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Moçambique
depois do socialismo
a independência revisitada
Alice Dinerman
CONTEXTO HISTÓRICO
Em 1987, em plena escalada de uma guerra de desestabilização, a Frelimo introduziu
um programa de ajustamento estrutural patrocinado pelo Fundo Monetário Interna-
cional (FMI). Dois anos mais tarde, abandonou formalmente o marxismo-leninismo,
que havia sido a sua ideologia oficial desde 1977. A ruptura formal com o socialismo
de Estado coincidiu com a decisão de entrar em negociações directas com a Renamo,
um movimento militar rebelde que havia sido criado por procuração pela Rodésia e
subsequentemente herdado pela África do Sul do apartheid. As conversações de paz,
realizadas em Roma, culminaram no Acordo Geral de Paz (AGP), assinado a 4 de Outu-
bro de 1992. O acordo encerrou um conflito militar cruel que tinha nascido, em 1976,
da luta nacionalista africana, à escala de toda a região, para erradicar os últimos bas-
tiões de supremacia branca no continente. A guerra conduziu à morte de cerca de um
milhão de pessoas, teve um custo estimado em 20 mil milhões de dólares e deixou o
país em ruínas. O combate foi marcado por horríveis atrocidades em massa, a vasta
maioria das quais cometida pela Renamo, cuja insurreição rural desencadeou uma
«grotesca campanha de terror»7 contra a população civil desarmada.
Dois anos depois de a Frelimo ter adoptado uma nova constituição multipartidária,
que preparou as condições para a realização de eleições pluralistas, a paz chegou. As
eleições tiveram lugar em Outubro de 1994, sob os auspícios de uma força de manu-
tenção da paz das Nações Unidas, que supervisionou o processo de transição (1992-
-1994). A Frelimo ganhou. O presidente da Frelimo, e Chefe de Estado de Moçambique,
Joaquim Chissano, recolheu 53 por cento dos votos nas eleições presidenciais, enquanto
o partido conquistou 133 dos 250 lugares no novo parlamento multipartidário. Mas a
Renamo, o seu único rival sério, obteve mais de 33 por cento dos votos nas presiden-
«há quem diga que ao recordar factos do passado estamos a fazer propaganda política.
Mas é impossível separar a nossa independência da luta que conduziu a ela […] Não
podemos celebrar a independência […] sem celebrar a vitória dos que lutaram pela inde-
pendência, sem celebrar aqueles que mobilizaram o povo. O povo não foi mobilizado
por acidente. Foi mobilizado por uma organização, e essa organização tem um nome,
Frelimo. Será sempre impossível falar da independência de Moçambique […] sem falar
da Frelimo.»
Daqui, Chissano passou à ridicularização da ideia de que «qualquer dia, outro qual-
quer proclama a independência» (citado por MNA, Julho de 2002a: 11). Mais recente-
mente, a tentativa levada a cabo pela Renamo para mudar o emblema nacional, que
inclui uma espingarda simbolizando a luta armada, recebeu idêntica resposta do depu-
tado Mateus Katupha, da Frelimo (MNA, Fevereiro de 2006a: 5).
«Num período histórico extremamente delicado, e com recursos humanos escassos, era
imperativo que o Estado tomasse a responsabilidade de garantir que o sentido da nossa
independência não fosse distorcido. As forças que se opunham à nossa independência
não tinham descanso, e fizeram tudo o que podiam para anular esta conquista tão impor-
tante do povo moçambicano.»
FECHAR O PARÊNTESIS
Em 2001, no decurso de um debate parlamentar, a deputada Margarida Talapa, da
Frelimo, contestou a tentativa da Renamo de fazer equivaler a sua campanha de des-
tabilização à luta armada da Frelimo, sublinhando que a independência nacional é
um acontecimento único e que só acontece uma vez. «Não há segunda independên-
cia», atirou44.
Acontecimentos recentes parecem indicar o contrário, isto se tomarmos a sério a ava-
liação que Guebuza faz deles. O Presidente declarou que um recente acordo com Por-
tugal constitui precisamente esse tipo de acontecimento fundador. O negócio permite
ao Governo moçambicano adquirir o controlo maioritário sobre a Hidroeléctrica de
Cahora Bassa (HCB), a companhia que é proprietária da gigantesca barragem de Tete,
na província mais ocidental de Moçambique. A HCB, o maior equipamento hidroeléc-
trico da África (Hanlon, 2006d), foi uma «obra de prestígio colonial» (Economist Intel-
ligence Unit [EIU], 2006). Mas, em primeiro lugar e sobretudo, foi construída para
servir os objectivos políticos do colonialismo português. Lisboa iniciou planos para a
construção da barragem durante os anos 60, tendo em vista levar o consórcio de inves-
tidores estrangeiros liderado pela África do Sul que veio a investir no projecto a com-
prometer-se com um interesse na continuação da dominação colonial portuguesa. Os
regimes de Salazar e Caetano pretenderam, em particular, ligar os objectivos estraté-
gicos de Pretória na região aos de Portugal. O engodo para a África do Sul era a pers-
pectiva de uma enorme oferta de energia a baixo preço, garantida por uma fonte
politicamente amistosa. Portugal esperava que Cahora Bassa viesse a constituir tam-
bém uma barreira física artificial proibitiva para os guerrilheiros da Frelimo, cujas ope-
rações estavam na altura confinadas às províncias do Norte, cortando-lhes o acesso
ao eixo central de Moçambique (Mondlane, 1983: 97-98; Newitt, 1995: 528-529; Isaac-
man, 2005: 203).
