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FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA:

TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE SUPERVISÃO

2010
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LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SÍMBOLOS

Abreviatura/Símbolo Significado

%THD % Total Harmonic Distortion

ABEEolica Associação Brasileira de Energia Eólica

BIPV Building Integrated Photovoltaic

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

CLP Controlador Lógico Programável

COM Component Objetc Model

CSD Circuit Switched Data

DAQ-PC Data acquisicion PC

DCE Data Circuit- derminating Equipment

DCOM Distributed Component Object Model

DOE US Department of Energy

DTE Data Terminal Equipment

EDGE Enhanced Data rates for GSM Evolution

EEPROM Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory

ERB Estação Rádio Base

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ERP Enterprise Resource Planning

ETSI European Telecommunications Standards Insíitute

FDMA Frequency Division Multiple Access

FTP File Transfer Protocol

FV Fotovoltaico

GE General Electric

GPRS General Packet Radio Service

GSM Global System Mobile

IHM Interface Homem Máquina

IIS Internet Information Services

IPC Interprocess Communications

LIMS Laboratory Information Management Systems

MES Manufacturing Execution System

MME Ministério de Minas e Energia

NREL National Renewable Energy Laboratory

OPC OLE for Process Control

PCC Ponto de Conexão Comum

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PPA Power Purchase Agreement

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PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas

RAM Random Access Memory

RES Renewable Energy Source

RTC Real-Time-Clock

SIN Sistema Interligado Nacional

SMS Short Message Service

SQL Structured Query Language

TCP/IP Transmission Control Protocol / Internet Protocol

TDMA Time Division Multiple Access

UDP User Datagram Protocol

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

USB Universal Serial Bus

EPE Empresa de Pesquisa Energética

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1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento econômico e da matriz energética mundial fica mais evidente e


sedimentado na sociedade a necessidade de utilização de energias alternativas, dado às
comprovadas estatísticas que comprovam o aquecimento global devido ao uso indiscriminado
de recursos naturais que poluem a atmosfera, através de emissões de CO2, notadamente pelo
uso do carvão e petróleo.

Dentre as energias alternativas, uma que vem se destacando e crescendo já há alguns


anos, e atualmente competindo de igual para igual com térmicas a biomassa e PCH
(notadamente no Brasil) é a energia eólica. Com esse crescimento e participação cada vez
mais significativa dentro da matriz energética de muitos países, dentre eles o Brasil, as
exigências das concessionárias de energia tornam-se cada vez mais rígidas e exigentes, bem
como os investimentos nessa nova área de negócios devem ser bem monitorados para fins de
avaliação do investimento, para coleta de dados e elaboração de estudos estatísticos e/ou
otimizar o retorno do investimento. Por esse motivo tanto os aerogeradores, individualmente
falando, como os parques eólicos em si, precisam estar cada vez mais automatizados e com
informações gerais disponíveis em tempo real, e acessíveis de qualquer ponto do planeta.

A utilização da tecnologia fotovoltaica também vem crescendo a cada ano e hoje já


tem a segunda maior taxa de crescimento entre as fontes alternativas de energia (Carvalho,
2007). Assim como o Brasil possui um grande potencial eólico, também possui várias
possibilidades para o fornecimento de energia através da tecnologia fotovoltaica (sistema
conectado à rede), ou ainda, como um sistema autônomo, usando esta tecnologia para
promover o bombeamento de água em comunidades remotas sem acesso à rede elétrica
convencional.

Para a automação e controle dos parques eólicos utilizam-se sistemas supervisórios,


que podem efetuar controles desde um simples comando para parar um aerogerador, até
controlar a potência de saída, energia reativa, fator de potência individual, de cada
aerogerador, ou do parque eólico como um todo.

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No caso de plantas fotovoltaicas também utilizam-se sistemas supervisórios, que,
praticamente, têm os mesmos objetivos de um supervisório do parque eólico.

A rápida evolução das fontes de energias alternativas durante as duas últimas décadas
resultou na instalação de vários sistemas pelo mundo (Koutroulis, 2001). No entanto, esse
esforço exige um conhecimento detalhado dos dados meteorológicos do local onde o sistema
será instalado e os resultados operacionais a partir de outros sistemas semelhantes, se
disponível. Muitos sistemas de aquisição de dados têm sido desenvolvidos no intuito de
recolher e processar esses dados, bem como acompanhar o desempenho dos sistemas de
energias alternativas em operação, a fim de avaliar o seu desempenho (Blaesser, 1997),
(Wilshaw et al, 1997), (kim et al, 1997).

Um sistema de aquisição de dados utilizado para monitorar o desempenho de ambos


os sistemas fotovoltaicos, carga de bateria e sistemas de bombeamento de água (Benghanem
et al, 1999) é mostrado na figura 1.

Figura 1 - Sistema de aquisição de dados por microcontrolador.

O sistema típico consiste em uma unidade baseada em microcontroladores utilizada


para gravar os sinais de interesse, enquanto os dados coletados são transmitidos para um
armazenamento em PC e futuros processamentos (Papadaskis, 2004).

Em (Mukaro et al, 2001) foi utilizado um microcontrolador como base de um sistema


de aquisição de dados para medição autônoma em unidades remotas de fornecimento de
energia elétrica através da tecnologia fotovoltaica. O sistema foi concebido em torno do
microcontrolador de 8 bits ST62E20 e aplicado para monitoramento de dados de irradiação

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solar. O sistema de medição utilizando células solares de silício (SolData) e um piranômetro
como o sensor de irradiação solar. Os dados do sensor são condicionados por meio de
conversor A/D e armazenados em uma memória EEPROM até serem enviados para um
computador portátil. No final de cada período de amostragem de dados, os dados adquiridos
são transmitidos ao computador através da porta serial RS-232 para posterior análise. O
controle de qualidade e análise de dados é feito “off-line” no laboratório para minimizar o
custo do sistema.

Em (Koutroulis et al, 2001) um sistema similar utilizando um conversor A/D


interligado com um microcontrolador com dados coletados são armazenados em um memória
EEPROM. Os dados gravados pelo microcontrolador são transmitidos para um PC, com uma
conexão serial RS-232, onde são armazenados para posterior processamento. A mesma
arquitetura foi implementada em (Mukaro et al, 1998), (Mukaro et al, 1999), (Lundqvist et al,
1997), para a irradiação solar e medições de temperatura ambiente. Em todos os casos acima
mencionados, o Windows® ou o MS-DOS® foram os programas utilizados a fim de processar
e apresentar os dados recolhidos no PC, mas esta abordagem não é flexível a mudanças, por
exemplo, a adição de novos sensores.

Uma característica comum à concepção dos métodos descritos acima, é que utilizam
para medir os sinais de interesse e fazer a interface dos dados coletados para um PC uma
interface serial RS-232. No entanto, a transmissão serial limita a performance do sistema, se
um controle avançado de capacidade é desejado.

Em (Papadaskis, 2004) um computador é a base do sistema de aquisição de dados para


coleta de dados meteorológicos para o monitoramento da planta de energia alternativa. Um
conjunto de sensores é usado para medir as condições atmosféricas e do solo, bem como as
quantidades relativas à energia produzida pelo híbrido fotovoltaico/gerador eólico, como a
matriz de tensão e corrente, a velocidade do vento.

Em síntese, o foco e o maior benefício deste trabalho será apresentar o estado da arte
de sistemas supervisórios, bem como as tecnologias de aquisição e transmissão de dados
aplicados a plantas de energias alternativas, solar e eólica, com base na necessidade desse
crescente mercado.

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2. ENERGIA EÓLICA

2.1 História e Conceitos

Em 1958 foi publicado nos Estados Unidos um livro intitulado Energy for man : from
windmills to nuclear powe1, onde o autor mostra a evolução da produção de energia pelo
homem desde tempos imemoráveis, quando eram usados os antiquados moinhos de vento na
China, até o início da segunda metade do século XX, quando a energia nuclear parecia uma
opção para um futuro brilhante de energia barata e inesgotável para a humanidade. Nas
palavras atribuídas a Edward Teller, o pai da bomba de hidrogênio, “a energia nuclear seria
tão barata que não valeria a pena cobrar” (too cheep to be collected).

Ironicamente, passados apenas 30 anos, o desenvolvimento tecnológico, associado às


preocupações ambientais, parece apontar os cataventos, agora chamados de turbinas eólicas
ou aerogeradores, como uma das alternativas mais atrativas para a necessidade de energia da
humanidade no século XXI. Assim, nos dias de hoje, não pareceria estranho se algum autor
contemporâneo escrevesse (se é que isso ainda não foi feito) um livro intitulado Energy for
man : from nuclear power to windmills.

De fato, o surgimento da energia eólica como uma alternativa real para fornecer energia
necessária para melhorar o padrão de vida do mundo moderno apareceu, de certa maneira,
como uma surpresa, dado que as sociedades contemporâneas industrializadas haviam
aposentado a utilização desta forma de energia, vista até então como atrasada, ineficiente e, de
certa forma, até mesmo nostálgica. De fato, a humanidade tem uma longa história de
exploração engenhosa da energia eólica, cujos primeiros registros remontam há centenas de
anos AC na China para bombeamento de água. Por volta do século II AC os cataventos de
eixo vertical já eram usados na Pérsia e no Oriente Médio para moer grãos. Estes cataventos
foram trazidos para a Europa no século XI pelos soldados e comerciantes que retornaram das
cruzadas contra os “hereges e infiéis” que ocupavam a Terra Santa. Ali, eles foram
aprimorados pelos holandeses e, mais tarde, pelos ingleses. O apogeu dos cataventos na

1
Thirring, Hans. Energy for man : from windmills to nuclear power. Harper Torchbooks, 1958, New York.
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Europa ocorreu no século XVIII, quando havia mais de 10.000 em operação, apenas na
Holanda, onde eram usados para aliviar o esforço humano em diversos labores. Com o
surgimento das máquinas a vapor na Inglaterra, o aproveitamento a energia eólica pelos
cataventos, foi sendo abandonada, pela sua incapacidade de competir baixos preços,
comodidade e confiabilidade da energia produzida pela queima do carvão. Residualmente, os
cataventos tiveram um importante papel no desenvolvimento do Oeste Norte-americano no
final do século XIX, suprindo água para as locomotivas e para o gado (em áreas afastadas de
fontes e cursos d’água), para pequenas irrigações e até mesmo para produção de eletricidade
em lugares remotos.

Observe que até então, os usos da energia dos ventos (uma forma de energia intrinsecamente
intermitente) ao longo da história da humanidade, se bem que importante, esteve limitado a
aplicações isoladas, para uso no próprio local onde era feita a captação da energia do vento,
tanto para a produção de trabalho mecânico como para geração elétrica. Foi justamente este
fator limitativo que tornou a geração eólica pouco atrativa como opção energética, dando uma
impressão errada das suas verdadeira possibilidades. Por exemplo, a captação da energia dos
ventos para geração de energia elétrica em locais isolados requer a adição de outros
dispositivos para compensar a variação da potência eólica, seja para armazenar os excessos,
através de instalação de baterias e acumuladores, seja para compensar as faltas, através do
acoplamento de geradores a diesel etc., complicando sobremaneira o sistema. No entanto, se,
em vez projetada para consumo direto, esta energia gerada pelos cataventos for interligada a
uma rede de distribuição de energia elétrica, ter-se-ia, de início, uma primeira grande
descomplicação (eliminação da necessidade de acumuladores). E mais, se for possível
construir um grande número de cataventos em um local conveniente, os chamados parques
eólicos (wind farms) - incorporando os avanços da ciências e tecnologias modernas
(aerodinâmica, ciências dos materiais etc.) – acoplando-os diretamente a redes de distribuição
de eletricidade, poder-se-ia utilizar a energia dos ventos para produzir eletricidade em larga
escala e a custos competitivos com as outras opções em uso no mercado.

De fato, a experiência nos últimos 20 anos vem mostrando que os cataventos (turbinas
eólicas) podem ser um componente importante para alimentar a rede elétrica naqueles locais
onde há bons ventos, podendo ser competitivos com os outros sistemas em uso, em termos de
custo, confiabilidade e aceitação pública.

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Por fim, vale destacar que este o conceito de wind farms tem como base a interação entre
cuidadosas e permanentes medições das características do vento com a melhor engenharia
para a construção de cata-ventos para captar esta energia. Este talvez seja o maior desafio
para a sua introdução em larga escala no Brasil.

2.1.1 De onde vem a energia eólica?

Todas energias renováveis (exceto a das marés e a geotérmica), bem como a energia dos
combustíveis fósseis, vem direta ou indiretamente do sol. O sol irradia cerca de 100*1012 KW
para a terra. Deste total, cerca de 1 a 25 é convertido em energia eólica. Isto equivale a cerca
de 50 a 100 vezes a energia convertida em biomassa por todas as plantas da terra.

A circulação de ar é provocada pelas variações de temperatura

As regiões próximas ao equador da terra (00 de latitude) são mais aquecidas pelo sol do que as
demais: quanto mais longe do equador, menor é o aquecimento. Estas áreas mais quentes
estão indicadas pelas cores vermelho, laranja e amarelo na fotografia infravermelha das
temperaturas superficiais do mar tiradas pelo satélite NOAA-7 em julho de 1984. Devido à
diferença de densidade entre o ar frio e o quente, este último tende a subir em direção ao céu,
até atingir uma altitude de 10 km, e daí se espalhar em direção aos pólos norte e sul. Se a terra
não girasse, as massas de ar chegariam simplesmente aos pólos, onde desceriam, devido ao
esfriamento e retornariam em direção ao equador.

A força de Coriolis

Dado que a terra gira sentido leste, qualquer movimento no hemisfério sul dirigido ao polo sul
é desviado para a esquerda; pelo mesmo motivo o movimento inverso (do polo sul em direção
ao equador) é desviado para a direita. (no hemisfério norte ocorre o contrário. Esta força
aparente de desvio é conhecida como Força de Coriolis (em homenagem ao matemático
francês Gustave G. Coriolis, 1972-1843).

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Isto se deve ao movimento de rotação da terra no sentido leste: os corpos situados mais
próximos do equador têm uma velocidade de rotação maior do que os corpos mais distantes
(nos pólos esta velocidade é nula).

A força de Coriolis é um fenômeno visível: os trilhos das ferrovias desgastam mais de um


lado do que do outro; também os leitos dos rios são erodidos mais de um lado do que do outro
(como dito anteriormente, o lado mais afetado depende do hemisfério). É por este mesmo
motivo que as plataformas de lançamento de mísseis são localizadas o mais próximo possível
do equador. Assim, as massas de ar que saem do equador em direção aos pólos, na
medida em que encontra áreas de baixa pressão, são levadas a um movimento de
circular, por efeito da força de Coriolis. No hemisfério sul o vento tende a circular no
sentido horário.

Como a força de Coriolis afeta os ventos globais

Os ventos nascem no equador e se movem para o sul e para o norte nas camadas mais altas da
atmosfera. Em torno da latitude de 300 em ambos hemisférios a força de Coriolis impede o ar
de continuar o movimento original. Nesta latitude há uma zona de alta pressão que força as
massas de ar a descer. Na medida que as massas de ar sobem no equador, cria-se uma região
de baixa pressão nas camadas mais baixas, a qual atrai as massas de ar vindas do norte e do
sul. Nos pólos, há uma região de alta pressão devido ao esfriamento do ar.

A altura da atmosfera que nos interessa onde acontecem todos os fenômenos climáticos que
nos interessam (inclusive o efeito estufa) é chamada de troposfera.

As direções dos ventos prevalecentes são importantes para a instalação de turbinas eólicas,
dado que pretende-se obviamente instalá-las em áreas com o mínimo de obstáculos possíveis
a direção dos ventos prevalecentes. No entanto é preciso levar em conta que a geografia e
topografia local irão influenciar os resultados

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Os ventos geostróficos

Os ventos que estudamos até agora são chamados de ventos geostróficos (ventos da
troposfera). Os ventos geostróficos são produzidos pelas variações de temperatura e pressão e
não sofrem grande influência pela superfície da terra. Os ventos geostróficos ocorrem a
altitudes acima de 1.000 m do nível do solo. A velocidade destes ventos é medida através de
balões climáticos.

