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do Ensino de Sociologia
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RACISMO, o ensino de Sociologia e o:
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na mídia que insistem em retratá-los como grupos raciais que vivem his-
tórias de exclusões de forma indevida e equivocada.
A temática do racismo é uma componente estruturante dos estudos
sociológicos brasileiros e a história do pensamento social brasileiro é per-
meada pela questão racial e pelo racismo, especialmente nos debates do
século XX sobre identidade nacional. Desde o final do século XIX até os
dias atuais, passando por Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), Arthur
Ramos de Araújo Pereira (1903-1949), Gilberto de Mello Freyre (1900-
1987), Florestan Fernandes (1920-1995), Alberto Guerreiro Ramos
(1915-1982), Octavio Ianni (1926-2004), Oracy Nogueira (1917-1996),
Carlos Hasenbalg (1942-), Joel Rufino dos Santos (1941-2015), dentre ou-
tros, a temática racial é analisada em vários estudos sobre o desenvolvi-
mento da sociedade brasileira. Nesse sentido, a temática do racismo é uma
abordagem presente desde as primeiras formulações curriculares sobre o
ensino de Sociologia.
As duas grandes referências na temática racial brasileira nas Ciências
Sociais passam por Gilberto Freyre e Florestan Fernandes. Freyre estu-
dou o desenvolvimento da temática construindo a visão do Brasil como
um país quase livre de preconceito racial, servindo de espelho para o res-
tante do mundo resolver seus problemas raciais. Com isso, ao longo do
século XX, ganha força a teoria da mestiçagem que enalteceu a ideia da
“democracia racial brasileira”.
Florestan Fernandes foi o mais importante crítico das teses de
Freyre nos anos de 1950 e preocupou-se com a inserção do negro na so-
ciedade brasileira pós-emancipação. Sua obra promoveu a discussão so-
bre a inserção do negro na sociedade. Moveu-se para o entendimento
acerca das marcas produzidas pela escravidão como causa da situação vi-
vida pela população negra. Em sua análise, a escravidão não foi configu-
rada como suave e os espaços de convivência não foram amenos, mas
pautaram-se na violência e no trabalho forçado.
Esses dois sociólogos se constituíram como referências no ensino
de Sociologia na temática racial, especialmente nos livros e materiais di-
dáticos utilizados pelos professores nos últimos anos.
No século XXI, outras referências foram se constituindo, principal-
mente em função do surgimento da Lei nº 10.639/03, que estabelece a
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32 Estimamos que a Sociologia foi efetivamente aplicada durante três ou quatro anos so-
mente para aqueles que permaneciam na escola, por meio da escolha por um curso com-
plementar. Já que o currículo é publicado em 1931 e a Reforma entra em vigor após sua
regulamentação, em 1932 (Decreto nº 21.241-1932), levando em consideração que o ciclo
fundamental tem duração de quatro anos, o estudante só teria contato com a disciplina no
6º ano do secundário. Além disso, o currículo da disciplina só foi oficialmente reformado
e regulamentado pelo Colégio Pedro II em 1939. Essa situação só modifica para os in-
gressantes posteriores a 1931, que continuaram no currículo Rocha Vaz. Mesmo assim, o
período de permanência da Sociologia na escola mantém-se fragmentado.
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teve foco nos marcos políticos e/ou pedagógicos oficiais. Cabe destacar
que o texto citado apresenta que o retorno da Sociologia ao ensino médio
em âmbito de Congresso Nacional foi interpretado como uma demanda
da sociedade naquele momento, e não como um projeto partidário. A
dissertação não teve como escopo averiguar se a Sociologia de fato esteve
presente nas escolas antes ou depois do ano apontado como de retorno
em cada estado e também não buscou saber se o que se chamava por
Sociologia nos estados se baseava em autores e/ou temas das Ciências
Sociais. Diversos pesquisadores da área ensino de Sociologia, ao pesquisar
manuais didáticos e/ou demais documentos históricos, dão conta de ex-
plorar com maior detalhamento e qualidade informações para além dos
marcos políticos e/ou pedagógicos oficiais. Os trabalhos de Simone
Meucci, Cristiano Bodart, Marcelo Cigales e Alexandre Fraga são bastante
conhecidos no tema.
