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FICHAMENTO

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. In: ______. Revista


Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, maio - agosto de 2013, pp. 89-
117.

América Latina e o giro decolonial


“Hasta que los leones tengan sus propios historiadores, las historias de cacería
seguirán glorificando al cazador.” (Provérbio Africano) (Ballestrin, 2013, p.89)
Comentário: o provérbio africano que a autora utiliza para iniciar seu texto já
nos indica uma ideia de “lugar de fala de uma história contada”, isto é, uma
versão contada por um dos lados dos envolvidos numa história geral. A relação
com uma proposta de “ruptura” logo nos é apresenta nesse fragmento .

“O objetivo principal deste artigo é o de apresentar a constituição, a trajetória e


o pensamento do Grupo Modernidade/Colonialidade (M/C), constituído no final
dos anos 1990 [...] O trabalho está estruturado em duas partes. Em um
primeiro momento é traçada uma breve genealogia do pós-colonialismo,
propondo pensá-lo de um modo mais abrangente [...] Posteriormente,
apresenta-se a constituição do grupo, a partir de seu rompimento com os
estudos subalternos latino-americanos, bem como alguns conceitos centrais
criados e compartilhados pelos seus principais expoentes. Ao introduzir
essa discussão, o artigo sugere que a identificação e a superação da
colonialidade do poder, do saber e do ser, apresenta-se como um problema
desafiador a ser considerado pela ciência e teoria política estudada no Brasil”.
(p.89-90)
Comentário: Já no início, a autora nos apresenta a proposta de seu artigo, que
busca apresentar uma espécie de trajetória do pensamento do Grupo
Modernidade/Colonialidade (M/C) , cuja principal temática é o processo de
dominação que o pensamento colonial impôs e ainda impõe aos países que
foram “colonizados”, porém, que ainda encontram-se ligados, por algumas
lógicas, à dominação do pensamento europeu.

“Depreendem-se do termo “pós-colonialismo” basicamente dois entendimentos.


O primeiro diz respeito ao tempo histórico posterior aos processos de
descolonização do chamado “terceiro mundo”, a partir da metade do século XX
[...] A outra utilização do termo se refere a um conjunto de contribuições
teóricas oriundas principalmente dos estudos literários e culturais, que a partir
dos anos 1980 ganharam evidência em algumas universidades dos Estados
Unidos e da Inglaterra.” (p.90)
Comentário: neste trecho, a autora se refere à duas referências que o termo
“pós-colonialismo” pode indicar: a primeira é ao momento histórico em que o
processo de colonização e neo-colonização deixa de existir, no ponto de vista
formal, isto é, como um acordo ou uma proibição desta prática, ao passo que
os países antes a esse processo submetidos, alcançavam suas
independências; a segunda, é a contribuição teórica que alguns pensadores
proporcionaram ao pensar a sociedade como uma “superação” desses antigos
períodos de dominação colonial.

“[...] A primeira é o fato de pensadores pós-coloniais poderem ser


encontrados antes mesmo da institucionalização do pós-colonialismo como
corrente ou escola de pensamento. A segunda é o fato de que o pós-
colonialismo surgiu a partir da identificação de uma relação antagônica por
excelência, ou seja, a do colonizado e a do colonizador [...] Nesse sentido,
a relação colonial é uma relação antagônica: “[A] presença do outro me impede
de ser totalmente eu mesmo. A relação não surge de identidades plenas,
mas da impossibilidade da constituição das mesmas” (Laclau e Mouffe, 1985,
p. 125)”.(p. 91)
Comentário: a autora apresenta alguns dos argumentos sobre a origem do
pensamento “pós-colonial”, associado por alguns teóricos dessa corrente, à
emergência dos pensadores pós-modernos, pós-estruturalistas e
desconstrutivistas. Porém, encontra, ainda antes, pensamentos que já
almejavam uma ruptura com os padrões de dominação de países
colonizadores. As contribuições ao pensamento pós colonial encontra-se,
segundo ela, desarticulado em muitos momentos, isto é, não surge como um
movimento centrado em um grupo específico em um determinado momento,
mas encaminha-se ao longo dos escritos de muitos outros autores que
pensavam sobre o processo de colonização. Assim, a ideia de pensamento pós
colonial pode também estar associada ao momento em que o antagonismo
entre colonizado e colonizador vem à tona.

“[...] existe um entendimento compartilhado sobre a importância, atualidade e


precipitação da chamada “tríade francesa”, Césaire, Memmi e Fanon [...]”.
(p.92)
Comentário: nesse trecho, a autora apresenta alguns nomes que podem ser
citados como os primeiros contribuidores à ideia de decolonialidade que
tiveram mais articulados, uma vez que escreveram em períodos relativamente
semelhantes, e reivindicavam ideias de ruptura com as dominações que ainda
se reverberavam em países tidos como subalternos.

“[...] De forma paralela, é indispensável apresentar outro movimento que


acabou por reforçar o pós-colonialismo como um movimento epistêmico,
intelectual e político. Na década de 1970, formava-se no sul asiático o Grupo
de Estudos Subalternos [...]” (p.92)
Comentário: outra contribuição ao pensamento decolonial foram as
perspectivas do Grupo de Estudos Subalternos, que traziam da noção de
Gramsci, a atenção para os grupos subalternos, isto é, que estão dentro de um
lógica europeizada imposta durante as invasões e dominações europeias ao
longo da história.