A Frelimo viu-se bloqueada no objectivo declarado de deter a construção da barragem
através de ataques militares e da sua campanha de sanções dam busters (destinadas a
parar a construção da barragem). Mas houve unidades da frente do exército guerri-
lheiro que acabaram por conseguir contornar o perímetro da HCB. Logrando não ser
detectados pelas tropas portuguesas que estavam ocupadas a proteger o terreno da
construção, estes grupos atravessaram o rio Zambeze, criando condições para o iní-
cio da actividade insurreccional em áreas de colonos rurais na província de Manica.
1 10
O termo é definido por Jelin (2003: 33). Sobre os desequilíbrios criados por este MNA (Janeiro de 2005: 4). Para a confirma-
crescimento e reservas quanto à sua sus- ção de que houve fraudes perpetradas pela
2
Citado por MNA (2001a). tentabilidade mesmo no médio prazo, cf. Frelimo, cf. AWEPA (2006b).
Bauer e Taylor (2005: 135-136). Cf. também
3 23
Sobre as diferentes maneiras de inter- Economist Intelligence Unit [EIU] (2007). Compare-se com a posição de Hanlon,
pretar este fracasso – incluindo o reconhe- tal como expressa em Dias Cordeiro (2006).
11
cimento de que o uso do termo «fracasso» Cf. World Bank (2007) para os números
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é questionável – cf. Saul (2007: 15-19). A aqui citados. Diz-se que o novo Chefe de Estado tem
«componente maníaca» (Santner, 1992: 153- pouca tolerância a quaisquer forças políti-
12
154), que marca as actuais formas domi- Os resultados do inquérito aos agrega- cas internas que não a Frelimo, e que nutre
nantes de legitimação mnemónica, pelo dos familiares a que este artigo se refere especial animosidade pela Renamo. Há
menos indicia fortemente que o núcleo da vêm também pôr em causa as análises que ampla expectativa de uma mudança signi-
liderança terá vivido os acontecimentos dos dão primazia analítica à divisão socioeco- ficativa em relação à abordagem relativa-
anos 80 e início dos anos 90 como alguma nómica entre o Sul e o resto do país para mente conciliatória adoptada por Chissano.
espécie de «perda»; de outra maneira seria explicar os episódios do pós-independên- Africa Confidential (2004a: 3), (2005: 4).
desde logo difícil explicar a passagem ao cia, incluindo a guerra da Renamo e a sua
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fetichismo narrativo descrita abaixo. base eleitoral no pós-guerra. MNA ( Abril de Um quinto feriado, o Dia da Mulher,
2004: 4). evoca inequivocamente essa mesma luta.
4
Para outros factores, estreitamente rela- Calha no aniversário da morte de Josina
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cionados, que conduziram a esta derrapa- Porém, o assassinato, em 2000 (no pri- Machel, a primeira mulher de Samora
gem, cf. MNA ( Novembro de 2005a) e Fauvet meiro dos homicídios por encomenda refe- Machel, segundo presidente da Frelimo e
(2004). ridos mais abaixo), do maior jornalista de primeiro Chefe de Estado de Moçambique.
Moçambique, Carlos Cardoso, teve como A Senhora Machel, uma guerrilheira expe-
5
Para uma análise das práticas mnemó- efeito desencorajar o jornalismo de inves- rimentada e co-fundadora do «Destacamento
nicas pós-socialistas da Frelimo que emprega tigação no país. Mosse (2006a: 12). Feminino» do movimento, morreu em 1971
esta caracterização, cf. Pitcher (2006). vítima de doença. Por conseguinte, o feriado
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Ambas as confrontações foram desen- evoca a guerra de libertação e a contribui-
6
Uma grafia alternativa do nome da bar- cadeadas por queixas da Renamo relativas ção vital dada pelas mulheres, de formas
ragem, comummente utilizada no período a resultados eleitorais – em Novembro de várias e em várias capacidades, para a luta.
colonial, era Cabora Bassa. 2000, por causa da derrota tangencial da
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Renamo em 1999, e em Setembro de 2005 Cf., por exemplo, Vines (1991: 78).
