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Delson da Paiva José Viramão

Crimes preterintencionais

Universidade pedagogica

Beira

2017
Delson da Paiva José Viramão

Crimes preterintencionais

Trabalho ser apresentado ao departamento de Ciência


Sócias e Filosóficas, Delegação da Beira para o fim de
jornadas cientificas.

Universidade pedagogica
Beira
2017
Índice

RESUMO....................................................................................................................................................4

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................5

2. OS CRIMES PRETERINTENCIONAIS.................................................................................................6

2.1 Os crimes preterintencionais, os crimes agravado pelo resultado, crimes preterdoloso ou ainda
crimes aberrante, qual a designação mais correcta a ser adoptada?.........................................................6

2.2 Tipos preterintencionais no Código Penal.........................................................................................8

2.3 Elementos do crime preterintencional................................................................................................9

2.3.1 Crime doloso de ofensas corporais.............................................................................................9

2.3.2 Nexo de adequação entre as ofensas e a morte............................................................................9

2.3.3 Negligência em relação à morte................................................................................................10

2.4 A diferença entre a pena do artigo 172 nr 2 e a pena que caberia ao concurso entre ofensas
corporais dolosas e homicídio negligente..............................................................................................10

2.4.1 A agravação pelo resultado ou responsabilidade objectiva.......................................................11

2.4.2 Ofensas voluntárias graves com dolo de perigo........................................................................11

2.4.3 A negligência grosseira.............................................................................................................12

2.4.4 Ofensas com perigo típico de morte..........................................................................................12

2.4.5 Íntima fusão dois crimes (crime doloso e o crime cometido com negligencia).........................13

2.4.6 A redução da aplicabilidade do artigo 172 nr 2 aos casos de ofensas com a gravidade do artigo
171 alínea e)......................................................................................................................................13

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.............................................................................15

REFEREÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................................16
4

RESUMO

Os crimes agravados pelo resultado podem ser definidos como aqueles tipos legais de crime cuja
pena aplicável é agravada por causa da ocorrência de um determinado resultado, nesses crimes,
estão incluídos os crimes aberrantes e os crimes preterintecionais. Esses dois crimes têm em
comum o facto do resultado não ser previsto e nem querido pelo agente da infracção criminal.

A clausula da responsabilização dos crimes que vão para além da vontade o infractor é o artigo
32 nr 1 alínea f); apesar de alguns autores não concordarem com isso, como é o caso cavaleiro de
fereira, para ele o artigo ora referido só responsabiliza quando os crimes forem da mesma
qualidade e tipos diferente e não crimes de natureza diferente, ou seja, para este autor, o artigo 32
nr 1 alínea f) só responsabiliza quando há crimes preterintencionais e não aberrantes, mas esse
entendimento foi abandonado, por este artigo fala da responsabilização pelo crimes agravados
pelo resultado, que pressupõem a existência de um crime fundamental, a presença de um
resultado agravante e a presença de uma peculiar agravação da pena que abranja o crime
fundamental e o resultado agravante e que, pela lógica, deva ultrapassar a que teria lugar através
do concurso de crimes

Palavras-chave: agravados pelo resultado, crimes preterintencionais, crimes aberrantes.


5

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho ira abordar em torno dos crimes agravados pelo resultado, do ponto de vista
mais restrito, o trabalho abordará em torno dos crimes preterintencionais, que são espécies dos
crimes agravados pelo resultado.

O que motivou a realização do presente trabalho é a simples curiosidade científica de perceber


melhor os crimes preterintencionais, que nalguns casos são confundidos com o concurso de
infracções, porque ambos pressupõe a existência muitas infracções, para além disso, os crimes
preterintencionais, podem ser confundidos com os crimes aberrantes, porque ambos pressupõe a
existência de concurso de dolo e negligência. Os crimes preterintencionais pressupõem a
existência de um crime fundamental, a presença de um resultado agravante e a presença de uma
peculiar agravação da pena que abranja o crime fundamental e o resultado agravante e que, pela
lógica, deva ultrapassar a que teria lugar através do concurso de crimes. Qual é esse fundamento
para que haja essa agravação mais que no concurso de infracções, se ambos os crimes pressupões
a existência de concurso de dolo e negligencia ?. A essa pergunta tem-se proposto ao nível da
doutrina várias possíveis soluções; a solução que mais se destaca é a de que o artigo 172 nr 2
pune da forma mais grave comparativamente das regras da punição do concurso entre ofensas
corporais dolosas e um homicídio negligente, porque o artigo 172 nr 2 só puni ofensas corporais
que fossem tão grave que normalmente pudesse resultar na morte; por se houvesse uma ofensa
corporal leve e a vítima morresse é mais provável que não há nexo de causalidade entre a ofensa
e a morte.

