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Santa Maria
2010
MARCELO DE FRANCESCHI DOS SANTOS
Santa Maria
2010
Marcelo De Franceschi dos Santos
_____________________________________
Profª. Drª Luciana Mielniczuk
(Presidente/Orientador)
_____________________________________
Profª. Drª Márcia Franz Amaral
(UFSM)
_____________________________________
Vivian Belochio
Doutoranda em Comunicação e Informação (UFRGS)
_____________________________________
Maurício Dias Souza
Mestrando em Comunicação Midiática (UFSM)
(suplente)
This work aims to map the circulation of the information producted in a journalistc
blog under Creative Commons license. To do this, it is done a delimitation and a brief
historical review of copyright, relating them to the possibilities of sharing intellectual
works on the internet through legal licenses that allow the reproduction of protected
content. Then, shows how is the circulation of the information in cyberspace,
specifically the information producted in journalistic blogs, and the models of
circulations. After, presents the methodology used to map the circulation of two texts
producted in the chosen blog, the Meio Desligado. After collecting and analyzing
data, it appears that the circulation in cyberspace is independent of the current
copyright system and has a strong participation from readers.
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................55
3. 1 DESCRIÇÃO E ASPECTOS HISTÓRICOS DO BLOG......................................56
3. 2 MAPEAMENTO ..................................................................................................64
3. 3 COLETA DE DADOS .........................................................................................69
3. 4 ANÁLISE DE DADOS.........................................................................................74
INTRODUÇÃO
_______________
1
Por meio de uma rede P2P, os usuários do programa tinham acesso às músicas digitais dos demais
usuários, com a possibilidade de fazer o download dos arquivos de uma maneira descentralizada.
Não havia um único servidor fornecendo o serviço. Todos eram servidores e clientes ao mesmo
tempo, e assim tinham acesso mútuo ao conteúdo de cada um. Depois de receber ordens judiciais, o
Napster foi fechado em 2001, mas outros serviços similares surgiram.
2
Redes em que os computadores se conectam entre si com um computador administrador da rede,
possibilitando que todos compartilhem arquivos.
3
“§ 1º - Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca
de informações até a redação de notícias e artigos e a organização, orientação e direção desse
trabalho.”.
13
1. 1 DIREITOS AUTORAIS
cada país – no Brasil isso é feito pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial4
desde 11 de dezembro de 1970.
Já no caso da Lei dos Direitos Autorais (LDA), qualquer manifestação física
ou digital – o que inclui programas de computador – do pensamento não necessita
de registro, sendo um ato facultativo, conforme o artigo 18 da lei 9.610: “A proteção
aos direitos de que se trata esta lei independe de registro”. Ressalta-se que a
proteção da lei recai sobre a exteriorização, a forma da expressão fixada
independente do material, e não sua ideia original. “As ideias são de uso comum e,
por isso, não podem ser aprisionadas pelo titular dos direitos autorais”
(PARANAGUA; BRANCO, 2009, p. 31). Por exemplo, é coberta uma única notícia de
um determinado fato, e não o fato em si, do qual podem ser feitas outras notícias.
“Já no caso dos bens protegidos por propriedade industrial, o que se protege
inicialmente é a ideia, consubstanciada em um pedido de registro (de marca) ou de
patente (de invenção ou de modelo de utilidade)” (PARANAGUA; BRANCO, 2009, p.
32).
Os direitos autorais estão relacionados a obras intelectuais. Por sua vez, os
direitos autorais dividem-se em direitos morais e direitos patrimoniais. Os direitos
morais dizem respeito aos direitos de personalidade, dos quais se destacam à
honra; ao nome; e à imagem. Tem como características serem intransmissíveis,
inalienáveis, irrenunciáveis, inexpropriáveis e imprescindíveis (ABRÃO, 2001).
Ninguém pode vender o seu nome para outra pessoa, nem ter sua autoria retirada,
ou renunciar a autoria de uma obra. O nome do autor permite a responsabilização
do indivíduo em meio à sociedade (CASTRO, 2001).
Os direitos patrimoniais, por outro lado, são passíveis de venda para
exploração comercial, seja pelo autor ou por pessoa autorizada pelo autor. Castro
(2001, p. 7) compara brevemente as duas divisões de direitos: “o direito patrimonial
de autor tem características diferentes daquelas relativas ao direito moral de autor, a
saber: alienável; penhorável; temporário; prescritível”. São direitos alienáveis através
de um contrato de cessão, por um determinado tempo. Uma série de direitos
patrimoniais são elencados pelo artigo 29 da LDA, entre eles os de reprodução,
edição, adaptação, tradução e distribuição da obra cessionada. A exploração desses
direitos gera ganhos econômicos ao autor, financeiramente chamados de royalties.
_______________
4
http://www.inpi.gov.br/.
16
com trechos iguais ao de um post do seu blog, sem mencionar a origem das
informações ou linkar para a postagem7. Existe ainda uma polêmica envolvendo
empresas de clipping8 que lucram vendendo para clientes o conteúdo gratuito que
coletam de sites da internet9.
Ao mesmo tempo em que se constitui em infração, a apropriação do conteúdo
traz um benefício para os profissionais e para as empresas jornalísticas: uma
circulação maior e até uma maior audiência para a página original da publicação. Se
a cópia do conteúdo estiver vinculada com o link para o conteúdo original, o usuário
pode se interessar e visitar a página do site – o que também mantém o direito moral
do criador.
Uma alternativa para o impasse que se firmou é a adoção das licenças livres
pelos produtores de conteúdo. As licenças são autorizações que têm a exigência
básica da atribuição do crédito ao autor, ou origem, e, assim, permitem que o
conteúdo seja copiado. Ao utilizá-las, o autor concede a distribuição da obra,
aderindo a um acordo de determinadas liberdades, ou a um sistema no qual ele
escolhe quais liberdades autoriza. De surgimento relativamente recente, as licenças
têm alcançado uma grande popularidade e derivam de um contexto maior – a cultura
livre.
Após uma breve introdução sobre o que são direitos autorais, vale fazer uma
curta revisão histórica a respeito de suas origens, terminando na concepção do
conceito nos dias de hoje. Segue uma descrição dos movimentos de contestação
dos abusos promovidos pelo aumento da duração e da abrangência dos direitos
autorais. Dentre os movimentos, destacam-se a cultura livre, o copyleft, o software
livre e o Creative Commons.
Os direitos autorais começaram a ser regulados há cerca de três séculos,
mas suas origens remontam ao século XV. Até a Idade Média, os processos de
reprodução das obras artísticas, literárias e científicas eram realizados de forma
manual e rudimentar, o que dificultava a divulgação de idéias (VIANNA, 2006, p.
_______________
7
http://e-periodistas.blogspot.com/2010/02/arranco-por-el-dato-aunque-no-es-lo-que.html.
