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UMA ESTRATÉGIA DE
COMPETITIVIDADE E SOBREVIVÊNCIA
PARA PEQUENAS E MÉDIAS
EMPRESAS
Resumo
Uma das principais características do atual ambiente organizacional é a necessidade das empresas
atuarem de forma conjunta e associada. Desta forma, surge como possibilidade concreta para o
desenvolvimento empresarial, os modelos organizacionais baseados na associação, na complementa-
ridade, no compartilhamento, na troca e na ajuda mútua, tomando como referência o conceito de
redes advindo, principalmente da Sociologia. As redes de empresas representam uma forma inovativa
de obter competitividade e sobreviver no mundo globalizado. Este artigo tenta analisar as redes de
cooperação produtiva sobre a perspectiva de vários autores e reforça o conceito de colaboração mútua
a fim de que as empresas possam sobreviver e se manterem competitivas no mercado internacional.
Para estes autores, todas as teorias organiza- atingíveis. Neste tipo de jogo, chamado de
cionais enfatizam que a complexidade ambien- “soma zero”, pois o que um ganha o outro perde,
tal, incerteza e turbulência estão entre os só é possível determinar o resultado após o jogo
problemas enfrentados por uma organização e ou por estudo de probabilidade. Este mecanismo
uma das suas principais tarefas é reduzir tais de jogo é, portanto, pouco útil para tratar de
problemas a proporções controláveis. Os autores estratégias e, por isso, pouco útil para tratar de
argumentam que para algumas teorias as cooperação.
organizações colaboram para reduzir e controlar Uma forma igualmente simples é o uso de
os problemas, mas que nenhuma oferece um outro jogo chamado o “Dilema do Prisioneiro”.
compreensivo modelo de colaboração. O “dilema do prisioneiro”, diferentemente do
Algumas teorias como: “Dependência de “par ou ímpar”, não é um jogo de soma zero, o
Recurso, Microeconomia, Administração Estra- que abre a possibilidade de ganhos mútuos em
tégica e Ecologia Social (Resource Dependence, uma rodada de jogo. A história dos dois
Microeconomics e Strategic Management / Social prisioneiros é assim descrita por KREPS (1990):
Ecology)” identificam as precondições para cola- “A polícia capturou dois indivíduos suspei-
boração. As teorias Política, Economia Institu- tos de um crime (e que de fato o cometeram
cional, Institucional e Negociação (“Political, juntos). Mas a polícia não possui a prova
Institutional Economics e Institutional / Negotiated necessária para condená-los, devendo liber-
Order”) dão explicações sobre os processos de tar os dois prisioneiros, a menos que um
colaboração e sobre afinidades entre dirigentes e deles providencie tal prova contra o outro.
seus ambientes. Ela (a polícia) os tem em celas separadas e
De acordo com GRAY & WOOD (1991), das faz a seguinte oferta: acuse seu colega. Se
seis teorias acima mencionadas, somente três nenhum de vocês acusar ao outro e não for
delas explicam o processo colaborativo. Enquanto acusado, nós libertaremos o primeiro e
na teoria da Microeconomia as precondições levaremos o segundo para o juiz que dará a
estruturais são usadas apenas para predizer resul- pena máxima permitida por lei. Se vocês se
tados, na teoria da Dependência de Recursos acusarem mutuamente, ambos irão presos,
apresenta-se precondições para a colaboração, mas o juiz será piedoso em função de sua
para a subseqüente distribuição de recursos e cooperação com as autoridades.”
finalmente precondições para a dependência dos Fazendo uma analogia com o mundo econô-
dirigentes para com os resultados de sua troca mico, pode-se imaginar duas organizações
colaborativa. lutando pelo mesmo mercado onde, a partir dos
mesmos ganhos, se poderia supor que a melhor
3.1 Entendendo a Cultura de Cooperação alternativa é dividir o mercado. A opção das
através do “Dilema Do Prisioneiro” empresas pela estratégia de cooperação, baseada
em lealdade, compromisso, preço justo ou outros
Partindo do que hoje se conhece como “Teoria motivos, reduz o risco.
dos Jogos” e, muito mais do que simplesmente Robert Axelrod, no seu livro “A Evolução da
mapear conflitos, de acordo com KREPS (1990) Cooperação”, propõe, justamente, que dois
esta teoria serve para ajudar a entender e prever jogadores tenderiam a decidir por cooperar, e
o que irá acontecer em contextos econômicos. não cooperar, depois de n rodadas de um jogo.
