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Louis Berkhoff

Sumário de Doutrina Cristã

Parte I e II

(Capítulos I-X)
Tradução por

Rev. Jose Oliveira

Philippines,

Setembro de 2008

(c) Jose V. S. Oliviera

Todos os direitos reservados

(não copie ou distribua)

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Parte I

Introdução

3
Capítulo I

Religião

1. A Natureza da Religião. A Bíblia informa-nos que


seres humanos foram criados a imagem de Deus. Quando
cairam em pecado, não cessaram interamente de ser os
portadores da imagem do Altíssimo. A semente da religião
ainda está presente em todos os seres humanos, ainda que
sua natureza pecaminosa constantemente reaja contra ela.
Missionários testificam da presença de religião de alguma
forma ou outra em todas as nações e tribos da terra. É
uma das maiores bênçãos da humanidade, ainda que
muitos a denunciam como uma maldição.

Entretanto, o que é religião? Somente pelo estudo da


Palavra de Deus é que podemos aprender a conhecer a
4
natureza da verdadeira religião. A palavra ‘religião’ é
derivada do Latin e não de qualquer palavra no original
Hebraico ou Grego da Bíblia. Achamo-la somente quatro
vezes em nossa tradução da Bíblia, Gl. 1:18, 14; Tg. 1:26,
27. O Antigo Testamento define religião como o temor de
Deus. Este temor não é um sentimento de medo, mas de
reverente consideração por Deus, semelhante a
admiração, mas acompanhado de amor e confiança. É a
resposta dos crentes do Antigo Testamento à revelação da
lei. No Novo Testamento religião é a resposta ao
evangelho, antes que à lei, e supõe a forma de fé e piedade.

À luz das Escrituras aprendemos que religião é a relação


na qual o ser humano se coloca diante de Deus, uma
relação na qual o indivíduo está consciente da absoluta
majestade e infinito poder de Deus e de sua completa
insignificância pessoal e absoluta incapacidade. Religião
pode ser definida como um relacionamento consciente e
voluntário com Deus, que se expressa em grata adoração e
serviço amoroso. A forma dessa adoração religiosa e

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serviço não é deixado à arbitrariedade da vontade
humana, mas é determinada por Deus.

2. O Lugar da Religião. Existem várias perspectivas


errôneas com respeito ao lugar da religião nos seres
humanos. Alguns pensam em religião primariamente
como um tipo de conhecimento, e a localizam no intelecto.
Outros consideram-na como um tipo de imediato
sentimento de Deus, e encontram o seu lugar nos
sentimentos. E ainda outros sustentam que religião
consiste mais que tudo de atividade moral e referem-na à
vontade. Contudo, todos estas perspectivas são unilaterais
e contrárias às Escrituras, as quais nos ensinam que a
religião é uma questão do coração. Na piscologia das
Escrituras o coração é o órgão central da alma. Dele
procedem todas as fontes de vida, pensamentos,
sentimentos e desejos, Pv 4:28. Religião envolve a
totalidade do ser humano, sua vida intelectual, emocional
e moral. Esta é a única visão que faz justiça à natureza da
religião.

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3. A Origem da Religião. Durante os últimos
cinquenta anos muita atenção foi devotada ao problema
da origem da religião. Tentativas repetidas foram feitas
para dar-se uma explicação natural dela, mas sem
sucesso. Alguns se referiram a ela como uma invenção de
sacerdotes espertos e enganadores, que a consideraram
como uma fácil fonte financeira; mas esta explicação é
presentemente inteiramente desacreditada. Outros
sustentaram que religião começou com a adoração de
objetos sem vida (fetichismo), ou com a adoração de
espíritos, possivelmente os espíritos de antepassados. Mas
isto não é explicação, desde que a questão permanece,
“Como as pessoas vieram a ter a idéia de adorar objetos
sem vida?” Ainda outros são da opinião que religião se
originou na adoração da natureza, isto é, a adoração das
maravilhas e poderes da natureza, ou na disseminação da
prática da mágica. Mas estas teorias não explicam muito
mais que as outras o como pessoas que não eram
religiosas vieram a se tornar religiosas. Essas teorias já
começam com seres humanos que são já religiosos.

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A Bíblia contém o único relato confiável da origem da
religião. Ela nos informa da existência de Deus, o único
objeto digno de adoração. Ademais, ela nos confronta com
a certeza de que Deus, a quem seres humanos poderiam
nunca descobrir por seu poder natural, revelou a Si
mesmo na natureza e, em especial, em Sua divina Palavra,
que demanda a adoração e serviço dos seres humanos, e
também determina quais adoração e serviço são de fato
agradáveis a Ele. E, finalmente, ela nos ensina que Deus
criou o ser humano à sua própria imagem, e portanto lhe
outorgou a capacidade de entender e responder a esta
revelação, e engendrou nele uma necessidade de buscar
comunhão com Deus e glorificá-Lo.

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Capítulo II

Revelação

1. Revelação em Geral. A discussão da religião


naturalmente conduz àquela da revelação como sua
origem. Se Deus não tivesse revelado a Si mesmo,
religião teria sido impossível. Se não fora Deus ter feito a
si mesmo conhecido, seres humanos nunca poderiam ter
tido qualquer conhecimento de Deus. Por si mesmos,
nunca teriam sabido de Deus. Distinguimos entre a
revelação de Deus na natureza e Sua revelação nas
Escrituras.

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Ateístas e agnósticos, claro, não acreditam em revelação.
Panteístas referem-na ocasionalmente, ainda que de fato
não haja lugar para ela em seu sistema de pensamento.
Deístas admitem a revelação de Deus na natureza, mas
negam a necessidade, a realidade, e mesmo a
possibilidade de qualquer revelação especial tal qual
temos nas Escrituras.

2. Revelação Geral. A revelação geral de Deus, quanto


ao tempo, vem antes da Sua revelação especial. Ela não
vem aos seres humanos na forma de comunicações
verbais, mas nos fatos, nas forças e nas leis da natureza,
na constituição e operação da mente humana, e nos fatos
da experiência e história. A Bíblia se refere a ela em
passagens tais como Sl. 19:1, 2; Rm. 1:19, 20; 2:14, 15.

a. A insuficiência da revelação geral. Enquanto


pelagianistas, racionalistas e deístas consideram esta
revelação como adequada para nossas necessidades
atuais, católicos romanos e Protestantes estão de acordo
que ela não é suficiente. Foi obscurecida pela maldição do
pecado sobre a beleza da criação de Deus. A caligrafia de
10
Deus na natureza não foi inteirmente apagada, mas se
tornou desfigurada e indistinta. Presentemente, não
oferece nenhum conhecimento confiável de Deus e das
coisas espirituais, e portanto, não nos fornece um
fundamento fidedigno no qual possamos edificar para o
nosso futuro eterno. A presente confusão religiosa
daqueles que embasaram sua religião sobre um
fundamento puramente natural, claramente prova sua
insuficiência. A revelação geral nem sequer oferece uma
base adequada para a religião em geral, muito menos para
a verdadeira religião. Até mesmo os pagãos apelam para
algum tipo de revelação especial. E, finalmente, ela falha
totalmente em suprir as necessidades espirituais dos
pecadores. Ainda que provê algum conhecimento da
bondade, sabedoria e do poder de Deus, ela não supre
qualquer conhecimento de Cristo como o único caminho
para salvação.

b. O valor da revelação geral. O acima dito, porém, não


significa que a revelação geral não tem valor algum. Nela
estão presentes elementos que ainda são encontrados nas

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religiões pagãs. Devido a esta revelação os pagãos pensam
de si mesmos como sendo descendência de Deus, At
17:28, buscam a Deus como se pudessem encontrá-lo por
acidente, Rm. 1:19, 20, seguem, por natureza, os preceitos
da lei, Rm 2:14. Mesmo vivendo nas trevas do pecado e
ignorância e pervertendo a verdade de Deus, eles ainda
compartilham da iluminação da Palavra, John 1:9, e das
operaçõe gerais do Espírito Santo, Gn 6:3. Além disso, a
revelação geral de Deus estabelece a base para a Sua
revelação especial. A última não pode ser completamente
comprendida sem a primeira. Ciência e história não
cessam de iluminar as páginas da Bíblia.

