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urbano
I N S T I T U T O P Ó L I S
DU No 137 1999
a gestão democrática das diretrizes urbanísti- implementação das diretrizes e critérios apro-
cas, vários municípios criaram Conselhos de vados por lei. Da mesma forma, o Conselho
CONSELHOS Desenvolvimento Urbano.
Incentivando a criação de um Conselho de De-
pode fixar os compromissos com procedimen-
tos ligados ao Orçamento Participativo, caso
O
conflitos em torno da ocupação do solo urba-
resses conflitivos em torno Conselho Municipal de Desenvolvi- no, e buscando minimizar a segregação urbana
do uso e ocupação do solo ur- mento Urbano é um organismo de re- que pode resultar do crescimento. Municípios
bano, a prefeitura envolve a presentação da sociedade civil na gestão de sua onde estão se instalando indústrias poderão ter
política urbana. Representa um dos canais de seus conselhos gerindo as tensões e conflitos
população na tomada de de- comunicação entre a sociedade civil e a admi- de usos e monitorando a poluição sonora e
cisões e dificulta as práticas nistração local no que diz respeito à política ambiental provocada pelas indústrias.
clientelistas. urbana do município. É onde se expressam as
diferentes forças e interesses da sociedade, e
O
onde são elaborados os pactos sociais em tor-
s municípios em geral enfrentam mui- no das diferentes questões na área. COMPOSIÇÃO
A
tas dificuldades com a gestão cotidia- Para que seja um órgão efetivo e permanente o
na dos processos de ocupação e crescimento ur- Conselho Municipal de Desenvolvimento Ur- lei municipal que cria o Conselho Mu-
bano: desde problemas ambientais decorrentes bano deve ser criado por meio de lei munici- nicipal de Desenvolvimento Urbano
de ocupação indevida, tensões em torno do solo pal, sendo inserido, por exemplo, no texto da deve atribuir suas funções, determinar o nú-
urbano envolvendo diferentes classes sociais, Lei Orgânica. Além disso, o poder local deve mero de participantes, suas procedências, a
conflitos relativos à convivência de usos (como garantir o funcionamento do Conselho, proven- duração de seu mandato e a forma de escolha e
indústrias poluentes e bairros residenciais), até do-o de uma estrutura mínima de funcionamen- eleição dos participantes.
a proliferação de ocupações irregulares e em si- to, como espaço para reuniões, trabalho de se- Além do poder público, devem participar do
tuação de risco. A regulação urbanística e seus cretariado, recursos mínimos para material de Conselho representantes de todos os grupos que
instrumentos – o Plano Diretor, a Lei de Uso e divulgação, e garantindo seu custeio. possuam interesse na condução da política de
Ocupação do Solo, a Lei de Parcelamento – Não existe determinação constitucional quan- desenvolvimento urbano: associações de bair-
muitas vezes são omissos, apresentam proble- to às características do Conselho, de forma que ro, movimentos de moradia, entidades profis-
mas de interpretação ou são inadequados em cada município pode definir um modelo: pode sionais, empresários do setor imobiliário, em-
relação a novos usos que vão surgindo com o ser consultivo, emitindo apenas pareceres em presários da indústria, sindicatos, comercian-
passar do tempo. Estas leis e normas são, na relação às diretrizes municipais; ou deliberati- tes. É importante que essa pluralidade de inte-
verdade, um instrumental que requer uma polí- vo, com poder de definir essas diretrizes. Quan- resses seja obtida com um número reduzido de
tica que as implemente e faça a sua gestão. to maior for o poder do Conselho na formula- participantes, pois um conselho grande demais
A Constituição Federal de 1988 estabelece sis- ção da política local, maior será o caráter de- pode traduzir-se em um estrutura ineficiente e
temas de gestão democrática em várias áreas mocrático e participativo da gestão. O Conse- pouco ágil. Não há um número ideal de repre-
da administração pública. Dentre elas, o pla- lho de Desenvolvimento Urbano pode, inclu- sentantes no Conselho, mas municípios meno-
nejamento participativo firma a cooperação no sive, administrar um Fundo Municipal de De- res tenderão a possuir conselhos menores, e
planejamento local das associações represen- senvolvimento Urbano. Tanto o Fundo quanto municípios de maior porte – pela própria cons-
tativas como um preceito a ser observado pe- as diretrizes de aplicação de seus recursos de- tituição mais complexa da sociedade – tende-
los municípios (Art. 29, XII). Como resposta à vem ser estabelecidos por lei municipal. Nesse rão a possuir mais entidades de representação
determinação constitucional, e para viabilizar caso, o Conselho deve ser o responsável pela e, portanto, necessidade de conselhos maiores.