Ventos superficiais

Em altitudes abaixo de 100 m os ventos são muito influenciados pela superfície terrestre.
Como veremos a seguir, a sua velocidade é amortecida pela rugosidade superficial da terra e
pelos obstáculos. A direção dos ventos próximos á superfície são um pouco diferente da
direção dos ventos geostróficos. Os ventos usados no aproveitamento de energia eólica são os
ventos superficiais. Portanto, é preciso estudar o comportamento dos ventos superficiais e
saber como calcular a energia útil que se pode obter destes ventos.

Ventos locais: brisas marinhas e ventos de montanha

Embora os ventos globais sejam importante para determinar os ventos prevalecentes em uma
dada área, as condições climáticas locais podem condicionar e influenciar as direções de
vento dominantes. Os ventos locais são o resultado de uma superposição dos efeitos globais
com os efeitos locais. Quando a influência dos efeitos globais é pequena, em comparação com
os locais, o padrão os ventos locais serão dominados pelos efeitos locais.

Brisas marinhas As massas de terra são aquecidas pelo sol mais rapidamente do que o mar.
Portanto, durante o dia o ar sobre o solo se eleva, criando uma região de baixa pressão ao
nível do solo, a qual, atrai o ar mais frio proveniente do mar. Este ar é chamado de brisa
marinha.

No começo da noite, ocorre, geralmente, um período de calmaria, quando a temperatura da


terra e do mar tendem se equalizar. Á noite o vento sopra na direção oposta. A brisa terrestre

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tem geralmente uma velocidade menor porque, á noite, a diferença de temperatura entre a
terra e o mar também é menor.

A Monção do Sudeste da Ásia são na verdade uma forma de brisa marinha e brisa terrestre
em grande escala, cuja direção varia entre estações do ano, devido ao fato de que as massas
terrestres são aquecidas ou resfriadas mais rapidamente do que o mar.

Ventos de montanhas

As regiões montanhosas apresentam diversos padrões climáticos interessantes. Um exemplo é


o vento de vale, o qual se origina nas superfícies inclinadas voltadas para o norte (para o sul,
no caso do hemisfério norte). Quando estas encostas são aquecias a densidade do ar próximo a
elas diminui, e o ar ascende em direção ao topo seguindo a superfície da encosta. Á noite a
direção do vento se inverte, seguindo a encosta para baixo. Se o vale tem um fundo inclinado
o ar pode se mover para baixo ou para cima do vale, como um vento de canion.

Estes ventos podem ser muito potentes, como por exemplo o Fohen nos Alpes, o Chiook nas
Montanhas Rochosas e o Zonda na Cordilheira dos Andes. Outros exemplos de ventos locais
são o Mistral que desce o Vale do Reno em direção ao Mar Mediterrâneo e o Siroco, um
vento sul vindo Saara para o Mar Mediterrâneo.

Energia/potência do vento: a densidade do ar, a área do rotor e o cubo da velocidade

A potência é obtida numa turbina eólica através da conversão da força do vento em um


torque (força de rotação) que age sobre as pás do rotor. A quantidade de energia que o vento
transfere para o rotor depende da densidade do ar, da área coberta pelas pás do rotor, e da
velocidade do vento.

A Lei de Betz

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Quanto maior a quantidade de energia cinética que a turbina consegue extrair do vento, menor
a velocidade com que o vento deixa o lado esquerdo da turbina. Se tentarmos extrair toda a
energia cinética do vento, a velocidade do ar na saída do rotor será zero, isto é, o ar não
poderá sair da turbina. No outro caso extremo, o vento passa livremente pela turbina; neste
caso a energia extraída será zero. Podemos, portanto, imaginar que a maneira mais eficiente
de extrair energia cinética do vento, para transformá-la em energia rotacional da turbina, será
uma situação intermediárias entre as duas anteriores. Então a pergunta que se coloca é a
seguinte: qual é a máxima energia que uma turbina qualquer pode extrair do vento. A resposta
para esta pergunta é surpreendentemente simples: a máxima energia que pode ser obtida é
aquela que seria produzida por uma turbina ideal que reduzisse a velocidade do vento
por um fator de 2/3 da sua velocidade original.

Formulando em termos de energia cinética, a afirmação anterior equivale à seguinte: Uma


turbina eólica não pode converter em energia mecânica mais do que 16/27 da energia
cinética do vento. Esta é a chamada Lei de Betz, em homenagem ao físico alemão Albert
Betz, que a formulou em 1919. O surpreendente é que esta lei se aplica a qualquer tipo de
turbina com rotor em forma de disco.

Demonstração da Lei de Betz

Vamos supor a hipótese razoável de que a velocidade média do vento na área do rotor da
turbina seja a média entre a velocidade do vento antes de alcançar o rotor, v1, e a velocidade
do vento após a passagem através da área do rotor, v2, isto é:

v = (v1 + v2)/2

Por sua vez, vimos anteriormente, [equação (2)], A massa de ar que atravessa a área do rotor
por unidade de tempo é:

m/t = ρπR2v = ρπR2 (v1+v2)/2

A potência do vento, P, extraída pelo rotor é igual à queda da energia cinética ocorrida na
passagem do vento pela turbina por unidade de tempo:

P = Ec1/t – Ec2/t = ½(m/t)v12 – ½(m/t)v22 = ½(m/t)(v12 – v22)

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Substituindo o valor de m/t acima, temos:

P = ¼ρπR2 (v1+v2) (v12 – v22)

A velocidade v2 pode ser expressa em termos de v1 da seguinte maneira:

v2 = xv1, onde x é uma variável a ser determinada. Substituindo v2 na equação anterior, temos:

P = ¼ρπR2 (v1+xv1) [v12 – (xv1)2] = ¼ρπR2 (v13+xv13 –x2v13 - x3v13)

P = ¼ρπR2 v13 (1+x – x2 - x3)

Agora vamos comparar a equação acima com a potência original do vento passando pela
mesma área sem sofrer qualquer distúrbio pelo rotor:

Pd = ½πρR2v13

A razão entre a potência extraída do vento e a potência disponível do vento é:

P/Pd = [¼ρπR2 v13 (1+x – x2 - x3)]/½πρR2v13

P/Pd = ½(1+x – x2 - x3) (4)

Para P/Pd máximo, temos:

d(Pmax/Pd)/dx = 0, ou:

d(½(1+x – x2 - x3)/dx = 1 –2x –3x2 = 0 = 3x2 + 2x – 1 = 0

A equação acima é do tipo:

ax2 +bx + c = 0

Cuja solução é:

x = - b ± √(b2 – 4ac)

2a

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Substituindo os valores:

x = - 2 ± √4 + 12

x = 1/3

Substituindo o valor de x em 4, temos:

Pmax/Pd = ½(1+1/3 – 1/9 – 1/27) = (1/2) (1/27) (27 + 9 – 3 - 1) = 16/17

Daí:

Pmax = (16/27)Pd

Medição de velocidade do vento: os anemômetros

A medição das velocidades dos ventos é usualmente feita através de um anemômetro como o
mostra a figura de um anemômetro colocado na parte superior de um gerador eólico instalado
no Campus do Pici na UFC mostrado na figura 2.1.

Figura 2.1 - anemômetro colocado na parte superior de um gerador eólico instalado no


Campus do Pici na UFC

Este é o tipo de anemômetro mais usado. Ele tem um eixo vertical, ao qual estão acopladas
três cubas para capturar o vento. O número de rotações por minuto é registrado
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eletronicamente. Normalmente o anemômetro tem uma espécie de leme que serve para

determinar a direção do vento.

Existem diversos tipos de anemômetros, os quais incluem os ultra-sônicos e a laser. Estes,


detectam a mudança de fase do som ou da luz coerente refletida pelas moléculas do ar.

A qualidade dos anemômetros é essencial para a realização de medições da energia dos


ventos.

Existem anemômetros extremamente baratos que podem ser usados para medições
meteorológicas ou para serem montados nas turbinas eólicas2. Mas estes anemômetros baratos
não servem para medições de velocidade de vento projetos de energia eólica; isto porque eles
podem produzir erros de medição de 5 a 10 %, o que é inaceitável para a indústria de energia
eólica. No dimensionamento de um parque eólico um erro de 10 5% na velocidade do vento
pode levar a um desastre econômico. No caso de um erro de 10 % na velocidade do vento, a
energia eólica disponível será sobre ou sub estimada em (1,1)3, ou seja, 33 %. Considerando-
se que, como será mostrado adiante, as medições de velocidade do vento são feitas a 10 m de
altura, e que o rotor é colocado em alturas de cerca de 50 m, o erro final do cálculo da energia
disponível pode ser superior a 70 %.

O uso de um bom anemômetro, bem calibrado e com um erro de 1 % é absolutamente


necessário para se evitar o risco de se cometer um desastre econômico como o acima
mencionado.

A Rosa dos Ventos


Em um dado lugar, geralmente os ventos fortes vem de uma determinada direção. Para
mostrar as informações sobre as distribuições das velocidades dos ventos e a freqüência das
direções dos ventos, costuma-se desenhar uma rosa dos ventos, baseado-se nas observações
meteorológicas das velocidades e direções dos vento.

2 *)
O uso de anemômetros montados na turbina tem como objetivo acionar o dispositivo de orientação do
rotor contra o vento.

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A rosa dos ventos é extremamente útil para determinar a localização das turbinas eólicas. Se
uma fração importante da energia dos ventos vem de uma dada direção, então as turbinas
eólicas devem ser instaladas de modo a encontrar o mínimo de obstáculos possíveis e a
superfície mais lisa possível nesta direção. No exemplo mostrado acima, a maior parte da
energia vem do sudoeste.. Portanto, o projetista não precisa se preocupar com a existência de
obstáculos localizados no leste ou sudeste, uma vez que praticamente nenhuma energia eólica
vem dessas direções.

Rugosidade e cizalhamento do vento

Em grandes alturas da superfície do solo, por volta de 1 km, a superfície exerce um efeito
desprezível sobre o vento. No entanto, nas camadas mais baixas da atmosfera, as velocidades
do vento são afetadas pela fricção com a superfície terrestre. Na indústria eólica se faz uma
distinção entre rugosidade do terreno (a influencia dos obstáculos) e orografia da área (a
influencia do contorno do terreno). Trataremos da orografía quando investigarmos os
chamados efeitos aceleradores, a saber, o efeito túnel e o efeito de colina.

Rugosidade

Em geral, quanto maior a rugosidade do terreno maior será a perda de velocidade do vento.
Óbviamente, os bosques e as grandes cidades amortecem muito o vento, enquanto que as
pistas de concreto dos aeroportos só o amortecem ligeiramente. As superfícies de água são
inclusive mais lisas que as pistas de concreto, e terão portanto menos influencia sobre o vento.
Também as árvores altas e os arbustos amortecem o vento de forma considerável.

(a) Classes de rugosidade Na indústria eólica, costuma-se referir a classe de rugosidade


quando se trata de avaliar as condições eólicas de uma área. Una alta rugosidade de classe 3
ou 4 se refere a uma paisagem com muitas árvores e edifícios, enquanto que á superfície do
mar corresponde una rugosidade de classe 0. As pistas de concreto dos aeroportos, paisagens
abertas e campos de pastagem pertencem à classe de rugosidade 0.5 (ver fotografia abaixo).

Cizalhamento do vento

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O gráfico abaixo mostra a variação da velocidade do vento com uma superfície de rugosidade
de classe correspondente a solo agrícola, e com o vento soprando a uma velocidade de 10 m/s
na altura de 100 m acima do nível do solo.

Pelo fato de que a velocidade do vento diminui na medida em que nos aproximamos do nível
do solo, costuma-se referir-se a este fenômeno de cizalhamento do vento. O efeito do
cizalhamento do vento é importante para o projeto de aerogeradores. Considerando uma
turbina eólica com uma altura do eixo de 40 metros e com um diâmetro do rotor de 40 metros,
pode-se observar que o vento sopra a 9,3 m/s quando o extremo da pá se encontra na sua
posição mais elevada, e apenas a 7,7 m/s quando o referido extremo se encontra na posição
inferior. Isto significa que as forças que atuam sobre a pá do rotor quando está na sua posição
mais alta são muito maiores que quando está na sua posição mais baixa.

3. ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

3.1 Visão geral do setor energético brasileiro

De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2009 (ano base 2008), a matriz
energética brasileira está composta em sua maior parte de fontes hídricas (73,1%), onde
podemos visualizar esse percentual e a distribuição geral na figura 3.1. Isso faz com que o
Brasil tenha um dos mercados de fornecimento de energia elétrica mais limpos do mundo.

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Fonte EPE, 2009.

Figura 3.1 - Matriz Energética Brasileira segundo BEN 2009

Porém, de acordo com Tabbush (2009), a variabilidade das fontes hídricas é o risco
principal para a estabilidade, em um cenário em que se espera que a demanda cresça entre
4,7%-5.0%, anualmente, até 2020. E, devido às necessidades de manutenção, bem como
baixos níveis de precipitação pluviométrica a capacidade atual está em 79,4 GW contra um
pico de demanda de quase 65 GW, ocorrido em 2008 – portanto, tendo ainda uma reserva de
capacidade de 22%. Espera-se que os picos de demanda cresçam 4,7% anualmente até 2020
alcançando assim 115 GW. A principal estratégia do MME (Ministério de Minas e Energia) é,
portanto, reduzir a participação das fontes hídricas e em uma extensão menor marginalizar a
participação das fontes a gás – as quais são em sua maior parte provenientes da Bolívia. Os
principais beneficiários dessa política serão, preferencialmente, as fontes menos caras, tais
como térmicas, biomassa e eólica.

Ainda de acordo com Tabbush (2009), o potencial de fornecimento de energia elétrica


através de parques eólicos no Brasil é extremamente alto. Um estudo recente aponta para um
potencial de capacidade de 300 GW (a 80m de altura) com fatores de capacidade da faixa de
35%-50%. As fontes eólicas ainda têm outro benefício que é serem altamente compatíveis
com as fontes hídricas: quando os reservatórios das hidrelétricas estão em seus menores níveis
durante os meses de julho e agosto é quando a capacidade de fornecimento de energia dos
parques eólicos aumenta para seu máximo. Atualmente, algumas usinas a óleo ou gás natural
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são usadas como capacidade de back-up para os meses de pouca chuva ainda que as os preços
do MWh das usinas a óleo custem cerca de R$ 574,00 e as usinas a gás R$ 166,00. A energia
eólica irá competir fortemente com tais fontes, e poderão ser usadas como essa capacidade de
back-up já que o preço médio do MWh negociado no último leilão ocorrido em 14 de
dezembro de 2009 foi de R$ 148,39, e onde foram contratados cerca de 1.800 MW de fontes
eólicas, a serem instalados até junho de 2012.

É grande a expectativa para o próximo leilão de fontes alternativas, previsto para ser
realizado em agosto de 2010. De acordo com previsões de agentes de mercado, espera-se que
sejam inscritos até 14,5 mil MW de projetos, sendo 1.500 MW de PCHs, 1.000 MW de
térmicas a biomassa e nada menos que 12.000 MW de eólicas. A previsão, segundo
especialistas, é que sejam contratados cerca de 1.000 MW médios. Apesar da alta
competitividade entre essas 3 fontes, esse leilão ainda será separado por produto. Ou seja, as
fontes não competirão entre si (Polito, 2010).

3.2 Políticas de incentivo e regulação para fontes eólicas

De acordo com Tabbush (2009), o PROINFA lançado em 2004 alocou 1.422 MW de


PPAs de fontes eólicas para investidores locais e estrangeiros. A Eletrobrás irá comprar a
eletricidade desses projetos durante 20 anos com base numa tarifa fixa dependendo do fator
de potência do parque eólico. A tarifa é revisada a cada 2 anos de acordo com a média de
horas operacionais dos últimos 2 anos. As tarifas são também ajustadas anualmente com base
no índice da inflação. O PROINFA, originalmente, também estipulou que 60% do total dos
custos do projeto de um parque eólico deveriam ser originários do Brasil, o que promoveu o
reconhecimento e também vantagens na corrida de fornecimento de aerogeradores pelos
fabricantes locais (WOBBEN e IMPSA), bem como incentivava que outros fabricantes
investissem no Brasil. Com a pressão de alguns investidores e fabricantes de aerogeradores
essa regra dos 60% foi amenizada algum tempo depois, possibilitando a entrada de
aerogeradores importados. O BNDES foi o grande financiador da maioria dos projetos do
PROINFA, chegando a financiar até 80% do total dos projetos. Até o presente momento de
um total de 1.442 MW de PPAs, 961 MW já foram instalados e já estão em operação, com a
previsão de alcançar a marca de 1.030 MW ao fim de 2010.

