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fenômenos de transporte

aula 3

fundamentos do
escoamento de fluidos

formador autor  Prof. Dr. ​L uiz Roberto Terron


2
Fenômenos de Transporte
Aula 3
Fundamentos do
escoamento de fluidos

3.1. Introdução
O tópico “Escoamento de Fluidos”, conhecido também
como Fluxo de Fluidos, Mecânica dos Fluidos, Transporte
(ou Transferência) de Quantidade de Movimento (ou Mo-
mentum), é um assunto amplo, fundamental para mui-
tos ramos das Engenharias. Seria praticamente impossí-
vel cobrir todo esse grande campo de estudo nesta aula,
assim, pretende-se abordar aspectos básicos do assunto
e algumas aplicações em aulas futuras.
Quanto aos modelos para uso prático nas Engenha-
rias, grande parte é de caráter empírico, derivadas da
Análise Dimensional1, envolvendo Números Adimensio-
nais2 característicos do escoamento de fluidos.

3.2. A tensão de cisalhamento e a deformação


de cisalhamento no escoamento de fluidos
Reconhecemos, normalmente, três estados da matéria:
sólido, líquido e gasoso3. No entanto, líquidos e gases
são chamados de fluidos. Os fluidos, em contraste com
sólidos, não têm a capacidade de resistir à deformação.
Assim, como um líquido não pode resistir à força de de-
formação, ele se move, flui sob a ação de uma força: sua
forma muda continuamente, enquanto a força é aplica-
da. Um sólido, enquanto em repouso, pode resistir a uma
força de deformação; essa força pode causar algum deslocamento ou de-
formação, mas o sólido não continua a mover-se indefinidamente. A defor-
mação de um fluido é causada por forças de cisalhamento4 que agem de
forma tangencial a uma superfície. Referindo-se à Figura 3-1, vemos a força
F agindo tangencialmente em um elemento de fluido retangular (desenha-
do com linhas contínuas) ABDC. A força F é uma força de cisalhamento e
produz uma deformação no elemento de modo que ele adquira a forma
de um losango (desenhado com linhas tracejadas) A'B'DC.
Verifique-se, então, como ocorre o escoamento de um fluido submetido
a forças de cisalhamento. Considere-se um material colocado entre duas
placas planas horizontais e paralelas, dispostas a uma distância Y: a placa
inferior, P1, e a placa superior, P2. As dimensões das placas (largura e pro-
fundidade) são muito grandes, quando comparadas a Y; assim, pode-se dizer
que essas placas são infinitas. A placa inferior, P1, é mantida fixa e, na placa
P2, que é livre para se movimentar no seu plano, aplica-se uma força, F, a ela
paralela5. Considera-se que o material existente entre as placas está perfeita-
mente em contato com ambas as placas. Pode-se, então, pelo modo como a
placa superior, P2, responde à solicitação da força F, classificar o material dis-
posto entre as placas e divisar, pelo seu comportamento, suas propriedades.

Figura 3-1. Força A A' B B'


F
de cisalhamento,
F, agindo em um
elemento de fluído
(adaptado de
Terron, 2012).
F
C D

Figura 3-2. Esquema Velocidade da placa P2, uP2


do escoamento de
y = Y, u = uP2 P2
um fluido, entre Força, F
duas placas planas y
paralelas horizontais (a) Fluido com Perfil de velocidade u = f (y)
(a: visão lateral; b: x viscosidade μ Inclinação = du/dy
visão em perspectiva)
(adaptado de y = 0, u = uP1 = 0 P1
Terron, 2012). Velocidade da placa P1 = 0

A F
(b) V

y Y

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 3


O comportamento mecânico de um material, e suas correspondentes pro-
priedades mecânicas e reológicas6, pode ser definido em termos de como
são relacionadas à tensão de cisalhamento, t, que é a força por unidade
de área, e a deformação de cisalhamento, g, que é um deslocamento rela-
tivo. Essas grandezas são definidas, respectivamente, em termos da força
total, F, atuando na direção x, na área A da placa, e da variação, na direção
x da velocidade de deslocamento, ( du ), da placa, ou seja:
dy

3.1 τ  =  F
A

uP2 du
3.2 γ  =    = 
Y dy

A maneira na qual a tensão de cisalhamento, t, responde à deformação


de cisalhamento, g, (ou vice-versa) define a classificação mecânica ou reo-
lógica do material. Os parâmetros, em qualquer relação funcional quanti-
tativa entre t e g, são as propriedades reológicas do material. Note-se que
a tensão de cisalhamento, t, tem dimensões de força por unidade de área
(como, por exemplo, Pa/m2, dina/cm2, lbf /ft2) e que a deformação de cisa-
lhamento é adimensional, embora seja representada pela relação entre a
variação de velocidade e da altura. Melhor compreensão das grandezas t
e g podem ser conseguidas estudando-se Reologia.

