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de alguma forma para obter uma cópia deste livro, converse com quem te vendeu, pois esta
pessoa provavelmente está agindo de má fé.
Este livro está registrado nos arquivos da Biblioteca Nacional (www.bn.gov.br) e está
devidamente protegido pelas leis do Direito Autoral.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -2-
Sumário
O que é este livro? ......................................................................................................- 4 -
Este livro é para você? ..................................................................................................- 6 -
Como ler este livro? ....................................................................................................- 8 -
Introdução – Conceitos Básicos da Música ......................................................................... - 11 -
Escalas Diatônicas – Escalas Maiores ............................................................................... - 21 -
Escala Cromática Simples ............................................................................................ - 39 -
Escala Cromática Composta ......................................................................................... - 50 -
Acordes – Conceito e Formação .................................................................................... - 53 -
Acordes Dissonantes .................................................................................................. - 63 -
Campo Harmônico – Conceito e Prática........................................................................... - 71 -
Graus da Escala ........................................................................................................ - 82 -
Escala Menor Natural, Harmônica e Melódica .................................................................... - 85 -
Funções Harmônicas – Introdução .................................................................................. - 99 -
Funções Harmônicas Secundárias ................................................................................. - 105 -
Acorde Diminuto – Conceito, Formação e Uso Prático ....................................................... - 111 -
Transposição – Conceito e Técnicas .............................................................................. - 118 -
Modulações e a Cadência II – V – I ............................................................................... - 123 -
Prática de Banda / Conjunto no Louvor ......................................................................... - 133 -
Palavras Finais........................................................................................................ - 150 -
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -3-
O que é este livro?
Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as
coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.
Romanos 11:36
Se não fosse por Ele nada existiria. Se não fosse por Ele não existiria música. Se não fosse por Ele
nada faria sentido. Nem eu nem você estaríamos aqui.
Eu só aprendi o que sei sobre música porque um dia Deus me permitiu ouvir e cantar hinos a Ele.
Depois, apesar de minhas muitas limitações, Deus me permitiu aprender a tocar um instrumento.
E por fim, Deus colocou em mim um desejo de aprender mais sobre música e me proporcionou
os meios para que eu conseguisse atingir esse objetivo.
Em segundo lugar este livro é um trabalho de ensino de música para qualquer pessoa. Minhas
raízes musicais são de origem cristã, mas as teorias da música que serão ensinadas aqui são
aplicáveis em qualquer estilo ou instrumento musical.
No entanto, o conteúdo do livro não é focado em música clássica ou outros estilos musicais mais
complexos. Meu intuito é abordar os temas mais comuns à maioria das pessoas, particularmente
aos novos instrumentistas que tocam em igrejas.
Isso não quer dizer que os conceitos que serão ensinados sejam superficiais ou de pouca utilidade.
Pelo contrário, o que você vai aprender te dará ferramentas para iniciar e evoluir na sua trajetória
musical.
Meu objetivo não é ser perfeitamente preciso nos termos e fundamentos teóricos. Este livro não
é um trabalho acadêmico. Quero ser o mais didático o possível e ensinar aquilo que, na minha
opinião, é realmente importante para que você adquira ou aprimore conhecimentos.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -4-
No decorrer do livro haverá diversos exemplos práticos e exercícios para você estudar e praticar.
Eu gosto de usar linguagem simples e direta, como se eu estivesse conversando com você. Espero
que assim as coisas fiquem mais fáceis de entender.
****
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -5-
Este livro é para você?
Salmos 150:6
ESTA PERGUNTA é muito importante. Eu gosto de começar meus textos com ela.
O motivo da pergunta é que não quero que você perca tempo lendo algo que não é para você.
Tempo é um recurso escasso e valioso, por isso eu o valorizo muito.
• Querem aprender música de forma mais completa, ficar independente de cifras e/ou
escalas prontas.
• Querem poder tocar de ouvido, saber tocar qualquer música, em qualquer tonalidade.
• Querem ter uma noção melhor de como improvisar sem ficar “chutando” notas
aleatoriamente (e errando).
• Não querem tocar de forma robótica e “quadrada”, sem entender o que estão tocando.
• Querem entender melhor seu papel na música e no louvor a Deus.
Nas explicações dos conceitos do livro, sempre partimos do princípio que você ainda não toca
nenhum instrumento e não conhece muito sobre música. Então, pode ser que para alguns leitores
o texto pareça um pouco detalhado demais. Eu optei por essa abordagem visando atingir o
máximo de pessoas que for possível.
Porém, mesmo se você já toca algum instrumento, acredito que o conteúdo desse livro pode
enriquecer seu conhecimento.
O propósito do meu trabalho não é ensinar tudo que há sobre teoria musical. Não tenho essa
pretensão, até porque estou longe de saber tudo. A ideia é te ajudar na construção das bases do
conhecimento, para que você entenda a música de uma forma mais ampla e assim possa andar
com as próprias pernas no futuro.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -6-
Acredito verdadeiramente que se você acompanhar as lições, estudar e praticar, seu aprendizado
será muito proveitoso e sem dúvidas você será um instrumentista melhor.
E por fim, este livro não é focado em um instrumento musical específico. A teoria musical é
praticamente igual para todos os instrumentos. Por isso, tentarei ser o mais abrangente o possível
para que qualquer pessoa possa aproveitar o conteúdo.
No entanto, para facilitar a compreensão de alguns temas, em alguns momentos vou usar
desenhos de teclas de piano ou do braço de um violão para ilustrar melhor alguns conceitos, pois
são instrumentos mais populares e mais didáticos.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -7-
Como ler este livro?
Portanto, quer comais quer bebais, ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de
Deus.
1 Coríntios 10:31
PARECE UMA PERGUNTA com uma resposta óbvia, mas não é. Este livro não é apenas para ser lido. É
para ser estudado.
No livro não há respostas para todas as perguntas sobre teoria musical, e muitos temas exigem
que você estude o que leu e pratique em seguida.
Como escritor e professor, é muito difícil de se prever o quanto do livro você vai conseguir
absorver. Mas uma coisa eu tenho certeza: se você não praticar, você não absorver muito.
Lembre-se que qualquer coisa na vida exige tempo. Algumas pessoas têm mais facilidade do que
outras em alguns assuntos, e por isso o tempo de estudo e prática varia. Mas independente disso,
você precisa se dedicar.
Após muitos anos dando aulas, concluí que há 2 atitudes que mudam totalmente o
aproveitamento dos alunos:
Essa é a atitude número 1 quando se diz respeito a aprender algo. Isso vale para música e para
qualquer outro assunto que você queira aprender bem. Lembre-se que eu disse que você precisa
estudar e praticar. Com estudo, prática e a quantidade certa de tempo, você vai dominar o
conteúdo.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -8-
E como saber se o conteúdo já foi dominado?
Minha dica para esse ponto é a seguinte: se você conseguir dar uma aula de 5 minutos para
alguém (pai, mãe, filho, esposa, marido, amigo, papagaio, etc.) sobre o tema que você está
estudando, quer dizer que já tem um domínio suficientemente bom.
Mas essa aula precisa ser boa e o seu “aluno” precisa entender, senão não vale, ok (tirando o
papagaio)?
Nas aulas presenciais esse é um tema que sempre abordo insistentemente. Muitos alunos ficam
com dúvidas e não fazem perguntas para esclarecê-las. Aí, passam para a próxima lição sem
entender a lição anterior. Com isso acumulam dúvidas e no fim não aprendem nada direito.
Como aqui não estamos num ambiente de aula, esse problema pode se acentuar. Por isso eu me
coloco a sua disposição para tirar suas dúvidas. Entre em contato comigo pelo e-mail e esclareça
suas dúvidas. Eu farei o possível para te responder da melhor forma que eu puder.
Como eu mencionei antes, o conteúdo deste livro não é focado num instrumento específico.
Então, o que for possível de se praticar no seu instrumento, pratique!
Mesmo que você tenha acabado de começar a tocar, tente aplicar o que puder.
Depois que você entender um tema, tente transportar o conhecimento para alguma música que
você já conhece, ou para alguma melodia que você já toca.
Tendo essas atitudes, acredito que você terá um excelente aproveitamento do livro.
***
Em alguns trechos do livro há algumas opiniões particulares que podem ser consideradas um
pouco polêmicas. Eu sempre vou destacar esses trechos para você saber. Quando aparecer um
desses assuntos, saiba que ali está expressa a minha opinião, que você pode concordar ou não.
Por fim, no início de cada capítulo haverá um pequeno texto para reflexão baseada em versículos
bíblicos e um resumo do que você vai aprender.
Meu objetivo com isso é te fazer parar para pensar por alguns poucos minutos. Nossa vida é
corrida e geralmente nós só queremos chegar no resultado, mas esquecemos que o caminho até
ele também é muito importante.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 -9-
Mesmo se você não for cristão, te convido a ler e meditar no tema que for trazido. Talvez parar
um pouco para pensar possa fazer alguma diferença na sua vida.
Uma coisa é certa: você não tem nada a perder, e essa é uma boa oportunidade para você
conhecer um pouco melhor como é viver debaixo dos cuidados e da atenção de Deus.
E se nem em Deus você acredita, tudo bem. Os conceitos sobre Teoria Musical se aplicam da
mesma forma e sem dúvidas o livro terá utilidade para você.
Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai
completá-la até o dia de Cristo Jesus.
Filipenses 1:6
***
NESTE INÍCIO DOS ESTUDOS vamos abordar temas mais genéricos, aplicáveis a qualquer instrumento.
Meu intuito nesta parte não é ser extremamente preciso nos termos e definições, mas te explicar
as coisas de forma fácil de entender.
• Melodia: é a sequência de sons sucessivos, uma nota após a outra. Ex.: dó, ré, mi, fá, fá,
fá, dó, ré, dó, ré...
• Harmonia: é o conjunto de sons (notas) tocados ao mesmo tempo, geralmente formando
acordes.
• Ritmo: é a velocidade, cadência em que as notas são tocadas.
Os sons na música são divididos em 7 notas musicais (e suas variações), que com certeza você já
conhece.
Estas notas podem também ser representadas pelas seguintes letras (chamamos isso de cifra):
Nota Cifra
DÓ C
RÉ D
É importante já se acostumar com essa
MI E
nomenclatura. Na maior parte deste livro vou me
FÁ F
referir às notas na forma de Letras (Cifra)
SOL G
LÁ A
SI B
Eu digo sempre que música é como um idioma. Você começa aprendendo aos poucos. Aprende
o alfabeto, depois forma sílabas, depois forma palavras, depois forma frases e depois forma
textos, poemas, diálogos, etc.
Assim como qualquer outro idioma, aprender música tem etapas e fases, e normalmente cada
uma dessas etapas é pré-requisito para outras.
Muita gente pula etapas e aprende esse idioma musical “na raça”, e por isso acaba não
aprendendo a falar direito. No fim, ficam com um vocabulário muito pequeno e limitado. Para
evitar isso é que estamos aqui.
A parte sonora diz respeita a tocar um instrumento ou cantar. É quando você aprende a “falar” o
idioma.
A parte escrita diz respeito à escrita musical, ou Notação Musical, que é quando você aprende a
“escrever e ler” o idioma.
Diferentemente dos idiomas normais, a música é algo universal, e em qualquer parte do mundo,
tanto a escrita quanto a parte sonora seguem os mesmos princípios. Obviamente, cada parte do
mundo tem seus “sotaques”, mas a essência é a mesma.
Existe um padrão para a escrita musical, que é feita no que chamamos de Partitura ou Pauta.
Linha
Espaço
Toda partitura sempre inicia com um símbolo, que chamamos de Clave, que é o símbolo musical
que serve para dar nome às notas.
Cada linha e cada espaço servem para indicar uma nota musical que pode variar de acordo com
a clave. Além dessas 5 linhas, é possível (e muito comum) desenhar linhas adicionais tanto acima
quanto abaixo da pauta padrão (veja mais à frente).
Infelizmente, neste livro não vou abordar em detalhes a parte de escrita e leitura de partituras.
Isso por si só daria um livro. Mas vou te mostrar o básico para que você, quando olhar para uma
partitura, não fique totalmente perdido.
Clave
de Sol
Clave
de Fá
Clave
de Dó
Na figura acima temos uma sequência básica de notas. Perceba que a sequência é seguida usando
as linhas e os espaços, tanto subindo quanto descendo.
A posição das Claves na pauta pode variar, e, dependendo de em qual linha a Clave se encontra,
as notas na pauta mudam:
• No caso acima, a clave de Sol se inicia na 2° linha (conta-se de baixo para cima; o começo
da clave é onde começa a curvinha).
Isto quer dizer que a nota que se encontra nesta linha será a nota Sol, já que esta é a Clave
de Sol. E é por isso que a clave dá nome às notas.
• A clave de Sol é usada na maior parte dos instrumentos musicais, e é sempre usada na 2°
linha (de baixo para cima).
• A Clave de Dó também pode ser usada em diversas linhas, de acordo com o instrumento.
Como assim?
Por exemplo, como mencionado anteriormente, a Clave de Sol sempre é posicionada na segunda
linha da pauta. A nota desta linha ganha o nome de Sol. A partir desse momento, a segunda linha
SEMPRE será chamada de Sol.
Como depois da nota Sol vem a nota Lá, o espaço acima da segunda linha SEMPRE será chamado
de Lá.
Da mesma forma, a nota do espaço abaixo da segunda linha SEMPRE será a nota Fá.
Essa lógica vale para todas as notas, em todas as Claves. Veja abaixo uma Pauta com a Clave de
Sol.
Em resumo, depois de posicionada a Clave, todas as linhas e espaços recebem suas respectivas
notas e essas notas só podem ser alteradas por uma mudança de Clave.
Esse conceito é importante pois é assim que se aprende a ler uma partitura. Imagine se as notas
ficassem mudando de nome com frequência. Isso dificultaria o processo de escrita e leitura.
Para podermos entender melhor esse ponto, precisamos antes que conhecer o conceito de
compasso:
Existem várias formas de descrever um compasso. Essas formas ou Fórmulas de Compasso vão
determinar quantos tempos (divisões) o compasso terá.
Ainda está confuso, não é? Já vou explicar melhor, mas antes preciso que você entenda outro
conceito: as Figuras Musicais.
É aqui que a maioria das pessoas começa a se perder. Existem várias figuras musicais na notação
musical.
Uma figura musical é como uma letra de um alfabeto. Você precisa memorizar o significado de
cada uma dessas figuras para poder entender uma partitura.
Em primeiro lugar, existem figuras para determinar períodos com som e períodos de silêncio.
Cada figura representa uma quantidade de tempo que a nota deve ser tocada (figura positiva) ou
a quantidade de tempo de silêncio (figura negativa).
Com essas figuras são escritas praticamente todas as músicas que existem. Também existem
figuras para determinar intensidade, volume, ritmo, pausas, repetições, etc.
Vou detalhar apenas as Figuras Positivas, que são aquelas que devemos tocar, que produzem
som. Elas são as seguintes:
Quanto mais “pernas”, menos tempo a figura tem, e quanto menos tempo, mais curta é a
duração da nota.
Por exemplo, uma Colcheia vale metade da Semínima, o que quer dizer que para
preencher o mesmo espaço de uma Semínima, são necessárias 2 Colcheias. O tempo de
duração de uma nota representada por uma Colcheia é a metade do tempo de uma nota
representada por uma Semínima.
Uma Semicolcheia vale ¼ de uma Semínima, ou seja, são necessárias 4 Semicolcheias para
preencher o espaço de uma Semínima. E assim por diante.
Espero que você tenha compreendido. Por exemplo, uma Semibreve (nota mais longa) equivale
à 4 Semínimas, ou à 32 Fusas, e assim por diante.
As figuras para representar o silêncio (figuras negativas) seguem o mesmo raciocínio, ou seja,
quanto mais “pernas”, menos tempo de silêncio. Veja:
O silêncio faz parte da música. Ficar em silêncio pode ser tão importante quanto tocar. Aprenda
isso desde já.
Na frente da clave, há um número sobreposto sobre o outro. O número de cima dirá o número
de tempos e o de baixo é a figura de compasso, ou seja, a figura que determinará a duração de
cada tempo.
Fim do Compasso
Por exemplo, um compasso 4/4 tem 4 divisões e cada divisão tem a duração de uma Semínima
(código 4 na nossa tabela anterior). Como a Semínima vale 1 tempo, um compasso 4/4 possui 4
divisões de 1 tempo.
É a clássica contagem 1, 2, 3, 4 na música (sabe aquelas batidas com as baquetas da bateria para
iniciar uma música?).
Outro exemplo:
Num compasso 2/4 temos 2 tempos de semínimas. Você conta 1,2 e o compasso acabou.
Num compasso 3/4 temos 3 tempos de semínimas. É o compasso típico da Valsa. 1,2,3...1,2,3...
1,2, 3...
Seriam 2 tempos de Mínima. A Mínima vale 2 tempos (ou duas Semínimas). Isso quer dizer que
este compasso é mais longo, com mais notas longas.
E um compasso 4/8? São 4 tempos de Colcheia. A Colcheia vale metade de uma Semínima. Neste
caso, o compasso é mais curto, com mais rápidas.
Saber ler partitura é importante e ajuda bastante. Assim como aprender a ler qualquer idioma,
exige muito estudo e prática. Quanto mais você pratica, mais fluente você fica.
Se ler partitura é seu objetivo, há muitos métodos e cursos que você pode seguir. Na internet há
bastante conteúdo.
O que eu quis trazer aqui é apenas uma introdução, para te dar uma noção e você não se assustar
quando olhar para uma partitura.
Para fazer uma aplicação prática do que ensinei aqui sugiro que você dê uma olhada em algumas
partituras para identificar as figuras, as notas, os compassos, etc. Assim você já vai ficando mais
familiarizado. Provavelmente você não saberá ler a partitura logo de início, mas pelo menos você
poderá identificar os componentes dela.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não
para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança.
É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.
Colossenses 3:23-24
Conceito de Escalas
Tom e Semitom
Acidentes musicais
Tipos de Semitons
Escalas Diatônicas Maiores – Conceito e Regra de Formação de Escalas
Dobrado Bemol e Dobrado Sustenido
Quadro de Escalas Maiores
***
ESTE PRIMEIRO TEMA É VITAL. É ele quem vai criar os alicerces do conhecimento para todo nosso
estudo, tanto da parte sobre melodia quanto da parte sobre harmonia, e por isso, este primeiro
capítulo é um pouco mais longo.
Não avance nos estudos se não compreender muito bem o que for ensinado aqui.
Não é um tema difícil, mas, dependendo do seu conhecimento prévio sobre o assunto, pode exigir
de você um pouco mais de tempo para fixação dos conceitos.
Vamos lá!
Escala é uma sequência de notas que seguem uma orientação, um padrão, baseada em uma nota
principal, a TÔNICA. Essa definição pode não ser totalmente precisa do ponto de vista técnico,
mas é a melhor forma que encontrei de definir uma escala de forma que seja fácil de se
compreender.
Antes de entrarmos a fundo nesse assunto das escalas, é necessário você entender o conceito de
Tom e Semitom:
Um Semitom é o espaço mínimo que existe entre uma nota e outra. É a “distância mínima” entre
duas notas. Também é chamado de Meio Tom.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
No piano, o semitom acontece entre duas teclas “vizinhas”, que podem ser brancas ou pretas.
