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1. INTRODUÇÃO
Dentre as opções arquitetônicas para fachadas em edificações comerciais e residenciais,
frequentemente se utiliza o sistema de revestimento cerâmico. Dentre as vantagens no uso
de tal sistema destacam-se a estética, a estanqueidade, a estabilidade, a durabilidade, a
baixa manutenção e, consequentemente, também a valorização imobiliária do imóvel.
Entretanto, o sistema de revestimento cerâmico em fachadas, tradicionalmente empregado
no Brasil, apresenta manifestações patológicas (ou danos), cujos mecanismos ainda são
pouco entendidos. Inicialmente, é preciso ter em mente que, o revestimento cerâmico
empregado nas fachadas das edificações é composto de diferentes materiais que possuem
características físico-mecânicas muito diferentes [1]. Bauer et al [2], avaliaram o módulo
de elasticidade à compressão dos materiais componentes do revestimento de fachada de
edifícios, obtendo valores de 41,6 GPa para as peças cerâmicas, 6,4 GPa para a argamassa
colante, e 0,6 GPa para a argamassa de emboço. Dessas diferenças de propriedades em
conjunto com as ações solicitantes, dentre elas, a incidência da radiação solar e o efeito
térmico, podem surgir estados de deformações e de tensões complexos nas fachadas que
são, ainda, muito pouco conhecidos e escassamente pesquisados. A conseqüência mais
grave do conjunto de solicitações impostas á fachada é o fenômeno do descolamento e
conseqüente desplacamento de seus componentes. Conforme ilustra a Figura 1, o
descolamento envolve o afastamento físico dos elementos componentes da fachada, em
particular as placas cerâmicas, argamassa colante, podendo inclusive remover a argamassa
de emboço. Frequentemente ocorre o colapso da aderência e a expulsão das peças
cerâmicas do plano da fachada (Figura 1).
Figura 1 – Descolamento e desplacamento observando-se o colapso de aderência e a
expulsão da peças cerâmicas exteriores
Em geral, o mecanismo de descolamento observado apresenta algumas características
básicas a saber:
• O processo não surge de imediato quando o edifício é concluído, tendo-se relatos
de surgimento do processo desde 6 meses até 10 anos após a ocupação do
edifício. Evidencia-se, portanto, que o fenômeno não é provavelmente devido a
um carregamento de natureza estática
• As fachadas que recebem maior incidência solar, bem como as de cor escura
sempre apresentam maior incidência de descolamentos o que associa o fenômeno
aos esforços de natureza térmica.
• O descolamento ocorre em bolsões sendo que as peças cerâmicas são descoladas de
forma progressiva. Com a progressão do descolamento as falhas de contato
aumentam paulatinamente sendo que o afastamento entre as placas cerâmicas e
suas camadas de base pode chegar a vários centímetros.
S
= 1 − 0,0685(1 − R)log N
(1)
f
onde,
S (2)
R = mín
Smáx
A partir da equação 1 obtêm-se a curva S-N, ilustrada na Figura 4 para tensões de tração e
compressão. Para entendimento da curva S-N, pode-se raciocinar que ao se ter um ciclo
somente, o valor da tensão (S) corresponde ao valor obtido no ensaio estático (tração ou
compressão, por exemplo). Nesse caso o corpo-de-prova é submetido a um ciclo que o
leva até a tensão de ruptura. À medida em que se aplicam cargas menores que a de ruptura
estática, o material passa a romper com um número maior de ciclos. Diminuindo-se cada
vez mais a intensidade do carregamento das tensões alternadas dos ciclos, chega-se em um
momento em que a carga é tão pequena que não causará danos ao corpo-de-prova. Esse
ponto corresponde ao momento em que a curva se torna assintótica (Figura 4), podendo-se
afirmar que a vida útil do material sob esse carregamento pode ser extrapolada ao infinito.
Essa situação seria a ideal para as tensões de trabalho do sistema de revestimento, o qual
não estaria em condições críticas que o levassem ao descolamento e destacamento por
fadiga.
Figura 4 – Curvas S-N adotadas para argamassa (tração – ft, compressão fc)
A análise do sistema de revestimento cerâmico sob fadiga deve contemplar todos os
materiais que o compõe, bem como as interfaces entre materiais diferentes. O presente
estudo inicial se destina ao desenvolvimento de metodologia experimental para
determinação da curva S-N. O foco deste estudo é a argamassa de emboço, buscando-se
avaliar o comportamento em relação à tração.
2. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
O programa experimental teve como objetivo básico o desenvolvimento dos corpos-de-
prova bem como da metodologia de ensaio para obtenção da curva S-N à tração.