Com a presente abordagem pretende-se analisar com rigor e exaustão as diferenças e


semelhanças entre os crimes agravados pelo resultado, preterintencionais, aberente; para tal usei
o método de pesquisa bibliográfica, onde foi consultando diversos manuais e artigos científicos
disponíveis na internet.
6

2. OS CRIMES PRETERINTENCIONAIS

Se por hipótese, o namorado de uma bela jovem para impressionar o Pai desta coloca fogo bem
próximo ao sítio onde se encontrava Pai, Mãe e a Própria Jovem. Acontecerem porém que o Pais
da jovem colocou gasolina em redor da casa para matar formigas. O Jovem tinha a intenção de
avisar do incêndio, apagá-lo junto com o pai da belíssima jovem, e, com isso ganhar o respeito e
a confiança do Pai. Acontece porém que a gasolina tornou o controle do fogo impossível que
avançou com tal velocidade que foi em vão os esforços do enamorado, que viu consternado a
família morrer em chamas, e sua amada.

Na hipótese acima levantada, o namorado, teria actuado com dolo em relação ao crime de
incêndio e com negligência em relação ao crime de homicídio de três pessoas; trata-se nesse caso
dos crimes agravado pelo resultado.

2.1 Os crimes preterintencionais, os crimes agravado pelo resultado, crimes preterdoloso


ou ainda crimes aberrante, qual a designação mais correcta a ser adoptada?

Existe uma divergência de concepção entre os autores com relação a aqueles crimes cujo
resultado foi para além da intenção do agente, se não vejamos; na abordagem da professora
Teresa BELEZA1, refere de crimes preterintencionais, que para ela, vão além da intenção do
agente – praeter quer dizer "além de". Ana PRATA, prefere usar a designação de crime
preterintencional, para referir aquele crime em que o agente pretende praticar um facto que
corresponde a uma incriminação e dá origem à produção de um resultado que não era abrangido
pelo seu plano.
Para SILVA2, refere que os crimes agrados pelo resultado é o género e dentro dele estão incluso
os crimes preteritencionais são aqueles:

1
BELEZA, Teresa Pizarro. “Direito Penal”, Volume II, 2.ª edição, AAFDL, Lisboa, 1984 e 1985, Reimpressão
2007, p 215
2
SILVA, Germano Marques da, Direito Penal Português, Parte Geral, volume II, Verbo, 1998 p 41
7

Quando o agente pratica crime distinto do que havia projectado


cometer, isto é, o agente projectava perpetrar um crime e acaba
por cometer outro, desde que o crime projectado e o crime
cometido fossem da mesma natureza o agente seria punido a
título de dolo pelo crime efectivamente cometido, desde que
houvesse negligencia quanto ao excesso.

Para além disso, na perspectiva do mesmo autor, estão incluídos nos crimes agravado pelo
resultado os crimes aberrante em o agente queria cometer outro crime qualitativamente diverso.
O que há de semelhanças para SILVA, entre o crime crimes aberrante e crime preterintencional é
o resultado do crime ir para além da intenção do agente; e a diferença é que nos crimes
preterintencionais o crime querido pelo agente e o verificado são qualitativamente iguais se
forem diversos, serão, na perspectiva do mesmo autor, crimes aberrante. Esta posição do
professor Germanos da Silva também é partilhada pelo professor Manuel Cavaleiro de
FERREIRA3, que refere,
O crime preterintecional pressupõe a intenção de cometer
crime distinto do cometido, … o crime projectado e o crime
cometido deviam ser da mesma natureza, ainda que distinto.
Sendo de diversa natureza verificar-se-ia o crime aberrante
A designação de crimes pretedolos é usada com mais frequência na doutrina brasileira com é o
caso da Denise CRISTINA4, que crime preterdoloso, é aquele que o agente pratica um crime
distinto do que havia projectado cometer, advindo resultado mais grave, decorrência de
negligência, imprudência ou imperícia. Cuida-se, assim, de espécie de crime qualificado pelo
resultado, havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato [dolo no antecedente
(conduta) e culpa no consequente (resultado)].
Os crimes agravados pelo resultado podem ser definidos como “aqueles tipos legais de crime
cuja pena aplicável é agravada por causa da ocorrência de um determinado resultado 5”, podendo
este ser típico ou atípico. A figura dos crimes agravados pelo resultado é mais ampla do que a

