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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE SANTARÉM

Curso de Educação e Comunicação Multimédia

(Pós-laboral)

2º ano/ ano-lectivo de 2012-2013

Análise do Discurso dos Media

Análise de Capas de Jornais

Docente: José Carlos Sá


Santarém, 20 de Janeiro de 2012

Discente: Marco Bruno de Matos Serra (110236001)


“A sociedade que aceita
qualquer jornalismo não merece
jornalismo melhor.”

(Alberto Dines)

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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 3
1 – Capa do Jornal “Diário de Noticias”, de 25 de Março de 1928.................................. 4
2 – Capa do Jornal “Diário de Notícias” de 24 de Junho de 1940 (Exposição do Mundo
Português) ......................................................................................................................... 6
3 – Capa do Jornal “Diário de Lisboa” (16-02-1957) e do “Jornal Diário de Notícias”
(19-02-1957). Visita da Rainha Isabel II .......................................................................... 8
4 – Capa do Jornal “O Século” (18-12-1961) e do Jornal “Novidades” (21-12-1961).
Invasão de Goa, Damão e Diu ........................................................................................ 11
5 – Capa do Jornal “Público” (06-09-1999) e do Jornal “Diário de Notícias” 09-09-
2012). Timor ................................................................................................................... 14
Conclusão ....................................................................................................................... 18

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Introdução
Na sequência das aulas da unidade curricular de Análise do Discurso dos Media,
foi-nos proposto pelo docente José Carlos Sá, a fazer um trabalho autónomo de análise
de oito capas de jornais, no contexto da disciplina
Não sendo um trabalho fácil de execução por falta de bases sólidas nas questões
formais de um jornal, tentei acima de tudo efectuar a análise do discurso, daquilo que
nos é dado a ver e a perceber nestas capas, tentando contextualizar os dados disponíveis
com o contexto de cada época, tentando perceber aquilo que está espelhado na capa,
extrapolando o que efectivamente se queria e pretendia transmitir com a forma como a
mesma está construída: O texto, as fotos, os destaques, etc..

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1 – Capa do Jornal “Diário de Noticias”, de 25 de Março de 1928

Na capa do Jornal Diário de Noticias, datada de 25 de Março de 1928 e apesar de


não se conseguir ler grande parte do conteúdo, encontramos alguns dados importantes
que no permitem aferir alguns dados da época. Verificamos logo à partida que é uma
primeira página generalista, com várias temáticas a serem tratadas. Existe alguma
publicidade, quer nos topos (esquerdo e direito), bem como uma pequena caixa no
centro do Jornal. Nota-se o uso de vários tipos e tamanhos de letra, que fazem destacar
algumas das noticias em relação a outras. O uso de fotografias e imagens tem relação
com a importância dada a cada tema, sendo usadas nos temas a que o jornal pretende
dar mais destaque. A capa deste jornal torna-se assim como que numa manta de
retalhos, bem diferente daquilo que estamos habituados nos jornais contemporâneos de
referencia.

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O titulo “General Óscar Carmona”, à data o presidente da república e o titulo “Oh
fado que foste fado!.. Aparecem ainda assim como aqueles com maior destaque!
Recordamos que desde 28 de Maio de 1926, que Portugal vivia sobre uma
ditadura militar, que conduziria em 1933 à criação do Estado Novo, talvez por isso se
note na primeira página, várias noticias de índole militar, artigo sobre o General Óscar
Carmona, o chamado caso Royal Oak (um caso em Inglaterra que levou a tribunal de
Guerra alguns oficiais da marinha Inglesa); um artigo sobre o Comandante João Belo;
noticia sobre um exercício de tiro no tejo.
Todos sabemos a relação do estado novo com o fado, pela sua índole e génese
popular que tentou ser aproveitada por este regime para benefício próprio e um apelo à
humildade e simplicidade do Povo Português, algo que vinha de encontro com toda a
ideologia e narrativa criada por este regime. Não deixa de ser portanto paradigmático,
que exista nesta capa uma referência em destaque ao fado, é como que um presságio
daquilo que está para vir. Por outro lado, fora da esfera da divagação politica, nesta
referencia ao fado, vemos a sua índole popular e a importância que este tipo de canção
tipicamente Português tinha e continua a ter, no sentido em que fado é o destaque de
primeira página de um jornal generalista num domingo de 1928 a par do Presidente da
Republica!