3.3. Fluidos newtonianos e fluidos não newtonianos


Se as moléculas de um material exibem uma atração mútua considerável,
de tal forma que a tensão de cisalhamento seja proporcional à deforma-
ção de cisalhamento, o material é conhecido como um fluido newtoniano.
A equação que descreve este comportamento é:

3.3 τ ∝ γ  =  du
dy

ou:

3.4 τ  =  µ du
dy

A grandeza m é uma propriedade do fluido chamada de viscosidade. A


equação 3.4 é conhecida como Lei de Newton da viscosidade, a qual

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estabelece deformação de cisalhamento nula (não ocorre movimento),
quando a força de cisalhamento não atuar, ou, em outras palavras, quan-
do a tensão de cisalhamento for removida deste fluido. Fluídos newtonia-
nos não apresentam “memória” ou tendência a voltar a qualquer estado
anterior. Ambas as equações (3.3 e 3.4) são relações lineares. Saliente-se
que a definição de fluido newtoniano é muito importante para o estudo
que dos Fenômenos de Transporte.
Se as propriedades do fluido são tais que a tensão de cisalhamento
e a deformação de cisalhamento não sejam diretamente proporcionais,
mas relacionadas por uma função mais complexa, o líquido é chamado
de não newtoniano. Para fluidos pode-se, ainda, definir uma viscosidade
chamada de viscosidade aparente, h, que é uma função da tensão de ci-
salhamento ou da deformação de cisalhamento, ou seja:

3.5
η  =  f (τ ou γ)

A forma matemática desta função dependerá da natureza (isto é, da “cons-


tituição”) de um determinado material. A maioria dos fluidos comuns, de
estrutura simples (água, ar, glicerina, óleos, etc.) são newtonianos. No en-
tanto, fluidos de estrutura complexa são geralmente não newtonianos,
tais como: polímeros fundidos, soluções de polímeros, suspensões, emul-
sões, espumas, lodo, lamas, vernizes, tintas, tintas de impressoras, maio-
nese, pastas alimentícias, mostarda, creme de barbear, creme dental, etc..
Costuma-se classificar os fluidos não-newtonianos como:

→→ Dilatante: a viscosidade aumenta com o aumento da tensão.


→→ Pseudoplástico: a viscosidade diminui com o aumento da tensão
→→ Plásticos de Bingham ou fluidos binghamianos: estes fluidos
requerem a aplicação de uma tensão para que seja causada uma
deformação. Quando submetidos a pequenas tensões se compor-
tam como sólidos. É o caso mais simples dos fluidos não-newtonia-
nos. Exemplo disso são as lamas de perfurações, usadas em poços
de petróleo.
→→ Fluidos não-newtonianos dependentes do tempo (veja a Figura 3-3b):
→→ Fluido reopético: aumenta a viscosidade aparente quando a taxa
de deformação aumenta. Por exemplo, o sangue
→→ Fluido tixotrópicos: diminui a viscosidade com o tempo, após a
taxa de deformação ser aumentada. Por exemplo, tintas e esper-
ma humano.

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Na Figura 3-3 vêm-se esquemas que mostram o comportamento dos di-
versos tipos de fluidos, frente Lei de Newton da Viscosidade.

Figura 3-3. Esquemas Plástico Bingham


Reopético

τ ou m
B

do comportamento

r
ula
dos tipos de Dilatante
fluidos, frente à a ng
te
en

a
Lei de Newton da µ
ci

lar =
Newtoniano
efi

Viscosidade (adaptado
Co

Pseudo-plástico
angu

de Terron, 2012).
te
icien

τ Newtoniano
Coef

Tixotrópico
Coeficiente angular = µ

-du/dy Tempo

(a) Comparação do comportamento (b) Comparação do comportamento


de diversos fluídos não- de diversos fluídos reopéticos
newtonianos com o de fluídos e tixitrópicos com o de fluídos
newtonianos newtonianos

Nesta aula e nas seguintes, vão-se abordar somente os transportes que


ocorrem em fluidos newtonianos.

3.4. Informações adicionais sobre propriedades dos fluidos.


Para o estudo do escoamento dos fluidos newtonianos, e em cálculos re-
lacionados, deve-se ter conhecimento, principalmente sobre viscosidade e
propriedades volumétricas (densidade, densidade relativa, volume especí-
fico e volume molar). O essencial será abordado neste item.

3.4.1. Densidade, densidade relativa,


volume específico e volume molar
A massa por unidade de volume de material é chamado de densidade,
que geralmente é expressa pelo símbolo r. Essa propriedade, seja de
gases ou de líquidos, varia de acordo com a pressão e a temperatura.
Mas, geralmente, em cálculos relacionados com o escoamento de líqui-
dos, a densidade de líquidos pode ser considerada somente dependente
da temperatura e não da pressão, ou seja, líquidos são incompressíveis;
mas isso vai depender dos intervalos de pressão e de temperatura con-
siderados. Existem extensas compilações de dados de propriedades que
podem ser encontradas nos manuais (como, por exemplo em Poling et al.,
2008). Algumas vezes valores experimentais da densidade são fornecidos

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em termos de densidade relativa (“specific gravity”, em inglês) que é um
número adimensional dado pela relação:

ρTmat
3.6 d  = 
ρTref
ref

onde d é a densidade relativa, ρTref


ref
é uma densidade de um material de
referência a uma temperatura de referência, Tref e ρTmat é a densidade de
um determinado material a uma temperatura T. Nos manuais, devem ser
especificados: o material em questão, o material de referência, Tref e T.
O inverso da densidade é o volume específico:

1
3.7 v  = 
ρ

Se as unidades da densidade são kg/m3, g/cm3, lbm/ft3, etc., então as uni-


dades do volume específico serão: m3/kg, cm3/g, ft3/lbm, etc..
Caso a quantidade de matéria seja dada em mol, então, tem-se a den-
sidade molar, ρ̃, expressa pela equação:

1
3.8 ṽ   = 
ρ̃

e, com densidades molares em kgmol/m3, gmol/cm3, lbmol/ft3 etc., as uni-


dades do volume molar, serão m3/kgmol, cm3/gmol, ft3/lbmol, etc.
Como a massa molecular, M, é dada por kg/kgmol, g/gmol, lbm/lbmol,
etc, então:

3.9 ρ  =  ρ̃ × M

assim, por exemplo, gmol/cm3 × g/gmol = g/cm3.


