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PC-MG

Escrivão de Polícia I

3.1 Criminologia: conceito, cientificidade, objeto, método, sistema e funções. .................................... 1


3.2 Fundamentos históricos e filosóficos da Criminologia: precursores, Iluminismo e as primeiras
escolas sociológicas. Marcos científicos da Criminologia. A escola liberal clássica do Direito Penal e a
Criminologia positivista. ........................................................................................................................... 9
3.3 A Moderna Criminologia científica: modelos teóricos explicativos do comportamento criminal.
Biologia criminal, Psicologia Criminal e Sociologia Criminal. ................................................................. 14
3.4 Teoria Estrutural-Funcionalista do desvio e da anomia 3.5 Teoria das Subculturas Criminais. ... 17
3.6 Do “Labeling Approach” a uma criminologia crítica. .................................................................... 18
3.7 A sociologia do conflito e a sua aplicação criminológica. ............................................................ 20
3.8 Sistema penal e reprodução da realidade social. ........................................................................ 25
3.9 Cárcere e marginalidade social. .................................................................................................. 26
3.10 Modelo consensual de Justiça Criminal. ................................................................................... 26

Candidatos ao Concurso Público,


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3.1 Criminologia: conceito, cientificidade, objeto, método, sistema e funções.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br

Conceito
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por finalidade o crime, a vítima e o
delinquente e o controle social do comportamento delitivo
Para pensar em criminologia devemos destacar que ela sofre a influência e contribuição de outras
ciências, tais como: (Psicologia, Sociologia, Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política,
dentre outras, possuindo métodos próprios). Trata-se, portanto de uma ciência multidisciplinar, os saberes
andam lado a lado.
Para outros doutrinadores, a criminologia é entendida como ciência interdisciplinar, levando a
considerar o fato de que várias disciplinas visam um ponto em comum, com seus métodos próprios e
saberes que se unem para cooperarem-se entre si.
A criminologia moderna ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas,
características, sua prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do
delito como fenômeno social e individual.
Sua maior proximidade diz respeito ao Direito Penal. Não podemos negar que ambas relacionam-se
diretamente com o objeto crime para ser estudado, sob diferentes primas.
Vamos ao quadro para tentar entender melhor a diferença de ambos institutos e dessa maneira, tornar
mais clara a conceituação de Criminologia.

Direito Penal Criminologia


Trata-se de ciência normativa Trata-se de ciência causal-explicativa
Estipula as condutas que são proibidas de serem Observa a infração praticada e essa conduta será
praticadas, sob a aplicação de uma pena analisada enquanto fenômeno humano,
biopsicossocial, observando a criminalidade
como um todo também, e através do domínio
cognitivo sobre as motivações do crime

O termo criminologia etimologicamente apresenta derivação mista do latim crimen (delito) + grego
logos (tratado). Garófalo apresenta o termo criminologia com a constituição seguinte: latina crimino (de
crimen – criminis) + grega log(o) + ia.
Para que o crime deixe de ser praticado com frequência, existe o processo de produção de leis, se
estas forem infringidas haverá a punição por sua conduta. Para Nelson Hungria (1963), a criminologia “é
o estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar a etiologia e tentar a sua debelação por
meios retificativos ou curativos e preventivos.”
e,A cientificidade considera que esta disciplina, através de seu método empírico poderá fornecer os
dados válidos e confiáveis para descobrir como ocorreu o delito. A criminologia não pode ser vista como
uma ciência que acumula dados ou estatísticas, pois estes dados deverão ser avaliados de acordo com
a realidade.

Cientificidade
A cientificidade demonstra que essa disciplina através do seu método empírico poderá fornecer
informações que contenham validade e confiabilidade sobre o delito, já que reúne elementos sobre a
teoria definida. Não se trata contudo, de uma ciência exata, com informações absolutas, mas sim, de uma
ciência do ser, de natureza humana, que apresenta informações de modo parcial, provisórias, que tenham
relação com a realidade.

Objeto:
O objeto da criminologia passou por algumas mudanças ao decorrer da história, logo de início
considerava apenas como objeto o delito, de acordo com os estudos de Beccaria. Depois a escola

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positivista, na década de 50, passa a considerar as vítimas e suas reações diante da criminalidade,
incluindo-se também a vítima e o controle social.
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
a) delito;
b) delinquente;
c) vítima;
d) controle social.
Para maior compreensão, vamos estudá-los separadamente:

A) Delito
O Direito Penal ao conceituar o delito, aborda-o de três formas: conceito material, formal e analítico.
Material: vincula-se a um ato que cause dano social ou provoque lesão a um bem jurídico;
Formal: existe uma lei penal que descreve tal conduta como infração;
Analítico: são os elemento estruturais e essenciais do crime.

O Direito Penal age após a execução, tentativa ou consumação do crime. A criminologia diferencia-se
daquele, ao agir para intervir, proibindo o agente da prática de crime, ocorrendo de formas distintas. Uma
delas é a compreensão de delito como desvio de conduta, esses desvios lesionam o comportamento da
população em um determinado momento.
Para a Criminologia moderna, o conceito material, formal e analítico não bastam para conceituar o
delito. Trata-se de um fenômeno humano e cultural, não podendo se estender ao âmbito da natureza,
animais não possuem discernimento do que seja certo ou errado, agem por sua própria natureza.
O estudo da criminologia está voltado ao comportamento antissocial e suas causas. Por se tratar de
ciência autônoma, a adoção de um conceito jurídico de crime poderia transformá-la em auxílio ao sistema
penal.
O delito no plano material seria a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para a
sociedade (vida, honra, integridade).
Será considerada delitiva a conduta que:1
- tiver incidência massiva;
- incidência aflitiva;
- persistência espaço temporal;
- inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e eficazes técnicas de intervenção;
- consciência generalizada sobre sua negatividade.
O conceito de delito no plano material é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico relevante para
o corpo social. Em razão disso, trata-se de fenômeno social com várias faces, que exigem uma
abordagem ampla que não prescinde de outros ramos do conhecimento para que seja compreendido.

B) Delinquente
Com o surgimento da Escola Clássica abandonou-se a centralização na figura do crime e passou-se
a analisar a pessoa do delinquente. Nesse período ele era vista como uma pessoa que acabou
escolhendo o mal, ainda que tivesse a chance de escolher o bem.
Na Escola Positivista, não buscou se pensar apenas na centralização do crime, passando a investigar
o comportamento do delinquente. Buscou-se a necessidade de defender o corpo social contra a ação do
delinquente, visando a segurança da sociedade e seus interesses.
Aqui, se considerava que este indivíduo já nascia criminoso.
A Escola Correcionalista tem uma visão completamente diversa das duas acima, aqui o delinquente é
visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e
tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado Montero.
Para o marxismo, a responsabilidade do crime surge da sociedade, de modo a converter o delinquente
em vítima, como produto da estrutura econômica do Estado.
Atualmente, o delinquente é analisado de acordo com suas interdependências sociais, como unidade
biopsicossocial e não no sentido biopsocopatológico, voltadas a Criminologia tradicionalista. A psicologia
criminal destina-se a estudar a personalidade do criminoso (comportamento, pensamento, suas reações).
Ao analisarmos estas características, poderemos compreender o comportamento do indivíduo.
A Psicologia pode contribuir, incentivando a criação de programas que visem reduzir o número de
delinquentes que circundam a sociedade e infelizmente, ao saírem do regime prisional voltam a delinquir,
colocando a ordem pública em risco.

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Viana, Eduardo. Criminologia, editora: Jus Podium, 3ª edição, 2015.

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C) Vítima
A vítima passou por três fases de estudo na história.
Na fase conhecida como “idade de ouro”, a vítima tinha grande valor e respeito pela maioria das
pessoas. Nesse período, a vingança privada se revelava desde a antiguidade até meados do século XII.
Posteriormente, com a responsabilização do Estado, a figura da vítima deixa de ser o centro e fica
mais neutralizada. Da década de 1950 em diante, a vítima novamente ganha destaque e apresenta
características mais humanizadas para o Estado.
O Código de Hammurabi, dispunha de um acentuado rigor com as penas de morte e mutilações,
segundo o princípio de Talião. O direito da vítima estava limitado na lei, a vítima poderia, entretanto buscar
a solução do conflito no soberano.
O Código de Manu, que surgiu na Índia, estabelecia sanções, levando em consideração a casta social
que o delinquente pertencia e continha pesadas penas, como a marca de ferro em brasa na testa do
delinquente. Com esse tipo de pena, buscava-se proteger o particular, que fosse vítima de um delito.
Outras penalizações também acabaram ocorrendo, como foi o caso da Lei das XII Tábuas, que tinha
várias disposições de direito penal, distinguindo os delitos privados dos públicos, com penas patrimoniais.
Com o fortalecimento do Estado, o individualismo acaba sendo afastado e o dano passa a ser objeto
de composição em dinheiro, que variava de acordo com o status da pessoa ofendida. A vítima de um
dano se apresentava a família, apontando seu adversário, tratava-se de uma espécie de guerra particular
entre a vítima e o autor da dano, com a possibilidade de composição.
Feitas essas considerações, nota-se que a vítima era muito valorizada na pacificação social dos
conflitos, mas posteriormente com o monopólio do Estado na aplicação da lei, assumiu um perfil de
neutralidade das lides penais diante de seu interesse nas causas, porém na segunda metade do século
XX, ela é novamente descoberta sobre um olhar humanista.
Foi a partir do término da segunda guerra mundial, com os campos de extermínio e o flagelo de
milhares de famílias, que voltou-se mais para a tutela dos direitos e garantias fundamentais das vítimas
com a criação das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Em nosso país, a primeira tentativa de sistematizar o estudo da vítima competiu a Edgar de Moura
Bittencourt, na obra “Vítima”.
Nos últimos 20 anos, diversos centros de proteção às vítimas foram criados, entre esses centros
podemos destacar os programas de atendimento para as vítimas de crimes sexuais, violência doméstico,
defesa das crianças, entre outros. Muitos núcleos recebem verbas públicas para se manterem, já em
outros casos são mantidos por organizações não governamentais, com o auxílio de voluntariado, sendo
que muitos deles foram vítimas de crimes.
Alguns grandes centros contam com a participação de advogados, assistentes sociais e psicológicos,
para auxiliarem as vítimas.
A vítima criminal geralmente sofre danos psíquicos, físicos, sociais e até mesmo econômicos, devido
à violência, humilhação dentre outros problemas causados pelos eventos do crime.
Vale aqui abrir um parênteses a respeito da sobrevitimização, que nada mais é do que o desgastante
ingresso na Justiça Criminal através de seus órgãos (Poder Judiciário, Ministério Público e sistema
penitenciário).
São conhecidos na criminologia como “cifras negras”, que nada mais é do que o conjunto de crimes
que não são levados ao conhecimento do Estado. São mais frequentes nas infrações criminais de menor
valor, em decorrência dos crimes existentes de maior gravidade.

D) Controle Social
Somos fortemente influenciados pelos meios sociais que chegam até nós, seja pela TV, internet ou
qualquer outro meio. O ser humano tende a agir de acordo com o que pensa ser certo ou errado e culpa-
se quando erra a respeito do que pensa ser certo.
No sistema formal de controle social, encontramos o Sistema da Justiça ou Justiça Criminal, que é
formada pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícias e Administração Penitenciária, que exercem
papel expressivo no controle social, imposto pelo Poder Público.
O controle social será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou
indireta através das instituições sociais, como é o caso da autoridade policial que pode controlar uma
comunidade, por ser influenciado pela Corregedoria de Polícia.
São formas de controle social:
a) Sanções formais e informais: As sanções formais são aplicadas pelo Estado, consistem na aplicação
de sanções cíveis, administrativas ou penais. As sanções informais não apresentam coercibilidade.
b) Meios positivos e negativos: de acordo com o meio de atuação, os meios positivos podem se dar
por prêmios, incentivos e os negativos se dão com a aplicação de sanções.