Vejamos, então, o que é a teoria dos jogos. A alternativa de cooperar, mesmo não sendo a
Os jogos, geralmente, envolvem perdedores e melhor, surgiria como a melhor n vezes depois.
ganhadores. Existe um número de jogadores, Para provar sua tese, AXEROLD (1984) demons-
com um número de estratégias possíveis e pay- trou os resultados de torneios de computadores
offs (positivos para uns, negativos para outros) para simular interações recorrentes entre dois
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jogadores, segundo o padrão proposto pelo tendência crescente da divisão de trabalho entre
“dilema do prisioneiro”. as empresas.
Existem outras teorias que tentam ressaltar as Em alguns casos como a Itália, por exemplo,
culturas de cooperação (Olson Mancur; Robert as decisões de desverticalização representam, em
D. Putnam). Na teoria de MANCUR (1965) é parte, uma forma de defesa das empresas aos
comum a idéia de que empresários almejem problemas enfrentados na esfera das relações
lucros maiores, trabalhadores desejem salários trabalhistas. Ademais, a configuração dos rela-
mais elevados e consumidores procurem preços cionamentos entre empresas expressa também a
mais vantajosos. No entanto, esta lógica não é posição no processo de transição em que se
verossímil quando se trata de ações coletivas. encontram as diferentes economias. Quanto mais
Segundo o autor, mesmo que racionalmente avançada em direção ao novo padrão industrial,
desejem a maximização de seu bem-estar social, mais consolidadas tendem a ser as ligações entre
os indivíduos de um grupo não agem em prol de empresas.
seu objetivo comum, a menos que haja alguma
coerção que os force a tanto. MANCUR (1965) 4.1 Alianças Estratégicas entre Empresas
desenvolveu uma teoria, desmitificando, portanto,
a idéia de que uma vez parte de um grupo, De acordo com RIBAULT et al. (1995),
indivíduos agem voluntariamente visando existe um grande número de tipos de alianças
alcançar seus interesses comuns, assim como estratégicas entre empresas grandes, médias e
também o fazem em relação a seus interesses pequenas. São em geral constituídas para atacar
particulares. O autor critica a teoria das classes mercados precisos com o objetivo de se
sociais de Marx e aponta a incoerência lógica da apossarem de partes de mercados em detrimento
teoria dos grupos sociais utilizada por muitos de concorrentes que se encontram em desvanta-
cientistas políticos. gem face às empresas ligadas por alianças
Já em seu trabalho “Fazendo a Democracia estratégicas. A estratégia subjaze em vários
Funcionar” ROBERT D. PUTNAM (1996) objetivos: a dimensão crítica a partir da qual se
afirma que as pessoas, nos EUA e em outras pode ocupar uma posição dominante no
democracias, gostam cada vez menos dos mercado; o reforço das redes de distribuição,
governos e das instituições públicas que as para reforçar ainda mais esse domínio de
regem e a eles devotam confiança cada vez mercados; a colocação em comum de atividades
menor. Dessa forma desenvolveu a idéia de que complementares de pesquisa e desenvolvimento
as instituições públicas democráticas funcionam por vezes chamada de “cross fertilization”.
melhor onde há alto nível de engajamento Dentre os vários e possíveis tipos de “alian-
cívico, onde a população participa por meio de ças”, KANTER (1990) cita os seguintes:
representações sociais locais (cooperação entre a) Alianças Multi-Organizacionais de Serviços
todas as instituições). Em resumo, comprova a ou Consórcios: neste tipo de alianças, orga-
importância da “Comunidade Cívica” para o nizações (empresas) que tenham uma neces-
desenvolvimento de Instituições Eficientes. sidade similar (freqüentemente empresas de
um mesmo setor industrial) juntam-se para
4. O Contexto da Integração entre empresas criar uma nova entidade que venha a preen-
cher aquela necessidade delas todas. Como
ou nos “guanxi” (as redes chinesas). Valoriza-se * Redes de Pequenas Empresas em Zonas
mais a empresa flexível, em que as fronteiras da Específicas
organização ficam menos nítidas (SCHWARTZ, São pequenas empresas agrupadas em zonas
1997). específicas de acordo com seus produtos, dando
Para alguns autores como PIORE & SABEL origem a distritos industriais. Neste caso, todas as
(1984) e DE SOUZA (1993), as novas relações firmas têm um grau de integração vertical verda-
entre as empresas representam um paradigma de deiramente pequeno. A produção é conduzida pela
vinculação “flexível”, às vezes por meio de extensiva distribuição de acordos colaborativos.
