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técnico-operacional para os
MÉDICOS-LEGISTAS
do Estado de São Paulo
CREMESP
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
MANUAL
técnico-operacional para os
MÉD
ÉDIICOS-LEG I ST
STAAS
do Estado de São Paulo
CREMESP
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
2008
Manual Técnico-Operacional para os Médicos-Legistas do Estado de São Paulo
Publicação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
Rua da Consolação, 753 – Centro – São Paulo SP – CEP 01301-910
Telefone (11) 3017-9300 www.cremesp.org.br e www.bioetica.org.br
Coordenador Institucional
Reinaldo Ayer de Oliveira
Realização
Câmara Técnica de Medicina Legal do Cremesp: Reinaldo Ayer de Oliveira (coordena-
dor); Arnaldo Tadeu Poço; Carlos Alberto de Souza Coelho; Carmen Cinira Santos Martin;
Daniel Romero Muñoz; Henrique Carlos Gonçalves (presidente do Cremesp); João
Arnaldo Damião Melki; José Boullosa Calvo; José Cláudio Sartorelli; José Jarjura Jorge
Júnior; Luiz Frederico Hoppe; Marcos de Almeida; Maria Bernadete Schieber Cury;
Paulo Argarate Vasques; Ricardo Kirche Cristofi; Rita de Cássia B. Leitão Higa; Victor
Alexandre Percínio Gianvecchio.
Diagramação
José Humberto de S. Santos
Revisão
Leda Aparecida Costa
Apoio Editorial
Concília Ortona (jornalista); Dinaura Paulino Franco (bibliotecária);
Andréa Pioker (secretária)
Manual técnico-operacional para os médicos-legistas do Estado de São Paulo / Editado por Carlos
Alberto de S. Coelho, José Jarjura Jorge Jr. ; Coordenação Institucional de Reinaldo Ayer de
Oliveira. São Paulo : Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2008
163 p.
Vários colaboradores
NLM W700
APRESENTAÇÃO
Autores ......................................................................................................... 7
Prefácio ......................................................................................................... 9
História do Instituto Médico Legal de São Paulo ......................................... 11
Organograma da SPTC ................................................................................ 15
Laudo necroscópico .................................................................................... 33
Laudo de exame de corpo de delito no vivo – Lesões corporais .................. 40
Lesões produzidas por ação contundente .................................................... 45
Ferimentos por armas brancas ..................................................................... 50
Ferimentos por agente perfurocontundente ................................................. 53
Exames necroscópicos em acidentes de trânsito .......................................... 62
Necrópsias em carbonizados ...................................................................... 68
Necrópsias em asfixias ................................................................................ 71
Necrópsias em cadáveres putrefeitos .......................................................... 75
Exames necroscópicos em recém-nascidos ................................................. 77
Exumação ................................................................................................... 81
Antropologia ............................................................................................... 84
Declaração de óbito .................................................................................... 87
Odontologia legal ....................................................................................... 90
Exames especializados ................................................................................ 94
Psiquiatria forense ....................................................................................... 96
Exame otorrinolaringológico ..................................................................... 101
Exame oftalmológico ................................................................................. 105
Neurologia ................................................................................................ 108
Laudo indireto ........................................................................................... 109
Pareceres medico-legais ............................................................................ 113
Sexologia forense
Aborto ................................................................................................... 116
Ato libidinoso ........................................................................................ 120
Conjunção carnal .................................................................................. 124
Contágio venéreo .................................................................................. 131
Confronto genético ................................................................................ 134
Álcool etílico, Drogas de efeitos análogos e o Código de trânsito brasileiro ...... 136
Exames complementares
Anatomia patológica ............................................................................. 141
Toxicologia forense ............................................................................... 144
DGPS de interesse do Instituto Médico Legal ............................................ 154
Bibliografia ............................................................................................... 161
Decretos e Leis.......................................................................................... 163
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
AUTORES
7
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
8
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
PREFÁCIO
9
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texto simples, com matérias facilmente localizáveis. Também deverá servir como
informação à polícia e ao judiciário sobre como funciona o IML, qual sua área
de competência e quais exames realizamos, orientando como deverão ser fei-
tas as requisições para determinada perícia.
Assim abordamos as lesões corporais no vivo e no morto; exames indiretos
e complementares; a sexologia forense; a antropologia forense; a odontologia
forense; especialidades como a otorrinolaringologia, a neurologia e a oftalmo-
logia; exames laboratoriais complementares, como a histopatologia e a
toxicologia; e os pareceres médico-legais. Compilamos ainda a legislação per-
tinente à atividade.
Cada capítulo deverá trazer um breve conceito da matéria, um roteiro teó-
rico resumido, o enquadramento legal e a finalidade da perícia; como devem
ser feitas as requisições para aquele determinado exame, assim como deverá
ser realizada e descrita a perícia em pauta; como devem ser respondidos os
quesitos, qual o destino da perícia e finalmente os comentários pertinentes que
cada autor julgou importante realçar.
Os colaboradores do presente manual foram convidados entre diversos
médicos-legistas em exercício de atividades no IML em todo o estado de São
Paulo, quer por possuir grande experiência prática, ou se dedicarem ao ensino
da especialidade.
Consigne-se que alguns conceitos são polêmicos, não possuem unanimi-
dade de opinião de autores diversos, geram divergências, no entanto, não se
trata de erro ou acerto conceituais, mas sim, de estarmos lidando com matéria
inexata, ensejando opiniões divergentes.
Esperamos que esta iniciativa de unificar ações e procedimentos possa con-
tribuir para uma padronização das ações do IML de São Paulo e para todos os
profissionais, médicos ou não, que se interessem pela matéria.
Os editores
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Laboratório de Toxicologia:
Dr. Virgílio Rosário Maria Valentino
Laboratório de Anatomia Patológica e Microscopia:
Dr. Joaquim Vieira Filho
Postos Médico-Legais Regionais do Interior:
Araraquara: Dr. Sirtes de Lorenzo
Bauru: Dr. Nozor Galvão
Botucatu: Dr. Jorge Bittencourt
Campinas: Drs. José Pagano e Rodolfo Tella
Casa Branca: Dr. J. B. de Oliveira Costa
Guaratinguetá: Dr. Otávio de Lima Carvalho
Itapetininga: Dr. Aníbal Teixeira de Carvalho
Penápolis: Dr. Edwaldo de Azambuja Neves
Presidente Prudente: Dr. Luiz de Souza Leite
Ribeirão Preto: Dr. Wagner Serra
Rio Preto: Dr. Frederico Navarro da Cruz
Santos: Drs. Roberto Catunda, Hugo Santos Sila e Plínio Brandão de Camargo
Sorocaba: Dr. Helvídio Rosas
O regulamento de 1933 permaneceu até 1959, quando, por meio do De-
creto nº 35.566, foi substituído pelo regulamento baixado no governo de Carlos
Alberto de Carvalho Pinto, perdurando este até os dias de hoje.
Inicialmente, no tempo do Gabinete Médico-Legal, as atividades periciais
no vivo eram realizadas na rua do Carmo nº 1, atual Roberto Simonsen e as no
morto nos diversos simulacros de necrotério da capital. Posteriormente, as pe-
rícias no morto passaram a ser realizadas no Cemitério do Araçá e na década
de 50, no governo Jânio Quadros, o serviço foi transferido para a rua Teodoro
Sampaio em prédio próprio, que foi ampliado na década de 70. Nesta época,
passou o Serviço Médico-Legal do Estado a se chamar Instituto Médico Legal
(IML) do Estado de São Paulo.
Em 1986, os cargos de médico-legista passaram a fazer parte da Polícia
Civil. Com a Constituição de 1988 (Federal) e a de 1989 (Estadual), importante
passo foi dado em direção à autonomia administrativa do IML.
Pela Lei nº 756 de 27 de julho de 1994 foi criada a Superintendência da Polí-
cia Técnico-Científica que teve sua regulamentação através do Decreto nº 42.484
de 9 de fevereiro de 1998, desvinculando a SPTC da Polícia Civil e elevando-a
ao nível de Coordenadoria, tornando-se subordinada diretamente ao secretário
de Segurança Pública.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Porém não lhe foi fixada dotação orçamentária e nem autonomia através
de Lei Orgânica, sendo, na prática, um apêndice burocrático da Polícia Civil.
Diretores do Instituto Médico-Legal do Estado de São Paulo: Dr. Archer de
Castilho, 1896; Dr. Bento Xavier de Barros, 1900; Dr. Honório Libero, falecido em
1918 como diretor; Dr. José Líbero, por diversas vezes, a partir de 1918, até 1955.
No período de 1930-1945 o IML/SP teve diversos diretores interinos ou
comissionados: Dr. Francisco Ribeiro Marcondes Machado, Dr. José Camillo
Ferreira Rebello Netto, Dr. Azambuja Neves e Dr.José Líbero.
O Dr. Arnaldo Siqueira substituiu Dr. José Líbero em 1955, permanecendo
até meados da década de 70. O Dr. Harry Shibata sucedeu o Dr. Arnaldo Siqueira
e este sucedido pelo Dr. Rubens Brasil Maluf, que foi sucedido pelo Dr.Francisco
Claro, intercalando-se com o Dr. José Antonio Melo, o Dr. Octávio D‘Andréa e
a Dra. Maria Helena Pacheco, seus diretores até 1998. Em 1998, já na SPTC, o
Dr. Francisco Claro, foi substituído pelo Dr. Carlos Alberto de Souza Coelho,
que permaneceu até 2001, seguindo-se o Dr. José Jarjura Jorge Jr. até 2005 e,
atualmente, o Dr. Hideaki Kawata.
