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1 - INTRODUÇÃO
A Altimetria por satélite (AS) é cada vez mais utilizada para monitorar rios e lagos ao redor do
mundo (Domeneghetti et al., 2015; Schwatke et al., 2015; Tourian et al., 2017). Quando combinada
à superfície de lagos e reservatórios, a AS permite estimar variações de volume desses corpos de
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Afiliação: Professsor Associado Departamenteo de Geografia - IGC/UFMG, philippermaillard@yahoo.com.br.
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Afiliação: Pós-graduando Departamento de Geografia - IGC/UFMG , ericpereiraufmg@gmail.com.* Autor Correspondente.
água. Quando associada a curva chave de um rio a AS pode ser transformada em vazão. Caso o
traço do satélite esteja acompanhando o rio, é possível calcular sua declividade. Esses parâmetros
são essenciais em hidrologia, sendo o nível d'água um dos principais para uma série de aplicações
tais como monitoramento de inundações, calibração de modelos hidrodinâmicos e previsão de
estoque hídrico (Biancamaria et al., 2011; Paiva et al., 2013; Schwatke et al., 2015; Maillard et al.,
2015; Tourian et al., 2017).
Dados altimétricos de vários satélites estão disponíveis de forma gratuita na internet através da
National Aeronautics and Space Administration (NASA), da European Space Agency (ESA), do
Centre National d’Etudes Spatiales (CNES), do Center for Topographic Studies of the Ocean and
Hydrosphere (CTOH) entre outros. Normalmente os dados fornecidos são parcialmente
processados, o que exige uma série de correções e outros processamentos para gerar informações
úteis, especialmente em hidrologia continental (Koblinsky et al., 1993; Roux et al., 2010).
Existem poucas ferramentas para o processamento dos dados de AS, sendo a Broadview Radar
Altimetry Toolbox (BRAT) a mais conhecida e disponível gratuitamente na internet
(http://www.altimetry.info/toolbox/). O BRAT é sugerido pela ESA e pelo CNES e permite realizar
uma série de correções, funções estatísticas e de visualização, contudo não foi especificamente
desenvolvida para hidrologia. O Laboratoire d’Etudes Géophysiques et Océanographiques
Spatiales (LEGOS) desenvolveu a ferramenta Virtual Altimetry Station (VALS) para extração e
seleção manual de pontos altimétricos sobre um rio ou lago (Cochonneau & Calmant, 2011). Essa
ferramenta foi utilizada para criar dezenas de estações hidrológicas virtuais (VHSs) na bacia
Amazônica (Paris et al., 2016), mas a aplicação é de código fechado e envolve muitos processos
manuais.
A AS para aplicação hidrológica abrange várias pesquisas em diferentes níveis (análise de
formas de onda, desenvolvimento de retrakcers, filtros espaço-temporais), o que torna clara a
necessidade de uma plataforma de processamento para facilitar a implementação de testes de
diversas abordagens que visam melhorar a precisão de medidas do nível da água. É com esse
objetivo que foi desenvolvida o Satellite Water Gauging (SWG) com os seguintes requerimentos: 1)
ser escrito em uma linguagem de alto nível largamente disponível para que a comunidade científica
pudesse contribuir facilmente; 2) prover gráficos de alta qualidade; 3) produzir resultados em um
formato de fácil acesso; 4) permitir a integração com Sistemas de Informação Geográfica (SIG); 5)
prover formas para a comunidade científica adicionar novas características e funções; 6) possuir
uma interface gráfica amigável - Graphical User Interface (GUI).
Este artigo apresenta o aplicativo SWG desenvolvido em Python 2.7 que permite trabalhar com
cinco diferentes missões altimétricas, aplicar uma série de correções para seus dados, processá-los
para a extração do valor do nível da água de um conjunto de pontos e mostrar os resultados em
forma gráfica, textual e de arquivo shapefile. Essa aplicação possui código aberto e estará
disponível em um repositório de acesso público.
3.1. REQUISITOS
O SWG necessita alguns pacotes que devem ser instalados para permitir sua utilização. O
manual do SWG orienta na instalação desses pacotes que são: 1. Zlib (Data compression Library);
2. HDF5 (biblioteca para armazenamento e gerenciamento de dados); 3. NetCDF4 (Bibliotecas de
base de dados auto-descritivos); 4. CODA (Bibliotecas de base de dados auto-descritivos); 5.
Pyshape (O módulo Python para ler e gravar Shapefile); 6. Basemap (Biblioteca para plotar dados
2D em mapas no Python).