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c) Controle interno e controle externo: o controle interno é a autodisciplina que vão se formando com
o passar do tempo, desde quando somos crianças. Quando a autodisciplina falhar, poderemos agir por
meio do controle externo, este último se dá com atos da sociedade e até mesmo do Estado. O controle
externo social que mais abala a sociedade é a aplicação da pena de prisão através do Estado.
Quanto ao modo de exercício do controle social pode ser analisado como instrumento de orientação e
fiscalização da atuação da pessoa em meio social. Estes dois instrumentos podem atuar ao mesmo tempo
(Polícia e do Ministério Público).
Com relação aos destinatários, o controle pode ser difuso e fiscalizar toda a comunidade ou localizado,
como por exemplo controlar um grupo determinado de Sem Terras.
Já os agentes fiscalizadores, podem exercer outras formas de controle. O controle social e formal será
feito pelo próprio Estado ou sociedade civil, já o controle informal pode ser realizado pela própria família,
opinião pública.
O controle social recai diretamente nas pessoas por meio das instituições sociais. Ex.: um policial pode
exercer um controle social direto sobre uma comunidade, mas pode ser influenciado em seu controle pela
Corregedoria de Polícia

Método
Pode-se conceituar o método como o meio em que o raciocínio procura entender um fato referente ao
homem, sociedade e natureza. O método, enquanto estudo da criminologia, precisa estar baseado em
estudos científicos de experiências comparadas e repetidas para que se chegue a realidade.
Os métodos da criminologia dizem respeito ao Empirismo, Interdisciplinaridade, além de outros
fatores sociais e individuais.

O método empírico é o método científico, que se fundamenta com base na observação e em se


tratando de Criminologia, na experimentação. Estende-se ao comportamento delitivo, podendo ainda ser
empregado outros métodos. Desta forma, excluiu-se a tese defendida por Dilthey, que sustentava a
necessidade das ciências naturais, por um lado, e do outro lado, as do espírito.
Este método garante um conhecimento mais confiável com relação ao problema criminal, desde o
momento da fase de investigação, em que o investigador poderá utilizar os seus métodos e teorias sobre
a causa do crime.
A Criminologia difere-se do Direito, pois a primeira é uma ciência empírica, voltada a observação da
realidade, já o segundo por se tratar de uma ciência cultural, normativa, utilizando-se de um método lógico
e dedutivo.
A natureza jurídica da criminologia se baseia em fatos concretos, que deram causa ao cometimento
do crime, e não em silogismos ou discursos que buscam trazer uma explicação aos fatos. Os fatos
tratados por um criminólogo e por um jurista são vistos de maneira diferente, como já visto acima. O
criminólogo analisa os dados e dele tira suas próprias conclusões, enquanto os juristas partem das
premissas do que seja certo ou errado, para aplicar as penalidades referentes aos crimes.
Dada a complexidade do comportamento humano e dos fenômenos sociais, cabe sim completar o
método empírico com outros de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele, capazes de captar e
interpretar o significado profundo do drama criminal para além do frio valor objetivo dos meros dados e
análises estatísticas.2

A interdisciplinaridade vem associada ao processo da Criminologia. Muitas disciplinas científicas


valem-se do crime como fenômeno individual e social. Tanto a biologia, psicologia como a sociologia, com
suas respectivas formas de atuação acumularam saberes sobre o delito.
Apenas por meio da integração dessas matérias especializadas, poderá ser formulado um diagnóstico
científico, que possa reunir todos os elementos que formaram o crime, fonte esta muito mais segura do
que a aplicação das penas aos suspeitos, que se valem de conhecimentos do que consta em autos de
processos, em laudos superficiais.
O princípio interdisciplinar, portanto, é uma exigência estrutural do saber científico imposto pela
natureza totalizadora deste e não admite monopólios, prioridades, nem exclusões entre as partes ou
setores de seu tronco comum. De fato, parece, ademais, óbvio que a Criminologia só pôde se consolidar
como ciência, como ciência autônoma, quando conseguiu se emancipar daquelas disciplinas setoriais em
torno das quais nasceu e com as quais, com frequência, se identificou indevidamente. Isto é, quando
ganhou consciência de "instância superior", de sua estrutura interdisciplinar.3

2
.Comte, A. Discurso sobre el espiritu positivo, p. 54 e ss
3
Sobre o princípio interdisciplinar, vide Göppinger, H. Criminologia, p. 136 e ss.; Eisen¬berg, U. Kriminologie, p. 8 e ss.; García-Pablos de Molina, A. Tratado de
criminología cit., 1999, p. 51 e ss.

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Função da criminologia
A função da Criminologia como ciência interdisciplinar e empírica é assegurar um núcleo de
conhecimentos seguros que tenham relação com o crime, a pessoa do delinquente, a vítima e o controle
social.
Em fase de investigação, não há que se falar em subjetivismo, no momento em que se submete o
fenômeno criminal a um estudo árduo, com meios próprios ao caso. Através da metodologia
interdisciplinar é permitido o conhecimento nos mais diferenciados campos de atuação dos especialistas,
excluindo-se as contradições e completando as lacunas existentes. É uma espécie de dignóstico para
verificação do fato criminoso.
Cabe à sociedade uma informação básica sobre as formas de prevenção e intervenção com eficácia
no homem delinquente.

Questões

01. (PC-GO - Delegado de Polícia Substituto – CESPE/2017) A respeito do conceito e das funções
da criminologia, assinale a opção correta.
(A) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos
para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do
crime.
(B) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime.
(C) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.
(D) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
(E) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes para
determinados indivíduos e famílias.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). A criminologia moderna


(A) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias para minimizar
os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a repressão social contra o delito por
meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica sanções.
(B) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas, características, sua
prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência causal-explicativa do delito como
fenômeno social e individual.
(C) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem delinquente em seu
aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à criminalidade e despreza, na análise
empírica, o meio social como fatores criminógenos.
(D) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de um
delinquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos apreendidos mediante o método
indutivo de observação.
(E) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do comportamento
criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos epistemológicos e ideológicos como forma
segura de definição jurídico-formal do crime e da pena.

03. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Os objetos de investigação da criminologia incluem


o delito, o infrator, a vítima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente, assinale a opção correta.
(A) Para a criminologia positivista, infrator é mera vítima inocente do sistema econômico; culpável é a
sociedade capitalista.
(B) Para o marxismo, delinquente é o indivíduo pecador que optou pelo mal, embora pudesse escolher
pela observância e pelo respeito à lei.
(C) Para os correcionalistas, criminoso é um ser inferior, incapaz de dirigir livremente os seus atos: ele
necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
(D) Para a criminologia clássica, criminoso é um ser atávico, escravo de sua carga hereditária, nascido
criminoso e prisioneiro de sua própria patologia.
(E) A criminologia e o direito penal utilizam os mesmos elementos para conceituar crime: ação típica,
ilícita e culpável.

04. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Os objetos de estudo da


moderna criminologia estão divididos em

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(A) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.
(B) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.
(C) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.
(D) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.
(E) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

05. (PC/SP – Médico Legista – VUNESP) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal:
(A) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do segundo.
(B) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao contrário do segundo.
(C) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo.
(D) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do
segundo.
(E) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método
de estudo, qual seja, o empírico.

06. (PC/SP – Atendente de Necrotério Policial – VUNESP) Para a aproximação e verificação de seu
objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
(A) empírico e interdisciplinar.
(B) dedutivo e dogmático.
(C) dedutivo e interdisciplinar.
(D)dogmático e lógico-abstrato.
(E) empírico e lógico-abstrato.

07. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

08. (PC-SP - Perito Criminal – VUNESP). A moderna Criminologia


(A) tem por seus protagonistas o delinquente, a vítima e a comunidade.
(B) vislumbra o delito como enfrentamento formal, simbólico e direto entre dois rivais – o Estado e o
infrator – que se enfrentam, isolados da sociedade, à semelhança da luta entre o bem e o mal.
(C) não considera como seu objeto de debate os aspectos político-criminais das técnicas de
intervenção social e de seu controle.
(D) tem o castigo do infrator por exaurimento das expectativas que o fato delitivo desencadeia.
(E) tem por seus principais objetivos a reparação do dano causado ao Estado, a ressocialização do
delinquente e a repressão do crime.

09. (PC-SP - Escrivão de Polícia Civil – VUNESP). A corrente de pensamento criminológico que
aponta, como técnica utilizada pelo criminoso para sua auto justificação, um procedimento racional em
que atribui a culpa pelos seus atos antissociais aos agentes públicos encarregados de sua punição
(policiais, membros do ministério público, magistrados), os quais seriam corruptos, parciais e
inescrupulosos, é denominada teoria
(A) do estrutural-funcionalismo.
(B) da criminologia crítica.
(C) da neutralização.
(D) do conflito cultural.
(E) da criminologia radical.

10. (PC-SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP). A criminologia é conceituada como uma


ciência

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(A) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.
(B) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.
(C) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar.
(D) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.
(E) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

11. (PC/SP – Delegado de Polícia – VUNESP) Assinale a alternativa que completa, correta e
respectivamente, a frase: A Criminologia__________; o Direito Penal __________.
(A) não é considerada uma ciência, por tratar do “dever ser” … é uma ciência empírica e interdisciplinar,
fática do “ser”.
(B) é uma ciência normativa e multidisciplinar, do “dever ser” … é uma ciência empírica e fática, do
“ser”.
(C) não é considerada uma ciência, por tratar do “ser” … é uma ciência jurídica, pois encara o delito
como um fenômeno real, do “dever ser”.
(D) é uma ciência empírica e interdisciplinar, fática do “ser” … é uma ciência jurídica, cultural e
normativa, do “dever ser”.
(E) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo, do
“dever ser” … não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno social, do “ser”.

Respostas

01. Resposta: D
A) Errada: A criminologia não tem como objetivo estudar os delinquentes. O objetivo é orientar a política
criminal de modo a contribuir para prevenção de infrações penais.
B) Errada: A finalidade da criminologia é contribuir para sua prevenção e consequente redução, pois o
crime nunca vai deixar de existir.
C) Errada: o termo correto seria ETIOLOGIA.
D) CORRETA.
E) Errada: É a criminologia que orienta a política criminal.

02. Resposta: B
A criminologia moderna visa se estabelecer por meio dos métodos observacionais e na
interdisciplinaridade para formular um estudo consistente que auxilie no combate e prevenção das
atividades criminosas na sociedade.

03. Resposta: C
Pela Escola Correcionalista o delinquente é visto como uma pessoa que precisa de ajuda. O
correcionalismo é o direito protetor dos criminosos e tinha como principal defensor Pedro Garcia Dourado
Montero.

04. Resposta: E
Atualmente, o estudo da criminologia considera quatro objetos:
- delito;
- delinquente;
- vítima;
- controle social.