Densidade e volume molar são também conhecidos como proprieda-
des volumétricas.

3.4.2. Viscosidade
A viscosidade, m, mede a habilidade de um fluido para realizar a transfe-
rência de tensões de cisalhamento e suas dimensões são m[=]ML-1T-1; no
SI, a unidade é Pa.s ou Ns/m-2 porém, são ainda muito usadas as unidades
do sistema cgs: poise, p, e centipoise, cp.

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A viscosidade m, é chamada de viscosidade dinâmica, para diferenciar-
-se de outra grandeza, a viscosidade cinemática, n ( = µ / ρ, sendo r a den-
sidade do fluido) cujas dimensões são n[=]L2T-1, com unidades m2/s (SI) e,
sendo ainda muito usadas as unidades do sistema cgs: o stoke (S ou St) e
o centistoke (cS ou cSt). Existem outras unidades de viscosidade cinemáti-
ca e suas transformações em centistokes são as seguintes:

3.10 SSU (Segundos Seybolt Universal)  =  centistokes (cS) × 4,55

3.11 Graus Engler × 7,45  =  centistokes (cS)

3.12 Segundos Redwood - 4,05  =  centistokes (cS)

quando os valores em centistokes são maiores do que 50.


Nas Tabelas 3-1 e 3-2 estão exemplos de viscosidade de alguns gases
e líquidos e, na Tabela 3-3 tem-se conversão de unidades de viscosidade.
A viscosidade dos líquidos pode variar de muitas ordens de grandeza,
como pode ser observado na Tabela 3-1 e, geralmente, é uma propriedade
muito sensível com alterações da temperatura sendo que, normalmente,
aumentos de temperatura acarretam diminuição da viscosidade. Porém,
para os gases, sua viscosidade geralmente aumenta com acréscimos de
temperatura. Essa diferença de comportamento líquido-gases, com rela-
ção à viscosidade e temperatura, pode ser observada na Figura 3-4, onde
está o gráfico da viscosidade da água e do ar em função da temperatura.

Figura 3-4. Variação ×10-5 ×10-5


da viscosidade 200 2,2

da água e do
viscosidade  da  água, m (Pa.s)

ar em função
viscosidade  do  ar, m (Pa.s)

180 2,1
da temperatura
(adaptado de
140 Ar 2,0
Terron, 2012).

100 1,9

60 1,8
Água

20 1,7
0 20 40 60 80 100

temperatura (°C)

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Tabela 3-1. Valores substância viscosidade dinâmica (Pa.s) viscosidade cinemática (m2s-1)

típicos da viscosidade Hidrogênio 0,0000088 0,00010


gases
de alguns gases e Ar 0,000018 0,000015
líquidos a 20º C e Benzeno 0,00064 0,00000073
1 atm (adaptado Água 0,001 0,000001
de Elson, 2007).
Mercúrio 0,0016 0,00000012
Etileno glicol 0,021 0,0000019
Azeite 0,1 0,0001
líquidos
Oleo de rícino 0,6 0,0006
Glicerina 1,4 0,0011
Tinta de caneta esferográfica ~11 ~0,01
Xarope de milho ~100 ~0,07
Betume ~1.000 ~1

segundos seybolt densidade relativa


Tabela 3-2.  centipoise 1 (cp) centistokes (cs) líquido típico
universal (ssu) (“specific gravity”)
Viscosidade de alguns
1 1 31 água 1,0
líquidos (adaptado
3,2 4 40 leite -
de Terron, 2012).
12,6 15,7 80 óleo combustível 0,82 - 0,95
16.5 20,6 100 Creme de leite -
34,6 43,2 200 óleo vegetal 0,91 - 0,95
176 220 1.000 suco de tomate -
880 1.100 5.000 glicerina 1,26
1.760 2.200 10.000 mel -
5.000 6.250 28.000 maionese -
8.640 10.800 50.000 melado 1,40 - 1,49

1 Centipoise = centistokes × densidade relativa – onde a densidade relativa foi considerada igual a 8, com


exceção da água. O valor exato de m em centipoise pode ser calculado pela equação: µ = ν × ρ

