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Angola: das cinzas ao hiperespaço

Inês Bianchi Esmail


esmail.ines@gmail.com

Fonte: CIA World Factbook 1

1. Introdução
Devastada por quase 40 anos de guerra, primeiro pela Independência e depois entre irmãos,
Angola começa agora a dar os primeiros passos no sentido da reconstrução do país. Muitos
investimentos estão a ser feitos pelo governo no sentido de melhorar as infra-estruturas básicas
de apoio à economia e às populações nas áreas da educação, saúde, saneamento básico,
transportes e fornecimento de electricidade e água potável. No entanto, muito resta por fazer
neste país em cinzas e as TICs podem, sem sombra de dúvida, ter um papel importante a
cumprir neste esforço de reconstrução.

2. Caracterização do país
A República de Angola está localizada no sudoeste do continente africano e é banhada pelo
oceano Atlântico a oeste, fazendo fronteira a norte e a este com o Congo-Brazzaville, a
República Democrática do Congo e a Zâmbia e a sul com a República da Namíbia. Com uma
superfície de 1 246 700 km2 e uma população estimada em 12 531 357 habitantes2, Angola tem
uma densidade populacional de cerca de 10 habitantes por quilómetro quadrado.

1 Fonte: CIA World Factbook


2 Estimativa da CIA para Julho de 2008
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Administrativamente, o país está dividido em 18 províncias, 164 municípios e 509 comunas.
Apesar da enorme riqueza que Angola dispõe em recursos naturais (entre os quais petróleo,
diamantes, ferro, ouro, cobre, etc.), segundo estimativas da CIA3, 70% da população em 2003
vivia abaixo do limiar da pobreza. Na área da educação registam-se muitas deficiências, quer no
número de escolas e de professores, quer ao nível da formação dos professores. Dados relativos
ao ano 2000 indicam que a percentagem de crianças em idade escolar que efectivamente
frequentavam o ensino primário era de apenas 64,3%, baixando este valor para 14,7% no caso
do ensino secundário4. Em termos gerais, e de acordo com a Agência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, os níveis de alfabetização da população angolana rondam os 67,4% e a
percentagem de pessoas sem acesso a uma fonte de água potável é de cerca de 47%5. Assim, e
apesar dos esforços de reconstrução desenvolvidos pelo governo, os dados sócio-económicos do
país continuam a não ser muito animadores. Angola está neste momento situada em 162º lugar
entre os 177 países considerados no Índice de Desenvolvimento Humano6.

3. As TICs em Angola – Realidades e Perspectivas


3.1. As TICs como impulsionadoras do desenvolvimento sócio-económico das populações
O aparecimento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), e em particular
da Internet e da Web, no início da década de 90, mudou a nossa forma de ver o Mundo,
oferecendo um novo paradigma ao nível da informação, da comunicação e do comércio.
Todavia, e enquanto a nova Sociedade da Informação continua a desenvolver-se, cresce também
o fosso em relação àqueles que não têm acesso regular às TICs nem as aptidões necessárias para
as utilizarem eficazmente.
Por outro lado, as TICs constituem uma excelente oportunidade para os países em
desenvolvimento. A prestação de serviços mínimos (nas áreas da saúde, educação, serviços
públicos e de apoio às micro e pequenas empresas), às populações mais carenciadas e
comunidades rurais é fundamental para melhorar a qualidade de vida das populações e
promover um desenvolvimento sustentado. As TICs são a forma mais fácil, e muitas vezes a

3 idem

4 Fonte: Survey of ICT and Education in África: Angola Country Report

5 Fonte: The Human Index Report – Angola Factsheet

6 Fonte: http://hdr.undp.org/en/statistics/
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única forma, para desenvolver e fazer chegar esses serviços até às populações, pelo que é
urgente trabalhar para reduzir este fosso digital7 .
Além do computador, a ferramenta mais poderosa de entre as novas TICs, um meio surge como
particularmente adequado para a prestação desses serviços mínimos em Angola, quer pelo seu
preço e facilidade de utilização, quer pela sua taxa de penetração nacional – o telemóvel. De
acordo com o Instituto Angolano de Comunicações (INACOM), existem actualmente 5 000 000
de utilizadores de telemóveis em Angola8 e a Unitel, a maior operadora móvel nacional,
disponibiliza já os seus serviços, incluindo SMS e acesso à Internet, nas 18 capitais provinciais
e numa parte considerável dos municípios do país, prevendo cobrir todo o território nacional
dentro de 4 anos, ou seja em 20129.
No entanto, dado o incipiente estado de desenvolvimento de aplicações Web para telemóvel e o
elevado custo de aquisição de equipamento informático, a maior parte das pessoas interessadas
em aceder à Internet têm de procurar um dos muitos “cyber-cafés” que pululam pelas ruas das
principais cidades. A iniciativa privada tem assim contribuído para colmatar as dificuldades e
respondido à ânsia demonstrada (principalmente) pelos jovens de utilizar as potencialidades das
TICs para melhorar o seu rendimento escolar, procurar emprego, comunicar com os amigos e
familiares noutras partes do mundo ou simplesmente “navegar” na Net.

