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PERUZZO, C. M. K. . Mídia local: uma mídia de proximidade.

 Comunicação:
Veredas, São Paulo, ano 2, n. 2, p. 65-89, nov. 2002.
No contexto de acelerada globalização das comunicações, o mundo assiste à
revitalização das mídias locais e regionais. É uma forma de explicitar que os cidadãos
reivindicam o direito à diferença. Apreciam as vantagens da globalização, mas também
querem ver as coisas do seu lugar, de sua história e de sua cultura expressas dos meios
de comunicação ao seu alcance. Em muitos casos, como na Galícia (Espanha), além
dessa presença local, procura-se marcar a presença do local no mundo, através das
novas tecnologias. (PERUZZO, 2002, p. 67)
[...] o local ao mesmo tempo em que não permite a demarcação exata de fronteiras,
também carrega o sentido de um espaço determinado de um lugar específico ou até
mesmo de uma região, no qual a pessoa se sente inserida e partilha sentidos com seus
semelhantes. (PERUZZO, 2002, p. 68)
Com o advento das novas tecnologias de comunicação, principalmente da internet, há
um rompimento da noção de território geográfico como sendo determinante do local e
do comunitário. As dimensões de familiaridade (língua, valores, tradições, religião etc.)
podem ser partilhadas independente do espaço territorial. As relações podem se
estabelecer, com base da proximidade de interesses e identificações, através de
comunidades virtuais. (PERUZZO, 2002, p. 68-69)

Importa entender que o local se caracteriza como um espaço vivido em que há elos de
proximidade e familiaridade, os quais ocorrem por relacionamentos (econômicos,
políticos, vizinhança etc.) e laços de identidades os mais diversos, desde uma história
em comum, até a partilha dos costumes, condições de existência e conteúdos
simbólicos, e não simplesmente em decorrência de demarcações geográficas.
(PERUZZO, 2002, p. 69)

A questão local será melhor compreendia se apanhada em sua dialeticidade: na


existência de elementos de proximidade que se inter-relacionam com global e o
nacional; na confluência e ao mesmo tempo na recusa de demarcações geográficas; na
convergência entre identidades e diferenças que ajuda a reafirmar ou minar
especificidades, porém contribui para gerar novas identidades; na configuração do local
e do global como pólos, simultaneamente, convergentes e opostos de uma relação.
(PERUZZO, 2002, p. 69)
Como diz Milton Santos (2002, p. 321-322), “a localidade se opõe à globalidade, mas
também se confunde com ela. O Mundo, todavia, é nosso estranho. Entretanto se, pela
sua essência, ele pode esconder-se, não pode fazê-lo pela sua existência que se dá nos
lugares”. (PERUZZO, 2002, p. 69)

O local e o regional só podem ser compreendidos na relação de um com o outro, ou


deles com outras dimensões espaciais, como o nacional e o global. Há elementos
culturais, sociais, políticos e econômicos que se interconectam. Há elementos em
comum, mas também aqueles que são distintos. Noção válida tanto nas relações local-
regional, como entre o local e comunitário. Mas, no fundo o local representa aquilo que
está mais próximo do cidadão. (PERUZZO, 2002, p. 69)
A valorização dos meios de comunicação em nível local ocorre no auge do processo de
globalização. Vários autores explicam tal fenômeno como uma reação à globalização e
a conseqüente homogeneização que provocaria, contra o interesse em reafirmar as
identidades através dos processos locais. Preferimos ver, como Xosé López Garcia
(1999), os dois processos, o da globalização das comunicações e o reforço da
comunicação local como complementares e interconectados. Ele diz (1999, p.246):
passados alguns anos, o “global parece que envolve tudo, mas não para acabar com o
local, senão como outro aspecto essencial do fenômeno informativo. Talvez por isso,
como resposta no auge da globalização, apareceu o ressurgimento do local. E pouco a
pouco local e global se revelam como as duas caras de um mesmo fenômeno
informativo que caracteriza as principais tendências no mapa atual de meios e no fluxo
informativo que preside a vida dos cidadãos”. (PERUZZO, 2002, p. 70)

