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Plano de Dissertação de Mestrado

Universidade Federal de Minas Gerais


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

“Avaliação das Abordagens Empregadas em Estudos


de Penetração Harmônica”

Gabriel Alves Mendonça


Orientação: Prof. Selênio Rocha Silva
13 de Dezembro de 2010
Resumo

Desde o advento da eletrônica de potência, a aplicação de equipamentos baseados em chaves


estáticas na indústria tem aumentado significativamente em indústrias de vários segmentos.
Concomitantemente à disseminação desta tecnologia, a preocupação com harmônicas no
sistema elétrico vem também ganhando atenção. Os efeitos de distorções na operação de
equipamentos, e.g. transformadores de potência, o mau-funcionamento de equipamentos
sensíveis a tensões distorcidas, além de outros sintomas observados em um sistema elétrico.

Qualquer acessante à rede de distribuição brasileira, o Sistema Interligado Nacional, SIN, deve
atender a limites estabelecidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, ONS. Estes limites
estão indicados no documento Procedimentos de Rede no submódulo 2.8, "Gerenciamento dos
indicadores de desempenho da rede básica e de seus componentes". Além desta referência,
existem alguns documentos de entidades internacionalmente reconhecidas. Dentre diversas
normas e guias pode-se citar o guia do IEEE std. 519 e a norma IEC-6100, denominada
"Elctromagnetic Compatibility Standards" (Padrões para Compatibilidade Eletromagnética, em
uma tradução livre).

O monitoramento do sistema e avaliação deste em relação aos indicadores propostos pode ser
realizado tanto através de medições, limitada a somente plantas em operação, quanto por
estudos de penetração harmônica. Uma vantagem inerente aos estudos decai principalmente
na possibilidade de se avaliar futuras instalações. Porém, ao contrário de outras áreas como
estudos de curto circuito, não existe um procedimento geral que sintetize um método como
padrão, e cuja aplicabilidade acomode bem incertezas, grande variabilidade de equipamentos
disponíveis, etc.

O foco deste trabalho será realizar uma avaliação destes métodos e modelos existentes,
buscando principalmente uma proposta para um procedimento com abrangência e
generalidade. Caracterizar a limitação dos métodos propostos de maneira a determinar sua
aplicabilidade de acordo com os resultados que se deseja para o estudo.
Justificativa

De acordo com regulamentações estabelecidas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico,


responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e
distribuição de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional, SIN, qualquer consumidor
livre que deseje acessar a rede deverá atender a requisitos mínimos de operação, dentre eles,
limites relativos a indicadores da qualidade da energia.

Para estudos relativos à Qualidade da Energia, o ONS determina que estes devem ser realizado
pelo agente. O procedimento de rede oferece um submódulo contendo um guia básico para a
realização destes estudos, nomeadamente submódulo 23.3 – Diretrizes e critérios para
estudos elétricos (ONS, 2009b). Porém, além das limitações presentes nos estudos de fluxo de
harmônicos, principalmente relativo à validade dos modelos adotados, ainda não há uma
definição clara acerca da aplicabilidade dos métodos utilizados na análise.

Os limites estabelecidos no procedimento de rede são geralmente definidos a partir de dados


que podem ser obtidos através de medições. Porém, em caso de novas instalações, esta
avaliação deverá ser embasada em estudos elétricos. Esta análise permite ao agente acessante
avaliar projetos futuros em condições de operação distinta, permitindo prever ações
necessárias para mitigar problemas que poderiam ocorrer.

Contudo, existem limitações notórias quanto à avaliação do impacto de distorções


harmônicas. Primeiramente, relativo à disponibilidade de dados, um projeto em seu estado
inicial apresenta como principal característica um elevado grau de incerteza com relação às
informações. Segundo, existe uma falta de generalidade em relação ao modelo aplicado neste
tipo de estudo, podendo uma análise apresentar resultados bastante distintos dependendo do
modelo adotado.

Objetivos

Em uma primeira etapa, será realizado um trabalho com objetivo de avaliar os principais
métodos e modelos propostos para estudos relativos a harmônicos. Existe na literatura uma
variedade de modelos cuja utilização varia principalmente do objetivo da análise, tanto no
sentido do tipo de estudo que se deseja, quanto em relação à necessidade de precisão para os
resultados obtidos.