3
FERREIRA, Manuel Cavaleiro de, lições de Direito Penal, Verbo Editora, 1992, p302.
4
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2612831/o-que-se-entende-por-crime-preterdoloso-denise-cristina-mantovani-
cera
5
Américo Taipa de Carvalho, p. 538
8

figura dos crimes preterintencionais6 e isto verifica-se no facto de estes serem uma das categorias
daqueles.

2.2 Tipos preterintencionais no Código Penal

A cláusula geral da responsabilização pelos crimes que vão para além da intenção do agente
encontam-se consagrada no artigo 32 nr alínea f), em que está estabelecido que “ Não exime de
responsabilidade criminal o erro na execução do facto punível, ainda que o crime projectado
fosse de menor gravidade.”
Assim o professor LUMBRALES7 considera o artigo 32 nr 1 alinea f) esta relacionado com o
crime preterintencional, ou seja, com aquelas hipóteses em que o agente, pondo em prática uma
intenção criminosa, foi além desta intenção, em que, numa palavra, a acção teve um resultado
mais grave do que o agente queria atingir, então para o Professor LUMBRALES, o agente seria
pelo crime cometido e não pelo projectado, a titulo de dolo nos termos do nr 4 do artigo 32. Para
CAVALEIRO DE FEREIRA8, nos termos do nr 4 do artigo 32, o agente não responderia a título
de dolo por todos o crime, mas por aqueles crimes que fossem tão só quantitativamente – e não
qualitativamente diferente, ou seja, se houvesse uma relação de mais e menos, de simples
gravidade, e não quando entre o resultado projectado e o produzido houvesse diferenças de
natureza e espécie, ou seja para este autor o dispositivo o referido só regula a questão dos crimes
preteritencionais. Mas pode entender-se que a expressão gravidade é referida pelo legislador à
pena corresponde ao crime projectado e realizado.

A línea f) do nr do artigo 32 conjugado com o nr 4 do mesmo artigo estabelece que o erro sobre
as consequências do facto não dirime a responsabilidade a título de dolo. Mas imputando o crime
projecto como se ele se tivesse realizado e não imputando a titulo de dolo o resultado verificado.

O código prevê alguns casos de crimes preterintencionais, como é o caso, do homicídio


preterintencional (que advêm de ofensas corporais) que é o nr 2 do artigo 172; será o caso do
artigo 213, em que se pune o abandono de infantes e no nr 4 se vem punir de uma forma mais
grave uma pessoa que pratique esse crime de abandono de infantes tendo com isso provocado a

6
Helena Moniz – Crimes agravados pelo resultado: Para além da preterintencionalidade, in Direito Penal:
Fundamentos Dogmáticos e Político-Criminais, Coimbra Editora, 2013, p. 506
7
CORREIA, Eduardo, Direito criminal, vol I, p 401
8
Ibidem
9

morte. Ou seja, fundamentalmente os casos de punição da preterintenção serão ofensas corporais


de que resulta a morte, abandono de infantes de que resulta a morte, Eventualmente, ainda as
próprias ofensas corporais quando tenham um resultado mais grave do que aquele que era
pretendido. E ainda o caso do artigo 178 nr 3, em que se prevê a hipótese de uma pessoa causar a
morte a outrem por efeito de um crime de castração.

2.3 Elementos do crime preterintencional

Com este capítulo, o trabalho aborda em torno dos Elementos do crime preterintencional, caso
específico homicídio que advêm de ofensas corporais previsto no artigo 172 nr 2.

2.3.1 Crime doloso de ofensas corporais

O primeiro grande elemento do homicídio preterintecional que a professora Teresa BELEZA


avança é o dolo nas ofensas corporais, ou seja, o homicídio previsto no artigo 172 nr 2
pressupõem que o infractor actuou dolosamente no crime de ofensas corporais.