8
Serviço de coleta de produtos jornalísticos que citam determinados assuntos.
9
http://www.cultura.gov.br/site/2010/03/19/ganhar-com-o-trabalho-alheio/.
18
935). Em torno de 1450, com o surgimento da máquina de imprimir com tipos móveis
(BURKE, 2003) passou-se a se pensar nos direitos desses textos, devido a
facilitação da reprodução textual. Quem tinha os meios de reprodução, recebia dos
governantes o direito exclusivo de comercializar os escritos. Os reis ingleses Felipe
e Maria Tudor são considerados os primeiros a concederem um monopólio para
livreiros, em 1557, conforme conta Abrão (2001, p. 27). A esse privilégio de produzir
e comercializar os livros, foi dado o nome de direito de cópia (copyright, em inglês).
Os livreiros mantiveram seu domínio até 1664, quando expirou o limite de
exploração garantido pelo Licensing Act, um decreto que lhes dava o poder de
combater os livros falsificados – que não tinham autorização. Em 1710, a Rainha
Ana aprovou o Statute of Anne, considerada a primeira lei de direitos autorais da
história, pois reconhecia a propriedade das obras como sendo dos autores, e não
dos livreiros. Além de reconhecer o direito patrimonial dos autores, a lei também
estabeleceu limites para o direito de cópia (copyright) do livreiro – cada livro poderia
ser explorado por 14 anos, com direito a uma renovação por mais 14 anos, se o
autor estivesse vivo. Para os livros anteriores à lei, foi estabelecido o prazo de 21
anos. Após esse tempo, o livro poderia ser publicado por qualquer pessoa,
passando ao domínio público, um conceito novo para a época. Esse sistema de
direito autoral inglês originou o copyright dos países anglo-saxões – dentre eles, o
dos Estados Unidos, cuja primeira lei data de 1790.
Os direitos autorais do Brasil e dos demais países latino-americanos deriva do
sistema “droit d’auteur”, surgido na França pouco depois da Revolução Francesa, e
pouco depois do copyright:
“Em julho de 1793, com a classe dos artistas contemplada com
algumas normas de proteção, um Decreto-lei do governo francês regulou,
pela primeira vez, os direitos de propriedade dos autores de escritos de
todos os gêneros, do compositor de música, dos pintores e dos
desenhistas” (ABRÃO, 2001, p. 31).
_______________
10
A United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura) é uma agência da Organização Mundial das Nações Unidas
fundada em 16 de novembro de 1945.
20
A defesa por uma cultura livre tem suas bases no copyleft e no software livre,
como constatado por Schwingel (2006, online), pois refere-se a “movimentos que
extrapolem os preceitos e idéias surgidas a partir da relativização dos direitos de
propriedade intelectual e do desenvolvimento colaborativo”. A seguir, será dado um
enfoque maior na relativização do direito autoral ocasionada pelo copyleft.
1. 3 COPYLEFT
_______________
11
Tradução do autor para: “that raises funds to promote the freedom to share and change software”
(STALLMAN, 2002, p. 174).
12
Tradução do autor para: “as in ‘free speech’, not as in ‘free beer’.” (STALLMAN, 2002, P. 43).
13
Tradução do autor para: “Freedom 0: The freedom to run the program, for any purpose.;
Freedom 1: The freedom to study how the program works, and adapt it to your needs. (Access to the
source code is a precondition for this.);
Freedom 2: The freedom to redistribute copies so you can help your neighbor.;
22
Freedom 3: The freedom to improve the program, and release your improvements to the public, so
that the whole community benefits. (Access to the source code is a precondition for this.)”
(STALLMAN, 2002, p. 43).
14
Tradução do autor para: “Proprietary software developers use copyright to take away the users’
freedom; we use copyright to guarantee their freedom” (STALLMAN, 2002, p. 91).
23
_______________
15
http://www.cartamaior.com.br/
16
http://diplomatique.uol.com.br/
24
1. 4 CREATIVE COMMONS
A partir dos Estados Unidos, o projeto logo se espalhou por vários países
através da web. Por terem sido redigidas para o copyright norte-americano, as
licenças tiveram que ser adaptadas aos países que aderiram ao projeto. Atualmente
os termos foram completamente traduzidos e adaptados para as diferentes
jurisdições de 53 nações17 – entre elas o Brasil. O número de trabalhos licenciados
ao sistema cresce a cada ano em todo o mundo, com um aumento significativo em
2009, como mostra a figura a seguir, retirada do site da organização.
_______________
17
A lista completa dos países pode ser vista em: http://creativecommons.org/international/.
26
_______________
18
http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI308489-EI553,00.html.
19
http://idgnow.uol.com.br/blog/campus-party/2010/01/19/lessig-lanca-versao-brasileira-do-creative-
commons-3-0-na-campus-party-2010/.
20
http://creativecommons.org/.
27
_______________
21
Tradução do autor para: “un registro de obras intelectuales en línea, menos un repositorio y
tampoco brinda asesoramiento jurídico ni a los autores ni usuarios de las obras” (VERCELLI, 2009, p.
138).
30
representam as diferentes licenças CC. Como já dito, cada logotipo representa uma
condição da licença escolhida para se usar, distribuir e/ou modificar a obra. A seguir,
a definição de cada um, com base em Vercelli (2009) e na página do projeto22:
Tabela 1
Elementos das licenças Creative Commons para leigos,
com base em Vercelli (2009) e na página do projeto.
_______________
22
http://creativecommons.org/licenses/.
31
_______________
23
http://mag.wired.it/rivista/storie/se-il-web-e-morto-il-copyright-cos-e.html.
33
seja atribuída a autoria da Revista, que o uso não renda lucro ao copiador e que
este não modifique o conteúdo.
Muitos dos produtores de conteúdo optam pelo licenciamento, visando a uma
melhor circulação de suas criações, facilitando o acesso a elas e assim alcançando
maiores audiências. Com os recursos visuais, o Creative Commons tem a vantagem
de ser mais facilmente explicado em relação à legislação do copyright ou dos direitos
autorais – além de ser uma forma de popularização da legislação – e vem ganhando
a adesão dos mais diferentes tipos de produtores de conteúdo ao redor do mundo.
De músicos a cineastas, de cientistas a escritores, de sites de governos, blogs e
inclusive de jornais e redes de televisão.
A rede de televisão árabe Al Jazeera colocou sua produção audiovisual sob o
sistema desde janeiro de 200924. O jornal espanhol 20 minutos licenciou todo seu
conteúdo próprio desde julho de 200725. Muitos portais com seções de jornalismo
colaborativo já mostram em suas páginas que as notícias podem ser copiadas e
coladas com a atribuição da origem – por exemplo, a seção “Minha Notícia” do portal
Ig26. O blog do Planalto27 é licenciado em Creative Commons, o que permitiu
legalmente que fosse criado um blog igual28 em que é possível fazer comentários –
recurso indisponível no original.