05. Resposta: C.
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras ciências, como a
sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem também o ato humano delituoso por
objeto, mas o têm acidentalmente, enquanto a criminologia o tem como escopo principal de suas
atividades investigatórias científicas.
E Roque de Brito Alves é de extrema felicidade ao mostrar essa abordagem ao crime, ao criminoso, à
criminalidade e à vítima, de peculiaridade extrema que torna a Criminologia verdadeiramente autônoma
quanto a seu objetivo de estudo:
“Não ficando restrita a Criminologia unicamente ao estudo das condutas típicas, puníveis por lei,
legalmente definidas como criminosas desde que tem como seu objeto também as condutas desviadas
culturalmente, antissociais, algumas destas podem ser consideradas como verdadeiros ‘estados
criminógenos’ que embora não tipificados como crime são comportamentos ou modos de ser em um estilo

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de vida que podem conduzir o indivíduo a delinquir como, p. ex., na vagabundagem, na prostituição, vício
da droga, etc. O que faz com que, obviamente, o estudo criminológico possa adquirir maior horizonte ou
extensão ao não limitar-se ou partir exclusivamente da noção jurídica do delito, compreendendo outras
condutas de grande importância tanto para uma sua apreciação individual, pessoal, como social”.
(ALVES, Roque de Brito. Op. Cit. P. 59).

06. Resposta: A.
Pode-se conceituar a Criminologia como sendo a ciência empírica baseada na observação e na
experiência, e interdisciplinar que tem como objeto de análise o crime, a personalidade do autor do
comportamento delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas.

07. Resposta: D.
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

08. Resposta: A
Tem como objeto o estudo do crime, do delinquente, da vítima e do controle social.
Tem como objetivo a prevenção do delito, dai, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com
estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos
sociais

09. Resposta: C
“Teoria das Técnicas de Neutralização”, trazida a lume por Gresham M. Sykes e David Matza, como
uma “importante correção da teoria das subculturas criminais”. É verificável que o indivíduo, mesmo que
submergido numa subcultura criminal, sempre tem algum contato com a cultura oficial e, de algum modo,
influencia-se e reconhece algumas de suas regras. Se assim não fosse, sequer poderia ter consciência
do caráter desviante de sua conduta. A partir dessa constatação Sykes e Matza procuram expor os
mecanismos utilizados pelos indivíduos para justificarem para si mesmos e os outros, a prática da
conduta desviante em detrimento daquela normalizada. Dessa forma, demonstram como as regras oficiais
atuam perante a consciência dos desviantes, fato este não analisado pela “Teoria das Subculturas”.

10. Resposta: B
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas".4

4
MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA - PROFESSOR NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO.

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1495360 E-book gerado especialmente para ELTON MACIEL COUTINHO DE SOUZA
11. Resposta: D.
Pode-se conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e
interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo,
da vítima e o controle social das condutas criminosas.
A criminologia é uma ciência do "ser", empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é
uma ciência do "dever- ser", portanto normativa e valorativa. (Manual Esquemático de Criminologia -
Nestor Sampaio Penteado Filho).
* Criminologia:
- Prevenção do delito é um dos seus principais objetivos.
- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus
antecedentes, a motivação do crime, etc.
- Busca conhecer a realidade para interpretá-la e criar soluções para prevenir o delito, visando o
progresso.
- É ciência empírica do "ser".
* Direito Penal
- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais.
- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal.
- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal
para descobrir a adequação típica.
- É a ciência normativa do "dever ser".

3.2 Fundamentos históricos e filosóficos da Criminologia: precursores,


Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas. Marcos científicos da
Criminologia. A escola liberal clássica do Direito Penal e a Criminologia
positivista.

Persecuções históricas
O pensamento criminológico engloba dois momentos: fase pré-científica e a fase científica. A primeira
trata de um grupo de teorias que trata da etiologia do crime como pseudociências, já na segunda, como
um método de pesquisa, situando os percursores científicos da moderna criminologia.
Esses dois momentos não concretizam o nascimento da Criminologia, pois essa identificação seria
questionável.
O crime existe desde milhares de anos atrás, no entanto a forma de punir o crime e o criminoso são
tratados de maneira diferente. No entanto, o ato de punir é mais novo que o crime, para tanto, foram
criados códigos para tentar manter a organização da sociedade. Um dos mais conhecidos códigos, diz
respeito ao Código de Hamurabi, que foi o sexto Rei da Babilônia (atual Irã), entre os anos de 1700 a.c.
Este código apresenta 282 leis em seu conteúdo, com cláusulas que visavam manter a ordem social
da época. Deste modo, podemos concluir que a justiça era feita com as próprias mãos (Lei de Talião “olho
por olho, dente por dente.”). Estas leis não eram fixas, mostrando a insegurança do que constava no
corpo do código.
O conteúdo se baseava em pilares místicos, que envolvam a religião, os costumes. Após milênios,
estas leis sofreram modificações, sendo o estudo das causas criminosas fatores de elevada relevância
para a caracterização do crime.
O Iluminismo do século XVIII e a revolução científica do século XIX foram fortes momentos que nos
levaram a refletir sobre aspectos importantes da criminologia (classicismo e positivismo). Neste período
do iluminismo, o criminoso era tratado como “traidor do contrato social”.
Alguns teóricos iluministas como John Locke, Rousseau, Thomas Hobbes vivenciaram a época do
contrato social, instrumento que permitia assegurar o cumprimento de conduta e interesse das normas
que regulam a convivência, impondo em caso de descumprimento as sanções que forem cabíveis.
Portanto, os limites da liberdade humana em meio social refere-se ao instrumento de socialização de seus
membros.
O período iluminista era voltado ao racionalismo e ao humanismo, com um sistema penal cruel,
arbitrário, voltado aos interesses da monarquia. Devido a estes problemas foi necessário racionalizar e
humanizar o sistema legislativo, suas instituições, buscando atingir uma justiça mais “justa”.
Este período surgiu como uma reação contra o Direito e a jurisprudência que eram vigentes no século
XVII. As leis não eram feitas em sentido amplo, elas amparavam a prevenção e intimidação do

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delinquente. O processo penal se fundava na confissão e no tormento e ao contrário do que é hoje era
arbitrário, secreto.
Embora a maioria dos autores defendam que a história do pensamento criminológico tenha surgido a
partir do século XIX, Lombroso, Garófalo e Ferri, entendem que a criminologia sempre existiu. Este
momento trata da Escola Positivista.
José Frederico Marques sintetiza os princípios básicos da escola positiva: método positivo;
responsabilidade social; o crime, como fenômeno natural e social; a pena como meio social.
César Lombroso desenvolvia trabalhos como médico penitenciário, através das áreas de Antropologia
e evolução humana, buscando traçar o perfil das pessoas que cometem delitos. Foi escrita a obra “Luomo
Delinqüente” em 1876, que tratava o homem criminoso como portador de doenças e anomalias, muito
parecido com o louco. O objetivo do autor era estudar a pessoa do delinquente e não o delito, que apesar
de afirmar que os delinquentes sofriam influências de fatores biológicos e antropológicos, acabaram
sofrendo influências sociais, já que o delinquente era considerado uma subespécie do homem.
Aos que defendem que ela surgiu no século XIX, os fatores que contribuíram foram a fusão da
antropologia com o pensamento sociológico, sofrendo influência das teorias do direito criminal, com suas
causas e características, com caráter interdisciplinar e abrangente de outras disciplinas e ciências, tais
como o Direito, a Psicologia, a Psiquiatria, a Medicina, a Sociologia e a Antropologia.
Durante o período da Escola Clássica, as leis penais precederam o Iluminismo e previam as penas
aplicadas de maneira cruel, como por exemplo, o encarceramento dos criminosos por tempo
indeterminado, que concedia poderes ilimitados aos juízes, permitindo a aplicação da tortura para que se
conseguisse obter a confissão.
A pena para os clássicos não se pautava no caráter reeducativo, já que o homem tinha o livre arbítrio
e, caso cometesse o crime não precisaria ser reeducado.
O direito penal exteriorizou-se no Brasil por intermédio das Ordenações Afonsinas, Manuelinas e pelo
Código Filipino, através do Livro V das Ordenações do Reino (1603 a1830). As características do direito
penal nessa época eram tenebrosas, pois trazia como características a desumanidade; crueldade,
desigualdade, e arbitrariedade.
César Bonesana, conhecido como Marquês de Beccaria, publicou seu livro “Dos Delitos e das Penas”,
no ano de 17645, em sentido oposto as críticas de Montesquieu, mais precisamente em sua obra “O
Espírito das Leis”, pois Beccaria pregava a abolição da pena de morte e da tortura, defendendo os ideais
defendendo os princípios basilares do Direito Penal, como o direito a Legalidade, a Presunção da
inocência, além do Princípio da Anterioridade da Lei.
Diante de toda essa inovação, surgiu o movimento que ficou conhecido como Escola Clássica do
Direito Penal, inaugurando o Período Humanitário (ou pré-científico) do Direito Penal.
Beccaria tratava o criminoso como indivíduo normal, que tem o livre arbítrio para convívio em
sociedade, porém ao praticar o delito quebra o contrato social, devendo ser penalizado pelo delito que
causou. Partindo deste contexto, podemos dizer que a proteção é voltada em especial a propriedade das
elites.
Beccaria foi um dos grandes percussores para as ideias do berço da Criminologia e compreende as
seguintes características:
a. a pena possui caráter retributivo;
b. as penas devem ser criadas pelo Poder Legislativo, não tendo capacidade para julgamento;
c. o juiz para fazer seu julgamento deve se atentar a letra da lei, não podendo se basear em sentido
amplo, pois o criminoso pressupõe conhecer os limites do crime e qual pena a ele é cabível;
d. aplicação da proporcionalidade entre a pena aplicada e o crime cometido;
e. a punição do criminoso deve ocorrer em tempo ágil, o que permite a eficácia da punição;
f. diferenciação da aplicação da pena entre o crime tentado e o crime consumado;
g. não utilização da tortura para obter a confissão;
h. preferência da aplicação da prisão perpétua do que da aplicação da pena de morte, como forma de
exemplo para a sociedade;
i. a aplicação da pena não é para deixar o acusado ainda pior, e sim, impedir que ele reincida, servindo
de exemplo para que outros não cometam crimes.
j. O roubo é ocasionado geralmente pela miséria e pelo desespero.

A obra de Beccaria trouxe grandes avanços para a formação da Criminologia, enquanto ciência.
Mesmo assim não estava livre de suas próprias origens, pois por fazer parte da elite, preocupava-se em
salvaguardar o patrimônio.
Partia da premissa que é melhore prevenir os delitos do que ter que castigá-los, fazendo que com isso
ocorra a prevenção de delitos, que mais tarde passou a ser defendido por algumas escolas.

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Atualmente, a ciência criminológica visa solucionar os conflitos sociais, referentes ao Direito Penal. O
delito é entendido como uma ação típica, antijurídica e culpável. O grau da lesividade deve ser a base
para a punição.
Enfim, a Criminologia focaliza o fenômeno do crime de maneira bem diversificada, resultando-lhe as
causas, enquanto que a Política Criminal tem como objetivo a descoberta e a utilização prática dos
processos eficazes de combater ao crime, necessita recorrer à conclusões criminológicas e à Penologia
que ausculta os resultados com as sanções penais.5
Por muitos autores tem-se conceituado a Política Criminal como ciência e a arte dos meios preventivos
e repressivos de que o Estado, no seu tríplice papel de Poder Legislativo, Executivo e Judiciário dispõe
para consecução de seus objetivos na luta contra o crime.

Iluminismo e as primeiras escolas sociológicas. Marcos científicos da criminologia


Com o Iluminismo que ocorreu na Revolução Francesa, o pensamento voltado ao humanismo de seus
expoentes, ganham destaque as figuras de Voltaire, Montesquieu e Rousseau, que fizeram inúmeras
críticas à legislação criminal que estar em vigor na Europa, em meados do século XVIII, alegando a
necessidade da individualização da pena, com a redução de penas cruéis.