Em suma, a globalização não mata as regionalidades, pelo contrário contribui para sua
revalorização. É justamente no momento em que o local e o comunitário se apresentam
com uma inesperada vitalidade que a grande mídia passa a aumentar os espaços de
regionalização de seus conteúdos e que se desenvolve com mais vigor a interiorização
da televisão no País. As evidências estão no aumento de cadernos ou editorias,
segmentados por localidades, instituídos por jornais de grandes cidades; na ampliação
de programas produzidos regionalmente por afiliadas das grandes redes de TV; e no
crescimento das redes regionais de TV. (PERUZZO, 2002, p. 71)

Também não pode ser menosprezada a importância dos jornais do Interior, meios de
comunicação que ao longo dos anos vem persistindo na função de portadores
informação local, mesmo expressando algumas contradições, como as a seguir
explicitadas: a) Há a tendência de alinhamento às forças políticas locais no exercício do
poder, o que lhes compromete a autonomia e os desviam do interesse no
aperfeiçoamento da qualidade da informação prestada ao público; b) Em geral a
imprensa do Interior não dispõe de infraestrutura moderna, nem de mão-de-obra
qualificada em quantidade suficiente para cobrir os acontecimentos em nível local.
Dificuldade que tende a ser usada como argumento para justificar a não cobertura
sistemática in loco de acontecimentos da região e do aproveitamento acentuado de
press-releases enviados pelos setores governamental e legislativo . No entanto, se tal
circunstância é estratégica, ou seja, se o interesse de seus proprietários é justamente
sobreviver usufruindo das verbas públicas, ou se o jornalismo local não comportaria
investimentos para se oferecer uma informação de qualidade, dependeria de uma
avaliação de cada caso específico. (PERUZZO, 2002, p. 73)

Voltando à questão da mídia comercial e tentando responder à indagação sobre porque


ocorre o súbito interesse da mídia pelo local: Por um lado, as pessoas, ao mesmo tempo
em que curtem as vantagens trazidas pela globalização, necessitam de informações e
participam dos debates sobre os grandes temas nacionais da política e da economia,
também se interessam pelos acontecimentos que ocorrem ao seu redor e que afetam
diretamente suas vidas ou a dos vizinhos. Os atores sociais no mundo contemporâneo
rejeitam o anonimato, procuram valorizar suas raízes, sua cultura, seu patrimônio
histórico e os acontecimentos que envolvem os grupos sociais a que se vinculam. Por
outro lado, por parte das empresas de comunicação, o interesse principal é a captação de
receitas provenientes da verba publicitária e de outras formas de matéria paga nas
pequenas (e às vezes grandes) cidades do Interior ou regiões do País. Ou seja,
descobriu-se o local/regional como nicho de mercado, um segmento com potencial de
rentabilidade alta e ainda pouco explorado comercialmente. (PERUZZO, 2002, p. 74)

(PERUZZO, 2002, p. 78) Os meios de comunicação que operam em nível local –


incluindo os comunitários – conseguem mais credibilidade quando exploram, direta ou
indiretamente, as seguintes dimensões, próprias do local, formuladas tendo por base
(mas ao mesmo tempo extrapolando suas demarcações originais) os conceitos de Renato
Ortiz (1999) e Alain Bourdin (2001) sobre a questão local:

a) Proximidade: o sentido de proximidade diz respeito à noção de pertencimento, ou dos


vínculos existentes entre pessoas que partilham de um cotidiano e de interesses em
comum.
b) Singularidade: cada localidade possui aspectos específicos, tais como a sua história,
os costumes, valores, problemas, língua etc., o que no entanto, não dá ao local um
caráter homogêneo.
c) Diversidade: o local comporta múltiplas diferenças e a força das pequenas unidades.
d) Familiaridade: constituída a partir das identidades e raízes históricas e culturais.

No Brasil, a mídia local e regional por força de uma conjuntura expressa a partir da
globalização e pela crise econômica sofrida pelos grandes meios de comunicação,
parece expressar a redescoberta do local (por extensão do regional) como um outro
território, um outro mercado, que quer ser respeitado nas suas especificidades. Ou seja,
apesar do interesse maior ser a disseminação da produção midiática produzida nos
grandes centros para todos os cantos do País, hoje agrega-se a tendência de valorizar a
regionalização da produção. Mas, o regional, no caso da interiorização da TV, é visto
essencialmente como oportunidade de mercado, como uma alternativa para a geração de
renda. Por parte da imprensa das cidades do Interior, esta é tomada como unidade de
negócio em que a viabilidade financeira parece estar acima das preocupações com um
jornalismo de qualidade e ético. Não é que a mídia comercial não seja legítima. O que
se questiona é a prática da subserviência política e econômica em detrimento do
interesse público e do jornalismo de qualidade. (PERUZZO, 2002, p. 79)