“Para a autora (Spivak), não só o subalterno não pode falar como também o
intelectual pós-colonial não pode fazer isso por ele. Mas como, hoje,
poder-se-ia desautorizar Césaire, Fanon, Memmi e Said? O intelectual não
poderia também ser um “subalterno”?” (p. 93)
Comentário: nesse momento, traz os questionamentos sobre o lugar de fala
dos subalternos: uma vez que buscam fugir de todo tipo de dominação
(sobretudo a europeia), poderia outros intelectuais falarem em nome dos
subalternos? Assim, manteriam ainda algum tipo de dominação, sendo
somente o subalterno capaz de falar, de fato, por si mesmo.

“A colonialidade se reproduz em uma tripla dimensão: a do poder, do


saber e do ser. E mais do que isso: a colonialidade é o lado obscuro e
necessário da modernidade; é a sua parte indissociavelmente constitutiva
(Mignolo, 2003, p. 30). É precisamente desse diagnóstico – elaborado
especialmente por Quijano, Wallerstein e Mignolo – que deriva o nome do
grupo. A modernidade, estando “intrinsecamente associada à experiência
colonial” (p. 100)
Comentário: nesse momento, nos apresenta como a noção de colonialidade
nos permite entender o porquê o processo de colonização ainda não pode ser
pensado como finalizado, colocando em cheque justamente a noção de
“modernidade”. Assim, essa falsa superação de dominação é marca da
modernidade: ela exprime, em última análise, o processo de obscuridade da
dominação do pensamento europeu sobre o poder, o saber e o ser.

“É possível situar o contexto de emergência da colonialidade e da


colonialidade do poder: guerra, genocídio e conquista das Américas
(Maldonado--Torres, 2008, p. 136). E eis que aqui surgiu um tipo de
classificação social próspera para a empresa colonial: a ideia de raça. A
construção da diferença, da superioridade e da pureza de sangue da raça
branca é um feito inédito”. (p.102)
Comentário: segundo a autora, após invado às Américas, a noção de raça
que se instaura surge como uma justificativa legítima para a dominação dos
europeus sobre os outros povos. Assim, dentro os vários pressupostos para
justificarem sua superioridade, a ideia de raça se tornou uma das primeiras
justificativas para dominação.

“Até o século XVI não havia diferença colonial, mas diferença imperial: os
bárbaros eram imperiais turcos, mouros, chineses, russos (Mignolo, 2003, p.
42). Para Dussel, a América não somente foi a primeira periferia do sistema-
mundo como também a primeira oportunidade de acumulação primitiva do
capital19 (Castro-Gómez, 2005a).” (p. 102-103)
Comentário: A América aparece como a primeira periferia, uma vez que a
ideia de raça justificou a “inferioridade” de todos os povos, uma vez que não
eram europeus. Assim, enquanto outros grupos locais são vistos como
impérios diferenciados, a América é vista como “raças diferenciadas”, ou ainda
“raças inferiores”, portanto, ainda diferentes do “ser europeu”.

“A lógica do “ponto zero” é eurocentrada e “presume a totalização da gnose


ocidental, fundada no grego, no latim e nas seis línguas modernas imperiais
europeias” (Mignolo, 2007b, p. 29).” (p. 104)
Comentário: a noção de “ponto zero” ou de “neutralidade” que é visto como
lugar privilegiado de fala, segundo a autora, encontra-se, na verdade, por si só,
ancorado num ideal europeu de neutralidade. Assim, apresenta a falsa “fuga”
dos discursos “imparciais” sobre as tendências que marcaram os pensadores
pós coloniais que, ao criticarem à própria ideia de colonização, baseavam-se
em pensamentos eurocentrados.

“O pensamento fronteiriço resiste às cinco ideologias da modernidade:


cristianismo, liberalismo, marxismo, conservadorismo e colonialismo (Mignolo,
2003).” (p. 106)
Comentário: o pensamento fronteiriço aparece então, como a primeira ideia de
tentar fugir das tendências de dominação que se impõe aos países
subalternos: o cristianismo com seus pressupostos religiosos; o liberalismo
como lógica econômica; o marxismo como pensamento ortodoxo ancorado no
pensamento europeu; o conservadorismo como lógica política e o colonialismo
como a própria lógica de dominação.

“A Modernidade nasce realmente em 1492: essa é a nossa tese. Sua real


superação (como subsuntion e não meramente como Aufhebung hegeliana)
é a subsunção de seu caráter emancipador racional europeu transcendido
como projeto mundial de libertação de sua Alteridade negada: a Trans-
Modernidade (como novo projeto de libertação político, econômico, ecológico,
erótico, pedagógico, religioso, etecetera) (Dussel, 2000, p. 50-51).” (p. 107)
Comentário: a autora traz a fala de Dussel ao se referir à modernidade como
fruto das invasões do século XVI, em um processo de dominação que escapa
das relações meramente formais entre os países.

“Muitos dos pontos problemáticos das propostas do coletivo talvez surjam


desses mesmos horizontes, de diagnósticos romanceados e reprodutores de
maniqueísmos.” (p. 110)
Comentário: a autora finaliza com alguns argumentos que podem ser
levantados sobre a ideia proposta pelo grupo M/C, sendo assim, são
inesgotáveis os debates que o tema decolonialidade pode proporcionar.

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