedade, a administração só pode
ser feita por pessoa física.

@dicasexconcurseira 44
iii. Extensão de poderes: Art.1.060, p.u., CC: extensão de poderes.

CC, Art.1.060. Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que
posteriormente adquiram essa qualidade.

4. Cessão de quotas
Em regra, o contrato social define como será feita a cessão de quotas (ou também poderá definir que não será permite
a cessão de quotas).
Ceder quota à sócio à livremente
Mas, se o contrato for omisso, aplica-se o art.1.057, CC.
Ceder quota à terceiro à anuência de ¾

CC, Art.1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de 1/4 do capital
social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art.1.003, a
partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.

5. Direito de Retirada ou Direito de Recesso (saída voluntária do sócio)


O direito de retirada gera a modificação do contrato, a fusão da sociedade, a incorporação da sociedade ou a cisão da
sociedade – formas de reorganização da sociedade, que gerará, também, alteração no contrato social.
Deverá ser feita a apuração de haveres para reembolsar o sócio retirante e quem o reembolsa é a própria sociedade.
O cálculo da apuração de haveres para reembolsar as quotas do sócio retirante deve levar em consideração o
estabelecimento empresarial/fundo de comércio, segundo Informativos 485 e 558 do STJ.

INFORMATIVO 485 DO STJ.


A Turma reiterou o entendimento de que o fundo de comércio – também chamado de estabelecimento empresarial (art.1.142
do CC) – integra o patrimônio da sociedade e, por isso, deve ser considerado na apuração de haveres do sócio minoritário
excluído (MAS TAMBÉM SE APLICA AOS CASOS DE DIREITO DE RETIRADA) de sociedade limitada. O fundo de comércio é o
conjunto de bens materiais (imóveis, bens, equipamentos, utensílios, etc.) e imateriais (marcas registradas, invenções
patenteadas etc.), utilizados por empresário individual ou sociedade empresária no exercício de sua atividade empresarial. O
fato de a sociedade ter apresentado resultados negativos nos anos anteriores à exclusão do sócio não significa que ela não
tenha fundo de comércio.

INFORMATIVO 558 DO STJ.


No caso de dissolução parcial da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, prevalecerá, para a apuração dos haveres
do sócio retirante, o critério previsto no contrato social se o sócio retirante concordar com o resultado obtido, mas, não
concordando, aplicar-se-á o critério do balanço de determinação, podendo-se utilizar conjuntamente a metodologia do fluxo de
caixa descontado para se aferir, inclusive, o patrimônio intangível da sociedade.

à Pode um sócio de sociedade LTDA exerceu seu direito de retirada alegando a quebra da affectio societatis?
Sim, apesar de o art.1077 do CC não prever esta hipótese, é possível, aplicando-se o art.1029 do CC.

CC, Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo
indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias; se de prazo determinado,
provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.

Enunciado 13 da I Jornada de Direito Comercial do Conselho de Justiça Federal: A decisão que decreta a dissolução parcial da
sociedade deverá indicar a data do desligamento do sócio e o critério de apuração de haveres.

Na dissolução parcial da sociedade, o sócio sai ou é excluído, mas a sociedade continua. Nos termos do CC, é a
“resolução da sociedade em relação a um sócio”.

@dicasexconcurseira 45
6. Exclusão do Sócio
i. Art.1030, p.u., CC: a exclusão de pleno direito se dá quando o sócio é declarado falido ou quando o sócio é excluído
através do procedimento do art.1026, p.u., do CC (que determina a liquidação da quota do sócio).

CC, Art.1.030. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha
sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.
Como funciona a figura do sócio ser declarada falida?

Sociedade LTDA Fora da sociedade LTDA PJ “X” S.A. é uma sociedade


anônima e pode ser declarada
a sua falência.
"A” Pessoa Jurídica “X" Essa falência tem efeitos
quanto à participação da PJ “X”
na sociedade LTDA.
PJ “X” é uma S.A. e O resultado será que PJ “X”
sócia da LTDA será excluída da soc. LTDA e,
no processo falimentar irá
entrar o valor relativo às suas
quotas na LTDA.

OBS: Se a “Sociedade LTDA” fosse uma S.A., o administrador judicial iria


ARRECADR AÇÕES, ou seja, o falido não seria excluído da S.A., mas, sim,
haveria a arrecadação das suas ações e, depois, o administrador judicial
resolveria o que fazer com as ações arrecadadas.

ii. Arts.1.058 e 1.085: exclusão extrajudicial.


O sócio remisso é aquele que está em mora com a sua contribuição para o capital social, ou seja, subscreveu
determinado valor, mas não integralizou tudo. O procedimento de notificar o sócio remisso (com prazo de 30 dias) para
integralizar a sua quota é chamado pela doutrina de chamada de capital. Sendo chamado, mas permanecendo em mora – além
de ser permitida a exclusão do sócio remisso –, é possível:
a. A sociedade pode cobrar danos emergentes da mora;
b. A sociedade pode executar o sócio (o contrato social é um título executivo; o sócio subscreveu um valor, mas não
integralizou; portanto, deve);
c. Pode ser reduzida a participação no capital social (se o sócio subscreveu 70% do capital social, mas só integralizou
20%, sua participação cai para 20%; em relação aos outros 50%, ou o capital social é diminuído ou alguém – terceiro ou sócio –
assume a integralização).

É possível a exclusão de sócio minoritário. Para se averiguar se a falta foi realmente grave, o sócio pode se socorrer ao
Judiciário. Só vai haver exclusão na conformidade do art.1.085 do CC se houver previsão no contrato social de exclusão pelo
art.1.085 (a chamada “exclusão por justa causa”). Caso não haja essa previsão, sua exclusão se dará por via judicial.

CC, Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu
parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago,
deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.

CC, Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital
social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável
gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa
causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser
determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir
seu comparecimento e o exercício do direito de defesa.

@dicasexconcurseira 46
iii. Art.1.030, caput: exclusão judicial à falta grave ou incapacidade superveniente do sócio.

CC, Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante
iniciativa da maioria* dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente.

* Como chego a essa maioria? Há duas correntes:


1ª – A votação se dá por cabeça à na prática, espera-se que seja adotado este critério!
2ª – A votação se dá de acordo com a participação do sócio na sociedade.

ATENÇÃO! Na prática, quem propõe essa ação judicial são os sócios (e não a sociedade).

Quem é o polo passivo desta demanda?


a. O sócio que cometeu a falta grave;
b. O sócio que não desejou a propositura da ação;
c. A sociedade.
DE OLHO NA JURIS! INFO 483 do STJ: A sociedade LTDA (pessoa jurídica) não precisa estar no polo passivo, quando
todos os sócios já estiverem no polo ativo. Mas, no mesmo ano desse informativo, houve uma decisão no sentido
de que a sociedade LTDA devia integrar o polo passivo.

7. Conselhos
i. Conselho de Administração: não há previsão no CC para adoção de um Conselho de Administração na sociedade
limitada.

Enunciado 64 da JDC do CJF: Criado o Conselho de Administração não sociedade limitada, não regida supletivamente pela Lei
de Sociedade de Ações (art.1.053, p.u., CC) e, caso não haja regramento específico sobre o órgão no contrato, serão aplicadas,
por analogia, as normas da S.A.

ii. Conselho Fiscal (art.1066 e segs. do CC):


* é facultativo (OBS: na S.A., o Conselho Fiscal é obrigatório);
* é órgão colegiado (composto por 3 ou mais membros, sócios ou não, eleitos em Assembleia Anual e residentes no
país);
* os membros são remunerados;
* a existência do Conselho Fiscal não afasta a competência da Assembleia (cada órgão tem competência distinta).

8. Assembleia/Reunião dos Sócios

Se a sociedade LTDA tiver até 10 sócios, irá escolher se prefere deliberar através de uma Assembleia ou por meio de
reunião de sócios. CUIDADO! Se a sociedade LTDA tiver mais de 10 sócios, só poderá deliberar através de Assembleia.
A assembleia ou a reunião dos sócios podem ser dispensadas quando a matéria que está sendo discutida já tiver sido
decidida por escrito por todos os sócios (art.10.72, §3º).
O quórum de instalação é de ¾ do capital, na 1ª convocação. Na 2ª convocação, o quórum é qualquer número definido
pela sociedade.
O quórum de aprovação é regido pelos art.1071 c/c 1076 do CC.
CC, Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios serão tomadas
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071;
II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais
elevada.

9. Fonte supletiva
CC, Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade
anônima.

@dicasexconcurseira 47
22. SOCIEDADE ANÔNIMA

1. Características
a) Responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão de suas ações;

b) A sociedade anônima (S.A.) é sempre uma sociedade empresária, ou seja, sempre exerce atividade empresária,
independentemente do objeto explorado. Assim, seu registro é feito na Junta Comercial;

c) A administração é dualista, pois existem 2 órgãos de administração: o Conselho de Administração e a Diretoria.

d) O nome empresarial da S.A. é do tipo denominação. Pode-se adicionar a expressão “Companhia”/”Cia” no início do nome
empresarial; e a expressão “S.A.” pode ser usada no início, no meio ou no final do nome empresaria.

e) A S.A. pode ser aberta ou fechada.


O que seria uma S.A. aberta? É aquela que tem o registro da companhia aberta outorgada pela CVM (Comissão de
Valores Mobiliários; exs de valores mobiliários: ações, debêntures, bônus de subscrição, etc); e, a partir desse registro, ela pode
negociar valores mobiliários no mercado de capitais.

O mercado de capitais pode ser primário à mercado de balcão (emissão primária de valores mobiliários); ou
secundário à mercado de balcão e bolsa de valores (hipóteses de revenda).
obs: a bolsa de valores é uma S.A. aberta.

É possível um acionista de uma S.A. ser excluído da sociedade por conta da quebra da affectio societatis ou, até mesmo,
exercer o direito de retirada em razão da quebra da affectio societatis?
A questão da affectio societatis não está prevista na LSA. No entanto, a doutrina e a jurisprudência do STJ pacificaram a
orientação de que existe, sim, essa possibilidade; porém, apenas excepcionalmente e desde que se trate de uma S.A. fechada
(jamais em caso de S.A. aberta). E, além disso, não seria qualquer S.A. fechada, mas apenas a S.A. fechada de natureza familiar
(onde os acionistas pertencem ao mesmo núcleo familiar) – Informativo 487 do STJ.

INFORMATIVO 487 DO STJ.


Trata-se, na origem, de ação para dissolver parcialmente sociedade anônima com a apuração de haveres ou a exclusão dos
acionistas ora recorridos. Na espécie, a sociedade anônima apresenta estrutura de sociedade familiar*, na qual as ações
permanecem em poder dos membros de uma mesma família, não sendo, portanto, negociadas no mercado de capitais. O
instituto da dissolução parcial é, a princípio, voltado às sociedades contratuais e personalíssimas, contudo deve-se observar que,
atualmente, a complexa realidade das relações negociais potencializa a extensão daquele instituto às sociedades
circunstancialmente anônimas. A jurisprudência do Superior Tribunal é que, para a exclusão judicial do sócio, não basta a
alegação de quebra da affectio societatis, mas a demonstração de justa causa, ou seja, dos motivos que ocasionaram essa
quebra. [...] Daí, ante a caracterização do justo motivo, deve-se concluir pela exclusão dos recorridos da sociedade anônima
com estrutura de sociedade familiar. Precedentes citados: EREsp 111.294-PR, DJ 10/9/2007, e REsp 1.129.222-PR, DJe
1º/8/2011. REsp 917.531-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/11/2011.

* Informativo 595 do STJ (6/12/2016): É possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por grupos
familiares, seja dissolvida parcialmente quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e
na distribuição de dividendos aos acionistas -, restar configurada a viabilidade da continuação dos negócios da companhia.

f) Valores Mobiliários
O rol legal dos valores mobiliários não é taxativo. A CVM cria normas, fomenta e fiscaliza o mercado de capitais. A CVM
é uma autarquia federal. A bolsa de valores era, até 2006, uma associação civil. No início de 2007, se transformou em uma S.A.
fechada. Em abril de 2008, a bolsa, através de uma fusão, se transformou em uma S.A. aberta.

à O que é desmutualização da bolsa? É o processo de transformação da bolsa de valores de associação civil até a sua abertura
de capital.

As AÇÕES são um tipo de valor mobiliário e, aqui, estudaremos elas!

@dicasexconcurseira 48
As ações podem ser:
i. nominativas: pode ter um certificado e fica averbada no livro de registro de ações nominativas;
ii. escriturais: jamais terá certificado, pois é virtual. Fica averbada no livro da instituição financeira que faz a sua
custódia.
As ações também podem ser: ordinárias ou preferenciais.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes. Enquanto que as ações ordinárias, em regra, não podem ser
divididas em classe. Mas há uma exceção: art.16 da LSA = na S.A. fechada, é possível realizar a divisão das ações ordinárias em
classe. É possível haver: 1. a conversão de ação ordinária em preferencial; 2. exigência de que o titular da ação seja brasileiro
para possuir ação ordinária em S.A. fechada; ou, ainda, 3. pode-se garantir direito de voto em separado, aos cargos de
administração, em caso de ação ordinária de S.A. fechada. Estas são as 3 classes excepcionais.
Quanto ao exercício do direito de voto, as ações ordinárias garantem ao seu titular o direito voto. As ações
preferenciais, em regra, também garantem ao seu titular o direito de votar. Para que não haja o direito de voto, o Estatuto tem
que negar expressamente este direito.

OBS: O limite de emissão de ações preferenciais sem direito de voto é de até 50% do capital social.

Se tenho ação preferencial sem direito a voto, existe algum cenário em que eu poderei votar? Sim, em 3 hipóteses:
1 – Art.87, §2º, LSA: garante direito de voto para todos os acionistas na assembleia de constituição da companhia;
2 – Art.213, §1º LSA: na assembleia de liquidação da companhia, todos poderão votar;
3 – Art.111, §1º, LSA: As ações preferenciais sem direito de voto ADQUIRIRÃO o exercício desse direito se a companhia,
pelo prazo previsto no Estatuto, não superior a 3 exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que
fazem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos ou até que sejam pagos os
cumulativos em atraso.

A Golden share é uma ação “super” preferencial, ou seja, uma ação preferencial de classe especial, que será titularizada
apenas e tão somente pelo ente federativo que promover a desestatização da companhia. No momento em que uma
companhia estatal é privatizada (o Estado passa à condição de sócio minoritário da companhia), pode-se criar uma ação de
classe especial e preferencial para o Estado. Essa ação não pode ser endossada para ninguém. Esta ação pode conferir alguns
direitos para o Estado, como, por exemplo, direito de veto das decisões tomadas pela Assembleia. Esses direitos estarão
previstos no Estatuto. Ex: a União tem uma Golden share na EMBRAER.

Direitos essenciais dos acionistas.


Nem a Assembleia, nem o Estatuto poderão eliminar tais direitos.
Temos um rol fechado de 5 hipóteses que constituem os direitos essenciais do acionista (art.109, LSA):
1 – Participação nos lucros;
2 – Participação no acervo da companhia, em caso de liquidação;
3 – Direito de preferência para a aquisição de novas ações, em caso de eventual aumento de capital social;
4 – Direito de fiscalização das atividades negociais;
5 – Direito de retirada.

Agora, partiremos ao estudo de outro tipo de valor mobiliário: as DEBÊNTURES!


Você pode buscar empréstimo no mercado - ou seja, pode lançar debêntures no mercado -, visando obter um
financiamento, em troca da entrega desse valor mobiliário chamado “debênture”. O debenturista, que é o titular das
debêntures, empresta dinheiro para a companhia emissora das debêntures, tornando-se não um sócio, mas sim credor da
companhia.
As debêntures são emitidas com um objetivo geral de obter um empréstimo, e o debenturista empresta dinheiro com a
promessa de receber o valor que ele emprestou + juros e correção monetária a longo prazo (geralmente, 5 anos). Porém,
dependendo da hipótese (e isto estará escrito na escritura de emissão de lançamento das debêntures), haverá ou não a
possibilidade de converter a debênture em ações.

As espécies de debêntures estão previstas no art.58 da LSA:


i. debênture com garantia real;
ii. debênture com garantia flutuante;
iii. debênture quirografária;
iv. debênture subordinada.

Se a S.A. faliu (emitiu debêntures, mas depois faliu), qual vai ser a posição dos debenturistas (que são credores) no qual
geral de credores do falido? Vai depender da espécie de debênture + art.83 da Lei de Falência (ordem dos créditos na falênica).

@dicasexconcurseira 49
LSA, Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a escritura de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, não gozar de
preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia.

Competência para emissão da debênture à Assembleia-Geral.

LSA, Art.59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da Assembleia-Geral...


§1º - Na companhia aberta, o Conselho de Administração pode deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em
ação, salvo disposição estatutária em contrário.

g) ACIONISTA CONTROLADOR.
• Não é órgão da S.A;
• Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de
voto ou sob controle comum, que:
a. É titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da
Assembleia-Geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b. Usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.

• Em caso de abuso de poder, o controle será feito através da ação de responsabilidade civil por abuso de direito,
devendo esta ação ser proposta pelo acionista que represente 5% ou mais do capital social ou qualquer acionista desde
que preste caução, em hipótese de legitimação extraordinária (atua em nome próprio, mas no interesse da sociedade).

LSA, Art. 246. A sociedade controladora será obrigada a reparar os danos que causar à companhia por atos praticados com
infração ao disposto nos artigos 116 e 117.
§ 1º A ação para haver reparação cabe:
a) a acionistas que representem 5% ou mais do capital social;
b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de vir a ação ser
julgada improcedente.
§ 2º A sociedade controladora, se condenada, além de reparar o dano e arcar com as custas, pagará honorários de advogado de
20% e prêmio de 5% ao autor da ação, calculados sobre o valor da indenização.

h) ACORDO DE ACIONISTAS.
LSA, Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a
voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.

Natureza jurídica do acordo de acionistas: é um contrato para-social, de acordo com Fábio Conder Comparato, pois a
sociedade não faz parte do acordo, mas está vinculada ao acordo quando estiver arquivado em sua sede.

Efeitos do acordo de acionistas: os efeitos poderão ser:


* unilaterais: ex – no exercício do direito de preferência para adquirir as ações;
* bilaterais: ex – compra e venda de ações;
* plurilaterais: ex – exercício do poder de controle.
Estes efeitos podem, ainda, se projetar em relação à S.A. (quanto o acordo for arquivado em sua sede) ou a terceiros
(quando averbado nos livros e certificados)

Responsabilidade civil pelo veto praticado com abuso.


LSA, Art.118, §2° Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no exercício do direito de
voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117).

Descumprimento do acordo de acionistas.


LSA, Art.118, §8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto
proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado.
§9o O não comparecimento à assembléia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem como as abstenções
de voto de qualquer parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de
acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso
de membro do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada.

@dicasexconcurseira 50
i) ÓRGÃOS DA S.A.

É órgão decisório e pode


dividida em Assembleia-Geral
ASSEMBLEIA-GERAL Ordinária (AGO) e
Assembleia-Geral
Extraordinária (AGE)

ÓRGÃOS DA S.A. DIRETORIA É órgão de administração

É órgão de administração; a
CONSELHO DE administação da S.A. é
ADMINISTRAÇÃO dualista; NÃO é órgão
obrigatório em S.A. fechada

CONSELHO FISCAL Tem a função de fiscalizar os


administradores

1. Conselho de Administração
O Conselho de Administração é órgão facultativo, salvo:
i. Se a S.A. for aberta;
ii. Se se tratar de sociedade de capital autorizado;
iii. Se se tratar de sociedade de economia mista.