2.3.2 Nexo de adequação entre as ofensas e a morte9.

Para o agente ser responsabilizado pela morte, ainda que além da sua intenção, entre a sua
actuação e a morte, ainda que além da sua intenção, entre a sua actuação e a morte tem de haver
um nexo de adequação, ou, como e vulgar dizer-se, de causalidade adequada, para a acção se
possa dizer causa de um resultado é pois, segundo CORREIA 10, mister que em abstrato seja
adequada a produzi-lo. O nexo de adequação deve ser aferido segundo um juízo de prognose
póstuma (juiz deve deslocar-se para o momento da verificação da conduta e ponderar, enquanto
observador externo, se, dadas as regras gerais da experiência e normal decorrer dos factos, era

9
Segundo o professor Tereza dos Santos, o vinculo entre a causalidade e o resultado sempre existira sempre que se
verifique qualquer dos seguintes requisitos: ser o resultado previsível e anormalmente realizável, mas ter o agente o
dever e o poder de o previnir.
10
CORREIA, Eduardo, Direito criminal, vol I, p 257
10

previsível que daquela conduta derivasse aquele resultado) 11. Não se dá o nexo de causalidade
adequada, se tiver intervindo uma causa acidental entre as ofensas e a morte. Isto quer dizer que,
se houver um desvio no processo causal, isto é, uma causa acidental que se intrometeu pelo meio
(será o caso do desastre da ambulância, será o caso do incêndio no hospital) o nexo "quebra-se" e
não há qualquer possibilidade de, ainda em termos objectivos, se imputar a morte ao agente das
ofensas corporais. Vide o artigo 173 do CP.

2.3.3 Negligência em relação à morte

Para BELEZA, o art° 172 nr 2, para além de exigir dolo de ofensas corporais, e nexo de
causalidade adequada entre as ofensas e a morte, exige negligência em relação a morte. Isto é,
em última analise, no art° 172 nr 2, porque no direito penal não pode haver responsabilidade
objectiva (segundo o art° 48°. n° 2 alínea d) só pode então explicar-se que se impute
subjectivamente morte ao agente em termos de negligência, o art° 172 nr 2 seriam crime misto,
que teria na base um crime doloso de ofensas corporais, a que se somaria um crime de homicídio
negligente.

2.4 A diferença entre a pena do artigo 172 nr 2 e a pena que caberia ao concurso entre
ofensas corporais dolosas e homicídio negligente.

Se por hipótese uma pessoa cometa um crime doloso de ofensas corporais e um crime de
homicídio negligente e formos a punir essa pessoa por esses dois crimes segundo as regras gerais
de concurso, ao fazer as contas, nunca (excepto se se tratar do caso mais de ofensas corporais -
art° 172 nr alínea e) chegamos a uma pena tão alta como a do art° 172 nr 2. Isto é, se houver um
crime de ofensa corporais, punido com qualquer pena da alínea a) a d) do nr 1 do artigo 172, e
um crime de homicídio involuntário ou negligente, punido nos termos do artigo 169, e depois
calcularmos a pena a aplicar a situação de concurso de crimes, nos termos do art" 127°, nunca
chegamos a uma pena de 2 a 8 anos. Porquê que o art° 172 nr 2 vai alem da punição que

11
Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, Crime (homicídio) Preterintencional, 03/12/2003
11

resultaria das regras gerais de concurso? A esta questão têm sido levantadas diversas teorias, que
abordaremos com mais pormenor doravante.

2.4.1 A agravação pelo resultado ou responsabilidade objectiva.

Para esta teoria há uma agravação, porque a pessoa, cometendo ofensas corporais que tinham
objectivamente potencialidade de causar a morte, no fundo agiu de uma maneira muito perigosa
e, portanto, de certa forma faz sentido que se lhe impute essa responsabilidade e que se considere
que ela deve ser punida de uma forma mais grave.
Isto, portanto, seria reconhecer, em última analise, que, apesar de ressalva da negligência, ou da
exigência da negligência em relação ao resultado, ainda assim esta diferença de pena se justifica
por uma ideia de responsabilidade pelo resultado. Em última analise, que haveria aqui um caso
de agravação da responsabilidade pelo resultado, de agravação puramente objectiva, isto é uma
coisa que mais ou menos ninguém aceito, dada a sacrossanta regra de que no direito penal não há
responsabilidade objectiva, o pensamento da responsabilidade objectiva ou pelo evento
correpondias às concepções de 1952, tal não acontece seguramente hoje, depois da orientação
subjectivadora e eticizadora (baseada na culpa) 12, e então tenta-se encontrar outras explicações
para esta disparidade de penas.