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Após um intenso lobbying de desenvolvedores nacionais de projetos de energia eólica
e da ABEEolica o Brasil finalmente teve seu primeiro leilão de energia para fontes eólicas
ocorrido em 14 de dezembro de 2009. Esse leilão ocorre ao inverso dos normais, com um
preço teto, onde vence quem consegue vender a energia pelo menor preço, garantindo assim
um PPA de 20 anos com a Eletrobrás. O Leilão confirmou as expectativas do MME em
relação à quantidade de energia elétrica contratada e aos preços de venda. O resultado final
possibilitou a contratação de 753 lotes de 71 empreendimentos de fornecimento de energia,
acrescendo ao sistema interligado nacional (SNI) 1.805,7 MW de potência, que devem
demandar investimentos de R$ 9,4 bilhões.

Com a realização do leilão, o governo dá mais um passo para aumentar a participação


na matriz energética brasileira de uma nova fonte de energia alternativa, que não emite CO2 e
é abundante no país, em conformidade com a política setorial de incentivo às fontes
alternativas. Restrições ao acesso de aerogeradores importados foram implementadas para o
leilão: apenas aerogeradores com potência acima de 1.5 MW podem ser importados e ainda
assim pagando-se 14% de imposto de importação, o que promove o incentivo aos
investimentos no Brasil, e vantagens aos fabricantes locais. Em decorrência dessa política a
GE construirá uma fábrica de aerogeradores.

Os contratos negociados totalizaram R$ 19,6 bilhões ao longo de 20 anos ao preço


médio de venda de R$ 148,39/MWh, resultando em um deságio de 21,49%. Os preços finais
indicaram a existência de competição. O menor preço ofertado de R$ 131,00/MWh
corresponde a um decremento de 30,69% em relação o preço inicial de R$ 189,00/MWh. Das
usinas contratadas, 23 encontram-se no estado do Rio Grande do Norte (657 MW), 21 no
Ceará (542,7 MW), 18 na Bahia (390 MW), 8 no Rio Grande do Sul (186 MW) e 1 no
Sergipe (30 MW).

3.3 Demanda de fornecimento de energia elétrica através de parques eólicos


e o suprimento de aerogeradores

Até maio de 2010 havia no Brasil uma potência total instalada em parques eólicos de
cerca de 990 MW (Projetos anteriores e posteriores ao PROINFA). Ao fim de 2010, esse
número poderá chegará a 1.060 MW, e aproximadamente 400 MW em projetos

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remanescentes do PROINFA não tem destino certo. Considerando uma regularidade nos
leilões de energias alternativas, conservadoramente pode-se esperar que o Brasil possa instalar
500 MW/ano, e incrementando esse valor pouco a pouco, até chegar a 1 GW/ano em 2018, e
dessa forma chegar a potência acumulada instalada em parques eólicos de aproximadamente
7,9 GW representando 4,6% da matriz energética brasileira em 2020.

O suprimento dos aerogeradores será feito localmente pelas empresas Wobben


Windpower, IMPSA e GE, além dos aerogeradores importados.

3.4 Estrutura da indústria e investidores

O desenvolvimento de projetos de parques eólicos tem, até agora, sido, de uma


maneira justa, compartilhado entre investidores locais e estrangeiros. A SIIF Energies,
juntamente ao Grupo Industrial IMPSA e o Grupo Industrial Servtec estão dentre os líderes do
mercado de venda de energia elétrica, através da energia eólica. No lado da indústria, dos
fabricantes, a Wobben liderava o mercado até então, porém no fim de 2009 a SUZLON tomou
a dianteira. A Argentina IMPSA está em terceira colocada, seguida da VESTAS.

4. ENERGIA SOLAR NO BRASIL

4.1 Histórico do efeito fotovoltaico

O efeito fotovoltaico, que é a base da geração direta de eletricidade a partir da energia solar, é
conhecido desde 1839 através dos estudos realizados por Edmund Becquerel. Naquele ano,
Becquerel demonstrou a possibilidade de conversão da radiação luminosa em energia elétrica,
mediante a incidência de luz em um eletrodo mergulhado em uma solução de eletrólito. Em
1873, Willoughby Smith descobriu a fotocondutividade do selênio. Em 1887, na Inglaterra,
W.G. Adams e R.E. Day observaram que a exposição do selênio à radiação produzia uma
corrente elétrica [3]. Charles Fritz descreveu, em 1883, a primeira célula produzida a partir de
pastilhas de selênio, com eficiência de conversão de energia solar em elétrica em torno de 1%
[4].

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No século passado se deram os maiores avanços da tecnologia fotovoltaica. Em 1918,
Czoschralski desenvolveu um monocristal a partir do silício fundido. Na década de 30, os
trabalhos de diversos pioneiros da física, como Lenge, Grondahl e Schotky, apresentaram
importantes contribuições para se obter uma clara compreensão do efeito fotovoltaico em
junção de estado sólido com óxido cuproso e selênio. Já na década de 40, mais precisamente
em 1941, Ohl obteve a primeira célula de silício monocristalino. Somente em 1945 é que
surgiu a célula de silício com características semelhantes às encontradas hoje, desenvolvidas a
partir de trabalhos realizados nos "Laboratórios da Bell Telephone" pelos pesquisadores
Pearson, Fuller e Chapin, e com eficiência de cerca de 6%. Em 1949, Billing e Plessnar
pesquisaram sobre a eficiência de células de silício cristalino, ao mesmo tempo Shokley
divulgou a teoria da junção PN[3].

A partir da década de 50, foi desenvolvido pela primeira vez um processo de purificação de
monocristais de silício, que vinha sendo estudado desde o fim da década de 40. Este processo,
conhecido como processo Czochralski, é largamente utilizado até hoje. No ano de 1958,
começou a utilização de células fotovoltaicas nos programas espaciais; esta aplicação teve
tanto sucesso que se utiliza até hoje.

Entre os anos de 1961 e 1971 não foi observado qualquer progresso na tecnologia das células.
Nesse período, os esforços foram concentrados na redução de peso e custos das células, bem
como, na melhoria da resistência das células à radiação existente no espaço. Em 1972, foi
anunciado o desenvolvimento da "célula violeta", com 15,2% de rendimento. Esse aumento
de rendimento atribuiu-se à melhora na resposta da célula na região azul do espectro, à
diminuição da resistência interna e ao aumento do processo de coleta dos portadores na célula.
A geração fotovoltaica de energia recebeu um grande impulso com a crise mundial de energia
de 1973/1974. A partir do fim da década de 70, a produção de células solares para uso
terrestre superou a produção para equipamentos espaciais, em aplicações como bombeamento
de água, irrigação, estações isoladas residenciais e telecomunicações [3]. Esta tendência
crescente vem sendo acompanhada, até os dias atuais, por inovações como o aumento da
eficiência das células de silício bem como uma significante redução nos custos de produção
dos módulos fotovoltaicos.

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4.2 A radiação solar

A composição química do Sol, é basicamente de 85% de hidrogênio, 14,8% de Hélio e 0,2%


de outros elementos [5].

A fonte de energia solar permaneceu como um enigma durante muito tempo. Embora várias
hipóteses tenham sido formuladas, nenhuma conseguia explicar de forma satisfatória como o
Sol era capaz de liberar tanta energia durante tanto tempo. Hoje em dia é aceita a hipótese de
que esta energia provém da fusão de núcleos atômicos. O processo mais freqüente é a
transformação de quatro núcleos do isótopo mais comum de hidrogênio (H1) em um núcleo do
isótopo mais comum do hélio (He4). Ocorre, portanto, a transformação de quatro prótons em
uma partícula α de hélio constituída por dois prótons e dois nêutrons. A massa da partícula
ké menor que a dos quatro prótons de hidrogênio de origem e a energia correspondente a esta
diferença de massa (∆m) é mostrada pela equação 2.1 divulgada pelo físico alemão Albert
Einstein (1879-1955).

∆E = ∆m. ⋅ c'2 (4.1)

Onde ∆E é a energia proveniente da transformação de hidrogênio em hélio e c’ é a velocidade


da luz no vácuo (3 x 108 m/s).

Essa energia proveniente da transformação de hidrogênio em hélio torna-se, em parte,


radiação eletromagnética, também chamada de radiação solar, que se propaga a uma
velocidade de 3 x 108 m/s até chegar à atmosfera, podendo-se observar aspectos ondulatórios
e corpusculares [5].

A massa de ar, AM, é definida como sendo a massa de ar compreendida entre o caminho
percorrido pela radiação solar desde a incidência na atmosfera até atingir a superfície terrestre
como mostra a figura 4.1. Matematicamente, a massa de ar é definida da seguinte forma: AM
= 1 / cos θz , onde θz é a distância angular entre o feixe solar e a vertical no local de
incidência.

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Figura 4.1: Massa de ar que um feixe de radiação atravessa ao incidir na superfície terrestre
com um ângulo θz [6].

Quando o Sol está no zênite do local, o caminho ótico percorrido pela radiação dentro da
atmosfera terrestre é igual à unidade, ou seja, AM 1,0 (AM igual a 1,0 não é sinônimo de
meio dia terrestre, pois o Sol, ao meio dia, não está necessariamente no zênite local). À
medida que cresce o ângulo entre o feixe solar e a vertical local (ângulo zenital - θz), aumenta
a massa de ar. Isto ocorre aproximadamente com a secante de θz, deste modo, ao atingir
aproximadamente 48º, a massa de ar é de 1,5 e com θz = 60º, a massa de ar chega a 2,0.

De toda a radiação solar que chega às camadas superiores da atmosfera, apenas uma fração
atinge a superfície terrestre devido à reflexão e à absorção dos raios solares pela atmosfera.

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Esta fração que atinge o solo é constituída por uma componente direta e por uma componente
difusa, que é obtida através dos raios espalhados pelas nuvens e pela própria atmosfera.

Notadamente, se a superfície receptora estiver inclinada com relação à horizontal, haverá uma
terceira componente refletida pela superfície. O coeficiente de reflexão destas superfícies é
denominado de “albedo”. Dessa forma, uma parte da radiação global na superfície terrestre é
refletida pela superfície.
A componente direta da radiação global e a posição relativa entre um plano qualquer situado
na superfície terrestre determina uma série de ângulos, que são:
A declinação, δ, é a posição angular do Sol, ao meio dia, em relação ao plano do equador.
Quando o Sol está ao norte do equador, a declinação é positiva, caso contrário, negativa. A
variação angular da declinação é -23,45º< δ < +23,45º.

A latitude, ø, é a distância angular medida sobre a superfície da Terra a partir do equador até
o ponto em questão. É considerada positiva no hemisfério norte e negativa no hemisfério sul.
A latitude situa-se entre –90º< ø < +90º.

A inclinação, β, de uma superfície é o ângulo entre o plano da superfície em questão e a


horizontal do local. A variação angular da inclinação é 0 < β < 180º.

O ângulo azimutal, γ, é a distância angular entre a projeção da normal ao plano horizontal e o


meridiano local. É igual a zero quando a superfície está voltada para o sul, negativa para leste
e positiva para oeste. A variação do ângulo azimutal é –180º< γ < +180º.

O ângulo de incidência, θ, é o ângulo entre o feixe da radiação direta que incide no plano e a
reta normal ao mesmo.

O ângulo zenital, θz, é o ângulo entre o feixe de radiação e a vertical do local. θz coincide
com θ quando o plano está na horizontal.

O ângulo horário, ω, é a distância angular entre o feixe solar e o meridiano local. ké
considerado negativo no período da manhã (Sol antes do meridiano local), e positivo no
período da tarde. Cada hora do dia corresponde a uma mudança de 15º em ω.

A altura solar, hs, é o ângulo entre a radiação direta e o plano horizontal. É numericamente
igual a 90º- θz [6].

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Em termos de comprimento de onda (λ), a radiação solar ocupa a faixa espectral de 0,1 µm a
5 µm tendo uma máxima densidade espectral em 0,5 µm, que é a luz verde. A figura 2.2
mostra comparativamente, os espectros de emissão de um corpo negro a 6.000 K, solar
extraterrestre, AM 0, e na superfície terrestre, com AM 1,5.

Figura 4.2: Distribuição espectral da radiação solar fora da atmosfera, AM 0 e na superfície


terrestre AM 1,5 com o espectro de emissão de um corpo negro a 6.000 K [7]

A energia solar incidente no meio material pode ser refletida, transmitida ou absorvida. A
parcela absorvida dá origem aos processos de fotoconversão e termoconversão.

A energia de qualquer tipo de radiação eletromagnética , como a luz, existe na forma de


porções discretas que são chamadas de quanta ou fótons. Pode-se então, caracterizar o
espectro solar pelas energias dos fótons. Segundo a equação 2.2, quanto menor for o
comprimento de onda, maior é a energia de um fóton (EF) e vice-versa.

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P ⋅ c'
EF = (4.2)
λ

Onde P representa a constante de Planck (6,6 x 10 –34 Js) [3].

Os fótons mais energéticos do espectro solar possuem cerca de 12,4 eV (0,1 µm), enquanto
que o pico de emissão está nos fótons com energia de 2,48 eV (0,5 µm).

As células fotovoltaicas de silício absorvem fótons com energia igual ou superior a 1,127 eV,
correspondendo a comprimentos de onda de até 1,1 m [7]. Portanto, fótons com comprimento
de onda superior a 1,1 µm não são capazes de transpor os elétrons da camada de valência para
a camada de condução e, assim, gerar eletricidade; apenas aquecem as células. Comparando
com a distribuição espectral da radiação solar, figura 2.2, verifica-se que as células solares
mais comuns não são capazes de absorver cerca de 30% da energia solar que incide sobre
elas, compreendida pela faixa espectral com o comprimento de onda maior que 1,1 µm.

4.3 O efeito fotovoltaico

O efeito fotovoltaico dá-se em materiais da natureza denominados semicondutores que se


caracterizam pela presença de uma banda de energia onde é permitida a presença de elétrons
(banda de valência) e de outra “vazia” (banda de condução).

Os semicondutores são formados por elementos pertencentes ao grupo IV da tabela periódica


e o mais usado é o silício. Seus átomos caracterizam-se por possuírem quatro elétrons na
banda de valência que se ligam aos átomos vizinhos, formando uma rede cristalina. Ao
adicionarem-se átomos que pertencem ao grupo V da tabela periódica com cinco elétrons de
ligação, como o fósforo, haverá um elétron em excesso que não poderá ser ligado à banda de
valência e que ficará "livre", fracamente ligado a seu átomo de origem. Isto faz com que, com
pouca energia, este elétron se libere, indo para a banda de condução. Diz-se, assim, que o
fósforo é um dopante doador de elétrons e denomina-se dopante N ou impureza N. A figura
4.3 ilustra um esquema simplificado de uma célula fotovoltaica (FV).

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Figura. 4.3: Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica [6]

Se, por outro lado, forem introduzidos átomos pertencentes ao grupo III da tabela periódica
com apenas três elétrons de ligação, como é o caso do boro, haverá falta de um elétron para
satisfazer as ligações com os átomos de silício da rede. Esta falta de elétron é denominada
lacuna e com pouca energia, um elétron de um local vizinho pode passar a essa posição. Diz-
se, portanto, que o boro é um aceitador de elétrons ou um dopante P.

Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade e de
fósforo na outra, será formado o que se chama junção PN. O que ocorre nessa junção é que
elétrons livres do lado N passam ao lado P onde encontram as lacunas que os capturam. Isto
faz com que haja um acúmulo de elétrons no lado P, tornando-o negativamente carregado e
uma redução de elétrons do lado N, que o torna eletricamente positivo. Essas cargas
aprisionadas dão origem a um campo elétrico permanente, também chamado de banda
proibida, que dificulta a passagem de mais elétrons do lado N para o lado P; o processo
alcança um equilíbrio quando o campo elétrico forma uma barreira capaz de barrar os elétrons
livres remanescentes no lado N. Este mesmo fenômeno acontece com os diodos quando se
forma a camada de depleção.

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Se uma junção PN for exposta a fótons com energia maior que a da banda proibida, ocorrerá a
geração de pares elétrons-lacuna; se isto acontecer na região onde o campo elétrico é diferente
de zero, as cargas serão aceleradas, gerando assim, uma corrente através da junção; esse
deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial nas extremidades do “bloco”
de silício à qual chama-se de Efeito Fotovoltaico. Se as duas extremidades forem conectadas
externamente por um fio, haverá uma circulação de elétrons. Para cada elétron que deixa a
célula fotovoltaica há um outro que retorna da carga para substituí-lo.