A altitude do nível de água (Hw) é obtida através da subtração entre o range e a altitude do
satélite acrescidos
cidos das seguinte correções atmosféricas: ionosfera, variação de pressão e umidade e
as marés terrestre e polar. O módulo então salva um arquivo tabular contendo todos os pontos
dentro da distância pré-definida
definida pelo usuário. O arquivo tabular pode então sser
er processado pelo
módulo principal para gerar uma única medida de nível para cada data de passagem do satélite
(ciclo). As formas de onda (FO) são parte dos dados brutos do satélite a partir dos quais os
retrackers podem estimar a elevação. A Figura 3 mosmostra
tra alguns exemplos de FOs no cruzamento do
satélite com um rio. Está opção foi implementada no módulo, mas é restrita a um único ciclo por
vez para evitar problemas na memória RAM. Um único ciclo pode conter dezenas de FOs
dependendo da largura do corpo hídrico.
FIGURA 3: Sequência de FOs que representam o cruzamento do satélite Envisat sobre um rio de 500 metros
de largura. Apenas em (d) e (e) o satélite está diretamente acima do rio com um pico bem marcado na FO.
O módulo de remoção de outliers oferece duas opções para a eliminar outliers: 1) utilizando
a estatística dos pontos de altitude como um parâmetro de tendência central, e 2) utilizando o ponto
mais próximo do perfil do rio tido como a média provável da altitude. O módulo do perfil do rio
utiliza imagens da missão Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM) na construção do perfil
topográfico ao longo curso do rio. A precisão vertical do SRTM é muito menor que a requerida para
aplicações de medição do nível da água, por isso é importante uma atenção especial no
processamento do SRTM para criar um perfil. Os passos desses processamentos estão descrito
abaixo:
1. Devido a imprecisão vertical, a posição do rio nem sempre corresponde à célula mais
baixa considerando a direção de escoamento do rio. Para lidar com isso, é realizada uma busca na
perpendicular da direção de cada vértice da linha do rio até uma distância correspondente a cinco
pixels do SRTM.
2. se um ponto gerado no perfil é mais alto ou mais baixo que seus dois vizinhos mais
próximos, o ponto de elevação é substituído pela média desses dois pontos.
3. se um ponto faz com que o rio aumente sua elevação na direção jusante, o ponto medido é
substituído pelo valor do ponto anterior.
O Rio São Francisco é estratégico no Brasil, tanto como recurso hídrico quanto como via de
transporte, o que o torna especialmente interessante para aplicação das tecnologias de
monitoramento via satélite. Para facilitar o entendimento, por parte do usuário, do fluxo de trabalho
do SWG e para que o mesmo se familiarize com os diferentes módulos, um tutorial foi criado e
utiliza os dados do São Francisco como um conjunto de teste. A base de dados é composta por
dados altimétricos de quatro satélites (Envisat, Saral, Jason-2 e Sentinel-3A) que compreendem o
intervalo temporal de 2010 a 2016. Também estão contidos os shapefiles dos tracks dos satélites, do
limite da bacia do Rio, do curso principal do Rio São Francisco, quadrículas SRTM que cobrem a
bacia hidrográfica e dados in situ da Agência Nacional de Águas (ANA). O conjunto de instruções
primeiro conduz o usuário a criar uma VHS, e em seguida sugere a criação de outras. O tutorial
também incita a criação de múltiplas VHS com base no cruzamento entre os shapefiles dos tracks
do Envisat e do rio. Outras funcionalidades também são testadas.
A Figura 4 mostra os resultados obtidos através dos dados de treinamento para a VHS próxima
à Manga, no norte de Minas Gerais. Os mapas são criados com o Basemap e são bem simples, mas
como os shapefiles de ponto e linha também podem ser criados, não vimos a necessidade de criar
um sistema sofistica de criação de mapas, já que o usuário provavelmente irá criar seus próprios
mapas com SIG. A Figura 5 mostra um exemplo de cálculo possível de declividade do rio quando o
traço do satélite acompanha o rio ao longo de uma certa distância.
FIGURA 4: Exemplos das saídas gráficas do SWG: (a) série temporal do nível d'água obtido por AS e dados
in situ (superior) e a diferença entre as duas séries de dados (inferior); (b) perfil dos dados de AS mostrando
a solução por pattern recognition encontrada pelo SWG; (c) um mapa com a visão geral; (d) uma vista
detalhada (zoom) da VHS, com o shapefile do rio e os pontos extraídos (verde e vermelho).
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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