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Júri
Presidente: Professor Doutor Eng.º Paulo Branco
Dezembro 2011
Dedicatória
Ao meu mestre e amigo, pessoa sábia, alegre, bondosa, pessoa que me fazia querer parar o
tempo e aproveitar cada momento na sua presença, cada conversa no quintal, cada passeio no
terreno, pessoa que me ensinou a escutar, a ver, a pensar. Foi um dos pilares da minha vida, do qual
tenho um enorme orgulho, e estou certo que também ele tem orgulho em mim, e ficaria honrado em
me ver formado como engenheiro.
Infelizmente durante o meu percurso académico, e com grande pesar meu, deixou de estar
presente, e é com uma enorme saudade e uma imensa vontade de honrar o seu nome que lhe dedico
este trabalho.
I
II
Agradecimentos
A realização desta dissertação finda uma importante etapa, cheia de emoções e repleta de
momentos marcados por pessoas dentro e fora do Instituto Superior Técnico. Gostaria aqui de
agradecer a todos aqueles que de alguma forma se cruzaram no meu caminho e me levaram a traçar
este rumo do qual muito aprendi e me fez crescer não só ao nível intelectual mas humano. Espero,
sinceramente, que com o fim desta etapa as amizades perdurem para a próxima e em muitas outras
etapas da minha vida.
Em primeiro lugar agradeço ao meu orientador o Professor Doutor José Luís Pinto Sá pelo
sentido crítico e pela sua preciosa ajuda que me encaminharam na direção certa.
À EDP Distribuição pela disponibilização dos dados de uma porção da sua rede de Alta Tensão,
com os quais foi possível o desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu pai pelo seu enorme coração e companheirismo, à minha mãe pela racionalidade e afeto,
ao meu irmão, confidente e amigo, aos três estou imensamente grato pelo incondicional apoio e
presença nos momentos bons e nos momentos difíceis.
À minha avó, pessoa que me surpreende e fascina todos os dias com a sua energia, com a sua
maneira de ser, e que sempre me incentivou ao longo do meu curso. Aos meus tios pelo
conhecimento e pela ajuda que me deram.
III
IV
Resumo
Foram desenvolvidas macros para identificar e modelar a geração presente na rede que
efetivamente contribui para um dado curto-circuito. Foram modeladas a geração proveniente da Muito
Alta Tensão e a produção eólica consoante a topologia da rede e o defeito em causa de modo a
cumprir as imposições da legislação portuguesa. Os escalões de cada proteção foram coordenados
probabilisticamente, empregando uma metodologia desenvolvida nos anos 90 para redes de
Transmissão e aplicada à rede portuguesa, tendo em conta os erros de medida intrínsecos da
proteção e os perfis de geração mais influentes obtidos após as modelações.
Palavras-chave:
Coordenação de Proteções, Proteção de Distância, Rede de Alta Tensão, Produção Eólica,
“Computer-Aided Protection Engineering”, Automação, Otimização.
V
VI
Abstract
The protective relay coordination is a strategic issue for electricity companies which affects the
transportation, operation and reliability of the system. Since this coordination varies with the network
topology and with the characteristics and criteria of the relays, there is a need to develop systematic
and analytical solutions to cover large scale systems.
The main goal of this thesis is to propose a set of methods and to develop scripts and macros, in
particular, using the "Computer-Aided Protection Engineering", to, autonomously and automatically,
study the distance relay behavior when a fault is simulated in the network. All the distance relays in
the High Voltage Network are analyzed in this short-circuit study and the most important generation
profiles, with greater infeed variation, for each distance relay, are identified.
Macros were developed to identify and model the generation in the network that effectively
contributes to a fault. Very High Voltage generation was modeled and also the wind generation for
each network topology and simulated fault, fulfilling the imposed limitations of the Portuguese
legislation. The zones of each distance relay are probabilistically coordinated, using a methodology
developed in the nineties for transmission networks and applied to the Portuguese Transmission grid,
bearing in mind the inherent measurement errors and the most influent generation profiles obtained
after modeling.
The main innovation of this work consists in the automated joint of algorithms programmed in
MATLAB with macros programmed in CAPE.
Keywords:
Protective Relay Coordination, Distance Relays, High Voltage Network, Wind Generation,
Computer-Aided Protection Engineering, Automation, Optimization.
VII
VIII
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1. Objetivos da Tese ............................................................................................................ 1
2. Enquadramento ................................................................................................................................ 5
2.1. A Rede Elétrica Nacional ................................................................................................. 5
2.3.2. O MATLAB................................................................................................................. 16
5.1.2. Funcionalidades......................................................................................................... 43
IX
5.2.3. Programa de Regulação de Proteções de Distância ................................................ 46
6. Resultados ..................................................................................................................................... 69
6.1. Resultados da Modelação da Produção Eólica............................................................. 69
X
Lista de tabelas
Tabela 3.1: Dados do equivalente de cada parque eólico da rede em estudo. .................................... 22
Tabela 4.1: Valores máximos e mínimos de correntes de defeito trifásico. .......................................... 32
Tabela 4.2: Geração presente na rede AT. ........................................................................................... 33
Tabela 4.3: Parâmetros do modelo SEL-321-5 da Schweitzer. ............................................................ 36
Tabela 5.1: Scripts desenvolvidos em MATLAB. .................................................................................. 43
Tabela 5.2: MACROS desenvolvidas no CAPE. ................................................................................... 44
Tabela 5.3: Linha da Matriz Zescalao. .................................................................................................. 56
Tabela 5.4: Matriz Zescalao. ................................................................................................................. 57
Tabela 5.5: Primeira linha da Matriz Zescalao com a regulação do 3º escalão. .................................. 59
Tabela 6.1: Ciclos do Algoritmo de Modelação da Produção Eólica. ................................................... 70
Tabela 6.2: Excerto dos dados do CAPE para a parte 3 da rede. ........................................................ 73
Tabela 6.3: Matriz Zescalao para a parte 3 da rede. ............................................................................ 74
Tabela 6.4: Excerto dos dados do CAPE para a parte 4 da rede. ........................................................ 76
Tabela 6.5: Excerto da matriz Zescalao para a parte 4 da rede. .......................................................... 76
Tabela 6.6: Excerto dos dados do CAPE para a parte 7 da rede. ........................................................ 77
Tabela 6.7: Excerto da matriz Zescalao para a parte 7 da rede. .......................................................... 78
Tabela 6.8: Excerto dos dados do CAPE para a parte 10 da rede. ...................................................... 79
Tabela 6.9: Excerto da matriz Zescalao para a parte 10 da rede. ........................................................ 80
XI
XII
Lista de figuras
Figura 2.1: Paradigma antigo da rede elétrica. ....................................................................................... 5
Figura 2.2: Paradigma atual da rede elétrica. ......................................................................................... 6
Figura 2.3: Evolução das produções líquidas e do consumo - RESP. [7] .............................................. 7
Figura 2.4: Exemplo de uma rede com “infeeds”. ................................................................................. 13
Figura 2.5: Diagrama de impedâncias: ................................................................................................. 14
a) Considerando todos os “infeeds” (I1 e I2). ..................................................................... 14
Figura 3.1: Esquema representativo da máquina de indução de rotor em gaiola. [14] ........................ 18
Figura 3.2: Esquema representativo da máquina de indução duplamente alimentada. [14] ................ 19
Figura 3.3: Esquema representativo da máquina assíncrona de velocidade variável. [14] .................. 20
Figura 3.4: Esquema típico de um parque eólico. ................................................................................. 21
Figura 3.5: Esquema equivalente: ......................................................................................................... 21
a) dos parques eólicos previamente na rede em estudo. ................................................. 21
Figura 3.6: Curva tensão-tempo da capacidade exigida aos parques para suportarem cavas de
tensão. ................................................................................................................................................... 23
Figura 3.7: Curva de fornecimento de reativa pelos parques eólicos durante cavas de tensão. ......... 23
Figura 3.8: Fluxograma do algoritmo para determinação dos equivalentes do gerador dos parques.. 25
Figura 3.9: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores. .............................. 27
Figura 4.1: Rede de AT utilizada no CAPE. .......................................................................................... 29
Figura 4.2: Porção da rede com a subestação SUBGMAT1 com a geração representativa da MAT. . 30
Figura 4.3: Evolução da disponibilidade (%). [7] ................................................................................... 30
Figura 4.4: Incentivo ao aumento de disponibilidade. [19] .................................................................... 31
Figura 4.5: Taxa combinada de disponibilidade. [19]............................................................................ 32
Figura 4.6: Esquema monofásico equivalente para os centros electroprodutores. .............................. 34
Figura 4.7: Esquema monofásico equivalente da geração proveniente da MAT. ................................ 35
Figura 4.8: Característica Mho com a regulação do 1ºescalão da proteção. ....................................... 36
Figura 4.9: Representação das ligações definidas pelo CAPE para os TI’s e TT’s.............................. 37
Figura 5.1: Esquema representativo das fases de execução dos programas. ..................................... 41
Figura 5.2: Ficheiro perfisCAPE.txt. ...................................................................................................... 46
Figura 5.3: Ficheiro SAIDACAPE.txt. .................................................................................................... 47
Figura 5.4: Ficheiro PERFISGERACAO.txt........................................................................................... 47
Figura 5.5: Distribuição Normal para o 1º escalão. ............................................................................... 48
Figura 5.6: Probabilidade Acumulada de atuação da proteção em 1º escalão. ................................... 49
XIII
Figura 5.7: Probabilidade Acumulada de não atuação da proteção em 1º escalão. ............................ 50
Figura 5.8: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da menor linha vizinha tendo
em conta os “infeeds”. ........................................................................................................................... 51
Figura 5.9: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha
vizinha tendo em conta os “infeeds”...................................................................................................... 52
Figura 5.10: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha
vizinha tendo em conta os “infeeds” e os erros de medida................................................................... 52
Figura 5.11: Probabilidades acumuladas de 2º escalão da proteção secundária e 1º escalão da
primária. ................................................................................................................................................. 53
Figura 5.12: Coordenação do 2º escalão da proteção com o 1º da proteção a jusante....................... 54
Figura 5.13: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da maior linha vizinha tendo
em conta os “infeeds” e os erros de medida de 4º escalão. ................................................................. 55
Figura 5.14: Regulação do 4º escalão para a proteção em estudo. ..................................................... 55
Figura 5.15: Probabilidades acumuladas de 3º escalão da proteção secundária e 2º escalão da
primária. ................................................................................................................................................. 58
Figura 5.16: Coordenação do 3º escalão da proteção com o 2º da proteção a jusante....................... 58
Figura 5.17: Ficheiro comparaprotec.txt................................................................................................ 59
Figura 5.18: Ficheiro ZescCAPE.txt. ..................................................................................................... 59
Figura 5.19: Variação da impedância vista pela proteção para diferentes perfis de geração. ............. 63
a) Exemplo de uma proteção regulada no CAPE sem ter em conta os “infeeds”. ............ 63
XIV
Lista de símbolos
AT Alta Tensão
BT Baixa Tensão
MT Média Tensão
TI Transformador de Corrente
TT Transformador de Tensão
XV
XVI
1. Introdução
Ser Engenheiro Eletrotécnico e poder ter um papel ativo no projeto e desenvolvimento do monu-
mental sistema de energia elétrico com todos os seus elementos de maior ou menor complexidade,
não é só, e por si só gratificante, incute um forte sentido de responsabilidade e de seriedade e é uma
forma aliciante de fazer parte de algo que está em continua evolução e é de uma enormidade e vulne-
rabilidade extraordinárias.
Ora é de grande importância todo o sistema, e por isso, têm sido estudadas ao longo dos tempos
maneiras de aperfeiçoar o seu funcionamento, nomeadamente através da coordenação ótima das
proteções nele existentes, como apresentado nas teses do Eng.º João Afonso [1] e do Eng.º Reis
Rodrigues [2] orientadas pelo Prof. Pinto de Sá, ao nível da rede de Muito Alta Tensão (MAT).
A rede de AT que outrora havia sido meramente radial, tem sofrido grandes alterações na sua to-
pologia com a chegada da geração distribuída, nomeadamente, com a introdução significativa de
parques eólicos.
Esta variação na topologia da rede e as novas imposições por parte da legislação portuguesa aos
parques eólicos obriga a repensar métodos e pressupostos outrora definidos.
A corrente tese visa, portanto, a rede de Alta Tensão (AT) e como otimizar o seu funcionamento e
o funcionamento dos seus elementos, coordenando de forma mais convenientemente possível as
proteções que a constituem. Devido à sua importância, nesta rede, o estudo de coordenação é feito
para as proteções de distância.
Os programas utilizados, para o efeito, muitas vezes não permitem a análise pretendida, limi-
tando-a a conceitos pré-definidos e pouco adequados. Por isso é necessária a combinação de várias
valências de cada programa, viabilizando, assim, um casamento perfeito de métodos e conceitos que
permita otimizar e automatizar estratégias de coordenação.
Os perfis de geração são constituídos por toda a geração presente na rede de AT, geração eólica,
geração térmica e hídrica e geração representativa da MAT. No entanto, a rede disponibilizada, está
1
Capítulo 1: Introdução
dividida em dez partes, e portanto, pretende-se desenvolver uma estratégia que com o auxílio de ma-
cros permita identificar a geração presente em cada porção da rede e que efetivamente contribua
para o curto-circuito simulado.
Para a simulação dos diferentes perfis pretende-se desenvolver macros que permitam modelar
cada geração da maneira mais adequada, ao seu comportamento na rede, aquando de um defeito.
Sendo assim, pretende-se criar macros que modelem a geração proveniente da Muito Alta Tensão
para dois perfis de correntes, mínimas e máximas de curto-circuito, e que simulem a abertura das
centrais térmicas e hídricas quando a tensão nos seus barramentos do lado da rede é inferior a 0.85
pu. É criada ainda outra macro para modelar a produção eólica consoante a topologia da rede e o
defeito em causa de modo a cumprir as imposições da legislação portuguesa.
Para regular os escalões das proteções de distância pretende-se utilizar uma coordenação proba-
bilística, empregando uma metodologia desenvolvida nos anos 90 para redes de Transmissão e apli-
cada à rede portuguesa, tendo em conta os erros de medida intrínsecos da proteção e os perfis de
geração mais influentes obtidos após as modelações.
No Capítulo 1 é feita uma breve descrição dos objetivos da tese e a organização da dissertação.
No Capítulo 2 é feito o enquadramento deste trabalho, tendo em conta o tipo de rede e o tipo de pro-
teção em estudo. Descreveu-se as abordagens comummente utilizadas na coordenação deste tipo de
proteções para a rede de AT e propôs-se justificadamente a abordagem probabilística estudada e de-
senvolvida nesta tese, e o software utilizado.
No Capítulo 3 fez-se referência ao modo como se abordou a produção eólica, como se obtiveram
e analisaram os equivalentes dos parques eólicos e como foi aplicado um algoritmo para modelar o
seu comportamento, imposto pelo regulamento, aquando de um defeito na rede.
São descritas, no Capítulo 4, as principais considerações tomadas nesta tese em relação à rede
de AT estudada, nomeadamente, quanto ao tipo de produção presente neste tipo de redes. Neste ca-
pítulo estão mencionados todos os ajustes realizados para a aplicação das macros no CAPE à rede
disponibilizada pela EDP.
Ao longo do Capítulo 5 foi feita a descrição dos programas concebidos e do seu funcionamento. A
forma como os programas são executados, como obtém os dados e fazem o seu tratamento é abor-
dada ao pormenor neste capítulo.
2
Capítulo 1: Introdução
3
Capítulo 1: Introdução
4
2. Enquadramento
A rede elétrica nacional é constituída pela Rede Nacional de Transporte (RNT) que corresponde à
rede de Muito Alta Tensão (MAT) – 400, 220 e 150 kV – cuja concessão foi concedida pelo estado à
Redes Energéticas Nacionais (REN), e, pela Rede Nacional de Distribuição (RND), rede de Baixa
Tensão (BT), Média Tensão (MT) e Alta Tensão (AT), concessionada pela Energias de Portugal Dis-
tribuição (EDP Distribuição). [3]
As redes de distribuição possibilitam o escoamento da energia elétrica que aflui dos centros
electroprodutores e das interligações às subestações da RNT para as instalações consumidoras.