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ORGANOGRAMA DA POLÍCIA
TÉCNICO-CIENTÍFICA E DO IML
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DIRETORIA DE DEPARTAMENTO DO INSTITUTO MÉDICO-LEGAL
DIRETORIA
DE
DEPARTAMENTO
Assistência
Técnica
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NÚCLEO DE
NÚCLEO DE NÚCLEO DE
ODONTOLOGIA
RADIOLOGIA ANTROPOLOGIA
LEGAL
NÚCLEO DE NÚCLEO DE
APOIO APOIO
ADMINISTRATIVO LOGÍSTICO
EQUIPE DE EQUIPE DE
FOTOGRAFIA E RECURSOS ASSISTÊNCIA
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ÁUDIO-VISUAIS FAMILIAR
NÚCLEO DE PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS DA REGIÃO DA CAPITAL E GRANDE SÃO PAULO
NÚCLEO DE
PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS
DA CAPITAL E
GRANDE SÃO PAULO
Célula de
Apoio
Administrativo
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EPML EPML EPML EPML
OESTE DHPP DIADEMA FRANCO DA ROCHA
(CAPITAL) (CAPITAL) (GRANDE SÃO PAULO) (GRANDE SÃO PAULO)
(GRANDE SÃO PAULO) (GRANDE SÃO PAULO) (GRANDE SÃO PAULO) (GRANDE SÃO PAULO)
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MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DAS EPML DA CAPITAL
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EPML Leste II (7
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MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DAS EPML DA GRANDE SÃO PAULO
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NÚCLEOS DE PERÍCIAS DA GRANDE SÃO PAULO
10 Núcleos
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DISTRIBUIÇÃO DOS NPML DO INTERIOR
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
LAUDO
NECROSCÓPICO
Vestes
Junto aos demais pertences devem ser guardadas, ficando à disposição da
justiça, pois poderão servir para posterior confrontação com os ferimentos e
análise das manchas (este parágrafo é muito complexo para ser cumprido na
Capital, EPML Centro, melhor seria, após descrevê-las, ou encaminhar-se para
autoridade policial, ou selecionar-se fragmentos de interesse).
Sinais tanatológicos
Descrevê-los, pois, mais do que a simples certeza da morte, representam
os parâmetros para fixação do tempo estimado de morte no momento do exa-
me do cadáver. Lembrar que se classificam em imediatos e consecutivos. Os
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Histórico
Há de se diferenciar o histórico policial, geralmente conciso e muitas ve-
zes impreciso, do histórico médico-legal, para o qual o perito deve preocupar-
se em obter junto à autoridade requisitante, peritos do instituto de criminalística
ou familiares, amigos ou testemunhas, as seguintes informações:
■ Apuração criminal preliminar do fato (suspeita)
■ Horário do fato: do ato ou do encontro do corpo
■ Hora em que a vítima foi vista viva pela última vez
■ Arma: se foi achada, que tipo de arma, onde foi achada e o dono da arma
■ História clínica: antecedentes, dependência de drogas, tendências suicidas
■ Se a vítima foi encontrada ainda com vida, quem a socorreu e onde foi
socorrida
■ Se após a morte o local foi violado e corpo foi arrastado por manobras da equipe
do Instituto de Criminalística ou pela equipe de remoção de cadáveres
Exame
O exame externo deve ser minucioso, descrevendo os ferimentos de modo
específico, utilizando termos técnicos próprios com suas dimensões e localiza-
ções, de acordo com a padronização de nomenclatura anatômica das regiões
corporais. Todas as regiões devem ser exploradas, mesmo as improváveis como
as cavidades oral e nasal, região perineal, abaixo dos seios e couro cabeludo.
No exame interno, as três cavidades devem ser exploradas. Fazer a descri-
ção das feridas internas, da presença de secreções, da quantidade de sangue,
além de estabelecer o trajeto do agente e apontar os ferimentos mortais.
Alguns detalhes, que merecem a atenção do perito, são descritos abaixo:
■ Cicatrizes
■ Sinais de arrasto
■ Número de ferimentos
■ Ferimentos produzidos por mais de um instrumento
■ Ferimentos mortais e não-mortais
■ Ferimentos pós-morte
■ Ferimentos provocados por vários instrumentos
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Discussão
Neste tópico o perito tem toda a liberdade e deve expor o seu raciocínio,
embasado nos achados nos exames macro e microscópicos, nas análises
laboratoriais e na pesquisa de bibliografia pertinente, que nortearão a conclusão.
Conclusão
Resumindo-se a discussão e, mais, decantando-se a essência, conclui-se a
perícia. A conclusão não deve ser prolixa, não deve ser telegráfica, mas trans-
mitir de modo singelo a opinião pericial final.
QUESITOS
Os quesitos podem previamente ser formulados por quem requisita a perí-
cia, e seriam específicos para cada caso. Porém, para agilizar e uniformizar as
condutas, adotou-se quesitos padronizados que constam nos impressos do Ins-
tituto Médico legal do Estado de São Paulo.
Os quesitos, descritos a seguir, historicamente constam nos impressos para
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DESTINO
Os laudos de exame pericial necroscópico devem ser elaborados no míni-
mo em duas vias, tomando-se as cautelas para registro de entrada e saída dos
documentos e respeitando-se os prazos legais (art. 160 § único-CPP). Uma via
há de permanecer arquivada na unidade executora da perícia, por tempo
indeterminado, juntamente com as requisições e demais documentos. A reque-
rimento das partes legítimas litigantes, deverá ser expedida cópia ou segunda
via, conforme recurso na unidade requerida.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMENTÁRIOS
Muito embora a competência do perito limite-se ao aspecto médico-legal e
ao seu laudo, requisições de informações adicionais poderão ser solicitadas.
Descrevemos, abaixo, algumas características que ajudam no diagnóstico dife-
rencial e que poderão auxiliar na investigação dos casos.
Diagnóstico Diferencial
Homicídio:
■ Roupas não são afastadas
■ Golpes múltiplos, graves e em diversas partes do corpo
■ Lesões de defesa: face palmar das mãos, bordo interno dos braços
Suicídio:
■ Normalmente as roupas são afastadas
■ Zonas de eleição: precordial
■ Lesões em regiões que a vítima pode alcançar
■ Lesões de hesitação
■ Secção de vasos (art. radial, art. carótida etc.)
■ Degolação/suicídio: lesões de hesitação junto a ponto do início, sangue
na parte anterior da roupa, sangue na mão que manejou a arma
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FINALIDADE
O ato necroscópico, no âmbito da medicina-legal, tem por finalidades de-
finir a causa médica da morte, o agente, instrumento ou meio que a produziu,
as qualificadoras, a identificação do cadáver e, mesmo, contribuir para estabe-
lecer a causa jurídica da morte.
A perícia médico-legal, como auxiliar da justiça, deve prover o substrato
científico para o enquadramento legal nos casos de morte, descritos no Código
Penal nos parágrafos dos artigos 121 a 123 e no parágrafo 3º do artigo 129,
conforme prescrito no artigo 128 do Código de Processo Penal.
A finalidade é caracterizar legalmente a morte e definir se foi ou não
provocada por agente externo (morte violenta) e, em caso positivo, definir o
agente, a causa da morte e se foi provocada por artifícios previstos no inciso III,
§ 2º art.121 do CPP. Além disso, o perito deve ater-se a vestígios gerados antes
e após a morte que auxiliem na elucidação do caso.
Em casos de repercussão, de clamor público, há invariavelmente ansieda-
de, pressa para execução do exame e obtenção de resultados. As autoridades
encontram-se sob dilemas quanto à prisão do réu (o flagrante, a temporária), e/
ou o assédio de repórteres (sob argumentação de caso importante, de vigilância
de transparência, de cooperação e assim por diante). Entendemos que os médi-
cos-legistas não devem trabalhar atabalhoadamente, sob tensão, pois a “pressa
é a inimiga de perfeição”, e que “a necropsia malfeita não será refeita”.
Lembramos que os médicos-legistas encontram-se, por princípio, sob tripla
obrigação de sigilo, perante o falecido, o réu e a justiça. Isto é, suas observações,
suas análises, suas conclusões, não são públicas, mas pertencem às partes legíti-
mas, quer vítima, quer réu, quer autoridades presidentes dos autos. Os documen-
tos produzidos pelos médicos-legistas, além de escritos, assinados, são parte dos
autos do processo onde poderão ser lidos, discutidos, cotejados, contestados,
complementados, ou aquilo que se fizer necessário, por quem de direito.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
MODELO
Médico-Legista Médico-Legista
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONCEITO
O laudo de exame de corpo de delito é o documento que materializa a infra-
ção penal (artigo 129 CP e artigos 158 a 162, 181 e 182 do CPP). O laudo é a forma
de apresentação do exame do corpo de delito (visum et repertum) pelo perito de
fato que, no caso de exame no ser humano, apresentar danos à sua integridade
física ou psíquica, desde que tais lesões não provoquem a morte. Após promover a
avaliação, o médico-legista realizará o laudo de lesões corporais.
ROTEIRO TEÓRICO
Na esfera criminal o laudo de exame de corpo de delito (lesões corporais)
tem por objetivo avaliar a vítima de lesões pessoais, em conformidade com o
artigo 129 do código penal brasileiro, tanto em relação ao caput do artigo como
aos parágrafos e incisos subseqüentes. Na prática, a técnica de realizá-lo ocor-
re a partir do parágrafo terceiro para o segundo, para o primeiro, até que por
sucessivas negativas, reste apenas o caput.
Observe-se que o laudo é confeccionado a partir dos danos à integridade cor-
poral, sendo a gradação final consignada na conclusão (leve, grave, gravíssimo)
sempre pela avaliação de maior severidade. Em alguns casos, mais que um inciso
do mesmo parágrafo pode encontrar-se presente, assim como mais do que um
parágrafo do mesmo artigo. (Exemplos: incapacidade para ocupações habituais
por mais de 30 dias e debilidade permanente; debilidade permanente (visão) e
deformidade permanente (perda de um olho).
Os quesitos que posteriormente serão respondidos mantêm a ordem do
artigo 129 e respectivos parágrafos.
ENQUADRAMENTO LEGAL
Na esfera criminal, o laudo de exame de corpo de delito tem por objetivo
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REQUISIÇÕES
O exame de corpo de delito instrui, no caso de crimes contra a pessoa, as
ações penais. Portanto podem os exames ser requeridos na fase de inquérito
pelo delegado de polícia (polícia judiciária) ou oficial sindicante (IPM) e, na
fase processual, pelo juiz de Direito e pelo Ministério Público.
