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Vacinas são administradas a pessoas sadias e, por isso, devem

ter um alto padrão de biossegurança.

Vasco Azevedo não existem vacinas disponíveis ou as tivamente investigados. Entretanto,


Prof. Adjunto do Departamento de que existem não são efetivas e apre- poucas evidências existem de que as
Biologia Geral do Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de
sentam riscos inaceitáveis. Com o tre- vacinas gênicas possam apresentar ris-
Minas Gerais- UFMG. Membro Titular da mendo avanço da biologia molecular, cos superiores aos desencadeados pelo
CTNBio. que permite manipular, inserir e ex- uso das vacinas convencionais (6).
vasco@mono.icb.ufmg.br
pressar genes heterólogos em diferen- Neste artigo, daremos ênfase ao tema
Sérgio Costa Oliveira tes organismos, novos tipos de vacinas risco de integração do DNA vacinal no
Prof. Adjunto do Departamento de estão sendo desenvolvidas como alter- genoma da célula hospedeira.
Bioquímica e Imunologia do Instituto de nativas para o controle dessas enfermi- A integração do DNA plasmidiano
Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Minas Gerais-UFMG. Membro dades. Dessas “vacinas recombinan- em cromossomos de células somáticas
Titular da CTNBio. tes” , a imunização genética ou vacina pode potencialmente gerar efeitos pa-
scozeus@mono.icb.ufmg.br de DNA é a mais promissora. Essa tológicos. A mutagênese por inserção
Foto cedida pelos autores tecnologia, de menos de uma década, levaria a um câncer, caso esse evento
envolve a administração direta do DNA ative (proto-oncogenes) ou inative
plasmidiano carreando o gene codifi- genes (supressores de tumor) implica-
As duas medidas de saúde pública cador da proteína antigênica, a qual dos na regulação do ciclo celular. Essa
que tiveram maior impacto no controle será expressa no interior da célula do inserção pode ocorrer ao acaso ou por
das enfermidades infecciosas e parasi- hospedeiro. Recentemente, foram pu- meio da recombinação homóloga, sen-
tárias no mundo foram as de tratamen- blicados nesta revista vários artigos do que o primeiro evento seria o mais
to da água e a vacinação, sendo a sobre o assunto (1-3) e na literatura freqüente. Para tentar diminuir a pos-
segunda a que apresenta o melhor existe uma infinidade de exemplos sibilidade destes eventos ocorrerem,
custo-benefício. Há duzentos anos atrás, que demonstram a importância desse deve-se evitar, se possível, que exis-
Jenner criou uma nova era na medicina novo instrumento na pesquisa biomé- tam seqüências nucleotídicas homólo-
quando intencionalmente infectou uma dica (4,5). gas ao do genoma humano no plasmí-
criança com o vírus da varíola bovina. Vacinas são administradas a pesso- dio vacinal e que este não se replique
Esse experimento, que hoje seria con- as sadias e, por isso, devem ter um alto nas células hospedeiras. Plasmídios
siderado pela comunidade científica padrão de biossegurança. Os testes usados na imunização genética possu-
como anti-ético, foi o começo para a clínicos das vacinas de DNA são simi- em uma estrutura com elementos regu-
erradicação da primeira doença infec- lares aos de outros produtos biológicos latórios como promotores, acentuado-
ciosa no mundo, a varíola humana (Tabela 2), sendo o seu controle de res, terminadores, e sítios de poliadeni-
(Foto 1). Várias outras doenças e enfer- qualidade mais fácil e menos oneroso lização reconhecidos pelas células
midades consideradas de maior gravi- pois necessita apenas da certificação eucarióticas, marcadores de seleção,
dade para a saúde humana estão sendo da pureza do DNA. Contudo, existem que são, na maioria, antibióticos, e
controladas com vacinas tradicionais riscos potenciais de biossegurança, uma origem de replicação que não é
ou de primeira geração (Tabela 1). como uma possível integração no ge- funcional em células de mamíferos (7).