As redes de distribuição são constituídas por linhas aéreas e por cabos subterrâneos, de alta ten-
são (60 kV), de média tensão, fundamentalmente 30 kV, 15 kV e 10 kV, e de baixa tensão (400/230
V). Estas redes englobam ainda redes de pequena dimensão a 132 kV, na zona norte do país, e a 6
kV, na zona sul.
Além das referidas linhas e cabos, as redes de distribuição são constituídas por subestações,
postos seccionadores, postos de transformação e equipamentos acessórios ligados à sua exploração.
Fazem ainda parte destas redes as instalações de iluminação pública e as ligações a instalações
consumidoras e a centros electroprodutores.
Rede de
Transporte
5
Capítulo 2: Enquadramento
Parque Eólico
Da integração desta nova geração dita descentralizada, resulta um Sistema de Energia Elétrica
(SEE) em que o trânsito de energia é bidirecional em oposição aos SEEs tradicionais em que fluía
num único sentido, dos grandes produtores para os consumidores [4]. Esta alteração no paradigma
da rede de energia elétrica (figura 2.2) obriga a repensar métodos, pressupostos e estratégias de
proteção e controlo.
Apesar do propósito deste tipo de geração ser a de aumentar a capacidade de satisfação dos
consumos, tirando partido dos recursos disponíveis localmente, e, se possível, reduzir perdas, exis-
tem impactos na qualidade de energia e no sistema de proteções que não podem ser desprezados
[5].
Em Portugal não existem recursos conhecidos de petróleo ou de gás natural e os recursos dispo-
níveis de carvão estão praticamente extintos. Assim, o país viu-se confrontado com a necessidade de
desenvolver formas alternativas de produção de energia, nomeadamente, promovendo e incentivando
a utilização dos recursos energéticos endógenos [6].
6
Capítulo 2: Enquadramento
clássicas, gás natural, carvão, gasóleo) e em grandes centros electroprodutores hídricos, e pela Pro-
dução em Regime Especial (PRE), que engloba centrais de cogeração, de biomassa e a produção
elétrica a partir de fontes de energia renováveis (parques eólicos, fotovoltaicos e mini-hídricas). [7]
Como se pode observar pela figura anterior a PRE (a rosa), embora constitua uma parcela redu-
zida, registou um aumento significativo ao longo dos últimos anos. No entanto, a sua contribuição
para a satisfação dos consumos ainda é pequena tendo em conta a PRO (figura 2.3). Isto deve-se ao
facto da PRE não ser despachável, ou seja, tem capacidade reduzida de adaptar a sua produção às
variações do consumo. Como o padrão de consumo de energia elétrica é altamente variável no
tempo, é necessário que o sistema possua fontes de energia controláveis (maioritariamente PRO),
capazes de promover o encontro entre a geração e o consumo. [7]
A aprovação das “Diretivas das Renováveis”, cuja aplicação em Portugal levou o Governo a
definir metas ainda mais ambiciosas para a penetração das energias renováveis, designada-
mente a energia eólica, com a previsão de ter 5100 MW instalados em 2012.
7
Capítulo 2: Enquadramento
A geração eólica faz parte da geração distribuída presente no Sistema Elétrico Nacional, e por-
tanto, tem influência na variação da qualidade da energia da rede, no entanto, com o regulamento em
vigor os parques eólicos passam, aquando da ocorrência de defeitos, a ter de realizar suporte de rea-
tiva de modo a que a tensão da rede se mantenha. Portanto, esta obrigação imposta pelo regula-
mento aos proprietários dos parques é um assunto de algum interesse, numa perspetiva de avaliar o
impacto global do seu funcionamento na rede e consequentemente a sua influência nas proteções
nela contidas.
Para se proceder ao estudo da geração eólica, são utilizados normalmente modelos que possam
representar de forma coerente o comportamento de um parque eólico em exploração e/ou em defeito.
No presente trabalho é proposta a aplicação de um modelo criado tendo por base os dados previa-
mente disponibilizados pela EDP, e a aplicação de um método iterativo para representar o funciona-
mento do parque eólico em condições de defeito de modo a que este possa cumprir o que está no re-
gulamento português.
Sensibilidade: tem de ser capaz de detetar as anomalias mesmo que estas pareçam não existir
(curto-circuitos fortemente resistivos);
Rapidez: deve isolar rapidamente a perturbação do resto do SEE, de modo a minimizar o des-
gaste dos materiais ou oscilações prejudiciais em grandezas que se querem estáveis.
O problema da coordenação ótima das proteções não é trivial quando a rede é malhada e apre-
senta variações, por vezes bruscas, na sua topologia. Estas variações devem-se em grande parte ao
cenário de geração bastante variável dos diversos recursos nacionais, traduzindo-se num aumento de
complexidade dos critérios a adotar.
8
Capítulo 2: Enquadramento
A proteção de Redes de Energia Elétrica (REE), especialmente em níveis de tensão muito ele-
vados, é feita primordialmente por funções de proteção de distância, uma vez que este tipo de prote-
ções é adequado a REE com topologia fortemente malhada e onde o tempo de eliminação de defei-
tos deve ser bastante reduzido. Esta é a topologia típica da rede de MAT. [8]
Já as redes de MT e BT são radiais, com uma topologia simples e com exigências não tão rigoro-
sas relativamente aos tempos de eliminação de curto-circuitos, dependem essencialmente do esforço
térmico admissível pelos equipamentos, por isso utilizam-se proteções de máxima intensidade [8]. Na
rede AT a situação é um pouco diferente.
A rede de AT tem uma topologia mais complexa relativamente às referidas no último parágrafo,
podendo-se encontrar zonas em que existam, efetivamente, malhas ou linhas em anel, assim como,
possui uma forte interligação de diversos centros electroprodutores. Para este tipo de topologia a
proteção de máxima intensidade, simples ou direcional, é incapaz de fornecer uma operação seletiva
e rápida, por isso, é utilizado outro critério para a determinação da existência e localização de defei-
tos, que é o da medida da impedância, recorrendo a proteções de distância tal como na rede de MAT.
[8]
Portanto, a função distância constitui a função de proteção principal de linhas de AT, pois a sua
característica de tempo-distância permite obter um funcionamento rápido e seletivo na deteção de
defeitos entre fases e fase-terra. Para além disso, a proteção de distância funciona como reserva a
proteções em zonas mais remotas da rede.
Este tipo de proteção é mais preciso e mais discriminativo do que a proteção de máxima intensi-
dade porque usa mais informação, combinando a medida da corrente e da tensão e obtendo, assim,
a impedância “vista” pela proteção do local onde está instalada até ao defeito (impedância aparente
de defeito) [8]. No entanto, apesar das referidas vantagens em relação às proteções de máxima in-
tensidade, as proteções de distância apresentam algumas imprecisões quando ocorrem curto-circui-
tos muito resistivos. Estes defeitos são provocados normalmente por incêndios na proximidade das li-
nhas.
Esta função pode possuir quatro ou cinco escalões de medida direcionais com característica Mho
ou poligonal e regulação independente dos alcances de cada escalão. A cada um destes escalões
estará associada uma temporização de disparo independente. Normalmente são usados apenas três
dos escalões, sendo o 4º escalão apenas utilizado em casos estritamente necessários, ou seja,
quando o 3º escalão não garante a proteção de todas as linhas vizinhas.
9
Capítulo 2: Enquadramento
ções. Outro exemplo é a possível limitação dos escalões mais longos de modo a que não se esten-
dam, no ângulo de carga máxima, para além do limite a partir do qual a proteção dispararia intempes-
tivamente devido a sobrecargas nas linhas.
1º Escalão:
O 1º escalão (de atuação instantânea) tem como objetivo proteger o maior comprimento possível
de linha, garantido que nunca ocorre atuação com um defeito para lá do termo da linha, noutra linha
adjacente.
Para este escalão a impedância operacional da proteção é dada pela seguinte expressão:
( ∑ ) (2.1)
Precisão do relé: 5%
Erro do TT: 3%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
+Margem de segurança: 4%
Total:
(2.2)
(2.3)
relação , então:
(2.4)
Assim:
10
Capítulo 2: Enquadramento
Precisão do relé: 5%
Erro do TT: 3%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
Margem de segurança: 4%
+Imprecisão do valor de Zh: 10%
Total:
(2.5)
2º Escalão:
O 2º escalão tem de garantir a proteção da linha, ou seja, qualquer defeito na linha tem ser
abrangido pela sua zona operacional. De modo a que não ocorra subalcance o 2º escalão tem de se
sobrepor com zonas de 1º escalão de linhas adjacentes, no entanto não deve haver sobreposição
com zonas de atuação de 2º escalão de linhas adjacentes.
Para este escalão a impedância operacional da proteção é dada pela seguinte expressão:
( ∑ ) (2.6)
Precisão do relé: 5%
Erro do TI: 5%
Precisão de cálculo dos parâmetros das linhas: 3%
+Margem de segurança: 7%
Total:
(2.7)
No caso do curto-circuito no ponto limite dos 85% das linhas vizinhas tem de se verificar para
cada uma das linhas:
∑
[ ( )] ( ∑ ) (2.8)
[ ( )] (2.9)
Caso isto não se verifique a proteção de distância não estará bem regulada para o 2º escalão.
3º Escalão:
O 3º escalão tem como objetivo garantir proteção de reserva de todas as linhas vizinhas. É a
maior das linhas vizinhas que tem de ser protegida e não a própria linha. Não deve haver sobreposi-
11
Capítulo 2: Enquadramento
∑ ∑
( ∑ ) ( ( ) ( )) (2.10)
( ) (2.11)
4º Escalão:
(2.12)
Este escalão cobre alguma impedância à retaguarda protegendo também o barramento a mon-
tante.
O CAPE permite que se faça a coordenação sistemática das proteções de distância, utilizando o
escalão de arranque destas como um escalão efetivo (4º escalão). Como as temporizações dos es-
calões são determinadas pelos temporizadores internos supervisionados pelo elemento de arranque,
o tempo inerente desses escalões advém do tempo inerente do escalão supervisor. Assim, definiu-se
os tempos operacionais para cada escalão:
1º Escalão – 1ciclo
2º Escalão – 15 ciclos
3º Escalão – 50 ciclos
4º Escalão – 75 ciclos
Os tempos de 2º, 3º e 4º escalões devem ter em conta o tempo de abertura dos disjuntores, a to-
lerância relacionada com as imprecisões temporais da proteção e os atrasos correspondentes aos
escalões mais baixos.
12
Capítulo 2: Enquadramento
A coordenação dos pares de proteções depende da regulação dos valores dos escalões e da to-
pologia da rede aquando da ocorrência do curto-circuito. Para a coordenação ideal, os valores de re-
gulação dos escalões ajustavam-se à topologia da rede na situação de curto-circuito, contudo, na
prática, estas regulações são fixadas durante a instalação da proteção para a topologia da rede pre-
sente nesse momento.
No ponto anterior, da regulação clássica dos vários escalões, fez-se referência a “infeeds”. No
entanto, a sua consideração é motivo de discussão.
“Infeeds” são injeções intermédias de corrente que resultam de haver, entre o ponto onde ocorreu
um determinado defeito e a proteção em questão, linhas que afluem de outras partes da rede trans-
mitindo correntes que a proteção não vê mas que contribuem para o defeito. A proteção deteta, as-
sim, uma impedância aparente maior do que na realidade acontece. Na figura seguinte é apresentado
um exemplo de uma rede em que a impedância vista pelas proteções é influenciada por “infeeds”.
( ) (2.13)
Se se considerar o efeito amplificador dos “infeeds” na regulação dos escalões, no caso de ocor-
rer um defeito numa das linhas vizinhas para além da zona operacional do 1º escalão da proteção
dessa linha e um ou mais “infeeds” estiverem cortados (devido a manutenção das linhas), haverá
sobre alcance da proteção, que provocará um disparo simultâneo com o 2º escalão da proteção da
linha defeituosa, retirando inadvertidamente de serviço um elemento da rede. Ocorre uma falha de
seletividade.
Esta situação pode ser observada na figura seguinte, analisando os diagramas de impedâncias
da proteção A. Na figura 2.5 a) é apresentada a regulação dos 2ºs escalões da proteção A e D, e a
regulação do 1º escalão da proteção D. Não ocorre falha de seletividade porque o 2º escalão de A foi
regulado, tendo em conta todos os “infeeds”, de modo a não ultrapassar o 1º escalão de D.
Quando um dos “infeeds” é retirado, a proteção A passa a ver o defeito em 2º escalão, atuando
tanto a A como a D nesse escalão, ocorrendo falha de seletividade (figura 2.5 b)).
13
Capítulo 2: Enquadramento
Falha de Seletividade!
a) b)
Figura 2.5: Diagrama de impedâncias:
Esta situação de falha de sensibilidade é ilustrada na figura abaixo para outro exemplo de regula-
ção do 2º escalão da proteção A.
Falha de Sensibilidade!
a) b)
Figura 2.6: Diagrama de impedâncias:
14
Capítulo 2: Enquadramento
dente do perfil de geração no instante em que ocorre o curto-circuito. Este perfil de geração na rede
de AT depende de geração proveniente das centrais hidrelétricas, termoelétricas, parques eólicos e
ainda da geração proveniente da MAT, responsável, em grande parte das situações, pelos “infeeds”
mais elevados.
A não consideração de “infeeds” na coordenação das proteções, pressupõe que a rede é estável
e o perfil de geração pouco variável, o que não é o caso da rede de AT. No entanto, este critério po-
dia ser utilizado para a RNT de 400kV pois normalmente estão todas as linhas em serviço, ou quanto
muito está uma linha fora de serviço, e, as centrais ligadas a este nível de tensão são em grande
parte térmicas estando, quase permanentemente, todos os grupos ligados. [9]
Para a rede de AT, com geração bastante variável, os “infeeds” têm de ser considerados por isso
e por indicação do orientador desta tese propõe-se a aplicação de uma abordagem probabilística.
A formulação conceptual desta abordagem já tinha sido idealizada pelo orientador desta tese e
aplicada pelo Eng.º João Afonso às proteções de distância da rede de transporte [1], [10], [11]. O que
se pretende aqui é transpor alguns dos conceitos para a rede de distribuição. Agora tendo em conta
não só a influência das centrais hídricas mas, e principalmente, a produção eólica que cada vez mais
tem um peso maior na rede.
2.3.1. O CAPE
15
Capítulo 2: Enquadramento
O CAPE é uma ferramenta versátil e intuitiva, partindo de uma completa base de dados é possí-
vel fazer o estudo e cálculo de diversos tipos de curto-circuitos, para as topologias da rede pretendi-
das, permite adicionar e regular proteções, e, verificar a sua coordenação. Para além da análise dos
curto-circuitos e do comportamento das proteções de uma dada rede, esta ferramenta permite ainda
realizar estudos de trânsito de energia e de estabilidade transitória.
Cada uma destas funcionalidades está definida em diferentes módulos do CAPE sendo o módulo
de curto-circuitos o mais importante para o estudo pretendido. No entanto, o conhecimento do funcio-
namento da base de dados é fulcral tendo em conta a necessidade de realizar alterações na rede,
adquirir dados essenciais ao estudo e modificar valores de parâmetros pelo acesso direto à base de
dados através da interface gráfica IBConsole, do software de gestão de base de dados InterBase, uti-
lizando a linguagem “Structured Query Language” (SQL).
2.3.2. O MATLAB
Devido às limitações da linguagem CUPL, recorre-se ao software MATLAB para proceder à coor-
denação dos vários escalões das proteções, aplicando o método probabilístico após o tratamento dos
dados previamente obtidos do CAPE.
