(Decisão prolatada em regime de Trabalho Remoto, nos termos do Ato
Conjunto nº 18 de 19 de junho de 2020).
Vistos, em sede de Plantão Judiciário.
José Dinamérico Barbosa da Silva Filho e Ricardo de Queiroz Costa foram presos e autuados em flagrante em 05.09.2020, por suposta infração ao artigo 121, caput e artigo 121, caput, c/c o art. 14, inciso II, do Código Penal, tendo como vítimas Ekel de Castro Pires, Claudio Bandeira de Melo Sobrinho, George Mauro de Carvalho Vasconcelos, Eva Valeria Alves do Nascimento, Eduardo Bernardo Pereira Gomes Insfran. O Ministério Público opinou pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva dos autuados. A Defensoria Pública requereu a concessão da liberdade provisória sem fiança e, subsidiariamente, a concessão de prisão domiciliar. Juntada petição de advogado particular em nome de Ricardo de Queiroz Costa, requerendo a realização de exame de sangue para dosagem de alcoolemia em material retirado do requerente e do outro autuado, bem como a concessão da liberdade provisória. Requer também a apreciação do pedido independente de apresentação de instrumento de mandato, porque o autuado se encontra internado na UTI do Hospital Santa Joana. O flagrante está formalmente em ordem, com observância dos requisitos legais (arts. 302 a 306 do CPP), não havendo nenhum constrangimento ilegal, sendo, pois, legal. A prova da materialidade e indícios de autoria (fumus commissi delicti), pressupostos para a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva conforme a parte final do artigo 312 do Código de Processo Penal emergem dos autos, no presente momento, pelos depoimentos colhidos no APFD. É de ser destacado que o “Auto de Prisão em Flagrante” veio desacompanhado de informações sobre os antecedentes criminais e vida pregressa dos autuados. Os crimes objetos deste feito são dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro) anos, cabendo decretação da prisão cautelar, de acordo com art. 313, inciso I do CPP. É necessário considerar os motivos, as circunstâncias e o modo de execução dos crimes atribuídos aos autuados. Não se perca de vista que os crimes foram praticados em local público, mais precisamente no interior de um bar, local onde havia várias pessoas no momento dos crimes. Em princípio, não se pode ignorar as consequências resultantes das condutas dos autuados. No caso sob análise, em tese, os autuados provocaram verdadeira tragédia, considerando que, além deles próprios, outras cinco pessoas foram atingidas pelos disparos de arma de fogo. Assim, distinguindo o caso dos autos, é preciso considerar que duas pessoas perderam a vida, enquanto as outras permanecem hospitalizadas. É ainda relevante que as vítimas não tiveram envolvimento algum na discussão ocorrida entre os autuados José Dinamérico e Ricardo. Por fim, cabe destacar a condição dos autuados, ou seja, ambos agentes públicos, de quem se espera o cumprimento fiel da lei, fato que reforça a necessidade da prisão cautelar. Pelas razões acima expostas, se compreende demonstrada a gravidade concreta do crime, que justifica a prisão preventiva dos autuados para garantia da ordem pública, de modo que converto a prisão em flagrante de José Dinamérico Barbosa da Silva Filho e Ricardo de Queiroz Costa em prisão preventiva, para garantia da ordem pública, nos termos dos artigos 311 e 312 do CPP. Considerando que os autuados não se enquadrariam em grupo de risco para o Covid-19, segundo informações nos autos, entendo que não é caso de substituição de prisão preventiva por prisão domiciliar. Expeçam-se os mandados de prisão. Depois, proceda a secretaria ao encaminhamento desta decisão e do expediente para devido cumprimento, tudo conforme o fluxo de trabalho das audiências de custódia na contingência do Covid-19. Defiro o pedido da Defesa de Ricardo de Queiroz Costa e determino a expedição de ofício ao IML para realização de exame de sangue para dosagem de alcoolemia em Ricardo de Queiroz Costa e José Dinamérico Barbosa da Silva Filho, ficando assegurado o direito constitucional de recusa ao autuado José Dinamérico. Recife, 06 de setembro de 2020. JORGE LUIZ Assinado de forma digital por JORGE DOS SANTOS Jorge Luiz dos Santos Henriques LUIZ DOS SANTOS Juiz de DireitoHENRIQUES: HENRIQUES:1473360 Dados: 2020.09.06 1473360 16:07:36 -03'00'