3. Revelação Especial. Ademais da revelação de Deus


na natureza temos a Sua revelação especial que está agora
incorporada nas Escrituras. A Bíblia é preminentemente o
livro da revelação especial de Deus, na qual revelação fatos
e palavras vão de mãos dadas, as palavras interpretando
os fatos e os fatos dando substância às palavras.

a. A necessidade da Revelação Especial. A revelação


especial se tornou necessária através da entrada do
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pecado no mundo. A escrita de Deus na natureza foi
obscurecida e deturpada, e o ser humano, infligido que
foi com cegueira espiritual, tornou-se sujeito ao êrro e
descrença. Sua cegueira espiritual e perversidade o
incapacitam a decifrar corretamente até mesmo os traços
restantes da revelação original e se encontra incapaz de
entender qualquer revelação posterior. Portanto, se
tornou necessário que Deus re-interpretasse as verdades
da natureza, providenciasse uma nova revelação de
redenção e iluminasse a mente humana, redimindo-a do
poder do erro.

b. Os meios da revelação especial. Ao nos dar Sua


revelação especial ou sobrenatural Deus utilizou diferente
tipos de meios, tais como: (1) Teofanias ou manifestações
visíveis de Deus. Ele revelou sua presença no fogo e
nuvens de fumaça, Ex. 8:2; 33:9: Sl. 78:14; 99:7; na
tempestade de ventos, Jó 38:1; Sl.18:10-16, e em uma “um
cicio tranquilo e suave”, I Re. 19:12. Estes todos eram
símbolos de Sua presença, revelando algo de Sua glória.
As aparições do Anjo do Senhor, a segunda Pessoa da

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Trindade, ocupam um lugar proeminente no Antigo
Testamento , Gn. 16:13; 31:11; Ex. 23:20-23; Ml. 3:1. O
ápice da aparição de Deus aos seres humanos se encontra
na encarnação de Jesus Cristo. Nele a Palavra se tornou
carne e habitou conosco, Jo. 1:14. (2) Comunicações
diretas. Houve vezes em que Deus falou a seres humanos
com voz audível, como Ele fez com Moisés e o filhos de
Israel, Dt. 5:4, e algumas vezes ele inspirou suas
messagens aos profetas por meio de uma operação
interna do Espírito Santo, I Pe 1:1. Ademais, Ele se revelou
em sonhos e visões e por meio do Urim e Tumim, Nm.
12:6; 27:21; Is. 6. No Novo Testamento Cristo aparece
como o grande Mestre enviado de Deus para revelar a
vontade do Pai; pelo Seu Espírito os apóstolos se tornam
instrumentos de revelações posteriores, Jo 14:26; I Co.
2:12, 13; I Ts. 2:13. (3) Milagres. Os milagres da Bíblia não
devem nunca ser considerados meramente como
maravilhas que enchem as pessoas com admiração, mas
como parte essencial da revelação especial de Deus. São
manifestações do poder especial de Deus, sinais da Sua
presença especial e frequentemente servem para
14
simbolizar verdades espirituais. O maior de todos os
milagres é a vinda do Filho de Deus em carne. Nele toda a
criação de Deus está sendo restaurada e restituida à sua
beleza original, I Tm. 3:16; Ap. 21:5.

c. O caráter da revelação especial. A revelação especial


de Deus é a revelação da redenção. Revela tanto o plano
de Deus para a redenção de pecadores e do mundo, como
o meio pelo qual este plano é realizado. É instrumental na
renovação do ser humano; ilumina sua mente e o inclina a
desejar o que é bom; o enche com santos sentimentos, e o
prepara para o seu lar celestial. Não somente nos traz a
mensagem de redenção, como também nos familiariza
com os fatos redentores. Ela não apenas enriquece-nos
com conhecimento, como também transforma vidas
através de converter pecadores em santos. Esta revelação
é claramente progressiva. As supremas verdades da
redenção parecem obscuras a princípio, mas
gradualmente crescem em clareza, e finalmente se
apresentam no Novo Testamento em toda beleza e
plenitude.

15
Capítulo III

A Escrituras Sagradas

1. Revelação e Escritura. O termo ‘revelação especial’


pode ser utilizado em vários sentidos. Pode significar a
auto-comunicação de Deus em mensagens verbais e
eventos milagrosos. Os profetas e os apóstolos
constantemente recebiam mensagens de Deus muito
antes de as registrarem por escrito. Estas estão agora
registradas nas Escrituras, mas não constituem o todo da
Bíblia. Muito do que há na Bíblia não foi revelado por
meio sobrenatural, mas é o resultado de estudo e de
prévia reflexão. Contudo, o termo pode também ser
utilizado para indicar a Bíblia como um todo, aquele
complexo de verdades e fatos redentores, dentro do

16
próprio contexto histórico, o qual se encontra na Bíblia e
que tem a guarantia divina de sua veracidade no fato de
que é infalívelmente inspirada pelo Espírito Santo. À vista
disso, pode-se dizer que a Bíblia toda, e a Bíblia somente,
é para nós a revelação especial de Deus. É na Bíblia que a
revelação especial de Deus vive e mesmo agora traz vida,
luz e santidade.

2. Prova Escriturística da Inspiração da Bíblia. A


Bíblia toda é dada por inspiração de Deus, e é como tal, a
regra infalível de fé e prática para toda humanidade.
Desde que a doutrina da inspiração é amiúde negada, ela
exige tratamento especial.

Esta doutrina, como qualquer outra, é baseada nas


Escrituras, e não é uma invenção humana. Apesar de ser
fundamentada em grande número de passagens, somente
algumas poucas destas podem ser indicadas aqui. Os
escritores do Antigo Testamento foram repetidamente
instruídos a escreveram aquilo que o Senhor lhes
ordenara, Ex, 17:14; 34:27; Nm. 33:2; Isa. 8:1; 30:8; Jr.
25:13; 30:2; Ez. 24:1; Dn. 12:4; Hab. 2:2. Os profetas
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estavam conscientes de que traziam a palavra do Senhor,
e portanto introduziam suas mensagens com alguma
fórmula tal qual, “Portanto assim diz o Senhor”, ou “A
palavra do Senhor veio a mim”, Jr. 36:27, 32; Ezequiel,
capítulos 26, 27, 31, 32, 39. Paulo se refere às suas
próprias palavras como ensinadas pelo Espírito, I Co.
2:13, assevera que Cristo fala através dele, II Co. 13:3, e
descreve sua mensagem aos tessaolonicenses como a
palavra de Deus, I Ts. 2:13. A Epístola aos Hebreus
frequentemente cita passagens do Antigo Testamento
como as palavras de Deus ou do Santo Espírito, Hb. 1:6;
3:7; 4:3; 5:6; 7:21. A passagem mais importante para
provar a inspiração das Escrituras é II Tm 3:16: " Toda
Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para
ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em
justiça.”

3. A Natureza da Inspiração. Existem, em especial,


dois pontos-de-vista errôneos, que representam extremos
a ser evitados.

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a. Inspiração mecânica. Tem sido representada, algumas
vezes, como se Deus literalmente tivesse ditado o que os
autores humanos da Bíblia tinham que escrever, como se
eles fôssem puramente passivos, assim como uma caneta
na mão de um escritor. Isto significaria que suas mentes
não contribuíram de modo algum no conteúdo ou forma
de seus escritos. Porém, à vista dos fatos, isto dificilmente
é verdade. Eles eram verdadeiros autores, que, em alguns
casos reuniram seus materais a partir de fontes à sua
escolha, I Rs 11:41; 14:29; I Cr. 29:29; Lc 1:1-4, Em outras
instâncias registraram suas próprias experiências, como
por exemplo em muitos dos salmos, e imprimiram sobre
seus escritos seus estilos pessoais. O estilo de Isaías difere
do de Jeremias, e o estilo de João não se parece com o de
Paulo.

b. Inspiração dinâmica. Outros pensaram do processo de


inspiração como afetando somente os escritores, e tendo
nenhum efeito direto em seus escritos. Sua capacidade
mental e espiritual teria sido fortalecida e aumentada a
um nível mais alto, de tal forma que eles viram as coisas

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mais claramente e tiveram um mais profundo senso de
seu valor espiritual. Esta inspiração não foi limitada ao
tempo quando eles escreveram os livros da Bíblia, mas era
uma permanente característica dos escritores e afetou
seus escritos de uma maneira apenas indireta. Essa
inspiração seria diferente da iluminação espiritual de
todos os crentes somente em grau. Esta teoria certamente
não faz justiça à visão bíblica de inspiração.

c Inspiração Orgânica. A própria concepção de


inspiração sustenta que o Santo Espírito agiu nos
escritores da Biblia de uma maneira orgânica, em
harmonia com as leis do seu próprio ser interior, usando-
os simplesmente como eles eram, com seu caráter e
temperamento, seus dons e talentos, sua educação e
cultura, seu vocabulário e estilo. O Santo Espírito
iluminou suas mentes, auxiliou sua memória e os fez
escrever; reprimiu a influência do pecado em seus
escritos, e os guiou na expressão de seus pensamentos,
até mesmo na escolha de suas palavras. Em não pequena
medida Ele deixou livre espaço para a atividade deles

20
mesmos. Eles puderam incluir os resultados de sua
própria investigações, escrever suas próprias experiências,
e imprimir as características de seu próprio estilo e
linguage em seus livros.