Rol do art.142 da LSA

COMPETÊNCIA Deliberar sobre a emissão de debêntures, se estas não forem conversíveis em ação, a S.A. for aberta
e não haja vedação pelo estatuto (art.59, §1º)

Objetivo principal: fixação da política de negócios da S.A. Depois, que será colocada em prática pela
Diretoria

Composição (art.140, LSA):


Mínimo de 3 membros no Conselho de Administração;
Prazo: 3 anos de mandato + 1 reeleição;
O membro é sempre pessoa física (não precisa ser acionista, nem residente no Brasil).

Obrigatoriedade (arts.138, §1º e 239, LSA): na S.A. aberta, na S.A. de capital autorizado e na sociedade de economia
mista, é obrigatório ter Conselho de Administração.
OBS: A S.A. de capital autorizado é a S.A. que, em seu estatuto, tem uma cláusula que permite o aumento do capital social até o
limite determinado, sem a necessidade de passar por uma Assembleia.

2. Diretoria
Os conselheiros são eleitos pelos acionistas em Assembleia. E são os conselheiros que indicam os membros da
Diretoria.
O diretor executa o plano da política de negócios e representa a companhia.

@dicasexconcurseira 51
Deveres dos administradores (diretores e conselheiros) – art.153 a 157, LSA:
i. Dever de diligência (art.153): exige-se o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo empreenderia
em seu próprio negócio.

DE OLHO! TEORIA DA BUSINESS JUDGMENT RULE (regra da decisão negocial): protege, quanto aos efeitos da
responsabilidade civil, o administrador diligente e de boa-fé. Para a aplicação desta teoria, são necessários os
seguintes requisitos: boa-fé + a decisão questionada deve ter sido informada, refletida e desinteressada.

ii. Realizar a função social da companhia;

iii. Dever de lealdade (art.155, LSA): oportunidade comercial + sigilo + insider trading.

DE OLHO! “Insider trading”: o administrador não pode usar uma informação que ainda não foi divulgada ao
público, mas que é relevante (que tem o potencial de alterar os valores mobiliários).

iv. Evitar conflito de interesses (art.156, LSA);

TEORIA DO CONFLITO FORMAL DE INTERESSES TEORIA DO CONFLITO SUBSTANCIAL DE INTERESSES


Surgido o conflito, o administrador aponta o conflito O administrador pode negociar (mesmo havendo
e se afasta de eventual negociação. conflito de interesses) e, depois, se verificará se
houve ou não um prejuízo para a companhia.
Esta é a teoria adotada no art.156, §1º, LSA (análise
a posteriori da conduta do administrador).

v. Dever de informar (só existe na S.A. aberta);

vi. Responsabilidade civil: a ação de responsabilidade civil pode ser proposta pela Companhia, por acionista ou
terceiro diretamente prejudicado pelo administrador.
O ponto fundamental é determinar quem sofre o dano direto:
a. Se o dano direto tiver sido sofrido pela S.A. à teremos uma ação social;
b. Se o dano direto tiver sido sofrido por um terceiro ou pelo acionista à teremos uma ação individual.

ESPÉCIES DE AÇÃO DE RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR


DE UMA S.A.

AÇÃO INDIVIDUAL
AÇÃO SOCIAL
(art.159, §7º)

UNIVERSAL Uti singuli


(art.159) (art.159, §§3º e 4º)

@dicasexconcurseira 52
ORGANOGRAMA DA AÇÃO SOCIAL

PRÉVIA DELIBERAÇÃO (art.159, LSA)


(para ver se propõe ou não a ação; é condição
específica da ação)
STJ (Info 431): é absolutamente necessária a prévia
deliberação!

ASSEMBLEIA AUTORIZA
(haverá o afastamento do ASSEMBLEIA NÃO AUTORIZA
administrador)

A ação social pode ser Acionistas com 5% do capital


ajuizada por qualquer A S.A. NÃO social poderão ajuizá-la
A S.A. poderá
acionista, se a S.A. não poderá ajuizar a (art.159, §4º)
ajuizar a ação
ajuizá-la em até 3 meses ação
(Art.159, §3º)

LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA
(age em nome próprio, defendendo interesse
alheio)

3. Conselho Fiscal
Mesmo não sendo administrador, o conselheiro fiscal tem os mesmos deveres dos administradores. Ele só não tem o
dever de informar.

Composição: no mínimo, 3 pessoas; no máximo, 5 pessoas. Devem ser pessoas físicas e residentes no Brasil.
Obrigatoriedade: é obrigatório. Seu modo de funcionamento pode ser permanente ou a pedido dos acionistas.
Competência (art.163, LSA): fiscalizar os administradores e elaborar o parecer sobre a gestão dos administradores.
Sociedade de economia mista: nela, o Conselho Fiscal funcionará sempre de forma permanente.

@dicasexconcurseira 53
23. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

A transformação societária é a mudança do tipo societário que ocorre sem a dissolução ou liquidação da sociedade.
A transformação societária não pode prejudicar interesses dos credores anteriores à transformação.

TRANSFORMAÇÃO INCORPORAÇÃO

B
S.A. LTDA A B (A + B)

A sociedade “A” A “LTDA” é resultado A sociedade “A” será


extinta, passando o seu “B” é resultado da
será transformada da transformação da soma de
em outro tipo “S.A”, sem liquidação patrimônio para a
sociedade “B” patrimônios de
societário ou dissolução. “A” e “B”.

FUSÃO CISÃO PARCIAL

C
A B (A + B) B
A

As duas serão extintas, “C” é resultado da A sociedade “A” irá A sociedade “B” é
dando lugar a uma soma dos verter parte de seu resultado do
terceira sociedade. patrimônios de patrimônio para a patrimônio
“A” e “B”. sociedade “B”, que será recebido por “A”.
criada

CISÃO INTEGRAL

A sociedade “B” é resultado da


“A” será versão do
extinta, patrimônio de “A”.
vertendo seu
patrimônio
para a
sociedade “B”.

@dicasexconcurseira 54
JURISPRUDÊNCIAS SOBRE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
A sucessão civil e processual dos sócios de sociedade limitada, extinta por meio do distrato, poderá ser efetivada por meio do
procedimento de habilitação, mas não pela via da desconsideração da personalidade jurídica
A extinção da pessoa jurídica se equipara à morte da pessoa natural (art. 110 do CPC/2015), atraindo a sucessão material e
processual com os temperamentos próprios do tipo societário e da gradação da responsabilidade pessoal dos sócios. Em
sociedades de responsabilidade limitada, após integralizado o capital social, os sócios não respondem com seu patrimônio
pessoal pelas dívidas titularizadas pela sociedade, de modo que o deferimento da sucessão dependerá intrinsecamente da
demonstração de existência de patrimônio líquido positivo e de sua efetiva distribuição entre seus sócios. A demonstração da
existência de fundamento jurídico para a sucessão da empresa extinta pelos seus sócios poderá ser objeto de controvérsia a ser
apurada no procedimento de habilitação, que é previsto no art. 687 do CPC/2015, aplicável por analogia à extinção de empresas
no curso de processo judicial. A desconsideração da personalidade jurídica não é, portanto, via cabível para promover a inclusão
dos sócios em demanda judicial, da qual a sociedade era parte legítima, sendo medida excepcional para os casos em que
verificada a utilização abusiva da pessoa jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp 1.784.032-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
02/04/2019 (Info 646).

Ex-sócio de sociedade limitada não é responsável por obrigação contraída após sua saída da empresa
Na hipótese de cessão de quotas sociais, a responsabilidade do cedente pelo prazo de até 2 anos após a averbação da respectiva
modificação contratual restringe-se às obrigações sociais contraídas no período em que ele ainda ostentava a qualidade de
sócio, ou seja, antes da sua retirada da sociedade. Ex: o sócio João retira-se da sociedade e a averbação dessa alteração social é
levada à Junta Comercial em 18/02/2014. Dessa última data conta-se o prazo de 2 anos para que os credores ou a sociedade o
acionem pelas obrigações contraídas até 18/02/2014. Essa é a interpretação dos arts. 1.003, parágrafo único, 1.032 e 1.057,
parágrafo único, do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1537521/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/02/2019.

Não se aplica o critério do balancete mensal (Súmula 371 do STJ) para os contratos de participação financeira celebrados na
modalidade PCT
O critério do balancete mensal, previsto na Súmula 371 do STJ, é inaplicável aos contratos de participação financeira em
empresa de telefonia celebrados na modalidade Planta Comunitária de Telefonia - PCT. Súmula 371-STJ: Nos contratos de
participação financeira para aquisição de linha telefônica, o valor patrimonial da ação (VPA) é apurado com base no balancete
do mês da integralização. STJ. 3ª Turma. REsp 1742233-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/10/2018 (Info
634).

A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, atual BM&F BOVESPA, não responde pelos prejuízos causados pela venda
indevida de ações mediante uso de procuração falsa
A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia, atual BM&F BOVESPA, não responde civilmente pelos prejuízos decorrentes da
negociação de ações mobiliárias mediante uso de procuração pública falsa que não lhe foi apresentada. Constitui
responsabilidade do agente de custódia (corretoras de valores) fiscalizar a regularidade das procurações apresentadas para
transferência de valores mobiliários. STJ. 3ª Turma. REsp 1677983-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 26/06/2018 (Info
632).

Legitimidade passiva da Telebrás, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas), para a ação de
complementação de ações
Legitimidade passiva da Telebrás, bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas), para a ação de complementação
de ações, na hipótese em que as ações originárias tenham sido emitidas pela Telebrás. A legitimidade passiva para a demanda
por complementação de ações é definida de acordo com as seguintes hipóteses: 1) Contrato de participação financeira
celebrado com companhia independente não controlada pela TELEBRÁS (ex.: CRT S/A): legitimidade passiva da companhia
independente, ou da sucessora desta (ex.: OI S/A); 2) Contrato de participação financeira celebrado com companhia local
controlada pela TELEBRÁS (ex.: TELESC S/A), e emissão originária de ações pela controlada: legitimidade passiva da TELEBRÁS,
bem como das companhias cindendas (ou sucessoras destas); 3) Contrato de participação financeira celebrado com companhia
local controlada pela TELEBRÁS, e emissão de ações pela TELEBRÁS: legitimidade passiva da TELEBRÁS, bem como das
companhias cindendas (ou sucessoras destas). STJ. 2ª Seção. REsp 1.633.801-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 23/05/2018 (recurso repetitivo) (Info 630).

Prescrição em caso de ação de exigir contas pelo pagamento de dividendos e outros rendimentos
A pretensão do titular de ações de exigir contas da sociedade anônima referente ao pagamento de dividendos, juros sobre
capital próprio e demais rendimentos inerentes às respectivas ações prescreve em três anos. Fundamento: art. 287, II, “a”, da
Lei nº 6.404/76. STJ. 3ª Turma. REsp 1608048-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/05/2018 (Info 627).

@dicasexconcurseira 55
Quórum para exclusão judicial do sócio majoritário não inclui as suas quotas
A exclusão judicial do sócio majoritário nas sociedades limitadas é disciplinada pelo art. 1.030 do Código Civil: Art. 1.030.
Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da
maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. O
que significa essa expressão “mediante iniciativa da maioria dos demais sócios” prevista no art. 1.030 do CC? No cálculo dessa
maioria deve-se incluir as quotas do sócio “acusado”? Não. A lei é explícita ao falar em maioria dos demais sócios.Consideram-se
apenas as quotas dos demais sócios, excluídas aquelas pertencentes ao sócio que se pretende excluir. Isso porque o art. 1.030 é
a oportunidade que a legislação confere aos sócios minoritários de excluírem o sócio majoritário. Assim, o quorum deliberativo
para exclusão judicial do sócio majoritário por falta grave no cumprimento de suas obrigações deve levar em conta a maioria do
capital social de sociedade limitada, excluindo-se do cálculo o sócio que se pretende jubilar. STJ. 3ª Turma. REsp 1653421-MG,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/10/2017 (Info 616).

Fechamento em branco ou indireto de capital


Não configura o fechamento em branco ou indireto de capital a hipótese de incorporação de ações de sociedade controlada
para fins de transformação em subsidiária integral (art. 252 da Lei das S/A), realizada entre sociedades de capital aberto, desde
que se mantenha a liquidez e a possibilidade de os acionistas alienarem as suas ações. Assim, é desnecessária a oferta pública de
ações em favor dos acionistas preferenciais da companhia que teve suas ações incorporadas, mas que continuam com plena
liquidez no mercado de capitais. STJ. 3ª Turma.REsp 1642327-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade,
julgado em 19/09/2017 (Info 612).

Ação de regresso proposta pela empresa cindida contra a empresa resultante da cisão
Cabe ação de regresso para ressarcimento de condenação relativa a obrigações tipicamente societárias suportada
exclusivamente por empresa cindida contra empresa resultante da cisão parcial, observando-se a proporção do patrimônio
recebido. Ex: a Tele Sudeste surgiu a partir da cisão parcial da Telebrás (a Tele Sudeste é 2,42% do patrimônio original da
Telebrás); determinado banco propôs ação contra a Telebrás e a Tele Sudeste cobrando uma quantia decorrente de uma
obrigação de debênture (obrigação societária) anterior à cisão; ambas foram condenadas a pagar o valor total de R$ 5 milhões; a
Telebrás cumpriu o julgado e quitou integralmente a dívida; em seguida, a Telebrás ajuizou ação regressiva contra a Tele
Sudeste cobrando 2,42% do valor pago pela condenação judicial. STJ. 3ª Turma.REsp 1642118-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/09/2017 (Info 619).

Definição do “valor justo de mercado” como critério a ser utilizado para o cálculo do valor de reembolso das ações do acionista
dissidente retirante
A definição do valor justo de mercado como critério a ser utilizado para o cálculo do valor de reembolso das ações do acionista
dissidente retirante, por ocasião da incorporação da companhia controlada, não infringe o disposto no art. 45, § 1º, da Lei nº
6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações). A utilização do valor justo de mercado como parâmetro para indenizar as ações de
acionista retirante em caso de incorporação de companhias não fere a Lei das Sociedades Anônimas, e é possível nos casos em
que o valor do patrimônio líquido contábil da empresa incorporada não reflita fielmente o valor daquelas ações. STJ. 3ª Turma.
REsp 1572648-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 12/9/2017 (Info 611).

O herdeiro necessário não possui legitimidade para ação de dissolução parcial de sociedade, salvo se for em defesa de interesse
do espólio
O herdeiro necessário não possui legitimidade ativa para propositura de ação de dissolução parcial de sociedade em que se
busca o pagamento de quotas sociais integrantes do acervo hereditário quando não for em defesa de interesse do espólio. STJ.
3ª Turma. REsp 1645672-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/8/2017 (Info 611).

Se o indivíduo não é mais acionista no momento do ato de declaração do dividendo, não terá direito de receber os lucros da
companhia
Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição durante o exercício financeiro sobre o qual é
apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação de suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício.
Fundamento jurídico: art. 205 da Lei nº 6.404/76. Ex: o indivíduo possuía 40 mil ações ordinárias da sociedade anônima.Em
fev/2015, ele vendeu suas ações.Em abril/2015, a S.A. realizou Assembleia Geral Ordinária e deliberou pagar aos acionistas da
companhia os dividendos apurados no ano anterior (2014). Este indivíduo não terá direito ao pagamento porque na data do ato
de declaração do dividendo (data da Assembleia), ele já não mais fazia parte do quadro de acionistas da Companhia. STJ. 4ª
Turma.REsp 1326281-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/8/2017 (Info 610).

@dicasexconcurseira 56
Inventariante não pode votar em assembleia da sociedade anônima alterando o controle da companhia e alienando bens do
acervo patrimonial
O inventariante, representando o espólio, não pode votar em assembleia de sociedade anônima da qual o falecido era sócio
com a pretensão de alterar o controle da companhia e vender bens do acervo patrimonial. Os poderes de administração do
inventariante são aqueles relativos à conservação dos bens inventariados para a futura partilha, dentre os quais se pode citar o
pagamento de tributos e aluguéis, a realização de reparos e a aplicação de recursos, atendendo o interesse dos herdeiros. A
atuação do inventariante, alienando bens sociais e buscando modificar a natureza das ações e a própria estrutura de poder da
sociedade anônima, está fora dos limites dos poderes de administração e conservação do patrimônio. STJ. 3ª Turma. REsp
1627286-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/06/2017 (Info 612).

Se parte das quotas do sócio retirante estão empenhadas (penhor), a apuração dos haveres ficará limitada às quotas livres do
ônus real
A dissolução parcial de sociedade limitada por perda da affectio societatis pode ser requerida pelo sócio retirante, limitada a
apuração de haveres às suas quotas livres de ônus reais. STJ. 4ª Turma.REsp 1332766-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 1/6/2017 (Info 608).

Momento em que se considera dissolvida a sociedade empresária para fins de apuração de haveres
Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada constituída por tempo indeterminado exerce o direito de retirada por meio
de inequívoca e incontroversa notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de haveres é o termo final do prazo de
60 dias, estabelecido pelo art. 1.029 do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp 1602.240-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
6/12/2016 (Info 595).

Dissolução parcial da sociedade anônima que não está gerando lucros


É possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por grupos familiares, seja dissolvida parcialmente
quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferimento de lucros e na distribuição de dividendos aos
acionistas –, restar configurada a viabilidade da continuação dos negócios da companhia. STJ. 3ª Turma. REsp 1321263-PR, Rel.
Min. Moura Ribeiro, julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Impossibilidade de nomeação de liquidante em dissolução parcial de sociedade empresária


A nomeação de liquidante somente se faz necessária nos casos de dissolução total da sociedade, considerando que suas
atribuições estão relacionadas com a gestão do patrimônio social de modo a regularizar a sociedade que se pretende dissolver.
Na dissolução parcial, em que se pretende apurar exclusivamente os haveres do sócio falecido ou retirante, com a preservação
da atividade da sociedade, basta que seja nomeado um perito técnico habilitado para realizar uma perícia contábil a fim de
determinar o valor da quota-parte devida ao ex-sócio ou aos seus herdeiros. STJ. 3ª Turma. REsp 1557989-MG, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 17/3/2016 (Info 580).

Formação de quórum deliberativo necessário à exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada


Para a fixação do quórum deliberativo assemblear necessário à aprovação da exclusão de sócio minoritário de sociedade
limitada, não se pode computar a participação deste no capital social, devendo a apuração da deliberação se lastrear em 100%
do capital restante, ou seja, tão somente no capital social daqueles legitimados a votar. STJ. 4ª Turma. REsp 1459190-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/12/2015 (Info 575).

Prazo decadencial para desconstituir deliberação societária excludente de sócio minoritário


É de 3 anos o prazo decadencial para que o sócio minoritário de sociedade limitada de administração coletiva exerça o direito à
anulação da deliberação societária que o tenha excluído da sociedade, ainda que o contrato social preveja a regência supletiva
pelas normas da sociedade anônima. STJ. 4ª Turma. REsp 1459190-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/12/2015
(Info 575).

Certidões negativas que podem ser exigidas na transformação de sociedade simples em empresarial
Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual, a fim de promover a transformação de sociedade civil em
empresária, não é exigível a apresentação de certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União, exigindo-se, contudo,
certidão negativa de débito com o INSS. STJ. 2ª Seção. REsp 1393724-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 28/10/2015 (Info 574).

Complementação de ações de empresas de telefonia


Súmula 551-STJ: Nas demandas por complementação de ações de empresas de telefonia, admite-se a condenação ao
pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio independentemente de pedido expresso. No entanto, somente quando

@dicasexconcurseira 57
previstos no título executivo, poderão ser objeto de cumprimento de sentença. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe
19/10/2015.