MODELOS
Requisição
O modelo de requisição do exame médico-pericial classicamente é feito
por ofício, no qual a autoridade competente requer a perícia, orienta através de
breve histórico a finalidade da mesma, e apresenta a pessoa a ser submetida ao
exame, qualificando-a.
Laudo
Realizado o exame médico-pericial, o laudo é preferentemente apresenta-
do através do formulário padronizado disponível em folhas impressas previa-
mente, ou por programa informatizado também padronizado.
PERÍCIA
Classicamente o laudo pericial segue a formatação dos trabalhos científi-
cos, principalmente das dissertações de mestrado e teses de doutorado. Assim
inicia-se pelo preâmbulo, segue-se pelo histórico, pela descrição, continua-se
pela discussão e conclusão, finaliza-se pelas respostas aos quesitos (clássicos
ou específicos).
Preâmbulo: são anotadas informações como data, localidade, nome da
autoridade requerente, executores do laudo médico-pericial.
Histórico: devem ser anotadas as informações de interesse médico quanto
aos fatos relacionados à ocorrência das lesões corporais. Os tratamentos médi-
cos a que se submeteu a vítima, evolução das lesões, tempo de incapacidade e
seqüelas. Devem constar do histórico informes de relatórios de tratamento
médico, necessidade de repouso, afastamentos de atividades específicas e,
mesmo, avaliações de médicos especialistas.
Descrição: é de fato o exame físico, é o visum et repertum, é aquilo objeti-
vamente constatado no momento em que se realiza a perícia.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Discussão: neste item o médico legista estabelece sua opinião com total
liberdade, o nexo de causa e efeito e, se desejar, inclui opiniões de literatura.
Conclusão: item que freqüentemente é referido em conjunto com o anterior.
No entanto é na conclusão que o médico-legista quantifica o dano causado, clas-
sicamente, em lesões corporais de natureza leve ou grave. Observe-se que tal clas-
sificação encontra-se intimamente correlacionada ao próprio artigo 129, seus pa-
rágrafos e incisos. De fato a classificação é realizada a partir do segundo parágrafo
para o primeiro parágrafo e finalmente para o caput do mencionado artigo. É fre-
qüente nas lesões corporais de natureza grave subdividi-las em graves e gravíssimas.
Se adotado este último critério, as lesões em conformidade com o parágrafo segun-
do, serão gravíssimas; aquelas em conformidade com o parágrafo primeiro, serão
as graves; e, por fim, na exclusão dos parágrafos, restarão as lesões leves, que
atendem apenas o caput do artigo 129 e negam os parágrafos primeiro e segundo.
Repostas aos quesitos: item no qual perguntas específicas devem ser respon-
didas individualizadamente, preferentemente com redação curta e objetiva.
Data, horário e assinatura: é a finalização do laudo médico-pericial.
QUESITOS
São indagações formuladas pela autoridade que requer o exame médico-
pericial. Podem ser divididos em clássicos e específicos. Os quesitos clássicos
são os objetivos do próprio artigo 129, parágrafos e incisos. Os quesitos clássi-
cos, com pequenas variações observáveis, estão presentes nos formulários pa-
dronizados pelos diversos estados da federação.
Primeiro: houve lesão corporal?
Segundo: qual o agente, instrumento ou meio que a produziu?
Terceiro: foi produzido por meio de veneno, asfixia, fogo, explosivo ou
agente ou meio insidioso ou cruel?
Quarto: das lesões corporais resultou incapacidade às ocupações habitu-
ais por mais de 30 dias, perigo de morte, debilidade permanente de membro,
sentido ou função, aceleração de parto?
Quinto: das lesões corporais resultou enfermidade incurável, incapacida-
de permanente para o trabalho, deformidade permanente, perda ou inutilização
de membro, sentido ou função, aborto?
Quesitos especiais são formulados mais freqüentemente após a realização
do primeiro exame médico pericial, do qual resultou necessidade de nova ava-
liação em data posterior e quando há interesse da autoridade em esclarecer
item diferente dos classicamente propostos.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMENTÁRIOS
Como regra os 1º e 2º quesitos não ensejam grandes dúvidas.
Já o 3° quesito deve ser respondido com muito critério pois que, ao quali-
ficar o crime, modifica a penalidade a ser imposta. Não se deve confundir
insidia, crueldade, surpresa com gravidade da própria lesão: esta pode ser
classificada como leve, e o 3º quesito respondido afirmativamente para cruel-
dade (exemplo: lactente com muitas múltiplas queimaduras de primeiro grau
produzidas por cigarro, a lesão é leve e houve crueldade). Atenção com o
período de incapacidade que só deve ser fixado depois de decorridos 30 dias.
Perigo de vida é “diagnóstico e não-prognóstico”, portanto não corresponde
à probabilidade do evento ocorrer (poderia ter ocorrido choque hemorrágico) e
sim o evento realmente ocorrido (choque hemorrágico).
Debilidade permanente representa diminuição (membro, sentido e função),
que se for ínfima será desconsiderada, e se for acentuada representa perda.
Aceleração de parto representa antecipação do parto em período em que
há condições de sobrevida autônoma do feto.
Quanto ao 5º quesito:
■ enfermidade incurável: trata-se de uma seqüela permanente em decor-
rência de um evento lesivo, por exemplo: lesões cerebrais com cicatrizes e
crises convulsivas; lesão medular severa com disfunções (urinárias, pulmona-
res, provocando infecções crônicas irreversíveis).
■ incapacidade permanente para o trabalho: o médico-legista deve atentar
para o fato de que a incapacidade pode ser para todo e qualquer tipo de trabalho
ou para trabalho específico, o que mencionará ao responder este inciso. Exemplo:
um cirurgião que perde o polegar da mão dominante estará incapacitado para suas
atividades cirúrgicas, mas não para as atividades clínicas ou gerais. O perito deverá
recorrer ao “item discussão do laudo” para fundamentar sua opinião.
■ deformidade permanente: o aspecto fundamental é a lesão ser aviltante,
independentemente de estar ou não exposta publicamente. Poderá também ser
estática ou dinâmica correlacionada a sexo idade, profissão ou condição soci-
al, isto significa que determinada lesão permanente poderá não ter a mesma
classificação. Exemplo: cicatriz não queloidiana linear com 1 cm de compri-
mento situada em região frontal será diferentemente classificável para uma jo-
vem modelo, um profissional liberal ou um idoso. A deformidade estática é
observável de imediato, enquanto a dinâmica apresenta-se ao movimento: exem-
plo, paralisia palpebral. O aspecto aviltante tem alto grau de subjetividade tan-
to para quem porta a seqüela quanto para quem a observa, devendo portanto
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LESÕES PRODUZIDAS
POR AÇÃO CONTUNDENTE
RUBEFAÇÃO
Caracteriza-se pela congestão repentina e momentânea de uma região do
corpo atingida pelo traumatismo, evidenciada por uma mancha avermelhada,
efêmera e fugaz, que desaparece em alguns minutos, daí sua necessidade de
averiguação exigir brevidade. Como exemplo podemos citar a bofetada, em
que muitas vezes ficam impressos os dedos do agressor.
ESCORIAÇÃO
Ocorre o arrancamento da epiderme e o desnudamento da derme, das
quais fluem serosidade e sangue. Quando a derme é atingida, não é mais esco-
riação e sim uma ferida. Nas escoriações post-mortem, não há formação de
crostas; a epiderme é branca, não há serosidade e nem sangue. Escoriação que
deixa cicatriz não é escoriação. A idade de uma escoriação tem muito interesse
médico-legal e a análise é feita através da observação cuidadosa da lesão, da
crosta e da coloração da epitelização. A forma dessa lesão tem importância
pericial pois é por meio da forma que podemos encontrar a impressão do ins-
trumento ou meio causador no corpo da vítima, principalmente no que diz
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EQUIMOSE
Lesões produzidas por infiltrações hemorrágicas dos tecidos. São necessá-
rias as presenças de um plano mais resistente abaixo da região traumatizada e
de rotura capilar permitindo, assim, o extravasamento sangüíneo. Em geral, são
superficiais, mas podem acometer planos profundos.Várias são as formas que
se apresentam: quando em pequenos grãos, recebem o nome de sugilação e,
quando em forma de estrias, são denominadas víbice.
Petéquias: são pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracteri-
zadas por um pontilhado hemorrágico. A forma das equimoses tem um grande
significado para os legistas, podendo a mesma imprimir com fidelidade a mar-
ca do objeto que lhes deu origem. A tonalidade da equimose é outro aspecto de
grande importância médico-pericial. Devido a uma série de reações bioquími-
cas a equimose vai mudando de coloração: de início, é avermelhada; depois,
com o passar do tempo, torna-se vermelho-escura, violácea, azulada,
esverdeada, finalmente desaparecendo em 15-20 dias.
Essa mudança de tonalidade recebe o nome de “espectro equimótico de Legand
du Saule”. O valor cronológico é relativo, uma vez que vários fatores podem influen-
ciar nessas mudanças de coloração, como a quantidade de sangue extravasado, o
calibre do vaso atingido, etc. As equimoses da conjuntiva ocular não sofrem essas
alterações de tonalidade, em virtude de a conjuntiva ser muito porosa e de oxigenação
fácil, não permitindo que a oxihemoglobina se transforme e se decomponha. Essa se
mantém de colorido vermelho até sua absorção. Também pode ser realizado o estu-
do histológico da evolução das equimoses. O diagnóstico diferencial da equimose
deve ser feito com o livor hipostático. A equimose apresenta sangue coagulado,
presença de malhas de fibrina, infiltração hemorrágica, presença em qualquer lu-
gar do corpo, sangue fora dos vasos, rupturas de vasos e mais particularmente de
capilares, sinais de transformação de hemoglobina e ausência de meta-hemoglobina.
