Вы находитесь на странице: 1из 135

1

Normas e Procedimentos

Caro aluno, 12. Não é permitido levar sobras de preparações para


Os itens abaixo são para tornar melhor seu ambiente casa.
durante a permanência no curso. 13. Só terá direito a Certificado de Participação o aluno
que tiver frequência mínima de 75% no módulo.
Critérios Básicos 14. Qualquer material extra utilizado em sala pelo
1. Não será permitido entrar na cozinha sem uniforme. professor dever ser solicitado à escola, caso o aluno
Deve-se usar também calça comprida e sapatos tenha interesse em receber o mesmo.
fechados, por medida de segurança.
2. Trazer sempre a apostila nas aulas e levá-la consigo 15. O aluno que se forma em um módulo do curso de
para casa. Chef, tem direito a R$ 50,00 de desconto em uma aula
3. Devem-se higienizar as mãos ao entrar na cozinha. show, mediante apresentação do certificado. Sendo
4. O atraso do aluno é aceitável desde que seja por limitadas duas vagas por turma a serem utilizadas com
motivo relevante. O aluno deve entrar na cozinha já este benefício.
uniformizado e respeitando o andamento da aula. Porém,
o chef não retornará o assunto. Essas normas devem ser seguidas por todos a fim de que
5. Não será permitido trocar de horário, a não ser que seja tenhamos um ambiente agradável para o desenvolvimento
definitivo e tenha vaga no período procurado. Caso seja das aulas. Nosso maior objetivo é que todos terminem o
necessário repor alguma aula perdida, deve-se entrar em módulo satisfeitos.
contato com a recepção/secretaria da escola a fim de Na avaliação ao final do módulo, serão considerados os
verificar o cronograma e a disponibilidade, e será cobrada seguintes itens:
uma taxa de R$ 50,00 sobre cada reposição de aula.
6. Ter boas atitudes, disciplina, postura e manter bom Frequência Peso 2
relacionamento com os instrutores, funcionários da escola Participação em aula Peso 3
e colegas de aula dentro do ambiente. Prova Final Peso 5
7. Zelar pelos utensílios e equipamentos da escola.
8. Não é permitida a permanência e/ou degustação de
alunos do curso de chef de cuisine nas Aulas-Show,
assim como não é permitido também o acesso de alunos
de Aulas-Show à cozinha-chef.
9. Solicitamos que o aparelho celular permaneça
desligado ou no modo vibra call durante a aula.
10. Os ingredientes da cozinha são de uso exclusivo para
a aula, não sendo permitido seu consumo fora das
preparações.
11. Não é permitido trazer bebidas (alcoólicas ou não) à
escola.

2
ENOLOGIA E ENOGASTRONOMIA mais ao norte: a civilização romana. Assim, observa-se que
O vinho a maior parte dos grandes vinhos romanos era proveniente
Definição, historia e aspecto sociais. das áreas que integraram a Magna Grécia: Falerno,
O vinho é, por definição, o produto da fermentação alcoólica Surrentinum, Caecubum na Campania e Mamertinum na
natural do suco de uvas. Este fenômeno ocorre Sicília. O nome de uma das principais uvas da região, a
espontaneamente na natureza quando uvas maduras têm aglianico, é provavelmente uma corruptela da palavra
suas cascas rompidas, permitindo o ataque de leveduras helênico. No norte, apenas o Rhaeticum atingia o nível
selvagens responsáveis pela transformação do açúcar da daqueles vinhos meridionais.
fruta em álcool. Portanto, é de se supor que o homem A situação atual é inversa, com os vinhos mais finos sendo
primitivo tenha entrado em contato com esse produto elaborados nas regiões setentrionais. Torna-se fácil
casualmente. A adoção desse protótipo de vinho por nossos imaginar que a expansão imperial romana, bem como a
antepassados deveu-se antes ao efeito causado no estado política da Pax Romana e o aculturamento dos povos
anímico daqueles primeiros consumidores do que às bárbaros com o aparecimento dos chamados foederati,
qualidades gustativas do produto. contribuíram para a difusão do vinho em todas as províncias
Diferentes pesquisas arqueológicas têm evidenciado que o romanas estabelecidas nas terras conquistadas. No início a
vinho acompanha a humanidade desde seus primórdios. A cultura da vinha difundiu-se pela Gália cisalpina, onde já
parreira vinífera parece ter origem na região ao sul do mar havia Massília com sua cultura fenícia. Esta região era então
Negro e sudoeste da cadeia dos Cáucasos. Essa área a grande fornecedora para toda Gália setentrional. A seguir,
corresponde aos territórios atuais da Turquia, Armênia e da a viticultura estabeleceu-se na Gália narbonensis (Narbone).
Geórgia e nela floresceram, na era neolítica, os reinos da O cultivo da vinha no restante da Gália tem origem
Anatólia, dos hititas e da Armênia. Lá, foram encontrados os controversa. É possível que os gauleses e mesmo os celtas
mais antigos vestígios conhecidos de videiras. O uso do já o fizessem, pois, existem evidências arqueológicas disso.
vinho nas várias cidades gregas enraizou-se de forma sólida No entanto, a versão mais aceita é a da sua propagação a
naquelas sociedades, tanto como produto alimentício como partir das margens do Mediterrâneo para a região da
para uso ritual e religioso, no culto dionisíaco. O vinho tinha Lugdunencis (Lugdunum-Lyon), seguindo o curso do Rhône
ainda função medicamentosa, sendo citado por Dioskurides, e, para Burdigala (Bordeaux), na Aquitânia. A implantação
o pai da farmacologia, e por Hipócrates de Cós, o pai da da vitivinicultura na península ibérica foi facilitada pelo fato
medicina. Da mesma forma, aparece freqüentemente na de que já lá havia uma cultura do vinho, herdada dos
literatura grega, bem como, em sua dramaturgia. No fenícios através dos cartagineses, que dominaram a região
entanto, a importância do vinho na civilização helênica antes da destruição de Cartago nas guerras Púnicas contra
também reside no fato que a partir de 750 AC iniciou-se a Roma. Sob domínio romano, a vinha floresceu na Baetica
expansão grega no sul do atual território da Itália. (Andaluzia), em Tarraconensis (norte da Espanha e
Fundaram-se as colônias de Neapólis (Nápoles), Tarentum Portugal) e na Lusitania (Portugal).
(Taranto) e Siracusa. O sul da Itália e a Sicília integraram a No norte, o grande estímulo vinícola foi a descentralização
chamada Magna Grécia, conhecida então como Enotria, a administrativa do império romano, levada a efeito por
"terra das vinhas treliçadas", referência, em grego, à Diocleciano, em virtude das invasões bárbaras, no início do
abundância e forma de condução das videiras locais. A forte século IV. Umas das capitais imperiais criadas foi Trier, a
presença grega na região influenciou de forma definitiva os Augusta Treverorum, sob o comando de Constantino, às
padrões culturais da civilização que se iniciava um pouco margens do rio Mosel. A presença da corte na região

3
desenvolveu muito a viticultura local. Após um período de A partir de 1870, grande parte do vinhedo europeu foi
calma relativa, a Europa mergulhou na grande noite que se devastado por uma praga agrícola denominada Phylloxera
seguiu à queda do império romano do ocidente em 476. A vastatrix. Descobriu-se que o emprego de técnicas de
barbárie e o caos subseqüentes acarretaram uma total enxertia sobre porta-enxertos de origem americana, imunes
desorganização social e da atividade produtiva. A produção à infestação, podia representar a salvação de quase 8000
do vinho nesse período é pouco conhecida mas sabe-se que anos de tradição no cultivo da vinha. Todo o vinhedo
foi mantida pelos inúmeros novos senhores de terras e, europeu foi replantado com as plantas originais enxertadas
principalmente, pelos bispados. Um novo alento foi tomado sobre "cavalos" americanos. Nesse fim de século, também
após a reunificação da Europa, com a sagração no dia de foi marcante a implantação definitiva de vinhedos de
natal de 800, de Carlos Magno como imperador. Uma qualidade no novo mundo. Assim, a Califórnia, a África do
espécie de renascimento teve então lugar, revalorizando a Sul, a Austrália e o Chile tiveram aumentadas
cultura greco-latina. O culto do vinho veio como significativamente as suas áreas plantadas com videiras
conseqüência lógica. Além da doação à abadia local, do nobres de origem européia.
vinhedo que hoje leva seu nome em Corton e da lenda de A primeira metade do século XX não apresentou fatos
que os primeiros vinhedos do Rheingau teriam sido relevantes em relação ao vinho exceto a promulgação, nos
plantados por sua ordem, numerosos atos de Estados Unidos, da Prohibition, a chamada Lei seca. O
regulamentação da produção de vinhos foram promulgados próximo episódio histórico a influenciar a viticultura foi o
por Carlos Magno. eclodir da segunda grande guerra quando essa atividade foi
No entanto, o fator decisivo na manutenção da tradição praticamente destruída. Mais uma vez, no entanto, após o
vitivínicola foi o desenvolvimento, a partir do século XI, do término do conflito, a cultura da vinha voltou a apresentar
monasticismo decorrente do surgimento das grandes ordens dias de esplendor.
monacais, como a Cluniacense e a Cisterciense. As imensas Vários fatos de relevância têm ocorrido recentemente,
abadias dessas ordens, como a de Cluny, eram verdadeiras modificando o panorama do consumo mundial de vinhos. No
cidades com extensas áreas plantadas para o sustento da dizer de Hugh Johnson, uma das maiores autoridades
vida abacial. Inúmeros são os vinhedos famosos que mundiais em vinho, 80% das modificações em 8000 anos de
pertenceram a esses mosteiros beneditinos. O período que relacionamento do homem com o vinho, ocorreram nos
se seguiu foi de relativa estagnação. Um dos grandes últimos trinta anos. As principais causas dessas alterações
problemas do comércio de vinhos era a fragilidade do são a diminuição das populações rurais, o menor consumo
produto. Os vinhos de então eram extremamente perecíveis, de vinho pelas populações urbanas em decorrência do ritmo
o que, com raras exceções, impedia a exportação. O de trabalho e, a popularização do automóvel e o
consumo era totalmente local. A maior concentração conseqüente controle da ingestão alcoólica de seus
alcoólica, característica de vinhos de clima quente, motoristas. Contribuem também, a difusão de vários
aumentava a durabilidade tornando-os mais procurados conceitos de saúde e uma exigência, pelos consumidores,
pelas regiões importadoras. A progressiva aceitação do uso de melhor qualidade. Esses fatos somados implicam em
da garrafa e da rolha, em meados do século XVII, mudaram diminuição do consumo global. Outra tendência relevante é
radicalmente este panorama. Muitos vinhos de qualidade, a internacionalização do paladar. Essa corrente caracteriza-
antes consumidos apenas pelos moradores da área de se pela adoção de determinadas cepas de uvas como a
produção, passaram a ser comercializados por toda Europa. Cabernet Sauvignon, a Chardonnay e a Riesling. Tais
Alguns deles tornaram-se verdadeiras manias em várias variedades são vinificadas de modo a obter vinhos límpidos,
cortes, adquirindo grande fama. Com isso, o mercado frutados, com pouco tanino e projetados para consumo
vinícola passou a ter cada vez maior importância financeira imediato ou, no máximo, para um curto período de guarda.
para os países produtores. Essa situação perdurou até a Nota-se também uma preferência pelo vinho branco, que,
segunda metade do século XIX. nesse caso, apresenta-se ligeiro, frutado e aromático. Esse

4
estilo de consumo implica em dificuldades para algumas localizados fora da área mediterrânea. É difícil estabelecer o
regiões tradicionais, cujos produtos fortemente marcados posicionamento atual dos produtores em virtude das
por características regionais, encontram certa rejeição no recentes mudanças no mapa político da Europa com a
mercado internacional. Torna-se cada vez mais difícil a fragmentação do 40 maior produtor mundial, a URSS. De
comercialização de vinho tânicos, de paladar muito qualquer forma, França, Itália, Estados Unidos, Espanha e
acentuado e que necessitam de longos anos de Argentina são os cinco grandes produtores.
amadurecimento. O vinho vem, há tempos, deixando de ser consumido
Os países do novo mundo, com sua capacidade de produzir prioritariamente nas áreas produtoras. Países que não se
vinhos de acordo com a exigência internacional e dotados incluíam entre os grandes consumidores apresentam, agora,
de excelente relação custo-qualidade, invadiram o mercado. grande importância. Assim, Japão, Estados Unidos,
No entanto, as regiões vinícolas tradicionais apresentam Luxemburgo e Bélgica importam grandes quantidades de
uma clara reação. Nota-se uma nítida mudança do estilo de vinhos finos. Porém, a produção de vinhos finos
vinificação com abrandamento dos taninos e aumento da compreende cerca de 5% do volume total. Nesse segmento
fruticidade, além da diminuição do tempo previsto de do mercado, existe uma oferta insuficiente para uma
amadurecimento. Tem ocorrido também a implantação das demanda crescente, com conseqüente aumento de preços.
chamadas uvas internacionais em áreas tradicionais onde Entretanto, como já foi exposto anteriormente, existe um
elas não são variedades normalmente presentes. Essa outro padrão de vinho que vem conquistando a preferência
revolução, em pleno curso, além da diminuição do consumo do mercado consumidor. Países do novo mundo como os
mundial, tem causado uma massificação do estilo dos Estados Unidos, a Austrália, o Chile e a África do Sul
vinhos, com perda de algumas qualidades interessantes e produzem vinhos que atendem a esse padrão, muitas vezes
características regionais. Por outro lado, o consumidor tem a preços inferiores aos seus equivalentes europeus. Diante
sido beneficiado pela elevação geral da qualidade e pela dessa demanda comercial, algumas regiões tradicionais
diminuição de preços dos vinhos médios. estão sendo obrigadas a se adaptar para continuarem
competitivas. Isso implica em pesados investimentos em
Produção e consumo internacional. técnicas modernas de viticultura e equipamentos capazes de
A produção mundial de vinhos encontra-se, hoje, espalhada executar o processo altamente tecnológico em que se
por todos os continentes. No entanto, o maior volume e a transformou a vinificação.
maior concentração de vinhos de qualidade ainda estão Embora a perda das características regionais de alguns
localizados nos países da bacia mediterrânea. Na última vinhos seja uma consequência notável, é importante lembrar
década, França e Itália têm se revezado na liderança da que os dois vinhos mais exportados do mundo (Mateus
produção mundial, com cerca de 70 milhões de hectolitros Rosé e Liebfraumilch), são produtos de tecnologia e
anuais cada um. No momento, a Itália é a maior produtora e destituídos de caráter ou qualidade. Um outro fato que tem
a segunda consumidora, ocupando a França, a posição influenciado o mercado mundial foi a criação do mercado
inversa. Nesses países, a produção de vinhos representa comum europeu. A padronização da lei entre os países
importante fração do produto interno bruto e parcela integrantes que está em curso, seguramente facilitará a vida
considerável de suas exportações. Juntos, os dois exportam do consumidor que, muitas vezes, se vê em dificuldades
cerca de 30 milhões de hectolitros. Outras nações da região, para compreender as inúmeras diferenças de
como Portugal, são essencialmente vinícolas. Cerca de 8% regulamentação entre os países e para comparar vinhos de
das terras agriculturáveis de Portugal estão ocupadas pela procedência diferente.
vinha, com aproximadamente 235.000 trabalhadores Em relação à qualidade do vinho, sabe-se que nas zonas
empregados nessa atividade. A Espanha possui a maior produtoras existe uma forte regionalização. As populações
área de vinhedos do mundo. No entanto, esses produtores bebem seus vinhos, aqueles que são produzidos localmente.
clássicos vêm sofrendo forte concorrência de países É inimaginável para, por exemplo, um piemontês, tomar um

5
vinho produzido na Sicília. Em geral, consomem-se vinhos Algumas situações específicas devem ser lembradas como
genéricos reservando-se os mais finos para a exportação e o caso dos pacientes diabéticos que não podem consumir
para dias festivos. Já nas grandes cidades e em zonas não vinhos de sobremesa, ricos em açúcar, e os portadores de
produtoras, bebe-se vinhos de procedências extremamente úlceras gastroduodenais que devem tratá-las antes de
variadas. A tendência, no entanto, é o consumo daquele reiniciar o consumo de vinhos. Também é importante evitar
padrão de vinho internacional já descrito. Os vinhos mais a associação de álcool com outras drogas e medicamentos
finos, de grande qualidade e conseqüentemente caros, como calmantes, anti-depressivos, anti-alérgicos,
destinam-se a segmentos restritos da população, de alto antiinflamatórios e analgésicos.
poder aquisitivo. São também consumidos por grupos de
amadores e conhecedores, interessados em um maior Variedades de Uvas Viníferas
conhecimento daquela bebida e, portanto, bebendo de A Vitis vinifera se expressa de múltiplas maneiras
maneira crítica. reconhecidas como variedades dessa espécie. Cada uma
Observamos, portanto, o vinho sendo consumido como dessas variedades é típica de uma região produtora,
alimento, como bebida sofisticada em eventos sociais e existindo cepas que mantém suas características em outras
como objeto de estudo e análise, tal como se fora uma obra áreas enquanto outras só produzem vinhos típicos em suas
de arte. áreas nativas. Embora sejam conhecidas milhares de
variedades de Vitis vinifera, algumas dezenas têm maior
Vinho e saude vinculados ao consumo racional de vinhos expressão como produtoras de vinhos finos.
O vinho, consumido racionalmente, pode ser um excelente
auxiliar na manutenção da saúde. São numerosos os relatos
de entidades médicas conceituadas demonstrando um UVAS BRANCAS
benefício na ingestão moderada de álcool, que teria um
efeito profilático da doença arterosclerótica cardiovascular. 1) CHARDONNAY
No entanto, todas as pesquisas são concordantes quando A Chardonnay é a mais famosa de todas as uvas brancas,
afirmam que esse efeito só se observa quando do uso de tendo seu nome escapado dos compêndios de botânica para
pequenas quantidades. A ingestão maior está relacionada a se tornar uma marca, um nome de vinho extremamente
uma perda desse efeito benéfico, além do risco aumentado popular e facilmente reconhecido pelos consumidores. Em
de desenvolvimento das doenças associadas ao álcool sua terra natal, a Borgonha, na França, a Chardonnay é a
como a cirrose hepática e a pancreatite crônica. Assim, o única responsável por todos os finíssimos vinhos brancos
controle do consumo de álcool é imperioso e o vinho daquela região. O vinho da Chardonnay costuma ser pleno,
tradicionalmente é a bebida da moderação. acessível, amanteigado, frutado e dependendo do tipo de
Igualmente, faz-se necessário conhecer os limites máximos vinificação adotado, ter ou não o sedutor aroma de baunilha
de consumo considerados seguros. O Royal College of derivado do tratamento em tonéis de carvalho, além de não
Psychiatrists and Physicians da Inglaterra recomendou ser áspero ou conter acidez agressiva. Mas a Chardonnay
recentemente que o limite de baixo risco é de 168 gramas não agrada apenas os consumidores. Os produtores a
de álcool por semana para homens e 112 gramas por apreciam muito por ser uma uva muito fácil de cultivar.
semana para mulheres. Para facilitar esse cálculo, Sua expressão máxima no entanto, continua a ser na
considera-se para qualquer bebida alcoólica, uma "unidade" Borgonha, onde dá origem a alguns dos mais elegantes e
de álcool como o equivalente a 8 gramas. No caso do vinho refinados vinhos brancos de todo o mundo (Montrachet,
de mesa com 10 a 12 graus, uma unidade corresponderia a Mersault, etc...). A Chardonnay costuma ter uma enorme
uma taça com cerca de 80 ml e o limite de segurança estaria variedade de aromas e sabores. Entre os mais conhecidos
em torno de 240 ml /dia, ou seja, três taças. estão: maçã, pêra, frutas cítricas, melão, pêssego, abacaxi,
manteiga, cera, mel, “balas toffee” ou “butterscotch” (espécie

6
de caramelo feito com açúcar queimado e manteiga ou
xarope de milho), baunilha, especiarias diversas, lã molhada 4) CHENIN BLANC
(na Borgonha), minerais e pedra de isqueiro (Chablis). A Chenin Blanc, uma uva de elevada acidez e grande
potencial de longevidade na sua região nativa, chamada
2) SAUVIGNON BLANC Pineau ou Pineau de la Loire, é provavelmente a variedade
A Sauvignon Blanc é a única varietal responsável por alguns de uva mais versátil do mundo, capaz de produzir alguns
dos mais populares e respeitados vinhos brancos secos do dos mais finos e longevos vinhos brancos doces. Os aromas
mundo, os Sancerre e os Puilly - Fumé do Vale do Loire, na e sabores mais freqüentes da Chenin Blanc são os de
França. É também a uva dos Sauvignon e Fumé Blancs nas maçãs verdes, damascos, nozes, avelãs, amêndoas, mel e
demais partes do mundo. Parece ter suas origens na região marzipan.
de Bordeaux, na França, onde costuma ser adicionada à
Sémillon, tanto nos vinhos secos (Graves), como nos doces 6) GEWURZTRAMINER
(Sauternes), conferindo sabor e vivacidade à mistura. A Gewurztraminer é uma varietal extremamente aromática,
Quando corretamente tratada, a Sauvignon costuma que atinge o seu grau máximo de qualidade na Alsácia, na
produzir vinhos com personalidade forte, apesar de França, onde dá origem a uma enorme gama de vinhos
unidimensionais, bastante secos e com notável acidez (sua personalíssimos, variando do totalmente seco até vinhos
mais marcante característica). Os sabores e aromas doces (VT - Vendage Tardive e SNG - Sélection de Grains
encontrados com maior freqüência são os herbáceos, tais Nobles), sempre com elegância e fineza. Também na
como grama recentemente cortada, folhas de groselha em Alemanha, na região de Pfalz, produz vinhos de excepcional
floração, aspargos em lata e principalmente maracuja. qualidade. Também tem aparecido em praticamente todas
as regiões do mundo, tais como a Austrália, Califórnia e o
3) RIESLING Chile, porém com características muito distintas e com
A verdadeira Riesling de origem germânica, também poucas das qualidades que a tornaram famosa. O vinho feito
conhecida como Johannisberg, White Rhine ou Riesling com esta uva tem um perfume floral, com uma característica
Renano, é uma das melhores uvas do mundo. Tem em pungência, com um peculiar sabor e aroma de lichias, sendo
comum com a Sauvignon Blanc uma personalidade geralmente bastante encorpado, com textura untuosa,
extremamente marcante, que se manifesta muito melhor elevado teor alcoólico e baixa acidez.
sem a influência do carvalho, e uma acidez bastante
elevada. É, no entanto, muito mais adaptável que a 7) MOSCATEL
Sauvignon, crescendo muito bem tanto no clima frio da Se um vinho tem aroma de uvas, então é quase certo que a
Europa (Alemanha e Alsácia), como no clima quente da uva do qual se originou é uma uva da família Moscatel. Os
Austrália. É ainda passível de ser atacada pela “podridão vinhos feitos com esta uva podem ser secos, como na
nobre”, causada pela Botrytis cinerea, o fungo que acomete Alsácia; leves, adocicados e frisantes, como em Asti,
certas uvas maduras, desidratando-as, dando origem a Moscato d’Asti e Clairette de Die; muito doce, como no
vinhos de imensa riqueza e doçura. Independente de sua Moscatel de Valência; muito doce e fortificado, como no
origem, de ser seco ou doce, velho ou novo, o vinho pesado, super-doce, âmbar e castanho “Liqueur Muscats”
produzido com a Riesling deve ter um intenso caráter Australiano e nos “vins doux naturels” do Rhône e do Sul da
frutado, balanceado por uma vívida acidez. França (dos quais os mais conhecidos são os Muscat de
Os aromas e sabores mais freqüentemente associados à Beaumes-de-Venise, Muscat de Rivesaltes e Muscat de
Riesling são os de petróleo/ querosene, tostado, notas Frontignan).
minerais, aromas florais (Mosel), mel (vinhos doces), maçãs Os aromas e sabores mais citados são os de uvas, laranjas,
verdes crocantes, maçãs cozidas com especiarias, marmelo, rosas (Alsácia), bergamota / tangerina (Alsácia), uvas
laranja, lima (Austrália) e maracujá (Austrália)

7
passas (nos vinhos fortificados), cevada e açúcar mascavo • PINOT BLANC - Em sua melhor expressão, como a
(demerara). cultivada na Alsácia, dá origem a vinhos que se assemelham
a um Chardonnay leve, sem tratamento em madeira, fresco
8) VIOGNIER e herbáceo, com maçãs e toques de manteiga.
A varietal Viognier é uma uva importante por ser • PINOT GRIS (também conhecida como Pinot Grigio,
extremamente rara. A Viognier é a responsável pelo Tokay ou Rülander) - Produz vinhos leves, ácidos e neutros
Condrieu, um vinho branco excitante, perfumado, opulento na Itália e Alemanha. Ou então vinhos maduros, ricos,
(apesar de seco) e encorpado, proveniente de uma concentrados e pouco ácidos, com perfume de talco e
minúscula região do norte do Rhône, sendo cultivada em toques de mel, tanto secos como doces, na Alsácia.
muito poucos lugares no mundo. Os aromas e sabores mais • SYLVANER - Uma das menos expressivas e
citados são os de flores de primavera (flor-de-maio e flor do consideradas uvas brancas da Alsácia, mas ainda assim não
limoeiro), damascos, pêssegos, almíscar e algumas vezes, desprovida de atrativos. Na Alemanha, onde é conhecida
de “crème fraîche”, que é um laticínio francês constituído por como Silvaner, é importante na região da Francônia.
um creme de leite levemente acidificado (inexistente no
Brasil). UVAS TINTAS

1) CABERNET SAUVIGNON
9) SÉMILLON A Cabernet Sauvignon é a uva tinta mais conhecida e
A Sémillon é a principal uva dos vinhos brancos de difundida em todo o mundo. Tem grande facilidade de
Bordeaux, tanto os secos (especialmente em Graves), como adaptação a diferentes climas e solos, sendo por isto
os doces (Sauternes). Também consegue excelentes cultivada em praticamente todas as principais regiões
resultados na Austrália, na região do Hunter Valley, na forma vinícolas, das quais Bordeaux, na França, é a de maior
de um pouco usual vinho branco seco. Os aromas e sabores expressão. Os aromas e sabores típicos da Cabernet
mais freqüentes são os de grama, cítricos, lanolina, mel e Sauvignon jovem são os de groselhas negras (blackcurrant),
torradas. cassis e ameixas pretas. Quando mais evoluído, o “bouquet”
pode revelar aromas muito complexos, tais como os de
OUTRAS UVAS BRANCAS DE INTERESSE: carne de caça, couro, chocolate e azeitonas. Se o vinho
• FURMINT - A Furmint, varietal branca encontrada em receber um tratamento em carvalho, surgem aromas de
grande quantidade na Hungria e em menor escala na cedro, caixa de charutos e tabaco, podendo ter acentuados
Eslovênia, é uma uva refinada e apaixonante, dando origem aromas minerais como o de grafite. Em alguns casos (Chile
a um dos mais famosos e longevos vinhos de sobremesa do e Austrália) podem surgir aromas de hortelã e até mesmo
mundo, o Tokay. É uma varietal muito sensível a Botrytis eucalipto.
cinerea (ou “podridão nobre”). Seus vinhos costumam ter
acidez extremamente elevada, alta concentração de açúcar
residual e elevado teor alcoólico, com grande potencial de
envelhecimento. Os vinhos são ricos, concentrados e
ardentes. Pode produzir também vinhos completamente
2) MERLOT
secos, robustos e potentes.
A uva Merlot, tradicionalmente usada para arredondar as
• MÜLLER-THURGAU - É uma uva resultante do
duras arestas dos vinhos feitos com a Cabernet Sauvignon,
cruzamento da Riesling com a Sylvaner, plantada por toda a
sempre foi considerada como coadjuvante no processo de
Alemanha, sendo a principal constituinte do Liebfraumilch. É
fabricação dos grandes vinhos de Bordeaux. É bom lembrar
também a variedade mais comum na Inglaterra.
que o famoso Château Petrus é produzido quase que
exclusivamente com Merlot.

8
A Merlot é por natureza menos tânica e de maturação mais geralmente violetas, sendo que na Califórnia e Austrália são
precoce que a Cabernet Sauvignon, se adaptando muito descritos aromas “empireumáticos” (café torrado).
bem a solos argilosos e úmidos. Os aromas característicos Quando amadurece, a Pinot Noir (principalmente na
da Merlot são os de frutas vermelhas escuras: amoras Borgonha) revela nuances muito interessantes tais como
pretas e ameixas pretas. São também descritos os exóticos caça, couro, alcaçuz, trufas negras, estábulo e o clássico
aromas de rosas e bolo de frutas. No caso do vinho ser “sous-bois”, que é descrito como o aroma de terra úmida,
tratado em tonéis de carvalho, pode surgir um delicioso cogumelos e folhas do bosque em decomposição.
toque de chocolate, além de ser conferida ao vinho uma
intensa riqueza textural.

4) TEMPRANILLO
A Tempranillo é a uva mais comum da Espanha, possuindo

3) PINOT NOIR cor intensa, com taninos e acidez elevados. Quando pura,

A Pinot Noir é a mais complexa e delicada de todas as uvas sem tratamento em carvalho, tem aromas e sabores de

tintas. Seu cultivo fora da Borgonha, sua terra natal, é frutas vermelhas e especiarias. A grande dificuldade de se

extremamente difícil, sendo poucos os produtores bem individualizar o sabor da Tempranillo é que os vinhos

sucedidos. Mesmo na Borgonha, são raros os que espanhóis, tradicionalmente, sempre foram maturados por

conseguem expressar em seus vinhos toda a grandiosidade longos períodos em tonéis de carvalho, tirando praticamente

da uva. A Pinot Noir é uma das mais antigas uvas da França toda a fruta e a personalidade da uva. Atualmente, com a

e é extremamente sujeita a mutações. O plantio do clone adoção de novas técnicas de vinificação, este panorama

errado, em locais não adequados, poderá resultar em vinhos está mudando e a Tempranillo deverá ocupar em breve um

insípidos e sem personalidade. A uva tem casca fina, baixa lugar de destaque no mundo do vinho.

acidez, cor média, poucos taninos e é melhor cultivada em


regiões de clima mais frio. Os fatores mais importantes para
a produção de grandes vinhos de Pinot Noir são: produzir a
uva em pequenas quantidades e em locais adequados, além
de ter cuidados extremos no processo de vinificação
(fermentação com temperatura controlada, cuidados
5) SYRAH / SHIRAZ
higiênicos rigorosos e uso de métodos delicados de
A uva Syrah / Shiraz é mundialmente conhecida por dar
clareamento e / ou filtração). A este respeito é bom frisar
origem a vinhos incrivelmente concentrados, escuros,
que atualmente os grandes vinhos da Borgonha são aqueles
moderadamente ou muito tânicos, densos, alcoólicos e
em que praticamente não se usam quaisquer destes
repletos de aromas e sabores de especiarias. É uma
métodos, sendo o vinho resultante a verdadeira expressão
variedade de fácil cultivo e difícil vinificação. Pode ser usada
do “terroir”, sem manipulações. Os vinhos de Pinot Noir, com
sozinha ou em deliciosas combinações com outras uvas
raras exceções, não são muito longevos, atingindo sua
tintas, especialmente a Grenache e a Cabernet Sauvignon.
maturidade em 8 a 10 anos, permanecendo no auge por
O vinho produzido com a uva Syrah / Shiraz é descrito como
pouco tempo, para depois declinar rapidamente. Os aromas
sensual e sedutor, sendo muitas vezes o responsável pela
e sabores típicos da Pinot Noir quando jovem são os de
paixão por vinhos tintos, despertada em neófitos
frutas vermelhas, especialmente framboesas, morangos e
apreciadores de vinhos.
cerejas. Na Borgonha podem aparecer notas florais,
Os aromas e sabores característicos da Syrah / Shiraz são
os de especiarias (particularmente a pimenta do reino preta),

9
frutas escuras maduras (framboesa negra, groselha negra, acidez e sutis aromas e sabores de frutas vermelhas frescas
amora), alcaçuz, couro, caça e alcatrão, além de outros
aromas do grupo dos “empireumáticos” (tostado e defumado

(morango) e chocolate.

6) GAMAY
Gamay, a uva típica da região de Beaujolais, costuma
produzir vinhos com média ou muita intensidade de cor, com
um característico tom púrpura, tradicionalmente descritos
com os termos vagos de “leve e frutado”. Na verdade, o
processo pelo qual o vinho é produzido - maceração
carbônica, onde a fermentação é feita a partir de uvas
inteiras, começando dentro do bago - resulta em aromas
muito evidentes de bananas (às vezes, doce de banana),
caramelo e até de chiclete de bola e acetona. A expressão
aromática de frutas frescas lembra morangos silvestres.

7) CABERENT FRANC
A uva Cabernet Franc é muito usada na região de Bordeaux,
em associação com a Cabernet Sauvignon. Com relação a
esta, é considerada menos aristocrática, mais suave,
apresentando casca menos espessa, com menos cor,
aromas e taninos. Tem um característico toque herbáceo e
vegetal, lembrando a pimenta verde, folhas e “cascas de
batatas”. No entanto, na região de Saint Emilion, em
Bordeaux, é a principal componente de vinhos muito
famosos tais como o Château Cheval Blanc (60%) e o
Château L’Angelus (50%). No Vale do Loire, na região de
Chinon, onde é usada pura, exibe freqüentemente boa

10
9) NEBBIOLO NOÇÕES BÁSICAS DE DEGUSTAÇÃO
A pequena Nebbiolo, também conhecida como Spanna, 1. Aspectos Gerais
Inferno e Grumello, tem seu nome derivado de neblina, em Então, o que é realmente degustar um vinho? Como
italiano, numa referência às regiões repletas de neblina do qualquer habilidade, uma degustação responsável requer
Piemonte, norte da Itália, sua terra natal, especialmente em uma combinação de técnica e experiência. Quanto mais
Barolo e Barbaresco. você pratica, melhor você se torna. Dizem que, dado um
De casca muito espessa, costuma produzir vinhos vinho não identificado, um degustador experiente, usando
extremamente escuros, secos, grandiosos, com muita apenas seus sentidos e sua memória, pode identificar a
acidez e taninos exuberantes. Seus aromas e sabores variedade de uva, a safra do vinho, sua região de origem e
típicos são os de alcatrão, alcaçuz, violetas, rosas, ameixas até o seu produtor. Este é o mito. Na verdade, se o vinho for
secas, bolo de frutas e chocolate amargo. servido na temperatura ambiente e o degustador estiver
vendado, na maioria das vezes sequer conseguirá dizer se o
vinho é branco ou tinto. A degustação às cegas é na
verdade um grande exercício intelectual, um jogo de
raciocínio, cujo verdadeiro objetivo é entender o vinho e não
praticar um jogo de adivinhação. Através do apurado uso de
todos os sentidos e da comparação das sensações obtidas

10) SANGIOVESE com dados da memória de outras degustações, um

A uva Sangiovese domina praticamente toda a região central degustador dedicado pode decifrar a biografia de um vinho

da Itália, porém só consegue ser grandiosa na Toscana, com razoável extensão, incluindo informações sobre a uva e

particularmente nas regiões de Chianti, Brunello de a região do vinho, sua relação com outros vinhos de mesmo

Montalcino e Vino Nobile de Montepulciano. Na sua melhor tipo e origem, obtendo dados para fazer um julgamento

expressão, a Sangiovese produz vinhos de corpo médio a responsável de suas qualidades intrínsecas.

encorpado, secos, levemente picantes, com aromas e Cada garrafa de vinho traz uma mensagem, a incorporação

sabores de cereja amarga, especiarias, tabaco e ervas. física de um determinado local e tempo, capturados e

Principal componente dos vinhos da região de Chianti, em transmitidos para o prazer do degustador. É um verdadeiro

mistura com outras uvas (geralmente a Canaiolo e a contato físico com o passado.

Mamolo), a Sangiovese está cada vez mais sendo usada Mais do que isto, o vinho tem um verdadeiro efeito

pura ou em associação com a Cabernet Sauvignon, nos catalisador. O esforço de entendê-lo através da degustação,

vinhos chamados de “Super-Toscanos”, onde consegue repartindo este conhecimento com outros degustadores, cria

expressar de forma exuberante todo o seu caráter. Com a uma experiência comum, construindo laços que aproximam

flexibilização da legislação, mesmo os vinhos da região do as pessoas. Emile Peynaud enfatiza este aspecto da

Chianti Classico DOCG tem apresentado esta composição. degustação em seu livro “O Gosto do Vinho”, um marco da
literatura especializada. Segundo Peynaud, “o grande vinho
tem a maravilhosa qualidade de imediatamente estabelecer
a comunicação dentre aqueles que o estão bebendo.
Degustá-lo à mesa não deve ser uma atividade solitária,
sendo que um vinho fino não deve ser bebido sem
comentários”.
As técnicas de degustação ampliam nossa habilidade de
compreender plenamente um vinho. Elas são realmente
bastante simples e seguem uma série de passos
logicamente definidos. Alguns dos procedimentos podem

11
parecer pouco naturais ou mesmo pretensiosos para os não existentes no líquido. Ainda com o copo inclinado, aproveite
iniciados, mas eles foram desenvolvidos ao longo dos para avaliar o anel periférico, que se localiza na parte mais
séculos para atingir finalidades específicas. Após algum distante do observador, onde o líquido está mais próximo da
tempo, estes procedimentos estarão automatizados. borda do copo. Observe se há uma gradação de cor, do
mais escuro para o mais claro à medida que se distancia do
As Normas Básicas da Degustação centro para a periferia do vinho. Quanto mais maduro estiver
Considere cuidadosamente as circunstâncias. Nem todos os o vinho, mais aquoso será o anel periférico e mais
vinhos merecem ser cuidadosamente analisados. Se você perceptível será a gradação de cor.
estiver bebendo um Liebfraumilch alemão de garrafa azul, Outro aspecto fundamental para ser avaliado nesta fase do
em copos de plástico, numa festinha sem compromisso, processo diz respeito à maturidade do vinho. Podemos
qualquer tentativa de degustação a sério será um esforço afirmar de maneira genérica que os vinhos brancos tendem
perdido e uma atitude esnobe. Degustadores profissionais a ficar mais escuros com a idade e os tintos mais claros.
preferem uma sala com iluminação natural, livre de odores, Para os vinhos brancos, de acordo com o grau de
com paredes e mesas brancas para poder apreciar o vinho envelhecimento, teremos a seguinte seqüência de
num ambiente o mais neutro possível, tornando a análise mudanças na cor:
mais precisa. Lembre-se que a degustação não é um teste - branco papel verdeal amarelo palha amarelo ouro
sua resposta subjetiva é mais importante do que qualquer âmbar
“resposta certa”. Não importa quão avançada seja a sua
técnica, a degustação não é uma ciência exata. A Para os vinhos tintos, a seqüência seria a seguinte:
sensibilidade individual varia bastante quando o assunto é púrpura rubi granada tijolo (alaranjado) âmbar
aroma e sabor. Estas diferenças são fisiológicas e culturais.
O objetivo da degustação de vinhos não é Intensidade: A intensidade, um atributo do vinho que diz
“descobrir” os mesmos aromas e sabores que outro respeito ao fato deste ser mais claro ou mais escuro, ou
degustador está descrevendo. seja, mais ou menos penetrável pela luz, e que não deve
ser confundida com a limpidez. É melhor aferida olhando-se
ASPECTOS VISUAIS: OLHANDO O VINHO o vinho diretamente de cima, em direção à base do copo,
A Técnica através do líquido. A intensidade é um indício do extrato - a
O primeiro passo no exame de um vinho é o visual. concentração de sólidos no vinho, um dos componentes do
Preencha o copo com cerca de 1/3 de sua capacidade e assim chamado corpo do vinho.
nunca com mais da metade desta capacidade. Segure o
copo pela base. Isto pode, no início, parecer embaraçador, Limpidez: A limpidez - se o vinho tem ou não partículas em
mas há boas razões para tal - segurar o copo pelo corpo suspensão, é mais evidente quando se olha uma fonte de
esconde o líquido de sua visão, impressões digitais luz através do líquido. Em princípio, um vinho deve ser
dificultam a visão da cor e o calor de sua mão altera a totalmente livre de partículas visíveis em suspensão. A
temperatura do vinho. Peynaud diz, “ofereça a alguém um presença de partículas em suspensão pode não ser
copo de vinho e você poderá dizer, pela maneira de segurar obrigatoriamente um defeito, já que vinhos engarrafados
o copo, se é ou não um conhecedor”. Comece a observar a sem filtração podem apresentá-las, porém exige um cuidado
cor, a intensidade e a limpidez e a formação das “lágrimas”. maior na análise dos aspectos olfativos e gustativos.
Cada um desses atributos requer uma maneira diferente de
observação. “Lágrimas”: O passo seguinte é fazer o vinho girar no copo.
Cor: A verdadeira cor, com suas matizes de tonalidades, é Além de misturar toda a gama de tonalidades, prepara o
melhor julgada inclinando-se o copo, olhando o vinho a partir vinho para o próximo passo que é o exame olfativo do
da borda, observando-se as variações de tonalidades mesmo. A maneira mais fácil de fazer isto é segurar o copo

12
pela base, segurando a haste com o indicador e o polegar e c) Presença de sinais de amadurecimento do vinho:
gentilmente rodar o pulso. Movimente o copo até que o reflexos de cor
vinho esteja dançando, subindo em direção à borda. Então
pare. Assim que o líquido voltar para a parte inferior do 3. Após a agitação
copo, uma película transparente aparecerá na parede a) Viscosidade: velocidade com que as “lágrimas” se
interna, caindo com velocidade variável e irregularmente, formam e com que descem pela parede do copo.
formando as chamadas “lágrimas” ou “pernas”. b) Indicação do teor alcoólico do vinho: quantidade de
Estas são simplesmente uma indicação da quantidade de “lágrimas” e sua largura.
álcool do vinho: quanto mais alcoólico for o vinho, as
“lágrimas” serão mais abundantes e mais estreitas. Lembre- ASPECTOS OLFATIVOS
se que o fenômeno da formação de “lágrimas” não tem
qualquer relação com o teor de glicerol do vinho e sim com o A Técnica
seu teor de álcool etílico ou etanol. Quando você parar de agitar o vinho, durante a queda das
Cada um desses elementos revela diferentes aspectos do “lágrimas”, é tempo de começar o próximo passo: a análise
caráter do vinho e de sua qualidade. Não se esqueça, olfativa. Agitando o vinho, este se vaporiza e a fina película
durante este processo de apreciar a cor do vinho. Nenhum do líquido que recobre a parede interior do copo se evapora
outro líquido é tão vívido, com tonalidades variadas ou rapidamente. O resultado é uma intensificação dos aromas
reflete a luz com tal prazer e fineza. Há boas razões para que se tornarão mais concentrados se o copo for mais
que a aparência do vinho seja freqüentemente comparada estreito em sua porção superior. Coloque seu nariz
com pedras preciosas tais como o rubi, o topázio, a granada diretamente no copo e aspire. Não há consenso na maneira
e a metais nobres como o ouro. Em síntese, podemos dizer correta de se proceder esta aspiração. Alguns advogam
que a seqüência mais adequada para a análise visual de um duas ou três rápidas inaladas, outros preferem apenas uma
vinho é a que se segue: inalação profunda e prolongada. Existem degustadores que
preferem inalar isoladamente com cada uma das narinas.
1. Com o copo na vertical
a) Limpidez A Percepção dos Aromas e a Via Olfativa
b) Transparência O objetivo destes procedimentos é conduzir os aromas
c) Brilho na superfície do líquido (bom indicador do teor profundamente no nariz, colocando-os em contato com os
de acidez do vinho) receptores olfativos e o bulbo olfativo, onde as sensações
d) Intensidade de cor (indicativo do extrato do vinho) são registradas e decodificadas. Estes receptores estão
e) Presença de bolhas (lembre-se de que estas são situados num local remoto e protegido, na parte superior do
normais nos vinhos espumantes e que podem ser nariz. Com prática e muita atenção, será possível aprender
encontradas eventualmente e de forma passageira nos como maximizar a percepção dos aromas e a seguir como
vinhos não espumantes. Neste caso, sua persistência decifrá-los. Devemos ainda nos lembrar dos aromas que
pode significar uma segunda fermentação dentro da atingem os receptores nasais pela rinofaringe, a chamada
garrafa, constituindo-se num grave defeito). via retro olfativa, constituindo-se no mais importante
componente do chamado aroma de boca e da persistência
aromática intensa. Este assunto será melhor visto mais
2. Com o copo inclinado adiante, quando tratarmos da análise gustativa do vinho.
a) Teor aquoso do anel periférico (indica a maturidade do
vinho) Os Aromas do Vinho
b) Cor: no centro do copo e no anel periférico O mundo dos aromas é vasto e confuso e sabe-se que o
vinho tem uma assombrosa quantidade de elementos

13
aromáticos. Nosso sistema olfativo é incrivelmente sensível, b) Frutados cassis, cerejas, ameixas, pêssegos, limões,
nos sendo possível distinguir aromas em quantidades tão laranjas, etc.
pequenas, que mesmo os mais sensíveis equipamentos de c) Especiarias pimenta, cravo, canela, alcaçuz, noz-
laboratório terão dificuldade em medir. Nossa capacidade moscada, etc.
analítica é extraordinária, estimando-se em cerca de 10 mil o d) Animais caça, carne, pêlo molhado, couro, etc.
número de aromas diferentes que o ser humano pode e) Vegetais palha, capim, feno, cana de açúcar,
identificar. Muitas dessas substâncias são modificadas de cogumelos, chá, fumo, etc.
diferentes formas pelo amadurecimento e envelhecimento f) Minerais vulcânico, petróleo, pedra de isqueiro, etc.
do vinho, podendo interagir entre si, com propriedades g) Balsâmicos resinoso, pinho, eucalipto, baunilha, etc.
aditivas, dissimuladoras ou sinérgicas. Degustadores h) Químicos odores da fermentação, fermento de pão,
experientes adoram identificar aromas no vinho, tais como enxofre, esmalte de unha, mercaptana (aliáceo), cola de
chocolate, fósforo queimado, chá, tabaco, cogumelo, aeromodelo, removedor de esmalte, etc.
especiarias, frutas diversas e até cheiro de sela molhada, i) Empireumáticos odores associados a calor e fogo, tais
pêlo queimado, grama cortada, estábulo e outros. como o alcatrão, tostado, caramelo, café torrado, etc.
É notória a dificuldade de se encontrar palavras adequadas j) Outros aromas chocolate, mel, caixa de charutos,
para descrever as complexas e efêmeras sensações “sous-bois”, etc.
olfativas que emanam de um copo de vinho. Da mesma forma que a cor, os aromas do vinho oferecem
Para aumentar esta dificuldade, deve-se ressaltar que o pistas de seu caráter, origem e história. De uma maneira
aroma de um vinho está em constante evolução, mudando muito genérica e simplista poderíamos dizer que:
suas características com rapidez desde o momento em que o Nos vinhos jovens predominam traços de flores e frutas
é colocado no copo. Numa degustação, deve-se frescas ou vegetais, que evoluem com o envelhecimento
freqüentemente reavaliar os aromas do vinho, captando-se do vinho para os aromas de frutas mais maduras, secas
estas mudanças. ou em geléia.
Na realidade, o vinho tem aromas diversos do de uva. A o Nos vinhos mais envelhecidos predominam aromas
análise de seus componentes voláteis revela as mesmas animais ou de decomposição.
moléculas que criam aromas que nos são familiares. Eis o Nos vinhos brancos predominam aromas de flores
alguns exemplos: rosa, cereja, banana, pêssego, mel e brancas e amarelas ou de frutas brancas ou amarelas:
baunilha. Até alguns aromas pouco comuns, tais como maçã, pêra, abacaxi, melão, pêssego, maracujá, lírio,
alcatrão, bacon defumado ou meias molhadas, identificados jasmim branco, etc.
por degustadores experientes, têm sua origem em o Nos vinhos tintos percebemos aromas de flores ou frutas
substâncias com afinidades químicas básicas. vermelhas: rosa, violeta, morango, cereja, framboesa,
amora, groselha.
A Classificação dos Aromas o Os aromas típicos das diferentes variedades de uvas e
Numa tentativa de facilitar a análise olfativa dos vinhos, porque não, até de algumas regiões vinícolas, podem ser
poderíamos dividir teoricamente os aromas em primários - reconhecidos em determinados vinhos.
originários da própria uva, secundários - originados do
processo fermentativo e do amadurecimento em madeira Ainda com relação ao aromas, devemos observar dois
(carvalho) e terciários - originados do envelhecimento na aspectos bastante importantes na análise do vinho: a
garrafa e também conhecidos por “bouquet”. Intensidade e a Persistência.
A intensidade nem sempre é sinônimo de qualidade: muitas
Segundo Peynaud, podemos agrupar os aromas, como se vezes um aroma muito intenso pode ser comum,
segue: unidimensional, com pouca complexidade e fineza. Aromas
a) Florais: rosas, violetas, jasmins, acácias, etc. mais delicados podem ser mais complexos, finos e

14
agradáveis. Portanto, o julgamento da intensidade deve ter Mais uma vez a técnica correta é essencial para uma
um peso relativo ao se analisar um determinado vinho. completa avaliação. Com os aromas ainda reverberando em
Lembre-se também que a intensidade dos aromas está seus sentidos, leve o copo à boca e coloque uma
intimamente relacionada com a temperatura de serviço do quantidade suficiente, ou seja, o bastante para que o vinho
vinho, fato este que torna imprescindível a anotação deste possa percorrer toda a sua boca. Mantenha o vinho dentro
dado na ficha de degustação. da boca por cerca de dez a quinze segundos, fazendo-o
A persistência dos aromas tem também uma importância manter contato com as diferentes partes da língua que
relativa, dando indícios da qualidade do vinho. Também identificam as sensações gustativas.
aqui deve-se levar em consideração a complexidade e a
fineza dos aromas que persistem no copo. Os Sabores do Vinho
Devido ao fato que o sentido do gosto é limitado a apenas
quatro sabores simples - doce, salgado, ácido e amargo, o Doce: No vinho, o sabor doce é provocado não só pelos
olfato adquire ainda maior relevância no exame sensorial de açúcares residuais (frutose e glicose), mas também pelo
um vinho. Portanto, não deixe de se divertir com as álcool e pela glicerina (glicerol). Estas substâncias são
maravilhosas sensações que este sentido lhe proporciona. percebidas na ponta da língua e são reconhecidas não
Dizem os cientistas que o aroma tem acesso direto ao apenas por sua doçura, mas também porque provocam
cérebro, conectando-se imediatamente à memória e à sobre as mucosas da boca uma sensação tátil de maciez,
emoção. pastosidade e untuosidade.
Assim como o perfume do ser amado ou o delicado aroma
dos bolos e dos biscoitos da infância, os aromas do vinho Salgado: É um sabor raramente encontrado nos vinhos. É
podem evocar lugares e épocas específicas, com grande descrito, às vezes em vinhos de apelações muito próximas
intensidade. ao oceano, sendo o Jerez na Espanha o exemplo mais
citado.
ASPECTOS GUSTATIVOS
Ácido: Proveniente no caso dos vinhos, dos ácidos próprios
A última parte da avaliação sensorial do vinho diz respeito da uva (tartárico, cítrico e málico) ou dos ácidos
aos aspectos gustativos. É importante ressaltar que a provenientes da fermentação alcoólica (succínico, láctico e
expressão gosto abrange na verdade um conjunto de acético).
sensações: as gustativas propriamente ditas, as cutâneas e Estas substâncias são percebidas nas bordas laterais da
as olfativas retro nasais. língua e reconhecidas pela salivação fluida e abundante que
O sentido do gosto revela, como já foi dito, quatro sabores: provocam, por irritação das mucosas.
doce, salgado, ácido e amargo. Amargo: Os taninos podem provocar um amargor muito
A sensibilidade cutânea nos dá sensações táteis discreto e até agradável (se os mesmos forem finos e
(adstringência, aspereza e maciez ou untuosidade), térmicas maduros), que é sentido no fundo da língua. Isto é normal e
e doloríficas, que poderíamos definir como complementares. ocorre praticamente com quase todos os vinhos tintos. O
O olfato por sua vez fornece o aroma (sensações odoríficas amargor intenso e desagradável é, sempre que presente,
retro nasais), que é o componente mais importante do gosto, um defeito ou uma doença do vinho.
pois é o que mais influencia a avaliação do caráter e da A amplitude destas sensações gustativas pode ser
qualidade do vinho. aumentada através de técnicas especiais, que são mais
Todas estas sensações são percebidas quase ao mesmo apropriadas para as salas de degustação do que para
tempo, e por isso muitas vezes é difícil analisá-las, separá- ocasiões sociais. Inicialmente segure o vinho na boca e,
las e atribuí-las com certeza a uma determinada modalidade com os lábios entreabertos, inale uma pequena quantidade
sensorial. de ar. Isto criará um turbilhonamento, que acelerará a

15
vaporização do vinho, intensificando os aromas. A seguir, caso dos vinhos tintos, os elementos a serem apreciados
mastigue o vinho vigorosamente para retirar do mesmo cada são a acidez, os taninos e o corpo do vinho (álcool +
sutil matiz de sabor. extrato). Quanto mais correta e equânime for a relação entre
os elementos, melhor será o equilíbrio e a harmonia do
O Álcool e o Corpo do Vinho vinho analisado.
Nesta fase, deve-se proceder a avaliação do chamado Para finalizar, lembre-se de que a degustação de vinhos
“corpo” do vinho, que é a sensação de “peso” que o vinho deve ser uma atividade extremamente agradável.
aparenta ter na boca. Pode ser definido ainda como o quão constituindo-se numa inigualável atividade intelectual, que
diferente da água o vinho em questão aparenta ser. O deve ser praticada com grande paixão. Segue-se o
“corpo” do vinho está diretamente relacionado com o seu “Decálogo do Bom Degustador”, criado por Mario Telles Jr.,
teor alcoólico - a quantidade de etanol do vinho e com o seu da Associação Brasileira de Sommeliers - São Paulo.
extrato - a quantidade de material sólido diluído no vinho. O
álcool também poderá excitar os receptores térmicos da 1. Deguste sempre nas melhores condições ambientais
língua, provocando uma falsa sensação de calor (pseudo possíveis.
térmica), freqüentemente acompanhada de uma ligeira 2. Sempre que possível, deguste às cegas.
ardência na mucosa bucal. 3. Sempre que possível, deguste em grupo.
4. Não se deixe levar pelas emoções.
O Aroma de Boca e a Persistência Aromática Intensa 5. Cheque suas impressões com os outros membros do
Após a deglutição do vinho, expire lentamente grupo.
através da boca e do nariz. Isto fará com que os aromas 6. Jamais pontue um vinho abaixo dos 50 pontos.
atinjam o bulbo olfativo pela via retro nasal, que conecta a 7. Nenhum vinho é totalmente horrível ou perfeito: diante
garganta e o nariz, constituindo-se numa rota alternativa de um vinho “perfeito”, tente descobrir seu ponto fraco e
para os aromas, prolongando seus efeitos por muito tempo diante de um vinho “ruim”, tente descobrir sua melhor
após o vinho ter sido ingerido. É o que se costuma chamar qualidade.
de retro olfato. Você descobrirá que quanto melhor for o 8. Evite odores externos que possam confundi-lo: não use
vinho, seus aromas residuais serão mais complexos, perfume para degustar e não fume antes ou durante uma
profundos e duradouros. O tempo de percepção destes degustação.
aromas é chamado de persistência aromática intensa, que 9. Confie nos seus sentidos, não se deixando intimidar
nos grandes vinhos pode ultrapassar a marca de um minuto. com termos complicados ou demonstrações “mágicas”
Este é um momento sublime, de reflexão e comunhão, que : degustar é um exercício de lógica e não um ato de
só o vinho é capaz de proporcionar. adivinhação.
Ao final da avaliação gustativa, deveremos ainda 10. Não seja chato: deguste na hora de degustar e beba
correlacionar todas as sensações percebidas, expressando socialmente quando indicado. Não contribua para a
um conceito de difícil definição, que é o de equilíbrio e injusta imagem de esnobismo que a degustação de
harmonia do vinho. vinhos tem junto ao público leigo.

