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rev i s ta

5º PRÊMIO
WERIL:
cobertura
completa
PÁG. 6
Chiquinho
MAIO/JUNHO.2002.ANO 24.Nº141.WWW.WERIL.COM.BR
Oliveira e
seu som bem
humorado PÁG.16

Conheça o novo
saxofone
na página 4
Weril Trombone Ensemble em apresentação

EDITORIAL
ao chegar no Brasil: presença do também
trombonista Renato Farias

Caro Leitor,
SUAS NOTAS

E
ste é um momento muito especial para nós, da Weril. Não apenas
por que colocamos no mercado uma série de lançamentos – como
a linha de saxofones Spectra II e os novos trompetes, apresenta- “Sou trompetista e leitor assíduo da revista. Quero
dos na edição passada. parabenizar a equipe da Weril por conceder-me a
O motivo de nosso orgulho vai muito mais além. Em 1997, a em- liberdade de escolha entre as 40 novas opções de
presa lançou a semente de um sonho: oferecer oportunidades para trompetes. É um momento marcante para todos
os jovens talentos e revelar ao Brasil grandes promessas da música nós e um grande avanço tecnológico para o país”
instrumental. Era o Prêmio Weril para Solistas de Instrumentos de João S. Martins (SP)
Sopro que nascia. Hoje, concluída sua quinta edição, temos segu-
rança em afirmar que o objetivo foi plenamente alcançado, como “Parabenizo a Weril pelo lançamento do trompete
você vai acompanhar nas páginas 6, 7 e 8 desta edição. triunfal em Sib. Esse instrumento certamente pro-
E quando o assunto é incentivo à música instrumental brasileira, porcionará ao músico mais alegria e melhor desem-
não poderíamos deixar de prestar uma merecida homenagem a penho na execução”
Arthur Weingrill, um dos maiores entusiastas da arte nacional, Olavo Henrique de Vasconcelos (PE)
que completaria 100 anos de nascimento em 2002 e que foi, sem
dúvida, um dos precursores desse concurso. “Tive que rir sozinho ao ler aquela do Angelino
A empresa está vivendo um momento bastante especial também Bozzini, na edição 139, quando ele escreve que o
fora do país, com uma aclamada apresentação do Weril Trombone estômago também faz música: ronca. Continuem
Ensemble, no Festival Internacional de Trombones 2002, que acon- enviando-me esta boa literatura”
teceu em maio, no Texas, EUA. A receptividade do público e a exce- Antônio Nunes de Araújo (SP)
lente performance do grupo, formado por renomados instrumen-
tistas brasileiros, como Radegundis Feitosa, Marcelo Bam Bam e o “Que as dificuldades do dia-a-dia que uma empre-
Quarteto de Trombones da Paraíba, foi mais uma prova do bom sa nacional enfrenta nunca venham a desanimar e
nível de nossos artistas e dos instrumentos fabricados pela Weril. fazê-la desistir, pois os brasileiros são carentes da
Para completar, uma matéria técnica especialmente dedicada às cultura que a Revista Weril nos traz”
bandas e fanfarras. É a homenagem da Revista Weril aos mestres Rodrigo Nascimento (SP)
de banda, que comemoram seu dia em 11 de julho. A Revista Weril agradece todas as correspondências re-
Nelson Eduardo V. Weingrill cebidas. Se você também quer entrar em contato co-
Diretor- superintendente nosco, confira no expediente nosso endereço e e-mail.

ÍNDICE REVISTA WERIL é uma publicação bimes-


tral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.
Conselho Editorial: Angelino Bozzini,
4 Efeito Sonoro – Novos sax Weril Dalmário Oliveira, Domingos Sacco,
Gilberto Siqueira, Mônica Giardini, Rade-
gundis Feitosa, Renato Farias, Sílvio Depieri
Papo com o Mestre – Idriss Boudrioua
5 Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb
12.333) - Redatores: Mônica Ranieri,

6 Especial - Vencedores do Prêmio Weril


Nelson Lourenço e Rafael Argemon
Fotos de capa: Marcelo Breyne e Beatriz
Weingrill - Redação e correspondência:
Eventos - Os lançamentos que agitaram a noite 9 Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua
Dr. Renato Paes de Barros, 926, São Pau-
lo/SP 04530-001
10 Música Viva – Um dia musical com o naipe de sopros do J. Quest e-mail: revista@weril.com.br
Projeto gráfico, diagramação e edito-
ração eletrônica: Yvonne Sarué Design
Dicas Técnicas 11 Tiragem: 32.500 exemplares
As matérias desta edição podem ser utili-

15 Todos os tons – Gírias musicais zadas em outras mídias ou veículos, des-


de que citada a fonte.
Matérias assinadas não expressam obri-
Entrevista – Chiquinho Oliveira 16 gatoriamente a opinião da Weril Instru-
mentos Musicais

Neste número, excepcionalmente, deixamos de publicar as seções “Por Distribuição gratuita


Estas Bandas”, “Intercâmbio”, “Eu Recomendo” e “Fique de Olho”, que Atendimento ao Consumidor
voltam na próxima edição. Weril 0800 175900
10
2 06/2002
05/2002
PERFIL

Ele viveu
para
a música
Com sua visão, Arthur Weingrill, que
completaria 100 anos em 2002, foi um dos
principais responsáveis pela
perpetuação da marca e pelo apoio à
música e ao músico brasileiro