Estes modelos podem ser avaliados quanto à sensibilidade em relação aos dados obtidos do
sistema. Ou em relação à falta destes, uma vez que em muitos casos estes estudos sofrem de
falta de informação. Neste caso, uma análise da literatura será conduzida para buscar dados
típicos disponíveis em normas e guias que poderiam ser utilizados para preencher as lacunas
deixadas pelo projeto.

Como modo de comparação dos resultados apresentados, o estudo tem como proposta
realizar medições em algumas plantas industriais de diferentes setores. Assim, uma avaliação
com dados reais poderão nortear o projeto para uma proposta de abordagem mais genérica a
ser utilizada em estudos de penetração de harmônicos.
Revisão da Literatura

Diversos autores salientam as limitações que estudos de fluxo de harmônicos apresentam e,


com objetivo de superar estes problemas, esforços vêm sendo realizados na tentativa de
caracterizar melhor o fenômeno e as ferramentas disponíveis para seu estudo. Dentre os
grupos que trabalham neste sentido, vale salientar os trabalhos do CIGRÉ, IEEE e ONS, cujo
trabalho além de servir como base para trabalhos práticos auxilia na discussão e
desenvolvimento de metodologias para estes trabalhos.

Uma segregação, ou até mesmo classificação, dos métodos disponíveis pode ser feita quando
se altera o objetivo do estudo. Métodos no domínio do tempo, apesar de estar geralmente
atrelados a estudos de surtos elétricos e coordenação de isolamento (Arrillaga et al., 1996),
possuem algumas vantagens sobre métodos de solução direta no domínio da freqüência.
Condições não ideais tais como desbalanceamento e distorções na forma de onda da tensão,
podem ser superadas para modelos no tempo (Hatziadoniu, 1998). Porém, estas vantagens,
além de uma melhor clareza física dos resultados, estão atreladas a uma complexidade
computacional mais elevada. Quando não existe distorção considerável na tensão que
alimenta as fontes de harmônicos, quando não se é exigido a verificação das condições de
operação além da nominal do sistema ou em condições onde já se conhece a características
dos harmônicos produzidos, os modelos de solução direta no domínio da freqüência
apresentam resultados apreciáveis.

Há também uma classe de algoritmos capaz de acomodar condições não ideais do sistema, os
métodos iterativos. Estes são mais adequados para condições de distorção significativa na
tensão e condições atípicas de operação de equipamentos. Burch et al., (2001) indica, por
exemplo, que para o modelo de conversores estáticos, o método de fontes de corrente é mais
adequado para condições onde o THD de tensão é inferior a 10%, sendo os algoritmos
iterativos mais adequados para qualquer caso.

Uma tendência observada em sistemas industriais é a dispersão de cargas não-lineares


importantes. Técnicas tradicionais têm dificuldade em determinar o impacto coletivo destas
fontes. Definições para cargas distribuídas podem gerar resultados otimistas ou pessimistas,
dependendo de variáveis como conteúdo harmônico produzido, defasamento e iteração
destes harmônicos através de transformadores. Xu (2003) apresenta duas vertentes de
pesquisa, cujos esforços estão direcionados em solucionar este problema. Em um primeiro
caso, resultados conservadores poderiam ser evitados determinando uma relação entre a
diversidade e atenuação da carga, Ih e θh, e a THD da tensão a qual esta carga está submetida.
Em uma segunda proposta, o problema poderia ser abordado sob a ótica da estatística. Neste
caso, métodos estatísticos são utilizados de modo a caracterizar a aleatoriedade da operação
das fontes de harmônicos (Arrillaga et al, 1996).
Ainda em relação à análise de fluxo de harmônicos em sistemas industriais, Arrillaga et al.,
(1997) e diversos outros autores elucidam a dificuldade em se determinar o nível de detalhe
necessário para representar sistemas de potência. Modelar o sistema inteiro é inviável e
agrega informação em nível provavelmente desnecessário. No entanto, na medida em que se
realiza agregação dos componentes de sistema, buscando representar este através de
equivalentes, acaba-se esbarrando em problemas como o definido para o modelo de fonte de
harmônicos (Xu, 2003), citado anteriormente, e o fato de não haver um modelo geral aceito
para as cargas do sistema (Arrillaga et al., 1997).