Tira-se, assim, partido desta poderosa ferramenta de cálculo numérico, interativa e de alto de-
sempenho, fundamental para realizar os cálculos complexos subjacentes à abordagem probabilística
em estudo.
16
3. Modelação da Produção Eólica
A produção eólica tem vindo a aumentar de forma substancial nos últimos tempos. É importante,
portanto, conhecer o impacto provocado pela presença deste tipo de geração nas redes e, conse-
quentemente, entender a sua influência na coordenação das proteções existentes.
Para tal, no presente estudo, procedeu-se à modelação dos parques eólicos tento em conta as
considerações que se apresentam no ponto 3.1. Com todos os parques eólicos de uma rede modela-
dos, aplicou-se um algoritmo de forma a poder simular o seu comportamento aquando da ocorrência
de curto-circuitos, para diferentes perfis de geração e contingências da rede. Este comportamento do
parque representa as condições que o proprietário do parque tem de garantir, para que sejam cum-
pridas as indicações presentes no regulamento [12].
A geração eólica pode ser representada por um equivalente, que simule um agregado coerente
de toda a produção eólica na área de influência da respetiva subestação [12]. Para cada parque esta
produção eólica normalmente varia entre 5% (mínimo) e 90% (máximo) da sua potência nominal. No
entanto, uma vez que se obtêm “infeeds” mais elevados se se considerar o parque a funcionar à po-
tência nominal, optou-se, no presente trabalho, por simular a referida geração num de dois estados:
ou se encontra desligada da rede não contribuindo com qualquer “infeed” ou ligada e a funcionar à
potência nominal. Para o estudo em causa, esta consideração é suficiente visto que os “infeeds” re-
sultantes são significativamente inferiores aos da restante geração, nomeadamente os provenientes
da MAT.
O primeiro aspeto a ter em conta, para modelar um parque eólico é o gerador. Dos vários tipos de
geradores eólicos existentes, os mais usuais são os que seguidamente se mencionam.
Esta máquina é constituída por um sistema de conversão de energia eólica, que funciona a velo-
cidade aproximadamente constante, equipado com um gerador de indução diretamente ligado a uma
rede de frequência constante. [13]
17
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Não existem conversores de potência entre o gerador e a rede e, portanto, a corrente de defeito
não é limitada, assim sendo, esta máquina pode ser modelada como um gerador síncrono sem limita-
ção de corrente, contribuindo para o defeito apenas durante os primeiros ciclos, uma vez que a má-
quina só tem regime sub-transitório.
É constituída por sistemas conversores equipados com gerador de indução de rotor bobinado e
escorregamento variável. Nesta montagem o estator é diretamente ligado à rede e o rotor ligado à
rede através de um conversor AC/DC/AC e de um transformador elevador. O princípio de funciona-
mento desta máquina baseia-se na possibilidade de controlar a sua velocidade por variação da re-
sistência do rotor. [15]
18
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Consiste num gerador síncrono ligado assincronamente à rede elétrica através de um conversor
AC/DC/AC, isolando, assim, a frequência do rotor da frequência da rede e, por isso, possibilitando
uma maior eficiência do sistema. Há fabricantes que utilizam geradores de indução (figura 3.3), mas
pode ser mais vantajoso um gerador síncrono, com um número elevado de pares de pólos de modo a
permitir ao gerador acompanhar a velocidade de rotação da turbina, evitando a utilização de uma
caixa de velocidades. Esta vantagem é importante pois diminui as perdas e o ruído associados às
baixas velocidades do vento. [13]
Tal como a máquina anterior, o conversor de potência não é capaz de suportar a corrente de de-
feito e, por isso, a máquina de velocidade variável também pode ser modelada como um gerador sín-
crono com limite de corrente de defeito a 1,1 pu da corrente nominal do gerador.
Consultando o descritivo deste modelo [17], concluiu-se que o tipo de gerador utilizado é um ge-
rador síncrono de velocidade variável, e, por isso, no corrente trabalho modelou-se, através do pro-
grama CAPE, todos os parques eólicos da rede em estudo com geradores deste tipo (MSVV).
19
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Um parque eólico pode conter algumas dezenas de geradores eólicos. Estes geradores estão li-
gados por um intricado sistema coletor ao barramento da subestação do parque eólico. Enquanto que
a influência de um único gerador eólico pode ser pequena, o conjunto de todos os geradores do
parque pode provocar um impacto significativo aquando da ocorrência de um defeito na rede. [18]
No parque eólico, cada gerador está ligado a um transformador que eleva a tensão para um nível
médio. Nesse nível os geradores eólicos estão interligados em cadeia por cabos até ao barramento
da subestação do parque. Nesse barramento podem afluir vários ramais com agrupamentos de gera-
dores. De acordo com esta descrição prévia, tipicamente, um parque eólico pode ser representado
pelo esquema da figura 3.4. No entanto, para a rede em estudo os parques foram previamente di-
mensionados e representados de acordo com a figura 3.5 a). A principal diferença é a não modela-
ção de qualquer cabo de interligação no parque, estando os transformadores dos geradores eólicos
diretamente ligados ao barramento da subestação do parque.
Portanto, para determinar o esquema equivalente do parque eólico, recorreu-se aos dados dispo-
nibilizados pela EDP na rede em estudo, partindo-se, assim, do equivalente da figura 3.5 a). Calcu-
lou-se a potência do gerador equivalente somando as potências de todos os geradores do parque,
obteve-se a impedância do gerador equivalente fazendo o paralelo de todas as impedâncias dos ge-
radores do parque e determinou-se a impedância do transformador equivalente fazendo o paralelo de
todos os transformadores associados aos geradores eólicos ao qual se adicionou em série o trans-
formador da subestação.
20
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Rede
Linha de interligação
do Parque à Rede
Parque
60kV Subestação Eólico
do Parque
Transformador Eólico
da Subestação
20kV
Neutro Bateria de
Artificial Condensadores
Cabos de
interligação
0,4kV 20kV
Partindo do raciocínio atrás mencionado obteve-se o modelo de cada parque eólico de acordo
com o esquema apresentado na figura 3.5 b).
Rede
60kV 0,4kV 60kV
Rede
ZTS
ZT Linha de
20kV SN, ZG interligação
a) b)
No caso dos geradores do parque e dos transformadores associados serem todos iguais as ex-
pressões apresentadas na figura 3.5 b) simplificam-se:
SN = n×SN1
ZG = ZG1/n (3.1)
ZT = ZT1/n + ZTS
21
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Partindo dos valores fornecidos pela EDP e utilizando as expressões em (3.1), foram obtidos os
dados para os equivalentes de todos os parques e apresentados na tabela seguinte. As impedâncias
equivalentes são apresentadas em pu para a potência de base de 100MVA e tensão de base igual à
tensão nominal do gerador.
Embora no CAPE fosse possível limitar a corrente de defeito para 1,1 pu da corrente nominal do
gerador síncrono, como forma de representar o limite imposto pela eletrónica de potência, para o
estudo efetuado, essa limitação do valor de corrente injetada por cada parque é imposta pelo algo-
ritmo apresentado no ponto 3.3, não houve necessidade, portanto, de regular este parâmetro no Edi-
tor de Base de Dados do CAPE para cada gerador. Esta limitação do valor da corrente poderia ser
feita no CAPE, utilizando o referido editor, acedendo aos dados do gerador e no separador “Current
Limit”, indicando o tipo de limite, neste caso: “Limit maximum 3-phase current”, e o valor 1,1 em pu.
Com o desenvolvimento tecnológico encontram-se cada vez mais geradores eólicos capazes de
regular a sua produção tanto em potência ativa como em potência reativa. Os mais recentes
geradores eólicos caracterizam-se também pela sua imunidade a cavas de tensão, em caso de curto-
circuitos próximos. Estes desenvolvimentos técnicos permitem explorar os parques eólicos tendo em
conta as necessidades da rede eléctrica, nomeadamente a estabilização da tensão da rede principal.
No mesmo regulamento [12] está estipulado que as instalações de produção eólica devem
permanecer ligadas à rede durante cavas de tensão decorrentes de defeitos trifásicos, bifásicos ou
22
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
De acordo com a referida curva o parque eólico deve ter capacidade para suportar cavas de
tensão (fault ride through capability - FRTC) até um valor de tensão de 0,2 pu. Abaixo do referido
valor o parque é retirado da rede.
Figura 3.6: Curva tensão-tempo da capacidade exigida aos parques para suportarem cavas de tensão.
Durante as cavas de tensão, os parques eólicos devem fornecer corrente reativa, de acordo com
a figura que se segue, proporcionando desta forma suporte para a tensão na rede.
Figura 3.7: Curva de fornecimento de reativa pelos parques eólicos durante cavas de tensão.
O cumprimento desta curva de produção mínima de corrente reativa, pelos parques eólicos, deve
iniciar-se com um atraso máximo de 50 ms após a deteção da cava de tensão. Da figura 3.7 é pos-
sível obter as equações para a corrente reativa que um parque eólico deve injetar durante uma cava
de tensão:
23
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
| |
{ (3.2)
| | | |
Para valores de tensão superiores a 0,9 pu, o parque não necessita de fornecer qualquer corrente
reativa.
24
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Nº do parque (NP)
inicializado a 1.
Sim
Não
Não
X’’G=999999 e Conta nº de 1’s no vector vEolica.
Sim
RG=0. Parque |u|<0.2?
fora da rede. ?
Sim Todos os valores
Nº de 1’s=13?
convergiram. FIM
Figura 3.8: Fluxograma do algoritmo para determinação dos equivalentes do gerador dos parques.
25
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Uma vez que a rede que se pretende estudar contém um total de treze parques eólicos é utilizado
um método iterativo que verifica as impedâncias equivalentes do gerador de todos os treze parques,
alterando os respectivos valores de forma a garantir que o parque cumpra a curva da corrente reativa
prevista no regulamento, para um curto-circuito simulado na rede em estudo, com um dado perfil de
geração.
Para os diferentes perfis que se pretende simular, este método principia considerando que os
geradores de todos os parques estão modelados para os valores pré-definidos, obtidos dos valores
da EDP realizando o equivalente do parque.
A reactância pré-definida no CAPE para o cálculo das correntes de curto-circuito injetadas por
cada gerador síncrono, é a reactância subtransitória, por isso e porque este era o único valor de
reactância directa definida pela EDP para os geradores síncronos dos parques eólicos, não sendo
definidas nem a reactância transitória nem a síncrona, foi a reactancia sub-trânsitória X’’G assim como
uma dada resistência RG que foram utilizadas para representar a impedância do gerador síncrono ZG
na rede existente no CAPE, apesar de ser a reactância transitória a mais adequada para este estudo
pois é analisada, segundo o regulamento, a resposta dos geradores com um atraso máximo de 50 ms
após a detecção da cava de tensão.
Para o primeiro parque, considerando que todos os outros estão regulados com os valores pré-
definidos, são determinadas a tensão e corrente no barramento do lado da rede, impostas pelo curto-
circuito simulado. Se a corrente tiver um valor superior a 1,1 pu, devido aos limites impostos pela
electrónica de potência, tem de ser limitada, considerou-se neste trabalho, para o referido valor. Ora a
determinação da corrente ativa, para esta situação,depende da tensão no barramente do parque e da
corrente reativa que segundo o regulamento o parque tem de injectar. Sendo assim determinou-se o
valor da corrente ativa de forma a que o módulo da corrente correspondesse a 1,1pu:
| | (3.3)
( | | ) | | (3.4)
26
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
Para tensões superiores a 0,9 fixou-se o módulo da corrente para o limite mencionado. No caso
da tensão ser inferior a 0,2 pu, não é necessário limitar a corrente porque o parque é retirado da rede.
Para determinar a impedância equivalente do gerador do parque é necessário, novamente, analisar
do valor de tensão obtido:
No caso do valor de tensão no barramento ser inferior a 0,2 pu, o parque é retirado da rede, como
mencionado atrás. É atribuido, para esse fim, o valor de zero à resistência e um valor muito elevado
para a reactância do gerador equivalente do parque. O algoritmo permite, assim, também simular as
proteções de mínimo de tensão do parque.
Para uma tensão entre 0,2 e 0,5 pu, de acordo com o regulamento, o parque tem de fornecer à
rede uma corrente reativa de 0,9 pu e não consumir nenhuma corrente ativa durante o defeito. No
programa utilizado para a simulação dos curto-circuitos (CAPE), o valor da força electromotriz do
gerador síncrono é considerado igual a 1 pu e o parque eólico pode ser representado pelo esquema
equivalente apresentado na figura 3.9.
ZG ZT Iccparque
EG
u
(3.5)
(3.6)
Para determinar o valor de ZG, utiliza-se a equação anterior partindo dos valores de corrente ativa
e de tensão determinados atrás e utilizando o valor de corrente reativa que se pretende:
(3.7)
Para valores entre 0,5 e 0,9 pu, o regulamento impõe que o parque injecte uma corrente reativa
imposta pela expressão (3.2). Assim, tal como no raciocíno anterior, a impedância equivalente do
gerador é dada por:
27
Capítulo 3: Modelação da Produção Eólica
(3.8)
( | | )
No caso da tensão ser superior a 0,9 pu, o parque não necessita de fornecer qualquer corrente
reativa. Se a corrente no barramento do lado a rede tiver sido limitada de forma a que o módulo não
ultrapasse 1,1 pu, a impedância equivalente do gerador é calculada de modo a garantir essa corrente.
Caso contrário, utiliza-se o valor de ZG pré-definido para cada parque. Estes valores pré-definidos
foram calculados partindo do equivalente de cada parque eólico inicialmente apresentado na rede
com os parâmetros da EDP.
Para o segundo parque eólico, os valores de corrente e tensão são determinados considerando
que todos os parques têm os valores de impedância pré-definidos com a exceção do primeiro, que é
simulado já com o novo valor de impedância do gerador. Calcula-se o novo valor de ZG para o
segundo parque e o terceiro parque é simulado com os novos valores dos dois parques anteriores.
Este método é repetido sucessivamente, até se obter o novo valor de ZG para todos os parques.
No primeiro ciclo a condição de convergência não pode ser verificada, uma vez que é necessário
calcular as impedâncias de todos os treze parque eólicos. No segundo ciclo, partindo dos valores
determinados no primeiro, para que cada parque cumpra o regulamento, é recalculado o novo valor
de impedância.
Em cada ciclo, os valores de impedâncias dos geradores aproximam-se dos valores obtidos no
ciclo anterior. Quando a diferença entre a impedância calculada para o gerador e a impedância
calculada anteriormente for inferior a 0,001 para todos os parques, obtém-se um valor para o
equivalente do gerador de cada parque, com um erro inferior a 0,1%, que garante o cumprimento da
injecção de corrente reativa prevista pelo regulamento e portanto considera-se que o método
convergiu.
Este algoritmo foi programado numa macro, para que podesse ser aplicado e simulado na rede
em estudo utilizando o programa CAPE. A macro é mencionada mais à frente no ponto 5.3.2.
28
4. Rede de Alta Tensão no CAPE
A rede utilizada neste trabalho corresponde a 1/6 da rede de Alta Tensão da EDP e é constituída
por sete centrais termoelétricas (quatro de cogeração, três de biomassa), três centrais hidroelétricas
(duas de albufeira e uma de fio-de-água), treze parques eólicos, sessenta e duas subestações da
EDP, vinte subestações de centros produtores/consumidores cuja geração ou consumo não estão
discriminados, sete postos seccionadores, e, doze subestações de transformação (onze delas
pertencentes à REN) que elevam o nível de tensão para a Muito Alta Tensão.
A geração proveniente da MAT é simulada através de grupos geradores ligados às referidas sub-
estações (AT/MAT), representando a injeção de corrente forte na rede de AT (figura 4.2). Os perfis
da rede dependem deste tipo de geração assim como da geração ligada à rede AT de centros elec-
troprodutores particulares ou pertencentes à EDP.
Assim, no estudo dos perfis, são consideradas todas as centrais termoelétricas, hidroelétricas (de
Produtores em Regime Especial e Produtores em Regime Ordinário), todos os parques eólicos e a
geração proveniente da MAT.