A música foi mais que uma opção,


foi uma obra do destino

E
m uma década tão conturbada quanto a de Como grande entusiasta que era, foi um in-
30, com os ânimos exaltados graças à Revolu- centivador da produção nacional, seguindo e
ção Constitucionalista, em São Paulo, e com aprimorando a filosofia instituída por seu pai,
muitas incertezas, com a chegada da 2ª Guer- de ampliar a cultura musical e consolidar a arte
ra Mundial, Arthur Weingrill, um homem de de fabricar instrumentos musicais no país.
visão e mente aberta, assumiu a administra- Sua confiança no Brasil e em sua capacida-
ção da Weril. de de trabalhar e superar dificuldades ajudou-
Aprendeu desde cedo a amar e respeitar a o a impulsionar a fábrica para a posição que
música, assistindo ao nascimento do sonho de ocupa hoje. Sua produção, inicialmente toda
seu pai, que montava a primeira sede da em- artesanal, começou a incorporar as mais mo-
presa, no centro de São Paulo. Aos 12 anos, dernas tecnologias. “Ele
começou a trabalhar na Weril, e logo compre- era reconhecido pela sua vi- Sua obra frente à
endeu que caberia a ele manter viva esta tradi- são e tenacidade”, lembra empresa permanece
ção na fabricação de instrumentos musicais. o filho, Nelson Weingrill. viva até hoje,
Formado em contabilidade – era um “guar- “Mesmo nos momentos em cada instrumento
da-livros”, como se costumava dizer na época, mais difíceis, não se aba- fabricado pela Weril
Arthur, que herdara de seu pai o tino visionário tia”, completa.
para os negócios, correspondeu às expectati- Nascido em 1902, ele comemoraria 100
vas, e foi além do que o pioneiro Pedro Wein- anos em março. Em 1980, aos 78 anos, Arthur
grill imaginara, implantando a fabricação de Weingrill faleceu. Sua obra frente à empresa e
diversas linhas de instrumentos, como os saxo- a mensagem de luta e vanguarda, no entanto,
fones e as clarinetas, até então só disponíveis permanecem vivas até hoje, em cada instru-
como produto importado. mento fabricado pela Weril.

3
revista 35
1
EFEITO SONORO

Nova paixão

A 932

D
epois de muitas novida-
des em trompetes,
chegou a vez dos sa-
xofonistas! A Weril
acaba de lançar no
mercado dois novos
modelos de saxofo-
A 972
nes, um alto e um
tenor, na medida
para propiciar ao
músico ainda
mais conforto e
excelente sonori-
dade durante a
execução.
Os novos modelos têm design e disposição di-
ferenciada das chaves, com mecânica e recursos
que possibilitam seu acionamento de forma bas-
tante confortável. As chaves do Sib, Lá # e Mi,
por exemplo, têm novo posicionamento, ficando
ainda mais alinhadas. Da mesma forma, as “três
marias” - Ré, Ré # e Fá, também estão mais ana-
tômicas, permitindo mais agilidade ao tocar.
As alterações foram realizadas com base em
um comitê formado com saxofonistas de diver-
sas regiões do Brasil, como Silvio Depieri, Carlos
Malta, Chico Sá, Idriss Boudrioua, Bolão, Gerson
Galante,Vitor Alcântara, Eduardo Pecci, Dilson
Florêncio, Ivan Meyer, Goio Lima e Demétrio
Lima, que avaliaram os protótipos dos instrumen-
tos e fizeram observações através de fichas. Es-
tas fichas foram analisadas pela equipe de de-
senvolvimento, e os pontos comuns, incluídos na
nova linha. O resultado foi um instrumento que
respeita as características de porte físico do saxo-
fonista brasileiro.
Além dos avanços na mecânica, as inovações
na linha Spectra II trazem um projeto acústico que
garante resposta rápida e total controle da afina-
ção. Detalhes que farão o músico se apaixonar. Conjunto campana-curva
destacável

4 06/2002
PAPO COM 0 MESTRE

“Tocar deve ser


algo natural”
F
rancês radicado no Brasil há 20 anos, o saxofonista lidades. Tudo o que for feito, fa-

Fotos: Beatriz Weingrill


e professor Idriss Boudrioua experimentou e opinou zer em todos os tons. “É muito
sobre a nova linha Spectra II. importante para o músico acos-
A sonoridade agradou muito ao mestre. Além tumar-se, durante seus estudos,
disso, também mereceu destaque o aprimoramento ao fazer um exercício, tocar uma
no material, no acabamento e nas sapatilhas, com música ou uma frase, repetir a se-
atenção especial para as inovações na mecânica do qüência em todos os tons. Não é
instrumento. “O posicionamento das chaves de ca- na primeira vez que ele vai con-
dência ficou excelente, mais para dentro. A mão não seguir fazer isso. Uma hora diária
precisa fazer esforço algum”, avalia o saxofonista, de dedicação e, um belo dia, a
que obteve cotação máxima da crítica do jornal O coisa sai. Se fizermos uma analo-
Globo com seu novo CD, “Joy Spring”. Uma dica de gia, fica mais fácil entender a im-
Idriss: na hora de montar a chave do tudel, segure-o portância disso: quando a gente
de “mão cheia” para encaixá-lo. “Assim, evita-se fala, a gente não pensa que está
que fique com folga e comprometa o som”, ensina. falando. É a mesma coisa para
Segundo Idriss, além de um bom instrumento, o tocar saxofone: se não estudamos
músico também precisa ter algumas coisas em mente a técnica com empenho, sempre,
para obter rendimento máximo. Estudar todos os não vamos conseguir tocar com
dias, por exemplo, é fundamental. “Tem gente a mesma naturalidade. Outro fa-
que fica três dias sem tocar nada e, no quarto, tor que vale a pena ser conside- Idriss Boudrioua
experimenta o novo
fica sete horas seguidas estudando. É preciso con- rado: se eu não articulasse para sax alto Spectra II
tinuidade, sem exagerar na quantidade, para se falar, ninguém iria entender nada
desenvolver no instrumento, mesmo que seja somen- do que falo. O mesmo vale para a música. Tem que
te por hobby. É necessário seriedade”, aconselha. saber articular, estudar articulações, frases em todos
Para ajudar a desenvolver a técnica, o músico os tons, até se libertar. E manter a cabeça aberta
recomenda que se estude sempre em todas as tona- para as inovações”, acredita o mestre.

