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JUDICIALIZAÇÃO NO SUS - RESENHA DA PALESTRA

Thiago Seixas Alves

O palestrante, Bruno Naundorf, Diretor do Departamento Estadual de Auditoria


da Secretaria Estadual de Saúde, apresenta nessa palestra suas percepções bem como
um levantamento acerca da evolução da demanda judicial de saúde no Rio Grande do
Sul desde 2002 até 2020.

A palestra trata das atividades que vem sendo realizadas para diminuir a
quantidade de demandas judiciais, como por exemplo a mediação prévia por parte da
Defensoria Pública, buscando informar aos cidadãos que procuram seus direitos como
obter acesso à saúde por meios regulares. Ressalta que no Rio Grande do Sul, um dos
pontos muito importantes é que se tem feito ações pelo comitê estadual de saúde,
envolvendo diversas áreas e instituições, pois muitas vezes chegava um paciente
pedindo uma internação, e essa internação era buscada sem ser registrada nos sistemas
oficiais, porque as vezes o médico, o assistente do paciente não sabia como funcionava,
e essa nova sistemática tem reduzido muito a busca pelo judiciário. Participação mais
ativa do gestor municipal na busca pelo fortalecimento do SUS sem intervenção do
Judiciário. Decisões importantes como informar ao médico que determinado
medicamento alternativo está disponível na farmácia popular, evitando a judicialização,
retirando administrativamente nas farmácias, dependendo da competência, municipal ou
estadual.

Faz ainda um resgate histórico de tentativas de enfrentamento, como a Medicina


Baseada em Evidências (BEM), nem em Avaliação de Tecnologias de Saúde (ATS), foi
criado pela Secretaria da Saúde, para começar a trabalhar, fornece pareceres técnicos
tentando explicar para o juiz os problemas, fornecendo um contraponto. Em 2015 houve
um fortalecimento do DMJ Departamento Médico Judiciário que dá pareceres dando
assistência ao judiciário. Uma dessas ações foi o projeto piloto do Tele Saúde/RS-
UFRGS com a justiça estadual e federal do Rio Grande do Sul, quando foram
produzidas notas técnicas para 10 ações em saúde. A soma dos custos para o Estado
e/ou União somente com estas ações foi estimado em R$ 1,4 milhão no primeiro ano e
de R$ 460 nos anos seguintes, escolhidos pelos juízes sem interferências, que
necessitavam de opinião técnica em cinco processos, dos 10 casos, somente quatro
tiveram pareceres favoráveis aos demandantes. Um dos exemplos é que o SUS já tem
uma listagem de medicamentos RENAME que são similares, e há casos que médicos
sugerem que os medicamentos fornecidos pelo SUS teriam eficácia inferior. A Diretriz
da Organização da Assistência Farmacêutica no SUS com componentes básicos, feita
com uma relação nacional de medicamento e insumos relacionados a agravos e
programas de saúde específicos no âmbito da atenção básica à saúde, como componente
estratégico, medicamentos para tratamento de AIDS, componente especializado de
Programa Farmácia Popular e Programa de Medicamentos Especiais. Ressalta
embasado na redução da quantidade de pacientes cadastrados para atendimento judicial
na área de medicamentos uma melhora funcional com a atenção primária. Uma
informação que considero interessante trazida pelo palestrante é sobre regra de 180 dias
para a incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde pelo SUS, pela
CONITEC e que não acontece, quando o respeito a essa regra poderia ajudar a
fundamentação de defesa do estado na judicialização, reforçando que isso precisa
melhorar afim de diminuir a judicialização. Mesmo que as despesas com SUS
aumentem a cada ano, não chegamos no SUS ideal.

Outro aspecto interessante trazido na palestra é o porquê de existirem listas de


espera, no SUS. No Brasil se fala muito do financiamento insuficiente e da remuneração
inadequada, bem como da necessidade de rever as tabelas do SUS que remuneram
insuficientemente o custo, levando a necessidade de os municípios aportar recursos
próprios afim de fazer frente aos gastos. Há a questão do teto financeiro, recentemente
amplamente debatida no Brasil, questão política defendida pelo Ministro da Fazenda,
Paulo Guedes, que inclusive teceu ameaça velada ao Presidente Jair Bolsonaro que
agindo como um governo populista, entraria numa zona sombria correndo o risco de
legitimar com essas ações um processo de impeachment. Ainda, a fila de espera se
justifica pela falta de profissionais especialistas em diversas áreas da saúde no Brasil,
bem como de anestesistas, carência aliás, que não é exclusividade da saúde pública.
Ainda há de se analisar a própria insuficiência da capacidade dos serviços e da
contratação pelo SUS bem como a gestão ineficiente tanto dos serviços, quanto da não
profissionalização dos gestores.

Em Gravataí, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, onde trabalho, o


secretário de saúde, na maior crise de saúde global, é um procurador, advogado por
profissão, legitimando pelo prefeito que afirma que o mais importante em saúde é saber
de direito. Fato importante visto essa temática trazida na palestra. Pode soar estranho,
mas faz sentido. É necessário entender sobre a parte jurídica dessa demanda, da parte
financeira (e, porque não, envolver o secretário fazendário) e ainda entender sobre a
dinâmica da área médica. Conhecer todos esses vieses é o que permitirá fazer uma
defesa sólida. Ainda, independentemente de o estado propiciar ou não um SUS ideal,
não se pode negar que o direito previsto na constituição garante ao cidadão e a cidadã, o
acesso a saúde. E é um sem fim de problemas ligados a essa esfera, como tratado pelo
palestrante e outros não tratados: recursos muito escassos, para a saúde pública temos o
atraso nos repasses de verbas, o contingenciamento de despesa e de empenhos, as filas
frequentes para o atendimento, a baixa qualidade tanto alardeada pelos usuários tanto
para a saúde pública quanto contra os planos de saúde privados, e ainda a dificuldade no
acesso aos medicamentos.

O acesso à saúde efetivamente requer um conjunto de respostas de ordem política,


bem como de ações governamentais amplas, diferentemente das meramente formais e
que são restritas aos mandados judiciais. Demandas judiciais estão sendo consideradas
como o fundamental instrumento de deliberação na gestão do acesso aos fármacos junto
a assistência no SUS, no entanto, admitida como elementos importante para os gestores
no momento da sua tomada de decisão, quando repetidas vezes, buscam que o acesso
aos medicamentos se dê de melhor forma no âmbito do sistema único de saúde. Na
conjunção da democracia brasileira, judicializar a problemática expressa reivindicações
e modos de atuação legítimos aos cidadãos às instituições. Temos que o desafio
precípuo é desenhar formas estratégicas de políticas organizadas e empenhadas junto a
outros mecanismos e instrumentais que visem garantir a democracia, que melhorem os
sistemas de saúde bem como o sistema de justiça vislumbrando o alcance efetivo do
direito à saúde por todos os cidadãos.

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