Semi Tom
1ª Casa
No violão, o semitom (ou meio tom) acontece entre duas casas “vizinhas” do braço do
instrumento. Isso também vale para a guitarra, baixo, cavaquinho, alaúde, viola caipira, e outros
instrumentos que possuem “casas” no braço.
Mas na verdade, dizer que o semitom é o espaço mínimo entre duas notas não é inteiramente
verdadeiro.
Existem instrumentos que não possuem casas ou outras marcações para dividir os semitons. São
os instrumentos de escalas “não-temperadas”. O violino é um bom exemplo disso. Não há casas
no braço no violino, e por isso no início é muito difícil acertar as notas corretamente.
Muitas vezes você tenta fazer a transição entre 2 notas e acaba desafinando. O que acontece
nesses casos é que, por exemplo, você deveria ter alcançado os 4 comas e meio, mas acabou só
alcançando 3 comas e meio. É necessário haver uma boa dose de precisão no movimento.
Outro bom exemplo é o trombone de vara. A vara não possui marcações. Se o músico não a
posicionar corretamente, a nota não fica afinada.
O mesmo conceito se aplica para a voz. Em alguns casos, alguma nota muito aguda ou muito grave
não é alcançada corretamente, ficando alguns comas acima ou abaixo, o que caracteriza a
desafinação.
Mas isso é algo que no nosso estudo não vamos considerar. Há algumas técnicas e estilos que
usam essa abordagem dos comas, mas não vamos entrar nesse tema.
Existem dois símbolos muito importantes na Música, que são usados quando queremos alterar
uma nota em um semitom. Chamamos esses símbolos de Acidentes. Os principais são:
Exemplo:
Mi para Fá. É um intervalo de meio tom (semitom), mas formado por duas notas com nomes
diferentes.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Semitom Cromático - é aquele formado por notas de mesmo nome, mas com entoação
(sonoridade) diferente.
Exemplo: de Dó para Dó#. É um intervalo de meio tom com notas de mesmo nome (Dó), porém
com entoação (som) diferente.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Por enquanto isso é tudo que você precisa saber sobre Semitons.
Exemplo:
Outro exemplo. De Ré# para Fá também temos dois semitons. Ou de Sol# para Lá#.
Tendo entendido isso (se não entendeu volte) o resto fica fácil.
Você deve ter percebido que as teclas pretas do piano podem ter nomes diferentes (por exemplo,
Dó# ou Réb). Se você não compreendeu isso ainda, não se preocupe. Vamos entrar nesse detalhe
em seguida.
Escala Diatônica é aquela em que as notas não se repetem, ou seja, têm as 7 notas musicais.
A Escala Diatônica, pode ser uma Escala Maior ou Escala Menor. Há diferenças importantes entre
elas, e por enquanto vamos nos ater apenas às Escalas Maiores.
Então, de agora em diante, sempre que eu me referir à Escala Maior ou Escala Menor, estaremos
falando de uma Escala Diatônica, ok?
Voltando ao assunto...antes de mostrar como construir uma Escala Maior preciso que você
entenda a importância desse assunto.
Pergunta: “Essa música está em que tom? Qual é o tom dessa música?”
Resposta: “Ah, essa música está em Dó.”
Quando se diz que uma música está em Dó, quer dizer que ela está na tonalidade da Escala Maior
de Dó, e que significa que a maioria das notas da melodia / harmonia deve respeitar esta escala.
Via de regra, se você tocar uma nota que não respeita essa regra, que não faz parte da Escala da
tonalidade da música, essa nota soará estranha, errada. É o que chamamos de “nota fora do tom
ou fora da escala”.
Há exceções para essa regra. Algumas vezes, notas “fora da escala” soam bem e SEMPRE há uma
explicação para esses “acidentes” bonitos. Algumas dessas explicações vou mostrar em capítulos
posteriores deste livro.
Mas eu diria que pelo menos 90% das músicas populares, cristãs ou não, respeitam a Escala de
sua tonalidade. Ou seja, uma música em Dó Maior terá, predominantemente, notas da Escala
Maior de Dó. Uma música em Sol Maior terá notas da Escala Maior de Sol, e assim por diante.
Por fim, eu diria que esse assunto você deve dominar completamente. Você tem que saber esse
negócio de cabo a rabo, de trás para frente, de cabeça para baixo, etc.
Explicando:
Tomando a nota básica, a Tônica (T), avançamos um tom, depois outro tom, depois um semitom,
e assim por diante. Por último avançamos outro semitom, retornando à Tônica.
Exemplo:
Tomando como Tônica a nota Dó, deve-se substituir a letra T da fórmula pelo Dó. Depois só seguir
a fórmula.
Substituindo temos:
De Dó para Ré existe um tom (Dó-Dó#-Ré). Se ficar em dúvida olhe no desenho abaixo mais uma
vez
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Geralmente o pessoal acha que Escalas é um tema muito fácil e aprende de qualquer jeito, isto é,
aprende errado. O que quero dizer é que 99% das pessoas esquece que uma Escala Diatônica
precisa ter todas as 7 notas musicais.
Vamos continuar fazendo outras Escalas Maiores e você já vai entender onde quero chegar.
Bom, ainda está fácil, certo? Temos todas as 7 notas musicais de novo, não importa se uma está
com sustenido. Um Fá# continua sendo um Fá e por aí vai.
E agora? Qual é a nota que vem depois do Lá? Sabemos que da 3ª para a 4ª nota temos que
avançar um semitom.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Podemos ter um Lá# ou um Sib. Qual devemos usar?
Acredito que depois de dar tantas dicas ficou fácil de responder, certo?
Simples: porque já temos uma nota Lá na escala, e não pode haver outra na mesma Escala
Diatônica, porque senão iria faltar uma das notas musicais, no caso a nota Si.
Ao ouvido é a mesma coisa sim. As duas notas soam exatamente iguais. Estão na mesma posição.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Mas na hora de se ler uma partitura de uma música em Fá Maior, dificilmente você vai encontrar
um Lá#.
Por exemplo, a linha central (3ª linha de baixo para cima) da Clave de Sol só pode se chamar Si.
Não existe nenhuma hipótese de a linha central da Clave de Sol mudar de nome. Faça chuva ou
faça sol, ela sempre será a nota Si.
E se quisermos alterar a entonação (o som) da nota dessa linha central (ou de qualquer outra
linha/espaço)?
Ou seja, toda e qualquer escala vai ter um DÓ, um RÉ, um MI e assim por diante.
E na partitura, você sabe qual escala está tocando primeiramente por uma “coisa” chamada
Armadura da Clave. Eita...começou a complicar né? Calma...vou explicar.
A Armadura da Clave são os Sustenidos ou Bemóis que ficam do lado do desenho da Clave.
Colocar os sustenidos ou bemóis ao lado da Clave altera todas as notas das linhas / espaços em
questão na partitura que estivermos lendo.
Como assim?
No exemplo que estamos tratando, da escala de Fá Maior, do lado do desenho da Clave de Sol
havia um Bemol na linha central (nota Si), e isso indica que, a não ser que haja alguma indicação,
TODAS as notas Si da música em questão serão “bemolizados”, ou seja, só teremos Sib nesta
música.
Mas cuidado! O Bequadro deve aparecer antes da nota que você quer “limpar”, e ele vale
somente para aquela nota, no compasso em vigor. Quando o compasso acaba, volta a valer o que
está definido na Armadura da Clave.
Veja abaixo todos os símbolos que podem alterar uma nota numa partitura:
Nessa hora os alunos costumam falar assim: EITA! Dobrado Sustenido? Dobrado Bemol?
Eu sempre dou risada. Sim, existe um Dobrado Bemol e um Dobrado Sustenido. Vou te mostrar
logo mais onde usar esses símbolos.
Bom, aqui é bom fazer uma pausa e revisar o que você leu. Pode ser que haja alguma dúvida e é
importante que você esteja com os conceitos bem fixados para que as próximas etapas sejam
proveitosas.
Tente preencher o restante. Se precisar use o desenho do piano que está nas páginas anteriores.
1 – A escala sempre começa com uma nota (a Tônica) e acaba com a mesma nota.
2 – Lembre-se que toda escala possui as 7 notas musicais. Se faltou alguma você com certeza
errou.
Agora vamos falar sobre mais um erro comum quando se estudam as escalas.
Em primeiro lugar, já falamos várias vezes que qualquer Escala Diatônica (seja Maior ou Menor)
possui as 7 notas musicais. Só isso seria suficiente para derrubar essa história que não existe Mi#
e Si#.
Veja o seguinte:
Escala de Dó Maior
Tônica Tom Tom Semitom Tom Tom Tom Semitom
(T) (t) (t) (st) (t) (t) (t) (st)
DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI DÓ
Aqui começa a dar nós na cabeça de alguns. Qual é a terceira nota da Escala? E a sétima nota?
Estamos aqui e
precisamos avançar um
tom (2 semitons)
O erro que a maioria das pessoas comete aqui é usar um FÁ como terceira nota. E no espaço da
7ª nota, seguindo a mesma lógica, muitas pessoas colocam um DÓ. Aí ficaria assim:
Se considerarmos que deveria haver as 7 notas musicais na escala, ficaram faltando 2 notas (Mi
e Si).
Se você colocar um # no espaço do Dó (figura acima), todos as notas Dó desta música seriam
Sustenidas. Mas a nossa escala fictícia (errada) também tem Dó natural (sem o sustenido).
O mesmo problema para a nota Fá. Temos Fá Natural e Fá# na mesma escala.
Na armadura não é possível. Você teria que encher sua pauta de Bequadros, o que deixaria ela
extremamente poluída.
Agora temos as 7 notas musicais, e, dessa forma, é possível representar a escala na Armadura da
Clave. Ficaria assim:
Ufa!
O conceito aqui é muito parecido com o que já estudamos. Um Dobrado Sustenido eleva a nota
2 semitons. O Dobrado Bemol diminui a nota em 2 semitons. Simples.
Simplesmente coloquei um bemol na frente de cada nota da escala de Fá. A nota Si da escala de
Fá natural já tinha um bemol.
Como reduzimos meio tom a escala como um todo, a nota Si, ganhou mais um bemol, ficando
com o Dobrado Bemol.
Assim respeitamos a regra básica de termos todas as 7 notas musicais na escala e, dessa forma,
seria possível desenhar uma Armadura de Clave dessa escala.
Agora, na prática, não faz sentido tocar ou escrever nada na escala de Fá bemol. Seria bobeira. A
sonoridade de Fáb e de Mi é exatamente a mesma, mas uma partitura escrita em Fáb é muito
mais complicada de ler.
Então, para que dificultar? Basta escrever tudo na escala de Mi e aí fica muito mais fácil de
escrever, ler e executar.
No fim, não se escreve nada em tonalidades que possuam Dobrados Sustenidos / Bemóis.
Porém, se você já toca algum instrumento, tenho certeza que já viu umas cifras em Sol#, Ré#, Lá#.
Não quero ser o chato, mas elas provavelmente estão incorretas.
Por exemplo, na escala de Lá# Maior temos um Dóx (Dó Dobrado Sustenido), um Fáx (Fá Dobrado
Sustenido) e um Solx (Sol Dobrado Sustenido), ou seja, 3 notas com Dobrado Sustenido.
Provavelmente você não vai ver nenhuma dessas notas nessas cifras.
O correto seria escrever a cifra em Si Bemol. Porém, por alguma razão do além, as pessoas acham
que ler uma cifra com bemol é mais difícil que ler uma cifra com sustenido.
O mesmo acontece para uma cifra em Fá Maior...o povo insiste em excluir o Sib da escala e colocar
um Lá# no lugar.
O problema disso é que passamos adiante a herança do “qualquer coisa serve”, ou “tanto faz”.
Entendo que se podemos aprender direito, por que insistir em aprender errado e depois ensinar
errado?
Aí um dia você pega uma cifra em Mib Maior (coisa comum atualmente) e não sabe ler, porque
no seu cérebro a nota Mib não existe.
Pare de achar que ler notas com bemol é mais difícil que ler notas com sustenido. É questão de
aprender direito e praticar.
Enfim...Parece que esses Dobrados Sustenidos / Bemóis são inúteis, mas não são. No nosso
próximo tema de estudo esses conceitos serão necessários.
Minha sugestão para você agora é praticar, praticar, praticar. Escreva várias escalas, memorize,
faça de trás para frente, etc. Com a prática você vai ver que não é difícil e possivelmente você vai
identificar um ou outro padrão.
Eu poderia colocar aqui a tabela com todas as escalas diatônicas, mas não vou fazer isso, porque
senão você não vai querer treinar, só copiar, e se assim acabará não aprendendo.
Saber as escalas é FUNDAMENTAL. Se você não souber, com certeza vai ter muito mais dificuldade
para tocar. Vai improvisar errado. Vai ensinar errado por aí.
Esse é o primeiro tema teórico que eu abordo e talvez seja um dos mais importantes, pré-
requisito para todo resto do conteúdo deste livro. ESTUDE!
Essas são as tonalidades mais comuns na música em geral. Fique a vontade para preencher o
restante do quadro com outras escalas.
Provérbios 2:6
***
Em primeiro lugar, estudar Escalas Cromáticas é a chave para desenvolver a habilidade de tocar
qualquer música, em qualquer tom, em qualquer estilo. Além disso é com os conceitos que você
vai aprender aqui que será possível você harmonizar melodias, fazer aquelas grades de vozes de
coral, criar solos interessantes e muito mais.
Por exemplo, talvez você já tenha ouvido falar em acordes dissonantes, ou dissonância. Se não
ouviu, não se preocupe, pois vou explicar tudo mais para frente. Mas esses acordes podem fazer
uma harmonia “pobre” virar uma harmonia bonita e rebuscada. E para formar esses acordes mais
ricos, você necessariamente precisa entender e aprender o que é uma Escala Cromática.
Fique tranquilo, pois o assunto é fácil, só demanda um pouco mais de tempo de estudo.
E por fim, num primeiro momento, pode parecer que esse assunto não tem aplicação prática.
Mas confie em mim que entender bem o tema fará muita, mas muita diferença mesmo!
Obs.: A partir desta lição, vamos nos referir às notas pelas letras (cifras) correspondentes.
Só revisando:
Nota Cifra
DÓ C
RÉ D
MI E
FÁ F
SOL G
LÁ A
SI B
Vamos lá!
Por exemplo, C > C#. São duas notas iguais (dois Dós) com um semitom de diferença. Ou E > Eb,
F > F#, e assim por diante. Obviamente que o som delas é diferente, mas o nome é igual.
Simples! É uma escala com 12 notas, formada por semitons cromáticos consecutivos. É mais ou
menos como um Raio X das Escalas Diatônicas.
Como assim?
As escalas cromáticas são formadas por semitons consecutivos, iniciando numa Tônica e
terminando novamente nesta Tônica (assim como nas Escalas Diatônicas).
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
A Escala Cromática é simplesmente uma nota depois da outra, sem nenhuma regra?
Em primeiro lugar, via de regra, uma Escala Cromática não foi feita para ser tocada inteira na
sequência, ou seja, você não deve querer tocar todas as notas na sequência num solo ou numa
melodia qualquer.
Em segundo lugar, o objetivo maior de entender as Escalas Cromáticas tem mais relação com a
parte harmônica da música (acordes), apesar de também ser importante para a parte melódica.
Como eu disse antes, uma Escala Cromática é formada por 12 semitons consecutivos. Um
semitom após o outro. Bem simples, certo?
Aí então eu peço para eles preencherem a Escala Cromática de Dó. Faça você também. Preencha
a tabela abaixo:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
C
Em 90% das vezes, a resposta que eu recebo é mais ou menos igual a essa aqui:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
C C# D D# E F F# G G# A A# B
Sim, e de fato, da forma como foi preenchido acima, há 12 semitons consecutivos. Mas, por
exemplo, no lugar do C#, você poderia ter usado Db, concorda?
Mas enfim, assim como todas as outras escalas que existem, a Escala Cromática também tem uma
regra de formação, uma fórmula. É em função dessa regra de formação que o preenchimento da
escala anterior estava incorreto. Você vai entender isso melhor em breve.
Nas Escalas Cromáticas cada semitom recebe um nome diferente. Chamamos isso de
INTERVALOS.
Forma 1:
1 -2 2 -3 +3 4 -5 5 +5 6 -7 +7 8
Forma 2:
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
A distribuição é a mesma, porém muda a forma de se escrever. No nosso curso vamos usar a
Forma 2.
Além de variar a forma de se escrever o nome dos intervalos, há também formas diferentes de se
falar os nomes de cada um.
Intervalo Nome
1 Primeira
b2 Segunda Menor
2 Segunda
b3 Terça Menor
3 Terça Maior
4 Quarta
b5 Quinta Diminuta
5 Quinta
#5 Quinta Aumentada
6 Sexta
b7 Sétima Menor
7M Sétima Maior
8 Oitava
- Os intervalos que não têm nenhum símbolo (b ou #) vamos chamar de Intervalos Naturais (você
também pode chamá-los de Intervalos Justos).
- Até onde sei, não existe um consenso sobre a forma de falar o nome do Intervalo, e por isso
vamos padronizar de acordo com a tabela acima, ok?
• São SIMPLES quando contidos dentro de uma oitava (8ª), ou seja dentro dos 12 primeiros
semitons.
• São COMPOSTOS quando passam da 8ª (esse ponto será explicado em detalhes no
próximo capítulo).
É por isso que muitas vezes se diz: “Toca uma oitava acima!”
Isso quer dizer que deve se tocar no Oitavo Intervalo acima (que é a mesma nota, porém, 12
semitons mais agudo).
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C
Explicando:
Veja que eu marquei em vermelho alguns intervalos. São os Intervalos Naturais e se você reparar
bem, eles nada mais são do que as notas da Escala Diatônica Maior de Dó. A Escala Cromática e a
Escala Diatônica têm tudo a ver uma com a outra. Por isso eu chamei a Escala Cromática de Raio
X da Escala Diatônica (é como se você estivesse olhando por dentro dela).
A 1ª nota da Escala Cromática é a nota da escala que queremos (é lógico). É a Tônica da escala.
Temos aí um C.
Como a escala é cromática, temos que pegar o próximo semitom. Então temos o Db.
A regra de ouro para entender isso é a seguinte: A Escala Diatônica é quem manda na Escala
Cromática
Como assim?
Então o Intervalo 2 da Escala Cromática de Dó será a nota Ré. E isso vale para todas as subdivisões
do Intervalo 2.
1 b2 2
C D
Sabemos que o Intervalo 2 da Escala Cromática é a nota Ré. Qualquer subdivisão deste Intervalo
terá que ser alguma variação da nota Ré.
Entre a nota Dó e a nota Ré podemos ter Dó# ou Réb. Porém, para preencher este espaço,
precisamos de uma variação da nota Ré, então só nos resta o Réb.
Ficou claro?
Outro exemplo:
O 3º intervalo é a nota E.
1. Escreva os 12 Intervalos
1 – Escreva os 12 Intervalos
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
Deixei os Intervalos e suas subdivisões coloridos para você ver bem. Ficou feio, mas o importante
é você entender 😉
Escala de B
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
B
Resposta:
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
B C C# D D# E F F# ??? G# A A# B
Bom, se você obteve esse resultado você está indo bem. Parabéns!
b5 5 #5
F F# ???
E agora o #5 é um semitom a mais que o F#. Então só pode ser um Fx (Fá Dobrado Sustenido).
