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DECISÕES RELEVANTES

Conselheiro Relator Ronaldo Chadid

“Em um contrato anual, ao final da sua vigência de 12 meses, é prorrogado por mais
03 (três) meses acrescido de aditivo com acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento)
sobre seu valor. O valor de acréscimo deste aditivo, correspondente aos 03 meses,
incide sobre o valor global do contrato como preceitua o § 1º do art. 65 da Lei
8.666/93, ou somente sobre o valor proporcional aos 03 meses de prorrogação?”

PROCESSO TC/MS: TC/3404/2013


PROTOCOLO: 1401336
ÓRGÃO: FUNDAÇÃO SERVIÇOS DE SAÚDE DE MATO GROSSO DO SUL
ASSUNTO DO PROCESSO: CONSULTA
RELATOR: CONS. RONALDO CHADID
CONSULENTE: RONALDO PERCHES QUEIROZ
CARGO DO CONSULENTE: DIRETOR-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO SERVIÇOS DE
SAÚDE DE MATO GROSSO DO SUL

QUESITOS

Em exame, a Consulta formulada pelo Sr. Ronaldo Perches Queiroz, diretor-presidente


da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul - FUNSAU, nos seguintes
termos:

“Em um contrato anual, ao final da sua vigência de 12 meses, é prorrogado por mais
03 (três) meses acrescido de aditivo com acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento)
sobre seu valor. O valor de acréscimo deste aditivo, correspondente aos 03 meses,
incide sobre o valor global do contrato como preceitua o § 1º do art. 65 da Lei
8.666/93, ou somente sobre o valor proporcional aos 03 meses de prorrogação?

A Assessoria Jurídica deste Tribunal de Contas, em Parecer PAR-GAB. PRES.-


6315/2013 (peça 2), entende, na interpretação do art. 65, § 1º da Lei 8.666/93, que
referido dispositivo fixa os limites para alterações contratuais para que não haja
alteração radical ou acarrete frustração aos princípios da obrigatoriedade da licitação e
isonomia. Ressaltou que as alterações contratuais devem constituir-se em situação
excepcional e devidamente justificada.

Assim, entendeu que:

“O porcentual de 25% (vinte e cinco por cento) deverá incidir sobre o valor global do
contrato em relação ao valor inicial do ajuste, devidamente atualizado, observada a Lei
do Plano Real, nos termos do art. 65, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos, e não
1
sobre o valor proporcional da prorrogação ora efetuada, tudo em consonância com o
equilíbrio econômico-financeiro que rege os pactos administrativos.”

O Ministério Público de Contas emitiu Parecer PAR-MPC-GAB.7 DR.JAC-11846/2013


(peça 3), evidenciando que as alterações contratuais devem ser realizadas desde que
haja interesse público, denotando a sua supremacia sobre o privado e, ao final, pugnou
pelo seguinte entendimento:

“O percentual de 25% (vinte e cinco por cento) deverá incidir sobre o valor inicial do
contrato, atualizado monetariamente, conforme previsão contida no § 1º do artigo 65
da Lei Federal n. 8.666/93, e não apenas sobre o valor proporcional ao prazo de
prorrogação decorrente de Termo Aditivo firmado entre as partes contratantes.”

É O RELATÓRIO.

DAS RAZÕES DO VOTO.

Trata-se de consulta sobre a interpretação do art. 65, § 1º da Lei 8.666/93 que dispõe:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os


acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento)
para os seus acréscimos.

A consulta formulada, embora seja respondida nos limites do questionamento


formulado, e possa, no presente caso, parecer direcionada a uma situação concreta, uma
vez que se refere a uma situação de prorrogação exata de 3 (três) meses, deve ter seu
fundamento alicerçado em uma situação genérica, a ponto de dirimir a questão,
independentemente do prazo da prorrogação.

Delimitada as diretrizes teóricas da Consulta, passa-se à análise do questionamento


formulado.

Primeiramente, o art. 65, caput da Lei 8.666/93 prevê que os contratos regidos por ela
podem ser alterados desde que justificada a modificação. Referido dispositivo ressalta o
princípio da motivação dos atos administrativos, que exige do Administrador Público a
demonstração da necessidade e do atendimento ao interesse público primário (da

2
coletividade).

Assim, a prorrogação contratual só pode ser aceita em caráter excepcional, pelo que,
deve o Administrador Público em seu planejamento providenciar a realização de nova
licitação antes do término de vigência do instrumento, principalmente para cumprir o
disposto no art. 57 da Lei 8.666/93, que prevê que a duração dos contratos obedecerá
aos respectivos créditos orçamentários e que são fixados por exercício financeiro.

Em segundo, atenta-se que os incisos I e II do art. 65 da Lei 8.666/93 autorizam a


alteração contratual de duas formas: I) unilateralmente pela Administração e; II) por
acordo entre as partes.

Cumpre salientar que, em ambas as situações, os acréscimos e supressões mencionadas


no caput do art. 65 são passíveis de realização.

Outra observação a fazer é que, na hipótese do art. 65, inc. II, alínea “d”, eventuais
reajustes realizados para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro não se
constituem em majoração contratual. Assim, a soma do referido acréscimo ao valor
inicialmente contratado é que servirá de base para o cálculo do limite percentual
estabelecido no § 1º do art. 65.

Adverte-se, no entanto, que, o equilíbrio econômico-financeiro não se trata de assegurar


à empresa uma situação lucrativa constante. Conforme preconiza Marçal Justen Filho1,
“não cabe investigar se a contração é ‘equilibrada’ no sentido de produzir lucros
satisfatórios e adequados”, e complementa: “o equilíbrio de que se cogita é puramente
estipulativo”.