Uma grande adesão ao sistema das licenças foi feita pelos blogs. Alguns
deles foram perseguidos por disponibilizarem conteúdo protegido por copyright e
começaram a se engajar na defesa de direitos autorais menos restritivos. Muitos
blogs já tiveram suas postagens apagadas por colocarem músicas em formato
mp329 para download – caso do blog Um que Tenha30. Os blogs, principalmente os
humorísticos, também são alvos de plágio (cópia sem crédito) por parte de outros
blogs, tanto que foi cunhado na blogosfera o verbo “kibar”31, em decorrência dos
plágios efetuados pelo blog Kibe Loco. No meio literário, a pratica do plágio tem sido
denunciada pelo blog Não Gosto de Plágio, licenciado em Creative Commons.
_______________
24
http://www.jornalistasdaweb.com.br/index.php?pag=displayConteudo&idConteudo=3733.
25
http://blogs.20minutos.es/retiario/2007/07/19/el-futuro-la-prensa-es-abierto/.
26
http://minhanoticia.ig.com.br/creative_commons/.
27
http://blog.planalto.gov.br/.
28
http://planalto.blog.br/.
29
MP3 é um formato de compressão de áudio digital com perdas quase imperceptíveis ao ouvido
humano.
30
http://blogs.estadao.com.br/link/notificado-blog-um-que-tenha-saira-do-ar/.
31
http://txt.estado.com.br/suplementos/info/2008/04/07/info-1.93.8.20080407.70.1.xml.
34
_______________
32
http://www.jornalistasdaweb.com.br/.
33
http://www.tiagodoria.ig.com.br/.
35
2. 1 CIRCULAÇÃO NO CIBERESPAÇO
para que cheguem ao usuário, a distribuição nas redes digitais possibilita quatro
mudanças: Gonçalves (2001) nos mostra como as informações são armazenadas;
Alves (2006), como elas são disponibilizadas; Albornoz (2005), a quem elas podem
ser distribuídas; e Silva F. (2009), em quais dispositivos elas são acessadas.
A primeira ruptura é na maneira de arquivamento das notícias, como indica
Gonçalves (2001). Com o uso de bases de dados35, ocorre a possibilidade de
armazenar por tempo indeterminado as edições anteriores de um jornal, permitindo o
acesso a elas a qualquer momento através de um sistema de busca. Dessa forma,
os arquivos “passam de uma existência interna, nas empresas, para um produto a
ser disponibilizado para o público” (MIELNICZUK, 2003, p. 194).
Gonçalves (2001) diz que permitir o acesso imediato ao arquivo do jornal
beneficia não apenas o usuário, mas também os jornalistas, que podem conferir um
contexto maior das notícias:
“Com as publicações articuladas como nós da Rede muda o foco
e se alarga a escala das notícias. O evento limitado a um lugar particular,
dependendo dos interesses do repórter, pode ganhar um contexto cuja
escala inclua feitos similares a nível local, nacional ou mundial”
(GONÇALVES, 2001, p. 4).
_______________
35
Uma base de dados é um “conjunto de dados interrelacionados, organizados de forma a permitir a
recuperação da informação. Armazenadas por meios ópticos ou magnéticos como discos e
acessadas local ou remotamente” (NORONHA, s/d, online).
36
http://jcrs.uol.com.br/site/.
37
http://www.correiodopovo.com.br/.
38
http://www.correiobraziliense.com.br/.
38
produto, ao invés do produto chegar até ele, como ocorria com os meios já
estabelecidos (ALVES, 2001).
O mesmo Alves, em 2006, apontou que a transferência do produto jornalístico
para o meio online transformava-o num fluxo contínuo de informações
disponibilizadas e acumuladas num site, ocasionando uma ruptura da barreira
temporal.
“A transferência dos segmentos noticiosos de televisão e de rádio
para a Web também representa uma forma de desconstruir os programas
jornalísticos, que antes só eram acessíveis a determinadas horas e na
seqüência previamente determinada pelas emissoras” (ALVES, 2006, p.
97).
_______________
39
Tradução do autor para: “a diferencia de lo que ocurre con los periódicos tradicionales impresos en
papel, cuya comunidad de lectores es parcialmente definida por un espacio geográfico de
distribuición, el empleo de un idioma determinado se convierte en elemento clave a la hora de definir
una potencial comunidad de lectores en La Red” (ALBORNOZ, 2005, p. 10).
40
Netbooks são notebooks menores, com funcionalidades baseadas na internet. Tablets são
computadores em formato de pranchetas, sem teclado ou mouse, operados com a mão ou com toque
de uma caneta especial.
39
2. 2 BLOG JORNALÍSTICO
de blogs, eram páginas em HTML41 que continham links para outras páginas da Web
junto a comentários dos autores (PAQUET, 2002). Aos poucos foi se tornando um
formato de publicação com dois elementos fundamentais: as atualizações eram de
ordem cronológica inversa, isto é, as mais recentes na parte superior da página; e os
textos, de um ou mais autores, possuíam tons pessoais e informais (SILVA, J. 2003).
A partir dessas características, surgiram as primeiras ferramentas de edição,
ou softwares de edição de páginas online (ARAÚJO, 2004). Em 1999, é criado o
Blogger42, considerado por muitos um marco no crescimento dos blogs. A plataforma
Wordpress43, lançada em 2003, é outra bastante popular entre os blogueiros. Esses
sistemas de publicação visavam facilitar a criação de blogs, tendo em vista que a
linguagem de programação necessária para a elaboração de páginas em HTML era,
e ainda é, um tanto complexa.
O uso dos links pelos autores em seus textos para outros blogs possibilitou a
formação de uma comunidade na qual todos os blogs estão inseridos: a blogosfera –
que na definição de Orihuela (2006) é “um espaço anárquico, desierarquizado,
informal e descentralizado onde convergem a multiplicidade de culturas,
comunidades e tradições para gerar de forma coletiva, distribuída e espontânea
informação, opinião e conhecimento”44 (ORIHUELA, 2006, online). Os leitores
também puderam participar da articulação da blogosfera, por meio da possibilidade
de escrever comentários nos textos.
Com o passar dos anos, os blogs começaram a ser usados como um suporte
para diversos gêneros de discurso – dentre os quais o jornalístico ganhou destaque.
Blogueiros começaram a reportar o que se passava ao redor, e jornalistas cobriam
assuntos de uma maneira mais pessoal. O primeiro grande momento na história da
relação blogs e jornalismo, segundo Bradshaw (2008, online), foi o caso ocorrido
com o Drudge Report45, que em 17 de janeiro de 1998 foi o primeiro meio a publicar
a revelação de que o presidente dos Estados Unidos na época, Bill Clinton,
mantinha um caso extraconjugal com uma estagiária da Casa Branca, Monica
_______________
41
HyperText Markup Language (Linguagem de Marcação de Hipertexto) é o nome de uma linguagem
de programação usada para construir páginas na Web.