mecanismos não institucionais e com relações de O Distrito Industrial na Itália envolve uma
competência em mercados regionais, mas com ampla classe de produtos de consumo, máquinas
desenvolvimento de formas de cooperação ante e componentes de engenharia. Os distritos são
mercados mais amplos, nacionais ou estrangeiros. responsáveis também por experimentos e tecno-
logias, em particular, pela emergente populari-
5.4 Redes Geradas pela Economia Regional e dade da diminuição de custos, pela avaliação da
Distritos Industriais qualidade e pela flexibilização tecnológica,
compatíveis com as necessidades e orçamentos
Segundo POWELL (1990), objetivando vanta- das pequenas empresas.
gens da aglomeração, as novas formas de cola- O acordo de descentralização organizacional
boração entre empresas em distritos industriais na Itália depende de instituição social e política.
ou zonas específicas é uma redescoberta, ou uma Este possibilita a existência de extensas redes de
revigoração dos distritos industriais do século trabalho em famílias, proporciona relações eco-
dezenove. Para ele, as empresas escolhem a nômicas, com base na cooperação e confiança,
localização em uma área, dada a existência de facilita a busca de novos empregados, por meio
densa sobreposição de aglomerados de firmas, de redes familiares e de amizade.
provida de mão-de-obra e infra-estrutura institu- Dada a capacidade de iniciativa e de detalhada
cional. Ele as exemplifica da seguinte forma: produção de conhecimento, as pequenas empresas
estão aptas para oferecer vastos caminhos para
* Associação de Empresas Especializadas novos produtos. As pequenas firmas por meio de
Constituída por associação de empresas suas múltiplas redes colaborativas, são compe-
especializadas, cada qual com inigualável perícia tentes para fornecer modelos para novas idéias,
e flexibilidade em uma particular fase ou tipo de para uma engrenagem inimaginável em grandes
produção. Utilizando refinadíssimo sistema de empreendimentos.
produção, ligam empresas de pequeno e médio POWELL (1990) coloca que exemplos deste tipo
porte com um vasto espectro de arranjos insti- de associação são encontrados no norte da Itália.
tucionais e promovem a apropriada coexistência
das indústrias, como um conjunto. 5.5 As Redes Empresariais como uma Nova
No suporte de serviços são incluídos: institu- Tipologia no Paradigma Industrial
tos de pesquisa industriais, centros de treinamen-
to vocacional, firmas de consultoria e agências GRANDORI & SODA (1995), numa com-
de marketing. A maioria dos fabricantes são pilação de diversos trabalhos, propõem uma
altamente especializados e o mais característico nova tipologia conhecida como Redes Inter-
é que cada firma é dependente do sucesso da Empresariais (Ver Figura 1). Descritos e
outra firma produtora, que complementa a sua. classificados segundo seus graus de formaliza-
Segundo POWELL (1990), as indústrias têxteis ção, centralização e mecanismos de cooperação,
do Sudoeste da Alemanha são exemplos deste as redes empresariais podem se apresentar como:
tipo de associação. (i) Sociais, (ii) Burocráticas e (iii) Proprietárias.
296 Olave & Amato Neto – Redes de Cooperação Produtiva
REDES DE EMPRESAS
• Redes Sociais: São redes em que o relacio- destina a regular não somente as especifica-
namento dos integrantes não é regido por ções de fornecimento, como também a pró-
nenhum tipo de contrato formal. Podemos pria organização da rede e as condições de
subdividi-las em Redes Sociais Simétricas ou relacionamento entre seus membros.