Competência para julgar dissolução parcial de sociedade limitada com apuração de haveres
João era sócio em mais de 20 sociedades limitadas de grande porte. Determinado dia, João morre. Foi instaurado um processo
judicial de inventário e partilha dos bens de João, sendo nomeada como inventariante a sua mulher sobrevivente. A
inventariante deseja ingressar com "ação de dissolução parcial da sociedade com apuração dos haveres" a fim de que seja
calculado o valor que seu marido falecido tinha direito em relação a cada uma das empresas. O advogado da inventariante ficou,
no entanto, com uma dúvida: o juízo competente para julgar essa ação será a vara cível ou a vara de sucessões (onde já tramita
o inventário do sócio falecido)? Compete ao juízo cível — e não ao juízo de sucessões no qual tramita o inventário — julgar, com
consequente apuração de haveres do de cujus, dissolução parcial de sociedade limitada que demande extensa dilação
probatória. No caso concreto, o juízo competente será a vara cível porque eram muitas sociedades, exigindo ampla dilação
probatória, o que é inviável no juízo do inventário. STJ. 3ª Turma. REsp 1459192-CE, Rel. originário Ricardo Villas Bôas Cueva,
Rel. para acórdão João Otávio de Noronha, julgado em 23/6/2015 (Info 566).

Legitimidade ativa para ação social


Acionistas e companhia podem litigar em litisconsórcio facultativo ativo em ação de responsabilidade civil contra o
administrador pelos prejuízos causados ao patrimônio da sociedade anônima (art. 159 da Lei 6.404/1976), quando não proposta
a ação pela companhia no prazo de três meses após a deliberação da assembleia-geral (§ 3º). STJ. 3ª Turma. REsp 1515710-RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/5/2015 (Info 563).

Critérios para a apuração de haveres do sócio retirante


Ocorre a dissolução parcial da sociedade limitada quando um ou alguns dos sócios saem da sociedade, mas ela é preservada e
continua suas atividades. Uma das hipóteses de dissolução parcial de sociedade é o direito de retirada (direito de recesso,
direito de denúncia), ou seja, é a saída do sócio por iniciativa própria. Ele simplesmente não quer mais fazer parte daquela
sociedade. Nesse caso, o sócio que deixar a sociedade receberá a parte que lhe cabe no patrimônio social, continuando a
sociedade em relação aos demais sócios. O cálculo do valor devido ao sócio que deixa a sociedade é feito por meio de um
procedimento denominado de APURAÇÃO DE HAVERES. Qual é o critério adotado para se fazer a apuração de haveres do sócio
retirante? SEGUNDO O ENTENDIMENTO DO STJ:
• O contrato social pode prever o critério para a apuração dos haveres do sócio retirante no caso de dissolução parcial de
sociedade limitada;
• No entanto, o critério previsto no contrato social somente prevalecerá se houver consenso entre as partes quanto ao
resultado alcançado;
• Caso não haja concordância entre as partes, deve-se aplicar o “balanço de determinação”, que é o critério que melhor reflete
o valor patrimonial da empresa;
• O fluxo de caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação econômica e a capacidade de
geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado juntamente com o balanço de determinação na apuração de haveres do
sócio dissidente. SEGUNDO O CPC 2015:
• A primeira opção no caso de apuração dos haveres é adotar o critério previsto no contrato social (art. 604, II).
• Somente se o contrato social for omisso, ou seja, apenas se ele não previr um critério de apuração de haveres, é que será
adotado o “balanço de determinação” (art. 606). O mais seguro é assinalar nos concursos a redação literal do art. 606 do CPC
2015, que irá ser bastante cobrado nas provas. STJ. 3ª Turma. REsp 1335619-SP, Rel. originária e voto vencedor Min. Nancy
Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/3/2015 (Info 558).

Aplicação do art. 1.034 do CC para dissolução judicial da sociedade em conta de participação


Como ocorre a dissolução da sociedade em conta de participação? Qual é o fundamento legal? Não existe regra específica para
disciplinar a dissolução da sociedade em conta de participação. Diante disso, o STJ decidiu que deverá ser aplicada,
subsidiariamente, a regra do art. 1.034 do CC, que define, de forma taxativa, as hipóteses pelas quais se admite a dissolução
judicial das sociedades. STJ. 3ª Turma. REsp 1230981-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/12/2014 (Info 554).

Prazo prescricional para cobrança de debêntures


Prescreve em cinco anos a pretensão de cobrança de valores relativos a debêntures. STJ. 4ª Turma. REsp 1316256-RJ, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013 (Info 526).

Ação de responsabilidade contra administradores e prévia anulação da aprovação de contas


Para o ajuizamento da ação de responsabilidade civil contra os administradores da sociedade anônima, é necessária a prévia
propositura da ação de anulação da assembleia geral que aprovou as contas da sociedade. Somente após o trânsito em julgado
da sentença que julgar procedente a ação anulatória da assembleia (pela ocorrência de erro, dolo, fraude ou simulação), será

@dicasexconcurseira 58
possível ajuizar a ação de responsabilidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1313725-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
26/6/2012.

Repercussão econômica do renome do sócio não integra cálculo da apuração de haveres


Quando um sócio deixa a sociedade (dissolução parcial de sociedade), deve-se calcular a parte que lhe cabe no patrimônio
social. A isso se chama “apuração de haveres”. A possível repercussão econômica do renome de um dos sócios não integra o
cálculo na apuração de haveres em dissolução parcial de sociedade simples composta por profissionais liberais. Isso porque o
renome é atributo personalíssimo, intransferível, fora do comércio, e não é passível de indenização a título de fundo de
comércio. STJ. 4ª Turma. REsp 958116-PR, Rel. originário Min. João Otávio de Noronha, Rel. para o acórdão Min. Raul Araújo
(art. 52, IV, b, do RISTJ), julgado em 22/5/2012.

24. DIREITO CAMBIÁRIO – TÍTULOS DE CRÉDITO

1. Conceito de título de crédito


CC, Art.887. O título de crédito, documento necessário (PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE) ao exercício do direito literal (PRINCÍPIO
DA LITERALIDADE) e autônomo (PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES) nele contido, somente produz efeito quando
preencha os requisitos da lei.

2. Princípios do Direito Cambiário

PRINCÍPIOS DO DIREITO
CAMBIÁRIO

PRINCÍPIO DA PRINCÍPIO DA AUTONOMIA


PRINCÍPIO DA LITERALIDADE CARTULARIDADE DAS OBRIGAÇÕES

Somente é válido aquilo que O portador deve Divide-se em 2 subprincípios:


estiver contido no título. Ex: apresentar a cártula para o
devedor. A obrigação é i. Inoponibilidade das
só é aval se estiver no título;
quesível: o credor tem que exceções pessoais ao terceiro
se houver um contrato com de boa-fé;
um aval, esse aval não vale. procurar o devedor
demonstrando que é o ii. Abstração.
portador legítimo daquele
título. *

* Exceção ao princípio da cartularidade: o título eletrônico (como a duplicata


virtual). Segundo o STJ, em se tratando de duplicata virtual, será dispensada a
apresentação da duplicata virtual para fins de execução.

INFORMATIVO 502 DO STJ. EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR


INDICAÇÃO. EREsp 1.024.691-PR, Rel. Min. Raul Araújo. Julg: 22/8/2012. A
Seção entendeu que a duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio
magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera
indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o
ajuizamento da execução, conforme previsto no art.8º, p.u., da Lei 9.492/97.

Princípio da autonomia das obrigações: cada obrigação assumida por um participante da cadeia cambiária é
considerada autônoma e independente. Ex: a obrigação do avalista não se confunde com a do seu avalizado; a obrigação do
avalista subsiste, mesmo que não haja obrigação do seu avalizado.

@dicasexconcurseira 59
AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES
DA NOTA PROMISSÓRIA

endosso endosso
Bernardo Bruno
Renata Bento Sabrina
(emitente) (beneficiário) Sabrina pode
endosso cobrar de
credora Bento? Sim.
Ninguém
pode exigir de
ASSINATURA FALSA Princípio da autonomia Não poderá
Renata, pois
das obrigações deixar de pagar
ela não
o título sob o
assinou (o
argumento da
título é nulo).
falsidade da
Mas Sabrina
assinatura de
pode cobrar
Renata
de Bruno.

@dicasexconcurseira 60
Subprincípios do princípio da autonomia das obrigações:
a) Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé: não seria possível opor uma exceção,
que seria pessoal, a um terceiro participante da cadeia cambiária que esteja de boa-fé. Se o terceiro estiver de má-fé, poderei
opor a exceção pessoal.
As exceções podem ser: pessoais (ex: remissão da dívida, dação em pagamento, exceção de contrato não
cumprido, confusão, pagamento) ou não pessoais (como as exceções pessoais, tais como: nulidade do processo, do título,
prescrição).
Bernardo poderá opor exceção pessoal para não pagar
o título. Ex: Bruno não entregou o carro (exceção de
contrato não cumprido)

Bernardo Bruno Renata

Não pode ser alegada a exceção pessoal ao terceiro


de boa-fé. Ex: é irrelevante o fato de Bruno não ter
entregue o carro.

b) Princípio da abstração: quando você emite um título, existe naturalmente uma razão para tanto. Mas quando o
título circula (com o endosso), ele de desprende da causa que lhe deu origem.

Enunciado 461 e 462 da V Jornada do CJF:


461 – Art.889. As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial
mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de
prestação de serviços.

462 – Art.889, §3º. Os títulos de créditos podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante
assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei.

Sobre o aval, o STJ entende que se o cheque estiver prescrito, irá desaparecer a obrigação do avalista, salvo se demonstrado o
benefício do avalista. Dessa forma, o avalista responde pela dívida se provado o seu locupletamento (Informativo 430).

3. Características dos títulos de crédito (Fábio Ulhoa Coelho)


a) Quanto ao modelo:
i. Título vinculado: é o título de crédito padronizado. Exs: cheque e duplicata.
ii. Título não vinculado: é o título de crédito que não obedece a determinado padrão. Exs: nota promissória e letra de câmbio.

b) Quanto à estrutura:
i. Ordem de pagamento: exs – cheque, duplicata e letra de câmbio.
ii. Promessa de pagamento: exs – nota promissória, cédula de crédito bancário.

c) Quanto às hipóteses de emissão:


i. Títulos causais:
- duplicata: o saque da duplicata só pode acontecer quando tivermos como causa de origem uma compra e venda ou prestação
de serviço;
- cédula de crédito bancário: a sua causa subjacente é uma operação de financiamento bancário.

ii. Títulos não causais: nota promissória e cheque.

iii. Títulos limitados: letra de câmbio – existe uma hipótese em que não se pode emitir letra de câmbio à art.2º da Lei de
Duplicatas: para documentar a compra e venda, o vendedor só pode sacar uma duplicata (o comprador não está limitado).

@dicasexconcurseira 61
d) Quanto à circulação:
i. Título ao portador: não identifico o beneficiário. Em regra, o título é ao portador.
ii. Título nominativo à ordem: identifico o beneficiário + “à ordem” (circula por endosso).
iii. Título nominativo não à ordem: identifico o beneficiário (pois é “nominativo”) + “não à ordem” (o título circula por cessão de
crédito).

ENDOSSO CESSÃO DE CRÉDITO


Declaração unilateral de vontade Contrato (ou seja, é bilateral)
Não pode ser parcial Pode ser parcial
Deve ser incondicional É possível estipular condição suspensiva ou resolutiva
Em regra, o endossante responde solidariamente pelo Em regra, o cedente não responde solidariamente pela
pagamento* solvência do devedor
Só existe em título de crédito Pode ser feito em qualquer negócio jurídico
Deve ser feito no título (no verso ou anverso) Pode ser feita em qualquer documento

* O endossante pode incluir uma cláusula “sem garantia/sem responsabilidade”, quando, então, o endossante não responderá
pelo pagamento do título.

Nota promissória:

A B C D E

“D” é devedor solidário

Cláusula sem garantia


(“C” não responde
pelo pagamento)

Nota promissória

A B C D E

“C” adicionou cláusula proibitiva


de novo endosso. Assim, somente
“C” responde perante “D"

@dicasexconcurseira 62
4. Endosso

ENDOSSO

PRÓPRIO IMPRÓPRIO Responsabilidade civil do


(TRANSLATIVO) a) Endosso-mandato* endossatário
b) Endosso-caução

Haverá a transferência do
direito cambiário para o
Haverá apenas a Súmulas 475 e 476 do STJ**
endossatário
transferência da cártula,
mas não do direito
cambiário

* Endosso-mandato: morrendo o mandante, pode o mandatário cumprir o mandato? Sim (diferentemente do que diz o CC, que
fala que se morrer qualquer das partes, extingue-se o mandato).

** Súmula 475 do STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso
translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os
endossantes e avalistas.

Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto
indevido se extrapolar os poderes de mandatário.

ENDOSSO

EM BRANCO: não identifica o


beneficiário Endosso tardio/póstumo
TARDIO/PÓSTUMO
EM PRETO: identifica o
beneficiário

É o endosso realizado Tem efeito de cessão de


No endosso em preto, crédito
haverá a identificação do após o protesto, ou
endossatário/beneficiário quando já esgotado o
prazo de protesto

@dicasexconcurseira 63
5. Letra de Câmbio e Nota Promissória – PRAZO DE PROTESTO

i) Art.44, III, do Anexo I da LUG (Lei Universal de Genebra): até 2 dias úteis após o vencimento (este artigo não está em vigor).

ii) Foi adotada a reserva do art.9º, do Anexo II, da LUG;

iii) O Brasil tem o art.28, do Decreto 1044/1908 à 1º dia útil seguinte ao vencimento.

6. Duplicata – PRAZO DE PROTESTO

i) Art.13, §4º à 30 dias após o vencimento.

AVAL FIANÇA
Declaração unilateral de vontade, que serve para garantir a Contrato
obrigação cambiária
Não há benefício de ordem Existe o benefício de ordem.
Obs: pode ser excluído o benefício de ordem no contrato de
fiança
Somente existe em título de crédito e deve ser dada no título Pode existir em qualquer tipo de contrato
de crédito
Obrigação autônoma Obrigação acessória

7. Aval Parcial à é possível!

CC, Art.897, parágrafo único. É vedado o aval parcial.

CC, Art.903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.
Art.30 da LUG: permite o aval parcial.

Art.29, Lei 7357 (cheque): permite aval parcial.

8. Letra de Câmbio
É título livre (não existe padrão), ordem de pagamento e limitado (há uma hipótese em que não se pode emitir letra de
câmbio, qual seja: para documentar compra e venda; neste caso, o vendedor só ode sacar uma duplicata).

a) Partes
i. Sacador: é o criador da letra de câmbio. O sacador é sempre um devedor indireto, pois é necessário o protesto para cobrá-la.
Obs: quando o devedor é direto, não é preciso protestar.

ii. Sacado: é devedor direto da letra de câmbio (assim, não precisa protestar para cobrar dele). Apenas o aceitante é devedor da
letra de câmbio é devedor, ou seja, deve haver o aceite.

iii. Beneficiário/tomador: é o credor à o tomador apresenta a letra de câmbio ao sacado (que é o devedor, desde que faça o
aceite) para que este faça o aceite. Se ele não fizer o aceite, o tomador se volta ao sacador (devedor indireto) por via de
protesto, antes do vencimento do título.

b) Características:
i. É ordem de pagamento;
ii. É título abstrato: pode ser emitido em razão de qualquer negócio jurídico;
iii. Título nominativo à ordem = indica o beneficiário + circula por endosso.

c) Circulação e Garantia
A letra de câmbio circula por endosso.
A garantia da letra de câmbio é feita por aval.
@dicasexconcurseira 64
O aceite não pode ter
nenhuma condição!

RECUSA DO ACEITE

ACEITE MODIFICATIVO (é ACEITE PARCIAL


RECUSA TOTAL
considerado como recusa do
aceite)

Nesse caso, por


Gera o vencimento consequência, teremos a
antecipado da obrigação recusa parcial daquela
Quando há alteração da
(se quiser cobrar do parte que não foi objeto do
data e local
sacador, deverá fazer o aceite.
protesto)

Ex: Letra de câmbio com vencimento em 24/11/2013, no valor de R$15.000,00.


No dia do vencimento,
deverá ser apresentada
O sacado “B” aceitou R$10.000,00, ao aceitante para
Sacador "A” Sacado “B”
mas recusou R$5.000,00 pagamento

Tomador “C"
Protesto por falta de
aceite, para cobrar do
sacador

PRAZOS PARA COBRAR LETRA DE


CÂMBIO - Art.70, LUG

ACEITANTE/SACADO ENDOSSANTES e SACADOR AÇÃO REGRESSIVA

3 meses (do 1 ano do protesto 6 meses (contados do


vencimento) pagamento)
ou
1 ano do vencimento (se tiver
dispensado o protesto)

@dicasexconcurseira 65
9. Nota Promissória
É título livre (não tem padrão), promessa de pagamento e não causal (não há exigência de que sua origem se dê em
razão de determinado fato).

a) Partes
i. Emitente: é o criador da nota (devedor do beneficiário);
ii. Beneficiário: é o credor da nota promissória.

b) Características:
i. Promessa de pagamento (como o próprio nome diz: nota promissória);
ii. Título abstrato ou não causal: pode ser emitido em razão de qualquer negócio jurídico subjacente;
iii. Título nominativo à ordem: indica o beneficiário + a transferência se dá por endosso;
iv. Prazos: o prazo para cobrar do emitente será de 3 anos, contados do vencimento. Para cobrar a nota promissória do
endossante, o prazo será de 1 ano, contado do protesto. Obs: no caso de ação regressiva contra co-obrigado, o prazo será de 6
meses, contados do pagamento.

c) Circulação e Garantia
A circulação da nota promissória se dá por endosso.
A garantia se dá por aval, sendo permitido, inclusive, o aval parcial.

à Letra de Câmbio e Nota Promissória: nem todos os requisitos previstos na LUG (Lei Universal de Genebra) são essenciais,
como a época do pagamento. A LUG diz que, se não houver indicação da época do pagamento, a letra de câmbio ou a nota
promissória serão consideradas formas de pagamento à vista. Neste caso, não será necessário levar a letra de câmbio para
aceite do sacado, podendo ser apresentada diretamente para pagamento, o que deve ser feito no prazo de até 1 ano, contado a
partir da data da emissão do título.

CUIDADO! Em relação à duplicata, todos os seus requisitos são considerados essenciais. Se não houver indicação da época do
pagamento, a duplicata não terá força executiva.

Súmula 504 do STJ: O prazo de ajuizamento da ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é
QUINQUENAL, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.

10. Cheque – Lei 7.357/1985

a) Partes:
i. Emitente: criador do cheque (o correntista);
ii. Sacado: instituição financeira; não se exige que seja feito o “aceite” no cheque, pois a instituição financeira não é devedora
cambiária do cheque. Obs: só existe uma hipótese em que a instituição financeira é devedora cambiária do cheque à cheque
administrativo.
iii. Beneficiário: o credor.

b) Características:
i. Ordem de pagamento à vista: mesmo quando o cheque é pós-datado, se ele for apresentado antes, o banco deve pagar;
ii. Título abstrato ou não causal;
iii.Título nominativo à ordem.

c) Circulação e Garantia
A circulação se dá por endosso.
A garantia do cheque se dá por aval, sendo, inclusive, permitido o aval parcial.

à O comerciante é obrigado a aceitar o pagamento via cheque? O cheque não tem curso forçado no direito brasileiro, então
não é de aceitação obrigatória. O comerciante tem que deixar a informação de que não aceita cheque de forma expressa, de
acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Da mesma forma, o comerciante pode estabelecer requisitos para aceitar o
cheque (ex: cheque com, no mínimo, 6 meses de conta; cheque da mesma praça; etc).