4. A Extensão da Inspiração. Existem diferenças de


opinião também quanto à extensão da inspiração das
Escrituras.

a. Inspiração Parcial. Debaixo da influência do


racionalismo têm-se tornado bastante comum negar a
inspiração da Bíblia como um todo, ou dizer-se que
somente partes dela são inspiradas. Alguns negam a
inspiração do Antigo Testamento, mas admitem a do
Novo. Outros afirmam que os ensinamentos morais e
religiosos das Escrituras são inspirados, mas sua parte
histórica contém vários erros cronológicos, arqueológicos
e científicos. Outros ainda limitam a inspiração ao Sermão
do Monte. Os que adotam tais pontos-de-vista já têm
perdido suas Bíblias, porque a simples existência de tão
diferentes opiniões é prova positiva que ninguém pode
determinar com qualquer nível de certeza quais partes da
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Escrituras seriam e quais não seriam inspiradas. Existe
ainda outra maneira na qual a inspiração da Bíblia é
limitada, isto é, por assumir que os pensamentos foram
inspirados, mas a escolha de palavras foi deixada
inteiramente à sabedoria dos escritores humanos. Mas
isto segue-se de uma suposiçaõ bastante duvidosa, a de
que os pensamentos podem ser separados das palavras,
uma vez que, de fato, pensamentos sem palavras são
impossiveis.

b. Inspiração Plenária. Segundo as Escrituras cada parte


da Bíblia é inspirada. Jesus e os apóstolos frequentemente
apelaram aos livros do Antigo Testamento como
‘escritura’ ou ‘as Escrituras’ para pôr fim a controvérsias.
Em suas mentes tal apelo era equivalente a um apelo a
Deus. Note-se que dentre livros para os quais assim
apelaram, alguns são históricos. A Epístola aos Hebreus
repetidamente cita passagens do Antigo Testamento como
as palavras de Deus ou do Santo Espírito (cf. acima).
Pedro coloca a cartas de Paulo no mesmo patamar que os

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escritos do Antigo Testamento, II Pe 3:16 e Paulo fala de
toda Escritura como inspirada, II Tm 3:16.

Podemos dar um passo adiante e dizer que a inspiração da


Bíblia se extende às palavras mesmas empregadas. A
Bíblia é verbalmente inspirada, o que não é equivalente a
dizer que é mecanicamente inspirada. A doutrina da
inspiração verbal é totalmente sustentada pelas
Escrituras. Em muitos casos é explicitamente dito que o
Senhor disse a Moisés e Josué exatamente o que escrever,
Lv. 3 and 4; 6:1, 24; 7:22, 28; Js. 1:1; 4:1; 6:2, e assim por
diante. Os profetas falam de Jeová como colocando Suas
palavras dentro de suas bocas. Jer. 1:9, e como dirigindo-
os a falar Suas palavras ao povo, Ez. 3:4, 10, 11. Paulo
refere-se às suas palavras como ensinadas pelo Espírito, I
Co 2:13, e tanto Jesus como ele baseiam um argumento
em uma única palavra, Mt 22:43-5; Jo 10:35; Gl. 3:16.

As Perfeições das Escrituras. Os reformadores


desenvolveram a doutrina das Escrituras contra os
católicos romanos e algumas seitas protestantes. Ainda
que Roma ensine que a Biblia deve sua autoridade à
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Igreja, eles mantém que ela tem autoridade em si mesma
como a inspirada Palavra de Deus. Os reformadores
também sustentaram a necessidade das Escrituras como
meio de graça contra os católicos romanos que afirmaram
que a Igreja não tinha nenhuma necessidade delas, e
algumas das seitas protestantes que exaltaram a “luz
interior” ou a palavra do Santo Espírito nos corações do
povo de Deus, às custas das Escrituras. Em oposição a
Roma os reformadores posteriormente defenderam a
clareza da Bíblia. Eles não negaram que ela contém
mistérios por demais profundos para o entendimento
humano, mas contenderam que o conhecimento
necessário para a salvação, ainda que não igualmente
claro em cada página da Bíblia, é, contudo, evidente em
uma maneira tão simples que qualquer um que
sinceramente busque a salvação pode facilmente alcançar
este conhecimento por si mesmo e não precisa depender
da interpretação da Igreja ou do sacerdócio. Finalmente,
eles também defenderam a suficiência das Escrituras, e
com isto negaram a necessidade da tradição dos católicos
romanos e a luz interior dos anabatististas.
24
Parte II

Doutrina de Deus e Criação

25
Capítulo IV

A Natureza Essencial de Deus

1. O Conhecimento de Deus. A possibilidade de se


conhecer a Deus tem sido negada com vários
argumentos. Mas, ainda que seja verdade que seres
humanos não podem nunca comprender Deus
totalmente, não se segue necessariamente que não se
possa ter absolutamente nenhum conhecimento dele. Isto
é possível porque Deus tem se revelado a si mesmo. Por si
mesmos, seres humanos nunca seriam capazes de
descobrir a Deus ou conhecê-Lo.

Nosso conhecimento de Deus é dual. Seres humanos


possuem um conhecimento de Deus inato. Isto não
significa meramente que, em virtude de sua criação à
26
imagem de Deus, têm uma capacidade natural para
conhecer a Deus. Nem isto implica que seres humanos
trazem certo conhecimento de Deus consigo ao nascerem
neste mundo. Simplesmente significa que, sob condições
normais, um certo conhecimento de Deus naturalmente
se desenvolve neles. Este conhecimento, claro, é de
natureza geral.

Entretanto, ademais deste conhecimento inato de Deus,


seres humanos também obtém conhecimento
dEle através da revelação especial e geral de Deus. Isto
não se consegue sem esforços da parte dos seres
humanos, antes, é o resultado de uma consciente e
constante busca por conhecimento. Ainda que este
conhecimento somente é possível porque seres humanos
nascem com a capacidade de conhecer a Deus, ele os leva
muito mais além dos limites desse conhecimento inato de
Deus.

2. O Conhecimento de Deus Como Adquirido na


Revelação Especial. Mesmo que não seja possível
definir Deus, é possível dar-se uma descriçaõ geral do Seu
27
ser. O melhor a fazer, talvez, é descrevê-Lo como um
Espírito puro de perfeições infinitas. Esta descrição inclui
os seguintes elementos:

a. Deus é um Espírito puro. A Bíblia não contém


nenhuma definição Deus. O mais próximo de uma
definição se encontra nas palavras de Jesus à mulher
samaritana, "Deus é Espírito". Isto significa que Ele é
essencialmente espírito, e que todas as qualidades que
pertencem à idéia perfeita de espírito, se encontram
necessariamente nEle. O fato que Ele é puro espírito
exclui a idéia de que possua um corpo de qualquer tipo, e
não é, de forma alguma, visível ao olho físico.

b. Deus é pessoal. O fato que Deus é espírito também


envolve Sua personalidade. Um espírito é um ser
inteligente e moral, e quando se atribui a Deus
personalidade, queremos dizer, exatamente, que Ele é
um ser racional, capaz de determinar o curso da Sua vida.
Muitos negam a personalidade de Deus nos dias de hoje e
meramente O concebem como uma força ou
poder impessoal. Contudo, o Deus da Bíblia é certamente
28
um Deus pessoal, um Deus com quem seres humanos
podem conversar, em quem podem confiar, que participa
de suas experiências, que os ajuda nas dificuldades, e que
lhes enche os corações com alegria e júbilo. Mais ainda,
Ele se revelou a si mesmo numa forma pessoal em Jesus
Cristo.

c) Deus é infinitamente perfeito. Deus se distingue de


todas as Suas criaturas por Sua perfeição infinita. Seu ser
e virtudes são livres de quaisquer limitações e
imperfeições. Ele não somente é livre e sem limites, como
também está acima de todas Suas criaturas em perfeição
moral e gloriosa majestade. Os filhos de Israel cantaram a
grandeza de Deus após terem atravessado o Mar
Vermelho: " Quem entre os deuses é como tu, ó Senhor? a
quem é como tu poderoso em santidade, admirável em
louvores, operando maravilhas?” Ex. 15:11. Alguns
filósofos dos dias de hoje falam de Deus como “finito, em
desenvolvimento, se esforçando, sofrendo,
compartilhando com seres humanos suas derrotas e
vitórias”.