2. O Equilíbrio do Vinho
O equilíbrio gustativo é o resultado da complexa interação Champagne e vinhos espumantes
entre as substâncias que formam a estrutura do vinho, isto A primeira descrição de um vinho espumante foi feita pelo
é, álcool, taninos, açúcares, extrato e ácidos. No caso dos monge Dom Pérignon, responsável pela adega da Abadia
vinhos brancos devemos analisar a relação entre os dos Beneditinos em Hautvilliers, uma cidade no Distrito de
açucares (se for o caso) e o álcool, que conferem maciez ao Champagne, na França, entre os anos de 1668 a 1715,
vinho, em contraposição à acidez presente no mesmo. No onde se tornou famoso por suas inovações nas técnicas de

16
vinificação e por sua habilidade de mesclar vinhos. Sua 2. A Produção dos Vinhos Base
lendária habilidade em degustar vinhos é em parte atribuída Os vinhos base para a produção de espumantes são na
à deficiência visual que o acometeu no final da vida. Dom verdade pequenos lotes de vinhos secos brancos e
Pérignon foi um dos primeiros enólogos a utilizar rolhas para tranqüilos, que são misturados para criar o vinho de “cuvée”
vedar as garrafas, ao invés de pano ou madeira, além de (“vin de cuvée”), que será colocado na garrafa para a
preferir garrafas de vidro mais resistente, que haviam sido segunda fermentação e envelhecimento. Muitos dos
recentemente importadas da Inglaterra. Conforme conta a métodos utilizados para a produção do vinho base se
história, numa primavera, Dom Pérignon estava exercitando originaram das técnicas utilizadas primariamente para a
sua arte de degustar vinhos, que haviam sido fermentados e vinificação da Pinot Noir no distrito de Champagne. Apesar
engarrafados na colheita do inverno anterior. Durante a da Pinot Noir ser uma uva tinta, seu suco é incolor, e vinhos
degustação, descobriu algumas garrafas com grande brancos podem ser feitos desta e de muitas outras uvas
quantidade de bolhas. Eufórico com o achado, comunicou o tintas, desde que se utilizem técnicas especiais que
fato aos outros monges, dizendo: “Venham rápido irmãos, minimizem a extração de cor das cascas e da polpa. Estas
estou bebendo estrelas”. É por esta razão que muitos rótulos técnicas incluem a colheita das uvas ainda imaturas, sob as
de vinhos espumantes e champagnes são decorados com condições mais frias possíveis; seleção das uvas para a
estrelas, numa simpática referência à frase antológica de remoção de uvas que não estejam 100% sadias (pois estas
Dom Pérignon. podem ter as cascas danificadas) e prensagem das uvas
íntegras, sem o esmagamento prévio. Estes métodos são
Méthode Champenoise - Fermentação na Garrafa utilizados para todas as varietais usadas na produção de
O significado exato do termo “ méthode champenoise” é espumantes pelo “méthode champenoise”, especialmente no
difícil de ser especificado, uma vez que uma variedade muito distrito de Champagne, pois minimiza a extração de taninos,
grande de técnicas de vinificação é usada na região de assim como de material corante das cascas das uvas.
Champagne, na França. No entanto, este termo pelo menos
implica no fato de que você irá consumir o vinho proveniente
da mesma garrafa onde ocorreu a segunda fermentação
alcoólica, apesar de não haver qualquer referência às 3. A Criação do Vinho de Cuvée - “Assemblage”
técnicas de vinificação empregadas (cortes, fermentação, Um cuvée é na verdade um corte de diferentes vinhos. Na
amadurecimento e clarificação). O termo “méthode produção de espumantes pelo “méthode champegnoise”,
champenoise” não possui uma clara definição legal, apesar cuvées são os vinhos obtidos pela mistura de diferentes
dos esforços dos produtores franceses em restringir seu lotes de vinhos base, que serão convertidos em espumantes
uso, da mesma forma que procuram restringir o uso do através da segunda fermentação. A criação do “vin de
termo “Champagne” aos vinhos espumantes produzidos cuvée” é a etapa mais crítica na produção de espumantes,
exclusivamente no distrito de Champagne. sendo necessárias cinco a sete semanas de trabalho
intensivo, misturando e degustando os vinhos até encontrar
1. Variedades de Uvas, Condições de Cultivo, Época de a composição adequada. Os vinhos base ideais para serem
Colheita utilizados na obtenção do cuvée são límpidos, claros, livres
As varietais preferidas para a produção de espumantes pelo de odores indesejáveis, com aromas e sabores delicados,
“méthode champenoise” são a Chardonnay, a Pinot Noir e a com moderados teores de álcool, com acidez elevada e
Pinot Meunier, que são as mais utilizadas no distrito de corpo leve. Estes vinhos não são equilibrados ou agradáveis
Champagne, na França. Na Califórnia a Pinot Blanc é para consumo como vinhos de mesa, porém se tornam
utilizada em substituição à Pinot Meunier, sendo outras espumantes equilibrados após serem misturados e por
varietais utilizadas em várias regiões vinícolas do mundo. causa da segunda fermentação, ganharem o CO2, alguns
graus a mais de álcool, riqueza e complexidade nos aromas

17
e sabores, além de uma discreta diminuição em sua acidez. 6. Coletando as Leveduras - “Rémuage”
A grande dificuldade para produzir o cuvée é que é A “remuage” é um processo que implica em girar as garrafas
necessária uma grande experiência do profissional que irá lentamente, inclinando-as progressivamente, com a
fazer o corte, pois este deverá saber por antecipação como finalidade de coletar, com a ajuda da gravidade, os restos
se comportará o cuvée após a segunda fermentação e mais das leveduras na extremidade superior da garrafa, para
2 a 4 anos de envelhecimento na garrafa. Para a produção posterior remoção. O processo, que foi inventado pela viúva
do cuvée os vinhos base que foram separados por Nicole-Barbe Clicquot-Ponsardin, pode ser realizado
variedade, prensagem, vinhedo e data de colheita são manualmente em estruturas chamadas “pupitres”, ou então
degustados e misturados entre si e com o vinho de reserva por meios mecânicos, quando uma grande quantidade de
dos anos anteriores garrafas é movimentada simultaneamente. Quando o
processo de remuage se completa, todo o sedimento estará
4. A Segunda Fermentação - “Prise de Mousse” coletado no gargalo da garrafa, próximo à tampa de metal.
A segunda fermentação, ou “prise de mousse”, literalmente, As garrafas são então colocadas cuidadosamente com a
aprisionar a espuma, é feita com o cuvée colocado em ponta para baixo (“sur pointe”), antes da remoção do
grandes tanques onde então se adiciona o “liqueur de sedimento, continuando o processo de envelhecimento.
tirage”, que é uma mistura de um vinho de cuvée, açúcar,
leveduras e nutrientes. Isto feito, procede-se ao
engarrafamento desta mistura para que processe a segunda
fermentação e o subseqüente envelhecimento na garrafa.
Nesta fase do processo as garrafas são fechadas com
tampas de metal, resistentes à pressão que se formará
dentro das garrafas. A segunda fermentação pode durar de
10 dias a três meses, dando origem ao vinho espumante,
pois as leveduras adicionadas transformarão o açúcar
adicionado em álcool, com a produção de gás carbônico, 7. Removendo as Leveduras - “Dégorgement”
que permanecerá dissolvido no vinho. Antes de proceder à remoção do sedimento, as garrafas
podem ser resfriadas a - 4o C, por cerca de 1 a 2 semanas
5. Envelhecendo com as Leveduras - “Sur Lie” para que os cristais de tartarato se precipitem. Durante o
As garrafas são colocadas então em posição horizontal para processo de remoção das leveduras, o vinho é mantido a
envelhecer por dois a quatro anos, onde o vinho ficará em baixa temperatura, para reduzir a pressão do gás carbônico
contato com uma fina camada constituída pelas leveduras e minimizar a perda do gás quando a garrafa for aberta.
que restaram após o processo de fermentação. Durante o Para o processo de “dégorgement”, as garrafas são
envelhecimento, dois processos ocorrem: os vinhos sofrem colocadas, com a ponta para baixo, numa solução
mudanças à medida que as reações de envelhecimento na congelante. Quando o vinho do gargalo é congelado, o
garrafa ocorrem e as células das leveduras se rompem, num sedimento das leveduras ali coletado, juntamente com os
processo conhecido como autólise, liberando compostos cristais de tartarato são aprisionados num “cubo de gelo” de
nitrogenados (aminoácidos), açúcares complexos e outros vinho. A seguir a garrafa é colocada na posição de 45o e a
compostos para o vinho. Estas substâncias ajudam no tampa de metal é removida. A pressão do gás carbônico
desenvolvimento do “bouquet de Champagne”, além de empurra o vinho congelado para fora, juntamente com o
favorecer a dissolução do gás carbônico no vinho, sedimento, deixando o vinho remanescente na garrafa
permitindo a lenta liberação das bolhas quando o vinho for límpido e brilhante.
aberto

18
8. Ajustando o Açúcar - “Liqueur de Dosage”
Após a retirada do sedimento e antes do arrolhamento, as garrafas são completadas em seu nível e é adicionado o “liqueur de
dosage” ou “liqueur d’expédition”. Em todos os casos, exceto para o Extra-Brut, este “liqueur” inclui uma pequena quantidade de
açúcar. Quanto mais jovem for o vinho, maior a quantidade de açúcar necessária para contrabalançar sua acidez. A elevada
acidez é crucial para um fino espumante de Champagne, pois mantém o vinho fresco durante seu lento período de
envelhecimento.
A doçura dos espumantes de Champagne pode ser indicada com muita precisão pelo seu teor de açúcar residual, que é medido
em gramas por litro. Os níveis permitidos pela regulamentação de Champagne são os descritos na tabela abaixo.

Tipo Açúcar (g/l) Características Organolépticas


Extra-Brut 0–6 Totalmente seca (“bone dry”).
Brut 0 – 15 Seca a muito seca, porém nunca austera.
Extra-Sec ou Um nome enganoso. O Champagne pode variar de seca a
Extra-Dry 15 – 20 ligeiramente doce.
Sec ou 17 – 35 Cuidado. Apesar do nome estes Champagnes possuem um
Dry considerável grau de doçura.
Demi-Sec ou 35 – 50 Doces, mas não a nível de vinhos de sobremesa.
Rich
Doux 50+ Muito doces, muito raras.

9) Envelhecimento na Garrafa período, que pode variar de 3 a 9 meses, o “liqueur de


O período mínimo de envelhecimento na garrafa para um dosage” se combina perfeitamente com o vinho e uma certa
vinho espumante feito pelo “méthode champenoise” é de complexidade poderá ainda se desenvolver.
alguns meses, e de maneira ideal, este período deveria ser
anterior à liberação do produto no mercado. Durante este

19
Método Charmat - Fermentação em Tanque características marcantes, sendo usadas com mais
O método Charmat, ou de fermentação em tanque, é freqüência a Colombard, a Chenin Blanc e a Sylvaner. Da
utilizado para a produção de vinhos espumantes mesma maneira que foi descrito para o “méthode
relativamente simples, cujas principais características são a champenoise”, as uvas são precocemente colhidas para
juventude e a ênfase nas frutas. O caráter das leveduras manter sua elevada acidez e a fermentação se faz em
não é importante nestes vinhos. Não sendo desejado seu temperaturas relativamente elevadas. Os vinhos base para
envelhecimento, todo o processo pode ser completado em os espumantes pelo método Charmat, devem a grosso
duas semanas. modo preencher os mesmos requisitos que os necessários
Com exceção da Moscatel, as varietais escolhidas para a para a produção pelo “méthode champenoise”.
produção de vinhos por este processo não possuem

Método Asti - Espumantes por Fermentação Única


Os Asti Spumanti italianos, feitos com a uva moscatel, são produzidos interrompendo-se a fermentação alcoólica antes que a
mesma se complete e filtrando-se os vinhos enquanto os mesmos ainda estão saturados de CO2, proveniente da fermentação.
Estes vinhos são invariavelmente doces.
Comparando os Dois Métodos Mais Importantes : Champenoise e Charmat
Etapa da Vinificação Méthode Champenoise: Método Charmat:
Fermentação na Garrafa Fermentação em Tanque
Varietais Preferidas Chardonnay Colombard
Pinot Noir Chenin Blanc
Clima mais adequado Mais Frio Frio ou Calor
Seleção e Preparação do Cuvée Corte dos Vinhos Base,
Clarificação, Estabilização Igual
Adição de Fermento e Açúcar
Segunda Fermentação Na Garrafa Em Tanque Pressurizado
Envelhecimento “sur lie” 1 a 3 anos Geralmente Evitado
Coleta dos Sedimentos “Rémuage” Filtração
Remoção do Sedimento “Dégorgement” Filtração
Ajuste do Teor de Açúcar Adição da “dosage” em cada Adição da “dosage” ao
garrafa tanque do vinho
Engarrafamento Re-arrolhamento da mesma Engarrafamento em
garrafa onde fermentou máquinas + SO2
Potencial de Envelhecimento Após a Até 10 anos Alguns Meses
Liberação
Tempo do Processo 2 a 4 anos 15 dias a 2 meses

VINHOS DE SOBREMESA licoroso. Como cada 17 gramas de açúcar levam à produção


Quando terminar a fermentação e nem todo o açúcar de um grau de álcool, mostos muito ricos em açúcar
presente no mosto tiver sido transformado em álcool, poderiam teoricamente ser capazes de produzir vinhos de
teremos um vinho adocicado. Se a parcela de açúcar elevado teor alcoólico, superior a 15O.
residual for superior a 40 gramas por litro, o vinho será

20
Mas como as leveduras morrem acima de 15o de álcool, o No caso do Porto, o álcool é proveniente de uma aguardente
vinho resultante apresenta açúcar não convertido, ou seja, vínica adicionada durante o processo de fermentação. A
açúcar residual. Os vinhos doces, isto é, aqueles que adição de álcool eleva artificial e propositadamente o teor
apresentam açúcar residual detectável ao paladar, podem alcoólico do mosto a mais ou menos 19º impedindo que as
ser produzidos de várias maneiras: pelo uso uvas infectadas leveduras continuem a trabalhar, embora ainda houvesse
pela Botrytis ou de uvas passa (secas ao sol) ou ainda por açúcar para ser fermentado. Com isto se obtém um vinho
fortificação. com teor alcoólico elevado (entre 18o e 20o , dependendo
do que se pretende) e com um teor sensível de açúcar
Uso de uvas Afetadas pela Botrytis Cinerea residual, características marcantes do vinho do Porto.
Trata-se da infecção dos bagos das uvas pelo fungo Botrytis No caso do Jerez ou do Porto seco, o álcool é acrescentado
cinerea, fato este que ocorre espontaneamente em algumas após a fermentação, resultando num vinho alcoólico e seco.
poucas regiões do mundo - tais como Sauternes (em Curiosidades sobre o vinho do porto
Bordeaux) e Vale do Loire na França, Vale do Reno e do # O vinho do porto apesar de levar este nome não é
Mosel na Alemanha, na Hungria e Áustria - sendo produzido na cidade do Porto e sim na região do Douro. Na
conhecida como “podridão nobre”. Esse microorganismo região da cidade do Porto e de sua cidade irmão Vila Nova
altera a permeabilidade da casca da uva, permitindo sua de Gaia, ele é engarrafado e importado para todo o mundo,
desidratação. Esta modificação se traduz por uma certa principalmente por embarcadores ingleses.
queda na taxa de acidez, enquanto eleva bastante a # O vinho do porto é uma invenção Portuguesa, uma
concentração de açúcar. O uso destas uvas dá origem aos descoberta inglesa e uma paixão mundial.
mais nobres vinhos de sobremesa do mundo, tendo como # As uvas utilizadas no vinho do porto são todas
exemplo máximo o Château d’Yquém, de Sauternes. Pode- portuguesas. No tinto são utilizadas a tinta barroca, tinta
se obter mais açúcar residual, interrompendo artificialmente roriz, tinto cão, touriga francesa e touriga nacional, e para o
a fermentação. Isto pode ser conseguido, por exemplo, pela raro vinho branco do porto são utilizadas as vinhas codega,
adição de SO2, o anidrido sulfuroso, ou por resfriamento. Na gouveio, malvasia fina rabigato e viosino.
Califórnia desenvolveu-se técnica de botritização em # Existem vários estilos de vinho do porto, desde o ruby que
laboratório com infecção artificial dos vinhedos, obtendo-se é o mais simples e de menor qualidade, passando pelo
resultados satisfatórios. tawny, o vintage character, late bottle vintage até os grandes
vintages e os garrafeiras que são os vinhos do porto por
exelencia.
# Os vinhos do porto são uma paixão como o champagne, e
estes como o famoso espumante frances que só pode ser
produzido na região da delimita seu nome, o porto só pode
ser produzidos na região do douro e embarados na Cidade
do Porto, não existe vinho do porto produzido em outras
regiões do mundo.

VINHOS FORTIFICADOS
São vinhos de teor alcoólico mais elevado, oriundos de uma
adição artificial de álcool. Os vinhos fortificados mais
famosos do mundo por sua extrema qualidade são os
portugueses Porto e Madeira e o espanhol, Jerez.

21
5. Tempo médio para consumo dos vinhos nacionais:
a. Brancos - 1 a 2 anos da data da vindima
b. Tintos - 1 a 3 anos da data da vindima
6. Em relação aos vinhos importados, informe-se
como foi feito o transporte desde a origem até o
Brasil. Dê preferência aos importadores que se
utilizam de "containers refrigerados".
7. Sempre que possível tenha em seu poder uma
tabela de safras, com as respectivas notas.
Exemplo a elaborada pelo expert americano
Robert Parker Jr.
8. Solicite cotações a várias importadoras pois muitas
vezes o mesmo vinho pode ser comercializado por
mais de um estabelecimento.
9. Verifique o estado de conservação da cápsula e
rolha e a possível ocorrência de vazamentos.
Rejeite qualquer garrafa com sinais de vazamento
ou com rolha "saltada".
10. Ao adquirir uma garrafa ou uma caixa de vinho,
FATORES QUE INFLUENCIAM NA DECISÃO DA COMPRA
tenha consciência do valor investido, não deixando,
DE UM VINHO
por descuido, que fiquem no interior do carro
Devemos presupor, que o indivíduo ao tomar a iniciativa de
expostas ao sol e no calor. Isto poderá
adquirir uma garrafa de vinho, deve ter o espírito desarmado
comprometer a qualidade do vinho.
para apreciar o produto que essa garrafa contém, que lhe
11. A relação qualidade x preço nos vinhos importados
poderá propiciar grandes prazeres. Essa compra, muitas
é importantíssima. Uma das fontes que nos
vezes pode ser otimizada, levando-se em conta alguns
orientam com clareza neste parâmetro é o contacto
fatores, que poderão transformar essa aquisição em um
com apreciadores e conhecedores de um bom
momento de satisfação dupla: ter conseguido uma boa
vinho! Muitas vezes, por exemplo, um vinho
relação qualidade x preço e a certeza (teórica) de poder
chileno, possui uma relação qualidade x preço mais
degustar um produto em boas condições.
vantajosa que muitos vinhos famosos e
A seguir, algumas sugestões que devem ser seguidas ao
tradicionais.
adquirirmos uma garrafa de vinho:
12. Como o "hobby" do vinho não é barato, não deixe
1. Dê preferência a um estabelecimento comercial
de sempre solicitar o tradicional DESCONTO, por
com um bom giro do produto, de modo que as
ocasião da compra.
garrafas não tenham ficado por muito tempo
13. Um dos itens que devemos levar em consideração
expostas nas prateleiras.
para a aquisição de um determinado vinho,é a
2. Dê preferência para os locais onde garrafas estão
ocasião e em companhia de quem iremos degustá-
expostas deitadas, de modo que o líquido fique
lo. Muitas vezes, numa situação onde os
sempre em contacto com a rolha.
convidados não possuem "boca" para a degustação
3. Dê preferência ao estabelecimento comercial que
de um ótimo vinho, não é conveniente que o
mantiver seu estoque em ambiente climatizado
sirvamos. Um grande vinho deve ser curtido e
4. Mesmo que as garrafas expostas estejam de pé,
reverenciado por seus degustadores e
nunca deixe de verificar o nível do líquido dentro da
apreciadores.
garrafa e se houve algum vazamento.

22
garrafas que transportariam os vinhos do Douro para
CÁPSULAS Londres, diversas tentativas foram feitas com trapos,
A cápsula recobre a rolha e o gargalo da garrafa. Oferece à madeira e até com o próprio vidro, até que se descobriu que
rolha uma certa proteção contra ataque de bactérias e a rolha feita de cortiça seria o ideal. A rolha de cortiça feita
organismos que podem danificá-las. Deve ter alguns com a casca do sobreiro, que os árabes já usavam séculos
pequenos furos, para permitir a respiração da rolha. As antes, seria a tampa ideal para conservar aquele vinho em
cápsulas tradicionais são feitas de chumbo. As cápsulas perfeitas condições.
feitas com liga de estanho/alumínio entraram no mercado a Até então, salvo esparsas tentativas com a rexina, que era a
partir de 1992, para evitar os potenciais danos à saúde resina do pinheiro ( usada pelos gregos para tentar
causados pela cápsula de chumbo. Alguns produtores e conservar as ânforas de vinho 6 séculos A.C.) , na maioria
negociantes codificam suas cápsulas em cores, para das diversas regiões produtoras, os vinhos eram guardados
distinguir os diferentes tipos de vinhos, porém não existe um em talhas, ânforas, barricas e tonéis, num processo
padrão universal para essa identificação. Os vinhos de totalmente aeróbico e sem nenhum cuidado de controle de
menor preço são encapsulados com plástico. Além de sua temperatura e higiene tornando-os muito menos agradáveis
função protetora, as cápsulas trazem o nome e o brazão do que são hoje .
impressos na parte superior, o que ajuda a identificar as
garrafas quando as etiquetas não estão visíveis. Nunca sirva A doença da rolha
um vinho antes de cortar a cápsula pelo menos 0,5 cm Essa tampa feita de cortiça atravessou mais de três séculos,
abaixo do "bico" da garrafa, para que o vinho não seja porém tinha ainda um sério problema: até pouco mais de 20
contaminado. anos atrás, 10 a 20% das garrafas apresentavam a
chamada doença da rolha que tecnicamente é a
Rolhas de Cortiça, Rolhas Sintéticas ou Tampas de Rosca, contaminação do vinho por um composto químico, o 2,4,6
eis a questão. tricloroanisol (TCA), formado durante o processo de
Nos últimos tempos, uma questão vem se tornando o centro produção da rolha. Nesse caso o vinho apresenta um
das discussões quando o assunto é a forma de se tampar desagradável aroma de mofo e dizemos que o vinho está
uma garrafa de vinho. Tudo porque a velha e confiável rolha, bouchonée. Com a evolução das técnicas de produção e
que há alguns séculos vem cumprindo a nobre missão de dos métodos de esterilização da cortiça, esse índice foi
preservar o vinho nosso de cada dia, mantendo-o longe do diminuindo, sendo que há dez anos o índice de garrafas com
alcance do oxigênio e de outras ameaças ao precioso problema na rolha estava em torno de 7%, acreditando-se
líquido. que hoje seja ainda menor, na casa dos 5%, como citado no
Com o passar dos anos, a cortiça está se tornando cada vez Harpers Wine and Spirit Weekly em maio de 2003.
mais cara e rara, levando inevitavelmente à busca de
alternativas ao seu uso. No entanto, o que parecia muito O ESTADO DA ROLHA
simples, na prática se mostrou muito mais complicado, pois Após a retirada da cápsula de uma garrafa, devemos
além da tecnologia, há no assunto uma boa dose de proceder um exame do topo da rolha. Uma rolha totalmente
romantismo e tradição. Mas será que é só isso mesmo ou limpa e sem vestígios de vazamento sinaliza que o vinho
existem outras variáveis envolvidas nesta questão? É o que contido naquela garrafa foi recentemente engarrafado ou
iremos tentar decifrar, percorrendo os caminhos desta reengarrafado. Com o passar dos anos, a rolha se torna
mudança. mais escura e a sua superfície, que fica em contato com o
ar, acumula pó e sedimentos, próprios da cave onde esteve
Um pouco de história armazenado. Se o rótulo disser que o vinho possui dez
Em Portugal, entre os séculos XVII e XVIII, quando nossos anos, por exemplo, e a rolha parecer nova, é uma evidência
antepassados buscavam uma maneira de tampar as suspeita. Um antigo BORDEAUX, comprado diretamente no

23
Château, pode ter uma rolha que pareça mais jovem que o o Nos vinhos da Austrália, Califórnia e Espanha são
vinho, isto é justificável em razão de que um BORDEAUX de colocados os contra-rótulos, com informações
ótima qualidade tem a sua rolha trocada a cada 25 anos, técnicas mais detalhadas, que o produtor julga
para oferecer assim, a máxima proteção ao vinho. importante para os consumidores em potencial.
o Segue exemplo detalhado de rótulo de um vinho
DETALHES QUE PODEM SER NOTADOS NAS ROLHAS francês da região de BORDEAUX:

1. Cristais: Inofensivo. Indicam que o vinho não foi


superfiltrado; os vinhos brancos podem desprender cristais
de tartarato, se tiverem sido submetidos a baixas
temperaturas em algum momento de sua vida.
2. Secura: Cuidado! As garrafas podem ter sido
armazenadas de pé, possibilitando o encolhimento da rolha
e a conseqüente entrada de ar na garrafa, causando
oxidação do vinho. Verifique se o líquido ainda poderá ser
aproveitado.
3. Odor: Cheire a rolha após retirá-la. Se a garrafa tiver sido
armazenada deitada (como recomendado), a extremidade
úmida da rolha deverá ter um aroma agradável, próprio do
• Nome do Produtor do Vinho: “Chateau
vinho.
Latour”
4. Mofo no topo da Rolha: Inofensivo. Um armazenamento
• Ano da colheita: “1958”
em condições úmidas pode provocar o aparecimento de
• Classificação do vinho: “Premier Grand
mofo na parte superior da rolha, sob a cápsula. Após abrir a
Cru Classe”
garrafa, deve-se limpar bem o seu bico e em seguida provar
• Local onde foi engarrafado: “Mis en
o vinho, antes de serví-lo.
bouteilles au Château”
• Comuna onde está situado o Château:
“Pauillac-Medoc”
RÓTULOS
• Denominação de origem controlada:
o Na França, frases como "Grand Vin", "Grande
“Appelation Pauillac Controllé”
Reserve", ou "Cuvée Speciale" no rótulo, não
possuem um significado legal. De forma similar
GARRAFAS
"Private Reserve", nada significa nos Estados
Os recipientes utilizados para armazenar ou guardar o vinho
Unidos.
são tão importantes, que podemos dividir a História do Vinho
o Existe na França a "Appellation Controlée" – DOC,
em três fases, de acordo com o recipiente:
com normas e regras regidas pelo governo.
o “Superieur” significa normalmente um teor alcoólico
1. Fase do Barro: Utilizavam-se ânforas de barro cozido
1,0% mais elevado, o que não melhora
(cerâmica) e o vinho só podia ser conservado misturado ao
necessariamente a qualidade do vinho. Em geral,
mel ou resinas, tendo que ser diluído para ser bebido. Sua
todavia, um vinho com 12% de teor alcoólico é
fase mais conhecida foi dos gregos e romanos, até o ano
preferível a um de 11%.
1000 DC.
o Ter cuidado com vinhos alemães, seus rótulos
trazem muitas informações, que devem ser bem
2. Fase do Tonel: Iniciada a partir da descoberta das
interpretadas.
vantagens do casamento do vinho com a madeira e de seu

24
desenvolvimento em contacto com a mesma. Havia, porém, 4. Vinhos com sedimento, necessitando decantação,
problemas sérios de conservação, pelo contacto do oxigênio proporcionarão menos copos.
com o vinho dentro do tonel, a partir de sua abertura e, de 5. Em caso de refeições, calcule grosseiramente 8 a
praticidade, pelos enormes volumes dos tonéis, o que 10 copos de vinho por garrafa de 750 ml; tratando-
dificultava a guarda do vinho nas residências. se de degustação de 13 a 14 copos por garrafa.

3. Fase da Garrafa: Iniciada no final do século XVII, com a ADEGA


invenção, na Inglaterra, da garrafa de vidro forte, É de suma importância a maneira de conservação e/ou
semelhante em espessura à conhecida hoje, já que antes guarda de nossas garrafas de vinho, para que as
disto, existiam garrafas de vidro fino e pouco resistentes. Em características do líquido se mantenham adequadamente e
consequência, modificou-se totalmente a técnica de ele possa evoluir normalmente pelos anos. As garrafas
vinificação, surgindo os vinhos de guarda, os espumantes e devem sempre permanecer deitadas para evitar o
uma utilização mais adequada da cortiça, conhecida e usada ressecamento da rolha e, conseqüentemente impedir a
como tampa da ânforas desde os tempos da Roma Antiga. entrada de oxigênio, o que poderia provocar a oxidação do
Apesar dos avanços tecnológicos, e tentativas de vinho. São três cuidados básicos que devemos tomar na
substituição por outros tipos de recipientes - papel especial escolha de um local para a instalação de uma adega:
ou plásticos - o vidro, pela sua inércia de reação e ausência 1. Não devemos ter um gradiente térmico no ambiente, isto
de odor, permanece soberano para a conservação do vinho é, a alternância de temperaturas. Caso isto ocorra, a solução
por períodos prolongados. A forma das garrafas - embora é partir para um local refrigerado.
possa em alguns casos obedecer a critérios técnicos e 2. Não devemos ter luz intensa direta sobre as garrafas. O
funcionais, por exemplo a indentação inferior nas garrafas ideal seria um ambiente de penumbra.
de champagne - habitualmente difere, por motivos de 3. Não devemos ter vibrações de qualquer natureza no
tradição regional. interior da adega.
A cor da garrafa tem grande importância na proteção do 4. Evitar a proximidade de materiais de limpeza, tintas,
vinho contra as diferentes radiações de luz solar, sendo por solventes, derivados de petróleo, etc
isso preferível as de cor verde ou marron às incolores. Concluímos então que o ambiente ideal para uma garrafa de
vinho é aquele com: temperatura constante, sombra,
LEMBRAR QUE: ausência de ruídos e vibrações e longe de produtos
1. As garrafas menores fazem o vinho amadurecer químicos.
mais rapidamente e, são habitualmente mais caras;
prefira comprar vinhos doces (de sobremesa) DICAS IMPORTANTES
nessas garrafas. o O vinho deve ser conservado sempre deitado, para
2. As garrafas magnun são consideradas como ideais que atinja o seu ápice.
para a guarda de vinhos e por isso, em relação aos o A umidade relativa no interior da adega deve ser
grandes vinhos de BORDEAUX e da em torno de 65% a 75%.
BOURGOGNE, seu preço é maior. o Evitar grandes variações de temperatura.
3. Relação Vinho/Pessoa - O cálculo clássico em um Temperatura ideal – 14ºC a 17ºC.
jantar é de meia garrafa por pessoa. Esta relação o Longe da claridade (que acelera o envelhecimento),
se aplica a um jantar informal ou estilo "buffet", com vibrações e produtos químicos.
poucos vinhos servidos - em média dois, um tinto e o Livre de aromas / cheiros estranhos.
um branco. Caso haja mais tipos de vinho o Para que não se percam os rótulos por fungos,
disponíveis, o consumo tende a crescer. mofo ou umidade, aconselhamos ao se colocar a
garrafa na prateleira, envolvê-la em um pedaço de

25
plástico - tipo “MAGIPACK” - protegendo-se o contém. Os vinhos tintos, sempre suportam melhor o
rótulo, ou aplicar uma camada de verniz incolor envelhecimento que os brancos. Durante vários meses após
(utilizado para fixar desenhos/pinturas), criando-se o engarrafamento, os vinhos finos ficam numa espécie de
assim uma proteção permanente para o rótulo. choque silencioso. Não devemos abri-los imediatamente
o Ter um termômetro de máximas e mínimas após essa operação, porém esperar cerca de quatro a cinco
instalado no interior da adega, bem como um meses, para então degustá-los. O mesmo pode-se dizer da
pequeno higrômetro. viagem que o vinho enfrenta até chegar ao mercado. Isto
pode deixá-lo tão sem graça quanto o engarrafamento.
RELAÇÃO QUALIDADE – CUSTO Devemos dar-lhes algumas semanas para repousarem.
Sendo o vinho considerado uma das mais sofisticadas A principal exceção é o Beaujolais Nouveau, cujo grande
bebidas e que possui uma enorme gama de variedades, charme é ser bebido no próprio ano de sua vindima. Sabe-
torna-se necessário ao consumidor conhecer certas regras se porém que ele melhorará substancialmente nos seis
básicas que possam identificá-lo e, conseqüentemente, meses subseqüentes ao seu engarrafamento.
proporcionar prazer ao seu adquirente. Algumas dessas Concluindo, diríamos que a abertura de uma garrafa de
informações já as temos em nosso poder - a linguagem do vinho, somente nos dará o prazer total se for compartilhada
rótulo e a análise da garrafa ( cápsula, rolha, nível do líquido com outras pessoas e mais ainda, se essas pessoas
). Por mais nobre que seja o vinho, trata-se de um produto também apreciarem o vinho.
comercial e, nos dias atuais, a pergunta feita após
degustarmos um vinho é: A garrafa vale o preço cobrado? NOÇÕES DE ENOGASTRONOMIA
Existem no mercado, vinhos para todos os gostos e bolsos. " A multiplicidade de preparações culinárias, a diversidade de
A única relação qualidade X custo que devemos ter em vista sabores dos alimentos e a extrema variedade de estilos de
é a nossa, de nada valem os parâmetros de outros países". vinhos fazem com que a harmonização eno-gastronômica
seja assunto complexo e controverso. A compatibilização
CONSUMO DO VINHO vinho-alimento é antes de tudo, questão de gosto pessoal.
"Quanto mais velho o vinho, melhor..." - frase muito utilizada, Todos temos o direito inalienável de consumir nossos pratos
porém totalmente falsa. Qualquer vinho, é preciso lembrar, prediletos com o vinho que nos parece oferecer a melhor
está vivo! Caso você encontre algum já morto, é algo que combinação com eles. No entanto, existem alguns
não necessita de uma palavra de um expert para anunciá-lo. “casamentos” consagrados pelo simples motivo que
O vinho nasce, cresce, atinge o seu ápice e daí tende à agradam à maioria das pessoas que os experimentam. Por
decrepitude até a morte. O grande segredo, é saber a hora outro lado, pelas razões contrárias, há combinações
correta de tomá-lo, seu auge. Os vinhos para consumo notadamente antagônicas. O mecanismo que regula estes
diário são, em geral, elaborados para serem bebidos jovens. “casamentos” é a interação entre componentes químicos do
Até os anos 70, a vinificação dos grandes vinhos vinho e do alimento. Pode ocorrer atenuação, exacerbação
(BORDEAUX, por exemplo) era feita de modo que o seu ou neutralização de determinados sabores. Há, ainda, a
auge fosse atingido em 15 a 20 anos. Hoje a tendência é de possibilidade de que novos sabores advenham do
que se antecipe esse auge para 7 a 10 anos. pareamento vinho-comida na boca. As combinações eno-
O consumo de um vinho depende fundamentalmente de gastronômicas vêm sendo testadas ao longo dos séculos e
como ele foi envelhecido, de como ele foi conservado, de várias “regras” foram sendo criadas. Dentro das limitações
como ele foi transportado desde o seu engarrafamento na acima expostas, essas regras servem como diretrizes
origem até chegar ao nosso poder. Sendo o Brasil um país gerais, podendo ser quebradas quando o gosto pessoal
de clima tropical, torna-se necessário tomar-se alguns assim o determinar.
cuidados na guarda e no manejo da garrafa, para que ela
não perca as principais características do líquido que

26
"AS REGRAS"
o Carne vermelha ou caça com vinho tinto.
o Peixes ou frutos do mar com vinho branco
o Cada prato acompanhado de um vinho.
o Grandes vinhos com grandes pratos.
o Combinações difíceis: Vinagre, frutas cítricas, ovos,
aspargos, alcachofras, chocolate. Pratos orientais:
indianos, japoneses, tailandeses e coreanos.
Uma outra fonte de referência para as combinações de
vinhos e alimentos é a tradição cultural regional. Esta muitas
vezes confirma as considerações acima. É fácil imaginar o
cordeiro de Pauillac acompanhado pelo vinho de Bordeaux
ou o “boeuf bourguignone” com um borgonha tinto. No
entanto, nestas mesmas regiões observamos: Lampréias a
bordalesa - peixe de água doce cozido no vinho tinto;
morangos com vinho tinto e, na Borgonha, “oeufs en
meurette” com molho de Borgonha tinto.
Certas harmonizações também podem refletir gostos
regionais, que nem sempre são generalizados: Sardinhas
assadas com vinho tinto e Bacalhau com vinho tinto verde.
Seguem algumas combinações que são bem aceitas:
o Ostras e Chablis.
o Salmão defumado e Riesling.
o Salmão fresco Chardonnay ou Riesling.
o Peixes brancos grelhados com molhos untuosos e
Chardonnays.
o Queijo de cabra e Sancerre.
o Roquefort e Sauternes.
o Stilton e Porto.
o Sushi e sashimi com Champagne brut.
o Presunto cru e xerez fino.
o Foie gras e Sauternes
o Cordeiro e Bordeaux tinto.
o Caça e Borgonha tinto.
o Pizza e massas com molho vermelho e Chianti.
Concluímos que os parâmetros são insuficientes para o
planejamento da harmonização de qualquer prato com
vinho. Para tanto, são necessários princípios ao invés de
regras.

27
Os princípios não revelam exatamente o que tomar para Empregamos ainda, o princípio da complementaridade.
acompanhar determinado prato, mas norteiam como se Assim, uma sobremesa de caráter doce predominante e
chegar ao vinho que poderá ser a melhor escolha, em sabores cítricos será harmonizada, por antagonismo, com
determinada situação. Devemos conhecer as características um vinho de acidez marcante mas que,
organolépticas do vinho bem como as do prato. Para tanto, complementarmente, também seja doce - para não ressaltar
devemos conhecer os ingredientes que entraram na a doçura do prato - e, se possível, apresente aromas de
composição da receita e como foram preparados, lembrando frutas cítricas.
que muitas vezes o ingrediente principal é um mero As ostras, com sabor marinho lembrando iodo, harmonizam-
transportador dos sabores determinados pelo molho. De se com os sabores minerais do Chablis.
posse desses dados, podemos combiná-los por Nem sempre o resultado é previsível pois algumas vezes, a
complementaridade ou por antagonismo. interação entre os componentes cria novos sabores que
podem ser agradáveis como os do queijo com o vinho tinto
Exemplos de combinações por antagonismo: ou desagradáveis, quando usamos um vinho tânico com
o Atenuar a acidez de um prato pela doçura do vinho. peixe oleoso criando um terceiro sabor que é um desastre.
o Avivar o paladar de um prato doce pela acidez do Pode haver sinergismo, quando a combinação vinho e
vinho. comida cria um efeito melhor que o vinho sozinho ou a
o Opor a untuosidade da receita aos taninos e ácidos comida sozinha ou neutralidade quando o vinho e a comida
do vinho. seguem cada um seu caminho sem interferência ou com
o Equilibrar a suculência do prato com vinhos mais pouca interferência um com outro.
encorpados. O único modo de testar um “casamento” é, após levantar as
o Equilibrar a condimentação de certos pratos com hipóteses possíveis, degustar o vinho e a comida
vinhos mais aromáticos. conjuntamente analisando-se o resultado final. O único
modo de aprender como combinar vinho / comida é degustar
Um exemplo clássico de harmonização por antagonismo é o vinho e comida conjuntamente.
do Roquefort com Sauternes: o gosto extremamente salgado Para uma refeição sem surpresas devemos nos ater às
do queijo é atenuado pela doçura extrema do vinho e sua combinações consagradas. Uma inovação bem planejada
untuosidade - mais de 90% de gordura - é equilibrada pela pode ser um grande achado. Experimente!
grande acidez do vinho.

O SERVIÇO DO VINHO – A função do Sommelier. vícios ou as virtudes deste, mas podem ampliar
significativamente o prazer que ele pode nos dar.
Se existem taças, garrafas de cristal, decanters, e até
mesmo rituais específicos para determinados tipos de vinho,
não é por necessidade física ou outra razão qualquer, que
não seja auxiliar a expressão dos variados prazeres
sensoriais que este vinho pode nos oferecer.
Ao consultar a literatura, encontraremos até menção a que
“ao acentuar as diferentes características do vinho e
recordarmos suas origens, reforça-se a experiência, e
O cuidado em servir o vinho e os hábitos adquiridos ou as
podemos mesmo torná-la memorável”.
lendas que cercam o vinho não contribuem para modificar os
Não é portanto por acaso que os vinhateiros franceses, ao
adquirirem vinho, provem-no com maçã verde, que aguça o

28
paladar, e, ao contrário, ao venderem este mesmo vinho, o "prandii"), sendo entitulado de "Rex Bibendi". Durante a
sirvam com queijo, o qual amaciando o paladar esconde época do Renascimento, generalizou-se o hábito entre os
muitos dos defeitos que ele possa ter. nobres de possuir um copeiro, auxiliado por um garrafeiro.
Assim, ao se falar de serviço do vinho, logo afloram duas Em 1700, esse profissional aparece citado nos éditos do
questões: O que é? Para que serve? Duque de Savoia, com o nome de "Somegliere di bocca e di
corte", citando-se nos mesmos o direito do próprio utilizar
A primeira indagação - “o que é” - tem resposta muito um anel com as iniciais ducais para lacrar as barricas de
simples. É a forma como o vinho é servido, o vinho. O instrumento do “sommelier” para provar o vinho era
estabelecimento da seqüência dos vinhos de uma refeição, o taste-vin, do qual conhecemos diversos tipos. É um
escolha da técnica e o tipo de saca-rolhas utilizados para recipiente de metal (preferivelmente prata) que o sommelier
abrir as garrafas, a avaliação da necessidade de decantação usava pendurado como um colar. O tipo mais conhecido era
e assim sucessivamente. o “borgonhês”, no qual podemos identificar uma grande
bolha (elevação) ao centro, que delimitava o nível de vinho
Quanto à questão - “para que serve?” - a resposta não é que deveria ser servido, já que ela jamais deveria ser
mais complexa: Para extrair de uma garrafa de vinho o coberta.
máximo de prazer que ele nos pode oferecer. Em poucas Tem pequenas “pérolas” ou saliências que servem para
palavras, de nada adianta estarmos diante do mais auxiliar a oxigenação do vinho; pequenas nervuras que se
maravilhoso vinho do mundo, se não o servirmos destinam a auxiliar a observação das tonalidades dos vinhos
adequadamente, pois sem os cuidados, que serão mais brancos e finalmente ligeiras depressões que auxiliam a
detalhados adiante, ele não exibirá todo o seu potencial nem observação das tonalidades dos tintos.
todas as suas qualidades. Existem taste-vins de outras regiões produtoras de vinhos,
Evidentemente, não se pode falar em serviço sem antes como por exemplo os taste-vins de Bordeaux ou da região
abordarmos a figura do “sommelier” - figura absolutamente do Porto.
identificada com o serviço do vinho. É importante ressaltar, entretanto, que atualmente estas
A língua portuguesa é a única que traduz este termo, para peças são meramente decorativas, sendo os copos o
“escanção”, podendo ser encontrado no Dicionário recipiente apropriado para provar o vinho.
Português/Francês de Paulo Ronai a tradução como A figura do sommelier, por outro lado, ainda se encontra
“garçom encarregado das bebidas”. Já em definição menos presente nos bons restaurantes. É o profissional que deverá
simplista, Aurélio Buarque de Holanda define o escanção auxiliar o cliente a escolher o vinho que melhor se
como “aquele que punha o vinho na copa e a apresentava compatibilize com o prato escolhido e proceder ao seu
ao rei” e “aquele que dá de beber aos convidados”. serviço. Certamente, uma compatibilização perfeita tornará a
Claro está pelas definições acima que se trata de profissão refeição memorável e inesquecível. Nos grandes
milenar, que encontramos desde a Antigüidade e que a essa restaurantes, o sommelier é o responsável pela elaboração
época era exercida por nobres. A comida, por outro lado, no da carta de vinhos bem como sua escolha, compra e
Antigo Egito, era servida por escravos. armazenamento adequado.
Encontraremos referências ao “sommelier” no Egito, na
Grécia, no Renascimento, etc. Temperatura e algumas regras basicas para consumo
Sua presença já é descrita desde o tempo dos assírios e adequado dos vinhos:
babilônios e no início das primeiras dinastias egípcias. Entre Quanto à questão da temperatura de serviço, costuma-se
os gregos esta função era exercida pelos arcontes ou dizer que os vinhos brancos devem ser gelados e os tintos
simposiarcas, que tinham a missão de servir os vinhos, servidos à temperatura ambiente.
escolhendo os jarros e taças de vinho. Na antiga Roma, Acreditamos que aí reside o maior erro a ser cometido. Os
encontramos os mesmos durante os banquetes (os vinhos tintos devem, sim, ser servidos à temperatura

29
ambiente. Só que à temperatura ambiente da Inglaterra, é mais doces; primeiro os mais leves e a seguir os mais
bem diferente do Brasil, onde a temperatura chega encorpados; e, evidentemente, primeiro os piores e por
facilmente aos trinta ou quarenta graus centígrados. último os melhores.
Poderíamos sugerir as seguintes temperaturas de serviço de Estas regras se devem basicamente aos seguintes fatores:
vinhos: durante a refeição aumenta a sensibilidade aos ácidos e
o Espumante doce diminui a sensibilidade aos taninos; o que nos conduz à
7 a 8 Cº regra geral de começar com mais frescor, a seguir servir o
o Espumante Brut vinho mais macio e por derradeiro o mais tânico.
6 a 8 Cº Surge aqui uma questão natural. Já somos especialistas em
o Brancos Suaves e Doces abrir uma garrafa de vinho, já sabemos a que temperatura
8 a 9 Cº servi-lo, já sabemos até a ordem preferível dos vinhos em
o Brancos Secos uma refeição. Mas vamos a um restaurante e o sommelier
10 a 12 Cº ou, lamentavelmente no mais das vezes, o maitre, pela
o Rosés ausência de um sommelier, nos entrega a carta de vinho.
12 a 14 Cº Aí, com efeito, começam a surgir os problemas complicados.
o Tintos Leves Infelizmente, na maioria das vezes, ao invés da carta de
12 a 15 Cº vinhos nos dar informações precisas, nos oferece um nome
o Tintos Tânicos qualquer, como “Chateauneuf du Pape”, às vezes com o ano
16 a 20 Cº (mas muitas vezes nem o ano da safra fornece) e o preço
É bastante significativo que a tabela acima seja encontrada, (muitas vezes, infelizmente, escorchante).
com mínimas diferenças, em toda a literatura especializada. A Carta de Vinhos, se bem elaborada, deveria fornecer
Como saber quando o vinho está na temperatura correta? diversas informações: o nome; o tipo de vinho; o ano da
Termômetros confeccionados especialmente para mensurar safra; o produtor (ou a informação de ser um vinho de
a temperatura de vinhos são hoje facilmente disponíveis no negociante); o país de origem; a capacidade da garrafa; e,
mercado. obviamente, o preço.
Ao controlar a temperatura de serviço do vinho, é importante Os critérios que devem nos orientar quando escolhemos o
ter em mente que: quanto mais quente o vinho, mais se vinho em um restaurante foram bem definidos pelo crítico de
realçam o açúcar e o álcool e quanto mais frio, mais se vinhos e gastronomia Saul Galvão: “Ninguém deve ficar
realçam a acidez e o tanino. intimidado pelo ambiente e por isso pedir algo caro, de
Assim, ao refrescarmos um vinho pouco tânico (por prestígio. Pode-se sempre ficar com um razoável, que esteja
exemplo, um Beaujolais), não correremos maiores riscos, num bom preço. É o vinho que deve ajustar-se ao seu bolso.
pois não haverá taninos a realçar. Ao contrário, ao Além disso, por que pedir um vinho de classe, se ele não é
refrescarmos um Barolo, extremamente tânico, deveremos tratado com cuidado? Esses especiais são melhores em
ser cuidadosos, pois ao refrescarmos em demasia o mesmo casa, ou então nos restaurantes que os respeitam e tratam
ficará imbebível, alguma coisa como uma lixa na língua. bem. Essas exceções devem ser prestigiadas”.
Por outro lado, ao não refrescarmos um vinho quando Ainda sobre a carta de vinhos, há que se comentar que
necessário, a sensação de álcool e açúcar realçada, irá alguns poucos restaurantes a fazem como deve ser, e ainda
tornar o vinho bastante desagradável. menos a adaptam ao objetivo do restaurante. Se se trata de
Existem algumas regras sobre a sucessão dos vinhos à um restaurante de cozinha italiana, obviamente é normal se
mesa, as quais passamos a expor, apesar de algumas delas prestigiar o vinho italiano; se se trata de um restaurante de
serem de clara obviedade: primeiro os brancos, a seguir os cozinha portuguesa, obviamente é normal se prestigiar o
rosados e por último os tintos; primeiro os mais jovens e a vinho português, e assim sucessivamente.
seguir os mais velhos; primeiro os mais secos e a seguir os

30
Ainda há a questão da recusa do vinho por estar o mesmo
deteriorado. A recusa pode ser feita, basicamente, por duas
razões: o vinho está oxidado ou “bouchonné”.
O vinho oxidado é basicamente aquele que não foi
consumido dentro da época em que deveria ter sido ou que
foi mal conservado. Ficou oxidado.
A outra das razões da recusa de um vinho é ele se
encontrar “bouchonné”. Trata-se de um fungo que ataca a
rolha e altera sensível e maleficamente seu aroma e seu
paladar.
Evidentemente, o cliente pode recusar um vinho no
restaurante sob estas condições e o anfitrião deve poupar
seus convidados de tomá-lo sob tais condições. A única
ponderação que teríamos a fazer é que, ao recusar um
vinho em um restaurante, cabe ao cliente solicitar outro, de
1. Mis en bouteille au Châuteau (Engarrafado no Castelo):
valor análogo, pois o que se discute não é o custo do vinho,
-Termo francês que descreve o vinho que é produzido e
mas sim sua qualidade.
engarrafado em seu Château onde cultiva suas uvas.
Um último comentário é cabível no que tange ao papel atual
do sommelier. A ele cabe fazer a mais perfeita
compatibilização entre o prato pedido pelo cliente e a bebida
2. Gravura do Château onde as uvas são cultivadas:
que este possa consumir, evidentemente respeitado o valor
-Na lei francesa consta que se há uma gravura do Château
que o cliente pretenda gastar, não devendo o sommelier
no rótulo ele realmente terá que existir. O que você vê é
fazer sugestões de vinhos especiais, de custo muito
realmente como é. Referência: Kevin Zraly ( Edição 2005),
elevado.
Windows on the World- Complete Wine Course.
Pode, e deve, entretanto, fazer sugestões, observando os
Veja foto abaixo e compare com o rótulo do vinho acima:
limites acima e respeitando o estilo do restaurante em que
trabalha, que permitam harmonizar melhor a refeição
solicitada pelo cliente com o vinho. Assim, certamente
auxiliará a engrandecer essa profissão, que é nobre desde a
Antigüidade, e cuja finalidade e nada mais do que tornar
uma simples refeição em algo especial, inesquecivel.

Regiões vinícolas Mundiais

FRANÇA
Lendo um rótulo de vinho françês
3. Grand Cru Classé en 1855 (Grand Cru classificado em
1885):
-Classé en 1855: Em 1855, Napoleão III, imperador da
França, decidiu organizar uma Exposição Universal de Paris,
um tipo de feira mundial, queria com isto os vinhos de seu
país representados. Através deste principio, os vinhos de

31
Bordeaux, pela primeira vez foram classificados de acordo aprende sobre a necessidade do turismo e de receber bem,
com a qualidade de seus produtos, havendo uma revisão muda seu comportamento diante do mundo.
oficial somente em 1973, foi quando o tão famoso esforço de O vinho francês é o mais invejado e copiado no mundo todo.
Baron Philippe de Rothschild consegui finalmente elevar seu E não é por acaso. Os vinhos franceses costumam ter o
vinho para o ranking de “First-Growth” ou “Primeira porte digno da nobreza. Mas o que torna esses vinhos tão
Classificação”. A menção da classificação de 1855 no rótulo especiais?
do vinho acima é relativo a este fato histórico. Referência: Os franceses acreditam que seja o “terroir”. De origem
Wine Spactator online, postada em 29 de março de 2007. naturalmente francesa essa palavra representa um conceito,
-Grand Cru: “Grande cultivador” ou ”Grande Cultivador uma ideia de que cada lugar, ainda que minúsculo, produzirá
Classificado”. Na França é um termo legal para certos um tipo específico de vinho. Isso se deve à geografia, e os
vinhedos, históricamente identificando os vinhos exepcionais franceses são fanáticos por ela. Não existe uma palavra
de certas regiões. francesa para definir enólogo. Chamam-no
de “vigneron”, plantador de uvas. Isso porque acredita-se
4. Cos D’Estournel: que o terroir produz o vinho, não o enólogo. O ser humano
-Vinícula. teria pouca interferência no trabalho da natureza.
Porém, contraditoriamente à essa ideia, está em andamento
5. Saint-Estèphe/Apellation Sait-Estèphe Controlle: a ampliação da região de Champagne. As exportações do
-Sain-Estèphe: Uma “denominação” em Médoc- Bordeaux. vinho dessa região cresceram tanto que há uma enorme
-Appellation Saint-Estèphe Controlle: Nome central indíca a demanda por uma maior área de cultivo das uvas. O
denominação da origem do vinho. Nomeclatura indica que o tamanho da região já havia sido revisto em 1927 e desde
vinho é padrão A.O.C. (O maior rigor de controle de então 319 vilarejos podem produzir uvas para o famoso
qualidade da França) vinho. A nova lei prevê a inclusão de mais 40 vilas nesse
montante. A explicação do Comitê Interprofissional do Vinho
6. 1995: de Champagne (CIVC) para o súbito desinteresse pela
A data acima indica a safra das uvas, é o ano em que foi geografia é de que hoje existem conhecimentos técnicos
feita a colheita das uvas do vinho. muito melhores para a correta avaliação de uma área.

