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RESENHA

Wagner Luis Monteiro Felix

WOLTERS, Albert M. A Criação Restaurada: base bíblica para uma


cosmovisão reformada. Trad. Denise Pereira Ribeiro Meister. 1 ed. São Paulo: Cultura
Cristã, 2006. 127 p. Original: Creation regained. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans
Publishing, 1985.

Albert Marten Wolters é o autor desta obra publicada pela editora Cultura Cristã.
Professor de religião e teologia, tem sido influenciado fortemente pela linha de
pensamento calvinista e kuyperiana. A Criação Restaurada retrata bem isto nas suas 127
páginas.
No primeiro capítulo o autor discorre sob o título: “O que é uma cosmovisão?”.
Nele uma pequena introdução também é feita onde é argumentado o objetivo do livro.
Uma cosmovisão bíblica e o seu significado para a vida prática é o interesse da sua
dissertação. Alguns teólogos são citados como desenvolvedores deste tema, tais como
Agostinho, Calvino e Abraham Kuyper. Em seguida, Wolters, fala a respeito do
significado da palavra cosmovisão e da sua aplicação para a vida dos indivíduos,
definindo cosmovisão como “a estrutura compreensiva da crença de uma pessoa sobre
as coisas”. O leitor pode encontrar uma boa explicação sobre esta máxima do autor nos
parágrafos seguintes. Ele também afirma que todos nós temos uma cosmovisão e a
usamos nas mais variadas situações, ainda que de forma inconsciente, sendo assim “um
guia para nossa vida”. É dito ainda que as decisões que somos forçados a tomar passam
por uma cosmovisão que nos rege como, por exemplo, o Estado. Ideólogos e psicólogos
são usados como exemplos de pensadores que discutem a respeito da conduta do ser
humano e, consequentemente, da sua cosmovisão. Prosseguindo, o autor aborda a
relação que deve existir entre a nossa cosmovisão e a Escritura, apontando que um dos
propósitos do seu livro é fazer com que os leitores confrontem a sua cosmovisão e a
reformem, conformando-a com a Palavra de Deus. A bíblia tem autoridade para nos
dirigir às mais diversas áreas da vida e não apenas às questões relacionadas à vida
eclesiástica. O autor afirma que existe na crença tradicional uma divisão não bíblica em
que o “sagrado” e “religioso” são colocados em oposição. Assim, formam a ideia de que
tudo que está ligado a religião trata-se de teologia, e o que está relacionado à razão,
filosofia. O autor discorre sobre este assunto argumentando que teologia e filosofia são
áreas específicas e que a cosmovisão engloba estas e outras áreas. Por fim, Wolters,
ressalta a diferença de uma cosmovisão reformada das demais visões de mundo cristãs.
Além de não concordar com a divisão dualista, “sagrado” e “profano”, a cosmovisão
reformada argumenta sob a ideia de que a “graça restaura a natureza”, que a criação foi
formada perfeita, houve a Queda e a sua perversão e, por fim, a sua restauração por
meio de Cristo – Criação, Queda e Redenção. O assunto tratado é de suma importância
para os cristãos nos dias atuais tendo em vista a confusão que se faz a respeito do termo
cosmovisão. O autor usa de uma explicação simples e concisa, uma introdução para
quem deseja se aprofundar no tema.
O segundo capítulo é intitulado de “Criação”. Logo nos primeiros parágrafos, o
autor ressalta a importância de distinguir a atividade criativa e a ordem criada. Mesmo
parecendo o mesmo termo, o autor salienta que um está ligado as coisas criadas e o
outro, a manutenção destas coisas. A este, o autor resolve chamar de lei, porém, deixa
claro que não se trata da Lei dos atos salvadores e sim dos atos ordenadores em relação
ao cosmo. Também é mostrado que estes atos ordenadores são feitos pelo Senhor de
forma direta ou indireta. Direta, quando o Senhor, pela Sua Palavra ordenou e tudo se
fez e se mantém como, por exemplo, os astros. Indireta, quando pelo homem as coisas
são criadas e formadas como as artes, a justiça, etc. As leis chamadas “da natureza” e as
normas criadas estão todas subordinadas ao Criador. É importante notar que, segundo o
Wolters, as coisas criadas como, por exemplo, uma pedra que cai não é responsável pela
sua queda, por outro lado, os homens são responsáveis pelas normas que eles
desobedecem:
Uma pedra que cai não tem uma tarefa comparável a essa ao obedecer
à lei da gravidade nem uma águia, ao observar as ordens de Deus ao
criar os seus filhotes. A pedra obedece necessariamente, a águia
responde instintivamente, mas uma pessoa deve exercer
responsabilidade pessoal; somos chamados para afirmar a norma, para
aplica-la a situações específicas na nossa vida. (WOLTERS, 2006, p.
29)