Tendo como parâmetro a realidade da imprensa regional, local e comunitária, a


proximidade geográfica, ideológica e local resultam importantes porque podem
expressar mais claramente o tipo de inserção e o comprometimento da mídia com as
coisas do lugar. Em outras palavras revelam se o meio de comunicação possui uma
vocação local ou apenas se apropria dele de forma panorâmica e fragmentada.
(PERUZZO, 2002, p. 80-81)

A vocação local como intencionalidade é um dos critérios para definição da imprensa


regional sugeridos por Juan Macia Mercadé (apud CAMPONEZ, 2002, p, 109). No
conjunto estes critérios são: “o caráter geográfico na definição de informação local; a
sede territorial da publicação; o seu âmbito de difusão e cobertura; a vocação e
intencionalidade da publicação; o tratamento dado aos conteúdos; a percepção do jornal
sobre o leitor; a relação com as fontes de informação institucionais”. (PERUZZO, 2002,
p. 81)

Essa colocação remete a uma questão importante: a possibilidade da comunicação


interpessoal e da vivência dos acontecimentos contribuírem para a formação de
cidadãos críticos em relação aos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação.
Quando se conhece os atores em cena, seus vínculos políticos e intenções; quando se
toma parte dos acontecimentos e se conhece suas causas e desdobramentos; quando se
discute os assuntos com outras pessoas, torna-se muito mais fácil perceber a omissão ou
a manipulação de informações. Está aí um bom motivo para que o meio de comunicação
local atue de maneira responsável e ética se pretende desfrutar de credibilidade local.
(PERUZZO, 2002, p. 82)

[...] os espaços local e regional são propícios para a prática do jornalismo cívico de
proximidade, pois facilitam a inserção do jornalista na realidade concreta que o rodeia.
Permite uma relação convivial, a captação dos assuntos, angústias, alegrias e
interpretações que dizem respeito mais diretamente à vida dos cidadãos e das
comunidades, além de facilitar o seguimento das mobilizações sociais. Trata-se de um
jornalismo comprometido com seu entorno e com o interesse público. Um jornalismo de
qualidade, que ao invés de ser comprometido com segmentos políticos e econômicos no
poder, o seria com a coletividade, com a ética e a informação de interesse público.
(PERUZZO, 2002, p. 84)
PERUZZO, C. M. K. Mídia local e suas interfaces com a mídia comunitária. Anuário
UNESCO / UMESP de comunicação regional. São Bernardo do Campo: Cátedra
UNESCO / UMESP, 2003.

Peruzzo (2003, p. 01) fala sobre a necessidade de tentar compreender as manifestações