PN EA RW FE RI I LL J. Quest visita a fábrica


O naipe de sopros do J. Quest esteve na
fábrica de Franco da Rocha para conhecer
o processo de produção dos instrumentos.
Após a visita, no show room, eles deram
uma pequena mostra de seu talento. Em
tempo: desde a visita, os músicos passa-
ram a tocar com instrumentos Weril.

O cubano Jorge Ceruto testa um O saxofonista Rodrigo Bento, Antonio Cirilo (Toninho do
dos modelos da linha de enquanto montava a chave do Trombone) com seu trombone G.
trompetes Regium tudel do novo Spectra II Gagliardi

revista 5
P E ES PR E FC I AL L

A grande final
do
Prêmio Weril
Dez jovens músicos brilham em suas apresentações no Theatro Municipal de São Paulo

U
ma noite memorável, repleta de Weril começou”, completa. Outro
Fotos: Beatriz Weingrill

virtuoses, que brindaram os pre- momento marcante foi a homena-


sentes com música da melhor gem prestada pela empresa ao maes-
qualidade. Assim foi a grande tro Gilberto Gagliardi, falecido no ano
final do Prêmio Weril para Solistas passado. Sua filha, Kátia, recebeu
de Instrumentos de Sopro, realiza- das mãos de Nelson Weingrill, pre-
da este ano no Theatro Municipal sidente do conselho da Weril, um
de São Paulo, com toda a pompa quadro com a representação de
que o evento merece. Afinal, esta um trombone, instrumento que
foi a quinta edição do Prêmio, que, consagrou o mestre Gagliardi.
desde 1996, vem revelando novos O evento foi apresentado pela
talentos para a música instrumen- global Chris Couto, e teve a dire-
tal brasileira. ção artística do maestro Julio Me-
Talento, aliás, foi a tônica da fes- daglia. Ele compôs o júri do Prêmio
ta, ao lado da emoção que tomou ao lado do clarinetista e saxofonis-
conta dos participantes e do público. ta Eduardo “Lambari” Pecci, do
Cerca de mil espectadores foram ao trombonista Wagner Polistchuk, do
Municipal torcer, acompanhar a apre- saxofonista Idriss Boudrioua, e do
sentação dos dez finalistas e também trompetista Sérgio Cascapera.
conferir o show que antecedeu o Nas próximas páginas, saiba
anúncio dos vencedores, com a Ban- quem são os vencedores do 5o Prê-
da Havana Brasil. “Esta edição atin- mio Weril e confira os momentos
giu um nível excelente de participan- mais importantes da finalíssima.
tes. Ficamos felizes por saber que a
Weril, com este Prêmio, abre cami- “Foram dias de muito trabalho,
nhos e oferece oportunidades a jo- muita dedicação, em especial à
vens que pretendem ingressar em música que executei. Foi tanto es-
uma carreira cheia de emoção”, afir- tudo que deixei de pensar no que
mou o diretor-superintendente da faria se fosse o vencedor e, sin-
empresa, Nelson Eduardo Weingrill, ceramente, não esperava ganhar.
logo após a entrega dos prêmios. Só sei que pretendo utilizar parte
Segundo ele, o mais emocio- do dinheiro que recebi para fa-
Carlos Freitas, o primeiro colocado, e Nelson Eduardo nante foi realizar o Prêmio em um zer uma especialização fora do
Weingrill: após meses de expectativa, é anunciado o lugar com uma importância históri- país. Quanto à gravação do CD,
grande vencedor do Prêmio Weril daqui pra frente é que vou defi-
ca como o Theatro Municipal, o que
nir as músicas”
endossa a importância do evento.
“Além disso, foi no centro de São Carlos Augusto de Freitas, 1º lugar, trom-
bonista de 23 anos, de Jundiaí (SP)
Paulo que a própria história da

6 06/2002
Trombone, o
dono da noite
Alto nível dos concorrentes dificulta a escolha, mas decisão do júri foi unânime