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2 – Capa do Jornal “Diário de Notícias” de 24 de Junho de 1940 (Exposição do
Mundo Português)

Nesta capa de Jornal datada de 24 de Junho de 1940, claramente verificamos a


existência de uma notícia principal, “A exposição do Mundo Português”! De realçar
ainda no campo nacional, uma referência às Marchas Populares em Lisboa e no campo
Internacional, ao chamado armistício Franco-Italiano, o culminar da invasão de França
pelas forças nazis, em que foram definidos os termos gerais de cessar-fogo e a forma da
ocupação de França pelos Alemães.
Não deixa de ser no mínimo “estranho”, que enquanto a Europa estava em
Guerra, em Portugal permitia-se à realização de um evento sem precedentes na história
do País, de cariz social, cultural, mas também propagandístico, que marcaria e de que
ainda hoje existem fortes marcas na cidade de Lisboa.

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Esta capa permite aferir a importância que um evento como este teve em
Portugal, nomeadamente em Lisboa. O título “Inaugurou-se ontem solenemente a
Exposição do Mundo Português” com o seu subtítulo. “Cidade simbólica da história de
Portugal”, bem como com dois destaques a discursos com respectiva fotografia, um do
comissário da exposição (Augusto de Castro) e outro do Ministro das Obras Públicas,
Eng.º Duarte Pacheco, grande mentor a par do chefe da propaganda do estado novo,
António Ferro desta exposição, que olhando para trás, teve coisas muito interessantes e
meritórias, mas passava sobretudo por uma forma de propaganda à ideologia, à narrativa
e à construção do pensamento que o estado novo preconizava. Recordemos toda a
envolvência e reconstrução da história de Portugal, que passou por exemplo pela
reconstrução dos castelos medievais em ruinas, em função de um estereótipo
romanceado, com base mais nos livros e lendas da idade média, do que propriamente na
realidade. A criação dos ranchos folclóricos à luz duma ideia de raízes etnográficas,
grande parte delas criadas artificialmente. Pois bem a exposição do mundo Português
foi neste sentido, mais um meio de propaganda, de forma a aproximar os cidadãos
nacionais desta sua história e desta forma a moldar mentalidades, aproximando-se
efectivamente dos regimes fascistas!
Duas outras fotos são visíveis nesta primeira página, uma fotografia de grupo,
dos notáveis presentes na inauguração da exposição, e uma outra em que aparece ao
centro o Cardeal Cerejeira, uma foto nada inocente, como que o avalizar da exposição
por parte da Igreja Católica, do qual Cerejeira era a grande referência e que tinha uma
real importância no país, recordemos que um dos lemas do estado novo era: “Deus,
Pátria e Família!”.
Apesar de tudo, da censura, da propaganda, olhando para esta capa com 72 anos
de distância, não nos parece tão diferente em termos de conteúdo de outras capas de
jornais, por exemplo da inauguração da Expo 98, ou do Euro-2004, em que como é
óbvio e normal se enaltece um certo espirito empreendedor, de capacidade de realização
de um povo, que nos remete para um sentimento de orgulho nacional!

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3 – Capa do Jornal “Diário de Lisboa” (16-02-1957) e do “Jornal Diário de
Notícias” (19-02-1957). Visita da Rainha Isabel II

Datada de 16 de Fevereiro de 1957, a capa deste Jornal (Diário de Lisboa) dá-


nos a conhecer a visita oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra a território Nacional,
com um título “Isabel II está em Portugal” um subtítulo “Uma Rainha e um povo “, esta
capa monotemática e monocromática assente em pequenas caixas onde são veiculadas
notícias, todas elas sobre esta visita da monarca Inglesa. Com uma fotografia de Isabel
II e do seu Marido, o príncipe Filipe acenando de forma simpática, a ocupar mais de 1
quarto da capa, com uma pose simpática. Utilizam-se vários tipos e tamanhos de letra de
forma a chamar a atenção do leitor e a fazer a divisão das notícias, todas elas como já
referimos, sobre a mesma temática.

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Esta capa do Diário de Noticias que tem como tema único, também, a mesma
visita da Rainha Isabel II e com quatro de dias de separação em relação à primeira capa
analisada, verifica-se algumas diferenças em termos gráficos, uma vez que ao contrário
da anterior capa, esta apresenta um layout onde quatro fotografias (Rainha Isabel II
junto do Presidente da Republica Portuguesa, Craveiro Lopes. Duas imagem da
Multidão que recebeu a monarca e ainda uma foto da rainha dentro de um coche)
imperam, ocupando dois terços da capa e onde um texto, precedido do titulo “Vibrante e
apoteótica recepção do Povo de Lisboa à Rainha Isabel II”, contextualizam a referida