da mídia local na sociedade contemporânea e que apesar de um crescimento do interesse
pela temática ainda são escassas a pesquisas sobre o tema no Brasil.
“A hipótese central é de que o crescimento da mídia local se deve às modificações no
cenário dos meios de comunicação, motivadas pela valorização do local, tanto enquanto
ambiente de ação político-comunicativa cotidiana, como pela oportunidade
mercadológica que ele representa” (PERUZZO, 2003, p.02)
“o ato de consumir é local” (PERUZZO, 2003, p. 05)
A valorização do local na sociedade contemporânea é processada pelo conjunto da
sociedade e surge no auge do processo de globalização. Particularmente, até os grandes
meios de comunicação de massa, que historicamente sempre deram mais atenção às
comunicações de longa distância e aos temas de interesse nacional ou internacional,
passam a regionalizar parte de seus conteúdos. Por que ocorre esse novo interesse pelo
local? Justamente pela percepção de que as pessoas também se interessam pelo que está
mais próximo ou pelo que mais diretamente afeta as suas vidas e não apenas pelos
grandes temas da política, da economia e assim por diante. Elas curtem as benesses
trazidas pela globalização, mas não vivem só do global, que em última instância é uma
abstração. Elas buscam suas raízes e demonstram interesse em valorizar as “coisas” da
comunidade, o patrimônio histórico cultural local e querem saber dos acontecimentos
que ocorrem ao seu redor. (PERUZZO, 2003, p. 05)
Para Renato Ortiz (1999, p.59-60) três aspectos caracterizam o local: a proximidade do
lugar (em contraste com o distante); a familiaridade (associado a questão das
identidades e das raízes históricas e culturais) e a diversidade (é plural, se opõe ao
global ou ao nacional apenas como abstração). (PERUZZO, 2003, p. 06)
(PERUZZO, 2003, p. 11-12) A mídia local tende a reproduzir a lógica dos grandes
meios de comunicação, principalmente no que se refere ao sistema de gestão e aos
interesses em jogo. Porém, diferencia-se quanto ao conteúdo ao prestar mais atenção às
especificidades de cada região, enquanto a grande mídia utiliza como um dos critérios
na seleção de conteúdos, aqueles assuntos que interessam a um maior número de
pessoas possível, o que a conduz para temas de interesse nacional e internacional.
a) Tem o objetivo de dar a conhecer assuntos de foco local ou regional que em geral não
tem espaço na grande mídia.
b) É encarada como uma unidade de negócio comercial, portanto tem interesses
mercadológicos, vende espaço anúncios comerciais e pretende ser rentável, cujos
excedentes pertencem a seus proprietários individuais/organizacionais.
c) É suscetível a corresponder a interesses políticos e econômicos de empresas,
lideranças, grupos políticos partidários da região etc.
d) Explora o local enquanto nicho de mercado, ou seja, os temas e as problemáticas
específicas da localidade interessam enquanto estratégia para se conseguir aumentar a
credibilidade e a audiência, e conseqüentemente obter retorno financeiro.
e) Tem interesse em contribuir para a ampliação da cidadania desde que as estratégias
adotadas para tanto ajudem na consecução dos interesses empresariais.
f) Os espaços abertos à participação dos cidadãos estão sujeitos ao controle dos
dirigentes e técnicos.
g) A produção do “que fazer” comunicacional está sob a responsabilidade direta de
especialistas contratados.
h) O sistema de gestão é do tipo burocrático tradicional.
i) Os conteúdos tendem a ser, majoritariamente, parte daqueles tratados pela grande
mídia, mas com enfoque local ou regional,
j) A mídia local tanto pode ser local em seu sentido estrito, de pertencente e atuante
num dado território, como pode ser exterior a ele e apenas lhe oferecer espaços
(programas de rádio ou de televisão) e cadernos especiais (jornal impresso) para o
tratamento de questões locais.
l) Há casos em que algumas emissoras comerciais de TV e de rádio produzem
programas de cunho bastante comunitário, tanto no formato (participação popular)
como nos conteúdos (problemáticas sociais, noticiários locais etc.), que à primeira vista
podem ser vistos como sendo tipicamente de uma emissora comunitária.
“[...] o comprometimento político desse tipo de veículo de comunicação com o staff
governamental ou legislativo “de plantão” e com as forças do poder econômico da
região, manifesta-se de forma bastante evidente nos conteúdos jornalísticos da mídia
local” (PERUZZO, 2003, p. 14-15)
O interesse pela regionalização da produção e a descoberta do local como segmento de
audiência, de programas e de conteúdos por parte da grande mídia e de outros veículos
de comunicação regionais e locais atende a um interesse mercadológico. Objetiva-se
fundamentalmente abocanhar a verba publicitária de anunciante (reais ou potenciais) em
cada local. Descobriu-se que o pequeno e médio anunciantes de bairros e de cidades de
interior dos estados não se interessam ou não lhes é viável pagar os altos preços