7. Domaines Prats S.A./Saint-Estèphe/France. UM POUCO DE HISTÓRIA


-Razão Social da vinícula/Denominação/País. Uma das primeiras áreas cultivadas para produção de vinho
Realmente, comprar um vinho francese não é uma tarefa tão foi plantada pelos gregos em 600 a/C em Massalia, hoje
simples como pensamos, para dificultar um pouco mais, Marselha e se expandiu com a ajuda dos romanos na área
estas regras variam de acordo com as regiões vinículas da que hoje é o sul da França.
França. No século V d/C, com o colapso do Império Romano os
INTRODUÇÃO vinhedos ficaram cada vez mais sob o controle da Igreja
A imagem da França é tão indissociável do vinho que as Católica, em especial das ordens monásticas dos
primeiras cenas que nos vem à cabeça quando o país é beneditinos e cirterciences, que levaram os vinhedos até
mencionado são a Torre Eiffel e os muitos chateaux além de Paris, aperfeiçoaram as técnicas de plantio e
produtores da bebida. Destino preferido dos amantes da boa elaboração de vinhos e repassaram seus conhecimentos
gastronomia, a França exportou tendências culinárias adiante.
durante décadas. Atualmente o país passa por grandes Por volta de 1890 surge na França, vindo das Américas, um
transformações. Enfrenta a crise, muda os hábitos inseto que mais tarde ganhou o nome de Filoxera Vastatrix.
alimentares, muda as tradicionais leis a respeito dos vinhos, Ele vivia nas raízes das vitis americanas em seu continente
de origem e comia suas folhas não chegando a causar

32
maiores danos à planta. Porém esse inseto teve uma Além disso os vinhos passam por uma análise química e
predileção especial pelas raízes das vitis européias que degustação por uma banca que irá comprovar sua
quando atacadas deixam de absorver os nutrientes tipicidade.
necessários à sua manutenção e acabam morrendo. A categoria VDQS (Vins Delimites de Qualité Supérieure)
Foi o caos por toda a Europa. Dezenas de produtores foram era um estágio em que o candidato a AOP deveria passar,
à falência. Em 20 anos o inseto destruiu cerca de 85% dos mas foi extinta em 2008. Os vinhos que estavam nessa
vinhedos europeus. Centenas de produtores faliram, categoria passarão a ser AOP ou IGP.
centenas de enólogos ficaram desempregados. Muitos Os Vins de Pays, agora IGP (Indication Geographique
daqueles que ainda tinham algum dinheiro para investir Protégée) possuem regras menos rígidas que os AOP
procuraram outros países, especialmente no Novo Mundo. permitindo que o produtor possa exercitar sua criatividade.
Muitos enólogos foram contratados em diversos países. Já os antigos Vins de Table que passaram a se chamar Vins
Isso contribuiu para difundir o modo francês de se fazer de France, possuem regras bastante flexíveis em
vinho. comparação à AOP. Nessa categoria pode-se produzir
vinhos de uvas de qualquer lugar da França e agora é
Para aprender mais sobre a História do vinho na França não permitido estampar no rótulo o nome das uvas e safra do
deixe de ler: vinho, antes proibidos pela legislação.
- O Julgamento de Paris Como em qualquer setor, o aproveitamento de todo o
- Vinho e Guerra material é indispensável para a sobrevivência da empresa.
- Champagne, como o mais sofisticado dos vinhos venceu a Com o vinho não é diferente. Não se pode simplesmente
guerra e os tempos difíceis jogar as uvas que não produzirão os melhores vinhos ou
- Veuve Clicquot desprezar uma região menos beneficiada pela natureza ou
- Adeus aos Escargots pela tecnologia. Por isso existem diversas categorias de
vinhos.
A Legislação vinícola francesa Mas ser um AOP não é garantia absoluta de ser um bom
Em 1935 foi criado o INAO, Institut National des Appéllations vinho. As chances de ser melhor que um IGP são maiores,
d’Origine. Esse instituto foi criado com a missão de naturalmente, mas é preciso ficar atento para vinhos de
estabelecer o sistema de Apéllation d’Origine Contrôllé outras categorias que podem ser tão bons quanto os AOP e
(AOC). que tem um preço certamente mais acessível.
Esse sistema estabelece padrões para categorias de vinhos,
além de comidas como queijos, manteiga e azeites.
Em 2008 o sistema AOC foi revisto e passou a se chamar
AOP (Appéllation d’Origine Protégée). Portanto safras
anteriores a 2008 trarão rótulos ligeiramente diferentes das
posteriores.
A categoria de Vins de Appéllation d’Origine Protégée, AOP,
inclui os melhores vinhos franceses e para entrar nessa
categoria é preciso obedecer a rígidas normas que incluem
a área de produção, variedade de uvas, rendimento por
hectare, práticas nos vinhedos (podas, sistemas de plantio e
irrigação), teor alcoólico e práticas de produção (como o
vinho deve ser feito na vinícola).

33
tivesse, por sua vez, mais 10 filhos... Assim formou-se a
Borgonha colcha de retalhos que é a Borgonha.
Lendo um rotulo da Borgonha
Dicas para entender a Borgonha

1- O Borgonha branco é feito principalmente de Chardonnay


e o tinto, de Pinot Noir. Embora outras uvas sejam plantadas
na região, pouco se considera sua existencia.
2- Beaujolais é considerada uma subregião da Borgonha,
embora sua principal uva seja a Gamay e seus vinhos sejam
completamente diferentes. Muitos autores tratam Beaujolais
como uma região à parte.
3- Na Borgonha, ao contrário da maior parte da França, os
vinhos são monovarietais, ou seja: são feitos de apenas uma
uva.
4- Os vinhedos são determinados pelo terroir desde há
muito tempo. Eles receberam nomes e foram categorizados
pelo nível de qualidade.
5- Não raramente um único vinhedo pertence a diversos
donos. As vezes um plantador possui nada além de algumas
fileiras de determinado vinhedo. Isso quer dizer que você

História poderá encontrar dezenas de vinhos feitos do mesmo

Foi nessa região que, na Idade Média as poderosas ordens vinhedo, porém por produtores diferentes. Um exemplo é o

monásticas da Igreja se estabeleceram. vinhedo Clos de Vougeot, que possui 125 acres e 80

Os monges cisterciences e beneditinos trabalharam o solo proprietários.

da Borgonha e cultivaram as uvas Pinot Noir e Chardonnay. Portanto é possível encontrar 80 rótulos diferentes de vinho

Mais do que isso, eles entenderam a região. Descobriram do mesmo vinhedo. Todos se chamarão Clos de Vougeot

que cada pequena parcela de terra podia gerar um vinho porém de diferentes produtores.

diferente, embora fosse feito com a mesma variedade de 6- Quando há apenas um proprietário o vinhedo é chamado

uva. Durante muito tempo a Igreja deteve enormes parcelas de monopole.

de terra na região. Os vinhedos eram tantos que foi 7- Borgonha passe-tout-grains é o vinho feito a partir de um

necessária a ajuda dos moradores locais para produzir o corte de Pinot Noir com Gamay.

vinho. Dessa forma os monges disseminaram o 8- Até os anos 80 os négociants (comerciantes que

conhecimento que haviam adquirido ao longo dos séculos compram vinhos e engarrafam sob seu nome) controlavam o

trabalhando a terra. comércio de vinhos na Borgonha. Isso se explica devido ao

Quando aconteceu a Revolução Francesa, em 1789, as fato de que pequenos produtores tem dificuldades de

terras que pertenciam à Igreja foram divididas e vendidas. O plantar, produzir e engarrafar o próprio vinho, preferindo

código napoleônico estabeleceu que cada filho herdaria uma vende-lo a um négociant. Hoje em dia, embora eles ainda

parcela igual de terra depois da morte do pai. existam, muitas vezes também plantam sua própria uva.

A partir daí é fácil imaginar o que aconteceu. Se um pai Muitos pequenos produtores também acabaram decidindo

tivesse 10 filhos e 10 hectares de vinhedos, depois da sua por engarrafar sua produção.

morte esse terreno estaria dividido por 10. E se cada filho

34
• Vin de Village: feito a partir das uvas plantadas em
determinada aldeia. O nome dessa aldeia consta
no rótulo.
• Premier Cru: melhor e menor definido lugar de todo
o vinhedo. Pertencem a essa categoria 562
vinhedos. No rótuloconstará o nome do vinhedo
depois do nome da vila.
• Grand Cru: apenas 33 vinhedos se encaixam nessa
categoria. São os vinhos top de linha. Esses
vinhedos são tão famosos que consta no rótulo
apenas seu nome.
As vezes é complicado descobrir se o que consta no rótulo é
o nome do vinhedo ou da vila, especialmente porque muitas
aldeias emprestaram o nome de seus vinhedos mais
famosos, como por exemplo Chambolle-Musigny, que antes
se chamava apenas Chambolle. Portanto fique atento às
diferenças para não comprar gato por lebre. Quando vir um
nome com hífen como esse se tratará de um vinho de
aldeia.
Exemplo, um produtor como o Domaine Roumier prepara 3
vinhos de categorias diferentes na aldeia de Chambolle-
Musigny. Seus rótulos ficarão dessa forma:

Divisão da Borgonha • Domaine Roumier Chambolle-Musigny, vinho de

A Borgonha possui 6 AOPs. Alguns autores consideram aldeia.

apenas 5, excluindo Beaujolais. São elas: • Domaine Roumier Chambolle-Musigny Les

• Chablis Amoureses, um vinho Premier Cru. Les Amoureses

• Côte de Nuits é o nome do vinhedo.

• Côte de Beaune • Domaine Roumier Le Musigny, um Grand Cru.

• Côte Chalonnaise Repare como consta apenas o nome do vinhedo.

• Mâconnais
• Beaujolais Sub regiões:

A famosa Côte d’Or é o nome coletivo dado à Côte de Nuits Áreas vinícolas de Chablis:

e Côte de Beaune. Aqui se produz apenas vinhos brancos de Chardonnay.

Cada AOP possui várias áreas vinícolas com características Petit Chablis

distintas. Dentro de cada área podem existir diversos Pertencem a essa categoria os vinhos mais simples

vinhedos, cada qual com um nome diferente e um nível de Chablis

qualidade que pode ser: Vinhos de melhor qualidade que os Petit Chablis

• Borgonha tinto ou branco: vinho genérico feito a


partir de uvas plantadas em qualquer lugar da
Borgonha.

35
Vilas vinicultoras de Mâconnais:
Premier Cru Chablis Aqui se produz brancos de Chardonnay e tintos de Gamay.
Os seis mais conhecidos vinhedos são: Os vinhos podem ser vendidos como Mâcon, Mâcon
• Fourchaume Supérieur, Mâcon-villages (as vezes o termo é substituído
• Les Forêts pelo nome de uma das 43 vilas ligadas a essa
• Mont de Milieu denominação).
• Montée de Tonnerre Vire-Clessé, Pouilly-Fuissé, Pouilly-Vinzelles, Pouilly-Loché,
• Montmains St- Véran.
• Vaillons
Vilas vinícolas de Beaujolais:
Grand Cru Chablis Aqui é plantada quase com exclusividade a uva Gamay.
Os sete Chablis Grand Cru são: Seus vinhos podem ser vendidos como Beaujolais Nouveau
• Blanchot (lançado no mundo todo em novembro), Beaujolais,
• Bougros Beaujolais-villages e Beaujolais Cru, vindo de 10 dos
• Lês Clos melhores vinhedos. São eles:
• Grenouilles • Brouilly
• Les Preuses • Côte de Brouilly
• Valmur Regnie
• Vaudésir • Morgon
• Chiroubles
Vilas vinicultoras da Côte de Nuits: • Fleuri
Aqui se encontram quase todos os vinhedos Grand Crus. Os • Moulin-á-Vent
vinhos mais longevos da Borgonha são produzidos nessa • Chénas
região. Uma das vinícolas mais famosas do mundo, o • Juliénas
Domaine de La Romanée-Conti, fica em Vosne-Romanée. • Saint-Amour
Marsannay, Fixin, Gevrey-Chambertin, Morey-St-Denis,
Chambolle-Musigny, Vougeot, Vosne-Romanée, Nuits-St- Cremant de Bourgogne
Georges. Os Crémants de Bourgogne são elaborados exclusivamente
pelo método Champenoise e principalmente com as
Vilas vinicultoras da Côte de Beaune: variedades Chardonnay e Pinot Noir. Podem ser produzidos
Essa região produz os únicos brancos Grand Cru fora de em toda a Borgonha.
Chablis e muitos famosos tintos. Chorey-lès-Beaune, Ladoix, Geograficamente são os vinhedos produtores de
Pernad-Vergelesses, Aloxe- Corton, Beaune, Savigny-lès- espumantes mais próximos da incomparável Champagne.
Beaune, Pommard, Volnay, Auxey- Duresses, St-Romain, 240 produtores se dedicam ao Crémant. Eles tem até uma
St-Aubin, Mersault, Puligny-Montrachet, Chassagne- dessas associações, a Union des Producteurs et
Montrachet, Santenay, Maranges. Elaborateurs de Crémant de Bourgogne (UPECB). Existem
brancos e rosés e existem os "Blancs de Blancs" (brancos
Vilas vinicultoras da Côte Chalonnaise: elaborados com variedades brancas ou os "Blancs de Noirs"
Aqui os vinhedos não são contínuos, mas agrupados em (brancos elaborados com variedades tintas). O primeiro
torno de 5 vilas. Existem outros plantios além da uva nessa Crémant foi produzido em 1822, quando os irmãos Petiot,
região.Bouzeron, Rully, Mercurey, Givry, Montagny (apenas negociantes em Chalon-sur-Saône e proprietários de
vinho branco). vinhedos em Mercurey e Rully, trouxeram um jovem
Champenois para a Borgonha.

36
François-Bazile Hubert trouxe os conhecimentos que Além desta combinação um grande chablis fica perfeito se
aprendeu quando trabalhou em uma maison de Champagne servido com lagsta salpicada de manteiga.
e convenceu os irmãos Petiot a lançar o primeiro espumante Os queijos de cabra, o Cîteaux e o Epoisses são os queijos
da Borgonha, chamado: "Fleur de Champagne - Qualité regionais. O Epoisses é o mais famoso e mais antigo queijo
Supérieure ".Em 1927 foram vendidas 1 milhão de garrafas. da região. Este queijo está afinado com marc de Borgonha,
um vinho doce com forte sabor. Combina à maravilha com
Em 17 de Outubro de 1975 nasceu a Appellation d’Origine os vinhos de Borgonha. O Epoisses conta com uma A.O.C.
Contrôlée "Crémant de Bourgogne". (Apelação de Origem Controlada) desde 1991.
A mostarda, o "pain d'épices" (pão à base de mel e diversas
Existem quatro versões. especiarias) e a groselha negra também é um dos
O Crémant de Bourgogne Blanc - elaborado com diversas estandartes da cultura borgonhesa. Esta pequena baga
variedades autorizadas (sim, existem várias variedades negra utiliza-se na fabricação do creme de cássis,
autorizadas na Borgonha), sem que nenhuma predomine, ingrediente indispensável para realizar um Kir, misturado
mas deve ter por lei ao menos 30% de Pinot Noir e/ou de com vinho branco.
Chardonnay.
O Crémant de Bourgogne Blanc de Blancs é elaborado Bordeaux
somente com variedades brancas, principalmente
Chardonnay. As primeiras referências escritas ao vinho produzido em
O Crémant de Bourgogne Blanc de Noirs é elaborado com a Bordeaux remontam ao século IV, quando o poeta galo-
Pinot Noir e é o mais estruturado dos Crémants. romano Ausone, que hoje empresta seu nome a um dos
O Crémant de Bourgogne Rosé, é elaborado com Pinot Noir grandes vinhos de Saint-Émilion, escreveu poemas
100% ou em corte com a Gamay. enaltecendo os vinhos da região - dentre os quais o que ele
Vale lembrar que existe em pouca quantidade o Bourgogne próprio produzia. Há fortes indícios de que por volta desta
mousseux rouge, oficializado por decreto em 1943 época a viticultura se espalhou e consolidou na Aquitânia
sob domínio romano, depois de ter chegado ao Rhône.
A gastronomia da Borgonha Boa parte da reputação do vinho bordalês se estabeleceu
A cozinha da Borgonha é conhecida por sua riqueza, em durante o domínio inglês, a partir de 1152. Com o
grande parte devido a dois fatores: a região os tintos casamento de Eleonora da Aquitânia com Henrique II
pesados e sua posse de uma das melhores raças do mundo Plantageneta, rei dos ingleses e duque da Normandia, a
de carne bovina, os Charolesa. região, assim como boa parte do oeste da França, ficou
Os vinhos são utilizados na preparação dos molhos que separada do restante do país por mais de três séculos, até o
ganham um prato a designação de um la bourguignonne. final da Guerra dos Cem Anos.
Essencialmente, isso significa cozido em molho de vinho Mesmo com a reconquista da região pela França, em 1453,
tinto para que as cebolas, cogumelos e bebê lardons o comércio de vinho com a Inglaterra continuou, já que o
(pedaços de bacon) são adicionados. “claret” – nome dado pelos britânicos ao vinho de Bordeaux
Os clássicos de Borgonha cozidos desta forma são boeuf por sua coloração rubi clara – havia conquistado reputação.
bourguignon e coq au vin. Com o fim do domínio inglês, os comerciantes holandeses
Os escragots são muitos consumidas na Borgonha, também passaram a dominar a compra do vinho da região; foram os
cozidos com chalotas, cenouras, no vinho chablis e holandeses, aliás, os responsáveis pela drenagem dos
finalizados com manteiga de alho. Uma outra receita pântanos que dominavam o Médoc, a mais importante
clássica é o gougere, que é uma espécie de bolo de queijo região de Bordeaux atualmente, no século XVII. A mudança
que é harminazado em perfeição com o chablis. no gosto dos consumidores ingleses, que queriam vinhos
mais concentrados, e a ocupação destas terras drenadas

37
por vinhedos definiram a identidade atual do vinho tinto e muitas vezes se misturam. Já entre os rios Garonne e
bordalês. Dordogne, na área conhecida como Entre-deux-mers (“entre
A segunda metade do século XIX foi bastante agitada na dois mares”), a composição do solo é basicamente argilo-
região: enquanto surtos de míldio e filoxera derrubavam a calcária; este solo mais fértil acaba prejudicando o
produtividade e a qualidade, a classificação de 1855 feita crescimento.
pelo Syndicat de Courtiers estabelecia os melhores vinhos Devido à influência da corrente do Golfo, quente, e à
de Medoc e Graves, estabelecendo denominações que proximidade do amplo estuário do Gironda, o clima é
duram até hoje praticamente inalteradas. A delimitação do bastante ameno, temperado oceânico.
departamento da Gironda e o estabelecimento da Ao sul das áreas vinícolas, a floresta de Landes protege a
Appellation Controlée em Bordeaux só viriam depois, em região de ventos mais fortes vindos do Atlântico e ajuda a
1911 e 1936. estabilizar a temperatura em épocas muito quentes. A
Bordeaux é a região francesa que concentra a maior pluviosidade é mediana, mas variável, podendo-se observar
quantidade de grandes propriedades vinícolas e todos seus diferenças de distribuição dentro da própria região: o Médoc,
vinhos são AOC. Diferentemente da outra principal região, a por exemplo, costuma receber um maior volume de chuvas
Borgonha, aqui os vinhedos são extensos, muitos deles ao por ficar mais próximo ao oceano. A umidade é mais
redor de châteaux, castelos que servem de sede para as elevada nas regiões à beira dos rios próximas à floresta de
grandes casas produtoras. Muitas vinícolas adotaram o Landes, como Sauternes: graças a isso, as uvas brancas
nome château mesmo não possuindo um castelo, tão são atacadas pelo fungo Botrytis cinérea, responsável pela
grande é a associação feita entre vinhos de Bordeaux e os desidratação das uvas que produzem o vinho doce mais
castelos. valorizado do mundo.

Bordeaux em números As uvas


Extensão : 10 000 km² (departamento de Gironde) Mais de 80% da produção vinícola da região é tinta e é
Área vitivinícola: 110 000 ha inevitável a associação do nome Bordeaux com vinhos
Produção : 6 500 000 hl/ano estruturados e elegantes, marcados pela predominância da
Cabernet Sauvignon e da Merlot. Dentre os brancos, porém,
Localização, solo e clima são produzidos alguns dos melhores vinhos doces do
A região produtora dos vinhos de Bordeaux se localiza no mundo, graças à pourriture noble que ataca a Sémillon e a
departamento da Gironda, dentro da região da Aquitânia, Sauvignon Blanc em algumas áreas. Brancos secos muito
sudoeste da França, cortada pelo paralelo 45° - portanto, em bons também podem ser encontrados com as mesmas uvas.
ótima latitude para o vinho. A produção vinícola se concentra O tinto de Bordeaux é famoso e, mais uma vez, se opõe ao
às margens de dois rios principais, o Garonne e o Dordogne, da Borgonha por ser um vinho de corte, isto é, composto por
que ao se encontrarem formam o estuário do Gironda, que mais de uma uva, e não um monovarietal. Cada uva
dá nome ao departamento. desempenha seu papel na mistura, cujas proporções e
Os terrenos são, de modo geral, bastante planos e a protagonistas variam de acordo com a sub-região.
composição do solo favorece a drenagem. Na margem A Cabernet Sauvignon, provavelmente a mais globalizada
esquerda do Garonne e do estuário do Gironda, das uvas, dá vinhos tânicos e complexos e é a tinta
predominam os solos arenosos misturados a cascalho predominante na margem esquerda, mais quente e,
(“graves”, em francês, que dá nome a uma região de portanto, mais propícia a seu amadurecimento. No total, a
Bordeaux cujo solo possui um grosso substrato de Cabernet Sauvignon ocupa 25 000 ha em toda a região.
cascalho). No outro lado, ao longo da margem direita do A Merlot, um pouco mais macia, mas também com boa
Dordogne e do Gironda, a variedade é maior: argila, estrutura, é a mais plantada de Bordeaux, cobrindo
calcário, areia e cascalhos aparecem em diferentes trechos aproximadamente 40 000 hectares, e os vinhos mais

38
reputados em que é a cepa principal do corte são os Margem Esquerda
produzidos na margem direita, de clima mais continental e É na Margem Esquerda que está situada a cidade de
ameno. Bordeaux, principal centro comercial da região vinícola. As
A Cabernet Franc é a mais importante coadjuvante nos áreas vinícolas situam-se a norte e a sul da cidade.
tintos bordaleses , embora em alguns de Saint-Émilion, A norte localiza-se o Médoc, composto pelas sub-regiões do
notadamente o Château Cheval Blanc, seja a uva principal. Bas-Médoc e Haut-Médoc. Raramente na linguagem
Podem também aparecer no corte bordalês, em menor grau, corrente utiliza-se Bas-Médoc ou Haut-Médoc. Costuma-se
as variedades Petit Verdot, Malbec. dizer Médoc como um todo. Quatro comunas despontam no
A mesma coisa acontece dentre as brancas: raramente um Médoc como as mais famosas de Bordeaux: St.-Estèphe,
Bordeaux branco, doce ou seco, será feito com apenas uma Pauillac, Margaux e St.-Julien.
cepa. Ao sul da cidade de Bordeaux localizam-se as sub-regiões
Despontam como principais componentes do bom branco de Pessac-Léognan, Graves, Cérons, e Sauternes e Barsac.
bordalês a Sémillon e a Sauvignon Blanc. A primeira, Sauternes e Barsac é uma só sub-região, sendo o principal
opulenta, doce, untuosa e muito suscetível à pouriturre noble domínio do vinho doce do mundo.
– podridão nobre, a desidratação da uva pelo fungo botrytis, Na Margem Esquerda predomina o solo de cascalho, que
aumentando imensamente a concentração de açúcar da uva facilita a drenagem das águas. A uva que melhor se adaptou
– é sempre a protagonista nos vinhos doces, notadamente a este solo foi a Cabernet Sauvignon, por isso a
os Sauternes e Barsac. predominante na Margem Esquerda.
Já a Sauvignon Blanc, mais ácida, delgada e herbácea,
suaviza a doçura nos vinhos botritizados e é o principal Sub-regiões da Margem Esquerda:
componente dos brancos secos de Graves, mais reputados, - Bas-Médoc (Baixo Médoc)
e de Entre-deux-mers. A Muscadelle entra no corte - Haut-Médoc (Alto Médoc).
principalmente por seu aroma, bastante floral, e sua - Graves (que significa “cascalho” em francês)
jovialidade, mas é cada vez menos plantada devido a sua - Pessac-Léognan
fragilidade a doenças e está mais presente na região de - Sauternes e Barsac
Entre-deux-mers. É possível encontrar também as - Cérons
desinteressantes uvas Ugni Blanc e Colombard em menor
escala.
Entre-Deux-Mers
Sub- Regiões de Bordeaux É o triângulo de terras situado entre os rios Dordogne e
A região vinícola de Bordeaux está estabelecida no entorno Garone, por isso recebe o nome que em português
de três rios: o Dordogne e o Garone, que se juntam e corresponde a Entre Dois Mares: lá são produzidos 80% dos
formam um terceiro rio: o Gironde. Estes três rios dividem vinhos tintos mais básicos que recebem as denominações
Bordeaux em três partes: a Margem Esquerda, a Margem (na França, Appéllation D’Origine Contrôlée ou
Direita (considerando-se o sentido das águas em direção ao simplesmente AOC ou ainda AC. Todos estes termos têm o
Oceano Atlântico para determinar o lado esquerdo e direito) mesmo siginificado que denominação de origem controlada)
e Entre-Deux-Mers (Entre Dois Mares), a língua de terra de Bordeaux ou Bordeaux Supérieur.
situada entre os rios Dordogne e Garone. No interior de Entre-Deux-Mers há oito sub-regiões
Em cada uma das margens, situam-se as sub-regiões, vinícolas, incluindo uma sub-região que recebe também o
conforme abaixo. Dentro de cada sub-região há as mesmo nome. Os bons vinhos brancos secos produzidos
comunas, que são a menor divisão territorial da França, algo nesta sub-região são os únicos que podem receber a
como município. appéllation contrôlée “Entre-Deux-Mers”.

39
Sub-regiões de Entre-Deux-Mers: da terra é transferido para o preço dos vinhos, normalmente
-Loupiac muito caros, tanto no Pomerol quanto em Saint-Émilion.
-Saint-Croix-Du-Mont
-Saint-Foix-Bordeaux Existem alternativas de vinhos menos caros na Margem
-Cadillac Direita. O movimento de qualidade do vinho francês
-Côtes de Bordeaux St.-Macaire alcançou outras sub-regiões de lá. Produtores que já
-Premieres Côtes de Bordeaux possuíam châteaux consagrados em Saint-Émilion ou
-Graves de Vayres Pomerol se beneficiaram da estrutura já existente para
-Entre-Deux-Mers explorar terroirs menos nobres, porém de muito boa
qualidade nessas sub-regiões. Assim como, produtores
Margem Direita tradicionais ou recém-estabelecidos têm investido em
Os vinhos da Margem Direita de Bordeaux são melhores técnicas e equipamentos para produzir com ótimo
predominantemente produzidos com a uva Merlot, ficando a resultado final.
uva Cabernet Franc como a segunda mais utilizada. Lalande de Pomerol, Côtes de Castillon, Fronsac e Canon-
O motivo do predomínio da Merlot em detrimento da Fronsac (uma só sub-região) e Premieres Côtes de Blaye
Cabernet Sauvignon é sua melhor adaptabilidade aos solos destacam-se como opções da Margem Direita aos vinhos de
de calcário, argila e areia que juntos ocupam a maior parte St.-Émilion e Pomerol.
da área da Margem Direita.
Sub-regiões da margem Direita:
As duas sub-regiões mais importantes da Margem Direita - Saint-Émilion
são Saint-Émilion e Pomerol. O preço da terra nas duas sub- - Pomerol
regiões alcançou valores estratosféricos. Segundo Lawrence - Lalande-de-Pomerol
Osborne, autor de “O Conaisseur Acidental”, um ha no - Fronsac e Canon-Fronsac
Pomerol é cotado em 32 milhões de dólares. Este alto valor - Côtes de Blaye ou Blayais

40
3. Classificações comuna (lugarejo) onde foram feitos. Exemplo: Margaux,
Pauillac e Pomerol.
A tipicidade dos vinhos e vinhedos de Bordeaux se deve a
existência de uma hierarquia entre os diferentes terrenos O termo "cru" surgiu na Borgonha e indica uma determinada
(crus) das várias denominações. Existem muitas sub- parcela de terra (terreno) que produz um vinho específico
regiões, apelações e châteaux, portanto, seria melhor cuja características se repetem nas mais variadas safras. Ou
dividirmos os vinhos em 03 categorias: seja, na Borgonha, é o terreno que recebe a denominação
de "cru". Em Bordeaux é diferente. É a propriedade
Genéricos: São os vinhos (brancos, rosés e tintos) que (chateau) que recebe a classificação.
podem ser feitos em qualquer parte de Bordeaux.
Correspondem hoje por aproximadamente 45% da Em 1855, por conta da Exposição Universal de Paris de
produção. Exemplo: Bordeaux Rouge e Bordeaux Supérieur. 1856, o sindicado dos corretores de vinhos de Bordeaux
Regionais: São os vinhos feitos numa sub-região específica. classificou apenas os vinhos do Médoc com base no preço.
Exemplo: Médoc, Haut-Médoc, Graves e Sauternes. Foram classificados 58 vinhos (propriedades) em 05 crus:
Premiers Cru, Deuxièmes Cru, Troisièmes Cru, Quatrièmes
Comunais: São os vinhos mais procurados. Além de Cru e Cinquièmes Cru. Hoje são 61 vinhos.
pertencerem a uma sub-região específica, indicam a
Ch.Lafite-Rothschild (Pauillac);
Ch.Mouton-Rothschild (Pauillac);
Ch.Margaux (Margaux);
4. Premiers Crus Ch.Haut-Brion (Graves - Pessac).

5. Deuxièmes Crus
Ch.Branc-Cantenac (Margaux);
Ch.Dufort-Viviens (Margaux);
Ch.Lascombes (Margaux);
Ch.Raussan-Ségla (Margaux);
Ch.Rauzan-Gassies (Margaux);
Ch.Pichon Longueville Baron (Pauillac);
Ch.Pichon Longueville Comtesse de Lalande (Pauillac);
Ch.Cos d'Estournel (Saint-Estèphe);
Ch.Montrose (Saint-Estèphe);
Ch.Ducru-Beaucailou (Saint-Julien);
Ch.Gruaud-Larose (Saint-Julien);
Ch.Léoville-Las-Cases (Saint-Julien);
Ch.Léoville-Poyferré (Saint-Julien);
Ch.Léoville-Barton (Saint-Julien).

6. Troisièmes Crus
Ch.La Lagune (Ludon);
Ch.Boyd-Cantenac (Margaux);
Ch.Cantenac-Brown (Margaux);
Ch.Latour (Pauillac); Ch.Desmirail (Margaux);

41
Ch.Ferriére (Margaux); Ch.Cos-Labory (Saint Estèphe).
Ch.Giscours (Margaux);
Ch.d'Issan (Margaux); Acontece que muitos vinhos ficaram de fora. Esse
Ch.Kirwan (Margaux); descontentamento fez surgir o "Syndicat des Crus Bourgeois
Ch.Malescot-Saint-Exupéry (Margaux); du Médoc" que criou uma lista paralela dos outros bons
Ch.Marquis d'Alesme-Becker (Margaux); produtores. Em 2003 essa lista se tornou oficial. Foram
Ch.Palmer (Margaux); classificados mais 247 produtores do Médoc. Essa
Ch.Calon-Ségur (Saint-Estèphe); classificação divide os vinhos em 03 categorias: Crus
Ch.Lagrange (Saint Julien); Bourgeois Exceptionnels (9), Crus Bourgeois Supérieurs
Ch.Langoa (Saint Julien). (87) e Crus Bourgeois (151).

7. Quatrièmes Crus 9. Crus Bourgeois Exceptionnels


Ch.La Tour-Carnet (Haut-Médoc); Ch.Siran (Margaux);
Ch.Marquis de Terme (Margaux); Ch.Labégorce-Zédé (Margaux);
Ch.Pouget (Margaux); Ch.Haut-Marbuzet (Saint Estèphe);
Ch.Prieuré-Lichine (Margaux); Ch.Les Ormes de Pez (Saint Estèphe);
Ch.Duhart-Milon-Rothschild (Pauillac); Ch.de Pez (Saint Estèphe);
Ch.Lafon-Rochet (Saint-Estèphe); Ch.Phélan-Ségur (Saint Estèphe);
Ch.Beychevelle (Saint Julien); Ch.Potensac (Médoc);
Ch.Branaire-Ducru (Saint Julien); Ch.Chasse-Spleen (Moulis);
Ch.Saint-Pierre (Saint Julien); Ch.Poujeaux (Moulis).
Ch.Talbot (Saint Julien).
Ainda em 1855, a classificação também atendeu à região de
Sauternes-Barsac.
8. Cinquièmes Crus 10. Premier Grand Cru
Ch.Belgrave (Haut-Médoc);
Ch.Camensac (Haut-Médoc);
Ch.Cantemele (Haut-Médoc);
Ch.Dauzac (Margaux);
Ch.Du Tertre (Margaux);
Ch.Batailley (Pauillac);
Ch.Haut-Batailley (Pauillac);
Ch.Clerc-Milon (Pauillac);
Ch.Croizet-Bages (Pauillac);
Ch.Grand-Puy-Ducasse (Pauillac);
Ch.Grand-Puy-Lacoste (Pauillac); Ch.d'Yquem.
Ch.Haut-Bages-Libéral (Pauillac);
Ch.Lynch-Bages (Pauillac); 11. Premiers Crus
Ch.Lynch-Moussas (Pauillac); Ch.Climens;
Ch.Mouton-Baronne Philippe (Pauillac); Ch.Clos Haut-Peyraguey;
Ch.Pédesclaux (Pauillac); Ch.Coutet;
Ch.Pontet-Canet (Pauillac); Ch.Guiraud;
Ch.Lafaurie-Peyraguey;

42
Ch.Rayne-Vigenau; 14. Premiers Grand Crus "A" (1996)
Ch.Rabaud-Promis;
Ch.Sigalas-Rabaud;
Ch.Rieussec;
Ch.Suduiraut;
Ch.La Tour-Blanche.

12. Deuxièmes Crus


Ch.Broustet;
Ch.Caillou;
Ch.d'Arche;
Ch.de Malle;
Ch.Doisy-Daêne;
Ch.Doisy-Dubroca;
Ch.Doisy-Védrines;
Ch.Filhot;
Ch.Lamothe (Despujols);

Em 1953 (reeditado em 1959), a região de Pessac-Léognan Ch.Cheval Blanc;

se separou de Graves e recebeu a demarcação dos seus Ch.Ausone.

vinhedos (crus). 15. Premiers Grand Crus "B" (1996)


Ch.Beauséjour-Duffau-Lagarosse;

13. Crus Classés Ch.Belair;

Ch.Haut-Brion; Ch.Canon;

Ch.Boscaut; Ch.Clos Fourtet;

Ch.Carbonnieux; Ch.Figeac;

Ch.Dom.de Chevalier; Ch.La Gaffelière;

Ch.Fieuzal; Ch.Magdelaine;

Ch.Haut-Bailly; Ch.Pavie;

Ch.La Mission Haut-Brion; Ch.Trotevieille;

Ch.La Tour Haut-Brion; Ch.L'Angélus;

Ch.La Tour-Martillac; Ch.Beau-Séjour-Bécot.

Em 1954 a região de Saint-Emilion recebeu a demarcação Pomerol é uma denominação muito pequena que ainda não

dos seus vinhedos (crus). A cada 10 anos é feita uma nova possui uma classificação. Mesmo assim, produz alguns

avaliação. A classificação dos melhores é: Premier Grand Vinhos realmente excepcionais, tais como:

Cru ("A" e "B"), Grand Cru Classé e Grand Cru.

43
Ch.Petrus;
Ch.Le Pin;
Ch.Trotanoy;
Ch.L'Évangile;
Ch.La Fleur-Pétrus;
Ch.Le Gay.

Cotes-du-Rhone

Esta região, que alguns chamam, pela tradução ao são cerca de 6000 vinhedos nas mãos de aproximadamente
Português, de Ródano, é marcada por extremos. O Norte 2100 produtores, cooperativas, negociants e associações.
(região setentrional) é frio, repleto de morros rochosos, uma Mais detalhes poderão, também, ser encontrados em meu
massa de granito e xisto com vinhedos encravados em suas post anterior sobre a França.
encostas. Nesta região do norte, florescem, quase que Cerca de oitenta e cinco por cento dos vinhedos da Cotes-
exclusivamente, as cepas Syrah e Viognier. O sul (região du-Rhône, estão divididas entre 12 principais AOCs mais as
meridional), por outro lado, é quente e formado por planícies denominaçãoes Cotes-du-Rhône e Cotes-du-Rhône Village.
cercadas de montanhas, sendo responsável por cerca de Ao Norte as principais são Cote-Rotie, Hermitage, Cornas,
90% dos 80.000 hectares de vinhas plantadas em toda a St. Joseph, Crozes-Hermitage e Condrieu. Já ao Sul,
região de Cotes-du-Rhône. Afora Syrah, no Sul plantam-se, encontramos Chateauneuf-du-Pape, Gigondas, Vaqueyras,
principalmente as; Grenache, Mourvédre e Cinsaut. No total,

44
Tavel, Lirac e Cotes do Ventoux. Vejamos um pouco melhor Saint Joseph – produz cerca de 1,2% dos vinhos da região,
estas denominações: basicamente tintos à base de Syrah. Vinhos de muito boa
Cotes-du-Rhône é uma denominação genérica qualidade, aromáticos, de boa estrutura, densos e
representando praticamente 53% da produção total. Pode elegantes. Prontos para beber após uns dois anos da safra e
ser produzido em qualquer parte da região desde que sejam podendo durar quatro, cinco ou seis anos dependendo do
cumpridas as especificações da AOC que, neste caso, produtor.
determinam que nos tintos seja usado um mínimo de 40% Hermitage – uma das mais nobres e pequenas AOCs , se
da cepa Grenache. São cerca de 171 comunas com 40.000 restrigindo a uma colina com cerca de 140 hectares de
hectares de vinhedos gerando vinhos muito interessantes, vinhedos, mas terroirs muito diversos. Vinhos potentes,
que devem ser tomados jovens, entre três a quatro anos de longevos que começam a apurar, de acordo com Saul
vida. Galvão, após o 10º ano. Elaborado com Syrah, se permite o
Cotes-du-Rhône Village, somente um total de 96 comunas corte com até 15% das uvas brancas Marsanne ou
estão autorizadas a ostentar esta denominação, mas só 19 Roussanne embora, na prática, seja pouco usada.
podem acrescentar seu nome à denominação. Entre as mais Responde por apenas 0,15% da produção.
importantes estão Rasteau, Beaumes-de-Venise e Cairanne. Crozes-Hermitage – terras planas em volta das colinas de
São cerca de 9600 hectares de vinhas plantadas Hermitage. Respondendo por 1.8% da produção da região, é
representando cerca de 9% da produção total da região. uma opção aos caros vinhos de Hermitage. Quase
Aqui encontramos alguns vinhos de grande qualidade, que Cornas – finalizando as principais AOCs do norte do Rhône,
ganham com um pouco mais de guarda estando melhores onde a Syrah é rainha e atinge seu apogeu. Com somente
se tomados entre três a quatro anos podendo, nos melhores 0,12% da produção do Rhône, esta appelattion produz
casos, envelhecer por mais uns três ou quatro. A AOC vinhos modernos, de boa intensidade de fruta, caráter
determina que um mínimo de 50% de Grenache deverá ser longevo e de grande concentração. Elaborados
usado no corte. exclusivamente com Syrah, são vinhos viris, que necessitam
Cote-Rotie – com cerca de 2.9% da produção, encontra-se de tempo para apurar, pelo menos uns seis a sete anos.
localizado no norte do Rhône, produzindo um vinho único,
elaborado com um corte de mínimo 80% de Syrah e um Gigondas – já no Sul do Rhône onde começam a brilhar
máximo de 20% de Viognier uma cepa que, originalmente, é outras cepas. Quase que só vinhos tintos de assemblage,
usada na produção de vinhos brancos. firmes e longevos, elaborados com um corte de Grenache
Os melhores vinhedos estão nas escarpas conhecidas (principal com até 80%)e Mourvédre e Syrah (minímo de
como; Cote-Blonde, de vinhos mais elegantes e aveludados, 15%) necessitando de um mínimo de quatro a cinco anos
e Cote-Brune, com vinhos mais austeros de maior guarda. para apurarem. Existe uma pequena produção de Rosé. A
Em alguns casos podemos encontrar a inscrição Cote-Rotie produção total atinge cerca de 1.19% da produção da
Brune-Blonde, indicando um corte com uvas de ambas as região.
regiões. São vinhos que, quando jovens, são encorpados e Vaqueyras – mais vinhos tintos de assemblage em que a
algo duros, porém quando envelhecem, sete a oito anos, se Grenache segue sendo a principal protagonista junto com
tornam vinhos sedutores, aveludados e plenos de finesse. Mourvédre e Syrah. Os tintos são responsáveis por 97% da
Por isso, são cobiçados no mundo inteiro e, produção, 1% de rosé e 2% de brancos. Os tintos são
consequentemente, caros. complexos, encorpados para serem consumidos entre
Condrieu – com apenas 0,15% da produção total, é uma quatro a seis anos. A região é responsável pela produção de
região onde se elaboram praticamente só vinhos brancos à 1.4% do total do Rhône.
base de Viognier. São vinhos encorpados, de buquê intenso Chateauneuf-du-Pape – o vinho mais importante e
para serem tomados jovens. Os poucos tintos são prestigiado do Sul do Rhône, respondendo por cerca de 3%
perfumados e muito elegantes. da produção. Muito prestigiado e de grande conceito, são

45
vinhos de grande complexidade, ricos, cor intensa, Das diversas denominações das Cotes-du-Rhône, saem
aromáticos, poderosos, de teor de álcool alto (a appelattion alguns vinhos ícones da produção Francesa com preços fora
é a mais seca da região) e longevos devendo ser tomados do alcance da maioria. É, todavia, daqui que também saem
após o quarto ou quinto ano e podendo, os melhores, evoluir alguns dos grandes achados de vinhos Franceses que
até uns 10/12 anos ou mais. Na sua composição podem ser cabem em nosso bolso.
usadas até 13 cepas, mas dificilmente um produtor as têm
todas em seus vinhedos. A legislação não determina
Champagne
porcentuais mínimos ou máximos por cepa e, cada produtor
tem sua receita. Isto gera uma qualidade muito irregular e
Historia do Champagne – De Don Perignon a Nicole-Barbe
estilos variados de vinhos, também em função da
Posardin
diversidade de terroirs. Os mais leves e menos
O Champagne é um vinho espumante originário da região
conceituados, podem ser tomados mais jovens entre dois a
de Champagne, que fica a 150 quilômetros de Paris. A sua
três anos e não devem envelhecer muito. O alto relevo das
descoberta é atribuída ao monge Dom Pérignon (1668-
armas Papais nas garrafas, costuma ser uma boa indicação
1715), cujo nome é hoje uma marca desse tipo de vinho. Ele
de qualidade. As principais uvas usadas, uma mistura de
era o responsável pelas adegas da Abadia de Hautvilleres,
cepas tintas e brancas, são; Grenache, Syrah, Cinsaut,
naquela região francesa e ficou curioso com a afirmação dos
Mourvédre, Counoise, Clairette, Bourbolenc, Roussane,
vinicultores de que certos tipos de vinhos fermentavam
Picpoul, Vaccarèse, Muscardim, Terret Noir e Picardan.
novamente depois de engarrafados. Acontece que, nesse
Apesar de 97% da produção ser de tintos, vem crescendo a
processo, os gases estouravam as rolhas ou arrebentavam
de branco que, dizem, ser muito bom devendo ser tomado
as garrafas. Dom Pérignon então experimentou garrafas
jovem.
mais fortes e rolhas amarradas com arame, conseguindo
Tavel – com cerca de 1,15% da produção da região, quase
obter a segunda fermentação dentro do recipiente... e assim
que exclusivamente terra de vinho rosé. Produzido das
surgiu um vinho espumante e delicioso que depois seria
principais uvas da região mais Carignan, é conhecido como
batizado de Champagne.
o Rei dos Rosés.
No entanto, havia um problema com o vinho: os resíduos da
Lirac – região de produção de brancos, rosés e tintos
segunda fermentação permaneciam na garrafa, fazendo
elaborados com a maioria das uvas da região. Os tintos são
com que a bebida tivesse uma aparência feia, o líquido turvo
frutados e elegantes, necessitando de uns quatro anos para
e não límpido como é hoje. Foi então que a célebre viúva
apurarem. Representa cerca de 0,62% da produção da
Clicquot (Viuve Clicquot), que também virou uma marca de
região.
Champagne, inventou os processos de remuage (girar as
Cotes du Ventoux – a mais recente denominação da região,
garrafas) e dégorgement (degolar). No primeiro os
está localizada ao redor do Mont Ventoux, com 1900 metros
funcionários da adega inclinam e giram as garrafas, fazendo
de altitude, com vinhas incrustadas em até 500 metros nas
com que os resíduos se descolem do corpo do recipiente e
suas encostas. É uma região bem mais fria, com amplitudes
fiquem acumulados no gargalo. Aí então entra o
térmicas maiores, gerando vinhos frescos, frutados e de boa
dégorgement, que retira todas as impurezas, fazendo que o
acidez porém não muito longevos. O melhor, consumir estes
vinho fique límpido e transparente.
vinhos no máximo entre cinco a seis anos.
Até 1846, o Champagne era uma bebida de paladar doce,
São quase 6000 hectares plantados com as principais uvas
não existindo o seco (brut) ou o meio seco (demi-sec). Foi
da região mais Carignan que não pode ultrapassar 30% do
uma firma inglesa que primeiro encomendou um vinho
corte. Aqui se produzem tintos, brancos e algo de rosé,
espumante sem açúcar, durante certo tempo somente
perfazendo cerca de 8.7% da produção total do Rhône.
consumido na Inglaterra.
Hoje o mundo inteiro (inclusive os franceses) aprecia e
consome o Champagne seco, mais vendido que o doce.

46
Mesmo sendo criado no final do século XVII, só no reinado Champagne é sinônimo de sofisticação, elegância e bom
de Luís XV (1710-1774), o Champagne tornou-se uma gosto. Desde os dias em que os Reis da França foram
bebida famosa. Sua amante, Madame Pompadour, que ficou coroados em Reims, o champanhe tem sido considerado a
conhecida também pelo apoio que dava às artes, exaltava a bebida dos reis, das grandes celebrações, das grandes
bebida. Dizem que a origem do formato das taças usadas vitórias (e também consolo nas derrotas) e dos melhores
para se tomar o vinho foi inspirada no formato dos seus momentos da vida.
seios. Que seja. Mas, durante a Revolução Francesa, o Um grande vinho de Champagne é uma verdadeira festa
Champagne tornou-se uma bebida maldita por sua para os sentidos, com a interminável dança das bolhinhas
associação com a nobreza e o luxo da corte francesa. No no copo, que seduz e hipnotiza, passando pelos nobres
Império de Napoleão o vinho foi reconduzido ao seu lugar de aromas de frutas, tanto cítricas quanto secas (amêndoas,
destaque. A primeira marca de luxo do Champagne (Cuvée avelãs) e panificação, terminando na boca numa explosão
de Prestige) foi feita por ordem do Czar Alexandre II, quando de sensações tácteis, com frescor, efervescência delicada e
da ocupação da França pelas tropas russas. As primeiras longa persistência aromática.
embalagens foram feitas em garrafas de cristal puro. Daí a Estas bebidas de excepcional qualidade tem como origem
marca Cristal. O sucesso do vinho atingiu o apogeu na Bèlle uma região vinícola de beleza ímpar, Champagne, na
Èpoque e a partir daí acabou conquistando todo o mundo. França, situada muito perto de Paris, onde os vinhedos são
Nos últimos três séculos, os vinhos de Champagne têm feito cultivados como jardins, em suaves encostas onduladas nas
parte da arte de bem viver e até hoje são um dos principais proximidades de Reims e Epernay.
símbolos da França. Em qualquer parte do mundo,

A região e a legislação

local. Desde esta época, somente três tipos de uvas são


A região demarcada de Champagne foi oficialmente permitidos para a produção de champanhes: Chardonnay,
instituída em 1927, de acordo com a história de produção de Pinot Noir e Pinot Meunier (a primeira branca e as duas
vinho de cada uma das pequenas cidades ou villages do últimas, tintas). Além disso, estritos regulamentos foram

47
criados para limitar a quantidade de uvas produzidas e por Champagnes Demi-Sec, que possuem um caráter
conseqüência, a quantidade de champanhe produzido nas adocicado, muito apreciados para acompanhar frutas ácidas
vinícolas, garantindo um elevado padrão de qualidade. e sobremesas. No entanto, as grandes estrelas de cada uma
Desta forma, se estabeleceram regras para a poda, para o das grandes Casas de Champagne são os chamados
espaçamento entre as videiras e se instituiu a colheita Special Cuvées, que também podem ser ou não com safra
manual obrigatória. O único método permitido para a indicada. Estes champanhes são elaborados com os
produção de champanhes é o méthode champenoise, onde melhores vinhos da região, possuindo grande complexidade
a segunda fermentação, que produz as delicadas bolhinhas e distinção, envelhecendo na garrafa com muita nobreza.
de gás carbônico dissolvidas no vinho, deve ser feita em
garrafas, que deverão permanecer nas cavas subterrâneas
por um período mínimo de 15 a 36 meses, dependendo do
estilo do champanhe produzido. As quatro famílias
Para se assegurar o cumprimento de toda esta legislação e Podemos identificar quatro principais famílias de
também para proteger o nome Champagne de usos não champanhes: os que possuem corpo, sensuais, potentes,
adequados, foi criada uma entidade denominada Comité estruturados e intensos, com aromas de carvalho,
Interprofessionnel du Vin de Champagne (CIVC), uma especiarias e toques de frutas vermelhas; os champanhes
associação que representa todas as Casas de Champagne com espírito, vivos, leves e delicados, com aromas cítricos
e produtores de uvas e que zela pela elevada qualidade dos predominantes; os champanhes com coração, generosos e
vinhos produzidos. calorosos, com seus aromas de brioches, mel e canela e
Na verdade, o CIVC é hoje muito mais do que isto, pois finalmente os champanhes com alma, maduros, complexos
realiza pesquisas de ponta em sua sede em Epernay, e ricos, com toques de especiarias raras e frutas secas.
buscando melhorar cada vez mais a qualidade dos vinhos,
mas sem nunca perder de vista as tradições da região e as Harmonização eno-gastronômica
características inconfundíveis dos vinhos de Champagne. A harmonização de champanhe e comida se faz de acordo
com as características de cada uma das famílias acima
Estilos citadas. Desta forma, champanhes com corpo são boa
Na verdade, cada Casa de Champagne produz uma gama companhia para foie gras, presunto Parma, assados e aves.
de vinhos diferentes, cada um exibindo um estilo bastante Os champanhes com espírito se casam bem com peixes,
particular. O vinho mais representativo de um produtor sorbets e sobremesas geladas, e também são ideais como
costuma ser o Champagne Brut Non-Vintage, produzido aperitivo. Os champanhes com coração se harmonizam com
habitualmente pela mistura de vinhos de diferentes safras, pratos agridoces, cordeiro, gratinados, sobremesas quentes
alguns bastante antigos (vinhos de reserva); a seguir, o e frutas vermelhas. Por fim, os champanhes com alma, que
Champagne Vintage, onde se usam uvas de uma única de tão extraordinários, merecem ser desfrutados por si só,
safra, produzido somente em anos de excepcional em atitude contemplativa e de reverência.
qualidade. Estes vinhos têm muito caráter e costumam Para facilitar a escolha, seguem alguns exemplos de cada
evoluir de forma magnífica com o passar dos anos. um dos estilos: corpo (Brut Vintage, Brut Non-Vintage jovem
Um outro estilo bastante prestigiado é o Rosé, que pode ser com predomínio de Pinot Noir, Brut Non-Vintage Rosé
Non-Vintage ou Vintage, produzido tanto por maceração envelhecido), espírito (Brut Vintage Blanc de Blancs, Brut
(contato da casca das uvas tintas com o suco), como pela Vintage ou Non-Vintage com predomínio de Chardonnay),
mistura de vinhos brancos com vinhos tintos, antes da coração (Brut Vintage maduro, Brut Vintage envelhecido,
segunda fermentação na garrafa. Estes champanhes com predomínio de Pinot Noir, Demi-Sec Non-Vintage
costumam ter muita estrutura e também têm um ótimo maduro, Brut Vintage Rosé maduro) e alma (Cuvées de
potencial de envelhecimento na adega. Existem ainda os Prestígio, Champagnes Vintage raros e envelhecidos). Tente

48
descobrir, pela degustação, em qual das quatro famílias se Para se servir um champanhe deve-se ter atenção à alguns
enquadram os seus champanhes prediletos. Além de preceitos básicos. O primeiro diz respeito à temperatura, que
educativo, será certamente muito divertido e prazeroso. deve se situar em torno dos 8oC, podendo chegar a 10oC
Um dos mitos mais difundidos da harmonização de para os grandes champanhes. Para se atingir esta
champanhe com comida diz que o champanhe é um vinho temperatura, bastam cerca de 20 a 30 minutos num balde
que acompanha toda a refeição. Esta é uma verdade com água e gelo ou 3 horas de refrigerador. Não coloque
relativa, pois para que a harmonização seja perfeita, será seu champanhe no freezer. Atenção na hora de abrir a
necessária a utilização de vários estilos de champanhe na garrafa, não permitindo o estouro da rolha, pois isto tem
refeição, sendo desta forma possível se tomar champanhe como conseqüência a perda das preciosas bolhinhas. Abra a
desde a entrada até a sobremesa. garrafa com um suspiro. Por último, sirva na taça adequada,
O serviço do champanhe a do tipo flûte, previamente esfriada.