Além disso, muitos fótons que são absorvidos disponibilizam energias maiores do que o
necessário para criar um par elétron-lacuna. O excesso de energia absorvida pelos elétrons da
célula fotovoltaica é convertido em calor. Por estas razões a eficiência máxima da célula de
silício alcançada em laboratório é em torno de 27% [6].

4.4 Medições de radiação solar

Os principais fatores que influenciam nas características elétricas de um módulo fotovoltaico


são a radiação solar e a temperatura da célula, que se consegue obter através da análise da
temperatura ambiente. Com um histórico dessas medições, pode-se instalar de sistemas
fotovoltaicos em uma determinada região com um máximo aproveitamento ao longo do ano,
apesar das variações da intensidade de radiação solar e temperatura.

Os instrumentos solarimétricos medem a potência incidente por unidade de superfície. São


detectados comprimentos de onda entre 0,3 e 0,4 µm, parte da região do ultravioleta, 0,4 a 0,7
µm, região visível, e de 0,7 a 5 µm, região do infravermelho. O sensor mais comum para
medir a radiação solar global é o piranômetro. Existem basicamente dois tipos utilizados que
são os piranômetros termoelétricos e os piranômetros fotovoltaicos.

O piranômetro termoelétrico usa um sensor termopar que, através da diferença de temperatura


entre duas superfícies, uma pintada de preto e outra pintada de branco igualmente iluminadas,
provoca uma diferença de potencial que mostra o valor instantâneo da radiação solar.

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Um outro modelo é o piranômetro fotovoltaico, que utiliza uma célula fotovoltaica de silício
monocristalino que, ao ser iluminada, gera uma corrente elétrica devido a fótons com energia
suficiente para serem absorvidos efeito fotovoltaico. Esta corrente, na condição de curto-
circuito, é proporcional à intensidade da radiação solar incidente.

4.5 Visão geral dos sistemas fotovoltaicos no Brasil

De acordo com CONPET (2010) o Brasil tem um potencial estimado de capacidade de


produção de energia elétrica através da energia solar de 15 trilhões de MWh, porém, essa
fonte ainda não faz parte da matriz energética brasileira. Abre-se a possibilidade de um grande
mercado a ser explorado ao passo que o sistema de fornecimento de energia atual aproxima-se
de seu limite de produção. Situação essa devido à dificuldade em obter licenças ambientais
para a construção de novas usinas.
Até mesmo Londres, cidade famosa também pelo seu mau tempo, tem um projeto em que
utiliza a energia solar para iluminar as paradas de ônibus por meio de baterias solares em
cerca de 7 mil pontos.
O Governo Federal brasileiro estabeleceu o Programa de Desenvolvimento Energético
de Estados e Municípios (PRODEEM) através de um Decreto Presidencial de dezembro de
1994. O objetivo do PRODEEM é promover o suprimento de energia às comunidades rurais de
baixa renda localizadas distantes da rede elétrica convencional. Na Tabela 1 há um demonstrativo de
aquisição de sistemas fotovoltaicos do PRODEEM, de 1995 à 2002.

Tabela 1 - Demonstrativo de aquisição de sistemas fotovoltaicos PRODEEM, de 1995 a 2002.

* Energéticos e iluminação pública, incluindo módulos, baterias, controladores de carga, inversores e estruturas
de módulos;

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** Bombeamento, incluindo módulos, inversores, controladores de carga, motobombas e estruturas de módulos.
(Fonte: Carvalho, P., 2007).

De acordo com Carvalho (2007), o Brasil possui apoios (nacionais e internacionais) no


mercado fotovoltaico ainda muito discretos. Mesmo possuindo um dos maiores programas no
setor (PRODEEM), a falta de manutenção dos sistemas, a má qualificação técnica dos agentes
regionais e a mínima participação dos usuários, atrapalha a expansão de um mercado mais
firme, atrasando a continuidade dos programas implementados. Portanto, o governo Brasileiro
ainda tem que trabalhar muito para desenvolver um mercado sustentável.

4.6 Possibilidades de uso da energia solar

4.6.1 Sistemas autônomos

Os sistemas autônomos constituíram o primeiro campo de operação econômica da


tecnologia fotovoltaica. Observa-se a aplicação deste tipo de sistemas, onde o fornecimento
de energia através da rede pública de distribuição de energia elétrica não existe por razões
técnicas e/ou econômicas. Nestes casos, os sistemas fotovoltaicos autônomos podem
constituir alternativas com uma vertente econômica e social de elevado interesse.

Nesse contexto, observamos que é uma grande alternativa para o Brasil utilizar
sistemas autônomos de energia fotovoltaica, já que ainda temos milhões de pessoas sem
acesso à rede elétrica convencional, e analogicamente há um grande potencial para a
implementação dos sistemas autônomos nos países em vias de desenvolvimento, onde se
encontram grandes áreas que permanecem sem fornecimento de energia elétrica. As
sucessivas evoluções tecnológicas e a diminuição dos custos de produção nos países
industrializados, poderão também contribuir para a generalização deste tipo de aplicação.

No campo das pequenas aplicações solares de fornecimento de energia elétrica,


também podemos observar consideráveis avanços: calculadoras eletrônicas, relógios,
carregadores de pilhas, lanternas e rádios, são alguns dos exemplos conhecidos do uso bem
sucedido das células solares em sistemas autônomos de reduzida dimensão (GREENPRO,
2004).

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4.6.2 Sistemas ligados à rede

No caso dos sistemas com ligação à rede, a rede pública de distribuição de eletricidade
opera como um acumulador de energia elétrica. A Alemanha é um exemplo de país onde a
maioria dos sistemas fotovoltaicos encontram-se ligados à rede. Nestes sistemas, a totalidade
da energia produzida é injetada na rede pública de distribuição de energia elétrica, como
resultado da receita adicional que é conseguida pelo maior valor que é pago, por cada unidade
de energia elétrica produzida por sistemas fotovoltaicos. Na Alemanha, há previsões no
sentido de que, no ano 2050, os sistemas fotovoltaicos possam ser responsáveis por uma fatia
significativa da energia elétrica fornecida, cerca de um terço (GREENPRO, 2004).

4.7 Exemplos de sistemas fotovoltaicos utilizados no Brasil

Além do PROEEDEM, existem hoje no Brasil vários projetos a nível governamental


(Programa Luz para Todos) e privado.

De acordo com MME (2010), a eletricidade era um sonho para as 2 milhões de


famílias identificadas pelo Censo 2000 do IBGE, que começou a virar realidade quando o
Governo Federal, em novembro de 2003, lançou o Programa Luz para Todos, que andou em
paralelo ao PROEEDEM. Pela primeira vez, no Brasil, o acesso à energia elétrica chegou a 10
milhões de camponeses sem nenhum custo de instalação ao beneficiado, no fim de maio de
2009.

Esses projetos, notadamente o PROEEDEM, englobam diversos aspectos da utilização


da energia solar como na eletrificação rural, no bombeamento de água e também em sistemas
híbridos. A seguir serão apresentados alguns dos sistemas instalados no Brasil mostrando suas
características e as populações beneficiadas.

4.7.1 Sistema de eletrificação residencial do Programa luz para todos

O exemplo mostrado na figura 3 utiliza sistemas fotovoltaicos individuais, para o


fornecimento de energia na comunidade São Francisco de Aiucá, no município amazonense

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de Uarini. A disponibilidade mensal do sistema é de 13 kWh. O custo com esse tipo de
energia é relativamente baixo, ficando por R$ 15,00 ao mês, por sistema individual
(manutenção e troca de baterias), mais uma adesão de R$ 150,00 por domicílio. A
administração é feita pela associação de moradores. Na sua proposta original, 19 domicílios
seriam contemplados com energia elétrica, mas no total foram atendidos 23 (MME, 2010).

Além de se levar energia elétrica às residências, o projeto substituiu os combustíveis,


eliminando os resíduos queimados, anteriormente utilizados para a iluminação.

Figura 4.4 - Sistema fotovoltaico de São Francisco de Auicá-AM

4.7.2 Sistema híbrido (solar-eólico-diesel)

Na figura 4 temos um sistema híbrido com 3 diferentes fontes de energia: a solar, com
162 módulos fotovoltaicos; a eólica, com três aerogeradores; um grupo gerador a diesel e um
banco com 120 baterias, que armazenam energia para o suprimentos das cargas, por um
período médio de 10h sem gerações eólica e solar. A potência instalada do sistema é de 40
kW, atendendo as 89 casas da comunidade, apresentando um consumo de 9 kW, gastos pelas
residências e iluminação pública (MME, 2010).

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Figura 2.5 - Sistema híbrido, na comunidade da Ilha de lençóis, município de Cururupu-MA

5. TRANSMISSÃO DE DADOS EM PLANTAS DE ENERGIA


ALTERNATIVA

5.1 Tecnologia GSM – 2G

O GSM (Sistema Global para Comunicação Móvel) foi concretizado e teve sua
especificação reescrita pela ETSI. Caracterizou-se como um meio de acesso TDMA para
sistemas de comunicação para dispositivos móveis com uma arquitetura aberta com
transmissão inicialmente definida sobre o espectro de 900 MHz (Lopes, 2008).

A tecnologia GSM se utiliza das duas tecnologias TDMA e o FDMA. A tecnologia


FDMA faz uma divisão dos 25 Mhz do espectro totalizando 124 canais de 200 KHz com
uma capacidade nominal de 270 Kbps de banda disponível, que é dividida para dados e voz.
Cada um destes canais é atribuído a ERB, sendo este dividido em slots de tempo usando agora
a tecnologia TDMA em timeslots, Cada conexão utiliza dois timeslots uma para
transmissão (TX) e outro para a recepção (RX) onde este modelo é conhecido de full rate,
onde existe a sua antecessora conhecida como half rate, mas de qualidade bem inferior devido
a atrasos que o modelo injeta na comunicação. (Lopes, 2008).

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5.2 Comparação econômica entre a tecnologia GSM e os protocolos TCP/IP

GSM é uma tecnologia desenvolvida para a telefonia móvel que pode também ser
utilizada para transmissão de dados. Sua velocidade máxima de transmissão de dados é de 270
Kbps o que é relativamente baixa comparada aos modernos sistemas de comunicação
existentes, um exemplo é a tecnologia 3G. Com o 3G a velocidade pode aumentar para até 7,2
Mbps dependendo da rede disponível. Do ponto de vista econômico, o GSM pode ser uma
boa opção quando a quantidade de banda passante exigida (demanda) for pequena. Outra
vantagem da tecnologia GSM é a facilidade de transmissão de dados (Protocolo AT).

Já os protocolos TCP/IP TCP - são os mais indicados para uma rede que possua um
alto grau de tráfego de dados por isso seu custo é maior do que do que uma rede GSM. A
velocidade de transmissão de dados dos TCP/IP pode ser acima de 1 Gbps.

Dependendo da aplicação, a rede GSM é uma ótima opção. Podemos citar um


exemplo de um parque eólico instalado em um local remoto distante de centros urbanos onde
não temos disponíveis redes TCP/IP. Para disponibilizar toda uma infra-estrutura de
comunicação sob o protocolo TCP/IP a uma distância de aproximadamente 70 Km de um
provedor de internet teríamos que desembolsar uma quantia aproximada de R$ 250.000,00.
(Aquisição de equipamentos de transmissão sem fio, montagem de torres metálicas para
repetição de sinal, servidores). Uma opção um pouco mais barata inicialmente é a transmissão
por satélites, porém os preços praticados nas mensalidades podem deixar esta opção uma das
mais caras no final das contas.

O investimento para aquisição de modem GSM,o cartão SIM Card, o cabo e a antena
não ultrapassaria os R$ 3.000,00 Assim, verificamos através dessa comparação, que para a
supervisão e monitoramento remoto para áreas sem infra-estrutura adequada, usar GSM é a
melhor e a opção mais econômica.

Todos os valores citados foram embasados em orçamentos realizados em empresas do


ramo de telecomunicação de Natal-RN, no ano de 2009.

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5.3 A tecnologia GPRS

A Rede GPRS é um serviço que não está baseado sobre um sistema de voz
permitindo assim o envio e recepção de informações usando como meio a rede de telefonia
móvel. Esta nova tecnologia deriva de sua antecessora conhecida como CSD e SMS.

Com a tecnologia GSM/GPRS e EDGE, muitas empresas aumentam a eficiência e


confiabilidade de seus processos onde mais e mais segmentos de negócios se abrem perante
àquelas tecnologias, cada um com seu lugar especial na demanda por comunicação
GSM.A rede GPRS permite a funcionalidade completa dos principais recursos de redes
TCP/IP no que se refere à Internet Móvel, isso se dá por disponibilizar interoperabilidade
entre a Internet existente e, as novas redes GPRS. Qualquer serviço atualmente utilizado na
Internet, tais como, FTP, navegação na Web, chat, email, telnet, conexões TCP e UDP estão
disponíveis neste modelo de rede móvel tornando assim a tecnologia uma provedora de
soluções para internet. Uma observação importante é notar que a rede GPRS não é um
serviço projetado apenas para ser utilizado em redes móveis baseadas no padrão GSM, o
padrão IS-136 TDMA, popular nas Américas do Norte e do Sul, também suporta GPRS.
(Lopes, 2008).

A taxa de transferência teórica desta tecnologia é de até 17,2 kbps (kilobits por
segundo) fazendo uso de toda a sua capacidade com os oito timeslots ao mesmo tempo.
Sendo assim a tecnologia GPRS é aproximadamente dez vezes mais rápida do que suas
antecessoras e em muitos casos mais rápida inclusive que as tecnologias de telefonia
fixa.Uma das principais características das redes GPRS é ao invés de dedicar um canal de
rádio para cada usuário dentro de uma janela de tempo, o recurso de cada canal é
compartilhado concorrentemente entre múltiplos usuários ao mesmo tempo. Esse uso eficiente
dos recursos de rádio garante um grande número de usuários usando o mesmo canal da
rede de rádio ao mesmo tempo, fazendo com que seja potencializado o
compartilhamento da mesma largura de banda que são servidos de uma única célula.
(Lopes, 2008).

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A comunicação usando a rede de dados GPRS é feita de forma instantânea após o
processo de conexão com a rede celular, sempre tendo em vista que para o seu perfeito
funcionamento existe a necessidade de disponibilidade de cobertura de RF.

Na figura 5 está a demonstração de exemplo de tráfego na rede GPRS.

Figura 3 - Trafego na rede GPRS (Lopes, 2008).

5.4 OPC (OLE for process control)

5.4.1 A necessidade de um protocolo padrão

Tipicamente existem inúmeros sistemas nas áreas de produção industrial, incluindo


sistemas SCADA/IHM’s, SDCD’s, LIMS, MES além dos sistemas de manutenção e de
supervisão. Muitos destes sistemas tendem a serem aplicações isoladas umas das outras, ou
em alguns casos, como os sistemas de supervisão, possuem algum tipo de interface, mas no

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geral existe uma pequena integração entre eles. Décadas de protocolos de comunicação
proprietários resultaram em sistemas desconexos dentro do próprio chão de fábrica. Ao
expandir um sistema, tradicionalmente o usuário toma o caminho mais fácil e acaba
agregando ferramentas do mesmo fornecedor inicial, mesmo que outro fornecedor possua
soluções mais interessantes para sua necessidade. Somente assim se tem a garantia de total
compatibilidade e possibilidade de troca de dados entre o sistema antigo e o novo (Puda,
2008).

Já no ambiente corporativo existem vários outros programas que preenchem


necessidades específicas como planejamento de produção, gerenciamento de custos,
contabilidade, entre outros. Estes programas podem ser fornecidos por um único fabricante ou
então adquiridos separadamente. No entanto, de um modo geral, estes programas tendem a
possuir uma maior integração do que a existente nas áreas de produção.

Devido a aspectos culturais e de negócios da organização, as pessoas e sistemas


envolvidos nestas áreas, corporativa e fabril, frequentemente têm pouca interação, criando
uma lacuna de comunicação. Como resultado desta lacuna as informações se tornam
indisponíveis através da organização. Porém, em um ambiente competitivo como o vivido
atualmente, as informações tornaram-se essenciais, uma espécie de vantagem estratégica: sai
na frente a organização que melhor conhece a si mesma e a seus clientes.