A tarefa de classificar os três primeiros master”.Tiago Francisco Naguel,


colocados do 5o Prêmio Weril não foi nada trompetista, ficou em segundo (R$
fácil para o júri. “Já havia sido difícil a es- 5 mil e o instrumento Weril). Com 17
colha dos dez melhores que viriam para a anos, o bombardinista Rafael Dias
final”, revelou o maestro Julio Medaglia. Mendes completou o pódio, ficando
“Tínhamos pelo menos 20 concorrentes que com o terceiro lugar. Recebeu de
poderiam estar perfeitamente neste even- Neide Weingrill, integrante do con-
to”, recorda-se ele. Porém, mesmo admi- selho da empresa, um prêmio de R$
tindo o alto nível dos participantes, o dire- 3 mil e o euphonium com o qual se
tor artístico do Prêmio acrescentou: “A de- apresentou.
cisão sobre o vencedor foi unânime.” Na opinião do maestro Julio Medaglia, “Como trombonista,
O trombonista Carlos Augusto de o espetáculo proporcionado pelo Prêmio meu universo é o so-
Freitas foi o primeiro colocado e recebeu é um sinal de “vida inteligente no cenário pro, e ouvindo esses
R$ 8 mil, o instrumento Weril utilizado na cultural brasileiro”. Testemunha dos gran- meninos, essas voca-
final e a gravação de um “CD des momentos de nossa música, Medaglia ções aflorando, esse
observa que o Prêmio melhora a cada ano, desejo em se desen-
uma vez que o instrumentista brasileiro vem volver em barítono,
demonstrando que está em busca do aper- clarineta e saxofone,
feiçoamento. “A Weril é um exemplo raro entre outros instrumen-
de empresa que alimenta a indústria cul- tos, me sinto gratifica-
tural de uma forma que, de fato, benefi- do. E são talentos mes-
cia o músico”, afirmou. mo, pequenos gênios
da música, futuros pro-
fissionais da melhor
qualidade, que só fa-
rão enobrecer a músi-
ca brasileira. Foi uma
honra tocar em um
evento dessa impor-
tância, com esse espí-
rito que não é de com-
petição, mas de mos-
tra do talento. O con-
curso é um detalhe, o
que importa é mostrar
“Foram muitas horas de estudo antes “Estou realizando um sonho ao participar pela o trabalho, enfrentar o
de chegar até aqui. É a segunda vez primeira vez do Prêmio Werill. Quando da entre- grande público em um
que sou finalista desse prêmio e fui sor- ga do 4º Prêmio, assisti a cerimônia. Na época, lugar que tem toda
teado para ser o primeiro a se apre- tinha 14 anos. Me lembro muito bem que pendu-
uma magia, como o
sentar, o que aumentou o nervosismo. rei o regulamento anterior do Prêmio na parede
Theatro Municipal.”
Mas estou muito satisfeito com o se- do meu quarto, e toda vez que olhava para ele
gundo lugar. Agora é continuar me de- dizia para mim mesmo: `Vou estudar que um dia Matias Capovilla, trom-
bonista (na foto,o pri-
dicando para a próxima edição.” eu chego lá´. Hoje, o sonho tornou-se realidade.” meiro da direta para
Tiago Francisco Naguel, que recebe o O bombardinista esquerda,integrando a
troféu das mãos do sr. Roberto Weingrill Rafael Dias Mendes Banda Havana Brasil)

revista 7
Aplausos também
para o Mestre
Marcos Shirakawa, professor do primeiro colocado,
recebeu, como Prêmio Especial, uma passagem aérea
O professor Marcos Shirakawa recebe a premiação para os Estados Unidos ou Europa

O professor do trombonista Carlos res, às vezes enérgico, outras vezes


Freitas teve dupla motivação para co- “paizão”?
memorar o resultado do 5o Prêmio We- Por incrível que pareça, utilizo muito o
ril. Além de ver seu pupilo ganhar, ele esporte como exemplo, transportando
conquistou uma passagem aérea para seus princípios de disciplina para que
os Estados Unidos ou Europa, como Prê- meus alunos os utilizem também na
mio Especial ao Mestre. Gilberto Siquei- música. Mas não sou enérgico, posso ser
ra, primeiro trompete da Osesp e mes- considerado “paizão”: sou bem amigo,
tre vencedor do último Prêmio, entre- deixo o aluno à vontade. Acredito que é
gou uma passagem simbólica a Marcos, assim que conseguimos alcançar con-
Jurados: da esq. p/ dir., Sérgio Cascapera, Julio Meda-
glia, Lambari, Idriss Boudrioua e Wagner Polistchuk que, após a premiação, concedeu esta quistas como essa.
entrevista: O professor se projeta no aluno? É
Qual o método de ensino que o sr. como se ele fosse um filho?
utilizou com seu aluno, como prepa- Com certeza. Na hora da apresentação,
ração para o Prêmio? fico mais nervoso que eles. Os alunos,
Usei vários métodos, procurando incenti- aliás, não têm nem idéia do que passa-
var ao máximo os estudos e a capacida- mos. Certamente, é como se fosse um
de de desenvolvimento da musicalidade. filho. É uma carreira que estamos come-
O sr. considera que a disciplina utili- çando a construir juntos.
zada no ensino da música pode ser E o Prêmio? O sr. esperava recebê-lo?
comparada com as exigências de um Não, não esperava. Por isso, ainda não pen-
O Theatro Municipal lotou para a entrega do Prêmio técnico de futebol com seus jogado- sei sobre como vou utilizar a passagem.

Além dos três primeiros colocados, outros sete músicos


participaram da final do Prêmio Weril e receberam um
instrumento com a marca da empresa. São eles, da
direita para a esquerda:
André Gustavo Dalvio Gonçalves, trompista
Francisco Alves de Macedo, saxofonista
Geisa Cerqueira Felipe, flautista
Luiz Ricardo Serralheiro, tubista
Maico Viegas Lopes, trompetista
Nelson Weingrill entrega a Chris Couto, que já havia
Marcio Alexander Schuster, saxofonista Kátia Gagliardi, filha do apresentado a edição
Ronan Estima Moris, trompetista mestre Gilberto Gagliardi, a anterior, retorna ao palco
homenagem ao maestro para o 5º Prêmio Weril

10
8 06/2002
05/2002
EVENTOS

Fotos: Beatriz Weingrill


Festade Sons

O
Theatro São Pedro se encheu de música e
Trompetes:
magia durante o lançamento da nova linha coro inédito
Regium de trompetes. Além do coro com
14 trompetes triunfais, algo nunca antes vis-
to em palcos brasileiros, ainda se apresentaram
grandes feras de nossa música instrumental, como
Márcio Montarroyos, Chiquinho Oliveira e Quin-
zinho Oliveira. Outra estrela da noite foi Gilberto
Siqueira, primeiro trompete da Osesp. Acompa-
nhado de seu filho, Edson, ao piano, ele coman- Da esquerda
dou a festa, em que a platéia pôde conferir de para a
direita:
perto toda a sonoridade e avanço tecnológico da Márcio
nova linha Regium, que ele próprio, em parceria Montarroyos,
com a Weril, ajudou a desenvolver. Quinzinho e
Chiquinho
Para apresentar os novos saxofones Spectra Oliveira
II, a Weril escolheu como cenário a tradicional
casa de espetáculos Bourbon Street, um dos mais
charmosos espaços para apresentações de jazz em
São Paulo. A Banda Mantiqueira foi a responsável
pela ótima trilha musical, composta por instrumen-
tos Weril. Os presentes ainda puderam ouvir um
encontro antológico: Paulo Moura, no sax e na
clarineta, e o violinista Yamandú Costa, acompa-
nhados de Proveta, o líder da Mantiqueira. Gilberto
Siqueira foi
o mestre de
cerimônias
O encontro entre Paulo Moura e no Theatro
Yamandú recebeu elogios da São Pedro
crítica especializada