29
d. Deus e Suas perfeições são um. Simplicidade é uma
das características fundamentais de Deus. Isto significa
que Ele não é composto de diferentes partes, e, também,
que Seu ser e atributos são um. Poderia dizer-se que as
perfeições de Deus são o próprio Deus, a maneira como
ele a si mesmo se revelou ao ser humano. Elas são, tão-
simplesmente, as muitas manifestações do Ser divino.
Portanto, a Bíblia diz que Deus é verdade, vida, luz, amor,
justiça, e assim por diante.

30
Capítulo V

Os Nomes de Deus

Quando Deus dá nomes a pessoas ou coisas, estes são


nomes que têm um significado e possui uma informação a
respeito da natueza das pessoas ou coisas nomeadas. Isto
também se aplica aos nomes que Deus tem dado a Si
mesmo. Algumas vezes a Bíblia se refere ao nome de Deus
no singular, e, em tais casos, o termo é uma designaação
da manifestação de Deus em geral, especialmente em
relação ao seu povo, Ex. 20:7; Sl. 113:3; ou, simplesmente
se refere a Deus mesmo, Pv. 18:10; Is. 50:10. O único
nome geral de Deus é dividido em vários nomes especiais,
que são expressão dos diferentes aspectos do Seu ser.
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Estes nomes não são fruto de invenção humana, mas
dados por Deus mesmo.

1. Os Nomes de Deus no Antigo Testamento.


Alguns dos nomes no Antigo Testamento denotam que
unicamente Deus é Alto e Exaltado. ‘El e ‘Elohim indicam
que Ele é forte e poderoso e deve ser, portanto, temido. Já
‘Elyon indica Sua natureza exaltada como o Altíssimo,
como objeto de adoração e reverência. Outro nome
pertencente a esta classe é ‘Adonai, frequentemente
traduzido como “Senhor”, o Dono e Governador de todos
os seres humanos. Outros nomes expressam o fato que
Deus estabelece relações de amizade com suas criaturas.
Um destes, comum entre os patriarcas, era o nome
Shaddai ou ‘El Shaddai, que, sem dúvida, enfatiza a
grandeza divina, porém como fonte de conforto e bênção
para o seu povo. Este nome mostra que Deus controla os
poderes da natureza e os faz servir aos seus propósitos. O
principal nome de Deus, contudo, é Jeová (Yahweh),
considerado perpetuamente sagrado pelos judeus, cuja
origem e significado aparecem em Ex. 3:14, 15,

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expressando o fato de que Deus é sempre o mesmo, e,
especialmente, que Ele é imutável no seu relacionamento
através da aliança, sendo sempre fiel no cumprimento de
suas promessas. Este nome frequentemente asssume a
sua forma mais completa, “Senhor dos Exércitos”. Isto
nos dá a idéia de Jeová como o Rei da Glória cercado pelas
legiões angélicas.

2. Os Nomes de Deus no Novo Testamento. O


nomes no Novo Testamento são simplesmente as formas
gregas daqueles achados no Antigo Testamento. Os
seguintes merecem atenção particular:

a. O nome Theos. Este é simplesmente a palavra ‘Deus’, e


é o nome mais comum empregado no Novo Testamento.
Frequentemente se encontra com um genitivo possessivo
como ‘meu Deus’, ‘teu Deus’, ‘nosso Deus’. Em Cristo,
Deus é o Deus de cada um dos seus filhos. A forma
individual assume o lugar da forma nacional, ‘o Deus de
Israel’, tão comum no Antigo Testamento.

33
b. O nome Kurios. Esta é a palavra para ‘Senhor’, um
nome que é utilizado não somente para Deus mas
tambem para Cristo, tomando o lugar de ambos ‘Adonai’
e ‘Jeová’, ainda que seu sginficado corresponda mais
específicamente àquele de ‘Adonai’, designando Deus
como o Dono e Governador de todas as coisas,
especialmente de seu povo.

c. O nome Pater. Frequentemente se diz que o Novo


Testamento o introduziu como um novo nome. Porém,
isso é dificilmente verdade, porque o nome ‘Pai’ é também
encontrado no Antigo Testamento, Dt. 32:6; Is. 63:16. No
Novo Testamento é mais individual, naquilo em que
aponta para Deus como o Pai de todos os crentes, algumas
vezes designando Deus como o criador de tudo, I Co. 8:6;
Ef. 3:14; Hb. 12:9; Tg 1:17, e, outras vezes, a primeira
Pessoa da Trindade como o Pai de Cristo, Jo. 14:11; 17:1.

34
Capítulo VI

Os Atributos de Deus

Deus revela-se a si mesmo não somente através dos Seus


nomes, mas também nos Seus atribuos, isto é, através das
perfeições do Ser divino. É costume se distinguir entre
atributos comunicáveis e incomunicavéis. Dos primeiros,
nenhum sinal se encontra deles na criatura; dos últimos,
os encontramos.

1. Os Atributos Incomunicáveis. Estes, enfatizam a


absoluta distinção entre Deus e a criatura, incluindo o
seguinte:

35
a. A independência e auto-existência de Deus. Isto
significa que Deus tem a razão de sua existência em Si
mesmo, e, diferentmente que seres humanos, não
depende de coisa alguma fora de Si mesmo. Ele é
independente em Seu ser, Suas virtudes e ações, e faz com
que todas Suas criaturas dependam dele. A idéia esta
imbutida no nome Jeová e se expressa nas seguintes
passagens: Sl. 33:11; 115:3; Is. 40:18 ss.; Dn. 4:35; Jo.
5:26; Rm 11:33-36; Acts 17:25; Ap. 4:11.

b. A imutabilidade de Deus. As Escrituras ensinam que


Deus é imutável. Ele é para sempre o mesmo em Seu ser
divino e pefeições, e também nos seus propósitos e
promessas, Nm 23:19; Sl. 33:11; 102:27; Ml. 3:6; Hb. 6:17;
Tg. 1:17. Isto não significa, contudo, que não há
movimento em Deus. A Bíblia se refere a Ele como indo e
vindo, escondendo-se e se revelando . Também dEle se diz
que se arrepende, mas isto, evidentemente, é apenas uma
maneira humana de se falar a respeito de Deus, Ex. 32:14;
Jn 3:10, pois, na verdade, mostra uma mudança nos seres
humanos em relação a Deus.

36
c. A infinitude de Deus. Isto significa que Deus não está
sujeito a limitações. Podemos falar de sua infinitude em
mais de um sentido. Visto em relação ao Seu Ser, ela pode
ser chamada de a sua absoluta perfeição. Ele é ilimitado
no Seu cohecimento e sabedoria, Sua bondade e amor, em
Sua justiça e santidade, Jó 11:7-10; Sl 145:3. Visto em
relação ao tempo, este atributo é chamado Sua eternidade.
Ainda que isto é comumente representado nas Escrituras
como duração sem fim, Sl. 90:2; 102:12, o que realmente
signfica é que Ele está acima do tempo, e, portanto, não-
sujeito às suas limitações. Para Ele, existe somente um
eterno presente, com nenhum passado ou futuro. Visto
com referência ao espaço, a infinitude de Deus é chamada
de Sua imensitude. Ele está presente em todo lugar, habita
com todas as suas criaturas, enche cada ponto no espaço,
mas não está, de maneira nenhuma, aprisionado pelo
espaço , I Rs 8:27; Sl. 139:7-10; Is. 66;1; Jr. 23:23, 24; At
17:27, 28.

d. A simplicidade de Deus. Atribuindo simplicidade a


Deus queremos dizer que Ele não é composto de várias

37
partes, tais quais como um corpo e alma no ser humano,
e, por isto mesmo, não está sujeito a divisão. As três
pessoas da Divindade não são as várias partes de que a
essência divina é composta. Todo o ser de Deus pertence a
cada uma das Pessoas. Portanto, podemos também dizer
que Deus e Seus atributos são um, e que ele é vida, luz,
amor, justiça, verdade, e assim por diante.