As tecnologias do padrão OPC permitem a integração dos dados de toda a empresa,


sejam provenientes do chão de fábrica ou dos setores corporativos. Sendo um padrão aberto, o
OPC separa os sistemas das dificuldades de comunicação, criando uma camada única e
padronizada que permite a fácil integração de diversos sistemas, desde um simples
instrumento de campo até os sistemas de ERP e de Gestão Corporativa.

Quando levamos essa questão para o ramo da supervisão e monitoramento de plantas


de energias alternativas, as mesmas dificuldades de comunicação surgem. Os diversos
investidores no ramo de fornecimento de energia possuem produtos de vários fornecedores,
que por sua vez têm os seus próprios sistemas SCADA. Estrategicamente falando, para os
acionistas dessas empresas, os dados de seus investimentos precisam estar facilmente
disponíveis, e padronizados nos moldes da empresa. Manter a supervisão de tantos sistemas
diferentes seria algo não muito eficiente. Portanto, todos os dados de todas as plantas
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precisam estar disponíveis numa mesma plataforma para: aumentar a eficiência da
operacionalidade da supervisão e monitoramento, aumentar a confiabilidade e segurança das
informações adquiridas/transmitidas e a segurança na execução de comandos realizados
remotamente. Por sua vez, as concessionárias de energia, ou agências reguladoras que
monitoram ou muitas vezes operam plantas de energias alternativas viam-se num emaranhado
de telas e comandos diferentes para cada tipo de usina, dificultando imensamente a realização
de suas responsabilidades básicas, a supervisão e controle das plantas de energia. Com a
implementação da tecnologia OPC interligando todos os diferentes tipos de SCADA todos
esses problemas passam a não mais existir. As figuras 6 e 7 ilustram a falta de conectividade
entre sistemas distintos e a interoperabilidade conseguida através do uso do OPC,
respectivamente. Na figura 8 um exemplo de supervisório SCADA de um parque eólico, que
comunica-se através do OPC.

Figura 4 - Falta de conectividade de diferentes sistemas

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Figura 5 – Interoperabilidade conseguida através da interface OPC.

Figura 6 - Exemplo de sistema supervisório desenvolvido a partir da implementação do OPC em um


parque eólico do Brasil.

5.4.2 O Padrão OPC

O OPC é um padrão de comunicação aberto, que tem por principal objetivo permitir a
interoperabilidade vertical entre sistemas dentro de uma organização. A primeira versão
funcional do OPC foi desenvolvida por volta de 1996, resultado do trabalho conjunto entre
fornecedores de sistemas para automação industrial. Deste esforço conjunto surgiu a OPC
Foundation, organização que define os padrões do OPC e que busca constantemente sua
melhoria e evolução. Desde seu surgimento, há mais de 10 anos, novas especificações são
elaboradas com o objetivo de agregar mais funcionalidades ao padrão OPC.

O OPC é baseado nas tecnologias Microsoft OLE COM e DCOM. O OPC é um


conjunto comum de interfaces, métodos e propriedades de comunicação, agregados dentro de
uma especificação padronizada e aberta para acesso público. Teoricamente qualquer pessoa
com conhecimentos de programação pode desenvolver seus aplicativos OPC, basta acessar as

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especificações contidas na página da OPC Foundation e desenvolver uma interface
compatível.

Para ficar mais claro o que é o OPC podemos fazer uma analogia com um driver
comum de impressora. Na época do MS-DOS, o desenvolvedor de um programa como um
editor de textos precisava desenvolver um driver de comunicação para cada uma das
impressoras existentes no mercado: um para a Epson-FX, um para a HP LaserJet, entre outras
impressoras. No mercado de automação industrial isso fica evidente até hoje. Se tomarmos
como exemplo um programa de supervisão, veremos que ele tem seus próprios drivers para
cada um dos CLP´s existentes no mercado. No entanto estes drivers não podem ser utilizados
em outro programa de supervisão: este outro deve possuir seus próprios drivers, para os
mesmos CLP´s.

O Windows resolveu o problema dos drivers de impressoras ao incluir o suporte para


impressão no próprio sistema operacional. A partir de então a impressora deveria possuir
somente um driver para Windows, e não mais para cada um dos aplicativos utilizados. Este
fato possibilitou uma redução de custos considerável para as empresas de programa, que
agora podiam manter o foco realmente no que interessa, ou seja, em sua solução.

Ao basear o OPC na tecnologia OLE, nativa do Windows, este mesmo benefício


chegou à área industrial. Com o surgimento do OPC os desenvolvedores de sistemas de
automação podem escrever servidores OPC para seus equipamentos, e os demais programas
(como os supervisórios) passam a ser clientes OPC. Desaparece a necessidade de se
desenvolver inúmeros drivers de comunicação.

Enquanto o OPC permitiu aos fornecedores de automação reduzir seus custos de


conectividade e assim manter o foco nas funcionalidades de sua solução, para os clientes o
benefício é a flexibilidade. Agora o usuário poder escolher seus programas com base nas
funcionalidades, e não mais ficar dependente da dúvida “Este supervisório tem driver para
meu equipamento?”.

5.4.3 A arquitetura cliente-servidor do OPC

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O funcionamento do OPC é baseado na tradicional arquitetura cliente-servidor. A
figura 9 representa esta arquitetura.

Figura 7 - Arquitetura cliente-servidor do OPC.

O funcionamento desta solução é simples: um ou mais servidores fornecem dados para


uma ou mais aplicações cliente.Para melhor entender esta arquitetura tome-se como exemplo
um cliente em um bar. O cliente solicita uma bebida ao garçom, que atende a esta solicitação
e lhe serve uma bebida. O OPC funciona de maneira semelhante: uma aplicação cliente (como
um programa de supervisão) solicita um dado ao servidor OPC, que lhe atende e retorna com
o dado solicitado.

O interessante do OPC é que uma aplicação cliente pode solicitar dados a um ou mais
servidores OPC, e o inverso também é verdadeiro, um servidor OPC pode transferir dados a
um ou mais clientes OPC. Portanto fica claro que o OPC possibilita uma variedade enorme de
comunicações, basta que os aplicativos sejam compatíveis com OPC.

É importante ressaltar que o OPC não elimina o protocolo proprietário nativo do CLP
ou equipamento de campo. O que acontece é que o servidor OPC “traduz” este protocolo
proprietário para o padrão OPC. Portanto é necessário o desenvolvimento de um servidor
OPC específico para cada um dos diferentes protocolos de comunicação existentes.

Algumas empresas como a canadense Matrikon OPC se especializaram neste


desenvolvimento, escrevendo servidores OPC há muitos anos e possuindo em seu portfólio
soluções para a grande maioria dos sistemas de automação conhecidos.

5.5 Comunicação serial RS-232

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RS é uma abreviação de Recommended Standard. Ela relata uma padronização de uma
interface comum para comunicação de dados entre equipamentos, criada no início dos anos
60, por um comitê conhecido atualmente como Electronic Industries Association (EIA).
Naquele tempo, a comunicação de dados compreendia a troca de dados digitais entre um
computador central (mainframe) e terminais de computador remotos, ou entre dois terminais
sem o envolvimento do computador. Estes dispositivos poderiam ser conectados através de
linha telefônica, e consequentemente necessitavam um modem em cada lado para fazer a
decodificação dos sinais. Dessas idéias nasceu o padrão RS232. Ele especifica as tensões,
temporizações e funções dos sinais, um protocolo para troca de informações, e as conexões
mecânicas (Canzian, 2009).

Há mais de 30 anos desde que essa padronização foi desenvolvida, a EIA publicou três
modificações. A mais recente, EIA232E, foi introduzida em 1991. Ao lado da mudança de
nome de RS232 para EIA232, algumas linhas de sinais foram renomeadas e várias linhas
novas foram definidas.

Embora tenha sofrido poucas alterações, muitos fabricantes adotaram diversas


soluções mais simplificadas que tornaram impossível a simplificação da padronização
proposta. As maiores dificuldades encontradas pelos usuários na utilização da interface
RS232 incluem pelo menos um dos seguintes fatores:

• A ausência ou conexão errada de sinais de controle, resultam em estouro do buffer


(overflow) ou travamento da comunicação.
• Função incorreta de comunicação para o cabo em uso, resultam em inversão das linhas de
Transmissão e Recepção, bem como a inversão de uma ou mais linhas de controle
(handshaking).

O equipamento que faz o processamento dos sinais é chamado DTE – usualmente um


computador ou terminal, tem um conector DB25 macho, e utiliza 22 dos 25 pinos disponíveis
para sinais ou terra. O equipamento que faz a conexão (normalmente uma interface com a
linha telefônica) é denominado de DCE – usualmente um modem, tem um conector DB25
fêmea, e utiliza os mesmos 22 pinos disponíveis para sinais e terra. Um cabo de conexão entre
dispositivos DTE e DCE contém ligações em paralelo, não necessitando mudanças na

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conexão de pinos. Se todos os dispositivos seguissem essa norma, todos os cabos seriam
idênticos, e não haveria chances de haver conexões incorretas. As figuras 10 e 11 apresentam
as interligações entre os dispositivos DTE e DCE em conexões locais e remotas.

Figura 8 - Conexão local DTE –> DCE.

Figura 9 - Conexão remota Local DTE -> Remota DTE.

Na figura 12 é apresentada a definição dos sinais para um dispositivo DTE


(usualmente um micro PC). Os sinais mais comuns são apresentados em negrito. A
nomenclatura equivalente em português está disponível na tabela 2.

Na figura 13 é apresentada a definição dos sinais para um dispositivo DCE


(usualmente um modem). Os sinais mais comuns são apresentados em negrito. A
nomenclatura equivalente em português está disponível na tabela 2.

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Figura 10 - Função dos pinos - DB25 e DB9 Figura 11 - Função dos pinos - DB25 e DB9
machos. fêmeas.

Diversos sinais são necessários para conexões onde o dispositivo DCE é um modem, e
eles são utilizados apenas quando o protocolo de programa os emprega. Para dispositivos
DCE que não são modem, ou quando dois dispositivos DTE são conectados diretamente,
poucos sinais são necessários.

Deve-se notar que nas figuras apresentadas existe um segundo canal que inclui um
conjunto de sinais de controle duplicados. Este canal secundário fornece sinais de
gerenciamento do modem remoto, habilitando a mudança de taxa de transmissão durante a
comunicação, efetuando um pedido de retransmissão se erros de paridade forem detectados, e
outras funções de controle.

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Os sinais de temporização de transmissão e recepção são utilizados somente quando o
protocolo de transmissão utilizado for síncrono. Para protocolos assíncronos, padrão 8 bits, os
sinais de temporização externos são desnecessários. Os nomes dos sinais que implicam em
uma direção, como Transmit Data e Receive Data, são nomeados do ponto de vista dos
dispositivos DTE. Se a norma EIA232 for seguida à risca, estes sinais terão o mesmo nome e
o mesmo número de pino do lado do DCE. Infelizmente, isto não é feito na prática pela
maioria dos engenheiros, provavelmente porque em alguns casos torna-se difícil definir quem
é o DTE e quem é o DCE.

6. SUPERVISÓRIOS

6.1 A importância de sistemas de supervisão em plantas de energia


alternativa

Os sistemas supervisão, ou supervisórios, permitem que sejam monitoradas e


rastreadas informações de um processo produtivo ou instalação física. Tais informações são
coletadas através de equipamentos de aquisição de dados e, em seguida, manipuladas,
analisadas, armazenadas e posteriormente, apresentadas ao usuário. Estes sistemas também
são chamados de SCADA.

Os primeiros sistemas SCADA, basicamente telemétricos, permitiam informar


periodicamente o estado corrente do processo industrial, monitorando sinais representativos
de medidas e estados de dispositivos, através de um painel de lâmpadas e indicadores, sem
que houvesse qualquer interface que pudesse interagir com o operador.

Atualmente, os sistemas de automação industrial utilizam tecnologias de computação e


comunicação para automatizar a monitoração e controle dos processos industriais, efetuando
coleta de dados em ambientes complexos, eventualmente dispersos geograficamente, e a
respectiva apresentação de modo amigável para o operador, com recursos gráficos elaborados
(IHM) e conteúdo multimídia.

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Para permitir isso, os sistemas SCADA identificam os tags, que são todas as variáveis
numéricas ou alfanuméricas envolvidas na aplicação, podendo executar funções
computacionais (operações matemáticas, lógicas, com vetores ou strings) ou representar
pontos de entrada/saída de dados do processo que está sendo controlado. Neste caso,
correspondem às variáveis do processo real (ex: temperatura, nível, vazão), se comportando
como a ligação entre o controlador e o sistema. É com base nos valores das tags que os dados
coletados são apresentados ao usuário.

Os sistemas SCADA podem também verificar condições de alarmes, identificadas


quando o valor da tag ultrapassa uma faixa ou condição pré-estabelecida, sendo possível
programar a gravação de registros em bancos de dados, ativação de som, mensagem, mudança
de cores, envio de mensagens por pager, e-mail, celular.

As energias alternativas que vêm aumentando significativamente sua participação na


matriz energética mundial, eólica e solar, são fontes de energia complementares, e que,
portanto, não podem ser consideradas como fontes firmes, fixas.

De acordo com Davidson (2009), na tarde de 26 de fevereiro de 2008 o vento


“morreu” em uma área do oeste do Texas, afetando o fornecimento de energia de milhares de
aerogeradores. Durante um período de 3 horas a participação da energia eólio-elétrica na rede
de energia elétrica caiu 75%. Esses 1.500 MW que diminuíram do sistema – equivalentes a
potência de saída de 3 usinas térmicas à carvão, de tamanho médio – coincidiram com a hora
de pico no consumo. Às 18:30h a freqüência da rede das linhas de transmissão do estado
começou a cair, um ameaçador sinal de que o sistema estava se aproximando do colapso.

Felizmente, os administradores do sistema de energia tinham uma série de acordos


firmados com grandes consumidores industriais, permitindo-os cortar o fornecimento de
energia em troca de um consumo mais baixo. Então, dentro de 10 minutos, cerca de 1200 MW
de cargas foram retirados da rede, estabilizando o sistema. Foi como se o sistema de energia
elétrica do estado do Texas tivesse se desviado de uma bala. Esse episódio foi um aviso de
que nem toda a eletricidade é criada de forma igual, e que a energia limpa colhida da natureza
pode complicar o trabalho de manter as luzes ligadas.

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Vemos claramente que, inevitavelmente, não há porquê e nem como frear a tendência
de aumento da participação das fontes de energia alternativas na matriz energética mundial. À
parte isso, e o episódio no Texas citado acima, concluímos que os sistemas de transmissão de
energia devem tornar-se cada vez mais inteligentes e ágeis, de modo que não entrem em
colapso quando a velocidade do vento diminuir, ou quando o tempo ficar nublado. Nesse
contexto, os sistemas supervisórios são ferramentas essenciais para alcançar esse nível de
inteligência e automação no gerenciamento de plantas de energias alternativas.

6.2 Tipos de Sistemas Supervisórios

Atualmente, há praticamente duas maneiras de se comunicar remotamente usando um


sistema SCADA:

Sistema cliente-servidor: Imagine que é necessário visualizar e controlar uma planta


com a mesma confiabilidade e precisão do sistema SCADA local. Os SSC permitem
arquiteturas onde o servidor SCADA permite que clientes se conectem a ele e coletem dados e
informações de alarmes e históricos. O processamento dos dados do processo fica
centralizado no servidor SCADA, garantindo que não haverá incertezas e diminuindo o
tráfego de rede. O servidor SCADA, neste caso como mostrado na figura 14, pode ou não ter
uma interface gráfica.

Figura 12 - Diagrama de SCADA com arquitetura Cliente-Servidor

Sistema web-servidor: De forma análoga ao sistema cliente/servidor o Web Server


visa disponibilizar os dados do processo através da rede. Porém os clientes ao invés de

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acessarem os dados através de um programa instalado na máquina, eles acessam via browser
de internet. Um exemplo deste sistema é mostrado na figura 15.

Figura 13 - Tela de SCADA baseada na arquitetura web-servidor.

Podemos ainda classificar os sistemas supervisórios quanto à forma que adquirem e


armazenam os dados, em dois tipos principais. Na tabela 3, uma comparação entre ambas as
possibilidades. Os sistemas microcontrolados, são caracterizados pelo baixo custo e por
normalmente terem uma aplicação específica. Já os sistemas comerciais que usam
computadores industriais com placas de aquisição de dados são caracterizados pelo alto custo
e alta confiabilidade (disponibilidade) do sistema.