Todos estes aspectos tornam o âmbito do estudo de penetração harmônica imerso em uma
nuvem de metodologias, procedimentos e modelos, sem uma definição clara acerca dos
limites para aplicação de cada um. Esta incerteza acaba por resultar em uma avaliação
conservadora do sistema, com implicações diretas em projetos de filtros que são especificados
e projetados para condições mais severas que realmente são. Assim, tal como foi apontado
por Arrillaga et al., (1996), deve-se buscar um equilíbrio de modo a buscar um modelo que não
seja muito complexo, mas que possa acomodar características mais realísticas do sistema.

Metodologia

Em uma fase inicial, este trabalho irá concentrar na análise de sensibilidade de métodos
existes para estudos de penetração de harmônicos. O principal objetivo é verificar qual o
comportamento destes frente a incertezas com relação a dados do sistema. Para tal, existem
diversos programas que podem ser utilizados, sendo estes dedicados ao tipo de estudo ou
não. O HarmZs, desenvolvido nacionalmente pelo CEPEL, é uma boa referência para estudo do
comportamento de harmônicas no sistema elétrico pode ser citado como exemplo. Outra
importante ferramenta amplamente utilizada por empresas do setor industrial para estudos
elétricos é o PowerFactory, desenvolvido pela DIgSILENT. Este possui a capacidade para análise
tanto no domínio do tempo quanto no domínio da freqüência, o que poderá permitir uma
comparação direta com diversos programas.

Por outro lado, o ATP seria um exemplo de programa para estudo de transitórios. A vantagem
deste está no fato dele ser, antes de tudo, uma ferramenta desenvolvida para análise de
eventos de dinâmica bastante rápida, tais como transitórios oriundos de descarga atmosférica.
Assim, este provê para a análise de um sistema elétrico modelos com diversos níveis de
complexidade.

De modo a verificar os resultados obtidos pelas simulações, propõe-se para o trabalho uma
etapa de medições. Este tipo de abordagem enriquece trabalhos deste tipo, pois concretiza um
interesse de obtenção de resultados práticos. Comparando resultados obtidos de ferramentas
e algoritmos propostos no meio acadêmico com o que se encontra no meio industrial. Assim,
poder-se-ia chegar a uma avaliação direta teórica com um retorno prático obtido de medições
reais.
Sistema Teste para Avaliação de Modelos e Simulação

Para uma análise inicial dos modelos propostos para componentes do sistema elétrico, as
simulações serão conduzidas em dois ambientes com metodologias distintas. O PowerFactory
será utilizado para simulações no domínio da freqüência enquanto o ATP para o domínio do
tempo. O sistema simulado será o proposto por Anderson em seu livro sobre estabilidade
(Anderson et al., 1977).

Figura 1 - Sistema teste para análise dos métodos e modelos propostos.

Neste sistema têm-se nove barras, sendo três de média tensão e seis de alta. Este simples
sistema de distribuição será utilizado para verificação de modelos de componentes do sistema
elétrico.

Dados do Sistema

Neste sistema, todas as grandezas serão explicitadas nas respectivas unidades, mas quando for
utilizado o sistema por unidade a base para a potência será:

  100

Os geradores possuem as seguintes capacidades de potência:

Tabela 1 - Capacidade dos geradores.


Gerador G1 G2 G3
Capacidade (MVA) 247,5 192,0 128,0
Tensão (kV) 16,5 18 13,8
Fator de Potência 1,0 0,85 0,85
Além destes dados e o tipo de controle utilizado para cada gerador, e.g. controle de tensão e
ângulo (swing), o modelo para a análise de fluxo de harmônico requer outros parâmetros.
Como observado na literatura, o gerador para as freqüências harmônicas passa a se comportar
como uma impedância série. Os parâmetros que devem ser fornecidos ao modelo são a
resistência de estator, e sua dependência com a freqüência, as reatâncias sub-transientes de
eixo direto e em quadradura, além das impedâncias de seqüência negativa e zero. Alguns
destes dados podem ser obtidos a partir de valores de referências fornecidos em normas e
guias. A norma IEC 60909, para estudo de curto-circuito, fornece alguns valores típicos para
estes parâmetros.