Toda a
classe da
Banda
Mantiqueira
durante o
lançamento
dos novos
saxofones

revista 95
1
PM EÚ SR I F C I A L V I V A

Um dia musical
em BH
Conheça as sugestões do naipe de sopros do J. Quest
e aproveite seu dia em Belo Horizonte

E
sta edição traz as dicas para quem adquirir discos difíceis de encontrar, como
está ou vai à capital mineira con- o da banda Black Rio e de Branford
sumir música. Quem indica os me- Marsalis, executando peças como Con-
lhores lugares é o pessoal do naipe certino da Câmara, de Jacques Ibert.
de sopros do J. Quest: Toninho do Trom- E como músico que é músico não
bone, Rodrigo Bento e Jorge Ceruto. abre mão de assistir uma boa apresen-
“Não se pode falar de música na tação ao vivo, a sugestão para a noite

SERVIÇO capital mineira sem obrigatoriamente


citar a loja A Serenata como referên-
cia. Lá, o músico irá encontrar instru-
é ir ao Café do Sol para ver o show da
cubana Teresa Morales, às terças-feiras.
A cantora interpreta clássicos da músi-
mentos, bocais, boquilhas, palhetas, ca latina acompanhada por teclados,
estojos, métodos nacionais e importa- percussão e ´canjas´ de instrumentistas
dos e programas de computador, entre de sopro, incluindo o nosso naipe de
A Serenata - Av. Olegário Maciel, 151, outros produtos. O atendimento é ex- sopros do J. Quest, que, sob o nome
celente, e os vendedores estão sempre de Havana Clube, se revela em uma
Centro - telefone: (31) 3271-1313 dispostos a orientar o músico da melhor banda de autêntica salsa cubana, mis-
forma. Além disso, A Serenata também turando influências tradicionais do gê-
Casa Lira - Av. Olegário Maciel, 742 - está presente na vida cultural da capital nero com a música brasileira e o jazz
loja 1061/1062, no Mercado Novo, mineira, patrocinando eventos, shows fusion americano do Yellow Jackets e
Centro - telefone: (31) 3271-9082 e workshops com instrumentistas de Brecker Brothers.
categoria nacional e internacional. Uma opção para curtir música de
Andando alguns quarteirões, no in- qualidade e de graça em Belo Horizonte
Discoplay - R. Tupis, 70, Centro (pró-
terior do chamado ‘Mercado Novo’, é a Escola de Música da Universidade
ximo ao Othon Palace Hotel) - telefo- está a tradicional Casa Lira, que vende Federal de Minas Gerais - UFMG, que
ne: (31) 3222-0046 instrumentos de sopro e também ofe- oferece uma programação rica e varia-
rece serviço de manutenção. Aprovei- da em seu auditório, no Campus da
Café do Sol - Av. do Contorno, 3301, te a oportunidade para bater um papo Pampulha. As atrações são as mais di-
com o proprietário, sr. Wilson Lira, e versas, desde a Orquestra Sinfônica da
Sta. Ifigênia - telefone: (31) 3463-8989
seus filhos, Cláudia e Clauzir, que têm Universidade e grupos de câmara,
uma conversa sempre agradável. como o ótimo Minasax, liderado pelo
Auditório da UFMG - R. Antônio Car-
Para encontrar CDs, VHS e DVDs saxofonista e professor Dílson Florên-
los, 6627, Campus Pampulha - telefo- dos mais variados, uma excelente cio, até big bands, do porte da Ge-
ne: (31) 3499-4700 opção é a Discoplay, no centro da rais Big Band, conduzida pelo
cidade, que possui um dos trombonista Paulo Lacerda.”
melhores acervos de mate-
rial raro. Só para deixar
o leitor com ‘água na
boca’, ali é possível

Da esquerda para direita:


Rodrigo Bento,
Toninho do Trombone
e Jorge Ceruto
10 06/2002
10 05/2002



DICA TÉCNICA 58







Estudos de Flexibilidade:



Não basta estudar


estudar,, tem que perseverar






Quinzinho Oliveira*





M
uitos estudantes, e até mesmo

músicos profissionais, não desfrutam



dos recursos e efeitos que a


flexibilidade pode lhes proporcionar.



Uma das dificuldades é a dúvida sobre


a melhor maneira de estudar, uma vez



que geralmente os exercícios não


possuem uma didática passo a passo.



Nesta explanação serei o mais didá-


tico possível, para que você obtenha



grandes resultados.

Os primeiros exercícios foram ela-



borados para desenvolver a ação dos


lábios, a parte de trás da língua (dorso),



e a capacidade do ar, para que o con-


trole desses membros seja alcançado.


Antes de se exercitar no instrumen-



to, treine articulando, UOÓAEÉI...ICHI.


O objetivo principal deste exercício é



a função da língua, observe o movimen-


to da parte de trás (dorso) levantando



levemente em direção do céu da boca.


Fazendo este exercício no bocal você



perceberá esse movimento facilmente.


