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O Brasil tem uma longa história de exploração da mão de obra infantil. As
crianças pobres sempre trabalharam. Para quem? Para seus donos, no caso
das crianças escravas da colônia e do império; para os “capitalistas” do início
da industrialização, como ocorreu com as crianças órfãs, abandonadas ou
desvalidas a partir do século XX.
O advento da republica inaugura uma era de novas preocupações. O país em
crescimento dependia de uma população bem mais preparada para impulsionar
a economia nacional. Era preciso formar e disciplinar os braços da indústria e
da agricultura.
Em 1995, o Brasil tinha aproximadamente oiti milhões de crianças e
adolescentes de cinco a 17 anos trabalhando. Muitos começam cedo na luta
pela sobrevivência: são 522 mil crianças de cinco a nove anos trabalhando, a
maioria na agricultura.
O número de meninas trabalhadoras é menor do que o de meninos. Este fato
significa que elas trabalhem menos. A dedicação exclusiva aos afazeres
domésticos, sem escola, atinge quase dois milhões de crianças e adolescentes
entre dez e dezessete anos.
Temos ainda um número significativo de crianças e adolescentes de dez e
dezessete anos aparentemente desocupados, constituído por 658 mil
indivíduos que não estudam, não trabalham e nem realizam afazeres
domésticos.
Nem sempre a família tem distanciamento crítico suficiente para ver a atividade
da criança como trabalho. Elas entendem que seus pequenos fazem “bicos”
nas ruas.
Os trabalhadores infantis, na maioria dos casos, são vítimas da miséria. O
trabalho, quando é obstáculo ao pleno desenvolvimento da criança ou mesmo
perigoso, é percebido como degradante, tanto pelos pequenos trabalhadores
quanto por seus pais, mas necessário a manutenção familiar.
Na Zona da Mata (Pernambuco), crianças pegam na foice a partir dos sete
anos. Desnutridas, infestadas de vermes e intoxicadas pelos agrotóxicos, a
expectativa de vida na região não passa dos 46 anos de idade.
Todos sabem que a cola de sapateiro é prejudicial a saúde da criança. Mas no
Rio Grande do Sul, crianças tem jornadas de trabalho de até 14 horas em
fabricas e ateliês familiares de calçados e bolsas, sujeitos a doenças por
esforços repetitivos e intoxicações por cola e outros produtos químicos.
Crianças e adolescentes que passam anos dentro da escola sem saberem ler e
escrever o próprio nome são comuns em todo o país, só restando a eles uma
vida de miséria, dependente do trabalho desqualificado e explorador. Fome e
aproveitamento escolar são incompatíveis.
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