@dicasexconcurseira 66
CHEQUE ADMINISTRATIVO

MODALIDADES DE CHEQUE CHEQUE VISADO

CHEQUE CRUZADO

CONTA CONJUNTA

i. Cheque Administrativo (art.9º, III, Lei do Cheque)

à A ideia basicamente é a seguinte: ao invés de você sacar 2 milhões de reais e pagar ao vendedor, você pede para o banco
emitir um cheque administrativo (e você não precisar sair do banco cheio de dinheiro na bolsa).

Características:
• Emitido pela própria instituição financeira (aqui a instituição financeira é emitente e sacado, ao mesmo tempo);

• É sempre um título nominal, ou seja, emitido em favor de alguém específico (correntista ou vendedor).
Deveria ser sempre em nome do correntista, mas muitas vezes é em nome do vendedor.
Sendo emitido em nome do correntista, este depois endossa o cheque para o vendedor.
Se for emitido em nome do vendedor, basta que o correntista faça a tradição do cheque ao vendedor.

• A instituição financeira responde pela obrigação;

• Pode ser sustado? O STJ tem entendimento pacífico de que tanto a instituição financeira, quanto o correntista podem
pedir a sustação do cheque administrativo.

ii. Cheque Visado (art.7º, Lei do Cheque)

à É uma garantia para o beneficiário do cheque, pois, com a declaração da instituição financeira de que o cheque está visado,
ela garante que existe numerário suficiente na conta corrente do emitente para o pagamento do título. Também “separa” essa
quantia, guardando-a até o prazo de apresentação do cheque. Este prazo será de 30 dias, se o cheque for da mesma praça; ou
de 60 dias, se o cheque for de praça diferente.

Características:
• Seu efeito perdura apenas durante o prazo de apresentação;
• Pode ser solicitado pelo emitente ou portador legitimado;
• Gera obrigação ao sacado.

iii. Cheque Cruzado (art.44, Lei do Cheque)

Características:
• Efeito: o beneficiário terá a obrigação de levar o título para depósito em conta. Quer dizer, ele não poderá sacar o valor
na boca do caixa.
• Cruzamento em branco:

Você tem que ter uma conta


corrente, não importando a
instituição financeira.

@dicasexconcurseira 67
• Cruzamento em preto:

ITA
Ú Você tem que ter uma conta
corrente na instituição financeira
indicada entre os traços.

iv. Cheque conta conjunta


Quem pode ser responsabilizado pelo pagamento, em caso de cheque emitido de uma conta conjunta? Se “A” emite
um cheque e ele volta porque não tem fundos, pode o credor cobrar de “B”? Ou dos dois ao mesmo tempo? Existe
responsabilidade solidária? Entendimento do STJ no Informativo 428 à Em razão do princípio da literalidade, só pode ser
responsabilizado o correntista que assumiu (= aquele que assinou) a obrigação cambiária.

SÚMULAS DO STJ REFERENTES A CHEQUES:


Súmula 388 do STJ: A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Súmula 370 do STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. à Obs: quem responde por esse
dano moral é o portador, pois para a instituição financeira o cheque é sempre ordem de pagamento à vista.

Súmula 299 do STJ: É admissível ação monitória fundada em cheque prescrito.

PAGAMENTO DO CHEQUE

REVOGAÇÃO*
LOCAL MORTE DO EMITENTE x
SUSTAÇÃO**

ENDEREÇO DO SACADO
(endereço da agência Art.33 da Lei do Cheque: a
bancária) morte do emitente não Art.35, p.u., da Lei do Cheque
impede o pagamento do Art.36 da Lei do Cheque
cheque.

* REVOGAÇÃO:
- só pode ser pedida pelo emitente;
- o pedido de revogação do cheque é uma ordem definitiva;
- quando dou uma ordem à instituição financeira para que revogue o cheque, digo que a instituição financeira não
poderá pagar o título depois do prazo de apresentação (que é de 30 ou 60 dias, a depender da praça).

** SUSTAÇÃO:
- sustado o cheque, imediatamente a instituição não pode pagá-lo;
- a sustação é uma ordem que pode ser reconsiderada;
- a sustação pode ser pedida pelo emitente ou portador.

@dicasexconcurseira 68
QUESTÕES

RESPONSABILIDADE DA
INSTITUIÇÃO PRAZO DE PRAZO DE
FINANCEIRA APRESENTAÇÃO PRESCRIÇÃO

Art.39 da Lei do Cheque


A obrigação da instituição
financeira NÃO será de verificar a Art.33 da Lei do Cheque: Art.59 da Lei do Cheque:
autenticidade das assinaturas de Se da mesma praça (município de O cheque tem 6 meses de
toda a cadeia cambiária. Sua emissão = município do sacado) -- força executiva, contados do
obrigação se limita a analisar a 30 dias final do prazo de
assinatura do CORRENTISTA e Se praças diferentes -- 60 dias apresentação.
verificar a REGULARIDADE DA
CADEIA DE ENDOSSOS.

DE OLHO NA JURIS! Informativo 587 do STJ (22/6/2016): Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a
correção monetária incide a partir da data de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira
apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de compensação. à caiu no concurso da Polícia Civil do Pará de 2016!

PRAZOS DAS AÇÕES ORDINÁRIAS

ACÃO DE LOCUPLETAMENTO
(ou AÇÃO DE PRAZO DA AÇÃO
AÇÃO CAUSAL* MONITÓRIA
ENRIQUECIMENTO SEM
CAUSA)

Art.206, §5º, i, CC/02: 5 anos.


Súmula 503 do STJ: O prazo para
ajuizamento de ação monitória
Art.62 da Lei do Cheque: em face do emitente do cheque
Art.61 da Lei do Cheque: 2
utiliza-se o prazo do CC/02 sem força executiva é
anos, contados do final do
prazo de prescrição. QUINQUENAL, a contar do dia
seguinte à data de emissão
estampada na cártula.

* AÇÃO CAUSAL: tem como base o negócio jurídico que deu causa à emissão do título. Deve-se observar o prazo prescricional do
negócio jurídico.

30 DIAS (mesma praça)

PRAZO DE APRESENTAÇÃO DO CHEQUE

60 DIAS (praça diferente)

O prazo de apresentação do cheque é muito importante, pois:


a) Dá início à contagem do prazo de execução do cheque (art.59, LC à 6 meses). Assim, terminado o prazo de
apresentação, começa o prazo de execução (que é de 6 meses);

@dicasexconcurseira 69
b) O protesto deve ser realizado durante o prazo de apresentação (art.48, LC). Se for feito um endosso após esse prazo, o
endosso será necessariamente considerado tardio, gerando efeitos de uma cessão de crédito;
c) Garante o efeito do cheque visado (art.7º, LC); obs: o cheque visado tem efeito apenas durante o prazo de
apresentação;
d) O efeito da revogação do cheque começa apenas após o fim do prazo de apresentação (art.35, p.u., LC).

Enunciado 40 da I Jornada de Direito Comercial do CJF:


O prazo prescricional de 6 meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é
contado do encerramento do prazo de apresentação, tenha ou não sido apresentado ao sacado dentro do referido prazo.
No caso de cheque pós-datado apresentado antes da data de emissão ao sacado ou da data pactuada com o emitente,
o termo inicial é contado da data da primeira apresentação.

à Entendimento do STJ sobre o aval no cheque: com a prescrição do cheque, o avalista se liberta da obrigação que tinha, salvo
demonstrado o benefício do avalista.

Informativo 556 do STJ: O STJ admite o protesto do cheque mesmo depois de escoado o prazo de apresentação, desde que
dentro do prazo prescricional de 6 meses.
Obs: Quando não é feito o protesto dentro do prazo de apresentação, perde-se ação contra os co-obrigados.

Informativo 513 do STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada em face do emitente, é dispensável a menção
ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

11. Duplicata (Lei 5.474/1968)


É título vinculado (padronizado), ordem de pagamento e causal.

a) Partes:
i. Sacador: criador da duplicata e credor da duplicata. Ex: vendedor.
ii. Sacado: é o devedor da duplicata. Ex: comprador.

ATENÇÃO! Todos os requisitos da duplicata são essenciais.

b) Características:
i. Ordem de pagamento (à vista ou a prazo);
ii. Título causal, pois só pode ser emitido em razão de uma compra e venda ou prestação de serviço;
iii. Título nominativo à ordem, pois indica o beneficiário e é transferível por endosso.

c) Circulação e Garantia
A duplicata é transferível por endosso.
A duplicata é garantida por aval.

Contra o SACADO e AVALISTA: 03 anos,


contados do vencimento do título

PRAZOS PARA COBRAR A DUPLICATA Contra ENDOSSANTES e AVALISTAS: 1 ano,


(Art.19, Lei 5.474/68) contado do protesto

AÇÃO REGRESSIVA: 1 ano, contado do


pagamento

@dicasexconcurseira 70
PROTESTO POR FALTA DE ACEITE

Quando a duplicata sem aceite possuirá COMPROVANTE DE ENTREGA DAS


força executiva? MERCADORIAS OU DA PRESTAÇÃO DO
(Art.15, II, "a", "b" e "C", Lei 5.474/68) SERVIÇO

A DUPLICATA NÃO TER SIDO RECUSADA


LEGITIMAMENTE

O sacador (vendedor), ao criar a duplicata, envia o


título para ACEITE do sacado (comprador). Diz-se que o
sacado tem a OBRIGAÇÃO de aceitar, porque o sacador
já entregou a mercadoria ou já prestou o serviço.

12. Cédula de Crédito Bancário (Lei 10.931/2004)


A cédula de crédito bancário pertence ao banco, que pode endossá-lo a outro banco ou “não-banco”.

• Emitente: pessoa jurídica ou natural que pede financiamento ao banco por meio da emissão da cédula bancária.

• Beneficiário: sempre instituição financeira ou equiparada.

• Título causal: operação de crédito.

• Não se aplica a Súmula 233 do STJ que diz que o contrato de abertura de crédito não tem força executiva, ainda que
acompanhado do extrato da conta corrente.

• Permite o anatocismo (juros remuneratórios capitalizados);

• O endossatário terá todos os direitos que o endossante teria, mesmo não sendo instituição financeira;

• Não precisa de protesto para garantir obrigação cambiária contra os co-obrigados.

@dicasexconcurseira 71
JURISPRUDÊNCIAS SOBRE TÍTULO DE CRÉDITO
O dever de garantia do emitente do cheque, previsto no art. 15 da Lei nº 7.357/85, não pode ser afastado com fundamento nos
costumes e no princípio da boa-fé objetiva
O emitente garante o pagamento do valor contido no cheque, considerando-se não escrita a declaração pela qual se exima
dessa garantia (art. 15 da Lei nº 7.357/85). Esse dever de garantia do emitente do cheque não poder ser afastado com
fundamento nos costumes e no princípio da boa-fé objetiva. Não há lacuna neste caso. Na ausência de lacuna, não cabe ao
julgador se valer de um costume para afastar a aplicação da lei, sob pena de ofensa ao art. 4º da LINDB. De igual modo, a
flexibilização do art. 15 da Lei nº 7.357/85, sob o argumento do princípio da boa-fé objetiva, não tem o condão de excluir o
dever de garantia do emitente do cheque, sob pena de se comprometer a segurança na tutela do crédito, pilar fundamental das
relações jurídicas dessa natureza. STJ. 3ª Turma. REsp 1787274/MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019 (Info 647).

O instrumento de cessão fiduciária de direitos creditórios deve indicar, de maneira precisa, o crédito, e não o título objeto de
cessão
Na cessão fiduciária de direitos creditórios, para a perfectibilização do negócio fiduciário, o correlato instrumento deve indicar,
de maneira precisa, o crédito objeto de cessão e não os títulos representativos do crédito. O objeto da cessão fiduciária são os
direitos creditórios que devem estar devidamente especificados no instrumento contratual (e não o título objeto da cessão, que
apenas os representa). STJ. 3ª Turma. REsp 1.797.196-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/04/2019 (Info 646).

Não é possível a oposição de exceções pessoais à empresa de factoring que comprou duplicata mercantil com aceite
A duplicata mercantil, apesar de causal no momento da emissão, com o aceite e a circulação adquire abstração e autonomia,
desvinculando-se do negócio jurídico subjacente, impedindo a oposição de exceções pessoais a terceiros endossatários de boa-
fé, como a ausência ou a interrupção da prestação de serviços ou a entrega das mercadorias. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.439.749-RS,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 28/11/2018 (Info 640).

Credor que havia protestado o título tem o dever de fornecer carta de anuência para cancelamento do protesto, mas para isso
precisa haver um pedido do devedor
Não há como impor tacitamente ao credor o dever de enviar, sem provocação, o documento hábil ao cancelamento do legítimo
protesto. O credor tem o inequívoco dever de fornecer o documento hábil ao cancelamento do protesto, mas para isso precisa
ser previamente provocado. Assim, se o devedor paga ao banco um título de crédito que estava protestado, o banco deverá
fornecer uma carta de anuência com a qual o devedor poderá cancelar o protesto. No entanto, o credor não tem o dever de
fornecer este documento automaticamente. É necessário que haja um requerimento (um pedido) daquele que pagou. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.346.584-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/10/2018 (Info 638).

Não cabem danos morais se houve protesto de cheque prescrito, mas cuja dívida ainda poderia ser cobrada por outros meios
O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a ensejar danos morais ao devedor, se ainda
remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança da dívida consubstanciada no título. STJ. 3ª Turma. REsp 1677772-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/11/2017 (Info 616).

Não é necessária prévia autorização do cônjuge para que a pessoa preste aval em títulos de créditos típicos
O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu que uma pessoa casada somente pode prestar aval se houver autorização do seu
cônjuge (exceção: se o regime de bens for da separação absoluta). Essa norma exige uma interpretação razoável e restritiva, sob
pena de descaracterizar o aval como instituto cambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é
aplicado para os títulos de créditos inominados, considerando que eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os títulos
de créditos nominados (típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam obedecer essa regra do art. 1.647, III, do CC.
Em suma, o aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de
créditos nominados: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito. STJ. 3ª Turma. REsp
1526560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604). STJ. 4ª Turma. REsp 1633399-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 10/11/2016.

Invasão do MST e exigibilidade de cédula de crédito rural hipotecária


A invasão promovida por integrantes do MST em propriedade rural, por si só, não é fato suficiente para configurar o evento
como de força maior, pois deve ser analisada, concretamente, a presença dos requisitos caracterizadores do instituto
(necessariedade e inevitabilidade – art. 393, parágrafo único, do Código Civil). A parte que faz esta alegação deverá comprovar
que a ocupação ilegal da propriedade rural pelo MST criou óbice intransponível ao cumprimento da obrigação. Deverá também
provar que não havia meios de evitar ou impedir os seus efeitos. Assim, a cédula de crédito rural hipotecária permanecerá
exigível na hipótese de o MST invadir o imóvel do financiado e este deixar de comprovar que a invasão constitui óbice
intransponível ao pagamento do crédito e que não existiam meios de evitar ou impedir os efeitos dessa ocupação. STJ. 3ª
Turma. REsp 1564705-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

@dicasexconcurseira 72
Prazo prescricional da repetição de indébito envolvendo contrato de cédula de crédito rural
Qual é o prazo prescricional da ação de repetição de indébito envolvendo contrato de cédula de crédito rural?
• Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/1916: 20 anos.
• Se o fato ocorreu sob a vigência do CC/2002: 3 anos. O termo inicial do prazo prescricional é a data do pagamento (efetiva
lesão). STJ. 2ª Seção. REsp 1361730-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 592).

Termo inicial de correção monetária e de juros de mora em cobrança de cheque


Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir da data de emissão
estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de
compensação. STJ. 2ª Seção. REsp 1556834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) (Info
587).

Protesto cambiário de cheque após o prazo de apresentação com a indicação apenas do emitente no apontamento
Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque com a indicação do emitente como
devedor. STJ. 2ª Seção. REsp 1423464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/4/2016 (recurso repetitivo) (Info 584).

Possibilidade de emissão de duplicata com base em mais de uma nota fiscal


Uma só duplicata pode corresponder à soma de diversas notas fiscais parciais. Em outras palavras, uma única duplicata poderá
abranger mais de uma nota fiscal. Não há proibição legal para que se somem vendas parceladas procedidas no curso de um
determinado período (ex: um mês), e do montante se formule uma fatura única ao seu final. STJ. 3ª Turma. REsp 1356541-MG,
Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/4/2016 (Info 581).

Ação de locupletamento do art. 48 do Decreto 2.044/1908 envolvendo notas promissórias


A simples apresentação de nota promissória prescrita é suficiente para embasar a ação de locupletamento pautada no art. 48 do
Decreto nº 2.044/1908, não sendo necessário comprovar a relação jurídica subjacente. A pretensão de ressarcimento veiculada
em ação de locupletamento pautada no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908 prescreve em 3 anos, contados do dia em que se
consumar a prescrição da ação executiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1323468-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
17/3/2016 (Info 580).

Na duplicata mercantil o aceite não pode ser lançado em separado


O aceite lançado em separado da duplicata mercantil não imprime eficácia cambiária ao título. O aceite é ato formal e deve se
aperfeiçoar na própria cártula (assinatura do sacado no próprio título), incidindo o princípio da literalidade (art. 25 da LUG). Não
pode, portanto, ser dado verbalmente ou em documento em separado. O aceite lançado em separado à duplicata não possui
nenhuma eficácia cambiária, mas o documento que o contém poderá servir como prova da existência do vínculo contratual
subjacente ao título, amparando eventual ação monitória ou ordinária. STJ. 3ª Turma. REsp 1334464-RS, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 15/3/2016 (Info 580).

Intimação por edital e necessidade de esgotamento dos meios de localização do devedor


O tabelião, antes de intimar o devedor por edital, deve esgotar os meios de localização, notadamente por meio do envio de
intimação por via postal, no endereço fornecido por aquele que procedeu ao apontamento do protesto. STJ. 2ª Seção. REsp
1398356-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em
24/2/2016 (recurso repetitivo) (Info 579).

Local onde deverá ser realizado o protesto de cédula de crédito bancário garantida por alienação fiduciária
É possível, à escolha do credor, o protesto de cédula de crédito bancário garantida por alienação fiduciária, no tabelionato em
que se situa a praça de pagamento indicada no título ou no domicílio do devedor. STJ. 2ª Seção. REsp 1398356-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2016 (recurso repetitivo) (Info 579).

Execução de duplicata virtual


É possível o ajuizamento de execução de duplicata virtual, desde que devidamente acompanhada dos instrumentos de protesto
por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria e da prestação do serviço. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp
1559824/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 03/12/2015.

Cessão de crédito para factoring e desnecessidade de notificação de emitente


É desnecessária a notificação de emitente de cheque com cláusula "à ordem", para que o faturizador que tenha recebido a
cártula por meio de endosso possa cobrar o crédito decorrente de operação de factoring. STJ. 4ª Turma. REsp 1236701-MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/11/2015 (Info 573).

@dicasexconcurseira 73
Devolução de cheque sem provisão de fundos e responsabilidade civil de instituição bancária
O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada com o objetivo de reparar os prejuízos
decorrentes da devolução de cheque sem provisão de fundos emitido por correntista. Ex: João emitiu um cheque em favor de
Paulo. Este foi até o banco tentar sacar a quantia, mas o cheque foi recusado por falta de fundos. Paulo ajuizou ação de
indenização contra o banco alegando que houve má prestação do serviço bancário. Isso porque a instituição financeira deveria
ser mais cautelosa e diligente ao fornecer talonário de cheques aos seus clientes, verificando se são bons pagadores, se
possuem renda suficiente, se já têm conta há muito tempo etc. Tal pedido não encontra amparo na jurisprudência do STJ. STJ.
4ª Turma. REsp 1509178-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 20/10/2015 (Info 574).