42
http://www.blogger.com/.
43
http://pt-br.wordpress.com/.
44
Tradução do autor para: “La blogosfera es un espacio virtual y una cultura real: es el espacio de la
web en el que tienen lugar las múltiples conversaciones que se establecen entre los blogs y es la
cultura que generan los bloguers” (ORIHUELA, 2006, Online).
45
http://www.drudgereport.com/.
41
_______________
46
http://www.mercurynews.com/.
47
http://www.folha.uol.com.br/.
48
Os textos ainda estão disponíveis no endereço:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/guerranoiraque/diario_de_bagda.shtml.
49
http://oglobo.globo.com/.
50
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/.
51
A chamada “crise do mensalão”, deflagrada em maio de 2005, foi a revelação de uma fita de vídeo,
que mostrava o ex-funcionário dos Correios, Maurício Marinho, negociando propina com empresários
interessados em participar de uma licitação. No vídeo, o funcionário da estatal dizia ter o respaldo do
deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). Acuado, Jefferson decidiu sair para o ataque contra o
42
_______________
53
Tradução do autor para: “Instead of mass communication from a few producers to large, mostly
passive audiences, blogs support a dense of small audiences and many producers” (WALKER, 2008,
p. 57).
54
Tradução do autor para: “If you have a lot of other blogs linking to you your blog will more easily
found not only by the readers of those other blogs who follow the links to your blog, but also by search
engines and sites like Technorati, that index links” (WALKER, 2008, p. 64).
44
_______________
55
Tradução do autor para: “Condición necesaria para la efectiva circulación de información y para la
visibilidad del nodo ante los buscadores” (ORIHUELA, 2005, p. 74)
56
http://blogblogs.com.br/.
57
http://bitacoras.com/.
58
http://technorati.com/.
45
participação voluntária, cada vez que um blog recebe uma referência de um link, ele
ganha um voto no ranking. A este critério de votação estabelecido pelos links, o
Technorati chama de “Authority”, ou “Autoridade” em português.
Recuero (2009, p. 113) define autoridade como “uma medida da efetiva
influência de um ator com relação à sua rede, juntamente com a percepção dos
demais atores da reputação dele”. Ou seja, é um tipo de valor referente à influência
do blog entre os outros blogs. Segundo a pesquisadora, os blogueiros que desejam
construir uma audiência – mais do que intimidade – são comprometidos com seus
blogs. A partir de links, esses autores dedicam-se a gerar conversações na
blogosfera.
No decorrer dos anos 2000, são desenvolvidas outras ferramentas que vão
servir para a circulação dos links no ciberespaço. São tecnologias que atualizam
automaticamente o envio de links para aplicativos ou sites, assim que uma nova
informação é publicada. Mediante a inscrição do usuário no serviço, os aplicativos –
disponíveis em navegadores ou programas chamados de leitores de feeds –
recebem um arquivo RSS (Rich Site Summary, Really Simple Syndication),
conhecido como “feed”, e que contem dados de título da postagem, data, autor e
resumo do conteúdo. Dessa forma, os usuários podem ser notificados a cada nova
atualização em um determinado site, sem precisar visitá-lo todo momento para saber
se há alguma informação nova (GILL, 2005). A figura abaixo mostra o leitor de feeds
mais popular atualmente, o Google Reader:
_______________
59
Tradução do autor para: “una aplicación de tamaño reducido y con funcionalidad muy limitada y
concreta, cuya finalidad es proporcionar al usuario un determinado servicio de forma rápida y sencilla”
(MUNSLOW VILAR, 2007, p. 15)
60
Tradução do autor para: “El widget se encarga de acceder a la página, recoger la información
deseada y mostrarla al usuario, facilitando la tarea de consulta” (MUNSLOW VILAR, 2007, p. 17).
61
Sobre essa diferenciação ver o artigo de KAAR, 2007.
47
_______________
62
http://blog.twitter.com/.
63
Tradução do autor para: “The open exchange of information can have a positive global impact and
the more efficient dissemination of information across the entire Twitter ecosystem is something we
very much want to support.” (STONE, 2009, online).
64
Traduções possíveis para o prefixo “Tumble” seriam “confusão” ou “desordem”.
65
Tradução do autor para: “with shorter posts and mixed media types” (PHOEBE, 2007, p. 1).
66
https://posterous.com/.
67
http://www.soup.io/.
68
http://www.tumblr.com/.
69
http://www.readwriteweb.com/archives/how_to_use_tumblr_posterous_other_light_blogging_services.php.
49
_______________
70
Sobre narrativa transmidiática, ver o livro ‘Cultura da Convergência’, de Henry Jenkins, 2008.
71
Tradução do autor para: “Spreadability refered to the capacity of the public to engage actively in the
circulation of media content through social networks and in the process expand its economic value
and cultural worth.” (JENKINS, 2009, online).
51
sistemas de circulação nos blogs jornalísticos, fica mais fácil se falar em sistemas de
circulação dinâmicos simples ou complexos do que em de sistemas estáticos ou
dinâmicos, na medida em que são raríssimos (para não dizer que não existem) os
casos de blogs jornalísticos que não utilizam pelo menos um meio para chegar aos
seus leitores de modo que estes não precisem buscá-los. A seguir, esses dois
modelos serão caracterizados.
_______________
72
Tradução do autor para: “por si sola no significa una superación inmediata del modelo de
producción vertical en el periodismo.” (GONÇALVES, 2000, online).
73
Tradução do autor para: “Any good distribution strategy relies on being where your readers are, so
email newsletters, while they now seem old-fashioned, remain a useful part of any distribution strategy
- the more specific, the better” (BRADSHAW, 2008, online).
53
significa que o conteúdo chegue a um pequeno número de pessoas, mas sim que a
distribuição das informações pelo blogueiro ocorrerá de maneira mais centralizada,
com o emprego e a disponibilização de poucos canais de distribuição.
Por outro lado, os blogs jornalísticos com sistemas de circulação dinâmica
complexos se caracterizam por atuarem de maneira descentralizada – em várias
redes e ao mesmo tempo. São utilizadas múltiplas ferramentas - como newsletters,
blogging, RSS, widgets, sites de redes sociais, tumblelogs, microblogs - permitindo
que o blog alcance diferentes tipos de públicos. Atuar em diferentes locais do
ciberespaço também permite que seja estabelecida uma efetiva conversação entre
produtores e consumidores, misturando cada vez mais as duas funções (FOLETTO,
2009). Esse diálogo ainda estimula o usuário tanto a colaborar na produção quanto a
distribuir as informações, em contraponto aos sistemas mais simples em que o
usuário somente consome as informações produzidas pelos profissionais.