Alsacia

A Alsácia é a mais peculiar das regiões produtoras de vinho Germânico, que cedeu à França nesse último ano, pelo
da França. Situada entre as margens do rio Reno (a leste), Tratado de Westfália, a parte sul de seu território. Anos mais
que delimita hoje a fronteira franco-alemã, e a cordilheira de tarde, em 1681, a parte setentrional, onde se situa
Vosges (a oeste), esta região tem uma história conturbada, Estrasburgo, foi também anexada ao território francês.
pontuada por guerras e conflitos, o que fez com que fosse Dessa forma, durante um longo período, que terminou em
considerada, por várias vezes e de forma alternada, território 1871, a Alsácia (juntamente com a Lorena), foi área
alemão e francês. integrante da França.
Para não irmos ainda mais longe no tempo, entre os anos Vencida na guerra de 1871 contra o Império Alemão, a
962 e 1648, a Alsácia fazia parte do Sacro Império Romano- França cedeu o território ao seu tradicional inimigo, só

49
retomando-o em 1919, com a vitória dos aliados na I Guerra levado tão a sério quanto na Borgonha, e o resultado são
Mundial. O Tratado de Versalhes sacramentou o fato. A vinhos brancos de grande equilíbrio e fineza. Granito, argila,
Alsácia permaneceu francesa até 1940, quando as forças do calcário, areia e greda são os elementos que constituem
III Reich invadiram a França e tomaram-na. A retomada esse rico mosaico de terrenos, fruto do desmoronamento de
francesa ocorreu pouco depois, em 1945, com a derrota partes das montanhas do maciço de Vosges e da Floresta
alemã. Desde esta data, a região pertence à França. Negra, ocorrido há cerca de 50 milhões de anos.

Tantos conflitos tem seu motivo, pois a Alsácia e a Lorena Uvas clássicas
são zonas estratégicas, perto de onde começa o rio Reno, As castas brancas dominam a Alsácia. Apenas 8% dos
que atravessa seis países (Suíça, Áustria, Liechtenstein e vinhos são tintos ou rosés (geralmente para consumo local)
Países Baixos, além de França e Alemanha) e deságua no e os restantes 92% são utilizados na elaboração de vinhos
mar do Norte. Hoje, ela é uma das províncias francesas brancos tranquilos e espumantes. As variedades principais
mais ricas (a segunda do país, atrás apenas de Ilê-de- são sete:
France) e de extrema importância política e econômica, RIESLING – Tida por muitos como a melhor casta branca do
lembrando que em Estrasburgo situa-se a sede do mundo, a Riesling é a grande estrela da Alsácia, seguida
Parlamento Europeu. perto pela Gewürztraminer. Dá origem a vinhos de grande
Por tudo isso, a Alsácia possui hoje uma forte identidade fineza e elegância, com aromas delicados de frutas cítricas e
cultural, às vezes francesa, às vezes alemã, o que torna a tropicais, além de notas florais e minerais.
visita a essa belíssima região, arduamente reconstruída GEWÜRZTRAMINER – Os vinhos feitos com esta uva são
depois da destruição da II Guerra, uma experiência célebres. Têm aspecto dourado, aromas intensos de frutas
extremamente rica e curiosa. (grappefruit, lichia, marmelo), florais e de especiarias
(pimenta, canela), como denuncia seu próprio nome: Würze
O vinho alsaciano significa especiaria em alemão. Seus vinhos são os
Diante de tantos conflitos ao longo dos séculos, houve algo parceiros ideais da exótica gastronomia asiática,
na Alsácia que sempre esteve acima das disputas franco- principalmente a tailandesa. Carne de porco e de ganso
germânicas: o seu vinho. Em especial, o branco, tão famoso também vão muito bem eles.
e aclamado mundialmente. Quando alguém fala em Riesling PINOT GRIS – Uva cinzenta e levemente azulada, com ela
e Gewürztraminer, a primeira associação que se faz é com se produz os vinhos mais encorpados e macios e com
essa maravilhosa província (por enquanto) francesa. menor presença aromática. Extremamente gastronômico,
Região produtora de vinhos da Alsácia se estende por 110 por suas características, pode lembrar um bom branco da
quilômetros desde a cidade de Thann, perto da fronteira Borgonha. Seu antigo nome era Tokay Pinot Gris.
suíça, até Marlenheim, ao norte, próximo de Estrasburgo. A PINOT BLANC – Vinhos de aromas agradáveis e discretos.
zona vitivinícola se divide em duas, Alto Reno e Baixo Reno. Frescos, macios e redondos.
Percorrer a “Rota do Vinho”, que corta todo o território, e MUSCAT D’ALSACE – Produz brancos com aroma bem
visitar suas encantadoras cidades medievais e seus característico. O vinho é seco, ao contrário do que acontece
vinhedos realmente vale a pena. É imprescindível passar por com as castas da família da Muscat no sul da França, que
Colmar, Turkheim, Riquewir, Ribeauvillé, Selestat, Obernai são doces.
e, finalmente, Estrasburgo, a metrópole regional, com todos SYLVANER – Vinhos leves e refrescantes, com aromas
seus encantos e sua rica vida cultural e gastronômica. agradáveis, frutados e discretos. Muito popular na Alemanha
A variedade de microclimas e solos que se encontra pelo (Francônia).
caminho é enorme, o que possibilita ao vinhateiro alsaciano PINOT NOIR – É a grande representante tinta da região,
adaptar da maneira mais sábia as uvas regionais aos consumida mais localmente. Os vinhos são menos
terrenos mais adequados. O peso do conceito de terroir é ali concentrados e mais leves que os da Borgonha.

50
ITALIA

Classificações
Todos os vinhos alsacianos são da categoria AOC
(Appellation d’Origine Controlée). Ligados à tradição alemã,
os vinhos ostentam no rótulo o tipo de uva com que são
feitos – quando são monovarietais (100% da mesma uva na
maioria dos casos). Quando se utiliza uma mistura de várias
cepas, o nome “Edelzwicker” aparece no rótulo. São três as
categorias dos vinhos:
AOC ALSACE – 12 mil hectares de vinhedos – A
denominação mais comum. Abarca a maior parte dos
vinhedos.
A Itália é um emaranhado de 20 regióes produtoras com
AOC ALSACE GRAND CRU – 500 hectares de vinhedos –
cerca de 37 sub-regiões produzindo vinho com mais, ou
Esta denominação só pode ser utilizada por quatro castas:
menos qualidade, com diversos estilos usando uma boa
Riesling, Gewürztraminer, Muscat e Pinot Gris. O terroir
parte de seu rico acerco de cerca de 2000 cepas
desempenha fator preponderante. Leva-se em conta
autóctones. Destas, cerca de 350 possuem autorização dos
também o rendimento por hectare e o grau de açúcar das
órgãos regulamentadores para a produção de vinhos finos,
uvas. São 50 os vinhedos Grand Cru da Alsácia e devem ser
mas cerca de 500 outras são usadas em vinhos mais
mencionados nos rótulos.
caseiros. São um total de cerca de 900 mil vinhedos
AOC CRÉMANT D’ALSACE – Os vinhos espumantes da
registrados, produzindo cerca de 18 a 20% da produção
região, que gozam de grande prestígio, pertencem a esta
mundial, em algo próximo a 715 mil hectares. Da produção
categoria . São elaborados pelo método tradicional como o
total de cerca de 41 milhões de hectolitros (cerca de 5
Champanhe (segunda fermentação na garrafa) e são
bilhões e meio de garrafas) em 2007, redução de cerca de
brancos na sua maioria. Pinot Blanc, Riesling, Pinot Gris,
13% com relação a 2006 de acordo com dados do Istat –
Pinot Noir e, raramente, a Chardonnay, são as uvas
instituto oficial de dados estatísticos, 46% é de vinhos
utilizadas. Os rosés são feitos exclusivamente com a uva
brancos e o saldo de tintos e rosados.
Pinot Noir.
Deste volume, cerca de 37% é exportado, fazendo da Itália o
maior exportador mundial, sendo os Estados Unidos e
Alemanha seus maiores mercados.
Enotria, ou “Terra do Vinho” nome dado pelos Gregos da
antiguidade a terras italianas quando aportaram na região
hoje conhecida como Calábria, foi uma premonição do que a
Itália significaria para nossa vinosfera. Foi por volta do
século IV a.c., que o vinho foi inicialmente introduzido nas
regiões da Sicília, Puglia e Toscana, mas foram os romanos,
todavia, que o disseminaram pela Europa. Mil anos de
rivalidade feroz entre as cidades-estados com uma enorme
profusão de bandeiras até 1861, quando da unificação da
Itália, gerou a forma da viticultura atual com toda a sua
enorme diversidade. Cada uma dessas bandeiras protegia

51
sua cultura, tradição e produção locais, gerando uma indústria de vinho italiana. As leis básicas que regulamentam
grandiosa diversidade de cepas e estilos com pouquíssim a produção, as uvas utilizadas para vinhos específicos, as
intercambio entre regiões. A região de Chianti, por exemplo, restrições de áreas para plantação, as práticas viticulturais e
está virtualmente intacta desde o século XIV. Após a a quantidade máxima e mínima de álcool foram definidas
segunda guerra mundial, começa uma pressão e demanda naquela época. Foram estabelecidas três categorias:
por vinhos de maior qualidade forçando a industria vinícola
italiana a investir fortemente numa mudança de rumos que Vino da Tavola
culminou na 1ª regulamentação em 1963 e no surgimento Também conhecida como vinho de mesa, mas com algumas
dos famosos Supertoscanos. exceções, vinhos simples, saborosos e baratos, tomados
todos os dias. Ironicamente, esta categoria também
representa alguns vinhos classificados como Super
Toscanos, que são mais caros.
Histórico
A Itália é o líder mundial de vinho, produz e consome mais I.G.T. (Indicazione Geografica Tipica)
vinho que qualquer outro país no mundo. Há 1,2 milhões de Em 1992, entre muitas mudanças feitas, as leis Goria foram
vitivinicultores italianos e o consumo per capita é de 104 passadas para trazer maior flexibilidade à produção e
litros por pessoa. Os vinhos italianos correspondem a 60% adicionar uma nova categoria. A IGT (Indicazione
dos vinhos importados pelos EUA e os vinhos também são Geografica Tipica - Indicação Geográfica Típica), tornou-se
exportados para a Alemanha e para a França. uma nova classificação regida por lei, substituindo a Vini
A expansão dos vinhos italianos é surpreendente, tanto pela Tipici como a base na pirâmide de qualidade. Ironicamente,
quantidade dos tipos de uva como pelos estilos diferentes de alguns vinhos mais caros e mais conceituados, antigamente
vinhos. O interesse pelos vinhos italianos está crescendo e, vendidos como Vino da Tavola, podem ser encontrados
embora seja um assunto que tende a ser confuso, as agora "atualizados" para IGT.
recompensas estão aqui para aqueles que persistirem. Os
clientes que procuram se aventurar com novos vinhos e D.O.C. (Denominazione di Origine Controllata)
procuram vinhos que combinem com a comida estão Há, aproximadamente, 250 zonas de DOC e 700 vinhos
voltando às variedades italianas tradicionais, tais como italianos estão nesta classificação. Entretanto, somente uma
Sangiovese, Barbera e Pinot Grigio. pequena porcentagem desses vinhos tem alguma
Produtores americanos das variedades italianas mais viabilidade comercial. Apenas vinte DOCs representam 45%
populares, os assim chamados "Cal-Itals", da Califórnia, da produção total de DOC do país.
também estão voltados ao prazer exclusivo das variedades
italianas. Várias áreas de crescimento na Califórnia, D.O.C.G. (Denominazione di Origine Controllata e Garantita)
incluindo Napa Valley, Sonoma e a Sierra Foothills, Primeiramente classificados em 1970 com a intenção de
aparecem bem situadas, pois produzem as variedades de adicionar uma classificação de qualidade para o topo da
uvas italianas que são cultivadas em climas quentes e solo pirâmide de vinho. Os 14 vinhos DOCG indicam a mais alta
úmido. qualidade (vinhos que não são apenas "controlados", mas
As Leis dos Vinhos Italianos "garantidos").
Como os franceses, os italianos têm um sistema de leis de Os vinhos DOCG são os nomes famosos como Barolo,
vinho para regularizar a indústria. Essas leis de vinho Barbaresco, Chianti, Brunello di Montalcino e Vino Nobile di
modernas foram estabelecidas em 1963 para dar estrutura à Montepulciano. Vinhos adicionais são solicitados por meio
indústria de vinho não regularizada. O sistema tem algumas de classificação de DOCG, para que o grupo de 14 vinhos
peculiaridades, mas pode ser um ponto útil de referência existentes continue crescendo.
para consumidores interessados em aprender sobre a

52
As Regiões Lombardia. Franciacorta é uma pequena denominação de
alta qualidade que é muito conhecida pelos vinhos
NOROESTE espumantes produzidos pelo Méthode Champenoise.

Piemonte NORDESTE
O Piemonte produz o que podemos descrever como os
melhores vinhos tintos da Itália. No Piemonte, há 38 zonas Veneto
DOCG e 43 tipos de vinho. Diversos vinhos DOCG A maior região nordestina da Itália abriga as três regiões de
conhecidos vêm de Piemonte. vinhos mais importantes conhecidas como Tre Venezie
O Barolo DOCG é um vinho rico e poderoso feito com uva (Três Venezas) por fazerem parte do reino Veneziano.
Nebbiolo e vem de uma região com o mesmo nome. Barolo Veneto é a terceira em produção depois da Puglia e da
tem quatro anos de envelhecimento, é especificado como Sicilia e tem os vinhos mais famosos da Itália.
Riserva (cinco anos de envelhecimento ganha uma Os vinhos da área dos arredores da cidade de Verona
designação de Riserva Speciale). incluem o vinho branco Soave, o espumante Prosecco e os
O Barbaresco DOCG também é feito de Nebbiolo e tem o tintos Valpolicella e Bardolino.
mesmo nome da área e da cidade. Levemente mais suave Os vinhos Valpolicella estão entre os mais suaves e frutados
que o Barolo e mais jovem, é outra marca de referência dos da Itália, produzido com as uvas Corvina, Rondinella e
grandes e ricos vinhos tintos italianos. Molinara. Passito é o termo italiano para vinho de uva seca e
O Gattinara DOCG é o terceiro vinho do Piemonte mais Valpolicella tem duas versões: Recioto della Valpolicella que
cotado. Também é feito com Nebbiolo e tem o nome de uma é feito com uvas secas em um estilo doce; e a versão seca,
pequena região onde é feito, mas é mais leve que os outros um dos vinhos mais famosos da Itália, o Amarone della
dois. Barbera é a maior plantação de uva no Piemonte e os Valpolicella. Bardolino utiliza as mesmas uvas básicas que o
vinhos Barbera D´Alba DOC são engarrafados com o nome Valpolicella. Pode ser suave e tinto, ou rosé (um estilo
da uva e não com o nome da área. Barbera é saboroso, chamado chiaretto).
tânico e com grande frescor conferido pela acidez. O vinho branco Soave é feito com uvas Garganega e
Outro vinho nomeado pela variedade e não pela região, é o Trebbiano e embora seja geralmente seco, existe nos estilos
Dolcetto D´Alba DOC, outro vinho tinto mais leve que os doce (recioto) e espumante. Soave perde apenas em
piemonteses freqüentemente gostam com o primeiro prato. volume para o Chianti, entre os vinhos DOC e o Prosecco é
O Asti Spumante DOCG e o Moscato d'Asti DOCG oferecem o segundo vinho espumante mais requisitado depois do Asti.
vinhos frisantes e espumantes feitos, geralmente, com uvas A área Breganze, com alguns vinhedos nos pés das
Muscat e pelo método Charmat. montanhas dos Alpes e alguns no solo pedregoso ao norte
Grignolino DOC, um vinho rose seco suave e saboroso é, às da cidade de Vicenze, produz uma variedade de uvas
vezes, encontrado em estilos que são um pouco internacionais e italianas.
"petillant", ligeiramente frizante.
Os vinhos brancos notáveis produzidos na região incluem o Friuli-Venezia Giulia
Arneis e o Gavi (Cortese). A Segunda das Tre Venezie, Friuli, fronteira com a Áustria
Lombardia ao norte e Eslovênia ao leste. Embora a Itália seja
Lombardia é a região mais popular e industrializada da Itália. conhecida no mundo do vinho por seus vinhos tintos, os
Entre as regiões produtoras de vinhos estão Valtellina, com vinhos brancos do Friuli são responsáveis pelo
vinhos de estilo leve feitos com Chiavennasca (um sinônimo reconhecimento desta região. Os melhores vinhos são de
para Nebbiolo) e Oltrépo Pavese, que trabalha com a maior uma série de encostas chamadas Colli: Colli Orientali del
produção de qualquer zona DOC e tem direito a mais da Friuili (leste), Colli Grave del Friuli (oeste) e Colli Goriziana
metade da produção de vinhos tintos e brancos de (Gorizia). Os vinhos brancos incluem Pinot Grigio, Pinot

53
Bianco, Tocai Friulano, Ribolla Gialla, Sauvignon Blanc e O melhor vinho Toscano é o Brunello de Montalcino DOCG,
Gewürztraminer. Friuli também produz vinhos tintos mais da cidade com o mesmo nome no sul do distrito de Chianti.
leves como Pinot Nero (Pinot Noir), Merlot e Cabernet Brunello é um termo local referente a variedade de uvas
Sauvignon. Sangiovese. Estes vinhos são de qualidade superior e
produção limitada. Intenso, concentrado e tânico, eles
Trentino-Alto Adige tendem a requerer um envelhecimento longo (mais de 30
A maior parte dessa região, que faz fronteira com a Áustria, anos), embora alguns produtores estão fazendo um estilo
está dividida em nativos alemães do Alto Adige (Süd Tirol) mais acessível. Rosso di Montalcino DOC é um vinho mais
ao norte e de nativos italianos de Trentino ao sul. A região barato, pronto para beber em versões de safras mais novas
norte produz uns dos melhores vinhos brancos da Itália, ou de frutas de qualidade inferior.
incluindo Pinot Grigio, Chardonnay, Pinot Bianco, Riesling e
Müller-Thurgau e alguns vinhos tintos, como, Cabernet
Sauvignon, Merlot e o local Schiavo e Lagrein. Em Trentino, Outros vinhos da Toscana:
ao sul, os vinhos incluem o excelente Chardonnay e uma Vino Nobile di Montepulciano DOCG
variedade de vinhos tintos, como o Teroldego. Da cidade com o mesmo nome, estes vinhos são feitos
basicamente com as mesmas uvas e a mesma
ITÁLIA CENTRAL "assemblage" que o Chianti, embora o clone Sangiovese
neste distrito seja o Prugnolo Gentile. Vino Nobile di
Emilia-Romagna Montepulciano foi o primeiro DOCG e há outros exemplos
O vinho mais famoso desta região é o Lambrusco. excelentes.
Lambrusco pode ser frisante ou seco e saboroso e os estilos Carmignano DOCG
branco e tinto são feitos com diversas uvas brancas e tintas Este é um vinho tinto seco feito de uma mistura parecida
do mesmo nome. Um vinho branco DOCG notável também com o Chianti, embora o Cabernet Sauvignon também
vem da Emilia-Romagna. Chamado Albana di Romagna possa ser utilizado.
DOCG, está classificado desde 1987. Este vinho é vinificado Vernaccia di San Gimignano DOCG
com uma uva com o mesmo nome em estilos que variam do O melhor vinho branco toscano, é vinificado com uma
seco ao semidoce. variedade de uvas do mesmo nome. Um vinho fresco com
um sabor de amêndoa e de textura suavemente oleosa.
Toscana
Chianti é a maior zona de vinho existente na Toscana. O que é um Super Toscano?
Todas as zonas são status DOCG e estão divididas em sete O fenômeno Super Toscano começou nos anos 70, quando
distritos. Dois distritos têm vinhos disponíveis no mercado alguns produtores decidiram começar a criar um novo estilo
mundial. Chianti Classico (Classico se refere à área não de vinho. Os vinhos eram chamados Super Toscanos,
definida para uma reserva ou um posterior engarrafamento) porque eram produzidos fora da zona do Chianti, ou porque
e Chianti Ruffina. suas uvas eram misturadas com outras variedades
Adicionando aos seus distritos de produção, os vinhos (Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Cabernet Franc) que
Chianti variam em estilo de acordo com o envelhecimento. não eram aceitas pelos requerimentos do DOCG para o
Chianti DOCG é sempre um vinho tinto seco, com notas de Chianti, ou porque tinham 100% de Sangiovese que,
fruta muito concentrada, mas, freqüentemente, feito antigamente, era proibido na zona do Chianti.
diretamente com as uvas Sangiovese. Chianti combina com Por mais que as misturas diferissem de um produtor para
comidas e seus sabores e aromas de violeta e cereja são outro, o que estes vinhos tinham em comum eram as
impressionantes. Chianti pode durar dez anos ou mais se for etiquetas com preços muito caros. O Super Toscano mais
bem armazenado. famoso, como o Sassiscaia e Solaia, pode induzir

54
colecionadores a gastarem mais de U$ 200 em uma garrafa um tinto tânico e encorpado, feito com a uva Aglianico,
de uma boa safra. Os vinhos podem variar de estilos, do Lacrima Christi (lágrimas de Cristo), mais conhecido como
Chianti ao Bordeaux, do Bordeaux ao Californiano, vinho dourado, mas também nos estilos tinto e espumante e
dependendo do "assemblage". Greco di Tufo, da uva Greco, uma das uvas mais antigas de
origem grega.
Umbria
Aqui você encontrará outro vinho branco seco fresco,
Orvieto DOC, tem o mesmo nome da cidade. Originalmente Sicilia
apenas feito em um estilo semi-doce, o vinho deve ser, no Esta ilha ao sul é mais conhecida pelo vinho de sobremesa
mínimo, 50 % Trebbiano. Marsala, mas também produz dois outros vinhos âmbar
Torgiano é um vinho tinto fino e uma denominação de doces e ricos. Moscato Passito di Pantelleria e Malvasia
mesmo nome, as uvas são Sangiovese. Outro DOCG bem delle Lipari. O parreiral controlado pelo estado, Corvo,
conceituado é o vinho tinto Sagrantino de Montefalco, feito embora não seja um DOC, produz um vinho de boa
com uva local do mesmo nome. Este vinho também é qualidade. Regaleali planta as uvas em altas altitudes para
vinificado em um estilo passito. contrabalançar a temperatura quente da Sicília, seu melhor
vinho é chamado Rosso del Conte.
Lazio
A área que cerca Roma é conhecida como Frascati, um
vinho branco seco feito com Trebbiano e Malvasia.

Marche
Lar do Verdicchio, um vinho branco seco excelente e barato
feito com uvas do mesmo nome. Castelli di Jesi & Matelica é
o produtor mais renomado.

Abruzzo
Apenas três tipos de vinho aqui.
Montepulciano d'Abruzzo, vinho tinto feito com uva do
mesmo nome (não confunda com a cidade Toscana!),
Cerasuolo, um vinho tinto mais suave com aroma de cereja
feito com a mesma uva e Trebbiano d'Abruzzo, um vinho
branco feito com Trebbiano.

SUL
Puglia
No sul são feitos mais vinhos na Puglia que em qualquer
outra região. Os vinhos aqui tendem a ser grandes, ricos e
alcoólicos, feitos originalmente com Aleatico, Negro Amaro e
Malvasia Nero.

Campania
Campania é a região que produz os vinhos mais finos e de
alta qualidade do sul. Os vinhos incluem o DOCG Taurasi,

55
Resumo de Dados por Principais Regiões Produtoras

Produção em
Região Hectolitros Hectares Principais Cepas Vinhos e Denominações

2.800.000 7 DOCGs – sendo os principais; Chianti (7 sub-


Brancas; Trebbiano, Malvasia e regiões), Chianti Clássico, Brunello di Montalcino,
Toscana
Vernaccia di San Gimignano. Vernaccia, Nobile de Montepulciano, Morellino di
70% dos vinhos são
64.000 Tintas; Sangiovese/Brunello, Scansano e 44 DOCS – sendo os principais;
tintos.56% são DOC
Canaiolo, Mammolo, Colorino, Bolgheri, Vin Santo, Valdichiana, Rosso di
ou DOCG.
Merlot e Cabernet Sauvignon. Montepulciano, Rosso di Montalcino Val d’Arbia,
Val di Corta e San Gimignano.

2.700.000 Tintas; Barbera, Nebbiolo, 7 DOCGs – sendo as principais, Barolo, Asti,


Piemonte
Dolcetto, Merlot, Pinot Nero, Barbaresco, Gavi, Langhe, Gattinara e 44 DOCS
70% dos vinhos são
58.000 Cabernet Sauvignon, Grignolino, – entre eles os; Barbera d’Alba, Barbera d’Asti,
tintos.56% são DOC
Freisa e Bonarda. Dolcetto d’Alba, Barbera Del Monferrato,
ou DOCG.
Brancas;Moscato e Chardonnay. Nebbiolo d’Alba, Freisa di Chieri e Carema.

2.184.000 1 DOCG – Montepulciano d’Abruzzo Colline


Tintas; Barbera, Montepulciano, e
Abruzzo 33.000 Teramane e 3 DOCs – Montepulciano d’Abruzzo,
Sangiovese.Brancas. Trebbiano
Trabbiano d’Abruzzo (Branco) e Controguerra

Puglia 5.400.000 Brancas; Trebbiano, Bombino,


25 DOCs – as mais conhecidas são Primitivo di
Só 4% da produção 108.000 Bianco d’Alessano.Tintas:
Manduria e Salice Salentino.
é DOC Negroamaro e Primitivo

1.000.000 Brancas; Malvasia, Tocai, Pinot


Friulli Grigio, Chardonnay, Verduzzo,
1 DOCG – Romandolo e 9 DOCs entre os quais
60% da produção é Muller Thergau, Pinot Bianco,
19.000 as principais são Colli Orientali Del Friulli e Friulli
DOC. 52% é de Moscato Giallo.Tintas; Refosco,
Grave
vinhos brancos Merlot, Pinot Nero, Cabernet
Sauvignon, Franc, Schioppettino

Marche 750.000 Brancas; Verdiccio, Trebbiano,


12 DOCs, entre as quais as principais são Dei
62% da produção é 24.000 MalvasiaTintas; Sangiovese,
Castelli di Jesi (Brancos) e Rosso Conero.
de brancos. Montepulciano.

7.700.000 Brancas; Prosecco, Verduzzo,


Veneto
Tocai, Chardonnay, Sauvignon
79% da produção é 2 DOCGs – Reciotto di Soave, Bardolino e 11
Blanc, Trebbiano di Soave,
DOC ou 73.000 DOCs sendo as principais; Soave, Valpolicella,
Garganega, DurellaTintas;
DOCG. 56% é de Prosecco di Conegliano Valdobbiadene
Corvina, Rondinella, Molinara,
brancos.
Negrara e Barbera

953.000 Brancas; Riesling Itálico,


Alto Adige Chardonnay, Nosiola, Sylvaner,
8 DOCs, sendo as principais; Alto Adige,
55% dos vinhos são 13.000 Gewurtzraminer, Gruner Velltiner,
Teroldego, Trento Caldaro, Trentino..
brancos. Pinot Grigio, Moscato Giallo,
Muller-Thurgau , Sauvignon

56
BlancTintas; Merlot, Cabernet
Sauvignon, Schiava, Teroldego,
Pinot Nero

Sicília 3.900.000
Só 2,1% é de vinhos Brancas; Grillo, Catarrato,
1 DOCG – Cerasuolo di Vittoria e 19 DOCs
DOC.30% é de Grecanico, Inzolia e
134.000 sendo as principais; Marsala, Etna, Eloro, Passito
vinhos IGTGrande Malvasia.Tintas; Frapatto, Nero
di Pantelleria, Salaparuta, Mamertino e Vittoria.
maioria é de Vinos d’Avola, Nerelo Mascalese, Syrah.
di Tavola.

Brancas; Grechetto, Verdello,


1.000.000 Malvasia, Procanico, Sauvignon 2 DOCGs – Montefalco Sagrantino, Torgiano
Umbria
Blanc.Tintas; Sangiovese, Rosso Riserva e 11 DOCS sendo as principais;
60% é de vinhos 16.500
Canaiolo, Gamay, Orvietano Rosso, Assisi, Orvieto e Colli di
brancos
Montepulciano, Merlot, Trasimeno.
Sagrantino.

1.100.000 Brancas; Chardonnay,


Garganega, Pinot Bianco, Pinot
3 DOCGs, Franciacorta, Sforzato di Valtellina,
Grigio, Riesling Itálico e
Valtellina Superiore e 15 DOCs, entre eles;
Lombardia 26.950 Trebbiano.Tintas; Pinot Nero,
Garda Clássico, Cellatica, Botticino e Lambrusco
Merlot, Barvera, Lambrusco,
Mantovano.
Cabernet Sauvignon, Barbera e
Bonarda.

5.750.000 Brancas: Trebbiano, Chardonnay,


1 DOCG, Albana di Romagna e 18 DOCs sendo
Emilia- Sauvignon Blanc, Pignoletto,
os principais; Lambrusco di Sorbara, Lambrusco
Romagna57% de Malvasia, Ortrugo.Tintas:
58.230 Grasparossa de Castelvetro e Salamino di Santa
tintos.61% de Lambrusco, Bonarda, Cabernet
Croce, Sangiovese di Romagna e Colli
vinhos DOC. Sauvignon, Barbera, Bonarda e
Bolognese Pignoletto.
Sangiovese.

Os dados sobre o numero de classificações por região produtora é aproximado em função de uma grande diversidade de fontes e da dificuldade
em obter dados oficiais. O restante dos números é oficial de acordo com os dados estatísticos de 2007 obtido junto ao site oficial do Instituo,
www.istat.it.

57
Mudança de Hábito
ESTADOS UNIDOS
Introdução

Com os descobrimentos e expedições colonizadoras, o vinho uva e não apenas pelo rótulo. É o povo que leva a
chegou às Américas e África. Com Cristóvão Colombo em praticidade do vinho em taça no restaurante mais longe.
1.493, a uva foi espalhada para o México, Sul dos Estados Alguns restaurantes possuem uma carta de vinhos
Unidos e colônias espanholas da América do Sul. As uvas específica para taças, a preços excelentes com uma
plantadas pelos missionários franciscanos (1.779) na Califórnia ótima variedade.
foram a base da viticultura americana, estendendo-se para A retomada dos vinhos americanos se deu pelas mãos
todo o Estado. do russo André Tchelistcheff, vinheteiro contratado em
Em 1.849, com a Corrida do Ouro, a população e os vinhedos 1938 pela Beaulieu Vineyards, existente até hoje na
instalaram-se no Norte da baía do São Francisco e região de Napa Valley. Foi como vice-presidente desta
adjacências. Em 1.891, o condado de Sonoma, pertencente à vinícola, que André Tchelistcheff introduziu novas
Napa, era o centro da atividade viticultural. No fim do século técnicas de vinificação, tais como:
XIX, um estouro extraordinário do investimento nos vinhedos • Amadurecimento em barricas bordalesas de carvalho de
beneficiou os condados do Norte da costa e também Livermore 225 litros;
e Santa Clara. • Uso do carvalho americano durante a II Guerra Mundial;
A indústria americana de vinhos foi assolada por dois • Fermentação com temperatura controlada;
problemas gravíssimos, um de origem natural e outro de • Prevenção de geadas (ventilação e aquecimento do ar).
origem humana. O problema de ordem natural ocorreu em • Iniciou a produção vinífera nos estados de Oregon e
1880, onde a Phylloxera vastatrix , Famoso pulgão originário do Washington.
leste da América do Norte que devastou as vinhas de todo o Outra pessoa de extrema importância para indústria para
mundo na segunda metade do Séc. XIX. E o outro problema indústria vinicula norte-americana, foi Robert Mondavi.
este originado por força humana foi a promulgação da lei Visionário, no pós guerra, Mondavi foi o primeiro a
Prohibition, em 1920 a 18ª emenda da Constituição americana empreender uma vitivinicultura empresarial visando uma
proibia a produção, venda e transporte de bebida alcoólica. produção de qualidade no Napa Valley. Dentre varias
Durante o período de 13 anos até o suco de uva era vendido coisas de extrama importancia para o mundo do vinho,
com cuidadosas instruções a fim de evitar a fermentação. Por ele foi responsável por duas ação notaveis, a primeira
mais de 50 anos os produ-tores passaram a produzir uvas foi a Joint-venture realizada em 1979, onde associou-se
especificamente para a venda do fruto, deixando de lado a ao Barão Phillipe de Rothschild para produção do Opus
produção de vinho. Em 1933 a lei perdeu forças e foi abolida One, um dos mais caros e sofisticados vinhos do novo
devido ao grande aumento na criminalidade. mundo, vinho de corte bordalês com base em Cabernet
O principal legado deixado pela lei seca, além do atraso de Sauvignon a grande uva de Mondavi (Primeira safra:
mais de meio século perante os países europeus, foi a criação 1981) e a segunda esta de extrema importância para o
de uma cultura que ensinou o norte-americano a beber mal. novo mundo do vinho é que foi o idealizador dos vinhos
Grande parte da sociedade americana não consome vinhos varietais, ele juntou sua experiência com vinhos ao
durante as refeições, utilizam bebidas doces, gasosas e muito espírito do “American Business” e criou a ideia da venda
geladas; o que descaracteriza toda refeição. dos vinhos pela uva.
Mesmo com todas as inovações o vinho americano ate meados
Os hábitos começaram a mudar a partir de 1970 e da decada de 70 não tinha reconhecimento, o reconhecimento
infelizmente não se extinguiram totalmente. Um desses mundial ocorreu em 1976, após o “Paris tasting” ou Julgamento
hábitos é o consumidor pedir o vinho escolhendo pela de Paris, onde vinhos Americanos foram confrontados com

58
alguns dos melhores vinhos franceses. A prova foi realizada em • Liberalismo em ação: os vinheteiros podem usar as
Paris e o corpo de jurados era formado pelas principais uvas e as técnicas de vinificação que quiserem.
personalidades da França no que tange o mundo do vinho.
Mesmo com todo favorecimento aos vinhos franceses, diga-se, Localização Geográfica
prova realizada na França e jurados todos franceses, o A maior parte dos Estados Unidos localiza-se na região
resultado foi surpreendente, nas duas categorias o vinhos que central da América do Norte, possuindo três fronteiras
se sagraram campeões foram da California, na categoria terrestres, duas com o Canadá e uma com o México,
Brancos, o campeão foi Chateaux Montelena 1973, sagrando sendo que o restante do país faz fronteira com o
sua vitória sobre vinhos como Mersault-Charmes 1973 e na Oceano Pacífico, o Oceano Ártico e o Oceano Atlântico.
categoria tintos, o campeão foi o vinhos Stag’s Leap 1973, se Dos 50 Estados americanos, apenas o Alasca e o Havaí
sobressaindo sobre dois dos principais vinhos franceses como não são contíguos com os outros 48 Estados, nem entre
o Haut-Brion e o Mouton-Rotschild. si. Os Estados Unidos também possui diversos
Em 2.006, trinta anos depois, o mesmo evento foi repetido em territórios, distritos e outras possessões em torno do
Napa Valley e Londres, às cegas, e novamente mostrou que mundo.
vinhos de boa qualidade também podem ser encontrados fora
do Velho Mundo. Em degustação idêntica e com participação Produção Mundial
dos mesmos representantes americanos e oito representantes • 4º maior país vinicultor do mun-do, onde a Califórnia
franceses, os vinhos envelhecidos durante os trinta anos dos corresponde a 94% da produção.
EUA, novamente levaram vantagens sobre Bordeaux e • 2º país em consumo atrás da França e a frente da
Borgonha. A inteligência americana, aliada ao incremento em Italia (27,3 milhões de hectolitros)
pesquisas, importação de equipamentos e tecnologia francesa, *8% da população correspondem a 80% do consumo no
replantio em 1.980 de cepas de melhor qualidade, mudança do país.
sistema de condução em latada para espaldeira, solo, clima,
transformaram o vinho americano em uma bebida competitiva, American Viticultural Areas
comparada as melhores do mundo. • O Napa Valley se tornou em 1983 a primeira AVA.
• Para ser declarada uma AVA, 85% das uvas devem
Dados Importantes proceder da região indicada.
Possui 415.000 hectares de vinhedos. • No caso da não indicação da AVA, o rótulo pode indicar
Possui mais de 2.300 vinícolas em 47 Estados. o Condado ou o Estado de origem, bastando apresentar
Maior Vinícola do Mundo: E. & J. Gallo. 75% das uvas originais do mesmo.
Existem cerca de 1500 vinícolas, porém o mercado é dominado • Para ser varietal e indicar a uva o vinho deve conter no
por poucos e grandes produtores como a Ernest and Gallo, mínimo 75% da mesma.
Beringer Blass e Constelation Brands (Mondavi). A diferença entre uma AVA e um Condado é o tamanho, os
As regiões vinícolas americanas são estabelecidas pela Condados apresentam áreas muito maiores que as AVA’s.
Bureal of Alcool, Tobacco and Firearms e levam o nome
de AVA’s (American Viticultural Areas). Exemplos de AVA’s:
• Esta delimitação de áreas se iniciou em 1978 e hoje Stag’s Leap District
temos quase 190 AVA’s, 107 só na Califórnia. Rutherford
• Mesmo tendo se inspirado no sistema francês das Oakville
AOC’s o sistema americano é muito mais simples e * As vinícolas mais famosas dos Estados Unidos se
menos impositivo que o de denominações de origem. encontram entre Rutherford e Oakville, como: Beauleu

59
Vineyard, Niebaum-Copolla, Opus One, Robert Mondavi, * Os tintos americanos apresentam muita fruta e estilo
entre outras. rico, quase corpulento com álcool relativamente alto em
função do clima. O Noroeste americano tem a
• Principais Uvas caracteristica de apresentar vinhos mais equilibrados do
Uvas Tintas que potentes
Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Uvas Brancas
Zinfandel, Barbera, Sangiovese, Syrah, Grenache e Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Sémillon e
Mouvèdre. Pinot Blanc.
Chardonnay: A uva branca mais importante e mais
amplamente plantada nos Estados Unidos. Os vinhos
Cabernet Sauvignon: - É a uva mais importante da Califórnia. variam do insípido ao extraordinário, os que alcançam
- ¼ da produção de uvas. qualidade tem uma característica rica e opulenta.
- Produz vinhos poderosos e complexos, dignos de - Os produtores americanos prezam mais o equilíbrio do
envelhecimento. que o carvalho.
- Base dos grandes vinhos que utilizam corte Bordalês. Além da Chardonnay, encontramos uma grande
A uva Zinfandel é a segunda mais importante dos Estados produção de Sauvignon Blanc, que além da produção
Unidos, originária da Croácia e muito parecida com a de vinhos que varia de agudos cítricos até versões mais
primitiva do sul da Itália se tornou um símbolo americano amanteigadas, também é utilizado junto com a Semillon
produzindo um vinho robusto e encorpado. Além das uvas para a produção de vinho botritizados.
citadas encontramos uma produção de Merlot, Cabernet Encontramos também a produção de Viognier,
Franc, Petit Verdot e Malbec. Roussanne, Pinot Gris e Riesling além da
Gewurztraminer que produz excelentes vinhos,
principalmente nas regiões mais frias.
Syrah: Uva tinta do Ródano com muito prestigio que Vinhos espumantes (sparkling wine)
juntamente com uvas como a Mourvedre, Grenache e Um vinho americano que tem fama mundial é o
Carignane produz vinhos ao estilo do Ródano, este estilo está espumante produzido nas terras do Tio Sam, este
sendo muito valorizado e a uva Syrah está prestes a se tornar espumante é produzido na maioria das vezes na
uma das tintas mais importantes da Califórnia. Califórnia pelo método Champenoise se utilizando
Pinot Noir: Fez grandes avanços nas regiões frias como principalmente das uvas Chardonnay e Pinot Noir (Pint
Oregon e Washington que tenta realizar uma produção Meunier e Pinot Blanc).
parecida com a Borgonha.

rnia

Regiões Vínuculas corrida do ouro, quando muitos imigrantes europeus foram


Califórnia para a região. Até 1823, o Napa Valley era habitado pelos
Introdução índios Wappo. A primeira vinícola foi fundada em 1858 pelo
O primeiro homem branco que se estabeleceu na área foi o alemão Charles Krug, comprada em 1943 por Cesari
General Yount em 1831. Yount foi o responsável pelo plantio Mondavi. É o terceiro maior estado dos Estados Unidos.
das primeiras videiras em Napa. Em 1822, a Revolução Responsável por 90% do vinho produzido no país, com cerca
Mexicana acabou com o domínio espanhol e em 1850 a 1.200 produtores de vinhos. No Estado são plantadas
Califórnia foi anexada aos Estados Unidos; era a época da próximas a cem variedades de uvas.

60
Dados Importantes Napa Valley
O vinho californiano responde por 94% de todo o vinho Napa significava para os primeiros habitantes da região,
produzido nos Estados Unidos os índios Wappo, ‘Land of Plenty’ (Terra da Fartura).
Localização Geográfica Esse vale entre as montanhas Mayacamas e Vaca, no
Localiza-se na costa oeste, onde recebe forte influência Norte da Califórnia. É uma das regiões agrícolas mais
marítima do Oceano Pacífico. caras do mundo, produzindo vinhos com status. A
Regiões Vinícolas principal característica climática da região é o vento frio
Subdivide-se em cerca de quarenta sub-regiões com o título e o nevoeiro vindo da Baía de San Pablo durante a
de AVA, reunidos em cinco grandes grupos regionais: tarde, resfriando os vinhedos. Napa Valley possui
I - North Coast; muitos micro-climas peculiares, cada um com sua
II - Central Coast; designação AVA.
III - South Coast;
IV - Central Valley; Dados Importantes
V - Sierra Foothills. Responsável por 4% da produção do Estado. Região
famosa pelos Cabernet Sauvignon.

North Coast Localização Geográfica


Introdução Localiza-se ao Norte da baía de São Francisco, limitada
Nessa região se concentra a grande produção da região. a Leste pela Serra nevada e a Oeste pela região de
Principal sub-região produtora americana, estende-se ao Sanoma. Latitude 38º20’N e Longitude 122º17’O.
norte de São Francisco e abrange quatro Condados (Napa Clima
Valley, Sonoma, Mendocino e Lake) Temperado. Frio ao Sul e quente ao Norte.

Sub-regiões Vinícolas
Solo Atlas Peak, Chiles Valley, Coombsville, Diamond Mountain,
Greda e argila dominam, mas o solo é muito variado. Howell Mountain, Mount Veeder, Napa-Carneros, Oak Knoll,
Clima Oakville, Rutherford, Spring Mountain, St Helena, Stags Leap,
Na Costa Norte encontra-se um clima de duas estações, Wild Horse Valley e Yount­ville.
com invernos curtos e amenos e verões longos, quentes Solo
e secos. Os nevoeiros (fog matinal) de verão vindos do Vulcânico, marítimo e aluvial. Geografia bem diversificada e
Pacífico exercem grande influência nesse clima. com uma grande variedade de tipos de solo devido às
erupções vulcânicas ocorridas na região.
Sub-regiões Vinícolas Principais Produtores
Está subdividida em 13 AVAs: Napa Valley, Guenoc Beaulieu Vineyards, Beringer, Buena Vista, Burgess, Cain,
Valley, Clear Lake, Anderson Valley, Mendocino, Cakebread, Caymus, Chalone Vineyards, Chãteau Montelena,
Redwood Valley, Dry Creeek Valley, Alexander Valeey, Clos Pegase, Clos Du Val, Cavaison, Dalla Valla, Diamond
Knights Valley, Russian River Valley, Chalk Hill, Sonoma Creek, Domaine Chandon, Dunn, Far Niente, Flora Spring,
Valley e Carneros. Franciscan Vineyard, Girard, Grace Family, Groth, Haymood,
Heitz cellars, Hess Collection, Robert Keenan, Charles Krug,
La Jota, Macaymas, Monticello, Markham, Mumm Napa,
Niebaum-Coppola, Phelps, Roberto Mondavi, Sterling, St.

61
Clement, Shafe, Silverado, Spottswwode, Stag´sleap Wine Principais Uvas
Cellars , Stonegate e Trefethen. Zinfandel, Barbera, Chardonnay e Pinot Noir.
Lake County (Condado de Lake)
Essa denominação (AVA) possui um clima bastante similar Sub-regiões Vinícolas
ao Napa e o Cabernet Sauvignon e o Sauvignon Blanc de Anderson Valley, Highlands, McDowell Valley,
Lake County são de grande qualidade. Mendocino, Potter Valley e Redwood Valley.
Localização Geográfica Anderson Valley: Local de destaque dos vinhos
Latitude 39º00’N e Longitude 122º50’O. espumantes, onde está localizada a Vinícola Roeder, da
região de Champagne.
Solo Mendocino: Grandes vinhos tintos produzidos pela
Vulcânico e rochoso, de cor vermelha. Fetzer, nas colinas não alcançadas pelo fog.
Redwood Valley: Região de espumantes e famosos
Principais Uvas vinhos da uva Zinfandel, produzidos na região mais
Cabernet Sauvignon. interna, fora do alcance do fog. A Syrah e Grenache têm
destaque.
Sub-regiões Vinícolas
Guenoc Valley: Minúscula AVA localizada ao Sul do lago Clear,
ao Norte de Napa Valley, nas colinas vulcânicas a Leste do Principais Produtores
Monte Saint Helena. Vinhedos plantados em altitudes Fetzer, Edmeades, Gabrielli, Greenwood Ridge,
elevadas, com noites frescas. HanHandley Cellars, Hidden Cellars, Husch Vineyard,
High Valley: principal AVA, localizada no outro lado do lago Jepson, Lazy Creek, Lolonis, Mc Dowell, Monte Volpe,
Clear, possui vinhedos nas partes baixas e ao longo das Navarro Vineyard, Obester, Parducci, Pepperwood
irregulares cadeias de montanhas. Springs, Roederer e Scharffenberger.
Sonoma County (Condado de Sonoma)
Principais Produtores Sonoma é o dobro do tamanho da vizinha Napa Valley
Fetzer, Guenoc, Kendall-Jackson e Konocti. e possui diversas vinícolas e variedades de uvas. É
Mendocino County (Condado de Mendocino) uma região diferente de qualquer outra dos EUA, seja
Mendocino County é a região vitivinícola mais ao Norte pelo clima, solo, geografia ou pela diversidade das
da Califórnia. Cada uma das sub-regiões (AVA) oferece uvas.
vinhos únicos em termos de varietais.
Dados Importantes Dados importantes
Na parte mais fria, há um bom aproveitamento da acidez É estabelecida a famosa vinícola Hanzel Winery,
nas cepas na produção de espumantes. propriedade semelhante a Clos de Vouget
Localização Geográfica (Bourgogne).
Situada ao Norte de Sanoma. Latitude 39º20’N e
Longitude 123º40’O. Localização Geográfica
Solo Localizado a Oeste do condado de Napa, é banhado
Fértil, arenoso e rochoso; pobre em cálcio e pH. pelo Oceano Pacífico. Latitude 38º15’N e Longitude
Clima 122º30’O.
Marítimo próximo ao litoral e continental no interior.
Invernos frios e úmidos, verões quentes e secos.

62
Sub-regiões Vinícolas Principais Uvas: Zinfandel, Pinot Noir e Chardonnay.
Alexander Valley, Bennett Valley, Chalk Hill, Dry Creek Presentes cepas italianas e francesas.
Valley, Green Valley, Knights Valley, Rockpile, Principais Produtores: Acácia, Bouchaine, Schug,
Russian River Valley, Sonoma Coast, Sonoma Saintsbury, Kente Rasmussen, Buena Vista, Carneros
Mountain, Sonoma Valley e Carneros. Creek, Cordoniú, Dominus, Mumm Napa Winery Lake,
Dry Creek Valley: Situada a nordeste de Headsberg. AVA na Domaine Carneros, Roche Vineyard, Gloria Ferrer,
qual a cepa Zinfandel e Cabernet Sauvignon imperam. MacRosti e Mont St. John.
Encontra-se a vinícola Ernest & Julio Gallo.
Alexander Valley: Vinhos de Chardonnay, Sauvignon Blanc e Central Coast
Pinot Noir. Introdução
Knights Valley: Vinhos de Cabernet Sauvignon de excelente É uma larga região que compreende diversas sub-
qualidade. regiões. Essa região vitivinícola é de alguma maneira
Russian River Valley: Clima frio e o famoso produtor Joe influenciada pela baía de São Francisco.
Rochioli e o vinho de Pinot Noir (cult wine).
Chalk Hill: Clima ameno e bons vinhos de Sauvignon Blanc e
Chardonnay.
Sonoma Valley Possui três áreas com diferentes microclimas
(clima, solo e topografia), produzindo tintos encorpados,tintos Localização GeográficaCompreende uma extensão
mais leves e brancos leves e frutados, dependendo da costeira que vai desde a baía de São Francisco até
localização do vinhedo. Santa Bárbara, incluindo os condados de San Benito,
Clima: A influência marítima diminui quando se afasta do Monterey, San Luis Obispo e Santa Barbara.
litoral, e montanhoso no interior.
Solo
Sub-regiões Vinícolas: Northern Sonoma, Sonoma Altamente permeável e índice pluviométrico baixo.
Coast, Sonoma Green Valley e Sonoma Mountain. Clima
Moderado. Temperaturas altas, mas com ventos frios
Principais Produtores: Alexander Valley Vineyard, à noite. Região da Califórnia que mais se beneficia do
Arrowood, Buena Vista, Carmenet, Château St. Jean, fog.
Château Souverain, Clous Du Bois, Ferrari-Carrano,
Piper Sanoma, preston, William Selyem, Matanzas Principais Uvas
Creek, Duxoup, Ernest & Julio Gallo, Rafanelli, Kistler, Cabernet Sauvignon e Pinot Noir.
Jordan, Joe Richioli, Josep Swan e Marimar Torres. San Benito County (Condado de San Benito)
A região San Benito County encontra-se logo acima
Carneros da cadeia de montanhas Gabilan, no Monterey
Dados Importantes: Recebe o codinome de “Bourgogne County. A maior parte das uvas produzidas em San
da Califórnia”. Benito é vendida para vinícolas de outras regiões.
Localização Geográfica: AVA situada acima da baía de
São Francisco. Localização Geográfica
Solo: Áreas planas e leves colinas com solo arenoso, Localizado abaixo da baía de São Francisco. Latitude
calcário bem drenado. 36º35’N e Longitude 121º00’O.
Clima: Recebe brisa fresca do Oceano Pacífico e há o
fog (nevoeiro) bem acentuado.

63
Clima Clima
Moderado. Temperaturas altas, mas com ventos frios Marítimo. O nevoeiro encobre as cadeias de montanhas
à noite. entre Santa Lucia e Gabilan. Com escassa chuva e o
predomínio de solo arenoso, o vale poderia ser árido se
Sub-regiões Vínicolas não fosse a irrigação do Rio Salinas.
Livermore Valley (AVA): a Leste da baía de São Francisco; Características dos Vinhos
possui clima moderado, perfeito para a produção de vinhos Vinhos de Cabernet Sauvignon encorpados e com fortes
de Sauvignon Blanc e Sémillon. Principais Produtores: toques de vegetais e pimenta.
Concannon, Wente Brothers, J. Lohr Winery e Mirassou
Cellars. Sub-regiões Vinícolas
Arroyo Seco, Chalone, Santa Lucia Highlands, Mount
Santa Clara Valley (AVA): ao Sul, mas é predominantemente Harlan e Carmel Valley. Mount Harlan é conhecida pela
metropolitana. Foi famosa região vitivinícola, mas hoje o produção de vinhos Pinot Noir e Chardonnay.
predomínio é da informática do Silicon Valley. Principais Produtores
Heller Estate, Talbott, Bernardus, Joullian, Château
Santa Cruz Mountains: Possui uma grande variedade de Sinnet, San Saba , Galante, Morgan, Joyce Winery, The
microclimas. As uvas são plantadas nos declives irregulares Monterey Vineyard, Robert Mondavi, Mer Soleil,
das montanhas. A elevação e a direção desses declives são Cloninger, Pavona Winery, Paraiso Springs, Riverland
fatores na escolha das uvas a serem cultivadas em cada Vineyards, Lockwood, Monterra, Jekel Scheid, Kendal
vinhevinhedo. As vinícolas de Santa Cruz produzem o Jackson, Hess select, Cobbestone, Hahn Smith & Hook
Cabacaberrnet Sauvignon, o delicado Pinot Noir e Syrah entre e Chalone Vineyard.
os tinos tintos e Marsanne e Roussanne entre os brancos. San Luis Obispo County (Condado de San Luis Obispo)
PrincPrincipais produtores: Bonny Doon, David Bruce, Mount San Luis Obispo, na costa central da Califórnia, possui
Éden e Ridge. uma nas plantações mais extensas da história da
Monterey County (Condado de Monterrey) América do Norte, com vinhedos plantados por
O vale é uma espécie de funil com sua “boca” abrindo missionários espanhóis a mais de duzentos anos. A
para a baía Monterey. Essa região abrange o Salinas influência marítima afeta as áreas do Sul, pois em seus
Valley e uma parte do Carmel Valley. vales percorrem as brisas frias e o nevoeiro do Pacífico.
O Salinas Valley, conhecido como ‘America’s salad Localização Geográfica
bowl’ (tigela de salada Americana). É uma das Latitude 35º15’N e Longitude 120º40’O.
propriedades agrícolas mais importantes do país. Com Clima
uma das maiores estações de maturação do mundo, a Mediterrâneo.
região Monterey produz vinhos com bom equilíbrio de
acidez. Sub-regiões Vinícolas
York Mountain: ao Norte, possui apenas uma vinícola,
Localização Geográfica mas é a maior em funcionamento contínuo do país.
Latitude 6º35’N e Longitude 121º50’O. Paso Robles: maior e mais quente, sendo protegida pela
Solo influência costeira devido as montanhas de Santa Lucia.
Arenoso, vulcânico e rochoso com baixa retenção de Cultiva Cabernet Sauvignon e varietais de Rhône
água. (França).
Edna Valley: após longa inatividade, a viticultura
moderna comercial iniciou plantações de vinhedos na década

64
de 1.970. Produzem vinhos brancos de Chardonnay e
Gewürztraminer. Vinícola de expressão, a Edna Valley South Coast
Vineyards. Localização Geográfica
Arroyo Grande Valley: AVA mais fria, da qual possui as Ao Sul da Central Coast, depois de Los Angeles e
instalações da Champagne Maison Deutz. Cultiva Pinot Noir. estendendo-se até San Diego. Abrange os Condados de
Principais Produtores San Diego e Riverside.
Chamisal, Clairborne & Churchill, Corbett Canyon, Creston Sub-regiões de South Coast
manor, J. Lohr Vineyard, Eberle, Edna Valley, Maison Deutz, San Pasqual Valley (AVA) e Temecula Valley (AVA).
Martin Brothers , Meridien e Tobias. Temecula Valley (AVA)
Temecula fica perto de Los Angeles e São Francisco.
Santa Barbara County (Condado de Santa Bárbara) Tem micro clima da costa Sul da região, perfeito para a
A viticultura em Santa Barbara começou com a plantação de produção de vinhos que possuem sabor frutado e
uvas por missionários no Milpas Valley no final do século refrescante, além de proporcionar o verdadeiro sabor do
XVIII. A viticultura comercial iniciou na década de 1.960. varietal.
Localização Geográfica Localização Geográfica
Localizada na costa central do Sul da Califórnia, perto de Los Latitude 33º30’N e Longitude 117º00’O.
Angeles. Latitude 34º25’N e Longitude 119º40’O. Solo
Solo Graníticos e bem drenados
Rico em minerais. Clima
ClimClima Neblinas ao amanhecer, verões de noites frias e brisas
FrescFresco. vindas do oceano.
Principais Uvas Central Valley
As uvas de Santa Barbara são as mais caras do Introdução
Estado. Famosas pela elegância do Chardonnay e Pinot A região Central Valley (AVA) produz a grande maioria
Noir, a região cultiva as varietais de Rhône (França), dos vinhos da Califórnia, apesar de poucos produtores
incluindo Syrah e Viognier. utilizarem o nome no rótulo, pois associam a região com
Sub-regiões Vinícolas a produção em massa e de vinhos baratos.
Santa Maria Valley e Santa Ynez Valley. Dados Importantes
Santa Maria Valley: Localiza-se no centro do vale, nos Produzia até algum tempo vinhos comuns, fortificados
arredores do rio Santa Maria. A vinícola Au Bon Climat (imitando Vinho do Porto), vinhos doces e grande
produz excelentes vinhos ao estilo Bourgogne de Pinot produção de tintos e brancos. Em San Joaquim Valley,
Noir. Robert Mondavi e Kendall-Jackson possuem local quente e de solo fértil, prevalece a produção de
vinhedos nessa região. vinhos de sobremesa. Atualmente visam a qualidade
Santa Ynez Valley: Área litorânea, sofre ação do fog. dos vinhos.
Elabora vinhos de Pinot Noir e brancos de Chardonnay Localização Geográfica
e Sauvignon Blanc. Os Cabernet Sauvignon e Merlot Localiza-se a Leste de Los Angeles, se distanciando da
são encorpados, produzidos em clima mais cálido do costa. Latitude 38º00’N e Longitude120º40’O.
interior. Solo
Principais Produtores Rico em minerais.
Au Bon Climat, Babcock Au Bon Climat, Byron, Clima
Firestone, Foxen, Lane Tanner, Qupé, Sanford e Mediterrâneo; verões quentes e secos e invernos frios e
Whitcroft. úmidos.