O livor hipostático mostra sangue não-coagulado, ausência de malhas de fibrina,
ausência de infiltração hemorrágica, presença em locais específicos, integridade
de vasos capilares, sangue dentro dos vasos, ausência de transformação
hemoglobínica, presença de meta-hemoglobina neutra e sulfídrica, vista através da
espectroscopia. É importante sua diferença com as equimoses não-traumáticas,
como as que ocorrem em certas doenças como, por exemplo, a púrpura.
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HEMATOMA
Extravasamento de sangue de um vaso calibroso e a sua não-difusão nas
malhas dos tecidos moles, formando-se no interior do tecido verdadeiras cavida-
des, onde surge uma coleção sangüínea. Em geral faz relevo com a pele, tem
delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais demorada que a equimose.
Pode ser profundo e encontrado nas cavidades ou dentro dos órgãos.
BOSSA SANGÜÍNEA
A bossa sangüínea diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre
sobre um plano ósseo e pela sua saliência bem pronunciada na superfície
cutânea. É comum nos traumatismos de couro cabeludo.
FERIDA CONTUSA
São lesões abertas, cuja ação contundente foi capaz de vencer a resistência
e a elasticidade dos planos moles. São produzidas por compressão, pressão,
percussão, arrastamento, explosão e tração. As feridas contusas têm as seguin-
tes características:
a. Forma estrelada, sinuosa, ou retilínea;
b. Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas;
c. Fundo irregular;
d. Vertentes irregulares;
e. Presença de pontes de tecido íntegro ligando as vertentes;
f. Retração das bordas da ferida;
g. Pouco sangrantes;
h. Integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão;
i. Ângulo tendendo à obtusidade;
FRATURAS
São causadas por mecanismos de compressão, flexão ou torção e caracte-
rizam-se pela solução de continuidade dos ossos, podendo ser diretas, quando
provêm do próprio local do traumatismo, e indiretas, quando provêm de vio-
lência numa região distante do local fraturado. Podem ser simples ou
cominutivas, fechadas ou expostas, completas ou incompletas. O diagnóstico
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deve ser orientado pela dor local, pela palpação, redução dos movimentos,
deformidade, creptação, sendo confirmado pelos raios-x.
LUXAÇÕES
Caracterizadas pelo deslocamento de dois ossos cujas superfícies de articu-
lação deixam de manter suas relações de contato. São denominadas completas
quando as superfícies de contato se afastam totalmente e incompletas quando o
contato da superfície é parcial. Podem ainda ser fechadas ou expostas. As articu-
lações mais acometidas são as do ombro, cotovelo, joelho e tornozelo.
ENTORSES
São lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos,
incidindo apenas sobre os ligamentos. A sintomatologia mais comum é a dor
intensa ao nível da articulação atingida, que piora com a movimentação e com
a palpação. Há alteração funcional com tumefação, rubor local e, às vezes,
equimose ou hematoma.
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ENCRAVAMENTO
Produzido pela penetração de um objeto afiado e consistente em qualquer
parte do corpo.
EMPALAMENTO
Essa forma especial de encravamento caracteriza-se pela penetração de
um objeto de eixo longitudinal, na maioria das vezes, consistente e delgado, no
ânus e na região perineal.
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FERIMENTOS POR
ARMAS BRANCAS
CONCEITO
As lesões provocadas por “arma branca” são classificadas dentro do capí-
tulo da Traumatologia Forense no espectro daquelas causadas por Energia Me-
cânica.
DEFINIÇÃO
O termo “arma branca” é abrangente, sendo a ele dadas várias definições:
Arma branca: termo genérico que indica as armas feitas de metal e que
causam danos pela ação de um gume ou ponta, sendo que a força motriz é
somente humana. Contrapõe-se a arma de fogo, que arremessa o projétil impe-
lindo-o por meios artificiais, usualmente químicos.
Arma branca: artefato cortante ou perfurante, normalmente constituído por
peça em lâmina ou oblonga.
Arma branca: instrumento lesivo manejado com a mão, que atua sobre o
corpo humano através de gume e/ou ponta (extremidade pontiaguda).
TIPOS DE ARMAS
As armas próprias são aquelas destinadas especificamente à finalidade de
ataque ou defesa (ex: adaga, punhal).
As armas impróprias são aquelas que, eventualmente, podem ser utilizadas
como armas; devem ser consideradas em princípio como uma ferramenta, instru-
mento útil e necessário (ex.: chave de fenda, faca, canivete), como de ocasião
(ex: fragmentos de vidro, folhas metálicas), ou como naturais (ex: dentes, unhas).
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Perfurante: o contato se faz por um ponto e age por pressão (ex: agulha).
Cortante: o contato se faz por uma linha e age por deslizamento e/ou pres-
são (ex: navalha).
Contundente: o contato se faz por um plano e age por pressão e/ou
deslizamento.
As combinações dos instrumentos básicos levam às seguintes variações:
Perfurocortante: com um ou mais gumes. Como exemplo, punhal, adaga.
Cortocontundente: como exemplo, machado.
Perfurocontundente: geralmente relacionados a ferimentos produzidos por
projéteis de arma de fogo. No entanto, podem estar representados por instru-
mentos semelhantes, como, por exemplo, a ponteira de um guarda-chuva ou
“dentes” de ancinho.(3,6)
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INTRODUÇÃO
Nas armas de fogo o agente vulnerante é o projétil, representado pela
bala ou pelos grãos de chumbo, que são instrumentos perfurocontundentes
impelidos violentamente, pela arma, em direção ao alvo, após a detonação
da pólvora ou outra substância explosiva dentro da cápsula. Além da lesão
produzida pelo projétil, há aquelas decorrentes da força de expansão dos
gases, pela chama, pelos grânulos de pólvora, dependentes da distância do
disparo, do calibre e do tipo da arma, e também da qualidade da munição e
sua pólvora.
Nos casos típicos, o projétil transfixa o corpo. Portanto há uma ferida de
entrada, um trajeto e uma ferida de saída. Nos atípicos, o projétil ora tangencia
o corpo, ora ricocheteia em anteparo e deforma-se antes de adentrar o organis-
mo, ou mesmo o projétil com pouca energia cambaleia e não vulnera a vítima
com a ogiva própria. Lembramos também as lesões produzidas por projéteis
com ogivas escavadas, fenestradas, aplanadas e os disparados por armas espe-
ciais de alta energia.
PERÍCIA
O exame necroscópico médico-legal não difere dos demais no que tange
ao preâmbulo, à qualificação, o histórico, à descrição, à discussão e às respos-
tas aos quesitos. Porém, particulares e peculiaridades devem ser observadas.
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Exame externo
Depois de retirada das vestes, o médico-legista inicia o exame da superfí-
cie externa do corpo antes de o mesmo ser lavado, correlacionando-o com os
achados no exame das vestes, atentando para existência de orlas ou zonas em
torno dos ferimentos, que podem desaparecer com a lavagem do corpo, como
a zona de esfumaçamento, por exemplo. Em seguida, ainda no exame externo,
observar cuidadosamente todas as lesões encontradas, descrevendo-as e foto-
grafando-as cuidadosamente em relação à:
■ localização
■ número
■ forma
■ dimensões
■ orlas e zonas de contorno
■ procurando já no exame externo avaliar se a lesão é um orifício de entrada
ou de saída de um projétil de arma de fogo.
É muito útil também avaliar a direção tomada pelo projétil ao penetrar no
corpo, pois a medida facilita a correlação entre o orifício de entrada e o de
saída e, no caso de o projétil permanecer dentro do corpo, auxilia também no
seu encontro. Para isto introduzimos uma tentacânula romba e longa no orifí-
cio de entrada e, sem forçar para não produzir falso trajeto. Procuramos intro-
duzi-la na direção e sentido seguidos pelo projétil. Pela angulação da porção
externa remanescente da tentacânula no corpo é possível se ter uma idéia da
direção do projétil e, por conseguinte, a provável origem espacial do disparo
da arma. Depois de observadas, descritas e fotografadas as lesões produzidas
pelos projéteis de arma de fogo, procuramos outras lesões que podem ter sido
causadas pela queda, por outros instrumentos que tenham sido usados pelos
agressores contra a vítima, relembrando as lesões atípicas produzidas por pro-
jéteis. Se encontradas estas lesões também devem ser cuidadosamente descri-
tas e fotografadas. Observamos e palpamos cuidadosamente a superfície cor-
poral, para tentar localizar projéteis que tenham ficado sob a pele, ora visíveis
ora palpáveis. O encontro de hemorragias e hematomas subcutâneos muito
auxiliam para localização de um projétil.
Exame interno
Classicamente abrimos as três cavidades corporais nobres, pelas técnicas
recomendadas e observamos, descrevemos e fotografamos as lesões causadas
pelo projétil nas estruturas internas do corpo.
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DISCUSSÃO
Neste item do laudo o médico-legista tem a liberdade para expor e discutir
suas opiniões com relação ao caso. Consignamos o número de projéteis que
atingiram a vítima, se os disparos foram encostados, à queima-roupa ou à dis-
tância das lesões produzidas, e o trajeto e a direção de cada projétil que atingiu
a vítima. Discutimos ainda o que pensamos de outras lesões encontradas, além
das causadas pelos projéteis de arma de fogo, qual o projétil ou projéteis que
causaram a morte da vítima, quais as possíveis lesões de defesa, se presentes.
Discutimos se os achados da necropsia são compatíveis com o histórico forne-
cido pela autoridade policial, discutimos os achados do caso, correlacionamos
aos informes dos quais dispomos, recomendando-se ainda cotejar-se com a
perinecroscopia e o local de encontro do cadáver, os quais em nosso meio são
de alçada dos peritos criminais do Instituto de Criminalística.
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CONCLUSÃO
Representa a síntese da perícia médico-legal, e o resumo em que se vincu-
la a causa básica, a intermediária e a final que resultou na morte, correlaciona-
se o agente-instrumento e meio que a produziu e esclarecem-se as qualificadoras.
1º Houve morte?
A resposta, invariavelmente sim, deve ser afirmada pelo médico-legista pros-
pector. Alguns médicos-legistas adotam, além do sim, a afirmação de morte
violenta ou morte natural.