29
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Figura 4.2: Porção da rede com a subestação SUBGMAT1 com a geração representativa da MAT.
Para cada geração está associada uma disponibilidade diferente em conformidade com o tipo de
recurso energético e o ano em questão. Na figura seguinte está representada a disponibilidade de
cada geração no ano 2009 e 2010 (dados da EDP).
30
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Verifica-se que a variação da disponibilidade é pouco acentuada para grande parte dos diferentes
tipos de geração, notando-se apenas uma variação mais acentuada na evolução da disponibilidade
das centrais de cogeração e de carvão.
Sendo assim, considerou-se, para cada tipo de geração, que a probabilidade de estar ligada à
rede corresponde à disponibilidade apresentada no ano transato (2010) subtraindo 10% do seu valor
e no caso das hídricas 20% de forma a traduzir de modo mais realista a probabilidade de cada uma
destas gerações estar presente na rede. Esta aproximação é grosseira uma vez que representa a ge-
ração de uma forma global. Optou-se por fazer esta aproximação uma vez que se pretende ter uma
visão global da geração associada à rede e não se possui dados suficientes para discriminar indivi-
dualmente a utilização/produção anual intrinsecamente ligada aos recursos energéticos e à localiza-
ção geográfica de cada central ou parque eólico.
31
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Foi feita a comparação com as correntes máximas e mínimas de curto-circuito para cada subes-
tação existente na rede do CAPE com os dados apresentados no documento da REN [19], verifi-
cando-se que os valores são idênticos, mas não exatamente iguais pois variam consoante o ano em
que o estudo é feito.
As subestações da MAT número 5 e 6 pertencem a parte da rede que não têm proteções de dis-
tância, e portanto, não entram para este estudo.
Para o valor máximo de corrente de defeito, considerando que existe mais geração ligada, atri-
buiu-se a probabilidade máxima (disponibilidade de Janeiro) de cerca de 98,8%, para o mínimo de
corrente foi considerada a probabilidade mínima (disponibilidade de Setembro) de cerca de 97,1%.
Estes valores foram obtidos por consulta do gráfico da figura 4.5.
32
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Sendo assim, pretende-se simular a geração proveniente da MAT de duas formas: contribuindo
com uma corrente para o defeito no máximo igual ao valor da corrente máxima estipulada na tabela
anterior para a referida geração ou com a corrente mínima consoante esteja um ou o outro gerador
da subestação da MAT ligado à rede.
Para a situação em que a geração representativa da MAT pode contribuir no máximo com a cor-
rente de defeito máxima tabelada é atribuída a probabilidade máxima, pois considera-se que corres-
ponderá a uma maior disponibilidade da geração de MAT. Para a situação em que esta geração con-
tribui no máximo com a corrente de defeito mínima tabelada é atribuída a probabilidade mínima pois
eventualmente corresponderá a uma menor disponibilidade da geração proveniente da MAT.
Designa-se por perfil de geração o conjunto de geradores presentes numa dada porção da rede e
que contribuem com correntes para um determinado curto-circuito simulado.
A probabilidade de cada perfil é obtida considerando que cada gerador é independente, e por-
tanto, resulta da multiplicação da probabilidade de cada gerador. Estas probabilidades são as apre-
sentadas na tabela anterior.
Para a Hídrica PRO com quatro grupos (27, 28, 29 e 30) considerou-se que todos tinham a
mesma probabilidade e tendo em conta que a probabilidade da central estar ligada à rede é de
72,4%, então a probabilidade de cada grupo é de: . Para a Hídrica PRO com
dois grupos (24 e 25) a probabilidade de cada grupo é de: .
33
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
A rede possui uma central de biomassa com dois grupos (18 e 19), e sendo a probabilidade desta
estar ligada igual a 85,1%, a probabilidade de cada grupo é de: . Existe ainda
uma cogeração com três grupos (20, 21 e 22), e tendo em conta que 73,2% corresponde à probabili-
dade de estar ligada, a probabilidade de cada grupo é de: .
Com a exceção dos parques eólicos cuja modelação foi descrita no ponto 3.1, a geração presente
na rede não sofreu alterações, mantendo-se a regulação previamente realizada pela EDP.
Todos os centros electroprodutores podem ser representados pelo esquema monofásico equiva-
lente da figura 4.6. Em condições de defeito a corrente injetada por cada centro electroprodutor é
dada pela expressão (4.1). Para centros com mais de um grupo gerador a corrente total injetada na
rede corresponde à soma das correntes injetadas por cada grupo.
ZG ZT Icccentral
EG
u
34
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Tendo em conta o equivalente e após se certificar que os valores obtidos no programa estão em
conformidade obtém-se:
(4.1)
ZG IccGMAT
EG
u
(4.2)
Com a exceção dos parques eólicos, depois de identificada a restante geração da rede e com-
preendida a sua modelação, pretende-se em seguida estudar as proteções de distância nela presen-
tes e a forma como são reguladas no CAPE.
Relativamente às proteções da BBC verificou-se que estas estavam reguladas de forma incon-
sistente com a biblioteca do CAPE e que os comandos do programa, utilizados para aceder e alterar
parâmetros das proteções, não tinham os códigos definidos pela Electrocon para este fabricante, tor-
nando impossível a sua regulação através de macros. Sendo assim, substituíram-se estas proteções
pelas da Schweitzer utilizando a mesma característica (Mho) e atribuindo os mesmos valores aos
seus parâmetros.
35
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Estes valores correspondem à regulação efetuada para a proteção número 157 da rede. Para
todas as proteções deste modelo a regulação inicial foi feita da seguinte forma:
Na tabela 4.3 os valores apresentados para os escalões são os valores efetivamente vistos pela
proteção, no secundário dos seus transformadores. Para se determinar os valores do lado do primá-
rio, que são os valores apresentados no módulo “Coordination Graphics” do CAPE, basta multiplicar
pela razão das relações de transformação dos TT’s e TI’s das proteções (PTR/CTR) como está
exemplificado na figura seguinte.
PTR
X M G 6 Ω
CTR
PTR
M P P Ω
CTR
MTA=Z1ANG=72º
Tendo em conta a abordagem probabilística que se pretende aplicar neste estudo, depois da
execução dos programas desenvolvidos em MATLAB e das macros no CAPE, os valores obtidos
para a regulação final das proteções devem ser ligeiramente diferentes dos valores inicialmente re-
gulados previamente pela EDP.
36
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Para todas as proteções de distância da rede em estudo foram verificados os seus parâmetros de
forma a poderem atuar corretamente os 4 escalões pretendidos. Identificaram-se proteções em que
apenas três dos escalões estavam ativos, outras tinham quatro escalões ativos mas o último era o 5º
e não o 4º escalão, e ainda, proteções com cinco escalões ativos. Colocaram-se para todas elas ape-
nas os quatro escalões ativos, alteraram-se os tempos de atuação para os valores indicados nas
tabelas 4.3 e ajustou-se o código lógico das zonas operacionais de forma a incluir o 4º escalão no
caso das proteções que não o tinham ativo.
As zonas de proteção são definidas antes de se adicionar a correspondente proteção e são esta-
belecidas de modo a que nenhuma parte do sistema fique sem proteção. A delimitação destas zonas
é feita de modo a que possam ser adequadamente protegidas, com deteção e eliminação de defeitos,
provocando a separação da menor parte possível do sistema, deixando o resto em serviço. Assim,
definiu-se, no Editor de Base de Dados do CAPE, as Zonas Locais de Proteção (LZOP) de cada
proteção, escolhendo o tipo “LINE” de modo a identificar esta zona como a linha da proteção, à exce-
ção das proteções da MAT em que se usou do tipo “MACHINE”, devido a estas proteções estarem di-
retamente associadas a geradores e não a linhas.
Tal como as zonas de proteção, os transformadores de corrente (TI’s) e de tensão (TT’s) têm de
ser previamente definidos. Estes transformadores produzem no enrolamento secundário uma imagem
das grandezas observadas no seu primário, para que estas possam ser utilizadas pela aparelhagem
de medida, controlo e proteção. Têm também como objetivo fazer o isolamento galvânico entre os
circuitos de alta tensão e os circuitos de medida e contagem, e, proteger o pessoal da exploração. A
base de dados do CAPE permite TI’s e TT’s nos barramentos e nas linhas, como é possível observar
na figura 4.9. No entanto, no corrente trabalho, utilizaram-se apenas TT’s associados a cada um dos
barramentos da rede e TI’s associados a cada uma das extremidades das linhas da rede.
Figura 4.9: Representação das ligações definidas pelo CAPE para os TI’s e TT’s.
37
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Para realizar a coordenação de proteções é necessário identificar, nas macros, os pares de pro-
teções primária e secundária. Para identificar estes pares de proteções, utilizou-se a seguinte estra-
tégia.
Através da interface gráfica do servidor InterBase, IBConsole, adicionou-se a base de dados cri-
ada no CAPE. Depois de registada e associada, foi feita a análise das suas estruturas subjacentes:
Tabelas, Índices, Domínios, etc. verificou-se, então, que os dados das proteções se encontravam em
várias tabelas entre elas a Tabela: PROTECTIVE_DEVICE_DATA que foi previamente definida do
seguinte modo:
CREATE TABLE PROTECTIVE_DEVICE_DATA (
DEVICE_TAG TAG,
DEVICE_NAME RELAY_NAME,
DEVICE_TYPE PROTECTIVE_DEVICE_TYPE,
LZOP_RANK LZOP_RANK,
ACTIVE_GROUP SETTINGS_GROUP_NAME,
ARCHIVED CHAR(1),
COMMENTS RELAY_DESCRIPTION,
LZOP_TAG TAG,
);
Cada um dos elementos definidos na tabela corresponde a uma das suas colunas, às quais estão
associados os respetivos valores da base de dados utilizada.
Para registar os números das proteções secundárias associadas à proteção primária foi acres-
centada uma coluna a esta tabela com o nome: PS_DATA. Executou-se, no IBConsole, através da
ferramenta Interactive SQL o seguinte código:
espaço
13 a 181 182
Os dados podem ser escritos acedendo diretamente à tabela da base de dados através do
programa IBConsole ou na linha de comandos do CAPE utilizando o seguinte código:
Executive: db_put “update PROTECTIVE_DEVICE_DATA set PS_DATA = ‘13a 181 182’ where DE-
VICE_TAG = 13”
38
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
Paro o estudo pretende-se simular vários perfis de geração, e portanto, é necessário identificar
nas macros as linhas de interligação dos parques e centrais, assim como, os barramentos a que está
ligada a geração representativa da MAT, para que se possa ligar ou desligar geração da rede, caso
se pretenda. Sendo assim, os nomes das linhas de interligação foram alterados para os nomes das
subestações a que estão associados acrescentando o prefixo L_. Por exemplo o nome da linha de
interligação do parque eólico número nove com a subestação da EDP é alterada para
L_ParqueEolico9. Os nomes dos barramentos ligados diretamente à geração da MAT também foram
alterados aplicando o prefixo GMAT, o número da geração de MAT e o restante nome do barramento
previamente atribuído pela EDP.
As proteções são identificadas nas macros pelo código lógico dos seus modelos e utilizando o
comando DEFINE_DEVICE_SET:
dds(displayed_devices,Contact_Logic_Code='ZM01_PH' or Contact_Logic_Code='DIST_Z1'…)
Toda a geração presente na rede é identificada pelo nome da subestação ou pelo nome do bar-
ramento utilizando o comando DEFINE_BUS_SET:
dbs(perfilbuses, Bus_Name>'GMAT' or BUS_SUBSTATION_ID > 'ParqueEolico'…)
Com as referidas alterações torna-se possível, por parte da macro perfiscc.mac, a identificação
de toda a geração presente na rede e simulação dos diferentes perfis de geração.
Para que o CAPE reconheça automaticamente as macros quando inicia, é disponibilizado ao utili-
zador um ficheiro de configuração cape.cfg onde este pode definir as suas macros. Este ficheiro en-
contra-se na pasta \dat no diretório onde o programa foi instalado. As macros criadas e que serão
detalhadamente explicadas em seguida, no ponto 5.3, foram definidas neste ficheiro do seguinte
modo:
Existe ainda outro ficheiro de configuração com o mesmo nome na pasta \cape_files, com todas
as macros e parâmetros que são definidos previamente pela Electrocon. Este último ficheiro não deve
ser alterado pelo utilizador.
39
Capítulo 4: Rede de Alta Tensão no CAPE
40
5. Abordagem Probabilística
Fase 1 Fase 2
Fase 3
Fase 4
41
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
O MATLAB não suscita qualquer constrangimento em relação à escrita ou leitura de variados ti-
pos de ficheiros, no entanto o CAPE é mais limitativo. Partindo do conhecimento de que este último
permite a leitura e escrita de ficheiros .txt, optou-se por usar este tipo de ficheiros para realizar a co-
municação entre o MATLAB e o CAPE.
Na figura anterior estão representadas e em seguida serão descritas as quatro fases que se con-
sideram necessárias à execução do trabalho pretendido.
Na fase 3 o script principal.m ao receber a mensagem no ficheiro Pronto.txt, inicializa o script re-
gulaprotec.mac. Este começa por ler os dados presentes no SAIDACAPE.txt e PERFISGERA-
CAO.txt, seguindo-se a regulação um a um dos escalões de cada proteção. Terminada a regulação
dos quatro escalões de todas as proteções da rede é criado o ficheiro ZescCAPE.txt com o número
de cada proteção e o valor que se obteve para cada escalão. De forma idêntica é criado o ficheiro
comparaprotec.txt, ambos no mesmo diretório dos restantes.
42
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
5.1.2. Funcionalidades
Em seguida apresentam-se duas tabelas com a síntese das funcionalidades das macros e scripts
desenvolvidos. A justificação das considerações tomadas e a descrição em pormenor é feita mais à
frente, no ponto 5.2 e 5.3.
43
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
44
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
O programa principal corresponde ao script com o mesmo nome: principal.m. Este script é o único
que é executado na linha de comandos do MATLAB e corre de forma autónoma, sem a necessidade
de qualquer intervenção por parte do utilizador. O programa é responsável pela execução dos res-
tantes dois scripts desenvolvidos.
O programa fica à espera da mensagem do CAPE, escrita quando terminadas todas as macros,
cujos nomes são indicados no perfisCAPE.txt. Depois de escrita, a mensagem: “Macro
ESCREVE_SAIDACAPE concluída!” no ficheiro Pronto.txt, de imediato e automaticamente, o
principal.m prossegue chamando o script regulaprotec.m para fazer a regulação dos quatro escalões
de todas as proteções da rede em estudo no CAPE.
Consideraram-se para o estudo dos perfis da rede, apenas as seis gerações mais influentes, para
uma dada proteção, determinadas partindo de uma matriz de pesos. Este número pode à partida ser
considerado reduzido tendo em conta as quarenta gerações que a rede possui no total, no entanto, a
rede está dividida em 10 partes e em apenas duas o número de gerações presentes é superior a seis.
Mesmo nestas porções devido ao facto das centrais hídricas e térmicas se desligarem para valores
de tensão inferiores a 0.85 pu aquando de um defeito, normalmente nunca estão mais de seis gera-
ções ligadas à rede em simultâneo e portanto este valor é considerado um valor razoável.
Ora, devido às limitações intrínsecas da linguagem CUPL, optou-se por gerar a sequência de
combinações no MATLAB, para que pudesse ser aplicada no CAPE aos perfis da rede. Para o efeito
utilizou-se este script gerando números binários entre 1 e 64, e guardando-os como strings no vetor
45
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
PERFIL. Posteriormente, cada uma das strings é escrita em cada linha do ficheiro perfisCAPE.txt
como parâmetro da macro AUXPERFIL.