Sustação de protesto e prestação de contracautela


A legislação de regência estabelece que o documento hábil a protesto extrajudicial é aquele que caracteriza prova escrita de
obrigação pecuniária líquida, certa e exigível. Portanto, a sustação de protesto de título, por representar restrição a direito do
credor, exige prévio oferecimento de contracautela, a ser fixada conforme o prudente arbítrio do magistrado. STJ. 2ª Seção.
REsp 1340236-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 571)

Ausência de responsabilidade do banco por cheque cancelado que não é pago


Durante assalto ocorrido em um banco, os ladrões roubaram 50 talonários de cheques. Tais talonários estavam impressos com
nomes de clientes e seriam ainda entregues aos correntistas para que iniciassem seu uso. Diante desse fato, o banco efetuou o
cancelamento dos referidos cheques. Cerca de um mês depois do assalto, um dos ladrões foi até o supermercado e comprou
diversos produtos. A conta foi paga com o cheque roubado. O funcionário do supermercado foi tentar descontar o cheque, mas
ele foi devolvido, tendo a bancária informado que aquele cheque não poderia ser pago porque havia sido cancelado pela
instituição financeira, com base no motivo 25 da Resolução 1.631/1989, do Banco Central. O banco deverá responder pelo
prejuízo do supermercado? NÃO. A instituição financeira não deve responder pelos prejuízos suportados por sociedade
empresária que, no exercício de sua atividade empresarial, recebera como pagamento cheque que havia sido roubado durante o
envio ao correntista e que não pode ser descontado em razão do prévio cancelamento do talonário (motivo 25 da Resolução
1.631/1989 do Bacen). STJ. 3ª Turma. REsp 1324125-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/5/2015 (Info 564).

Protesto do cheque após o prazo de apresentação


• O protesto do cheque efetuado contra os coobrigados para o exercício do direito de regresso deve ocorrer antes de expirado o
prazo de apresentação (art. 48 da Lei 7.357/85). Trata-se do chamado protesto necessário.
• O protesto de cheque efetuado contra o emitente pode ocorrer mesmo depois do prazo de apresentação, desde que não
escoado o prazo prescricional. Esse é o protesto facultativo. STJ. 3ª Turma. REsp 1297797-MG, Rel. João Otávio de Noronha,
julgado em 24/2/2015 (Info 556).

Não cancelamento do protesto pela prescrição do título cambial


João não pagou uma nota promissória que emitiu em favor da empresa “XX”. Diante disso, a empresa levou a nota promissória a
protesto no Tabelionato de Protesto. Quatro anos depois, a empresa ajuizou execução de título extrajudicial contra João
cobrando o valor estampado na nota promissória. A execução, contudo, foi extinta porque o juiz constatou que houve
prescrição da ação executiva. João ajuizou ação de cancelamento do protesto, alegando que, como houve a prescrição da
execução, deveria automaticamente ocorrer o cancelamento do protesto realizado. A tese de João está correta? NÃO. A
prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento automático de anterior protesto regularmente
lavrado e registrado. A validade do protesto não está diretamente relacionada com a exequibilidade do título ou de outro
documento de dívida, mas sim com a inadimplência e o descumprimento da obrigação representada nestes papéis. A
inadimplência e o descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do título executivo não quitado. Em outras
palavras, o devedor continua sendo inadimplente, apesar de o título não poder mais ser cobrado mediante execução. Então, não
pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de ele não poder ser mais executado. Vale lembrar que, mesmo havendo
a prescrição da ação executiva, o credor ainda poderá cobrar o valor da nota promissória por meio da ação monitória. STJ. 4ª
Turma. REsp 813381-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/11/2014 (Info 562).

Aval em cédula de crédito rural


É possível que haja aval em cédula de crédito rural? Admite-se o aval em cédulas de crédito rural. A vedação contida no § 3º do
art. 60 do Decreto-Lei 167/1967 (“são nulas quaisquer outras garantias, reais ou pessoais, salvo quando prestadas pelas pessoas
físicas participantes da empresa emitente, por esta ou por outras pessoas jurídicas”) não é aplicável às cédulas de crédito rural.
Isso porque a proibição contida no referido § 3º não se refere ao caput (cédulas de crédito), mas apenas ao § 2º (nota
promissória e duplicata rurais). STJ. 4ª Turma. REsp 1315702-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2015 (Info
559). STJ. 1ª Turma. REsp 1483853-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 4/11/2014 (Info 552).

@dicasexconcurseira 74
Cédulas de crédito e possibilidade de capitalização de juros
• Nas cédulas de crédito rural, industrial e comercial, a legislação autoriza a capitalização semestral dos juros (autorização ex
lege), não dependendo de pactuação expressa.
• O art. 5º do DL 167/67 autoriza que a capitalização seja inferior à semestral, sendo, nesse caso, necessária a pactuação
expressa.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural pode ser, inclusive, em periodicidade mensal, desde que pactuada no
contrato.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural é regida pelo DL 167/67, não sendo a ela aplicável o art. 4º do Decreto
22.626/1933 (Lei de Usura) nem a MP 1.963-17/2000 (2.170-36/2001). STJ. 2ª Seção. REsp 1333977-MT, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 26/2/2014 (recurso repetitivo) (Info 537).

Juros moratórios no caso de cobrança de cheque


Os juros relacionados com a cobrança de crédito estampado em cheque são disciplinados pela Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85).
Segundo a referida Lei, os juros de mora devem ser contados desde a data da primeira apresentação do cheque pelo portador à
instituição financeira. Não se aplica, portanto, a regra do art. 405 do CC, que conta os juros a partir da citação inicial. STJ. 4ª
Turma. REsp 1354934-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/8/2013 (Info 532).

Cédula de crédito bancário é título executivo mesmo na abertura de crédito em conta-corrente


A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza,
circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em conta-corrente, nas modalidades de crédito
rotativo ou cheque especial. O título de crédito (Cédula de Crédito Bancário) deve vir acompanhado de claro demonstrativo
acerca dos valores utilizados pelo cliente. A Lei nº 10.931/2004 traz, de maneira taxativa, a relação de exigências que o credor
deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II). STJ. 2ª Seção. REsp 1291575-
PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/8/2013 (recurso repetitivo) (Info 527).

Cheque pré-datado e o seu prazo de apresentação para pagamento


O cheque pós-datado amplia o prazo de apresentação? Em suma, no caso de cheque pós-datado (pré-datado), a partir de
quando é contado o prazo de apresentação?
1) Pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão): SIM. A pactuação da pós-datação de cheque, para que
seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no
campo específico da cártula. O ordenamento jurídico confere segurança e eficácia à pós-datação regular (efetivada no campo
referente à data de emissão). Ex: no dia 20/05, João emitiu (preencheu) um cheque e o entregou para Pedro (beneficiário). No
entanto, no campo reservado para a data de emissão, ele, em vez de colocar 20/05, escreveu 20/07 (data que ficou combinada
para que Pedro sacasse o cheque). O termo inicial do prazo de apresentação do cheque é o dia 20/07. STJ. 2ª Seção. REsp
1.423.464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/4/2016 (recurso repetitivo) (Info 584).

2) Pós-datação extracartular (feita em campo diverso do campo específico): NÃO. A pós-datação extracartular do cheque não
modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do título. A pós-datação extracartular tem existência jurídica, mas
apenas com natureza obrigacional entre as partes (Súmula 370). Esta pactuação extracartular, contudo, é ineficaz em relação à
contagem do prazo de apresentação e, por conseguinte, não tem o condão de operar o efeito de ampliar o prazo de
apresentação do cheque. Ex: João emitiu o cheque no dia 20/05 e o entregou a Pedro. No campo reservado para a data de
emissão, ele colocou 20/05 (dia atual). No entanto, no verso do cheque escreveu o seguinte: “bom para o dia 20/07” (que foi a
data combinada para que Pedro sacasse o dinheiro). O termo inicial do prazo de apresentação do cheque continua sendo o dia
20/05. STJ. 4ª Turma. REsp 1124709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013 (Info 528).

Cheque sustado pode ser levado a protesto por endossatário terceiro de boa-fé
É possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé, após o decurso do prazo de apresentação, mas antes da
expiração do prazo para ação cambial de execução, ainda que, em momento anterior, o título tenha sido sustado pelo emitente
em razão do inadimplemento do negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. STJ. 4ª Turma. REsp 1124709-TO, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013 (Info 528).

Pagamento extracartular
Se o título de crédito ainda não circulou e a execução é proposta pelo próprio credor originário, é possível que seja reconhecido
o pagamento do título sem que a cártula tenha sido resgatada pelo devedor (pagamento extracartular). STJ. 4ª Turma. REsp
1078399-MA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/4/2013 (Info 521).

@dicasexconcurseira 75
Protesto de títulos: responsabilidade pela baixa após o pagamento
Depois do título ter sido protestado, caso o devedor efetue a quitação da dívida, a responsabilidade por promover o
cancelamento do protesto não é do credor, mas sim do devedor ou de qualquer outro interessado, bastando que faça a prova
do pagamento junto ao tabelionato de protesto. STJ. 4ª Turma. REsp 959114-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
18/12/2012.

Cheque devolvido por motivo errado e responsabilização civil do banco


É cabível a indenização por danos morais pela instituição financeira quando o cheque apresentado fora do prazo legal e já
prescrito é devolvido sob o argumento de insuficiência de fundos. STJ. 3ª Turma. REsp 1297353-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti,
julgado em 16/10/2012.

Validade da duplicata virtual


O STJ considera válida a duplicata virtual. As duplicatas virtuais, emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação
eletrônica, podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o
ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.492/1997. Os boletos de cobrança bancária
vinculados ao título virtual devidamente acompanhados dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de
entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em
princípio, títulos executivos extrajudiciais. STJ. 2ª Seção. EREsp 1024691-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgados em 22/8/2012.

Protesto de títulos: responsabilidade civil por apontamento indevido


O simples apontamento do título, sem o efetivo registro do protesto, ainda que de forma indevida, é incapaz de gerar dano
moral a quem quer que seja. O dano moral somente ocorrerá se o protesto indevido for efetivado, ou seja, se, após 3 dias da
intimação, não houver pagamento ou sustação, ocasião em que o protesto será lavrado. Apenas com a efetivação do protesto,
este é registrado e se torna público, trazendo efeitos negativos à pessoa protestada, que será, inclusive, incluída nos cadastros
negativos de crédito. STJ. 4ª Turma. REsp 1005752-PE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/6/2012.

Responsabilidade do endossatário em caso de vícios formais no título


Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo
título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os
endossantes e avalistas. STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012.

Responsabilidade do endossatário em caso de endosso-mandato


Súmula 476-STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto
indevido se extrapolar os poderes de mandatário. STJ. 2ª Seção, DJe 19.6.2012.

Prazo da ação monitória em caso de nota promissória sem força executiva


Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. Editada pela 2ª Seção do STJ e publicada no DJe 10/02/2014.

Ação monitória fundada em cheque prescrito e dispensa da menção ao negócio jurídico


Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao
negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

Prazo da ação monitória em caso de cheque sem força executiva


Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal,
a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Editada pela 2ª Seção do STJ e publicada no DJe 10/02/2014
(Info 533).

@dicasexconcurseira 76
25. DIREITO FALIMENTAR (Lei 11.101/2005)

FALÊNCIA
Art.94 da Lei 11.101/05 – Hipóteses que legitimam o pedido de falência: à IMPORTANTE A LEITURA DESTE ARTIGO!
i) Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigação líquida (que ultrapasse 40 salários-
mínimos);
ii) Incorrer em execução frustrada;
iii) Praticar determinado “atos de falência”.

O falido tem que ser devedor empresário (quem não é empresário não pode ter a falência decretada).

Procedimento da causa de pedir do art.94, I, II e III da Lei 11.101/05

a) Título executivo;

i) IMPONTUALIDADE b) Protesto;

c) Superior a 40 salários-mínimos.

Súmula 361 STJ: A notificação do protesto, para requerimento


de falência da empresa devedora, exige a identificação da
pessoa que a recebeu. à ou seja: a certidão de protesto tem
que indicar a pessoa que recebeu a notificação.

Dispensa de protesto especial à Posso aproveitar um protesto cambiário que fiz lá atrás ou tenho que fazer um
protesto com o fim específico de requerer a falência? Pode, sim, aproveitar o protesto cambiário anterior. Precedentes: STJ,
AgRg no REsp 1016.893-SP; TJ/RS, Apelação nº 70034613430-5ª Câmara Cível; TJ/RS, Apelação nº 0005224-56.2009.8.19.0079 –
3ª Câmara Cível; + Súmula 41 do TJ/SP: O protesto comum dispensa o especial para o requerimento de falência.

Só precisará fazer protesto especial em duas hipóteses:


1 – Quando não for um título cambiário (ex: sentença);
2 – Quando o protesto cambiário anterior não respeitou a Súmula 361 do STJ.

a) Tríplice omissão do devedor = não pagou + não nomeou bens suficientes à penhora +
não depositou;

b) Não exige protesto;


ii) EXECUÇÃO FRUSTRADA
c) Não exige valor superior a 40 salários mínimos;

d) A execução deve estar suspensa*.

* Você deve suspender a execução principal. Ex: você teve uma reclamação trabalhista sentenciada e transitada em
julgado. Começou a execução desse crédito trabalhista. A execução na Justiça do Trabalho constatou que o devedor não
depositou, não nomeou bens à penhora e não pagou. Você pode pedir a suspensão da execução trabalhista + pedir a emissão
de uma certidão no cartório da vara do trabalho constatando que houve a tríplice omissão. Daí, você vai pegar essa certidão e
instruir o requerimento de falência na vara empresarial.

Súmula 39 do TJ/SP: No pedido de falência fundado em execução frustrada, é irrelevante o valor da obrigação não satisfeita.
Súmula 48 do TJ/SP: Para ajuizamento com fundamento no art.94, II, da Lei 11.101/05, a execução singular anteriormente
aforada deverá ser suspensa.
Súmula 50 do TJ/SP: No pedido de falência com fundamento na execução frustrada ou nos atos de falência, não é necessário o
protesto do título executado.

@dicasexconcurseira 77
a) Prova de fatos determinados;

b) Não exige protesto;


ii) EXECUÇÃO FRUSTRADA
c) Não exige valor superior a 40 salários-mínimos;

d) Não precisa ter título vencido.

QUESTÕES IMPORTANTES

1 – DEPÓSITO ELISIVO
i. Evita a decretação da falência;
ii. Prazo: de acordo com a lei, no momento da contestação; a jurisprudência tem relativizado esse prazo, mas desde
que antes da decretação da falência;
iii. O depósito elisivo tem que abranger: o principal + juros + correção monetária + honorários.

Feito o depósito elisivo, o juiz julga procedente o pedido, mas deixa de decretar a falência.
Quando você (réu) faz o depósito elisivo e a contestação, você não reconheceu o pedido do autor. Então, o juiz pode
acolher a contestação e julgar improcedente o pedido; ou pode afastar a contestação e julgar procedente o pedido de falência,
mas, como tem o depósito elisivo, não decretará os efeitos da falência.

2 – CONTESTAÇÃO
i. Prazo: 10 dias;
ii. Fundamentos: art.96 da Lei 11.101/05 (rol exemplificativo);
iii. Pedido de recuperação judicial: esse pedido é incidental e feiro dentro do prazo da contestação, mas em peça
separada. Feito o pedido de recuperação judicial, a falência não será decretada.

3 – EFEITOS DA FALÊNCIA

3.1. Em relação aos CREDORES


i. Vencimento antecipado das obrigações, pois os credores terão que habilitar seus créditos;

ii. Suspensão das ações/execuções que tramitam em face do falido;


Na verdade, nem toda ação será suspensa. Ex: ação de indenização de quantia ilíquida - proposta antes do
processo de falência – deve continuar (obviamente, o polo passivo será alterado para a “massa falida”). Transitada
em julgado a sentença, habilita-se o crédito no processo de falência. Esta ação que demanda quantia ilíquida
continua tramitando na vara cível, por exemplo (é exceção ao princípio da indivisibilidade do juízo da falência). O
mesmo raciocínio se aplica à reclamação trabalhista e à ação fiscal.
O início da suspensão das ações/execuções se dá no momento em que se decreta a falência; e tais
ações/execuções voltam a tramitar quando a sentença de encerramento do processo falimentar transitar em
julgado. Este raciocínio também se aplica à suspensão da prescrição.

iii. Suspensão do direito de retenção (art.116, Lei 11.101/05);

iv. Suspensão do direito de retirada (art.116, Lei 11.101/05);

v. Suspensão do direito de pagar o reembolso: se o credor já se retirou e estava recebendo o pagamento do


reembolso de suas quotas, este pagamento também será suspenso;

vi. Não cobrança de juros após a data da quebra;

vii. Suspensão da prescrição (a partir da decretação da falência).

@dicasexconcurseira 78
3.2. Em relação ao FALIDO

i. Inabilitação para o exercício de atividade empresarial;


Poderá voltar ao exercício da atividade empresarial quando for reabilitado. Quando o falido for condenado por
crime falimentar e a condenação fizer menção expressa a este efeito secundário de forma motivada, também será
necessária a reabilitação penal.
CUIDADO! A condenação por crime falimentar não gera automaticamente a inabilitação! Tal efeito secundário
dever ser motivado.

Informativo 558 do STJ: O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença
transitada em julgado que decretou a falência.

Informativo 503 do STJ: Como consabido, no processo falimentar, o falido exerce, a um só tempo, dever de auxílio
e também direito de fiscalizar a administração da massa, podendo, no último caso, intervir como assistente (SERIA
UMA ESPÉCIE DE ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL SUI GENERIS) nos feitos em que a massa seja parte ou
interessada.

Informativo 513 do STJ: A sociedade empresária falida não tem legitimidade para o ajuizamento de ação cujo
objetivo seja o recebimento de valor que, segundo alega, deveria ter sido exigido pela massa falida, mas não o fora.
Decretada sua falência, a sociedade não mais possui personalidade jurídica e não pode postular, em nome próprio,
representada por um dos seus sócios, direitos da massa falida, nem mesmo em caráter extraordinário. (...)
Somente a massa falida, por seu representante legal, que é o síndico (administrador) tem legitimidade para
postular em juízo buscando assegurar seus próprios direitos.

ii. Desapossamento de bens: o falido perde a posse e a administração dos bens (estes bens serão arrecadados para a
massa falida), mas não perde a propriedade (em regra).

3.3. Em relação aos CONTRATOS: a sentença que decreta a falência não faz com que os contratos sejam resolvidos, sejam eles
bilaterais ou unilaterais.

@dicasexconcurseira 79
4 – HABILITAÇÃO DO CRÉDITO NA FALÊNCIA (lembrando: antes da habilitação, a falência deve ter sido decretada)

* Art.7º, §1º, Lei 11.101/05.


