O reclamante, coerente com o exposto e a documentação em anexo,
sofreu danos morais incontestáveis .
Quando em seu período de férias, momento de descanso de
restabelecimento de suas forças, a empresa o obriga o reclamante a trablhar, desrespeitando os mandamentos celetista, ela incorre em ato ilícito. A exigência excessiva da força de trabalho é responsável por fatores de desencadeamento de diversas doenças. No caso em questão o reclamante teve uma crise convulsiva no exercício de suas funções.
Esta incapacitado definitivamente para exercer sua função laboral,
não poderá mais ser motorista. Sofreu limitações nos seus ganhos financeiros e várias restrições.
Eis que preconiza os artigos 19 e 20 da Lei 8213/1991:
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das
medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
O trabalho humano não é uma mercadoria, que possa fazer do
prestador de serviços um bagaço, um objeto descartável. O trabalho é um dever/necessidade individual, econômico, psicológico, moral, social e até mesmo religioso, com traços agudos de um direito fundamental.
Alexandre Agra Belmonte, in “ Danos Morais no Direito do Trabalho –
identificação, tutela e reparação de danos morais trabalhistas” Editora Renovar, 2ª Edição, página 174, leciona o seguinte: “ (...) a responsabilidade civil costuma decorrer de ato ilícito, que pressupõe culpa ou conduta antijurídica de um dos sujeitos ou de ambos (culpa concorrente), mas a obrigação de indenizar também pode advir da caracterização do evento danoso ou prejudicial à esfera jurídica de outrem,
independentemente de culpa, pelo risco da atividade”.
Parágrafo Único: Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
É cediço, assim, que os riscos da atividade econômica são assumidos
pelo empregador, bem como, que o exercício de determinada atividade que, por sua natureza, implica em risco para os direitos de outrem, implica em responsabilidade do empregador pelos danos causados.
A titulo ilustrativo, tem-se que dentre os efeitos conexos do contrato
de trabalho existem as indenizações por danos sofridos pelo empregado em decorrência do contrato de emprego e sua execução: umas, sem vinculação com o campo da saúde e segurança do trabalho; outras, relativas à segurança e saúde físicas e morais do empregado.
Ressalte-se que tanto a higidez física, como a mental, inclusive
emocional, do ser humano são bens fundamentais da sua vida privada e publica, de sua intimidade, de sua auto-estima e afirmação social e, nesta medida, também a sua honra. São bens, portanto, inquestionavelmente tutelados, regra geral, pela Constituição ( artigo 5°, V e X). Agredidos em face de circunstancias laborativas, passam a merecer tutela ainda mais forte e específica da Carta Magna, que se agrega à genérica anterior ( artigo 7°, XXVIII, CF/88). É irrelevante, registre-se, que os danos materiais e morais oriundos do mesmo fato, uma vez que os bens tutelados são claramente distintos. Por essa razão tornam-se cumuláveis, sem dúvida, as duas indenizações. Nesta linha a Sumula 37 do STJ, editada após a CF/88...”.
Pontue-se que qualquer lesão que comprometa a integridade física do
indivíduo, ainda que no aspecto funcional, afigura-se como fato gerador de indenização por parte de quem, por ação ou omissão, contribui para o evento.