Deve-se levar em consideração a necessidade, finalidade do sistema de monitoramento


no momento de optar por uma das duas possibilidades. A comparação da tabela 3 é ilustrativa
e relativa, ou seja, um dos dois tipos irá encaixar-se perfeitamente, tornando-se a solução
ótima para cada tipo de exigência, detalhes de monitoramento e riqueza de dados dependendo
da aplicação.

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Tabela 2 – Tabela comparativa das formas de aquisição de dados através do SCADA

SISTEMA MICROCONTROLADO PLACA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Baixo custo; Alto custo;


Menor tratamento de dados; Maior tratamento de dados;
Possibilitam consertos simples no hardware e Normalmente troca-se toda a placa em caso de
adaptações; falhas e não permitem adaptações;
Supervisório livre, código aberto; Supervisório fechado;
Protocolo de comunicação conhecido; Protocolo de comunicação dedicado;
Baixa capacidade de armazenamento de dados; Alta capacidade de armazenamento de dados;

6.2 Exemplo de SCADA para um sistema híbrido

Em (Papadaskis, 2004) foi utilizado um sistema integrado de gerenciamento de dados


para sistemas de energia alternativa utilizando o servidor de banco de dados Microsoft SQL
Server 2000® que possui muitas funções estatísticas embarcadas. Os dados são acessados pelo
protocolo TCP/IP com informações de várias plantas de energia alternativa gerando cálculos

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estatísticos de parâmetros operacionais que são inseridos em tempo real para acesso de
computadores remotos, conhecidos como clientes.

Na figura 16 está descrita a arquitetura completa de um sistema de coleta de dados


através de placas de aquisição:

Figura 14 - Arquitetura de coleta de dados baseado em placas de aquisição.

A organização de informações em modernos bancos de dados é baseada na teoria


relacional. Os dados são organizados em tabelas que representam um subconjunto da entidade
representada pelo banco de dados.

Este sistema de base de dados foi dividido em dois tipos:

• Sistema Servidor de base de dados - instalado em um computador central (servidor)


que é dividido em múltiplos usuários. Adicionalmente o servidor pode ser usado para rodar o
IIS;

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• Sistema Desktop de base de dados - o sistema de banco de dados é utilizado em
aplicações que funcionam no próprio computador. As aplicações do cliente através de IPCs,
como uma memória.

Sistemas de base de dados são caracterizados pela armazenagem centralizada dos


dados, apresentando certas vantagens: Regras de acesso aos dados são somente definidas no
servidor; dados redundantes não são enviados à aplicação cliente resultando na redução do
tráfico da rede.Os clientes remotos se comunicam com o servidor através do protocolo
TCP/IP. Os clientes acessam uma aplicação que permite somente a criação de tabelas e
processamento estatístico dos dados coletados. A conta de administrador adicionalmente
oferece facilidades de inserir dados e operações de gerenciamento de banco de dados. A
figura 17 representa as diversas telas de um sistema de monitoração.

Figura 15 - Recursos do sistema de monitoramento.

O sistema de banco de dados e o sistema de monitoramento mostrados acima foram


desenvolvidos para monitorar uma planta de energia alternativa híbrida mostrada na figura 18,
composta de um aerogerador (2 kW de potência nominal), 2 arranjos fotovoltaicos de 900 W
de potência nominal total, carregador de baterias para o aerogerador e para os arranjos
fotovoltaicos, um banco de baterias chumbo-ácido, um inversor CC/CA fornecendo energia
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para a rede elétrica e para suprir a carga local. Parâmetros elétricos e meteorológicos são
monitorados usando circuitos eletrônicos de interface aos sensores do sistema, uma placa de
circuito impresso para aquisição dos dados e um DAQ-PC. Os parâmetros medidos são: (a)
temperatura ambiente, umidade, pressão atmosférica, irradiação solar global, (b) velocidade e
direção do vento, (c) temperatura, fluxo de calor e quantidade de água no solo, (d) tensão do
gerador eólico, corrente e velocidade de rotação, (e) tensão e corrente de ambas os arranjos
fotovoltaicos e (f) corrente e tensão das baterias. A figura 18 mostra o exemplo deste sistema.

Figura 16 – Diagrama simplificado da planta híbrida de energia alternativa e aquisição de dados.

A figura 19 mostra um exemplo da tela do sistema supervisório da planta híbrida.

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Figura 17 - Gráfico de médias da temperatura ambiente hora a hora e diárias.

6.3 Exemplo de um sistema de supervisão para planta BIPV

Um sistema BIPV é quando o sistema fotovoltaico é concebido como parte integrante


do edifício a ser construído, e portanto é instalado durante o processo de construção do
mesmo, muitas vezes fazendo parte da própria arquitetura do prédio.

Nesses moldes foi instalado um sistema BIPV integrado à rede na cidade de Bogotá,
Colômbia em 2004 com operação contínua e com eficiência confiável. Um sistema de
monitoração utilizando o conceito de instrumentação virtual foi instalado em Janeiro de 2005
para medir e analisar a performance geral e a qualidade do sistema FV (Aristizábal, 2008).

Descrição do sistema:

1. Possui 12 módulos de silício cristalino (BP-Solar-270F);

2. Potência de 70 Wp;

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3. Inversor Xantrex Sun Tie – 1000 (1000 W);

4. Vmpp do módulo = 17 V;

5. Interligação com 4 módulos em série e três em paralelo com potência de 840 Wp;

6. Foi necessário instalar um transformador entre o inversor e o ponto de acoplamento


comum(PCC) devido a tensão na saída do inversor de 211 V a 264 V, porém a mínima
tensão da rede da Colômbia ser de 208 V. A figura 20 representa a ligação do sistema
BIPV a rede elétrica.

Figura 18 - Diagrama do sistema BIPV conectado à rede

O sistema é completamente monitorado para avaliar e analisar a performance geral e a


qualidade de energia. Os seguintes itens foram medidos de Janeiro de 2005 até Novembro de
2008:

1. Energia CC gerada pelo painel e energia CA gerada pelo sistema;

2. Eficiência do Inversor e eficiência da conversão do sistema;

3. Parâmetros para determinar a qualidade da energia (%THD, Componentes


Harmônicas, Frequência, Tensão, Flickers, Fator de Potência, Potência Ativa, Potência
Reativa e Potência Aparente);

4. Irradiância Solar Global dos Painéis e Temperatura Ambiente.


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A figura 21 representa os diversos equipamentos para aquisição de dados de um sistema FV
interligado à rede elétrica. Pode-se observar que no sistema são utilizados um CLP e uma
placa de aquisição de dados.

Figura 19 - Visão geral do sistema BIPV conectado à rede e os dispositivos constituintes do sistema de
monitoramento (Aristizabal,2008)

Os sinais medidos, aquisição, processo, armazenamento e relatórios de todos os dados


foram efetuados através do pacote de desenvolvimento LABVIEW. Os dados são
armazenados no disco em um formato Universal e posteriormente processados pelo
LABVIEW ou qualquer outra planilha de cálculo como mostrado na figura 22.

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Figura 20 - Diagrama de blocos do sistema de aquisição de dados usado para monitorar a planta FV

A seguir, figuras 23 e 24, dois exemplos de telas do sistema de monitoramento da


planta FV.

Figura 21 - Instrumentos virtuais das variáveis do sistema (Aristizabal,2008)

Figura 22 - Instrumentos virtuais de qualidade de energia (Aristizabal,2008)


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Os resultados após dois anos de acompanhamento do desempenho operacional do
primeiro sistema BIPV conectado à rede, instalado na Colômbia (localizado em Bogotá, a 4 °
35 'de latitude e 2,580 m de altitude), foram obtidos com um sofisticado sistema de
monitoramento, concebido e implementado usando o conceito de instrumentos virtuais.

Estes resultados permitiram a avaliação geral do desempenho e da qualidade da


energia elétrica gerada pela planta fotovoltaica dentro de todas as especificações exigidas para
esses sistemas, quer seja por padrões nacionais ou internacionais.

6.4 Exemplo de um sistema de supervisão de uma planta de bombeamento


fotovoltaico

Através da utilização de um protocolo ASCII de comunicação foi desenvolvido uma


aplicação de baixo custo com possibilidade de velocidade de transmissão de 19.200 bps com
baixa probabilidade de erros (Jucá, 2009). O sistema também possui uma interface de
comunicação com computadores e controladores lógico-programáveis (Carvalho et al, 2009).
Os dados são gravados em uma memória EEPROM externa através do barramento I2C com as
variáveis de cada sensor, que podem ser analógicos ou digitais, sendo gravadas em intervalos
de tempo pré-determinados através da utilização de um RTC. A aplicação deste sistema de
aquisição de dados é genérica, ou seja, as entradas podem ser configuradas facilmente como
digitais ou analógicas e serem programadas na memória de programa através da interface
serial (Jucá, 2009). A figura 25 mostra o diagrama simplificado do sistema de monitoramento
e aquisição de dados USB idealizado para ser construído em baixo custo.

Figura 23 - Diagrama simplificado do sistema de monitoramento e aquisição de dados USB


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O circuito do sistema para monitoramento e supervisão proposto é baseado na
ferramenta SanUSB, composto por um microcontrolador PIC18F2550, além de uma memória
EEPROM externa e um relógio em tempo real (RTC), que se comunicam utilizando o
protocolo de comunicação serial I2C. A ferramenta SanUSB possibilita que a compilação, a
gravação e a simulação real de um programa, como também a comunicação serial através da
emulação de uma porta COM virtual, possam ser feitos de forma rápida e eficaz a partir do
momento em que o microcontrolador esteja conectado diretamente a um computador via
USB.

O sistema conta ainda com interface de comunicação no padrão EIA/RS-485 para


utilização em redes industriais e no padrão EIA/RS-232, o qual pode ser usado como interface
em módulos GSM/GPRS para transmissão de dados via telefonia celular. O canal USB é
utilizado por um computador para configuração do relógio RTC e para o resgate dos dados da
memória EEPROM externa através da emulação de uma porta serial virtual, além da gravação
e atualização do firmware do microcontrolador. Este sistema de aquisição de dados é
caracterizado por possuir aplicação geral para dados analógicos e digitais, pela simplicidade
de hardware e, conseqüentemente, baixo custo (Grupo SanUSB, 2009).

Devido à incompatibilidade de frequência entre a interface I2C e a USB, este sistema


de aquisição de dados USB é Dual Clock, ou seja, utiliza duas fontes de clock, uma para o
canal USB de 48 MHz, proveniente do cristal oscilador externo de 20 MHz, e outra para o
processador na execução do protocolo I2C, proveniente do oscilador RC interno de 4 MHz.
(Jucá, 2009).

O programa de supervisão para resgate dos dados foi desenvolvido através de um


aplicativo que utiliza o banco de dados livre MYSQL. A comunicação serial entre o programa
de supervisão e o sistema de monitoramento e aquisição de dados é realizada por meio da
emulação de uma porta serial virtual pelo canal USB. Para resgatar os dados armazenados nas
memórias externas do sistema de aquisição de dados e armazená-los no banco de dados é
utilizado o programa de supervisão que foi desenvolvido para resgatar dados de um intervalo
de datas através de comando automático, sendo necessário apenas especificar a data final de
coleta. A figura 26 demonstra um programa com integração com um banco de dados MYSQL
para gravação de dados de uma planta de bombeamento Fotovoltaico.

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Figura 24 - Aplicativo de geração de gráficos construídos com informações do banco de dados (Jucá, 2009)

Os gráficos também podem ser utilizados para fazer estudos sobre os horários e
períodos do ano em que há maior fornecimento de energia sendo, assim, possível otimizar a
eficiência da planta de bombeamento fotovoltaico.

6.5 Exemplo de sistema autônomo para uma planta diesel-eólica

A seguir é apresentado o sistema de controle e monitoramento de um sistema


autônomo para uma planta diesel–eólica (ENERCON, 2010).

O diagrama esquemático da figura 27 mostra o sistema autônomo com todos os


componentes necessários. Com tal sistema, a energia eólio-elétrica pode suprir
completamente os consumidores dependo do layout do sistema, isto é, com um estudo e
balanceamento prévio entre a capacidade de energia eólio-elétrica instalada e a demanda de
carga (planta eólica pode ser a principal fonte de energia).

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Figura 25 - Diagrama esquemático do sistema de controle de um sistema autônomo eólica-diesel

O sistema de armazenamento de energia, constituído do banco de baterias e do


volante, tem o papel de balancear as flutuações causadas pelo vento e também permitir o total
desligamento da contribuição de energia proveniente dos geradores diesel onde 100% da
demanda de energia poderá ser suprida pela planta eólica, quando a energia eólio-elétrica
disponível coincidir com a demanda dos consumidores.

Em todas as configurações e modos de operação o sistema fornece energia ininterrupta


e estável com um alto grau de qualidade de rede (dentro dos limites da EN 50160 1). E tudo
isso, precisamente de acordo com a demanda – a qual é o maior desafio em pequenas redes
locais. Apenas a quantidade exata de energia necessária é fornecida, não sendo necessários
dispositivos para drenar excesso de energia gerada. As figuras 28 e 29 mostram o
comportamento da tensão em função da velocidade do vento e um supervisório de uma planta
autônoma, respectivamente.

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1
EN 50160 é uma norma européia que especifica as características da tensão nos sistemas públicos de
distribuição elétrica.

Figura 26 - Gráfico do comportamento da tensão, no sistema autônomo em tempo real, no período de 1h

Figura 27 - Tela supervisório (IHM) de um sistema autônomo eólica-diesel

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O componente central desse sofisticado sistema supervisório é a unidade de controle
principal. Ela gerencia todos os componentes eficientemente para garantir uma fonte de
energia confiável sob todas as condições de operação.

O controlador principal do sistema supervisório é um controlador padrão industrial no


estado da arte. Devido ao seu design modular ele pode ser adaptado para os requerimentos
específicos de cada sistema.

A estratégia para que todo o sistema funcione de forma automática segura e


econômica está implementada no programa do controlador. Este programa, evidentemente
tem que ser adaptado a cada aplicação individual (quantidade e tipo de fontes de energia,
consumidores).

Um modo manual de operação também é possível, onde todas as funções do


controlador podem ser manipuladas pelo operador. Para isso, uma IHM deve ser usada. Isto é
feito com um PC industrial com touch-screen conectado via Ethernet-link ao controlador
principal.

Infelizmente, como essa tecnologia trata-se de informação sensível para a empresa,


além de ser ponto estratégico para a competição no mercado eólico, maiores detalhes de
programa, hardware e meios de comunicação não estão disponíveis para conhecimento
público.

6.6 Supervisório VestasOnline® SCADA

De acordo com VESTAS (2010) Uma vez que um parque eólico está pronto e
operando, o cliente vai querer assegurar-se consistentemente que sua performance é a melhor
possível. Portanto, é crucial monitorar e controlar a performance dos aerogeradores, o qual é
feito por este sistema SCADA no estado da arte.

VestasOnline® consiste dos seguintes equipamentos:


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• Servidor da planta eólio-elétrica – Aplicação do servidor VestasOnline® para operar e
administrar parques eólicos, incluindo uma interface de comunicação remota;

• Business Client (negócio do cliente) – Aplicação do cliente VestasOnline® com


interface para o operador;

• Rede de comunicação – Fibras óticas e switches conectando o servidor aos


aerogeradores.

A figura 30 é representação do sistema VestasOnline® e os meios de comunicação

Figura 28 - Diagrama geral do sistema de monitoramento

Esse sistema tem uma extensa faixa de possibilidades de monitoramento e funções de


controle para ajudar a otimizar a performance dos parques eólicos, ajudando a extrair o
máximo dos aerogeradores. Adicionalmente, o operador do parque quer estar apto a controlá-
lo, seguir sua performance e analisar se é a performance esperada. Adicionalmente, pode-se
necessitar saber o quanto o parque deixou de produzir por causa de mau tempo. Há ainda
outros recursos disponíveis, tais como visão on-line da produção, visão de eventos (falhas),
relatórios de produção, relatórios estatísticos, notificação de eventos (falhas dos aergeradores,
por exemplo) e visão geográfica do layout do parque eólico.