7
Human Rights Watch (1992: cap. 3); por causa da vitória da Frelimo numa elei-
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tabela 0.1 em Weinstein (2007: 15). A des- ção intercalar autárquica, realizada alguns Apesar desta interpretação inclusiva, a
crição é de Manning (2001: 146). meses antes e marcada por forte partici- Frelimo tem organizado as comemorações
pação e por irregularidades da Frelimo. Em do Dia da Paz junto ao Monumento aos
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Para monografias recentes que cobrem Montepuez morreram mais de 100 pessoas, Heróis Moçambicanos, um local que grande
a história da independência até meados dos nas piores cenas de violência ocorridas parte dos líderes da Renamo encaram como
anos 90 e/ou à viragem do milénio, cf. Hall desde o acordo de paz. O confronto de sendo território da Frelimo; na circunstân-
e Young (1997); Alden (2001); Pitcher (2002); Mocímboa da Praia causou pelo menos oito cia, a Renamo criou o hábito de boicotar as
e Manning (2002). mortes. Manning (2002: 202); AWEPA (2005a), celebrações oficiais e organizar cerimónias
(2005b); MNA (Outubro de 2005a), (Outubro paralelas.
9
O termo refere-se a uma sociedade cujos de 2005b).
28
governantes obtêm um mandato popular em Este argumento, assim como a expres-
15
eleições multipartidárias, limpas e com Para um exemplo de recente bravata da são, pode ser encontrado em Saul (1985a:
resultados internacionalmente aceites; cujos Renamo, cf. MNA (Outubro de 2006). 24-7), (1985b: 48-61).
eleitores vêem os seus governantes como
16 29
sendo os principais representantes do «par- A caracterização é de Hanlon (2006c). Cf., por exemplo, Dinerman (2006: 262-
tido natural de governo»; e em que o par- -263).
17
tido que goza deste estatuto consegue Embora em Maio de 2006 o filho de Chis-
30
colocar partidários seus «em todas as posi- sano, que é empresário, tenha sido acusado Para uma síntese deste debate, cf. Diner-
ções-chave do Governo e na administração». no âmbito da investigação ao assassinato man (2006: 15-17, 66-67, 274-280).
Hanlon (2006a) e a entrevista do mesmo de Cardoso. Cf nota 13 acima.
31
autor a Dias Cordeiro (2006). Para uma análise comparativa que inclui
18
Está por fazer uma análise cabal ao colapso A expressão é desenvolvida em Bayart o caso de Moçambique, cf. Chabal (1983).
da base eleitoral da Renamo. Mas é claro et al. (1999).
32
que a indisponibilidade do líder do partido, O peso que esta tese ocupa no imagi-
19
Afonso Dhlakama, para aceitar a ascensão Veja-se a análise feita por Hanlon em nário político do partido fica patente quando
de dirigentes partidários cuja competência, Dias Cordeiro (2006). é um dos mais proeminentes e brilhantes
empenhamento e capacidade de inovação críticos internos da adopção do neolibera-
20
desafiassem de forma aberta ou implícita Africa Confidential (2006b); Bauer e Tay- lismo pela Frelimo quem a exprime. Com-
as suas gastas políticas (de não aceitação, lor (2005: 135). parem-se os comentários de Sérgio Vieira
abstencionismo e obstrucionismo) e a sua na revista semanal Domingo de 9 de
21
gestão ditatorial foi um dos principais fac- Africa Confidential (2004b: 3). Destacou- Setembro de 2001 com as suas observações
tores que produziram este resultado. A -se dessa forma por não seguir o exemplo improvisadas no decurso dos debates par-
expulsão do número dois da Renamo, Raul do m inistro das Finanças, Manuel Chang. lamentares em 2003. Cf. MNA (Outubro de
Domingos, revelou velhas tensões existen- MNA (Abril de 2005). 2001: 6) e MNA (Outubro de 2003), respec-
tes tanto no interior da direcção quanto entre tivamente. Como a coluna da Domingo deixa
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a ala militar e a ala parlamentar do partido. A participação eleitoral foi oficialmente claro, as perspectivas políticas e as práti-
Ao mesmo tempo, pôs em evidência ten- estimada em apenas 36 por cento, contra cas de memória dos membros do partido,
sões entre os ex-combatentes da Renamo 70 por cento em 1999. No entanto, este incluindo de membros influentes que inte-
e a direcção do partido. Cf., por exemplo, número baseia-se em estimativas exagera- gram órgãos de decisão (como é o caso de
Manning (2002); (2005); MNA ( Dezembro de das sobre a dimensão do eleitorado, decor- Vieira, que faz actualmente parte do Comité
2001), ( Agosto de 2002), ( Setembro de 2002), rentes da duplicação de nomes no registo Central), estão longe de ser uniformes e
( Março de 2005b), ( Maio de 2005), ( Novem- eleitoral. A participação real situou-se pro- podem (como é o caso) ir em sentido direc-
bro de 2005b: esp. p. 8). vavelmente mais perto dos 43 por cento. tamente contrário às posições e práticas
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