Redes Sociais Assimétricas. • Redes Burocráticas Simétricas: As associa-
• Redes Sociais Simétricas: Não existe um pólo ções comerciais por auxiliarem o desenvol-
detentor de poder diferenciado, isto é, todos vimento de acordos formais de relacionamen-
os participantes têm a mesma capacidade de to entre diversas firmas dos mesmos setores,
influência. Este tipo de rede é aconselhada sem que prevaleçam interesses particulares, é
para estimular desenvolvimentos de caráter um exemplo clássico e bastante comum de
mais exploratório onde as informações trata- redes burocráticas simétricas.
das apresentam alto potencial, mas valor • Redes Burocráticas Assimétricas: Redes de
econômico desconhecido. É útil também para agências, licenciamento e franquias são casos
regular transações entre parceiros quando as tradicionalmente conhecidos deste tipo de rede.
contribuições e performances são muito • Redes Proprietárias: Caracterizam-se pela
difíceis de avaliar por meios contratuais ou formalização de acordos relativos ao direito
burocráticos. Pólos e Distritos Industriais de de propriedade entre os acionistas de empre-
alta tecnologia (GRANDORI & SODA, 1995) sas. Podem ser classificadas também em
são um exemplo clássico deste tipo de rede, simétricas e assimétricas.
já que por um lado a propagação e comparti- • Redes Proprietárias Simétricas: São os joint-
lhamento de informações e conhecimentos ventures, geralmente empregadas na regulação
entre as empresas dos distritos são bastantes das atividades de pesquisa e desenvolvimento
eficientes e, por outro, a coordenação dessas (P&D), inovação tecnológica e de sistemas de
trocas baseia-se em mecanismos informais. produção de alto conteúdo tecnológico.
• Redes Sociais Assimétricas: Caracterizam-se • Redes Proprietárias Assimétricas: São nor-
pela presença de um agente central. Com malmente encontradas nas associações do tipo
freqüência existem contratos formais entre as capital ventures, que relacionam o investidor
firmas deste tipo de arranjo, mas os mesmos de um lado e a empresa parceira de outro.
se referem às especificações de produtos ou São encontradas em maior freqüência nos
serviços negociados, e não à organização do setores de tecnologia de ponta onde se estabe-
relacionamento entre as empresas. lecem os mecanismos de decisão conjunta e
• Redes Burocráticas: São caracterizadas pela até mesmo de transferência de tecnologia
existência de um contrato formal que se gerencial.
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Já para CASAROTTO FILHO (1999), devido funções, papéis e tarefas menos rígidas dentro da
à crescente complexidade das tarefas dentro das organização.
organizações, é preciso procurar e estabelecer Conforme CORRÊA (1999) apud VERRI
parcerias para trabalhar de forma associada entre (2000) existem três tipos de redes de empresas.
empresas. Este autor considera que é pouco É identificada como rede estratégica aquela que
provável que uma pequena empresa consiga se desenvolve a partir de uma empresa que
dominar sozinha todas as etapas de uma cadeia controla todas as atividades. É o caso, por
de produção. Pela formação de redes de exemplo, das montadoras de veículos e sua rede
cooperação percebe-se que as pequenas e médias de fornecedores, ou de empresas líderes em
empresas geralmente mais ágeis e flexíveis nos empreendimentos imobiliários, de vestuário e
seus processos que as grandes empresas, podem- calçados esportivos. A rede linear existe em
se tornar igualmente competitivas se agregarem torno da cadeia de valor, sendo seus participan-
as vantagens que as grandes tem como por tes os elos da cadeia, indo dos fornecedores de
exemplo tecnologias, logística e etc. matéria-prima até o cliente. Na rede dinâmica
De acordo com o anterior, CASAROTTO existe um relacionamento intenso e variável das
(1998) apresenta primeiramente dois tipos de empresas entre si. A liderança também não é
redes para pequenas empresas. Um primeiro fixa. É o modelo mais flexível e aberto de rede,
modelo de rede, denominado top-down se assim como o que melhor se adapta para a
caracteriza pelo fato de que empresas de menor conformação de empresas virtuais, em que cada
porte fornecem direta e indiretamente sua participante contribui com suas competências
produção à uma empresa-mãe, pelas subcontra- essenciais (HAMEL & PRAHALAD, 1995) de
tações, terceirizações, parcerias e outras formas modo que a rede apresenta vantagens competiti-
de repasse de produção. Neste caso, tanto vas significativas como um todo.