3.2. O papel dos meios de comunicação de massas tradicionais


Tradicionalmente, é através de pequenos aparelhos de rádio portáteis que as populações
angolanas mais carenciadas e mais afastadas dos centros urbanos recebem as notícias do seu
país e do mundo. É ainda este o meio privilegiado escolhido pelo governo e pelas instituições
públicas e privadas para comunicarem com os seus utentes e clientes. Além da Rádio Nacional
de Angola (RNA), com cobertura nacional, existem apenas 5 estações de rádio local privadas
em todo o país. A RNA transmite diariamente, de Segunda a Sexta-feira, um programa de 1 hora
inteiramente dedicado à divulgação das novas tecnologias de informação, onde se debatem
assuntos e notícias sobre o tema.

7 Adapt. de http://www.w3.org/2006/12/digital_divide/public.html

8 Fonte: http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=19114

9 Fonte: site da Televisão Pública de Angola, consultado em 22 de Maio de 2008 (http://82.102.11.8/artigo.aspx?


sid=605468d6-c2b4-443d-8fdd-3403f0da9528&cntx=pP7UCKs5%2BtcCqXkTwIOpDQOg%
2FrgW0zyGBKJiZCw7DMsjNppphKBFj8p2TpErGNyu)
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Por seu turno, a televisão também já chega a muitos lares, embora a sua área de influência esteja
neste momento restrita aos meios urbanos. A Televisão Pública de Angola possui delegações em
todas as províncias de Angola e transmite em dois canais abertos para a maior parte do país.
Se é verdade que os meios de comunicação locais podem ser importantes educadores sociais,
promotores de discussões sociais, negociadores e formadores da mudança tecnológica nas
pequenas comunidades rurais e ainda um meio de expressão dos seus habitantes e de reforço ou
desafio dos valores comunitários, não é menos verdade que aqueles não têm ainda expressão
significativa em Angola. Embora haja já alguns casos de projectos de mobilização social e
participação envolvendo a criação de rádios locais apoiados por ONGs e organismos
internacionais, a participação das comunidades nos media é feita principalmente através dos
programas de rádio em directo com participação do público e das entrevistas de rua em que os
leitores ou ouvintes são chamados a pronunciarem-se sobre os mais variados assuntos de
interesse local ou nacional. Não existe ainda dinamismo social nem apoio suficientes para levar
a cabo mais projectos de intervenção comunitária alargada.

3.3. O governo central


Diversos esforços têm vindo a ser realizados pelas autoridades angolanas para a promoção da
alfabetização digital das populações. Nota-se, por exemplo, uma preocupação do governo em
chegar às populações através da criação do portal do governo10 e diversos organismos públicos
disponibilizam já nos seus sites diversa documentação de interesse, como legislação e
formulários diversos. Na área da saúde, por exemplo, estão a decorrer vários projectos de
“telemedicina” patrocinados pelo Ministério da Saúde que passam pela celebração de acordos
entre hospitais públicos angolanos e seus congéneres portugueses com vista à troca de
experiências e conhecimentos on-line sobre patologias ou tratamentos variados. Na área da
educação, a aposta do governo passa primeiro por equipar as direcções provinciais e capacitar
os professores para a utilização das novas TICs e só depois avançar para a massificação das
TICs nas escolas. Por último, o governo acabou de celebrar um acordo estratégico com a
multinacional americana Microsoft que permitirá a redução dos preços dos artigos daquela
marca a comercializar em Angola11.

10 http://www.angola.gov.ao/

11 http://www.jornaldeangola.com/artigo.php?ID=82826&Seccao=geral
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Num país que só agora encontrou o caminho da paz e em que falta fazer quase tudo, o maior desafio
do governo e da sociedade reside em transformar o grande potencial das TICs em factor crítico de
crescimento e progresso, permitindo melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e proporcionar-lhes
as ferramentas necessárias para poderem ser actores principais do seu próprio desenvolvimento.

Referências bibliográficas:

CIA World Factbook, https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ao.html,


página consultada em 22 de Maio de 2008
Survey of ICT and Education in Africa: Angola Country Report, www.infodev.org, página
consultada em 16 de Maio de 2008
The Human Index Report, Angola Factsheet http://hdrstats.undp.org/countries/country_fact_sheets/
cty_fs_AGO.html, página consultada em 23 de Maio de 2008

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