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Ferimento de entrada
a - localização: pele, na maioria das vezes. Ocasionalmente boca, olhos,
ânus, etc.
b - número: na maioria das vezes há um ferimento de entrada por projétil,
podendo haver mais de um, quando o projétil antes de penetrar no corpo atra-
vessar determinado segmento corporal (braço, mama, etc). Trata-se, então, de
projétil com entrada e reentrada.
c - forma: circular ou ovalar. A forma varia segundo a direção do tiro:
c.1 - perpendicular: ferida de entrada circular;
c.2 - oblíquo: ferida de entrada elíptica;
c.3 - tiro tangencial: simples escoriação, ou ferida contusa linear, superfici-
al ou profunda.
d - distância. De acordo com a distância da arma, do projétil e da pólvora
observaremos:
d.1 - encostado: orifício irregular, poligonal, pois por força de expansão
dos gases “explode” e dilacera os tecidos, formando-se ainda uma câmara so-
bre o plano ósseo subjacente (Câmara de mina de HOFFMANN);
d.2 - tiro de longa distância: projétil já sem energia, progride às cambalhotas.
Pode adentrar o alvo pela base ou de lado, produzindo ferida de forma atípica.
e - condições do projétil:
e.1 - projétil deformado por ricocheteio: projétil que não penetra pela pon-
ta, mas de lado ou pela base, produz ferimentos de entrada atípicos;
e.2 - presença de objetos sólidos interpostos entre o projétil e a pele (ex.
crucifixo botão, colar).
f - dimensões:
f.1 - considerações quanto ao ferimento de entrada: é geralmente menor
que o projétil, pois a pele é elástica e se distende antes de ser perfurada. Depois
de perfuradas as fibras elásticas se contraem novamente na pele, fazendo com
que o orifício tenha dimensões menores que o projétil. Às vezes, porém, o oríficio
é igual ou maior, como nos casos em que o tiro é disparado bem de perto.
f.2 - considerações quanto ao ferimento de saída: de uma forma geral o ferimento
de entrada é geralmente menor que o orifício de saída, mas há exceções.
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Ferimento de saída
Difere daquele produzido na entrada do projétil por diversas razões.
■ O projétil quando se exterioriza modificou-se pelos impactos e fragmen-
tações, além de carrear fragmentos de tecidos e não mais progredir no seu eixo
longitudinal.
■ A derme e a epiderme são impelidas de dentro para fora.
■ A bala se enxuga na face profunda da derme e não na superfície.
■ A energia cinética do projétil na saída é menor do que na entrada. As
características do ferimento de saída são as seguintes:
■ A forma é irregular ou em fenda, podendo ser circular ou ter outra forma.
■ O diâmetro é geralmente maior que o do orifício de entrada.
■ As bordas são evertidas porque o projétil age de dentro para fora.
■ São mais sangrentas, pelo maior diâmetro, pela irregularidade da forma
e eversão das bordas.
■ Não exibem orla de enxugo nem de contusão.
■ Pode se observar a aréola equimótica, que também pode ser vista ao
redor dos orifícios perfurocontusos nos órgãos.
■ Fragmentos de tecidos internos exteriorizam-se pela lesão.
■ A fragmentação do projétil, a produção de esquírolas ósseas eventual-
mente provocam mais do que um ferimento de saída.
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Trajeto
■ É o caminho percorrido pelo projétil no interior do corpo. Teoricamente é
representado por uma reta interposta entre o ferimento de entrada e o de saída.
■ Pode ser um canal fechado ou um canal aberto, dependendo se transfixa
ou não o corpo.
■ Nos disparos que não transfixam o corpo recupera-se o projétil habitual-
mente no fundo cego ao final do trajeto, ou mesmo, solto em uma cavidade e
até deglutido ou aspirado.
■ Para cada bala, o trajeto é geralmente único, a menos que ela se frag-
mente após a penetração.
■ O percurso teoricamente retilíneo pode apresentar-se curvo ou angulado,
dependendo de condições específicas como a distância do disparo, a região do
corpo atingida, incidência em ossos.
■ Sobre ossos curvos como as costelas ou a calvária, o projétil pode fazer
trajetória acompanhando sua superfície, observando-se um trajeto em semicír-
culo sem penetrar na cavidade (descrito pelos alemães “Ringschuss” ou tiro em
anel ou fenômeno da bala giratória).
■ No trajeto podem ser encontrados coágulos (sinal de reação vital), teci-
dos dilacerados, esquírolas ósseas, assim como corpos estranhos provenientes
do exterior (bucha, fuligem, fragmentos do vestuário).
■ O projétil pode desviar-se ao transfixar um órgão móvel como o coração
e, ainda, no coração pode ser embolizado, sendo levado do coração às artérias
ilíacas onde se impacta na luz.
■ Os ossos chatos como os do crânio, ao serem atingidos e perfurados pelo
projétil, apresentam a lesão afunilada, de diâmetro menor no ponto de entrada
e maior no ponto de saída, conhecida como Sinal de Bonnet, cujo aspecto
lembra um cone ou funil, cuja base encontra-se voltada no sentido da saída do
projétil. As cartilagens, quando atravessadas, moldam com precisão o diâmetro
do projétil, podendo melhor estimar o calibre do mesmo.
■ Órgãos contendo líquidos, como a bexiga cheia, quando atingidos po-
dem explodir, devido à transmissão da energia pelo projétil.
■ Lembramos, por fim, que se acompanhar a infiltração hemorrágica dos tecidos
auxiliam na localização do projétil ao longo do trajeto, e que a diminuição da ener-
gia do projétil torna-o mais contundente e menos perfurante. Além disso, a impactação
nos ossos fazem com que o trajeto se expanda no diâmetro, comparativamente às
suas dimensões originais. Em outras palavras, teoricamente há aumento da amplitu-
de do trajeto em suas porções mais distais, se comparadas às proximais.
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EXAMES NECROSCÓPICOS EM
ACIDENTES DE TRÂNSITO
CONCEITO
Acidente de trânsito é todo evento danoso que envolva o veículo, a via, o
homem e/ou animais e, para caracterizar-se, é necessária a presença de dois
desses fatores.
O evento prejudicial ao homem por ocasião do “Acidente de Trânsito” é
um dano infligido ao corpo humano resultante da exposição aguda à energia
mecânica, através de um vetor (veículo automotor) ou em decorrência do seu
contato agudo com o referido vetor. Pode resultar no que está tipificado no
artigo 121 (homicídio) ou no parágrafo 3º do artigo 129 (lesões corporais, se-
guidas de morte) do Código Penal Brasileiro (CPB).
CLASSIFICAÇÃO
Existem dois tipos de acidentes: o evitável e o não evitável. O primeiro é
aquele em que se deixou de fazer tudo o que razoavelmente poderia ter-se
feito para evitá-lo, enquanto o segundo é aquele em que, esgotando-se todas
as medidas para impedi-lo, veio a acontecer. Normalmente as pessoas per-
guntam: quem é o culpado? Mas a pergunta correta é: quem poderia ter evita-
do o acidente?
IMPORTÂNCIA SOCIAL
Segundo dados do ano de 2000 da Organização Mundial da Saúde (OMS),
divulgados em 12 de maio de 2003, os acidentes de trânsito são a maior causa
de mortes violentas, com 1,26 milhão de vítimas fatais. Matam quatro vezes
mais do que as guerras e conflitos. As chances de homens serem as vítimas
correspondem ao triplo das chances de mulheres. Na população de crianças
com idades entre 5 e 14 anos os acidentes representam a segunda maior causa
de morte, após o sarampo e outras doenças que incidem sobretudo na população
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infantil. Para a OMS, as mortes violentas provocam um alto custo social e pre-
cisam ser prevenidas, embora seja impossível evitá-las.
A morte e a deficiência física decorrentes de acidentes de trânsito têm séri-
as implicações para as vítimas, suas famílias e outros dependentes: redução da
qualidade de vida, sofrimento e pobreza. Em termos econômicos, os custos
com cirurgia, internação prolongada e longa reabilitação das vítimas represen-
tam dezenas de bilhões de dólares todos os anos, segundo a OMS.
CAUSAS
Uma das maiores causas dos acidentes é a falha do condutor do veículo.
Estatisticamente, 75% dos acidentes foram causados por falha humana (condu-
tor), 12% por problemas nos veículos, 6% por deficiências das vias e 7% por
causas diversa. Ou seja, podemos dizer que o homem parece ser responsável,
direta ou indiretamente, por 93% dos acidentes.
Entre as múltiplas causas que originam os acidentes de trânsito pode-
mos citar: imprudência dos condutores; excesso de velocidade; desrespeito
à sinalização; ingestão de bebidas alcoólicas; ultrapassagens indevidas; má
visibilidade (chuva, neblina, cerração, noite); desatenção; defeitos nas vias;
falta de manutenção adequada dos veículos; distração interna do condutor
(rádio, passageiro, celular, objetos soltos no interior do veículo); ação eva-
siva inadequada frente a um fator adverso (buraco, veículo parado, etc.);
técnica inadequada ao dirigir veículo (não observar o retrovisor externo e
esquerdo, por exemplo); avaliação errada de distância e velocidade de um
outro veículo, tanto no mesmo sentido (andar na “cola”) como em sentido
contrário; falta de cortesia no trânsito; não obediência às normas de circu-
lação e conduta (tanto para condutores como para pedestres); falta de co-
nhecimento e obediência das leis de trânsito (condutores e pedestres); im-
punidade dos infratores; sensação de onipotência advinda de comportamento
inadequado ao dirigir; falta de educação para o trânsito; travessia em locais
perigosos e fora da faixa ou semáforo, sonolência, cansaço, drogas (remédi-
os, psicotrópicos, tranqüilizantes etc) e fadiga.