Neste trabalho foi usada uma argamassa industrializada, preparada de acordo com as
recomendações do fabricante. A argamassa foi misturada em equipamento de mistura
forçada, sendo os corpos-de-prova moldados imediatamente após a mistura. O corpo-de-
prova foi moldado numa fôrma de aço, sendo executado em três camadas de 4 cm cada e,
aplicando-se 25 golpes em cada camada (Figura 5) Após 48 horas os corpos-de-prova
eram desmoldados e estocados em câmara úmida.
(a) (b)
Figura 5 (a) Molde do CP, em aço. (b) Moldagem do CP.
A Tabela 1 mostra as principais propriedades desta argamassa avaliadas em laboratório.
Tabela 1 – Propriedades da Argamassa
PROPRIEDADES MÉTODO DE ENSAIO RESULTADO MÉDIO
Teor de ar incorporado (%) NM 47:95 (ABNT, 1995) 15,5
Consistência (mm) ASTM C 780-96 36-47
Resistência à tração na flexão
NBR 13279 (ABNT, 2005) 1,64
(MPa)
Resistência à compressão axial
NBR 13279 (ABNT, 2005) 4,29
(MPa)
Módulo de Deformação (GPa) NBR 8522 (ABNT, 2003) 5,49
2.3 Resultados
Os ensaios à tração estão resumidos na Tabela 3 associados aos valores dos níveis de
tensão alternada usados: 1,29MPa, 1,08MPa, 0,86MPa, 0,65MPa e 0,55MPa. Tais valores
de tensão correspondem aos seguintes valores de forças nas garras do equipamento,
respectivamente, de 12kN, 10kN, 8kN e 6kN.
Através dos procedimentos realizados, evidencia-se determinada variabilidade nos
resultados observados, tomando-se como referência aceitável a utilização de 3 corpos-de-
prova por avaliação. Para os valores de tensão 1,29MPa, 1,08MPa e 0,86MPa foram
realizados os ensaios até a ruptura. Para a tensão de 0,55 MPa, o ensaio teve que ser
interrompido após se chegar a um número de ciclos bastante elevado, acima de 1336000 ≈
1,3x106 ciclos (para uma freqüência de ensaio utilizada, isso equivale a 74h de ensaio) não
apresentando ruptura.
A Tabela 3 resume os valores de tensão adotados e o número de ciclos para romper os
corpos-de-prova nos ensaios à tração. Nesta tabela, também se observa que, corpos-de-
prova sob maior tensão se rompem com menor número de ciclos como era de se esperar.
O Limite de Resistência à Fadiga, portanto, correspondeu a uma tensão de tração de
0,65MPa. foi admitido como um valor de resistência à fadiga. A Vida em Fadiga nesse
caso correspondeu a 200934 ciclos (considerando o menor dos valores observados quando
da ruptura nesse nível de tensão). O critério para definição desses valores refere-se aos
últimos resultados em que se conseguiu ruptura do material (com a diminuição da tensão e
aumento do número de ciclos).
2,5
1,5
S (MPa)
0,5
0
1 100 10000 1000000 100000000
N (ciclos)
3. CONCLUSÕES
O presente estudo possui um caráter de desenvolvimento metodológico, sendo que do
mesmo podem ser enumeradas as seguintes conclusões:
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisa e Tecnologia (CNPq), ao Centro
de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT-UnB), ao
Laboratório de Ensaio de Materiais (LEM-UnB), e ao Laboratório de Ensaios Mecânicos
(ENM-UnB) pelo apoio ao desenvolvimento desse trabalho.
REFERÊNCIAS
[1] Bauer, E. Revestimento de argamassa: características e peculiaridades. Brasília, LEM-
UnB Sinduscon/DF, 2005.
[2] Bauer, E.; Saraiva, A.G.; Bezerra, L.M. Análise das tensões entre argamassa colante e
placas cerâmicas submetidas a esforços de natureza térmica. In: IV Simpósio Brasileiro de
Tecnologia das Argamassas, 2001, Brasília: PECC/ANTAC. v.1 p. 365-376.
[3] Shigley J., C. Mischke. “Mechanical Engineering Design”. New York: Mc-Graw Hill,
2004.
[4] Cervo, T.C. “Estudo da resistência à fadiga de concreto de cimento portland para
pavimentação”. Tese de doutorado apresentada na Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo. São Paulo, São Paulo, 2004.
[5] Uchôa, J. C. B. “Procedimento Numérico e Experimental para a Avaliação da
resistência à fadiga em Sistema de Revestimento”. Dissertação de Mestrado apresentada
à Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Brasília, Distrito Federal, 2007.
[6] Tepfers R, Kutti T. Fatigue Strength of Plain, Ordinary and Lightweight Concrete. ACI
journal. v 76, n° 29, pp 635-652, 1979.