2. Os Atributos Comunicavéis. Estes são atributos


dos quais econtramos alguma semelhança nos seres
humanos. Devemos ter em mente, contudo, que aquilo
que vemos nos seres humanos é somente uma finita
(limitada) e impefeita semelhança do que é infinito
(ilimitado) e perfeito em Deus. Aqui temos:

a. O Conhecimento de Deus. Esta é aquela perfeição de


Deus pela qual Ele, em uma maneira toda Sua, conhece a
Si mesmo e todas as coisas possíveis e reais. Deus tem
esse conhecimento em Si mesmo, e não o obtém fora. É
sempre completo e sempre presente em Sua mente. E,
porque é todo compreensivo, é chamado onisciência. Ele
conhece todas as coisas: passado, presente e futuro e não
38
somente as coisas que possui existência real, mas também
aquelas que são meramente possíveis. I Rs 8:29; Sl. 139:1-
16; Is. 46:10; Ez. 11:5; At. 15:18; Jo. 21:17; Hb. 4:13.

b. A sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus é um aspecto


do Seu conhecimento. E’ a virtude de Deus que se
manifesta a si mesma na seleção de fins dignos e na
escolha dos melhores meios para a reazlização desses fins.
O fim último para qual Ele faz todas as coisas
subservientes é a a Sua própria glória. Rm. 11:33; I Co.
2:7; Ef. 1:6, 12, 14; Cl. 1:16.

c. A bondade de Deus. Deus é good; isto é, perfeitamente


santo em mesmo. Mas não é a bondade humana que nós
temos em mente aqui. Com isto nos referimos à bondade
divina que revela a si mesma em realizando bem aos
outros. E’ essa perfeição que O dispõe a se relacionar
amorosamente e livremente com todas as suas criaturas.
A Bíblia repetidamente se refere a ela: Sl. 36:6; 104:21;
145:8, 9, 16; Mt. 5:45; At14:17.

39
d. O amor de Deus. Frequentemente é chamado de o
atributo central de Deus; porém, é duvidoso que se posssa
considerá-lo mais central do que outras perfeições de
Deus. É’ devido ao amor que Deus se deleita em suas
próprias perfeições e nos seres humanos como reflexo de
Sua image. Este atributo pode ser considerado de vários
pontos-de-vista. O imerecido amor de Deus que se revela
a si mesmo através de perdoar pecados é chamado Sua
graça. Ef. 1:6, 7; 2:7-9; Tt. 2:11. E, quando este amor
suporta o pecador que não acolhe as instruções e
admoestações de Deus, é chamado de Sua longanimidade
ou paciência.

e. A Santidade de Deus. A santidade de Deus é, em


primeiro lugar, aquela perfeição divina pela qual Ele é
absolutamente distinto de todas as Suas criaturas e
exaltado acima delas em majestade infinita. Ex. 15:11; Is.
57:15. Mas, em segundo lugar, denota que Ele é livre de
toda impureza moral ou pecado , sendo, portando,
moralmente perfeito. Na presença do Deus Santo o ser

40
humano é profundamente consciente de seu pecado, Jó
34:10; Is. 6:5; Hb. 1:13.

f. A Justiça de Deus. A justiça de Deus é aquela perfeição


pela qual Ele mantém a Si mesmo como Único Santo
acima e contra qualquer violação da Sua Santidade.
Devido a isto, Ele mantém um governo moral do mundo e
impõe uma lei justa sobre os seres humanos,
recompensando obediência e punindo desobediência, Sl.
99:4; Is. 33:22; Rm, 1:32. A justiça de Deus que se
manifesta no seu galardoar é chamada Sua justiça
remunerativa; e aquela que se revela em administrar
punição é conhecida como a sua justiça retributiva. A
primeira é, de fato, uma expressão do Seu amor; a
segunda, da Sua ira.

g. A veracidade de Deus. Esta é a perfeição de Deus em


virtude da qual Ele é verdadeiro em Seu ser, em Sua
revelação, e em Sua relação com o seu povo. Ele é o
verdadeiro Deus, em contraste aos ídolos, conhece todas
as coisas como elas realmente são e é fiel no cumprimento
de Suas promessas. Desde o último ponto-de-vista este
41
atributo é também chamado de a fidelidade de Deus. Nm.
23:19; I Co. 1:9; II Tm. 2:13; Hb. 10:23.

h. A soberania de Deus. Esta pode ser considerada desde


dois diferentes pontos-de-vista, isto é, Sua soberana
vontade e Seu soberano poder. A vontade de Deus é
representada nas Escrituras como a causa última de todas
as coisas, Ef. 4:11; Ap. 4:11. Com base em Dt 29:29 é
costume disinguir-se entre a secreta e a revelada vontade
de Deus. A primeira é a vontade do decreto de Deus, que
está oculta em Deus e pode ser conhecida somente pelos
seus efeitos. A segunda é a vontade do seu preceito, que é
revelada na lei e no evangelho. A vontade de Deus
concernente às suas criaturas é completamente livre, Jó
11:10; 33:13; Sl. 115:3; Pv. 21:1; Mt. 20:15; Rm. 9:15-18;
Ap. 4:11. As obras pecaminosas do ser humano também
estão debaixo do Sua soberana vontade, Gn. 50:20; At
2:23. O poder para executar sua vontade é chamada de
Sua onipotência. Que Deus é onipotente não significa que
Ele possa fazer qualquer coisa. A Bíblia ensina que existe
algumas coisas que Deus não pode fazer. Ele não pode

42
mentir, negar a si mesmo, Nm. 23:19; I Sm. 15:29; II Tm.
2:13; Hb. 6:18; Tg. 1:13, 17. Isto significa que ele pode, pelo
mero exercício de Sua vontade, fazer acontecer qualquer
coisa que Ele decida realizar, e que, se Ele assim o
desejasse, poderia fazer ainda mais do que isto, Gen.
18:14; Jer. 32:27; Zech. 8:6; Matt. 3:9; 26:53.

43
Capítulo VII

A Trindade

1. A Afirmação da Doutrina. A Bíblia ensina que,


Enquanto Deus existe em três pesoas, chamadas de Pai,
Filho e Santo Espírito, estas não são três pessoas no
sentido ordinário da palavra; elas não são três indivíduos,
mas, antes, tres modos ou formas na qual o divino Ser
existe. Ao mesmo tempo elas são de tal natureza que
podem ter relacionamento pessoal. O Pai pode falar ao
Filho e vice-versa e ambos podem enviar o Espírito. O
verdadeiro mistério da Trindade consiste nisto, em que
cada uma das Pessoas possui a totalidade da essência
divina e que esta não tem existência fora ou separada das
44
Pessoas. As três não são subordinadas uma à outra,
quanto ao ser, ainda que possa ser dito que em ordem de
existência o Pai é primeiro, o Filho segundo, e o Santo
Espírito terceiro, uma ordem que também se reflete na
obra específica de cada um.

2. Prova Escriturística da Trindade. O Antigo


Testamento contém algumas indicações de mais de uma
Pessoa em Deus. Deus fala de si mesmo no plural, Gn
1:26; 11:7; o Anjo de Jeová é representado como uma
Pessoa divina, Gn 16:7-13; 18:1-21; 19:1-22; e se fala do
Espírito como uma Pessoa distinta, Is. 48:16; 63:10.
Ademais, existem algumas passagens nas quais o Messias
está falando e menciona as outras Pessoas, Is. 48:16; 61:6;
63:9, 10.

Devido ao progresso da revelação, o Novo Testamento


contém provas mais claras. A prova mais clara se
encontra nos fatos da redenção. O Pai envia o Filho ao
mundo, e o Filho envia o Espírito Santo. Além disso,
existem várias passagens em que as três Pessoas são
expressamente mencionadas, tais como na Grande
45
Comissão, Mt 28:29, na bênção apostólica, II Co. 13:13.
Cf. também Lc 3:21, 22; 1:35; I Co. 12:4-6; I Pe. 1:2.

Esta doutrina foi negada pelos Socianistas nos dias da


Reforma e é rejeitada também pelos Unitarianistas e
Modernistas de nossos dias. Se é o caso de eles falarem da
Trindade, a representam como consistindo do Pai, o
homem Jesus e a influência divina que é chamada o
Espírito de Deus.