Em uma primeira análise, os valores padrão do programa foram utilizados. Os geradores foram
modelados Swing Bus, PV (controle de potência ativa e amplitude da tensão) e PV,
respectivamente. A tabela 1 mostra os valores utilizados.

Tabela 2 - Dados dos geradores para implementação do modelo


Barra Tensão Tipo Tensão Ângulo Geração
Nominal
1 16,5kV Swing 1,04pu 0º - - (MVAr)
2 18kV PV 1,025pu - 163MW - (MVAr)
3 13,8kV PV 1,025pu - 85MW - (MVAr)

O gerador um foi modelado como referência, barra swing, com tensão com tensão em 1.04 pu.
A tensão nominal da barra é 16.5kV. Neste caso, o controle da barra é realizado para manter a
tensão nominal e o ângulo em zero. Os geradores dois e três foram adotados com modelo de
controle de tensão e potência ativa, sendo a potência reativa passível de variar de acordo com
sua capacidade de despacho. A tensão de ambos é 1.025 pu, para as bases de 18 e 13.8kV
respectivamente. As potências ativas são 163MW e 85MW com fator de potência igual a 0.85.

Inicialmente os transformadores foram caracterizados apenas por sua reatância, no caso não é
definido valor para a resistência - X/R -> inf. Outra característica definida para estes é a
configuração dos enrolamentos, delta para o lado de alta tensão e estrela aterrada para o lado
de baixa tensão.

Os modelos utilizados para linhas de transmissão são tipo "overhead line", onde é definido o
valor para a impedância série e a admitância paralelo. Os parâmetros definidos para o circuito
estão explicitados na figura em pu. Como todas as linhas estão na base de 230kV, a impedância
base pode ser calculada como:



230
     529Ω
 100

A partir deste valor base, os valores nominais para a impedância das linhas podem ser
determinados. Estes valores obtidos pela figura representam a impedância total da linha.
Assim, podem-se utilizar duas alternativas. Dividir este pelo comprimento de modo a obter a
impedância por unidade de comprimento, ou definir a linha com tamanho unitário. A tabela a
seguir mostra os valores obtidos.
Tabela 3 - Dados fornecidos para Linhas de Transmissão
Barras ZL (pu) B/2 (pu) R0 (Ω/km) R+ (Ω/km) L0 (mH/km) L+ (mH/km) C0 (nF/km) C+ (nF/km) l (km)
4-5 0,01+j·0,085 j·0,088 0,1635 0,0545 3,6888 1,2296 3,0327 9,098 97
4-6 0,017+j·0,092 j·0,079 0,2841 0,0947 4,0767 1,3589 2,7797 8,339 95
5-7 0,032+j·0,161 j·0,153 0,2901 0, 0967 3,873 1,291 2,9227 8,768 175
6-9 0,039+j·0,170 j·0,179 0,3159 0,1053 3,6513 1,2171 3,053 9,159 196
7-8 0,085+j·0,072 j·0,0745 0,1812 0,0604 3,6963 1,2321 3,037 9,111 82
8-9 0,0119+j·0,1008 j·0,1045 0,1641 0,0547 3,69 1,23 3,0377 9,113 115

Como o objetivo inicial do trabalho consiste em análise do sistema equilibrado, o trabalho não
irá avaliar o efeito do solo e seu efeito na seqüência negativa. Neste primeiro momento, todos
valores de impedância foram determinados como três vezes o valor da seqüência positiva.

A partir dos dados expostos na tabela 3, onde a impedância e admitância longitudinais são
definidas, pode-se caracterizar o comportamento das linhas através dos indicadores
propostos. A tabela 4 expõe este resultado.

Tabela 4 - Características das LT.