Durante esse período, fica nítida a importância de afirmar a presença
da Sociologia no ensino médio como um instrumento de reforçar a cida-
dania, tema que foi tratado por diversos autores da área ensino de Socio-
logia em diferentes momentos. Destaco dois autores desse debate: Beatriz
Gesteira e Luiz Fernando Nunes Moraes.
Beatriz Gesteira (2016) afirma que as justificativas, defesas e formu-
lações dos deputados sobre a introdução da Sociologia na educação básica
giram em torno de significados que ajudam a compreender o que se en-
tende por formação para a cidadania. Segundo o exposto, aparece tanto
como o conhecimento e exercício dos direitos e deveres quanto como
inserção na vida política, no sentido de participação ativa e na modifica-
ção da própria realidade. Essas habilidades seriam fruto do conhecimento
sobre a realidade e desenvolvimento de um senso crítico.
Luiz Fernando Nunes Moraes (2009) explora em sua dissertação, Da
Sociologia cidadã à cidadania sociológica: as tensões e disputas na construção dos sig-
nificados de cidadania e do ensino de Sociologia, a tensão criada no campo soci-
ológico a partir da suposta relação direta entre conhecimentos de Socio-
logia e o exercício da cidadania. Para o autor, a interpretação do texto da
LDB criou a possibilidade de estabelecer o objetivo do ensino de Socio-
logia enquanto disciplina instrumental para resolver um problema social.
O problema da cidadania passa ser considerado um problema social e não
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que fortaleçam a relação entre teoria e prática nas suas áreas de conheci-
mento, bem como a consolidação da relação entre as universidades, as
escolas e, de modo mais direto, entre os futuros professores, em processo
de formação inicial, e os professores das redes públicas de ensino.
No modelo proposto, também se observa a demanda pela reformu-
lação dos estágios supervisionados nos cursos de licenciatura, bem como
a adequação dos currículos e propostas pedagógicas dos cursos de forma-
ção inicial de professores da educação básica à Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), publicada em 2018.
Para compor tal proposta, as IES participaram de um edital público
nacional lançado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), órgão responsável pela seleção e acompanha-
mento dos projetos. As IES selecionadas foram apoiadas com a conces-
são de bolsas nas seguintes modalidades: a) coordenador institucional –
docente da IES responsável pelo projeto institucional de Residência Pe-
dagógica; b) docente orientador – docente da IES responsável pelo de-
senvolvimento do subprojeto na sua área de conhecimento, que orienta
as atividades dos residentes visando o estabelecimento da relação entre
teoria e prática; c) residentes – estudantes matriculados em cursos de li-
cenciatura que tenham cursado no mínimo 50% do curso, ou que estejam
cursando a partir do 5º período; e d) preceptores – professores das escolas
de educação básica responsáveis pelo acompanhamento e supervisão dos
residentes na escola-campo.
De acordo com Queiroz e Neves (2019) e Silva e Cruz (2018), a
proposta de um Programa de Residência na área da educação não é dis-
cussão nova no Brasil, sendo observada a partir de diferentes nomencla-
turas. Silva e Cruz (2018) destacam que a primeira discussão em torno de
um formato para o Programa surgiu em 2007, inspirada na residência mé-
dica. Esta “[...] tratava-se de uma concepção de modalidade ulterior à for-
mação inicial a qual denominou de Residência Educacional” (SILVA;
CRUZ, 2018, p. 230).
As autoras (2018) sinalizam que, embora reapresentados em outros
momentos com mudanças em seus formatos e nomenclaturas (Residência
Educacional, Residência Pedagógica, Residência Docente), os projetos de
lei propostos no Senado Federal não foram implementados. Porém,
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