empresa-mãe quanto suas dependentes compe- Dentre as mais recentes formações de redes
tem pela liderança de custos. O segundo tipo de entre empresas encontrados na literatura, estão
rede é a rede flexível de pequenas empresas, que os Clusters e as organizações virtuais. O con-
acontece quando PMEs reúnem-se a partir da ceito de cluster, pode-se entendê-lo, de modo
formação de um consórcio com objetivos abrangente, como concentração setorial e
comuns, com cada uma das empresas sendo geográfica de empresas. Dentre as características
responsável por uma parte do processo de mais importantes temos o ganho de eficiência
produção, ou seja, o conjunto das atividades coletiva, entendida como a vantagem competiti-
desta empresa e a sua forma de funcionamento va das economias externas locais e da ação
faria com que elas atuassem como uma grande conjunta (PORTER, 1998). É importante
empresa. Neste caso, as empresas conseguem ressaltar que os clusters são formados apenas
competitividade por obterem boa relação entre quando os aspectos setorial e geográfico estão
flexibilidade e custo. concentrados. Num cluster encontra-se um
Existem outros autores como WOOD JR. & amplo escopo para a divisão de tarefas entre
ZUFFO (1998) para os quais existem três tipos empresas, bem como para a especialização e
de estruturas para redes. Os autores apresentam para a inovação, elementos essenciais para a
a estrutura modular como aquela na qual a competição além de mercados locais.
organização mantém as atividades essenciais da De acordo com AMATO (1999), há uma
cadeia de valores e terceiriza as atividades de grande dificuldade de caracterização de um
suporte, mantendo o controle sobre as mesmas; clusters, já que os sistemas produtivos nem
a estrutura virtual que liga temporariamente as sempre podem ser claramente separado nas
redes de fornecedores, clientes e ou concorren- categorias disperso ou aglomerado (Clustered).
tes; e a estrutura livre de barreiras que define Os limites entre estas categorias nem sempre são
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AUTOR TIPOLOGIA
GRANDORI & SODA Redes Sociais: Simétricas e Assimétricas
(1995) Redes Burocráticas: Simétricas e Assimétricas
Redes Proprietárias: Simétricas e Assimétricas
CASAROTTO & Redes Top-Down: Subcontratação, terceirização, parcerias
PIRES (1998) Redes Flexíveis: Consórcios
WOOD JR & ZUFFO Estrutura Modular: Cadeia de Valor e Terceirização Atividades de Suporte.
(1998) Estrutura Virtual: Liga temporariamente rede de fornecedores.
Estrutura Livre: de barreiras, define funções, papéis, tarefas.
CORRÊA (1999), Rede Estratégica: Desenvolve-se a partir de uma empresa que controla todas as
VERRI (2000) atividades.
Rede Linear: Cadeia de Valor ( participantes são elos).
Rede Dinâmica: Relacionamento intenso e variável das empresas entre si.
PORTER (1998) Cluster: Concentração setorial e geográfica de empresas. Caracterizado pelo
ganho de Eficiência Coletiva.
BREMER (1996) Empresa Virtual: Ponto de vista Institucional e Funcional.
GOLDMAN (1995) Institucional: Combinação das melhores competências essenciais de empresas
legalmente independente.
Funcional: Concentração em competências essenciais coordenadas através de uma
base de tecnologia da informação.
Fonte: Autores
nítidos e, em alguns casos, pode haver um mix & SCHMITZ, 1998), os quais representam o
das duas formas de organização. Convém conceito de eficiência coletiva, a saber:
destacar que esta dificuldade não altera em nada • divisão do trabalho e da especialização entre
o fato essencial de que a aglomeração traz produtores;
ganhos em eficiência coletiva e que raramente • estipulação da especialidade de cada produtor;
produtores separados podem atingir. Por outro • surgimento de fornecedores de matérias-
lado, porém, estes ganhos em eficiência não primas e de máquinas;
resultam, necessariamente, da existência de um • surgimento de agentes que vendam para
cluster. A eficiência coletiva deve ser entendida mercados distantes;
como o resultado de processos internos das • surgimento de empresas especialistas em
relações interfirmas. A Tabela 1 apresenta as serviços tecnológicos, financeiros e contábeis;
várias tipologias de redes de empresas conside- • surgimento de uma classe de trabalhadores
rando os vários autores citados. assalariados com qualificações e habilidades
Cabe observar, também, que a concentração específicas;
geográfica e setorial de PMEs são sinais • surgimento de associações para a realização
evidentes da formação de um conglomerado de lobby e de tarefas específicas para o con-
(cluster), porém não suficientes para gerar junto de seus membros.
benefícios direitos para todos os seus membros.