A pressão dos lábios nos exercícios



ascendentes e descendentes deve ser


controlada, uniformemente e com le-



veza, assim os lábios ficam mais relaxa-


dos para fazer o seu papel naturalmen-



te. Nunca esqueça do combustível (o ar).


Observe que para o agudo deve-se ob-



ter maior velocidade da coluna de ar para


compensar o estreitamento dos lábios.



Nos primeiros exercícios estudaremos


acordes maiores em tríades, passando



pelas sete posições do instrumento.


Nesta primeira fase os exercícios ao



lado devem ser tocados com andamen-


to lento. Semínima = 60









revista 15



Nos exercícios seguintes exercitaremos duas oitavas, Além dos intervalos de terças praticados nas lições anteri-
continue com andamento lento. Semínima = 60 ores, estudaremos também intervalos de quinta até oitavas.

Com a prática das duas primeiras fases, certamente você Nesta fase, é recomendável um andamento lento nas
terá maior controle e clareza no decorrer dos estudos. regiões grave e média do instrumento, nestas regiões,
Na terceira fase, os exercícios exigirão um pouco mais. os intervalos são mais espaçados, de forma que o estu-
A flexibilidade, além de melhorar o legato, aumenta a dante adquirirá resistência, sincronismo, equilíbrio, afi-
resistência da musculatura envolvida nesta prática. nação e muito mais.
Estude os exercícios pausadamente e procure forçar Obs.: Em todas as fases, você pode estudar até o limite
gradativamente as regiões mais agudas. Tenha cuidado de sua extensão, porém nunca esquecendo que os re-
para não ir além de sua capacidade e causar qualquer sultados de qualquer estudo vêm como o gotejar de uma
tipo de lesão nos seus lábios! nascente: você nunca imaginaria que dela grandes rios
É importante que você pratique todos os dias. se formam.

Todos os exercícios foram feitos e pesquisados em três gran- *Quinzinho Oliveira é trompetista, arranjador, professor e
des métodos: Lip Flexibilility, de Walter M. Smith, Daily Drills, de regente da Banda Musical do Colégio Termomecânica, em São
Max Schlossberg e Arbans. Bernardo do Campo (SP). Contato: quinzinholiveira@globo.com

10 05/2002



DICA TÉCNICA 59






Bandas e Fanfarras:



Análise técnica dos problemas constantes




Maestro Beto Barros*




H
ello everybody! Esta matéria técnica aborda os proble- Tem existido alguma confusão entre os maestros com

mas costumeiros que tenho observado no acompanha relação ao tamanho e interpretação das anotações de acen-

mento do Campeonato de Bandas e Fanfarras da Secre- to. O acento longo, que recebe o valor integral da nota,

>
taria da Juventude do Estado de São Paulo, no qual venho deve ser marcado como [ ], e o pequeno e pesado acento

^

atuando como jurado há algum tempo. Os assuntos que deve ser anotado como [ ]. O acento marcato [^] deve indi-

devo abordar nesta e edição é Fraseado e Articulações, car: mais pesado e mais longo do que uma colcheia, ou do

mas outros tópicos serão publicados nos próximos meses. que uma semínima staccato.

O fraseado deve possuir precisão rítmica, definição Apenas recentemente os arranjadores começaram a

exata das articulações, silabação adequada (pronún- aceitar esta notação como padrão, e por esta razão as

cia) e definição do estilo, imprescindíveis quando exe- grades (os scores) devem ser estudadas com atenção e

cutadas em naipe. mudadas quando necessárias. Veja o próximo exemplo,


Nosso sistema ocidental de notação rítmica não é ade- ele é considerado correto em ambas as maneiras.

quadamente equipado para tratar com a complexidade de Exemplo 2 Exemplo 3



ritmos de jazz derivados da África e ainda das influências


latinas da música popular de várias etnias, que agora se


fundem e desembocam em um formidável caldeirão multi- No estilo “swing” (popular não clássico), todo final

cultural do século XXI. Por exemplo, as colcheias com swing, de frase normalmente deve ser cortado, a não ser que

freqüentemente escritas como colcheias regulares exista outra indicação.


. Alguns escritores preferem indicar da se-


Exemplo 5

guinte maneira . Ambas as notações são


inadequadas. A colcheia swingada, quando propriamente



executada, representa , enfatizando pul- As colcheias mais altas no pentagrama devem ser nor-

sação ternária. Portanto, no estilo clássico, a colcheia deve malmente acentuadas como no exemplo acima. Os acen-

mesmo ser regular , no entanto, no jazz e em tos não devem ser exagerados. Um acento com pressão da

outros ritmos latinos, a colcheia regular deve coluna de ar é mais efetivo do que um acento pesado de

ser executada . golpe de língua. Os músicos freqüentemente reforçam o


Aconselho maestros e chefes de naipe a anotarem todas acento da pressão da coluna de ar com um suave ataque

as articulações necessárias e apropriadas nas partituras, para de língua. Esta abordagem funciona melhor na interpre-

a perfeita definição do estilo a ser executado. tação do Exemplo 6


O problema básico nas bandas e fanfarras é o método



de ataque, ou seja, a precisão de tocar staccato e a habili-


dade de executar um belo legato; tocar as notas suavemen- As semínimas com grande exposição no tempo fraco

te sustentadas, conectadas e com a pronúncia apropriada. geram sincopas e devem ser acentuadas como no

Vamos agora dar uma olhada em vários exemplos de Exemplo 7


articulações que também estão disponibilizados em áudio,



formato MP3 no meu site na web.www.betobarros.hpg.com.br


Exemplo 1

Colcheias com ligadura sobre a barra de compasso e



ligadas às notas com valor maior do que colcheia, são


normalmente tocadas com acentos longos.