Viu só que esse tal de Dobrado Sustenido serve para alguma coisa? A mesma lógica pode ser
aplicada para alguns intervalos menores. Pode ser que em algum caso você precise diminuir uma
nota que já é bemol, e aí ela vai ser dobrada bemol.
Ainda não apareceu nenhuma aplicação prática do tema, mas não se preocupe, logo você verá o
poder que uma Escala Cromática vai te dar.
Para fechar esse assunto minha sugestão para você é fazer uma tabela com TODAS as Escalas
Cromáticas.
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
C#
D#
F#
G#
A#
Cb
Db
Eb
Fb
Gb
Ab
Bb
Provérbios 3:13,14
***
ATÉ AQUI, no nosso estudo das Escalas Cromáticas, falamos apenas das Escalas Cromáticas Simples,
que são as que possuem 12 notas, que começam numa Tônica e terminam uma oitava depois, na
mesma nota (de Dó a Dó, por exemplo).
As Escalas Cromáticas Compostas nada mais são que a sequência, a continuação de uma Escala
Cromática Simples.
Sem muito segredo. Se você entendeu bem o capítulo anterior, não terá dificuldade nesse.
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8 9 10 11 12 13 14
C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C D E F G A B
Num primeiro olhar parece ser algo meio sem utilidade, pois não passa de repetição de notas.
Agora, na prática, a parte composta da escala cromática tem as seguintes divisões de intervalos
Intervalos Compostos
Repare que as divisões são diferentes, porém uma coisa se mantém: os Intervalos Naturais (em
azul) continuam iguais, tanto na parte Simples quanto na para Composta da Escala Cromática.
Isso porque a Escala Diatônica continua sendo a base, o alicerce da Escala Cromática Composta.
As divisões dos intervalos são diferentes por causa da formação de Acordes, e isso eu vou explicar
melhor no próximo capítulo.
No dia a dia, na prática, não é comum usar todos os intervalos da Escala Cromática Composta. Os
intervalos mais usados, e que você precisa se preocupar em memorizar são os seguintes:
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M b9 9 #9 11 b13 13 #13
C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B Db D D# F Ab A A#
Veja que a regra de nomeação dos intervalos continua valendo. Por exemplo, as três subdivisões
do intervalo 9 sempre serão notas Ré. O mesmo vale para os outros intervalos.
Por fim, para encerrar o assunto de Escalas Cromáticas, minha sugestão para você é escrever
todas as escalas de todas as tonalidades. Sim, dessa vez é importante escrever todas as escalas.
Vou deixar aqui um espaço para você pode usar para preencher as escalas, assim como no
capítulo anterior, com os intervalos já predefinidos.
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M b9 9 #9 11 b13 13 #13
C
C#
D
D#
E
F
F#
G
G#
A
A#
B
Cb
Db
Eb
Fb
Gb
Ab
Bb
Conceito de Acordes
Principais tipos de Acordes
Regra Básica de formação de Acordes (Tríades)
Quadro com Acordes Maiores e Menores
Dicas sobre formação de Acordes
***
Acordes são notas tocadas simultaneamente ou em sequência, que seguem uma orientação, uma
regra de formação. Acordes são a base, o alicerce para as melodias. Os acordes formam a
harmonia das músicas.
Um fato importante sobre harmonia é que praticamente toda e qualquer melodia ou solo tem
uma harmonia por trás. E são os acordes dão sentido à harmonia. Em resumo, os acordes formam
a harmonia e a harmonia emoldura a melodia.
Ou como a gente diz no jargão popular: “a harmonia faz a cama para a melodia”.
Se toda essa conversa parece maluquice para você, não se preocupe. Logo você vai entender.
Veja que eu fiz questão de dizer que acordes podem ser notas tocadas simultaneamente ou em
sequência. Quando você toca as notas de um acorde em sequência, você está fazendo um Arpejo,
e os Arpejos são extremamente comuns na música.
Esse conceito é importante, pois há muitas pessoas que estudam pelo meu método e tocam
instrumentos melódicos, ou seja, instrumentos que não fazem acordes, só melodia, tipo flauta,
sax, trompete, etc.
Essas pessoas normalmente têm dificuldade de entender onde o conhecimento dos acordes pode
fazer alguma diferença para elas. Elas só querem aprender escalas, solos, improvisação, etc.
O ponto é que, como já falei, praticamente TODO E QUALQUER solo, melodia, improviso é
construído sobre uma harmonia, e a harmonia é formada pelos acordes.
A melodia e a harmonia andam juntas, o tempo todo, em qualquer música, qualquer estilo,
qualquer ritmo. Para improvisar então, nem te falo...é fundamental você entender a harmonia e
os acordes.
Na minha opinião, a falta de conhecimento sobre a formação de acordes é segunda maior causa
de erros de improvisação e execução de solos. Só fica atrás do não conhecimento das escalas
(maiores, menores, pentatônicas, etc.)
Se você toca algum instrumento melódico, acredite em mim, saber os acordes e suas regras de
formação podem fazer toda diferença para você. Então, continue conosco.
Experimente tirar a cifra ou a partitura de um desses instrumentistas para você ver o que sai. Não
sai nada, ou pior, sai cacofonia.
Vou contar minha história resumidamente. Se você quiser, pode pular essa parte do livro. Mas
recomendo você ler, pois pode ser que a sua história seja parecida com a minha e assim você
evita alguns erros que eu cometi.
Só tinha um problema: eu não tinha violão, e o irmãozinho lá não me deixava levar o dele para
minha casa. Naquela época não era tão fácil ter um instrumento musical, então todo dia depois
do culto eu dava um jeito de segurar um pouco o violão dele, tocava as cordas meio sem jeito e
era isso.
Mas aí, um dia ele me emprestou o violão. E junto com o violão, havia uma apostila com os
desenhos de 7 Acordes Maiores e 7 Acordes Menores.
Aquela era minha chance. Eu me lembro de ter ficado o dia todo com o violão. Eu toquei até não
conseguir mais. Num único dia eu memorizei todos os acordes, treinei até conseguir fazer sair
som de todos eles, até os que tem pestana (quem toca violão sabe do que estou falando).
E a noite eu consegui tocar um hino. Se chama O Telefone do Céu é a Oração. Talvez você já tenha
ouvido.
É um corinho, só tem 4 acordes, é bem facinho. Mas para mim, conseguir tocá-lo foi uma grande
vitória.
Depois disso, demorou mais de um ano até que minha mãe, com muito sacrifício, conseguisse
comprar para mim um violão bem básico. Lembro-me desse dia como se fosse hoje.
E aí, com o violão na mão, continuei com as apostilas decorando os formatos dos acordes e lendo
cifras. Eu até tocava direitinho, mas não entendia o porquê das coisas. Não sabia nada sobre
Mas enfim, não estou contando essa história para você se comover, longe disso. Só quero mostrar
o caminho que eu segui. Quem me dera eu, naquela época, ter alguém para me ensinar música.
O fato é que muita gente aprende como eu aprendi. E essa forma não é necessariamente ruim,
pois você aprende rápido e já pode tocar alguma coisa.
No entanto, a maioria das pessoas que segue esse caminho depois fica travada, não evolui, fica
no mesmo “reco-reco”, achando que não consegue melhorar e se dá por satisfeita com a
mediocridade. Não tenho nada contra (muito menos a favor). Cada um sabe de si.
Mas eu decidi dar o melhor para Deus, em gratidão por tudo que Ele me fez, e por isso não me
contentei com o “reco-reco”, o basicão, o arroz com feijão, o quebra-galho...
Eu entendo que se você chegou até aqui no livro, é porque também quer ir além.
Entender a formação dos acordes te dará um nível de liberdade enorme quando você for tocar.
Existem inúmeras formas de se construir acordes, e, sabendo as regras de formação, você poderá
escolher a forma que te agrada mais, que encaixa melhor com a música. Assim tudo fica mais fácil
e mais bonito.
Como você já sabe bem como formar as escalas, entender a formação de acordes vai ser moleza.
NATURAL: formado pelos 1ºs, 3ºs e 5ºs intervalos da Escala Cromática. Estes três intervalos
formam o que chamamos de TRÍADES.
DISSONANTES: acorde construído com o acréscimo de outros intervalos à Tríade (Ex.: 7, 6, b5, 11,
etc.). Teremos um capítulo específico para tratar destes acordes.
DIMINUTOS: acorde que possui todos os intervalos MENORES, ou DIMINUTOS, com exceção da
TÔNICA (1º intervalo). Será melhor explicado posteriormente em um capítulo específico.
Vamos focar no acorde NATURAL por enquanto. Vamos usar nossas Escalas Cromáticas para
entender melhor sua formação.
Escala Cromática de Dó
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M 8
C Db D Eb E F Gb G G# A Bb B C
Vamos usar sempre os Intervalos 1, 3, 5 (Tríade). No caso de Dó, teremos então as notas: C, Eb
ou E e G.
Por que Eb ou E?
Lembre-se que o Acorde Natural pode ser Maior ou Menor, e isso é definido pelo Terceiro
Intervalo (a Terça).
Se usarmos a Terça Menor (b3), o acorde será Menor. No caso de Dó Menor teremos as notas
C(1), Eb(b3), G(5).
E é isso!
Viu só como entender a formação de escalas facilita a vida para a formação dos acordes?
Outro exemplo:
Ré Maior = D, F#, A
Ré Menor = D, F, A
Poxa vida, todo esse drama por causa desse negócio super fácil???
Sim!
Por incrível que pareça, esse negócio super fácil é o segundo assunto mais negligenciado pelos
músicos iniciantes.
O povo até sabe os acordes mais comuns, mas pede para um desses instrumentistas te explicar
como se forma um Ebm (Mi Bemol Menor), um Abm (Lá Bemol Menor) ou um F# (Fá Sustenido
Maior). As chances são grandes de ele não conseguir.
Agora é hora de praticar. Vou deixar abaixo um espaço para você preencher todos as Tríades dos
Acordes Maiores e Menores mais usados
Use as tabelas com as escalas criadas anteriormente para facilitar sua vida.
Se você já tem seu instrumento, pode (e deve) tentar praticar as tríades nele também.
Aí vai ter gente pensando o seguinte: ah, mas meu instrumento não toca acordes....
Faça os arpejos então! Toque as notas na sequência. Você vai se surpreender com a quantidade
de melodias que são construídas basicamente sobre arpejos.
Procura aí no YouTube a música “Jesus a Alegria dos Homens” que faz parte da Cantata 147 de
Johann Sebastian Bach, composta em 1716 (não importa se você é cristão...essa música é
superfamosa e você provavelmente já ouviu)
Com os Acordes Maiores e Menores é possível tocar praticamente qualquer música popular, de
qualquer estilo musical. Sim, qualquer uma.
Mas lembre-se que você pode formar essas tríades de várias formas diferentes. Você pode, por
exemplo, repetir as notas da Tríade para “engordar” o acorde. Veja o exemplo abaixo:
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Mib Solb Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Se você tocar todas as notas circuladas em vermelho estará fazendo um Dó Maior no Piano.
Repare que só temos notas da tríade de Dó Maior (C, E, G), porém repetindo o Dó e o Mi, uma
oitava acima da Tônica (primeiro Dó da esquerda para direita).
No Violão é exatamente isso que se faz quando se aprende os acordes da forma tradicional. Você
usa vários dedos e várias cordas para tocar as notas da tríade, e na maioria das vezes repete as
notas sem nem saber. Veja:
Dó
Mi
Sol
Dó
Mi
Repare que a nota Dó e a nota Mi aparecem duas vezes. Isso não é necessário. Para formar o
acorde Dó Maior, bastam as 3 notas da tríade, mas podemos repeti-las para “engordar” o acorde.
Pode parecer um pouco confuso olhando assim, mas essas são todas as notas Dó, Mi e Sol que
existem no braço de um violão, até a 12ª casa.
Qualquer combinação de Dó, Mi e Sol que seus dedos conseguirem alcançar vai formar um acorde
Dó Maior.
Se você já toca violão, experimente formar o acorde Dó Maior de formas diferentes da que você
já está acostumado. Cada formato vai trazer uma sonoridade diferente, que pode deixar uma
música mais bonita. O negócio é experimentar!
Esses raciocínios valem para quaisquer instrumentos musicais. As tríades são iguais, não importa
se seu instrumento é de sopro, cordas, percussão (tímpano, por exemplo), etc.
Só para finalizar essa primeira parte do estudo dos Acordes, há um tipo popular de acorde que
eu não mencionei anteriormente. Ele é popularmente chamado de Acorde com Baixo ou, o que
é mais correto, Acorde Invertido.
De forma bem simples, o nome já diz bem o que esse acorde é: ele é um acorde cuja ordem das
notas é invertida. Como assim?
Porém, caso seja adequado, você pode inverter essa ordem. Você pode fazer, por exemplo, a
sequência 5, 3, 1.
Simples: porque via de regra, a primeira nota que você toca é sempre a mais grave, ou seja, ele
será o Baixo do acorde.
Se você tocar a sequência C, E, G, o baixo está na própria Tônica. Nada novo aqui.
Se você tocar a sequência E, C, G, o baixo está na Terça. E aí chamamos o acorde de Dó com Baixo
em Mi (se escreve C/E). Ainda é o acorde Dó Maior, porém invertido.
E não se esqueça que você pode repetir outras notas da tríade como quiser (ou como seus dedos
permitirem).
Dó# Ré# Fá# Sol# Lá# Dó# Ré# Fá# Sol# Lá#
Réb Mib Solb Láb Sib Réb Mib Solb Láb Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Mi Dó Sol Mi
Sol Mi Dó
Dó Sol Mi
Mi Dó Sol
Sol Mi Dó
Mi Dó Sol Mi
Veja que na prática só temos 3 notas (C, E e G). Então estamos falando de um acorde Dó Maior.
Como a primeira nota é um Sol, o acorde é um Dó Maior Invertido, ou Dó Maior com Baixo em
Sol (se escreve C/G)
Mas nem sempre será assim. Mudar a sequências de notas de um acorde pode transformá-lo em
outro acorde. Vamos falar sobre isso na sequência.
Por fim, se você já toca um instrumento, experimente tocar os acordes maiores e menores de
formas diferentes das que você está acostumado. Acrescente notas, inverta o acorde, explore
sonoridades diferentes.
1 Coríntios 15:58
***
ANTES DE COMEÇAR A EXPLICAR os Acordes Dissonantes preciso fazer um alerta, contando mais uma
história pessoal. Fique à vontade para pular, mas recomendo a leitura.
Como eu contei anteriormente, eu comecei a tocar violão quando tinha por volta de 12 anos.
Porém, só aos 16 anos foi que eu resolvi estudar música. Até então eu só sabia tocar o básico,
daquele jeito meio mecânico que a maioria das pessoas aprende.
Um dia eu estava passando na frente de uma banca de revistas e vi um livreto que dizia: Aprenda
614 Acordes no Violão.
Eu parei e pensei: sabe de uma coisa...vou aprender esses acordes para ver se melhoro alguma
coisa.
Eu não entendi nada, mas tentei fazer o acorde conforme o desenho do livro.
Se você tocar esse acorde ele até tem uma sonoridade interessante. Mas havia 2 problemas:
No fim, eu memorizei os que achei mais bonitos e tentei usá-los na igreja. O resultado é que só
um ou outro ficava bom. A maioria dos acordes novos ou não encaixava com a música, ou
destoava muito do que os outros instrumentistas estavam tocando, e como eu era o diferente,
parecia que eu estava fazendo alguma coisa errada (e estava mesmo!).
No fim fiquei frustrado. Para que saber 614 acordes no violão se eles não serviam para nada?
Foi aí que eu decidi estudar para entender o que eu estava tocando. Minha frustração virou uma
motivação para aprender. E não foi fácil.
Não existia professor de música a quem um pudesse recorrer. Naquela época não existia Internet
(sim, faz bastante tempo...). Não tinha Google nem YouTube.
Qualquer material que falasse de música para mim era importante. Livros velhos, apostilas velhas,
qualquer coisa.
Bom, depois de contar essa história o alerta que eu quero te dar agora é o seguinte:
- Acordes cheios de notas não necessariamente são melhores que acordes mais simples;
- Não adianta saber um monte de acordes se você não entende o que está tocando;
- Tocar pensando no grupo é mais importante do que tocar “difícil”.
Os Acordes Dissonantes nada mais são que tríades turbinadas. É aqui que nossas Escalas
Cromáticas vão fazer toda a diferença.
Vamos começar pela nossa Escala Cromática Composta de Dó. Abaixo ela está completa, com
todos os intervalos.
Bom, vamos formar nosso acorde C7 (9,#11). A primeira coisa a se observar é que o acorde é um
Dó Maior. Se fosse um Dó Menor haveria a indicação (Cm).
Então começamos sempre pela Tríade (1,3,5) e depois acrescentamos as notas relativas aos
Intervalos 7, #9 e #11
1 3 5 7 9 #11
C E G Bb D F#
Obs.: Sempre que numa Cifra aparecer um 7 (ex.: C7), estaremos falando do intervalo b7. Isso só
vale para esse intervalo.
Aí vem a pergunta: “Poxa, de novo todo esse drama por causa de um negócio tão fácil assim? “
Sim! É super fácil. Molezinha. Mas só é fácil porque você aprendeu Escalas Diatônicas, Cromáticas
e Tríades.
Eu diria que, tirando músicos profissionais, entre 80- 90% dos instrumentistas por aí não sabe
como formar um Acorde Dissonante. Eles até podem saber alguns, mas provavelmente
aprenderam com alguma “receita de bolo”, tipo o meu livrinho de 614 acordes e não entendem
direito o que estão tocando.
Bom, vamos retomar nosso estudo. Vamos transportar as notas do nosso acorde “difícil” para o
piano.
C7(9, #11):
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Aí está!
Dó
Mi
Sib
Ré
Fá#
Agora se vire com seus dedos para conseguir fazer sair som desse acorde, rsrs :D
Repare que no nosso exemplo temos a nota Mi (3) e a nota Ré (9). Se você tocar essas duas notas
na mesma oitava, ou seja, uma seguida da outra, a sonoridade de um acorde assim ficaria, no
mínimo, estranha.
Faça o teste se você tiver um instrumento que toque notas simultâneas (piano, teclado, violão,
guitarra, etc.). Toque um Mi e um Ré na mesma oitava, ao mesmo tempo. O que achou? Ficou
um pouco estranho, certo?
Veja na nossa escala cromática que, tanto o intervalo 2 como o intervalo 9 são a mesma nota (Ré).
Então as notas de ambos os acordes seriam as mesmas (C, D, E, G). Porém, na hora de formar
esses acordes num instrumento, eles seriam diferentes. Veja:
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Se você tem um piano / teclado, toque os dois acordes e você verá que, apesar de ambos serem
formados pelas mesmas notas, a sonoridade é diferente.
Mas apesar disso, não existe nenhuma regra que obrigue você a sempre usar intervalos
compostos. Você poderia formar um acorde como esse abaixo:
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Analisando as notas do acorde acima nós temos:
1 3 4 5 6 7M
C E F G A B
Agora se o som dele vai ficar legal vou deixar você decidir.
Minha dica é a seguinte: forme acordes com consciência, procurando a sonoridade que você quer.
Pode ser que usar o intervalo 6 fique melhor do que usar o intervalo 13 (são a mesma nota). Tudo
vai depender de como você quer que o acorde soe, como você quer que ele se encaixe na música.
Você é quem manda. Agora você tem o poder de formar o acorde que quiser. Por exemplo, você
pode fazer o acorde C7(6,9,11,13), ou o acorde Dm(4/b5/#9/b13). Seus dedos são o limite.