Independentemente de seu tamanho, alguns as- Obras, eventuais legislações de preservação Conselho. Deve ser feito um amplo processo
pectos devem ser levados em conta quando da ambiental, para que suas determinações sejam de divulgação, atingindo toda a população do
definição da composição do Conselho. Pode cumpridas ou revistas; município. O trabalho deve ser cuidadoso, pois
ser paritário, ou seja, possuir o mesmo número - interpretação desses instrumentos legislativos, os diferentes segmentos da população possu-
de representantes do poder público e da socie- em casos omissos ou contraditórios; em seu repertório e linguagem específicos, sen-
dade civil. Outra possibilidade é a de uma com- - acompanhamento da eficiência de atividades do muitas vezes necessário elaborar material
posição tripartite, ou seja um terço de repre- cotidianas da Prefeitura, como a concessão de de divulgação diferenciado para cada grupo.
sentantes do poder público, um terço de repre- alvarás e habite-se, projetos urbanos, aprova- É interessante que o Conselho seja precedido
sentantes dos usuários do espaço urbano – so- ção de loteamentos; pela constituição de um fórum, onde a compo-
ciedades de bairro, movimentos de moradia – - estabelecimento de diretrizes para a política sição e o relacionamento entre os diferentes ato-
e um terço de representantes dos produtores urbana local; res possa ser exercitada até que haja maturidade
desse espaço – empresários do ramo imobiliá- - viabilização e garantia da existência de canais para a formalização de uma estrutura operativa.
rio, incorporadores, etc. de comunicação para que a população se faça Deve-se atribuir grande importância à cria-
Se não for garantida uma composição equilibra- ouvir em caso de protesto ou reivindicação; ção do Conselho, para que a população se
da, o Conselho pode perder sua função de canal - acompanhamento da elaboração de pareceres mobilize e exponha com clareza os agentes e
de comunicação entre o poder público e a socie- e Relatórios de Impacto Ambiental sobre pro- forças que deverão ser representados. Os se-
dade civil. No município de São Paulo, por exem- jetos – públicos ou privados – que virão a cau- tores importantes não devem estar superre-
plo, o CNLU – Conselho Normativo da Legisla- sar impacto sobre a infra-estrutura ou a vizi- presentados no Conselho, pois podem adqui-
ção Urbana – possui maioria da Prefeitura Muni- nhança do local onde se implantam; rir poder demais. Da mesma forma, setores
cipal, transformando-se, na prática, em mais um - fiscalização da aplicação dos recursos con- importantes não devem estar ausentes, pois
órgão municipal. Por outro lado, se a representa- forme o orçamento municipal; podem passar a questionar a representativi-
tividade da sociedade civil for muito elevada, - acompanhamento das atividades da Câmara dade do Conselho. Estas questões devem ser
corre-se o risco de o poder público perder o com- Municipal na área da política urbana; tratadas o quanto antes: é sempre difícil mo-
promisso com as determinações do conselho. - organização de plenárias e audiências públi- dif icar a composição de um conselho já con-
É fundamental que os representantes do Exe- cas, sempre que necessário, para a discussão solidado, pois isso implica em perdas e gan-
cutivo sejam capazes de levar ao Conselho a de projetos e diretrizes do poder público; hos de poder, e disputas internas que podem
visão e o projeto de desenvolvimento urbano - manutenção de canais de comunicação com imobilizar suas atividades.