2.4.2 Ofensas voluntárias graves com dolo de perigo.

E assim, pode dizer-se que, no fundo, quem age dolosamente em caso de ofensas corporais muito
perigosa, age com um certo dolo de perigo, isto é, de certa forma, o seu dolo estende-se (embora
não completamente, porque se não haveria homicídio voluntario) a uma ideia de perigo de morte.
E portanto, é lógico punir essa pessoa de uma forma mais grave do que se não houvesse essa
intima ligação entre as ofensas e morte. Só que isso não faz sentido, pois, das duas ou uma: ou há
dolo de morte ainda que a titulo eventual, e estamos no homicídio voluntario; ou não há dolo de
morte, e o "dolo de perigo" já é tido em conta na própria pena das ofensas corporais.
Efectivamente, segundo o art° 170 a pena " graduada consoante a gravidade das próprias ofensas.

12
CORREIA, Eduardo, Direito criminal, vol I, p 439
12

2.4.3 A negligência grosseira.

Quem age desta maneira, no fundo tem uma negligência tão grave que se justifica que a pena
seja mais alta. E por exemplo, a versão do Prof. Eduardo Correia, que utiliza tal expressão, para
este mesmo autor frisa que:
“No perigo típico que envolvem certas actividades para
bens jurídicos reside a justificação histórica dos crimes
preterintencionais: na negligência grosseira que deriva do
desrespeito pelo particular dever de representação, que a
pratica do crime fundamental doloso envolve, reside a
justificação para a pesada agravação da pena neles
cominado"

2.4.4 Ofensas com perigo típico de morte

Para o professor DIAS, o que no fundo tem um pouco ainda a ver com a admissão da
responsabilidade objectiva, embora expressamente afastando-a – que o que é característico do
homicídio preterintencional, ou da preterintencao em geral, é que entre as ofensas corporais e a
morte (entre as ofensas corporais e a morte, naquele caso concreto do art° 172 nr 2) tem de haver
uma relação de perigo típico: isto é, não chega a avaliação da responsabilidade em termos de
causalidade adequada, e de juízo de negligência, é ainda preciso verificar se naquele caso
concreto há uma provocação do resultado aquele tipo de ofensas provoca a morte, portanto, isto
não e apenas um raciocino de causalidade adequada, é um raciocino mais exigente do que esse, e
dizer. Nestas circunstancias este tipo de ofensas necessariamente causa sempre a morte. E
portanto, nessas circunstâncias, em que a pessoa age com dolo de ofensas corporais que são de
tal forma que necessariamente causam a morte, então já se poderia encontrar uma justificação
para esta pena agravada do 172 nr 2.
13

2.4.5 Íntima fusão dois crimes (crime doloso e o crime cometido com negligencia)

Para o professor FERREIRA CORREIA 13, a agravação resulta da íntima fusão dois crimes
(crime doloso e o crime cometido com negligencia). Esta íntima fusão resulta ao facto de a
negligência ter sido tornada possível, física e psicologicamente, pelo do inicial. Isto é: este dolo
teria sido tão forte que, só ele, teria tornado física e psicologicamente possível a negligência.

Esta teoria não é especifica ao crimes preterintencionais, abrangem também os outros crimes,
como é o caso do concurso ideal, quando por hipótese um individuo, com um tiro, danificou
dolosamente um vitrina e produziu por negligencia a morte de uma pessoa que se encontrava
perto. Aqui a negligencia só foi tornada possível, física e psicologicamente, pelo dolo.

A razão de ser de agravamento da pena está no perigo normal, típico, quase se poderia dizer
necessário que, para certos bens jurídicos, está ligado à pratica de certos crimes, por que quem
fere, quem queima uma casa, quem expõe ou abandona uma criança, etc. deve saber que está a
praticar acções especialmente perigosas e tem pois um particular dever representar que, tais
condutas, pode resultar em um evento mais grave e, nomeadamente a morte de alguém.