Só para fechar o tema, há um outro detalhe importante: quando você está formando um Acorde
Dissonante, você pode suprimir notas da Tríade. Como assim?
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Veja que há 3 notas muito próximas uma da outra (Mi, Fá e Sol). Isso normalmente não soa bem,
pois a frequência da vibração de cada nota é parecida e isso gera um conflito no ouvido. Quando
a distância entre as notas é de apenas um semitom, isso se intensifica (faça o teste tocando essas
notas).
No nosso caso temos a nota Mi e Fá conflitando bastante, pois a distância é de um semitom. Você
poderia deslocar a nota Fá para outra oitava (mais aguda, por exemplo) para resolver o conflito,
mas aí o acorde passaria a ser um C11 (Dó Maior com Décima Primeira), e essa mudança pode
não trazer a sonoridade que você quer.
Para resolver esse problema o que fazemos é suprimir a Terça (3). Ficaria assim:
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Como esses acordes não possuem a Terça, e é justamente a Terça que determina se o acorde é
maior ou menor, os Acordes Suspensos não são nem maior, nem menor. No nosso exemplo
acima, o acorde se chama Csus4 (Dó Suspenso de Quarta).
Se você suprimir a Terça e não colocar nenhuma outra nota no lugar (a Quarta, por exemplo), o
acorde não será nem maior, nem menor, nem nada. Isso é muito comum para os guitarristas.
Suprimir a terça e manter a Quinta cria o que chamamos de “Powerchord”. Esse tipo de acorde é
muito usado quando se toca com distorção, pois a ausência da Terça deixa o menos tenso e mais
pesado.
Você também pode suprimir a Quinta, sempre que precisar. Acordes com a quinta suprimida não
tem um nome específico. Fizemos isso quando montamos o acorde C7(9,#11) no violão, algumas
páginas atrás.
Suprimir a Quinta, via de regra, não gera grandes prejuízos ao acorde. Se seus dedos não forem
suficientes para montar um acorde qualquer, experimente suprimir a Quinta e veja se o som fica
bom para você.
Existem algumas outras nomenclaturas para Acordes Dissonantes como por exemplo Add, Aug,
Dim, Maj.
Essas são formas de escrever dissonâncias muito usadas nos EUA, mas seguem a mesma lógica
que já expliquei:
• Acordes com Add são acordes com notas adicionadas. Por exemplo, Cadd9 é um Dó Maior
com Nona
• Acordes com Aug são acordes com Quinta Aumentada. Por exemplo Caug é um Dó Maior
com Quinta Aumentada
• Acordes com Dim são acordes menores com Quinta Diminuta. Por exemplo Cdim é um Dó
Menor com Quinta Diminuta
• Acordes com Maj são acordes com Sétima Maior. Por exemplo Cmaj é um Dó Maior com
Sétima Maior.
Bom, eu reforço que você deve entender a formação dos acordes antes de mais nada. Se você
souber a fórmula, saberá construir qualquer acorde.
Mas há alguns acordes que são mais usados na música em geral. Vou dar os exemplos em Dó,
mas se aplica para qualquer tonalidade, acordes maiores e menores.
• Csus4
• C#5 (ou Caug) Longe de ser uma lista completa, essas são apenas algumas
• C6 sugestões de acordes bastante usados na música em geral.
• C7
• C7M (ou Cmaj) Use as tabelas com as Escalas Cromáticas que você preencheu no
• C9 (ou Cadd9) capítulo anterior para ajudar nos estudos.
• C7(b5)
• C7(#5) E por fim, se você tem um instrumento que forma acordes (piano,
• C6(9) teclado, violão, guitarra, etc.), após escrever o acorde, tente tocar
• C7(9) para conhecer a sonoridade.
• C7(b9)
• C7(13) Pratique bastante!
• C7M(9)
• C11
• C7(9, 11)
• C7(9, #11)
• C7(9, 13)
***
ATÉ AQUI, O QUE VOCÊ APRENDEU TE DÁ LIBERDADE PARA TOCAR A MAIORIA DAS MÚSICAS, em qualquer
tonalidade maior, pois você já sabe tocar as escalas e formar qualquer acorde.
No início do livro eu prometi que você também seria capaz de tocar as músicas de ouvido se
estudasse todo o conteúdo. E é neste capítulo que começamos a falar sobre esse ponto.
O Campo Harmônico, em palavras simples, nada mais é que o conjunto de acordes básicos de
cada tonalidade. É mais ou menos como o conjunto dos acordes que são mais prováveis de
aparecer em uma música.
É claro que há exceções para essa regra. Mas de forma geral, salvo nos casos onde a música troca
de tom com muita frequência, ou possui uma harmonia complexa, sabendo o Campo Harmônico
você ficará muito mais independente para tocar qualquer coisa de ouvido. Basta conhecer a
melodia e a tonalidade.
Na igreja que eu frequento nós temos um repertório de mais de 1.000 músicas. E eu te digo, sem
medo de errar, que todas que eu conheço a melodia eu sei tocar. Talvez algo em torno de 700
músicas. Posso até errar a letra, mas a harmonia eu consigo tocar sem grandes problemas.
Isso não é para impressionar ninguém, até porque saber tocar 700 músicas de ouvido não é
nenhum grande feito (você também vai conseguir). Isso não tem só a ver com memória. Tem a
ver com ter o conhecimento teórico que embasou a composição de todas essas músicas.
Vou explicar isso em detalhes. Porém, antes de começar a falar sobre Campo Harmônico, preciso
te apresentar um outro conceito sobre acordes.
Até aqui, quando falamos da construção de acordes, usamos sempre acordes em Tríades. Porém,
existe uma outra regra de formação de acordes que é mais completa, mais “sofisticada”. Estamos
falando das Tétrades.
A regra de formação das Tétrades é praticamente a mesma das Tríades. Nós usaremos sempre os
intervalos 1, 3(b3), 5 e por fim o intervalo 7.
Talvez você tenha reparado que, no capítulo anterior, no nome de todos os acordes dissonantes
que possuíam uma Sétima, ela (a Sétima) vinha antes dos outros intervalos.
Por exemplo:
O acorde C7(6,9,11,13).
Veja que na cifra, o 7 ficou antes dos outros intervalos e fora dos parênteses. O motivo disso é
que esse é um acorde em Tétrade.
Então, em resumo, todo acorde com Sétima é uma Tétrade, e esses acordes (as tétrades), se não
tiverem outros intervalos adicionados, não são considerados necessariamente dissonantes.
Por exemplo, o acorde Dó Maior Tétrade ficaria assim:
E aí só temos que decidir qual 7ª usaremos. O que vai decidir qual 7ª usar será, num primeiro
momento, a Tonalidade da música.
Via de regra, sempre usamos como base (tanto para a melodia quanto para a harmonia), a Escala
Diatônica do tom da música. Por exemplo, se a música está na tonalidade Dó Maior, vamos basear
os acordes, tanto Tríades como Tétrades, nas notas da Escala de Dó Maior.
Veja:
Escala de Dó Maior:
1 2 3 4 5 6 7 8
C D E F G A B C
Obviamente há exceções para esta regra, mas, por enquanto, vamos nos ater a essa regra geral,
que se aplica à maioria das músicas.
Bom, se todos os acordes precisam se basear nas notas da escala de Dó Maior, na construção das
tríades e tétrades também só podemos ter notas desta escala.
1 3 5 b7 7M
C E G Bb B
A resposta é fácil. Usamos a 7M, pois a nota Bb (b7) não faz parte da escala de Dó Maior. Então
nosso acorde será um C7M (Dó com Sétima Maior).
Entendeu?
Primeiro, vamos dar uma olhada na Escala Cromática de Ré (sempre formamos acordes baseados
na Escala Cromática).
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M
D Eb E F F# G Ab A A# B C C#
A primeira coisa que temos que olhar é quais notas da escala Cromática de Ré não fazem parte
da Escala Maior de Dó. Eliminando essas notas temos:
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M
D E F F# G A B C C#
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M
D E F F# G A B C C#
Deixei a Terça Maior (3) e a Sétima Maior (7M) na tabela (em cinza) para te mostrar que esses
dois intervalos sempre vão variar. Ou seja, os acordes de um Campo Harmônico podem ser
Maiores ou Menores, com Sétima (b7) ou com Sétima Maior.
Então para formarmos um Campo Harmônicos aplicamos essa regra, transformando as notas da
escala em acordes. Em resumo, para fazer o Campo Harmônico de Dó Maior, transformamos
todas as notas da Escala de Dó Maior em Acordes (de preferência Tétrades).
1 - Escala de Dó Maior:
1 2 3 4 5 6 7 8
C D E F G A B C
2 – Devemos converter as notas em acordes. A nota Dó deverá ser convertida em um Acorde Dó.
A nota Ré deve ser convertida em um acorde Ré, e assim por diante.
3 – Agora vamos usar as Escalas Cromáticas e ver se os acordes serão Maiores ou Menores, com
Sétima ou Sétima Maior.
Na tabela abaixo, temos todas as notas da Escala de Dó com suas respectivas Escalas Cromáticas.
Na prática nós não precisamos da Escala Cromática inteira, mas não custa colocar ela completa
para você.
E em cada Linha da tabela, estão marcadas em AZUL as notas que vamos usar para formar as
Tétrades.
1 b2 2 b3 3 4 b5 5 #5 6 b7 7M
C D Eb E F G A Bb B
D E F F# G A B C C#
E F# G G# A B C# D D#
F G Ab A Bb C D Eb E
G A Bb B C D E F F#
A B C C# D E F# G G#
B C# D D# E F F# Fx G# A A
1 – C7M – C, E, G, B
2 – Dm7 – D, F, A, C
3 – Em7 – E, G, B, D
4 – F7M – F, A, C, E
5 – G7 – G, B, D, F
6 – Am7 – A, C, E, G
7 - ???
Mas faltou um acorde, o último (acorde Si). Vamos analisar o que temos.
Veja a última linha da tabela anterior. Temos a nota Si (1), a nota Ré (b3) e a nota Lá (b7). Então
sabemos que é um Bm7. Porém, está faltando a Quinta.
Na escala de Si, o Intervalo 5 é F#, porém esta nota não faz parte da escala de Dó. Muito menos
o Fx. Então só nos resta o F (b5).
Portanto, o último acorde do Campo Harmônico de Dó Maior é Bm7(b5) (Si Menor com Sétima e
Quinta Diminuta).
O Campo Harmônico é escrito com Tétrades para ficar mais completo, mas na grande maioria dos
casos, as Tríades são totalmente suficientes para tocar. Na verdade, é muito mais comum
usarmos Tríades.
A dica que eu te dou é: experimente tanto a Tríade quanto a Tétrade. Por exemplo, se numa
música tem um acorde Dó Maior, experimente o Dó Tétrade (C7M ou C7, de acordo com o tom
da música). O que ficar mais bonito você usa.
É muito simples. Sabendo os acordes do Campo Harmônico, você consegue saber quais os acordes
provavelmente farão parte de uma música.
Se uma música qualquer é em Dó Maior, ela provavelmente só terá acordes do Campo Harmônico
de Dó. Isso sozinho já te dá uma grande ajuda na hora de tocar qualquer música de ouvido. As
chances de você errar reduzem drasticamente.
Pense só...sabendo que o Campo Harmônico de Dó Maior possui apenas 7 acordes, você já elimina
todo os outros acordes existentes. Por exemplo, a chance de aparecer um acorde F#m ou um D#7
em uma música em Dó Maior é mínima. Considerando que existem centenas de acordes possíveis,
saber que você precisará saber apenas 7 facilita as coisas um pouco, não acha?
Escolha uma música qualquer e veja a cifra dela (pega no Google, sei lá). A chance é muito grande
de que só haja acordes com Campo Harmônico do Tom da Música.
Para te dar um exemplo, veja a cifra do hino Grande é o Senhor (um hino bem conhecido por
muitos).
A tonalidade mais comum é tocarmos esse hino em Sol ou Lá Maior, mas eu alterei para Dó Maior
só porque você já tem o Campo Harmônico pronto na página anterior. Você verá que só temos
acordes do Campo Harmônico na música.
C F C
Grande é o Senhor e mui digno de louvor
C Dm Em F G C
A alegria de toda a Terra Dm
Em
F
G
C F C
Am
Grande é o Senhor em quem nós temos a vitória
Só não temos o Bm(b5), pois o último
F Am acorde do Campo Harmônico é menos
Que nos ajuda contra o inimigo usado.
C Dm Em F G
Por isso diante dele nos prostramos
C Em
Queremos o Teu nome engrandecer
F Em Dm G
E agradecer-te por Tua obra em nossas vidas
C Em
Confiamos em Teu infinito amor
F Em
Pois só Tu és o Deus eterno
Dm G C
Sobre toda Terra e céu
Vou deixar abaixo um espaço para você preencher. Se você fizer a lição de casa, tenho certeza
que você vai descobrir algo muito interessante sobre os campos harmônicos.
1 2 3 4 5 6 7 8
C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7/b5 C7M
D
E
F
G
A
B
Eb
Ab
Bb
1 2 3 4 5 6 7
C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7/b5
D Em7 F#m7 G7M A7 Bm7 C#m7/b5
E F#m7 G#m7 A7M B7 C#m7 D#m7/b5
F Gm7 Am7 Bb7M C7 Dm7 Em7/b5
G Am7 Bm7 C7M D7 Em7 Dm7/b5
A Bm7 C#m7 D7M E7 F#m7 G#m7/b5
B C#m7 D#m7 E7M F#7 G#m7 A#m7/b5
Eb Fm7 Gm7 Ab7M Bb7 Cm7 Dm7/b5
Ab Bbm7 Cm7 Db7M Eb7 Fm7 Gm7/b5
Bb Cm7 Dm7 Eb7M F7 Gm7 Am7/b5
Eu não costumo dar as respostas dos exercícios que eu passo porque alguns alunos são meio
preguiçosos, rs.
Mas nesse caso eu coloquei a tabela preenchida por uma razão especial.
Se você preencheu a tabela “na raça”, provavelmente percebeu que existe um padrão. Esse
padrão é o seguinte (para um Campo Harmônico Maior):
Repare que substituí as notas por algarismos romanos. Isso tem um bom motivo e vou te contar
no próximo capítulo.
Por fim, agora que você já entendeu bem a formação dos Campos Harmônicos, vou te ensinar um
macete para não ter que ficar dependendo das Escalas Cromáticas na hora de construí-lo.
A regra é muito simples: todos os acordes de um Campo Harmônico só possuem notas da escala
em questão (tonalidade da música).
Explicando:
Você escolhe a nota que quer transformar em acorde (neste exemplo o acorde C), pula uma, pega
a próxima (E), pula uma, pega a próxima(G), pula uma, pega a próxima (B).
Então o primeiro acorde do Campo Harmônico será formado pelas notas C, E, G, B. Temos assim
um C7M
Deuteronômio 31:6
***
ESSE ASSUNTO É BEM FÁCIL E BEM CURTO. Porém, é importante tratarmos dele agora para podermos
começar a falar de Escalas Menores e Funções Harmônicas, dois assuntos extremamente
importantes.
Lembra que no fim do último capítulo comecei a usar algarismos romanos para simbolizar as
notas das escalas? Pois é, tem tudo a ver com os Graus da Escala.
Um Grau nada mais é que a posição da nota dentro de uma escala. Por exemplo o grau I, é a
primeira nota da escala, o grau II é a segunda nota e assim por diante.
Cada Grau da Escala recebe um nome e esse nome tem a ver com sua Função Harmônica, assunto
que trataremos logo.
Alguns Graus são mais importantes que outros, mas nesse momento só quero falar do último
grau. O nome dele é Sensível, e não é à toa. Vou te explicar o porquê.
Experimente fazer o seguinte: em qualquer instrumento toque a Escala de Do Maior, porém pare
na última nota (na nota Si).
O que achou?
Obs.: Se você não fez o teste, faça! Caso contrário você não vai entender nada que eu vou falar a
seguir.
Toque rápido, devagar, não importa. O importante é você tocar a sequência e parar na nota Si.
Você pode até misturar as notas. Você pode inventar uma melodia qualquer usando a escala de
Dó Maior. Mas sempre finalize na nota Si.
Bom, se você parar essa melodia (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si) no grau Sensível da escala existe uma
grande chance de a melodia parecer incompleta. A Sensível fica pedindo uma nota...Meio que
desesperadamente. Chamamos esse tipo de situação de Tensão.
E ao contrário do que pode parecer, tensão é algo bem importante e muito comum na música.
Além da Sensível, a Subdominante também gera uma tensão razoável (experimente para na nota
Fá). Vou falar muito sobre isso no próximo capítulo.
Experimente tocar a melodia que você usou anteriormente, porém, depois de fazer uma pausa
na nota Si, finalize com a nota Dó.
Faça o teste!!!
Entender e perceber as tensões e resoluções de tensões é algo muito importante. Quanto mais
você aprofundar seu conhecimento e sua percepção musical, mais você vai entender e sentir as
tensões e resoluções.
A necessidade de Resolução de uma Tensão é o que vamos tratar no próximo capítulo sobre as
Escalas Menores e em seguida no capítulo sobre Funções Harmônicas.
Então acabou!
Salmos 107:1
***
Vamos tratar sobre todos os principais aspectos dessas escalas neste capítulo, portanto ele é um
pouco mais longo.
• Boa parte dos alunos se confunde quando tratamos a Escala Maior e a Menor ao mesmo
tempo;
• A maioria das músicas são escritas em Tons Maiores;
• Existem algumas aplicações mais complexas para as Escalas Menores, e, sem uma boa
base teórica, talvez você se perdesse nas explicações;
• Existe mais de um tipo de Escala Menor, o que normalmente gera confusão nos iniciantes;
• Os Campos Harmônicos são diferentes, mais complexos.
Eu poderia continuar dando motivos para você, mas acredite em mim, agora que já passamos por
um bocado de conteúdo, entender a formação e aplicação das Escalas Menores vai ser moleza.
Para começar, uma Escala Menor também é uma Escala Diatônica, então, tirando a regra de
formação (que é diferente), tudo que eu falei sobre as Escalas Maiores é aplicado a ela.
Outro ponto é que normalmente as músicas em tons menores (Dó menor, por exemplo) tem um
“sentimento” mais triste, mais calmo, talvez um pouco mais “escuro” que músicas em tons
maiores.
Conversa de maluco essa, né? Música mais escura? Música com “sentimento”? É isso mesmo!
Mas essas características não são regras, e mais para frente eu vou te mostrar que, inclusive, é
possível você alterar o tom de uma música, de Maior para Menor, sem mudar nada na melodia.
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Semitom Tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (st) (t) (t)
C D Eb F G Ab Bb C
Veja que o que mudou foi a posição dos Semitons. Mas no resto, seguimos os mesmos princípios.
Temos as 7 notas musicais, sem repetição. Essa regra de formação gera a Escala Menor Natural.
Se olharmos a formação do acorde Cm (Dó Menor), e olharmos a Tríade dele (1,3,5) na escala
cromática de Dó, veremos as notas C, Eb, G. Conforme vemos acima (em vermelho), a formação
de um acorde menor segue também a Escala Diatônica Menor.
Então, nesse momento a sugestão que te dou é que você monte todas as Escalas Menores. É só
seguir a regra de formação.