Abaixo, vamos apresentar as três escolas:

Escola clássica
O percursor da Escola Clássica foi Cesare Beccaria, através da teoria penológica.
A Escola Clássica procurou construir os limites do poder punitivo do Estado em face da liberdade
individual. Baseada no iluminismo contrapõe-se às torturas e desrespeitos aos direitos fundamentais
praticados pelo antigo regime absolutista. Preconiza que o direito penal tem um fim de tutela, e que a
pena é um meio dessa proteção por restabelecer a ordem alterada pelo delito. Desse modo, a pena deve
ser proporcional ao delito, certa, conhecida e justa.
O fundamento da responsabilidade penal encontra-se no livre-arbítrio e na imputabilidade moral. O
homem, sendo livre para escolher entre o bem e o mal, escolhe este último. Os partidários da Escola
Clássica concentram seus estudos na vontade livre e consciente do indivíduo, signatário do contrato
social, que descumpre a lei.
A pena é uma resposta objetiva a prática do delito revelando seu cunho retribucionista. A Escola
Clássica define a ação criminal em termos legais ao ressaltar o livre-arbítrio, e os efeitos dissuasórios da
sanção.
Eis que temos um pensamento derivado do utilitarismo, que está posto de lado, onde se defende a
ideia de que as ações humanas precisam ser julgadas de acordo com os prazeres que tragam as pessoas,
contribuindo ou não para a satisfação do grupo social.

Escola positiva
O cerne da Escola Positiva está contido no início do século XIX na Europa, por meio da influência no
campo das ideias e princípios desenvolvidos pelos fisiocratas e iluministas do século XVIII.
A Escola Positiva tem como os seus principais autores e obras Cesare Lombroso que marcou a fase
antropológica da criminologia (O homem delinquente), e na fase jurídica Rafael Garofalo (Crímínología],
e Enrico Ferri (Sociologia Criminale). Por essa linha de pensamento, a criminalidade é considerada um
fenômeno natural causamente determinado. A criminologia deve explicar as causas do delito, utilizando-
se de método científico capaz de prever meios de combatê-lo, Com isso, a criminologia assume o papel
de defesa do corpo social.
O combate à criminalidade, ou melhor, a reação em favor da defesa social é difundida por esta escola.
Como expoente desta escola cita-se Lombroso que empreendeu esforços para criar uma nova ciência,
à antropologia criminal. Com base em pesquisa empírica utilizou-se de dados estatísticos na tentativa de
comprovar que fatores biológicos estariam relacionados ao fenômeno criminal. Garofalo e Ferri
defenderam que a pena não devia ser aplicada com o fim de retribuição, como sustentado pela Escola
Clássica, mas em razão da periculosidade do delinquente como um Instrumento de defesa social.
Adentrando mais a fundo nas pesquisas de Lombroso, ele se utilizou do método empírico-indutivo ou
indutivo-experimental, que se almodava ao causalismo explicativo que era defendido pelos positivistas.
Foi ele quem se aprofundou nos estudos das tatuagens, a ligação destas com os dementes.
Através de suas experiências, constatou que o crime não é uma entidade jurídica, e sim, um fenômeno
biológico, motivo pelo qual o método indutivo-experimental deveria ser utilizado.

5
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6341

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Suas pesquisas foram feitas em manicômios e prisões, onde pode ter certeza de que o criminoso é
um verdadeiro selvagem, que já nasce assim e sua degeneração acontece em virtude de epilepsia, que
afeta os seus centros nervosos.
São características segundo Lombroso: fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes
maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba rala, olhar errante ou duro etc.

Escola técnico-jurídica
Surge em 1905, e se caracterizou como uma reação a escola positivista. Defende a ideia de autonomia
da ciência penal, que possui objeto e métodos próprios. Portanto, não deve misturar-se a outras ciências,
como a filosofia, sociologia, antropologia, psicologia e política. Arturo Rocco, um de seus expoentes,
propõe uma reorganização do estudo do direito penal, que se limitaria ao direito positivo em vigor.
O direito penal seria aquele expresso em lei e o intérprete deveria se restringir a ele, cujo estudo é
organizado e composto por três partes, exegese (sentido das disposições do ordenamento jurídico),
dogmática (princípios que nortearão a aplicação do direito) e crítica (verificação do acerto do direito ou
conveniência de reforma).
Tem como princípios fundamentais: o delito como relação jurídica, de conteúdo individual e social; a
pena é uma reação e consequência do crime com a finalidade de prevenção geral e especial; medida de
segurança preventiva aplicável aos inimputáveis; responsabilidade moral (livre-arbítrio); não admite a
filosofia na esfera penal.
Manzini, Massarí, Detíala, Cicala Vanini e Conti são adeptos desta escola.
Referência Bibliográfica
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia, 2ª edição, Salvador: Editora: Jus Podivm, 2015. (pags. 64-67).
Filho, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemático de Criminologia. Editora: Saraiva, 2ª edição, 2012.

Questões

01. (PC/SP - Escrivão de Polícia Civil – PC/SP). A Escola Clássica


(A) Tem em Garófalo um dos seus precursores.
(B) baseia-se no método empírico-indutivo.
(C) crê no livre arbítrio.
(D) surge na etapa científica da Criminologia.
(E) criou a figura do criminoso nato.

02. (PC/SP - Papiloscopista Policial – VUNESP). Pode-se afirmar que estão entre os princípios
fundamentais da escola clássica da criminologia:
(A) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
(B) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método indutivo-
experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
(C) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter aflitivo,
cuja finalidade é a defesa social.
(D) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determinismo
social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
(E) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade moral
baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma
medida de segurança).

03. (PC/SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial – VUNESP). A _________surgiu na Europa,


influenciada pelos fisiocratas e iluministas; possui três fases: antropológica, sociológica e jurídica;
priorizou os interesses sociais aos individuais. Em 1876, foi publicado o livro “O homem delinquente”, que
instaurou um período científico de estudos criminológicos, assim, é conhecida ainda como “surgimento
da fase científica da criminologia”.

Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do texto.


(A) Escola Clássica
(B) Terza Scuola
(C) Escola Criminológica
(D) Escola Positiva
(E) Escola Política Criminal ou Moderna Alemã

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04. (PC/SP - Agente de Polícia – VUNESP). Cesare Lombroso (1835~1909), médico e cientista
italiano, foi considerado um dos expoentes da corrente de pensamento denominada
(A) Escola Positiva.
(B) Escola Clássica.
(C) Escola Jusnaturalista.
(D) Terza Scuola.
(E) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.

Respostas
01. Resposta: C
O fundamento da responsabilidade penal encontra-se no livre-arbítrio e na imputabilidade moral. O
homem, sendo livre para escolher entre o bem e o mal, escolhe este último.

02. Resposta: A
A Escola Clássica procurou construir os limites do poder punitivo do Estado em face da liberdade
individual. Baseada no iluminismo contrapõe-se às torturas e desrespeitos aos direitos fundamentais
praticados pelo antigo regime absolutista. Preconiza que o direito penal tem um fim de tutela, e que a
pena é um meio dessa proteção por restabelecer a ordem alterada pelo delito.

03. Resposta: D
Por essa linha de pensamento, a criminalidade é considerada um fenômeno natural causamente
determinado. A criminologia deve explicar as causas do delito, utilizando-se de método científico capaz
de prever meios de combatê-lo, Com isso, a criminologia assume o papel de defesa do corpo social.

04. Resposta: A
A Escola Positiva tem como os seus principais autores e obras Cesare Lombroso que marcou a fase
antropológica da criminologia (O homem delinquente), e na fase jurídica Rafael Garofalo (Crímínología],
e Enrico Ferri (Sociologia Criminale).

Escola liberal clássica do Direito Penal e a Criminologia Positivista


a) Criminologia clássica e neoclássica
A criminologia clássica não se preocupa com a ressocialização ou reintegração social do delinquente.
Esse modelo de análise criminal não se ocupa da prevenção do delito estricto sensu, mas sim da
dissuasão penal. Os modelos de prevenção do delito clássico e neoclássico sustentam que os meios de
prevenir o delito precisam ter natureza penal consubstanciada na ameaça de castigo. Assim, o
mecanismo dissuasório por meio do efeito inibitório da pena revela essa essência da prevenção.
O que difere o modelo clássico do neoclássico de prevenção do delito encontra-se no fato do primeiro
concentrar a prevenção em torno da pena, do seu rigor ou severidade, enquanto neste último o poder
dissuasório está atrelado mais ao funcionamento do sistema normativo, e como ele é percebido pelo
delinquente em potencial.

b) Criminologia positivista
Baseia-se nos fatos decorrentes da observação e experimentação, isto é, do empirismo. A mera
especulação não tem qualquer valor para a ciência.
O objeto da criminologia é o delinquente, sendo o delito uma abstração advinda da lei. Neste sentido,
a realidade concreta que fundamenta o exame científico é o delinquente, sendo o delito apenas um
sintoma seu. Logo, a explicação para o fenômeno criminal deve ser procurada nas predisposições a
prática do delito, que se distinguem em outros seres humanos.
A criminologia deve, portanto, explicar as diferenças físicas, psicológicas e sociais entre delinquentes
e não delinquentes. Por conseguinte, os comportamentos criminais estão sujeitos ao determinismo,
inexistindo, desta forma, a liberdade de escolha, ou melhor de livre-arbítrio.

01. (DPU - Defensor Público Federal – CESPE/2017) A respeito do conceito e dos objetos da
criminologia, julgue o item a seguir.
Para a escola clássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com
a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório; já para a escola neoclássica,
mais eficaz que o rigor das penas é o foco no correto funcionamento do sistema legal e em como esse
sistema é percebido pelo desviante ou delinquente.
( ) Certo ( ) Errado

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02. (PC/SP - Papiloscopista Policial – VUNESP). Pode-se afirmar que estão entre os princípios
fundamentais da escola clássica da criminologia:
(A) o crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a
punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
(B) a pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método indutivo-
experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
(C) o crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter aflitivo,
cuja finalidade é a defesa social.
(D) o direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determinismo
social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
(E) a distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade moral
baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma
medida de segurança).
Respostas

01. Resposta: Certo


Para a escola clássica o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com
a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório. A escola clássica só levava em
consideração o livre arbítrio, não se preocupando com fatores extrínsecos.
Já para a escola neoclássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio se refere à
efetividade do impacto dissuasório. É mais eficaz que o rigor (severidade abstrata) das penas, é o foco
no correto funcionamento do sistema legal e em como esse sistema é percebido pelo desviante ou
delinquente. Na escola neoclássica, os fatores externos repercutiam na influência ou não para a prática
dos crimes.

02. Resposta: A
A criminologia clássica não se preocupa com a ressocialização ou reintegração social do delinquente.
Esse modelo de análise criminal não se ocupa da prevenção do delito estricto sensu, mas sim da
dissuasão penal.

3.3 A Moderna Criminologia científica: modelos teóricos explicativos do


comportamento criminal. Biologia criminal, Psicologia Criminal e Sociologia
Criminal.

Criminologia moderna
A criminologia moderna visa explicar e prevenir o delito avaliar os diferentes modelos de resposta
social ao fenômeno criminal e intervir na pessoa do delinquente.
Tem como um de seus objetivos principais a prevenção do delito por meio de um controle social eficaz,
mas não utópico a ponto de buscar a completa erradicação do conflito criminal na sociedade.
Dentre as suas principais características podem ser apontadas as seguintes: o crime é compreendido
como um problema, com destaque para sua face humana, de dor e conflito; ampliação do objeto de estudo
da criminologia, com a inserção da vítima e controle social; orientação prevencionista do saber
criminológico; o termo tratamento é substituído por intervenção, por expressar uma noção
pluridimensional, dinâmica e complexa compatível com o fato verificado no mundo real; análise e
avaliação integram os modelos de reação social; e análise etiológica do delito.