Barras ν (km/s) λ (km) τ (ms) SIL3ϕ (MVA)
4-5 298.460 4.974,4 0,325 143,9
4-6 295.800 4.930,2 0,3212 131,0
5-7 295.790 4.929,8 0,5916 137.9
6-9 297.590 4.959,8 0,6586 145,1
7-8 297.830 4.963,9 0,2753 143,8
8-9 298.180 4.969,6 0,3857 144,0

Aproximações podem ser feitas para o modelo quando se está lidando com linhas de
dimensões reduzidas. Tal como indicado em (Clever, 2001), o modelo π é adequado para todos
os comprimentos de linhas, sendo imprescindível sua utilização nas ditas linhas de transmissão
longas (l ≥ 240 km). Para linhas com comprimento entre 80 km e 240 km pode-se utilizar o
modelo π-nominal e, por fim, para linhas curtas (l ≤ 80 km) a representação da LT por
impedância série seria suficiente. A figura a baixo ilustra os modelos.

  · 

  · 

2 2
Os parâmetros fornecidos para os transformadores no presente estudo podem ser definidos a
partir dos modelos propostos pelo ATP e PowerFactory. Os dados para o transformador
saturável do ATP podem ser determinados de maneira simples. A tabela a seguir mostra os
valores referentes à impedância de curto dos transformadores do sistema 9 barras.

Tabela 5 - Dados dos Transformadores.


Barras Zcc (pu) V1 (kV) L1 (mH) V2 (kV) L2 (mH)
1-4 j·0,0576 16,5 0,208 230 121,24
2-7 j·0,0625 18 0,2686 230 131,55
3-9 j·0,0586 13,8 0,148 230 123,34

Como será mostrado mais adiante, a consideração do efeito das capacitâncias do


transformador não afeta o comportamento deste dentro do espectro de freqüência de
interesse.

As cargas primeiramente serão definidas tal como para um estudo de fluxo de potência
ordinário. O exemplo prescreve o consumo de potência ativa e reativa para cada carga, tal
como mostrado na tabela a seguir.

Tabela 6 - Dados das Cargas.


Potência [MVA] Impedância [Ω]
Carga A 125   · 50 364,83   · 145,93
Carga B 90   · 30 529,0   · 176,33
Carga C 100   · 35 471,27   · 164,94

O fluxo de potência foi calculado pelos programas. Tal como esperado, a margem de diferença
entre o resultado apresentado por estes ficou bem pequena. A tabela 7 ilustra este resultado.

Tabela 7 - Resultado do Fluxo de Potência.


DIgSILENT ATP
Barra Tensão [kV]
1 17,16/0,00° 17,16/0,00°
2 18,45/9,28° 18,45/9,225°
3 14,14/-55,34° 14,14/-55,4°
4 235,94/-32,21° 235,93/-32,21°
5 229,02/-33,99° 229,13/-34,00°
6 232,91/-33,69° 232,75/-33,8°
7 235,96/-26,28° 235,87/-26,39°
8 233,57/-29,27° 233,34/-29,45°
9 237,42/-28,03° 237,31/-28,15°

Uma primeira avaliação sobre o efeito que diferentes modelos utilizados no resultado de um
estudo de fluxo de potência pode ser realizado com este simples sistema. Pode-se verificar a
sensibilidade do estudo a partir da utilização de diferentes modelos para representar a linha
de transmissão, a parâmetros concentrados ou a parâmetros distribuídos.
A impedância própria (open-circuit driving point impedance) vista da barra 5 apresentou
resultados bem distintos para os diferentes modelos, principalmente para impedâncias mais
altas. As figuras 2 e 3 ilustram estes resultados.

Figura 2 -Impedância do sistema no plano R vs. X. Figura 3 -Impedância do sistema no plano R vs. X.
Parâmetros distribuídos. Parâmetros concentrados.

Para ter uma melhor visualização desta diferente entre os valores de impedância em cada
sistema as figuras 4 e 5 ilustram o módulo e ângulo da impedância ao longo da freqüência.

Figura 4 -Impedância do sistema. Parâmetros distribuídos.


Figura 5 -Impedância do sistema. Parâmetros concentrados.

Avaliação Preliminar dos Modelos

Linhas de Transmissão

Para utilização de um modelo pragmático componentes do sistema, tais como


transformadores e cabos, como impedância série é suficiente quando se deseja apenas uma
estimativa do conteúdo harmônico presente em sistemas elétricos. A aplicabilidade deste
modelo é útil quando não se possui informação detalhada do sistema que se está estudando.
Porém, um modelo mais detalhado se faz necessário quando da inclusão de efeito de
capacitâncias parasitas no sistema, onde se espera um estimativa mais precisa de condições de
ressonância.