Apesar do sucesso dessas vacinas con- noma da célula hospedeira do DNA Apesar dos elementos regulatórios se-
vencionais, ainda existem muitas do- plasmidiano, que pode causar ativação rem funcionais nessas células, as se-
enças que debilitam ou levam à morte, de oncogenes ou inibição de genes qüências nucleotídicas desses plasmí-
como, por exemplo, a AIDS, a malária, supressores de tumor, e indução de dios não devem possuir homologias
a dengue e a hepatite C, para as quais autoimunidade, que devem ser exaus- significativas com o DNA genômico
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dos mamíferos iguais ou superiores a ção induzida pela integração do plas- mesmo sendo a probabilidade tão
0,6 kilobases (kb), o que evitaria uma mídeo no genoma do hospedeiro. A baixa para que eventos oncogênicos
maior eficiência na inserção do DNA, probabilidade de uma mutação ocor- ou patogênicos ocorram, somente um
ao acaso. Na recombina- longo período de avaliação
ção homóloga, além do com um grande número de
requisito anterior, os dois voluntários permitiria deter-
genomas, o plasmidiano minar, em seres humanos, a
e o do hospedeiro, de- ocorrência desses fenôme-
vem ser replicativos; como nos biológicos. O que signi-
os plasmídios mais utili- fica que os testes clínicos
zados nas vacinas de DNA são tão imprescindíveis para
não se replicam, a eficiên- as avaliações desses riscos
cia desse evento ficaria teóricos quanto para certifi-
comprometida. Esses ar- car os benefícios potenciais
gumentos teóricos são in- dessa nova tecnologia.
dicativos de que a taxa de A agência reguladora
integração é baixa, e se americana FDA (Food and
esta ocorresse, a probabi- Drug Administration) agora
lidade de mutação deve- requer que testes com o uso
ria ser insignificante, e isso de PCR sejam feitos com as
foi comprovado pelos ex- adaptações descritas anteri-
perimentos pré-clínicos ormente nos ensaios pré-
realizados por Nichols e Figura 1: Homem com varíola. clínicos, mas ainda não es-
colaboradores (8) e Martin e colabora- Foto da coleção do CDC (Center tabeleceu os níveis aceitáveis de inte-
dores, (9) que utilizaram a técnica de gração plasmidiana no genoma. Essa
for Disease Control and
PCR (Polymerase Chain Reaction). mesma agência possui um documento
Prevention) autorizada para
Como essa técnica é extremamente bem complexo que estabelece normas
divulgação
sensível, foi necessário realizar algu- para os experimentos em animais e
mas adaptações para serem evitados testes clínicos em humanos com a
resultados falso positivos. Para que o utilização de vacinas de DNA (10) . Na
DNA genômico extraído de tecidos rer em um dado gene devido à imuni- legislação brasileira de biossegurança,
musculares dos quadríceps dos ca- zação gênica, seria 3.000 vezes menor ainda não existe uma instrução norma-
mundongos vacinados geneticamente do que a freqüência de mutação es- tiva que seja específica e completa no
fosse separado do DNA plasmidiano pontânea que ocorre no genoma das trato dessa matéria.