3. O Pai. Nas Escrituras, o nome ‘Pai’ é frequentemente


aplicado ao Deus triuno, como criador de todas as coisas, I
Co. 8:6; Hb. 12:9; Tg. 1:17; como o Pai de Israel, Dt. 32:6;
Is. 63:16; e como o Pai dos crentes, Mt. 5:45; 6:6, 9, 14;
Rom. 8:15. Em um sentido mais profundo, contudo, é
aplicado à Primeira Pessoa da Trindade para expressar
Sua relação com a Segunda Pessoa, John 1:14, 18; 8:54;
14:12, 13. Esta é a Paternidade original, da qual a
paternidade terrena é apenas um reflexo. A característica
distintiva do Pai é que Ele gera o Filho desde toda a toda
eternidade. As obras específicamente atribuídas a Ele são
aquelas de planejar a obra da redenção, criação e
46
providência e representar a Trindade no Conselho de
Redenção.

4. O Filho. A segunda pessoa na Trindade é chamada


‘Filho’ ou ‘Filho de Deus’. Ele recebe este nome, contudo,
não somente como o unigênito do Pai, Jo 1:14, 18; 3:16,
18; Gl. 4:4, mas, também como o escolhido Messias de
Deus, Mt. 8:29; 26:63; Jo 1:49; 11:27, e, em virtude do seu
nascimento special através da operação especial do Santo
Espírito, Lc 1:32, 35. Como a Segunda Pessoa da
Trindade, sua característica especial é que Ele é
eternamente gerado do Pai, Sl. 2:7; At 13:33; Hb. 1:5. Por
meio da eterna geração, o Pai é a causa da existência
pessoal do Filho dentro do Divino Ser. Os trabalhos
específicamente atribuídos a Ele são as obras da
mediação. Ele mediou a obra da criação, Jo 1:3, 10; Hb.
1:2, 3, e media a obra da criação, Ef 1Ç3-14.

5. O Santo Espírito. Ainda que os Socianistas,


Unitarianistas e os Modernistas de hoje falem do Santo
Espírito meramente como um poder ou uma influência de
Deus, Ele claramente se mostra nas páginas da Bíblia
47
como uma Pessoa, Jo 14:16, 17, 26; 15:26; 16:1-15; Rm.
8:26. Ele tem inteligência, Jo. 14:26, sentimento, Is 68:10;
Ef. 4:30, e vontade, At 16:7; I Co 12:11. As Escrituras
representam-No como falando, investigando,
testemunhando, ordenando, revelando, atuando, e
fazendo intercessão. Ademais, Ele é claramente distinto
de Seu próprio poder em Lc 1:35; 4:14; At 10:38; I Co. 2:4.
Sua principal característica é que Ele procede do Pai e do
Filho por inspiração, Jo 15:26; 16:7; Rm. 8:9; Gl. 4:6. Em
geral, se pode dizer que sua tarefa é trazer tudo à sua
completude, tanto na criação como na redenção, Gn. 1:3;
Jó 26:13; Lc 1:35; John 3:34; I Co. 12:4-11; Ef. 2:22.

48
Capítulo VIII

Os Decretos Divinos

1. Os Decretos Divinos em Geral. O decreto de Deus


é Seu eterno plano ou propósito no qual ele pre-ordenou
todas as coisas que acontecem. Desde que inclui muitos
aspectos, frequentemente nos referimos aos decretos
divinos, no plural, ainda que, na realidade, exista somente
um único decreto. Abrange todas as obras de Deus na
criação e redenção, como também inclui as ações dos
seres humanos, não se excluindo as suas obras
pecaminosas. Mas, ainda que determinou a entrada do
pecado no mundo como certa, não faz Deus responsável

49
pelas nossas obras pecaminosas. Com respeito ao pecado,
seu decreto é um decreto permissivo.

a. Características do decreto. O decreto de Deus é


alicerçado em sabedoria, Ef 3:9-11, ainda que não sempre
o entendamos. Formado nas profundezas da eternidade, é
portanto, eterno, no mais estrito sentido da palavra, Ef
3:11. É, tambem, efetivo, de tal sorte que tudo que nele
esta incluido certamente vem a acontecer, Is. 46:10. Uma
vez Deus é fiel e verdadeiro, o seu plano é, também,
imutável, Jó 28:13, 14; Is. 46:10; Lc 22:22. É
incondicional, isto é, sua execução não depende de
qualquer ação humana, mas estabelece tal ação como
certa, At 2:23; Ef 2:8. Além disso, é todo-inclusivo,
abrangendo as boas e más ações dos seres humanos, Ef
2:10; At 2:28, acontecimentos contigentes, Gn 50:20, a
duração da vida dos seres humanos, Jó 14:5; Sl 39:4, e o
lugar de sua moradia, At 17:26. Concernente ao pecado,
Seu decreto é permissivo.

b. Objeções à doutrina dos decretos. Muitos não


acreditam na doutrina dos decretos e levantam três
50
objeções em particular. (1) É inconsistente com a
liberdade moral dos seres humanos. Porém, a Bíblia
claramente ensina não somente que Deus tem decretado
as ações livres dos seres humanos, como também que,
mesmo assim, seres humanos são livres e responsáveis
por seus atos, Gn. 50:19, 20; At 2:23; 4:27-29. Mesmo que
sejamos incapazes de harmonizar estes dois fatos, é
evidente, nas Escrituras, que um não cancela o outro. (2)
Faz com as pessoas se tornem indolentes em buscar a
salvação. Sentem que, se Deus tem determinado se vão
ser salvos ou não, não faz diferença o que possam fazer.
Porém, isto dificilmente é verdade porque nenhum ser
humano sabe o que Deus tem decetado a respeito dele.
Ademais, Deus decretou não somente o destino último
dos seres humanos, como também os meios pelo qual será
realizado. E, visto que o fim é decretado somente como
resultado dos meios designados, isto encoraja, antes que
desencoraja o uso deles. (3) Faz Deus o autor do pecado.
Contudo, seja dito que o decreto meramente faz Deus o
autor de seres moralmente livres, os quais são, eles
mesmos, os autores do pecado. O pecado é feito certo pelo
51
decreto, mas Deus mesmo não o produz por sua ação
direta. Ao mesmo tempo, é necessário se admitir que o
problema da relação de Deus com o pecado persiste como
um mistério que nós não podemos completamente
resolver.

2. Predestinação. Predestinação é o plano ou propósito


de Deus com respeito suas criaturas morais. Diz respeito
aos seres humanos, bons e maus, aos anjos e demônios, e
a Cristo como o Mediador. Predestinação inclui duas
partes: eleição e reprovação.

a. Eleição. A Bíblia se refere à eleição em mais de um


sentido, como (1) a eleição de Israel como o povo de Deus
no Antigo Tesamento, Dt 37; 7:6-8; 10:15; Os. 13:5; (2) a
eleição de pessoas para alguma ocasião especial ou
serviço, Dt. 18:5; I Sm. 10:24; Sl. 78:70; e (3) a eleição de
indivíduos para a salvação, Mt. 22:14; Rm. 11:6; Ef. 1:4.
Esta última é a eleição à qual nos referiremos aqui. Pode
ser definida como o propósito de Deus em salvar alguns
da raça human em e por Jesus Cristo.

52
b. Reprovação. A doutrina da eleição naturalmente
implica que Deus não planejou salvar todos. Se Ele
propôs salvar alguns, naturalmente também propôs não
salvar outros. Isto está em harmonia com os ensinos das
Escrituras, Mt. 11:25, 26; Rm. 9:13, 17, 18, 21, 22; 11:7, 8;
II Pt. 2:9; Jd 4. Reprovação pode ser definida como o
propósito eterno de Deus em não contemplar alguns seres
humanos com a operação de sua graça especial, e puní-los
por seus pecados. Na verdade, isto incorpora um
proposíto duplo: (1) não contemplar alguns com a
concessão de sua graça salvadora; e (2) puni-los por seus
pecados.

É dito, algumas vezes, que a doutrina da predestinanção


expõe Deus à acusação de injustiça. Porém, isto é
dificilmente verdade. Podemos falar de injustiça somente
se seres humanos tivessem algum direito com Deus, e
Deus lhes devesse a salvação eterna. Entretanto, a
situação é inteiramente diferente se todos os seres
humanos desprezaram as bênçãos de Deus, como de fato
o fizeram. Ninguém tem o direito de chamar Deus à

53
responsabilidade por eleger alguns e rejeitar outros. Ele
teria sido perfeitamente justo se não tivesse salvo a
ninguém, Mt. 20:14, 15; Rm. 9:14, 15.