65
Principais Uvas Fiddletown (AVA)
Zinfandel e Chenin Blanc. Localizada na área de Amador County, ao lado de
Sub-regiões Vinícolas Shenandoah Valley, em altitude elevada. Com solo fértil,
Madera (AVA), Lodi(AVA) e Clarksburg possibilita a produção de vinhos Zinfandel com
Madera (AVA) pigmentos escuros, taninos fortes e de alta graduação
A Noroeste de Fresno se localiza a vinícola Andrew Quady, alcoólica.
que produz excelentes vinhos doces de Muscat. Fair Play (AVA)
Localiza-se numa altitude bastante elevada e possui
Clarksburg marga (calcário argiloso) em seu solo.
Situado a Leste de Lodi, numa ilha de Sacramento Delta. É Shenandoah Valley (AVA)
conhecida pela produção de Chenin Blanc. O ar frio vindo da Sub-região produtora mais antiga, onde o cultivo da uva
Baía de São Francisco e os solos formados por areia são é difícil e os vinhos expressam o clima e solo.
perfeitos para essa uva originada no Vale do Loire, França. Localizada na área de Amador County, Shenandoah
Lodi (AVA) Valley começou a produzir vinhos durante o chamado
É famosa pela uva Zinfandel. Essa variedade se adaptou “Gold Rush” (corrida pelo ouro). Possui alguns vinhedos
bem a região devido a grande quantidade de luz solar e de Zinfandel extremamente antigos.
brisas frias vindas da Baía de São Francisco. Lodi possui um
vinho “Ultra Premium”. Principais Produtores: Ernest & Julio
Gallo, Franzia Winery, Andrew Quady e Almaden.
Sierra Foothills
Introdução
A região Sierra Foothills (AVA) atrai um tipo diferente de
produtores de vinho em relação a outras regiões da
Califórnia.
Localização Geográfica
Latitude 38º35’N e Longitude 120º50’O
Solo
Granítico.
Clima
Bem definido com as quatro estações; verões quentes e
noites frias.
Principais Uvas
Zinfandel, Sauvignon Blanc, Barbera, Syrah, Cabernet
Sauvignon e Merlot.
Sub-regiões Vinícolas
Eldorado (AVA)
Possui um relevo montanhoso e irregular. O fino e
severo solo é ideal para a uva Zinfandel, mas o
Sauvignon Blanc, Barbera, Syrah, Cabernet Sauvignon
e Merlot também são cultivados.

66
Oregon de grande qualidade e vinhos com sabores frutados
bem pronunciados e boa acidez. Washington produz
Introdução mais de quinze variedades de uvas e é especialmente
A maior parte da produção encontra-se no Norte do conhecida pelos vinhos tintos, particularmente o Merlot,
Willamette Valley, de vinhedos situados nas encostas ou Cabernet Sauvignon e Syrah.
próximos as montanhas costeiras, onde a uva Pinot Noir Localização Geográfica
tornou famosa a indústria do vinho. Umpqua, ao Sul de Noroeste dos Estados Unidos. Latitude de 47º00’N e
Willamette é considerada uma região de clima frio devido as Longitude de 122º50’O.
brisas e chuvas vindas do Pacífico. No Applegate Valley, os Solo
tintos Bordeaux e Syrah amadurecem em temperaturas Árido, arenoso, vulcânico e rico em calcário.
elevadas com grande variação durante o dia, garantindo Clima
estrutura a esses varietais. Ensolarado e seco; desértico no Leste.
Dados Importantes Principais Uvas
O Estado é o 3º em número de vinícolas nos Estados Unidos, Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah.
e o 4º em produção total de vinhos. Sub-regiões Vinícolas
Localização Geográfica Columbia Gorge, Columbia Valley, Horse Heaven Hills,
Noroeste dos Estados Unidos. Latitude 44º00’N e Longitude Puget Sound, Rattlesnake Hills, Red Mountain, Wahluke
123º00’O. Slope, Walla Walla Valley e Yakima Yalley.
Clima Columbia Valley
Temperado. Possui uma sub-região comunal chamada Yakima
Principais Uvas Valley e abriga várias vinícolas de destaque.
Pinot Noir e Syrah. Walla Walla Valley
Sub-regiões Vinícolas Quente e úmida, elabora vinhos com Cabernet
Possui uma AVA cujos vinhedos ocupam o vale ao longo do Sauvignon, Merlot, Syrah e Sangiovese, elegantes,
rio Willamette, passando pelas cidades de Salem e Portland. estruturados e frutados. A Chardonnay produz vinhos
Perto da fronteira com a Califórnia possui duas AVAs: secos, minerais e bom corpo. Outras cepas, Riesling,
Umpqua Valley e Rogue Valley. Sémillon, Muscat, Gewürztraminer, Viognier. Principais
Central Oregon, Coastal, Columbia Gorge North Willamette Produtores: Columbia Crest, Château St. Michel,
Valley, South Willamette Valley e Southern. Snoqualmie, Houge Cellars, Staton Hills e Kiona.
Willamette Valley (AVA)
Situada ao Noroeste da Califórnia, concentra os melhores
produtores como Adesheim, Ponzi, Eyrie, Joseph Drouhin, New York
Bergström, Beaux Frères, Archery Summit Estate. Robert Introdução
Druhin, e produz excelentes vinhos de Pinot Noir. As uvas viníferas são quase todas plantadas nas duas
principais sub-regiões: Finger Lakes e Long Island.
Washington Localização Geográfica
Introdução Nordeste dos Estados Unidos. Latitude 42º50’N e
O Estado do Washington se tornou o segundo maior Longitude 77º20’O.
produtor nos Estados Unidos, perdendo apenas para o Clima
Estado da Califórnia. As montanhas Cascade dividem Continental.
Washington em dois distritos (Leste e Oeste). Na parte Principais Uvas
Leste o clima desértico gera dias quentes e noites frias, Merlot é a principal uva na maioria das vinícolas e a
a diferença de temperatura durante o dia produz uvas variedade tinta mais plantada na ilha.

67
Principais Produtores
Wagner Wiemar Vineyard, Peconic Bay, Palmer,
Millbrook, Lenz, Heron Hill, Hargrave, Fox Run, Farm
Winery, Four Chimneys, Benmarl, Bridgehampton e
Broothe Rhood Winery.
Sub-regiões Vinícolas
Central New York & Lake Ontario, Hudson River Valley
& The Catskills, Lake Erie & Chautauqua e Niagara
Escarpment.
Finger Lakes
Possuem mais vinícolas. Long Island produz os
melhores vinhos do Estado. A variedade labrusca é a
uva mais produzida na região, utilizada para fazer sucos
de uva e geléias.
Long Island, North Fork e The Hamptons
Os Merlot de Long Island são claros e frutados, com
notas fortes de cereja e ameixa. Chardonnay,
Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon e Cabernet
Franc também são bastante cultivadas. Os vinhos de
Long Island combinam com a culinária local como o
atum.
Lake Erie
Dedica-se à produção de vinhos de mesa.
Hudson River
Localização dos mais antigos vinhedos do país, é
representado pela Brotherhood America´s Oldest
Winery Ltd.

68
Harmonização - Gastronomia Santiago Del Estero e Mendoza, assim iniciando a
A culinária dos Estados Unidos da América tem produção de vinhos na Argentina.
influências de várias culturas, entre as quais a dos As primeiras safras chilenas aconteceram em Santiago
índios norte-americanos, dos cajun, descendentes de e produziram pequenas quantidades de vinho para uso
franceses, tex-mex, ou seja, de base texana, mas com particular e para rituais religiosos. Alguns anos depois,
influência mexicana e a culinária sulista que em parte se Francisco de Aguirre conduziu a maior colheita em
confunde com a culinária dos negros norte-americanos. Copiapó, impulsionando uma atividade que perduraria
O hambúrguer, que provavelmente existiu muito antes pelos séculos seguintes, gerando um método de
dos Estados Unidos, mas que foi generalizado no produção tradicional e um comércio local. Durante o
século XX; o “brownie”, um bolinho de chocolate, o peru período colonial, a colheita da uva foi a mais importante
assado, servido com o “recheio” à parte, com purê de atividade agrícola onde homens, mulheres e crianças
abóbora e com doce de oxicoco. O gumbo é típico da trabalhavam juntos na produção do vinho.
culinária cajun. Três séculos após as uvas terem sido introduzidas no
6. Exemplos de harmonização Chile, o verdadeiro potencial vinícola do local foi
Opus One Cabernet Sauvignon 1999 descoberto. A Independência do país abriu caminhos
Harmonização perfeita com Cordeiro grelhado com para novos mercados, que influenciaram a indústria
mangas grelhadas. vinícola chilena com novas tecnologias, vinhedos
Paul Dolan Zinfandel 2009 melhorados e maior qualidade na colheita. Uma das
Excelente com um dos pratos mais tradicionais da grandes mudanças aconteceu em meados do século
região do Napa Valey,o Hog Bread, pão fermentado XIX, com a criação de novas vinícolas como Carmen,
com a uva zinfandel e rechado com carne de javali Errazuriz Panquehue, San Pedro, Cousiño Macul e
temperada com pimenta jalapeño. Concha y Toro. Durante o processo de modernização
• Vinhos da uva Zinfandel, pela característica as variedades Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Pinot
apimenta, harmonizam muito bem com pratos como Noir foram importadas.
Costeleta de porco ao molho barbecue e steak au Somente em 1990, quase um século depois, as
poivre. vinícolas chilenas empreenderam uma nova ênfase na
produção, criando vinhos premium aclamados
Domaine Carneros by Taittenger 2010 internacionalmente.
Este excelente espumante é um ótimo parceiro para
ostras em natura, frutos do mar em geral e O país
principalmente o King Crab ( carangueijo gigante) do O Chile é, indubitavelmente, o país da América Latina
Alasca. que possui os melhores vinhos tintos elaborados com a
uva Cabernet Sauvignon, alguns dos quais colocados
pelos especialistas entre os melhores do mundo. Os
CHILE vinhos tintos de outras uvas, especialmente a Merlot,
Historia melhoram a cada dia e alguns também já se destacam
Na segunda viagem de Colombo para a América, em mundialmente. Os vinhos brancos, particularmente os
1493, mudas de parreiras foram trazidas e rapidamente elaborados com as uvas Chardonnay e os Sauvignon
espalhadas pelo continente. Foram levadas para o Peru Blanc, fracos até cerca de uma década atrás,
e depois para o Chile em 1548, pelos monges melhoraram substancialmente.
Bartolomeu de Terrazas e Franciso de Carabantes Uma das peculiaridades do Chile é o fato de não ter
respectivamente. Do Chile foram introduzidas em sido vítima da praga Phylloxera Vastatrix, que devastou
grande parte dos vinhedos do mundo, devido à sua

69
condição geo-climática, protegido pelo Oceano Pacífico vinhos Chardonnay da região receberam alta
à oeste e pela Cordilheira dos Andes à leste. Desse consideração internacional.
modo as parreiras chilenas são da espécie européia Valle de Casablanca
(Vitis vinifera) plantadas em "pé-franco", isto é, Casablanca tem experimentado um grande crescimento
plantadas diretamente no solo, sem necessidade de na vinicultura nos últimos anos, resultado da criação de
enxertá-las sobre raízes de espécies americanas, circuitos turísticos, restaurantes e lojas de vinhos.
resistentes à Phylloxera. O vale, localizado entre Santiago e o maior porto do
Outra delas foi a descoberta de mudas da variedade Chile, Valparaíso (recentemente declarado Patrimônio
Carmenère nos vinhedos de Merlot. Essa uva foi da Humanidade) combina todas as condições para
julgada extinta quando a Phylloxera dizimou os tornar-se um “must” para todos que visitam o país.
vinhedos europeus e como que renasceu no Chile. Casablanca se caracteriza por ser um vale prelitoral,
Atualmente a Carmenère é a variedade emblemática do localiszado na planície costeira da região, a apenas 18
Chile, da qual se produzem varietais e também diversos km do litoral e rodeado pela serra costeira.
cortes em vinhos Top. Tem uma clara influência marítma, cliam bem mais frio,
Outras variedades que têm crescido no Chile são a com neblinas matinais e uma amplituda térmica de até
Syrah, bem adaptada, com bons resultados em diversos 19º entre o dia e anoite, o que favorece a lenta
vales e a Pinot Noir, surpreendendo com ótima maturação das uvas.
tipicidade em sub-regiões mais frias. A temperatura media do verão é de 14,4 ºC, as chuvas
Principais Regiões viniculas se concentram entre os meses de maio e outubro, com
um amédia anual de 450 mm.
Valle de Bio-Bio A influência marítima que o vale recebe faz com que a
Por mais de 250 anos o rio Bió Bió foi a barreira natural temperatura média seja moderada, alcançando não
ente os colonizadores espanhóis e as tribos Mapouche, mais do que 20º C durante o período vegetativo. Isso
fornecendo uma área de constante troca de produtos cria excelentes condições para as variedades brancas,
agrícolas e bebidas alcoólicas, tanto em tempos de como Sauvignon Blanc e Chardonnay, refletindo-se na
guerra como de paz. frescura e no intenso aroma cítrico de seus vinhos.
Ainda se plantam em grande escala as uvas locais País Os meses com riscos de geadas são setembro e
(tinta) e Moscatel de Alejandria (branca) esta última outubro, ficando bem mais seco entre novembro e abril,
usada na fabricação do destilado Pisco. época do crescimento e maturação das uvas.
Recentemente variedades de uvas como a Pinot Noir, A colheita, diferente de outros vales, acontece mais
Riesling, Chardonnay e Gewürztraminer têm sido tarde, a partir de 15 de março até final de abril. Essas
cultivadas no vale. características climáticas trazem vinhso de qualidade
O vale de Malleco, que faz parte da bacia do Bió Bió, superior, com muita concentração de fruta, acidez muito
tem condições similares às encontradas na região boa e um final brilhante.Valle de Colchagua
nordeste da França, com queda média acumulada de Colchagua, o coração da tradição huaso no Chile,
chuvas de mais de 1000 mm por ano e ventos do sul oferece uma interessante Rota do Vinho que leva o
que diminuem a umidade das folhas. visitante através de suas principais vinícolas, cidades e
Os vinhos exigem um tipo diferente de manejo: baixo museus para mostrar a importante herança cultural da
rendimento por planta (poucos cachos) para assegurar região.
o bom amadurecimento das frutas e a boa ventilação. Com o turismo e o desenvolvimento hoteleiro
Este clima particular aliado ao manejo adequado, é o concentrados na cidade de Santa Cruz, o vale atrai o
começo para mostrar o potencial e a qualidade dos visitante para a cidade e as regiões em torno.
vinhos de Chardonnay desta zona. Recentemente

70
Nas colheitas dos últimos anos, a absoluta ausência de Valle del Maipo
chuvas permitiu um amadurecimento completo das Vale de Maipo é a única região vinícola do mundo com
diferentes variedades de uvas. vinhedos nos limites urbanos de uma capital de 5,5
Os períodos de colheita no vale variam de acordo com a milhões de habitantes. O vale abriga o maior número de
localização e a topografia de cada vinhedo. vinícolas do Chile, muitas delas com uma longa tradição
A colheita, conseqüentemente começa na zona mais vinícola e caves do século 19.
próxima dos Andes, continua duas semanas depois em Os vinhedos variam desde os sopés dos Andes, onde
torno de Santa Cruz e termina nas áreas de grande os melhores Cabernets do país são produzidos, até o
influência do mar. planalto central. Seu clima mediterrâneo é estável, com
estações bem definidas e baixo risco de chuvas durante
Valle de Curicó o período da colheita, o que garante condições ideais
Curicó, que significa “Águas Negras” no idioma para o plantio de vinhedos e a produção de bons
mapuche, tem sido um importante centro agrícola da vinhos.
Zona Central do Chile por séculos. Ele corresponde à
bacia do Mataquito, formada pelos rios Teno e Lontué. Valle del Maule
Seu clima, caracterizado por neblina matinal e alta O Vale do Maule é a maior região vinícola do Chile. As
variação de temperatura entre o dia e a noite gera variações de microclimas e solos em seu interior geram
vinhos de grande acidez, o melhores de cada uma das uma grande variedade de vinhos, sendo encontradas
variedades brancas, especialmente, Sauvignon Blanc, aqui praticamente todas as variedades de uvas
Vert e Gris. cultivadas em todo o Chile.
As áreas mais quentes do vale, como Lontué, produzem Nos últimos anos, novas tecnologias introduzidas no
vinhos de Cabernet Sauvignon de alta qualidade, vale modificaram as práticas tradicionais de manejo dos
especialmente nos vinhedos mais velhos, alguns dos vinhedos para favorecer a produção de vinhos finos de
quais com mais de 80 anos de idade. maior qualidade, particularmente nas variedades
Cabernet Sauvignon e Carmenère.
Valle del Aconcagua A região possui os vinhedos mais antigos da
Aconcagua, batizado com o nome do mais alto pico dos emblemática Carmenère, que recentemente foi testada
Andes (6.958m), forma o vale mais ao sul do Chico com enxerto em cavalos da uva País, com excelentes
Norte. Estas zona foi uma importante passagem trans resultados. Esta prática poderá resultar numa rápida
andina chamada Cristo Redentor, que liga o Chile à conversão de variedades rústicas para mais finas,
Mendoza, na Argentina. evitando o replantio de mudas jovens.
O clima é estável, com alta insolação e baixo risco de
ARGENTINA
geadas, condições que permitem a elaboração de
As estatísticas da OIV confirmam a importância da
vinhos de grande qualidade. Maximiano Errázurriz
Argentina no cenário vinícola internacional: é o quinto
trouxe uma grande inovação para a vinicultura da região
maior produtor e o quinto maior consumidor mundial de
quando plantou os primeiros vinhedos na área de
vinhos. Durante muito tempo, a quantidade superou a
Panquehue em 1870.
qualidade nos vinhedos argentinos, onde se adotava o
As variedades tintas predominam neste vale e o
cultivo de uvas de alto rendimento, porém de baixa
Cabernet Sauvignon 2003 produzido no setor de La
qualidade (Criola Grande, Cereza, etc.), e um sistema
Campana foi destaque por sua intensa cor e taninos
de plantação arcaico. A alta produção de vinhos
bem definidos, enquanto os de Panchehue alcançaram
inferiores inundou a mesa das famílias argentinas que
características de maior maturação.
não se importavam com a qualidade da sua bebida do

71
dia-a-dia . Nas décadas mais recentes, a vitivinicultura Muitas novas vinícolas nasceram nos últimos anos,
argentina passou a cultivar em maior escala uvas de impulsionadas pelo aumento do interesse mundial pelos
espécies européias nobres, adotou modernas técnicas vinhos argentinos. Diversas destas vinícolas são fruto
de cultivo e vinificação e, consequentemente passou a de investimentos estrangeiros.
produzir vinhos de boa qualidade. Embora o consumo As 879 vinícolas de Mendoza produzem 60% do vinho
per capita tenha diminuído, o consumidor argentino argentino e 84% do vinho exportado. A região tem como
aumentou consideravelmente a produção e a ponto forte também o turismo enológico: diversas
exportação de grande número de vinhos de alta vinícolas têm pousadas e quase todas estão prontas
qualidade. para recepcionar o turista.
Terra do tango, de boas carnes e muitos vinhos, a Assim como Florença, Bordeaux, Bilboa-Rioja,
Argentina está entre os cinco maiores produtores de Melbourne e Cidade do Cabo, Mendoza foi selecionada
vinho do mundo, com aproximadamente 210 mil recentemente pela GWC (Great Wine Capitals Global
hectares de vinhas plantadas, uma produção de três Network) como uma das principais regiões mundiais na
milhões de caixas anuais e exportação de 25% da sua produção de vinhos.
produção. É e o quinto maior consumidor mundial de
vinhos e já ocupou a quarta posição na década de
AUSTRALIA
oitenta. Desde 1990, vem acontecendo lá um salto para
a qualidade, com a importação de viníferas e
Muitos se perguntam como os australianos conseguem
investimentos em tecnologia. Com isso, tem chegado ao
manter, de forma consistente, a produção de vinhos
nosso mercado uma boa oferta de vinhos de qualidade,
extremamente agradáveis de serem bebidos, plenos de
com uma relação custo/benefício atraente, graças aos
frutas, saborosos e acessíveis. A resposta para esta
benefícios do Mercosul.
questão pode ser encontrada nas vinícolas australianas,
A Argentina está prestes a se transformar em mais uma
onde os enólogos utilizam técnicas de vinificação muito
estrela no cenário vinícola mundial, fora do circuito
bem estabelecidas e executadas com extrema maestria.
europeu, tal como ocorreu com outros países do Novo
Hoje, estes enólogos, auto intitulados "flying
Mundo, como o seu vizinho Chile, a África do Sul, a
winemakers", estão viajando por todo o mundo,
Austrália, os Estados Unidos e a Nova Zelândia.
ensinando estas técnicas a outros produtores, mesmo
Apesar da sua proximidade com os Andes, as regiões
em países com enorme tradição na produção de vinhos.
vitivinícolas argentinas, ao contrário do Chile, não
ficaram imunes ao ataque da praga Phylloxera vastatrix Estas técnicas incluem o rigoroso controle de
e enfrentam a adversidade de um clima seco, o que higiene em todo o processo de vinificação, uso de
demanda cuidado redobrado e a adoção de um tanques de aço inoxidável com controle de temperatura
eficiente sistema de irrigação. para a fermentação do mosto, uso de leveduras
Principais regiões viniculas selecionadas, uso maciço de madeira por curtos
períodos de tempo, mistura de uvas de diferentes
Mendoza regiões vinícolas e eventuais correções na acidez do
A produção de uvas e vinhos na Argentina começou no mosto, durante a fermentação alcoólica. Esta sumária
ano de 1557, quando Juan Cedrón plantou os primeiros descrição de técnicas é na verdade uma simplificação
vinhedos com o objetivo de servir à Igreja Católica em grosseira do que realmente ocorre e se aplica
seus rituais. O vinho deveria ser adocicado, então foram primariamente à grande maioria dos vinhos
plantadas as variedades americanas Vitis rupestris e australianos, que são produzidos em quantidades
Vitis labrusca. Anos mais tarde os jesuítas importaram relativamente grandes, com uvas colhidas
mudas de boas variedades de Vitis vinifera. invariavelmente por meios mecânicos. Os grandes

72
vinhos australianos costumam ter um processo de notar que a phylloxera nunca afetou a região de South
vinificação bem mais elaborado e complexo, sendo Australia, assim como as principais áreas de New South
cada vez com mais freqüência a expressão de Walles, porém permanece ativa até os dias de hoje na
determinados "terroirs". Hoje na Austrália existem cerca região de Victoria.
de 800 vinícolas, porém apenas quatro grandes Em 1930, a região de South Australia produzia cerca de
companhias vinícolas, que respondem por cerca de 75% dos vinhos da Austrália, tendo o Barossa Valley se
80% dos vinho produzidos: BRL Hardy, Mildara-Blass, tornado o principal centro de produção, processando
Orlando e Southcorp Wines. A maior restrição que os não apenas suas próprias uvas, mas também as
puristas fazem aos vinhos australianos é que os produzidas na região de Riverland. Entre 1927 e 1939,
mesmos não possuem identidade própria, sendo muito principalmente pelas facilidades criadas pela coroa
parecidos entre si, não expressando diferenças de britânica, a Austrália exportou mais vinhos para a
região ou microclima. Talvez haja uma dose de razão Inglaterra, em sua maioria vinhos fortificados, do que a
neste tipo de crítica, porém a elevada qualidade de França.
grande parte dos vinhos australianos, sua enorme A indústria nos moldes de hoje começou a tomar forma
disponibilidade na imensa maioria dos casos e sua nos meados dos anos 50, com a introdução da
imbatível relação custo/benefício talvez expliquem de fermentação dos brancos a frio, em tanques de aço
maneira convincente o enorme sucesso que estes vinho inoxidável, com a mudança das grandes companhias
vêm obtendo em todo o mundo. Como já foi dito, há um para a região de Coonawarra e uma década depois
forte movimento na Austrália para a produção de vinhos para Padthaway e com o declínio da produção e do
com maior caráter individual, porém estes serão sempre consumo dos vinhos fortificados, em contraste com o
a minoria e certamente terão que cobrar um alto preço espetacular crescimento do consumo de vinhos tintos
pela exclusividade. de mesa, seguido pelo aumento de consumo dos vinhos
brancos. Em 1970 introduziu-se o uso de barris de
História carvalho, as varietais Cabernet Sauvignon e
Em 1788 a primeira videira foi trazida do Cabo da Boa Chardonnay e as vinícolas "high tech", além de ter-se
Esperança para a Austrália, pelo seu primeiro restabelecido a viticultura no sudeste da Austrália, na
governador, o Capitão Arthur Phillip, sendo plantada em região de Victoria. Desde então a vinicultura australiana
Farm Cove. Nesta época, a produção de vinhos, devido não tem parado de crescer, produzindo vinhos e
a vários fatores negativos, não foi adiante. extrema qualidade e refinamento.
Entre 1820 e 1840 a viticultura comercial foi sendo Clima
progressivamente instalada, inicialmente em New South Apesar da imensa dimensão territorial da Austrália,
Walles e depois sucessivamente na Tasmânia, Western pode-se dizer, de maneira simplificada, que existem
Australia e finalmente em South Australia. Ela se dois padrões básicos de clima naquele país: um que
baseava em vastas coleções de Vitis Vinífera afeta as regiões de Western Australia, South Australia,
importadas da Europa, já que não existiam espécies Victoria e Tasmania (todos ao sul), e outro que afeta
nativas na Austrália e também não houve cruzamentos Queensland (a nordeste) e New South Walles (a
ou produção de híbridos no país. A phylloxera atacou as sudeste).
videiras da Austrália em 1877, a partir da região de O primeiro caracteriza-se por apresentar chuvas no
Geelong, provocando uma mudança no perfil de inverno e na primavera, com verões secos e outono
utilização das terras. A produção de vinhos secos foi precoce, com temperaturas diurnas variando entre 25oC
gradualmente diminuída, sendo substituída pela e 35oC, com pouca influência marítima. Há uma
produção de vinhos fortificados. Nesta época também distribuição uniforme do calor na região dos melhores
se instituiu o sistema de irrigação das videiras. Deve-se

73
vinho, fator que se acredita ser um dos principais vinhos, tanto brancos como tintos, bastante acessíveis.
responsáveis pela qualidade dos mesmos. A maturação destes vinhos é invariavelmente realizada
Na outra área o padrão é mais tropical, com chuvas em tonéis e barris de carvalho. Ainda visando atingir
mais intensas, temperaturas mais elevadas, com estes objetivos, são importantes a utilização de
maiores teores de umidade relativa do ar. leveduras selecionadas, tanto na fermentação alcoólica
quanto na maloláctica, o rigoroso controle da
Viticultura temperatura de fermentação (12oC a 14oC para os
Os tipos de uvas mais plantados são: Shiraz, Cabernet brancos e 22oC a 25oC para os tintos, mais baixas
Sauvignon, Grenache, Pinot Noir, Sultana, Muscat portanto que as usuais), o uso de fermentação em
Gordo Blanco, Chardonnay, Riesling, Semillon e barris de carvalho para os brancos e em modernos
Colombard. As uvas são transportadas por todo o país, tanques de fermentação para os tintos, além da
desde as regiões produtoras até as vinícolas, em utilização de uvas fisiologicamente maduras.
caminhões equipados com sistema de refrigeração, Curiosamente, o uso da maceração prolongada não é
garantindo desta forma a total integridade da fruta em tão comum quanto na Europa ou nos Estados Unidos,
trajetos que podem ser bastante longos. pois os enólogos australianos acreditam que este
processo tende a diminuir os aromas e sabores do
vinho. O carvalho francês é o preferido no caso dos
melhores vinhos brancos, para a Cabernet Sauvignon e
Solo para a Pinot Noir, sendo o carvalho americano mais
O solo da Austrália é bastante variável, não sendo utilizado para a Shiraz, para os cortes de Shiraz e
possível fazer qualquer tipo de generalização. Cabernet e para alguns poucos vinhos de Cabernet
Sauvignon.
Vinificação No caso de vinhos de menor qualidade tem aumentado
O principal diferencial da vinicultura australiana reside o uso de "chips" de carvalho, em conjunto com tonéis
em suas sofisticadas e muito bem equipadas vinícolas, antigos, uma prática suspeita e pouco recomendável. A
com modernos e eficientes sistemas de refrigeração procura de um vinho mais natural tem levado a uma
(das uvas e do mosto, no caso dos vinhos brancos), drástica redução do uso de produtos químicos, tanto
tanques de aço inoxidável com controle de temperatura nos processos de cultivo da uva quanto na vinificação.
(muitas vezes por intermédio de computadores), Ainda assim, a adição de ácido tartárico para correção
equipamentos para processamento das uvas e do vinho da acidez é permitida pela legislação, sendo feita
(esmagadores, desengaçadores, prensas, filtros, etc) (quando for o caso) durante a fermentação alcoólica. A
geralmente de origem européia, além de equipamentos chaptalização (adição de açúcar ao mosto com a
de autovinificação (Vinomatic). finalidade de aumentar o teor alcoólico do vinho) é
Também são adotadas medidas de higiene expressamente proibida, mesmo nas regiões mais frias.
extremamente rigorosas, durante todo o processo de O uso de dióxido de enxofre tem sido gradativamente
vinificação. Até este ponto, não há grandes diferenças reduzido, já existindo vinhos tintos produzidos sem
com o que tem sido utilizado pelos melhores produtores qualquer adição do mesmo, cabendo aos taninos a
em todo o mundo. A grande e principal diferença está função de proteger o vinho.
na maneira que os enólogos australianos utilizam o
equipamento e a tecnologia a ele associada. Os Sistema de Classificação dos Vinhos
principais objetivos destes enólogos são obter a máxima A Austrália já possui todo um conjunto de leis e
preservação do caráter e do sabor da varietal utilizada, regulamentos para instituir um sistema de Apelação
além de uma textura macia, procurando tornar os Controlada, nos moldes dos existentes em diversos

74
países da Europa, tais como França, Espanha e Itália, competições internacionais e exportando-os para mais
dependendo apenas da delimitação das regiões. No de 80 países.
entanto, até os dias de hoje esta organização ainda não Na extremidade sul da África, no encontro de dois
está funcionando na prática, exceto em algumas oceanos, eleva-se a majestosa Table Mountain,
pequenas regiões como Mudgee e Tasmânia. A região emoldurando um Cabo de importância histórica mundial.
de Victoria está tentando instituir um mecanismo de Por 350 anos as culturas européia e oriental aqui se
autenticação de seus vinhos e o Hunter Valley encontraram, modelando uma cidade ao mesmo tempo
introduziu recentemente um sistema chamado de moderna e antiga, onde o vinho há séculos é parte viva
"Accreditation". Hoje funciona na Austrália um programa e marcante. O cabo presenciou momentos históricos,
de controle chamado LIP (Label Integrity Program), que como a invasão holandesa em 1652, a britânica durante
garante a veracidade das informações contidas nos as guerras Napoleônicas, a revolução interna Groot
rótulos e contra-rótulos dos vinhos australianos, que Trek. Aqui em 1990 Nelson Mandela iniciou sua
diga-se de passagem são de fácil leitura e caminhada para a liberdade.
compreensão, além de bastante informativos. Hoje a África do Sul é uma democracia pacífica, que
reflete na variedade de seus vinhos. Seus 300 anos de
AFRICA DO SUL
vinicultura refletem ao mesmo tempo classicismo e
Em 1652 a Companhia das Índias Ocidentais instalou
tradição do Velho Mundo e as influências do estilo
um posto de apoio no cabo da Boa Esperança. A partir
contemporâneo do Novo Mundo.
de 1659 começou-se a produzir vinho na região, a partir
Os vinhos sul-africanos traduzem solos, clima,
de uvas locais. Em 1688 Huguenotes franceses
variedade e cultura do Cabo, contando sua história para
católicos, fugindo da perseguição religiosa, se
o mundo.
estabeleceram no Cabo, contribuindo para o
África do Sul possui as seguintes regiões vinícolas:
desenvolvimento de sua vinicultura. A região de
Boberg
Franshoek foi seu núcleo de situação. Durante o século
Breede River Valley
18 os vinhos de Constantia adquiriram reputação
Coastal Region
internacional, comercializados pela Companhia em
Klein Karoo
leilões na Holanda e rivalizando com os saborosos
Olifants River
vinhos europeus. Por volta de 1950 os produtores locais
Classificação dos vinhos
foram influenciados por técnicas enológicas alemãs e
Classificação oficial de regiões da África do Sul se
italianas, e os líderes fundaram em 1955 o Instituto de
baseia em 3 níveis de hierarquia: Região, Distrito e
Pesquisas em Viticultura e Enologia, hoje conhecido
Wards. Os Wards são pequenos núcleos de vinícolas,
como Nietvoorbij.
podendo estar dentro de um Distrito ou não. Dessa
A partir de 1970 novas diretrizes de qualidade
forma, alguns Distritos possuem Wards, outros não.
resultaram na conversão de vinhedos e no
Para complicar tudo, alguns Wards não se encontram
desenvolvimento das regiões costeiras (Coastal) mais
dentro de nenhum Distrito classificado, existindo
frescas e na utilização de variedades mais nobres. Daí
isolados no contexto da região ou mesmo do país. Para
em diante novas tecnologias de vinhedos e caves
não dificultar a navegação entre esses níveis regionais,
passaram a produzir vinhos cada vez mais qualificados
criamos uma sexta região, denominada Outras Regiões,
e de classe internacional.
que abriga os Wards órfãos. Alguns distritos possuem
Hoje, uma entusiasmada legião de jovens vinicultores
Wards internos, então não criamos um sub-nivel da
desenvolvem sua herança, tirando vantagem de seu
navegação, preferindo citá-los no texto descritivo do
terroir único para produzir vinhos vencedores em
Distrito.

75
A classificação oficial das regiões vinícolas da África do Gewürztraminer, Muscat de Frontignan,
Sul vem sendo alterada e atualizada, e será atualizada Muscat de Alexandria, Pinot Gris, Cape
periodicamente em nosso site. Riesling (Crouchen Blanc) e Viognier

Área de
Caracteristicas geo-climaticas 102.146,00 hectares
Vinhedos:
A região do Cabo se estende por vasta extensão,
compreendendo mais de 100.000 hectares de vinhedos BRASIL
cultivados por 4.500 produtores, com cerca de 340 No Rio Grande do Sul concentra-se mais de 90% da
vinícolas em operação. Variando da região costeira até produção vinícola do país e lá estão as melhores
o quase deserto, temos uma diversidade de meso- vinícolas brasileiras. A maior parte destas vinícolas está
climas e terroirs que trazem diferentes vocações em localizada na Serra Gaúcha região de montanha ao
termos de variedades de uvas utilizadas e vinhos norte no estado, destacando-se as cidades de Bento
produzidos. O clima é temperado com verões Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul, seguidas de
agradáveis e invernos frios, com chuvas entre maio e Flores da Cunha, Farroupilha e Canela, e o restante em
Agosto. Ventos vindos do oceano Atlântico, refrescado Erechin, no noroeste do estado; Jaguari, no sudoeste;
pela corrente gelada Benguela, amenizam o calor do Viamão e São Jerônimo, no centro-leste; Bagé, Don
verão. Mais para o nordeste, continente adentro, as Pedrito, Pinheiro Machado e Santana do Livramento, no
regiões de Klein Karoo, Olifants River e Orange River extremo sul.
tendem a ser mais quentes e secas. As alterações Uma pequena parte restante dos vinhos brasileiros é
climáticas dos ultimos anos elevaram a temperatura proveniente de diminutas regiões vitivinícolas situadas
média dessas regiões, mudando o perfil de seu terroir. nos estados de Minas Gerais (municípios de Andradas,
Mais para o norte, recentemente começou-se a Caldas, Poços de Caldas e Santa Rita de Caldas),
desenvolver regiões interiores mais altas e frescas, até Paraná, Pernambuco (Santa Maria da Boa Vista e
então inexploradas para a vinicultura sul-africana de Santo Antão), Santa Catarina (Urussanga) e São Paulo
qualidade. (Jundiaí e São Roque). No entanto, essas regiões
Pinotage – a Uva da Africa do sul cultivam quase que exclusivamente uvas americanas
Em 1925 Abraham Izak Perold, o primeiro professor de (Isabel, Niágara, etc.) que originam apenas vinhos de
Viticulture na Stellenbosch University, cruzou Pinot Noir categoria inferior. Algumas vinícolas começaram a
com a Hermitage (Cinsault), daí nascendo uma nova produzir vinhos elaborados com uvas européias, mas
variedade: a Pinotage. Essa variedade é genuinamente até agora não convenceram. Esperamos que, com
sul-africana, sendo festejada mundialmente por seus seriedade, trabalho e tecnologia essas regiões possam,
vinhos marcadamente ricos e especiados. Mais de 20% pelo menos em longo prazo, oferecer vinhos de boa
dos vinhos tintos sul-africanos é produzido com essa qualidade.
variedade. No quadro vinícola descrito para as regiões fora do Rio
Dados de Produção da África do Sul Grande do Sul, existe uma feliz exceção situada no
Nordeste brasileiro. É o promissor Vale do rio São
Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinotage,
Francisco, especialmente na cidade de Santa Maria da
Variedades Pinot Noir, Shiraz.
Cinsault e Mourvedre são introduções Boa Vista, próxima de Petrolina e Juazeiro, na fronteira
Tintas:
de Pernambuco e Bahia.
recentes.

Chardonnay, Chenin Blanc (Steen),


Variedades Classificação
Sauvignon Blanc, Sémillon.
Brancas: A vitivinicultura brasileira evoluiu de maneira
Outras: Riesling, Colombrad,
extraordinária nas duas últimas décadas, e o Brasil

76
produz hoje vinhos de boa qualidade. O atual panorama brasileiro. O segundo é o preço do vinho nacional, que
vinícola brasileiro é animador e, complementando esse é relativamente caro, em conseqüência da alta taxação
salto qualitativo, a partir de setembro de 1995 o Brasil de impostos e de encargos sociais, e não tem
passou a ser membro da OIV (Office International de la conseguido enfrentar os baixos preços de muitos
Vigne e du Vin ou, simplesmente, Organização importados.
Internacional do Vinho), organismo que regula as
normas internacionais de produção do vinho, cujo Os Níveis de Qualidade dos Vinhos Brasileiros
cumprimento resulta, obrigatoriamente, em elevação do Os vinhos brasileiros estão classificados em dois níveis
padrão de nossos vinhos. Uma das normas que em de qualidade:
breve será implantada é a criação e implementação das 1. Vinho de Mesa - vinho inferior, elaborado a partir de
Denominações de Origem Controladas, como as variedades de uvas comuns (Concord, Herbemont,
existentes nos países europeus. Isabel, Seyve Willard, Niágara, etc.) de espécies
Estamos produzindo bons vinhos varietais (elaborados americanas (Vitis labrusca, Vitis rupestris, etc.).
com um tipo predominante de uva) brancos (das uvas 2. Vinho Fino de Mesa - vinho de mesa diferenciado,
Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) e tintos elaborado a partir de variedades de uvas nobres
(das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, etc.) e muitos (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir,
deles têm recebido prêmios em concursos Merlot, Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) da
internacionais sérios, a maioria deles supervisionados espécie européia (Vitis vinifera).
pela OIV. Outras Denominações Utilizadas
É preciso, no entanto, que o consumidor brasileiro deixe 1. Vinho Varietal - vinho feito com uma só variedade de
de comparar os nossos vinhos com os estrangeiros. uva ou com o mínimo de 60% da variedade de uva
Sem dúvida, os melhores vinhos do mundo se originam declarada no rótulo. As boas vinícolas utilizam 100% da
da França, Itália, Espanha, Portugal, Chile e outros variedade declarada.
países. Entretanto, a rigor não se pode comparar vinhos 2. Vinho de Corte - vinho elaborado a partir de
de regiões diferentes, uvas diferentes e tipos de diferentes uvas.
vinificação diferentes, que lhes conferem estilos 3. Vinho seco - vinho com teor de açúcar menor do que
diferentes. Do mesmo modo, o vinho brasileiro de 5 gramas por litro.
qualidade tem o seu estilo. Os brancos são adequados 4. Vinho demi-sec - vinho com teor de açúcar entre 5-
ao nosso clima - frutados, refrescantes, para serem 20g/l.
consumidos jovens - e já alcançaram um nível de 5. Vinho suave - vinho com teor de açúcar maior do que
qualidade que ultrapassa muitos vinhos brancos de 20g/l.
países de tradição vinícola. Os tintos já atingiram o nível
de muitos vinhos europeus jovens.
Alguns da safra de 1991, a melhor da história da As Regiões
vitivinicultura brasileira, atingiram um surpreendente Com a implantação de um sistema de irrigação eficaz,
grau de qualidade e estão melhorando com o essa região começou, há duas décadas, a produzir
envelhecimento na garrafa por mais de sete anos, um frutas de qualidade e uvas européias que, através
tempo antes inimaginável para os vinhos nacionais. controle da irrigação, podem dar até duas safras ao
Existem, ainda, dois problemas cruciais que dificultam ano! Na década de oitenta, algumas vinícolas lá se
um maior desenvolvimento da vitivinicultura brasileira. O instalaram e começaram a produzir vinhos honestos. No
primeiro é sem dúvida o pequeno consumo (cerca de entanto, há muito que melhorar, e essa região pode vir
apenas 2 litros per capita por ano), resultante da falta de a produzir "caldos" realmente surpreendentes.
tradição vinícola e do baixo poder aquisitivo do

77
Rio Grande do Sul mais para o vinho de mesa, os chamados vinhos
O Rio Grande do Sul, além de ser o estado de melhor e coloniais.
maior produção vinícola também é sede da UVIBRA Outros municípios da Serra Gaúcha, como Antônio
(União Brasileira de Vitivinicultura) e da ABE Prado, Canela, Carlos Barbosa, Farroupilha, Flores da
(Associação Brasileira de Enologia) entidades que lutam Cunha, Guaporé, São Marcos e Veranópolis produzem
para a melhoria do vinho brasileiro. Situada nas pequenas quantidades de vinhos finos.
montanhas do nordeste do estado, a região da Serra Fora da região da Serra Gaúcha existem outras regiões
Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, vinícolas do estado, menores, como a região de Viamão
destacando-se os municípios de Bento Gonçalves, e Campanha, sendo que essa última apresenta o maior
Caxias do Sul e Garibaldi pelo volume e pela qualidade destaque é a sub-região de Santana do Livramento, no
dos vinhos que produzem, além de outros municípios extremo sul do estado.
com produções de qualidade.
Fora da região da Serra Gaúcha existem outras regiões Bento Gonçalves
vinícolas do estado, menores, como a região de Viamão Bento Gonçalves aloja grande parte das mais
e Campanha, sendo que essa última apresenta o maior prestigiadas vinícolas do país. Percorrer as linhas
destaque é a sub-região de Santana do Livramento, no (linhas de demarcação das terras dos primeiros
extremo sul do estado. colonos) nos arredores da cidade é uma experiência
inesquecível. O Vale dos Vinhedos situado na parte sul
Serra Gaúcha do município é um festival de cores, aromas e sabores
A região da Serra está próxima das condições geo- para seus visitantes, em seus vinhedos e cantinas
climáticas dos melhores vinhedos do mundo (a faixa ao vinícolas, muitas das quais investindo pesado no
norte ao sul do planeta, com latitude entre os paralelos turismo enogastronômico.
trinta e cinqüenta), mas as chuvas costumam ser A Casa Valduga, por exemplo, possui ótimo restaurante
excessivas, exatamente na época que antecede a de cozinha italiana e uma bela pousada para os
colheita, período crucial à maturação das uvas. amantes do bem beber e comer.
Por essa razão, os viticultores da Serra Gaúcha são Também a vinícola Miolo possui a aconchegante
verdadeiros heróis: obstinados, enfrentam os percalços Osteria Mamma Miolo, onde pode-se saborear desde
da natureza, extraem da terra o que de melhor ela pode pratos italianos até um javali assado. Em Bento
lhes dar e conseguem, com trabalho árduo e Gonçalves, a tradição vinícola artesanal, trazida pelos
investimentos em tecnologia, produzir vinhos que imigrantes italianos, foi seguida pela modernização,
surpreendem e melhoram em qualidade a cada dia. com adoção e aprimoramento da tecnologia. Lá também
Hoje, as melhores vinícolas da Serra Gaúcha utilizam estão sediadas duas instituições públicas da maior
cepas nobres e contam com a mais avançada importância na pesquisa e no ensino enológicos: a
tecnologia, idêntica à utilizada nos principais países Embrapa, com um excelente centro de pesquisa, e a
vinícolas da Europa. A qualidade de seus vinhos Escola Agrotécnica Federal Presidente Juscelino
certamente continuará a melhorar, pois em breve serão Kubitschek que vem formando gerações de técnicos em
implantadas as primeiras Denominações de Origem enologia e, a partir de 1995, passou a ter o Curso
Controladas do país, como conseqüência de estudos Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, o
que vêm sendo desenvolvidos há muitos anos na primeiro centro de formação de enólogos no país e um
região. Além de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e dos raros nas Américas. Para qualquer enófilo indo ao
Garibaldi, existem ainda cerca de trinta e cinco Rio Grande, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha e, em
municípios da Serra, cuja produção vinícola é voltada particular, Bento Gonçalves.

78
Caxias do Sul (adocicados), elaborados com uvas européias nobres
Caxias aloja algumas vinícolas de qualidade situadas como a Cabernet Sauvignon, a Merlot, a Chardonnay e
nos arredores do município. Os destaques são a Remy- outras, configurando, sem dúvida, um desperdício de
Lacave, pelo enorme castelo sede da vinícola (réplica matéria prima nobre.
de um castelo medieval europeu) e, especialmente, a
Juan Carrau - Velho Museu, com o seu Atelier do Vinho, As Variedades
pequena e charmosa vinícola fonte de vinhos muito UVAS TINTAS
corretos. De menor porte, a vinícola Zanrosso (Granja Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Petite Syrah,
do Vale) já apresenta vinhos de qualidade. Pinot Noir, Gamay, Malbec, Merlot, Zinfandel
UVAS BRANCAS
Garibaldi Chenin Blanc, Moscato Canelli, Sauvignon Blanc,
Garibaldi, cidade bucólica e hospitaleira da Serra Sylvaner, Chardonnay, Gewürztraminer, Pinot Blanc,
Gaúcha, é muito conhecida como a capital do Malvasia, Moscato, Riesling Itálico, Riesling Renano,
champanha, o vinho espumante brasileiro, pois lá estão Semillon, Trebbiano.
sediadas várias empresas especialistas na produção
desses vinhos, alguns deles entre os melhores do país.
NOVA ZELANDIA
No entanto, algumas vinícolas, como a De Lantier e a
A apreciação de vinhos finos era totalmente
Chandon, produzem alguns dos melhores vinhos
desconhecida na Nova Zelândia, e os novos produtores
tranqüilos (não espumantes) do país.
adiantados estavam concentrados na produção de larga
escala. Os primeiros vinhedos, estabelecidos em 1835,
Outras Regiões do Rio Grande do Sul
produziam vinhos que eram utilizados para "matar a
O Rio Grande do Sul apresenta outros municípios
sede" das tropas britânicas, e até a metade do século
vinícolas situados fora da Serra Gaúcha, a saber:
XX, as aspirações da indústria eram
Erechin, no noroeste do estado; Jaguari, no sudoeste;
correspondentemente modestas.
Viamão e São Jerônimo, no centro-leste; Bagé, Don
O crescimento aparentemente paralelo entre a
Pedrito, Pinheiro Machado e Santana do Livramento, no
população e o desenvolvimento dos vinhedos,
extremo sul.
aconteceu progressivamente de norte a sul.
Desses municípios, merece destaque Santana do
No século XX, a indústria se desenvolveu
Livramento, quase na fronteira com o Uruguai, bem
primeiramente na Ilha Norte, ao redor de Auckland,
próxima do início da faixa considerada ideal para a
centro onde se encontra um terço da população. Entre
vitivinicultura, entre os paralelos trinta e cinqüenta. Ali
1960-70 cresceu rapidamente para o sudeste, em
não existem os problemas climáticos da Serra Gaúcha e
Gisborne, e então mais ao sul na região de Hawke´s
tem se avançado na produção de uvas européias e
Bay. Em 1973 os primeiros vinhedos foram plantados
vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o
em Marlborough na Ilha Sul, e por volta de 1990, esta
investimento em tecnologia e a vontade das empresas,
região mais ao norte tinha-se transformado (e continua
a região certamente passará a uma posição de
sendo) o maior produtor e a principal região da nação. A
destaque no panorama vinícola nacional. O problema é
experimentação em regiões mais frias e mais ao sul
que empresas vinícolas de grande porte lá instaladas há
continua na Ilha Sul até Canterbury e mesmo Otago,
mais tempo (e que já chegaram a produzir bons
onde encontramos os vinhedos mais ao sul do mundo.
vinhos!), hoje apostam em vinhos "docinhos”, muito
O governo e as políticas sociais afetaram
vendáveis, mas longe de conquistar o consumidor mais
profundamente a indústria de vinho da Nova Zelândia.
exigente. Aliás, esses vinhos constituem um raro
O movimento "Temperance" entre 1910-1919 limitou a
exemplo no mundo vinícola de vinhos demi-sec

79
expansão, como aconteceu na depressão econômica agora controlados na maior parte dos vinhedos
dos anos 1930. Mas em 1958 o governo moveu-se para replantados.
restringir a importação de vinhos e de destilados. Isto O desafio mais comum em vinhedos da Nova Zelândia,
garantiu aos produtores locais um mercado estável e entretanto, sempre foi o crescimento rápido da
permitiu o forte crescimento. Em 1981, o acordo das folhagem, tendo por resultado uvas que não
relações econômicas expandiu o comércio com a amadurecem à perfeição. Hoje a ciência tem
Austrália eliminando tarifas entre os dois países. Isto desenvolvido programas extensivos de controle do
forçou os winemakers da Nova Zelândia a competir com crescimento da folhagem e da poda que reduzem este
uma indústria muito maior (dez vezes). A produção da problema permitindo que os winemakers façam vinhos
Nova Zelândia cresceu extraordinariamente até 1983. A com bom frescor, altamente aromáticos e que exprimam
expansão dos vinhedos, os grandes rendimentos e os o caráter varietal.
preços baixos fizeram com que muitos produtores Como em outras regiões produtoras do mundo a última
iniciassem uma nova produção. Em 1986 o governo palavra em técnicas de vinificação ainda é a tradição.
ordenou que um quarto de todas as videiras fosse Colheita manual, pré e pós-maceração e fermentação
arrancado para estabilizar o mercado. A maioria dessas parcial com todas as uvas são utilizadas na pesquisa do
videiras era de produção elevada e as variedades caráter varietal. A fermentação e o envelhecimento nas
utilizadas para vinhos inferiores. Hoje, os novos barricas (carvalho francês e americano) também são
vinhedos proliferam outra vez em menor quantidade, populares para Chardonnay e vinhos tintos.
enquanto o processo combinado entre terroir e varietal Para os vinhos brancos, a fermentação a frio é a regra,
se torna cada vez mais bem sucedido. com alguns vinhos que são envelhecidos em barricas
Os hectares de vinhedos da Nova Zelândia tiveram um ou em "assemblage" para desenvolver uma
crescimento muito grande, mais que o dobro, nos anos complexidade maior. A fermentação e o
90, passando de 4.880 para 13.000 hectares em 2000, amadurecimento nas barricas de carvalho em contato
e continuam a crescer. Enquanto a demanda doméstica com as cascas (skin contact, sur lie) são usados para
permaneceu mais ou menos idêntica, o interesse um estilo "mais maduro" de Sauvignon Blanc e
internacional elevou o crescimento da exportação no Chardonnay, particularmente nas regiões do norte, onde
mesmo período, com mais de 20 milhões de litros o corte com o Sémillon é usado também para realçar a
vendidos no exterior em 2000. O número de vinícolas complexidade. Os mais famosos Sauvignon Blanc não
quase triplicou, de 131 em 1991 para 358 em 2000, o passam em contato com barricas de carvalho para
volume da exportação aumentou quase cinco vezes, de preservar seus aromas "limpos" e muito intensos.
4 milhões de litros em 1990 para 19,2 milhões de litros
em 2000. E o fenômeno não mostra nenhum sinal de As Variedades
diminuir, porque os lucros reinvestidos resultam em Praticamente três quartos dos vinhos da Nova Zelândia
vinhos sempre melhores. são de uvas brancas, predominantemente varietais
O Clima franceses, com algumas uvas alemãs. O Chardonnay é
Embora a Nova Zelândia tenha um número de micro- o vinho branco mais produzido, seguido pelo recém
climas e uma grande variedade de tipos de solo, é famoso Sauvignon Blanc, embora estas posições
geralmente um país fresco com precipitação abundante. possam ser invertidas num futuro próximo. O Muller-
Historicamente, muitos vinhedos foram plantados em Thurgau, Riesling e um pouco de Gewürztraminer, Pinot
locais com drenagem inadequada e solos Gris, e Sémillon são outras variedades brancas
extremamente férteis. Estes, junto com as temperaturas presentes.
e variedades impróprias, contribuíram ao Para os tintos, a Pinot Noir é a variedade mais
desenvolvimento de fungos, do míldio e da filoxera, importante, que produz um grande número de vinhos e

80
é a onda do futuro, projetada para ganhar o mesmo tipo Quando mais de uma variedade é mencionada, as
da atenção para Nova Zelândia assim como a Shiraz variedades devem ser listadas em ordem decrescente
fez na Austrália. Em volume e importância a Pinot Noir é de proporção.
seguida por Merlot e Cabernet Sauvignon. Os novos Se vendido em países da União Européia ou nos
vinhedos de Syrah, de Malbec, de Cabernet Franc e Estados Unidos, o vinho deve ser 100% verdadeiro às
mesmo de Zinfandel e Pinotage serão mais opções no variedades indicadas. Os vinhos de mesa da Nova
futuro. Zelândia podem conter o teor de álcool de até 15%.