Exemplo 8

As marcações em legato (exemplo1) freqüente-


mente não são usadas no senso tradicional, mas para


Notas ligadas dentro do compasso, ou sobre a barra


definir o comprimento da frase. Este tipo de frase no esti-


lo swing deverá ser atacado (língua) levemente, e ainda do compasso são acentuadas e tocadas com valor inte-

com uma silabação macia, (soft) como “DU”. Os acentos gral, a não ser que outra indicação exista.

serão melhores realizados mais com a pressão da coluna Exemplo 9


de ar do que com ataque pesado da língua, e ainda por


ser uma frase de caráter ascendente, deverá ter um na-



tural e suave crescendo.








revista 15



Colcheias ligadas sobre a barra de compasso a outra Exemplo 15
colcheia poderão ser articuladas de duas maneiras, depen-
dendo do estilo e das frases precedentes e subseqüentes.
Exemplo 10
ou Para se ter certeza de um limpo e preciso ataque no
tempo fraco, com valor de colcheia, precedida por uma
Uma figura rítmica muito comum que aparece sempre longa nota ligada, proceda do seguinte modo: interrom-
no tempo primeiro ou terceiro é no estilo de swing. Ela de- pa a nota na última ligadura do tempo forte. A porção
verá ser articulada dos seguintes modos. final da nota ligada deverá ser considerada como pausa.
Exemplo 11 Veja o exemplo a seguir:
Exemplo 16

Uma articulação apropriada para a segunda colcheia


é dependente do que virá após esta mesma figura. No
estilo rock é normalmente articulado do seguinte modo.
Exemplo 12 Shakes são freqüentemente seguidos por uma colcheia
no tempo fraco. O ataque da colcheia pode ser mais preci-
so se parar o Shake no tempo forte ao invés do tempo
Uma série de semínimas que aparecem consecutivamen- fraco. Esta técnica é similar àquela descrita no exemplo
te no tempo fraco são freqüentemente tocadas curtas (exem- acima, e não deverá ser sempre desejada, mas ela é, to-
plo 12a), todavia, elas podem também ser interpretadas com davia, um meio de sucesso para limpar o problema em
acentos longos e “quedas curtas” (short falls), (veja tabela uma banda com pouca experiência.
geral de articulação no final dessa matéria) criando peque- Exemplo 17
nos intervalos entre cada semínima (ex. 12b). Veja o áudio
em mp3 no site na web.
Exemplo 13 Crescendo e decrescendo, quando são indicados, de-
vem ser adicionados e seguir contorno natural das linhas
Escrito melódicas. Se a linha sobe na tessitura, então um suave
crescendo será benéfico e vice-versa. Estas nuances não
Tocado
devem ser muito evidenciadas e devem parecer naturais.
Os crescendos geram uma pequena tensão e os decres-
cendos geram, ao contrário, um relaxamento da frase.
Escrito
Exemplo 18
Tocado

A seguinte figura poderá ser corretamente articulada


em várias maneiras diferentes; a escolha apropriada irá
depender do estilo.
Exemplo 14 No sentido de gerar interesse e movimento em notas
longas, que normalmente possuem um caráter estacioná-
rio, é aconselhável adicionar um suave crescendo.
Exemplo 19

Semínimas no estilo swing são freqüentemente toca- Exemplo 20


das curtas com o acento marcato. Regentes, atenção aos
músicos com pouca experiência, pois eles tenderão a apres-
sar os tempos fortes, particularmente nos andamentos len-
tos e moderados. Os alunos deverão ser instruídos para
esperar por cada tempo. É uma grande idéia instruir o es-
tudante a tocar com caráter “para trás” (lay back), mas
com o cuidado de não atrasar ou arrastar o andamento: é
muito importante manter o tempo. Aguarde o complemento desta matéria na próxima edição
* Maestro Beto Barros dirige sua própria empresa de produções
artísticas e culturais. Contatos para cursos e workshops:
(11) 3257-7385 e 3151-4047 ou betobarros@ieg.com.br
T
O
Na boca D
0
do S
músico
As peculiaridades de linguagem
utilizadas no estúdio e na orquestra
O
S
C
omo toda classe, grupo ou mesmo “tribo”, o parte do dia-a-dia. “Elas vão surgindo, sendo incor-
meio musical também tem suas gírias próprias, poradas, e as pessoas do meio passam a se comu-
seus maneirismos e peculiaridades de vocabu- nicar muito através delas”, diz.
lário. Não importa o estilo, popular ou clássico,
existem muitos termos que só pessoas habitua-
Mesmo em ambientes mais sisudos, como o da
música erudita, também existem algumas particu-
T
das ao mundo da música, e ao próprio estilo, co-
nhecem o significado. É o caso das gírias baseadas
em nomes de pessoas. “É comum ‘batizarmos’ um
laridades de linguagem. “Não é muito freqüente,
mas alguns jargões são clássicos, como quando o
maestro pede um ‘toreriroré’, que significa que ele
O
jeito, um efeito ou até mesmo um erro cometido
repetidamente com o nome do músico que costu-
ma fazê-lo”, conta Carlos Malta, conhecido saxo-
quer uma escala ligada”, conta Samuel Hamzem,
trompista da Osesp.
Mônica Giardini,
Léa Freire: maestrina
dicas da Banda
para gravar seuSinfônica
próprio CD
N
fonista da noite carioca e renomado músico de es-
túdio, que atualmente integra a banda do cantor
Gilberto Gil. Segundo ele, especialmente no seg-
Jovem do Estado de São Paulo, faz coro com Sa-
muel, e completa: “Na música erudita, temos tam-
bém algumas expressões que, de tão usadas, se
S
mento da música popular, a utilização de gírias faz transformam em hábitos”, diz a maestrina.

