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Visito o presépio

Foi na noite de Natal. Tinha acabado a missa do galo, o coro foi comer
qualquer coisa a casa do senhor Prior, como já é tradicional. Depois fomos para casa
comer os habituais filhós e cada um dos 19 netos da nossa avó pôs um sapato ao pé do
presépio para todos irem para a garagem e cantarem ao menino Jesus. Só assim
merecíamos as prendas.
( Bem.) Tinha eu doze anos por essa altura, e estava a dar uma maior atenção
aos evangelhos referentes ao Natal. Pensava para mim próprio “ Um momento glorioso
como aquele, como terá sido? Como seriam o ambiente, as imagens,
pormenores?”Esses pensamentos invadiam a minha cabeça, tanto pensamentos
históricos, como filosóficos e teológicos.
Mesmo assim aproveitei o ambiente de festa, afecto e reconciliação e gozei
dele. Assim que as pessoas voltavam para as suas casas comecei a pensar em ir dormir
também. Deitei-me, rezei, reflecti e …
Mal acabei de por o cordeiro ao pé da mãe pensei “É melhor voltar para casa,
está um frio de rachar” Mas depois espantei-me “ Como é que eu vim parar aqui?”.
Após um longo raciocínio conclui: “Estou num sonho, só pode! Não me lembro do
momento em que aqui cheguei ou do momento em que saí de casa… Mas estarei a
sonhar com o quê?”
Foi então que um homem vestido com roupas humildes da Palestina fez uma
festa no cordeiro que tinha posto ao pé da mãe e disse-me uma curta frase numa língua
que eu desconhecia, sorrindo e dando uma palmadinha nas costas. Concluí que a língua
fosse o hebraico, e que devia estar a sonhar com o nascimento de Jesus. As minhas
reflexões tinham-me inundado de tal maneira a cabeça, que o meu subconsciente me
dera um sonho, no qual me sentia bastante consciente.
No meio dos pastores e das ovelhas havia uma fogueira pequena para um
grupo daqueles. Tudo dormia com a excepção de alguns pastores; a relva não cobria
todo o campo onde dormiam e a geada e orvalho que a cobriam davam a entender o frio
que estava.
De repente, surgiu uma espécie de uma aurora boreal branca muito potente, e
após um pequeno flash, aparece um monte de figuras brancas no céu, destacando-se
uma entre todas, com uma voz potente e que parecia aclamar alguma coisa (em
hebraico) e pouco depois, todas as figuras cantavam um cântico glorioso, lindíssimo,
que o coro da igreja nunca conseguirá imitar.
Depois, tudo voltou ao normal, e os pastores começaram a seguir caminho, a
passo apressado, e uma das figuras pôs-se ao meu lado.
Disse-lhe logo, “É melhor voltar para ao pé do anjo Gabriel, porque eu não sei
falar hebraico”. Mas a figura disse, “Só estou aqui para ter a certeza que percebes o que
se está a passar á tua volta.”. “ Então eu disse, “ah, obrigado. Então, se eu não me
engano, o Anjo anunciou a Boa Nova, ouve-se o “Gloria in exelcis Deo” e agora vamos
ao presépio.”“Adivinhaste, anda daí”.
Chegámos ao presépio, e vi numa gruta transformada em estábulo, Maria,
José, o Menino e os animais. Não conseguia ver o rosto do menino. Havia uma lareira
muito pequena, e o Menino estava enrolado em trapos velhos e a ser aquecido pelo bafo
dos animais.
Exclamei “ Mas como é que é possível! Estamos todos cheios de frio e o
menino, recém-nascido, sem roupa, enrolado em trapos com bafo de animais a “tentar”
aquecê-lo. Mas porque é que Deus quis encarnar o seu Filho assim? Qualquer homem
pobre nasce numa casa, mas isto passa dos limites!” Então a Figura respondeu: “Porque
ele queria que ser homem por completo, tendo assim que passar por tudo o que o
homem passa, para que depois mais tardem não dissessem “Ele não sabe o que é ser
pobre ao extremo, teve uma vida fácil”. Por isso, ele passou por tudo, mesmo pelo
abandono, o sofrimento e mesmo a morte. E fez isto por cada um dos homens. Só não
foi homem no pecado.”
“ Mesmo assim parece demasiado”_ não pude evitar dizer.
Fiquei pensativo por momentos, enquanto contemplava o presépio, a reflectir
sobre tudo, quando, de repente, os pastores ficam todos com o ar de espantados a olhar
para uma dimensão fora da gruta e começam a abrir caminho. Finalmente, consegui ver
a causa do alarido. Eram três homens ricamente vestidos, um jovem pálido, um homem
feito, negro, e um idoso de raça asiática. Tal como os pastores, prostraram-se diante do
Menino e ofereceram-lhe o que podiam dar, adorando-O.
Virei-me para Figura e perguntei-lhe “O seu nascimento foi o mais pobre que
podia haver. No entanto, vejo aqui três reis que atravessaram o deserto e deixaram o seu
luxo para virem prostrar-se diante de um bébé e oferecer-lhe frutos da sua fortuna, e
vejo pastores a adorá-Lo e a oferecer-lhe frutos do seu trabalho. Como é que explica
isto?”
Respondeu a figura “O mundo tem de ter testemunhas do nascimento do
salvador. Para além disso, é importante mostrar que o Salvador é grande… Não como
conquistador de territórios, mas como conquistador dos corações.”
A certa altura lembrei-me de uma coisa e perguntei à figura: “Só mais uma
pergunta: Porque é que tiveram de morrer todas aquelas crianças em Belém?” De
repente, sinto uma comichão no pé e tudo começa a escurecer e a desaparecer, primeiro
a Figura, depois as ovelhas, os pastores, os Reis, o estábulo, o chão, S.José, Maria. Fica
por momentos o Menino, (sem conseguir ver-lhe o rosto) e acaba por desaparecer
também. Depois comecei a sentir um manto por cima de mim, algo fofo no meu peito e
uma coisa onde se apoivava a minha cabeça e ouvi uma voz familiar. “Zé, anda ver o
BONANZA”
Raios partam o meu irmão! Acordou-me logo na última pergunta que eu
tinha dificuldade em compreender. Mas não faz mal. Vivi o Dia de Natal de outra
maneira e compreendi a mensagem religiosa do Natal.
Como é que tudo isto se encaixa na mensagem e no ambiente de paz,
reconciliação e carinho de que tanto ouvimos falar em músicas, livros? Eu penso que
este grande acto de amor que Deus teve para a humanidade é celebrado com tanta
alegria (devido ao motivo da celebração), que o ambiente familiar, de carinho, de calor
e convívio é tão bom, que a celebração tornou-se mundial, para religiosos e não
religiosos, chegando mesmo a parar batalhas (como aconteceu na I Guerra Mundial,
numa batalha entre franceses e alemães). É pena o aproveitamento comercial estar a
ficar cada vez mais visível, e entristece-me ver o Natal religioso e Moral a ser engolido
pelo natal materialista, a cada ano que passa.
Mesmo assim, concentremo-nos em “praticar” o Natal, e que nesta época
natalícia aproveitemos para fazer pequenos actos de amor, por que assim dizia Chiara
Lubich: “Tudo o que é feito por amor nunca é pequeno.”

José Miguel Miranda Urbano Conservatório 4º D.

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