LEGISLAÇÃO
5.1 – DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (PARTE ESPECIAL)
5.1.1 – TÍTULO 1 – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
5.1.1.1 – CAPÍTULO 1 – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Art. 121: Matar alguém:
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§ 3o Se o homicídio é culposo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
5.1.1.2 – CAPÍTULO 2 – DAS LESÕES CORPORAIS
Art. 129: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 3o Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis
o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
5.2 – DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI NO 9.503/97):
5.2.1 – CAPÍTULO XIX – DOS CRIMES DE TRÂNSITO
5.2.1.1 – SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 291. Aos crimes de trânsito cometidos na direção de veículos
automotores, previstos neste Código, aplicam-se normas gerais do Código Pe-
nal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo
diverso, bem como a Lei n.o 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
Parágrafo único – Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa
de embriaguez ao volante, e de participação em competição não-autorizada o
disposto nos arts. 74,76 e 88 da Lei n.o 9.099, de 26 de setembro de 1995.
5.2.1.2 – SEÇÃO II – DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 302 – Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único: No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II – praticá-lo em faixa de pedestre ou na calçada;
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
vítima do acidente;
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, se tiver conduzindo veícu-
lo de transporte de passageiros.
Art. 306 – Conduzir veículo automotor, na via pública, sob influência de
álcool ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem:
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
5.2.1.3 – RESOLUÇÃO CONTRAN NO 81, DE 19 DE NOVEMBRO DE 1998
Art. 2o É obrigatória a realização do exame de alcoolemia para as vítimas
fatais de trânsito.
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COMENTÁRIOS
Dada a complexidade das mortes por acidente de trânsito que podem tra-
zer dificuldades periciais aos médicos-legistas, fazem-se necessárias e perti-
nentes algumas observações.
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vez mais utilizadas para a dosagem alcoólica, pois, além de serem relativamen-
te fáceis de serem obtidas durante o exame necroscópico, situam-se em um
compartimento estanque, menos susceptível à contaminação por bactérias, uma
vez que no humor vítreo o álcool atinge o equilíbrio mais rapidamente que em
outros compartimentos do corpo(5,6,7).
Deverão ser coletadas amostras de sangue (4ml) através do puncionamento
de veias periféricas ou do coração. Estas amostras deverão ser acondicionadas
em tubos de tampa cinza contendo um agente anticoagulante (EDTA ou oxalato
de potássio) e um agente conservante (fluoreto de sódio). Após a coleta as amos-
tras deverão ser mantidas sob refrigeração.
Para as amostras de urina, deverá ser coletado todo o conteúdo presente na
bexiga através do puncionamento pela parte externa, com o corpo ainda fecha-
do, ou diretamente da bexiga, quando o corpo já estiver aberto. As amostras
deverão ser coletadas em tubo de tampa vermelha, sem a adição de conservantes.
Após a coleta, as amostras deverão ser mantidas sob refrigeração.
Para as amostras de humor vítreo deverão ser coletadas 2 ml de cada olho
através de punção da esclera. Estas amostras deverão ser colocadas em tubos
de tampa vermelha, sem a adição de conservantes. Após a coleta as amostras
deverão ser mantidas sob refrigeração.
Lembrar-se sempre de que o álcool (etanol) utilizado para a limpeza das mesas
e mãos é o mesmo a ser determinado nas amostras biológicas, portanto, deve ser
tomado o máximo de cuidado para não contaminar as amostras durante a coleta.
RESUMO IMPORTANTE
1 - Em virtude do disposto no Artigo 2o da Resolução no 81, de 18 de
novembro de 1998 do CONTRAN, tornou-se obrigatória a realização de
alcoolemia nas vitimas fatais de trânsito;
2 - Proceder ao exame necroscópico completo com a abertura das cavida-
des e investigar a existência ou não de patologias preexistentes;
3 - Pesquisar, nas vestes ou no corpo, fragmento de vidro, de metal ou de
tinta (contusão-tatuagem) provenientes do veículo atropelante que podem au-
xiliar na sua identificação. Quando há lesões traumáticas-padrão, que reprodu-
zem a forma ou o desenho da superfície atuante dos veículos (como o favo do
radiador, contorno dos faróis, telas, distintivos dos fabricantes, marcas ou estri-
as pneumáticas), é conveniente fotografá-las e, se não estiverem localizadas na
face, retirá-las até, em retalhos cutâneos, para posterior confronto com superfí-
cies de veículos suspeitos de terem sido os atropelantes.
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NECRÓPSIA EM CARBONIZADOS
INTRODUÇÃO
Trata-se de necropsias complexas aquelas que, realizadas em conformida-
de com as técnicas preconizadas, despendam precauções adicionais importan-
tes, sem as quais a tarefa desenvolvida incorrerá em aparente fracasso. Entre as
necropsias de alta complexidade podemos citar aquelas em corpos nas fases
transformativo-destrutivas (putrefativa, coliquativa, esqueletização), os inten-
samente mutilados (espostejados, esquartejados), os carbonizados, os de parto
recente (natimortos, nativivos).
Classificamos como carbonizados aqueles cadáveres que tiveram os teci-
dos (total ou parcialmente) reduzidos ao estágio de “carvão”, por ação direta
ou indireta de altas temperaturas, mais freqüentemente produzidas por fogo.
Estes cadáveres, não infreqüentemente, apresentam alterações por um ou
mais agentes causadores de lesões corporais, superposição de ações lesivas quanto
ao agente e quanto ao momento das ações lesivas (intravida, pós-morte),
“mascaramento” das lesões corporais, “desaparecimento” total ou parcial de par-
tes do corpo (órgãos, membros), fatos estes que desafiarão as finalidades médico-
legais do exame necroscópico, carecendo ainda da atuação de profissionais e
respectivos auxiliares com sólidos conhecimentos e experiência tanatopráxica.
PERÍCIA
O roteiro do exame pericial do cadáver carbonizado seguirá conforme
preconização habitual, a partir do histórico, descrição (visum et repertum, exa-
mes externo, interno, coleta de materiais para análises laboratoriais), seguindo-
se a discussão, a conclusão e respostas a quesitos (clássicos ou específicos).
No histórico obter-se-ão informações básicas como local de encontro do
cadáver (incêndio de edificação, incêndio de veículo, explosão), informações
de familiares se houver (idade, estatura e compleição, sexo, sinais particulares,
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QUESITOS
Os quesitos clássicos são aqueles do laudo necroscópico geral.
COMENTÁRIOS
Necropsias especiais, pela complexidade, quer na determinação da causa de
morte, do agente instrumento ou meio produtores de lesões, quer da obtenção de
elementos periciais adequados e satisfatórios para a identificação do cadáver, não
podem ser realizadas às pressas, de afogadilho, para amenizarem-se anseios de
parentes, amigos ou opinião pública. Pelo contrário: a atuação dos médicos-legistas
será metódica, prudente, cautelosamente revisada, liberando-se o cadáver para
sepultamento, qualificado ou não, em conformidade com os elementos de certeza
obtidos. Há de ser lembrado ainda o “auto de reconhecimento do cadáver”, ato
este de direito dos parentes, amigos, submetido ao critério da autoridade, a qual
cumpre convencer-se da veracidade da possibilidade do requerido.
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NECRÓPSIA EM ASFIXIAS
Entende-se que toda a morte, como fenômeno final, seja asfíxica, uma vez
que ocorrida a parada cardíaca, a parada circulatória, não mais dispõem cada
órgão, cada tecido, cada célula, cada organela, do oxigênio vital para a própria
produção energética.
Apesar de não haver classificação satisfatória, costumamos dividir as asfi-
xias em mecânicas e químicas.
Asfixias mecânicas: aquela que, de modo físico, interfira ou impeça a res-
piração e mais, a interferência há de encontrar-se situada desde os orifícios
buco-nasais até o alvéolo, não ocorrendo primariamente qualquer interação
entre a ação e o resultado que não seja física-mecânica. Portanto são entendi-
das como asfixias mecânicas:
■ as produzidas por obstrução dos orifícios respiratórios (sufocação direta);
■ por impedimentos da expansão pulmonar (sufocação indireta);
■ por constrição cervical (enforcamento, estrangulamento, esganadura);
■ por alterações do meio ambiente respirável (soterramento, afogamento,
confinamento).
Esta classificação permite que nos casos de falecimento tenhamos, respec-
tivamente, como causa comum e genérica a asfixia mecânica como meio: obs-
trução dos orifícios respiratórios, impedimento da expansão pulmonar, constrição
cervical, alterações do meio ambiente; como modalidade: respectivamente
sufocação direta, sufocação indireta, enforcamento, estrangulamento,
esganadura, soterramento, afogamento, confinamento.
Asfixias Químicas: diversas substâncias químicas são capazes de interferir
no transporte do oxigênio (monóxido de carbono), no metabolismo celular
(cianetos), nos movimentos músculo-respiratórios (curarizantes), no ritmo car-
díaco (cocaína), enfim, tudo como se nos encontrássemos diante de interminá-
vel rosário de “asfixiantes”.
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O EXAME NECROSCÓPICO
O exame do cadáver por óbvio seguirá a regra do centrípeto, isto é, do
ambiente de encontro do cadáver, para a perinecroscopia até a necroscopia.
Seqüência
■ Do exame externo geral, para o exame interno geral até chegar-se no
específico, com observação geral rigorosa a partir da cabeça para o pescoço,
do tórax para o abdome, dos extremos proximais para os distais dos membros e
órgãos genitais.
■ Especial atenção deve ser dada à coloração das mucosas (oculares, labi-
al, genitais) das unhas, das hipóstases cutâneas.
■ Coleta de materiais subungueais nas mãos, secreções genitais devem
preceder a lavagem do corpo para exame mais acurado.
■ Abertura imediata do tórax pela incisão mediana longitudinal de pele e
músculos, abertura do saco pericárdico com subseqüente seção dos vasos da
base cardíaca e coleta de sangue a ser guardado sob refrigeração, para análises
laboratoriais toxicológicas (50 ml) e confronto genômico (10 ml);
■ Abertura abdominal, também pela incisão mediana longitudinal até a
sínfise pubiana, seguindo-se retirada do estômago e seu conteúdo após ligadu-
ra na transição esôfago-cárdica e duodeno jejunal, destinado às análises
toxicológicas.
■ Volta-se ao tórax retirando-se em bloco coração e pulmões, cuidando-se
para seção da traquéia tomando-se por referência a fúrcula esternal, não sendo
tocado o pescoço nem retirados neste momento a traquéia proximal, a língua e
o assoalho bucal.
