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MÚSICA(S), AÇÕES PEDAGÓGICAS E ÉTNICO-RACIAIS -

(RE)AFIRMAÇÕES URGENTES EM TEMPOS DE CRISE

Antoniel Martins Lopes 1*

Apresentação
Meu trabalho dentro da escola, nas séries finais do ensino
fundamental e no ensino médio, se concentrou na continuação de práticas
do ensino de músicas pensando principalmente em um dos meus projetos
as questões étnico-raciais. Ainda que os contratempos estivessem muito
presentes na operacionalização do projeto e nas propostas de planos de
ensino, todo o meu trabalho dentro da escola tem por base neste
argumento das questões étnico- raciais e encontrar estratégias
pedagógicas que possam trabalhar os referidos temas do projeto e nos
demais que podem abranger essa perspectiva. Isto veio a convergir
enfaticamente quando a escola aderiu ao programa “Territorialidades
Negras”, encaminhado pela Coordenadoria Estadual de Educação do RS,
iniciado no mês de setembro de 2019 e, a princípio, encerra suas atividades
em novembro de 2019. Neste sentido, pude recuperar ou até mesmo
conectar melhor as propostas iniciais do meu projeto com este programa,
tendo em vista as sintonias nos assuntos. Isto fortaleceu também a
proposição de um trabalho conectado com a etnomusicologia, que
acompanho desde o meus primeiros trabalhos como estudante de
licenciatura em música na Unipampa. Torna-se desafiador principalmente
por ser uma área provocativa em diversos aspectos, principalmente no que
se refere ao encontro da música com o exercício reflexivo e de outros
contextos, sem que isso soe como um abandono ou distanciamento das
trajetórias musicais da comunidade escolar e/ou das diferentes

1
* Discente do curso de Licenciatura em Música na Universidade Federal do Pampa -
Campus Bagé-RS, antonielml50@gmail.com
manifestações musicais que ainda são consideradas marginalizadas ou
escamoteadas pela macro estrutura social hegemônica.

Caracterização da Escola

A escola está localizada na região central da cidade de Bagé. No


entorno da escola há além de estabelecimentos comerciais como mercados,
lojas, etc permite o acesso aos transportes públicos, praça e uma escola e
biblioteca de Ed. Infantil.
A escola atende nos turnos da manhã, tarde e noite. As etapas de
ensino são a partir do 1º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino
Médio, incluindo Educação de Jovens e adultos (EJA). A média geral de
estudantes matriculados na escola é de 1.500 alunos. No que se refere a
matrículas, a busca tem sido para o Ensino Médio e EJA. A escola também
oferece atendimento à alunos que requerem atendimento especial, que são
amparados pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) .
Das partes estruturais da escola, a possui sala Direção, Orientação
Pedagógica, Secretaria, RH, Biblioteca e salas AEE. Há também as salas
dos projetos PIBID e Residência Pedagógica atuantes na escola.
Além disso, a escola tem auditório, refeitório, cozinha.

Fundamentação teórica

O trabalho de música na escola torna-se uma complexa teia de micro-


relações, conforme nos deparamos com realidades não lineares de
diversidade(s), como as vivências das pessoas através das suas músicas e
manifestações étnico-raciais. Estas práticas estão presentes no contexto
escolar, contudo ainda é necessário desenvolver continuamente estratégias
para conseguirmos conectar ou serem conduzidas com mais fluidez entre
todo grupo escolar. Neste sentido a compreensão da música na educação
musical é disposta por Queiroz na seguinte maneira (2005):
A relação entre música, sociedade e cultura têm sido
evidenciadas em diferentes estudos da etnomusicologia, da
antropologia e de outros campos do conhecimento que
buscam compreender a complexa e representativa interação
entre esses três sistemas de organização e expressão
humana. (QUEIROZ, 2005, p. 49).

A abordagem etnomusicológica enquanto proponente de atividades


dentro do contexto escolar pode trazer algumas contribuições na medida
em que os estudos desenvolvidos sobre a relação da música, sociedade e
possíveis tensões e transformações nesta área trazem perspectivas
pertinentes para a licenciatura em música. Considero que não basta nos
determos apenas à prática musical: é necessário acionar questionamentos
que se associam com a vida das pessoas que movimentam os fazeres
musicais. Seeger (2008) destaca algumas questões dos “porquês” e dos
“quês” possíveis para serem discutidas, que orientam:
[...] olhar para a música de uma perspectiva mais ampla que
apenas os seus sons. Recomendei o uso de questões
jornalísticas básicas (quem, o que, onde, quando, porque
etc.) como uma abordagem que poderia guiar as pessoas ao
que considerei ser uma abordagem etnográfica dos eventos
musicais. (SEEGER, 2008, p.237)

É possível entendermos os possíveis eventos etnográficos


comentados na citação anterior a partir das experiências que são
registradas em diários de observação das atividades de estágio,
importantes documentos de correspondência com as reflexões discutidas
na universidade. Esse trabalho de escrita que também procura alcançar
estratégias de construção de atividades pedagógico-musicais está em
sintonia com a provocação da etnomusicóloga Angela Lühning (2016), onde
propõe questionamentos, entre eles, sobre as questões étnico-raciais,
atentando aos mundos sonoros/musicais envolvidos em contextos de
educação básica pública.