A matriz MATCOMBI, com as combinações, tem de ser definida antes de se executar a macro
AUXPERFIL, pois pretende-se que esta macro seja executada o número de vezes correspondente ao
número de combinações pretendido. A linguagem CUPL permite que se definam as matrizes indi-
cando entre parênteses o seu número de linhas, que se considerou igual ao número de gerações
mais influentes. O segundo parâmetro da macro serve apenas para identificar o número da coluna da
matriz que se pretende construir. O número de combinações geradas não é sessenta e quatro, mas
sessenta e três, uma vez que a combinação com apenas uns é simulada previamente pois corres-
ponde ao perfil base, em que está toda a geração ligada à rede, e portanto, não é necessário ser
contabilizada na matriz das combinações.
O ficheiro SIR.txt é meramente informativo, servindo apenas para o utilizador identificar situações
em que a medição das impedâncias, por parte das proteções, pode ter um erro associado elevado ou
até situações em que a proteção está impedida de funcionar devido às contingências da rede.
46
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Os dados são lidos pelo MATLAB e colocados em tabelas. O primeiro e o segundo valor de cada
linha de ambos os ficheiros correspondem, respetivamente, ao número da proteção em estudo e ao
número da proteção a jusante. O terceiro e quarto valor de cada linha do SAIDACAPE.txt correspon-
dem às impedâncias da linha da proteção e da linha vizinha à proteção, respetivamente. A partir do
quinto valor, inclusive, são os valores de impedâncias vistos pela proteção para um curto-circuito no
final da linha a jusante e para os vários perfis de geração. Estes perfis de geração são representados
por zeros, uns ou dois, como mencionado anteriormente, e são registados para cada impedância
correspondente no PERFISGERACAO.txt.
1º Escalão:
O 1º escalão tem em conta apenas os erros de medida. Estes erros de medida podem ser repre-
sentados por uma distribuição normal com uma dada média e desvio padrão. A função densidade de
probabilidade do 1º escalão, para uma dada impedância Z da linha, é:
( )
( ) ( ) (5.1)
( )
47
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Partindo da vantagem do Teorema do Limite Central e considerando, assim, os vários erros que
afetam a medida da proteção como variáveis independentes, a função densidade de probabilidade
converge para uma função gaussiana cujo desvio padrão é definido através da soma quadrática
dos desvios padrão dos diversos erros:
Erro relé: → 6
Erro TI: → 6 T T 6
Erro TT: → 6 TT TT
(5.2)
Zop1 é definida para todas as proteções com o valor de 80% da sua linha:
Zop1=0,8×Zl (5.3)
Determinando a função densidade de probabilidade para cada valor de impedância da linha ob-
tém-se a distribuição normal apresentada na figura seguinte:
( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.4)
( )
48
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Os 1ºs escalões de todas as proteções da rede são reguladas para 80% do valor da impedância
direta da sua linha. Para linhas multiterminais este escalão é regulado para 80% do menor valor de
impedância entre o extremo onde se encontra a proteção e os extremos remotos.
Para coordenar com o 2º escalão da proteção da linha a montante, interessa saber a probabili-
dade da proteção a jusante não atuar em 1º escalão e eventualmente ocorrer a atuação de ambas as
proteções em 2º escalão, caso em que ocorre falha de seletividade. Portanto, a probabilidade da
proteção não atuar em 1º escalão é apresentada na imagem seguinte e dada pela expressão:
( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.5)
( )
49
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
2º Escalão:
( )
( ) ( ) (5.6)
( )
O desvio padrão é definido através da soma quadrática dos desvios dos diversos erros, não
sendo tido em conta, para este caso, o erro associado ao comportamento transitório da proteção:
Erro relé: → 6
Erro TI: (menores correntes) → 6 T T
(5.7)
O 2º escalão é regulado tendo em conta três variáveis: as impedâncias aparentes vistas pela
proteção tendo em conta os “infeeds”, os erros de medida traduzidos pela função densidade de pro-
babilidade mencionada atrás e a localização do defeito. Este escalão é regulado tendo em conta dois
condições: de forma a garantir a proteção de mais de 99é% da sua linha e de modo a coordenar com
o 1º escalão da proteção da menor linha a jusante de forma a garantir que não ocorrem falhas de se-
letividade com um erro inferior a 0,05%.
50
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Para cada proteção e simulando um curto-circuito no final da sua linha vizinha os valores de im-
pedância, obtidos no ficheiro saidacape.txt, são relacionados com a probabilidade do perfil de gera-
ção que lhe deu origem e que está presente no ficheiro perfisgeracao.txt. Estas probabilidades são
pesadas de modo a que a sua soma para todas as impedâncias aparentes obtidas dê 100%, ob-
tendo-se um gráfico semelhante ao apresentado em seguida:
Figura 5.8: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da menor linha vizinha tendo em
conta os “infeeds”.
Uma vez que se obteve apenas, do ficheiro saidacape.txt, os valores dos “infeeds” para o curto-
circuito no final da linha, foi necessário determinar no script os valores para cada ponto da linha, con-
siderando para isso a localização do defeito como uma variável aleatória z com distribuição uniforme,
sendo a densidade de probabilidade dada por: p(z)=1/Zl.
Dividiu-se a linha em cem partes iguais e para cada um dos pontos considerou-se a densidade de
probabilidade referida e obteve-se, à medida que se percorreu a linha do final até ao seu início, uma
compressão dos valores de impedância em torno do ponto de defeito e um natural aumento da am-
plitude dos histogramas com os valores das probabilidades associadas aos diferentes perfis, sendo
essas probabilidades somadas de forma a manter os histogramas discretizados de 0.01 em 0.01Ω.
Na figura seguinte apresentam-se os histogramas para um defeito a 10%, 50% e 100% da linha,
sendo possível visualizar os referidos efeitos na forma dos histogramas.
51
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Figura 5.9: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha vizinha
tendo em conta os “infeeds”.
Aplicando a expressão seguinte aos valores do 2º escalão para cada uma das 100 localizações
de defeito simuladas, determina-se a função densidade de probabilidade que representa os erros de
medida para as impedâncias aparentes vistas pela proteção para cada localização de defeito na li-
nha.
( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.8)
( )
Obtém-se assim uma matriz para cada localização de defeito com os valores da densidade de
probabilidade em função das impedâncias vistas pela proteção, representado as distribuições nor-
mais associadas a cada localização de defeito.
Figura 5.10: Impedância vista pela proteção para curto-circuito a 10%, 50% e 100% da menor linha vizinha
tendo em conta os “infeeds” e os erros de medida.
52
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
De forma a garantir seletividade é necessário determinar o valor de Zop2 que garante a não ocor-
rência de falhas de seletividade (atuação das duas proteções em 2º escalão).
Zop2 é definida a partir do valor da média da distribuição normal, registada para uma dada locali-
zação de defeito, em que a intersecção da sua função de distribuição com a função de distribuição
definida para a não atuação em 1º escalão da proteção a jusante dá origem a um erro inferior a
0,0005, ou seja, a probabilidade de ocorrer falha de seletividade é inferior a 0,05%.
P( ) P( ) P( ) (5.9)
A figura que se segue representa a coordenação dos dois escalões, identificando o valor com que
se regulou o 2º escalão da proteção em estudo e o valor do 1º escalão da proteção a jusante.
53
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Se não existir nenhuma proteção a jusante da proteção em estudo, os escalões desta são regu-
lados do seguinte modo: o 1º escalão é regulado para 80% do valor da impedância da linha e o 2º
para 120% da impedância da linha da proteção, o 3º e 4º escalões não é necessário regular, pois não
têm de garantir reserva remota.
4º Escalão:
Após a regulação do 2º escalão da proteção é agora regulado o 4º escalão. Este tem como fun-
ção proteger a maior das linhas vizinhas tendo em conta os “infeeds”, ou seja, é regulado para prote-
ger a linha vizinha em que um curto-circuito no final conduz aos valores de impedâncias aparentes
mais elevados vistos pela proteção. Portanto, para este escalão interessa apenas a simulação do
defeito no final da linha.
Para cada valor de impedância aparente medido pela proteção está associado um erro de medida
com distribuição normal de média igual ao mesmo valor de medida e desvio padrão igual ao desvio
padrão do 2º escalão: . Obtém-se uma distribuição que tem em conta todos os erros
de medida, representando, portanto, a impedância vista pela proteção no final da linha vizinha com o
maior “infeed”.
( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.10)
( )
54
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Partindo da distribuição normal obtida pela expressão anterior e apresentada na figura 5.13, é
obtida a probabilidade acumulada, que pode ser observada na figura 5.14.
Figura 5.13: Impedância vista pela proteção para curto-circuito no final da maior linha vizinha tendo em
conta os “infeeds” e os erros de medida de 4º escalão.
Com o intuito de proteger a maior linha vizinha ou a com maior “infeed”, o valor de Zop4 é regu-
lado de forma a garantir que protege a sua totalidade com um erro inferior a 0.01%.
Como se pode observar na figura anterior, para o exemplo apresentado e de forma a garantir um
erro inferior ao mencionado, o 4º escalão foi regulado para o valor de 16,64 Ω.
Este escalão pode eventualmente não ser necessário, no caso de ao regular o 3º escalão para
garantir a proteção da menor linha vizinha com “infeeds”, este proteger também a maior linha vizinha.
Neste caso é atribuído o valor zero ao 4º escalão para que quando se atualiza os escalões no CAPE
para os valores obtidos no script do MATLAB, este escalão seja colocado inativo.
55
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
impedância da linha e da linha vizinha com o menor “infeed”, o número da proteção, o número da
proteção da referida linha vizinha e os valores de 1º, 2º e 4ºs escalões. A coluna do 3º escalão é dei-
xada a zero, pois é o escalão que ainda falta regular. Uma linha da matriz Zescalao, sem a regulação
do 3º escalão, é apresentada na tabela abaixo.
3º Escalão:
Depois de regulados o 1º, 2º e 4º escalões das proteções de distância da rede é necessário re-
gular os seus 3ºs escalões. Teoricamente o 3º escalão é regulado de forma a proteger a maior das li-
nhas vizinhas, no entanto neste trabalho, essa função, como mencionado atrás, foi deixada para o 4º
escalão. Sendo assim, regularam-se os 3ºs escalões de forma a garantir seletividade com os 2ºs es-
calões da proteção a jusante, coordenando o 3º escalão da proteção em causa com o 2º da proteção
da menor linha vizinha tendo em conta os “infeeds”, ou seja, o 3º escalão é regulado para proteger a
linha vizinha em que um curto-circuito no final conduz aos menores valores de impedâncias aparen-
tes vistos pela proteção. Portanto, para este escalão interessa a simulação do defeito no final da li-
nha, partindo do mesmo gráfico de impedâncias aparentes vistas pela proteção apresentado atrás
para o 2º escalão (figura 5.8).
A cada valor de impedância está associado um erro de medida com distribuição normal de média
igual ao mesmo valor de medida e desvio padrão igual ao desvio padrão do 3º escalão: .
Este valor é definido para um valor um pouco superior ao do 2º escalão. Tendo em conta a soma de
todas as distribuições normais para cada ponto do histograma, obtém-se uma distribuição que tem
em conta todos os “infeeds” e os erros de medida, representando, portanto, a impedância vista pela
proteção no final da menor linha vizinha tendo em conta os “infeeds”.
( )
( ) ∑ ( ) ( ) (5.11)
( )
Determinada a função densidade de probabilidade para cada valor de impedância da linha, ob-
tém-se uma distribuição aproximadamente normal. Para se obter uma distribuição normal equivalente
à referida distribuição utilizou-se a seguinte expressão:
( )
( )
( ) T (5.12)
( )
56
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Achou-se a média (μ), determinando o valor de Z a que corresponde a maior probabilidade, cal-
culou-se a probabilidade total (pTotal), somando todas as probabilidades associadas às impedâncias
aparentes apresentadas no histograma e definiu-se o novo valor do desvio padrão fazendo fequiva-
lente(Z)=fequivalente(μ):
( )
(5.13)
Estes dois valores de média e desvio padrão associados ao 3º escalão são guardados, respeti-
vamente, no vetor Zop3_a e sigma3_a, com o índice correspondente ao índice da proteção em es-
tudo.
Para coordenar este escalão para todas as proteções da rede, começa-se pela proteção identifi-
cada na primeira linha da matriz Zescalao, corre-se a matriz até achar a linha cuja proteção corres-
ponde à proteção da linha vizinha com menor “infeed”. O valor de ZB e do número da proteção B da
linha 1 tem de corresponder ao valor de ZA e ao número da proteção de A presentes noutra linha. Se
não houver correspondência é porque a proteção não tem nenhuma proteção a jusante.
( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.14)
( )
Tendo a probabilidade acumulada da proteção não atuar em 2º escalão que é dada pela função
de distribuição:
( )
( ) P( ) ∫ ( ) (5.15)
( )
P( ) P( ) P( ) (5.16)
57
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Definindo um erro inferior a 0,5%, partindo do valor de Zop3 registado no vetor Zop3_a e criando
as funções de distribuição com o mesmo desvio padrão retirado de sigma3_a, determinam-se, incre-
mentando o valor de Zop3, o maior valor para Zop3 que garante um erro inferior ao referido. Visto que
a funcionalidade do 3º escalão é de reserva remota, o erro não necessita de ser tão reduzido como o
considerado para a coordenação do 2º escalão com o 1º da proteção a jusante.
Se a probabilidade de ocorrer falha de seletividade for superior a 0,5%, o valor de Zop3 é decre-
mentado até garantir um erro inferior ao mencionado. Nestas situações, a proteção da totalidade da
linha vizinha é garantida pelo 4º escalão, sendo o 3º regulado de forma a garantir exclusivamente que
não ocorrem falhas de seletividade com os 2ºs escalões das proteções a jusante.
Na figura seguinte são apresentadas as probabilidades acumuladas de 3º escalão que foram si-
muladas até se obter o maior valor de Zop3 que garante um erro inferior a 0,5%.
58
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
A figura anterior representa a regulação efetuada para o 3º escalão da proteção número 177 e
para o 2º escalão da proteção número 125, correspondente à proteção da menor linha vizinha tendo
em conta os “infeeds”. O valor com que se regulou o 3º escalão da proteção é registado na matriz
Zescalao.
59
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
A primeira macro é a auxperfil.mac e tem como função criar a matriz MATCOMBI com todas as
combinações pretendidas para seis gerações diferentes, de modo a que esta matriz possa ser utili-
zada na macro pesosgeracao.mac na determinação dos perfis de geração da rede a simular para
uma dada proteção e curto-circuito no final da sua linha vizinha.
- STR: String de zeros e uns representando a combinação das seis gerações mais influentes es-
tarem ligadas (um) ou desligadas (zero).
- L_COMBI: Número auxiliar que indica o número da combinação e identifica a linha da matriz a
criar.
O número de linhas da matriz corresponde a seis, o número de gerações mais influentes conside-
rado para proceder à análise topológica da rede. As linhas da matriz são preenchidas a partir da lei-
tura da string STR. O número de colunas é dado por L_COMBI, o seu valor máximo, no presente tra-
balho, é de quarenta e um como foi mencionado no ponto 5.2.2. Depois de criada a referida matriz
esta macro não é mais necessária.
A utilização desta macro permite uma perceção mais realista da influência que o total da capaci-
dade eólica pode ter nos “infeeds”, e consequentemente, na coordenação das proteções de distância
da rede. Sendo uma boa aproximação das condições que os proprietários dos parques eólicos têm de
garantir de modo a cumprir o regulamento quando ocorre um curto-circuito na rede.
No entanto, como esta macro tem de ser executada para cada perfil de geração que se pretende
simular, correspondendo a um dado curto-circuito para um par de proteções principal e secundária, e
sendo este método iterativo, o tempo de processamento, para o estudo pretendido, aumenta subs-
tancialmente.
60
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
A macro perfiscc.mac é a macro principal, e portanto, a mais importante neste estudo, a partir da
qual são executadas mais cinco macros: geracaorede.mac, consideracoes.mac, equiva-
lente_eolica.mac, pesosgeracao.mac e verificageracao.mac.