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Semitom Tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (st) (t) (t)
C D Eb F G Ab Bb C
D
E
F
G
A
B
Eb
Ab
Bb
A lógica de formação dos Campos Harmônicos Menores é a mesma dos Campos Harmônicos
Maiores.
Use o macete que ensinei no capítulo sobre campos Harmônicos, que mostra como você forma
os Campos Harmônicos usando as notas da Escala Diatônica (o macete dos “pulos”).
Só tenha cuidado porque nos Campos Harmônicos Menores o padrão dos acordes é diferente,
então não adianta simplesmente copiar do capítulo anterior. Recomendo que você preencha a
tabela para descobrir o novo padrão.
Vou deixar o espaço para você preencher os campos Harmônicos das tonalidades mais comuns:
I II III IV V VI VII
Cm
Dm
Em
Fm
Gm
Am
Bm
Ebm
Abm
Bbm
O padrão é o seguinte:
Se o seu padrão ficou diferente deste acima, revise o que você preencheu.
Ótimo! Com essas 3 etapas cumpridas (Escalas, Acordes e Campos Harmônicos) fizemos com as
Escalas Menores tudo que fizemos com as Escalas Maiores.
Depois que você já tem toda a base de conhecimento, fica bem mais fácil, não é?
A primeira coisa que você pode já ter notado, caso tenha tocado uma escala menor, é que a
sonoridade é diferente de uma Escala Maior. Se você não fez o teste, faça agora.
Repita algumas vezes, devagar. Toque a Escala Maior e em seguida a Escala Menor.
Obviamente que elas têm sonoridades diferentes, afinal as notas não são as mesmas. Mas não é
disso que estamos falando.
Vamos voltar àquela conversa maluca sobre a “cor e o sentimento” do som. A regra geral é a
seguinte:
Uma Escala Maior tem um “sentimento” mais alegre. Uma escala menor tem um “sentimento”
mais melancólico.
Numa Escala Maior temos um grau Sensível (VII) que gera bastante tensão.
Numa Escala Menor o grau Sensível (VII) é “menos sensível “, ou seja, tem menos tensão.
Toque a escala de Dó Maior e pare na nota Si (VII). Perceba a tensão que fica no ar.
Agora toque a escala de Dó Menor e pare na nota Sib (VII). Perceba que a tensão é bem menor.
Se ainda estiver difícil de você perceber a diferença, não se preocupe. Essa sensibilidade vem com
o tempo. Vou falar mais sobre isso num capítulo mais adiante.
Eu trouxe esse assunto das diferenças entre o grau Sensível da Escala Maior e da Escala Menor
porque foi exatamente essa diferença que fez com que surgisse um outro tipo de Escala Menor.
Se você parar para pensar, o que gera a tensão do Grau Sensível é o fato de que entre a última
nota (VII) e a Tônica (I) existe apenas 1 semitom de distância. Por exemplo, de Si para Dó na escala
de Dó Maior.
Essa diferença de 1 semitom não existe na Escala Menor. A distância entre as notas é de 1 tom e
isso não gera a mesma quantidade de tensão.
Então, para deixar a Escala Menor mais sensível, mudamos a posição da última nota, e aí a Escala
fica assim:
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Semitom 1 ½ tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (st) (t)
C D Eb F G Ab B C
Essa escala é muito importante. Praticamente em todas as músicas em tom menor, em algum
momento você vai encontrar um trecho com uma Escala Menor Harmônica.
Perceba que eu disse que em um trecho da música e não na música toda. É muito raro uma
música estar inteiramente escrita em uma Escala Menor Harmônica.
Há vários estilos musicais que usam e abusam das Menores Harmônicas, como músicas flamencas
e orientais.
Minha dica para você agora é você escrever todas as Escalas Menores Harmônicas e depois
praticar bastante. Essa nova sonoridade vai te dar algumas opções muito interessantes de
improviso e também vai aumentar sua percepção musical.
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Semitom 1 ½ tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (st) (t)
C D Eb F G Ab B C
D
E
F
G
A
B
Eb
Ab
Bb
Vou responder essa pergunta logo mais. Guarde ela aí com você.
Muito bem, já temos 2 tipos de Escala Menor: A Menor Natural e a Menor Harmônica.
Depois que a Menor Harmônica foi criada e popularizada, começou a surgir um questionamento,
pois em alguns casos, a distância de um tom e meio entre a sexta e a sétima nota é um pouco
difícil de se executar.
Para ajustar essa situação, surgiu a Escala Menor Melódica, cuja regra de formação é a seguinte:
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Tom Tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (t) (t) (t)
C D Eb F G A B C
O importante é que você entenda e sinta as diferenças. Assim você vai aumentar
consideravelmente seu leque de percepção musical.
I II III IV V VI VII I
Tônica Tom Semitom Tom Tom Tom Tom Tom
(T) (t) (st) (t) (t) (t) (t) (t)
C
D
E
F
G
A
B
Eb
Ab
Bb
Para isso vou usar uma Escala Menor de um tom diferente, que talvez seja mais familiar para a
maioria das pessoas.
Aí estão as 3 Escalas Menores. As diferenças de formação são sutis (em vermelho), mas a
sonoridade é bem diferente.
E não é só isso que diferencia as Escalas. Não sei se você reparou, mas usei a escala da Lá Menor
por um bom motivo.
Se você observar bem, a escala de Lá Menor Natural é quase idêntica à escala de Dó Maior. Só o
que muda é a ordem das notas. Você pode dizer que a Escala de Dó Maior e a de Lá Menor são
equivalentes. O mesmo vale para a Escala de Ré Maior e a de Si Menor, Mi Maior e Dó Sustenido
Menor e por aí vai.
Lembra que eu falei que é possível tocar uma música que é em um tom maior usando uma Escala
Menor?
A explicação para isso começa por aqui. Sempre há uma Escala Menor equivalente à uma Escala
Maior, e vice-versa. Por isso, há formas de você substituir os acordes maiores por acordes
menores sem alterar a melodia da música.
Sempre o Sexto Grau da Escala Maior é a nota da Escala Menor equivalente (C = Am).
Sempre o Terceiro grau da Escala Menor é a Escala Maior Equivalente (Am = C).
Em resumo, uma música em Dó Maior pode ser tocada como se fosse em Lá Menor. Uma música
em Lá Menor pode ser tocada como se fosse uma música em Dó Maior. É claro que essas
substituições precisam ser bem feitas, senão a música pode ficar esquisita.
Vou ensinar você a fazer essas substituições depois de falarmos sobre as Funções Harmônicas, no
próximo capítulo.
Pense agora num campo harmônico de uma Escala Menor Harmônica. O que muda em relação
ao campo harmônico da Escala Menor Natural?
Se você olhar as duas escalas na tabela anterior, verá que a única diferença entre elas é a nota
Sol. Na Menor Harmônica temos um Sol# no lugar do Sol. O fato de termos trocado a nota Sol
pela nota Sol# afeta todos os acordes do campo harmônico que possuíam a nota Sol. Veja o que
aconteceu:
O que aconteceu foi que todo acorde que tinha uma nota Sol em sua formação passou a ter uma
nota Sol# no lugar.
• Na Menor Natural havia um Am7 formado pelas notas A, C, E, G (intervalos 1, b3, 5, b7)
Obs.: Não se preocupe com o último acorde (um acorde diminuto). Vou falar dele num capítulo
específico.
A mesma lógica se aplica ao campo harmônico Menor Melódico. Além de um Sol# teremos
também um Fá#, o que vai mudar diversos acordes. Veja como fica:
Simples! Se você estiver tocando uma música em Lá Menor e de repente aparecer um acorde E7,
pode mandar uma Escala Menor Harmônica com fé! Vai ficar top!
Por que? Olhe para os Campos Harmônicos acima novamente. Em qual Campo Harmônico temos
um acorde E7? Nos Menor Harmônico e no Menor Melódico.
E se, na mesma música (ou qualquer outra em Lá Menor) aparecer um acorde D7, manda uma
Melódica que vai encaixar.
Por que? Pelo mesmo motivo citado acima: no Campo Harmônico Menor Melódico temos o
acorde D7.
O que NÃO PODE é numa música em Lá Menor aparecer um acorde E7 e você tocar uma Escala
Menor Natural. Vai ficar feio, e com razão. Você estará tocando uma nota Sol quando que no
acorde há uma nota Sol#.
Conheço pouca gente que conhece bem esse assunto das Escalas Menores. Infelizmente. A
maioria dos instrumentistas acaba parando os estudos antes de chegar aqui.
O problema disso é que vira e mexe você está lá, tocando uma música em Lá Menor, aí pinta um
acorde E7 e o bonitão entra com um improviso do além e mete uma nota Sol no meio do solo.
Sabe o que é pior? É que muitas vezes a pessoa nem percebe que errou.
Isso é extremamente comum para os instrumentistas que tocam instrumentos melódicos (sax,
flautas, violinos e afins), pois, em sua maioria, eles não estudam harmonia. Aí não sabem bem a
diferença entre um Em7 e um E7.
A diferença é sutil, sim...apenas uma nota. Mas se você seguiu minha orientação e tocou as 3
Escalas Menores, você percebeu o quão diferente é a sonoridade das escalas.
Enfim, fico feliz que você tenha chegado até aqui no livro, pois você não será um desses
instrumentistas.
Isso se aplica tanto para tons maiores quanto para tons menores. Eu vou falar muito sobre isso
no capítulo seguinte.
Mas cuidado! Essas alterações de escala (para Harmônica ou Melódica), só se aplicam ao trecho
da música onde há o acorde com a nota alterada (Sol# ou Fá#). Lembre-se que é raríssimo uma
música estar inteira escrita numa escala Harmônica ou Melódica.
Aqui minha recomendação para você é escrever mais alguns campos Harmônicos menores, e se
possível, tocar os acordes para conhecer as sonoridades.
Para finalizar esse capítulo, te convido a procurar músicas em tons menores para você poder ouvir
e /ou tocar. Perceba as diferenças, veja onde aparecem as escalas menores harmônicas e
melódicas, as diferenças de sentimento, etc.
Bm G Em7
Os planos que foram embora E o tempo que roubado foi
Bm7 A
O sonho que se perdeu Não poderá se comparar
G Em7
O que era festa e agora A tudo aquilo que o Senhor
D/F# Em7 A
É luto do que já morreu Tem preparado ao que clamar
F#m7 Em7 D/F#
Não podes pensar que este é o teu fim Creia porque o poder de um clamor
G G A
Não é o que Deus planejou Pode ressuscitar
D/F# Em7
Levante-se do chão! A4 A G Em7
A Restitui! Eu quero de volta o que é meu
Erga um clamor! A4 A G Em7 A
Sara-me! E põe teu azeite em minha dor
A4 A G Em7 G A A4 A
Restitui! Eu quero de volta o que é meu Restitui! E leva-me às águas tranquilas
A4 A G Em7 A G Em7 A4 A
Sara-me! E põe teu azeite em minha dor Lava-me e refrigera a minh'alma
G A A4 A Bm G9 Bm9 G9 Bm
Restitui! E leva-me às águas tranquilas Restitui
G Em7 A4 A
Lava-me e refrigera a minh'alma
Bm G9 Bm9 G9
Restitui
Romanos 12:4-5
***
Talvez, no início pareça que esse assunto não tem muita aplicação prática, mas conforme formos
progredindo nos estudos, você vai começar a identificar essas aplicações.
Funções Harmônicas exige de você todos os conhecimentos anteriores. Então se alguma coisa
ainda não ficou clara, é importante você voltar e revisar o que ainda não está claro.
Os nomes dos Graus também têm a ver com sua Função Harmônica. Estudar e aplicar os Graus
de acordo com sua Função Harmônica também é conhecido como Harmonia Funcional.
Neste primeiro momento vamos focar nos graus I, IV e V, pois são os mais usados.
Por exemplo, toque o acorde C (I) e depois o acorde F (IV) e pare por aí.
Repita essa sequência algumas vezes.
Você vai perceber que quando você para no grau IV parece que fica faltando algo. Quando
você recomeça no grau I, parece que o que estava faltando apareceu.
Isso quer dizer que o grau I resolveu a tensão gerada pelo grau IV.
• O grau V é o Dominante, que é um grau de tensão alta. Na maior parte das vezes, essa
tensão é resolvida pela Tônica, pois na composição do acorde Dominante há um intervalo
chamado de Trítono, que vou explicar logo mais.
Toque os acordes C, F e G e pare por aí. Repita a mesma sequência algumas vezes.
Veja que agora a sensação de que falta alguma coisa é ainda maior. Isso porque a tensão
do grau V é maior.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 100 -
Quando você volta para o acorde C aí temos a resolução da tensão. É por isso que dizemos que a
Dominante exerce uma atração forte para a Tônica.
A sequência normal da cadência é essa, mas qualquer variação da sequência ainda é válida. Por
exemplo, a cadência poderia ser algo como I – V – IV – V – IV – I, ou C, G, F, G, F, C se a música for
em Dó Maior.
Para tons menores os graus e suas funções seguem o mesmo princípio. Uma cadência I – IV – V
no tom Lá Menor teria os acordes Am (I), Dm ou D (IV) e Em ou E (V). A variação no IV e no V
acontece por causa da Escala Menor Harmônica e Melódica, que alteram as notas dos acordes
desses graus. Por exemplo, se a escala for a Menor Harmônica, teremos um acorde E no lugar do
Em. Dê uma olhada nos campos harmônicos no capítulo anterior, caso tenha dúvidas.
Seguindo a lógica da cadência I - IV – V, uma música qualquer em Sol Maior poderia ser tocada
com apenas 3 acordes: G (I), C (IV) e D (V). Quer ver um exemplo?
G C G
Grande é o Senhor e mui digno de louvor
Veja que neste exemplo temos
C D Em vários acordes, ou seja, temos
Na cidade do nosso Deus seu Santo Monte vários graus da escala sendo
utilizados...
G Am Bm C D G
A alegria de toda a Terra
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 101 -
Agora vamos tocar o mesmo trecho usando apenas acordes da cadência I, IV, V
G C G
Grande é o Senhor e mui digno de louvor
Agora só usamos 3 acordes para
C D G tocar o mesmo trecho.
Na cidade do nosso Deus seu Santo Monte
G C D C D G
A alegria de toda a Terra
Tente tocar com essa segunda cifra. Tocou? Veja que, apesar de não ficar tão bonito, é possível
tocar assim.
Isso quer dizer que a maioria das músicas (tirando as que naturalmente possuem harmonia
complexa) pode ser tocada usando apenas as 3 principais Funções Harmônicas.
Não está acreditando? Escolha uma outra música em tom maior (para ficar mais fácil) e dê uma
olhada na cifra dela. Você verá que boa parte dos acordes está nesse grupo dos graus I, IV e V.
E muitos casos, os demais acordes podem ser ignorados ou substituídos sem grandes prejuízos à
melodia.
D A F#m Bm E A D A D A
Castelo forte é nosso Deus, Castelo forte é nosso Deus,
Bm F#m G D B Em A D D A G D GAD
Es pa da e bom es cu do Es pa da e bom es cu do
Esse hino (Castelo Forte) é famoso por ser um desafio para os instrumentistas, por causa da
quantidade de acordes.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 102 -
Mas veja que é possível tocar com 3 acordes (I, IV, V). Daria para simplificar a cifra do hino quase
todo.
Obviamente não fica muito bonito, mas dá para cantar sem grandes prejuízos.
Dm Dm/C Gm7 A7
O meu louvor é fruto do meu amor por ti Jesus,
Dm Dm/C Bb7M Gm7 C7(9)
De lábios que confessam o teu nome
F7M Bb7M
É fruto de tua graça
Em7(b5) A7
E da paz que encontro em ti
Dm Dm/C Bb7M Asus4 A
E do teu Espírito que habita em mim
Dm
Que habita em mim
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 103 -
O Meu Louvor é Fruto – Cifra Simplificada
Asaph Borba
Dm Gm7 A7
O meu louvor é fruto do meu amor por ti Jesus,
Dm Gm7 Am7
De lábios que confessam o teu nome
Dm7
É fruto de tua graça
Gm7 A7
E da paz que encontro em ti
Dm Gm7 A
E do teu Espirito que habita em mim
Dm
Que habita em mim
Esse hino é muito bonito e, provavelmente, Asaph Borba (o compositor do hino) vai ficar chateado
comigo por ter simplificado tanto a cifra, rsrs. Só usamos os graus I, IV e V da escala de Ré Menor.
Mas o fato é que, ainda assim, é possível simplificar uma cifra que originalmente possui vários
acordes sem perder a essência da música. Pessoas com ouvidos menos aguçados cantariam o
hino com a cifra simplificada e possivelmente nem perceberiam que estão faltando vários
acordes.
Quando falamos de músicas em tons menores, a simplificação da harmonia tem a tendência gerar
a perda de algumas nuances importantes, justamente porque as escalas menores são
sonoramente mais complexas.
Nesse hino mesmo temos vários trechos com a Escala Menor Harmônica (sempre que aparece
um acorde Lá Maior).
Temos também um trecho em que a música muda de tom para Fá Maior (vou te explicar isso mais
adiante), e, por eu ter alterado a cifra, esse trecho perdeu essa característica (mudança de tom).
Mas enfim, o fato é que a cadência I – IV – V (e suas variações) é muito comum na música.
É importante você saber identificá-la. Quanto mais você entender esses aspectos e padrões,
menos você vai depender de cifras. Vamos prosseguir entendendo este tema no capítulo
seguinte.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 104 -
Funções Harmônicas Secundárias
Provérbios 1:7-9
***
FALEI BASTANTE NO ÚLTIMO CAPÍTULO SOBRE A CADÊNCIA I – IV – V. Ela, de fato, é muito comum e boa parte
das músicas é escrita com base nela.
Mas calma, isso não quer dizer que apenas 3 acordes resolvem todos os problemas. Não te ensinei
a formar todos os acordes do Universo para você, no fim, só usar três.
Além das Funções Harmônicas principais (I, IV e V), os outros graus exercem o que chamamos de
Função Harmônica Secundária, por causa da composição dos acordes.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 105 -
Vou explicar dando um exemplo:
Por exemplo, numa música em Dó Maior, você poderia substituir o acorde Fá Maior (IV) pelo
acorde Ré Menor (II) sem grandes prejuízos.
Simples, porque os dois acordes são bem parecidos. Veja só as Tétrades de cada acorde:
Grau Acorde 1 3 / b3 5 7
IV F7M F A C E
II Dm7 D F A C
Veja que os acordes são quase iguais (notas em vermelho). Apenas uma nota diferencia os dois
acordes (em azul). Por isso é possível fazer a substituição. Essa semelhança entre os acordes se
aplica para outros graus.
Veja a lista dos graus com suas respectivas Funções Harmônicas Secundárias:
Quer dizer que existem possibilidades de substituição de um grau por outro que tenha Função
Harmônica equivalente. Chamamos isso de Substituição Harmônica.
Vamos analisar as principais substituições (ainda na tonalidade Dó Maior). Repare que a diferença
entre os acordes é sempre de apenas 1 nota (notas em azul)
Grau Acorde 1 3 5 7
I C7M C E G B
VI Am7 A C E G
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 106 -
Substituição do grau V pelo III (Dominante Fraco):
Grau Acorde 1 3 5 7
V G7 G B D F
III Em7 E G B D
Mas repare que substituição do grau V pelo III eu escrevi Dominante Fraco, porque o grau III,
apesar de ser bem parecido com o grau V, não tem uma característica muito importante.