(vacina gênica), este foi digerido com células dos mamíferos. Entretanto, Testes clínicos na fase I e II em
uma enzima rara, cujo sítio de clivagem seres humanos já estão sendo realiza-
foi inserido no plasmídeo vacinal para dos com vacinas de DNA contra as
Tabela 1. Datas da utilização em
evitar a formação de concatâmeros, seguintes enfermidades: AIDS, malá-
eliminando uma migração em géis de
seres humanos de vacinas de ria, linfoma das células B, melanoma,
agarose conjunta com o DNA genômi- primeira geração. hepatite B, e infecção pelo herpes
co. Foram também tomados os clássi- Ano Enfermidade vírus. Calarota e colaboradores (11)
cos cuidados para evitar contamina- 1798 Varíola publicaram recentemente, na revista
ções na PCR, e, quando o resultado era 1885 Raiva “The Lancet”, o resultado de testes
positivo, ou seja, havia a ocorrência do 1897 Peste bubônica clínicos na fase I, onde indivíduos
evento de integração do plasmídeo no 1923 Difteria imunizados com genes do HIV-1 indu-
genoma, foi necessário repetir os en- 1926 Coqueluche ziram resposta imune celular específi-
saios com variantes da técnica de PCR, 1927 Tuberculose (BCG) ca, sem que efeitos colaterais tenham
como LMPCR ( Ligation-mediated- 1927 Tétano sido observados. O grupo de Stephen
PCR), ou PCR inversa, para a sua vali- 1935 Febre amarela Hoffman (12), na fase I dos testes
dação. Nichols e colaboradores não 1955 Poliomielite injétavel clínicos com a vacina de DNA contra a
detectaram nenhuma evidência de in- malária, relatou que a administração
1962 Poliomielite oral
tegração usando de 1 a 7,5 cópias de foi bem tolerada, sem problemas de
1964 Sarampo
plasmídeos por 150.000 células como biossegurança aparente e com uma
1967 Papeira
limite de sensiblidade, porém Martin e excelente indução da resposta celular.
colaboradores detectaram que entre 3- 1970 Rubéola Esses resultados deram suporte à pas-
30 cópias de plasmídeos ficavam asso- 1981 Hepatite B* sagem para a fase II, onde serão feitos
ciados ao DNA genômico dos animais testes de proteção contra essa enfermi-
De acordo com Plotkin & Mortiner
vacinados. Apesar de resultados confli- dade.
(15).
tantes em relação à integração, a Nos tratamentos de câncer, as vaci-
* Vacina de segunda geração
conclusão dos dois grupos foi unâni- nas de DNA estão sendo usadas em
me no cálculo de freqüência de muta-
(proteina recombinante purificada pacientes quando os tumores são refra-
de células)
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Tabela 2. Testes Clínicos
Fases Número de pacientes Tempo Avaliação da biossegurança Teste de proteção
e efeitos colaterais
I 20 a 100 Alguns meses +++
II Algumas centenas Alguns meses até 2 anos +++ +++
III Algumas centenas até Alguns meses até 2 anos +++ +++
alguns milhares

O primeiro passo para uma vacina ser aprovada para comercialização é o teste em animais de laboratório; se esses
não apresentarem reações adversas, as etapas posteriores podem ser prosseguidas. O passo seguinte são testes
clínicos em seres humanos, que são divididos em três fases de avaliação do nível de proteção conferido por estas
vacinas e a sua biossegurança. Se nas últimas fases, for comprovada que essas vacinas são efetivas e seguras, então
a indústria farmacêutica pode solicitar aos órgãos competentes a licença para a comercialização do produto

tários às terapias tradicionais. Em Referências bibliográficas demy of Sciences, 94:30-39.


um desses testes clínicos, pacientes 9. Martin T., Parker SE., Hedstrom
com melanoma receberam injeções 1. Silva, C.L. Vacinas gênicas. O R., Le T., Hoffman SL, Norman J.,
de DNA complexados a lipossomos impacto sobre o controle das doenças Hoblew D.(1999). Plasmid DNA ma-
diretamente nos tumores. Em al- infecciosas (1997). Biotecnologia Ci- laria vaccine: The potencial for geno-
guns desses pacientes houve regres- ência & Desenvolvimento. 3:32-34. mic integration after intramuscular
são do tumor e de suas metástases 2. Silva, C.L. Tuberculose. Uso da injection. Hum Gene Ther, 10(5): 759-
(13). biotecnologia para o desenvolvimento 68.
