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Universidade de Brasília - UnB

Instituto de Psicologia -IP


Departamento de Psicologia Clínica - PCL
Tópicos em Psicoterapia (PCL0051)
Grupo: Marlin Leite Palheta - 13/0125865
Maria Julia de Melo Amorim Venâncio - 13/0125032
Richard Deluca Escorcio e Silva - 15/0147031

Estudo Dirigido: Saber científico, realidade (fato ou artefato?) e Psicologia

Quando se pretende discutir a realidade na dimensão fato-artefato, vislumbra-se tal


construto em duas perspectivas científicas: por um lado, a realidade como gênese, e como
uma verdade indiscutível, e por outro, como o produto de algo maior, um objeto. À luz do
vídeo e dos textos recomendados, a conceituação da realidade, sob a última ótica, num
contexto científico hegemônico, limita-se e recai sobre uma espécie de estigmatização e de
redução. O todo não seria, então, contemplado em suas variadas configurações, ou seja, em
sua complexidade, perdendo-se a importante noção dialética e biunívoca na discussão da
realidade.
Aqui, essa discussão pretende perpassar seu sentido plural. Pensa-se numa variedade
de realidades que contemplam o todo, superando-se a ideia de que as dimensões da realidade
seriam a própria. Para tanto, deve-se superar, também, os métodos que sustentam a
conceituação estática e fragmentada da realidade, oriundos da construção científica de ideal
dicotômico. Aqui, a verdade não seria nem um artefato - um produto de algo maior, nem um
fato - uma verdade indiscutível, homogênea. Nisso, a própria questão inicial do texto é posta
em cheque, por partir desse pressuposto científico clássico. Mas é na dicotomia, também, que
se pode dizer de algo biunívoco.
No começo de sua história "oficial" a psicologia se submeteu aos métodos das
ciências da natureza e a uma visão monopolizante de ciência. A (in)capacidade de apreensão
de um método emprestado, não construído para o objeto em que se aplica, reduz os
fenômenos estudados e exclui tantos outros fenômenos que não lhe cabe.
Essa cama de Procusto não empobrece apenas os campos de produção de
conhecimento. A exclusão de certos fenômenos pela ciência positivista por vezes acaba
promovendo a desvalorização desses nos meios sociais e nos sentidos subjetivos,
principalmente quando os agentes de tal pretensa ciência hegemônica propagam-na como
única forma de conhecimento válida. Grande parte da vida, como sentimentos estéticos,
morais, interpessoais, comunitários e religiosos e tudo aquilo que pode ser chamado de
subjetivo, fica fora da grande representação de mundo.
Os objetos de estudo das psicologias não só se distinguem qualitativamente dos
objetos das ciências naturais como também são heterogêneos entre si. Tal fato, somado aos
múltiplos princípios decorrentes das visões de ser humano e visões de mundo, acarreta as
várias visões de ciência e, na prática, várias psicologias.
Ao se conceber, em outros termos, uma ciência não polarizada, mas dialética, a
realidade possui valor constante e mutável, e o sujeito desse construto é resgatado. Nessa
visão subjetiva da realidade, ocorre outro resgate relevante, o da complexidade dos objetos de
estudo. Forma-se, assim, uma nova configuração de saber científico, que destaca as
influências mútuas entre o sujeito e o respectivo saber, e a noção deste como um campo
complexo, de variadas facetas, portanto, irredutível.
Como qualquer método e qualquer saber indubitavelmente faz um recorte do todo
para ser estudado e a psicologia tem como objeto geral um ser de complexidade gigantesca -
medida de todo o conhecimento do mundo, objeto e sujeito ao mesmo tempo - a variação de
métodos, medidas, princípios, pressupostos, práticas e teorias deve ser celebrada e assegurada.
A pluralidade de pontos de vista dentro da psicologia foi até hoje a consequência e
solução natural de uma missão recursiva impossível: tentar conhecer o universo que concebe
todos os universos conhecíveis.