…para…
Tabela 3-3. Conversão
de unidades de Poiseuille Poise (dina.s/ centiPoise
kg/m.h kgf.s/m2 lbf.s/inch2 lbf.s/ft2 lbf.h/ft2 lb/ft.s lb/ft.h
(Pa.s) cm2 = g/cm.s) cP
viscosidade (adaptado
de… multiplicar por…
de Terron, 2012).
Poiseuille 1 10 103 3,63 103 0,102 1,45 10-4 0,0209 5,8 10-6 0,672 2,42 103
Poise 0,1 1 100 360 0,0102 1,45 10-5 0,00209 5,8 10-7 0,0672 242
centiPoise 0,001 0,01 1 3,6 0,00012 1,45 10 -7
0,000029 5,8 10 -9
0,000672 2,42
kg/m.h 0,000278 0,00278 0,0278 1 0,0000283 4,03 10 -8
0,0000058 1,61 10 -9
0,000187 0,672
kgf.s/m2 9,81 98,1 9,81 103 3,53 104 1 0,00142 20,5 0,0000569 6,59 2,37 104
lbf.s/inch2 6,89 103 6,89 104 6,89 106 2,48 107 703 1 144 0,04 4,63 103 1,67 107
lbf.s/ft2 47,9 479 4,79 104 1,72 105 0,0488 0,00694 1 0,000278 32,2 1,16 105
lbf.h/ft2 1,72 105 1,72 106 1,72 108 6,21 108 1,76 104 25 3,6 103 1 1,16 105 4,17 108
lb/ft.s 1,49 14,9 1,49 10 3
5,36 10 3
0,152 0,000216 0,0311 0,00000863 1 3,6 103
lb/ft.h 0,000413 0,00413 0,413 1,49 0,0000422 6 10-8 1,16 105 2,4 10-9 0,000278 1

Dados experimentais de viscosidade são obtidos em reômetros e visco-


símetros. Existem vários métodos para a estimativa da viscosidade, tanto
para gases quanto para líquidos, um dos métodos tradicionais é pelo uso
dos ábacos ou nomógrafos apresentados nas Figuras 3-5 e 3-6, auxiliadas

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pelas coordenadas citadas nas Tabelas 3-4 e 3-5. Usam-se esses nomógra-
fos, para a determinação da viscosidade gases e líquidos em função da tem-
peratura, para pressões próximas da ambiente, seguindo-se as etapas:

1. Localiza-se o composto, se gás na Tabela 3-4, se líquido na Tabela 3-5;


2. Lêem-se as coordenadas X e Y para o composto;
3. Com as coordenadas marca-se o ponto correspondente na grade da
Figuras 3-5, se for um gás, e na Figura3-6, se for um líquido;
4. Marca-se o ponto da temperatura no eixo correspondente;
5. Une-se o ponto da temperatura com o ponto da grade e prolonga-se
a reta até o eixo da viscosidade;
6. Lê-se o valor da viscosidade no eixo correspondente.

Tabela 3-4.  gas x y gas x y


Viscosidade de gases:
Acetic acid 7.0 14.6 Butane (iso) 8.6 13.2
Coordenadas para
Acetone 8.4 13.2 Butyl acetate (iso) 5.7 16.3
uso na Figura 3-5.
(Para outros gases Acetylene 9.3 15.5 Butylene (α) 8.4 13.5

ver a literatura Air 10.4 20.4 Butylene (β) 8.7 13.1


original) (adaptado Ammonia 8.4 16.0 Butylene (iso) 8.3 13.9
de Liley et al., 1999). Amylene (β) 8.6 12.2 Butyl formate (iso) 6.6 16.0
Argon 9.7 22.6 Cadmium 7.8 22.5
Arsine 8.6 20.0 Carbon dioxide 8.9 19.1
Benzene 8.7 13.2 Carbon disulfide 8.5 15.8
Bromine 8.8 19.4 Carbon monoxide 10.5 20.0
Butane (n) 8.6 13.2

Tabela 3-5.  liquid x y liquid x y


Viscosidade de
Acetaldehyde 15.2 4.8 Anisole 12.3 13.5
líquidos: Coordenadas
Acetic acid, 100% 12.1 14.2 Arsenic trichloride 13.9 14.5
para uso na Figura
3-6 (Para outros Acetic acid, 70% 9.5 17.0 Benzene 12.5 10.9
líquidos ver a Acetic anhydride 12.7 12.8 Brine, CaCl2, 25% 6.6 15.9
literatura original) Acetone, 100% 14.5 7.2 Brine, NacCl, 25% 10.2 16.6
(adaptado de Liley
Acetone, 35% 7.9 15.0 Bromine 14.2 13.2
et al., 1999).
Acetonitrile 14.4 7.4 Bromotoluene 20.0 15.9
Acrylic acid 12.3 13.9 Butyl acetate 12.3 11.0
Allyl alcohol 10.2 14.3 Butyl acrylate 11.5 12.6
Allyl bromide 14.4 9.6 Butyl alcohol 8.6 17.2
Allyl iodide 14.0 11.7 Butyric acid 12.1 15.3
Ammonia, 100% 12.6 2.0 Carbon dioxide 11.6 0.3
Ammonia, 26% 10.1 13.9 Carbon disulfide 16.1 7.5
Amyl acetate 11.8 12.5 Carbon tetrachloride 12.7 13.1
Amyl alcohol 7.5 18.4 Chlorobenzene 12.3 12.4
Aniline 8.1 18.7 Chloroform 14.4 10.2

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Figura 3-5.  temperature viscosity ratio
Nomógrafo para °C °F µ×10 poise
7
µ gas/µ air
a determinação
da viscosidade -100 10.000
absoluta de gases 9.000 5,0
em função da -100 8.000
temperatura próximo 4,0
7.000
da pressão ambiente
(Coordenadas lidas na 6.000
Tabela 3-4) (adaptado 0 3,0
de Liley et al., 1999). 0
5.000
30
100 28 4.000
26 2,0