Biologia criminal, Psicologia Criminal e Sociologia Criminal.


Os fatores condicionantes da criminalidade são biológicos, psicológicos e sociais. Os comportamentos
dos delinquentes e as suas causas eram atribuídas às ações de deuses ou outros poderes sobrenaturais.
Os comportamentos delinquentes foram explicados por meio de recurso a fatores internos.
Ainda que existam explicações de natureza externa, de cunho sobrenatural, nota-se que alguns seres
humanos carregavam em si a incapacidade para se conformarem com às exigências das sociedades
modernas.
Posteriormente, os comportamentos delinquentes foram explicados, levando-se em consideração as
características biológicas, psicológicas ou sociais.
O pressuposto que se manteve inalterado, diz respeito a quem se envolvia em delitos, essa pessoa
era vista como um ser diferente. É essa diferença que permite com que se faça a prevenção do

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comportamento delinquente. Isto marcou as reflexões teóricas que se desenvolveram até
aproximadamente o final do século XX.
Na área da biologia, a diferença foi conferida aos atavismos, que se manifestavam tanto a um nível
intelectual, quanto a um nível físico.
Na área da psicologia, a questão diz respeito à personalidade, com suas diferentes características,
levando a uma série de estudos e programas de tratamento e adaptação forçada da personalidade
imatura, agressiva do delinquente e às exigências da vida em sociedade.
A criminalidade está contida na real atuação do Sistema Penal, definindo e reagindo contra ela.
Quando alguém é indiciado como criminoso, deve-se levar em consideração a ação ou omissão do Estado
perante o controle social.
Ser ou não ser criminoso é algo que não se liga à presença ou não de alguma doença ou anormalidade,
e sim ao fato de o indivíduo ter sido orientado pelos órgãos do Estado.
A nova Criminologia, consagra que as normas de convívio social se relacionam com o consenso ao
redor dos valores e objetivos comuns. Os momentos de transição dizem respeito à passagem do Direito
Penal Clássico para o nascimento da Criminologia, sob o olhar do Positivismo. Será nesse momento que
o homem criminoso passa a ser o centro dos estudos, abandonando-se as dogmáticas jurídicas.

Outro importante momento, ocorreu com a mudança do referencial teórico da Criminologia, propiciado
pela Criminologia Crítica. O fenômeno criminal passa a ser perquirido como criação da organização social
e não mais como um ente pré-existente, que seja passível de compreensão e apreensão pela aplicação
do método das ciências naturais.

Condicionantes Biológicos
Alguns pontos são debatidos quando se fala em crimes, pois são questões que acabam atingindo a
ética, moral, psicologia e psiquiatria, conjuntamente. Se alguém comete um crime, busca-se aspectos
que resvalam nem traços psicopatológicos ou sociológicos. Ex: Quando determinada pessoa matou a
outra ele estava sofrendo algum tipo de abalo psicológico?
O que podemos afirmar é que abordagem esse tipo de condicionante, de modo isolado, pode levar ao
erro.

Fatores bioquímicos
Os estudos nessa área, procuram associar o comportamento violento à possíveis dosagens de
substâncias que são capazes de levar as pessoas a delinquir. Ex: colesterol, hormônios.
Estudos apontam que a soma da glicose com o colesterol, o álcool diminua o açúcar na corrente
sanguínea por inibição da produção de glucose hepática. Assim, o álcool ao fazer diminuir a quantidade
de açúcar no sangue pode ser apontado como um fator facilitador do crime.

Fatores neurológicos
Algumas alterações cerebrais, principalmente no hemisfério esquerdo, são apontadas para o
comportamento violento das pessoas, que está presente no lobo frontal e nos lobos temporais. No frontal,
ocorre a regulação e inibição de comportamentos, com a formação de planos e intenções e verificação
do comportamento complexo, causando o aumento da impulsividade e desinibição, perda do autocontrole,
dificuldades em avaliar as consequências dos atos.
Os lobos temporais regulam a vida emocional, sentimentos, instintos e comandam as respostas
viscerais às alterações do ambiente. As alterações ocasionam as consequências comportamentais, em
que se destaca a dificuldade em experimentar algumas emoções, como o medo e outras emoções
negativas. Nesses estudos, associa-se o crime com alterações cerebrais específicas.

Fatores psicofisiológicos
Esse tipo de fator relaciona-se na avaliação da função cerebral, como por exemplo, a atividade elétrica
da pele, o eletrocardiograma.
Os criminosos possuem uma média menor do ritmo cardíaco, menor nível de condutância da pele e
maior tempo de resposta na atividade elétrica da pele, além dos registros eletroencefalográficos com
maior incidência de anormalidades.

Condicionantes Psicológicos
Personalidade
A personalidade envolve os elementos que concorrem para a conformação mental de uma pessoa,
conferindo fisionomia própria.

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Envolve múltiplas variáveis de ordem biopsíquica (constituição biopsíquica) somadas às experiências
vividas (integração).

Personalidade Normal
O que seria uma personalidade normal?
Segundo kretschmer, o critério biopsicológico, envolve três tipos somáticos, que são:
- o leptossômico, que diz quando o indivíduo é alto, magro, musculoso;
- o pícnico, que relaciona-se com quem seja baixo, gordo, calvo;
- o atlético, que possui aspecto trapezoidal, ombros largos, relevos musculares.
Demais classificações são baseadas em aspectos filosóficos, sociológicos e psicanalíticos.

Personalidade Patológica
Fazem parte das personalidades patológicas algumas perturbações como o desenvolvimento da
continuidade, que ocorre por atrasos e infranormalidades, ideação do juízo crítico, com alienações e
deterioração mental.
Oligofrenias
As oligofrenias são chamadas de atrasos ou debilidades mentais, que são insuficiências congênitas,
caracterizadas pelo não-desenvolvimento da inteligência desenvolvida.
Os critérios diagnósticos são psicométrico, escolar, de modo que o social e o clínico são pouco
utilizados.

Personalidades Psicopáticas
Os indivíduos com personalidade antissociais causam dificuldades, que não tiram proveito das
experiências vividas, nem das punições sofridas, mantendo-se leal a qualquer pessoa.
Neste tipo, não temos sentimentos, mas sim, agressividade, falta de motivação e intolerância à
frustração.
Os criminosos são psicopatas, de modo que esse termo não seja utilizado apenas para designar
doenças mentais. São pessoas com personalidade de difícil relacionamento social.
Podemos citar como exemplo, os estupradores e assassinos de série.

Personalidade Delinquente
Pessoas com personalidade delinquente são aquelas que apresentam defeitos em seu caráter,
estruturados e irreversíveis, são conhecidos como delinquentes essenciais, primários ou verdadeiros, de
modo que uma das suas características é a personalidade psicopática.
O que diferencia o psicopata do delinquente, é o fato que o psicopata tem falta de adequadas inibições,
conduzindo a atos não aceitos pela sociedade, já o delinquente consegue se adaptar bem em grupos,
que tenham comportamento desviado.
O que podemos considerar sobre o fato de não cometermos crimes, se deve ao fato que a
personalidade da pessoa, que envolve sentimentos, valores são postos em primeiro plano.
Como se nota em todas as classes sociais encontramos os mais diferentes tipos de crimes, contudo,
é verídico que os mais necessitados acabam cometendo mais crimes. O que não conseguimos precisar
é se o homem violento é produto do meio em que vive ou se ele forja isso ao seu favor, de modo que o
meio seja produto do homem.

Questões

01. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP). No tocante aos fatores desencadeantes
da criminalidade, é correto afirmar que:
(A) o crescimento populacional desordenado de determinada localidade provoca o aumento de índices
criminais
(B) a educação e o ensino não são fatores que inibem o cometimento de delitos.
(C) as autoridades públicas podem exercer controle sobre os meios de comunicação de massa, por
meio de censura, a fim de assegurar o exercício pleno da liberdade de imprensa.
(D) o desemprego disfarçado ou o subemprego podem apre-sentar--se sob forma de atividades como
“homens­placa”, mas que não é o caso dos vendedores ambulantes nos semáforos.
(E) não existe tratamento discriminatório das mulheres em relação aos homens por parte dos órgãos
públicos, tais como polícia e sistema penitenciário.

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02. (PC/SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial – VUNESP). Assinale a alternativa correta quanto
aos fatores condicionantes e desencadeantes da criminalidade.
(A) A migração pode causar dificuldades de adaptação em face das diferenças culturais, hábitos e
valores, bem como um excedente de mão de obra, propiciando uma alta taxa de desemprego, o que
influencia na criminalidade.
(B) O desrespeito entre as pessoas quanto a raça, cor, sexo e etnia não são fatores relevantes que
propiciam a criminalidade na sociedade.
(C) O crescimento populacional ordenado ou planejado, a presença do poder público em todas as
áreas sociais e a educação de qualidade são fatores desencadeantes da criminalidade.
(D) As condições desfavoráveis de habitação e moradia propiciam a promiscuidade, o
desaparecimento de valores, o desrespeito ao próximo e a baixa auto- estima, portanto, não são fatores
desencadeantes da criminalidade.
(E) A distribuição de renda adequada, a mão de obra qualificada e um sistema de ensino de qualidade
favorecem a criminalidade.
Respostas

01. Resposta: A
Com o aumento da população em certos pontos, fica difícil conseguir comportar a todos em boas
condições. Arranjar um emprego digno, nos ditames da lei é cada vez mais complicado e muitos para não
passarem necessidades acabando recorrendo a criminalidade.

02. Resposta: A
Os crimes que digam respeito ao patrimônio, na maioria dos casos, é composto por assaltantes que
são semianalfabetos, com formação moral inadequada. As causas de pobreza são a má distribuição de
renda, desordem social e latifúndios improdutivos.

3.4 Teoria Estrutural-Funcionalista do desvio e da anomia. 3.5 Teoria das


Subculturas Criminais.

Teorias da Anomia ou da Estrutura da Oportunidade


Vem do grego (a - ausência; nomia – lei), significando, assim, ausência da lei.
Iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton. O crime é resultante do
funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a natureza
estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime e pela
adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.
Por esta teoria, entende-se que tanto o organismo humano quanto a sociedade precisam realizar
algumas funções vitais para que seja mantida a própria sobrevivência, se isso não acontecer, estar-se-à,
diante de uma disfunção.
Se os mecanismos que regulam a vida em sociedade não atingirem a sua finalidade, acontecerá a
anomia, ou seja, a decomposição das normas sociais.

Teorias da Subcultura Delinquente:


Essa teoria representa o aprimoramento das contribuições de Durkheim e Merton. Dizem respeito as
teorias de classe sociais, partindo da premissa que a sociedade oferece uma estrutura social com
defeitos, de modo que para alguns, é possível o acesso cultural, já para outros o mesmo não pode ser
alcançado.
O termo subcultura refere-se à minoria, os que tem cultura inferior, como por exemplo, os jovens que
pertencem a baixa classe social. Na delinquência juvenil, a subcultura é uma rebeldia com relação as
classes menos favorecidas se comparada com os valores das classes médias.
Dessa forma, dentro da subcultura é normal encontrar o comportamento delinquente. Conclui-se,
portanto, que a subcultura se origina de que os delinquentes fazem parte da cultura e não as pessoas.
Teve origem nos Estados Unidos, já que depois da Segunda Guerra Mundial a sociedade norte-
americana, vivia todo o otimismo da crescente economia, com os avanços da tecnologia e da ciência.
As famílias eram de base patriarcal, com valores fundados no protestantismo.
Anos depois, esse tipo de cultura enraizada nos bons princípios familiares, passa por problemas, em
decorrência da falta de acesso dos jovens ao que era cultuado por pessoas estranhas a eles. Um bom
exemplo foi a luta dos negros norte-americanos visando ser detentores de direitos civis.