“O jornalista (junto com seus leitores) é agora o distribuidor. Você
não pode deixar essa tarefa a outra pessoa. Quanto mais você estiver
ativo, social e visível no meio online, melhor será para o seu trabalho, seja
74
comercialmente ou editorialmente” (BRADSHAW, 2009, online).
_______________
74
Tradução do autor para: “The journalist (along with their readers) is now the distributor. You cannot
leave that job to someone else. The more active, visible and social you are online, the better for your
work both commercially and editorially.” (BRADSHAW, 2009, online).
54
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
_______________
75
Escobar (2007) definiu blog jornalístico como uma nova categoria de webjornalismo a partir do
estudo de caso do Blog do Noblat.
56
_______________
76
http://www.sabara.mg.gov.br/site/.
77
Seu primeiro blog está disponível em: http://mazzacane.blogspot.com/.
57
blog com a minha pessoa e acabei desistindo de buscar mais pessoas para
transformá-lo definitivamente em algo coletivo” (SANTIAGO, 2010).
Na tentativa inicial de tornar o blog coletivo, participaram três colaboradores
fixos78: o irmão do autor e também jornalista Leonardo Santiago, e as jornalistas
Juliana Semedo e Taís Oliveira. “Todos publicaram poucos textos no Meio
Desligado, creio que em torno de dois ou três textos cada” (SANTIAGO, 2010). Com
exceção de Juliana Semedo, os outros dois ex-autores continuam registrados na
plataforma de atualização do blog como colaboradores, e se em algum momento
tiverem interesse em publicar algo, ainda podem fazê-lo diretamente. Marcelo
Santiago diz que o blog está aberto a colaborações e que, eventualmente, elas
ocorrem.
O autor relata que não tem apoio financeiro e sempre trabalhou e estudou
paralelamente a sua atuação no blog. Foi redator do site Cinema Em Cena79,
organizador de conteúdo do site Palco MP380 e depois trabalhou no setor de
comunicação da produtora belo-horizontina Casulo Cultura81, onde atuou na
assessoria de músicos e festivais. Outros serviços temporários – como freelancer –
foram obtidos por causa do blog.
Santiago considera a página como uma vitrine profissional e que, dessa
forma, remunera-o indiretamente. Segundo ele, os dois últimos empregos, no Palco
MP3 e na Casulo Cultura, foram convites feitos por causa do Meio Desligado. Ele
também já recebeu produtos para escrever posts patrocinados82, e ganhou
passagens e hospedagem para cobrir eventos. Nessas situações, o autor afirma
sempre deixar claro que se trata de uma ação promocional e que as informações
não foram reproduzidas diretamente do release. “Posso escrever sobre o produto
deles, mas será através do meu ponto de vista” (SANTIAGO, 2010).
Em entrevista ao jornal mineiro Hoje em Dia83 - publicada na íntegra no Meio
Desligado84-, Santiago declarou ter abandonado o emprego e estar se dedicando em
_______________
78
http://www.meiodesligado.com/2006/12/equipe.html.
79
http://cinemaemcena.com.br/.
80
http://palcomp3.com/.
81
http://www.casulocultura.com.br/.
82
Um exemplo é a postagem do festival de música FlashRock 2010, que aconteceu em Belo
Horizonte. A empresa organizadora do evento, a fabricante de calçados Converse, enviou um par de
tênis para ser sorteado no Meio Desligado. A postagem está disponível no endereço:
http://www.meiodesligado.com/2010/07/flashrock-2010-ganhe-um-all-star.html.
83
http://www.hojeemdia.com.br/.
84
http://www.meiodesligado.com/2010/10/meio-desligado-no-jornal-hoje-em-dia.html.
58
tempo integral ao blog. “Quero viver disso, e para que dê certo, resolvi arriscar”
(SANTIAGO, 2010, online). Todavia, ele ainda realiza trabalhos como freelancer.
Segundo Marcelo Santiago, as pautas são elaboradas a partir de informações que
consegue através da internet e dos contatos pessoais, e a apuração ocorre da
seguinte forma: por e-mail, sites de redes sociais, serviços de mensagem
instantânea ou entrevistas presenciais.
Quanto à frequência de postagens, Santiago diz não se preocupar em ter uma
periodicidade definida, apenas tenta não deixar muitos dias sem atualizações. Ele
prefere se focar na qualidade e relevância do conteúdo do que na velocidade de
atualização. “O Meio Desligado não é o tipo de blog que se caracteriza por posts
curtos, notícias simples e coisas do tipo. Normalmente publico isso somente quando
estou sem tempo e já faz dias sem material novo” (SANTIAGO, 2010). A média de
posts fica em torno de um a cada dois dias, mas podem ser publicados mais de um
em um só dia. Santiago estima que o tempo mínimo dedicado para cada post mais
elaborado seja de duas horas.
Os objetivos e a justificativa do blog foram explicados logo na primeira
postagem85. A intenção era de torná-lo uma espécie de guia, com informações úteis
sobre o que acontece no cenário da música alternativa brasileira. Também, nessa
postagem, ressaltava-se a busca pela qualidade da informação, com espaço e
interesse para a experimentação jornalística.
Conforme o texto, a escolha do formato blog foi proposital. Por ser mais
dinâmico, por se aproximar da proposta de ser independente e por atribuir, aos
serviços gratuitos da Web 2.0, o crescimento da articulação dos produtores culturais
no Brasil. Santiago (2010) esclarece que preferiu o sistema Blogger porque “já
conhecia a plataforma e porque achava o Wordpress muito limitado para quem não
tivesse uma hospedagem própria”.
Atualmente, ao acessar o blog (sobre isso, ver Figura 1), encontra-se a
imagem de cabeçalho sobre as postagens localizadas à esquerda e a barra lateral, à
direita. Abaixo do cabeçalho, há os nomes Sobre o Meio Desligado e Contato com
links para postagens do blog com textos. No link Sobre o Meio Desligado, há uma
descrição do blog juntamente com alguns comentários e premiações recebidas. No
_______________
85
http://www.meiodesligado.com/2006/12/o-que-meio-desligado.html.
59
_______________
86
equipe@meiodesligado.com
87
http://www.myspace.com/meiodesligado.
88
http://twitter.com/meiodesligado.