Nesta macro começa-se por identificar todas as proteções existentes na rede. De seguida é iden-
tificada toda a geração, criando a matriz SUBNOME com os seus dados. A primeira linha da matriz
contém os números dos barramentos do lado da rede dos parques eólicos, das centrais e da geração
representativa da MAT. A segunda linha contém o nome das linhas dos parques eólicos e centrais, no
caso da geração proveniente da MAT é atribuído o valor zero, no caso especial da central de bio-
massa com dois grupos e da de gasóleo com três é atribuído o valor do número do barramento do
lado do gerador. Assim, para se simular a desligação de qualquer uma da geração mencionada, esta
matriz é consultada e através do nome da linha ou dos números dos seus barramentos, a geração é
retirada da rede.
Posto isto, a macro entra num ciclo que corre todas as proteções da rede. Partindo de uma dada
proteção com o número indicado pela variável TAG, é identificada a proteção a jusante que se pre-
tende coordenar. A proteção, cujo número é atribuído à variável TAG1, é identificada acedendo à co-
luna PS_DATA da tabela PROTECTIVE_DEVICE_DATA da base de dados. No caso da proteção em
estudo não possuir nenhuma outra a jusante, o número desta e a impedância da sua linha são regis-
tados na matriz MAT e termina o ciclo.
A estratégia utilizada para identificar estas zonas e com isso determinar corretamente as impe-
dâncias é a seguinte. Identificam-se os dois barramentos da proteção com o número TAG, BUS1 e
BUS2, os dois barramentos da proteção número TAG1, BUS2_2 e BUS3 e por fim o barramento da
proteção a jusante da proteção secundária TAG2, BUS3_2. É executado o comando DOPATH que
corre o caminho desde a linha definida pelos barramentos BUS1 e BUS2 até chegar a BUS2_2, so-
mando o valor da impedância de cada linha existente nesse caminho, determina-se assim a impe-
dância total da linha da proteção primária. É repetido o mesmo comando, mas agora partindo-se da
linha definida por BUS2_2 e BUS3 até se chegar ao barramento BUS3_2, somando as impedâncias
das linhas, acha-se o valor da impedância total da linha da proteção secundária.
61
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Para o par de proteções TAG/TAG1, são registados na matriz MAT: o número TAG, TAG1, o va-
lor da impedância da linha da proteção primária e o valor da impedância da linha da proteção secun-
dária. Estes valores podem ser obtidos diretamente ou aplicando a estratégia referida se se verificar a
condição apresentada no último parágrafo.
Para identificar a geração presente na rede é executada a macro geracaorede.mac. Nesta macro
é determinado o vetor PERFISTOTAL, com os valores de impedância medidos desde o barramento
da proteção até aos barramentos de todas as gerações da rede a jusante e/ou montante da proteção.
A geração presente na mesma porção da rede da proteção tem para o respetivo índice do vetor
PERFISTOTAL (de acordo com a tabela 4.2), um determinado valor de impedância obtido somando
as impedâncias do caminho identificado pelo comando DOPATH. Para geração que não esta pre-
sente nesta parte da rede o comando DOPATH não consegue determinar nenhum caminho entre o
barramento da proteção e o barramento da geração e é, portanto, registado o valor zero no vetor na
posição referente ao número da respetiva geração.
Para a geração representativa da MAT identificada nesta porção da rede são desligados os gera-
dores síncronos que representam as correntes de curto-circuito mínimas. De modo a que, inicial-
mente, esta geração contribua com as correntes de curto-circuito máximas.
Neste ponto pretende-se simular os diferentes perfis de geração, no entanto, é necessário perce-
ber qual a sua influência na variação da impedância vista pela proteção. Para tal fizeram-se alguns
testes, um dos quais é apresentado em seguida.
Na figura 5.19 a) é possível visualizar uma variação muito acentuada no valor da impedância
vista pela proteção à medida que se variou o perfil de geração da rede. Esta impedância pode ser
determinada recorrendo à seguinte equação:
∑
( ) (5.17)
Partindo desta equação e observando a figura 5.19 b) é possível compreender a variação de im-
pedância apresentada na figura 5.19 a).
62
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
3
Retirando geração a
montante da proteção D
Para toda a
geração ligada TAG1
2
Retirando geração a
jusante da proteção
TAG
1
a) b)
Figura 5.19: Variação da impedância vista pela proteção para diferentes perfis de geração.
a) Exemplo de uma proteção regulada no CAPE sem ter em conta os “infeeds”.
b) Esquema representativo das correntes que influenciam a impedância vista pela proteção.
Para o perfil base, com toda a geração ligada à rede, a impedância obtida é elevada, mas, ainda
assim, aproxima-se do valor médio das impedâncias registadas.
Ao se retirar gradualmente a geração a montante, a corrente que passa pela proteção diminui em
comparação com os “infeeds” que esta vê, aumentando, assim, a impedância. No limite quando se
retirasse toda a geração a montante e se se mantivessem “infeeds”, o valor da impedância vista pela
proteção seria infinita.
Estas situações limite ocorrem quando uma grande parte da geração se encontra desligada da
rede. No entanto, um curto-circuito na rede mesmo para o perfil base, pode conduzir a cavas de ten-
são que retirem de serviço uma grande parte da geração, podendo ocorrer umas dessas situações
limite.
63
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
A probabilidade contabilizada nestes casos é a probabilidade associada ao perfil que deu origem
a estas cavas e não a probabilidade da geração que ficou posteriormente desligada. Por outro lado,
impedância vista pela proteção é a impedância medida com o perfil resultante contabilizando as
cavas.
A rede em estudo está dividida em 10 partes diferentes, e como mencionado em 5.2.2, apenas
duas têm mais de seis gerações ligadas à rede. Na porção identificada como a parte 10, existem dez
gerações diferentes, no entanto, sete dessas gerações são centrais térmicas e hídricas, que normal-
mente se desligam, pois a tensão nos seus barramentos desce dos 0.85 pu, para os curto-circuitos
simulados nesta parte da rede, e portanto, grande parte das simulações nesta porção da rede apenas
estão ligados dois eólicos e a geração representativa da MAT. Identicamente, na porção identificada
como a parte 9, existem quinze gerações diferentes, mas apenas três partes eólicos e duas gerações
representativas da MAT.
Partindo destes pressupostos considerou-se a simulação dos perfis de geração recorrendo à se-
guinte estratégia, que corresponde à simulação de todas as combinações possíveis das seis gera-
ções mais influentes a montante e a jusante da proteção, com base na matriz de combinações criada
(MATCOMBI). Para as situações em que a geração presente na rede é inferior a seis, são feitas as
simulações de todas as combinações possíveis, por exemplo se forem identificadas apenas três ge-
rações presentes na rede, o número de combinações é de apenas 23=8. Da matriz MATCOMBI é ob-
tida uma matriz auxiliar de menor dimensão para simular estas combinações.
Indicada a estratégia, o primeiro perfil de geração a simular é o perfil de base, com toda a gera-
ção ligada e para o perfil de correntes máximas da MAT. O perfil de base existente na porção da rede
em estudo é indicado pelo vetor PERFISTOTAL obtido na macro geracaorede.mac. De seguida é
executada a macro equivalente_eolica.mac que parte com os parques eólicos modelados para os
seus valores pré-definidos, e, utilizando o seu algoritmo iterativo, recalcula as impedâncias equiva-
lentes do gerador de cada parque de acordo com a tensão e corrente no seu barramento do lado da
rede de modo a cumprir os limites de corrente reativa impostos pelo regulamento. Por cada iteração
desta macro é simulado o curto-circuito e verificada a existência de cavas na rede que possam con-
duzir à desligação de centrais, no caso da tensão no seu barramento do lado da rede descer dos
0.85pu.
Após a convergência do algoritmo, e para o perfil resultante, é feita a análise dos “infeeds” e
verificada a ocorrência ou não do disparo sequencial das proteções. Para isso, recorrendo à coluna
PS_DATA da tabela PROTECTIVE_DEVICE_DATA da base de dados, identificam-se todas as prote-
ções que têm a proteção TAG1 como proteção secundária e comparam-se as impedâncias vistas por
todas essas proteções com a impedância vista pela proteção número TAG.
Se a proteção TAG for a que vê uma impedância aparente menor, é a sua linha que contribui com
o maior “infeed”, e portanto, é a proteção que vê o defeito mais perto, atuando considerando a
influência de todos os “infeeds” para a linha vizinha.
64
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Caso contrário, se a linha da proteção TAG, não for a que tem o “infeed” maior, é disparado o
disjuntor da proteção da linha com o maior “infeed”, pois esta vê o defeito mais perto. Este método é
repetido, até a proteção número TAG ver a menor impedância aparente. Neste caso, a proteção só
atua após o disparo sequencial das proteções das linhas com maiores “infeeds”, sendo guardada a
impedância aparente vista pela proteção para esta configuração da rede.
Se a impedância obtida é muito elevada (infinita), é impossível regular a proteção, e portanto, não
pode ser enviada para o script regulaprotec.m, sendo, por isso, apenas registado o valor do SIR na
sua matriz, não se guardando o valor da impedância na matriz MAT, nem o seu perfil na matriz
NUMPERFIS e termina aqui o ciclo.
Se nenhuma das duas condições anteriores se verifica, este ciclo é repetido mas agora
simulando os perfis de geração de acordo com a estratégia indicada.
São simulados no máximo sessenta e quatro perfis de geração diferentes, um é o perfil base já
mencionado, e os sessenta e três correspondem a todas as combinações possíveis das seis gera-
ções presentes na porção da rede. Se forem identificadas menos gerações presentes na rede, obvi-
amente, o número de combinações possíveis diminui.
65
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Na coluna 4 da matriz são registados os pesos para as correntes, sendo atribuídos pesos mais
elevados para as correntes mais elevadas, o que corresponde à geração que tem um maior contri-
buto para o defeito. A coluna 9 foi preenchida com os menores valores de impedâncias para cada ge-
ração registada na coluna 2 e 3, obtendo-se as menores impedâncias vistas pela proteção, indepen-
dentemente, das gerações estarem a montante ou a jusante da proteção, ou no caso de serem vistas
a montante e a jusante, indica o valor da impedância que traduz o caminho mais curto. Partindo desta
coluna, foram estabelecidos na coluna 10 os pesos para as impedâncias, sendo atribuídos os pesos
mais elevados para as gerações com menor impedância e que, portanto, estão mais próximas da
proteção.
Para cada geração são multiplicados os pesos das correntes da coluna 4 com os pesos das im-
pedâncias da coluna 10, obtendo-se na coluna 11 o peso total para cada geração. Analisando esta
última coluna são identificadas as seis gerações mais influentes, ou seja, as seis que têm o peso total
mais elevado, e é colocado no vetor ITOTAL, o número de cada uma dessas gerações, este número
é o número atribuído previamente a cada geração que foi apresentado na Tabela 4.2.
Este vetor ITOTAL só é determinado uma vez para cada par proteção TAG/TAG1 e para o perfil
de base, identificando as seis gerações, que para esse perfil, têm uma maior influência, contribuindo
com correntes mais elevados e/ou estando mais próximas da proteção TAG e do defeito em questão.
Este vetor pode ter menos de seis gerações. Foram identificadas porções na rede do CAPE que
têm cinco, três, duas ou apenas uma geração ligadas, que corresponde a um vetor ITOTAL de di-
mensão 5, 3, 2 ou 1, e o número de simulações efetuadas varia obviamente e respetivamente para
25=32, 23=8, 22=4 e 21=2. Da matriz MATCOMBI é obtida uma matriz de menor dimensão com todas
as combinações possíveis para cada caso.
Para cada um destes perfis repetiu-se o ciclo mencionado atrás. Simulou-se o curto-circuito no fi-
nal da linha vizinha, recalculou-se a impedância equivalente dos geradores dos parques eólicos para
o novo perfil, tendo em conta as cavas de tensão nas centrais e aplicou-se o disparo sequencial no
caso das linhas a montante da linha vizinha terem “infeeds” superiores. Através da macro verificage-
racao.mac é guardado o valor da impedância vista pela proteção, o perfil e o SIR correspondentes.
Após se simularem todos os perfis para o par de proteções TAG/TAG1, de se ter registado os
valores de impedância e os respetivos perfis e valores de SIR, é identificada para a proteção número
TAG, uma nova proteção a jusante, caso exista, e repetido todo o processo.
66
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Corridas todas as proteções a jusante da proteção TAG, o estudo desta proteção termina e de
imediato começa a análise da proteção seguinte, sucessivamente, até terem sido verificadas todas as
proteções na rede, que corresponde a um total de 177 proteções.
Esta macro acede às matrizes: MAT, NUMPERFIS e SIR, criadas na macro perfiscc e imprime os
seus valores, respetivamente, para os ficheiros saidacape.txt, perfisgeracao.txt e sir.txt.
Antes de terminar a sua execução, a macro cria o ficheiro, Pronto.txt, com a mensagem: “Macro
ESCREVE_SAIDACAPE concluída!”, mensagem que assim que é lida pelo script principal.m, este
inicia de imediato a regulação e coordenação das proteções no MATLAB, no regulaprotec.m.
A macro atualizaprotec.mac tem como função atualizar os valores dos quatros escalões de todas
as proteções de distância da rede em estudo, para os valores obtidos na coordenação efetuada pelo
script regulaprotec.m.
Partindo do número da proteção identificam-se os códigos lógicos de cada um dos quatro esca-
lões do modelo da proteção que se pretende atualizar. Para os quatro escalões, os códigos lógicos
são guardados, respetivamente, nas variáveis ZONA1, ZONA2, ZONA3 e ZONA4. De seguida atua-
lizam-se os quatro escalões no CAPE recorrendo ao comando a azul:
Em que DIST é identificado como o código do elemento de distância e os números que se se-
guem depois da variável ZONA correspondem ao número do escalão e ao número da unidade asso-
ciada.
Caso os valores que se pretendam regular se encontrem fora do domínio de regulação, o CAPE
atribui o valor máximo ou o mínimo dependendo de estar acima ou abaixo do domínio desse parâme-
tro.
67
Capítulo 5: Abordagem Probabilística
Antes de se proceder à atualização dos escalões de cada proteção deve ser feita a comparação
entre os valores obtidos no MATLAB e os valores previamente regulados. Esta comparação pode ser
feita na macro COMPARAPROTEC que simplesmente imprime os valores antigos e novos dos esca-
lões de cada proteção para o ecrã do CAPE, permitindo que o utilizador facilmente compare os valo-
res de cada um dos escalões das proteções em estudo.
68
6. Resultados
Neste capítulo são apresentados os resultados da modelação da produção eólica obtidos ao exe-
cutar a macro equivalente_eolica.mac, para analisar o comportamento dos parques eólicos para um
curto-circuito pontualmente simulado na parte 10 da rede do CAPE, que é apresentada mais à frente
na figura 6.4, e em que se pode observar diferentes comportamentos impostos à geração eólica.
Pretende-se abordar, ainda neste capítulo, o tratamento dos dados realizado no CAPE e os
resultados que se obtém para cada par de proteções, assim como, os resultados da coordenação
efetuada no script regulaprotec.m do MATLAB. Como o número de proteções na rede em estudo é
muito elevado e a cada uma estão associados vários dados, foram identificadas apenas algumas das
proteções reguladas e explicados os resultados obtidos.
Para cada valor de impedância registado, medido por uma dada proteção está associado um va-
lor de SIR. O termo SIR “System Impendance Ratio” corresponde à razão entre a impedância da
fonte e a impedância a medir pela proteção, ou seja, mede a importância da fonte face ao troço da
rede a proteger. Se a impedância da fonte é muito elevada relativamente à impedância vista pela
proteção, a imprecisão associada às suas medidas é também muito elevada. Nestas situações não é
garantido que a proteção atue rapidamente, e portanto, é importante identificar as referidas proteções
sendo registado para cada caso o seu número e o valor de SIR no ficheiro SIR.txt.
