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Mas o que faz um objeto (seja ele o corpo ou uma obra de arte) ser belo? A Estética, enquanto
reflexão filosófica, busca compreender, num primeiro momento, o que é beleza, o que é belo.
A preocupação com o belo, com a arte e com a sensibilidade, próprias da reflexão estética, nos
permite pensar, segundo Vásquez em seu livro Convite à Estética, as nossas relações com o mundo
sensível, o modo como as representações da sensibilidade dizem sobre o ser humano. Não se trata,
portanto, de uma discussão de preferências, simplesmente com o fim de uniformizar os gostos. Então ela
não poderá ser normativa, determinando o que deve ser, obrigatoriamente, apreciado por todos. Ela deve
procurar, ao contrário, os elementos do conhecimento que permitem entender como funciona o nosso
julgamento de gosto e nosso sentimento acerca da beleza, mas numa perspectiva geral, universal, isto é,
válida e comum a todos. Ernest Fischer, em sua obra A Necessidade da Estética, mostra que a
preocupação com a beleza sempre acompanhou o ser humano desde a fabricação de seus utensílios.
O homem dedicou-se não apenas em fabricar objetos simplesmente para um uso prático. Além de
serem funcionais esses objetos, por mais primitivos que fossem, demonstravam uma preocupação
com a forma. Uma forma que facilitasse o manuseio, a funcionalidade, e que também os tornassem
visivelmente agradáveis – enfeites e adornos podiam compor esses objetos para enriquecê-los e torná-los
mais atraentes aos sentidos. Essa preocupação estética tinha também uma função mágica e de culto.
Objetos, danças, cantos, pinturas, templos, ligados aos mitos e ritos, tinham um objetivo religioso à
medida em que poderiam invocar, por meio deles, a ação dos deuses. A beleza, demonstrada nessa
preocupação com a forma está, nesse momento, muito ligada ao caráter prático ou mágico dos objetos.