100 200 24
3.000
22 1,5
300
20
200
400 18
2.000
500 16
1,0
y
300 14 0,9
600
12 0,8
700
400
10 0,7
800
900 8 0,6
500
1.000
1.000 6
600 1.100 900 0,5
4
1.200 800
700 1.300 2
700 0,4
1.400
800
1.500 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 600
900 1.600
1.700 0,3
1.000 x
1.800 500

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Figura 3-6.  temperature viscosity
Nomógrafo para °C °F Centipoises
a determinação 200 390 100
da viscosidade 380 90
190 80
absoluta de líquidos 370
180 360 70
em função da 350 60
temperatura próximo 170 340
330 50
da pressão ambiente
160 320 40
(Coordenadas lidas na
310
Tabela 3-5) (adaptado 150 300
30
de Liley et al., 1999). 290
140
280
270
130 20
260
120 250
240
110 230
220 30 10
100 210 9
28 8
200
90 7
190
26 6
180
80 5
170 24
160 4
70
150 22
3
60 140
20
130
50 120 2
18
110
40
100 16
y
90
30 14 1
80 0,9
70 12 0,8
20 0,7
60 10 0,6
10 50 0,5
8
40 0,4
0 30 6
0,3
20
4
-10
10
0,2
2
0
-20
-10
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-30 -20
0,1
x

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3.5. Tipos de escoamento
Um escoamento cujas características e propriedades (velocidade, pres-
são, densidade, etc.) não variam com o tempo é chamado de escoamento
em estado permanente ou estacionário. Por outro lado, um escoamento
que tem suas características variando com o tempo é chamado de es-
coamento em estado transiente ou não estacionário. Considere os se-
guintes exemplos: quando uma torneira está sendo aberta aos poucos, a
água escorre com velocidade crescente e o fluxo irá variar; se deixamos a
mesma torneira aberta em um determinado ponto, a água fluirá sempre
com a mesma velocidade, e o fluxo permanece o mesmo no transcorrer
do tempo. No primeiro caso, o escoamento ocorre em estado transiente,
no segundo, em estacionário. Os escoamentos que ocorrem na natureza,
o fazem em três direções (x, y e z), tais como o ar que escoa em volta de
um balão de gás subindo ou um carro viajando por uma estrada (Veja a
Figura 3-7). Tais escoamentos são chamados de tridimensionais e existem
componentes de velocidade (u, v e w) nas três direções:

3.13 u  =  u (x, y, z, t)   v  =  v (x, y, z, t)   w  =  w (x, y, z, t)

Figura 3-7. Exemplo
de escoamentos z
tridimensionais
(adaptado de
y
Terron, 2012). 0
x
u ar

u carro

y
0
x

(a) Balão subindo no ar (b) Carro trafegando na estrada

A água que flui pelo leito de um rio pode escoar em várias direções, mu-
dando-as de acordo com as irregularidades que encontra pelo caminho.
Mas, se esse rio não tiver um escoamento excessivamente turbulento, a
velocidade do escoamento pode ser dissociada somente em duas dire-
ções, pertencentes ao plano da superfície do rio. Desse modo pode-se

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 13


imaginar um escoamento bidimensional e, assim, as componentes da ve-
locidade (u e v) poderiam ser expressas pelas equações:

3.14 u  =  u (x, y, t)   v  =  v (x, y, t)

Pode-se considerar um caso ainda mais simples, a água que flui em um tubo
em termos de velocidade média, o escoamento tem um componente de ve-
locidade apenas na direção x. Esse tipo de escoamento, cujo estado é deter-
minado por apenas uma coordenada x, é chamado de escoamento unidi-
mensional, e sua velocidade u depende somente das coordenadas x e t:

3.15
u  =  u (x, t)

Neste caso, a análise do fenômeno é mais simples do que nos casos tri-
dimensionais e bidimensionais, cujas representações matemáticas e suas
resoluções são bem mais complexas. Apesar de todos os fenômenos na-
turais serem, na verdade, tridimensionais, podem ser estudados, em mui-
tos casos, aproximando-os aos escoamentos bi e unidimensional.

3.6. Regimes de escoamento


A possibilidade de ver como fluidos escoam é um assunto de interesse en-
tre as pessoas que estudam, trabalham e pesquisam na área de Mecânica
dos Fluídos, pois essa visualização possibilita um melhor entendimento
dos mecanismos que regem aquele escoamento. A visualização do esco-
amento de fluidos principiou com os trabalhos realizados por Osborne
Reynolds, um pesquisador irlandês, iniciados em 1880 e divulgados em
1883. A partir desses trabalhos pioneiros, a visualização do escoamento e
do comportamento dos fluidos tornou-se um objetivo de pesquisas, não
somente com finalidades técnicas ou acadêmicas, mas, também, educa-
cionais (como, por exemplo, as referências Vieira, 1971a, b e c; Willey et
al., 2003; Hertzberg e Sweetman, 2004).
As pesquisas de Reynolds, que envolvia a visualização de escoamento
de fluidos, resultaram em desenvolvimentos importantes. Nessas pesqui-
sas, o pesquisador procurava comprovar trabalhos anteriores de outros
estudiosos e a inovação de seu trabalho foi o desenvolvimento de uma
experiência na qual um pequeno fluxo de água colorida era injetado em
um fluxo de diâmetro maior que escoava dentro de tubos de vidro e tan-
ques. O vidro permitiu visualização do fluxo colorido. A Figura 3-8 mostra
um dos vários equipamentos que Reynolds e seus colaboradores proje-
taram para estudar regimes de escoamento. Nessas pesquisas, Reynolds