Na cultura ocidental tem se perdido o conceito de ligação que há entre leis da


natureza e as ordens normativas. É preferível se usar o termo modelo que carrega um
peso menor. Porém, segundo o autor, esta visão é exceção já que em quase todas as
visões de mundo, de todos os tempos, tem se entendido que existe uma ordem que
estabelece as leis tanto para as questões humanas quanto para as questões naturais. A
Escritura mostra isso em Salmos 147.15-20. Mas, diferente das culturas deístas,
panteístas ou afins, a Bíblia mostra que um Deus Criador, imanente e transcendente, fez
todas estas coisas. Também é mostrada uma distinção entre as leis gerais e as leis
particulares. O autor continua, agora com um subtítulo: “A palavra de Deus na criação”.
Aqui ele enfoca o ato criador através da Palavra e o coloca como sendo a lei de Deus.
Mas, Cristo está “presente em toda extensão do que chamamos de lei da criação. Ele é o
mediador tanto da criação quanto da recriação” (p. 36). Quanto ao alcance da criação, o
autor afirma que não existe nada que não esteja debaixo dos atos criadores de Deus.
Alguns exemplos são as artes, a educação, o trabalho e a cultura geral. O autor também
dedica uma parte do segundo capítulo sobre a revelação da criação de Deus. Esta
revelação segundo o autor produz conhecimento. É isto que vemos demonstrado no
Salmo 19. Existe uma conexão entre o conhecimento, que o autor chama de Sabedoria,
e a criação. Ele mostra que tudo que existe acerca do que o homem desenvolve parte de
Deus. Sejam as mais simples ideias da agricultura até as mais altas tecnologias, tudo
provém do conhecimento do Senhor, portanto, da ordem criativa. Sob o subtítulo “o
desenvolvimento da criação”, Wolters agora volta ao que antes havia comentado a
respeito da criação enquanto obra continuada de forma indireta. Deus criou o cosmos e
tudo o que nele habita em termos de matéria, mas, o homem é responsável, através do
mandato cultural, de continuar a obra da criação. O cultivar do jardim e o multiplicar-se
sobre a terra são exemplos da obra continuada de Deus na criação. Por fim, o autor
ressalta o ensino bíblico de que a criação antes da queda era totalmente boa, o que se
opõe a seita gnóstica que dizia que o criador de Gênesis 1 era um deus mal que havia se
rebelado contra o Deus todo poderoso.
O terceiro capítulo do livro disserta sobre a Queda. Em primeiro lugar, o autor
retrata que a Queda não teve apenas consequências para o homem mas, que quando isto
aconteceu trouxe prejuízos a toda obra da criação. A terra é amaldiçoada por causa do
pecado de Adão. Por isso todo tipo de mal que acomete o mundo e a humanidade está
totalmente ligado à queda do homem. Em segundo lugar, o autor mostra que existe uma
relação entre pecado e criação mas que ambos são totalmente distintos e que o pecado
não anula a criação boa de Deus: “A prostituição não elimina a bondade da sexualidade
humana, a tirania política não pode apagar o caráter divinamente ordenado do Estado; a
anarquia e o subjetivismo da arte moderna não podem obliterar a legitimidade criacional
da própria arte. Resumindo, o mal não tem o poder de arruinar a fidelidade imutável de
Deus à obra de suas mãos” (p. 67). Ainda segundo o autor, o pecado é como um
“parasita” apegado a criação. Em terceiro lugar, o autor ressalta que o Senhor pôs
limites aos efeitos devastadores do pecado para que, assim, o mundo não se transforme
num caos. Por fim, Wolters afirma que o pecado perverte a criação, ele não é parte dela,
mas aquilo que ele atinge torna profano diante de Deus.
No quarto capítulo Woters trata sobre a Redenção. O autor argumenta que o
termo é usado a algo bom que, tendo tido algum tipo de declínio, volta ao seu estado
original. Cristo trouxe à humanidade reconciliação com Deus e isso traz implicações a
toda a criação. Isto é uma restauração e não um novo elemento à criação: “A redenção
não é uma questão de acrescentar uma dimensão sobrenatural ou espiritual à vida
humana; antes, é uma questão de dar nova vida e vitalidade ao que já estava lá o tempo
todo.” (p. 81). Segundo o autor, através do Seu povo a restauração à criação é
estabelecida aos mais variados âmbitos do cosmo, seja aonde o Senhor coloque o Seus
representantes. Daí, um ponto importante a observar é o que a salvação faz a estes
eleitos. E isto ocorre com o Reino de Deus vindo sobre a criação através da vinda de
Cristo. Wolters é bastante didático quando, para melhorar o entendimento do leitor,
explica através de um diagrama o que significa a separação entre o Reino de Deus e o
mundo. Se uma corrente crê que o Reino de Deus está ligada apenas às atividades
eclesiásticas, a cosmovisão bíblica reformada admite que todas as coisas podem ter
parte no Reino de Deus, desde que o cristão traga a redenção a estas áreas.
No último capítulo, “Discernindo estrutura e direção”, o autor aponta para
implicações práticas que o cristão deve assumir ao entender a cosmovisão bíblica. Ele
ressalta mais uma vez o significado dos termos estrutura, que mostra algo criado e
direção, que aponta para o desvio que este algo criado teve por causa da Queda. O
cristão deve discernir estes aspectos. Na primeira parte do capítulo, o autor destaca
alguns termos que podem demonstrar bem o seu pensamento. Se por um lado
consagração seria separar totalmente as coisas criadas de modo que elas não fossem se
quer usadas, por outro, revolução seria acabar com elas, ele prefere utilizar o termo
reformar, entendendo que todas as áreas das nossas vidas podem ser reformadas para a
glória de Deus. Em seguida, o autor aponta algumas áreas em que o cristão deve agir
para que haja redenção. O autor cita áreas da vida social e da vida particular, ressaltando
que mesmo em áreas difíceis de redimir, como a dança ou a agressividade, pode ser
colocadas diante de Deus.
É importante a leitura do livro A Criação Restaurada para iniciantes no tema da
cosmovisão cristã reformada. O autor de forma simples e em poucas páginas consegue
fazer uma boa argumentação do tema. As vezes parece ser um pouco prolixo como, por
exemplo, no primeiro capítulo, mas entende-se que por ser uma obra introdutória é
necessária a exaustão em alguns termos. Ademais, é um bom tratado que desperta o
interesse para outras obras mais aprofundadas sobre o tema.

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