A situação referente às uvas nas duas ilhas: As regiões


ILHA NORTE
ILHA NORTE No geral esta área do norte (mais perto do equador)
Auckland - Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Muller- tende a produzir umas versões mais maduras, mais
Thurgau macias e menos ácidas de todos os varietais.
Gisbourne - Chardonnay, Müller-Thurgau, Gisborne
Gewürztraminer No lado oriental da Ilha Norte, tem o luxo de uma
Hawke's Bay - Chardonnay, Cabernet Sauvignon, identidade dupla: mais que um terço do vinho produzido
Merlot, Sauvignon Blanc, Müller-Thurgau no país é daqui, a maioria vinhos para o dia-a-dia. Mas
Wellington (Martinborough) - Pinot Noir, Chardonnay, Gisborne produz também vinhos finos, reivindicando o
Riesling título de capital do Chardonnay da Nova Zelândia, onde
os maiores produtores do país e as vinícolas "boutique"
ILHA SUL vinificam distintos Chardonnay "premium". Estes vinhos
Marlborough - Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot são conhecidos pelos sabores encantadores de
Noir, Müller-Thurgau, Merlot, Riesling pêssego, abacaxi e melão e um bom frescor que os faz
Nelson - Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pinot Noir, excelentes acompanhantes para diversos pratos.
Riesling Hawke´s Bay
Waipara - Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Chardonnay Hawke´s Bay é uma histórica região produtora de
Canterbury (ao redor de Christchurch) - Chardonnay, vinhos localizada perto do centro oriental da Ilha Norte
Sauvignon Blanc, Riesling, Pinot Noir com 28% dos vinhedos do país e freqüentemente é a
Central Otago - Pinot Noir, Gewürztraminer, Riesling região mais quente do país. Chardonnay é seu varietal
mais importante, seguido pelo Müller-Thurgau, Cabernet
Classificações Sauvignon, Sauvignon Blanc e Merlot. O Chardonnay
Os rótulos dos vinhos da Nova Zelândia são de Hawke´s Bay tem aromas e sabores fortes de frutas
regulamentados pelo bureau Fair Trading Act and the cítricas de grande elegância. O Sauvignon Blanc da
Food Act, ambos proíbem indicações enganadoras, por área tem freqüentemente aromas de nectarina e é mais
exemplo, indicação geográfica. A criação das macio e menos pungente do que o de Marlborough, o
indicações geográficas em 1994, que ainda hoje não foi mais famoso Sauvignon Blanc. Os tintos de Hawke´s
executada, eventualmente delineará e atribuirá nomes Bay são produzidos ao estilo de Bordeaux. O Cabernet
às sub-regiões vinícolas e regulará também o uso Sauvignon, é "cortado", às vezes, com o Cabernet
destes nomes em rótulos de vinho. Atualmente, se uma Franc ou o Merlot, e revelam aromas e sabores de
única variedade de uva for mencionada no rótulo de um cassis, freqüentemente têm um caráter ligeiramente
vinho, essa variedade deve estar presente com 85% do herbáceo e mostram notas de carvalho devido ao
total para ser vendido nos Estados Unidos ou no Reino envelhecimento. Hawke´s Bay é considerada a capital
Unido; na Nova Zelândia, apenas 75% é requerido. do Merlot da Nova Zelândia, e embora o Merlot seja

81
produzido em quantidades menores do que Cabernet Nova Zelândia. Este longo e calmo vale na extremidade
Sauvignon, estes vinhos também são envelhecidos em norte da Ilha Sul contém uma grande variedade de tipos
carvalho e conhecidos pela estrutura firme, assim como de solo, de baixa fertilidade e de boa drenagem, que
pelas notas herbáceas. permitem aos winemakers produzir vinhos finos em uma
grande variedade de estilos.
Auckland Os Sauvignon Blanc de Marlborough apareceram no
Como berço da indústria de vinho da Nova Zelândia, cenário internacional do vinho em 1985 com um frescor,
Auckland tem feito um esforço durante anos para complexidade e "finesse" surpreendente, o que atraiu a
encontrar varietais finos que se encaixem com perfeição atenção dos consumidores. Hoje o Sauvignon Blanc é o
a seu clima morno e úmido. Como centro da população, varietal mais plantado, mostrando os sabores tropicais
supervisiona o comércio maciço de vinho, na maior da fruta e notas herbáceas que vieram representar o
parte vinificando e fazendo o "assemblage" de vinhos estilo nacional.
de outras regiões da Nova Zelândia. Recentemente, O Chardonnay, segundo varietal mais popular de
entretanto, os empreendedores com novos vinhedos Marlborough, é produzido em um grande número de
nas regiões de Waiheke Island e Matakana, em estilos, incluindo espumantes. Como o Sauvignon Blanc
Auckland, produziram elegantes Cabernet Sauvignon, mostra aromas tropicais e acidez relativamente elevada,
Merlot e outros varietais de Bordeaux e também uma é raramente envelhecido no carvalho. A Riesling
pequena quantidade de Pinot Noir. Estas variedades também prospera aqui e pode produzir tanto vinhos
parecem amadurecer bem e mostrar grande potencial secos e finos como ricos e saborosos vinhos de dessert.
nessas regiões. E os Chardonnays da área A onda do futuro deve ser encontrada nos vinhedos
recentemente desenvolvida perto do rio Kumeu mostra mais novos de Marlborough, onde a Pinot Noir está
suntuosos aromas varietais; seu estilo tipicamente rico é fazendo história com vinhos envelhecidos em carvalho,
equilibrado com um toque vívido de limão e são de estrutura fina e balanceada, com sabores frutados e
considerados entre os melhores do país. macios lembrando um Bourgogne novo.

Wellington Otago
Através do estreito de Cook na Ilha Norte, Wellington, Produtores de Otago, região mais ao sul do mundo, têm
ao redor da cidade de Martinborough, possui um clima que contar com o único clima continental (melhor que
fresco, outonos secos e longos e solos formados por marítimo) do país. Eles maximizam as horas de sol e
cascalho - todas as exigências da "difícil" Pinot Noir. Os minimizam o perigo da geada plantando vinhedos nas
vinhos desta área rivalizam com os mais finos Pinot encostas, raridade na Nova Zelândia. Por causa da sua
Noir, e sua acidez refrescante confere o potencial para posição geográfica periférica, os vinhedos de Otago
um envelhecimento maior. Wellington produz também produzem rendimentos pequenos, mas seus vinhos
alguns vinhos botritizados com as uvas Riesling, que podem oferecer grande concentração e caráter
podem ser muito finos. correspondente, particularmente em Pinot Noir e
Gewürztraminer, que mostram a abundância de frescor.
ILHA SUL Os novos vinhedos estão sendo plantados mais
Marlborough rapidamente aqui do que em qualquer outra região da
Embora relativamente nova como região produtora, tem Nova Zelândia, e por um bom motivo: as uvas de
o maior número de hectares plantados com videiras da Canterbury e de Otago produzem Pinot Noir elegante,
Nova Zelândia, com mais de 4.500 hectares; seus tipicamente com sabores profundos de cereja preta e
primeiros vinhedos foram plantados em 1973 e agora boa acidez.
são mais do que 40% de toda a área de vinhedos da

82
ALEMANHA própria defesa, as organizações cooperativas
O vinho tem sido amado e cultivado ha séculos na ressurgiram. Algumas delas absorveram vinhedos de
Alemanhã, desde o tempo dos Romanos, quando o baixa qualidade, mas os cultivadores de alta qualidade
escritor Ausone de Bordeaux descreveu os belos também se associaram, e eventualmente o esforço de
vinhedos nas encostas do rio Mosel. Desde a recuperação produziu uma segunda grande expansão
ascençãoda igreja cristã,a videira tem um papel de vinhedos e de campos vastamente volumosos.
intimamente ligado à história religiosa, e o cultivo nas Aprimorou-se o controle de pestes, a seleção de clones
regiões do Rhein, Neckar, Mosel, Saar e nos vales de e a proteção de geadas, que permitiram que um típico
Ruwer são bem documentados. O grande administrador campo que em 1900 produzia 1.1 toneladas por acre se
Charlemagne apoiou diretamente a produção, com expandisse a mais de 5.7 toneladas por acre no ano de
projetos de plantio e também dando incentivo às ordens 1980, e permitiu também o súbito crescimento das
dos monastérios que usavam o vinho para cerimônia e exportações. Por volta de 1950, centenas das menores
para uso diário. Estas ordens enfatizaram a devoção e designações históricas foram abolidas de acordo com o
os serviços pessoais, e seu trabalho foi decisivo para o Plano de Reorganização e Reengenharia de Vinhedos,
plantio e manutenção do baixo rendimento dos conhecido como Flurbereinigung, e no ano de 1971, a
vinhedos alemães durante séculos. Lei do Vinho na Alemanha, foi novamente reformulada
Algumas destas organizações monásticas estão ativas para estar em concordância com as regulamentações
até os dias de hoje, notavelmente Schloss Johannisberg da União Européia (leia o item de Classificação do
e a abadia cisterciense de Kloster Eberbach, conhecida sistema atual). E foi durante este período que a
como o centro tradicional da indústria de vinho na produção de vinhos combinados teve grande
Alemanha. importância, e vinhos como o Liebfraumilch
O século XX foi um tumulto para a indústria de vinhos primeiramente se tornaram padronizados e se
da Alemanha, assim como foi o século XIX. Obviamente difundiram mundialmente. Assim como no início do
as duas Guerras Mundiais afetaram profundamente, século XXI, a indústria se manteve em dificuldade de
tanto os trabalhadores como a produção e a balanceamento, com a grande massa de produtores
distribuição. A Primeira Guerra Mundial foi precedida da ainda embarcando afora milhões de galões de vinhos
ocupação política pela França sobre Rhein no ano de de baixo custo. Ao mesmo tempo, seu maior volume de
1929, e um desbalanceado esquema de taxas esforços foi balanceado pelo zeloso e dedicado núcleo
favoreceu os vinhos da França e até mesmo os de de finos produtores comprometidos com a expansão da
Luxemburgo à produção local. Entretanto, a Lei do reputação dos vinhos germânicos e com os esmerados
Vinho de 1930 fortaleceu os padrões e as produtos artesanais. Talvez o melhor comentário para a
regulamentações em âmbito nacional, criando a situação atual seja o de que a maioria dos alemães
categoria de vinhos naturais (em oposição aos enfaticamente rejeita a massa de vinhos de mercado e
artificialmente adocicados), regularizando as procuram pelos clássicos Rieslings, tanto quanto aos
combinações e abolindo a plantação das híbridas secos de influência estrangeira (trocken), vinhos para
Américo-Européias. seu próprio consumo.
Sob o período nazista, todas as organizações vinícolas
– particulares e colegiais – foram substituídas pela Clima e Cultivo
União da Viticultura, que silenciou todas as iniciativas e Os mais finos vinhedos germânicos estão localizados
esforços de melhorias no setor. Após o fim da Segunda em ladeiras íngremes ao sudeste, contemplando os
Guerra Mundial, as ilimitadas competições de vinhos vales de rios, particularmente aqueles dos Rios Rhein,
estrangeiros importados, praticamente exerceram forte Neckar, Main, Nahe, Ahr e Mosel, onde a presença de
e pesada pressão perante os produtores. Em sua água e bolsas de ar quente criadas pelas torrentes de

83
movimentos sinuosos moderam a possibilidade de Vinhos Brancos
geadas. Não obstante, onde vinhedos são praticamente Do número indeterminado de variedades germânicas, a
plantados em planícies e gentis encostas, as grande maioria é de vinhos brancos. O mais fino é o
acomodações também devem ser feitas considerando Riesling, de longe o mais típico entre os ilustres vinhos.
variedades e manejo. Esta variedade é intensamente sensível ao solo e às
O clima frio da Alemanha é o desafio mais difícil. O características climáticas, e muitos especialistas sentem
problema básico da produção de vinho germânica é a que isso produz os maiores vinhos brancos do mundo.
variação climática, que pode ser totalmente extrema de Todas as áreas de cultivo de Rhein são
uma encosta para outra e é absorvida com grande predominantemente
sensibilidade pelas uvas, fazendo da luminosidade e do
infortúnio possibilidades muito reais em cada uma das Riesling – elegantes, de vida longa e encorpados em
safras. Usualmente não há horas suficientes de luz Baden, e conhecidos pela característica defumada na
solar para garantir o amadurecimento, tornando a região de Rheinhessen. Infelizmente a variedade
produção de vinho um empreendimento em contínuo Riesling não é de fácil crescimento. Ela tem uma
risco. estação de crescimento relativamente longa e muitas
Os solos variam tremendamente, da ardósia áreas de vinhedos alemães são vítimas de geadas
decomposta das montanhas à argila das planícies. Toda antecipadas e/ou tardias. Para lutar com este perigo,
a exposição, geada, ventos frios e altitude elevada um grande número de híbridas foram desenvolvidas,
afetam a viabilidade de muitas localizações. A média notavelmente Müller-Thurgau, da qual recente pesquisa
dos vinhedos em propriedades rurais germânicas é genética determinou ser o resultado do cruzamento
muito pequena (inferior a 2 acres), e a maioria dos mais entre Riesling e Gutedel, (melhor que Riesling e
famosos vinhedos têm dúzias de proprietários com Sylvaner, como era regularmente acreditado).
facilidades, orçamentos e filosofias vastamente Desenvolvida no século XIX, ela produz os menos
diferenciadas. Com os íngremes declives e pequenas notáveis vinhos com algum sabor da qualidade Riesling,
estações de crescimento, as uvas tendem a mas é muito mais fértil e mais fidedigna. Por volta de
amadurecer em desigualdade e a colheita será escassa 1990, a Müller-Thurgau contabilizou 45% das
logo no começo da estação para assegurar o bom plantações de vinhas germânicas, a maioria dos vinhos
amadurecimento das uvas remanescentes. para a massa do mercado de exportações.
As belas vinhas devem ser manualmente colhidas e Entre todas as regiões vinícolas da Alemanha, 85% dos
com bastante freqüência, mas o profissional vinhedos são plantados com Riesling e suas híbridas.
especializado para este tipo de trabalho é bem caro e Além de Müller-Thurgau, estas híbridas também
os métodos mecânicos são preferenciais em vinhedos incluem a Rieslaner, uma uva relativamente exigente
de planície e de declives. com potencial para a forte característica Riesling, e
Scheurebe, a qual pode ser usada para ambas
As Variedades qualidades de vinhos secos e doces. Ambas são
É uma benção para os consumidores o fato de que os cruzamentos entre Riesling e Sylvaner.
produtores alemães sempre indiquem uma boa
variedade de informações em seus rótulos, porque está
é uma das melhores e mais fáceis indicações sobre o
que esperar do vinho que está em determinada garrafa.
Se a informação for apresentada, ela deverá conter no
mínimo 85% do conteúdo.

84
Com uma vinificação atenciosa, Scheurebe pode prestigiados são feitos a partir da Spätburgunder (Pinot
produzir vinhos de alta qualidade com um aroma Noir), particularmente aqueles de Rheingau, Pfalz, e
agradável de grapefruit e de groselha vermelha, Baden. Algumas versões ainda são doces e viçosas,
especialmente em Rheinpfalz. mas as melhores são feitas de Spätlese ou Auslese no
As áreas em hectare da histórica variedade Sylvaner estilo dos Bourgogne, com amadurecimento em
têm se tornado cada vez menores nos últimos anos. carvalho, alta extração e níveis de envelhecimento.
Esta minimamente aromática uva branca produz um Estes vinhos são muito famosos e podem ser altamente
destacado vinho branco em Franken – suave, mineral e taxados; alguns são realmente bons, mas muitos
encorpado, com sabor de maçã fresca e cítrica, e um produtores ainda estão trabalhando fora do estilo.
final vigoroso. Não costuma ser vinificada com mais Outras uvas tintas incluem a Portugieser, Trollinger,
açúcar que a Auslese, e apresenta alguma similaridade Dornfelder, Schwarzriesling (Müllerrebe/Meunier), e
com a excelente Chablis quando cultivada em solo de Lemberger (Blaufränkischer).
pedra calcária. A Sylvaner é também uma especialidade
de Rheinhessen, onde se produz uma variedade leve e As Classificações
suave e, também misturada em vinhos a granel. No empenho de produzir uvas saudáveis em um
A rica e forte Traminer (Gewürztraminer) expressa seu ambiente de crescimento marginal, as regulamentações
melhor estilo florido em Baden e Pfalz, onde o melhor de vinho da Alemanha têm se posicionado entre as
grau de acidez modifica sua exuberância. A germânica mais rigorosas do mundo, e seus rótulos são mais
Grauburgunder (Ruländer ou Pinot Gris) produz tanto específicos e contêm mais informações. A Lei do Vinho
vinhos secos quanto doces. A versão seca tem um de 1971 manteve as regulamentações da Alemanha em
toque adocicado com mel, frutas fortes, aroma de terra linha com outros países europeus, e comprometeu-se a
e se dá melhor ao sudeste de Rhein ao redor de Baden elucidar a complicada história pela abolição de muitas
e Pfalz, onde às vezes ela é amadurecida em tonéis de designações históricas, com resultados vantajosos.
carvalho. As versões adocicadas são menos Atualmente, os vinhedos alemães são classificados
aromáticas, mas permanecem cheias de ricos sabores. dentro de várias categorias, as mais amplas delas são
A Weissburgunder (Pinot Blanc) produz vinhos secos e as regiões de cultivo de uvas (Anbaugebiete) (veja em
estruturados na Alemanha, com aroma de melão e áreas): Ahr, Mittelrhein, Mosel-Saar-Ruwer, Rheingau,
pêras. É também em alguns casos, amadurecida em Nahe, Rheinhessen, Franken, Hessische Bergstrasse,
carvalho em Baden e Pfalz, onde o moderno estilo seco Rheinpfalz, Wurttemberg, Baden, Sachsberg, e Saale-
é bastante prestigiado. Outras qualidades brancas Unstrut. Na mais baixa escala de qualidade, cada região
incluem Kerner, Huxelrebe, Chardonnay, Muskateller vinícola é divida em amplos grupos regionais chamados
(Muscat), Elbling, Ehrenfelser, Faberrebe, Gutedel, de Bereich, e dentro do grupo Bereich, divididos em
Siegerrebe, Bacchus, e Ortega. Grosslagen, que são pequenas vilas ou grupos
regionais que teoricamente possuem atributos em
Vinhos Tintos comum. Em minoria, a mais alta categoria potencial é a
A Alemanha tem sido uma região vinícola produtora de Einzellagen, ou vinícolas únicas, indicadas no rótulo da
vinhos brancos por centenas de anos, e não cultiva garrafa por vilarejo e vinhedo, por exemplo, Erdener
muitas uvas tintas. Tradicionalmente estas poucas uvas Prälat, que vem do vilarejo de Erden e do vinhedo
tintas eram tratadas quase que como uma variedade Prälat. Infelizmente, pode ser fácil confundir o rótulo de
das brancas, e os vinhos tendiam a ser levemente um Einzellage com o inferior Grosslage por que a
doces e com uma cor muito suave, mas recentemente o nomenclatura Grosslage freqüentemente leva o nome
público alemão começou a querer vinhos secos tintos de um famoso vilarejo da mesma região. Os
no jantar, mais ao estilo francês. Os vinhos tintos mais reguladores têm percebido que o sistema é muito

85
variável, e a designação Ursprunglage (ainda vista em recentes, e por isso a designação não é tão exclusiva
alguns rótulos) será substituída pela velha categoria como aparenta ser. Eles são analisados por laboratórios
Grosslage. Assim como os Grosslagen, os sancionados pelo governo para falhas técnicas e
Ursprunglagen são vinhos produzidos regionalmente precisões regionais, e determinam números de controle
por vinícolas coletivas, mas elas são requeridas a (AP) que aparecem nos rótulos; estes indicam o ano em
apresentar um estilo e características unificadoras, e que o vinho foi examinado e o número de vinhos
deste modo fornecer aos consumidores uma forma mais autorizados por ano pelo seu produtor. E estas são suas
significante de identificação de vinhos. Ao contrário dos sub-categorias:
grandes Estados Franceses, grande parte dos vinhedos
alemães não é oficialmente classificado de acordo com • QBA (Qualitätswein bestimmter Anbaugebiete)
suas qualidades históricas (ainda que haja um momento - Qualidade de vinho de uma região específica.
de crescimento para fazê-lo). Ao contrário, pelo Tradicionalmente, estes têm sido os vinhos
princípio de que uma uva naturalmente doce indica menos distintos, mas na atual tendência rumo
maturidade (e desta forma, ela tem potencial para aos vinhos de mesa mais secos, alguns
vinhos de alta qualidade), os vinhos são examinados produtores podem escolher esta categoria pela
por si só a cada safra, pelos laboratórios liberdade de experimentações que eles
supervisionados pelo governo e são classificados de permitem (como por exemplo o
acordo com suas devidas importâncias. Em teoria, os amadurecimento em carvalho). O açúcar
vinhos precisam ser fiéis às suas heranças e seguidos (chaptalização) costuma ser obrigatoriamente
do vinhedo até o consumidor, ainda que na realidade os adicionado nesta categoria.
vinhos sejam julgados brandamente. Além das • QMP (Qualitätswein mit Prädikat) – estes são
especificações do governo, o consumidor mais levemente mais distinguidos como vinhos
interessado precisa aprender quem são os melhores certificados. Nesta escala, o vinho precisa ser
produtores e as melhores vinhas. enormemente doce, mas o vinho finalizado
pode ser bem menos doce. Particularmente,
Os vinhos são classificados dentro das seguintes dentro das categorias Spätlese
categorias: (amadurecimento tardio) e Auslese
(especialmente eleita), um alto nível de acidez
Tafelwein – vinho de mesa, vinho do dia-a-dia, sem – típico nos vinhos alemães – pode balancear
maiores qualidades. um certo nível residual de açúcar, resultando
em um seco balanceado ou um efeito de semi-
Deutscher Tafelwein - subdivisão do Tafelwein seco. Nenhum açúcar adicional precisa ser
indicando a produção do vinho na Alemanha, sem uvas acrescentado nesta categoria. Os vinhos QMP
importadas. Produzidos em oito regiões demarcadas. ou Predicados (Prädikat) são sub divididos
dentro das seguintes categorias:
Landwein – produtor de vinhos básicos, sujeito a
poucas regulamentações. Não pode ser doce e é Kabinett – equivale a um vinho reserva; tem esse nome,
obrigatoriamente um Trocken (seco) ou Halbtrocken diz uma lenda, porque os melhores vinhos eram
(meio seco). guardados em um gabinete.

Qualitätswein – equivalente ao Controle de Spätlese - feito com uvas maduras, deixadas no pé


Denominações da França para os padrões da União além do tempo normal. A colheita tem de ser retardada
Européia. Estes vinhos suprem 95% das safras em uma semana em relação ao início oficial da safra.

86
Auslese - uvas selecionadas cuidadosamente. Vinhos anos. A designação do rótulo Gutsabfüllung,
normalmente mais doces, geralmente atacados pela engarrafado na propriedade, indica que o vinho foi
Edelfaule (Botrytis cinerea), também conhecida como cultivado, colhido, vinificado e engarrafado pelo
podridão nobre. produtor, cujo nome aparece no rótulo. Além do que,
seu produtor deve ter treinamento especializado em
Beerenauslese - vinhos superdoces, vinhos de enologia, e o vinhedo que abastece as uvas deve ter
sobremesa feitos com uvas atacadas pela Botrytis sido cultivado nos últimos três anos pelo produtor.
cinerea selecionadas uma a uma. Normalmente de teor Erzeugerabfüllung é uma designação um pouco menos
alcoólico baixo. rigorosa, que significa que foi engarrafado pelo
produtor. A categoria poderá não ser usada pela grande
Trockenbeerenauslese – o vinho mais doce de todos massa de engarrafadores do mercado, exceto quando
feito com uvas atacadas pela Botrytis cinerea e elas são as proprietárias das vinícolas que produzem o
posteriormente secas transformadas em passas. O mais vinho, mas a categoria pode incluir vinhos combinados
alto nível dos vinhos brancos alemães. dos membros das cooperativas locais. Desde que estes
vinhos não sejam todos do mesmo padrão, os vinhos
Eiswein – o mais raro de todos, produzido com uvas Erzeugerabfüllung são mais variáveis em sua qualidade
não atacadas pela Botrytis cinerea, colhidas congelas, do que aqueles rotulados como Gutsabfüllung.
durante o inverno. A temperatura precisa atingir os -8ºC
(oito negativo) para congelar as uvas. As Regiões
AHR
Dentro de seu estado individual, o sistema Prädikat é A maioria dos vinhos desta região é leve, feito de uvas
um bom indicador de qualidade, e a maioria de suas tintas e usualmente de Spätburgunder (mais de 40%).
mais altas considerações (medidas em graus Oechsle) São feitos tradicionalmente com seleção tardia e com
geralmente indica o mais alto potencial para o padrões médios de doçura, mas de modo crescente
tradicional estilo de vinhos Riesling. Falando poucos produtores estão apresentando
tecnicamente, qualquer vinícola é livre para produzir amadurecimento em carvalho, ao exemplo do estilo da
vinhos de qualquer qualidade, mas os melhores Bourgogne. A maioria dos vinhos é vinificada em
produtores têm padrões altíssimos por toda parte, e adegas de cooperativas locais e são vendidos
muitas vezes os melhores produtores de vinho diretamente, especialmente aos visitantes.
apresentam seus vinhos em categorias inferiores para
obter uma melhor impressão. BADEN
O mesmo vinhedo pode se tornar um realmente fino Esta área é geograficamente a mais extensa (se
Spätlese ou simplesmente um adequado Auslese, por estende a 250 milhas da fronteira com Franken ao norte
exemplo. Então, cabe ao interesse do consumidor do Lago Constance – Bodensee - e com a Suíça ao sul).
manter-se mais informado sobre os nomes das boas É também uma das regiões vinícolas mais quente e
safras de vinhos e de seus produtores, e bem como meridional, e a crescente luminosidade da região
sobre os vinhedos, pois estas coisas não são medidas fornece aos vinhos um pouco mais de álcool do que no
pelo sistema resto do país. A região de Baden abrange oito Bereich
Desde 1994, os campos de vinhedos da Alemanha têm (distritos vinícolas). Ao norte da região, Rieslings
sido limitados, exceto nos mais básicos níveis Tafel e crescem em solo de granito e são conhecidas por seu
Landwein. Para os vinhos QBA e os acima charme, delicadeza e ótima acidez. A Müller-Thurgau,
mencionados, o campo máximo permitido é uma média Grauburgunder (Pinot Gris, também chamada de
das safras da mesma área de vinhedos dos últimos dez Ruländer), e Weissburgunder produzem vinhos brancos

87
secos e doces como mel. A Spätburgunder (Pinot Noir) gradualmente sob a pressão da população, ambas do
também amadurece bem nesta região, e pode ser norte e do sul, e o vinho não está sendo muito
produzida com cada uma das levemente doces uvas exportado; a maioria é vendida ou consumida
tintas, produzindo saborosos vinhos elegantes localmente. A região de Mittelrhein produz Rieslings
amadurecidos em carvalho. A vila de Durbach é concentradas com uma fina estrutura ácida, com no
especializada em ricos Traminers, das vinícolas em mínimo um quarto da safra de vinhos secos (trocken ou
declives que contemplam do alto a cidade. A Müller- halbtrocken). A Müller-Thurgau de vinhas de baixo
Thurgau e a Gutedel (Chasselas) surpreendentemente, rendimento, geralmente têm aqui, mais caráter e
também produzem interessantes vinhos em Baden. concentração do que em outras áreas.

FRANKEN MOSEL-SAAR-RUWER
Esta área, cujo centro é a cidade de Würzburg, segue Esta é a região vinícola mais bem conhecida na
margeando o rio Main antes que ele se junte ao rio Alemanha. A antiga região de produção de vinho –
Rhein em Mainz. Tem verões curtos e muita geada, Mosel – abasteceu a poderosa cidade romana de Trier,
com poucas áreas de boas vinícolas isoladas e e desde então a região nunca esteve desabastecida. Os
protegidas. A variedade de uva mais comum é a Müller- vinhedos foram plantados em ambos os lados e ao
Thurgau, que é de qualidade razoável, ainda que longo da extensão do rio Mosel, ainda que como
existam muitas outras. As inconfundíveis e tradicionais sempre os quentes declives do Sul são mais
garrafas Franken (Bocksbeutel) são usadas para vinhos favorecidos. A área abrange cinco Bereichs, com mais
secos. O melhor vinho da região é feito de Sylvaner. da metade de toda a produção de vinho vendida sob as
Eles não são muito aromáticos, mas doces como mel e nominações Grosslage. Há aproximadamente 60
objetivos no aroma. Einzellagen de extremo mérito, dentre eles mais da
metade está no Bereich Bernkastel. Os fabulosos
HESSISCHE BERGSTRASSE vinhos desta região vêm engarrafados em excelentes
Esta é uma das menores regiões vinícolas da unidades menores. O centro de Mosel cultiva as mais
Alemanha, com apenas 964 acres de vinhedos. A uva elegantes uvas, e todos os seus melhores vinhos são
principal é a Riesling, com mais de 50% da área Riesling. Em todos os vinhedos em declives daqui são
vinícola; se parece com Rheingau em seus melhores espalhadas ardósias apodrecidas, que ajudam a
exemplos. Mais da metade dos vinhos são secos, mas conservar e a refletir o calor do sol. Muitos vinhos
os 94 acres das propriedades rurais vinícolas de Hesse brancos duradouros, Mosel Riesling são produzidos em
são bem respeitados por seus Eiswein. Quase dois estilos tradicionais, do meio seco a meio doce. Para os
terços dos 900 cultivadores processam seus vinhos em vinhos a granel, há grandes quantidades de Müller-
adegas de simples cooperativas. O elegante vinho Thurgau plantados nas planícies, que são solos mais
Hessische Bergstrasse é raramente exportado e a férteis. A região Mosel também tem algumas plantações
maioria é vendida localmente. remanescentes das antigas vinhas romanas Elbling, que
produz vinhos leves e simplesmente refrescantes com
MITTELRHEIN um pouco do caráter local. Adegas cooperativas não
Esta é uma pequena região, com a fantástica atmosfera são muito importantes aqui, visto que elas vinificam
de castelo dos contos de fada tão típicos na velha quase que somente 20% da colheita. A maioria dos
Alemanha. Em quase todas as vinícolas de declives, vinhos é engarrafada por propriedades rurais individuais
com extensões cobertas de ardósia (75%) são (30%) e por comerciantes de vinhos (50%).
plantadas Riesling, e a maioria tem vista para o rio Desde que os comerciantes de vinhos passaram a
Rhein. Os vinhedos Mittelrhein estão encolhendo negociar com as maiores redes de supermercados da

88
Alemanha e também a exportar uma grande quantidade total), mas em Nahe também se pode produzir uma
de vinho, eles têm forte influência sobre os vinhos que grande variedade singular de vinhos. A Sylvaner tem
acabam sendo oferecidos no mercado; os simples sido usada aqui para a combinação de vinhos para
vinhos QBA são freqüentemente cultivados em excesso supermercados, mas sua área em acres também tem
e o fino caráter local acaba sendo perdido ou diluído. sido diminuída.
De fato a respeitável região Mosel produz uma enorme Duas principais cooperativas controlam quase que
quantia de vinhos usuais e pequenas quantias de metade dos vinhos da região, uma controla somente os
ótimos vinhos, mas muito pouca quantia de vinhos de vinhos a granel e outra processa metade da área de
médio nível. O vale do rio Saar, cujo severo clima Riesling, todos vendidos preferivelmente em garrafas do
proporciona Riesling para Sekt e Eiswein quase todo o que a granel.
ano, é também parte desta região, assim como o vale
Ruwer. O rio Ruwer se junta a Mosel, rio abaixo da PFALZ
cidade de Trier. Possui uma bem pequena quantia de Esta região inicialmente chamada de Rheinpfalz é
terra com vinhedos (690 acres), e se empenha para conhecida pela riqueza de seus vinhos Riesling.
produzir finos vinhos Riesling em um clima desafiador. Algumas uvas ainda produzem o clássico estilo meio
Em anos mais quentes, a região produz notáveis vinhos doce, mas aquelas suficientemente encorpadas estão
secos e meio secos. sendo usadas para os secos (trocken ou halbtrocken)
Riesling, algumas vezes chegam a ser amadurecidas
NAHE em carvalho. Uma enorme quantia de vinho a granel é
Nahe é uma região diferente, produzindo muitos tipos produzida aqui para o Liebfraumilch. A híbrida
de vinhos. Possui um clima seco (menos de 20 Scheurebe se desenvolve muito bem nesta região, e as
polegadas de chuva por ano), com as últimas chuvas de versões Pfalz de Traminer e de variedades da
verão tipicamente antes da colheita. Três quartos das Bourgogne como Weissburgunder, Grauburgunder e
terras de vinhedos são plantadas em declives. Seus Spätburgunder recebem muita atenção, especialmente
mais excelentes produtos compartilham as qualidades nas mãos de um número progressivo de jovens
de ambas as regiões de Mosel e Rheinhessen, sendo produtores de vinhos.
aproximadamente quarta parte de vinhos secos ou meio
secos; e eles são levemente menosprezados pela sua RHEINGAU
qualidade. Uma crescente porcentagem das áreas Os vinhos de Rheingau têm sido administrados pela
vinícolas é dedicada às uvas Riesling, que se tornaram igreja e pela nobreza há séculos, e a região ainda
a principal variedade por volta dos anos de 1990 e possui um grande número de propriedades, a maior
contribuem com cerca de um quarto do total da área parte delas composta de um número de vilas. As
vinícola. Os melhores vinhos Einzellagen, muitos de famosas propriedades eclesiásticas de Kloster
propriedades rurais particulares ou estatais, têm um Eberbach e Schloss Johannisberg estão aqui, tão boas
agradável perfume Riesling temperado pela ótima quanto à mundialmente conhecida pesquisa do instituto
acidez. O envelhecimento em tonel, em grandes barris Geisenheim de viticultura. Os solos aqui são
de carvalho é típico nesta região. Tradicionalmente, as extremamente variados, contendo ardósia azul
uvas mais plantadas em Nahe têm sido as Müller- altamente valiosa para Riesling, a variedade mais
Thurgau, ainda que sua porcentagem tenha decaído comum (82% em 1990). O clássico estilo Rheingau é
nas últimas duas décadas. A maioria das Müller- rico e doce como mel, porém viçoso, com um sinal de
Thurgau é vendida como vinhos Bereich e Grosslage, terra e uma final longo. O clima é levemente menos
com quase que sua totalidade indo pelo mar germânico severo que Rheinhessen ao sul, e é um imã natural
de Liebfraumilch (que produz acima de 3% do volume para a abundância de botrytis, permitindo aos

89
produtores criar uma ótima safra tardia de Riesling, Weissburgunder (Pinot Blanc). Apesar da sua
Beerenauslese, Trockenbeerenauslese e Eiswein. Estes complexidade, a indústria de vinho alemã oferece
bastante duradouros devem durar vinte anos ou mais. fascinantes e variados vinhos – muitos são
Há também crescentes plantações de Spätburgunder perfeitamente apropriados às cozinhas
(Pinot Noir), e a região produz tintos secos e profundos contemporâneas, comidas especialmente difíceis que
ao estilo moderno, em maior demanda. A alta qualidade podem frustrar outras variedades. Com suas delicadas
do grupo CHARTA, cujos membros cultivam somente personalidades, de baixo álcool e acidez relativamente
Riesling, requerem rigorosos testes ao vinho, superando alta, estes charmosos e deliciosos vinhos adicionam um
os padrões do governo, e promove vinhos prazer único ao jantar. Os amantes de vinho devem vir
exclusivamente secos. a conhecer os vinhos desta região.
As cooperativas de produtores possuem 25% dos
vinhedos de Rheingau, e muitos produzem e vendem SACHSEN
seus vinhos por conta própria; as adegas das nove Sachsen é a menor e a mais ao norte região vinícola da
cooperativas de Rheingau são responsáveis por apenas Alemanha, com clima continental frio de inverno e
cerca de 15% da safra. geadas tardias, porém com verões quentes.
As principais variedades de uvas são Müller-Thurgau,
RHEINHESSEN Riesling, Weissburgunder (Pinot Blanc), Traminer e
Esta é a única região vinícola mais extensa da Ruländer (Pinot Gris). Virtualmente todos os vinhos de
Alemanha, com 165 vilas produtoras. A maioria dos Sachsen são secos. Quase metade dos vinhos são
vinhos de Rheinhessen é produzida para Liebfraumilch, vinificados em uma única cooperativa.
um dos mais bem conhecidos vinhos de mercado que
parecem vir de qualquer parte, e de nenhum lugar em WüRTTEMBERG
particular. Rheinhessen também produz amáveis Württemberg inclui a cidade de Stuttgart e Heidelberg e
Riesling de metade das doze mais bem conhecidas continua com os vinhedos de Baden (ao norte) com
regiões, especialmente Nackenheim e Nierstein, mais de 24,000 acres de áreas de vinhedos alinhadas
embora o nome da última região seja sempre livremente com o rio Neckar. Grande parte da região
confundido com a mais larga e comum Nierstein tem clima continental com severos invernos.
Bereich, cujos vinhos são feitos de menores variedades.
Rheinhessen também produz ótimos Sylvaner.
ESPANHA

SAALE-UNSTRUT
A Espanha, detentora da maior área cultivada em
Inicialmente sob controle do governo do leste da
vinhedos no planeta é, sem dúvida, um país de grande
Alemanha, os 1.190 acres de planícies de Saale-Unstrut
tradição vinícola e possui inúmeros vinhos de alta
foram recuperados após anos de negligência. O clima
qualidade. Desconhecê-los é ignorar uma importante
frio do norte apresenta geadas freqüentes, mas uma
parte do maravilhoso mundo do vinho.
baixa quantidade anual de chuvas, cerca de 17.5
Existem hoje na Espanha 54 regiões D.O.s
polegadas por ano. A característica climática e a
(Denominación de Origen), e boa parte delas têm seus
péssima condição dos vinhedos fazem com que os
vinhos consumidos localmente ou exportados em
mesmos tenham baixos rendimentos e pouco álcool,
pequenas quantidades. Nos últimos anos, tem sido
mas regularmente possuem ótima concentração. Todos
crescente o interesse mundial pelos vinhos espanhóis,
os vinhos são completamente secos, e podem ser muito
levando ao aumento das exportações, mas, ainda
bem balanceados. As variedades são Müller-Thurgau,
assim, são poucos os melhores vinhos disponíveis no
Sylvaner, Bacchus, Gutedel (Chasselas), e

90
mercado internacional e especialmente no Brasil. Aqui envelhecer apenas 2 anos, dos quais 6 meses
são apresentadas D.O.s agrupadas nas regiões em carvalho.
Nordeste, Noroeste, Centro, Sudeste, Sudoeste e Ilhas • Vino Gran Reserva - Vinho superior feito nas
Canárias, com seus principais vinhos e uvas utilizadas safras excepcionais. Os tintos devem
na sua elaboração. envelhecer pelo tempo mínimo de 5 anos, dos
Os vinhos espanhóis estão classificados em três níveis quais pelo menos 2 anos em barril de carvalho.
de qualidade, a saber: Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer
1. Vino de mesa - vinho inferior, cuja produção pode apenas 4 anos, dos quais 6 meses em
ser feita em qualquer região do país, e que não se carvalho.
enquadra na categoria Denominación de Origen Existem ainda outras categorias, tais como:
(D.O.). • Vino de aguja - vinho branco frisante
2. Vino de la Tierra - vinho de mesa um pouco mais • Vino de licor (generoso) - vinho doce, de
diferenciado, produzido em região vinícola sobremesa, fortificado (que sofre adição de
tradicional do país (Andalucía, Castilla-La Mancha, aguardente vínica)
etc.), e que não se enquadra na categoria D.O. • Vino dulce natural - vinho doce não fortificado
3. Vino de Denominación de Origen (D.O.) - vinho de também ideal para a sobremesa
qualidade, produzido em região delimitada e sujeito • Vino gasificado - vinho tranqüilo (não
a severas regras que regulam as características do espumante) elaborado mediante a adição de
solo, os tipos de uvas utilizadas, o método de gás (CO2)
vinificação, o teor alcoólico, o tempo de Regiões vinícolas
envelhecimento, etc. equivale a AOC francesa e à CENTRO
DOC italiana. Esta região situa-se no platô centro-sul do país, nas
Outras categorias vizinhanças da cidade de Madrid e compreende as
Existem categorias baseadas no tempo de seguintes D.O.s: La Mancha, Méntrida, Mondéjar,
envelhecimento dos vinhos que foram utilizadas Valdepeñas e Vinos de Madrid.
inicialmente pela região de Rioja, e são adotadas
na maioria das D.O.s, a saber: La Mancha
• Vino joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Esta D.O. é a mais extensa região vinícola do mundo
Año - Vinho jovem, um pouco envelhecido, (170 mil hectares) e situa-se ao sul de Madrid, entre as
mas não o suficiente para ser considerado cidades de Toledo e Albacete. Produz vinhos simples,
"crianza". ligeiros e de bom frescor, tanto brancos como tintos
• Vino de Crianza - Vinho (tinto, branco ou rosé) varietais e rosés.
de melhor qualidade, envelhecido pelo tempo Uvas permitidas:
mínimo de 2 anos, dos quais pelo menos 12 Uvas Brancas: Airén, Mabaceo, Pardillo e Verdoncho
meses em barril de carvalho para os vinhos Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cencíbel, Garnacha
tintos e 6 meses em barril de carvalho para os e Moravia
brancos e rosados.
• Vino Reserva - Vinho superior feito nas Méntrida
melhores safras. Os tintos devem ser Situa-se entre as cidades de Madrid, Toledo e Ávila e
envelhecidos pelo tempo mínimo de 3 anos, possui vinhos rosés frutados e tintos jovens, potentes e
dos quais pelo menos 1 ano em barril de encorpados, feitos principalmente à base de Garnacha.
carvalho, enquanto os brancos e rosés podem Uvas permitidas:

91
Uvas Tintas: Garnacha, Tinto Basto (Tinto de Madrid ou Brava, Getariako-Txakolina (ou Txacoli de Guetaria),
Tempranillo) e Cencíbel Navarra, Penedés, Pla de Bages, Priorat, Rioja,
Somontano, Tarragona e Terra Alta.
Mondéjar
É a mais nova D.O. (1996) e fica a sudoeste e próxima Alella
à cidade de Guadalajara, ao norte de Madrid. Seus Está logo acima de Barcelona nas colinas ao longo do
vinhos são tintos de médio corpo e brancos ligeiros. litoral mediterrâneo. Produz, principalmente, vinhos
Uvas permitidas: brancos aromáticos, secos ou suaves. Possui também
Uvas Brancas: Macabeo, Malvar e Torrontés rosés saborosos e tintos frutados, especialmente os
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon e Cencíbel varietais à base de Merlot.
(Tempranillo) Uvas permitidas:
Uvas Brancas: Garnacha Blanca, Pansá Blanca, Pansá
Valdepeñas Rosada e Xarel-lo
Fica próxima às D.O.s Méntrida e La Mancha ao sul da Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Garnacha, Garnacha
cidade de Toledo e seus vinhos principais são tintos de Peluda, Merlot e Ull de Llebre (Tempranillo)
qualidade, jovens e de crianza, e brancos ligeiros à
base de Aíren. Calatayud
Uvas permitidas: Localiza-se na província de Aragon perto de Zaragoza.
Uvas Brancas: Airén e Macabeo Produz, principalmente, vinhos rosés de qualidade da
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cencíbel uva Garnacha, com bela cor, frescos e ligeiros, bem
(Tempranillo) e Garnacha como tintos típicos da mesma variedade.
Uvas permitidas:
Vinos de Madrid Uvas Brancas: Macabeo, Malvasía, Moscatel Blanco e
Situa-se nos arredores de Madrid e seus vinhos mais Garnacha Blanca
importantes são tintos robustos, um pouco rústicos, Uvas Tintas: Garnacha, Mazuela, Monastrell e
elaborados com Tempranillo e Garnacha, brancos Tempranillo
saborosos feitos com Malvar e rosés potentes e
frutados à base de Garnacha. Campo de Borja
Vizinha de Calatayud está entre as cidades de
Uvas permitidas: Zaragoza e Logroño. Aqui os vinhos mais importantes
Uvas Brancas: Airén, Albillo, Malvar, Parellada, são os tintos de qualidade feitos com a uva Garnacha,
Torrontés e Viura semelhantes aos vinhos de Cariñena, região vizinha. Há
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Garnacha, Merlot e também rosés de Garnacha e alguns brancos.
Tempranillo (Tinto Fino ou Cencíbel) Uvas permitidas:
Uvas Brancas: Macabeo (Viura) e Moscatel Romano
NORDESTE Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cencibel
Engloba as províncias do País Basco e da Cataluña e (Tempranillo), Garnacha e Mazuela
está inscrita no polígono formado pelas cidades de San Cariñena
Sebastian, ao norte, Zaragoza, ao sul, Logroño, a oeste, Vizinha de Campo de Borja no centro-norte, ao sul de
e Gerona a leste. Nessa área estão localizadas dezoito Zaragoza e produz tintos robustos, bons rosés, brancos
regiões D.O.: Alella, Bizkaiko-Txakolina (ou Txacoli de e fortificados (vinos de licor).
Vizcaya), Calatayud, Campo de Borja, Cariñena, Cava, Uvas permitidas:
Conca de Barberá, Costers del Segre, Empordà-Costa

92
Uvas Brancas: Garnacha Blanca, Macabeo (Viura), vinhos brancos, tintos e cavas de qualidade, que são
Moscatel Romano e Parellada muito semelhantes aos vinhos de Penedés, D.O. vizinha
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cencibel e mais famosa.
(Tempranillo), Garnacha, Juan Ináñez, Mazuela e Uvas permitidas:
Monsatrell Uvas Brancas: Chardonnay, Garnacha Blanca,
Macabeo, Parellada e Xarel-lo
Cava Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Garnacha, Mazuela
Esta D.O. é exclusiva dos melhores vinhos espumantes (Cariñena), Merlot, Monastrell, Trepat e Ull de Llebre
espanhóis de qualidade. Ela engloba várias áreas no (Tempranillo)
noroeste do país, de Rioja, a oeste de Gerona, ao sul
de Valencia, mas a maior parte da produção (99%) vem Penedés
da região da Cataluña no município de San Sadurní Situada na costa nordeste do mediterrâneo, entre
d'Anoia, próximo a Barcelona e a Villafranca de Barcelona e Tarragona, forma, junto com Rioja, Ribera
Penedés. Como os outros vinhos espumantes del Duero, Jeréz e Priorat, o grupo de elite das D.O.s
existentes no mundo, as Cavas foram inspiradas no espanholas. Produz tintos macios de qualidade de uvas
Champagne francês e muitas delas são feitas pelo nativas e estrangeiras com destaque para a Cabernet
método "tradicional" ou "champenoise", o mesmo Sauvignon. Os brancos são leves e frescos para
utilizado na elaboração dos Champagnes franceses, consumo rápido, mas faz também muitos Chardonnay
com os quais muitas Cavas equivalem-se em qualidade. fermentados em barrica mais estruturados. Produz
As Cavas apresentam versões diferentes, conforme o também bons rosés frutados, muitos dos quais de boa
seu grau de açúcar, podendo classificar-se em: qualidade, competindo com os de Navarra.
Extra-Brut ou Brut-Nature (até 6 g de açúcar / litro) Uvas permitidas:
Brut (até 15 g / litro) Uvas Brancas: Chardonnay, Macabeo, Xarel-lo,
Extra-seco (12 a 20 g / litro) Parellada e Subirat Parent
Seco (17 a 35 g / litro) Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cariñena, Garnacha,
Semi-seco (33 a 50 g / litro) Merlot, Monastrell, Pinot Noir, Samsó e Ull de Llebre
Dulce (superior a 50 g / litro). (Tempranillo)
Com relação à sua elaboração, as Cavas podem ser
produzidas por três diferentes métodos:
1. Cava ou método tradicional - é idêntico ao método Priorato
Champenoise, original francês, onde o vinho sofre uma Vizinha das duas D.O. anteriores situa-se também na
segunda fermentação na garrafa com formação de Costa do Mediterrâneo, entre Barcelona e Tarragona. É
bolhas. a D.O. que mais se tem destacado, sobretudo pela alta
2. De Transferência - difere do anterior pelo fato de que qualidade de seus vinhos tintos. Robustos, elegantes,
no fim do processo o espumante é transferido para uma com aromas complexos e grandes caráter e estrutura
nova garrafa. na boca, esses vinhos têm recebido grande
3. Granvás - equivale ao método francês Charmat, onde consagração dos conhecedores de todo o mundo. Além
o vinho sofre a segunda fermentação em grandes dos belos tintos, produz bons brancos e rosés
tanques de aço inox pressurizados. razoáveis. Uvas permitidas:
Uvas Brancas: Garnacha Blanca, Macabeo e Pedro
Costers del Segre Ximénez
Está alojada aos pés dos Pirineus, na região da Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cariñena, Garnacha
Catatuña, entre Lleida, Tarragona e Barcelona. Produz Tinta, Garnacha Peluda e Mazuela

93
interrompendo-a e originando um vinho doce, enquanto
Rioja no Jerez ela é adicionada após a fermentação ser
Localizada no norte, compreende a região do vale do rio concluída, dando um vinho seco. O aroma e gosto
Ebro, entre as cidades de Haro, a oeste, Logroño, no especiais e únicos do Jerez se devem à uva, ao método
centro e Altaro, a leste, e está próxima de Vitoria, a de elaboração específico e ao envelhecimento pelo
capital do País Basco. Divide-se nas seguintes sub- sistema de “solera” que comentaremos mais à frente. O
regiões: Rioja Alta, a oeste, entre Haro a Logroño; Rioja Jerez sempre é um corte (mistura) de vinhos de vários
Alavesa, pequena sub-região ao norte da anterior; Rioja anos diferentes e não de uma só safra.
Baja, a leste, entre Logroño e Altaro. Rioja foi a primeira
região vinícola a projetar os vinhos espanhóis no O envelhecimento
mercado mundial e possui a maior produção do país, O Jerez é envelhecido pelo sistema original: o sistema
produzindo cerca de trezentos e cinqüenta milhões de Solera, onde são utilizados barris de carvalho
quilos de uvas e quase duzentos milhões de litros de americano, denominados botas, com capacidade para
vinho! Foi também a primeira região a adotar as 600 litros, cheios até 5/6 de sua capacidade. Enquanto
tipificações Crianza, Reserva e Gran Reserva, hoje em outras regiões vinícolas os barris são
adotadas na maioria das regiões. hermeticamente fechados, em Jerez eles são abertos
Recentemente passou a ter a denominação mais para permitir que o vinho seja airado pela brisa do
diferenciada D.O. Calificada, para a qual todos os sudoeste. Terminada a fermentação alcoólica e
vinhos devem ser engarrafados no distrito de Rioja. esgotados os açúcares do mosto, as leveduras sobem
Produz essencialmente tintos de qualidade, encorpados até a superfície e formam uma película, o velo de flor
e leves (Claretes) e pequenas quantidades de brancos (véu de flor) ou simplesmente flor de Jerez. Esses
e rosés. Alguns tintos envelhecidos (Crianza, Reserva e microorganismos permanecem na superfície do vinho, e
Gran Reserva), particularmente os Marqueses (Marqués aí, na presença do oxigênio do ar, transformam alguns
de Riscal, Marqués de Arienzo, Marqués de Murrieta, componentes do vinho. Esse processo de intensa e
etc) são muito conhecidos e, juntamente com outros contínua ação metabólica das leveduras da flor
vinhos da Rioja pertencem à elite dos vinhos espanhóis. denomina-se crianza biológica e, na realidade, é um
Uvas permitidas: envelhecimento biológico do vinho, e confere as
Uvas Brancas: Garnacha Blanca, Malvasía e Riojana características organolépticas (sensoriais) únicas do
Viura Jerez. As botas são colocadas em, pelo menos, três
Uvas Tintas: Garnacha, Graciano, Mazuelo e fileiras superpostas. A primeira, a solera, colocada no
Tempranillo chão, contém o vinho mais velho pronto para ser
Jerez engarrafado e as que estão sobre ela denominam-se
É uma das mais famosas regiões vinícolas da Espanha, criaderas.
situada ao sul de Sevilla, mais precisamente próxima da A quantidade de vinho que é retirada da solera é
costa atlântica, nas cercanias das cidades de Jerez de reposta com o vinho da fileira logo acima, a primeira
la Frontera, San Lúcar de Barrameda e El Puerto de criadera, que por sua vez é completada com o vinho da
Santa María, próximas a Cadiz. fileira superior, a segunda criadera e assim por diante,
até a criadera superior (mais jovem) que é preenchida
O método de elaboração com o vinho mais novo daquele ano. Todos os tipos de
O Jerez, como o vinho do Porto, é um vinho fortificado, Jerez (ver abaixo) precisam envelhecer por pelo menos
isto é, que recebe a adição de aguardente vínica, três anos e este é o mínimo para os Finos e os
tornando-se mais alcoólico e "mais forte". No Porto a Manzanillas. Os Amontillados são envelhecidos por, no
aguardente é adicionada durante a fermentação, mínimo, cinco anos e os Olorosos sete anos.