Esses benefícios só podem ser obtidos via um Embora a literatura existente apresente um
conjunto de fatores facilitadores (HUMPHREY vasto leque de explicações sobre a formação e
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básico de WILLIAMSON (1985) é que Merece menção ainda uma outra abordagem
“transações que envolvem incertezas sobre seus não baseada na lógica dos custos de transação,
resultados são freqüentes e requerem investi- proposta por RICHARDSON (1972) apud
mento em ativos específicos, por isso, tenderão a MORVAN (1991). Os autores partem do
ser internalizadas pela firma (hierarquia). Já as conceito de similitude e de complementaridade
transações simples, não-repetitivas e que não para desenvolver a lógica de articulação das
requerem investimento em ativos específicos atividades produtivas. Segundo RICHARDSON
tenderão a ocorrer através do mercado (transa- (1972), a essência da cooperação reside no fato
ções de mercado)”. de que os parceiros aceitam comprometer-se
Neste modelo, mercado e hierarquia são com algumas obrigações e fornecem, em
considerados duas “estruturas” particulares, contrapartida, um certo grau de garantia quanto
cujos custos variam de acordo com a freqüência ao seu comportamento futuro. Na ausência de
das transações, grau de especificidade dos ativos comprometimento voltaríamos ao caso da
necessários e o grau de incerteza sobre os transação pura. A cooperação é apresentada,
resultados esperados. “O comportamento opor- portanto, como uma forma de organização
tunístico e racionalidade limitada, a incapacidade alternativa às transações de mercado e pertinente
dos atores de elaborar contratos que cubram em si (MORVAN, 1991).
todas as contingências possíveis associadas à
transação, são razões importantes que podem 7. Requisitos Essenciais Para o Nascimento e
levar a firma a preferir internalizar a transação e Desenvolvimento de Redes de Empresas
assim evitar os custos associados à transação de
mercado. Quando as transações são internaliza-
das torna-se menos importante prever todas as
contingências possíveis, pois elas podem ser
T anto CORRÊA (1999) como CASAROTTO
FILHO (1999) concordam que o nascimen-
to, a sobrevivência, em fim das redes depende da
administradas pela estrutura de governança da discussão e equacionamento destes três aspectos:
firma. Também o oportunismo é mitigado neste a cultura da confiança, a cultura da competência
caso pelas relações de autoridade e pela mais e a cultura da tecnologia da informação. Ver
forte identificação que existe quando as partes maiores detalhes na Tabela 2.
envolvidas pertencem a uma mesma organiza-
a) Cultura da Confiança: diz respeito aos
ção” (WILLIAMSON, 1985).
aspectos ligados à cooperação entre as em-
Mercado e hierarquia correspondem, portan-
presas, envolvendo aspectos culturais e de
to, a formas alternativas de coordenação da
interesse de pessoas e de empresas. A ética
atividade econômica. Há formas de coordenação,
assume um papel fundamental e o conheci-
no entanto, que não podem ser asseguradas nem
mento sobre as pessoas ou empresas que têm
pela firma (hierarquia) nem pelo mercado, e
interesses comuns torna-se o primeiro passo
decorrem da cooperação entre firmas; são as
para a geração desta cultura. Conforme
redes de cooperação interfirmas.
CORRÊA (1999), o fortalecimento da confi-
Para POWELL (1990), há uma grande varie-
ança entre os parceiros é fundamental para
dade de situações que dão origem a arranjos em
todo o desempenho das redes.
rede, e que em apenas uma minoria de situações
pode-se atribuí-las ao objetivo de minimização b) Cultura da Competência: diz respeito às
de custos de transação. Considerações estratégi- questões ligadas às competências essenciais
cas como acesso a recursos críticos e conheci- de cada parceiro. Engloba desde aspectos
mentos especializados, por exemplo, tendem a materiais como as instalações e equipamen-
ter um peso maior que custos de transação num tos, até aqueles imateriais como os processos,
grande número de situações. o saber como fazer os processos (know how).
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A partir de inúmeros casos citados na biblio- para a realidade das pequenas e médias empresas
grafia, parece claro que estas formas de (PMEs), permite vincular-lhes a estratégia a esta
cooperação têm efetivas possibilidades de cooperação, visando a otimização da geração de
conduzir as organizações a um desenvolvimento valor para o cliente final da cadeia de produção.
sustentável também no Brasil, já que sua É sem dúvida um caminho plausível para o
inserção em um panorama globalizado e desenvolvimento de empresas pequenas em uma
concorrencial mostrou ser definitiva. Esta economia globalizada, concorrencial e em busca
possibilidade, aparentemente factível também de competitividade como a brasileira.
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