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DECISÃO
Trata-se de ofício encaminhado pelo Exmo. Senhor Relator do HC nº 619.037/DF (ID 74447676),
solicitando informações quanto à impetração de habeas corpus em favor do paciente EDUARDO HAGE
CARMO, investigado na Operação “Falso Negativo”.
Com o ofício, veio a decisão que deferiu a liminar pleiteada, declarando manifestamente ilegal a prisão do
paciente decretada novamente por este juízo e determinou que “(...) à luz dos artigos 282, I e II c/c 319,
ambos do Código de Processo Penal, substitua a prisão preventiva do paciente por medida(s) cautelar(es)
que julgar adequadas, em juízo de proporcionalidade e suficiência. (...)”.
Tenho que não é possível determinar a fixação de medidas cautelares diversas da prisão, nos moldes da
decisão que deferiu a liminar, cujo dispositivo é o seguinte:
À vista do exposto, superando a Súmula n. 691 do CPP, defiro a liminar para substituir a prisão
preventiva do paciente por medidas cautelares a serem fixadas pelo juízo natural.
Fica ressalvada - por seu caráter provisório, sempre sujeito a reexame judicial - a possibilidade de nova
decretação da prisão preventiva do paciente, se efetivamente demonstrada sua concreta necessidade, à luz
do que dispõem os artigos 282 e 312 do CPP, ou se sobrevier descumprimento injustificado às cautelas a
serem impostas no juízo singular.
Comunique-se, com urgência, o inteiro teor dessa decisão ao Juízo de Direito da 5ª Vara Criminal da
Circunscrição Judiciária Especial de Brasília, bem como ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios. Registro, outrossim, que o deferimento do pedido inicial neste habeas corpus não
implica prejudicialidade na análise de mérito da impetração originária.
Solicitem-se informações ao Juízo de primeiro grau sobre os fatos alegados na inicial. (...)
Como se sabe, nos termos do art. 5º, LXV, da Constituição determina que “a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.
Diante disso, conforme se vê do dispositivo da acima transcrito, a decisão aqui proferida foi considerada
manifestamente ilegal quando do julgamento monocrático do Habeas Corpus impetrado perante o
Superior Tribunal de Justiça, ainda que em caráter liminar.
Se assim é, não será possível fixar medidas cautelares diversas da prisão, pois não prescindem dos
requisitos “fumus commissi delicti” e “periculum libertatis” previstos nos arts. 282 e 312 do CPP, embora
em grau mais reduzido; caso contrário, este juízo cometeria, em sequência, uma segunda ilegalidade.
Tendo sido o caso de relaxamento da prisão, por manifesta ilegalidade, o que não se confunde com a
revogação da prisão, não há alternativa senão conferir liberdade incondicionada ao representado. Tal
solução é necessária diante do teor do dispositivo e também da fundamentação que o subsidia, devendo o
“decisum” ser interpretado do modo mais favorável ao paciente, em observância ao princípio “in dubio
pro reo”.
Diante disso, dou cumprimento à decisão liminar proferida no HC nº 619.037/DF nos termos
expressamente determinados pela Constituição Federal para relaxar a prisão decretada nestes autos (ID
73092561), referente a EDUARDO HAGE CARMO (CPF nº 261.925.605-44).
Expeça-se, com urgência, o competente alvará de soltura, para que seja imediatamente posto em
liberdade, caso não deva permanecer preso por outro motivo.
Prestem-se as informações solicitadas, que ocorrerá diretamente ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça
pelo e-mail institucional.