2.4.6 A redução da aplicabilidade do artigo 172 nr 2 aos casos de ofensas com a gravidade
do artigo 171 alínea e).

A alternativa será pura e simplesmente dizer: o princípio da culpa (neste sentido tradicional da
que não é possível responsabilidade objectiva) exclui pura e simplesmente qualquer
possibilidade desta agravação, e então entender-se-á que o artigo 172 nr 2, impondo a pena de 2
a 8 anos, só faz sentido quando estejamos perante ofensas corporais com a gravidade do artigo
171 alínea e). Isto é, a pena de 2 a 8 anos agravada é, no fundo, a pena que existe numa situação
de concurso entre ofensas corpora dolosas e homicídio negligente, se as ofensas corporais
dolosas que estão na base desse caso concreto forem as ofensas corporais do artigo 171 alínea e),
porque este preceito pune o caso mais grave de ofensas corporais dolosas com pena de 2 a 8 anos
(são ofensas corporais de que resulta um aleijão ou uma privação de um membro, ou de um
órgão do corpo, etc) (ou as corpo de artigo 172)
13
Idem
14

Se uma pessoa cometer o crime do artigo 171 alínea e, punido com a pena de 2 a 8 anos, e
cometer um crime de homicídio negligente, segundo as regras do concurso do concurso do artigo
102, a pena que caberia a este caso concreto seria efectivamente 2 a 8 anos, com agravação desta
moldura. Ora, é isso que está no artigo 172 nr 2.
Portanto, num entendimento mais exigente de uma rigorosa aplicação do principio da culpa –
neste sentido de que nunca pode haver agravação objectiva pelo resultado, tem sempre haver
uma imputação subjectiva, quer a título de dolo, quer a título de negligencia – só se poderia hoje
em dia aplicar a disposição do artigo 172 nr 2, quando as ofensas que a pessoa tiver praticado, e
de que resultou a morte, fosse ofensas com gravidade do artigo 171 alínea e). As ofensas
corporais causaram concretamente a morte, mas teriam de ter uma gravidade potencial,
abrangida pelo dolo do agente, de provocarem um resultado com uma gravidade idêntica à das
ofensas previstas no artigo 171 alínea e) (ofensas que causaram um cortamento, uma privação,
aleitação ou inabilitação de qualquer membro ou órgão).

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES


15

Findo o trabalho, conclui-se, na ambrela dos crimes agravados pelo resultado, que são aqueles
cuja pena e agrada por causa da ocorrência de um determinado resultado, encontramos dois
grandes subtipos, nomeadamente os crimes aberrante e o crimes preterintencionais. A grande
destrinças entre esse dois grandes grupos de crimes e que nos primeiros, entre o crime projectado
e o cometido há uma diferença de qualidade como por exemplo, no crime de fogo posto de
depois surge morte; nos crimes preterintencionais, entre o crime projectado não há diferencia de
qualidade - como por exemplo do crime de abandono de infante que resulta em morte.

O homicídio previsto no artigo 172 nr 2, pressupõe a existência de: ofensas corporais cometidas
com dolo e um resultado negligente; a ligação entre o crime de ofensas e o homicídio e por fim
uma pena de 2 a 8 anos agravada – que bastante grava comparativamente da pena de concurso de
crime de ofensas corporais dolosas e um homicídio negligente. Por isso, pode se verificar uma
hipótese de dois infractores A e B, que cometam o crime de ofensas corporais com a mesma
gravidade, uma vítima resiste, agredida por A, e a outra, B, morre por causa das ofensas
corporais; como se não bastasse A pratica um crime de homicídio negligente. Esses dois
infractor teria penas diferentes; B seria punido ao abrigo do artigo 172 nr e A ao abrigo das
regras de concurso do artigo 127; por isso, recomenda-se ao legislador na revisão do código
penal que se aproxima, consagrasse um meio-termo para colmatar essa situação, ou quando
houver concurso de dolo e negligencia deveria aplicar-se as regras do artigo 127.

REFEREÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
16

BELEZA, Teresa Pizarro. “Direito Penal”, Volume II, 2.ª edição, AAFDL, Lisboa, SILVA,
Germano Marques da, Direito Penal Português, Parte Geral, volume II, Verbo,
CORREIA, Eduardo, Direito criminal, vol I,
Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, Crime (homicídio) Preterintencional, 03/12/2003
Helena Moniz – Crimes agravados pelo resultado: Para além da preterintencionalidade, in
Direito Penal: Fundamentos Dogmáticos e Político-Criminais, Coimbra Editora
FERREIRA, Manuel Cavaleiro de, lições de Direito Penal, Verbo Editora, 1992;
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2612831/o-que-se-entende-por-crime-preterdoloso-denise-
cristina-mantovani-cera

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