Tanto para linhas de transmissão quanto transformadores possuem modelos com


complexidades diferentes que podem, dependendo da aplicação, exacerbar ou até mitigar
efeitos de ressonância no sistema. Uma maneira de avaliar estes efeitos poderia ser obtida
simulando diferentes modelos em contraposição um com o outro.
A partir dos dados típicos de uma linha de transmissão de 230 kV obtida em (Westinghouse,
1950), a figura 6 ilustra um arranjo usual para linhas deste nível de tensão, visando
principalmente melhorar a proteção intrínseca desta frente a descargas.

Figura 6 - Arranjo típico para linha de transmissão 230 kV.

A partir destes dados sobre a geometria da linha, da característica do meio, e.g. resistência do
solo, e os dados dos condutores de fase e pára-raios pode-se calcular os parâmetros elétricos
da linha, a impedância e admitância longitudinal. Estes foram calculados no ATP, a partir do
componente LCC (Line Cable Constant) e no Matlab (rotina power_lineparam). As figuras 7 e 8
ilustram os resultados para o modelo JMarti com a matriz de transformação modal calculada
para 60Hz, o modelo de Bergeron e o modelo de linha a parâmetros distribuídos. Os
parâmetros destes dois últimos foram calculados em 60Hz, figura 7, e 2 kHz, figura 8.

Figura 7 - Avaliação de modelos de linha.


Figura 8 - Avaliação de modelos de linha.

Khatir et al (2008) salienta que a utilização de seções π para aproximar o modelo de linhas de
transmissão possui uma vantagem sobre o modelo a parâmetros distribuídos pois permite
solução a partir de modelo linear em espaço de estados. Porém, tal como mostrado nas figuras
9 a 12, existe uma clara divergência de resultados entre os modelos. Estas figuras comparam o
modelo de Bergeron, JMarti e seções de modelo π em cascata.

Figura 9 - Comparação entre modelos para linha de 80 km.


Figura 10 - Comparação entre modelos para linha de 160 km.

Figura 11 - Comparação entre modelos para linha de 250 km.


Figura 12 - Comparação entre modelos para linha de 350 km.

Cabos

Programas para cálculo de transitórios elétricos possuem também modelos implementados


para representar cabos subterrâneos. Assim como para o caso de linhas aéreas, cabos podem
ser representados tanto no domínio da freqüência quanto no domínio do tempo. Porém, as
rotinas utilizadas para cálculo dos parâmetros dos cabos possuem algumas limitações.

A figura 13 ilustra um cabo típico de média tensão, demarcando bem como este é composto.

Figura 13 - Cabo elétrico de média tensão.

Nesta figura, os seguintes podem ser relacionados:

1. Condutor – cobre com seção variando de 10 a 500mm2, conforme a norma NBR NM


280;
2. Blindagem do condutor - material não-metálico (semicondutor) termofixo. Principal
função é uniformizar o campo elétrico.
3. Isolação – composto de borracha Etilenopropileno (EPR) elastômero termofixo. As
propriedades físicas prescritas pela norma NBR 6251.
4. Blindagem da isolação – material não-metálico com mesma função descrita para 2.
5. Blindagem metálica – fios de cobre aplicados helicoidalmente sobre blindagem da
isolação.
6. Cobertura – Camada de Policloreto de Vinila (PVC-ST2). Possui elevada resistência a
agentes químicos e não propaga chama. Propriedades prescritas pela norma NBR
6251.

A rotina para cálculo de parâmetros de cabos em programas tipo EMTP não contemplam as
camadas semi-condutoras,havendo assim uma necessidade de modificar os dados de entrada
(Gustavsen et al, 2005). A figura 14 ilustra a geometria utilizada no programas EMTP para
cabos.

Figura 14 - Geometria de cabos em programas EMTP.

Outro ponto discutido na literatura refere-se à limitação de modelos no domínio do tempo,


como o JMarti, em relação à matriz de transformação modal. Martí (1993) indica que esta
aproximação é razoável desde que esta matriz possa ser considerada constante e real, o que é
suficiente para simular linhas de transmissão. Porém, os auto-vetores desta matriz possuem
grande dependência com a freqüência para o caso de cabos.