Portanto, o evento que determina a necessidade do restabelecimento do equilíbrio


econômico-financeiro não pode ser usual, deve ser imprevisível, excepcional,
inimputável às partes e que cause grave modificação nas condições do contrato.

Em terceiro, e especificamente sobre o que constitui o centro da Consulta, a base de


cálculo do percentual de 25% previsto no art. 65, § 1º da Lei 8.666/93 é o valor da
contratação original atualizado monetariamente, ou, conforme já exposto, é o valor
revisado da contratação original quando se tratar de hipótese de manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro.
Conforme ensina Marçal Justen Filho2:

1
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 14. ed. São Paulo:
Dialética, 2010. p. 800.
2
Idem, ibidem.

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“Os reajustes contratuais, destinados a neutralizar os efeitos da desvalorização da
moeda, não refletem alteração do valor real da contratação. Ou seja, o valor
reajustado do contrato é equivalente, durante a sua execução, ao valor original
pactuado.”

E complementa:

“A revisão de preços (destinada a assegurar a manutenção da identidade da equação


econômico-financeira) não altera a relação original entre encargos e vantagens, ainda
que possa produzir modificações significativas na avença”, sendo que, nessa hipótese,
“não há limite a alterações derivadas da revisão de preços.”

E referido percentual de alteração contratual não deve ser proporcional ao tempo de


prorrogação do período inicial de vigência estabelecido, lembrando que, em regra, o art.
57 do mesmo diploma vincula a vigência contratual aos respectivos créditos
orçamentários, em observância ao princípio da anualidade do orçamento.

Portanto, em regra, os contratos vigoram até 31 de dezembro do exercício financeiro em


que foi formalizado, independentemente do seu início.

Na Consulta formulada, em que se levanta a hipótese de uma vigência contratual de 12


meses, se iniciado o contrato após 1º de janeiro, a duração do contrato poderá
ultrapassar o exercício financeiro, passando o restante da despesa a fazer parte da
previsão da despesa orçamentária do exercício subsequente, se configurada uma das
exceções previstas no próprio art. 57 da Lei 8.666/93.

Caso prorrogado em 3 meses o contrato que tinha uma vigência inicial de 12 meses, a
majoração de 25% incidirá sobre o valor contratual original atualizado. Na hipótese em
questão, tendo em vista que 3 meses correspondem a exatamente 25% do período
contratual de 12 meses, é óbvio que, em não havendo correção monetária a acrescer, o
valor mensal da prorrogação coincidirá com o valor mensal do período anterior de 12
meses de vigência. Exemplificando, num contrato de R$ 120.000,00, divididos por 12
meses, cada mês corresponderá a uma despesa de R$ 10.000,00. Se prorrogado por 3
meses e calculando o percentual de 25% sobre R$ 120.000,00, teremos um acréscimo de
R$ 30.000,00, que, divididos por 3 (meses), resultará numa despesa mensal dos mesmos
R$ 10.000,00.
No entanto, se ao invés de 3 meses, o contrato for prorrogado por 6 meses, o mesmo
percentual de 25% sobre o valor contratual original atualizado deverá ser respeitado, o
que resultará num valor mensal correspondente a metade do que se dispendida na
vigência contratual originária de 12 meses (considerando a inexistência de atualização
monetária a realizar). No exemplo acima, ao invés de R$ 10.000,00 disponíveis para
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despesa mensal, teríamos à disposição apenas R$ 5.000,00, em virtude do aumento do
número de meses do período prorrogado.

Em quarto, há que se considerar também a hipótese em que um contrato é alterado com


restrição de um determinado percentual e posteriormente majorado. A majoração neste
caso também terá como base o valor contratual original.

Assim, se um contrato de R$ 100.000,00 sofrer uma redução de R$ 10.000,00 (portanto,


de 10%), resultando, naquele momento, numa quantia avençada de R$ 90.000,00 e,
posteriormente se verifica a necessidade de aumentá-lo, o limite continuará sendo de R$
25.000,00 sobre R$ 100.000,00 (ou seja, de 25% sobre o valor originário do contrato
atualizado).

CONCLUSÃO

Em face do exposto, com base na competência estabelecida nos arts. 70 e 71 da CF/88,


e dos arts. 75, 76 e 77, inc. II, da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul, e com
fundamento no art. 65, § 1º da Lei 8.666/93, pertinente à Consulta, respondo o
questionamento formulado:

1. Em um contrato anual, ao final da sua vigência de 12 meses, é prorrogado por mais


03 (três) meses acrescido de aditivo com acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento)
sobre seu valor. O valor de acréscimo deste aditivo, correspondente aos 03 meses,
incide sobre o valor global do contrato como preceitua o § 1º do art. 65 da Lei
8.666/93, ou somente sobre o valor proporcional aos 03 meses de prorrogação?

RESPOSTA

Em um contrato de 12 meses de vigência, caso prorrogado por período de 3 meses, o


percentual de 25% (vinte e cinco por cento) para majoração do valor contratado,
deverá incidir sobre o valor inicial do contrato, atualizado monetariamente, conforme
previsão contida no § 1o do artigo 65 da Lei Federal n. 8.666/93, e não apenas sobre o
valor proporcional ao prazo de 3 (três) meses de prorrogação firmado pelo Termo
Aditivo.
Tribunal de Contas/MS, 10 de dezembro de 2013.
Cons. Ronaldo Chadid

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