cobrados pela mídia nacional ou estadual. Primeiro, porque consegue comunicar-se com
o seu consumidor por meio da comunicação dirigida, promoção no ponto de vendas,
mídia exterior, veículos de mídia local (quando existentes) etc. e, muitas vezes, nem lhe
interessa falar para consumidores em nível nacional ou estadual. Segundo, porque lhes é
financeiramente desinteressante pagar os altos preços de veiculação cobrados pela
televisão com cobertura ampliada ou os jornais de circulação nacional. Assim sendo, a
grande mídia se regionaliza parcialmente ou criam-se veículos locais para aproveitar o
segmento de mercado publicitário local ou regional. (PERUZZO, 2003, p. 17)
As identidades se configuram numa espacialidade, que exprime uma proximidade de
interesses, raízes histórico-culturais, território geográfico etc., que dão contornos ao
comunitário e ao local/regional. O que estamos tentando frisar é que o espaço
comunitário e o local exigem um “território de pertença”, que não se refere
necessariamente a uma escala demarcada geograficamente, ou ainda a uma área
político-administrativa dividida pelo Estado, mesmo que em geral ajudem a lhe dar
sentido enquanto território. (PERUZZO, 2003, p. 19)
(PERUZZO, 2003, p. 20-21) Numa primeira aproximação podemos identificar vários
tipos de mídia local, tomada na perspectiva daquela que explora a diferenciação local e
se destina a públicos segmentados. Tomando-a pelo ângulo de seu funcionamento,
independente do suporte ou sistema técnico de operação, encontramos:
a) TVs locais em UHF que retransmitem as TVs Educativas e têm permissão legal para
produzir até 15% da programação localmente (exemplo: TV Rio Claro). Pela legislação
são operados, preferencialmente, por Universidades, Fundações e Prefeituras.
b) TVs regionais em VHF , afiliadas a redes de televisão aberta nacional (exemplo:
EPTV)25
c) Canais legislativos legados a Assembleias Legislativas e/ou Câmaras Municipais nos
sistemas de TVs por assinatura.
d) Canais Universitários na TV a cabo e em outros tipos de TV por assinatura.
e) Canais Comunitários na TV a cabo e em outros tipos de TV por assinatura.
f) Canais Locais (chamados de comunitários) operados pelas próprias empresas que
obtiveram concessão para canais por TV por assinatura (cabo , MMDS etc.) Exemplos:
TV Com-RBS, de Porto Alegre no Rio Grande do Sul; TV Roc–Net Rio, na Favela da
Rocinha no Rio de Janeiro; TV ABC3, em Santo André em São Paulo etc.
g) Rádios AMs e FMs comerciais, educativas, religiosas de baixa potência.
h) Rádios Comunitárias de baixa potência.
i) TVs Comunitárias, tipo TV de Rua, exibidas em praças públicas.
j) Alto-falantes (comerciais e comunitários)
l) Jornal do Interior: jornais de cidades do interior dos estados, em geral de pequeno
porte e bastante comprometidos com as forças políticas e econômicas do lugar26.
m) Jornal de Bairro: jornais produzidos em nível de um bairro ou de um conjunto destes
que tratam de assuntos de âmbito local, mas suas páginas costumam ser grandemente
preenchidas por anúncios comerciais de produtos, serviços, políticos etc.
n) Jornal Comunitário: boletins informativos produzidos pelas próprias “comunidades”,
entidades associativas, ONGs etc., que visam contribuir para o desenvolvimento social
de uma dada localidade e não tem fins lucrativos.
o) Programas locais de televisão ou rádio em emissoras afiliadas ou participantes de
redes nacionais (Ex. Bom dia Espírito Santo, SPTV etc.), tanto no circuito comercial
como no educativo.
p) Cadernos Regionais da grande imprensa: cadernos produzidos com temáticas
específicas de uma determinada localidade e que são encartados em jornal de grande
circulação. Exemplo: Globo Niterói.
q) Sites na Internet, que tanto podem abrigar veículos de mídia local em versões on line,
como servir como canal de comunicação de entidades de vocação local que fornecem
informações e incentivam o estabelecimento de redes e/ou comunidades virtuais.
r) Revistas periódicas de abrangência local ou regional.
Confirmando a hipótese, evidenciou-se a existência de duas grandes vertentes na mídia
local: uma que trata dos temas locais enquanto nicho de mercado e outra movida por
interesses em contribuir para o desenvolvimento comunitário e sem objetivos lucrativos.
Claro que dentro da primeira vertente encontramos mídias que através de alguns de seus
conteúdos e às vezes até por alguns dos processos de produção, também contribuem
para a ampliação da cidadania. (PERUZZO, 2003, p. 27)
Os meios de comunicação locais e comunitários lidam com os assuntos que dizem
respeito mais diretamente a vida das pessoas no espaço vivido do seu cotidiano. Sua
marca é a proximidade, sintetizada nos sentimentos de pertencimento, de identidades e
nos elos do cotidiano. É essa marca que também ajuda a garantir sua aceitação, ou
sucesso que fazem junto aos receptores. (PERUZZO, 2003, p. 27)
PERUZZO, C. M. K. Mídia regional e local: aspectos conceituais e
tendências. Comunicação & Sociedade, São Bernardo do Campo, ano 26, n. 43, p. 67-
84, set. 2005.