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 14


percebeu a existência de dois regimes principais para o escoamento de
líquidos – laminar e turbulento e pôde averiguar os fatores que os go-
vernam e prever o que se conhece agora como regime de escoamento,
determinado a partir de um agrupamento de variáveis, sem dimensão,
posteriormente batizado com seu nome: o Número de Reynolds, simboli-
zado por Ret7 e calculado pela equação:

3.16 ubdiρ u bd i
Ret  =    = 
µ ν

em que ub é a velocidade média (bulk velocity) do fluido em escoamento


no interior do tubo; di é o diâmetro interno do tubo; ρ, μ e n são, respecti-
vamente, a densidade, a viscosidade dinâmica e a viscosidade cinemática
do fluido. Como se trata de um número adimensional relacionado com o
escoamento de fluidos no interior de tubos, costumeiramente esse adi-
mensional é grafado como Ret.

Figura 3-8. Desenho
de um dos
equipamentos
originais de Reynolds.
Fonte: Wikimedia
Commons (acesso
em 19/02/2016).

Então, sobre o que se sabe sobre regime de escoamento, pode-se afirmar


que todo e qualquer escoamento de fluidos pode ser classificado em duas
amplas categorias – os regimes de escoamento – que são escoamento
laminar e escoamento turbulento e entre um e outro, o intermediário
escoamento de transição. A Figura 3-9 ilustra esses tipos de escoamento.

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 15


Figura 3-9. 
Escoamento de (a) Escoamento laminar
líquido no interior
de um tubo, vendo-
se as correntes
de corante, para
regimes (a) laminar,
(b) Escoamento de transição
(b) de transição
e (c) turbulento.
Adaptado de https://
www.learncax.com/ (c) Escoamento turbulento
knowledge-base/
introduction-
to-turbulence-
modelling (acesso
em 19/02/2016). A determinação do regime é importante na concepção e compreensão do
funcionamento de sistemas onde acontece escoamento de fluidos (esco-
amento de líquidos em tubulações, transporte de líquidos por bombea-
mento, medição de velocidade de escoamento, escoamento de fluidos por
corpos submersos, transporte de calor ou de massa em equipamentos
diversos, etc.).
Sabe-se que um fluido ao escoar, como, por exemplo, no interior de
um tubo, atrita-se com as paredes do tubo. Isso promove uma perda
de energia que, em última instância, acarreta uma perda de pressão
(chamada de perda de carga). Para que o escoamento continue como
desejado, essa perda de energia deve ser suprida externamente (por
uma bomba, por exemplo). E essa perda de energia depende do tipo de
regime de escoamento.
O escoamento laminar é também conhecido como escoamento ou flu-
xo viscoso. Esses termos descrevem bem esse tipo de escoamento, pois,
no escoamento laminar:

→→ Camadas (lâminas) de fluido movimentam-se umas sobre as outras


em velocidades diferentes, com praticamente nenhuma mistura en-
tre as lâminas;
→→ As partículas do fluido movimentam-se por caminhos ou linhas de
fluxo (“streamlines”) definidos e observáveis;
→→ A viscosidade do fluido desempenha um papel significativo no es-
coamento.

O escoamento turbulento é caracterizado pelo movimento irregular das


partículas do fluido: as partículas viajam por caminhos irregulares sem um
padrão observável e camadas não definidas.
Vejamos alguns exemplos simples de escoamento laminar e turbulen-
to, para fixar ideias:

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 16


→→ Considere-se um dia calmo, sem vento, e a fumaça subindo de uma
chaminé. A coluna de fumo se parece com uma única linha, como
esquematizado na Figura 3-10a. Outro exemplo familiar está mos-
trado na Figura 3-11a onde está esquematizado o escoamento de
água por uma torneira que foi aberta somente um pouco, permi-
tindo que o líquido escoe com uma velocidade pequena, de modo
suave e com uma superfície aparentemente lisa e translúcida. Esses
são dois exemplos de escoamento laminar.
→→ No caso da fumaça saindo da chaminé em um dia no qual o ven-
to está forte, a coluna de fumaça será perturbada e se formam re-
demoinhos (turbilhões), como mostrado na Figura 3-10b, e o fumo
difunde-se no ar periférico. No caso da água fluindo da torneira, se
esta for gradualmente aberta para permitir um aumento da veloci-
dade de escoamento, o fluxo se torna mais agitado, com uma super-
fície de aspecto rugoso e não tão translúcida como a do escoamento
laminar (Figura 3-11b). Estes são casos de escoamento turbulento.

Figura 3-10. Fumaça
escoando de
uma chaminé:
regimes laminar
(a) e turbulento
(b) (adaptado
de Nakayama e
Boucher, 1999).

(a)  Regime laminar (b)  Regime turbulento

Figura 3-11. Água
escoando de
uma torneira:
regimes laminar
(a) e turbulento
(b) (adaptado
de Nakayama e
Boucher, 1999).