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Nas próprias escolas não foi diferente, os jovens de famílias ricas experimentavam na socialização
escolar uma espécie de continuação do aprendizado da educação familiar, já os jovens de família pobre
viviam uma desestruturação dentro do ambiente escolar.
São exemplos de subcultura vivida nos Estados Unidos, as gangues de bairros localizados nas
periferias das grandes cidades.6

- Teoria de Cohen
Albert K. Cohen, na obra “Delinquent Boys”, mostra sua dedicação ao estudo da delinquência juvenil.
Ele caracterizou as subculturas delinquentes como não utilitária, maldosa, e negativista. 7
Trata-se de natureza flexível, tendo em vista que os jovens não se especializam em determinado
desvio, indo em sentido contrário aos adultos. Buscam prazer a curto prazo, com o objetivo apenas de se
divertir.
Para o autor, os jovens gostavam de andar em grupos, turmas, de modo que os mais ricos exibiam
seus carros, roupas e os pobres viviam outro tipo de status, pois o da classe alta era inacessível a eles.
Os jovens não buscam seu aperfeiçoamento no mundo do crime, como faziam alguns adultos.
Resistiam firmes às pressões da cultura externa.

- Teoria de Miller
Na década de 60, dentre as inúmeras teorias sobre subcultura que apareceram, destacou-se
fortemente a de Walter B. Miller, de forma que tenta explicar a subcultura da classe baixa.
Diferencia-se de Cohen, afirmando que a criminalidade que se dá nos bairros de classe baixa não
decorre de uma rebeldia de valores, mas pelo fato que o delinquente se conforma com os valores que lhe
transmitem sua própria classe social.
Para Miller, são características da classe baixa: distúrbio, violência, destino e independência, já a
classe média tem outros valores como por exemplo, a conquista.

Questão

01. (DPE/PR - Defensor Público- FCC). Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas
Teorias Consensuais:
(A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
(B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
(C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
(D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
(E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

Respostas

01. Resposta: A
Pertencem ao grupo das Teorias do Consenso, a Escola de Chicago, a Teoria da Associação
Diferencial, a Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente. Por conseguinte, pertencem ao
grupo das Teorias do conflito, o Labeling Approach e a Criminologia Crítica.

3.6 Do “Labeling Approach” a uma criminologia crítica.

Criminologia Nova ou Crítica estuda a sociedade criminógena, as causas do crime, a reação do


crime na sociedade, e o porquê de algumas pessoas serem tratadas como criminosas.
a. Etnometodologia (surge na década de 1960): estuda a intersubjetividade do cotidiano. O crime
passa por uma construção social efetuada na interação entre o desviante e as agências de controle.

6
Júnior, José César Naves de Lima. Manual de Criminologia.editora: Jus Podivm, 2ª edição, 2015.
7
Cohen, Albert K. Delinquent Boys: The Culture of the Gang. Glencoe: The Free Press, 1955, p. 25.

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b. Teoria da Rotulação ou labelling approach ou Teoria do Etiquetamento: surgiu nos Estados
Unidos na década de 70 e visa explicar o delito por meio dos conceitos de conduta desviada e reação
social.
O criminoso distingue-se dos demais cidadãos pelas instâncias formais de controle. A criminalidade
resulta do processo social de interação, eis que se trata de um processo de interação, discriminatório e
seletivo, que irá estudar as pessoas e as instituições que definem a pessoa do desviado e funcionamento
do controle social. Dessa maneira, a caracterização de uma conduta como criminosa está relacionada
aos processos sociais de definição do etiquetamento de seu autor como delinquente.
c. Teoria da Criminologia Radical ou Criminologia Marxista (na década de 70): Baseada na
análise marxista que defende a ordem social e faz grande crítica a Teoria da Rotulação, além da
Etnometodologia. A criminologia é compreendida como um problema insolúvel, em meio a uma sociedade
capitalista, devendo ser feita a transformação da própria sociedade.
d. Teoria das Janelas Quebradas: Surge nos EUA, através de dois criminologistas da Universidade
de Harvard que foram James Wilson e George Kelling.
Ganhou esse nome através de um experimento feito por Philip Zimbardo, que fez um estudo com um
carro abandonado em um bairro de alta classe. Como o carro não foi danificado, após passar uma semana
na rua, o próprio Philip, quebrou uma das janelas do carro, onde posteriormente o veículo foi roubado por
vâdalos.
Aqui, visa-se reprimir os delitos pequenos para que os maiores não aconteçam.

Questão

01. (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE). Quanto ao estatuto da disciplina Criminologia e sua
relação com a Política criminal, é correto afirmar:
(A) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma etiológico”, de matriz positivista, e
a Política criminal dela decorrente, exerceram influência marcante sobre vários níveis do sistema penal
brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução penal.
(B) A seletividade do sistema penal significa que a criminalização é desigualmente distribuída entre os
vários grupos e classes sociais, apesar da prática de condutas legalmente definidas como crime ocorrer
em todos eles e que a Lei, em princípio, é igual e geral para todos, resultando a desigualdade no momento
da seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça.
(C) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”, que
origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como parte integrante
de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento.
(D) A obra “Dos delitos e das penas” (1764), de Cesar Beccaria, constitui a matriz mais autorizada do
nascimento da Criminologia como uma disciplina autodenominada de “ciência” causal-explicativa da
criminalidade.
(E) A Criminologia é uma disciplina complexa e plural, pois existem diferentes paradigmas e teorias
criminológicas que, desde o século XVII, se desenvolvem no mundo ocidental, inclusive na América Latina
e no Brasil. Seu objeto varia de acordo com os diferentes paradigmas. Entretanto, seu método
experimental tem permanecido constante.
Resposta
01. Resposta: C
Para a teoria da reação social, também chamada de rotulação social, etiquetamento ou labeling
approach, a explicação para o crime reside nas respostas formais do Estado para o comportamento
desviante.
Principais postulados do labeling approach:
- interacionismo simbólico e construtivismo social: o comportamento humano é inseparável dos
processos sociais de interação;
- introspecção simpatizante: técnica de aproximação da realidade criminal como forma de compreendê-
la a partir do desviado e sua concepção de mundo;
- natureza definitória do delito: a conduta não é, em si, desviada. O desvio é fruto de uma construção
formal;
- seletividade e discriminação: o controle social é altamente seletivo e discriminatório. Ou seja, a
chance de ser criminoso não depende tanto da conduta em si, mas sim do fato de pertencer a determinado
extrato social.
- efeito criminógeno da pena: "a cadeia é a escola do crime";
- paradigma de controle: o sistema formal de controle é que criminaliza a sociedade, definindo condutas
como desviadas, sendo assim, são eles que definem quem são ou serão criminosos.

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3.7 A sociologia do conflito e a sua aplicação criminológica.

A teoria de base sociológica diz respeito ao grupo das teorias do consenso. Iniciou-se no começo do
século XX, através dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, os quais
atribuíram à sociedade os fatores do fenômeno criminal.
A abordagem sociológica do crime tem produzido uma visão deste fenômeno por vezes bastante
distinta da que é projetada pela sociedade em geral, que tende a apresentar a criminalidade como uma
das ameaças mais prementes ao que se considera ser o normal e esperado funcionamento da sociedade.
Sociologicamente o crime pode ser encarado como “funcional e normal”, como um contexto de
“aprendizagem e de socialização” e como uma “resposta das instâncias de controle”.
A sociedade em geral tem uma compreensão limitada do crime, no sentido em que a visão do criminoso
é muitas vezes imputada às suas características individuais não o relacionamento com a sociedade em
que se insere. Com isso, as teorias sociológicas do crime vieram dar ênfase aos grupos sociais em
detrimento das causas individuais.
Por volta do final do século XVIII, as escolas penais lutavam para conceituar e diferenciar o crime do
criminoso. Porém, a partir de estudos científicos, o homem passou a ser o centro dos estudos, mais
precisamente com a Psicologia e a Sociologia, permitindo se verificar os mais variados comportamentos
humanos, entre eles o delitivo.
Foi justamente nesta época que surgiram as Escolas Criminológicas, tendo como foco de estudo o
criminoso. Essas escolas lutavam para dar respostas ao crime, como combatê-lo e preveni-lo. As escolas
usavam a interdisciplinaridade (Biologia, Psicologia, Sociologia, Psiquiatria, entre outras). Foi a partir daí
que achou-se melhor tocar o foco, ao invés de dar enfoque ao delito, o que merece destaque é o
delinquente.
A Criminologia Tradicional procura quais as causas do crime. Já a Criminologia Nova ou Crítica indaga
como e porque determinadas pessoas são apontadas como criminosas. Enfim, sobre o mesmo objeto de
estudo, os cientistas elaboram questões diferentes que reclamam respostas diferentes. Existindo, entre
essas duas vias de explicação do problema do crime, mais uma relação de complementariedade do que
de exclusão, fazendo da criminologia uma ciência interdisciplinar que envolve a biologia, a psicologia e a
sociologia.8

A partir desta visão, os autores acharam prudente agrupar as teorias criminológicas em:

- Escola Clássica, Escola Positiva e Sociologia Criminal;


- Criminologia nova ou crítica: Teoria da Rotulação, Etnometodologia e Criminologia Radical.

A Escola Clássica surgiu entre os séculos XVIII e XIX. Trata que o ser humano é dotado de livre
arbítrio, e portanto pratica atos movido pelo prazer, buscando a ordem social, visando o bem-estar de
todos (contrato social). Desta feita, a conduta criminosa é uma escolha racional, logo a a pena (castigo)
é necessária e suficiente para acabar com a criminalidade, sendo determinada segundo a utilidade para
se manter ou não o pacto social.

A Escola Positiva, surge após o fracasso das reformas penais entre os séculos XIX e XX. Não
defende-se mais o livre arbítrio e já existe uma previsão do comportamento humano, permitindo a
investigação dos crimes, a partir dos criminosos. Um fenômeno da natureza sujeito a leis naturais
(biológicas, psicológicas e sociais) que podem ser identificas, estudando-se o criminoso. A pena (castigo)
é inútil, pois a conduta criminosa é sintoma de uma doença e como tal deve ser tratada, em nome da
defesa da sociedade.
Para que o criminoso seja analisado, durante esta escola foram implantadas algumas teorias, que
podem ser agrupadas como teorias de controle.

a. Teorias Bioantropológicas: Por esta teoria, podemos entender que algumas pessoas apresentam
predisposição ao crime. A explicação do crime se dá através da estrutura orgânica do indivíduo. O
criminoso é tratado como um ser diferente do cidadão normal.