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visita, tentando criar um ambiente de “união” entre o povo Português e a Rainha de
Inglaterra.
Verifica-se nestas duas capas e apesar de algumas diferenças, principalmente na
componente gráfica, um mesmo objectivo e a mesma forma de tratar o referido
acontecimento. O objectivo de apelar ao sentimento popular em torno da visita da rainha
de Inglaterra, país com o qual Portugal tinha e tem aquilo que é apelidado como a mais
antiga aliança mundial entre dois países soberanos, tentando-se criar uma aura de
aliança à volta da Rainha de Inglaterra e do povo Português, para que o povo sentisse
em parte que aquela era também a sua rainha.
A forma como ambos os jornais tratam este evento traduz alguma subserviência
do povo Português para com Inglaterra e a sua monarca e mostra a também a ideia que o
estado novo, em particular Salazar, tinham sobre a monarquia. O estado novo assentava
numa ideia de regime, veiculada pelo próprio Salazar, definido como: nem república
nem Monarquia, mas que apesar de um presidente da república muita da sua estrutura
assentava sobre princípios monárquicos, como a importância da hereditariedade e da
família.
Existe outro dado que me parece importante nestas duas capas, o facto de não
aparecer qualquer referência ao Dr. Oliveira Salazar, o todo-poderoso presidente do
Concelho, à primeira vista, a visita de Isabel II, seria uma oportunidade para recolher
alguns “pontos” junto da opinião pública. Será que Isabel II impôs como condição a
máxima descrição no que toca a aparecer ao lado do ditador? Esta hipótese é viável no
sentido em que Inglaterra para além de ser uma democracia, por estes tempos já dava
passos bem profundos no que toca à descolonização das suas colonias, sabendo-se da
irredutibilidade da posição de Salazar sobre esta matéria e sendo esta uma matéria de
extrema sensibilidade, esta hipótese tem alguma razão de ser. A outra hipótese que me
vem à cabeça, para não existir qualquer referência a Salazar passa por este, querer
perfeitamente “dividir as águas” no que toca aos poderes representativos e legislativos e
executivos. É sabido que desde á algum tempo o monarca inglês é apenas
representativo, um símbolo da nação, não tendo qualquer tipo de intervenção directa no
poder legislativo ou executivo. Também os presidentes da república em Portugal
durante o estado novo tiveram esse papel, quase “decorativo”, meramente institucional,
Salazar percebendo isso de forma clara, pode ter optado por ficar no seu recato, como
que passando a mensagem que a representação do país é uma coisa, o governo do
mesmo é outra.

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Qualquer destas duas hipóteses é válida a meu ver e talvez as duas se tenham
juntado para a não existência de qualquer referência a Salazar nestes jornais.

4 – Capa do Jornal “O Século” (18-12-1961) e do Jornal “Novidades” (21-12-1961).


Invasão de Goa, Damão e Diu

Nesta capa Do Jornal “O Século”, datada de 18 de Dezembro de 1961 vemos


espelhada a informação sobre a invasão pela União Indiana de Goa, Damão e Diu. Capa
do Jornal é monotemática, sendo o único tema a referida invasão.
O título do Jornal é esse mesmo: “invasão de Goa, Damão e Dio”, com um
subtítulo emblemático, referenciando a forma como as forças portuguesas se bateriam
para defender a sua pátria, bem como com um lead que nos remete para a dificuldade
encontrada pela União Indiana, que só com o recurso a meios “extraordinários”
conseguiu entrar no Distrito de Goa.

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Todas as outras chamadas de primeira página estão ligadas ao tema principal e
de uma maneira ou de outra nos remetem para a forma “brava” como os Portugueses
enfrentam uma força muito superior em termos de meios e homens.
No canto superior esquerdo da capa, encontra-se um pequeno anúncio
publicitário, identificando-se ainda uma pequena caixa de índice, que nos remete para
outros temas desenvolvidos no interior do Jornal. No canto inferior direito identifica-se
ainda o emblemático “selo” da censura.
Não existe qualquer fotografia na capa, sendo que as cores são o preto e o
vermelho, vermelho que dá realce a alguns dos temas focados. Outras das técnicas
usadas para realçar e destacar os temas uns dos outros são os diferentes tipos e
tamanhos de letras usados.
Na caixa da esquerda, aparece aquilo que parece ser um editorial, em que se
tenta enquadrar o leitor para a “infâmia” Indiana e que segundo este, está “colado” ao
comunismo soviético, passando assim para o leitor a ideia e a associação de que todo o
mundo Ocidental está do lado Português, em contraponto com a União Soviética que
nos bastidores será a responsável pela invasão.