94
econômico, político e social do país, a vitivinicultura
Os diferentes tipos portuguesa sofreu sensíveis avanços, particularmente
Existem oito tipos principais de Jerez, a saber: no campo tecnológico. O fato mais importante é que
Fino - é pálido da cor da palha, seco, com um aroma essa modernização foi realizada sem descartar os
delicado de torrefação e de nozes, seco e leve no aspectos tradicionais positivos, como por exemplo, a
paladar e envelhecido sob a "flor". Deve ser servido utilização de variedades de uvas autóctones e
ligeiramente gelado. tradicionais. Com ajuda da tecnologia, essas castas,
Manzanilla - é um Fino muito seco, exclusivo das que antes originavam vinhos de qualidade inferior,
bodegas de Sanlúcar de Barrameda, onde é passaram a dar grandes vinhos. Numa época de
envelhecido sob a "flor". Possui as características do globalização, com a uniformização de condutas e
Fino, acrescidas de aroma e gosto da brisa marítima gostos, é maravilhoso degustar os bons vinhos
que existe nas bodegas de Sanlúcar. Também deve ser portugueses.
servido ligeiramente gelado. A nós, enófilos brasileiros, que já trazemos um pouco
Amontillado - tem cor âmbar, é seco, envelhecido e tem de vinho português no sangue, é chegada a hora de
aroma de nozes, porém mais intenso e mais fresco do fazermos a rota inversa de Pedro Álvares Cabral e
que os dois anteriores. Na boca é mais macio e redescobrir os maravilhosos vinhos da "Terra Mãe".
encorpado.
Oloroso – seco, às vezes doce, envelhecido, Os vinhos portugueses estão classificados em quatro
encorpado, da cor âmbar do mogno e, como o seu níveis de qualidade:
nome sugere, seus aromas são fragrantes e intensos e
lembram também a nozes. Vinho de Mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser
Palo Cortado – seco, envelhecido, muito pouco feita em qualquer região do país, e que não se
produzido. enquadra nas categorias mencionadas a seguir.
Pale Cream - de cor de palha bem pálida e com aromas
de torrefação é macio e doce no paladar. Vinho Regional - vinho de qualidade superior ao vinho
Pedro Ximenez – doce produzido por poucas vinícolas, de mesa, produzido com, no mínimo, 85% de uvas
equivale ao tipo anterior. provenientes da região especificada. Hoje existem
Cream - é um Oloroso muito doce feito com a uva Pedro muitos vinhos regionais de qualidade igual ou superior à
Ximenez. Tem cor de mogno bem escuro e aromas de de vinhos D.O.C., havendo inclusive alguns bons
torrefação intensos e delicados. No palato é bem doce, produtores que, por não concordarem com as regras
redondo, aveludado e bem encorpado. impostas pela Comissão Reguladora dessa categoria,
passaram a rotular seus vinhos como regionais.
PORTUGAL

Vinho de Denominação de Origem Controlada (D.O.C.)


Portugal é um país de longa tradição vinícola, tendo
- teoricamente é a categoria de mais alto nível de
como marco mais importante a implantação da
qualidade e identifica o vinho produzido em região
vinicultura pelos romanos, tal como ocorreu nos demais
delimitada, sujeito a regras mais restritas quanto à
países de maior expressão vinícola da Europa. A
procedência e variedades de uvas utilizadas, o método
vitivinicultura portuguesa demorou a evoluir
de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de
tecnologicamente e, por muito tempo, produziu poucos
envelhecimento, etc. Equivale à A.O.C. francesa, à
vinhos de alta qualidade. Esse quadro, no entanto, é
D.O.C. italiana e à D.O. espanhola.
coisa do passado. Nas últimas duas décadas, como
conseqüência do fantástico desenvolvimento

95
Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada Existem inúmeras referências à cultura da vinha na
(V.Q.P.R.D.) – para atender ao Mercado Comum região, cujo início foi por ordens da igreja e total apoio
Europeu foi criada a nomenclatura Vinho de Qualidade da coroa portuguesa. A indústria vinífera somente
Produzido em Região Determinada (V.Q.P.R.D.) que percebeu sua importância nos séculos XII - XIII, quando
engloba as I.P.R. (Indicação de Proveniência o consumo de vinho tornou-se popular entre os
Regulamentada) e as D.O.C.. Também foram criadas habitantes da região entre o Minho e o Douro.
denominações para os vinhos espumantes e licorosos: A explosão demográfica e econômica da região, o forte
V.E.Q.P.R.D. (Vinho Espumante de Qualidade desenvolvimento do comércio de produtos agrícolas,
Produzido em Região Determinada) e V.L.Q.P.R.D. bem como a implantação de novas formas de
(Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região pagamento fez do vinho uma fonte essencial de
Determinada). receitas. Embora a sua exportação seja limitada, a
Além das indicações anteriores, podemos encontrar nos história demonstra que os primeiros vinhos portugueses
rótulos uma classificação pela qualidade, são elas: a serem apreciados por toda a Europa foram os dessa
região. As regulamentações no que diz respeito à
Reserva - O Reserva deve ter uma graduação alcoólica qualidade e o comércio dos vinhos na região de Vinho
meio grau acima do não Reserva da mesma vinícola e Verde apareceram no início do século XX, com a lei
envelhecer ao menos três anos em adega. Têm sempre aprovada em 1908, na qual mencionava a zona de
origem determinada e safra. produção Vinho Verde pela primeira vez. Porém apenas
em 1926, data em que foi criada a Comissão de
Garrafeira - O nome Garrafeira significa adega em Viticultura da Região do Vinho Verde, os limites
Portugal. Estes vinhos podem ou não ser de geográficos da região foram definitivamente
denominação de origem, mas devem obrigatoriamente estabelecidos.
passar três anos em adega, sendo apenas um em Aspectos culturais, tipologias de vinhos, variedades de
garrafa e os outros dois em madeira. uvas e tipos de condução do vinhedo, forçaram a
divisão da denominação em 6 subregiões: Monção,
As Regiões de Portugal Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel.
A região é conhecida fundamentalmente pela produção
Vinho Verde de vinhos brancos, chamados genericamente de Vinhos
A região do Vinho Verde é situada na parte mais ao Verdes, em referência à fase prematura em que as uvas
norte de Portugal, sendo delimitada por quatro são colhidas e à cor da uva. Estes são caracterizados
importantes acidentes geográficos: o Rio Minho, ao pela cor amarela palha e verdeal, e pelo seu frescor e
norte; Rio Douro, ao Sul; o Oceano Atlântico, a oeste e aromas frutados e complexos. Os mais cobiçados
as formações montanhosas, ao leste. A cidade mais vinhos verdes brancos são elaborados com 100% de
importante da região é Braga. uva Alvarinho.
Historicamente conhecida como o berço de Portugal, o Outros vinhos brancos são elaborados com castas
Vinho Verde possui um alto índice pluviométrico, igualmente de origem portuguesa como o Loureiro e o
aproximadamente 1500 mm. por ano. As chuvas se Treixadura. Também existem os vinhos produzidos com
alongam irregularmente por todo o ano, mas tornam-se Arinto e Avesso.
mais intensas no inverno e na primavera. Densamente Nos tintos, menos importantes, encontramos as uvas
povoada, foi dali que partiram os primeiros movimentos Vinhão ou Espadeiro, são vinhos de muito corpo, cores
migratórios que retiraram os muçulmanos do país. intensas e reflexos violeta.

96
Douro e Porto Douro, protegido da influência marítima Atlântica pelo
O Douro é uma região cercada de montanhas das quais sistema montanhoso do Marão, sofre de um clima
nos seus declives crescem as melhores castas para a continental extremo com verões secos e invernos muito
elaboração dos mais finos Portos. A região tem passado rigorosos).
recentemente por um processo de modificação pelo Os melhores vinhedos do Douro são situados em
qual seus vinhos tintos secos, graças á qualidade e terraços escavados pelo homem nas montanhas e que
longevidade, têm recebido reconhecimento são fruto de esforço milenar, assemelhando-se às
internacional. A D.O. Douro está relacionada a vinhos etapas das pirâmides. Os solos tão pobres chegam a
tintos e secos e a D.O. Porto a vinhos generosos e obrigar às vinhas a aprofundar as suas raízes mais de
doces. 12 metros à procura de nutrientes, o que lhes permite
A região dispõe de uma grande tradição na cultura da concentrar a mesma “essência” do terreno a todas as
vinha, com origens nos tempos pré-românticos. No uvas.
século XVII aconteceu fato de grande importância para As principais variedades cultivadas no Douro são a
a história dos vinhos da região. Os comerciantes Touriga Nacional e Touriga Francesa (que conferem ao
britânicos descobriram os grandes vinhos do Douro, na vinho uma grande concentração fenólica). A Tinta Roriz
seqüência de contínuos desentendimentos com a (a famosa Tempranillo espanhola), a Tinta Barroca e
França, o que tornava impossível o comércio contínuo Tinta Cão.
de vinhos de Bordeaux em 1703. O processo escolhido para envelhecimento (em
Pelo Tratado de Methuen, a Inglaterra diminuiu os madeiras ou garrafa) é o elemento chave para
impostos para importação de vinhos portugueses e classificar os vinhos do Porto. Existem, portanto vários
favoreceu a D.O. Douro, em detrimento aos vinhos da tipos de Porto: Primeiro, a categoria que inclui os jovens
França e da Alemanha. Desde então a Grã-Bretanha (Ruby, Tawny e Branco). Estes são portos de corte,
transformou-se no principal comércio de bebidas da resultando em vinhos equilibrados em aromas e
região. sabores e cujo engarrafamento acontece três anos após
Os vinhos do Douro não suportavam bem as viagens. a sua vinificação. A segunda categoria é representada
Para não desperdiçar a grande ocasião comercial que por vinhos com safra (Vintage Character ou LBV), são
tinha sido aberta, os produtores e os comerciantes vinhos cheios, ricos em aromas, de cores intensas e
decidiram acrescentar álcool vínico aos vinhos durante envelhecem entre quatro e 5 anos em pipas de
a fermentação, de modo que estes não se carvalho. Seguindo a escala, encontramos os velhos
deteriorassem no trajeto. Foi quando perceberam que vinhos envelhecidos em madeira (Old Tawnies), que
esta prática não somente preservava, mas conferia ao passam entre 10 e 40 anos, tomando uma cor âmbar
vinho qualidades excelentes melhorando-o escuro característico da qual recebem o seu nome. Os
significativamente e permitindo a realização de um portos de crosta (Crusted Port), são resultado de uma
vinho único no mundo. mistura de safras diferentes sem passar pelo processo
O envelhecimento lento dos vinhos em pipas (barricas de filtragem.
de carvalho) nos úmidos e frios armazéns de Vila Nove Finamente as categorias excelentes: de vinhedo único
Gaia, do outro lado do rio em frente da cidade de Porto, (Single Quinta Port); vinhos produzidos com os recursos
dava como resultado vinhos complexos e com bouquet de um só vinhedo de safra e engarrafados dois anos
dificilmente igualáveis. São aqueles que conhecemos após ter sido produzido e são refinados e evoluídos em
hoje como vinho do Porto. garrafa antes de sair ao mercado. Os grandes portos
Essas qualidades magníficas dos portos vêm de fatores (Vintage Port), que representam os “tops” da região e
exclusivos, como o solo (xistoso), as variedades de uva passam dois anos em madeira antes de ser
(muitas delas únicas no mundo) e o clima (o vale do engarrafado.

97
qualificada, com reconhecimento implícito à sua
Bairrada contribuição histórica para a enologia portuguesa.
A região de Bairrada é situada sobre o eixo de 40 km Em Bairrada localizam-se os municípios de Anadia,
que formam as populações de Aveiro e de Coimbra a Mealhada, Oliveira do Bairro, e parte de Águeda,
noroeste de Portugal. Os limites naturais são, por um Aveiro, Cantanheiro, Coïmbra e Vagos. Os tintos da
lado, a costa e, por outro, as cadeias montanhosas de D.O., que devem passar para um período de
Buçaco (nome que vem do latin "Box Sacrum” ou envelhecimento nunca inferior aos 18 meses de acordo
floresta consagrada) e de Caramulo. com pareceres da Comissão Vinícola Bairrada, são
O solo é formado principalmente por “bairros" (argila elaborados principalmente a partir das variedades Baga,
preta), de onde vem o nome da região. A produção de Bastardo, Camarate e Jaen. São caracterizados pela
vinhos em Bairrada cresceu na época dos Romanos, sua cor intensa, seu caráter tânico e aromas frutados e
tarefa que foi continuada, após a chegada do marcantes.
cristianismo, pelos monges dos mosteiros de Lorvão e As variedades Arinto e Bical são as preferida para a
Vacariça, atraídos pelas excelentes condições naturais elaboração de brancos, os quais são caracterizados
para a cultura da vinha na região. pelos seus tons dourados, secos e aromas florais e
Durante o ano do 1137, o primeiro rei de Portugal, intensos. Quanto aos vinhos espumantes (os mais
Alfonso Enriques, autorizou a plantação de grandes famosos que todo o Portugal), devem permanecer nove
extensões com vinhedos à cidade de Vilarinho, meses em adega antes de sair ao mercado. A maioria é
promulgando que uma quarta parte da produção era-lhe do tipo Bruto (Brut) e é caracterizado pelos seus aromas
atribuída. Conforme a qualidade e a reputação dos florais e elaborada tanto com uvas brancas como tintas.
vinhos da Bairrada crescia durante a Idade Média,
outras instituições religiosas como o Convento de Santa Alentejo
Cruz de Coimbra e a Ordem dos Carmelitas Descalças A região do Alentejo é situada numa extensa área
(século XVII), começaram a elaborar vinhos na região, o dominada por planícies a sudeste de Portugal
que contribuiu para desenvolver mais ainda a fama e a abrangendo as cidades de Évora e Beja. A economia se
qualidade dos vinhos de Bairrada. baseia em criação de gado, agricultura e a indústria da
Desafortunadamente no fim do século XVIII, o Primeiro madeira. Os produtos típicos desta região são o trigo,
Ministro Pombal, na época responsável pela proteção os girassóis, frutos, vegetais, azeitonas, vinhos, cortiça,
dos vinhos da região do Porto, ordenou a eliminação da eucaliptos, cordeiro, porco, cabrito, minerais, granito,
maioria dos vinhedos da Bairrada, temendo que seus xisto e mármore.
vinhos pudessem fazer concorrência com os do Douro Topograficamente a região possui importantes
ou para que não fosse utilizado nas misturas dos variações, do Sul do Alentejo até às elevadas zonas do
verdadeiros vinhos do Porto. nordeste, que fazem fronteira com a Espanha. Na
A região tem sido reconhecida especificamente por maioria de origem vulcânica cujo solo é composto de
seus vinhos que começaram a ser exportados a partir granito, quartzo e xisto vermelho.
da cidade portuária de Figueira da Foz. Em 1887 No diz respeito a vinhos, no Alentejo predominam
nasceu a Escola Prática de Viticultura e Pomologia da pequenos vinhateiros com produção não superior as
Bairrada presidida por Tavares da Silva, ao qual é dado 250 caixas, embora encontremos também grandes
o título de pai da viticultura moderna da Bairrada e produtores cujos números podem atingir as 250.000
pioneiro na introdução do método champenoise para a caixas ao ano.
elaboração de vinhos espumantes em Portugal, em A origem da produção de vinhos vem da época dos
1979. Atribui-lhe a condição de denominação de origem romanos e ainda se encontram vinhos cujas uvas são

98
pisadas e depois fermentam e envelhecem em ânforas leis que reconheciam os seus numerosos atributos.
de barro, seguindo a tradição ancestral. Muito recentemente, em março de 2000, criou-se a
No fim do século XIX a phylloxéra atingiu as vinhas DOC, abandonando desta maneira a venda anônima
desta região e muito dos produtores tiveram seus dos vinhos a outras regiões produtoras que tomavam-no
plantios destruídos. Após a crise, o setor de vinhos do como matéria prima para a sua produção.
Alentejo teve que esperar até aos anos 50 para a Os climas e os solos têm como característica mais
recuperação da produção e do prestígio perdido. O significativa a variabilidade dados a vasta extensão do
clima da região é de tipo íbero-mediterrâneo, ou seja, é terreno que ocupa a denominação, 36.000 hectares.
principalmente mediterrânico, mas com certas notas Podemos encontrar solos aluviais em zonas próximas
continentais: verões quentes, variações de umidade, ao rio, calcários em zonas mais elevadas como as
altas temperaturas e aproximadamente 3.000 horas do montanhas ao norte ou os solos arenosos ao sul, de
sol por ano. Quanto às chuvas são freqüentes durante terras que influenciam de maneira substancial as
os meses de inverno, e se mantém entre 550-600 mm características dos vinhos do Ribatejo. Os vinhos do
por ano. norte caracterizam-se como vinhos muito encorpados,
O Alentejo é composto de oito sub-regiões: Portalegre típico do clima continental predominante. Os mais
(DOC), Borba (DOC), Redondo (DOC), Reguengos suaves e elegantes vêm dos climas semi - atlântico ao
(DOC), Vidigueira (DOC), Évora (IPR), Granja- Sul. Um bom reflexo da diversidade é as seis sub-
Amareleja (IPR) e Moura (IPR). A maioria delas é regiões que dividem a DOC do Ribatejo.
conhecida por seus de vinhos tintos, que podemos Vamos analisar resumidamente estas seis sub-regiões
descrever como vinhos encorpados e complexos, com de acordo com a ordem de importância. Almeirim é a
notas de frutos maduros quando jovens, mas complexos mais famosa, seguido de Santarém ambas com
e elegantes quando envelhecidos. características muito semelhantes quanto à composição
Muitas são as variedades de uvas tintas, entre as quais do solo e resultado dos vinhos produzidos.
predominam a Aragonês (Tinta Roriz ou Tempranillo, Encontramos nestas regiões dois relevos diferenciados,
como é conhecida na Espanha), Trincadeira (Tinta o baixo caracterizado pelo solo fértil e muito úmido por
amarela), Periquita (Castelão Francês) e Alfrocheiro estar próximo das margens do rio Tejo, e o alto, de solo
Preto. arenoso com grande capacidade de drenagem. O vinho
A produção de brancos, apesar de não serem muito tinto é suave e abundante em taninos, de cores
importante, ganhou complexidade e riqueza nos últimos avermelhadas intensas, encorpados e de boa estrutura.
tempos, baseando-se a uva síria Roupeiro, a melhor Os brancos dispõem também de boa estrutura e aromas
variedade branca da região do Alentejo frutados intensos, sendo recomendado seu consumo
num curto espaço de tempo.
Ribatejo Cartaxo dispõe também duas tipologias diferentes nos
A região de Ribatejo situada no centro-sul de Portugal é seus vinhedos. A primeira, nas regiões baixas próximas
estendida ao longo do curso do rio Tejo. Seus limites ao rio e a segunda, situada mais alta a
encontram-se a leste, no estuário de Lisboa, e subindo aproximadamente 200 metros, onde os solos são do
o curso do rio, ao norte, nas cidades Tomar e Abrantes tipo argiloso-calcário. Os vinhos da primeira região são
onde Santarém é o centro demográfico mais influente frutados mais robustos e de cor vermelha rubi. As terras
da região. mais elevadas produzem em contrapartida, um vinho
A produção de vinho na região antecede a criação do agradável de cores mais intensas e grande suavidade.
Estado português. Monarcas como D. Alfonso Chamusca também é dividida em dois tipos de solo, um
Henriques, Sancho II e D. João II, informados da de relevo baixo onde recebe as águas do rio Tejo e
qualidade de seus “caldos” protegeram-no através de

99
outro alto mais arenoso e, portanto de boa drenagem. Em 1990 de Dão foi reconhecida como DOC,
São vinhos de bom equilíbrio entre acidez e maciez. supervisionado por um Conselho Regulador.
Coruche é localizado exclusivamente nas inclinações do Atualmente, a denominação é composta de um número
rio Tejo, caracterizada pelo seu elevado grau de reduzido de asas, com vinhedos próprios cujos vinhos
umidade, que resulta em vinhos frescos com tintos são encontrados entre os mais importantes
tonalidades vermelho granada. produzidos em todo o Portugal.
Finalmente Tomar, uma região de tintos encorpados e É esta uma região montanhosa, formada por colinas de
de certa acide, e brancos verdeais e frutados. natureza granítica. Cercada pela Serra da Estrela ao
As variedades nativas utilizadas na produção de vinhos norte, as montanhas de Caramulo ao sul e pela Serra
brancos são Arinto, Fernão Pires e Talia (variação de Buçaco no flanco ocidental (protegendo-o da
portuguesa de Ugni Blanc), enquanto que para os tintos influência Atlântica); goza de um clima continental
são Baga, Camarate, Trincadeira e Castelão Francês moderado, caracterizado por verões secos e quentes e
(também conhecida pelo nome de Santarém ou invernos nos quais não falta água. O ambiente natural
Periquita). Este último grupo de variedades deve da região recorda a Provence (França), com volumosas
abranger 80% da composição dos vinhos tintos. Uma florestas de pinheiros alternando com vinhedos situados
casta recentemente introduzida e que dá resultados sobre dunas arenosas gigantescas.
magníficos é Cabernet Sauvignon, dando como Mais de dois terços dos vinhos produzidos em Dão são
resultado excelentes vinhos de guarda. Durante os tintos e são originários de nove castas diferentes,
últimos anos percebemos uma evolução na qualidade elaborados a partir de qualquer combinação entre elas.
dos vinhos tintos numa grande parte dada a iniciativas As uvas tintas mais significativas são: Touriga Nacional,
como esta. Os brancos não terminaram de dar este Tinta Roriz (o Tempranillo espanhol), Tinta Pinheira,
salto de qualidade, embora frescos faltam-lhe Alfrocheiro Preto e Jaen. A Touriga Nacional é
complexidade e corpo. considerada a mais nobre da região e deve participar
proporcionalmente de não menos do que 20% nos
Dão cortes de todos os vinhos tintos produzidos na região.
A região vinícola de Dão é situada no centro-norte de A variedade branca Encruzado é a dominante na
Portugal na região de Beira Alta, cuja principal cidade é denominação, geralmente misturada com outras como o
a monumental e bela Viseu. A região leva o nome do rio Assario Branco ou Borrado das Moscas.
que a banha, que nasce nas terras altas ao norte, não Os tintos do Dão são vinhos secos, concentrados,
distante do rio Douro, mas da influência Atlântica. tânicos, complexos e com um grande potencial de
A produção de vinho na região vem da época dos envelhecimento. Quanto aos brancos: são vivos, florais
romanos embora tenha sido restringida ao consumo e muito aromáticos.
familiar e regional. Esta situação persistiu até 1950, ano
em que na ditadura do General Salazar nasceram as Setúbal
cooperativas locais que permitiriam atingir economias A D.O. Setúbal, criada em 1907, é do uma das mais
de escala, racionalizar e modernizar a produção. Os antigas e destacadas regiões vinícolas portuguesas. É a
entrepostos privados, que não tinham o direito a cultivar denominação mais importante no vasto setor vinícola de
vinhedo próprio nem exportar diretamente, foram Terras do Sado. Este último se estende ao redor do
obrigados a comprar vinhos a granel das cooperativas. porto de pesca de Setúbal, na península onde se
Desde 1986, ano em que as adegas privadas obtiveram encontra a foz dos rios Tejo e Sado.
o direito de cultivar uva em suas terras, além da livre A sudeste de Lisboa, o clima é moderado do tipo
exportação houve uma grande melhora em suas marítimo, ideal para a viticultura. A região abrange a
instalações e produção. comuna de Setúbal e uma parte de Sesimbra e de

100
Palmela. A área demarcada é caracterizada unicamente denominação tradicional "Moscatel Setúbal” ou de
pela elaboração de vinhos doces, principalmente a partir “Moscatel Roxo” no rótulo, os vinhos têm necessidade,
de duas variedades de moscatel: Moscatel Romano ou por lei, de ser composto no mínimo de 85% de alguma
da Alexandria (para brancos) e, em menor escala, das duas variedades de moscatel mencionadas.
Moscatel Roxo (para tintos). Se a diferenciação básica dos vinhos de Setúbal for
Existem em Setúbal duas zonas de produção: as estabelecida de acordo com a variedade de moscatel
montanhas de Arrabida (com predominância de solos utilizada (branco ou tinto), existe uma outra
argilosos e calcários) e a planície adjacente, que recebe classificação levando em conta o envelhecimento em
ventos quentes do Sul. carvalho: em primeiro os vinhos com envelhecimento de
As variedades de moscatel foram introduzidas primeiro 5 a 10 anos, em segundo os de vinte 20 anos e, os mais
pelos fenícios a mais de dois mil anos. Romanos, exclusivos, permanecem 50 anos envelhecendo e
árabes e visigodos continuaram a evolução da levam a menção mais especial sobre rótulo de “Setúbal
viticultura em 1381 Portugal já exportava vinhos de Apoteca”. Os vinhos permanecem em contacto com as
Setúbal para a Inglaterra, posicionando-se como um cascas das uvas durante vários meses após a
dos preferidos do monarca britânico Ricardo II. Os reis fermentação e são adicionados de aguardente fina até a
portugueses sempre mencionavam o vinho nos atingir aos dezoito graus de álcool, mesmo que
documentos que emitiam sobre a região, que serviam legalmente o grau mínimo permitido pelo conselho seja
como regulamento e proteção da economia local. A 16,5. Os vinhos mais jovens são colocados em garrafas
importância desse pode ser percebida nitidamente nos após ter permanecido aproximadamente cinco anos em
número de exportação que foram registrados ao longo madeira e apresentam cor alaranjada com tonalidade
da história e com destaque no século XV, quando o sal ocre e nuances de especiarias com notas típicas da uva
e o vinho de Setúbal eram à base das exportações moscatel. Já os com 20 anos em madeira ganham cor,
locais. Em 1675, a Inglaterra chegou a importar mais de profundidade e intensidade, aromas característicos de
350 tonéis de Moscatel de Setúbal. Sendo afetado, laranja, de amêndoas e de flores selvagens.
como muitas outras zonas elaboradoras de vinhos
generosos, pelas modificações nas preferências dos Madeira
consumidores durante os três primeiros quartos do Ilha de origem vulcânica, pertencente a Portugal,
século XX. situado a 750 km a oeste de Casablanca. Foi
A variedade Moscatel Romano é a rainha entre as descoberto no século XV por um capitão português
cultivada em Setúbal. Crescendo num ambiente Enrique Navegante, que em sua rota de
particularmente pacífico, produz um néctar doçura e reconhecimento pela costa africana desviou-se,
bouquet únicos. O Moscatel Roxo, exclusivo da região e chegando à ilha. Chegando lá, se deparou com um
escasso, dá lugar a vinhos muito fracos, mais secos e território desabitado com vegetação abundante
mais complexos que aqueles elaborados a partir da formando florestas e bosques. Os novos habitantes
branca Moscatel da Alexandria. dispuseram-se a alterar a paisagem da ilha, isso por
Os regulamentos locais permitem o uso de outras terem provocado uma série de incêndios, dos quais diz-
variedades diferentes dos Moscateis (por exemplo, se que chegaram a se estender durante sete anos
Tamarez, Arinto, João Pires, Malvasía ou Boais) aproximadamente.
utilizados como complemento com o objetivo de Como resultado temos um solo rico em nitrogênio,
aumentar os níveis naturais de acidez. Uma maceração composto também dos materiais vulcânicos (originários
prolongada com as cascas da moscatel contribui na da ilha), basalto cinzento da cinza que resulta do fogo,
formação do aroma penetrante e o caráter concentrado bem como por compostos calcários.
dos moscatéis de Setúbal. No entanto, para utilizar a

101
As montanhas, cercadas de nuvens permanentes, fornalhas tendo como resultado um duplo efeito: por um
atingem níveis próximos aos dois mil metros e regam as lado preserva-se melhor o vinho e, por outro, atribui-lhe
terras baixas com água que reflete através de uma série um aroma grelhado específico como resultado da
de canais construídos no século XVI. A estes deram caramelização do açúcar.
nome de “levadas”. As vinhas originárias de Madeira Os vinhos da Madeira variam de acordo com o mercado
foram levadas pelos marinheiros portugueses em suas ao qual se destinam e à gama de preços. A maioria é
viagens plantando-as nas novas colônias. identificada por uma série de nomes, em muitos casos
O império britânico foi de grande importância na semelhantes, que fazem uma alusão à variedade de
divulgação do vinho desta região, dado que propagaram uva que domina no vinho. De modo que um vinho possa
a sua fama. O vinho atingiu uma grande importância esclarecer o nome de uva cujo é composto a lei
nas ilhas britânicas. Conta a história que o Duque estabelece que esta mesma uva corresponda pelo
Clarence, prisioneiro na Torre de Londres e condenado menos 85% da composição. Os vinhos mais
a morte, escolheu como dar fim á sua vida afogando-se importantes da Madeira são:
em um tonel de vinho de Madeira.
Pela localização geográfica, a ilha conta com um clima Sercial: vinho seco fortificado após a sua fermentação,
benigno para a parreira, sem temperaturas extremas no da mesma maneira que o Xerez;
inverno ou verão e com reservas de água subterrânea Verdelho: ligeiramente menos seco e fortificado;
que é calculada próxima de 200 milhões de litros. Dado Terrantez: vinho ligeiramente doce e fortificado após a
o seu relevo montanhoso na maioria dos casos utilizam- fermentação;
se vinhedos dispostos em “terrazas”, embora outros, as Bual: vinho semidoce, fortificado durante a fermentação,
vinhas ocupassem pequenos terrenos compartilhados como no caso do vinho do Porto;
com um outro tipo de cultura como, por exemplo, Malmsey ou Malvasía: vinho doce ao estilo do Porto.
bananas. Na região da Madeira há ainda muitos
vinhedos que são plantados em pérgolas. Este sistema Levando em conta a idade dos vinhos, identificamos
permite a planta continuar a crescer e evita possíveis de quatro classificações:
infecções à planta. Colheita: vinho de um só vinhedo elaborado a partir de
Quanto ao Método de produção, não é muito comum apenas uma variedade de uva. Envelhecido um período
em outras regiões do mundo. Assim como o Porto e mínimo de 20 anos em barricas de carvalho;
Xerez, o método ter origem na intenção do homem de Reserva Extra: composta de algumas das uvas
transportar o vinho a longas distâncias sem que haja anteriormente citadas, mas nunca inferior a 85% do
depreciação, antes disso produziam-se muitos jovens corte. Deve permanecer em carvalho pelo menos 15
vinhos de Madeira que terminavam por se transformar anos; e garrafa no mínimo 10 anos;
em vinagre. Reserva: vinho com mínimo de cinco anos em madeira
Outra uma importante particularidade do processo de e garrafa.
elaboração dos vinhos de Madeira é ser estufado em
barricas, que consiste num aquecimento através de

102
ENOGASTRONOMIA
Preparo
Aula 1- Entrada leve
Coloque no liquidificador: couve, bacon frito, batatas e
caldo de galinha. Bata bastante até ficar homogêneo.
SALADA CAPRESE
Leve ao fogo médio até ferver.Acrescente o sal.

Ingredientes
Montagem
4 tomates pomodoro
Coloque em um prato fundo ou cumbuca e decore com
4 bolas de mussarela de búfala (La bufalina)
a couve bem fininha e o bacon. Sirva com uma porção
70 g de folhas de manjericão
de torradas e queijo ralado.
200 ml de azeite extra virgem
Flor de sal
Aula 3- Entrada pesada
Pimenta do reino, à gosto.

SALADA CROCANTE DE RÚCULA COM CAMARÃO


Preparo
Higienizar os tomates, em seguida cortar em rodelas da
Ingredientes
mesma espessura. Reservar. Cortar as mussarelas em
1 maço de rúcula
rodelas da mesma espessura que os tomates.
4 camarões médios
Reservar. Higienizar o manjericão, separar as folhas.
100 g farinha panco
Reservar.
100 g queijo parmesao
Azeite de oliva
Montagem
1/2 limão siciliano
Na hora de servir, montar a salada começando pelo
Sal e pimenta
tomate, temperar com sal e pimenta, colocar algumas
folhas de manjericão e uma rodela de mussarela e
Preparo
temperar com sal e pimenta. Repetir nessa ordem até
Tempere os camarões com sal e pimenta. Em uma
terminar. Finalizar com azeite extra virgem e decorar
frigideira antiaderente coloque um fio de azeite e frite os
com folhas de manjericão.
camarões até ficarem bem rosados, acrescente a
farinha e o parmesão de modo fazer uma farofa. Lave
Aula 2- Entrada media
bem a rúcula em agua corrente.

CALDO VERDE
Montagem
No prato em que vai servir faça uma “cama” de rúcula.
Ingredientes
Em cima o camarão. Tempere com o suco do limão,
35 g de couve aferventada
azeite de oliva e sal. Decore com cebolette ou um
35 g espinafre
raminho de erva fresca.
70 g de bacon (frito, reserve 50g para decorar)
200 g de batata cozida
20 g de couve fatiada (para decoração)
300 ml caldo de frango
sal

103
Aula 4- Prato leve Preparo
Corte a cebola, o salsão e a cenoura em brunnoise.
RAVIÓLI DE MUZZARELA DE BÚFALA COM RAGU Corte bem os dentes de alho. Prepare os tomates (faça
DE TOMATE um corte em cruz na extremidade e mergulhe em água
fervente. Retire, deixe em água fria e tire a pele e as
Ingredientes sementes).Aqueça uma panela grande e coloque o
Massa azeite. Adicione o bacon e deixe tomar cor. Acrescente
50 g farinha de trigo a cebola, cenoura, salsão e os grãos de pimenta. Deixe
50 g de grano duro (semolina) murchar. Agregue os tomates e mexa muito bem.
2 gemas Coloque o vinho e deixe evaporar um pouco. Em fogo
Recheio baixo, deixe o tomate soltar seu suco. Adicione os
200 g mussarela de búfala demais ingredientes e cozinhe por aproximadamente 2
Pimenta horas. Corrija a acidez com açúcar.
Manjericão
Montagem
Preparo Com o ravióli já pronto misture no ragu e sirva em um
Misture todos os ingredientes ate ficarem prato fundo.
completamente uniforme. Abra a massa com o rolo ou
no cilindro. Reserve. Aula 5- Prato médio
Já com a massa aberta recheie com a mussarela, a
pimenta e uma folhinha de manjericão uma parte da GNOCCI DE BATATA COM RAGU DE MIGNON
massa e com a outra que não esta recheada cubra o
recheio e corte. Ingredientes
2 batatas
RAGU DE TOMATE Parmesão
100 g farinha de trigo
Ingredientes 2 gemas
3 tomates bem maduros (de preferência o Italiano ou
Pomodoro) Preparo
10 g de bacon em pedaço Amasse todos os ingredientes em um bowl. Faça
1 talo de salsão bolinhas e cozinhe por alguns segundos. Coloque um
1/2 cebola grande pouco de azeite. Reserve.
1 dentes de alho
1 cenouras RAGU DE MIGNON
1 folhas de louro
1 raminho de cheiros (com salsinha, tomilho e 1 Ingredientes
galhinho de alecrim) 3 tomates bem maduros (de preferência o Italiano ou
20 ml vinho branco seco Pomodoro)
500 ml caldo de galinha 400 g de mignon
200 ml de azeite de oliva extra virgem 100 g de bacon em pedaço
1 talo de salsão
1/2 cebola grande
1 dentes de alho

104
1 cenoura Preparo
1 folhas de louro Misture todos os ingredientes ate ficarem
1 raminho de cheiros (com salsinha, tomilho e 1 completamente uniforme. Abra a massa com o rolo ou
galhinho de alecrim) no cilindro. Reserve. Em uma panela sue a cebola no
20 ml vinho branco seco azeite acrescente a carne e deixe dar uma fritada, após
500 ml caldo de galinha isso acrescente o sal, pimenta e o caldo. Deixe cozinhar
200 ml de azeite de oliva extra virgem ate a carne desmanchar. Recheie a massa com a carne
e faça o mesmo como o ravióli de mussarela.
Preparo
Corte a cebola, salsão e cenoura em brunnoise. Corte Montagem
bem os dentes de alho. Prepare os tomates (faça um Com o ravióli já pronto sirva em um prato fundo.
corte em cruz na extremidade e mergulhe em água
fervente. Retire, deixe em água fria e tire a pele e as
sementes).Aqueça uma panela grande e coloque o Aula 7- sobremesa de frutas
azeite. Adicione o bacon e deixe tomar cor na
sequência o mignon. Acrescente a cebola, cenoura, PERA AO VINHO COM SORVETE DE BAUNILHA
salsão e os grãos de pimenta. Deixe murchar. Agregue
os tomates e mexa muito bem. Coloque o vinho e deixe Ingredientes
evaporar um pouco. Em fogo baixo, deixe o tomate 2 peras firmes
soltar seu suco. Adicione os demais ingredientes e Suco de 1 limão
cozinhe por aproximadamente 2 horas. Corrija a acidez 150 g de açúcar
com açúcar. 150 ml de vinho tinto
75 ml de vinho do Porto
Aula 6- Prato pesado Sorvete de baunilha
Raminhos de hortelã para decoração
RAVIÓLI DE CORDEIRO
Preparo
Ingredientes Descasque as peras inteiras e coloque de molho em
Massa água com limão para que não escureçam. Reserve.
50 g farinha de trigo Numa panela, misture o açúcar, o vinho tinto, o vinho do
50 g de grano duro (semolina) Porto e a groselha, deixando ferver por 5 minutos.
2 gemas Acrescente as peras e cozinhe por 30 minutos,ou até
Recheio ficarem macias. Retire as peras delicadamente com
50 g carne de cordeiro uma escumadeira e reserve. Leve a calda de volta ao
Sal fogo e cozinhe por mais 15 minutos ou até engrossar
Pimenta um pouco.
½ cebola
Azeite Montagem
1 litro de caldo de legumes Coloque as peras em pratos individuais, regue com a
calda e enfeite com raminhos de hortelã. Podem ser
servidas quentes ou frias. Se quiser, sirva fria com
chantilly ou sorvete de creme.

105
pimenta do reino (opcional)
1 dente de alho
Aula 8- sobremesa de chocolate
Preparo
FRUTAS A MELBA AO CREME DE MASCARPONE Corte fatias de pão, em espessura de 1 dedo. Regue
com “um fio” de azeite virgem. Leve ao forno por 5
Ingredientes minutos, em temperatura média. Enquanto isso, coloque
1 kiwi 45 ml de azeite em uma frigideira e refogue o alho, os
1 manga tomates, já previamente temperados com sal e pimenta.
150 g de mirtilo
100 g morango Montagem
1 carambola Retire da assadeira as fatias de pão e cubra cada uma
100 g framboesa das fatias com o tomate refogado. Salpique com o
200 g açúcar manjericão cortado.
100 ml de Kirsh
100 ml de contreau MIGNON NA MOSTARDA E MEL COM ARROZ
100 g creme de leite fresco CREMOSO DE ERVILHA
150 g de queijo mascarpone
20 ml essência de baunilha Ingredientes
200 g de filé mignon (em peça)
Preparo 50 g de manteiga
Corte as frutas de forma uniforme em macedônia, 50 g de mostarda anciene
coloque em uma frigideira para caramelar, adicione o 50 g mostarda Dijon
açúcar e flambe com o contreau, adicione o kirsh e 100 ml de caldo de carne
reserve. 100 ml de vinho tinto
Misture o creme de leite ao queijo marcarpone e a 30 ml de mel
essência de baunilha. 1 cebola
Sal
Montagem Pimenta-do-reino
Coloque em um prato fundo as frutas e adicione uma
colher grande do creme, decore a gosto e sirva. Preparo
Prepare o molho com a manteiga (temperatura
Aula 9- jantar 3 cursos ambiente), as mostardas, caldo de carne, mel, o vinho,
sal e pimenta-do-reino a gosto, reduza. Limpe e
BRUSCHETTA TRADICIONAL descarte toda a gordura do filé mignon, corte em
medalhões e grelhe.
Ingredientes
1 pão Italiano ARROZ CREMOSO DE ERVILHA
3 tomates pomodoro cortados
Manjericão Ingredientes
Azeite 150 g de arroz arbóreo
Sal 100 ml de caldo de frango
50 g de creme de leite

106
1 pitada de noz-moscada ralada na hora 200 g de queijo brie
150 g de ervilhas 50 g de ricota
Azeite
Preparo
Preparo Misture todos os ingredientes ate ficarem
Numa frigideira, coloque o azeite, sue o alho, arroz e completamente uniforme. Abra a massa com o rolo ou
cozinhe com o caldo de frango, creme de leite e 1 no cilindro. Reserve. Misture todos os ingredientes e
pitada de noz-moscada, acrescente as ervilhas e recheie a massa.
misture.
SALTIMBOCA DE MIGNON COM RISOTO
Montagem MANTECATO
Sirva o mignon com molho e o arroz cremoso de ervilha
Ingredientes
BRIGADEIRO DE CHOCOLATE COM CROCANTE DE 1 escalopes de filé ou outra carne macia
COCO 3 fatias de presunto cru
8 folhas de sálvia
Ingredientes Farinha de trigo quanto baste
Crocante de coco Sal e pimenta-do-reino
100 g bala de coco 200 g de manteiga
brigadeiro de chocolate 50 ml de vinho branco
300 ml leite condensado 200 ml de caldo de carne
150 g chocolate ao leite cortado
Preparo
Preparo Bater os escalopes entre 2 sacos de plástico, temperar
Colocar tdos os ingredientes na panela; mexer até com pouco sal e pimenta-do-reino. Colocar sobre cada
dissolvê-los muito bem,levar ao fogo até soltar do fundo escalope 1 folha de sálvia e meia fatia de presunto cru,
da panela. Coloque em um refratário e espere esfriar. dobrar os escalopes ao meio e apertar bem. Passar
pela farinha de trigo e retirar o excesso. Aquecer a
Montagem manteiga em uma frigideira e dourar os escalopes dos
Adicione o brigadeiro em uma taça e sobre ele a bala de dois lados, regar com o vinho branco e deixar evaporar,
coco moída. acrescentar o caldo e cozinhar até que o molho esteja
espesso.
Aula 10- jantar 3 cursos
RISOTO MANTECATO
RAVIÓLI DE FIGO COM BRIE
Ingredientes
Ingredientes 100 g arroz arbóreo
Massa 100 g de manteiga
50 g farinha de trigo 100 g de parmesão grana padano
5 g de grano duro(semolina) 150 ml de vinho branco
2 gemas 100 ml de brodo
Recheio Sal e Pimenta
200 g de figo em calda

107
Preparo
Em uma frigideira coloque metade da manteiga a outa
reserve em geladeira, acrescente o arroz e deixe fritar.
Adicione o vinho branco e deixe secar acrescente o
brodo aos pouco, sempre mexendo, quando o arroz
estiver ao dente agregue a manteiga gelada o
parmesão e corrija o sal e a pimenta.

Montagem - Sirva o mignon com o risoto.

PUDIM DE LEITE COM CARAMELO DE BANANA

Ingredientes
Calda
180 g açúcar
50 g de delipastre de banana.
Pudim
400 g de Leite condensado
800 ml de Leite
3 ovos

Preparo
Calda - Em uma panela de fundo largo, derreta o açúcar
até ficar dourado. Adicione120 ml de água quente e
delipastre de banana, mexa com uma colher de cabo
longo. Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar e
a calda engrossar. Forre com a calda uma forma com
furo central (19 cm de diâmetro) e reserve.
Pudim - Em um liquidificador, bata os ingredientes e
despeje na fôrma reservada. Cubra com papel-alumínio
e leve ao forno médio (180°C), em banho-maria, por
cerca de 1 hora e 30 minutos. Depois de frio, leve para
gelar por cerca de 6 horas. Desenforme e sirva a seguir.
Dicas: - É essencial que o pudim seja preparado em
banho-maria para que asse de forma lenta e controlada,
para atingir a textura ideal.

- Para que o seu pudim não forme furinhos, verifique se


a temperatura do forno está regulada conforme
indicação da receita. Leve a forma ao forno na grade
superior, longe da chama.

108
BIBLIOGRAFIA:

MacNeil, Karen - A Bíblia do Vinho, 2003.


Marian W. Baldy, Ph.D: The University Wine Course,
1993.
Hugh Johnson & James Halliday: The Art and Science
of Wine, 1992.
Jancis Robinson: The Oxford Companion to Wine, 1994.
Tom Stevenson: New Sotheby’s Wine Encyclopedia,
1997.
Robison, Jancis - The Oxford Companion To Wine, 1994.
Beaulieu, François - Les Vins Français, 1998.
Johnson, Hugh - How To Enjoy Your Wine, 1985.
Johnson, Hugh - The World Atlas Of Wine, 1985.
Sutcliffe, Serena - Manual De Los Vinos, 1982.
Galvão, Saul - Tintos e Brancos, 1997.
La Revue Du Vin De France.
The Wine Spectator Magazine.
Decanter Magazine.
The Wine Advocate.
www.abssp.com.br
www.robertmondavi.com.br
www.ucf.com.br
www.disneyinstitute.com.br
www.wineadvocate.com.br

109
PAUL BOCUSE

Nasceu em 11 de fevereiro de 1926 em Collonges-au- "trufa de sopa de Valéry Giscard d'Estaing".


Mont-d'Or, no coração de uma família de cozinheiros, Em 1979, está envolvido no desenvolvimento e
que desde 1700 passaram de pai para filho esta fabricação de vinhos, champanhe, chá, doces e geléias,
profissão. que são distribuídos em todo o mundo. Em 1982,
Aos 16 anos da início aos aprendizados no mundo da representa a França e estabelece um restaurante no
culinária com Claude Maret em Soierie restaurante em Epcot Center, em Orlando, Estados Unidos.
Lyon. Lá, ele aprendeu a comprar, levantar colheita e Foi condecorado por Jacques Chirac , com a medalha
abate dos animais utilizados em sua cozinha. de "Officier da Légion d'honneur em 1987, nesse
Em 1944, alistou-se na resistência do general Charles mesmo ano, ele foi homenageado com a visita do
De Gaulle, precisamente para a Primeira Brigada presidente francês Durante esse mesmo ano, cria o
Royalty mas é ferido na Alsácia. concurso de chefs mundiais:. BOCUSE D’OR ¨ .Este é
Participou da marcha vitoriosa em Paris em 1945. um dos maiores troféus que pode obter um cozinheiro.
Dando continuidade com as aulas de culinária e Eleito por "GAULT & MILLAU" como CENTURY chef e
fazendo pequenos trabalhos de jardineiro. Seu seu restaurante como "O primeiro restaurante do
aprendizado continua no restaurante Col de la Mere mundo". Considerado como o "Papa da Culinária". em
Leure com Braizer. 1989.
Posteriormente,trabalhou no Lucas Carton, um Em 1990, foi nomeado presidente da Escola de Artes
prestigiado restaurante na Place de la Madeleine, no Culinárias em Lyon França ", ECULLY."
oitavo distrito de Paris, com o chef Gaston Richard, que Com a escultura de Daniel Druet em 1995, Paul Bocuse
forjou uma sólida amizade com os irmãos , Pierre e se tornou o primeiro chef que entrou no museu Grevin,
JeanTroisgros. em Paris.
Nos anos 50 os três amigos formaram equipe no Nomeado em 2010 como Chef do Século pelo Culinary
prestigiado restaurante La Pyramide, em Vienne, perto Institute of America , a maior escola de culinária no
de Lyon, onde aprenderam os segredos e refinamentos Estados Unidos .
da culinária dos chefs Fernand Point e Paul Mercier, Bocuse se tornou uma lenda no mundo da gastronomia,
isto graças à generosidade deste último, um ao reinventar a culinária francesa com a criação da
personagem fora do comum. nouvelle cuisine.Bocuse inovou ao mudar a maneira de
Em 1961, ele ganhou sua primeira estrela Michelin preparar os já conhecidos ingredientes da cozinha
premiado "Meilleur Ouvrier de France", francesa, procurando preservar o sabor dos alimentos e
Em 1962 dedicou-se a melhorar seu restaurante familiar dando preferência a molhos e temperos suaves. Uma
e obter a segunda estrela Michelin. cozinha moderna, com raízes na culinária tradicional,
Já 1965 é o ano da sua consagração, com a terceira uma nova maneira de se preparar e apresentar os
estrela Michelin, que coroa o trabalho considerável. Mas pratos, onde qualidade dos ingredientes, respeito pelas
quando parecia ter atingido o pico, teve que lutar para estações e cozimento correto dos alimentos são
recuperar seus direitos do nome " Bocuse", que seu avô essenciais na preservação dos sabores dos alimentos.
paterno tinha vendido em 1921. Em virtude disto Alguns detalhes, que hoje nos parecem normais, foram
rebatizou o local com o nome de "Paul Bocuse". revolucionários e fundamentais na nouvelle cuisine, e
Em 1975, ele foi condecorado com a Legião de Honra influenciam a atual culinária de todos os países e de
das mãos do então presidente Valery Giscard d'Estaing, seus principais restaurantes. Nesta nova edição, foi
no Elysee. Para a ocasião, ele criou o seu agora famoso preservada a maneira como Bocuse ensinava a

110
preparar um prato da nouvelle cuisine, como por
exemplo, o modo de moer grãos ou a escolha dos
ingredientes. No intuito de transmitir a verdadeira
essência dessa nova cozinha francesa, a COZINHA DE
PAUL BOCUSE reúne o antigo ao novo. Segundo ele, a
nouvelle cuisine é a verdadeira cozinha e, antes de
tudo, se deve levar em consideração a qualidade dos
produtos envolvidos no preparo dos pratos. Um dos
princípios básicos de seu método é deixar que as coisas
tenham o seu sabor próprio, valorizando o gosto original
das comidas. De acordo com o chef, na nova cozinha,
tudo tem razão de ser. Bocuse explica que seus
adeptos seguem regras diferentes para a elaboração de
uma receita: “não organizar o menu previamente e sim
ir de manhã ao mercado e, de acordo com o que
encontrar, programar o que será feito, acarretando
automaticamente a necessidade de simplificar, de tornar
os menus mais leves, PAUL BOCUSE, deixa claro que
a grande cozinha não é sinônimo de cozinha
complicada e cozinhando por prazer e por amor, é certo
o preparo de pratos saborosos e inesquecíveis.
Sua contribuição para a cozinha francesa tem sido uma
de grande valia para centenas de estudantes, muitos
deles atingindo o auge de seu conhecimento e posando
como grandes chefs..
Foi também Bocuse que tirou os “chefs do anonimato
de suas cozinhas, ao se transformar no primeiro
cozinheiro vedete da época moderna”.
Paul Bocuse tem hoje 85 anos, dono do famoso
restaurante “L’Auberge”, perto de Lyon, sudeste da
França, que acreditem, desde 1965 é gratificado com as
três estrelas no guia Michelin. É o único restaurante
francês que recebe a nota máxima há tanto tempo e
sem interrupção.

Livros
A Cozinha de Paul Bocuse
Bocuse A La Carte

111
CADERNO DE PREPAROS caldo de carne. Cortar o disco de massa folhada 2 cm
maior que o diâmetro da sopeira. Pincelar as bordas da
ENTRADA sopeira com as gemas e colocar o disco da massa
folhada. Verificar se as bordas estão bem coladas e
SOPA DE TRUFA NEGRA VGE sem furos. Pincelar toda a massa com gema. Colocar
no forno pré- aquecido a 220° C durante 20 minutos.
Ingredientes Quando a massa estiver dourada, retirar a sopeira do
40 g de trufas negras forno e servir imediatamente.
40 g de foi gras
1 l de consomé de boi SALADA NIÇOISE
60 ml Nouilly Prat( ou Martini branco)
60 ml suco de trufa (a agua das trufas conservadas Ingredientes
nela) 300 g batata
15 g de manteiga 300 g tomate
1 cenoura 300 g vagem
1 talo de aipo 1 cabeça de alface americana
8 unid cogumelos Paris 100 g de cebola roxa
150 g paleron de boi q/b sal e pimenta
Pimenta preta q/b azeite
Sal q/b vinagre
1 rolo de massa folhada q/b salsinha
1 gema de ovo
Preparo
Preparo Cozinhar as batatas sem casca em tiras finas. Tirar a
(Caldo de boi) pele e semente dos tomates e corta-los em quatro.
Lavar bem a carne para tirar todo o sangue. Em uma Cozinhar as vagens. Misturar em uma saladeira,
panela grande, colocar a carne e cobrir com 1,5 litro de adicionar a alface. Temperar com azeite, vinagre, sal,
água fria. Colocar para ferver, tirar as impurezas que pimenta, cebola e salsinha.
vão se criar na superfície do caldo. Adicionar ½
cenoura, ½ cebola e ½ talo de aipo, 1 folha de louro, 1 PRATO PRINCIPAL
galho de tomilho e cozinhar em fogo baixo por uma
hora ou ate que a carne esteja cozida. Escorrer a carne FRICASSÊ DE GALINHA CAIPIRA COM COGUMELOS
e cortar em cubos de 0,5 cm. Filtrar o caldo e reduzir a
1 litro. Descascar ½ cenoura. ½ talo de aipo, ½ cebola e Ingredientes
os cogumelos, cortar em brunoise. Cozinhar todos os 170 g filé de frango
legumes em uma panela com um pouco de manteiga e 2 g de manteiga
reservar. Cortar o foi gras e as trufas também em 16 ml azeite
brunoise . 10 g farinha de trigo
50 ml vinho branco seco
Montagem 150 ml caldo de frango
Colocar dentro de uma sopeira o legumes, foi gras e a 1 unid cebola média
trufa. Temperar com sal e pimenta. Adicionar o noilly 90 g cogumelo Paris fresco
prat( ou Martini branco), 15 ml suco de trufa e 15 ml 50 ml creme de leite fresco

112
salsa cortada 300 g de creme de leite fresco
12 g de açúcar. 300 ml de vinho tinto
Pimenta do Reino Q/b sal e pimenta
Sal
Preparo
Preparo Porcionar o peixe em filet, temperar com sal e pimenta e
Corte os filés em quadrados de +/- 2 cm , tempere com reservar. Descascar as batatas e cortar em formas de
sal, pimenta e 100 ml do vinho. Deixe no tempero por escamas.Coloque-as em 60 g de manteiga clarificada e
+/- 2 horas (mexendo de vez em quando, pois o frango adicione a fécula ou amido. Reserve. Colocar por cima
absorve líquido, tornando assim seu prato mais do filet as batatas como se estivesse reconstituindo as
saboroso e suculento). Em uma frigideira, coloque o escamas do peixe. Reserve na geladeira. Frite os filés
azeite ou óleo e frite o frango aos poucos. (Se colocar na manteiga pelo lado das batatas.
tudo de uma vez ele cozinha ao invés de fritar, e nessa Para o molho: refogar a cebola na manteiga em fogo
receita ele deve estar crocante por fora e suculento por baixo, acrescentar o vinho branco e deixar reduzir.
dentro). Reserve em uma panela, coloque a manteiga, Adicionar o creme de leite e reduzir ate encorpar.
em seguida os cogumelos, deixe refogar um pouco e Para decoração: reduzir o vinho tinto até a metade e
retire os cogumelos (reserve), deixando a gordura. utilizar na decoração.
Nessa gordura, doure as cebolas com o açúcar.
Adicione o caldo de frango e a farinha de trigo diluída.
(Coloque a farinha de trigo em um copo com água e
misture até ficar homogêneo). Mexendo sempre espere
SOBREMESA
engrossar um pouco, corrija o sal, se necessário,
acrescente o vinho, deixe ferver bem até evaporar o
CREPES SUZETTE
álcool por completo. Acrescente o frango frito e deixe
cozinhar por 10 minutos, adicione os cogumelos, deixe
Ingredientes
cozinhar por mais dez minutos. Acrescente a salsa o
75 ml de leite
creme de leite, mexa até levantar fervura e sirva em
25 g de farinha de trigo
seguida.
4 g de açúcar
8 g de manteiga derretida
Montagem
1 unidade de ovo
Colocar em um prato o fricassê e servir.
5 ml de Contreau

ROUGET BARBET EM ÉCAILLES DE POMMES DE


Finalizar
TERRE CROUTILLANTES (Linguado em Escamas de
Quanto baste de raspas de laranja
Batata)
33 g de açúcar
100 ml de suco de laranja
Ingredientes
Quanto baste de laranja em gomos
2 filet de linguado
15 ml de grand marnier
300 g de batata
60 g de manteiga clarificada
20 g de fécula de batata ou amido de milho
100 g de cebola
100 ml de vinho branco

113
Preparo

Misture com um batedor todos os ingredientes, por


último a manteiga derretida. Em uma frigideira
levemente untada com manteiga, fogo médio, despeje
com aproximadamente ½ concha de massa, espalhar
por toda a frigideira, formando os crepes. Doure
levemente e então vire, depois deixe por mais alguns
segundos. Vire sobre um prato e reserve.