Ele se chama Trítono porque é um intervalo composto por 3 tons entre a Terça e a Sétima do
acorde Dominante. Veja:
Acorde 1 3 5 7
G7 G B D F
Distância = 3 Tons
Esse intervalo de 3 Tons tem uma característica bem especial. Se você parar para analisar, tanto
a nota Si quanto a nota Fá, na escala de Dó Maior (nosso exemplo), têm uma outra nota da escala
muito próxima delas, com uma distância de 1 semitom.
I II III IV V VI VII I
C D E F G A B C
Semitom Semitom
É por causa dessa distância curta entre as notas III – IV e VII – I que existe tanta tensão no acorde
Dominante. Então, quando você toca um acorde Dominante, o mais comum é você resolver a
tensão com a Tônica, justamente porque no acorde Tônica, você elimina esse espaço de semitom.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 107 -
Observe:
Acorde 1 3 5 7
G7 G B D F
C7M C E G B
O que acontece é que você resolve a tensão da nota Si indo para a nota Dó (em azul), e resolve a
tensão da nota Fá indo para a nota Mi (em vermelho).
Um detalhe importante é que tanto faz a ordem das notas do Trítono. Pode Si e Fá, ou Fá e Si. E
a resolução também independe da ordem das notas. Pode ser Dó e Mi, ou Mi e Dó. É por isso que
dizemos que você pode resolver a tensão “fechando” ou “abrindo” o acorde.
Veja:
Neste exemplo,
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib
nós “abrimos” o
acorde para
resolver o
Trítono.
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
Neste exemplo,
Réb Mib Solb Sol# Sib Réb Ré# Fá# Sol# Sib nós
“fechamos” o
acorde para
resolver o
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Trítono.
No fim das contas, o nosso grau III tem função secundária de Dominante Fraco pois, apesar de
possuir quase todas as notas do grau V, não possui o Trítono na sua composição.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 108 -
Por fim, falta falar da última substituição que seria a do grau V pelo grau VII. Essa substituição
tem tudo a ver com o Trítono, e precisa de um pouco mais de explicação, por isso vou falar sobre
ela no próximo capítulo.
Mas antes de terminar este capítulo, lembra que eu falei que é possível você tocar uma música
que é originalmente em tom Maior usando uma escala Menor?
Então, agora que você já sabe praticamente tudo sobre Funções Harmônicas, você já consegue
fazer isso. Basta substituir os acordes do tom Maior por seus equivalentes Menores.
Não entendeu?
Vou te dar um exemplo. Vamos analisar as Funções Harmônicas do hino Grande é o Senhor.
Repare que as substituições ocorrem nos dois sentidos. Por exemplo, é possível substituir o grau
I pelo grau VI, ou substituir o grau VI pelo grau I. Vai da intenção e do gosto do freguês.
Agora vamos usar as Funções Harmônicas Secundárias e fazer as substituições:
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 109 -
Grande é o Senhor - Cifra Alterada
Gostou?
Enfim, aqui é realmente questão de gosto. Eu troquei todos os acordes por seus equivalentes.
Mas isso não é obrigatório nesses casos de rearmonização. Você substituir apenas os que você
achar que ficam melhor.
E lembre-se que tons menores tendem a ser mais solenes, escuros, melancólicos, etc. Então você
precisa ter sensibilidade para não “estragar” a intenção da letra e da melodia.
O inverso também é verdadeiro, se você for rearmonizar uma música que é originalmente em
tom menor, cuidado para não deixar a harmonia desenquadrada com a letra e a melodia.
Mas enfim, saber usar as Funções Harmônicas e as Substituições Harmônicas te dá esse poder de
entender e tocar uma música conscientemente.
A independência das cifras vai depender de você estudar e praticar. Comece a olhar para as cifras
com esse olhar mais técnico, analise e veja onde cada Função Harmônica entra. Com o tempo isso
fica fácil e quase automático. É nesse momento que você começa a ficar independente das cifras.
Enquanto você toca seu cérebro já começa a processar as funções harmônicas e te mostra qual
será o próximo acorde. Parece até mágica! Pratique e você verá isso acontecer com você!
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 110 -
Acorde Diminuto – Conceito, Formação e Uso Prático
Tiago 1:4,5
***
CHEGOU A HORA DE FALAR DO ACORDE DIMINUTO. Fiquei o livro todo ensaiando falar sobre ele e isso tem
pelo menos 2 bons motivos:
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 111 -
O Acorde Diminuto é um tipo de acorde com uma sonoridade complexa, mas a formação dele é
muito simples.
A razão de ele ter esse nome é simples: ele é um acorde que tem todos os seus intervalos
“diminuídos”, ou diminutos.
Existem duas formas de se escrever um Acorde Diminuto numa cifra. Por exemplo, o acorde Dó
Diminuto pode ser escrito como: Co ou Cdim
Sem mais delongas, vamos à prática. Vamos formar o acorde Dó Diminuto e aí explico um pouco
mais onde e como usar um Diminuto.
O Acorde Diminuto também é, porém, como eu já falei, ele tem todos os seus intervalos
“diminuídos”.
Então se o acorde Dó é formado pelas notas C, E, G e B (C7M), nós diminuímos todos os intervalos,
com exceção da Tônica.
Aí teremos as notas: C, Eb, Gb, Bb. Esse acorde é um Cm7(b5), que já é conhecido nosso (é o
acorde do grau VII). Porém esse ainda não é um Acorde Diminuto. Chamamos esse acorde de
Meio Diminuto.
A razão para isso é que o Acorde Diminuto sempre terá Função Harmônica de Dominante.
Considerando isso, o acorde Diminuto precisa ter um Trítono, e um acorde com 7M não tem (foi
o acorde que usamos no exemplo acima). Só você observar que, no acorde C7M, a distância entre
a Terça (nota Mi) e a Sétima Maior (nota Si) não é de 3 tons, e sim de 3 tons e meio (veja na escala
cromática acima).
Para um acorde Dó ter um Trítono, ele precisa ser um C7 (Dó com Sétima Menor).
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 112 -
Vamos “diminuir” todos os Intervalos do acorde C7 em meio tom
Acorde 1 3 5 b7 8
C7 C E G Bb C
Acorde 1 b3 b5 bb7 8
Cdim C Eb Gb Bbb C
Aí está nosso acorde Dó Diminuto. Sim, ele tem um intervalo dobrado bemol!
Aí os doidos, tipo eu, olham para esse acorde e acham a estrutura dele a coisa mais linda.
Veja só:
O primeiro é que 2 Trítonos geram mais possibilidades de resolução do acorde, quando usado
com função de Dominante.
O segundo fato, que tem muita relação com o primeiro, é que a formação do acorde Diminuto faz
com que ele seja considerado por alguns como um “Acorde Perfeito”. Isso porque o Acorde
Diminuto é perfeitamente dividido em intervalos de 1 tom e meio. Perceba que o Acorde
Diminuto é uma Tétrade totalmente simétrica.
Essa simetria faz com que o Acorde Diminuto se torne uma espécie de “acorde coringa”.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 113 -
Para você entender esse negócio de acorde coringa vou representar as notas do Acorde Diminuto
em 2 oitavas, simplesmente mantendo a distância de 1 tom e meio entre as notas. Veja:
Muitas pessoas não conseguem enxergar essa mágica logo de cara, por isso vou te dar uma ajuda.
Lembre-se que a formação de um Acorde Diminuto sempre segue a regra básica de intervalos de
1 tom e meio a partir da Tônica.
Para te ajudar a perceber isso, vou mudar a Tônica de lugar. Pense agora no acorde Ebo (em
vermelho)
Se ainda não percebeu, vou te dar mais uma chance, mudando a tônica de lugar de novo. Pense
agora no acorde Bbbo
Espero que você tenha conseguido perceber, mas o que eu quero que você veja é que todos os
acordes são compostos pelas mesmas notas, apenas em ordem diferente.
Dê uma olhada nas tabelas acima novamente agora. Acredito que agora esteja fácil de perceber
a mágica.
Eu sei que se fossemos olhar as escalas Cromáticas de cada Tom os nomes das notas seriam
diferentes, mas ignorando isso, os acordes Co, Ebo, Gbo e Bbbo são simétricos. É como você pegar
um quadrado (figura com 4 lados iguais) e virar de cabeça para baixo. Ele continua sendo o mesmo
quadrado, só o que mudou foi o lado que ficou para cima.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 114 -
C
Se você girar esse quadrado, a nota que fica em
cima muda, alterando o nome do acorde. No
Bbb Eb
entanto, as 4 notas que formam o novo acorde
continuam sendo as mesmas.
Gb
Se for mais fácil para você entender, pense que o acorde Co = D#o = F#o = Ao = Co
Na prática, quer dizer que em qualquer cifra onde aparecer um acorde Co, você poderia
perfeitamente substitui-lo por um D#o, ou um Ao, ou um F#o. Tudo depende de gosto pessoal,
sonoridade desejada, etc.
Então seguindo nessa lógica, temos a seguinte lista de acordes Diminutos e seus equivalentes:
Co = D#o = F#o = Ao
C#o = Eo = Go = Bbo
Do = Fo = G#o = Bo
E é isso...você pode mudar o nome do acorde se quiser, para adequá-lo à escala da tonalidade da
música. Por exemplo, ao invés de G#o você pode usar Abo (num caso onde a tonalidade da música
tenha um Ab na escala diatônica). Mas a lógica é sempre a mesma.
Espero ter sido claro o suficiente para você entender a formação do Acorde Diminuto.
Para finalizar este capítulo, vou só falar rapidamente sobre a aplicação prática de um Acorde
Diminuto na música.
Mas cuidado aqui. Para você usar um Acorde Diminuto como Dominante você precisa respeitar o
Trítono do acorde do grau V. Como assim?
Se uma música é em Sol Maior, o grau V (Dominante original) tem o Trítono Fá# – Dó, que está
presente no acorde D7.
Qual Acorde Diminuto tem esse mesmo Trítono? Pense aí antes de ler a resposta.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 115 -
Co = D#o = F#o = Ao
Esse grupo de Acordes Diminutos tem o nosso Trítono Fá# – Dó. Então, qualquer um desses
acordes pode substituir o acorde D7 numa música em Sol Maior.
Quer ver na prática? Vamos mais uma vez usar o hino Grande é o Senhor. Vou substituir os
acordes D (Dominante) por um dos Diminutos para você ver.
Usei 2 Acordes Diminutos equivalentes só para você ver a diferença que há na sonoridade e na
aplicação. Se ficou feio ou bonito aí é gosto pessoal. O fato é que o Acorde Diminuto cumpriu sua
função de Dominante.
Um Acorde de Passagem é um acorde que faz uma “ponte” entre 2 outros acordes. Usamos
Acordes de Passagem quando queremos dar ênfase em algum trecho da harmonia.
Por exemplo, na cadência I – IV – V, pode ser que você queira enfatizar a transição entre o IV e o
V.
Numa música em Dó Maior a cadência seria C – F – G, e para dar ênfase na transição entre o F e
o G usamos o Acorde Diminuto que está entre esses dois acordes, no caso um F# o
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 116 -
Vou usar esse recurso na cifra anterior para você ver como ficaria:
G Bo C G
Grande é o Senhor e mui digno de louvor Você também pode usar
qualquer um dos Diminutos
C D D#o Em equivalentes (simétricos).
Na cidade do nosso Deus seu Santo Monte
O Acorde de Passagem funciona em praticamente toda transição de acordes. É claro que não
recomendo você usar isso o tempo todo, como eu fiz aqui. Mas vale a pena explorar as
possibilidades.
Essas são duas utilizações comuns do Acorde Diminuto, o que não quer dizer que você não possa
dar a ele outras aplicações.
O importante é entender sua formação e depois praticar, praticar, praticar. Conforme você
memoriza a sonoridade dos acordes fica mais fácil você encaixá-los na música.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 117 -
Transposição – Conceito e Técnicas
Filipenses 4:6,7
Conceito de Transposição
Técnica da Contagem
Técnica da Substituição por Graus
***
AGORA QUE VOCÊ JÁ SABE TUDO sobre escalas, acordes, campos harmônicos e funções harmônicas,
entender o tema deste capítulo é bem tranquilo.
Eu até podia ter tratado esse tema antes, mas preferi dar atenção para o que eu entendo ser mais
importante primeiro.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 118 -
O que é Transposição?
Se você já toca algum instrumento provavelmente já passou por alguma situação onde você teve
que alterar a tonalidade da música para adequar à voz de alguém, ou a algum arranjo, ou a algo
parecido.
Algo assim:
Ou
Em geral, diante de pedidos como esses, a reação da maioria das pessoas é uma mistura de
pânico, medo, ansiedade, frustração, e o resultado é sempre silêncio (a pessoa não consegue
tocar nada) ou cacofonia (a pessoa até tenta, mas toca tudo errado).
Normalmente as pessoas sofrem muito quando alguém pede para transpor uma música,
justamente porque essas pessoas não estudaram teoria musical suficientemente bem. Aí ficam
dependentes de uma cifra que está escrita num tom específico. Pedir para trocar o tom é quase
como tirar a cifra da pessoa.
Na verdade, se você vem seguindo minhas orientações, tem escrito as escalas, acordes e campos
harmônicos e tem praticado no seu instrumento, é bem provável que tudo que eu vou falar agora
não pareça nada novo para você.
Mas, independentemente disso, vou te ensinar uma técnica simples para transpor qualquer
música para qualquer tonalidade.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 119 -
Na verdade, existem 2 métodos comuns de transposição:
1 – O Método da Contagem
Esse é o método mais comum, e ele funciona bem para transposições simples, de até 2 tons para
cima ou para baixo.
Ele funciona simplesmente contanto a quantidade de tons e semitons e ajustando a cifra. Vou
explicar com um exemplo:
Imagine que temos que transpor uma música originalmente em Dó Maior para Ré Maior. Com o
método da contagem nós contamos quantos semitons existem entre o tom original e o tom
transposto.
No caso de uma transposição de Dó para Ré, temos uma distância de 2 semitons “para cima”.
Então todas as notas da melodia e todos os acordes precisam ser aumentados em 2 semitons.
Cifra Original:
Cifra Original C Am F G C
+ 2 Semitons
Transposta D Bm G A D
Simples, certo?
A mesma lógica se aplica para transposições “para baixo”, por exemplo de Dó para Lá. Neste caso
temos uma diferença “para baixo” de 3 semitons, ou, como é mais comum, uma “terça abaixo”.
Cifra Original C Am F G C
- 3 Semitons
Transposta A C#m D E A
A maioria das pessoas tem mais dificuldade em pensar “para baixo”. Isso é comum, mas com
treino você se acostuma.
Bom, até aqui está bem fácil, certo? Só contar os semitons e ajustar as notas.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 120 -
2 – Método dos Graus da Escala
Agora vamos mudar um pouco o cenário. Faça a transposição abaixo (de Si para Fá):
Transposta F
Deu nó na cabeça? Você ficou na dúvida se contava “para cima” ou “para baixo”?
Pois é. Apesar de não ser comum esse tipo mudança drástica de tonalidade, pode ser que ela
aconteça, principalmente se você toca instrumentos de sopro que não são afinados em Dó. Por
exemplo, instrumentos com afinação padrão em Eb.
Mas enfim, como fazer essas transposições sem sofrer muito? É bem simples, na verdade. Basta
usarmos os graus das escalas
Vamos olhar a escala de Si. Marquei em vermelho as notas que usamos na nossa cifra.
Então, agora que sabemos quais graus estamos usando, basta usarmos os mesmos graus na
tonalidade nova. Como queremos transpor a cifra para Fá, basta usarmos os graus I, IV, V e VI da
escala de Fá. Assim:
Transposto F G A Bb C D E
Por fim, ajustamos as notas em acordes, conforme a cifra original. Se, na cifra original, o acorde
era Maior, na cifra transposta também será Maior, e assim por diante. Isso inclui dissonâncias,
inversões, etc.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 121 -
Transpondo a cifra então temos:
Transposta F Bb C Dm Bb F
Esse método funciona para qualquer transposição, tons maiores e menores. Pode parecer difícil,
mas com o tempo fica muito natural fazer esses ajustes.
Se você ainda não memorizou as principais escalas, aqui eu reforço a importância que isso tem.
Um conhecimento sempre te ajuda em outro. Memorizando as escalas, você tem mais facilidade
de memorizar os acordes, que te ajudam a entender os campos harmônicos, que te ajudam a
entender as funções harmônicas e por aí vai.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 122 -
Modulações e a Cadência II – V – I
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de
vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para
fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que
nós as praticássemos.
Efésios 2:8-10
Conceito de Modulação
Cadência II – V – I
Análise harmônica
Modulações usando a cadência II – V – I
Dominantes Secundários
Exemplos práticos
***
ESTAMOS FINALIZANDO NOSSOS ESTUDOS e acredito que este assunto é um bom assunto para
terminarmos.
Mais uma vez, para você entender bem este capítulo, é essencial que você tenha compreendido
os demais, pois vou começar a trazer harmonias mais elaboradas. Este é o capítulo do livro que
mais vai exigir de você. Leia tudo com calma, tentando aplicar o conhecimento aos poucos.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 123 -
Primeiro vamos definir o que é Modulação, pois ela se confunde com a Transposição.
Tecnicamente poderíamos até dizer que não diferença. Tanto a Modulação como a Transposição
alteram a tonalidade da música.
Porém, na prática, a grande diferença é que, quando transpomos uma harmonia, nós mudamos
a tonalidade de um trecho grande ou da música como um todo. Quando fazemos uma modulação,
muitas vezes fazemos uma transição breve entre tonalidades diferentes, não necessariamente
alterando a tonalidade de uma música toda.
Um sinal comum de que estamos fazendo uma Transposição é que temos uma alteração na
Armadura da Clave da música. E numa modulação só alteramos algumas notas ou um pequeno
trecho da música.
Há controvérsias sobre essas definições, portanto não vou ficar gastando energia com isso. O que
importa é que quando eu falar sobre Modulação, entenda que estaremos falando sobre alteração
da tonalidade.
Vamos falar agora sobre a Cadência II – V – I, também chamada de Segundo Cadencial (ou II
Cadencial).
Junto com a nossa famosa cadência I – IV – V – I, que estudamos no capítulo sobre Funções
Harmônicas, o II Cadencial é a cadência mais comum na música. Dependendo da composição, ela
até pode aparecer mais que a I – IV – V - I.
Como assim?
Se, por exemplo, em uma música eu tiver a sequência C – Am, eu poderia usar um II Cadencial
para preparar essa transição. Logo mais darei exemplos.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 124 -
O II Cadencial tem um padrão:
Esse padrão faz com que o II Cadencial também seja muito representado por IIm – V – I.
Lembre-se que quando falamos de música sempre há exceções. Tudo depende da composição,
melodia, etc.
As aplicações do II Cadencial são muito importantes e para explicá-las vou usar muitos exemplos.
Vamos começar com algo simples. Vamos dar uma olhada na cifra do hino Cristo Nome Mais Alto,
que é bem simples.
C (I) Am (VI)
Cristo, nome mais alto Procurei manter a cifra o mais próximo do original. Sei que
Dm (II) há outras versões mais elaboradas.
Salvador nosso
G (V) Mas veja que a cifra é muito simples, com poucos acordes,
Glorioso Senhor porém temos aqui dois II Cadencial (em azul), bem como
um trecho com I – IV – V (coro).