Os testes clínicos relatados ante- de uma vacina de DNA que previne e 10. Points to consider on plasmid
riormente foram realizados através cura a doença. Vacinas gênicas (1998). DNA vaccines for preventive infec-
da injeção direta de DNA no múscu- Biotecnologia Ciência & Desenvolvi- tious disease indications. http://
lo do indivíduo ou nos tumores, mento. 4. www.fda.gov/cber/ptc/plasmid.pdf
porém o teste com a vacina de DNA 3. Azevedo, V., Oliveira, S.C. (1998) 11. Calarota S., Bratt G., Nordlund
contra a hepatite B foi realizado por Vacinas de DNA: o paradigma das S., Hincula J., Leandersson A-C., San-
meio da imunização pelo processo vacinas gênicas. Biotecnologia Ciência dstrom E., Wahrem B. (1998). Cellular
da biobalística, utilizando-se o “gene & Desenvolvimento. 5: 40-43. cytotoxic response induced by DNA
gun” ou arma de genes (14). O “gene 4. Oliveira SC, Rosinha GM, de- vaccination in HIV-1-infected pati-
gun” é um aparelho que promove a Brito CF, Fonseca CT, Afonso RR, Costa ents. Lancet, 351: 1320-1325.
aceleração e a introdução de micro- MC, Goes AM, Rech EL, Azevedo V 12. Wang R., Doolan DL., Le TP.,
partículas de ouro encobertas com o (1999). Immunological properties of Hedstrom RC, Coonan KM., Charoen-
DNA plasmidiano recombinante na gene vaccines delivered by different vit Y, Jones TR., Hobart P., Margalith
derme dos indivíduos. Os voluntári- routes. Braz J Med Biol Res. M., NG J., Weiss WR., Sedegah M., De
os vacinados não se queixaram de Feb;32(2):207-14. Taisne C., Norman JA., Hoffman SL.
dor ou de qualquer outro desconfor- 5. Oliveira SC, Harms JS, Rosinha (1998). Induction of antigen specific
to devido à utilização desse apare- GM, Rodarte RS, Rech EL, Splitter GA. cytotoxic T lymphocyte in humans by
lho. Uma resposta eritematosa mo- (2000). Biolistic-mediated gene trans- a malaria DNA vaccine. Science,
derada e transiente foi observada, o fer using the bovine herpesvirus-1 282:476-479.
que consiste em uma resposta infla- glycoprotein D is an effective delivery 13. Benton PA., Kennedy
matória natural da pele após a imu- system to induce neutralizing antibodi- RC.(1998) DNA vaccines for the treat-
nização. Esse estudo demonstra que es in its natural host. J Immunol Metho- ment of cancer.
essa via de administração das vaci- ds. Nov 1;245(1-2):109-18. Curr Top Microbiol Immu-
nas de DNA, utilizando a arma de 6. Donnelly, J.J., Ulmer, J.B. DNA nol.;226:1-20.
genes “gene gun”, pode viabilizar a vaccines for viral diseases. Brazilian 14. Roy MJ, Wu MS, Barr LJ, Fuller
imunização de um grande número Journal of Medical and Biological Rese- JT, Tussey LG, Speller S, Culp J,
de indivíduos quase que automati- arch, 32(2) 215-212. Burkholder JK, Swain WF, Dixon RM,
zando esse processo. 7. Azevedo V., Levitus G., Miyoshi Widera G, Vessey R, King A, Ogg G,
As vacinas de DNA em menos de A., Cândido A.L, Goes A.M., and Oli- Gallimore A, Haynes JR, Heydenburg
uma década têm dado uma contri- veira S.C. (1999). Main features of DNA- Fuller D. (2000) Induction of antigen-
buição real no campo da vacinolo- based immunization vectors. Brazili- specific CD8+ T cells, T helper cells,
gia, e possuem uma grande vanta- an Journal of Medical and Biological and protective levels of antibody in
gem em relação às vacinas tradicio- Research, 32:147-153. humans by particle-mediated admi-
nais, o que torna essa tecnologia um 8. Nichols WW., Ledwith BJ., Ma- nistration of a hepatitis B virus DNA
instrumento importante no combate nam SV., Troilo PJ. (1995). Potencial vaccine. Vaccine. 22;19(7-8):764-78.
às doenças infecciosas que afetam a DNA vaccine integration into host cell 15. Plotkin SA., Mortiner EA.(1994).
nossa sociedade. genome. Annals of the New York Aca- Vaccines. Philadelphia WB Saunders.
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