Mídia local denota uma comunicação baseada em informação de proximidade. Na


prática, ela é perpassada por distorções motivadas pela forma com que as relações de
produção das notícias e de outros conteúdos midiáticos se processam, mas de uma
maneira geral cumpre uma importante função social. (PERUZZO, 2005, p. 69)

Mídia local existe desde que surgiram os meios de comunicação de massa.


Historicamente o jornal, o rádio e a televisão, ao nascer, atingem apenas um raio de
abrangência local ou regional. Alguns destes meios de comunicação desenvolvem seu
potencial de alcance nacional ou internacional, outros permanecem locais. O rádio, por
exemplo, é eminentemente local, embora possa percorrer também longas distâncias. No
Brasil, a televisão começa a alterar sua vocação local com o advento do videoteipe – em
1960 – e de outras tecnologias das comunicações que permitiram a formação de redes e
a conseqüente nacionalização das transmissões das produções televisivas realizadas nos
grandes centros urbanos pelas emissoras matrizes. (PERUZZO, 2005, p. 69-70)

Com o desenvolvimento da globalização da economia e das comunicações, num


primeiro momento, chegou-se a pressupor o fim da comunicação local, para em seguida
se constatar o contrário: a revalorização da mesma, sua emergência ou consolidação em
diferentes contextos e sob múltiplas formas. (PERUZZO, 2005, p. 70)

Na Europa há abundante bibliografia sobre mídia local já nos anos 1980 e 1990,
enquanto no Brasil o fenômeno, na perspectiva em que é tratado atualmente, começa a
despertar mais interesse de setores da academia desde o final da década de 1990. Porém,
diga-se de passagem, que a produção acadêmica à qual nos referimos é precedida por
uma outra modalidade de comunicação, a denominada comunicação alternativa, popular
ou comunitária, mais precisamente a comunicação no contexto dos movimentos sociais.
Este tipo de comunicação que, em grande parte, também se configura como sendo uma
comunicação local, está muito presente em estudos acadêmicos nos anos 1980, em
nosso país. (PERUZZO, 2005, p. 70)

Há razões históricas e culturais que ajudam a configurar a existência e o grau de


importância da mídia regional e local em cada contexto [...] No Brasil, o
desenvolvimento das comunicações, principalmente através de grandes redes de
televisão, acabou priorizando a centralização da produção de mensagens nos grandes
centros urbanos, de onde passam a ser disseminadas por todo o país. Essa estratégia
evolui com a política de “integração nacional” herdada da época da ditadura militar e se
desenvolve com o avanço das telecomunicações e das mídias digitais. (PERUZZO,
2005, p. 70-71)

É, contudo, no final dos anos 1990 que parece haver uma redescoberta do local pela
grande mídia [...] num primeiro momento, apresenta-se mais por seu lado
mercadológico do que pela produção de conteúdo regionalizado. A televisão, por
exemplo, explora a diferenciação local como nicho de mercado, interessada que está em
captar os recursos provenientes da publicidade do interior do país. (PERUZZO, 2005, p.
71)
Evidências da importância do regional/local são encontradas no incremento das redes
regionais, no aumento de programas produzidos nas regiões e na maior preocupação em
se cobrir jornalisticamente as cidades vizinhas e não apenas as cidades-sede da estação
geradora. (PERUZZO, 2005, p. 72)
Aproximadamente na segunda metade dos anos 1990, no Brasil, a mídia regional e local
começa a chamar a atenção pelo interesse demonstrado pelos segmentos de públicos
locais e regionais. Ela passa a ampliar os espaços para programas produzidos nas
regiões e a difundir conteúdos antes restritos aos meios de comunicação comunitários
engajados em lutas sociais nas localidades. (PERUZZO, 2005, p. 73)
Um terceiro aspecto implícito na discussão sobre as localidades é a globalização, mais
precisamente a relação global-local. Já está bastante claro que o fato da globalização –
da universalização ou da ocidentalização do mundo, como preferem alguns –
impulsiona uma revalorização do local, ao invés de debelá-lo, como se prognosticou
num primeiro momento. Houve, assim, a superação da tendência pessimista de
considerar que as forças globalizadas – da economia, da política e da mídia – detêm o
poder infalível de sufocar as sociedades e as culturas nos níveis nacional e local. A
realidade vai evidenciando que o local e o global fazem parte de um mesmo processo:
condicionam-se e interferem um no outro, simultaneamente. (PERUZZO, 2005, p. 74)