8
http://www.leliobragacalhau.com.br/teorias-criminologicas-sobre-o-problema-do-crime/

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b. Teorias Psicodinâmicas: a diferença entre o criminoso e o não-criminoso é congênita. A luta para
entender o que se passa no interior do ser humano e os aspectos naturais do mundo de fora, levam o ser
humano a vivenciar um conflito, partindo disto, investiga –se porque a generalidade das pessoas não
comete crimes.
A criminologia psicanalítica, cujas primeiras manifestações se deram com as obras de Freud, Adler e
Jung, e que objetiva “explicar o crime como um ato individual e analisar a psicologia da sociedade
punitiva”. Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia em três princípios:
- O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que Freud refere a criança como um perverso
polimórfico e Stekel como um criminoso universal.
- A causa do crime é, em última instância, social. “O crime, escreve Glover, representa uma das
parcelas do preço pago pela domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa formulação
mais atenuada, é uma das consequências de uma domesticação sem êxito ‟.
- É durante a infância que se modela a personalidade. É, noutros termos, durante a infância que se
definem os equilíbrios ou desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.
A tese central dessa teoria consiste, portanto, na explicação de que o crime se dá quando o Super ego
não consegue inibir o Ego, deixando-o livre para as demandas do Id. O crime significa uma fuga à
vigilância do Super ego.

c. Teorias Psico-Sociológicas: refere-se aos elementos sociais que envolvem a personalidade do


agente. Serão abordados vínculos do indivíduo com a sociedade, visando entender os conflitos interiores
e exteriores que regem o sujeito à obediência da lei.
Na linha positivista segue o funcionalismo, cuja teoria parte do princípio de que a sociedade é um todo
organizado, sendo que as partes são interdependentes. Nesse sentido, a sociedade é também vista como
um grande organismo social, de modo que as instituições sociais são as responsáveis pela harmonia e o
equilíbrio do todo.
Conforme Giddens (2005, p.176) para “as teorias funcionalistas, o crime e o desvio são resultados de
tensões estruturais e de uma falta de regulação social dentro da sociedade”.

Sociologia Criminal Surgiu entre os séculos XIX e XX, e visa solucionar as causas do crime na
sociedade. O crime para essa época, é um fenômeno coletivo, sujeito às leis do determinismo sociológico
e, por isso, previsível. O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas interações sociais;
isto significa que é necessário, para se entender algum fenômenos social, que se leve em consideração
o seu contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos, políticos, psicológicos,
geográficos, entre outros.
Atualmente, as teorias que analisam a sociedade criminógena, privilegiando a dimensão causalista na
conduta desviada, são denominadas de teorias etiológicas e se subdividem em:

a. Teorias Ecológicas ou da Desorganização Social (Escola de Chicago): surgiu nos EUA, no


início do século XX por meio dos membros do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago,
que conferiram à sociedade as causas do fenômeno criminal.
Nesse período, milhares de pessoas chegaram as grandes cidades, sendo Chicago uma delas. Eram
pessoas de todos os tipos, escravos, minorias éticas, italianos, eslavos que moravam nas periferias, em
precárias condições de higiene e qualquer tipo de estrutura.
Essa miséria vivida fez com que a população passasse por dificuldades, gerando violência e aumento
da criminalidade. Robert E. Park, foi um dos percussores a apontar a influência do entorno urbano a
conduta criminosa praticada.
A Escola de Chicago foi fundamental para o estudo da criminalidade urbana, contribuindo para o
desenvolvimento de estudos referentes nessa área, destacando-se a ecologia humana.
A teoria ecológica criminal defende a prioridade da ação preventiva e a minimização da atuação
repressiva.

b. Teoria da Associação Diferencial: suborientada pela teoria da aprendizagem social ou social


learning, tenta explicar o comportamento criminoso por meio de anomalias biológicas que determinam a
conduta humana. O erro defendido por esta teoria era pensar que apenas os encarcerados cometiam
crimes.

As demais teorias já foram objetos de estudos, porém, cabe citá-las:


c. Teorias da Anomia ou da Estrutura da Oportunidade:

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d. Teorias da Subcultura Delinquente: Já estudada acima

Criminologia Nova ou Crítica


a. Etnometodologia
e.Teoria da Rotulação ou labelling approach ou Teoria do Etiquetamento
f. Teoria da Criminologia Radical ou Criminologia Marxista (na década de 70)
g. Teoria das Janelas Quebradas

Questões

01. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
(A) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
(B) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito
penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
(C) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
(D) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
(E) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia – CESPE/2016). Considerando que, conforme a doutrina, a


moderna sociologia criminal apresenta teorias e esquemas explicativos do crime, assinale a opção correta
acerca dos modelos sociológicos explicativos do delito.
(A) Para a teoria ecológica da sociologia criminal, que considera normal o comportamento delituoso
para o desenvolvimento regular da ordem social, é imprescindível e, até mesmo, positiva a existência da
conduta delituosa no seio da comunidade.
(B) A teoria do conflito, sob o enfoque sociológico da Escola de Chicago, rechaça o papel das
instâncias punitivas e fundamenta suas ideias em situações concretas, de fácil comprovação e verificação
empírica das medidas adotadas para contenção do crime, sem que haja hostilidade e coerção no uso dos
meios de controle.
(C) A teoria da integração, ao criticar a teoria consensual na solução do conflito, rotula o criminoso
quando assevera que o delito é fruto do sistema capitalista e considera o fator econômico como
justificativa para o ato criminoso, de modo que, para frear a criminalidade, devem-se separar as classes
sociais.
(D) A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na análise empírica
do delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas
consideradas desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
(E) A teoria estrutural-funcionalista da sociologia criminal sustenta que o delito é produto da
desorganização da cidade grande, que debilita o controle social e deteriora as relações humanas,
propagando-se, consequentemente, o vício e a corrupção, que são considerados anormais e nocivos à
coletividade.

03. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe – VUNESP/2015). Sobre a teoria da “anomia”,
é correto afirmar:
(A) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e Howard
Becker.
(B) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white collar
crimes.
(C) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller.
(D) iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei.
(E) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”.

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04 (PC/SC - Delegado de Polícia – ACAFE/2014). São referências de teorias penais e criminológicas
latino-americanas e brasileiras que tiveram grande repercussão entre os anos 60 a 80 do século XX:
(A) A Criminologia dialética desenvolvida pelos brasileiros Roberto Lyra (pai) e Roberto Lyra Filho.
(B) Criminologia da Liberação desenvolvida em colaboração pelas Venezuelanas Lola Aniyar de Castro
e Rosa Del Olmo.
(C) A Sociologia do controle penal desenvolvida conjuntamente pelo argentino Roberto Bergalli e pelo
chileno Eduardo Novoa Monreal.
(D) O Realismo jurídico-penal marginal, a partir do ponto de vista de uma região marginal do poder
planetário, desenvolvido pelo argentino Eugenio Raúl Zaffaroni.
(E) A Criminologia radical desenvolvida pelo brasileiro Juarez Cirino dos Santos e As matrizes Ibéricas
do Direito Penal brasileiro, desenvolvida conjuntamente pelos brasileiros Nilo Batista e Vera Malaguti W.
de Souza Batista.

05. (PC/SP - Atendente de Necrotério Policial – VUNESP/2014). As teorias absolutas da pena


também são conhecidas por teorias da
(A) reeducação.
(B) restauração.
(C) retribuição.
(D) prevenção.
(E) ressocialização.

06. (PC/SP - Desenhista Técnico-Pericial – VUNESP/2014). As teorias macrossociológicas que


influenciaram o pensamento criminológico moderno são as teorias:
(A) clássica e contemporânea.
(B) de consenso e de conflito.
(C) positiva e refletiva.
(D) negativa e refletiva.
(E) social e comportamental

07. (AL/PB - Procurador – FCC/2013). A avaliação do espaço urbano é especialmente importante


para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas
desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na
literatura criminológica, como
(A) teoria da anomia.
(B) escola de Chicago.
(C) teoria da associação diferencial.
(D) criminologia crítica.
(E) labelling approach

08. (DPE/PR - Defensor Público- FCC). Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são consideradas
Teorias Consensuais:
(A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
(B) Teoria da Anomia, Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento.
(C) Teoria Crítica, Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
(D) Teoria do Etiquetamento, Teoria da Associação Diferencial e Escola de Chicago.
(E) Teoria da Subcultura Delinquente, Teoria da Rotulação e Teoria da Anomia.

Respostas

01. Resposta: D
Conhecida ainda como Interacionaismo Simbólico, Rotulação, ETIQUETAMENTO ou Reação Social,
esta teoria, iniciou nos EUA 1970. Não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Os grupos
sociais criam os desvios na qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O desvio
ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição da imputação do crime à pessoa estigmatizada

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02. Resposta: D
A escola de Chicago inicia um processo que engloba estudos em antropologia urbana, usa o meio
urbano como análise principal, constatando a influência do meio ambiente na conduta delitiva fazendo
um paralelo entre o crescimento das cidades e o consequente aumento da criminalidade.

03. Resposta: D
A Teoria da Anomia iniciou-se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton.O crime é
resultante do funcionamento do sistema e atualização de seus valores. Possui como característica a
natureza estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime
e pela adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade.

04. Resposta: D
Para que seja compreendido o autor e a época, trouxemos os autores referentes as alternativas:
A. Lyra Filho;
B - Lola Aniyar;
C - Bergalli;
D - Eugenio Raúl Zaffaroni
E Nilo Batista desenvolveu o livro As matrizes Ibéricas.

05. Resposta: C
Teorias Absolutas ou da Retribuição: são voltadas essencialmente às doutrinas da retribuição ou da
expiação, uma vez que sustentam que a pena deve ter caráter retributivo ou repressivo, ou seja, que ela
funciona como um castigo reparador de um mal. O mal justo da pena compensa o mal injusto do delito.
Seu mérito reside em reconhecer a necessidade de que a pena seja proporcional ao crime cometido.

06. Resposta: B
De acordo com o professor Manoel Sampaio:
Modelos sociológicos de consenso e de conflito
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à
análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como
um todo.
O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de
consenso;
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito.

07. Resposta: B
A Escola de Chicago cria os estudos baseados na antropologia urbana, é o meio urbano como foco da
analise principal do delito, sendo que o meio ambiente influencia na delinquência.
Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar a mesma
consequência: implicação moral e social num processo de interação na cidade. Assim, com o crescimento
das cidades começa a surgir uma relação de aproximação entre as pessoas, com a vizinhança se
conhecendo. Passa a existir, por conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse
mecanismo solidário de mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural),
na medida em que uns tomam conta dos outros3 (ex.: família que viaja e pede ao vizinho que recolha o
jornal, que mostre ao leiturista da água o local do hidrômetro etc.). Os avanços do progresso cultural
aceleram a mobilidade social, fazendo aumentar a alteração, com as mudanças de emprego, residência,
bairro etc., incorrendo em ascensão ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o movimento
sem mudança da postura ecológica, proporcio-nado pelo avanço da tecnologia dos transportes
(automóvel, trens, metrô). Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo controle social informal
nas maiores cidades.

08. Resposta: A
Pertencem ao grupo das Teorias do Consenso, a Escola de Chicago, a Teoria da Associação
Diferencial, a Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente. Por conseguinte, pertencem ao
grupo das Teorias do conflito, o Labeling Approach e a Criminologia Crítica.

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3.8 Sistema penal e reprodução da realidade social.