C (I) Am (VI)
Emanuel, Deus é conosco Além do que eu marquei em azul, há mais um II Cadencial
Dm (II) G (V) na cifra. Veja se consegue encontrá-lo.
Fonte da vida
C (I) Achou?
Cordeiro de Deus
Se não encontrou, olhe mais um pouco...
Coro:
F (IV) C (I)
Emanuel, Emanuel
G (V)
Seu nome é
C (I)
Emanuel
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 125 -
No II Cadencial formado pelos acordes Dm (II) – G (V) – C (I) (em azul), o acorde Dm está fazendo
função de Subdominante. Você poderia substitui-lo por um acorde F sem grandes prejuízos,
formando uma cadência IV – V – I.
Talvez você se pergunte: “Por que no lugar do F há um Dm, sendo que o F é o Subdominante
principal?”
Simples! Porque na melodia, no momento do acorde Dm, a nota tocada é um Ré (no momento
da palavra “nosso” da letra). Num acorde F não temos uma nota Ré. Normalmente quando as
notas do acorde encaixam com a nota da melodia, temos uma harmonia mais encaixada.
Se você colocar uma nota Ré na composição do acorde F, criando um F6 (Fá com Sexta) aí você
resolveria esse problema. No entanto o Dm, formando o II Cadencial, ainda ficaria melhor (faça o
teste, se quiser)
Bom, aí vem a segunda pergunta: “Onde está o outro II Cadencial dessa harmonia?”
Lembre-se que eu disse que o II Cadencial prepara as transições para praticamente todos os
outros graus da escala. Só que para você enxergar isso você precisa olhar para cada grau
individualmente.
Como assim?
Cada acorde de um campo harmônico corresponde à um grau deste campo harmônico. Por
exemplo, o acorde Am no campo harmônico de Dó Maior é o grau VI.
Porém, o acorde Am também pode ser analisado como o grau I (Tônica) do seu próprio campo
harmônico, ou seja, o campo harmônico de Am. Se você coloca o foco no acorde Am, as análises
harmônicas mudam. É isso que fazemos quando analisamos o II Cadencial.
Eu sei que é confuso. Eu mesmo demorei um pouco para entender isso. Então, vou compartilhar
com você a forma que eu achei para colocar esse conceito na minha cabeça.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 126 -
Acompanhe meu raciocínio. Vou quebra-lo em várias etapas:
2. Se eu pensar que o Am é o meu acorde principal, tenho que pensar nele como Tônica.
Então agora tudo passa a girar em torno da Escala de Lá Menor.
7. Certo, mas qual acorde Si e qual acorde Mi vou usar? Maior, menor?
8. Para saber qual acorde usar, precisamos considerar 2 coisas: O Campo Harmônico de Lá
Menor e o padrão IIm – V – I.
E qual acorde Mi temos? Temos um Em7 ou um E7. Porém, para o II Cadencial, precisamos
de um acorde V Maior. Então vamos usar o E7
C – Bm7(b5) – E7 – Am.
Mas, em resumo, sempre que você quiser usar um II Cadencial, você tem que pensar no acorde
final, ou o acorde que resolve o II Cadencial. É por isso que eu falei anteriormente que nós, às
vezes, mudamos de tom no meio da música.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 127 -
Isso quer dizer que durante o II Cadencial você está fazendo uma Modulação. Neste nosso
exemplo, estamos Modulando de Dó Maior para Lá Menor Harmônico.
Se você fosse improvisar uma melodia neste trecho do II Cadencial, você teria que,
obrigatoriamente, usar a Escala de Lá Menor Harmônico, caso contrário você estaria
improvisando errado.
Entendeu?
Lembra dessa cifra aqui? Ela tem dois II Cadencial (em azul)
Dm Dm/C Gm7 A7
O meu louvor é fruto do meu amor por ti Jesus,
Dm Dm/C Bb7M Gm7 C7(9)
De lábios que confessam o teu nome
F7M Bb7M
É fruto de tua graça
Em7(b5) A7
E da paz que encontro em ti
Dm Dm/C Bb7M Asus4 A
E do teu Espírito que habita em mim
Dm
Que habita em mim
Lembra que eu simplifiquei essa cifra num capítulo anterior? Lembra que eu falei que essa música
mudava de tom? Lembra que eu falei que o fato de simplificar a cifra fazia com que a gente
perdesse essa característica?
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 128 -
Veja só o que acontece:
• No II Cadencial formado por Gm7 – C7(9) – F7M, em qual tonalidade estamos? Fá Maior.
Por isso o IIm é Gm7, o V é o C7(9) e o I é o F7M. Lembre-se que temos tomar como base o
campo harmônico da Tônica que resolve a cadência (no nosso caso, Fá Maior).
Nestre trecho, a escala que você teria que tocar num improviso seria baseada na escala de Fá
Maior, que é o acorde que resolve a cadência.
Mais uma vez, temos que considerar o campo harmônico da Tônica do II Cadencial, no caso,
Ré Menor. Como temos um acorde A7, estamos então no campo harmônico de Ré Menor
Harmônico.
Obs.: Se você não está conseguindo entender, tente revisar o capítulo sobre Campos Harmônicos
e Escalas Menores.
Aí sempre tem alunos que têm uma sacada e perguntam: “Professor, mas a escala de Fá Maior e
a de Ré Menor não são iguais? “
Primeiro que uma escala é Maior (alegre, feliz, brilhante) e outra é Menor (triste, solene, escura).
A sonoridade e o sentimento são diferentes. Segundo que neste exemplo estamos em uma escala
Menor Harmônica, que tem uma nota Dó#. Então, não é a mesma escala.
Mesmo que você só toque instrumentos melódicos e só faça solos, você precisa entender a
harmonia. Se você não compreender bem o que está acontecendo, você vai errar feio!
Eu nunca vou me cansar de dizer isso. E espero que você, como meu aluno, compre essa briga
comigo. Fala para o seu irmão saxofonista, flautista, trompetista, tocador de triângulo,
campainha, etc., vir estudar com você.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 129 -
Enfim, vamos olhar mais alguns exemplos e fazer as análises da harmonia.
Tu És Fiel, Senhor
(Harpa Cristã)
II V I
G D Bm7(11) E7 A
Bm7(11) E7 A
Pleno poder aos teus filhos darás.
Am7 D7 G7M
Em7(9) A7 D
A D Am7 D7 G7M
Observe que em cada II Cadencial,
Nunca mudaste: tu nunca faltaste:
como regra geral, devemos obedecer
ao Campo Harmônico e Escala da
Tônica que resolve a cadência (acima,
G#o D Em7(9) A7 D
em vermelho).
Tal como eras, tu sem - pre serás.
Rude Cruz
(Harpa Cristã)
G Go G C Am
Nesta cifra quis deixar as coisas mais simples
Rude cruz se erigiu! Dela o dia fugiu
para te mostrar que não é porque podemos
D D7 G D7
usar o II Cadencial que vamos abusar dele.
Como emblema de vergonha e de dor
G Go G C Am
Todos os II Cadencial usados são da própria
Mas contemplo esta cruz, porque nela Jesus
tonalidade da música (Am – D – G)
D Am7 D7 G
Deu a vida por mim pecador
Eles foram incluídos apenas para fins
estéticos, para “enfeitar” e deixar a
D G G7
harmonia um pouco mais “gorda”.
Sim, eu amo a mensagem da cruz
G/B C Am7 D7(9) G D7
Seria totalmente possível excluir os acordes
Até morrer eu a vou procla mar
do II Cadencial e ficar apenas com os
G C
acordes I – IV – V, sem nenhum prejuízo à
Levarei eu também minha Cruz
melodia.
Am7 G D D7 G
Até por uma coroa trocar
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 130 -
Alfa e Ômega
(Comunidade do Rio de Janeiro)
Quero aproveitar este último exemplo para te apresentar um outro conceito de harmonia
funcional, que é bem simples, e, por isso, não quis dedicar um capítulo inteiro a ele.
Bm9 B7(9) E A
Sempre reinando sobera - no
O acorde B7 não faz parte do Campo Harmônico de Lá Maior (tonalidade da música). O correto
seria um Bm7, por isso ele é um “acorde fora da escala”, como se diz no jargão popular.
E por que ele se encaixa tão bem na harmonia?
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 131 -
A melodia em si explica um pouco isso. Se você olhar as notas da melodia, na palavra “soberano”
a nota da melodia é um Dó#, que não faz parte do acorde B7 (é na verdade o intervalo 9, por isso
coloquei ele ali).
Porém, agora que você já entende o assunto Modulações, sabe que nem sempre devemos olhar
para o campo harmônico da tonalidade da música.
Em resumo, se você quiser preparar algum grau específico numa harmonia, você pode usar o II
Cadencial ou poderia usar também apenas o Dominante Secundário. Aí é questão de gosto, de
sonoridade e criatividade na hora de harmonizar.
Acredito que com esses exemplos você já tenha entendido um pouco melhor como funcionam as
modulações e o II Cadencial.
Ambos são recursos muito importantes na música, usados com frequência. O que eu mostrei aqui
foi apenas a essência do assunto.
Vale a pena estudar, pesquisar outras cifras com aplicações das Modulações e do II Cadencial e
praticar.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 132 -
Prática de Banda / Conjunto no Louvor
Eclesiastes 4:9-12
***
Este capítulo inteiro é um assunto polêmico para muitas pessoas. Eu deixei esse tema para o final
porque, apesar de o tema ser muito importante, minha opinião pode divergir da sua.
No entanto, como professor, não posso deixar de tocar no assunto. Tudo que está escrito aqui é
opinião minha. Fique à vontade para discordar.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 133 -
Porém, ao escrever o que escrevi aqui, meu único intuito é fazer com que tocar em grupo seja
algo harmonioso e que cumpra seu real objetivo: passar a mensagem de Deus adiante.
Vamos falar muito sobre o que não fazer e vamos falar pouco sobre o que você deve fazer quando
você estiver tocando.
E para tudo isso há excelentes motivos, que eu espero conseguir te explicar de forma simples e
clara.
A primeira coisa que quero te dizer é que você, como instrumentista para Deus, não é o mais
importante. O louvor não é seu, por você ou para você. É de Deus, por Deus e para Deus.
Eu digo isso porque eu dou aulas há muitos anos, toco há muitos anos e depois de tanto tempo é
muito visível o padrão de comportamento dos músicos.
1. O Aprendiz
Nessa fase a pessoa não sabe nada, é humilde e aceita ouvir sugestões. Se empenha para
aprender porque quer tocar alguma coisa logo.
2. O Iniciante
Nessa fase o aprendiz já aprendeu a tocar o básico. Já consegue tocar nos grupinhos de
amigos, nas reuniões e nos cultos, mesmo que com problemas na execução, umas
engasgadas, chiadas, zumbidas, etc.
Muitos não entendem bem os “porquês” da música, mas conseguem se virar e tocam com
apoio de uma cifra / partitura. Nessa fase você normalmente se acha até legal porque nem
todo mundo sabe tocar um instrumento, mas você sabe. A maioria dos músicos para aqui
e não progride muito mais.
Frase que o define: “O arroz com feijão tá bom...Deus aceita assim mesmo porque é de
coração”.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 134 -
3. O Estudioso
Essa é a fase onde o Iniciante resolve estudar e levar a sério o seu instrumento. Ele treina,
estuda, lê livros como esse aqui, assiste vídeos, fica copiando os solos famosos, as
harmonias complexas de jazz e bossa nova, etc. Nessa fase ele quer tocar rápido e difícil.
Aprende várias técnicas e quer se destacar.
E então, ele se torna uma metralhadora carregada com muita munição teórica e técnica.
Está pronto para disparar rajadas de conhecimento musical, escalas e acordes. O povo que
se cuide, porque ele está pronto para impressionar!!!
É nesse momento que a coisa desanda. O Estudioso deixa de se importar com os outros e
começa a tocar sozinho, mesmo estando numa banda ou num grupo. Às vezes nem se
lembra que está tocando para Deus.
E ainda há uma variação do Estudioso, que é ainda pior: O que pensa que é Estudioso.
É o cara que acha que sabe mais, porém, na prática, só está bagunçando tudo, errando
escalas e fazendo acordes fora de contexto, improvisando sem parar.
4. O Músico
Aqui você finalmente entende que ser músico é trabalhar em equipe, de forma
harmoniosa. Não é sobre você. Não é para você.
Isso não quer dizer que você tem que se limitar ao arroz com feijão. Mas aqui você entende
que não adianta destoar do grupo, querer todo destaque para você ou querer julgar os
demais e se achar superior.
É nessa fase que você consegue entregar o melhor para Deus. Você tem o conhecimento
e a consciência. Você consegue entregar o melhor arroz com feijão, e, de quebra, um bife
e uma batata frita.
A maioria dos músicos só chega aqui após passar pelas outras fases.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 135 -
Mesmo que você não seja cristão, o fato de você estar num grupo, conjunto ou banda já é o
suficiente para você entender que não deve ser egocêntrico ou egoísta. Música é um ato de
trabalho em equipe. Cada um tem sem papel, seu momento.
Entender isso é algo muito difícil para algumas pessoas. Eu mesmo já passei por isso. Para mim
era algo inaceitável os outros instrumentistas não quererem estudar harmonia. Ninguém sabia
fazer um acorde com Sétima Maior. Eu pensava: “Que absurdo isso...”
Não quero dizer que você deve se limitar e parar na fase 2. Muito pelo contrário! Não incentivo
a mediocridade de forma alguma! Se é para Deus, façamos nosso melhor, pois foi isso que ele
fez e faz por nós todos os dias.
Continuo achando muito ruim as pessoas se contentarem com pouco. Há um universo de novas
possibilidades para quem estuda. E esse também é um motivo pelo qual que escrevi esse livro,
para ajudar a todos a passarem por todas as fases de forma tranquila.
Por mais difícil que possa ser, sugiro a você que tente entender em que fase você está. Faça uma
autoavaliação sincera. Pode ser que você tenha características de várias fases, ou esteja
fortemente inserido dentro de uma fase só. O importante é ter consciência e a partir daí ver como
se posicionar.
Meu sonho é que todos os músicos cheguem na fase 4, e para chegar nela é necessário ter
conhecimento. Entender o que você está tocando é fundamental para saber como se deve tocar.
Sempre vai haver momentos de simplicidade, mas também haverá momentos onde o
conhecimento e a técnica mais elaborada farão toda a diferença.
Prática de Banda é o conjunto de técnicas, métodos e melhores práticas para se tocar de forma
harmoniosa em conjunto. A complexidade desses métodos depende muito do estilo musical,
formação da banda e conhecimento musical dos membros da banda.
Mas independente disso, há algo que é comum a todos os tipos de banda. É necessário
entendimento sobre:
1 – Música
2 – Seu papel na Música
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 136 -
E o que fazer para entender esses 2 pontos?
Quando falo isso nas igrejas sempre tem gente que questiona: “Ah, mas eu tenho que ouvir Rock
/ Pagode / Sertanejo / (qualquer outro estilo musical que você não goste)?”
A resposta é “SIM”.
Lembra que eu falei que música é como um idioma? Quanto mais vocabulário, melhor você se
comunica. Ouvir música amplia esse seu vocabulário.
Você não precisa gostar de todos os estilos musicais. Eu mesmo não gosto de alguns. Mas eu
preciso pelo menos entender o que diferencia um do outro. Você não precisa ouvir muito, virar
especialista no estilo. Você também não precisa sair tocando por aí.
Mas o fato é que cada estilo musical tem características próprias que podem ser úteis na hora de
você tocar seu instrumento.
Por exemplo, se você toca acordeom, deve saber que, via de regra, este instrumento não combina
muito com uma música no estilo pop rock.
O contrário também é verdadeiro: uma guitarra com distorção não vai soar muito bem numa
música estilo guarânia ou meio estilo bolero. Esses estilos são mais adequados ao acordeom.
Só que você só consegue saber isso ouvindo tanto pop rock quanto guarânia / bolero.
Aí sempre tem que diga: “Ah, mas eu nunca vou tocar acordeom / guitarra / bandolim / (qualquer
outro instrumento que você não goste)...”
Tudo bem, então não ouça o estilo musical próprio desses instrumentos. No entanto, saiba que
não é porque um instrumento é próprio de um estilo que ele não possa ser usado em outro.
Eu dei o exemplo do acordeom porque é um instrumento menos comum atualmente nas igrejas.
Mas se você pesquisar um pouco é possível encontrar gente tocando jazz, pop, rock, etc. com um
acordeom. Só que nesses casos, o músico conhece jazz, pop, rock, etc. e adaptou seu instrumento
ao estilo musical.
Guitarra é outro bom exemplo. É um instrumento muito popular hoje, usado em praticamente
qualquer estilo musical. Sabendo adaptar a sonoridade e a técnica ao estilo musical, fica muito
bom.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 137 -
No fim, o que quero dizer com isso é que há instrumentos que são mais indicados para alguns
estilos musicais. Porém isso não é uma lei, e se você souber adaptar seu som ao estilo, é possível
tocar quase qualquer coisa em qualquer estilo.
Essa percepção mais aguçada de onde e como cada instrumento brilha mais, vem de ouvir música.
É vital você conhecer o papel do seu próprio instrumento na música. Saiba o que ele faz e também
o que ele não faz (principalmente o que ele não faz).
Não vou falar sobre todos os instrumentos, até porque existem muitos. Mas gostaria de dar minha
opinião sobre como alguns instrumentos devem se comportar no contexto do grupo, afim de se
obter uma experiência mais harmoniosa.
Independentemente do instrumento que você toca, procure tocar menos na maioria das vezes.
Em 90% das ocasiões, o que você vai querer é dar foco para a letra e melodia da música. Se você
ficar tocando demais, fazendo solos, improvisos, acordes complexos, etc. etc., o foco vai vir para
você. E isso normalmente não é bom.
Mesmo que você seja um excelente instrumentista, com muito conhecimento e técnica, lembre-
se que o foco não é você. O foco é o grupo, a mensagem da música, a adoração a Deus.
Repito: você não está tocando para conseguir destaque. Você está tocando para que Deus seja
louvado. Via de regra, se houver alguma menção honrosa sobre a parte musical, ela deve ser para
o grupo e não para um músico apenas.
Esse deve ser seu mantra de agora em diante: Menos é Mais, Menos é Mais, Menos é Mais...
Se você tem dúvidas disso, faça o que eu falei anteriormente: ouça música. Você verá que os
músicos, via de regra, tocam simples.
E o mesmo vale se você é arranjador. Por favor, não escreva arranjos que os músicos da sua igreja
não vão conseguir executar. Se o povo tem baixo conhecimento / técnica, não adianta escrever
uma sinfonia complexa.
Um arranjo simples e bem executado provavelmente ficará mais bonito do que um arranjo
complexo, porém mal executado.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 138 -
Sobre Improvisação – Todos os Instrumentos
Antes de especificamente sobre os instrumentos, quero falar sobre improviso, que abrange todos
os instrumentos.
Improvisar é o ápice da vida do músico, na minha opinião. É quando você domina seu instrumento
e sabe o que fazer e o que não fazer com ele.
Lembra daquela história de que música é um idioma? Pois então, o improviso é quando você tem
fluência neste idioma.
Se você já fez aula de algum idioma sem ser o seu idioma mãe (portugûes, no caso dos brasileiros),
você deve entender bem o que estou falando.
No início você sabe só algumas frases, e você meio que adapta as frases que você já sabe ao
contexto em que você está inserido.