54
Capítulo IX

Criação

A discussão dos decretos naturalmente procede ao estudo


da execução dos mesmos, que começa com a obra da
criação. Este é o começo e a base de toda a revelação, bem
como o fundamento de toda vida religiosa.

1. Criação em Geral. A palavra criação não é sempre


utilizada com o mesmo sentido na Bíblia. No sentido
estrito da palavra signfica aquela obra de Deus pela qual
Ele fêz o mundo e tudo que há nele, parcialmente sem o
uso de materiais pré-existentes, e parcialmente de
material que é, por natureza, impróprio para a

55
manifestação de Sua glória. É representada como uma
obra do Deus triúno, Gn. 1:2; Jó 26:13; 38:4; Sl. 33:6; Is.
40:12, 13; Jo 1:3; I Cor. 8:6; Cl. 1:15-17. Contra o
Panteísmo devemos manter que foi uma ação livre de
Deus. Ele não necessitava o mundo. Ef. 1:11; Ap. 4:11. E,
contra o Deísmo, afirmar que Ele criou o mundo para que
este permanecesse sempre dependente dEle. Ele o
sustenta dia-a-dia, At 17:28; Hb. 1:3.

a. O tempo da criação. A Bíblia nos ensina que Deus criou


o mundo “no começo”, isto é, no começo de todas as
coisas temporais. Antes desse começo está uma
eternidade atemporal. A primeira parte da criação
mencionada em Gn 1:1 foi a criação estritamente do nada
ou sem o uso de qualquer material pré-existente. A
expressão “criação do nada” não se encontra na Bíblia,
mas sim em um dos livros apócrifos,II Macabeus 7:28.
Contudo, a idéia é claramente ensinada em passagens tais
quais Gn. 1:1; Sl. 33:9; 148:5; Rm. 4:7; Hb. 11:3.

b. O propósito último da criação. Alguns encontram o fim


último da criação na felicidade do ser humano. Dizem
56
que Deus não poderia fazer a Si mesmo o fim último
porque Ele é suficiente em si mesmo. Porém, parece ser
auto-evidente que Deus não existe para o ser humano,
mas este para Deus. A criatura não pode ser o fim último
da criação. A Bíblia nos ensina claramente que Deus criou
o mundo para a manifestação de Sua glória.
Naturalmente, a revelação da glória de Deus não é um
show inócuo, para ser admirado pela criatura, mas
também objetiva a promoção de seu bem estar e a
condução de seus corações para o louvor do Criador. Is.
43:7; 60:21; 61:3; Ez. 36:21, 22; 39:7; Lc 2:14; Rm. 9:17;
11:36; I Co. 15:28; Ef. 1:5, 6, 12, 14; 8:9, 10; Cl. 1:16.

c. Substitutivos para a doutrina da criação. Os que


rejeitam a doutrina da criação recorrem a uma de três
teorias para a explicação do mundo. (1) Alguns dizem que
a matéria original é eterna, e a partir dela surgiu o mundo,
seja por mero acaso, seja por alguma força diretiva
superior. Porém, isto é impossível, porque você não pode
ter dois eternos e, portanto, dois infinitos um ao lado do
outro. (2) Outros sustentam que Deus e o mundo são

57
essenciamente um, e que o mundo é um fenômeno
(fluído) do ser divino. Entretanto, esta visão rouba de
Deus seu poder de auto-determinação , e o ser humano de
sua liberdade e de seu caráter moral e responsável. Isto
também faz Deus responsável por todo mal que existe no
mundo. (3) Ainda outros se refugiam na teoria da
evolução. Porém, esta é claramente um erro, desde que
evolução não oferece nenhuma explicação do mundo. Ela
já pressupõe alguma coisa que evolui.

2. O Mundo Espiritual. Deus criou não somente o


mundo material, mas também o espiritual, constituido de
anjos.

a. Prova da existência dos anjos. A moderna teologia


liberal tem abertamente descartado a crença em tais seres
espirituais. A Bíblia, contudo, de ponta-a-ponta assume a
existência deles e lhes atribui real personalidade, II Sm.
14:20; Mt. 24:36; Jd 6; Ap. 14:10. Alguns atribui-lhes
corpos impalpáveis, mas isto é contrário às Escrituras.
Eles são seres puramente espirituais (ainda que algumas
vezes asssumindo formas corpóreas), Ef. 6:12; Hb. 1:14,
58
desprovidos de carne e ossos, Lc 24:39, e portanto
invisíveis, Cl 1:16. Alguns deles são bons, santos e eleitos,
Mk 8:38; Lc 9:26; II Co. 11:14; I Tm. 5:21; Ap. 14:10, e
outros caíram do seu estado original, e são, portanto, evil,
Jo 8:44; II Pe. 2:4; Jd 6.

b. Classificação dos Anjos. Existem, evidentemente


diferentes categorias de anjos. A Bíblia se refere a
querubim, que revela o poder, majestade e glória de Deus,
e guarda Sua santidade no jardim do Eden, no
tabernáculo e no templo, e na vinda de Deus à terra. Gn.
3:24; Ex. 25:18; II Sm. 22:11; Sl. 18:10; 80:1; 99:1; Is.
37:16. Eles se postam como servos em volta do trono do
Rei celestial, entoam seus louvores, e estão sempre
prontos a cumprirem Suas ordens. Eles atuam em prol da
reconciliação e preparam seres humanos acerca da
adequada atitude para com Deus.

Dois anjos são mencionados pelo nome. O primeiro destes


é Gabriel, Dn. 8:16; 9:21; Lc 1:19, 26. Evidentemente sua
atividade especial era entregar e interpretar revelações
divinas aos seres humanos. O segundo é Miguel, Dn.
59
10:13, 21; Jd 9; Ap. 12:7. Na epístola de Judas ele é
chamado de arcanjo. Ele é o valoroso guerreiro envolvido
nas batalhas de Jeová contra os inimigos de Deus e contra
os poderes do mal no mundo espiritual. Além destes, a
Bíblia menciona, em termos gerais, principados, poderes,
tronos, domínios, Ef. 1:21; 3:10; Cl. 1:16; 2:10; I Pe. 3:22.
Estes nomes indicam diferenças de hierarquia e dignidade
entre os anjos.

c. O Trabalho dos Anjos. Os anjos são representados


continuamente louvando a Deus, Sl. 103:20; Is. 6; Ap.
5:11. A partir da entrada do pecado no mundo eles servem
aqueles que herdam a salvação, Hb 1:14, rejubilam com a
conversão dos pecadores, Lc 15:10, guardam os crentes,
Sl. 3:7; 91:11, protegem as crianças, Mt 18:10, estão
presentes na Igreja, I Co. 11:10; Ef. 3:10; I Tm. 5:21, e
levam os crentes ao seio de Abrãao, Lc 16:22.
Frequentemente são portadores de revelações especiais de
Deus, Dan. 9:21-23; Zech. 1:12-14, transmitem bençãos ao
Seu povo, Sl. 91:11, 12; Is. 63:9; Dn. 6:22; At 5:19, e

60
executam juízos aos Seus inimigos, Gen. 19:1, 13; II Kings
19:85; Matt. 18:41.

d. Anjos Maus. Além dos bons, existem também os anjos


maus, que se deleitam em opor-se a Deus e destruir Sua
obra. Eles foram bons, mas não retiveram sua posição
original, II Pet. 2:4; Jude 6. Seu específico pecado não é
revelado, mas provavelmente se revoltaram contra Deus e
aspiraram obter a autoridade divina, cf. II Ts. 2:4, 9.
Satanás que era, evidentemente um dos príncipes entre os
anjos, se tornou reconhecidamente o cabeça daqueles que
caíram, Mt. 26:41; 9:34; Ef. 2:2. Com poder super-
humano ele e suas hostes procuram destruir o trabalho de
Deus. Tentam cegar e desviar mesmo os eleitos, e
encorajam o pecador no seu mau caminho.

3. O Mundo Material. Em Gn 1:1 temos o registro da


criação original do céu e da terra. O restante do capítulo é
devotado ao que é frequentemente chamado de criação
secundária, a finalização do mundo em seis dias.