A sociedade, em sua maioria, precisa de mecanismos disciplinares que assegurem a convivência


harmoniosa entre seus membros. Por essa razão acaba por criar instrumentos coercitivos para submeter
o indivíduo às normas estabelecidas pelo grupo social. Esse conjunto de mecanismos e sanções sociais
é chamado de controle social.
A nossa sociedade está dividida em grupos que dominam o poder e grupos que são dominados
(marginalizados do poder). Em razão da existência dessa estrutura social sólida é que se faz possível
controlar socialmente a conduta dos homens.
A partir do conhecimento da estrutura de poder de determinado Estado é que saberemos qual o
controle social exercido (cada estrutura de poder se mantém rígida através de seu controle social). Cada
um dos Estados possui um controle social diferente, dependendo se sejam países capitalistas ou
comunistas, ou, ainda, se sejam periféricos, de acordo com o seu grau de desenvolvimento. Mas, em
todos os casos, o controle social tende a sustentar a hegemonia de um grupo social sobre o outro (a
criminalização de grupos contra-hegemônicos traz uma sensação de tranquilidade aos grupos
hegemônicos).
A sociedade organizada criou dois sistemas de controle social: o controle social informal e o controle
social formal. O primeiro é aquele exercido pela própria sociedade civil, através da escola, família,
profissão, opinião pública, meios de massa, preconceitos, modas etc; enquanto que o segundo é realizado
pelo aparelho estatal, através da polícia, Poder Judiciário, Poder Legislativo, Ministério Público,
Administração Penitenciária etc. As instâncias de controle social formal somente devem atuar quando as
instâncias de controle informal falharem.
Nesse sentido afirma Shecaira: Se o indivíduo, em face do processo de socialização, não tem uma
postura em conformidade com as pautas de condutas transmitidas e aprendidas na sociedade, entrarão
em ação as instâncias formais que atuarão de maneira coercitiva, impondo sanções qualitativamente
distintas de reprovações existentes na esfera informal.
Vale observar que o controle social informal é bem mais efetivo que o formal. Nota-se isso nas
comunidades pequenas (que possui o controle social informal mais presente), onde a criminalidade é bem
menor que nos grandes centros urbanos.
Na verdade, Shecaira, em sua obra Criminologia, diz que há a necessidade de se buscar uma
integração entre as duas instâncias de controle. Acentua que a efetividade do controle social é sempre
relativa, pois a eficaz prevenção do crime não depende tanto da efetividade do controle formal, mas sim
da conexão entre os dois sistemas.
A teoria do labeling aproach também entende nesse sentido. Faz uma abordagem dinâmica e contínua
do sistema penal, conduzindo ao reconhecimento de que, do ponto de vista do processo de criminalização
seletivo, as agências de controle, quando de suas investigações, não podem se considerar como
agências isoladas umas das outras, autossuficientes e autorreguladas, mas há necessidade de pensarem
em um sistema integrado que permita dar uma maior consistência ao funcionamento do sistema como
um todo.
No entanto, observa-se que a sociedade utiliza tão somente o sistema penal (controle formal) como
instrumento de controle social, pois este mantém a ameaça concreta e racional da sanção. O sistema
penal acaba atuando exclusivamente, de maneira coercitiva e repressora, sem recorrer às outras
instâncias de controle social. O direito, em si próprio, nada mais é do que um sistema de regras
concebidas pela vida em sociedade e destinadas a possibilitar a convivência humana, promoverem a vida
digna e a garantia dos direitos humanos fundamentais, exatamente através do controle social, e o direito
penal pode ser considerado o ponto terminante nessa relação, posto que é através de suas normas que
se realiza a parte mais substancial e repressiva desse controle, quando segrega o criminoso do seio
dessa sociedade e retira dele todos os seus direitos e garantias.
O sistema penal não realiza o processo de criminalização e estigmatização à margem ou mesmo contra
os processos gerais de etiquetamento que tem lugar no seio do controle social informal, como a família e
a escola. A análise sociológica tem demonstrado que o sistema de contenção da violência não atua de
forma isolada, sendo que as outras instâncias de controle social também agem nesse sentido repressivo
e discriminatório. O sistema penal deve ser visto como um subsistema encravado dentro de um sistema
de controle social e de seleção de maior amplitude existente dentro de um Estado.
O controle social é altamente seletivo, uma vez que reparte o rótulo de criminoso com o mesmo critério
de distribuição dos bens positivos (fama, riqueza, poder, etc), levando em conta o status e o papel da

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pessoa. Deste modo, as chances ou riscos de um indivíduo ser etiquetado como delinquente não
dependem tanto da conduta executada (delito), senão da posição dele na pirâmide social (status).
Zaffaroni e Pierangeli acentuam que:
Ações conflitivas de gravidade e significado social muito diverso se resolvem por via punitiva
institucionalizada, mas nem todos os que as realizam sofrem essa solução, e sim unicamente uma minoria
ínfima deles, depois de um processo de seleção que quase sempre seleciona os mais pobres; outras
ações conflitivas se resolvem por outras vias institucionalizadas e outras carecem de solução institucional;
a solução punitiva (eliminatória ou retributiva) é somente uma alternativa que exclui a possibilidade das
outras formas de resolver os conflitos (reparatória, terapêutica e conciliatória). Como se não bastasse
isso, as ações que abrem a possibilidade de solução penal de maior gravidade são cometidas pelos
próprios Estados que institucionalizam tais soluções.
Assim, constata-se mais uma vez que o delito não é uma realidade social individualizável, mas uma
construção reservada a cumprir certa função contra algumas pessoas e em beneficio de outras. Ao
acentuar que a criminalidade não é o objeto, mas o produto da reação social e, portanto, não tem natureza
ontológica, mas social, a teoria do labeling aproach acentua o papel constitutivo do controle social na
construção social da criminalidade de forma que as agências controladoras não detectam a natureza
criminal de uma conduta, mas a produzem ao etiquetá-la assim. A criminalidade é uma realidade social
construída de forma altamente seletiva e desigual pelo controle social.

3.9 Cárcere e marginalidade social.

O sistema carcerário está longe de conseguir a inserção do detento na sociedade. Uma de suas
características é que todos os detentos sejam iguais, ou seja, uma comunidade uniforme, usam até o
mesmo vestuário. Porém, isso é visto de maneira negativa, pois cada um perde sua particularidade.
Esquecendo assim o real significado do cárcere privado e torna os carcerários mais hostis e desconfiados,
devido ao ambiente que passam a viver.
Em relação ao preso com a sociedade, este é visto como a parte obscura dela. Não há os cuidados
necessários com o encarcerado após sair da prisão, sendo que este necessita deles, principalmente em
sua vida pós cárcere.

As leis de reforma penitenciária9


No sistema carcerário dos dois países em questão é de extrema importância não se limitar somente
ao que está previsto na norma pois o trabalho do jurista limita-se somente ao que está na norma, mas
também levar em consideração o momento em que a sociedade vive.
É muito evidente a inovação no sistema desses dois países, que introduzem dois novos princípios. O
primeiro visa possibilitar uma presença externa ao cárcere, maiores contatos com a sociedade. O
segundo se resume a um trabalho carcerário equiparado ao trabalho desenvolvido fora do cárcere pelo
trabalho assalariado.

3.10 Modelo consensual de Justiça Criminal.

Segundo Moreira Netto, segurança pública é um conjunto de processos políticos e jurídicos, que visam
garantir a ordem pública com a convivência dos homens na sociedade.
A segurança pública no Brasil foi marcada por grandes demandas e mudanças. Contudo, não há um
projeto inovador e eficiente que ampare as polícias brasileiras.
Aumentos de criminalidade e insegurança, principalmente nos grandes centros urbanos, com a
degradação de espaço público, violência policial, superlotação dos presídios e rebeliões, fuga em massa,
mostram a precariedade do nosso sistema de segurança.
O sistema prisional, um dos pontos a serem debatidos em segurança pública, leva em conta vários
assuntos, como por exemplo, a demora nos julgamentos, aplicação de penas privativas de liberdade para
crimes de menor gravidade, temas estes que dizem respeito à Justiça Criminal, que se interligam com a
segurança pública.

9
Baratta, Alessandro. Criminologia crítica e Crítica do Direito Penal

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Grande partes dos criminosos enquanto cumprem sua pena, deparam-se com situações tenebrosas,
como maus-tratos, agressões sexuais, abuso de autoridade e muitas vezes acabam saindo pior do que
quando entraram, por isso acabam voltando ao mundo do crime, pois se tornam mestres quando ficam
presos.
A progressão de regime de pena, que parece ser um dos meios socializadores do indivíduo à
sociedade é uma falsa percepção da realidade. Não há regimes abertos e semiabertos apropriados, de
modo que o restante de pena a cumprir é feita em prisão domiciliar ou em estabelecimentos sob o
comando dos próprios presos.
A demora no julgamento faz com que os crimes prescrevam, sendo certo que a extinção da
punibilidade demonstra uma derrota para o sistema e irreparável problema na justiça.
A superlotação carcerária pode ser melhorada se as decisões dos Tribunais admitissem a substituição
da prisão provisória por alguma outra medida alternativa, como por exemplo, o monitoramento eletrônico,
que acabou não sendo adaptado no Brasil.
A melhoria da Justiça Criminal não diz respeito única e exclusivamente ao Poder Judiciário desta ou
daquela unidade federativa. Na própria Constituição Federal, encontramos diversos tópicos referentes a
segurança pública, citando como exemplo o fato da segurança pública como dever do Estado e direito e
responsabilidade de todos, feito pela Polícia Federal, polícias civis e militares, além de outros. A própria
constituição prevê a criação de guardas municipais, pelos municípios, para proteção dos bens, serviços
e instalações.
Compete à União legislar sobre o direito penal e processo penal, sobre requisições civis e militares,
em caso de iminente perigo e tempo de guerra.
O que sabemos é que a modernização do sistema de justiça precisa de uma nova “roupagem” para
solucionar o problema de insegurança pública, com a reavaliação da estrutura e funcionamento da Justiça
Criminal, com um judiciário mais moderno e eficiente.
O Sistema de Justiça Criminal diz respeito às leis e instituições formais de controle, englobando o
Ministério Público, sistema penitenciário, instituições manicomiais.
O SJC caracteriza-se por uma eficácia instrumental invertida à qual uma eficácia simbólica
(legitimadora) confere sustentação; ou seja, enquanto suas funções declaradas ou promessas
apresentam uma eficácia meramente simbólica (reprodução ideológica do sistema) porque não são e não
podem ser cumpridas, ele cumpre, latentemente, outras funções reais, não apenas diversas, mas inversas
às socialmente úteis declaradas por seu discurso oficial, que incidem negativamente na existência dos
sujeitos e da sociedade.10
A eficácia invertida significa, então, que a função latente e real do sistema não é combater (reduzir e
eliminar) a criminalidade protegendo bens jurídicos universais e gerando segurança pública e jurídica,
mas, ao contrário, construí-la seletiva e estigmatizantemente e neste processo reproduzir, material e
ideologicamente, as desigualdades e assimetrias sociais (de classe, gênero, raça).
Esse sistema não vive sozinho, para que sua funcionalidade seja entendida devemos entende-lo como
um subsistema dentro de um sistema de controle e seleção de longa vastidão. Não há um processo de
vitimização, ao considerar que a culpa, por exemplo, é da família, que não tem amparo social e por isso
se vê obrigada a atuar no crime para sobreviver.
Ao analisarmos a funcionalidade do Sistema de Justiça Criminal, notamos que há contradições entre
as funções declaradas e as funções latentes, já que criminologicamente apenas restam promessas de
um discurso que raramente é trazido à vida real.

Questão

01. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 3 – CESPE/2015). Em relação aos preceitos da
criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça criminal, o sistema penal e a estrutura
social, julgue o item que se segue.

A justiça criminal, além de aplicar as leis e delimitar o direito, busca dar cumprimento ao decreto
condenatório e assegurar a devida proteção aos direitos e garantias fundamentais dos presos.
( ) Certo ( ) Errado

10
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/02/4f33baebd636cb77eb9a4bdc2036292c.pdf

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Resposta

01. Resposta: certo


O Sistema de Justiça Criminal diz respeito às leis e instituições formais de controle, englobando o
Ministério Público, sistema penitenciário, instituições manicomiais, devendo ser respeitados os
pressupostos da proporcionalidade, humanidade das penas e outros valores consagrados no sistema
Pátrio.

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