(a)  Regime laminar (b)  Regime turbulento

Um critério para saber-se qual é o regime de um escoamento é a partir da


avaliação do Número de Reynolds. Assim, para escoamento de líquidos em

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 17


tubos circulares, retos, tem-se escoamento laminar quando Re < 2.000 e
escoamento turbulento quando Re > 3.000. Entre uma situação e outra, ou
seja, quando 2.000 < Re < 3.000, diz-se que o escoamento é de transição.
Além disso, no texto original de Reynolds, o pesquisador adverte que as
observações devem ser feitas “...sempre em uma distância considerável
do trompete ou da entrada...” isso significa que a normalização do esco-
amento somente ocorre longe do início do fluxo. A isso se dá o nome de
efeitos de entrada e as equações que regem o escoamento são válidas
quando esses efeitos não estão presentes, ou seja, longe do início do tubo.

3.7. Perfil de velocidade e velocidade média


Comentou-se na seção 3.2 que um fluido existente entre duas placas pla-
nas paralelas horizontais (a inferior parada e a superior se movendo – veja
a Figura 3-2 e os comentários pertinentes), a velocidade de escoamento
do fluido variava desde o valor nulo (na placa parada) até um valor máxi-
mo (adjacente à placa que se move). Considere-se, agora, um fluido esco-
ando no interior de um tubo8 em regime laminar. Do mesmo modo que
ocorre com a placa plana, citada acima, nem todas as partículas do fluido
irão escoar com a mesma velocidade. Na placa plana, lâminas de fluido
escoavam umas sobre as outras; no tubo, de modo semelhante, tem-se
camadas fluindo, também com velocidades diferentes, formando “tubos
líquidos” concêntricos, como esquematizado na Figura 3-12.

Figura 3-12.  Centro


do tubo
Esquemas de fluido
escoando em regime
laminar no interior r
de um tubo:
(a) em perspectiva; uP = 0
(b) mostrando o
perfil de velocidade u2
(adaptado de Centro u1 > u2
Terron, 2012). umáx
Camada 1
Camada 2
Parede interna

(a) (b)

Como no caso da placa parada, a parede do tubo tenta frear o escoa-


mento, por essa razão, considera-se que a velocidade nas paredes é nula
(up  = 0). Quanto mais longe das paredes e mais próximo do centro (na
direção r), maior será a velocidade: na Camada 1, a velocidade é u1 e, na
Camada 2 é u2, sendo que u1 > u2 pois a Camada 2 está mais próxima da
parede do tubo. No centro do tubo, tem-se a velocidade máxima, umax. Um

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 18


corte transversal mostra o que se conhece como perfil de velocidade,
como nas Figuras 3-12b e 3-13.

Figura 3-13. Esquema Centro


r r r
Tubo do tubo
dos perfis de
velocidade laminar e uP = 0 uP = 0
turbulento (adaptado u2
u1
de Terron, 2012). umáx

(a) (b) (c)


Escoamento Escoamento Escoamento tampão
laminar turbulento ou "plug-flow"

No escoamento laminar sabe-se (teórica e experimentalmente) que o per-


fil de velocidade é parabólico, como na Figura 3-13a. Conforme a veloci-
dade aumenta e o escoamento torna-se turbulento, o perfil vai perdendo
a forma parabólica, “achatando-se” conforme a Figura 3-13b. No caso ex-
tremo, o perfil é totalmente reto (Figura 3-13c) e, nesse caso chama-se o
escoamento de escoamento tampão (“plug-flow”, em inglês); apesar de
o escoamento totalmente “plug flow” não ocorrer na prática, é um modelo
adotado para resoluções teóricas de problemas, especialmente no estudo
de reatores químicos tubulares (reator tubular “plug-flow”).
Na Figura 3-14 estão comparados perfis laminar e turbulento. No caso
do perfil turbulento, para um mesmo valor do número de Reynolds do
tubo (Ret = 107), vê-se que a rugosidade do tubo afeta o perfil de velocida-
de, quantificado pelo fator f, chamado de fator de fricção, que será visto
em aulas futuras.

Parede do tubo

Figura 3-14.  Escoamento turbulento


Esquemas da Tubo menos rugoso
comparação entre Ret = 107 , f = 0,012 Escoamento laminar
perfis de velocidade u Ret < 2.000
laminar e turbulento
(adaptado de Tubo mais rugoso
Terron, 2012). Ret = 107 , f = 0,04

Perfis de velocidade f = fator de fricção


Re = número de Reynolds do tubo

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 19


Em muitas situações práticas onde fluidos escoam no interior de tubula-
ções não é necessário saber-se valores das velocidades em toda a exten-
são do perfil, basta estar disponível um valor médio, único, que represen-
te razoavelmente todas as velocidades. Para o escoamento plenamente
turbulento isso pode ser fácil, pois o perfil, sendo praticamente plano em
quase toda a extensão da seção transversal9, assumir que a velocidade
média é a mesma que a do centro do tubo pode ser uma boa opção. Se
o regime de fluxo for laminar (o perfil de velocidade é parabólico), o valor
médio pode ser obtido por meio do cálculo integral, usando-se a equação:

3.17 1
ub  =  ∫ uidA
A A

que é uma integral de área (veja o esquema da Figura 3-15a). Na equação,


tem-se que A é a área da seção transversal, ui a velocidade em um ponto
do perfil, e ub a velocidade média (“bulk” em inglês).

Figura 3-15. 
ui ∫ uidy [m/s ×m] = I
ui D
Esquemas da
integração para
cálculo de ub No caso:
A • velocidade em m/s
(adaptado de
Terron, 2012).
• diâmetro do tubo
em m.