■ Atenção deve ser dada à cor e fluidez do sangue, às manchas “petequiais”
descritas por Tardieu nas serosas pericárdico-pleurais. De rotina nas asfixias há
hiperinsuflação pulmonar, intensa congestão dos vasos esplâncnicos.
■ Realiza-se o inventário das cavidades, seccionam-se os órgãos que são
observados macroscopicamente e, se convier, colhem-se fragmentos para exa-
mes histológicos e, se necessário, para complementação toxicológica.
■ A seguir, abertura da cavidade craniana, conforme as técnicas usuais de
Griesinger para adultos e de Beneke para lactentes, seguindo-se o inventário da
cavidade e de suas estruturas.
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CONSTRIÇÃO CERVICAL
Enforcamento: constrição por laço circundante cervical apertado pelo peso
da vítima. Caracteriza-se o enforcamento pela laçada que produz sulco obli-
quamente situado na região cervical, há interrupção pelo nó, há fratura do
hióide uni ou bilateralmente
Estrangulamento: constrição por laçada cervical apertada pela força de
terceiro, o sulco posiciona-se transversal e perpendicularmente ao maior eixo
cervical (longitudinal) sem fratura hióidea.
Esganadura: constrição cervical apertada pelas mãos do agressor ou resta-
ria aceitar-se como esganadura à “gravata e à tesoura”, nas quais a constrição
cervical é produzida pelos membros do agressor e não apenas pelas mãos.
Bastante polêmica permanecerá a classificação para constrição cervical
produzida por outros instrumentos ou agentes que não os anteriores.
Escoriações por unhadas, principalmente inframandibulares, podem apare-
cer no enforcamento e no estrangulamento como mecanismo de defesa, cuidan-
do-se atualmente de coleta do raspado subungueal com finalidade de pesquisa
de vínculo genético, que incluirá ou excluirá as lesões de defesa, corroborará a
esganadura. Havendo suspeito agressor, o confronto genético será impositivo.
Segue-se no laudo para a discussão, a conclusão e, finalmente, respostas
aos quesitos clássicos.
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NECRÓPSIA EM
CADÁVERES PUTREFEITOS
INTRODUÇÃO
A perícia em cadáver putrefeito segue as mesmas finalidades e conceitos da
necrópsia médico-legal corrente, isto é, além de determinar a causa da morte
violenta, o agente que a produziu fornece subsídios para a justiça, tais como a
causa jurídica da morte, o tempo estimado da morte e a identificação da vítima.
A obrigatoriedade do exame necroscópico se justifica no direito penal brasilei-
ro sempre que a morte for de causa violenta ou suspeita (Decreto Lei n.º 3.689/41).
A putrefação é a grande inimiga do médico-legista, pois ela destrói as
estruturas dos tecidos, dificultando as análises e os diagnósticos. Num caso em
adiantado estado de putrefação, é impossível a diagnose da causa da morte de
maneira segura. Porém, mesmo assim, deve-se proceder ao exame completo
do cadáver. O estudo radiológico, a retirada de fragmentos para exames
histopatológico e a coleta de amostras para exame toxicológico têm dado sub-
sídios para o estabelecimento, senão da causa da morte, pelo menos de males
de que o individuo era portador.
REQUISIÇÕES
A requisição é elaborada pela autoridade judiciária, policial, ministério
público e oficiais sindicantes (PM, Forças Armadas), quando no local dos fatos
se encontra o corpo em estado de putrefação.
PERÍCIA
A rotina de uma necropsia no cadáver putrefeito diferencia-se inicialmen-
te no manuseio. Assim, desde o momento de sua chegada nas dependências
do necrotério o cadáver é acondicionado em uma mortalha de plástico herme-
ticamente fechada (“porta-cadáver”), e mantido constantemente no interior da
geladeira, a aproximadamente 5 º C , antes e depois do exame necroscópico.
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DESTINO
Após o exame, a liberação dos corpos identificados para seus familiares é
rápida e a inumação, por motivos de saúde pública, é autorizada em caixão
lacrado sem visor e, via de regra, sem velório. O sepultamento, de ofício, do
“cadáver desconhecido” será realizado após permanência na unidade do Institu-
to Médico-Legal pelo prazo de 72 horas, conforme estipulado pela Portaria DGP-
10 de 4 de maio de 1993, que se, necessário, poderá ser antecipado ou posterga-
do, no interesse do serviço público, a critério do médico-legista responsável pela
unidade ou pela perícia.
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EXAMES NECROSCÓPICOS
EM RECÉM-NASCIDOS
CONCEITO
É o exame necroscópico especial, que tem por finalidade estabelecer a
causa de morte intra-uterina (aborto) ou após o nascimento vivo (homicídio,
infanticídio).
ENQUADRAMENTO LEGAL
O exame pericial ainda que necroscópico não somente atende os artigo
específicos da morte (art. 121, 123, 124), mas também tem interesse nos crimes
contra a vida (aborto), e nas lesões corporais art. 129 (lesões corporais suporta-
das pela mulher gestante).
PERÍCIA
O exame necroscópico, exceto por algumas particularidades, segue os princí-
pios gerais. A requisição do exame oriunda de autoridade competente deverá espe-
cificar a finalidade, além da causa de morte, se o crime a ser apurado trata-se de:
■ aborto (lesão corporal materna ou contra a vida do concepto).
■ se nascido vivo e posteriormente falecido se trata-se de homicídio (doloso
ou culposo), infanticídio.
O histórico deverá mencionar, além das informações da autoridade requisitante
do exame, dados como, por exemplo, se houve assistência ao parto e ao nascituro,
se houve diagnóstico médico de nascido vivo e, se possível, preferentemente, rela-
tório do atendimento médico-hospitalar. Descrição de extrema importância no
exame necroscópico em tela é o estudo da placenta, do cordão umbilical e do
concepto, posto que diversas patologias nos anexos incorrem na morte fetal.
Inicialmente serão pesados separadamente a placenta e o concepto.
No exame macroscópico da placenta o médico-legista deve observar ambas
as faces, a vilosa e a amniótica. Na face vilocorial tem importância o aspecto
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QUESITOS
São as indagações ou quesitos clássicos, ou mesmo, quesitos especiais.
Havemos de lembrar que o primeiro quesito clássico diz respeito à vida
civil, à vida natural extra-uterina, portanto será respondido como sim para
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COMENTÁRIOS
O exame necroscópico em recém-nascido, a exemplo daqueles em corpos
nos períodos transformativo e destrutivo de Borri, enseja especial atenção, para
que se obtenham elementos essenciais de diagnóstico sem os quais equívocos
lamentáveis decorrerão. Diferentemente do exame necroscópico do adulto, a
primeira questão é se estamos examinando natimorto ou nativivo, pois, em
princípio, do ponto de vista médico-legal, o natimorto conceitualmente é abor-
to, independentemente da idade gestacional, o que implica em não ser pessoa
do ponto de vista jurídico, não havendo, por conseqüência, o registro de nasci-
mento. Ao contrário, o nascido vivo é pessoa na acepção jurídica, há de ser
realizado o registro do nascimento no cartório de pessoas naturais e, se faleci-
do, haverá também a certidão de óbito e subseqüentes direitos sucessórios.
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EXUMAÇÃO
PLANEJAMENTO
Muitos procedimentos são solicitados sem fundamentação adequada ou
por informação incompleta. Portanto a primeira etapa da pesquisa é o prévio
conhecimento dos objetivos, permitindo uma preparação adequada e escolha
da metodologia. O procedimento deve ser marcado com antecedência, com
prévia notificação das autoridades requisitantes e da administração do cemité-
rio, preferentemente entre 8 e 11 horas, com os restos mortais trasladados para
necrotério auxiliar ou outro local de realização das pesquisas.
SÍTIO
No horário previamente marcado, na presença da autoridade requisitante,
ou seu representante, o administrador do cemitério deve ser identificado, acom-
panhar o procedimento, indicando o local como sendo o correto. A sepultura
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deve ser aberta, preferencialmente pelos lados até a urna funerária, que deve
ser retirada e aberta, com apresentação dos restos mortais aos presentes, se-
guido de remoção para o necrotério, em veículo apropriado, respeitando as
normas sanitárias. Tal etapa deve respeitar o artigo 163 do Código de Proces-
so Penal. Todo o procedimento deve ser documentado, incluindo a elabora-
ção de Ata de Exumação.
TANATOANTROPOLGIA
No necrotério, que deve ser apropriado para as finalidades, será realizada
a pesquisa inicialmente proposta e planejada. Os procedimentos variam desde
uma autópsia convencional, até pesquisas localizadas e específicas, depen-
dendo dos objetivos e do grau de redução cadavérica observada.
DOCUMENTOS
Sugerimos a elaboração de Laudo Necroscópico, contendo os seguintes itens:
PRÓLOGO – Redação-padrão do instituto, contendo informações dos do-
cumentos (BO, IP, Processo), autoridade requisitante e identificação dos
restos mortais.
SÍTIO – Descrição dos procedimentos de campo, local e identificação dos
presentes.
HISTÓRICO – Dados circunstanciais, documentos iniciais e objetivos.
REGISTROS – Dados obtidos na administração do cemitério, como núme-
ros, livros e folhas, entre outros relevantes.
CONDIÇÕES MESOLÓGICAS – Informações úteis, como: horário, tempe-
ratura, pressão atmosférica, altitude, localização geográfica, umidade, es-
tação do ano e tempo de inumação.
SEPULTURA – Descrição e localização da sepultura e do cemitério (tipo,
religião, arquitetura).
SOLO – Descrição do tipo de solo, incluindo modificações e paisagismo.
URNA FUNERÁRIA – Descrição da urna, incluindo modelo, constituintes e
adornos.
EXAME INICIAL – Descrição da etapa inicial realizada no sítio, incluindo
restos mortais, adornos e fauna cadavérica, entre outros.
EXAME TANATOANTROPOLÓGICO – Descrição das etapas realizadas no
necrotério.