A mídia local se ancora na informação gerada dentro do território de pertença e de


identidade em uma dada localidade ou região. Porém, ela não é monolítica. Não há
uniformidade no tipo de vínculo dos meios de comunicação em suas regiões, pois a
inserção (mais ou menos) comprometida localmente depende da política editorial de
cada veículo. (PERUZZO, 2005, p. 75)
Para Camponez (2002, p. 113), próximo, em jornalismo, é também a representação que
o meio faz de seu território e, conseqüentemente, dos destinatários das suas mensagens.
Ele diz ainda que a questão da proximidade é transversal ao jornalismo no esforço de
comunicar conteúdos pertinentes aos seus leitores. . (PERUZZO, 2005, p. 75-76)
Do nosso ponto de vista, o conceito de proximidade pode ser explorado a partir de
diferentes perspectivas, mas, quando se trata de mídia local e regional, ele se refere aos
laços originados pela familiaridade e pela singularidade de uma determinada região, que
têm muito a ver com a questão do locus territorial. (PERUZZO, 2005, p.76)

Pressupõe-se que o jornalismo local seja aquele que retrate a realidade regional ou local,
trabalhando, portanto, a informação de proximidade. O meio de comunicação local tem
a possibilidade de mostrar melhor do que qualquer outro a vida em determinadas
regiões, municípios, cidades, vilas, bairros, zonas rurais etc. Por vezes, se cerca de
distorções, como as que têm origem em vínculos com interesses político-partidários e
econômicos, mas, mesmo acarretando vieses de informação, acaba contribuindo na
divulgação de temas locais. Está num contexto vantajoso para o leitor ou telespectador,
ou seja, a proximidade da informação. As pessoas acompanham os acontecimentos de
forma mais direta, pela vivência ou presença pessoal, o que possibilita o confronto entre
os fatos e sua versão midiática de forma mais natural. (PERUZZO, 2005, p.78)
Na prática, o jornalismo local vem revelando algumas tendências. Os laços políticos
locais tendem a ser fortes e a comprometer a informação de qualidade. É comum a
existência de tratamento tendencioso da informação e até a omissão de fatos, em
decorrência de ligações políticas com os detentores do poder local e dos interesses
econômicos de donos da mídia. [...] Um instrumento bastante usado, nesse sentido, em
cidades do interior, são os press-releases emitidos pelas assessorias de comunicação dos
poderes executivo e legislativo, principalmente, mas também das instituições privadas.
(PERUZZO, 2005, p.78)

Vângela (2003, p. 74) vê as assessorias de comunicação locais como agentes diretos da


notícia, mediante releases ou informações mediadas pelos assessores, além de um
“jornalismo declaratório”, preso, por excelência às fontes oficiais. (PERUZZO, 2005,
p.79)

Assim, a concessão de primazia às fontes oficiais, a importância dada ao “jornalismo


declaratório”, o aproveitamento intencional e acrítico de releases e a ligação política e
política partidária vêm comprometendo a qualidade da informação em jornais de
capitais e cidades do interior. (PERUZZO, 2005, p.81)

[...] a opção administrativa de donos de veículos locais, de aceitar com naturalidade o


exercício de um jornalismo baseado em fontes oficiais, já que isso garante a
sobrevivência do veículo. Nessas condições o jornalismo local deixa de explorar seu
imenso potencial de trabalhar com a informação isenta e atender a todos os setores que
perfilam a vida de uma “comunidade”. Perde, assim, uma oportunidade de mercado, a
de trabalhar com competência a informação de proximidade, que é a razão de ser da
imprensa local. (PERUZZO, 2005, p.81)

Entendemos por informação de proximidade aquela que expressa as especificidades de


uma dada localidade, que retrate, portanto, os acontecimentos orgânicos a uma
determinada região e seja capaz de ouvir e externar os diferentes pontos de vista,
principalmente a partir dos cidadãos, das organizações e dos diferentes segmentos
sociais. Enfim, a mídia de proximidade caracteriza-se por vínculos de pertença,
enraizados na vivência e refletidos num compromisso com o lugar e com a informação
de qualidade e não apenas com as forças políticas e econômicas no exercício do poder.
(PERUZZO, 2005, p.81)