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Dependendo do tipo de parque eólico há 2 pacotes principais:

• VestasOnline® compacto: para parques eólicos pequenos, até 10 aerogeradores, o qual


pode ser instalado até na própria base de um dos aerogeradores;

• VestasOnline® negócios: para parques eólicos maiores ou para clientes que querem
ferramentas avançadas para elaboração de relatórios, maior redundância ou controles
avançados e maior funcionalidade de monitoramento, tais como integração automatizada com
a rede elétrica, como controle do fator de potência, capacidade de permanecer em
funcionamento durante falhas de rede momentâneas, controle da potência ativa e reativa,
controle da tensão e frequência. Essas possibilidades de monitoramento e controle estão
ilustrados na figura 31.

Figura 29 – Monitoramento/controle automatizado e integrado com a rede elétrica.

Como o mercado de energia eólica cresce, as informações do estado dos aerogeradores e


controle de parques eólicos inteiros tornam-se cada vez mais importantes, e por isso esse
sistema é adaptável e pode ser entregue com diferentes tipos de interfaces, diferentes tipos de
controles. Esse sistema de monitoramento pode ainda ser aplicado a estações meteorológicas
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de parques eólicos ou para monitoramento nos PCC (ponto de conexão comum entre o parque
e a rede externa). VestasOnline® também é apto a integrar-se com um sistema de segundo
nível permitindo controles e monitoramentos centrais, através do protocolo OPC. As figuras
32 e 33 mostram as possibilidades de controle com o VestasOnline® negócios.

Figura 30 - Arquitetura do tráfego de informações do sistema SCADA.

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Figura 31 - Fluxo de dados a partir do servidor, utilizando OPC.

6.7 Supervisório ENERCON SCADA

O Sistema ENERCON SCADA é um sistema de comprovada eficácia para o


monitoramento e controle de parques eólicos há muitos anos em operação e é, também, um
elemento vital do conceito de manutenção da ENERCON. Introduzindo em 1998, esse seguro
sistema é usado em mais de 6.500 aerogeradores ao redor do planeta. Ele oferece um grande
número de funções opcionais e interfaces para conectar os parques eólicos ENERCON à rede,
enquanto atende as exigentes regulamentações de conexão à rede. Devido ao seu design
modular expandir o SCADA ENERCON é simples e flexível e pode ser perfeitamente
adaptado às necessidades do cliente. A adaptação às respectivas condições técnicas e
econômicas dos projetos de parques eólicos é excelente e o ENERCON SCADA assegura o
máximo fornecimento de energia (ENERCON, 2010).

6.7.1 Gerenciamento da energia: ajuste da potência de saída para o


máximo rendimento
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Se a potência de saída total de um parque eólico for maior que a capacidade da rede no
ponto de conexão comum, o regulador de potência ENERCON assegura que a capacidade
será usada sempre ao máximo possível. Por exemplo, em um parque eólico de 5
aerogeradores de potência individual 1000 kW, teremos uma potência instalada total de 5
MW, sendo que por limitações de rede, a máxima potência de saída seja 4MW, ou seja, cada
aerogerador terá que ter sua potência de saída limitada a 800kW. Imagine-se agora que 3
aerogeradores estão injetando 800kW cada e dois estão injetando apenas 600kW, por um
motivo qualquer (velocidade do vento menor, auto-limitação por algum problema de
temperatura), automaticamente os outros aerogeradores serão ajustados para gerar o máximo
para compensar isso, de forma ao parque como um todo alcançar os 4MW, como pode ser
visto na figura 34.

Figura 32 - Exemplo de possibilidade no gerenciamento automático de um parque eólico para alcançar o


máximo rendimento.

6.7.2 Controle da tensão

O ENERCON SCADA também pode ser expandido de forma a prover aos parques
eólicos um controle inteligente da tensão. Esta função, que é um regulamento mandatório
exigido pelas concessionárias em muitos países, habilita grandes parques eólicos a se
integrarem a redes fracas. A faixa de potência reativa dos aerogeradores ENERCON é nesse
caso, usada para controlar a tensão no ponto de conexão comum. A tensão pode ser controlada
pelo operador da rede.

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Há inúmeros regulamentos relativos ao controle de tensão de parques eólicos. Se um
parque eólico está, por exemplo, conectado a uma subestação, reguladores automáticos de
tensão podem estar integrados ao conceito de controle. Em grandes parques eólicos e os
grandes comprimentos do cabeamento, um sistema de controle pode ser usado para melhorar
a demanda de potência reativa no ponto de conexão comum com equipamentos de
compensação centralizada e aerogeradores descentralizados. A figura 35 mostra um diagrama
resumido do sistema de controle.

Figura 33 - Diagrama resumido do sistema de controle de tensão de um parque eólico.

6.7.3 Monitoramento, relatórios, tratamento de falhas, e assistência técnica

Além dos sistemas de controle voltados para a parte de potência acima citados, há o
pacote SCADA O & M básico para cada parque eólico. Esse sistema “básico” é utilizando
pelo pessoal técnico de Operação & Manutenção, para tratar falhas, programar manutenções
preventivas, preditivas, corretivas, emissão de relatórios estatísticos.

Na figura 36 é possível ter uma noção da quantidade de dados que podem ser
visualizados com esse sistema. A comunicação entre os aerogeradores é feito com fibra ótica,

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bem como do último aerogerador para o computador local do parque eólico (aquisição de
dados através de placa eletrônica).

Figura 34 - Imagem do Supervisório SCADA de Monitoramento e Controle.

A partir daí há atualmente, duas possibilidades de comunicação com o meio externo:


através de um MODEM GSM, ou através da INTERNET. A escolha da tecnologia vai
depender da localidade onde está instalado o parque eólico (vide capítulo 5.1). O protocolo de
comunicação usado através dos meios de fibra ótica, GSM e TCP/IP é um protocolo de
comunicação fechado, desenvolvimento pelo fabricante.

A partir da aquisição desses dados várias possibilidades de utilização surgem, dentre


as quais cito:

• Envio de SMS/Email/FAX para as equipes técnicas (parada por falha de algum


aerogerador);

• Elaboração de relatórios estatísticos, de análise de falhas e gerenciais. Visualização dos


relatórios de atuação das equipes técnicas em campo;

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• Visualização on-line de dados de operação do parque ou do aerogerador
individualmente (velocidade de rotação, ângulo de passo das pás, tensão e corrente de rede,
potência instantânea, energia gerada, horas operacionais, velocidade do vento, direção do
vento, potência reativa, fator de capacidade instantâneo, fator de potência, disponibilidade
técnica, gráficos mensais, diários, anuais.

Como um sistema de controle é possível:

• Mudança remota de parâmetros de operação (limitar potência ativa, ativar o


fornecimento de potência reativa, fator de potência, ângulo de passo);

• Parar e ligar o aerogerador, parar e ligar um parque eólico completo, resetar um


aerogerador com falha;

Uma representação de ligação com a internet é mostrada na figura 37.

Figura 35 - Esquema geral do funcionamento do SCADA e fluxo de dados

Os dados coletados dos aerogeradores são armazenados tanto no computador local,


como nos computadores centrais (servidores). A partir desses servidores, uma gama de
diferentes tipos de acessos aos dados é permitida. A segurança e o limite de acesso aos dados ,
é feito através do uso de uma senha eletrônica e física para cada usuário com permissão ao
banco de dados. Abaixo vemos uma tela de INTERNET, onde os clientes podem obter
diversas informações estatísticas de seus parques eólicos e aerogeradores, principalmente

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relatórios de atuação das equipes técnicas e planejamento de parada dos aerogeradores para as
manutenções preventivas programadas. A tela de um sistema real é apresentada na figura 38.

Figura 36 - Sistema supervisório (relatórios) baseado em INTERNET exclusivo para os clientes.

6.8 Supervisório GE SCADA

De acordo com Morjaria (2009) o sistema SCADA da GE permite:

• Controle operacional de cada aerogerador individualmente e do parque eólico como


um todo;

• Banco de dados baseado na INTERNET com sistema de relatórios de fácil manuseio,


incluindo energia fornecida e dados de vento. Possibilidade de exportar esses dados em Excel,
PDF, XML.

• Acesso seguro, operação intuitiva e ferramentas de manutenção.

Das figuras 39 à 42 representa-se o sistema SCADA da GE que possui diversas


tecnologias de transmissão de dados totalmente sincronizadas umas com as outras, tais como,
ETHERNET, GSM, TCP/IP e OPC.

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Figura 37 - Componentes e arquitetura dos sistemas de monitoramento da GE

Na figura 39 visualizam-se vários componentes de uma planta de energia eólica


(aerogeradores, subestação, torre anemométrica) comunicando-se com o sistema SCADA
através da rede ETHERNET e a partir desse sistema SCADA para o meio externo,
verificamos a diversidade das formas de comunicação tais como: GSM, TCP/IP e Protocolo
OPC fazendo interface com o cliente.

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Figura 38 - Exemplos das telas do sistema supervisório onde visualiza-se remotamente dados locais,
podendo também haver interação, comandos remotos.

Na figura 40, em primeiro plano, é possível termos uma noção da tela do sistema
SCADA onde os dados de um aerogerador são mostrados em tempo real, tais como
velocidade do vento, horas operacionais, estados de sensores, quantidade de energia gerada,
dados de temperatura.

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Figura 39 - Tela de relatórios estatísticos emitidos a partir do sistema SCADA

Na figura 41, agora em um nível do SCADA onde os dados adquiridos, poderão ser
transformados em relatórios de análises estatísticas em modo offline, tais como fornecimento
mensal de energia x expectativa de fornecimento, média mensal de velocidade do vento,
média de fator de capacidade, rendimento, tempos de parada, disponibilidade técnica dos
aerogeradores.

7. Sistema de supervisão em baixo custo de uma planta de bombeamento de


água acionada por gerador eólico

A rápida evolução das fontes de energia alternativas resultou na instalação de vários


sistemas pelo mundo (Koutroulis, 2001). No entanto, esse esforço exige um conhecimento
detalhado dos dados meteorológicos do local onde o sistema será instalado e os resultados
operacionais a partir de outros sistemas semelhantes, se disponíveis. Muitos sistemas de

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aquisição de dados têm sido desenvolvidos no intuito de recolher e processar esses dados,
bem como acompanhar o desempenho dos sistemas de energias alternativas em operação, a
fim de avaliar o seu desempenho (Blaesser, 1997).

O monitoramento e aquisição de dados são imprescindíveis nos processos eficientes de


geração de energia e aplicáveis em diversas etapas como, por exemplo, na comprovação
prática dos dados simulados, na avaliação de potencial das fontes renováveis de energia e
no prognóstico de falhas na geração. Por outro lado, os equipamentos com essa finalidade
específica apresentam custo relativamente elevado (Jucá, 2009).

Os sistemas de monitoramento e aquisição de dados possibilitam mensurar a eficiência


do sistema de geração, bem como aumentar a eficiência, tendo em vista que podem
informar, em tempo real, os parâmetros de operação. Nesse contexto, o presente artigo
descreve o desenvolvimento de um sistema de supervisão e aquisição de dados
microcontrolado de baixo custo com componentes eletrônicos obtidos no mercado
brasileiro e empregado no processo de bombeamento eólico.

O resgate dos dados armazenados no sistema de supervisão e aquisição de dados é


feito por um programa de aquisição de dados via USB através da emulação virtual de um
canal serial EIA/RS-232. Através deste mesmo programa, é possível configurar e gravar as
memórias do microcontrolador, a memória do relógio em tempo real (RTC) e a memória
EEPROM externa onde os dados são armazenados. O sistema desenvolvido foi aplicado a
uma planta de bombeamento que utiliza conversão de energia eólica em energia elétrica,
no intuito de adquirir valores de velocidade do vento, tensão do gerador e vazão de água. É
mostrado na Figura 7.1 o diagrama simplificado do sistema de aquisição de dados USB
(universal serial bus).

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Figura 7.1- Diagrama simplificado do sistema de monitoramento e aquisição de dados
USB.

7.2 MATERIAIS E METODOLOGIA APLICADA

7.2.1 Ferramenta SanUSB

A ferramenta SanUSB é um sistema composto por programa e circuito baseado no


microcontrolador PIC18F2550 destinados ao desenvolvimento de sistemas embarcados.
Marwedel (2003) define sistemas embarcados como sistemas que manipulam dados dentro de
outro sistema, como é o caso do sistema proposto. Essa ferramenta computacional, com
patente concedida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) através do número
088503, pode suprimir os seguintes itens no desenvolvimento de sistemas embarcados: Um
equipamento específico para gravação de um programa no microcontrolador, pois utiliza
gravação da memória de programa in circuit; Conversor TTL - EIA/RS-232 para
comunicação serial bidirecional emulado através do protocolo CDC (communications devices
class); Fonte de alimentação própria, já que a alimentação do PIC provém da porta USB;
Conversor analógico-digital (AD) externo, tendo em vista que dispõe internamente de 10 ADs
de 10 bits; Programa de simulação, considerando que a simulação do programa e do hardware
pode ser feita de forma rápida e eficaz no próprio circuito de desenvolvimento ou com uma
matriz de contatos auxiliar (Grupo SanUSB, 2010). Além de todas estas vantagens, alguns

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computadores atuais não apresentam mais interface de comunicação paralela e nem serial
EIA/RS-232, somente USB.
A ferramenta SanUSB possibilita que a compilação, a gravação e a simulação real de um
programa, ilustrada na Figura 7.2, como também a comunicação serial através da emulação de
uma porta COM virtual, possam ser feitos de forma rápida e eficaz a partir do momento em
que o microcontrolador esteja conectado diretamente a um computador via USB.

Figura 7.2- Diagrama simplificado do sistema de monitoramento e aquisição de dados USB

O PIC18F2550 contém 23 pinos de entrada e saída, 32 Kbytes de memória de programa e


um contador de programa com 21 bits, além de ser um microcontrolador bastante difundido
no mercado brasileiro. Assim, quando se trabalha com programas em linguagem C, com
várias aplicações na função principal main ou na função de interrupção do temporizador,
como é o caso deste sistema de aquisição de dados, é necessário utilizar um microcontrolador
com esta capacidade.
É importante salientar que a fonte de alimentação da USB é utilizada pelo
microcontrolador somente durante o desenvolvimento da lógica de programação. O sistema
de aquisição de dados é autônomo, isto é, utiliza fonte de alimentação externa.

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7.2.2 Interface I2C

I2C é a abreviação de inter-integrated circuit, ou seja, comunicação entre circuitos


integrados. Este barramento serial foi desenvolvido com o objetivo de conectar circuitos
integrados e dispositivos periféricos de diferentes fabricantes em um mesmo circuito
utilizando o menor número de pinos possível. Entre os dispositivos, pode-se citar:
microcontroladores, memórias externas e relógio em tempo real. Ele utiliza comunicação
síncrona através duas linhas de transmissão: uma linha serial de dados (SDA) e uma de
clock (SCL) .

O protocolo de comunicação I2C é bastante difundido e geralmente é implementado no


hardware dos dispositivos. Para obter maior controle sobre o gerenciamento das conexões
entre os dispositivos do sistema, neste projeto foi utilizada uma implementação do
protocolo via software. Dessa forma, o programador pode escolher os pinos do
microcontrolador dedicados para dados (SDA) e para o clock (SCL).

7.2.3 Memória EEPROM externa

A maioria dos modelos da família PIC apresenta memória EEPROM (electrically


erasable programmable read-only memory) interna, com capacidade de armazenamento de
256 bytes. Em algumas aplicações, a EEPROM interna é ideal para guardar parâmetros de
inicialização ou reter valores medidos durante uma determinada operação de
sensoriamento. Entretanto, para um sistema de aquisição de dados é necessária uma
EEPROM externa cuja capacidade é determinada em função do número de sensores e do
período de armazenamento dos dados. Neste protótipo, optou-se pelo modelo de memória
24C256 a qual disponibiliza 256 Kbits, ou seja, 32 Kbytes de armazenamento e interface
de comunicação I2C (Jucá, 2008). O Esquema de ligação entre os dispositivos que utilizam
a interface I2C no sistema de aquisição de dados é mostrado na Figura 7.3.

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Figura 7.3- Esquema de ligação de dispositivos que utilizam a interface I2C

O protocolo I2C foi implementado para comunicação entre o microcontrolador, a


memória EEPROM externa e o RTC. Dessa forma, o programador pode escolher os pinos
do microcontrolador dedicados para dados (SDA) e para clock (SCL).