Na música isso é igual. O estudante ouve uma frase, um trecho legal em uma música e aí “tira” o
solo e/ou a harmonia. Depois ele vai e aplica essa frase numa outra música qualquer, fazendo as
adaptações necessárias.
Isso é perfeitamente comum e, na minha opinião, é até o mais indicado no início (se for bem feito,
obviamente). Isso porque se a frase é bonita, provavelmente é porque quem a escreveu sabia o
que estava fazendo, e, ao copiar essa frase, você estará reproduzindo algo que foi bem escrito.
O problema é que alguns músicos aprendem só meia dúzia de frases e depois acham que já podem
sair inventando coisas por aí sem ao menos entender de fato o que ele aprendeu quando “tirou”
as frases legais.
É como muitos brasileiros que aprendem meia dúzia de palavras em espanhol e depois acham
que já podem sair por aí falando o tal do “portunhol”, o que não existe. Se você perguntar a
alguém que é espanhol de verdade (ou que é de um país cujo idioma oficial é o espanhol), é
possível que esse nosso “improvisation” chegue a ser cômico, trágico e até ofensivo.
Brincadeiras a parte, existem livros inteiros sobre improvisação, mas fique com o seguinte recado:
Não tente improvisar falando um idioma que você não conhece direito. Só improvise com as
frases que você conhece e busque aumentar seu repertório de frases estudando, praticando e
ouvindo música de qualidade.
E não se esqueça: Menos é Mais! Pra falar bonito você não precisa falar difícil.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 139 -
Piano
Existem igrejas que são “viciadas” no piano. Se não tiver um piano tocando não dá para iniciar o
louvor. Só o piano inicia as introduções. Só o piano faz os solos. O piano faz o baixo, a harmonia,
a melodia, e, se bobear, faz o ritmo. Até é possível fazer tudo isso, mas não deveria ser assim.
Salvo em ocasiões onde o Piano é o solista, o pianista deve tocar na região média aguda do
teclado. Não adianta o pianista querer fazer baixos profundos com notas da primeira e segunda
oitava. Tocando sozinho, pode até soar bem, mas em conjunto embola com o contrabaixo.
A função do Piano também não é preencher a harmonia com acordes cheios. Por exemplo, o
pianista não deve querer fazer um acorde com 8-10 dedos. Não há necessidade e provavelmente
vai sujar muito o som.
Isso não quer dizer que o piano não deve construir acordes sofisticados, na verdade o piano é o
instrumento com mais possibilidades de sofisticação de acordes, já que você pode tocar muitas
notas simultaneamente. Só tome cuidade para embolar com os outros instrumentos e sujar o
som.
E por fim, o pianista, no contexto de uma banda, deve focar muito mais na mão direita (área
aguda) do que na esquerda (área médio-grave). O que se espera é que se use a mão esquerda
para montar o acorde e a direita para fazer os arranjos.
Atualmente, no contexto da música cristã não clássica, o piano não costuma ter muito destaque.
As inserções são pontuais e simplistas, o que não quer dizer que não tenha importância e beleza.
Se você é pianista, sempre que for ouvir música, preste atenção no que o piano faz e
principalmente o que ele não faz.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 140 -
Teclado / Sintetizadores
O Teclado e o Piano muitas vezes se confundem, mas estamos falando aqui da parte mais
eletrônica do Teclado. Eu sei que todo Teclado tem som de Piano, Piano Elétrico, Rhodes, etc.
Nesses casos se aplica tudo que falei anteriormente sobre o Piano.
Hoje, o principal papel do Teclado é fazer um fundo musical para o resto dos instrumentos.
Normalmente se usam os sons de “Pads”. Não sei se você sabe, mas uma das traduções da palavra
“Pad” é Almofada. E é exatamente isso que você deve fazer quando tocar teclado.
No jargão popular, a gente fala em “fazer a cama” para os outros. Isso quer dizer que o teclado
vai dar a base harmônica para a melodia e arranjos.
Então, quando você estiver usando Pads, faça acordes e só. E evite usar muitos dedos, pois isso
vai fazer o som ficar carregado demais.
Além dos pads, os teclados também podem fazer solos com alguns sons sintetizados e também
podem usar os timbres de Órgão, tanto para momentos mais reflexivos quanto para momentos
mais agitados.
Nos estilos mais pop rock o som do órgão é muito bemvindo. Mas lembre-se do que falei
anteriormente: é preciso saber adaptar o som do instrumento ao estilo musical. Não queira tocar
órgão clássico num pop rock e vice-versa, vai ficar muito feio.
Também há casos onde o tecladista usa sons de Strings (cordas) para enriquecer a música. Sem
problemas, há excelentes simulações. No entanto, para você não sujar o som, você precisa saber
o que uma orquestra de cordas faz.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 141 -
Contrabaixo
O Contrabaixo (ou Baixo) é um instrumento muito importante no contexto de uma banda. Isso
porque, em geral, o Baixo toca a Tônica do acorde no primeiro tempo do compasso. Isso, por si
só, já costuma ser suficiente para você fazer a melodia.
Um bom baixista conhece muito bem a formação de acordes e sabe como usar as notas de cada
acorde adequadamente, seja tocando a Tônica ou fazendo as inversões dos acordes, de acordo
com as funções harmônicas.
Um cuidado que os baixistas precisam ter é para não confundirem o Baixo com um instrumento
de solo, como a guitarra. Esse erro é muito comum no instrumentista que está transitando entre
a Fase 2 e a Fase 3. O baixista sai do que é o básico e começa a querer encher a música de notas
e “slaps” e, em alguns casos, até fazer acordes completos (não aperjos), como se fosse um violão.
Essa não é a função do Baixo! Se você quer solar, troque o baixo pela guitarra e estude pra não
sujar o som.
Isso não quer dizer que não seja possível incrementar um pouco as coisas. Há grupos musicais
com baixistas muito bons, que conseguem cumprir a função do baixo (dar o “chão” para a
harmonia) e ainda fazer frases (os chamados “riffs”) que são bem contagiantes.
Mas cuidado! Esses incrementos não podem sobrepor a função principal do instrumento e
precisam ser bem executados.
Outra característica de um bom baixista é que ele consegue acompanhar o bumbo da bateria.
Isso dá peso às notas e reforça ainda mais a base.
Dizem que um bom baixista consegue fazer a audiência “dançar”. De certa forma isso é verdade,
pois como o baixo marca os tempos fortes da música e faz o que chamamos de “groove” (ritmo),
é normal ver as pessoas pelo menos balançando a cabeça com uma música com um bom baixo.
Se você seguir meu conselho e começar a ouvir música com um ouvido mais crítico,
provavelmente você vai ver que em muitos momentos só se ouve o baixo e a bateria. Então se
você é baixista, fique feliz e satisfeito por fazer um trabalho tão importante.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 142 -
Bateria
Para isso, o baterista precisa conhecer os diversos estilos musicais e ter uma boa noção de tempo.
Normalmente para desenvolver essa habilidade usa-se um metrônomo (o que deveria ser feito
por todo músico, na verdade).
Existem várias técnicas de bateria, viradas complexas, contratempos e coisas do tipo, mas via de
regra, tocar o básico costuma ser o melhor.
Mais uma vez, se não acredita em mim, ouça música e preste atenção. Lembre-se amigo baterista:
Menos é Mais.
Como baterista seu objetivo deve ser manter todo mundo no ritmo certo. Se você sai “quebrando
o tempo”, fazendo viradas, batendo loucamente nos pratos, é muito provável que ao invés de
ajudar, você atrapalhe.
Além de manter o povo no ritmo, cuide para que o andamento (velocidade) não fique nem rápido
nem lento demais. Músicas mais solenes, tristes, reflexivas costumam ser mais lentas e músicas
alegres, animadas costumam ser mais rápidas. No entanto, cuidado com a dose de animação ou
de solenidade. A velocidade tem que ser condizente com a letra e também precisa ficar
confortável para quem for cantar e tocar.
Um bom baterista sabe a hora certa de crescer e diminuir a música, e consegue guiar o resto do
grupo nesse sentido.
Há outro ponto sensível para os bateristas, que é a questão do volume. Esse é um ponto
controverso. Há igrejas que não gostam de som alto, mas a bateria, para obter o som correto dos
pratos, caixa e tomtons, precisa ser tocada com uma certa intensidade.
É por isso que é muito comum os bateristas ficarem dentro de “aquários” de acrílico. Assim eles
podem tocar com a intensidade certa sem incomodar na questão do volume.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 143 -
Violão
Grande parte dos músicos começa a vida musical tocando violão. E de fato é um instrumento
muito bom para começar, pois te dá oportunidade de estudar harmonia, melodia e ritmo em um
único instrumento.
Muitos iniciantes começam os estudos em um violão com cordas de nylon. E até aí não há nenhum
problema. De fato, o nylon é mais macio, machuca menos os dedos e é mais fácil de tirar som.
No entanto, o violão com cordas de nylon não é o mais recomendado para tocar em banda. Isso
porque o principal papel do violão na maioria das formações de banda é ajudar na parte
rítmica/harmônica, e nisso o violão com cordas de aço é muito melhor.
Se você não concorda comigo, mais uma vez te convido a ouvir música e prestar atenção no que
você está ouvindo. Eu diria que pelo menos 95% das bandas usam violões de aço nas
composições.
O violão com cordas de nylon é excelente para alguns estilos de solo e dedilhado. Música
flamenca, bossa nova, bolero e outros ritmos mais latinos fazem bom uso dele.
Porém, os violões com cordas de aço tendem a ser muito mais versáteis. Bem regulados e
equalizados, fazem praticamente tudo que eu violão com corda de nylon faz e ainda são muito
bons para a parte rítmica.
Uma dica que eu te dou, caso você toque violão, é que você desenvolva a sensibilidade da força
que você deve aplicar sobre as cordas com a mão direita. Vejo muita gente que não consegue
tirar um som bom do instrumento porque aplica força demais, tem a mão muito pesada. O volume
do violão tem um limite, e não adianta espancar o coitado para fazer sair mais som. Nesse caso,
use um violão com captação elétrica.
Se houver mais de um violão tocando na banda, é importante combinar o que cada um fará. Se
os dois vão tocar os mesmos acordes, na mesma oitava, então o correto é os dois tentarem fazer
o mesmo ritmo. Isso é importante para não deixar o som sujo.
Por fim, na maioria dos casos, o violão não é um instrumento que aparece muito. Quanto mais
instrumentos há numa banda, menos o violão tende a aparecer. Não se chateie com isso e nem
tente compensar aumentando o volume. Para amenizar um pouco esse ponto, você pode usar
um capotraste para tocar em regiões mais agudas do violão e assim tocar numa frequência um
pouco diferente dos demais instrumentos.
A função do violão não é ter destaque, e sim dar apoio rítmico e harmônico. Ouça música com
atenção e veja o que o violão faz.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 144 -
Guitarra
Muitos guitarristas (acredito que a maioria) começam tocando violão e depois migram para a
guitarra. Essa transição é bem natural, já que o violão e a guitarra são muito semelhantes. Ambos
têm a mesma afinação, a mesma distribuição das notas, tamanhos parecidos, etc.
Não é raro ver alguém tocando uma guitarra como se fosse um violão. Não necessariamente isso
é um problema, porém, sem os devidos cuidados isso pode soar muito ruim.
Ainda assim, em algumas igrejas do Brasil, a guitarra é um instrumento que sofre preconceito.
Por muito tempo a guitarra era usada em bandas de Rock, e esse estilo de música era quase que
proibido nas igrejas. Mas não é só por isso que há preconceito. Boa parte da culpa, atualmente é
dos próprios guitarristas.
Como eu mencionei, muitos guitarristas vêm do violão, e a transição para a guitarra costuma
acontecer entre a Fase 2 e a Fase 3. A pessoa aprendeu o “basicão” no violão e quando começa a
tocar guitarra descobre que precisa estudar escalas. Aí começa a desenvolver velocidade, técnicas
e tudo mais. Aí compara uma pedaleira cheia de efeitos, põe distorção em tudo que toca, fica
sujando o som, tocando sem parar, e aí já era...a coitada da guitarra vira a vilã da história.
Felizmente, com a popularização de grupos que tocam o estilo que hoje é conhecido como Praise
& Worship, onde a guitarra tem um papel importante, esse preconceito diminuiu muito. Nesse
estilo, o Hillsong talvez seja o grupo mais conhecido mundialmente, caso você precise de uma
referência.
1 – A guitarra é 90% instrumento de base 10% instrumento de solo. Assim como a maioria dos
instrumentos, você não precisa ficar tocando o tempo todo. E quando chega sua vez de tocar, em
geral você fará base (acordes e ritmo). Solos são pontuais e exigem treino e técnica.
2 – A guitarra tem muitas técnicas que precisam ser aprendidas e aperfeiçoadas. Então não basta
saber escalas e acordes. Você precisa desenvolver essas técnicas para sua pegada ficar legal.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 145 -
3 – A guitarra não precisa de dezenas de efeitos para soar bem. Efeitos são só para destacar /
realçar algumas características do som. Dizemos que os efeitos servem para “molhar” o som, para
não ficar muito seco. Há momentos que os efeitos são importantes e dão um “tchan”, mas muitas
vezes você precisa só de um reverb, delay ou um chorus (e olhe lá).
As pedaleiras vêm com dezenas efeitos diferentes, sendo que a maioria é inútil ou pouquíssimo
útil. Cuidado para não se empolgar.
4 – Distorção faz parte do som da guitarra. Faz parte da técnica e da característica do instrumento,
então você pode usar distorção no som. No entanto, você precisa entender quando e como usar
distorção. E para isso só tem um jeito: ouvindo música.
Se na sua banda há duas guitarras, todos esses cuidados devem ser dobrados, e é necessário
muito entrosamento entre os guitarristas para não sujar o som. Mas treinando e ensaiando
bastante o resultado normalmente é muito positivo.
Por fim, mais uma vez, ouça música. Há inúmeros exemplos de boa música usando guitarra. Seja
música limpa, música pesada, não importa. O importante é você saber usar seu instrumento
adequadamente no contexto que você está inserido.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 146 -
Demais Instrumentos
Sei que há muitos outros instrumentos nas bandas por aí, mas seria difícil falar sobre todos.
Nas formações que incluem instrumentos de sopros (naipes) e cordas (orquestras) há muita
complexidade envolvida no som. Mas a regra geral é que não deve haver improviso, salvo se o
improviso estiver previsto no arranjo que foi escrito.
Nos casos onde só temos 1 instrumentista de cada instrumento, vou só dar alguns “pitacos”
rápidos sobre os que vejo mais frequentemente:
• Violinos
Eu amo violinos. Já estudei violino por mais de um ano, por isso sei como é difícil tocar e
sei como é bonito um violino bem tocado, com técnica correta. E também sei o quão
terrível é um violino mal tocado.
Por isso peço o seguinte: amigos violinistas, por favor, toquem afinado e não toquem o
tempo todo. Acima de tudo, toquem afinado. Se você só consegue afinar na primeira
posição, não tente tocar na segunda, terceira, etc.
• Saxofones
Sax precisa ter som de sax. Já vi gente tocando saxofones de mais de 10 mil reais tirando
som de flauta, som de trompete, som de trombone, som de buzina, etc. Se você tem
dúvida se seu timbre está bom, ouça música. Aí compare seu som com o som que você
ouve nas músicas.
Outro ponto é que nem toda introdução / solo é para o sax. Não sejam “fominhas” :D
• Flautas
Flautas são lindas, mas também têm uma embocadura difícil. Então pratique.
Principalmente para tocar na terceira oitava da flauta. Se sua embocadura estiver boa,
você não precisará fazer tanta força para tocar notas agudas e aí o timbre fica suave,
redondo. Caso contrário, o som sai estridente e não é muito agradável.
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• Vozes
Muita gente não considera os cantores das igrejas como músicos, mas a voz é um
instrumento muito poderoso. E os cantores muitas vezes também não se consideram
músicos, e por isso acabam achando que não precisam estudar escalas, acordes,
harmonias, etc.
Esse talvez seja um dos maiores preconceitos que vejo por aí. Se você, além de tocar um
instrumento, canta no seu grupo, por favor, treine sua voz assim como você treina seu
instrumento.
Voz tem timbre, afinação, técnica, entonação, etc. Não despreze esses aspectos.
Fora isso, há um ponto que gostaria de mencionar: Nem tudo precisa ser solo, e nem tudo
precisa ser coral.
Minha preocupação em relação à voz é que é ela que transmite a mensagem da música.
A música em si pode até trazer alguma emoção, algum sentimento, porém é a letra que
carrega a mensagem.
Quando é um coral que canta, a mesma ideia se aplica. Se houver 4-5 vozes diferentes,
um arranjo cheio de contrapontos, melodias sobrepostas e tudo mais, é muito provável
que o ouvinte não entenda nada do que está sendo cantado.
Aí caímos no mesmo problema: tudo não passou de uma apresentação musical, que pode
até ter sido linda, tocante, emocionante, mas que não transmitiu a verdadeira mensagem.
Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 148 -
No fim, se uma música tem uma letra de louvor, de exaltação a Deus, de salvação, essa
letra carrega uma mensagem que precisa ser entendida por quem ouve.
Portanto, todos que cantam e que escrevem arranjos vocais devem ter um cuidado
redobrado. Sejam críticos e se perguntem: a mensagem será entendida?
Para finalizar este capítulo, quero reforçar que tudo que está escrito aqui é para que as
coisas funcionem bem no grupo. Deus merece nosso melhor, e nem sempre o nosso
melhor quer dizer tocar muito, ou tocar difícil ou tocar rápido.
Se cada músico do grupo tiver um bom nível de conhecimento teórico e técnico, e aliar a
isso a consciência de grupo e a importância de comunicar a mensagem do louvor, acredito
que aí estaremos oferecendo o melhor a Deus.
Há ainda muitos outros temas sobre música que não foram abordados nessa versão do
livro.
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Palavras Finais
Romanos 11:36
Tudo que eu escrevi neste livro poderia ser resumido no versículo que está acima.
Eu fiz o possível para que o conhecimento que Deus me permitiu adquirir fosse transmitido a você
de forma simples, fácil e direta. E tudo isso só tem um único objetivo: Engradecer o nome de Deus
e dar a Ele toda glória que é possível.
Lembre-se que não é sobre você, sobre seu talento, sua técnica, sua capacidade de compor e
executar arranjos lindos. É sobre Deus e mensagem Dele. É para Ele que tocamos e cantamos.
Em primeiro lugar precisamos compreender e viver isso. Deus, sem dúvidas, vê e se agrada do
nosso empenho em fazer algo bonito. Mas tenho certeza que Deus se agrada mais quando, além
de nos preocuparmos em oferecer algo bonito, focamos em transmitir a mensagem de salvação
e edificação.
Eu espero que com o que você aprendeu, seja muito ou seja pouco, sirva para que você, de
alguma forma, dê glórias a Deus. Afinal, é só para isso que estamos aqui.
Que o louvor seja aperfeiçoado na sua vida, na sua igreja, na sua comunidade. Que você seja um
portador da mensagem viva da salvação em Cristo Jesus. Que a música possa ser um instrumento
valioso nas suas mãos para realização dos propósitos de Deus.
Glorificado seja o Senhor, pois nos deu a oportunidade e o privilégio de louvá-lo e engrander seu
santo nome!
Deus te abençoe!
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Teoria Musical – Harmonia e Louvor – Luciano Iwanaga Pacheco - versão 1.1 - 150 -