61
Os dias da criação. A questão é frequentemente debatida,
se os dias da criação eram dias comuns ou não.
Geologistas e evolucionistas se referem a eles como longos
períodos de tempo. A palavra “dia” nem sempre denota
um período de vinte-e-quatro horas nas Escrituras. Cf. Gn
1:5; 2:4; Sl. 50:16; Ec. 7:14; Zc. 4:10. Não obstante, a
interpretação literal da palavra “dia” na narrative da
criação é favorecida pelas seguintes considerações:

(1) A palavra hebraica yom (day) primariamente denota


um dia comum, e deve ser entendida assim, a menos que
o contexto exija outra interpretação.

(2) A repetida menção da manhã e noite favorece esta


interpretação.

(3) Evidentemente foi um dia comum que Jeová pôs à


parte e santificou como o dia de descanso.

(4) Em Ex. 20:9-11, Israel é ordenado trabalhar seis dias e


descansar no sétimo, porque Jeová fez o céu e a terra em
seis dias e descansou no sétimo dia.

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(5) Os últimos três dias certamente foram dias comuns,
uma vez que foram determinados pela relaçao da terra
com o sol. E se estes foram dias comuns, por que não os
outros?

b. O trabalho de seis dias. No primeiro dia foi criada a luz,


e pela separação da luz e trevas, dia e noite foram
constituidos. Isto não conflita coma idéia de que sol, lua e
estrelas foram criadas no quarto dia, porque estes não são
em si mesmo luzes, mas portadores de luz. O trabalho do
segundo dia foi também um ato de separação, a separação
das águas de acima das águas de abaixo pelo
estabelecimento do firmamento. No terceiro dia o
trabalho de separação continua com a separação do mar e
da terra seca. Além disso, o reino vegetal com plantas e
árvores foi estabelecido. Pela palavra do Seu poder Deus
fez a terra produzir plantas, vegetais e árvores frutíferas,
cada um produzindo fruto segundo sua espécie. O quarto
dia trouxe a criação do sol, lua e as estrelas para servir a
uma varieadade de propósitos: separar dia e noite, servir
como sinais da condição do tempo, determinar a sucessão

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de estações , dias e anos, e para funcionar como luzeiros
da terra. O trabalho do sexto dia consistiu da criação dos
pássaros e peixes, os habitantes do ar e das águas.
Finalmente, o sexto dia é marcado pelo ápice da obra da
criação. A mais alta classe de animais terrestres foi criada,
e todo o trabalho foi coroado com a criação do ser
humano à imagem de Deus, cujo corpo foi criado a partir
do pó da terra e alma foi uma imediata criação de Deus.
No sétimo dia Deus descansou da sua obra creativa e
contemplou o seu trabalho.

c. A teoria da evolução. Evolucionistas querem colocar


sua visão da origem das coisas em lugar da doutrina das
Escrituras. Eles creêm que das formas mais simples da
matéria e vida vieram todas as espécies existentes de
plantas e animais (incluindo o ser humano), além das
várias manifestações de vida tais quais inteligência,
moralidade e religião, que se desenvolveram por um
processo perfeitamente natural, puramente como o
resultado de forças naturais. Contudo, isto é meramente
uma suposição, e que falha em vários pontos. Ademais,

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está em um desperado conflito com a narrativa da criação,
como encontrada na Bíblia.

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Capítulo X

Providência

Desde que Deus não somente criou o mundo, mas


também o mantém, podemos naturalmente passar da
doutrina da criação àquela da providência divina. Esta
pode ser definida como aquela obra de Deus na qual ele
preserva todas Suas criaturas, é ativo em tudo que
acontece no mundo, e dirige todas as coisas para seus
ultimos desígnios. Isto inclui três elementos, dos quais o
primeiro pertence primariamente ao ser, o segundo à
atividade e o terceiro ao propósito de todas as coisas.

1. Aspectos da Providência Divina. Distinguimos


três aspectos:

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a. Preservação divina. É aquela contínua obra de Deus
pela qual Ele sustenta todas as coisas. Mesmo tendo o
mundo uma existência distinta, e não é uma parte de
Deus, ele tem, não obstante, a razão de sua contínua
existência em Deus -- não em si mesmo. Ele persiste
através de um contínuo exercício do poder divino pelo
qual todas as coisas são mantidas tanto no ser e ação. Esta
doutrina é ensinada nas seguintes passagens: Sl. 136:25;
145:15; Ne. 9:6; At 17:28; Cl. 1:17; Hb. 1:3.

b. Concorrência divina. Esta pode ser definida como


aquela obra de Deus pela qual Ele opera em todas as Suas
criaturas e faz com que ajam precisamente da maneira
como agem. Isto implica que existem no mundo causas
secundárias reais, como os poderes da natureza e a
vontade de seres humanos, revelando que estes não
atuam independentemente de Deus. Deus opera em cada
ato de Suas criaturas, não somente nas suas boas obras,
mas como também nas más. É ele quem os estimula à
ação, monitora suas ações a cada momento, e faz esta ação
efetiva. Contudo, não devemos nunca pensar que Deus e o

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ser humano são causas iguais; a primeira é a primária, a
última é apenas a causa secundária. Nem devemos
imaginá-los como cada um realizando uma parte do
trabalho, como um par de cavalos. A mesma obra é, em
sua totalidade, tanto uma obra de Deus como uma obra
do ser humano. Além disso, devemos nos guardar contra a
idéia de que esta cooperação faz Deus responsável pelas
obras pecaminosas dos seres humanos. Esta doutrina é
fundamentada nas Escrituras: Dt. 8:18; Sl. 104:20, 21, 30;
Am 3:6; Mat. 6:45; 10:29; At 14:17; Fm. 2:13.

c. Governo Divino. É a contínua atividade de Deus na qual


Ele governa todas as coisas de tal modo que cumpram o
propósito de sua existência. Deus é representado como o
Rei do universo, tanto no Antigo e Novo Testamentos. Ele
adapta seu governo à natureza das criaturas que controla;
Seu governo do mundo físico difere daquele do mundo
espiritual. É universal, Sl. 103:19; Dn, 4:34, 35, inclui as
coisas mais insignificantes, Mt 10:29-31, aquilo que
aparentemente é acidental, Pv 16:33, e está presente tanto

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nas boas como nas más obras dos seres humanos, Fp.
2:18; Gn. 50:20; At 14:16.

2. Concepções Errôneas sobre a Providência


Divina. Na doutrina da providência nos devemos
guardar contra duas concepções errôneas:

a. A concepção Deísta. Esta refere-se a que o interesse de


Deus no mundo é de natureza ampa e geral. Ele criou o
mundo, estabeleceu suas leis, o pôs em movimento, e
então se retirou dele. Ele deu-lhe corda, como a um
relógio e o deixa correr. Somente quando algo errad0
ocorre é que Ele interfere em sua operação normal. Deus é
apenas um Deus distante.

b. A concepção Panteísta. Panteísmo não vê distinção


entre Deus e o mundo; mescla os dois, e, portanto, não há
lugar para providência no sentido próprio da palavra –
não exsitem, estritamente falando, tais coisas como causas
secundárias. Deus é o autor direto de tudo que acontece
no mundo. Mesmo os atos que se atribui a seres humanos

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são, na verdade, atos de Deus. Deus é um Deus que
somente está perto, não um Deus de longe.

3. Providência Extraordinária ou Milagres.


Distinguimos entre as providência geral e especial, sendo
que na última milagres ocupam um lugar importante. Um
milagre é uma obra sobrenatural de Deus, isto é, uma
obra que é realizada sem a mediação de causas
secundárias. Se Deus às vezes aparentemente utiliza
causas secundárias na realização de milagres, Ele as
emprega de uma maneira incomum, assim que a obra é,
no final, inteiramente sobrenatural. Alguns consideram
milagres como impossíveis, porque envolvem uma
violação das leis da natureza. Mas isto é um erro. As
assim-chamadas leis da natureza meramente representam
o maneira normal de Deus operar. E o fato de que Deus
geralmente trabalha segundo uma ordem em particular,
não significa que Ele não possa afastar-se dessa ordem, ou
que não possa, sem violar ou perturbar essa mesma
ordem, produzir resultados incomuns. Até mesmo um ser
humano é capaz de levantar sua mao e atirar uma pedra

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ao ar -- a despeito da lei da gravidade -- sem de nenhuma
maneira perturbar sua operação. Certamente, o mesmo
não é impossível ao Deus onipotente. Os milagres da
Bíblia são meios de revelação. Nm. 16:28; Jer. 32:20; Jo
2:11; 5:36.

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