* Serão apresentadas ao administrador judicial
* Nesta fase, não precisa de advogado.
* Quando perco esse prazo de 15 dias para fazer a habilitação,
ainda é poderei habilitar o meu crédito: é a chamada habilitação
retardatária, que gera vários efeitos (exs: custas, perda de
eventual rateio).
Para habilitar o crédito, não precisa ter um título executivo,
basta ter um valor líquido. Se eu ainda estiver liquidando o meu
valor no juízo cível, por ex, posso fazer um pedido de reserva no
juízo falimentar para que aguarde o resultado do meu processo;
ou posso, ainda, ao menos, pedir ao juiz do meu processo que
informe que existe ação em que se discute a liquidação do meu O juiz decreta a falência e determina a apresentação, pelo falido, no
valor ao juízo falimentar. prazo de 5 dias (sob pena de crime de desobediência), do rol dos seus
A habilitação retardatária é necessariamente apresentada ao credores. Recebida essa informação, o juiz determina a publicação do
juiz (e não ao administrador judicial). Se você apresenta edital com a relação dos credores apresentada pelo falido. Essa relação
habilitação retardatária, porém antes da homologação do também conterá o valor dos créditos e a natureza de tais créditos. É o
quadro geral de credores, seguirá o procedimento visto falido quem irá dizer tudo isso, mas não quer dizer que essas
anteriormente relativo à impugnação. Mas, se apresentada após informações estejam necessariamente certas. Por isso, o juiz publica o
a homologação do quadro geral de credores, vai ter que edital com as informações que o falido repassou para que, em 15 dias,
promover uma ação de retificação do quadro geral de credores, os credores apresentem seus créditos para habilitação ou para que
que terá o rito ordinário do CPC. apresentem eventuais impugnações.

PUBLICAÇÃO DO EDITAL DE
FALÊNCIA (art.99, p.u.)

HABILITAÇÕES ou SEM
DIVERGÊNCIAS HABILITAÇÕES ou
(15 dias) DIVERGÊNCIAS

FASE ADMINISTRATIVA
DECISÃO DO ADM. QUADRO GERAL
JUDICIAL em 45 dias, DE CREDORES
apresentando a lista
dos créditos em edital
(art.7º, §2º)

Legitimidade: Competência para conhecer:


- MP; Regra: Juízo Falimentar
SEM IMPUGNAÇÕES - Comitê de Credores Exceção: art.6º, §2º - Juízo
IMPUGNAÇÕES (art.8º - 10 dias) (se houver) Trabalhista (impugnações
- Falido/sócio; derivadas da Justiça do
- Credor. Trabalho)

QUADRO GERAL CONTESTAÇÃO


DE CREDORES (5 dias)

MANIFESTAÇÃO
DO COMITÊ E DO
FALIDO (5 dias)

MANIFESTAÇÃO DO
ADM. JUDICIAL SOBRE A
IMPUGNAÇÃO (5 dias)
Há discussão sobre se o MP se manifestaria antes da sentença.
Da decisão que decretar a falência, cabe agravo de instrumento.
SENTENÇA Da sentença que julga a improcedência do pedido, cabe apelação.

@dicasexconcurseira 80
Considerações a respeito da habilitação de crédito

• STJ, INFO 389: A Fazenda Pública pode optar entre promover a execução fiscal ou habilitar o seu crédito no juízo
falimentar.

• STJ, jurisprudência firme: Se houver impugnação do crédito, haverá, por consequência, uma sentença e, assim, será
possível a fixação de honorários advocatícios.

• STJ, INFO 540: Classificação dos honorários (sucumbenciais ou contratuais) no quadro geral de credores à equipara-se
ao crédito trabalhista, com a limitação de 150 salários-mínimos.

5. AÇÃO REVOCATÓRIA
Certos atos/negócios jurídicos realizados pelo falido antes da decretação da sua falência podem ser considerados
ineficazes em relação à massa falida, de forma a trazer de volta os bens e valores.

5.1. Hipóteses
i) Art.129, Lei 11.101/05 (rol taxativo) – os casos previstos neste artigo podem ser reconhecidos como ineficazes
independentemente da prova de fraude ou do dano à o juiz pode conhecer de ofício a ineficácia do negócio jurídico e esta
ineficácia pode ser reconhecida nos próprios autos da falência (sem necessidade de ação revocatória).

ii) Art.45, §8º da Lei da S.A. – deve-se provar a fraude e o dano à o juiz não pode conhecer de ofício + deve ser proposta
necessariamente a ação revocatória.

O juiz, ao decretar a falência, deve fixar o termo legal, que tem o objetivo de facilitar a declaração de ineficácia dos
negócios jurídicos. O termo legal é fixado na falência, mas retroage até 90 dias, contados do pedido de falência, ou do pedido de
recuperação judicial, ou do primeiro protesto por falta de pagamento.

Até 90 dias
Art.99, II – TERMO LEGAL:
- pedido de recuperação judicial;
- pedido de falência; ou
- 1º protesto por falta de pagamento
ainda não levantado.
Distribuição do
pedido de falência Sentença falimentar
(maio de 2012) (maio de 2015)

5.2. Prazo: 3 anos, contado da sentença que decreta a falência.

5.3. Legitimidade
A legitimidade ativa é do credor, massa falida (representada pelo administrador judicial) e MP.
A legitimidade passiva é daqueles que foram beneficiários do negócio jurídico.
Obs: o falido não tem legitimidade ativa, nem passiva.

As debêntures são emitidas com um objetivo geral de obter um empréstimo, e o debenturista empresta dinheiro com a
promessa de receber o valor que ele emprestou + juros e correção monetária a longo prazo (geralmente, 5 anos). Porém,
dependendo da hipótese (e isto estará escrito na escritura de emissão de lançamento das debêntures), haverá ou não a
possibilidade de converter a debênture em ações.

@dicasexconcurseira 81
6. QUADRO GERAL DE CREDORES (art.83, Lei 11.101/05)

Antes de chegar ao pagamento dos credores listados no art.83, outras pessoas irão receber primeiramente. Vejamos:

1. Credor do art.150 e 151 à credor trabalhista até 5 salários-mínimos vencidos nos 3 meses anteriores à decretação de
falência + despesas ordinárias para manutenção da massa falida;

2. Credor da restituição em dinheiro (art.86).


Pedido de restituição (arts.85 ao 93): possibilidade de uma pessoa reclamar um bem que tenha sido apreendido numa
falência como se fosse de propriedade do falido, mas que, na verdade, pertence a terceiro. É fundamental a prova da
arrecadação do bem pela massa falida (STJ)
Classificação:
a) Pedido de restituição ordinário (art.85, caput): é a devolução do próprio bem. É a regra geral.
Art.85, cpaut = pretendo a devolução do próprio bem. Mas, se o bem não foi arrecadado, não tenho direito à
restituição. Se eu provar que ele foi arrecadado e que o bem foi encontrado, ele será devolvido. Se não for
encontrado ou se já tiver sido vendido, o autor receberá em dinheiro.

b) Pedido de restituição extraordinário (art.85, p.u.):


1º requisito – compra a prazo;
2º requisito – entrega do bem ao falido nos 15 dias anteriores ao pedido de falência;
3º requisito – a casa não ter sido alienada.

c) Pedido de restituição em dinheiro (art.86).

O juiz, quando julga improcedente o pedido de restituição, é obrigado a passar por uma 2ª fase, que é a análise sobre
se o autor do pedido pode ser um credor.

Pedido de Restituição x Embargos de terceiro: quando cabe pedido de restituição, automaticamente você exclui a
possibilidade de embargos de terceiro. Poderia ser hipótese de embargos de terceiro no caso de turbação da posse (quando
ainda não há a arrecadação do bem).

3. Credores extraconcursais (art.84). Exemplos: remuneração do administrador judicial, crédito trabalhista cujo fato
gerador foi posterior à decretação da falência, crédito tributário cujo fato gerador foi posterior à decretação da
falência.

4. Credores do quadro geral de credores (art.83).

São os credores do quadro geral de credores:

i) Credor trabalhista: limitado a 150 salários-mínimos, incluindo as hipóteses de acidente de trabalho (que não está
limitado a 150 salários-mínimos).
Obs: se o crédito trabalhista for cedido a terceiro, passa a ter natureza de crédito quirografário.

ii) Credor de garantia real: apenas em relação àquilo que o bem objeto da garantia puder garantir (o que ultrapassar
é considerado crédito quirografário).

iii) Fazenda Pública: quando o fato gerador se der antes da falência. Existe concurso entre as Fazendas, mas estas
devem receber na seguinte ordem: 1º - recebe a União; 2º - recebem os Estados; 3º - recebem os Municípios.

iv) Credor com privilégio especial: exemplos – nota promissória rural e duplicatas rurais.

v) Credor com privilégio geral: exemplo – debêntures com garantia flutuante.

vi) Credor quirografário: exemplo – titular de uma nota promissória comum ou de uma letra de câmbio.

vii) Multas tributárias, penais e administrativas.

viii) Crédito subordinado: exemplos – crédito do sócio e debêntures.

@dicasexconcurseira 82
7. Legitimidade para requerer a falência e sofrer processo de falência
Legitimidade ativa:
i. Devedor empresário (pedido de autofalência – art.105);
ii. Fazenda Pública?? De acordo com o STJ, ela não pode requerer falência!
iii. Credor debenturista (art.68, §3º, c, LSA);
iv. Credor com garantia real (Informativo 399 do STJ: regra geral, este credor não tem legitimidade para requerer
falência, salvo: a. quando o credor abre mão da garantia; e b. quando o credor provar que a garantia não é
suficiente para a satisfação do crédito.
v. Credor empresário (desde que regular);
vi. Sociedade estrangeira (desde que prestada caução).

Legitimidade passiva (art.2º, I e II – CAI MUITO EM PROVA!): o devedor empresário, seja ele uma sociedade
empresária, um empresário individual ou uma EIRELI que exerce atividade empresarial.

ATENÇÃO! NÃO PODEM FALIR: EMPRESA PÚBLICA e SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, de acordo com a Lei 11.101/05.
Mas, na doutrina, esse assunto é polêmico!
Celso Antônio Bandeira de Melo diz que se a empresa pública ou sociedade de economia mista explora atividade
comercial, pode falir; se presta serviço público, não pode ter a falência decretada.

* Exceções (quando haverá divulgação, mas, mesmo assim, protegeremos a novidade):


- Período de Graça (art.12, LPI): divulgação feita pelo inventor, INPI ou terceiros (através do inventor), nos 12 meses
anteriores ao depósito. O inventor fez o pedido e, nos 12 meses anteriores ao depósito (quando aceitarem patentear), houve
divulgação: isso é o chamado período de graça.

@dicasexconcurseira 83
* Contra essa decisão de deferimento cabe agravo de instrumento.
A simples distribuição do pedido de
* Consequências dessa decisão à art.52 à os requisitos estão
RECUPERAÇÃO JUDICIAL recuperação judicial é suficiente par
presentes (da petição inicial e de ordem material) = arts.51 e 48.
proibir a alienação dos ativos
* Os administradores não são afastados da recuperanda e esta se
permanentes. Para aliená-los, é
mantém na posse dos seus bens.
necessário autorização judicial.
* Essa decisão gera alguns efeitos:
1. Nomeação do administrador judicial fixando sua remuneração (que
PETIÇÃO INICIAL (art.51) será de até 5% dos créditos concursais; e no caso de microempresa ou
empresa de pequeno porte, de até 2%);
2. Intimação do MP e das Fazendas Públicas interessadas;
3. Determinação para que a recuperanda preste informações mensais
INDEFERIMENTO DEFERIMENTO DO para o administrador judicial;
PROCESSAMENTO 4. Suspensão de todas as ações e execuções, salvo ação ajuizada antes
do pedido de reocupação e que demande quantia ilíquida, ação de
reclamação trabalhista, execução fiscal e contrato de adiantamento de
APELAÇÃO câmbio + Suspensão da prescrição;
Obs: quem tem crédito formado após o pedido de recuperação judicial,
PLANO DE
não está submetido à recuperação judicial e não terá sua ação suspensa.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL A suspensão só dura 180 dias, improrrogáveis, segundo a lei. Mas, na
prática, o STJ autoriza a prorrogação, se ficar comprovado que a
morosidade não foi por culpa da recuperanda (fundamento: princípio da
Controle judicial da Assembleia apenas quanto a sua preservação da empresa).
legalidade. 5. A recuperanda vai ser dispensada da apresentação das certidões
Rejeição do plano em Assembleia: neste caso, a negativas, salvo para contratar com o Poder Público.
princípio, haverá convolação em falência.
O juiz pode conceder recuperação judicial mesmo O plano de recuperação judicial é apresentado no
contra a vontade dos credores? A princípio, não. Mas prazo improrrogável de 60 dias, contados da decisão
o art.58, §1º, trata do instituto do cram down: o juiz que deferir o processamento da recuperação judicial,
poderia afastar o abuso da minoria que votou pela sob pena convolação em falência.
rejeição do plano, concedendo a recuperação judicial. Apresentado o plano de recuperação judicial, o juiz
publica um aviso aos credores de que o plano foi
apresentado e que, se quiserem, podem apresentar
objeções

COM OBJEÇÕES (prazo para


SEM OBJEÇÕES
apresenta-las de 30 dias)

ASSEMBLEIA SENTENÇA

SENTENÇA
INDEFERE A DEFERE A
CONCESSÃO CONCESSÃO

INDEFERE A DEFERE A
CONCESSÃO CONCESSÃO AGRAVO DE
AGRAVO DE
INSTRUMENTO INSTRUMENTO
(art.100) (art.59)
AGRAVO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO INSTRUMENTO
(art.150) (art.59)

O MP pode entrar com esse agravo. Concedida a


recuperação, o recuperando vai ficar 2 anos em
recuperação judicial (art.58).
Passados os 2 anos, o juiz profere sentença de
encerramento (art.63).
Se houver o descumprimento do plano, haverá a
convolação em falência e a novação será desfeita.
Depois de 2 anos, o descumprimento do plano não
convola em falência, nem a novação será desfeita. @dicasexconcurseira 84
O que o credor pode fazer é executar ou promover
um pedido de falência em ação própria.
JURISPRUDÊNCIAS SOBRE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Plano de recuperação judicial pode prever que os credores serão pagos parceladamente e que o saldo devedor será corrigido
pela TR mais 1% ao ano
É válida a cláusula no plano de recuperação judicial que determina a TR como índice de correção monetária e a fixação da taxa
de juros em 1% ao ano. STJ. 3ª Turma. REsp 1630932-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2019 (Info
651).

Aprovação do plano suspende os protestos tirados contra a empresa em recuperação, mas ficam mantidos os protestos tirados
contra eventuais coobrigados (ex: avalistas)
No plano de recuperação judicial é possível suspender tão somente o protesto contra a recuperanda e manter ativo o protesto
tirado contra o coobrigado. STJ. 3ª Turma. REsp 1630932-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/06/2019 (Info
651).

O prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, deve ser computado em dias corridos
A Lei nº 11.101/2005, ao erigir o microssistema recuperacional e falimentar, estabeleceu, a par dos institutos e das finalidades
que lhe são próprios, o modo e o ritmo pelo qual se desenvolvem os atos destinados à liquidação dos ativos do devedor, no caso
da falência, e ao soerguimento econômico da empresa em crise financeira, na recuperação. O sistema de prazos adotado pela
Lei nº 11.101/2005 revela a necessidade de se impor celeridade e efetividade ao processo de recuperação judicial, notadamente
pelo cenário de incertezas quanto à solvibilidade e à recuperabilidade da empresa devedora e pelo sacrifício imposto aos
credores. Não se pode conceber, assim, que o prazo do stay period, previsto no art. 6º, § 4º da Lei nº 11.101/2005, seja
alterado, por interpretação extensiva, em virtude da superveniência do CPC/2015, até mesmo porque ele não possui natureza
de prazo processual. STJ. 3ª Turma. REsp 1698283/GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/05/2019 (Info 649).

Se houve a migração da concordata para recuperação judicial, o crédito em moeda estrangeira será calculado com base no
câmbio do dia do processamento da concordata
Crédito em moeda estrangeira que deveria ter sido ou foi habilitado em concordata preventiva (Decreto-Lei nº 7.661/45) que
posteriormente vem a migrar para a recuperação judicial (Lei nº 11.101/2005) deve ser convertido em moeda nacional pelo
câmbio do dia em que foi processada a concordata preventiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1319085-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 21/05/2019 (Info 651).

Agravo de instrumento interposto contra decisão que julga impugnação de crédito pode se submeter à técnica da ampliação
do colegiado (art. 942, § 3º, II, do CPC/2015)
A impugnação de crédito não é um mero incidente processual na recuperação judicial, mas uma ação incidental, de natureza
declaratória, que tem como objeto definir a validade do título (crédito) e a sua classificação. No caso de haver pronunciamento a
respeito do crédito e sua classificação, mérito da ação declaratória, o agravo de instrumento interposto contra essa decisão,
julgado por maioria, deve se submeter à técnica de ampliação do colegiado prevista no artigo 942, § 3º, II, do CPC/2015. No caso
de haver pronunciamento a respeito do crédito e sua classificação, mérito da ação declaratória, o agravo de instrumento
interposto contra essa decisão, julgado por maioria, deve se submeter à técnica de ampliação do colegiado prevista no artigo
942, § 3º, II, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.797.866-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/05/2019 (Info
649).

No caso de crédito arrolado desde o ajuizamento da ação de recuperação judicial, não se reconhece impugnação de crédito
após o decurso do prazo do art. 8º da Lei n. 11.101/2005
O art. 8º da Lei nº 11.101/2005 prevê o seguinte: Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no
art. 7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz
impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade,
importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação de crédito apresentada fora do prazo de 10 dias previsto no
caput do art. 8º da Lei nº 11.101/2005 não pode ter seu mérito apreciado pelo juízo. A norma do art. 8º contém regra de
aplicação cogente. Trata-se de prazo peremptório específico, estipulado expressamente pela lei de regência. Eventual superação
de regra legal deve ser feita de forma excepcional, observadas determinadas condições específicas, tais como elevado grau de
imprevisibilidade, ineficiência ou desigualdade, circunstâncias não verificadas na espécie. STJ. 3ª Turma. REsp 1704201/RS, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/05/2019 (Info 649).

Os créditos decorrentes do pensionamento fixado em sentença judicial podem ser equiparados àqueles derivados da legislação
trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de credores de sociedade em recuperação judicial
O pensionamento fixado em sentença judicial, decorrente de ação de indenização por acidente de trânsito, pode ser equiparado
ao crédito derivado da legislação trabalhista para fins de inclusão no quadro geral de credores de sociedade em recuperação
judicial. Os créditos de natureza alimentar, ainda que não decorram especificamente de relação jurídica submetida aos ditames

@dicasexconcurseira 85
da legislação trabalhista, devem receber tratamento análogo para fins de classificação da ordem de pagamento nos processos
de execução concursal. Ex: João recebe pensão mensal vitalícia da sociedade empresária “X” em virtude de ter sido atropelado
pelo veículo da empresa; após vários meses de atraso nos pagamentos, a empresa ingressou com pedido de recuperação
judicial; o crédito de João será equiparado a crédito trabalhista para fins de pagamento prioritário. STJ. 3ª Turma. REsp 1799041-
PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645).

É possível que o plano da recuperação judicial preveja diferença de tratamento entre credores de uma mesma classe, criando,
assim, subclasses, desde que baseado em critérios objetivos
É possível a criação de subclasses entre os credores da recuperação judicial, desde que estabelecido um critério objetivo,
justificado no plano de recuperação judicial, abrangendo credores com interesses homogêneos, ficando vedada a anulação de
direitos de eventuais credores isolados. STJ. 3ª Turma. REsp 1634844-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/03/2019 (Info 644).

Reserva de 40% dos honorários do administrador judicial (art. 24, § 2º da Lei) se aplica apenas à falência, não à recuperação
A reserva de 40% dos honorários do administrador judicial, prevista no art. 24, § 2º, da Lei nº 11.101/2005, não se aplica no
âmbito da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1700700-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019 (Info 642).