7.2.4 Protocolo de comunicação serial em tempo real

A coleta de dados em tempo real do microcontrolador tem o objetivo de transmissão de


dados para um banco de dados local ou transmissão pela internet. Para este tipo de
comunicação foi utilizado o protocolo livre Modbus. O protocolo Modbus foi desenvolvido
pela Modicon Industrial Automation Systems para comunicar um dispositivo mestre com
outros dispositivos escravos. Embora seja utilizado normalmente sobre conexões seriais
padrão EIA/RS- 232 e EIA/RS-485, podendo ser usado como um protocolo da camada de
aplicação de redes industriais tais como TCP/IP sobre Ethernet. Além disso, o protocolo
Modbus permite a utilização de ferramentas de desenvolvimento gratuitas e possibilidade de
programação da memória de programa sem necessidade de hardware adicional, bastando uma
porta USB. O protocolo Modbus está utilizando o canal serial virtual emulado sobre o
barramento USB. Este protocolo é baseado no modelo de comunicação mestre escravo, onde
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um único dispositivo, o mestre, executa transações denominadas queries. Os demais
dispositivos respondem, suprindo os dados requisitados pelo mestre O ciclo de pergunta-
resposta do protocolo Modbus é mostrado na figura 7.4.

Figura 7.4- Ciclo de pergunta e resposta do protocolo Modbus

O microcomputador interligado pela USB é o mestre do protocolo Modbus enquanto que


o microcontrolador é o escravo que fornece informações dos sensores. Com o objetivo de
aumentar o número de dados possíveis de serem coletados pelo sistema utilizando um
único microcontrolador, foram criados diversos escravos virtuais que respondem a
requisição do mestre em endereços diferentes, mas correspondem a um único
microcontrolador.

7.2.5 Protocolo de comunicação serial para coleta de dados armazenados em EEPROM

Com o intuito de manipular e verificar o estado dos dispositivos externos e internos ao


sistema de aquisição de dados, foi desenvolvido um protocolo serial para a comunicação
entre o programa de monitoramento e aquisição do sistema e o microcontrolador por meio
de um canal serial virtual emulado pela USB. Após o endereço do sistema embarcado de
aquisição (A), da função desejada e da posição de memória, o usuário ou o programa de
monitoramento deve inserir os dígitos X (0 a 9) necessários para as funções mostradas na
Tabela 7.1.

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Tabela 7.1. Funções para manipulação e verificação serial dos dispositivos do sistema de
aquisição de dados.

POSIÇÃO DE RESULTADOS EEPROM


ENDEREÇO FUNÇÃO VALOR
MEMÓRIA EXTERNA E RTC

S (Segundo)

M(Minuto)

H(Hora)
Escrita na variável do relógio
A 4 X
RTC com valor XX
D(Dia)

N(Mês)

Y(Ano)

Leitura das variáveis do relógio


A 5 - -
RTC

Leitura do Buffer do sensor S no


A 6 DD S
dia DD

7.2.6 Construção do sistema de supervisão e aquisição de dados

O sistema é idealizado com o intuito de desenvolver um sistema de aquisição de dados de


baixo custo com redundância contra falhas e interface de comunicação com computadores e
controladores lógico-programáveis (CLP). Caso o sensor seja do tipo digital, os eventos são
registrados, quando o pino do microcontrolador, conectados ao sensor é aterrado. Assim, um
registro é incrementado na memória de dados do microcontrolador. Caso o sensor seja do tipo
analógico como o sistema proposto, é feita uma conversão analógico-digital com resolução de
até 5mV. Em intervalos de tempo pré-determinados, o microcontrolador armazena a leitura
dos sensores na memória EEPROM externa pelo barramento I2C. A cada segundo o
microcontrolador realiza uma leitura do relógio RTC pelo barramento I2C, por intermédio da

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interrupção do timer interno, verificando a data (dia, mês e ano) e o horário (segundo, minuto
e hora). Caso o tempo lido seja igual ao configurado pelo programador para armazenamento
dos dados, o microcontrolador grava o valor indicado pelos sensores na memória EEPROM
externa, a qual é dividida para o armazenamento das variáveis de cada sensor.

A placa de circuito impresso (PCB) do sistema de aquisição foi construída com


dimensões de 13 x 9 cm utilizando componentes de baixo custo e disponíveis no mercado
brasileiro. O desenho da placa de circuito impresso é ilustrado na Figura 7.5.

Figura 5 - Placa de circuito impresso do sistema de monitoração e aquisição de dados

Os dados do relógio RTC podem ser modificados e visualizados a qualquer momento. Pode-
se também ser visualizados os valores de qualquer posição da memória externa de
armazenamento dos valores de tensão e pressão.

Para segurança contra a perda de referência e de dados digitais armazenados na RAM do


microcontrolador, por exemplo, por uma eventual falta de tensão no circuito, o programa do
microcontrolador dispõe de uma estratégia a qual resgata o valor armazenado na última
posição da memória EEPROM interna e armazena na variável do sensor na RAM. Isto é feito
gravando, em outra posição da EEPROM interna, o valor de um ponteiro que aponta para o
último valor armazenado do sensor na EEPROM interna, a qual funciona como um buffer de
segurança que guarda os últimos quatro valores de cada sensor em um período estipulado
pelo programador. Assim, caso ocorra algum problema no processamento, o
microcontrolador, após o reinício, verifica o valor da posição guardada no ponteiro, resgata o
último valor armazenado na EEPROM interna e grava na RAM, evitando a perda completa

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dos dados analógicos acumulados. Figura 6 apresenta sistema de monitoramento e aquisição
de dados desenvolvido na presente pesquisa.

Figura 7.6- Sistema de monitoramento e aquisição de dados

7.2.7 Sistema de aquisição e supervisão de dados em tempo real

Como foi visto, Sistemas SCADA (supervisory control and data acquisition) englobam um
conjunto de tecnologias especialmente desenvolvidas para monitorar e controlar processos
industriais. Os programas SCADA típicos costumam oferecer uma comunicação eficiente
com diversos equipamentos através de diversos protocolos de comunicação além de permitir o
registro de eventos, alarmes e integração com programas externos. Os programas livres,
também conhecidos como programa open source, permitem uma série de vantagens em
relações aos programas proprietários. Entre as vantagens do programa livre está a facilidade
de estudo ou modificação do código fonte, no qual é distribuído gratuitamente (Rocha, 2009).
Com base nos conceitos de SCADA e programa livre foi adotado para comunicação com o
microcontrolador para acesso dos dados em tempo real o programa Mango (Serotonin, 2010),
de código aberto, o qual oferece as seguintes características principais:

• Baseado em Browser;
• Interface em que fontes de dados podem ser configuradas, oferecendo gerenciamento de
acesso de usuários, alertas e registros de dados de automação;

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• Definição ilimitada de critérios para eventos (limites máximos e mínimos, variações,
contagem de alteração de estado, tempo de execução);
• Operações com os principais protocolos de comunicação (Modbus, SNMP, SQL, HTTP,
POP3).

Utilizando o protocolo ETHERNET de comunicação, os dados dos sensores da planta


de bombeamento eólico podem ser transmitidos pelo microcomputador remoto para um
banco de dados utilizando instruções PHP em um banco de dados MYSQL. A partir da
gravação no banco de dados permite-se o acesso aos dados através de uma página da WEB
e a supervisão em tempo real dos dados dos sensores. Os protocolos de comunicação em
tempo real são mostrados na figura 7.

Figura 7- Protocolos de comunicação em tempo real utilizados no sistema de supervisão

7.3 Implementação do sistema de supervisão e aquisição de dados de baixo custo

Em áreas remotas ou ilhas onde a rede elétrica não é acessível, predominam os geradores
diesel que possuem desvantagens como a poluição do ar e custos de transporte de
combustíveis. O sistema eólico de bombeamento surge como uma alternativa para
aplicações de bombeamento para abastecimento de água principalmente em regiões áridas
como a região Nordeste do Brasil. Dessa forma, foi desenvolvido um sistema de
supervisão e aquisição de dados de baixo custo para bombeamento eólico, considerando as
variáveis de velocidade do vento, vazão de água e tensão do gerador eólico em uma planta
de bombeamento sem baterias, instalada no Laboratório de Energias Alternativas (LEA),
dentro do Campus do Pici na Universidade Federal do Ceará – UFC.
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7.4 Planta de bombeamento eólico

O sistema de bombeamento eólico é composto de um poço para fornecimento de água


através de um bomba centrífuga acoplada a um motor de indução trifásico de 0,5 CV,
ilustrada na figura 7.8.

Figura 7.8 – Conjunto motor – bomba centrífuga e sensores alimentados pelo sistema de
energia eólica

O gerador eólico possui uma potência nominal de 1000 W para uma velocidade do vento
de 13 m/s. A energia elétrica do gerador eólico é transmitida a um sistema de controlador de
tensão para impedir que o motor da bomba opere em um limite muito baixo de frequência. A
partir de 37 Hz o controlador permite que a bomba seja ligada e a caixa de água seja
abastecida. O quadro de medição e controle possui um inversor de freqüência para
acionamento manual do motor e um analisador de energia para coleta de dados da qualidade
da energia gerada. O diagrama completo do projeto elétrico da bomba é mostrado na figura
7.9:

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Figura 7.9 – Diagrama elétrico do sistema de bombeamento eólico

A Figura 7.10 apresenta gerador eólico e anemômetro utilizados na presente pesquisa.

Figura 7.10 – Gerador eólico e anemômetro

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7.5 Análise dos dados coletados

Os dados coletados dos sensores de vazão, velocidade do vento e tensão do motor foram
armazenados em um banco de dados local para posterior analise. O banco de dados é
composto de duas tabelas com 45 colunas e 144 linhas. A amostragem de coleta de dados de
supervisão é a cada 10 minutos, armazenando 144 valores por dia. O número máximo foi
definido como 45 dias sendo reiniciado com comandos SQL, que podem ser digitados
diretamente no sistema de supervisão. Novas variáveis podem ser adicionadas a partir da
criação de novas tabelas no banco de dados, permitindo total flexibilidade para instalação de
novos sensores para supervisão da planta de bombeamento eólico. Os principais dispositivos
da planta foram representados na tela principal do sistema de supervisão mostrado na figura
7.11.

Figura 7.11 – Tela do sistema de supervisão e coleta de dados através de programa de


código aberto

Após a gravação dos dados dos sensores no servidor de banco de dados os valores são
transferidos para arquivos individuais. Os dados coletados constituem o material de análise da
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eficiência energética do sistema e de parâmetros de manutenção da planta como horas paradas
devido à ocorrência de manutenção preventiva ou eventuais manutenções corretivas no
sistema.

Os dados de velocidade do vento coletados de 10 em 10 minutos durante o período de


um dia são mostrados na figura 7.12.

Figura 7.12 – Dados de velocidade do vento coletados pelo sistema de supervisão

O sistema de supervisão é capaz de fazer amostragens em tempos menores de dez


minutos e também realizar uma comparação entre variáveis para justificar a utilização do
projeto em um determinado local para bombeamento de água para uma caixa de água. Através
da programação de leituras de minuto em minuto foi possível construir o gráfico da figura 13
que mostra a relação entre a velocidade do vento e a rotação do motor através de um
tacômetro.

Observa-se na figura 7.13 que o controlador permite o acionamento do motor apenas


quando um valor limite mínimo de velocidade de vento é

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atingido.

Figura 7.13 – Dados de velocidade do vento e rotação do motor

Devido às variações na velocidade do vento, para construir um gráfico de vazão de água


por unidade de pressão no recalque da bomba foi utilizado um inversor para variar a
freqüência do motor e como consequência variar a vazão da bomba e compará-la com a
pressão de saída. Através do sistema de aquisição de dados proposto foi possível a construção
do gráfico da figura 7.14.

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Figura 14 – Curva vazão e pressão de recalque do sistema de bombeamento eólico

O gráfico da figura 7.14 pode ser aproximado pela Eq. (7.1), onde H é a pressão de
recalque do sistema de bombeamento em kPa e Q representa a vazão da bomba em m3/s :

H = − 1.10 −7.Q 2 − 43023. Q + 229,47 (7.1)

O sistema de monitoramento e aquisição de dados, desenvolvido no presente artigo para


plantas de bombeamento de água acionada por gerador eólico, mostrou-se eficaz devido aos
resultados durante a operação da planta, apresentando um comportamento de acordo com o
projeto. Entre as principais características, destacam-se o armazenamento de dados
relacionados com a data e o horário da leitura em uma memória não volátil, a possibilidade da
utilização da comunicação via serial no padrão EIA/RS-485 para aplicações em redes
industriais e com controladores lógico-programáveis, além da comunicação no padrão
EIA/RS-232, que pode ser utilizada como interface para módulos GSM/GPRS para
transmissão dos dados em rede sem fio.

A configuração e gravação das memórias do sistema de aquisição de dados, entre elas, a RAM
do microcontrolador, a RAM do relógio em tempo real (RTC), a EEPROM interna e a

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EEPROM externa foram testadas através de comandos simples pela USB através da emulação
de uma COM virtual serial e não apresentaram erros. Além disso, a memória de programa do
microcontrolador apresentou a facilidade de gravação de forma simples e direta pela USB
utilizando a ferramenta SanUSB. Uma das grandes vantagens deste sistema, além da eficácia
e confiabilidade, está na utilização de componentes de custo relativamente baixo e de fácil
disponibilidade no mercado brasileiro.

O programa de supervisão está sendo incrementado para possibilitar a modelagem visual da


planta de bombeamento eólico, armazenamento em um banco de dados e visualização em
tempo real dos dados do sistema. A utilização de sistemas de supervisão e de banco de dados
com a utilização de programas livres, também permitiu uma série de vantagens em relação aos
programas proprietários, garantindo a total flexibilidade com o uso de protocolos abertos
utilizados em sistemas de automação, como por exemplo, o protocolo Modbus.

O modelo de monitoramento e aquisição de dados proposto no presente artigo pode ser


expandido para registrar dados de outros tipos de sensores analógicos ou digitais, bem como
de outras plantas de bombeamento de água acionadas por gerador eólico que necessitem de
supervisão em tempo real para garantir a total eficiência e a supervisão do sistema.

As fontes de energia alternativa estão cada vez mais sendo introduzidas nas matrizes
energéticas de vários países, e inclusive o Brasil. Devido ao aquecimento global,
consequência do uso indiscriminado dos combustíveis fósseis, a tendência no uso de tais
energias continuará crescendo.

Verificamos que cada sistema SCADA é um sistema diferente um do outro, dado às diferentes
finalidades de quem o necessita. Porém, em termos gerais, os sistemas SCADA servem para
monitoramento (relatórios estatísticos para medir a eficiência do projeto, maximização do
fornecimento de energia, diminuição de tempos de parada das unidades geradoras),
visualização remota e em tempo real dos dados operacionais das plantas e principalmente o
controle automático e remoto das mesmas, fazendo-as interagir rapidamente e ativamente com
as redes à qual estão conectadas, sendo os exemplos mostrados relativo a todo o exposto
acima, uma das maiores contribuições desse trabalho.

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Vimos também que as tecnologias de transmissão e aquisição de dados a ser utilizada
dependem do tráfego de informações, dependem também da infra-estrutura de
telecomunicações e TI do local onde estão instaladas as plantas, bem como, principalmente,
da finalidade do sistema de monitoramento. Por exemplo, para sistemas onde não há infra-
estrutura para INTERNET a tecnologia GSM/GPRS normalmente atende a todas as
finalidades de um sistema SCADA, sem onerar o projeto. Para localidades onde a infra-
estrutura é facilmente disponível a tecnologia TCP-IP é bastante utilizada.

Por fim, o desafio num futuro próximo, onde dependeremos muito das forças da natureza para
a garantia do fornecimento de energia, será termos sistemas de distribuição e transmissão de
energia elétrica automatizados e com adaptabilidade suficiente para resistir e se adequar às
flutuações no fornecimento de energia quando usamos recursos da natureza como o vento e a
energia solar. Evidentemente, os sistemas SCADA, serão uma das principais ferramentas para
atingirmos esse nível de automação. E voltado à tendência do desenvolvimento de sistemas de
aquisição de dados de baixo custo e softwares supervisórios livres de código aberto também é
necessário manter sempre em pauta ações para estreitar laços entre o usuário e o
desenvolvedor (aplicação x pesquisa) no melhoramento e aprimoramento dos sistemas
SCADA.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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