da equipe da Prefeitura. Devem ser capazes de outros órgãos da administração cujas compe- A Prefeitura deve ter claro que a existência do
debatê-los e de trazer aos órgãos governamen- tências influam na condução da política urba- Conselho – assim como qualquer mecanismo
tais o resultado dos debates e as deliberações na local – incluindo outros conselhos – garan- de participação popular na administração pú-
do Conselho. tindo assim unidade nas ações da Prefeitura; e blica – implica uma partilha de poder. A popu-
aprovação de projetos que se utilizam de recursos lação, adquirindo voz ativa na gestão da cida-
do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano. de, pode expressar posições contrárias às do
executivo, que deve estar preparado para nego-
ATRIBUIÇÕES ciar e ceder em alguns pontos. As tensões e
CRIAÇÃO DO disputas serão tanto maiores quanto maior for
Dentre as atribuições do Conselho de Desen- o poder atribuído ao Conselho.
volvimento Urbano podemos listar: CONSELHO Abrindo mão de parte do poder, a Prefeitura
- gestão de diretrizes municipais globais, como ganha na medida em que a sociedade se envol-
o Plano Diretor, a Lei de Uso e Ocupação do É importante que a Prefeitura tenha clareza de ve nos processos, responsabiliza-se pela ges-
Solo, a Lei de Parcelamento, o Código de seus objetivos e das implicações da criação do tão e trabalha por ela.
RESULTADOS
A existência de um Conselho de na sobre todas as questões re- tor e zonas de preservação am- de governar: o Conselho é uma
Desenvolvimento Urbano pode ferentes à regulação urbanísti- biental, sendo o promotor de di- instância permanente de acompa-
ampliar a participação da po- ca e sobre projetos de grande im- versas discussões e embates en- nhamento das atividades do po-
pulação nas intervenções do pacto junto ao meio ambiente e tre os setores. der local, e dessa forma pode-se
Executivo. a infra-estrutura urbana. Tem Outro resultado da atuação de um evitar abusos de poder. O Conse-
O Conselho pode produzir uma tido papel importante nas dis- Conselho eficiente é o aperfeiço- lho pode impedir abusos na pos-
cidade ambientalmente mais cussões relativas ao Plano Dire- amento de formas democráticas se da terra, como a instalação de
sustentável, intervindo com agi- condomínios fechados em áreas
lidade em problemas de inva-
PROPOSTA DE COMPOSIÇÃO DE UM CONSELHO TRIPARTITE centrais, que prejudicariam a cir-
sões ou ocupações de áreas de Poder Público Sociedade civil culação na cidade. É por excelên-
Legislativo municipal Associações de bairros cia o canal por onde a sociedade
ecossistemas frágeis, como en- Executivo Municipal – secretarias en- Movimentos de moradia
costas, beiras de córregos ou áre- volvidas com as questão urbana (pla- ONGs expressa reivindicações e denún-
as de mananciais. Pode monito- nejamento, obras, saneamento, ha- Entidades ambientalistas cias. Em Vila Velha-ES, o Conse-
rar permanentemente a emissão bitação, meio-ambiente) IAB lho Comunitário é um dos fóruns
Órgãos Estaduais (instâncias metro- OAB
de poluentes por parte de indús- politanas ou regionais, recursos hí-
mais importantes para a popu-
Setores empresariais lação local. Em um episódio de
trias, mobilizando a população dricos, órgãos do meio-ambiente) Associações de industriais
contra eventuais abusos. Em Na- Universidade Associações de comerciantes desvio de um financiamento por
tal-RN, o CONPLAM – Conselho da Incorporadores imobiliários parte da Prefeitura, o Conselho
Planejamento e Meio Ambiente SECOVI entrou na Justiça e conquistou a
SEBRAE
– é o órgão gestor do sistema de posse de um grande terreno para
planejamento e da política am- Autor: Renato Cymbalista - Consultores: Raquel Rolnik, Nelson a construção de habitação de bai-
biental municipal. Aprecia e opi- Saule Jr. , Maria do Carmo A. A. Carvalho xa renda.
Instituto Pólis- Rua Cônego Eugênio Leite, 433 - São Paulo - SP - Brasil
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