Fique por dentro do que rola na “boca dos músicos”:


DENTRO DOS ESTÚDIOS E NA NOITE groove): tocar mais “martelado” usan- Tocar notas ao luar: diferente de to-
do mais percussão em instrumentos car notas chinesas, significa tocar qual-
Amanhã eu passei ontem porque que não são de percussão. quer nota, mas a critério do próprio
hoje foi canja: usa-se prevendo o Mandar o Lima: quando o músico não músico.
amanhã, significa que não irá compa- pode ir a algum ensaio, diz que “man-
recer no dia seguinte e que no dia to- dou o Lima”, ou seja, ninguém apa- NAS ORQUESTRAS
cou sem compromisso. receu.
Asfrar: errar na execução de uma Protoolzada: alusão ao programa de Bailarino: é quando o maestro movi-
música. Diz-se que o músico “asfrou” computador Pro Tools (ferramenta menta-se muito e chega até a dançar.
naquela parte da música. muito utilizada em estúdios para edi- Papapapá: gíria para a quinta sinfo-
Dobrar: gravar o mesmo instrumento ção e mixagem de músicas). O ter- nia de Beethoven.
em diferentes canais, dando a impres- mo é usado para o músico que preci- Pompompompompom: significa
são de que vários instrumentos estão sa dar uma afinada ou mesmo me- que o maestro quer uma escala “não-
tocando ao mesmo tempo ou em tem- lhorar seu ritmo. ligada”.
pos quase iguais. Quebrar tudo: tocar muito bem. PPP: esta sigla serve para quando o
Entrar de bunda: entrar errado na Tocar com uma orelha só: músico músico deve tocar ‘super pianinho’,
música. de estúdio que grava com um só ouvi- afinado, perfeito.
Ficar rodando: ensaiar somente um do no headphone. Diz-se que o tal sa- Regência Robô: é quando o maestro
trecho da música repetidas vezes. xofonista “toca com uma orelha só”. é muito duro, movimenta-se pouco.
Groove (junto com o nome de al- Tocar notas chinesas: tocar notas Toreriroré: significa que o maestro
guns instrumentos. Ex.: flauta erradas. quer uma escala ligada.

revista 15
E
N

Beatriz Weingrill
T
R
Música com
E bom humor
V Francisco Carlos de Oliveira, ou Chiquinho

I Oliveira, como é conhecido, pode ser visto, e


ouvido, todas as noites no Programa do Jô.
Natural de Piedade, interior paulista, seu contato
S com a música começou cedo, com apenas sete
anos. Mas a paixão pelo trompete só aconteceu

T aos nove. “Desde a primeira vez que ouvi o


trompete, sabia que seria esse o instrumento

A ao qual me dedicaria”, diz.


Chiquinho Oliveira:
autocontrole para não
rir das piadas

Em 1988, Chiquinho mudou-se para sonoridade, afinação, estilo próprio. afinação, a performance. Além disso,
o Rio de Janeiro, em busca de no- Também é ótimo ser curioso. A curio- é preciso autocontrole e vigilância
vas oportunidades. Ficou lá por três sidade é um bom caminho para quem constante, para não rir das piadas en-
anos, estudando, e integrou diver- quer brilhar no trompete. Só fazer o quanto estivermos tocando.
sas bandas. como as das cantoras trivial limita o músico. Falando assim RW: Lembra-se de algum caso ocor-
Elba Ramalho, Alcione e Leila Pi- parece fácil, mas houve até um mo- rido no programa que o faz rir até
nheiro. Atualmente, Chiquinho mento em que pensei em desistir, pois hoje?
mora em São José dos Campos (SP). as dificuldades são muitas. CO: No começo do Sexteto, tocava os
Além de compor o Sexteto do Jô RW: Qual o segredo para formar um temas e saia improvisando. Um dia me
desde 1999, ainda se apresenta com estilo próprio? empolguei, fechei os olhos e não pres-
o Trio KRJ, faz parte da Big Band Metal CO: O estilo próprio nasce da soma tei atenção na hora em que o Jô deu
Manera e realiza trabalhos de produ- de informações ao longo da vida. Por o corte. Todos pararam de tocar e só
ção e gravação de jingles, spots, tri- isso, é importante ouvir muita gente, eu fiquei lá, durante muito tempo,
lhas e CD em seu estúdio, The Lyre pois um dia alguém chama a atenção improvisando. Até que percebi que não
Studio & Produções. do músico e o estimula a imitá-lo. Tem tinha outro som além do meu trompe-
Revista Weril: O que julga necessá- que ouvir de tudo, todos os trompetis- te. Abri os olhos e vi o Jô, com aquela
rio para o músico se sobressair? tas e também outros instrumentos cara de quem não está entendendo
Chiquinho Oliveira: Muita gente diz musicais, com especial atenção aos nada, me olhando.
que é uma questão de sorte. Sim, isso compositores eruditos, que são a base RW: Quais os músicos que mais in-
conta, mas acredito que, antes de para qualquer um que se disponha a fluenciaram sua carreira?
tudo, é preciso determinação. Muito seguir carreira como músico. CO: Foram muitos, e com certeza não
estudo, fé e dedicação também são RW: Quais as dificuldades de se to- dá para citar todos, mas no trompete
essenciais. Trompete é um instrumen- car em um programa de entrevistas? posso dizer que foram Clark Terry,
to muito difícil, além de não-convida- CO: O mais importante é ter muita Chet Baker, Quincy Jones, Miles Da-
tivo, pois toca-se uma nota por vez. concentração, para não errar. Com o vis, Dizzy Gillespie e Wynton Marsa-
Tem que gostar muito, treinar embo- tempo, a tendência é ficar mais natu- lis. Entre os saxofonistas, cito dois: John
cadura, as combinações de chaves, ral, relaxado. Aí tudo fica melhor: a Coltrane e Charles Parker.

10 06/2002
16 05/2002

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