60
Elas são definidas por marcadores específicos (tags), que agrupam as postagens de
um mesmo tema89. Uma mesma postagem pode pertencer a vários marcadores:
• Matérias especiais mostram textos mais longos sobre um determinado
assunto, como, por exemplo, o texto sobre o Festival Transborda90;
• Shows, entrevistas, festivais, vídeos, críticas/resenhas são seções cujos
nomes são autoexplicativos – um exemplo é o texto ‘Uma noite para ficar na
história’, sobre os shows das bandas Macaco Bong e Burro Morto91;
• Conheça é a seção na qual são postados textos mais longos sobre uma
determinada banda, fazendo um apanhado de sua carreira, apresentado-a ao leitor
através do texto introdutório, da entrevista e de algumas músicas – por exemplo, a
banda Nasa92;
• Indefinidos mostra textos e comentários sobre o próprio blog, ou sobre algum
assunto que não se encaixa em outra categoria – como a postagem com algumas
das ‘piores capas de disco da música brasileira’93;
• Downloads disponibiliza álbuns e materiais raros – como vinis e fitas cassetes
fora de catálogo - para baixar, como a postagem do primeiro cd da Banda de Joseph
Tourton94;
• Notícias impopulares é uma seção focada em notícias ou em análises
produzidas pelo blog, exemplo da postagem sobre a reformulação do MySpace95;
• O que achamos por aí são textos reproduzidos no blog, licenciados através de
alguma licença Creative Commons, e que estão relacionados à temática da música –
como o texto do jornalista Pedro Alexandre Sanches96;
• Dicas de sites inclui tanto sites sobre música alternativa nacional como
páginas que podem ser úteis para a produção e divulgação de bandas, como o texto
sobre o Twitter97.
Juntamente às seções definidas pelos marcadores, há a seção Links, uma
espécie de blogroll disponibilizado em uma postagem à parte. Os links são
_______________
89
Santiago fez uma postagem em que explica cada uma das seções:
http://www.meiodesligado.com/2007/05/manual-de-instrues-para-melhor.html .
90
http://www.meiodesligado.com/2010/09/cena-de-bh-fervilha-e-transborda.html.
91
http://www.meiodesligado.com/2009/04/uma-noite-para-ficar-na-historia.html.
92
http://www.meiodesligado.com/2009/01/nasa-north-america-south-america.html.
93
http://www.meiodesligado.com/2009/08/nao-sao-as-piores-capa-da-historia-da.html.
94
http://www.meiodesligado.com/2010/09/banda-de-joseph-tourton-lanca-primeiro.html.
95
http://www.meiodesligado.com/2010/11/novo-myspace.html.
96
http://www.meiodesligado.com/2010/10/sem-lenco-sem-documento-ou-vida-nao-se.html.
97
http://www.meiodesligado.com/2009/04/o-que-e-twitter-e-como-utiliza-lo-parte.html.
62
explicados pelos títulos de outras cinco postagens em que estão: Linkania, Clubes,
Selos/Gravadoras/Produtoras, Onde ouvir, Onde ver.
Ainda na parte lateral, tem-se os links das postagens de arquivo do blog (ver
Figura 1, letra B), um campo de busca (ver Figura 1, letra D), um campo para se
inscrever na newsletter do blog (ver Figura 1, letra D), dois widgets – um que mostra
as atualizações do Twitter do blog (ver Figura 1, letra C), e outro que mostra os cinco
comentários mais recentes feitos pelos leitores (ver Figura 1, letra E) –, uma
listagem de todas as tags em ordem decrescente de frequência (ver Figura 1, letra
F), e, por fim, um selo da licença Creative Commons e um selo do Projeto Yahoo!
Posts (ver Figura 1, letra G).
O blog está sob licença Creative Commons desde a sua criação. A licença
que foi escolhida é a de Atribuição – Uso Não Comercial – Compartilhamento pela
mesma Licença. Ou seja, o conteúdo pode ser copiado, desde que seja citada
autoria, não seja usado com a finalidade de lucro, e com a possibilidade de ser
modificado, contanto que seja dada a mesma licença. Santiago escolheu essa
licença porque “é uma forma de garantir que o conteúdo que produzo continuará
livre e mantém o respaldo de que sua exploração comercial permanecerá sendo
minha (ou de seu respectivo autor)” (SANTIAGO, 2010). O Creative Commons,
inclusive, já foi pauta de algumas postagens no blog98.
Santiago afirma que já teve o conteúdo copiado e linkado, e avalia isso como
sendo positivo: “Vários posts foram republicados e linkados por aí, o que é muito
legal” (SANTIAGO, 2010). Entretanto, nem sempre a licença foi respeitada, ele
relatou um caso em que o conteúdo do blog foi copiado por outro blogueiro, mas não
teve a atribuição conferida. Após descobrir por meio de um serviço identificador de
cópias, Santiago disse que clicou no link Denunciar abuso, disponível no sistema
Blogger, e assim o blog em que estavam as cópias foi removido depois de um
tempo99.
Em 2008, o blog Meio Desligado foi escolhido como um dos 100 melhores da
língua portuguesa pelo portal Yahoo!. A escolha deveu-se à criação do projeto
editorial Yahoo! Posts100, que filtra e sugere o conteúdo desses blogs na página
_______________
98
http://www.meiodesligado.com/2007/02/sobre-o-creative-commons-e-seu-uso.html.
99
Uma procura na internet pelos antigos links das cópias mostrou que o responsável pelas
reproduções era um menino de 11 anos de idade.
100
http://www.yahooposts.com/.
63
É importante destacar que o nome utilizado nos endereços nas redes sociais
não é do autor, mas sim da “marca” Meio Desligado. Marcelo Santiago diz que isso
ocorreu devido à ligação dele com a página: “Como muita gente já me conhecia
como ‘o Meio Desligado’, resolvi assumir de vez a alcunha” (SANTIAGO, 2010).
Segundo van Peborgh (2010, p. 27) essa identidade da marca traz ganhos para o
responsável, pois:
“a participação das marcas nas conversações sobre elas que
ocorrem na web resulta em benefícios econômicos e culturais, ao mesmo
_______________
101
Uma postagem foi feita sobre a escolha: http://www.meiodesligado.com/2008/08/um-dos-
melhores-blogs-do-brasil.html.
102
http://www.meiodesligado.com/2009/01/meio-desligado-o-representante.html.
103
http://thepopcop.co.uk/.
104
http://marcelo.meiodesligado.com/.
64
3. 2 MAPEAMENTO
_______________
105
Tradução do autor para: “la participación de lãs marcas em las conversaciones sobre ellas que
ocurren em la web, redunda em beneficios econômicos y culturales, al tiempo que promueve um
cambio de valores y la adopción de estratégias innovadoras de marketing y comunicación” (VAN
PEBORGH, 2010, p. 27).
106
http://www.flickr.com/photos/idiota/.
107
http://www.facebook.com/meiodesligado.
108
Tradução do autor para: “deberán contribuir a rastrear em la fase posterior de la estrategia todos
aquellos puntos de conversación en la web que resultan de interés para la marca” (VAN PEBORGH,
2010, p. 89).