Como Pinto e Paula (2018) colocam, González Rey traz as implicações no estudo da
subjetividade, destacando o rompimento das dicotomias que caracterizam as pesquisas em
ciências humanas. Além disso, tais autores trazem o alinhamento de Rey com a
transdisciplinaridade, domínio científico em que a questão está na ruptura dessas divisões, as
quais são exemplificadas pela cisão entre o social e o individual, o interno e o externo, o
afetivo e o cognitivo, e o intrapsíquico e o interativo.
Os autores sintetizam essa tendência da transdisciplinaridade, citando Morin (2011,
p. 75), e seu princípio da recursividade: “é um processo em que os produtos e os efeitos são
ao mesmo tempo causa e produtores do que os produz”. Nesse sentido, a transdisciplinaridade
tende à investigação do interior e do exterior do sujeito, não no sentido divisional, mas no
sentido dialético entre as ambas instâncias subjetivas, ou seja, sua pesquisa está nesse terceiro
termo, esse novo lugar que surge desse diálogo. Em geral, os domínios desse modelo
científico estão na compreensão de uma ciência embasada na singularidade do indivíduo, e,
assim, necessariamente, na pluralidade dos sujeitos. Fala-se, então, numa ciência subjetiva, e
não mais numa ciência puramente racional.
A figura do pesquisador, antes afastada de sua subjetividade, na investigação dos
objetos, recupera, então, “a autoconsideração crítica do conhecimento, enriquecendo ao
mesmo tempo a reflexividade do sujeito conhecedor” (Morin, 2011, p. 44, citado em Pinto e
Paula, 2018).
Assim, podemos refletir sobre a construção de significados sobre o que seria, por
exemplo, o que se tem por subjetividade social. González Rey (2015, como citado em
González Rey, 2017) explora toda a construção desse conceito no texto, o qual representa a
“rede de configurações subjetivas sociais dentro das quais todo funcionamento social tem
lugar, ocorrendo sem que os participantes que compartilham esses espaços sociais tenham
consciência dele e emergindo de tal maneira camuflada que é impossível inferi-la diretamente
dos comportamentos observados ou da linguagem explícita”. A partir dessa definição, já
podemos ter ideia do quão impraticável seria estudar a subjetividade social a partir da lógica
utilizada no estudo das ciências naturais, por exemplo. E mais: podemos perceber como,
sendo este um processo que ocorre no âmbito além da consciência, está presente,
invariavelmente, no fazer científico mesmo daqueles pesquisadores que se consideram mais
imparciais.
González Rey (2017) chama atenção ainda para o fato de que os conceitos com os
quais trabalhamos são conceitos vivos, e não estáticos. Assim, eles vão se movimentando e se
transformando à medida em que surgem novas pesquisas e práticas profissionais, num
processo dialético contínuo. Ele coloca que, na perspectiva etnopsicológica assumida, os
conceitos “não representam significados a priori, mas recursos de pensamento que nos
facilitam novas construções diante das questões pesquisadas”, visto que uma teoria viva é
aquela que permanece aberta para as possibilidades de crescimento e desenvolvimento, indo
além dos pesquisadores. Só assim é que a produção do conhecimento pode permanecer sendo
feita continuamente; do contrário, já não haveria mais por que continuar estudando. O autor
destaca que esse processo faz surgirem novos desafios, que podem ser assustadores para o
pesquisador. Talvez a compreensão da psicologia sobre as práticas integrativas em saúde seja
um desses desafios, a partir do quais novas perspectivas podem ser construídas.

Referências

Morin, E. (2011). Introdução ao pensamento complexo (4ª ed.). Porto Alegre: Sulina
Pinto, J. F. & Paula, A. P. P. (2018). Contribuições da epistemologia qualitativa de González
Rey para estudos transdisciplinares. Psicologia & Sociedade, 30, 1-11.
González Rey & Martinez (2017). Subjetividade: teoria, epistemologia e método. Campinas:
Alínea.

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