O algoritmo proposto para a modelação da produção eólica foi executado após a simulação de
um curto-circuito trifásico no final da linha que liga a subestação SUBAT31 à subestação SAT46
(figura 6.4), com o disjuntor aberto nesse extremo e após se terem retirado as centrais de biomassa,
cogerações e hídricas por não suportarem tensões inferiores a 0.85 pu provocadas pelo curto-circuito
nos barramentos do lado da rede de cada uma destas centrais.
69
Capítulo 6: Resultados
Ciclo Nº 1 2 3 4 5 … 9
Considerando o perfil base e para a corrente proveniente da MAT limitada aos seus valores de
curto-circuito máximos, foram determinados os resultados na macro equivalente_eolica.mac e
apresentados na tabela anterior.
Na tabela anterior estão indicados, para cada ciclo do algoritmo e para cada parque eólico, os
valores obtidos para a impedância equivalente do gerador, a tensão no barramento do parque do lado
da rede e a sua contribuição de corrente para o curto-circuito.
Antes de iniciar o método são atribuídos aos geradores equivalentes de todos os parques o valor
da impedância pré-definida, apresentada na tabela 3.1 e determinada realizando os equivalentes a
partir dos dados da EDP, como mencionado no capítulo 3.
No primeiro ciclo, para o primeiro parque é determinado o novo valor de corrente injectada pelo
parque e a tensão no seu barramento. Com estes dois dados é recalculada a impedância equivalente
do gerador e registada na base de dados do CAPE. Na tabela anterior, estes novos valores de cada
parque só são apresentados no ciclo seguinte. No entanto, é com este novo valor para o parque
número um e com os valores pré-definidos para os restantes parques que se recalculam os
parâmetros do parque número dois. Os valores do parque número três são calculados para a nova
topologia da rede resultante da adição destes novos valores de impedância dos dois parques
anteriores e dos valores pré-definidos para os restantes. O processo é repetido sucessivamente até
terminar o primeiro ciclo.
70
Capítulo 6: Resultados
No segundo ciclo são apresentados os valores obtidos para os parques no ciclo anterior e
recalculados novos valores. Os ciclos são repetidos até o método convegir, ou seja, até se verificar
que os valores de todos os parques convergiram.
Tanto o parque número um como o parque número três apresentam valores de tensão entre 0.5 e
0.9 pu, e portanto, de acordo com o regulamento, têm de garantir a injecção de corrente reativa dada
pela expressão: | | . O parque número um e o parque número três têm de injectar,
respectivamente, -2.25|0.8075|+2.025=0.208 pu e -2.25|0.7860|+2.025 =0.257 pu de corrente reativa.
De acordo com a tabela anterior e com o que foi explicado acima para este exemplo pontual é
possível concluir que o algoritmo de modelação da produção eólica desenvolvido garante que são
cumpridas as imposições indicadas no regulamento para a corrente reativa dos parques eólicos
aquando do curto-circuito na rede.
De modo a evitar potenciais situações em que o método iterativo não convirja foram tomadas as
seguintes considerações.
Uma situação problemática ocorre quando o valor de tensão varia próximo de 0.2 pu e existem na
rede mais parques eólicos na mesma condição ou com cavas que conduzem à imposição de limites
de corrente reativa. Nestes casos o tempo de convergência aumenta, podendo alcançar o limite
máximo de cinquenta ciclos que se definiu para o método. Verificaram-se situações em que em dois
ciclos consecutivos o parque eólico tinha uma tensão inferior a 0.20 pu, e portanto, era retirado da
rede, mas no ciclo seguinte, devido a alteração de parâmetros para a convergência de outro parque,
o valor de tensão neste voltou aos 0.2 pu e o parque volta a ter de ser ligado à rede. Isto conduziria à
não convergência do método, por isso considerou-se que se o parque em dois ciclos consecutivos
71
Capítulo 6: Resultados
tivesse uma tensão inferior aos 0.20 pu, era retirado da rede e as restantes iterações realizadas com
este parque eólico desligado. Esta condição só é realizada a partir do quinta iteração, pois a partir de
cinco ciclos já a maior parte dos parques eólicos convergiu.
Outra condição imposta foi a seguinte, se a partir do décimo ciclo o parque continuar a variar
entre valores muito próximos abaixo e acima de 0.20 pu, não permitindo assim que os restantes
parques convirjam, o parque em causa é retirado da rede.
A rede, como mencionado, está dividida em dez partes. Devido ao número de resultados são
apenas analisadas neste ponto as partes 3, 4, 7 e 10. Cada parte é apresentada com os resultados
obtidos através da análise das suas proteções no CAPE e os resultados da coordenação obtidos no
MATLAB. As partes 1 e 2 não têm qualquer proteção de distância e por isso não entram neste
estudo.
Em cada parte da rede que se apresenta em seguida estão indicadas as proteções que foram
reguladas. Esta informação só é adquirida após as simulações realizadas no CAPE e a coordenação
efectuada no MATLAB para todas as proteções existentes na rede. A numeração indicada em cada
parte da rede corresponte ao número de cada proteção.
72
Capítulo 6: Resultados
Parte 3:
Através da macro geracaorede.mac, são identificadas todas as gerações presentes nesta parte
da rede, como mencionado atrás, e são simuladas todas as combinações possíveis desta geração.
Existinto apenas um parque eólico e a geração que representa a injecção de corrente proveniente da
MAT, existem 22=4 combinações possíveis, e portanto quatro perfis de geração diferentes. Na tabela
seguinte são apresentados os resultados obtidos nos ficheiros de saída do CAPE, saidacape.txt,
perfisgeracao.txt e sir.txt, com os dados registados para as proteções presentes nesta parte da rede.
73
Capítulo 6: Resultados
Para as proteções 120 e 166 são apresentados os valores de impedância medidos por cada uma,
para um curto-circuito no final das suas linhas vizinhas simulando todos os perfis possíveis desta
parte da rede.
É indicado a amarelo a simulação realizada para a geração presente nesta parte da rede. Cada
geração é identificada neste vector através do seu indice, correspondente ao número atribuido a cada
geração e indicado na tabela 4.2. Assim, a posição 6 deste vector identifica o parque eólico número 6
e a posição 34 a geração da subestação da MAT número 4.
Como mencionado, o valor dois presente neste vector indica a geração que não está presente
nesta parte da rede, o valor um para o parque eólico número 6 indica que está ligado e o zero que
está desligado. O valor um para a geração da MAT corresponde à injecção das correntes de curto-
circuito máximas tabeladas para esta subestação e o valor zero a injecção das correntes de curto-
circuito mínimas.
Para a proteção 120 é apenas simulado o perfil de base, pois não existem “infeeds” que
influenciem a medida da impedância. Relativamente à proteção 166 tanto para simulações na linha
da proteção a jusante número 119 como na da proteção 120, a macro apenas regista duas
combinações possíveis, excluindo as combinações em que é simulada a abertura do parque eólico,
porque se se retirar o parque eólico número 6 a proteção 166 não actua, pois deixa de ver qualquer
corrente.
Identicamente a proteção número 122 não vê nenhuma corrente, mas neste caso, para qualquer
que seja o perfil de geração. Esta proteção apenas actua para uma topologia da rede diferente,
nomeadamente se o disjuntor que separa a parte 3 da parte 4 estiver fechado e passar corrente pela
linha da proteção.
As proteções número 117, 119, 121 e 165 não têm proteções a jusante para esta topologia da
rede, e portanto, são apenas regulados os seus 1º e 2º escalões como se pode observar na tabela
seguinte.
74
Capítulo 6: Resultados
A tabela anterior representa um excerto da matrix Zescalao obtida no script regulaprotec.m. Para
todas as proteções mencionadas na tabela ou na restante rede é garantido que não ocorrem falhas
de selectividade entre o 2º escalão da proteção e o 1º da proteção da menor linha a jusante e entre o
3º escalão da proteção e o 2º da proteção da menor linha a jusante tendo em conta os “infeeds”.
Na tabela é possível observar para a proteção número 120 que foi atribuído o valor zero para a
regulação da impedância operacional do seu 4º escalão. Nesta situação, basta a utilização do 3º
escalão pois não existem “infeeds” e a proteção só tem uma linha vizinha. Sendo assim, não há a
necessidade de se regular um 4º escalão e por isso é atribuído o valor zero para que a macro
actualizaprotec.mac, ao identificar este zero para a regulação do 4º escalão, coloque o referido
escalão inativo na respectiva proteção na rede do CAPE.
Para a proteção 166 e 118 é essencial a utilização do 4º escalão para garantir a proteção da
maior linha a jusante tendo em conta os “infeeds”.
Parte 4:
Estando presentes nesta parte da rede dois parques eólicos e uma geração representativa da
MAT, existem 23=8 perfis de geração diferentes.
75
Capítulo 6: Resultados
Com se pode observar na tabela seguinte para a proteção número 115 são simuladas todas as
combinações possíveis da geração presente na rede e registados para cada perfil de geração os
valores de impedância.
Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
1,293 1,306 106 170 1,034 1,880 2,694 107,239
2,435 5,897 115 163 1,948 5,559 7,296 10,117
1,200 1,293 129 171 0,960 1,746 2,603 95,207
1,293 1,306 171 105 1,034 1,908 2,610 11,963
As proteções número 106 e 129 apresentam valores de 4º escalão bastante elevados quando
comparados com os restantes escalões, devido aos “infeeds” provenientes directamente da geração
na subestação da MAT número 3.
No entanto, a maior parte dos valores que se obtiveram para os 4º escalões não são muito eleva-
dos porque se considera no método aplicado que pode ocorrer o disparo sequencial no caso de exis-
tirem na rede proteções que vejam na sua linha um “infeed” superior ao da proteção em causa, atu-
ando esta apenas após a atuação das outras, e portanto, vendo uma impedância menor. Esta consi-
deração realista evita a regulação destes escalões para valores exorbitantes, quando a influência dos
“infeeds” é muito elevada. O disparo sequencial mencionado verifica-se para a proteção 171 e 115.
76
Capítulo 6: Resultados
Parte 7:
Nesta porção da rede apenas existe uma geração representativa da MAT e por isso permite ob-
servar a influência da variação deste tipo de geração nos valores medidos pelas proteções da rede.
77
Capítulo 6: Resultados
Para um curto-circuito no final da linha da proteção 161 o valor de impedância vista pela proteção
número 29 é influênciada por “infeeds” provocados pela geração representativa da MAT. No entanto,
a simulação do perfil de geração para as duas situações de correntes máximas e correntes mínimas
não teve qualquer influência no valor visto pela proteção, apesar da corrente de curto-circuito máxima
e mínima, para esta subestação ser, respectivamente, 14kA e 12,9kA. Verifica-se nesta porção da
rede que a variação das correntes provenientes da MAT tem pouca influência na variação de infeeds,
apesar destas representarem a injecção forte de corrente.
Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
5,361 4,087 29 2 4,289 7,157 8,561 22,328
14,328 0,000 49 0 11,462 17,194 0,000 0,000
Parte 10:
78
Capítulo 6: Resultados
Como se pode observar na figura, a proteção número 89 apenas tem uma proteção a jusante, ao
simular um curto-circuito no final da linha da proteção 68, as centrais de biomassa 17 e 18 são
retiradas da rede pois a cava de tensão é muito elevada. As restantes centrais da rede, cogeração e
as hídricas, também são retiradas pois os valores de tensão registados nos seus barramentos do lado
da rede são inferiores a 0.85 pu. A hídrica 23 que constituía o único “infeed” para a medida da
impedância da proteção número 89 é também retirada, e portanto, o valor medido pela proteção é a
soma das impedâncias da linha com a linha vizinha, como se pode observar na tabela seguinte.
Nesta parte da rede uma vez que existem um total de dez gerações diferentes na rede, à partida,
são consideradas no máximo as seis combinações mais influentes para cada proteção. No entanto,
ao simular um curto-circuito em qualquer ponto desta porção da rede verifica-se no barramento do
lado da rede de todas as centrais hídricas, de biomassa ou cogeração, um valor de tensão inferior a
0.85 pu, sendo estas centrais retiradas da rede. Ficam apenas ligados os parques eólicos e a gera-
ção representativa da MAT, ou seja, apenas três gerações diferentes, e portanto, o número de com-
binações de perfis diferentes em vez de ser 26=64, é de apenas 23=8.
A situação mencionada no parágrafo anterior pode ser comprovada pelos resultados obtidos no
CAPE e apresentados na tabela seguinte para o par de proteções 190 e 97. A medida de impedância
vista pela proteção número 190 é apenas influenciada pelo parque eólico número 1 e 3, e a geração
proveniente da subestação da MAT número 8 como se pode observar na tabela seguinte. Para todas
as proteções desta rede apenas estas três gerações influenciam a medida das impedâncias que cada
uma efetua.
… … … … …
Na tabela seguinte são apresentados alguns dos resultados do MATLAB para esta porção da
rede.
79
Capítulo 6: Resultados
Nº Proteção Nº Proteção
ZA ZB Zop1 Zop2 Zop3 Zop4
A B
3,531 3,292 44 189 2,825 3,750 5,619 109,419
3,328 3,531 45 191 2,662 3,568 5,612 184,879
3,292 3,328 46 190 2,634 3,686 5,577 264,878
7,536 6,727 52 24 6,029 10,633 18,147 0,000
0,000 3,292 87 46 0,000 1,708 2,641 110,715
3,888 4,794 89 68 3,110 6,251 8,678 10,073
3,328 3,531 190 44 2,662 4,934 5,898 25,960
3,531 3,292 191 46 2,825 4,955 5,905 15,785
6,727 7,536 192 11 5,382 10,343 18,147 0,000
14,119 7,536 193 52 11,295 16,913 20,896 25,282
Apenas as proteções 52 e 192 não necessitam do 4º escalão, enquanto que as proteções 44, 45
e 46 apresentam valores de 4º escalão bastante elevados devido à injecção de corrente proveniente
da subestação da MAT número 8.
Depois de terminada a execução do script do MATLAB para todas as partes da rede, antes de
alterar os escalões das proteções com a macro actualizaprotec.mac, é necessário comparar os
resultados obtidos com valores previamente regulados na rede da EDP, utilizando a macro
comparaprotec.mac, através da execução do ficheiro com o mesmo nome comparaprotec.txt como
“input” no CAPE. De seguida é apresentado um excerto do resultado dessa comparação obtido no
ecrã do CAPE para as proteções 44, 45 e 46 cuja regulação foi apresentada na tabela anterior.
80
7. Conclusões e Trabalhos Futuros
7.1. Conclusão
O algoritmo aplicado à produção eólica permite simular de forma coerente o comportamento dos
parques eólicos, presentes na rede, aquando de um defeito, garantindo o cumprimento do regula-
mento português para a exploração da RND. Para além de simular os valores de corrente reativa que
os proprietários do parque têm de garantir durante o defeito, este algoritmo também permite simular
as proteções do parque, nomeadamente, as de mínimo de tensão, ao retirar o parque da rede para
valores de tensão inferiores a 0.20 pu.
Uma das limitações deste modelo é o facto de se ter considerado o funcionamento de cada par-
que à potência nominal, o que raramente acontece. De facto, a variação da sua potência alteraria a
corrente que cada parque poderia injetar na rede, assim como, a disponibilidade do mesmo para
contribuir para os defeitos. No entanto, considerou-se cada parque a funcionar à potência nominal
pois é a situação que contribui com “infeeds” mais elevados.
Por isso foram estudadas duas situações possíveis para a geração representativa da MAT. Uma
situação em que os geradores representantes da MAT contribuíam no máximo com as correntes de
curto-circuito máximas estabelecidas para cada uma das subestações pela REN. E outra situação em
que contribuíam no máximo com as correntes de curto-circuito mínimas estabelecidas. No entanto,
como a diferença entre estes dois limites de corrente é pouco acentuada, as variações das impedân-
cias vistas pelas proteções nos dois perfis é pouco significativa, e portanto, só se consideram os valo-
res obtidos para esses dois perfis de corrente.