Também é muito comum existir a tendência de a mídia local reproduzir a grande-


imprensa, ao imitar o estilo de tratamento da informação ou dedicar amplos espaços
para notícias nacionais e internacionais, às vezes por exigência das matrizes, como no
caso das redes de televisão, ou então como estratégia operativa. (PERUZZO, 2005,
p.81)

Parece que há, no país, um tipo de jornalismo que se torna quase como um padrão,
passando a ser reproduzido por jornais das capitais dos estados e de cidades do interior.
Referimo-nos aos assuntos típicos das editorias de política, economia, cidades, polícia
etc., que são amplamente tratados pelos jornais de circulação nacional, como também
por aqueles de cidades do interior. Ou seja, a imprensa do interior tende a cobrir os
mesmos tipos de assuntos, como pleitos eleitorais, atos dos poderes públicos,
desfalques, assaltos, assassinatos, acidentes, intempéries etc. A diferença é que sua
ocorrência é regional ou local. (PERUZZO, 2005, p.82)
[...] mídia de proximidade se constitui numa demanda regional e local. Há interesse das
pessoas em ver os temas de suas localidades retratados na mídia, como também há
interesse por parte da mídia em ocupar o espaço regional com vistas a atingir seus
objetivos mercadológicos. (PERUZZO, 2005, p.83)

Mas, os jornais e as televisões, na prática, estão envolvidos em contradições, motivadas


por vínculos políticos e interesses econômicos, que, além de comprometer a informação
de qualidade e isenta, acabam por reproduzir estilos e menosprezar a força do local
enquanto fonte de informação. (PERUZZO, 2005, p.83)
PERUZZO, C. M. K.; VOLPATO, M. Conceitos de comunidade, local e região: inter-
relações e diferença.  Líbero, São Paulo, v. 12, n. 24, p. 139-152, dez. 2009.

[...] Não se negam as vantagens do mundo globalizado, entretanto, o interesse pelas


raízes insere-se nessa complexidade a ponto de fazer-nos ver o mundo por meio das
relações e articulações entre global e local e não mais apenas pela globalização.
(PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 139)

[...] o local é um espaço que apresenta certa unidade, certa especificidade, mas que pode
se modificar, como também se modificam seus fluxos, ou seja, eles possuem
características que podem ser transitórias: em dado momento, apresentam uma
unicidade, em outro momento, não mais. (PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 145)

[...] global e o local fazem parte de um mesmo processo social, com características
sinérgicas, no qual cada dimensão espacial é transformada uma pelas outras.
(PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 145)

A noção de local engloba desde aspectos técnicos, como os limites físicos – rios,
oceanos, lagos, montanhas, diferenças climáticas, características de solo, aspectos
político-econômicos –, até diversidade sócio-cultural, histórica, de identidade,
lingüística, de tradições e valores etc., ou seja, estão em jogo as várias singularidades
nas quais se constroem as práticas sociais. (PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 146)

Nessa perspectiva, evidencia-se o caráter abstrato e incerto dos princípios de uma


região, principalmente se tomados apenas pelas especificidades geográfico-territoriais.
Deve-se apanhá-la, sobretudo, como um espaço contraditório e incerto que se relaciona
com outras dimensões espaciais, mas que possui certa contigüidade histórica de fluxos
(de informações, econômicos etc.), de fixos (elementos físicos), sócio-cultural, e demais
singularidades simbólicas (como a proximidade simbólica e não só a territorial, ligada
ao sentimento de pertença à questão dos interesses), uma vez que “a região e o lugar não
têm existência própria. Nada mais são que uma abstração, se os considerarmos à parte
da totalidade” (Santos, 2006:108). (PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 148)

Devido a essa instabilidade de conteúdos e contornos, “região” adquire caráter abstrato


que, se for apanhado de forma descontextualizada, pode não representar nenhum
significado. Como no caso da localidade, a região deve ser apanhada dentro de um
contexto relacional, isto é, da região com o global, da região com o local, em suma, do
regional com outras dimensões espaciais. (PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 149)

Os meios de comunicação, como suportes tecnológicos e de informação, acompanham


os processos sociológicos em um movimento sinérgico no qual interagem com as
dimensões sócio-espaciais, influenciando-as, ao mesmo tempo que são influenciados
por elas. (PERUZZO; VOLPATO, 2009, p. 151)

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