θ
0 di y

(a)  Integral de área (b)  Integral de linha

Admitindo-se simetria ao longo do ângulo q, (veja a Figura 3-15a) pode-se


usar a integral de linha (veja o esquema da Figura 3-15b):

3.18 1
ub  =  ∫ uidy
di di

sendo di o diâmetro interno do tubo e y um ponto ao longo do diâmetro.


A integral ∫ uidy pode ser feita graficamente (veja o esquema da Figura
di
3-15b), obtendo-se um valor numérico I, cujas unidades são, por exemplo,
m/s × m. Assim, a equação 3.18 fica assim:

3.19 I
ub  = 
di

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 20


As velocidades que constituem o perfil são obtidas experimentalmente
por equipamentos medidores de vazão.
Na prática, muitas vezes pode-se considerar, como simplificação, a ve-
locidade média sendo metade da velocidade no centro do tubo (umax), ou:

3.20 umax
ub  = 
2i

A partir da velocidade média, podem-se definir várias grandezas impor-


tantes para cálculos de escoamento em tubulações, como mostrado na
Tabela 2-3 da Aula 2.
Perfis de velocidade plenamente desenvolvidos (laminar ou turbulen-
to), como os comentados acima, existem somente quando o escoamento
não é perturbado por irregularidades tais como: a entrada do fluido no
tubo (já comentado por Reynolds como efeitos de entrada), por partes da
tubulação (acessórios de tubulação) que promovem mudança na direção
do fluxo ou alteração da velocidade de escoamento, passagem do fluido
por uma válvula, escoamento ao redor de corpos submersos, entre ou-
tros. Saliente-se que, perturbações de escoamento geralmente implicam
em perdas de energia (perdas de pressão ou perdas de carga), cujos cál-
culos serão abordados em aulas futuras.

3.8. Nomenclatura

A Área L2
F Força MLT-2
I Valor da integral na equação 3.19 L 2T
L Dimensão comprimento -
M Dimensão massa -
M Massa molecular Mmol -1
P Pressão (MLT-2)L-2
Ret Número de Reynolds do tubo, definido pela equação 3.16 Adim
T Dimensão tempo -
T Temperatura absoluta q
d Densidade relativa Adim
di Diâmetro interno do tubo L
g Aceleração da gravidade LT-2
m∙ Fluxo de massa, fluxo mássico ou velocidade mássica MT-1
t Tempo T
u Componente da velocidade LT-1

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 21


ub Velocidade média (global) de escoamento do fluido LT-1

Velocidade máxima do fluido no perfil de


umax LT-1
velocidade (no centro da tubulação)

uP Velocidade de escoamento do fluido na parede do tubo LT-1


ui (i = 1,2,...) Velocidade do fluido em um ponto do perfil de velocidade LT-1
v Volume específico L 3M -1
v Componente da velocidade LT-1
v
� Volume molar L 3mol-1
v
�c Volume molar crítico L-3mol-1
w Componente da velocidade LT-1
x Coordenada -
z Coordenada -
y Coordenada -

Letras gregas

r Densidade ML-3
r̃ Densidade molar molL-3
m Viscosidade dinâmica ML-1T-1
n Viscosidade cinemática L 2T-1
h Viscosidade aparente ML-1T-1
q Dimensão temperatura -
q Ângulo rad
D Diferença entre dois valores (velocidade, pressão, etc.) -
t Tensão de cisalhamento (MLT-2)L-2

Fenômenos de Transporte  /  Aula 03  Fundamentos do Escoamento de Fluidos 22


notas de fim
1 A análise tradicional trata das relações ma- físico que caracteriza determinadas proprie-
temáticas entre as grandezas físicas rele- dades para alguns sistemas (ver: https://
vantes. Em contraste, a análise dimensional pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_
trata das relações matemáticas entre as di- adimensional).
mensões dessas grandezas. As técnicas da 3 Existe, também, o quarto estado da matéria:
análise dimensional geralmente são mais o plasma. Mas esse estado não é objeto do
simples e complementam as técnicas tradi- nosso estudo.
cionais, apresentando utilidade, entre outros 4 A s forças de cisalhamento são aquelas
casos, no desenvolvimento de equações exercidas tangencialmente a um corpo,
para uso na análise tradicional, desenvol- diferente das de compressão que compri-
vimento de fórmulas para conversão entre mem um corpo.
diferentes sistemas de unidades, descober- 5 Note que na Figura 3-1, não existia nenhu-
ta de quais variáveis são relevantes em um ma placa impedida de se movimentar.
determinado problema teórico ou experi- 6 Reologia é o estudo da deformação e do
mental, etc. (ver: <https://pt.wikibooks. comportamento do fluxo de materiais, tanto
org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos/ sólidos quanto fluidos.
An%C3%A1lise_dimensional>). 7 O índice interior t significa que o Número de
2 Em análise dimensional, uma grandeza adi- Reynolds é relativo ao tubo.
mensional ou número adimensional é um 8 Detalhes sobre tubos industriais serão vistos
número desprovido de qualquer unidade físi- em aulas futuras.
ca que o defina, portanto é um número puro. 9 Seção transversal ou seção reta é a represen-
Os números adimensionais se definem como tação da seção obtida por um corte segundo
produtos ou quocientes de quantidades um plano perpendicular ao eixo do tubo, ou
cujas unidades se cancelam. Dependendo do seja, é a região determinada pela intersecção
seu valor estes números têm um significado do tubo com um plano paralelo às bases.

Bibliografia
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23/1/2016).

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