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Outra capa alusiva ao tema da Invasão da chamada India Portuguesa (Goa,
Damão e Diu), em que apesar de ser um jornal diferente, olha para o tema exactamente
da mesma forma, percebendo-se claramente o perfeito enquadramento com a versão dos
factos propagandeada pelo Governo dos Estado Novo. Nos três dias que separam as
edições destes dois jornais, percebe-se que o exército da União Indiana neste espaço de
tempo, efectuou um ataque em massa contra as colónias Portuguesas e que apesar da
reacção da defesa portuguesa, percebe-se nas entrelinhas que a batalha é uma batalha
perdida.
Mais uma vez a capa é monotemática e todos os assuntos tratados estão
relacionados com a notícia principal. Em termos de cor, a mesma é monocromática
(preto) e usam-se também diferentes tipos e tamanhos de letras para separar e realçar as
notícias
De realçar ainda que ao contrário do DN, este jornal trás para a capa uma
fotografia, embora não muito grande, ilustrando a marca portuguesa na India (padrão da
fortaleza de Diu).
O “pré-titulo” é elucidativo para percebermos a versão oficial dos factos
propagandeada pelo estado novo (“Portugal perde Goa, mas não perde a Honra”) como
também é elucidativo (tal como no DN) aquilo que parece ser uma nota editorial,
enquadrando o leitor para a temática e mais uma vez associando a questão da India à
questão da guerra fria, à “guerra” entre Ocidente (mundo livre) e o leste (comunista),
transferindo a responsabilidade de uma derrota portuguesa na India, para a forma como
os ditos países livres se organizam no combate à expansão comunistas, bem como a
forma como a ONU seria permissiva com esta mesma expansão.
Outra questão que não deixa de ser interessante em ambos os jornais, é a
tentativa de chamarem às primeiras páginas uma associação com entre este tema e a
religião, no DN com a chamada à primeira capa, a procissão da transferência das
relíquias de São Francisco Xavier, o grande impulsionador da envangelização da Índia
e no Novidades, com chamada à primeira capa de uma notícia do Jornal do Vaticano
(Observattore Romano”) e de um comunicado das juventudes universitárias católicas.
Olhando para estas duas capas e sabendo o ano e o contexto em que foram
escritas, percebemos claramente o contexto ideológico defendido, funcionando os
jornais como instrumentos de divulgação e propaganda de um regime que neles vincou
e pretendeu transmitir a sua posição oficial, num contexto desfavorável em que o estado
Português estava em vias de perder as suas emblemáticas colónias Indianas.

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Importante também reter o facto de que o discurso e a propaganda oficial
estavam longe de ser a opinião deste mesmo estado, uma vez que sabemos hoje
claramente que as chefias portuguesas destes territórios tiveram grande problemas no
seu regresso ao país, pois a rendição não terá sido bem vista pelo regime que os terá
considerado inclusive traidores por não terem defendido estes territórios até à morte.

5 – Capa do Jornal “Público” (06-09-1999) e do Jornal “Diário de Notícias” 09-09-


2012). Timor

Esta capa do Jornal remete-nos para os acontecimentos passados após o


referendo em Timor-Leste, em que de forma peremptória o povo Timorense votou na
independência do seu território, ocupado pela Indonésia desde 1975. Nesta capa,

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monotemática e a cores com o título a vermelho, cor do sangue e que na cultura judaico-
cristã é associada ao martírio, encontramos duas referências publicitárias, uma
ocupando o rodapé, a outra, o canto superior direito. Uma capa com pouco texto, em
que o título “Angustia” é precedido de um lead, que enquadra o leitor nos
acontecimentos dramáticos que se estão a passar no outro lado do mundo, na outrora
colónia portuguesa. Uma foto de uma criança Timorense, numa vigília em Lisboa, junto
à representação da ONU ocupa mais de dois terços da capa, com um olhar que nos
remete para o titulo e para o momento, a angustia e o cepticismo, mas em lá que no
fundo consegue perceber-se alguma esperança, quando mais não seja pela vela que
arde... Neste olhar condensa-se os sentimentos de dois povos (Portugal e Timor) unidos
por esta causa!