As tabelas abaixo apresentam os dados da geometria e parâmetros elétricos para um cabo de


média tensão cuja isolação é composta de termofixo de HEPR. Estes dados foram tratados, tal
como indicado em (Gustavsen et al, 2005), e comparados com o modelo a parâmetros
distribuídos cujos dados foram fornecidos pelo fabricante.
A figura 15 ilustra a resposta dos dois modelos para uma simulação em varredura de
freqüência de um simples divisor de tensão.

Figura 15 - Modelo LCC Vs. parâmetros fornecidos.

Transformadores

Os transformadores foram definidos pelo exemplo apenas pela sua reatância série e relação de
transformação. O modelo descrito utilizado pelo programa PowerFactory abrange mais
parâmetros além da impedância série, que caracteriza as perdas do transformador, e o ramo
de magnetização, representado por impedância shunt. Tal como mostrado na figura 16, o
modelo engloba capacitâncias parasitas existentes no transformador. Uma discussão mais
aprofundada acerca dos parâmetros típicos para transformadores com diferentes níveis de
tensão e potência pode ser consultada em (Greenwood, 1991).
Figura 16 - Modelo do transformador utilizado pelo PowerFactory.

No programa ATP existem diversos modelos para transformadores, sendo o primeiro modelo,
suportado pela rotina XFORMER, representava este componente pela sua resistência e
reatância série. Utilizado a partir da extensão deste modelo, o "saturable transformer" oferece
uma maneira para incorporar as características não lineares do ramo de magnetização ao
modelo. Por fim, um modelo mais completo, desenvolvido por Mork et. al. (2007), refina o
modelo para uma representação da dispersão, topologia do núcleo, resistências de
enrolamento e efeitos das capacitâncias. Um circuito esquemático para este componente
XMFR, pode ser observado na figura 17.

Figura 17 - Modelo mais completo do ATP para transformadores.

Para o transformador híbrido, cujo modelo é obtido a partir da dualidade entre o circuito
magnético deste equipamento e um circuito equivalente elétrico, os dados podem ser
baseados em três fontes; valores típicos, relatórios de teste e informações de projeto. Os
valores típicos podem ser obtidos de tabelas fornecidas na literatura para transformadores em
uma extensa faixa de aplicações, sendo este caso mais apropriado para o estudo em questão.
O ATP utiliza valores típicos fornecidos em (Anderson et al, 1977), sendo utilizado o menor
valor dentre os fornecidos. A resistência de enrolamento pode ser obtida em (Greenwood,
1991). Valores típicos para capacitância são fornecidos em (IEEE std. C37.011, 1994).
Um teste realizado no ATP para verificar se o efeito da capacitância parasita afeta o
comportamento do sistema dentro do espectro de freqüência de interesse, até 3 kHz. A
simulação comparou a resposta do sistema utilizando os modelos saturável e híbrido do ATP.
Como pode ser observado na figura 18, não houve diferença considerável. Neste caso, foram
testados também dois modelos de cabos distintos, Bergeron e Clarke.

Figura 18 - Efeito da capacitância parasita em transformador.

Pode-se observar que em cada caso, modelo de cabo Bergeron ou Clarke, não há diferença na
reposta em freqüência devido às capacitâncias parasitas.

Conclusões

Este trabalho realizou uma avaliação inicial acerca da sensibilidade de estudos de penetração
harmônica frente a variações no modelos de alguns componentes do sistema elétrico. Esta
etapa consiste na fase inicial de um projeto para avaliação deste estudo elétrico como um
todo. Verificar modelos de cargas lineares e não-lineares, como a agregação destas afeta a
distorção harmônica no PCC, qual efeito deste ao se utilizar dados típicos quando não se
possui valores reais. Por fim, uma busca por uma avaliação pragmática do efeito de
propagação de harmônicos no sistema.
Referências

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State University Press.

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Impedance Modelling. CIGRÉ Joint Task Force 16.05.02/14.03.03. ÉLECTRA No. 164.

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BONNER, A. et al. (1996). Modeling and Simulation of the Propagation of Harmonics in Electric
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