Descrição da experiência
Alguns exemplos de práticas desenvolvidas foram as percussões
corporais e com instrumentos musicais (tanta da escola quanto das doações
do Programa Residência Pedagógica) apresentando aos estudantes as
possibilidades de explorações sonoras como as do Funk e do candombe
afro-uruguaio (a partir de palmas, canto e avaliações por escrito). Cada um
dos gêneros musicais acionam referenciais de matriz africana muito
próximos e permitiram também relacionar com outras manifestações onda
a música é importantíssimo. Para esta afirmação, retomo a atividade em
que os estudantes tiveram a oportunidade de uma aproximação dos cantos
de uma roda de capoeira, juntamente com o grupo Abadá Capoeira. Estas
vozes da capoeira auxiliaram a contextualizar dimensões importantíssimas
e que muitas vezes apenas a música per se, não dá conta, ou até mesmo
não considera potente, porque ainda assume padrões excessivamente
ocidentalizados.
As questões de territórios da população negra foram vivenciadas
através de uma visita à uma comunidade quilombola , na localidade de
Palmas. Esta oportunidade pudemos levar os/as alunos/as ao encontro da
relação de resistência que estas comunidades mantém até os dias de hoje,
considerando seus legado histórico na região de aproximadamente 300
anos, conforme foi informado pelas lideranças desta localidade.
É importante salientar também que, além do projeto com foco nas
questões étnico-raciais, desenvolvi uma abertura de um trabalho de rádio,
a partir de um projeto sugerido por uma das colegas residentes no qual
pude fazer adequações e implementar na escola. Esta prática permitiu aos
alunos explorar temas diversos e que foram escolhidos pelos/as estudantes
dos oitavos anos. Os caminhos de entendimento de escuta e relações
musicais foram apresentados em sala de aula, através das dimensões
sonoras de timbres, volumes e até mesmo de escolha de repertórios para
os programas. Além disso, as turmas tiveram a oportunidade de conhecer
uma emissora de rádio e seu funcionamento (técnico, comercial e
estrutural) bem como participar ao vivo de um programa, aproveitando
para fazer algumas perguntas que desenvolvemos em sala de aula.
Por este trabalho pude perceber as interações das juventudes dentro
da sala de aula, através das suas preferências musicais ou temáticas
(grupos musicais, jogos eletrônicos, séries e filmes, moda, esportes,
signos, protagonismos femininos, entrevistas). Estas escolhas foram
estruturadas em pequenos roteiros, mesmo que ainda não tenham sido
“aplicados” por todo/as em formato de áudio, permitiram exercitar a
prática em grupo, a partir de divisão de responsabilidades no programa em
formato Podcast (mini programas de rádio ou informativos de curta
duração, no máximo 5 minutos). A partir desse trabalho foi possível
compreender um pouco das decisões da das identidades grupais a partir
dos temas escolhidos por eles, simultaneamente, trouxe muitas
dificuldades por parte de uma das turmas em acionar estas interações em
grupo de forma continuada. Porém trata-se também de pensar em
estratégias inter/multidisciplinares que ajudem aos/às estudantes
reconhecerem seus potenciais em todos os conteúdos trabalhados na
escola.

Avaliação dos resultados

Para mim, tem sido um desafio interessante propor negociações e


tentativas de compreensão dos jovens estudantes das séries finais e do
ensino médio, vem gradativamente trazendo alguns diálogos com os meus
trabalhos de pesquisa. Ainda que os resultados ou proposições iniciais de
feedbacks positivos sejam aparentemente pequenos, percebo que é
possível mobilizar as turmas a estarem em contato com as provocações
sobre diferentes temática, inclusive as questões étnico-raciais. Alguns
estudantes nos procuram para sanar algumas dúvidas ou até mesmo
procurar referências extras. Destes/as estudantes, nos provoca a
possibilidade de desenvolver projetos futuros com uma estruturação mais
aprofundada sobre esses temas.
Considerações finais

Um dos processos mais complexos do trabalho em sala de aula está


na construção de recursos avaliativos continuados, e que possam validar
os diagnósticos, principalmente quando é necessário fazer pontuações ou
conceitos em sintonia com as avaliações da preceptora, que é professora
de artes visuais. Ainda precisamos chegar em consensos e principalmente
fazer com que os estudantes levem mais a sério as avaliações em artes,
embora se perceba a parceria e iniciativa vinda de vários estudantes.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC.


Brasília-DF, 2018. Disponível em <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
>. Acesso em 04 de fevereiro de 2019.
_______. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,
9 jan. 2003. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm acesso em
22/01/2019
_______. Lei no 11.645, 20 de dezembro de 2008. Altera a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro
de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.Diário oficial da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 2008. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11645.htm acesso em 22/01/2019.
LÜHNING, Angela. Escolas públicas e expressões musicais em bairros
populares em Salvador. In: LIMA, Paulo Costa (org.). Pesquisa em música
e diálogos com produção artística, ensino, memória e sociedade. (Série
Paralaxe 1). Salvador: EDUFBA, 2016.
SEEGER, Anthony. Etnografia da Música. In: Cadernos de Campo. Trad. de
Giovanni Cirino. n. 17, São Paulo: 2008. p. 237-260.
QUEIROZ, Luis Ricardo S.. A música como fenômeno sociocultural:
perspectivas para uma educação musical abrangente. In: Luis Ricardo Silva
Queiroz; Vanildo Mousinho Marinho. (Orgs.). Contexturas: o ensino das
artes em diferentes espaços. João Pessoa: Editora da Universidade Federal
da Paraíba (EDUFPB), 2005, v. único, p. 49-65.

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