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Esta capa do Diário de Noticias é uma capa de jornal que nunca irei esquecer,
recordo-me perfeitamente desta capa, recordo-me perfeitamente destes dias, em que ser
português me deixou cheio de orgulho, essencialmente pela forma como fizemos
“nossa”, a causa de um povo que quis ser independente e que durante anos a fio viveu
sobre o jugo implacável de uma outra nação.
Esta capa, em branco onde se destacam apenas no centro as palavras do Bispo Dom
Basílio de Nascimento, cercado na sua diocese de Baucau, “morremos todos”,
proferidas na véspera e que nos envolvem num misto de emoção, impotência e algum
desespero para tudo o que se está a passar no território Timorense, essa sensação de
impotência é também sentida pelos jornalistas do DN, que decidem prestar desta forma
homenagem àquele povo, com uma página em branco. Pouco há a dizer do que já foi
dito, pouco há a mostrar do que já foi mostrado…
A única cor usada nesta capa “em branco”, tem a ver com um anúncio
publicitário no rodapé da página, duas referências a promoções do Jornal e uma
referência a um jogo da selecção nacional de futebol, que nos lembra o quão importante
é o futebol, rei dos desportos em Portugal e que apesar dos tempos serem de reflexão e
de solidariedade com o povo de Timor-Lorosae, não deixa de estar presente, sendo algo
que se percebe por isso mesmo importante.
Para contextualizar estas duas capas de jornais convém recordar, que Timor
Leste, então colónia Portuguesa, foi invadido pela Indonésia em 1975, no contexto pós-
revolucionário então vivido em Portugal, não existiu qualquer tipo de reacção a este
facto. Internacionalmente também não existiu grande reacção, nomeadamente porque na
altura, a Indonésia era encarada como um aliado importante, por parte dos E.U.A. na
luta contra o comunismo. Estes factos, fizeram com que a questão de Timor
praticamente ficasse esquecida. Só em 1991, quando dois jornalistas quase por acaso,
filmaram um tiroteio de sentido único das forças de segurança indonésias sobre jovens
Timorenses que se manifestavam pacificamente em favor da Independência, o famoso
massacre de Santa Cruz, o tema veio de novo à ribalta, fazendo despontar quer em
Portugal, quer no mundo, um sentimento generalizado contra aquela situação que o
povo Timorense estava a viver. Este despertar internacional, associado ao fim da guerra
fria e consequente revisão das políticas internacionais de Washington, tiveram os seus
frutos em 1999, quando finalmente a Indonésia cedeu e permitiu a organização de um

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referendo ao povo Timorense sobre a sua própria independência. Os resultados foram
esmagadores, tendo mais de 80% da população votado a favor da independência. Estes
resultados, levaram a que a Indonésia numa última tentativa de condicionamento e
contra toda a comunidade internacional, organiza-se e apoia-se milícias que tinham
como objectivo único, o de espalhar o terror sobre todos aqueles que queriam a
independência da sua “27ª província”. Os habitantes de Timor tiveram à altura,
resistindo heroicamente a mais esta agressão. De reter ainda a forma irrepreensível e
sem precedentes como o povo português reagiu a estes acontecimentos, dando a cara e a
sua solidariedade ao povo irmão de Timor-Lorosae! Após estes acontecimentos e sobre
a égide das nações unidas, a Indonésia foi obrigada a ceder e após um processo de
transição mais ou menos conturbado, no dia 20 de Maio de 2002, Timor-Lorosae
tornou-se definitivamente independente, tendo sido a primeira nação do mundo a tornar-
se independente no século XXI.

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Conclusão
Da análise efectuada a estas capas, mais do que a parte técnica e formal da
construção das mesmas, o seu layout, o peso das fontes e do texto, considerei
importante perceber e aferir aquilo que é o discurso que cada uma delas nos transmite.
A análise destas capas ajuda-nos a perceber o quanto um jornal está e deve ser
contextualizado no seu tempo e no seu espaço. É fácil olhar para trás e fazer uma crítica
da forma como as coisas estão escritas e dispostas, mas a verdade que é que elas são
fruto do seu tempo, do seu espaço, têm um contexto próprio que pode e deve ser
analisado à luz dos conhecimentos dos dias de hoje, mas que deve ser sempre
enquadrado e percebido à luz dos acontecimentos da época e do local em questão.
Estas capas de jornais escolhidas permite-nos ainda revisitar um pouco do século
XX Português, entre 1928 e 1999. Nelas estão acontecimentos, alguns deles banais,
outros mais importantes, que dão para tomar o pulso a cada uma das épocas em causa e
que no fundo se reflectem no presente, na medida em que fazem parte da nossa história,
moldando-nos para o bem e para o mal. Olhar para estas capas com sentido critico,
ajuda-nos a reflectir aquilo que fomos como colectivo, mas acima de tudo deve ajudar-
nos a perceber que aquilo que fomos fez-nos chegar àquilo que somos, e percebendo
isso, podemos sem complexos olhar para o futuro e saber exactamente para onde
queremos ir!

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