65
busca sobre termos associados com a marca”109 (VAN PEBORGH, 2010, p. 90). Os
resultados de cada busca diferem entre si e dão informações variadas sobre
diversos aspectos. Em qualquer caso, os dados servem para descobrir as
possibilidades que cada ferramenta oferece e determinar quais são os que mais
interessam. Os dados são expostos no subcapítulo ‘Coleta de dados’.
Por fim, no terceiro momento da etapa do mapeamento, deve-se “organizar a
informação obtida para ter as primeiras conclusões”110 (VAN PEBORGH, 2010, p.
91). Os dados coletados no segundo momento vão gerar um relatório com os
lugares da presença da marca no ciberespaço, nos quais os consumidores e outros
atores conversam sobre a marca. O relatório do mapeamento será descrito no
subcapítulo ‘Análise dos dados’.
Basicamente, duas ferramentas são utilizadas para a localização dos posts e
dos links do blog que circulam no ciberespaço. A primeira, para os textos, é o site
Plagium111, que analisa o conteúdo do blog e o compara com textos que encontra na
internet. A segunda, para saber o destino dos links, é um sistema de monitoramento
de acessos, o Google Analytics112, tendo em vista que a privacidade de sites de
redes sociais e de e-mails dificulta a detecção dos links por sistemas de busca
comuns.
Online desde em junho de 2009, o site Plagium oferece um serviço de
rastreamento e comparação de textos na internet. Gratuito, o serviço utiliza o
sistema de busca do portal Yahoo!, e funciona de duas maneiras: ao colar o texto
inteiro num campo próprio para isso, ou ao colar apenas o link da postagem em um
campo menor para que o serviço analise o texto e faça a busca. Verificadas as
cópias, é possível constatar quais os termos das licenças foram respeitados.
A Figura número 2 exibe a avaliação de uma cópia de acordo com o site:
_______________
109
Tradução do autor para: “La metodologia consiste en este caso, en ingressar al sitio de cada
herramienta e iniciar una búsqueda sobre términos asociados com la marca” (VAN PEBORGH, 2010,
p. 90).
110
Tradução do autor para: “organizar la información obtenida para sacar las primeras conclusiones”
(VAN PEBORGH, 2010, p. 91).
111
http://plagium.com/.
112
http://www.google.com/analytics/.
66
Figura 12: Painel das origens de tráfego exibidas pelo Google Analytics
Fonte: https://www.google.com/analytics/settings/home
O painel é composto por um menu à esquerda (sobre isso, ver figura 3, letra
A) e um campo à direita onde são exibidas as estatísticas em gráficos e tabelas. No
menu, há os itens Painel de Controle, Inteligência, Visitantes, Origens de Tráfego,
_______________
113
http://www.google.com/support/analytics/bin/answer.py?hl=br&answer=33346.
68
_______________
114
Fundado em 1961, o IVC é uma entidade civil sem fins lucrativos, formado por três segmentos do
mercado publicitário (Anunciantes, Agências de Propaganda e Veículos) e mantido através das
mensalidades pagas pelas empresas associadas. Desde 31 de agosto de 2009, o instituto mede a
circulação de websites (http://www.auditoriaweb.org.br/). Atualmente, webjornais como O Estado de
S. Paulo, O Globo, Zero Hora, entre outros, são filiados ao IVC. Em setembro de 2010, o Instituto
oficializou a filiação do primeiro blog ao seu serviço – o blog Unha Bonita (http://unhabonita.com.br/),
direcionado ao público feminino. Os números do Google Analytics são utilizados a cada mês pelo IVC
para produzir um relatório de auditoria, que é publicado para consulta do mercado publicitário.
69
Dois textos do blog Meio Desligado foram escolhidos como amostra. Primeiro,
foram feitas buscas para localizar possíveis cópias na web. Em seguida, os
relatórios das estatísticas dos acessos foram analisados: de todo o blog no período
de análise, incidindo sobre os sites que levaram ao blog, e depois recaindo para a
postagem específica.
A postagem ‘Apanhador Só'115 foi publicada no dia 9 de novembro de 2010 às
02h12min. Trata-se de uma resenha crítica sobre o trabalho da banda porto-
alegrense cujo nome é o mesmo do título do post. O texto é uma contribuição feita
pelo jornalista Edwaldo Cabidelli para Marcelo Santiago.
O primeiro passo foi a localização de cópias em Creative Commons do texto
na web. Para isso, foi realizada no dia 11 de novembro, dois dias após a publicação,
uma busca no site Plagium. Nenhuma cópia do texto foi encontrada durante essa
busca, bem como em buscas posteriores. O único trecho copiado do texto foram as
primeiras frases, como a de abertura “Em tempos de vertigem, acaba-se sempre
apanhando sozinho”, juntamente com links que direcionavam para o post completo.
Desse tipo de cópia, uma busca no Google acusou três resultados (nos indexadores
_______________
115
http://www.meiodesligado.com/2010/11/apanhador-so.html.
70
_______________
116
Esse processo é explicado pelo site na página:
http://www.google.com/support/analytics/bin/answer.py?hl=br&answer=55500.
71
Tabela 3
Visitas através de Sites Referenciais para o blog nos dias 9 e 10
Origem Visitas %
google.com.br/images 48 30, 97
twitter.com 33 21, 29
facebook.com 16 10, 32
musiqueindieegeste.blogspot.com 8 5, 16
google.com 4 2, 58
google.pt 4 2, 58
orkut.com.br 4 2, 58
marcelo.meiodesligado.com (tumblr) 3 1, 94
6 links de blogs 2 1, 29 (9, 03)
20 links de blogs 1 0, 65 (13)
Total 155
_______________
117
http://indianelectronica.com/aggregator/.
118
http://www.comuniclab.it/aggregator/.
119
http://redaprilus.blogspot.com/2010/11/music-music-blog-guardiancouk-5.html.
120
http://gb.news-24-7.com/community/.
121
http://popop.wordpress.com/2010/11/15/music-alliance-pact-november-2010/.
122
http://jkdodd.soup.io/.
123
http://wenks666.blogspot.com/2010/11/swedesplease_16.html.
124
http://www.swedesplease.net/.
125
http://www.blogger-index.com/feed850994.html.
126
http://www.increaseyourmyspaceviews.com/.
127
http://www.nialler9.com/.
73
Outras buscas foram feitas nos sites de redes sociais. Para a postagem
analisada, Santiago não publicou no Twitter, nem outros perfis da rede fizeram isso
por ele. O link da postagem apenas foi publicado por Santiago no Tumblr e,
consequentemente, no Facebook.