Finalizar
Misture o açúcar com o suco e raspas de laranja. Leve
ao fogo até atingir ponto de fio. Retire do fogo e
acrescentar os gomos de laranja.
Numa frigideira aquece a calda e coloque os crepes
dobrados como um triângulo. Flambar no momento de
servir e decore com os gomos de laranja.

TARTE TARTIN ET SA BOULE DE GLACE VANILLE


(Torta de Maçã)

Ingredientes
500 g de maçã
250 g de farinha de trigo
325 g de manteiga
100 g de açúcar
1 ovo
1 pitada de sal

Preparo
Untar o fundo de uma forma grande com manteiga (100
g) e depois polvilhar (50 g) de açúcar. Descascar as
maçãs, enxugá-las e cortar em fatias grossas. Cobrir o
fundo da forma com as maçãs. Polvilhar o restante do
açúcar e adicionar 25 g de manteiga derretida. Levar ao
fogo até caramelizar. Enquanto isso misturar a farinha
com o ovo e 200 g de manteiga amolecida, misturar e
se necessário colocar um pouco de água, abrir com o
rolo e cobrir a forma com esta massa. Levar ao forno
ate assar. Virar a forma em um prato, deixar amornar e
servir.

114
NOBU MATSUSHISA

Nasceu e foi criado em Saitama no ano de 1947, no


expressivo chef de cozinha do sul da California.Um dos
Japão. Iniciou sua carreira como aprendiz em um
frequentadores do restaurante, Robert De Niro, abriu
respeitado sushi bar em Tóquio, o Matsue Sushi. Após
em sociedade o Nobu, no ano de 1994, em Nova
sete anos de trabalho, foi convidado à participar de uma
Iorque. O imenso sucesso da rede de restaurantes se
sociedade para a abertura de um restaurante japonês
deve principalmente as misturas curiosas, que consiste
no Peru. Aceita a oferta e com a mudança de país
em culinária tradicional asiática e também a Peruana.
certa, se viu obrigado a improvisar com relação aos
Numa rede de 22 restaurantes em nove países, Nobu
ingredientes. A partir de então, desenvolveu o seu estilo
cuida de perto de cada um, viajando durante quase todo
com a introdução de ingredientes sul americanos na
o ano, além de participar de cruzeiros exclusivos
culinária tradicional japonesa, oferecendo novos ares
ministrando aulas aos passageiros interessados em
com a miscelânia gastronômica. Desencorajado muitas
produzir o próprio alimento. Curiosamente, Nobu faz
vezes por colegas de profissão, por almejar uma
pequenas participações em filmes, como por exmeplo
culinária diferente e que contemplace várias culturas,
em Casino, de Martin Scorcese. Este ano, foi aberto em
Nobu se manteve firme com o propósito e abriu em
Los Angels em sociedade com Robert De Niro o
Nova York, seu primeiro restaurante. A peculiaridade de
primeiro o hotel Nobu, o Nobu Hotel Restaurant and
seus pratos o fez reconhecido rapidamente. Uma
Lounge Caesars Palace, localizado no complexo do
curiosidade a respeito de seus restaurantes, é a
hotel Caesars Palace e conta também, com o maior
maneira como são servidos os pratos e a quantidade de
restaurante Nobu do mundo. Como é de sua essência,
clientes em cada noite. Em Beverly Hills, o Urasawa,
Nobu abriu este ano, em Mônaco um restaurante pop
que foi primeiramente de propriedade de Massa
up, que consiste num empreendimento com prazo certo
Takayama, um respeitado chef, são aceitos por noite
de funcionamento, uma modalidade de negócio
apenas 9 clientes, que ficam dispostos em torno de uma
explorada atualmente.
mesa onde o Sushi man prepara os pratos. Durante a
refeição, são feitas sugestões de como apreciar os
pratos da melhor maneira.

Para Nobu, a qualidade do que é servido não é o


suficiente para atrair e fidelizar os clientes, o serviço
ALGUMAS PREMIAÇÕES
oferecido é de extrema importância, segundo
ele,"cozinheiro sem ambição, prato sem alma e gerente
10 Melhores Chefs pela Revista Food& Wine, e seu
de cara feia", não são admitidos em seus
restaurante um dos melhores do mundo pelo The New
restaurantes.Durante vários anos, Nobu passou por
York Times
vários lugares do mundo até fixar-se em Los Angeles,
nos Estados Unidos, onde abriu o restaurante
Matsuhisa,em 1987 e que muito rapidamente
conquistou o sucesso através do seu público, em
grande parte composto por atores e atrizes de
Holywood. No mesmo ano, a revista Los Ángeles Times
Magazine publicou uma reportagem onde cita Nobu
como o mais

115
BACALHAU COM MISO
CADERNO DE PREPAROS
Ingredientes
CHAWAN MUSHI DE VIEIRAS 4 postas de bacalhau dias dessalgado
800 g de Nobu style Saiko Miso
Ingredientes 1 un de picles de gengibre( hajikami)

3 ovos
Molho saiko miso:
500 ml molho dashi
150 ml de sake mirim
30 ml sake
450 de pasta de miso
30 ml molho de soja
225 g de açúcar granulado orgânico
16 unid vieiras limpas sem o coral
50 g ovas de capelini Preparo
Zest de limão para decorar Em uma panela media em fogo alto ferva o sake por 20
Sal segundos para evaporar o álcool.Abaixe o fogo e
coloque a pasta de miso e mexa com uma colher de
Molho Dashi madeira, quando o miso estiver dissolvido aumente o
5 g de alga kombu com o resíduo de sal retirado fogo e acrescente o açúcar e mexa bem para não
15 g de flocos de bonito seco queimar o fundo da panela. Quando o açúcar estiver
500 ml de agua derretido retire do fogo e deixe esfriar em temperatura
ambiente.
Preparo Seque bem as postas. Besunte generosamente as
Em uma panela coloque o kombu em 500 ml de agua postas e enrole uma a uma em plastifilme. Deixe em
para ferver lentamente.Quando a agua começar a ferver refrigeração por 2 ou 3 dias.
retire a alga desligue o fogo e coloque os flocos de Aqueça o forno `a 200˚C. Aqueça uma grelha ou broiler.
bonito secos. Reserve por 30 minutos. Remova o excesso de miso mas não lave.
Em um bowl bata os ovos até ficarem bem encorpados, Grelhe o peixe até ficar dourado, em seguida leve ao
em seguida adicione o dashi, sake, molho de soja e forno e asse por 10 ou 15 minutos.
sal. Misture bem e se precisar passe em uma peneira. Coloque o peixe em um prato de serviço ,decore com o
Fatie as vieiras em 3 ou 4 fatias, se forem pequenas picles de gengibre e algumas gotas do Nobu style Saiko
use 3 unidades.Coloque as fatias no fundo de um pote Miso.
de cerâmica.Com cuidado coloque a mistura de ovos
em cada potinho até chegar na altura da vieira, retire as
bolhas com auxilio de um guardanapo.Cubra os CAMARÃO APIMENTADO E AGRIDOCE
potinhos com plastifilme e cozinhe em vapor suave por
15 ou 20 minutos. Estará pronto quando espetarmos um Ingredientes
palito de dente e ele sair seco da mistura. 8 unid camarões grandes limpos eviscerados e com o
Retire o plastifilme e coloque um pouco de ovas de rabo
capelini em cima das vieiras enfeite com um zest de 1 unid de brócolis
limão e sirva. 100 g de cogumelos enoqui
10 unid de cebola verde inteira
80 ml molho apimentado e agridoce
Manteiga clarificada

116
Q.B. Sal Preparo
Q.B. Pimenta branca moída na hora Em um bowl misture todos os ingredientes do molho e
reserve.
Molho Apimentado Agridoce: Aqueça uma grelha ou broiler no fogo alto, tempere os
200 ml de suco de limão 2 lados da vieira com sal e pimenta. Grelhe até ficarem
20 ml molho de pimenta e alho peneirado douradas.
15 ml molho de soja
5 ml molho de soja light Montagem
Coloque o molho no fundo de um prato de serviço,
Preparo coloque as vieiras com uma flor comestivel.
Em um bowl misture todos os ingredientes do molho e .
reserve.Em uma panela com agua fervendo e salgada
coloque o brócolis e deixe ferver por 1 minuto e meio. CEVICHE GREGO ESTILO NOBU
Retire o brócolis da panela e coloque em agua gelada
para cortar o cozimento. Escorra e reserve. Em uma Ingredientes
frigideira quente coloque um pouco de manteiga 12 unid camarões médios limpos
clarificada, tempere os camarões com sal e pimenta, em 12 unid tomates cereja
seguida salteie os camarões. Quando estiverem quase 150 g queijo feta
no ponto acrescente o molho, cogumelos, brócolis e a 1 mç de coentro
cebola verde.Deixe cozinhar rapidamente e em seguida 1 cebola roxa pequena
transfira para um prato de serviço. 1 unid peino japonês
45 ml molho para ceviche
VIEIRAS GRELHADAS AO MOLHO DE TABBOULEH 15 azeite extra virgem

Ingredientes Molho Para Ceviche


16 vieiras limpas sem o coral 10 ml Aji Amarillo
800 ml de molho de tabboulleh 120 ml de suco de limão
Q.B. Sal 20 ml suco de yuzu
Q.B. Pimenta branca moída na hora 10 ml molho de soja
Flor comestível para decoração 5 g pimenta preta
10 g alho
Molho de Tabbouleh 5 g gengibre
Ingredientes 20 ml agua salgada
150 g de pepino japonês
150 g de tomate Preparo
50 g de cebola roxa Em um bowl misture todos os ingredientes do molho e
1 uni dente de alho reserve.Coloque todos os ingredientes da salada em um
5 ml de suco de limåo bowl para saladas.Adicione o molho para ceviche e
5 ml de suco de yuzu misture com cuidado.
5 ml de azeite extra virgem Decore com folhas de coentro e sirva
1 mç de salsinha .
Q.B. Sal
Q.B. Pimenta branca moída na hora.

117
TARTARE DE SALMÃO COM OVAS DE CAPELINI Corte o salmão mais fino possível e coloque em um
recipiente e leve ao freezer por 10 ou 15 minutos.
Ingredientes Trabalhando rápido, misture a cebola e o alho. Adicione
240 g de filet de salmão a mistura em um aro de 5 cm de diâmetro e coloque em
10 g cebola finamente moída um pequeno bowl gelado ou em um serviço de coquetel
5 g alho de camarão com gelo em baixo.Coloque a ova de
ciboulette para decorar capelini e a cibulete por cima.Coloque o molho com
60 ml molho dashi cuidado para não estragar a montagem. A chave é
30 ml molho de soja servir bem gelado.
60 ml molho pimenta wasabi

Molho Dashi
Ingredientes
5 g de alga kombu com o resíduo de sal retirado
15 g de flocos de bonito seco
500 ml de agua

Molho Pimenta Wasabi:

45 g wasabi em pó
35 ml agua
30 ml molho de soja
30 ml molho de soja light
120 ml sopa de molho dashi

Preparo
Em uma panela coloque o kombu em 500 ml de agua
para ferver lentamente.Quando a agua começar a ferver
retire a alga desligue o fogo e coloque os flocos de
bonito secos. Reserve por 30 minutos.

Preparo Molho Pimenta Wasabi


Dissolva o wasabi em pó na agua
Misture os outros ingredientes, se precisar misture mais
uma vez na hora de servir
Decore com folhas de coentro e sirva

Preparo Molho Dashi


Prepare o molho, adicione o dashi e o molho de soja ao
molho pimenta wasabi e refrigere.

118
ALAIN DUCASSE
Carlo, lhe foi oferecido, juntamente da gestão geral do
Nasceu em 1956 no sudoeste da França. Ele começou Le Louis XV. Em 1996, foi inaugurado o restaurante
a trabalhar aos 16 anos, recebendo os seus próprio de Ducasse, no hotel Le Parc-Westin Demeure
conhecimentos de cozinha provençal e mediterrânea e Hôtels e apenas 8 meses depois, recebeu do guia
olhando para Alain Chapel como o mestre espiritual Michelin 3 estrelas. Em 2005, é aberto o primeiro
O único chef a ostentar quatorze estrelas no guia restaurante de sua rede na Ásia, em Tóquio. Já em
Michelin, Alain Ducasse é proprietário de uma extensa 2007, Ducasse passa a ser o chef do restaurante Jules
rede de restaurantes pelo mundo.Um dos grandes Verne, localizado na Torre Eiffel Já em 1999, no Rio de
mestres franceses da gastronomia juntamente de Paul Janeiro, uma parceira entre Alain e uma Universidade
Bocuse, Alain controla de maneira robusta todos os foi firmada, com intuito de formar profissionais
seus empreendimentos que juntos formam uma rede de internacionais e principalmente, sob a sua tutela e no
21 restaurantes em oito países, hotéis, um centro de hall. O trabalho ininterrupto de uma mesma atividade
formação e uma editora. Curioso por diversas culturas, que executada repetidas vezes, é o que traz a perfeição
busca inspiração para manter o padrão da cozinha ao profissional, segundo o próprio Ducasse, por isso, o
francesa aliado ao que há de também tradicional em chef não dispensa a constante cobrança que há sobre
outros países, por exemplo,o apreço pelos alimentos os chefs responsáveis por manter o bom nome e a
terroir fazem de seus pratos uma iguaria, por haver tradição de Ducasse. Para ele, o aprendizado que se
sempre a preoucupação com a qualidade da matéria têm na vivência diária da profissão é essencial, já a
prima. Não desvirtuar o que já é conhecido e integrado formação superior, é o que oferece técnica. A
à cultura local, é o que segundo o Chef, jamais pode ser qualidade do atendimento aos seus clientes é um dos
desrespeitado na criação de um novo prato. Há o motivos para que a excelência da rede de restaurantes
imenso interesse de sua parte em disseminar o seja unânime. Prezando sempre pelo atendimento
aprendizado gastronômino, tendo em vista que jovens exclusivo, Alain figura entres os mais expressivos
chefs e já amplamente reconhecidos passaram por seus artistas da culinária mundial.
restaurantes, como Massimo Bottura e Carlo Cracco. O chef Alain Ducasse, mantém atualmente, 21 estrelas
Sua história começa ainda na década de 70, quando Michelin, é dono de 26 restaurantes espalhados pelo
seu interesse por gastronomia o levou ao Pavillion mundo, dos quais 3 possuem a pontuação máxima da
Landais, exatamente em 1972. Iniciou sua carreira e gastronomia – 3 estrelas Michelin. O restaurante Alain
desde então, trabalhou em diversos outros renomados Ducasse au Plaza Athénée é um deles.
restaurantes e assim, desenvolveu habilidades e
aperfeiçoou outras tantas. Ainda na mesma fase, Alain Livros
muda-se para outro restaurante, o Michel Guérard, onde Le Grand Livre de Cuisine
permaneceu por 2 anos, exceto durante as temporadas Le Grand Livre de Cuisine Mediterranée
de inverno em que trabalhou no Gaston Lenôtre. Em Colher cook Book
1977, entrou para o Moulin de Mougins, como Le Grand Livre de Cuise, bistrôs, brasseries et
assistente na cozinha e então, aprendeu a técnica de Restaurantes de tradição
cozimento provençais, onde obteve grande Le Grand Livre de Cuisinem Sobremesas et pâtisseries
reconhecimento. Já em 1980, Ducasse passa a ocupar A Riviera d’Alain Ducasse
o cargo de Chef de cozinha pela primeira vez em sua Dictionnaire Amoureus de la Cuisine
carreira, no L’Amandier em Eugène Mougin. Em 1984, é
agraciado com duas estrelas no guia Michelin. No ano
de 1987, o posto de chef do Hotel de Paris em Monte

119
CADERNO DE PREPAROS

(Porções para 4 pessoas) Preparo


Limpe o lagostin tirando a barriga da carapaça, tempere
ENTRÉES com sal pimenta e deixe marinando na manteiga
clarificada. Em uma saltese bem quente sele os
CRUISSES DE GRENOUILLES POLÉES, DELICAT
lagostins até a casca ficar bem vermelha.Leve ao forno
VELOUTÉ DE PETIT POIS. (Coxas de rã grelhada ao
a 150 Cº por 30 minutos, reserve.
delicado velouté de ervilhas).
Para a infusão, desidrate o bacon retirando toda a
gordura em fogo baixo para não queimar. Cozinhe 10
Ingredientes
ovos por 10 minutos em água a 100Cº. Retire as gemas
Rã - 200 gr
e leve a uma batedeira, gradativamente adicione a
Ervilha - 400 gr
gordura do bacon, com muito cuidado para evitar a
Manteiga - 150 gr
saturação, tempere com sal e pimenta.
Sal - qb
Pimenta - qb
Montagem
Caldo de legumes - 300 ml
Posicione as favas e ervilhas na base do prato, sobre
Modo de preparo
elas coloque uma colher da infusão de bacon e sobre
Tempere as rãs com sal e pimenta, grelhe e separe.
ela coloque o lagostin assado.
Cozinhe as ervilhas no ponto “al dente” e ainda quente
coloque 150g de manteiga e amasse as ervilhas,
VIANDES
adicione caldo de legumes e lentamente encorpore ate
GRENADIN DE VEAU RÔTI, OIGNONS FONDANTS,
o ponto de veludo.
VRAI JUS. ( Grenadin de vitelo, com cebolas confit e jus
de vitelo e trufa cozida )
Montagem
Em um prato, faça um espelho com o velute e sirva com
Ingredientes
três coxas.
Lombo de vitelo - 500 gr
Sal - qb
POISSONS
Pimenta - qb
BELES LANGOUSTINES DORÉES EM CARAPACES,
Alecrim - 1 bandeja
FÉVETTES ET PETITS POIS À LA FRANLAISE,LARD
Tomilho - 1 bandeja
EM INFUSION. ( Lagostin assado na carapaça as favas
Cebola - 300 gr
de feijão e ervilhas frescas com infusão de bacon)
Grenadine - 200 ml
Açucar - qb
Ingredientes
Pimenta dedo de moça - 50 gr
Lagostin - 400 gr
Trufas - 30 gr
Sal - qb
Pimenta - qb
Preparo
Manteiga - 100 gr
Utilizando um lombo de vitelo, corte em formato de
Bacon - 1000 gr
medalhão, tempere com sal e pimenta e sele
Ovo - 10 Unidades
rapidamente em uma grelha bem quente. Leve ao forno
Favas de Feijão - 200 gr
em 200Cº com alecrim e tomilho. Use um termômetro e
Ervilha - 150 gr
sirva quando estiver a 70Cº internamente.

120
Para a cebola a confit, corte as cebola em rodelas e Montagem
deixe marinando em grenadine por 30 minutos, leve a Coloque em um prato o salteado e finalize com a
uma saltese em fogo baixo, as cebolas e polvilhe com codorna.
com sal, açúcar e pimenta dedo de moça,
gradativamente adicione o grenadina ate as cebolas
ficarem tenras.
Para o Jus, faça um demi-glace intenso com caldo de
vitelo adicione as trufas e deixe cozinha ate reduzir pela
metade.

Montagem
Em um prato, posicione as rodelas de cebola na base
do prato, pincele levemente com mel de trufas posicione
o vitelo assado e sobre ele coloque o jus cozido.

PIGEON RÔTI BOURRÉ EN CROÛTE DE FOIE GRAS,


FÉVETTES ET PETITS POIS À LA FRANÇAISE
(Pombo ou codorna recheada com farofa de foie gras
com favas e ervilhas a francesa (manteiga de trufa).

Ingredientes
Codorna – 400 gr
Foie grãs – 300 gr
Farinha panko – 300 gr
Sal - qb
Pimenta - qb
Figo turco – 150 gr
Manteiga – 200 gr
Trufas negras – 30 ml
Ervilha – 150 gr
Fava de feijão – 100 gr

Preparo
Limpe as coxas da codorna retirando a cartilagem, e
deixe marinar no sal e pimenta.
Derreta 300 g de foie gras e adicione farinha panko,
sal, pimenta e figo turco cortado, incorpore bem ao
ponto.
Recheie a codorna com a farofa e leve ao forno a 200
Cº e deixe assando por 40 minutos.
Em uma frigideira, derreta a manteiga adicione trufas
negras e salteie as ervilhas e favas de feijão.

121
ALEX ATALA

Em 3 de junho de 1968, nasce em São Paulo, Milad escolhido o Melhor Restaurante Contemporâneo, tanto
Alexandre Mack Atala, mais conhecido como Alex Atala, pela Veja como pela Gula. Em 2006, o D.O.M. recebeu
Filho de Milad Atala, funcionário administrativo de uma a classificação máxima (3 estrelas) do Guia Quatro
indústria de borracha, Alex nasceu em uma família de Rodas, além de ser eleito o Chef do Ano pelo mesmo
classe média de origem palestina, no bairro da Mooca, guia e pela revista Veja São Paulo.
e foi criado em São Bernardo do Campo. Dotado de um Em 2007, o D.O.M. figurou em 40º lugar na lista dos
temperamento "determinado, teimoso até", como definiu melhores restaurantes do mundo (San Pellegrino
o seu pai, ele aderiu ao estilo punk rock e, com quatorze World’s 50 Best Restaurants) e foi incluído no guia
anos, deixou a casa dos pais e foi para São Paulo, organizado pela revista londrina Restaurant.4 No topo
onde trabalhou como DJ no lendário clube Rose Bom da lista figurava o restaurante de cozinha
Bom. contemporânea El Bulli, do chef catalão Ferran Adrià.
Aos dezoito anos, viajou para a Europa como mochileiro Amigo pessoal de Atala, Adrià é considerado o "papa"
e trabalhou pintando paredes na Bélgica. Por sugestão da culinária de desconstrução e o mais influente chef do
de um amigo, fez um curso profissionalizante de mundo. Em 2009, o D.O.M. passou à 24ª posição na
gastronomia e, em seguida, trabalhou em restaurantes lista5 , em 2010, passou à 18ª posição, em 2011,
na Bélgica, na França e na Itália, aperfeiçoando seus passou à 7ª posição6 e, em 2012, chegou à 4ª posição.
conhecimentos da arte culinária. Assim, aprendeu Alex é um defensor da culinária regional, como
inglês, francês e italiano. expressa em seu livro Por uma Gastronomia Brasileira,
De volta a São Paulo, trabalhou no restaurante Sushi e coloca a culinária amazônica, especificamente a
Pasta, porém o sucesso veio quando foi chamado para paraense, como base de alguns de seus melhores
renovar o cardápio do extinto restaurante Filomena. Por pratos. Abre o restaurante Dalva e Dito em 2009,
esse trabalho foi eleito o Melhor Jovem Chef pela mesclando culinária regional com sua técnica
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes impecável.
Diferenciados. Lá criou uma entrada de alho assado e O reconhecimento pelo grande público veio através do
outros grandes pratos, como manga grelhada com extinto programa televisivo Mesa para Dois, no canal
pimenta branca e molho de maracujá. Atala também GNT, da Globosat, no qual se apresentava com a chef
trabalhou no restaurante 72, antes de inaugurar o carioca Flávia Quaresma, do restaurante francês
Na Mesa, em 1999, restaurante que ainda serve Carême.
comidas rápidas na região dos Jardins. Ele foi o primeiro latino-americano convidado para
Poucos meses depois, ele e mais dois sócios abriram o ensinar no Le Cordon Bleu, em Paris, e também viajou
restaurante D.O.M. várias vezes através das terras da Amazônia, onde
O D.O.M. tornou-se um sucesso de público e crítica, adquiriu um grande conhecimento dos ingredientes, um
recebendo diversos prêmios. Em 1999, Atala foi eleito conhecimento que o levou a alcançar grande sabedoria
Chefe Revelação e o D.O.M., o Melhor Restaurante, quando agregada a outros produtos do país.Entusiasta
pela revista Gula, especializada em gastronomia; em das especiarias e ingredientes tupiniquins, tem orgulho
2000, Atala foi o Melhor Chefe, e o D.O.M., o Melhor de nossa culinária, como Villa-Lobos tinha de nossa
Restaurante Contemporâneo, novamente segundo a música. É essa a ideia que Atala aplica ao DOM, tanto
Gula. O D.O.M. foi também o Melhor Restaurante ao cardápio quanto ao ambiente, um harmonioso
Contemporâneo, segundo a revista Veja. Em 2002, equilíbrio entre o clássico e o moderno, o conhecido e o
Atala foi novamente considerado o Melhor Chefe, selvagem.
segundo a Veja, e seu restaurante foi mais uma vez

122
Livros descansar alguns instantes para estabilizar, utilizar
somente a espuma.
"Por uma Gastronomia Brasileira"
"Com Unhas, Dentes & Cuca" Azeite de Baunilha
"Escoffianas Brasileiras" Com uma faca abra a fava de baunilha, retire as
sementes e misture ao óleo.
CADERNO DE PREPAROS Aqueça a mistura em banho maria a 70 Cº por 40
minutos. Reserve.
LEGUMES TOSTADOS COM QUEIJO COALHO,
MELAÇO DE CANA, ÓLEO DE BAUNILHA E ESPUMA Legumes
DE FUMAÇA. Toste um lado da cebola e finalize o cozimento no forno
à 160 Cª por 10 minutos.
Ingredientes Fritar em imersão as fatias de quiabo, até que estejam
8 unid mini milhos crocantes.
8 unid aspargos frescos Numa chapa ou frigideira antiaderente doure bem os
8 unid quiabos legumes restantes, doure o queijo qualho.
6 unid cebolas pequenas
100 g de cenouras pequenas Montagem
200 g de quejo qualho Com um pincel faça uma faixa no fundo do prato com o
100 ml de melaço melaço, disponha os legumes e o queijo qualho,
10 g de cerefolio salpique as ervas, corrija sal e pienta. Finalize em a
10 g de alecrim espuma de fumaça.
5 g de sal
2 g de pimenta preta BRANDADE DE BACALHAU COM FEIJÃO PRETO E
COUVE
Azeite de Baunilha
Ingredientes
Ingredientes 500 g de feijão
1 fava de baunilha 2 folhas de louro
200 ml de óleo de canola 150 g de cebola
3 dentes de alho
Espuma de Fumaça 1 pé de porco
80 g de couro de bacon
Ingredientes 80 g de bacon em cubos
500 ml de água 5 g de ceboullete
3g de lecitina de soja 5 g de coentro
15 g de essência de fumaça 30 ml de óleo de canola
5 g de folha de gelatina
Preparo batata gaufrete para decorar.
Espuma de fumaça
(fazer na hora de servir) Bacalhau
misturar todos os ingredientes numa bowl de inox e 200 g de lascas de bacalhau dessalgada
bater com um mixer para formar espuma, deixar 80 ml de azeite de oliva

123
1 folha de louro Aqueça o purê de batata de batata com o creme de
10 g de azeite de alho leite, adicione o bacalhau a ciboullete e o restante do
2g de pimenta do reino azeite. Misture bem, corrija sal e pimenta.
350 g de purê de batata (mesma receita de purê do
aligot) Azeite de Alho
80 g de creme de leite fresco Bata o azeite e o alho no liquidificador, reserve.
5 g de ceboullete
Couve Refogada
Azeite de alho Branquear rapidamente as folhas de couve em água
20 g de alho fervendo.
250 ml de azeite de oliva Doure a cebola e o bacon no azeite de alho, salteie a
couve por 2 minutos, corrigir sal e pimenta.
Couve Refogada
1 maço de couve Couve Crocante
90 g de cebola Descarte os talos da couve, cortar em julliene e fritar em
50 g de bacon imersão. Reserve.
15 ml azeite de alho
3g de sal Montagem
1g de pimenta Coloque uma porção de couve refogada no fundo do
prato, sobreponha com uma colher de brandade.
Couve Crocante Coloque o caldo de feijão. Sobre a brandade coloque
3 folhas de couve uma telha de batata gaufrette e a couve frita, finalize
800 ml de óleo de canola com azeite de oliva e pimenta do reino.

POLVO EM BAIXA TEMPERATURA E SEU


Preparo CONSOMÊ, COM CARAMELO DE ESPECIARIAS,
Feijão PURÊ DE FUNCHO E GERGELIM
Numa panela de pressão refogue metade do alho e
metade da cebola, adicione o couro do bacon, uma Ingredientes
folha de louro, o pé de porco e o feijão. Coloque 1 litro 1 polvo médio, tentáculos separados
de água e cozinhe por 35 minutos. Aparas e cabeça do polvo
Frite o bacon, o restante do alho e da cebola, adicione 1 100 g de cenoura
folha de louro e o feijão cozido, cozinhe por mais 20 100 g de cebola
minutos. Coe o caldo, corrija sal e adicione a gelatina 15 g de alho
previamente hidratada, reserve. 100 g de salsão
50 g de alho poró
Bacalhau 500 g de tomate italiano maduro
Em uma panela refogue em fogo baixo o bacalhau com 200 ml de vinho branco seco
o azeite de alho, metade do azeite de oliva, o louro e 1 bouquet garni
pimenta moída na hora até que fique seco. Reserve 10 g de sal
aquecido.

124
Caramelo de especiarias Montagem
175 g de açúcar Faça um arabesco com o purê de erva doce, disponha
125 g de glucose os pedaços de polvo, regue com o consomê de polvo,
15 g de coentro em grão finalize com o gergelim preto e folhas de funcho.
15 g de pimenta preta em grão
15 g de pimenta rosa

Purê de funcho Aligot


500 g de funcho/erva doce
500 ml de água Ingredientes
20 ml de vinagre de vinho branco 200 g de Purê de Batata*
200 ml de vinho branco 100 g de queijo Minas padrão ralado
5 g de sal 100 g de queijo gruyére ralado
1 anis estrelado
10g de gergelim preto Em uma panela pequena, aqueça o purê de batata, em
2.5g de goma xantana fogo baixo. Acrescente os queijos ralados,
alternadamente começando pelo queijo Minas padrão e,
Preparo vá acertando o ponto, enquanto mexe energicamente
Polvo com uma colher de pau, até que esteja liso e elástico.
Separe os tentáculos, limpe e porcione, embalar a
vácuo e cozinhar à 58C° por 90 minutos. Manter Purê de batata
aquecido até hora de servir. (pode ficar na geladeira por 2 dias)
Faça um fumet com as aparas e cabeça do polvo, 1 kg de batatas
mirepoix, incluir tomate e vinho branco, clarificar e 200 ml de creme de leite fresco
reservar aquecido a 55 Cº. 50 ml de leite
45 g de manteiga
Caramelo de Especiarias Sal
Aqueça açúcar e glucose a 127 C°, acrescente as Água
especiarias, espalhe num tapete de silicone e deixe
esfriar, quebre em pedaços menores e triture num Preparo
processador. Com ajuda de um molde polvilhe o Cozinhe as batatas em água com sal até começarem a
caramelo sobre um silpat e leve ao forno aquecido a abrir.
180C° por 4-5 minutos. Guarda em recipiente protegido Descasque-as ainda quente. Esprema as batatas no
da humidade. passador de legumes e depois em uma peneira bem
fina. Em outra panela aqueça a manteiga, o creme de
Purê de funcho leite e o leite. Acrescente as batatas amassadas e
Limpe o funcho e corte em macedônia, coloque numa cozinhe em fogo bem baixo por aproximadamente 20
panela, água, vinagre, vinho, sal e anis, cozinhe até minutos.
ficar macio.
Escorra, descarte o anis e reserve a água do cozimento.
Bata o funcho até obter um purê liso, adicione a goma
xantana.

125
THOMAS KELLER

È considerado um dos melhores chefs dos Estados Em 2005, ele foi premiado com a classificação de três
Unidos – não há guias, colunas e matérias, sobre estrelas na inaugural Guia Michelin para Nova York com
gastronomia, em jornais, revistas ou TVs que não faça seu restaurante Per Se , e em 2006, ele foi premiado
referências à sua culinária ,espetacular. com três estrelas no Guia Michelin inaugural para a Bay
Nasceu em 14 de outubro de 1955, em Camp Pendleton Area para a lavanderia francesa.
( Califórnia) filho de Edward Keller e Betty Keller.O ex- Em 2006 Keller abriu uma filial da padaria, no Time
estudante de psicologia iniciou a carreira na cozinha Warner Center em Manhattan.Também em 2006, abriu
ainda adolescente, trabalhando no restaurante Palm o " Ad hoc ", em Yountville.
Beach, do qual sua mãe era gerente. - Ele é o único chef americano a ter sido premiado
A ocupação de férias acabou se tornando a profissão simultâneo em três classificações de estrelas Michelin .
de Thomas Keller. Depois de estagiar em vários Curiosidades
restaurantes nos Estados Unidos, ele decidiu abraçar a Em 2007, tem sua participação como consultor no filme
nova carreira e partiu para a França, em 1983, para Ratatouile
aprender com os grandes mestres. Seus estágios Comercializa uma linha de assinatura de porcelana
incluíram algumas casas famosas, como Guy Savoy e branca de Limoges louça por Raynaud chamado
Taillevent. Hommage Ponto (em homenagem ao chef e
De volta a sua terra, Keller teve um período de sucesso restaurateur francês, Fernand Ponto ), que ele ajudou a
trabalhando em restaurantes em Nova York e, em 1986, projetar e uma coleção de louças oco de prata por
abriu seu primeiro restaurante, Rakael,requintada Christofle. Ele também tem o seu nome ligado a um
cozinha francesa, servido aos gostos caros de Wll conjunto de facas de assinatura fabricados pelo MAC.
Street e dos executivos, onde recebeu uma avaliação Presidente da Bocuse d’Or dos EUA, a competição de
de duas estrelas do The New York Times. Sua chefs mais famosa do planeta, criada pelo mítico Paul
popularidade diminuiu, como o mercado de ações ao Bocuse
fundo do poço no final da década de 1980. Keller Keller é um homem de padrões excepcionalmente
continuou como consultor e chef em Nova York e Los elevados e valores de colaboração genuína pessoais.
Angeles. Mas seu antigo sonho de voltar à California Ele reuniu com sucesso uma equipe de especialistas
bateu mais forte. Em 1994, o jovem chef abriu em que compartilha sua filosofia e visão, permitindo-lhe
Yountville, Napa Valley, o local que viria a se tornar concentrar-se em seus muitos interesses variados.
alguns anos mais tarde o melhor restaurante dos EUA – O Grupo Thomas Keller tem hoje oito restaurantes,e
The French Laundry! A partir de então, foi um sucesso três panificadoras.
após o outro! Ao longo dos próximos anos, o Em 2012 ele anunciou que era hora de se afastar da
restaurante ganhou inúmeros prêmios, incluindo a cozinha. O importante, segundo ele, é ter a certeza de
Fundação James Beard , revistas gourmet, o Guia Mobil dar aos jovens chefs as coisas certas, a orientação
(cinco estrelas), eo Guia Michelin (três estrelas). Em certa, porque "se não estamos realmente trabalhando
1998, Keller abriu na mesma cidade o Bistrô Bouchon. para elevar os padrões de nossa profissão, então não
Em 2003, veio a primeira Bouchon Bakery, em 2004 foi estamos realmente fazendo o nosso trabalho" .
inaugurada a filial em Las Vegas.
Em 2004, o chef voltou a Nova York abrindo, no Time
Warner Center do Columbus Circle, o restaurante Per
Se, que foi sucesso imediato.

126
Prêmios Livros
Melhor Chef americano: California, Fundação James The French Laundry Cookbook
Beard , 1996 The Cookbook Bouchon
Excelente Chef: América, Fundação James Beard, 1997 Ad Hoc At Home
Chef do Ano, Bon Appétit Revista de 1998 Cooking Sous Vide
Top Alimentos, Zagat Guia para a Bay Area, 1998-2003 Bouchon BaKery
Prêmio Five-Star, Mobil Travel Guide , 1999-2004 Principais Executados
Restaurante Favorito - Poll, Restaurante Peritos Food &
Wine Magazine , 2000
Top restaurante de comida, revista Wine Spectator de
2000
Melhor Chef da América, a revista TIME de 2001
Wine Outstanding Service Award, da Fundação James
Beard, 2001
Outstanding Service Award, da Fundação James Beard,
2003
Best Restaurant in the World (Lavandaria francês), da
Restaurant Magazine 50 Melhores Restaurantes do
Mundo de 2003, 2004
Best Restaurant in the Americas (Lavandaria francês),
da Restaurant Magazine 50 Melhores Restaurantes do
Mundo , 2005-2008
Best New Restaurant (Per Se), Fundação James Beard
de 2005
Guia Michelin New York, três estrelas para Per Se, em
novembro de 2005-2011
Guia Michelin Bay Area, 3 estrelas para a lavanderia
francesa, 2006-2012
Guia Michelin Bay Area, uma estrela para Bouchon,
2008-2011
GAYOT Top 40 restaurantes em os EUA (lavanderia
francesa) 2004-2010
GAYOT Top 40 restaurantes em os EUA (Per Se) 2010
Cavaleiro da Legião de Honra francesa, apresentado
pelo Chef Paul Bocuse, em 29 de março de 2011 em
Nova York.

127
CADERNO DE PREPAROS camada uniforme com auxilio de uma espatula. Em
seguida, passe a espátula sobre todo o estêncil para
remover qualquer excesso de massa. Não deve haver
AMOUSSE BOUCHE nenhum buraco na massa.
Cones com Tartar de Salmão e Creme Fraîche com Retire o estêncil e repita o processo para fazer o maior
Cebola Roxa. número de cones ou preencha todo o Silpat, deixando
cerca de 3 centimetros entre cada porção de massa.
Ingredientes Polvilhe cada cone com uma pitada de sementes de
gergelim preta.
Cones Coloque o Silpat em uma assadeira e leve ao forno por
70 g de farinha de trigo 4-6 minutos, ou até que a massa esteja dourada.
15 g de açúcar Abra a porta do forno e coloque a assadeira na porta.
4 g de sal Isso ajudará a manter os cones quente para poder
115 g de manteiga sem sal, enrolá-los e impedi-los de ficar muito duro para enrolar.
2 claras Vire a massa, o lado com semente de gergelim para
20 g de gergelim preto baixo e coloque o molde. Dobre a parte inferior do cone
e enrole no molde, que deve permanecer na assadeira
Tartare de Salmão enquanto você rola. Deixe o cone em volta do molde e
120g de salmão sem pele e sem espinhos continue a rolar os cones em torno dos moldes.
8 g azeite de oliva extra virgem Quando todos os cones estiverem enrolados, devolvê-
3 g ceboullete los ao forno e asse por mais 3 a 4 minutos para terminar
8 g echallota de assar.
2 g sal Remova cuidadosamente os cornes dos moldes e deixe
1 g pimenta do reino esfriar por alguns minutos sobre toalhas de papel.
Guarde os cones por até 2 dias em um recipiente
Creme Fraiche com Cebola Roxa hermético.
12 g cebola roxa
115 g nata Tartare de salmão
3 g sal Corte finamente o filé de salmão. Não use um
1 g pimenta processador de alimentos. Cortar na mão vai garantir a
pontas de ceboullete textura certa. Em um bowl pequeno misture os
ingredientes restantes e adicione ao tartare. Cubra o
Preparo bowl e leve à geladeira por pelo menos 30 minutos, ou
até 12 horas.
Cones
Num bowl, misture, farinha, açúcar e sal. Em outro bowl Crème fraîche com cebola roxa
bata a manteiga para ficar macia e cremosa. Com uma Coloque as cebolas roxas em uma peneira e lave-as em
espátula misture as claras com a farinha de trigo, água fria por alguns segundos. Seque-as em papel
adicione a manteiga, 1/3 por vez. Misture até obter uma toalha. Em um bowl pequeno bata o creme de leite até
massa homogênea. formar picos moles. Adicione a cebola em brunoise e
Aqueça o forno a 200Cº tempere a gosto com sal e pimenta. Transfira o creme
Com um estêncil circular de 8 cm, sobre o silpat, de cebola para um recipiente com tampa e leve à
coloque um pouco da massa e espalhe-o em uma

128
geladeira até que esteja pronto para servir ou até 6 para interromper o cozimento, escorra e seque a
horas. vagem.
Combine o tomate confit, echallotas, ceboullete e
Montagem vinagre balsâmico, reserve.
Preencha o cone com o creme de cebola. Colocar uma Bata o creme de leite até formar picos. Lentamente,
colher de chá de tartare sobre o creme de cebola e misture o vinagre e adicione sal e pimenta a gosto.
moldá-lo em uma cúpula semelhante a uma bola de Adicione um pouco da mistura de creme na vagem
sorvete.. Decore com ceboullete. verde e misture até que a mesma esteja revestida
uniformemente. Adicionar mais creme, se necessário.
Entrada Reserve.
Coloque um aro de 7 cm em seu prato, com o óleo de
SALADA DE VAGEM, TARTAR DE TOMATE E ÓLEO cebolinha contornar a parte interna do aro.
DE CEBOLINHA Adicione cerca de 4 colheres de chá de tartar de
tomate em cima do óleo, usando as costas de uma
O tomate confit pode ser feito antes e armazenado em colher para uniformizar a mistura no molde do anel.
geladeira por 5 dias. Remover o molde com cuidado, coloque cerca de 1/4 de
O óleo de cebolinha também pode ser armazenado na xícara vagem em cima do tartar de tomate.
geladeira durante vários dias. Temperar a frise com um pouco de azeite, sal e
pimenta. Pegue uma pequena quantidade de frise e
Ingredientes moldar na palma da mão para criar um bouquet.
180 g de vagem verde, limpas e cortadas com 2.5 cm Coloque o bouquet de frise sobre a vagem
100 g frise, somente as folhas novas cuidadosamente com uma colher faça uma linha de
30 ml azeite de oliva extra virgem tomate em pó no prato e polvilhe o topo da salada com
um pouco mais de pó de tomate.
Tartar de Tomate
120 g tomate confit em brunoise (receita abaixo) TOMATE CONFIT
8 g echallotes
3 g ceboullete Ingredientes
8 ml vinagre balsâmico 500 g de tomate italiano bem maduro
50 ml azeite de oliva extra virgem
Chantilly de vinagre de vinho tinto 8 g sal
80 g nata 3 g pimenta do reino
10 ml vinagre de vinho tinto tomilho
3 g sal
1 g pimenta do reino Preparo
Comece por tirar a pele dos tomates: Leve uma panela
Óleo de cebolinha (receita abaixo) grande de água para ferver. Corte um X raso na parte
Pó de tomate (receita abaixo) inferior de cada tomate. Solte os tomates em água
fervente até que as peles começam a descascar. Retire
Preparo com uma escumadeira e coloque em banho de gelo.
Escalde a vagem verde em água fervente por alguns Descasque os tomates completamente. Corte em
minutos, servir al dente. Passe por um banho de gelo quatro. Retire a polpa (mas reservar para a receita de

129
tomate em pó, descartar as sementes), deixando-o velocidade média por 1 minuto, em seguida, em alta por
como uma espécie de pétala.Aqueça o forno a 120 Cº. 2 minutos. Adicione o restante da cebolinha e misture
Coloque um silpat sobre uma assadeira. Regue o silpat em alta por mais 2 minutos, até virar um purê, se
com um pouco de azeite e polvilhe com um pouco de necessário. Coe a mistura em um recipiente e deixe
sal e pimenta. Separe as pétalas de tomate, com o descansar na geladeira durante a noite para intensificar
interior do tomate para baixo, e regue um pouco mais a cor.Coar o óleo com auxilio de uma gaze ou pano
azeite por cima, terminando com mais um pouco de sal algodão, colocar numa bisnaga, reservar na geladeira.
e pimenta e um ramo de tomilho em cada pétala. Asse
no forno por cerca de 2 horas ou até que os tomates Prato principal
estejam quase secos, mas ainda conservem um pouco
do seu suco. Retire o tomilho e guardar tudo em um BACALHAU FRESCO A PERSILADE
recipiente para armazenar na geladeira.
Ingredientes
Tomate em Pó 800 g de lombo de bacalhau fresco
Ingredientes 120 g panko
Polpa de tomate (aparas do tomate confit) 20 g salsinha picada
20 g mostarda djon
Preparo sal
Coloque a polpa em uma toalha de cozinha e torcer óleo de canola
para retirar o máximo de líquido possível. Mais uma vez, flor de sal
realmente tentar arrancar o máximo de líquido que você brotos (beterraba, agrião, rúcula, mizuna)
conseguir. Coloque a polpa sobre papel abssorvente,
espalhando-o uniformemente ao redor. Leve tudo ao Guarnições
microondas e usando potência baixa cozinhe por 30-40 Moedas de aspargos
minutos. O tempo varia de acordo com a quantidade de Guisado de cenouras
líquido que está nos tomates. Quando estiver bem
desidratado moer a polpa e passar por uma peneira Preparo
fina. Reversar. Aqueça o forno a 165 Cº
Conferir se o bacalhau não tem nenhum espinho, e se
Óleo de cebolinha está sem a pele. Cortar em 6 porções de 130 gramas
Deve ser guardado na geladeira aproximadamente.
Secar em papel absorvente, temperar com sal.
Ingredientes Misture num bowl, panko e a salsinha, reserve a
100 g cebolinha persilade.
240 ml óleo de canola Em outra bowl colocar um pouco de água gelada.
Molhar o pincel na água, passar na mostarda e pincelar
Preparo um dos lados do bacalhau, repetir o processo com
Corte a cebolinha em pedaços de 3cm. Coloque a todos os pedaços, colocar o lado com a mostarda na
cebolinha em uma peneira de malha fina e branquear persilade, formando uma “crosta uniforme.
em água fervente por 2 minutos para remover todo o Aqueça uma frigideira antiaderente que possa ser
gosto de clorofila. Colocar num bowl com água e gelo. levada ao forno e que comporte todos os pedaços de
Coloque metade da cebolinha em um liquidificador e bacalhau sem ficar apertado. Adicione o óleo de canola,
cobrir com óleo de canola. Ligue o liquidificador em abaixe o fogo e comece grelhando o peixe pelo lado da

130
crosta, grelhe até dourar, de 1 a 2 minutos. Vire e leve a panela do fogo, adicione o restante da água de
ao forno para finalizar por mais 8 a 9 minutos. salsinha e misture, servir imediatamente.
Num prato arrume as guarnições coloque o peixe,
finalize com os brotos e flor de sal. Água de salsinha

Guisado de Cenouras Ingredientes


120 ml de água
Ingredientes 15 ml de óleo de canola
900 g de cenouras corte oblíquo 10 g mel
5 g semente de coentro 150 g de folhas de salsa
85 g de manteiga sem sal
5 g sal Preparo
50 ml de vinho madeira Coloque a água num bowl e resfrie no congelador.
250 ml de suco de cenoura Aqueça uma frigideira, adicione o óleo, mel e deixe
1 g Curry madras caramelizar alguns instantes, adicione a salsa, misture
bem e cozinhe por 30 segundos, coloque a mistura no
Preparo bowl com água gelada, deixe esfriar.
Faça um sachê com o coentro, Bata no liquidificador, passe por uma peneira fina e
Derreta 60 gramas de manteiga numa frigideira, guarde na geladeira por até 2 dias.
adicione as cenouras, sal e cozinhe por 7 minutos,
adicione o vinho, suco de cenoura, sachê, e o curry
cozinhe até que as cenouras fiquem macias. Com uma
espumadeira retire as cenouras e o sachê, reduza o FONDANT DE CHOCOLATE COM CREME DE CAFÉ
liquido finalize com o restante da manteiga, corrija o E DENTELLE DE CHOCOLATE
sal, retorne as cenouras. Servir imediatamente.
Ingredientes
Moedas de aspargos
Fondant de Chocolate
Ingredientes 155 g de chocolate meio amargo
1 maço de aspargos verdes finos 2 gemas
60 ml de oléo de cebolinha 1 clara
sal 30 ml de espresso
pimenta 50 g açúcar
80 ml água de salsinha (receita abaixo) 100 g de manteiga sem sal, temperatura ambiente
25 g cereja seca
Preparo 25 g amêndoas picadas
Retire a parta fibrosa dos aspargos, corte os talos de
aspargos em rondeles, preservando 4 cm da ponta. Ganache
Numa frigideira coloque as pontas dos aspargos e óleo 55 g de chocolate meio margo
de cebolinha, cozinhe por 2 minutos, adicione os 60 ml creme de leite fresco
rondeles e cozinhe por mais 2 minutos, adicione metade
da água de salsinha e cozinhe por mais 1 minuto, retire

131
Dentelle Dentelles
85 g amêndoas laminadas Bata as amêndoas e cacau em pó no processador.
10 g cacau 100% Numa panela aqueça, leite, xarope de milho, açúcar,
24 g leite manteiga, aquecer até 105 Cº, adicione as amêndoas
30 g xarope de milho com cacau e misture bem, retire do fogo.
50 g açúcar Coloque metade da mistura numa folha de papel
85 g de manteiga sem sal manteiga, cubra com outra folha e usando um rolo
espalhe a mistura, levar ao freezer. Para retirar o papel
Sablé Cookie manteiga a massa precisa congelar, repetir o processo
200g de manteiga sem sal, a temperatura ambiente com o restante da massa.
120 g açúcar Aqueça o forno a 175 Cº , retire a massa do freezer,
1 gema descarte a folha de papel manteiga que cobre a massa,
360 g farinha de trigo leve ao forno por 12 minutos, retire, deixe esfriar um
½ receita de creme inglês (receita abaixo) pouco e corte com aros de 4 cm, depois corte cada
15 ml extrato de café disco ao meio. Reserve em pote fechado.

Preparo Sablé
Fondant Na batedeira com a pá bata a manteiga e o açúcar,
Numa assadeira com papel manteiga coloque 6 aros de adicione a gema e deixe bater bem, adicione o trigo,
4 cm revestidos com acetato. retire a massa da batedeira e divida em 4 porções.
Derreta o chocolate em banho maria, reserve aquecido. Coloque uma porção de massa entre 2 folhas de papel
Num outro bowl bata a clara até começar a firmar, manteiga e abra com o rolo numa espessura de 1,5 cm,
adicione o açúcar e bata por mais 5 minutos, reserve; leve ao freezer por 30minutos.
Numa bowl, bata a manteiga até que fique cremosa, Asse em forno aquecido a 175 Cº .
reserve; Corte a massa com aros de 4 cm, asse por 12 minutos,
Bata o creme de leite até ponto de chantilly, reserve; deixe esfriar e reserve em pote fechado.
Adicione o café no chocolate derretido, ambos
ingredientes devem estar quentes ou pode talhar. Retire Montagem
a bowl do banho maria e misture para esfriar um pouco, Coloque o fondant sobre um sablé, com auxilio de um
adicione as gemas e manteiga, depois de maçarico retire o aro do fondant, misture o creme inglês
homogeneizado adicione claras em neve e creme de com o extrato de café, coloque o creme no fundo do
leite, com um saco de confeitar encher os moldes, prato, disponha o sablé com o fondant e finalize com a
deixando espaço 3 mm para colocar a ganhache. dentele sobre o fondant.
Resfriar por no mínimo 4 horas.
Creme inglês
Ganache
Coloque o chocolate picado numa bowl, aqueça o Ingredientes
creme de leite e despeje no chocolate misture para ½ fava de baunilha
homogeneizar, cubra o fondant próximo da hora de 240 ml leite
servir. 230 g creme de leite
5 gemas
65 g açúcar.

132
Preparo
Numa panela aqueça leite, creme de leite, baunilha e
metade do açúcar. Deixe em infusão, bata o açúcar
restante com as gemas e adicione no leite, sempre
batendo, cozinhe até ponto de napê, resfrie e guarde na
geladeira.

133
Referências

Wilkipédia
Revista Food& Wine
The Free Encyclopedia
Huf Post San Francisco
Revista Boa Mesa
Autores Editora Senac
Jornal New York Times

134
Normas e Procedimentos ...................................................................................................................................................2
Enologia e enogastronomia ...............................................................................................................................................3
Noções básicas de degustação........................................................................................................................................12
Chile..................................................................................................................................................................................70
Argentina...........................................................................................................................................................................72
Austrália.............................................................................................................................................................................72
África do Sul ......................................................................................................................................................................76
Brasil..................................................................................................................................................................................77
Nova Zelandia....................................................................................................................................................................80
Alemanha...........................................................................................................................................................................83
Espanha ............................................................................................................................................................................91
Portugal.............................................................................................................................................................................96
Referências profissionais................................................................................................................................................109
Paul Bocuse....................................................................................................................................................................110
Nobu................................................................................................................................................................................115
Alain Ducasse.................................................................................................................................................................117
Alex Atala........................................................................................................................................................................119
Thomas Keller.................................................................................................................................................................121
Referências.....................................................................................................................................................................129

135

Вам также может понравиться