Na fila de pagamentos da falência, o encargo do DL 1.025/69, apesar de não ter natureza de crédito tributário, ocupa a mesma
posição dos créditos tributários (art. 83, III, da LFR)
O encargo do DL 1.025/69 tem as mesmas preferências do crédito tributário devendo, por isso, ser classificado, na falência, na
ordem estabelecida pelo art. 83, III, da Lei nº 11.101/2005. O encargo de 20% do art. 1º do DL 1.025/69 possui natureza jurídica
de “crédito não tributário”. Em outras palavras, o encargo de 20% do art. 1º do DL 1.025/69 não é crédito tributário (não é tributo).
Apesar disso, o § 4º do art. 4º da Lei nº 6.830/80 estendeu ao crédito não tributário inscrito em dívida ativa (como é o caso do
encargo do DL 1.025/69) a mesma preferência que é dada ao crédito tributário. STJ. 1ª Seção. REsp 1521999-SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 28/11/2018 (recurso repetitivo) (Info 644).

Se a parte já tem um título executivo, não precisa ir para a arbitragem mesmo que o contrato contenha cláusula compromissória
A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de crédito inadimplido e não impede a deflagração
do procedimento falimentar, fundamentado no art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005. Caso concreto: o contrato entre as empresas
“A” e “B” continha uma cláusula compromissória. Com base nesse contrato, a empresa “A” forneceu mercadorias para a
empresa “B”. A empresa “B” não pagou a duplicata referente a essa venda. Diante disso, a empresa “A” poderá ingressar com
execução individual ou, então, pedir a falência da empresa “B” sem precisar instaurar o procedimento arbitral. Havendo título
executivo, o direito do credor só pode ser garantido por meio do juízo estatal, já que o árbitro não possui poderes de natureza
executiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1733685-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 06/11/2018 (Info 637).

É cabível a interposição de agravo de instrumento contra todas as decisões interlocutórias em processo falimentar e
recuperacional
É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em processo falimentar e recuperacional,
ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei nº 11.101/2005 (LREF). Fundamento: interpretação extensiva do art.
1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ. 4ª Turma. REsp 1722866-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/09/2018
(Info 635).

Conceito de bem de capital para os fins do § 3º do art. 49 da Lei nº 11.101/2005


A Lei nº 11.101/2005, embora tenha excluído expressamente dos efeitos da recuperação judicial o crédito de titular da posição
de proprietário fiduciário de bens imóveis ou móveis, acentuou que os “bens de capital”, objeto de garantia fiduciária, essenciais
ao desenvolvimento da atividade empresarial, permanecem na posse da recuperanda durante o stay period. A conceituação de
“bem de capital”, referido na parte final do § 3º do art. 49 da LRF, há de ser objetiva. Assim, “bem de capital” é o bem corpóreo
(móvel ou imóvel) utilizado no processo produtivo da empresa recuperanda e que não seja perecível nem consumível. STJ. 3ª
Turma. REsp 1758746-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/09/2018 (Info 634).

O edital com a relação dos credores do falido (art. 7º, § 2º da Lei nº 11.101/2005) deve ser obrigatoriamente publicado na
imprensa oficial
É imprescindível a publicação na imprensa oficial do edital previsto no art. 7º, § 2º, da Lei nº 11.101/2005. Assim, a Lei não
permite que a publicação seja feita exclusivamente no jornal. Fundamento: art. 191 da Lei de Falência. A leitura do caput do art.
191 revela que as publicações devem ser sempre feitas na imprensa oficial, devendo ser, preferencialmente, feitas também
mediante publicação em jornal ou revista de circulação se as possibilidades financeiras do devedor ou da massa falida assim
comportarem. Obs: o art. 7º, § 2º trata sobre o edital contendo a relação feita pelo administrador judicial dos credores do falido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1758777-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/09/2018 (Info 633).

@dicasexconcurseira 86
Crédito derivado de fato ocorrido antes da recuperação judicial
O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a recuperação judicial deve sujeitar-se ao
plano de soerguimento da sociedade devedora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.727.771-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/05/2018 (Info 626).

Valores depositados em banco por conta de contrato de trust podem ser arrecadados no caso de falência da instituição
financeira
Não é cabível a restituição de quantia em dinheiro que se encontra depositada em conta corrente de banco falido, em razão de
contrato de trust. STJ. 3ª Turma. REsp 1438142-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/05/2018 (Info 631).

Ação de indenização por danos morais contra empresa em recuperação judicial


A ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial não deve permanecer suspensa até o
trânsito em julgado da decisão final proferida no processo de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1710750-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 627).

No âmbito da Lei 11.101/2005, os prazos de 180 dias de suspensão das ações executivas em face do devedor (art. 6, § 4°) e de
60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial (art. 53, caput) deverão ser contados de forma contínua
O microssistema recuperacional e falimentar foi pensado em espectro lógico e sistemático peculiar, com previsão de uma
sucessão de atos, em que a celeridade e a efetividade se impõem, com prazos próprios e específicos, que, via de regra, devem
ser breves, peremptórios, inadiáveis e, por conseguinte, contínuos, sob pena de vulnerar a racionalidade e a unidade do
sistema. A aplicação do CPC no âmbito da Lei 11.101/05 deve ter cunho eminentemente excepcional, incidindo tão somente de
forma subsidiária e supletiva, desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento
especial, dando-se sempre prevalência às regras e aos princípios específicos da Lei de Recuperação e Falência e com vistas a
atender o desígnio da norma-princípio disposta no art. 47. A adoção da forma de contagem prevista no art. 219 do CPC, em dias
úteis, para o âmbito da Lei de Recuperação e Falência, com base na distinção entre prazos processuais e materiais, revelar-se-á
árdua e complexa, não existindo entendimento teórico satisfatório, com critério seguro e científico para tais discriminações.
Além disso, acabaria por trazer perplexidades ao regime especial, com riscos a harmonia sistêmica da LRF, notadamente quando
se pensar na velocidade exigida para a prática de alguns atos e na morosidade de outros, inclusive colocando em xeque a
isonomia dos seus participantes, haja vista a dualidade de tratamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1699528/MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/04/2018.

Aplicabilidade do prazo em dobro na falência


Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a incidência da norma do art. 191 do
CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos processuais pelos credores habilitados no processo falimentar quando
representados por diferentes procuradores. Assim, se no processo de falência uma decisão desagradar aos credores e eles
decidirem recorrer, terão prazo em dobro caso possuam diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos. Em
outras palavras, aplica-se aos credores da sociedade falida o prazo em dobro do art. 229 do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp
1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018.

Na antiga Lei de Falência, os créditos tributários eram pagos antes dos encargos da massa
Os encargos da massa não preferem os créditos tributários nas falências processadas sob a égide do Decreto-Lei nº 7.661/1945.
Em outras palavras, na antiga Lei de Falência, os créditos tributários eram pagos antes dos encargos da massa. STJ. Corte
Especial. EREsp 1162964-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 07/03/2018 (Info 637).

Competência para julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida
A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida, quando em litisconsórcio
passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual for proposta a ação de conhecimento, competente para
julgar ações contra a Fazenda Pública, de acordo as respectivas normas de organização judiciária. STJ. 1ª Seção. REsp 1643856-
SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 617).

Contribuição previdenciária reconhecida por juiz trabalhista pode ser habilitada na falência sem CDA
É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em processo de falência, de crédito
previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista. STJ. 3ª Turma. REsp 1591141-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 05/12/2017 (Info 618). STJ. 4ª Turma. REsp 1170750-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/08/2013 (Info
530).

@dicasexconcurseira 87
A habilitação de crédito deverá limitar a incidência de juros de mora e correção monetária até a data do pedido de recuperação
judicial mesmo que a sentença diga de forma diversa
O credor deverá apresentar ao administrador judicial da falência o valor do seu crédito, atualizado com juros e correção
monetária. Vale ressaltar que o termo final da incidência dos juros e correção monetária é a data do pedido de recuperação
judicial, nos termos do art. 9º, II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada em julgado
tenha determinado que os juros e correção monetária iriam incidir até a data do efetivo pagamento, quando este crédito for
habilitado na recuperação judicial ele será atualizado até a data do pedido de recuperação judicial. Segundo o STJ decidiu, isso
não ofende a coisa julgada. Nesse sentido: Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação de crédito que limita a incidência
de juros de mora e correção monetária, delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a data do pedido de
recuperação judicial. STJ. 3ª Turma.REsp 1662793-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/8/2017 (Info 610).

A incidência de juros e correção monetária sobre os créditos habilitados deve ocorrer até a data em que a sentença é prolatada
A Lei de Falências afirma que o credor terá direito de receber seu crédito do falido com juros e correção monetária que são
calculadosaté a “data da decretação da falência”. Quando a lei fala em “decretação da falência” deve-se considerar a data em
ela foi prolatada (não importando quando ocorreu a sua publicação). Assim, no processo de falência, a incidência de juros e
correção monetária sobre os créditos habilitados deve ocorrer até a decretação da quebra, entendida como a data da prolação
da sentença (e não sua publicação). STJ. 3ª Turma.REsp 1660198-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/8/2017 (Info 609).
O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira
O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira. No caso,
empresa brasileira foi condenada, em sentença arbitral proferida na Suíça, a pagar determinada quantia a empresa estrangeira.
A credora pediu a homologação desta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-se em processo de recuperação judicial no
Brasil. Isso, contudo, não impede que o STJ homologue esta sentença estrangeira. Depois, a credora terá que habilitar este
crédito no juízo da recuperação. STJ. Corte Especial. SEC 14408-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/6/2017 (Info
610).

Os bondholders podem votar no plano de recuperação da empresa


Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por sociedades em recuperação judicial e representados por agente
fiduciário – têm assegurados o direito de voto nas deliberações sobre o plano de soerguimento. STJ. 3ª Turma.REsp 1670096-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2017 (Info 607).

O crédito trabalhista decorrente de serviço prestado pelo empregado antes da recuperação judicial a ela estará sujeito
Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo trabalhador à empresa antes da recuperação judicial
deverão estar sujeitos a ela, mesmo que no momento do pedido tais créditos não estivessem consolidados? SIM. A partir do
momento em que o empregado trabalha, ele se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebimento das verbas
trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se o empregador não paga e o empregado ingressa com
reclamação trabalhista, a sentença apenas reconhecerá (declarará) a existência do direito do trabalhador, condenando o patrão
a pagar. Não é a sentença, contudo, que constitui o direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito foi
constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as
verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em momento anterior ao pedido de recuperação
judicial, tais verbas também estarão sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada
somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não
depende de provimento judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua
sujeição aos efeitos da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1634046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).

A extinção das obrigações do falido não aproveita os codevedores


A extinção das obrigações do falido, em decorrência da aplicação do art. 135, III, do Decreto-Lei nº 7.661/45 (art. 158, III, da Lei
nº 11.101/2005), não extingue nem impede o prosseguimento de execução ajuizada contra avalista e devedor solidário. STJ. 4ª
Turma. REsp 1104632-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/4/2017 (Info 605).

A extinção das obrigações do falido depende da quitação dos tributos?


Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº 11.101/2005, a decretação da extinção das obrigações do
falido prescinde da apresentação de prova da quitação de tributos. STJ. 3ª Turma.REsp 1426422-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 28/3/2017 (Info 601).
Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos tributos é condição para a extinção das obrigações do
falido. A Min. Nancy Andrighisustenta que sim. Em provas objetivas, fique atento porque pode ser cobrada a redação literal do
art. 191 do CTN, devendo essa alternativa ser assinalada como correta: “Art. 191. A extinção das obrigações do falido requer
prova de quitação de todos os tributos.”

@dicasexconcurseira 88
O juízo da recuperação judicial é o competente para decidir sobre os bens da empresa devedora mesmo que tramite em outro
juízo execução cobrando crédito decorrente de relação de consumo
Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial, todas as ações e execuções contra o devedor que está em
recuperação judicial ficam suspensas, excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§ 1º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005) e
as execuções fiscais (§ 7º). Além de as ações e execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspensas, o destino do
patrimônio da sociedade em processo de recuperação judicial não poderá ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso
daquele onde tramita o processo de reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior da preservação da atividade
empresarial. Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens da empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo
onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita o processo de recuperação judicial é o competente para decidir sobre o
destino dos bens e valores objeto de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito
decorrente de relação de consumo. Ex: João comprou uma geladeira em uma loja. O produto apresentou vício e o consumidor
propôs, no Juizado Especial, ação de indenização contra o fornecedor. O juiz julgou o pedido procedente, condenando a
empresa a pagar R$ 10 mil. Como não houve pagamento espontâneo, o magistrado determinou a penhora on line da quantia.
Ocorre que, em março de 2017, antes que o dinheiro penhorado fosse transferido para João, o Juízo da Vara Cível deferiu a
recuperação judicial da referida loja. Como já foi deferida a recuperação judicial, a competência para decidir sobre o patrimônio
do devedor passa a ser do juízo da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1630702-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
2/02/2017 (Info 598).

Pode ser pedido o arrolamento de bens mesmo que já tenha sido decretada a indisponibilidade
Mesmo que já tenha sido decretada a indisponibilidade de bens, nos termos do art. 36 da Lei nº 6.024/74, o Ministério Público
continua tendo interesse de agir para pedir o arrolamento de bens do administrador da instituição financeira em liquidação
extrajudicial. Isso porque tais institutos possuem finalidades, limites e efeitos distintos. O arrolamento tem por finalidade
conservar bens ameaçados de dissipação e, assim, garantir a responsabilidade do administrador de instituição financeira. A
prévia indisponibilidade visa salvaguardar o interesse público, em caso de fraude ou ilícito no curso da liquidação extrajudicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1375540-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/10/2016 (Info 592).

Autor do pedido de falência não precisa provar insolvência patrimonial do devedor


O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial do
devedor, bastando que a situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim,
independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da quebra do devedor que não
paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados
cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº
11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp 1532154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).

Vinculação de todos os credores à determinação de plano de recuperação judicial aprovado por maioria pela assembleia geral
de credores
Se, no âmbito de Assembleia Geral de Credores, a maioria deles - devidamente representados pelas respectivas classes - optar,
por meio de dispositivo expressamente consignado em plano de recuperação judicial, pela supressão de todas as garantias
fidejussórias e reais existentes em nome dos credores na data da aprovação do plano, todos eles - inclusive os que não
compareceram à Assembleia ou os que, ao comparecerem, abstiveram-se ou votaram contrariamente à homologação do acordo
- estarão indistintamente vinculados a essa determinação. STJ. 3ª Turma. REsp 1532943-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 13/9/2016 (Info 591).

Credor trabalhista possui legitimidade ativa para pedir falência de devedor


A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor. Assim, o credor trabalhista tem
legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência, considerando que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção
entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).

Submissão de credor dissidente a novo plano de recuperação judicial aprovado pela assembleia geral de credores
Se, após o biênio de supervisão judicial e desde que ainda não tenha ocorrido o encerramento da recuperação judicial, houver
aprovação de novo plano de recuperação judicial, o credor que discordar do novo acordo não tem direito a receber o seu
crédito com base em plano anterior aprovado pelo mesmo órgão. STJ. 4ª Turma. REsp 1302735-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 17/3/2016 (Info 580).

Responsabilidade pela remuneração do administrador judicial


É possível impor ao credor que requereu a falência da sociedade empresária a obrigação de adiantar as despesas relativas à
remuneração do administrador judicial, quando a referida pessoa jurídica não for encontrada — o que resultou na sua citação
por edital e na decretação, incontinenti, da falência — e existirem dúvidas se os bens a serem arrecadados serão suficientes

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para arcar com a mencionada dívida. STJ. 3ª Turma. REsp 1526790-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
10/3/2016 (Info 580).

Não sujeição à recuperação judicial de direitos de crédito cedidos fiduciariamente


Não se submetem aos efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de crédito cedidos fiduciariamente por ele em
garantia de obrigação representada por Cédula de Crédito Bancário existentes na data do pedido de recuperação,
independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor. Ex:
determinada empresa recebeu um empréstimo de um banco. Como garantia de que iria pagar este empréstimo, ela cedeu
fiduciariamente uma CCB. Posteriormente, esta empresa entrou em recuperação judicial. O banco possui, portanto, um crédito
a ser pago pela empresa representado por meio da CCB. Este crédito do banco não entrará na recuperação judicial. A situação
enquadra-se no art. 49, § 3º da Lei nº 11.101/2005. STJ. 3ª Turma. REsp 1412529-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel.
para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 17/12/2015 (Info 578).

Protesto do cheque é obrigatório para se comprovar a impontualidade injustificada


O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de comprovar a impontualidade injustificada do devedor
no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005) e deve ser realizado em até 6 meses contados do término do
prazo de apresentação (prazo prescricional da ação cambial). STJ. 3ª Turma. REsp 1249866-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 6/10/2015 (Info 572).

Retificação do quadro geral de credores após homologação do plano de recuperação judicial


Ainda que o plano de recuperação judicial já tenha sido homologado, é possível a retificação do quadro geral de credores
fundada em julgamento de impugnação. STJ. 3ª Turma. REsp 1371427-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
6/8/2015 (Info 567).

Mudança de domicílio da sociedade em recuperação judicial e prova da má-fé


A mudança de domicílio da sociedade em recuperação judicial, devidamente informada em juízo, ainda que sem comunicação
aos credores e sem data estabelecida para a instalação do novo estabelecimento empresarial, não é causa, por si só, para a
decretação de ofício da falência. Ex: a sociedade empresária "XXX" encontrava-se em recuperação judicial. O administrador
decidiu mudar a sede da empresa do bairro "A" para o bairro "B". Assim, a empresa deixou de funcionar no bairro "A", mas
ainda não se mudou fisicamente para o bairro "B" uma vez que as obras no local ainda não ficaram prontas. Vale ressaltar que
essa mudança foi comunicada ao juízo falimentar, mas não foi informada aos credores. Determinado dia, um dos credores
procurou a empresa devedora no bairro "A" e não a encontrou, razão pela qual pediu a decretação de sua falência, nos termos
do art. 94, III, "f", da Lei nº 11.101/2005. Esse pedido deverá ser indeferido porque a mudança do domicílio comercial
desacompanhada de comunicação aos credores não é suficiente, por si só, para caracterização do abandono. É necessário
provar que a mudança foi furtiva e realizada com o objetivo de fraudar os interesses dos credores. É preciso, portanto,
demonstrar a má-fé do devedor. STJ. 4ª Turma. REsp 1366845-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 18/6/2015 (Info
564).

Deferimento da recuperação judicial e cadastros de restrição e tabelionatos de protestos


Tendo sido decretada a recuperação judicial, as ações e execuções que tramitavam contra a empresa em recuperação serão
suspensas. A dúvida que surge é a seguinte: além da suspensão das ações e execuções, o deferimento da recuperação judicial
acarreta também a retirada do nome da empresa do SPC, SERASA e demais cadastros negativos? A empresa em recuperação
judicial tem direito tirar seu nome dos serviços de restrição de crédito e tabelionatos de protesto? NÃO. O deferimento do
processamento de recuperação judicial, por si só, não enseja a suspensão ou o cancelamento da negativação do nome do
devedor nos cadastros de restrição ao crédito e nos tabelionatos de protestos. O deferimento do processamento de
recuperação judicial suspende o curso das ações e execuções propostas em face do devedor. Como vimos acima, isso está
expressamente previsto no art. 6º, caput e § 4º, da Lei nº 11.101/2005. Contudo, essa providência (suspensão das ações e
execuções) não significa que o direito dos credores (direito creditório propriamente dito) tenha sido extinto. A dívida continua
existindo. Assim, se a dívida continua existindo (e apenas a execução é que está suspensa), não se pode aceitar a retirada do
nome da empresa em recuperação dos serviços de proteção ao crédito e tabelionato de protesto. STJ. 4ª Turma. REsp 1374259-
MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 564).