Após a busca pelas cópias, partiu-se para o mapeamento dos acessos. No
período de 48 horas após a publicação, houve 635 visitas no total: 272 no primeiro
dia e 363 no segundo. Essas 635 visitas estão divididas em:
a) 375 de Mecanismos de Pesquisa (59,06%);
b) 129 de Sites Referenciais, (20,31%);
c) 126 de Tráfego Direto (19,84%);
d) e cinco de outros, como e-mail e feeds. (0,79%).
A tabela 5 mostra as visitas recebidas por meio dos Sites Referenciais nos
dias 15 e 16:
Tabela 5
Visitas através de Sites Referenciais para o blog nos dias 15 e 16
Origem Visitas %
google.com.br 48 37,21
guardian.co.uk 28 21,71
facebook.com 6 4,65
google.com 6 4,65
twitter.com 5 3,88
google.pt 3 2,33
indieoteca.blogspot.com 3 2,33
6 links de blogs 2 1,55 (9, 3)
18 links de blogs 1 0,78 (14, 04)
Total 129
Tabela 6
Visitas da página Music Alliance Pact de novembro nos dias 15 e 16
Origem Visitas %
Tráfego Direto 5 50
Newsletter 2 20
facebook.com 1 10
Mecanismo de Busca 1 10
google.com 1 10
Total 10
apenas do envio a partir do veículo, mas conta com os usuários que podem copiar e
trocar as informações entre si e também com as parcerias formadas com os demais
veículos. Como no post ‘Apanhador Só’, os leitores do blog realizaram o trabalho de
circulação do conteúdo para o blogueiro.
Na Tabela 5, do segundo texto, é perceptível a influência que o blog do jornal
inglês The Guardian tem sobre os acessos, com 21, 71%. Mas outros blogs, tanto
através da rede de blogueiros quanto por blogrolls, também enviaram uma
porcentagem considerável de visitantes. Contando todos os acessos vindos de blogs
– do blog Indioteca.blogspot.com, dos seis e dos 18 links de blogs – chega-se a 25
67%. Isso mostra que os blogs ainda mantêm uma força de divulgação, mesmo com
crescimento dos microblogs e dos sites de redes sociais.
Ficou nítido que o blogueiro procura publicar poucas vezes o link para seus
contatos, como no caso do segundo post em que publicou apenas no Tumblr e no
Facebook. Uma estratégia, para atrair mais visitas, é publicar o link do post várias
vezes ao dia. Assim, os usuários que não estavam online na hora da primeira
publicação, podem acessar o link mais tarde.
Foi possível notar que os links compartilhados geralmente direcionavam para
a postagem específica, e não para a página inicial (www.meiodesligado.com). É um
padrão importante fazer circular o link da página, pois este pode servir de parâmetro
para qualidade do conteúdo. A partir da observação do tempo que o usuário ficou na
página, é possível dizer se o texto foi ou não efetivo em seu objetivo de ser lido.
Embora o texto mais atual esteja na página inicial, não se pode afirmar com precisão
se o usuário estava lendo a primeira atualização ou as outras, disponíveis abaixo.
Fazer a referência ao link da página, e não de todo o blog, aumenta sua
autoridade nos assuntos tratados. Quanto mais referências um link recebe, mais
relevante ele se torna, conforme o algoritmo do PageRank do Google. Publicar o link
nos microblogs e nos sites de redes sociais também torna possível que outras
pessoas compartilhem o link com seus contados, aumentando a referencialidade ao
post. Assim, e com o linkamento exigido pela atribuição das cópias em CC na web, o
link de determinado texto pode aparecer entre os primeiros resultados na procura do
assunto nos serviços de busca.
Um bom uso que o blogueiro faz é o das tags. Ao organizar e atribuir
palavras-chave ao seu conteúdo, ele faz com que o blog seja encontrado mais
facilmente pelos mecanismos de busca. Essa estratégia tem funcionado, tendo em
76
vista que, nos dias das postagens, o maior número de acessos ocorreu através de
Mecanismos de Busca – 53,51% nos dias 9 e 10; e 59,06% nos dias 15 e 16. Esse
grande acesso do tipo Mecanismo de Busca se deve, principalmente, à relevância
do seu conteúdo, e também ao fato do arquivo ser aberto, estando disponível por
tempo indeterminado.
77
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pt4-pushpullpass-distribution > Acesso em: 25 de nov. 2010.
BRUNS, Axel. Gatewatching: colaborative online news production. New York; Peter
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_________, Raquel. Redes Sociais. In: SPYER, Juliano (org.). Para entender a
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SILVA, Jan Alyne. Mãos na Mídia: Weblogs, apropriação social e liberação do pólo
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VAN PEBORGH, Ernesto. Odisea 2.0: las marcas en los médios sociales. 1ª ed.
Buenos Aires: La Crujía, 2010.
APÊNDICES
MF - Por que não usa um Twitter específico para o blog e outro pessoal?
MS - Durante muito tempo tentei não relacionar o blog à minha pessoa, mas
como todos os outros integrantes participavam pouco e não encontrava pessoas
interessantes e interessadas na proposta, o Meio Desligado foi ficando cada vez
_______________
128
http://www.meiodesligado.com/2010/11/meio-desligado-e-construcao-de.html.
87
mais ligado a mim. Como muita gente já me conhecia como "o Meio Desligado",
resolvi assumir de vez a alcunha.
Acho mais interessante desse jeito, creio que aproxima o público de quem
está por trás das informações que estão lendo. Sem contar que muita coisa da
minha vida particular se mistura com o tema do blog e seria bastante confuso
separar o que publicar em cada perfil (pessoal e "institucional").
Entre as bandas que já tocaram nessas festas estão Black Drawing Chalks,
Camarones Orquestra Guitarrística, Jair Naves e Fusile. Uma coisa engraçada é que
no fim de 2009 eu tinha uma festa marcada com duas bandas legais e poucos dias
antes de iniciar a divulgação as duas tiveram que cancelar por motivos diversos. Em
vez de convidar outra banda, montei a minha própria, rs. Aí teve origem a Fanfarra
dos Funcionários da Embaixada Colombiana, um aglomerado (meio no sentido
"favela" do termo) de músicos locais (gente de bandas como UDR, Fusile, Grupo
Porco de Grindcore Interpretativo, FadaRobocopTubarão, Esquadrão Relâmpago
Monster Surf, entre outras) tocando punk rock com alguns toques latinos. Acabou
sendo uma das melhores noites que já vi na cidade, mais de dez pessoas na banda
(incluindo aí gente que eu nem conhecia) com microfone na mão, subindo no
palquinho da Obra e tal. E no final ainda rolou um karaokê punk que também foi
super divertido. Agora a ideia é juntar a Fanfarra pra fazer apenas um show por ano
em cada cidade, sempre com uma formação diferente.
CONTEÚDO
CREATIVE COMMONS
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http://www.meiodesligado.com/2010/07/flashrock-2010-ganhe-um-all-star.html
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ANEXOS