Para se proceder ao estudo pormenorizado dos diferentes perfis de geração da rede é inconcebí-
vel simular todas as combinações de geração possíveis devido ao número desmedido de combina-
ções, 240. No entanto, como a rede está dividida em 10 partes e em cada uma para um dado curto-
circuito não existem mais de seis gerações presentes, a estratégia de simular apenas as seis gera-
ções mais influentes foi suficiente para simular todas as combinações possíveis das gerações pre-
sentes em cada parte da rede, obtendo-se todos os valores de impedâncias aparentes medidos por
cada proteção.
81
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros
As combinações possíveis de geração poderiam ter uma gama de variação mais fina conside-
rando em vez de dois patamares, ligado ou desligado, quatro ou mais patamares para as potências
de cada geração, no entanto, o tempo de processamento aumentaria drasticamente, por exemplo se
se passasse de dois para quatro patamares de potência, o número de combinações possíveis, de
seis gerações diferentes, passava de 64 para 4096.
A estratégia utilizada permitiu identificar e modelar a geração presente em cada porção da rede
da proteção em estudo e para o defeito simulado.
Como esperado, maioritariamente a geração mais influente identificada foi a geração proveniente
da MAT e os parques eólicos, uma vez que a restante geração é retirada da rede para valores de
tensão inferiores a 0.85 pu.
Assim, os valores de impedância foram registados para todos os perfis de geração possíveis.
Com estes dados e cruzando cada valor de impedância com a probabilidade do respetivo perfil, foi
feita a regulação probabilística dos quatro escalões das proteções de distância da rede em estudo.
Devido à topologia da rede ou a valores de SIR muito elevados, não foi possível regular cerca de
10% das proteções existentes na rede. Estas proteções foram apenas registadas no ficheiro SIR.txt,
para que o utilizador pudesse identificar estes pontos críticos na rede.
Após a comparação, foram atualizadas com sucesso as proteções da rede através da execução
do ficheiro ZescCAPE.txt como “input” no CAPE.
Devido a ter sido considerado o estudo dos “infeeds” tendo em conta o disparo sequencial das
proteções que veem na sua linha um “infeed” maior ao da linha da proteção em estudo, levou a que
na regulação dos 4ºs escalões não se verificassem mais situações com valores de impedâncias
operacionais demasiado elevadas.
A abordagem utilizada neste trabalho centra a variação dos perfis de geração como o aspeto com
maior importância e que provoca mais incerteza na estimação das impedâncias aparentes das
proteções de distância. No entanto, para o estudo realizado e para a rede de Alta Tensão analisada é
possível concluir que as medidas das impedâncias vistas pelas proteções na rede são efetivamente
influenciadas por “infeeds”, mas esta injeção de corrente é constante, ou seja, varia pouco com a
82
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros
variação dos perfis de geração de cada porção da rede, sendo maioritariamente influenciada pela
geração proveniente da MAT.
Com o trabalho desenvolvido foi possível articular de forma automatizada algoritmos programa-
dos em MATLAB com macros programadas no CAPE, tendo-se obtido uma coordenação otimizada
das proteções de distância existentes na rede.
Este acesso à base de dados é problemático porque o CAPE não regista de imediato os novos
valores que foram parametrizados, sendo necessário recorrer a um comando que atualize toda a
base de dados cada vez que se altera um dos parâmetros. Ora na macro desenvolvida equiva-
lente_eolica.mac em que por cada iteração tem de ser lida a base de dados, esta atualização tem de
ser realizada, para se poder executar de forma autónoma as restantes macros desenvolvidas partindo
dos novos valores calculados para os diferentes parâmetros.
Se fossem disponibilizados pela Electrocon comandos que permitissem aceder e alterar os pa-
râmetros do gerador no próprio CAPE, não seria necessário o acesso à base de dados, nem fazer a
sua atualização, e o tempo de processamento seria muitíssimo reduzido.
Assim, nestas condições, os programas desenvolvidos podiam ser uma estratégia viável, propor-
cionando uma base de comparação para a coordenação e regulação em tempo real para cada uma
das diferentes configurações da rede.
83
Capítulo 7: Conclusões e Trabalhos Futuros
Numa versão mais avançada, e tendo uma informação detalhada de cada geração presente na
rede e da sua topologia em cada instante, a coordenação elaborada com base no estudo da rede no
CAPE podia ser transposta para a rede real, comunicando os parâmetros que é necessário regular di-
retamente às proteções existentes em cada subestação, que assim ficavam automaticamente regula-
das em conformidade com o perfil de geração daquele momento.
84
Referências Bibliográficas
[1] – Afonso, J., Coordenação Probabilística de Proteções de Distância da Rede Elétrica Nacio-
nal, Tese de Mestrado IST, Lisboa, Abril 1997.
[2] – Reis Rodrigues, A. C., Coordenação Sistémica de Proteções Direccionais de Máxima Inten-
sidade em Redes de Transporte de Energia Elétrica, Tese de Mestrado IST, Lisboa, Junho 1993.
[4] – Jenkins, N., Allan, R., Crossley, P., Kirschen, D., Strbac, G., Embedded Generation (Power &
Energy Ser. 31), The Institution of Engineering and Technology, Londres, 2008.
[5] – Vu Van T., Driesen J., Belmans R.: " Dispersed generation interconnection and its impact on
power loss and protection system," IEEE Young Researchers Symposium in Electrical Power Engi-
neering - Intelligent Energy Conversion, Delft, Holanda, Março 2004.
[6] – Castro, Rui M. G., Uma Introdução às Energias Renováveis: Eólica, Fotovoltaica e Mini-
Hídrica Energia Eólica, IST Press, Lisboa, Abril 2011 (1ª Edição).
[8] – Pinto de Sá, J. L., Proteções e Automação em Sistemas de Energia, IST, Lisboa, 1993.
[9] – Afonso, J., Proteção e Automação da Rede Nacional de Transporte (RNT), Trabalho Final de
Curso IST, Lisboa, 1994.
[10] – Pinto de Sá, J. L., Afonso, J., Rodrigues, R., A Probabilistic Approach to Setting Distance
Relays in IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 12, nº. 2, Abril 1997, pp. 1652-1660.
[11] – Afonso, J., Pinto de Sá, J. L., Rodrigues, R., Probabilistic Coordination of Distance Protec-
tion Systems, Proceedings of the 12th Power Systems Computation Conference Vol. I, Dresden,
Agosto 1996.
[12] – Portaria n.º 596/2010 de 30 de Julho, Diário da República n.º 147 – 1ª série, Ministério da
Economia, da Inovação e do Desenvolvimento.
[13] – Castro, Rui M. G., Introdução à Energia Eólica, Instituto Superior Técnico, Março 2008
(edição 3.1)
[14] – Travis Smith, P. E., Wind Plant Interconnection & Protection, CAPE Users Group Meeting,
Ann Arbor, Michigan, Junho 2010.
85
Referências Bibliográficas
[15] – Ferreira de Jesus, J. M., Castro, Rui M. G., Equipamento Eléctrico dos Geradores Eólicos,
Instituto Superior Técnico, Março 2008 (edição 1.1).
[18] – Muljadi, E., Butterfield, C.P., Ellis, A., Mechenbier, J., Hocheimer, J., Young, R., Miller, N.,
Delmerico, R., Zavadil, R., Smith, J.C., Equivalencing the collector system of a large wind power plant,
Power Engineering Society General Meeting, IEEE, Montreal, Outubro 2006.
[19] – REN- REDE ELÉCTRICA NACIONAL, S.A., Caracterização da Rede Nacional de Trans-
porte para Efeitos de Acesso à Rede em 31 de Dezembro 2010.
[20] – Sucena Paiva, J. P., Redes de Energia Elétrica: uma análise sistémica, IST Press, Lisboa,
Dezembro 2007 (2ª Edição).
[21] – Catálogo AREVA, P433/P435 Distance Protection Device - Technical Data Sheet.
86
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac
Define_Macro( atualizaprotec,
dis ' '
%Número da proteção
save $1 as TAG
%Determinação no número máximo de proteções na Rede
dds(displayed_devices,Contact_Logic_Code='ZM01_PH' or Contact_Logic_Code='DIST_Z1' or
Contact_Logic_Code='REL511_T1' or Contact_Logic_Code='T1PP' or Con-
tact_Logic_Code='PH_ZN1' or Contact_Logic_Code='Z1' or Contact_Logic_Code='RAZOA_Z1')
save sizeof(displayed_devices) as NPROTEC
if ( TAG <=0 or TAG >NPROTEC) THEN
dis 'O número da proteção:',TAG,' é inválido'
interrupt
endif
%Determinação da designação de cada escalão para cada modelo de relé
save strcat('"select STYLE from DIST_DSQL where RELAY_TAG =',ntoa(TAG),' "') as
g_sql_string
db_get_string g_sql_string as RELAYSTYLE
if (RELAYSTYLE='RAZOA3_A5F50_ZE_PSB' or RELAYSTYLE='RAZOA2_A1F50_ZE_PSB'or
RELAYSTYLE='RAZOA3_A1F50_ZE_PSB' or RELAYSTYLE='REL511_1A' or RELAYS-
TYLE='REL511_5A')then
save 'Z_Measuring' as ZONA1
save 'Z_Measuring' as ZONA2
save 'Z_Measuring' as ZONA3
save 'Z_Measuring' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='SEL-321-5_5A')then
save 'M1P' as ZONA1
save 'M2P' as ZONA2
save 'M3P' as ZONA3
save 'M4P' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='7SA6xx_V4.3_5A' or RELAYSTYLE='7SA6xx_V4.3_1A' or RE-
LAYSTYLE='7SA6xx_V4.6_1A' or RELAYSTYLE='7SA6xx_1A')then
save 'Z1' as ZONA1
save 'Z2' as ZONA2
save 'Z3' as ZONA3
save 'Z4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='7SD522_V4.6_1A' or RELAYSTYLE='7SA522_V4.6_1A' or RE-
LAYSTYLE='7SA522_V4.3_1A' or RELAYSTYLE='7SD522_V4.6_5A')then
save 'Z1' as ZONA1
save 'Z2' as ZONA2
save 'Z3' as ZONA3
save 'Z4' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='REL511_V2.3_1A' or RELAYSTYLE='REL511_V2.3_5A')then
save 'ZM1_PH' as ZONA1
save 'ZM2_PH' as ZONA2
save 'ZM3_PH' as ZONA3
save 'ZM4_PH' as ZONA4
elseif (RELAYSTYLE='D60_v3.4x_5A')then
87
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac
%Zop do 2ºEscalão
save $3 as ZOP2
%Valor máximo possível para o 2ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA2 2 1 OHM as MAXTAP
save CTR TAG DIST ZONA2 2 1 as RTI
save VTR TAG DIST ZONA2 2 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP2MAX
if ( ZOP2 <=0) then
dis 'Valor de Zop2 inválido:',ZOP2,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP2 > ZOP2MAX) then
dis ZOP2,' é superior a Zop2max:',ZOP2MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop2:
save ZOP2 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA2 2 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA2 2 1 X
endif
%Zop do 3ºEscalão
save $4 as ZOP3
%Valor máximo possível para o 3ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA3 3 1 OHM as MAXTAP
88
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac
%Zop do 4ºEscalão
save $5 as ZOP4
%Valor máximo possível para o 4ºEscalão
save max_tap TAG DIST ZONA4 4 1 OHM as MAXTAP
save CTR TAG DIST ZONA4 4 1 as RTI
save VTR TAG DIST ZONA4 4 1 as RTT
save MAXTAP*RTT/RTI as ZOP4MAX
if ( ZOP4 <=0) then
dis 'Valor de Zop4 inválido:',ZOP4,' para a proteção nº',TAG
elseif ( ZOP4 > ZOP4MAX) then
dis ZOP4,' é superior a Zop4max:',ZOP4MAX,' para a proteção nº',TAG
else
%Atualização dos valores de Zop4:
save ZOP4 as DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA4 4 1 X
dis DES_REACH_IMP_OHMS_PRIM TAG DIST ZONA4 4 1 X
endif
Return
89
Anexo A: Macro atualizaprotec.mac
90
Anexo B: Macro geracaorede.mac
Define_Macro( geracaorede,
%%%% Pesos dos Perfis de geração %%%%
define_matrix PESOS(40) %Matriz com todos os pesos, correntes injectadas por cada geração
%e impedâncias vistas a jusante e/ou jusante da protecção até à geração
define_array PERFISTOTAL %Vector auxiliar com as impedâncias das linhas até cada geração
%Correcção do valor do BUS2 para calcular as impedâncias a jusante da protecção até à gera-
ção
if(BUS2=0)then %Para a GMAT
save BUS1 as BUS2C
save BUS1 as BUS1C
else % Para a GAT
save bus_substation_id BUS2 as SUBID
if(SUBID > 'ParqueEolico' or SUBID > 'Cogeracao' or SUBID > 'Biomassa' or SUBID > 'BIO-
MASSA' or SUBID > 'Hidrica')then
save BUS1 as BUS2C
save BUS2 as BUS1C
else
save BUS2 as BUS2C
save BUS1 as BUS1C
endif
endif
%Determina os perfis entre a protecção e o defeito e a sua proximidade: PESO(:,2)=vector PER-
FISFORW
dobuses(perfilbuses,
save 0 as ZLINHAtotal
DOPATH(BUS1C BUS2C CKT #K,
save ZLP #k #m #c as ZLINHA
save baseohms #k as ohm_mfactor
save ZLINHA*ohm_mfactor as ZLINHA
save ZLINHAtotal+ZLINHA as ZLINHAtotal
)
save 1 as h
save #K as SUBNI
if(abs(ZLINHAtotal)<>0)then
dowhile(h<=40,
if(SUBNI=SUBNOME(1,h))then
save ZLINHAtotal as PESOS(h,2)
endif
increment(h)
)
endif
)
save BUS2 as BUSLINHA1
save BUS1 as BUSLINHA2
save CKT as CKTLINHA
%Procurar os perfis a montante a partir da linha com maior corrente de c.c.
dobuses(perfilbuses,
91
Anexo B: Macro geracaorede.mac
save 0 as ZLINHAtotal
DOPATH(BUSLINHA1 BUSLINHA2 CKTLINHA #K,
save ZLP #k #m #c as ZLINHA
save baseohms #k as ohm_mfactor
save ZLINHA*ohm_mfactor as ZLINHA
save ZLINHAtotal+ZLINHA as ZLINHAtotal
)
save 1 as h
save 1 as I
save #K as SUBNI
if(abs(ZLINHAtotal)<>0)then
dowhile(h<=40,
if(SUBNI=SUBNOME(1,h))then
save ZLINHAtotal as PESOS(h,3)
endif
increment(h)
)
endif
)
%Considerando os perfis para a frente e para trás
%PESOS(:,9)=vector PERFISTOTAL
save 1 as h
dowhile(h<=40,
if(PESOS(h,2)<=PESOS(h,3) and PESOS(h,2)<>0)then
save PESOS(h,2) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,3)<=PESOS(h,2) and PESOS(h,3)<>0)then
save PESOS(h,3) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,2)>PESOS(h,3) and PESOS(h,3)=0)then
save PESOS(h,2) as PESOS(h,9)
elseif(PESOS(h,3)>PESOS(h,2) and PESOS(h,2)=0)then
save PESOS(h,3) as PESOS(h,9)
endif
increment(h)
)
save 1 as h
dowhile(h<=40,
save PESOS(h,9) as PERFISTOTAL(h)
dis h,'-',PERFISTOTAL(h)
increment(h)
)
)
Return
92
Anexo C: Script principal.m
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%% Gonçalo Belchior Nº 58031 %%%
%%% Coordenação de Proteções em Redes de AT com geração renovável %%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
clc
clear all
fprintf('\t*******************************************\n');
fprintf('\t* *\n');
fprintf('\t* Regulação e Coordenação de Proteções *\n');
fprintf('\t* *\n');
fprintf('\t*******************************************\n\n\n');
%% Criado ficheiro de referência para a execução das macros no CAPE
geracombinacoes;
93