Extinção das execuções individuais propostas contra devedor em recuperação judicial


Após a aprovação do plano de recuperação judicial pela assembleia de credores e a posterior homologação pelo juízo
competente, deverão ser extintas — e não apenas suspensas — as execuções individuais até então propostas contra a
recuperanda nas quais se busca a cobrança de créditos constantes do plano. STJ. 4ª Turma. REsp 1272697-DF, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 564).

@dicasexconcurseira 90
Despesas feitas/surgidas após o deferimento do processamento da recuperação judicial
Os créditos que surgiram após o pedido de recuperação judicial não estão sujeitas ao plano de recuperação judicial aprovado,
independentemente da natureza do crédito. Em outras palavras, o plano de recuperação abrange apenas as dívidas da empresa
que foram contraídas antes do pedido de recuperação. As dívidas posteriores estão fora do plano. Assim, se, após a empresa ter
feito um pedido de recuperação judicial, surgiu contra si um novo débito de honorários advocatícios sucumbenciais, o advogado
que for credor dessa dívida, para receber a quantia, não precisará habilitar esse crédito no juízo universal da recuperação
judicial. O credor poderá executar esses honorários no juízo comum, não ficando a execução suspensa por força da recuperação
judicial. No entanto, apesar disso, o juízo universal da recuperação judicial deverá exercer o controle sobre os atos de constrição
ou expropriação patrimonial do devedor. O juízo universal da recuperação pode decidir, por exemplo, que determinado bem da
empresa não deverá ser penhorado porque é essencial à atividade empresarial e, se fosse expropriado, isso prejudicaria a
sobrevivência da sociedade empresária que está em recuperação. Ex: no juízo comum o credor pediu a penhora da principal
máquina da indústria que está em recuperação judicial; o juízo universal da recuperação pode obstar que essa coisa seja
penhorada porque se trata de bem de capital essencial à atividade empresarial. STJ. 4ª Turma. REsp 1298670-MS, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 21/5/2015 (Info 564).

Capacidade processual do falido para a propositura de ação rescisória


O falido poderá propor ação rescisória para desconstituir a sentença que decretou a falência? SIM. O falido tem capacidade para
propor ação rescisória para desconstituir a sentença transitada em julgado que decretou a sua falência. Depois que é decretada
a falência, a sociedade empresária falida não mais possui personalidade jurídica e não poderá postular, em nome próprio,
direitos da massa falida, nem mesmo em caráter extraordinário. Diz-se que ela sofre uma capitis diminutio (diminuição de sua
capacidade) referente aos direitos patrimoniais envolvidos na falência, sendo afastada da administração dos seus bens. Sendo
assim, num processo em que se discuta, por exemplo, a venda desses bens, o falido apenas poderia acompanhá-lo como
assistente. Ele não poderia, portanto, tomar a iniciativa das ações com relação a bens da massa. No entanto, no caso em que se
pretenda rescindir decisão que decreta falência, a situação é diferente. Nesse caso, nem a massa nem os credores têm interesse
na desconstituição da decretação de falência. Realmente, o falido é o único interessado. Por isso, se a legitimidade deste para
propor a rescisão do decreto falimentar fosse retirada, ele ficaria eternamente falido, ainda que injustamente, ainda que
contrariamente à ordem legal. Desse modo, o STJ entende que o falido mantém a legitimidade para a propositura de ações
pessoais, podendo, inclusive, ajuizar ação rescisória para tentar reverter o decreto falimentar. STJ. 3ª Turma. REsp 1126521-MT,
Rel. originário Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2015 (Info 558).
Alienação extraordinária de ativo da falência e desnecessidade de prévia publicação de edital
Depois que os bens da massa falida forem arrecadados, ou seja, listados e organizados formalmente, eles serão vendidos a fim
de arrecadar dinheiro para pagar os credores. Essa venda é chamada pela lei de “realização do ativo”. No art. 142 da Lei estão
previstas as modalidades ordinárias de realização do ativo (leilão, propostas fechadas e pregão). No caso da alienação ordinária,
a Lei exige que haja prévia publicação de um anúncio em jornal de ampla circulação (§ 1º do art. 142). Além das modalidades
ordinárias de alienação, a Lei prevê formas extraordinárias de venda, que estão disciplinadas nos arts. 144 e 145 para casos em
que se exige uma maior celeridade e informalidade. O STJ decidiu que, em caso de alienação extraordinária, NÃO é necessária a
prévia publicação do anúncio em jornal de grande circulação de que trata o § 1º do art. 142. STJ. 3ª Turma. REsp 1356809-GO,
Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, julgado em 10/2/2015 (Info 555).

Créditos que estão sujeitos à recuperação judicial


1) REGRA: estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, ainda
que não vencidos (art. 49, caput). Devem obedecer ao plano de recuperação e as ações a eles relativas ficam suspensas.
2) EXCEÇÃO: os créditos de alienação fiduciária não estão sujeitos à recuperação judicial e as ações relacionadas com tais
créditos podem ser propostas ou continuar seu trâmite (§ 3º do art. 49). Aqui o Banco “comemora”, porque seu crédito está
fora da recuperação judicial.
3) EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO (volta para regra): se a garantia da alienação fiduciária for o imóvel em que funciona o
estabelecimento do devedor ou forem bens móveis essenciais à atividade empresarial da empresa em recuperação judicial,
nesse caso, mesmo se tratando de crédito de alienação fiduciária, deverá ficar sujeita aos efeitos da recuperação judicial. Aqui o
Banco “lamenta”, porque seu crédito deverá ficar sujeito à recuperação judicial. Atenção: para se enquadrar na parte final do §
3º (exceção da exceção — situação 3), o bem objeto da alienação fiduciária deve ser o essencial à atividade empresarial. Se o
contrato de alienação fiduciária for referente a um bem não essencial, esse crédito continua fora da recuperação judicial
(situação 2). STJ. 2ª Seção. CC 131656-PE, Rel. Min. Maria Isabel Galloti, julgado em 8/10/2014 (Info 550).

Falência com base no art. 94, I, não é abusivo mesmo que devedora tenha capacidade econômica
Diante de depósito elisivo de falência requerida com fundamento na impontualidade injustificada do devedor (art. 94, I, da Lei
11.101/2005), admite-se, embora afastada a decretação de falência, a conversão do processo falimentar em verdadeiro rito de
cobrança para apurar questões alusivas à existência e à exigibilidade da dívida cobrada, sem que isso configure utilização
abusiva da via falimentar como sucedâneo de ação de cobrança/execução. Assim, se o autor da ação de falência fez o

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requerimento baseado no inciso I do art. 94 e a dívida não paga era realmente superior a 40 salários-mínimos, não se pode dizer
que o pedido tenha sido abusivo, mesmo que a devedora tenha grande porte econômico. Nesse caso, se a devedora efetuar o
depósito elisivo, não cabe ao magistrado extinguir o processo sem resolução de mérito, devendo continuar o feito como se fosse
uma ação de cobrança, discutindo a dívida e, ao final, proferindo sentença resolvendo o mérito quanto à dívida e julgando
improcedente a falência. STJ. 4ª Turma. REsp 1433652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2014 (Info 550).

Insolvência jurídica X insolvência econômica


No pedido de falência é desnecessário que o requerente demonstre a insolvência econômica do devedor. Se ele não pagou a
dívida e esta se enquadra na descrição dos incisos do art. 94, é possível fazer o pedido de falência independentemente da
condição econômica real do empresário. O pressuposto para a instauração de processo de falência é a insolvência jurídica, que é
caracterizada a partir de situações objetivamente apontadas pelo ordenamento jurídico no art. 94 da Lei 11.101/2005: a
impontualidade injustificada (inciso I), a execução frustrada (inciso II) e a prática de atos de falência (inciso III). A insolvência que
autoriza a decretação de falência é presumida, uma vez que a lei presume que o empresário individual ou a sociedade
empresária que se encontram em uma das situações apontadas pela norma estão em estado pré-falimentar. É bem por isso que
se mostra possível a decretação de falência independentemente de comprovação da insolvência econômica, ou mesmo depois
de demonstrado que o patrimônio do devedor supera o valor de suas dívidas. Verifica-se, assim, que a falência é diferente da
chamada insolvência civil. O pressuposto da insolvência civil é a insolvência econômica (art. 748 do CPC), o que não se exige no
caso da falência. STJ. 4ª Turma. REsp 1433652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/9/2014 (Info 550).

Aspectos que são analisados pelo juiz para homologação do plano


O juiz pode recusar-se a homologar o plano de recuperação judicial alegando que ele não tem viabilidade econômica, mesmo já
tendo sido aprovado em assembleia e estando formalmente perfeito? NÃO. Se o plano cumpriu as exigências legais e foi
aprovado em assembleia, o juiz deve homologá-lo e conceder a recuperação judicial do devedor, não sendo permitido ao
magistrado se imiscuir (intrometer) no aspecto da viabilidade econômica da empresa. A aprovação do plano pela assembleia
representa uma nova relação negocial que é construída entre o devedor e os credores. Se os credores aceitaram a proposta e
ela preenche os requisitos legais, não cabe ao juiz indeferir a recuperação judicial. Além disso, o magistrado não é a pessoa mais
indicada para aferir a viabilidade econômica do plano de recuperação judicial. Isso porque a análise do possível sucesso ou não
do plano proposto não é uma questão jurídica propriamente dita, mas sim econômica, e que está inserida na seara negocial da
recuperação judicial, o que deve ser tratado entre devedor e credores. STJ. 4ª Turma. REsp 1359311-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 9/9/2014 (Info 549).

Pedido de falência com base no art. 94, I e desnecessidade de execução prévia


Para pedir a falência com base no art. 94, I, da Lei 11.101/2005 não é necessário que o requerente tenha tentado executar o
título. Não se revela como exigência para a decretação da quebra a execução prévia. Assim, é desnecessário o prévio
ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com fundamento na impontualidade do devedor. STJ. 3ª Turma.
REsp 1354776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014 (Info 547).

Duplicata virtual protestada pode instruir pedido de falência


A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com base na impontualidade do
devedor (art. 94, I). Logo, se o devedor não pagar uma duplicata virtual em valor superior a 40 salários-mínimos, é possível que
seja decretada a sua falência. STJ. 3ª Turma. REsp 1354776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014
(Info 547).

Créditos do locador de imóvel alugado para o falido enquadram-se no § 3º do art. 49


Em ação de despejo movida pelo proprietário locador, a retomada da posse direta do imóvel locado à sociedade empresária em
recuperação judicial, com base na Lei do Inquilinato (Lei 8.245?91), não se submete à competência do Juízo universal da
recuperação. O credor proprietário de imóvel, quanto à retomada do bem, não está sujeito aos efeitos da recuperação judicial
(Lei 11.101?2005, art. 49, § 3º). Em suma: a ação de despejo não se submete ao juízo universal da falência, podendo continuar a
tramitar normalmente, inclusive com a retomada do bem pelo locador (proprietário). STJ. 2ª Seção. CC 123116-SP, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 14/8/2014 (Info 551).

Classificação dos créditos de honorários advocatícios


I — Caso um advogado tenha créditos de honorários advocatícios para receber da sociedade empresária falida, tais créditos
estarão em que lugar na ordem do art. 83 da Lei 11.101/2005? Em primeiro lugar, enquadrando-se no inciso I do art. 83. Os
créditos resultantes de honorários advocatícios (sucumbenciais ou contratuais) têm natureza alimentar e são equiparados aos
créditos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, estando, portanto, enquadrados no art. 83, I.
II — Se um advogado é contratado pela massa falida, os honorários advocatícios desse causídico deverão ser pagos também
segundo a ordem do art. 83? NÃO. Os honorários de advogado resultantes de trabalhos prestados à massa falida, depois de ter

@dicasexconcurseira 92
sido decretada a falência são considerados como créditos extraconcursais, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei 11.101/2005.
STJ. Corte Especial. REsp 1152218-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/5/2014 (recurso repetitivo) (Info 540).

São extraconcursais os créditos originários de negócios realizados após a data do pedido de recuperação judicial
Créditos extraconcursais consistem em dívidas contraídas pela massa falida, ou seja, após ter ocorrido a quebra. Os créditos
extraconcursais são pagos antes dos concursais porque são dívidas que surgem depois de ter sido decretada a falência e em
decorrência dela. Em regra, são débitos que nascem para que o processo de falência possa ser realizado. Caso fossem pagos
após os demais créditos, a massa falida teria muita dificuldade de conseguir levar em frente o procedimento da falência, já que
ninguém iria querer prestar serviços para uma sociedade empresária que está quase falindo com a promessa de receber
somente após todos os demais credores. O STJ tem decidido que, em caso de decretação de falência, serão considerados
extraconcursais os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor entre a data em que se defere o processamento
da recuperação judicial e a data da decretação da falência, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou
serviços e contratos de mútuo. Assim, são extraconcursais os créditos originários de negócios jurídicos realizados após a data em
que foi deferido o pedido de processamento de recuperação judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1399853-SC, Rel. originária Min. Maria
Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 10/2/2015 (Info 557). STJ. 3ª Turma. REsp 1398092-
SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/5/2014 (Info 543).

Aprovado o plano, ocorre a novação dos créditos anteriores ao pedido


A novação decorrente da recuperação judicial implica a extinção de garantias que haviam sido prestadas aos credores? NÃO. A
novação prevista no Código Civil extingue sim os acessórios e as garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em
contrário (art. 364). No entanto, na novação prevista no art. 59 da Lei nº 11.101/2005 ocorre justamente o contrário, ou seja, as
garantias são mantidas, sobretudo as garantias reais, as quais só serão suprimidas ou substituídas “mediante aprovação
expressa do credor titular da respectiva garantia”, por ocasião da alienação do bem gravado (art. 50, § 1º).
• Novação do CC: em regra, extingue as garantias prestadas.
• Novação da recuperação judicial: em regra, não extingue as garantias prestadas. Portanto, muito embora o plano de
recuperação judicial opere novação das dívidas a ele submetidas, as garantias reais ou fidejussórias, de regra, são preservadas,
circunstância que possibilita ao credor exercer seus direitos contra terceiros garantidores e impõe a manutenção das ações e
execuções aforadas em face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. STJ. 4ª Turma. REsp 1326888-RS, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 8/4/2014 (Info 540). A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das
execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral,
por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a
novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei nº 11.101/2005. STJ. 2ª Seção. REsp
1333349/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 554)

Honorários advocatícios na impugnação da habilitação de crédito na recuperação judicial


São devidos honorários advocatícios na hipótese em que apresentada impugnação ao pedido de habilitação de crédito em
recuperação judicial. Isso porque a apresentação de impugnação ao referido pedido torna litigioso o processo. STJ. 3ª Turma.
REsp 1197177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013 (Info 527).

Contribuição previdenciária reconhecida por juiz trabalhista e habilitação sem CDA


É desnecessária a apresentação de Certidão de Dívida Ativa (CDA) para habilitação, em processo de falência, de crédito
previdenciário resultante de decisão judicial trabalhista. STJ. 4ª Turma. REsp 1170750-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 27/08/2013 (Info 530).

Competência para julgar ação contra sociedade de economia mista em liquidação extrajudicial
Compete à Justiça Estadual, e não à Justiça Federal, processar e julgar ação proposta em face de sociedade de economia mista,
ainda que se trate de instituição financeira em regime de liquidação extrajudicial, sob intervenção do Banco Central. STJ. 4ª
Turma. REsp 1093819-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/3/2013 (Info 519).

Classificação dos créditos da falência e multa moratória de natureza tributária


É possível a inclusão de multa moratória de natureza tributária na classificação dos créditos de falência decretada na vigência da
Lei nº 11.101/2005, ainda que a multa seja referente a créditos tributários anteriores à vigência da lei mencionada. STJ. 2ª
Turma. REsp 1223792-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 19/2/2013 (Info 515).

Impossibilidade de a sociedade falida ajuizar ações


A sociedade empresária falida não tem legitimidade para o ajuizamento de ação cujo objetivo seja o recebimento de valor que,
segundo alega, deveria ter sido exigido pela massa falida, mas não o fora. Depois que é decretada a falência, a sociedade

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empresária falida não mais possui personalidade jurídica e não pode postular, em nome próprio, direitos da massa falida. STJ. 3ª
Turma. REsp 1330167-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 5/2/2013 (Info 513).

Extensão dos efeitos da falência para o grupo econômico


É possível, no âmbito de procedimento incidental, a extensão dos efeitos da falência às sociedades do mesmo grupo, sempre
que houver evidências de utilização da personalidade jurídica da falida com abuso de direito, para fraudar a lei ou prejudicar
terceiros, e desde que:
• seja demonstrada a existência de vínculo societário no âmbito do grupo econômico; e
• seja oportunizado o contraditório à sociedade empresária a ser afetada. Essa extensão dos efeitos da falência às sociedades
integrantes do mesmo grupo da falida encontra respaldo na teoria da desconsideração da personalidade jurídica. STJ. 4ª Turma.
AgRg no REsp 1229579-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 18/12/2012 (Info 513).

Competência do juízo falimentar


O juízo competente para a falência ou a recuperação judicial é o local do principal estabelecimento da sociedade empresária, ou
seja, o local onde ela apresenta o maior volume de negócios, podendo ser este a matriz ou uma filial. Ajuizada a ação de falência
em juízo incompetente, não pode ser aplicada a teoria do fato consumado para tornar prevento o juízo inicial. Isso porque a
competência para processar e julgar falência é funcional e, portanto, absoluta. STJ. 2ª Seção. CC 116743-MG, Rel. Min. Raul
Araújo, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/10/2012.

Novação sujeita a condição resolutiva


A novação operada pelo plano de recuperação fica sujeita a uma condição resolutiva, que é o descumprimento de qualquer
obrigação prevista no plano. O que isso quer dizer? Decretada a recuperação judicial, ocorre a novação. No entanto, os efeitos
dessa novação poderão ser extintos se houver o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano. A cessação da
eficácia da novação fica condicionada a um acontecimento futuro e incerto capaz de desfazer os efeitos do negócio jurídico. Esse
acontecimento futuro e incerto (condição resolutiva) é o descumprimento do plano. Dessa feita, se o devedor descumprir o
plano, a recuperação judicial é convertida em falência e a novação é extinta, de forma que as obrigações originais são
reconstituídas. Sendo assim, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da
recuperação em falência, com o que os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente
contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação
judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1260301-DF, rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/08/2012 (Info 502).

Competência para julgar falência de instituição sob a intervenção do BACEN


A competência para processar e julgar o pedido de falência de empresa em liquidação extrajudicial, ou seja, sob intervenção do
BACEN é da Justiça Estadual (e não da Justiça Federal). STJ. 3ª Turma. REsp 1162469-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 12/04/2012.

Empresas em recuperação podem celebrar contratos de factoring


Independentemente de autorização do juízo competente, as empresas em recuperação judicial podem celebrar contratos de
factoring no curso do processo de recuperação judicial. Em regra, os administradores da empresa continuam sendo
responsáveis pelos negócios sociais, exceto se verificada alguma das causas de afastamento ou destituição legalmente previstas.
O art. 66 da Lei nº 11.101/2005, contudo, prevê uma restrição: a empresa em recuperação não poderá, sob determinadas
condições, alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente. Os bens alienados em decorrência de contratos de
factoring são “direitos de crédito” e, portanto, não se enquadram no conceito de “ativo permanente” da empresa. Assim, não
incide a proibição do art. 66 da Lei. STJ. 3ª Turma. REsp 1783068/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019 (Info
641).

Súmula 581-STJ
Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. STJ. 2ª Seção.
Aprovada em 14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).

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