EXAMES SUBSIDIÁRIOS – Descrição das amostras retiradas e dos exames
realizados.
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DISCUSSÃO
Discussão dos resultados, incluindo sugestões às autoridades e interpreta-
ção das observações. Consideramos esta a etapa mais significativa do laudo.
CONCLUSÃO
Apresentação das conclusões objetivas, baseadas nas pesquisas realizadas.
Relato das datas (sítio, exames, pesquisas) e informações adicionais rele-
vantes aos procedimentos realizados.
COMENTÁRIOS
Consideramos prudente a coleta e armazenamento adequado de amostras
de solo, segundo padrão internacional apresentado no curso de formação pro-
fissional que todos realizamos, além de amostras da urna, dos tecidos, dos
vegetais de adorno e da fauna cadavérica, importantes na realização, padroni-
zação e referência das pesquisas toxicológicas. Todo o procedimento deve ser
documentado, com atas, fotografias ou outro.
Por derradeiro, informamos que a descrição da metodologia não é possível
neste documento, por falta de espaço. Perante dúvidas, sugerimos contato com
a diretoria do Instituto para orientação.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
ANTROPOLOGIA
INTRODUÇÃO
São aceitas pela justiça a identificação de pessoas através da dactiloscopia
ou pelo reconhecimento direto, o que é rotineiramente realizado no Instituto
Médico-Legal – IML. Todavia em se tratando de cadáveres em condições espe-
ciais como carbonizados, esqueletizados ou em processo de putrefação avan-
çado, não é possível o emprego de tais metodologias; assim, o cadáver (ou a
ossada) é encaminhado pela autoridade policial ou pelos postos médico-legais
do estado de São Paulo ao Núcleo de Antropologia, para o exame de identifica-
ção médico-legal.
A identificação médico-legal, realizada pelo núcleo de antropologia do
IML, consiste no exame do cadáver em busca de sinais particulares, no exame
das arcadas dentárias, na limpeza dos restos mortais para que se possa exami-
nar a ossada e exame de confronto com registros prévios das características
individualizadoras da pessoa que se procura, inclusive, com o exame de víncu-
lo genético (DNA).
Trata-se de lento e laborioso trabalho que demanda, como regra, um perío-
do de tempo bastante largo, de meses de duração, conseqüente às dificuldades
de se conseguirem os registros médicos, hospitalares e odontológicos necessá-
rios ao exame.
Estas dificuldades na tentativa de identificação acarretam na demora na
emissão da certidão de óbito, quando não inviabiliza sua emissão administrati-
va, sendo necessário providenciar o assento de óbito por via judicial.
Por iniciativa do Núcleo de Antropologia e do Núcleo de Odontologia Legal,
do IML, estabeleceu-se que os casos de identificação médico-legais seriam reali-
zados de forma integrada pelos dois núcleos, criando-se uma rotina de trabalho,
embora não regulamentada por ato oficial, visando abreviar o tempo e melhorar
a eficácia do processo de identificação, buscando a articulação com:
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ROTEIRO PRÁTICO
Em todos os casos de cadáveres sem condições de identificação pelos mé-
todos clássicos são acionadas as equipes dos núcleos de antropologia e odon-
tologia legal, que instituíram os seguintes níveis de ação:
1. Verificar no cadáver recebido no necrotério todas as possibilidades de cole-
tar a impressão digital, mesmo trabalhando com o material em decomposição.
2. Contata-se o IIRGD para encaminhar o próprio material (dedo ou luva
cadavérica) ou a impressão colhida para o serviço de impressão monodactilar,
que realiza, nos casos de suspeita de identidade, o exame de confronto; e, nos
casos sem suspeita, a impressão colhida é arquivada.
Na impossibilidade absoluta da coleta, ou da leitura direta no material, da
impressão digital, procede-se da seguinte forma:
A. Nos casos com suspeita de quem sejam os restos mortais:
1. Agendar e entrevistar familiares da potencial vítima para coleta de ele-
mentos característicos da pessoa procurada e documentações médico-hospita-
lares e odontológicas (R-X, prontuários, fichas de atendimento hospitalar, ficha
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COMENTÁRIOS
A existência legal de uma pessoa é definida pelo nascimento com vida e
seu devido registro civil, assim como a pessoa deixa de existir legalmente com
o devido assento de óbito no cartório de registro civil e, como se sabe, só se
pode emitir a declaração de óbito da pessoa perfeitamente identificada.
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DECLARAÇÃO DE ÓBITO
CONCEITO
A declaração de óbito (DO), mais conhecida como “atestado de óbito”, é o
documento emitido pelo médico em pleno exercício dos direitos profissionais
e que, ao declarar o falecimento, encerrará a existência da “pessoa natural”.
HISTÓRICO
A declaração de óbito, ao longo dos tempos, vem passando por altera-
ções no seu modelo de apresentação. Inicialmente, como o próprio nome
indica, tratava-se de documento simples no qual o médico, de próprio punho
e em receituário, atestava o falecimento. Somente no século 20, com gestões
do professor Flamínino Fávero, passou-se também a valorizar o atestado como
indicador confiável para estudos de mortalidade, ainda que com limitações e
restrições.
Em meados do século passado, o formulário já apresentava certa padroni-
zação, era emitido em três partes destacáveis por linha picotada, preenchidas
separadamente por não possuírem exatamente o mesmo conteúdo. A medida
era tomada em razão de parte ser de interesse médico-sanitário e parte de inte-
resse do cartório de registro civil, restando encadernado ao bloco de formulári-
os a parcela da instituição. Nessa época também eram diferentes os formulários
de mortes naturais e de mortes violentas, assim como não estavam padroniza-
dos para todos os estados. Somente na década de 1970, o Brasil adotou o mo-
delo uniforme para todo o país, seguindo preconização da Organização Mun-
dial de Saúde (OMS), incluindo-se aqui a questão dos diagnósticos médicos em
conformidade com a nomenclatura do Código Internacional de Doenças (CID).
Ultimamente o modelo do formulário vem sendo aperfeiçoado, vários campos
de preenchimento foram desenvolvidos, assim como novas revisões do CID se
processaram.
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ENQUADRAMENTO LEGAL
Essencialmente, a declaração médica de óbito atende à Lei de Registros
Públicos Brasileira (Lei n.º 6.015 de 31/12/1973, com as corrigendas da Lei n.º
6.216 de 30/06/1975) com fins da expedição da certidão de óbito pelo cartório
de registro civil e ao SEADE (antigo IBGE) ao qual compete amplos estudos
demográfico-sanitários no Brasil, entre os quais sobre mortalidade.
REQUISIÇÕES E COMPETÊNCIA
A declaração de óbito, por ser o documento formal do falecimento da pes-
soa humana, é requerida por cônjuge, ascendente ou descendente do falecido
e terá por finalidade providências para sepultamento. Quanto à competência
da expedição da DO é exclusivamente do médico, desde que algumas formali-
dades sejam rigorosamente observadas. Nos casos de falecimentos em razão
direta ou indireta (metatraumática) de ações violentas, compete ao médico-
legista de ofício ou, na inexistência deste, ao médico nomeado por autoridade
(judiciária, policial, ministério público, oficial sindicante). No caso de faleci-
mento natural, na vigência de tratamento, compete ao médico responsável pelo
paciente ou seu substituto. Nos casos de falecimento natural sem assistência
médica, aos serviços específicos (Serviço de Verificação de Óbitos/SVOs), ou
ao SUS, conforme organização local. Saliente-se que apenas se inexistir médi-
co em determinada localidade, outra pessoa idônea, indicada ou escolhida por
autoridade, declarará o falecimento diretamente no cartório de registro civil, na
presença de duas testemunhas conforme Lei de Registros Públicos. Observe
que neste caso não será preenchido o formulário de DO, eis que trata-se de
documento médico.
MODELOS
Como já consignado a DO atualmente é feita em formulário padronizado,
numerado seqüencialmente, confeccionado pelo Ministério da Saúde e distri-
buído pelo Serviço Estadual de Análise de Dados (SEADE), quer para institui-
ções (IML, SVO, SUS) quer para o médico.
DESCRIÇÃO
Para emissão da DO alguns preceitos serão sempre observados, como a
qualificação do falecido, a constatação do falecimento, do local e horário do
falecimento e o diagnóstico da causa de morte. Para gestantes, menores de um
ano e natimortos, formalidades adicionais encontram-se instruídas no próprio
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DESTINO
A DO é emitida em três vias autocarbonadas, que serão destinadas respec-
tivamente ao cartório de registro civil, ao SEADE e ao emitente do documento
(instituição ou médico).
COMENTÁRIOS
No âmbito médico-legal a emissão da DO, como regra, ocorre em mo-
mento diferente da emissão do laudo médico-legal, e ambos têm finalidades
distintas. No entanto, se possível, os elementos de um e de outro ou são equi-
valentes ou se complementam, procurando-se evitar contradições entre am-
bos. Algumas questões surgem no âmbito do Instituto Médico-Legal, principal-
mente quanto ao horário do falecimento (informado pela autoridade), a qualifi-
cação do cadáver (comprovada por documentos, impressões digitais, auto de
reconhecimento e até inexistente), o diagnóstico da causa de morte provisório,
aguardando-se análises laboratoriais, e até a causa “indeterminada”. Especial
atenção merece a qualificação em casos de nativivo e de natimorto, em razão
da diferente conceituação médica e médico-legal.
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ODONTOLOGIA LEGAL
INTRODUÇÃO
O Núcleo de Odontologia Legal do IML (NOL/IML) tem a atribuição de rea-
lizar pesquisas no campo da odontologia legal e de proceder a perícias
odontolegais, tendo a competência de realizar exames em vivos, em mortos, e
em materiais e peças relacionadas à sua área de atuação. Deverá promover o
aprimoramento científico e tecnológico, desenvolvendo estudos e pesquisas no
campo da odontologia legal, visando o aperfeiçoamento de técnicas e a criação
de novos métodos de trabalho, embasados nos critérios científicos e bioéticos,
bem como, divulgar e publicar os trabalhos científicos realizados. As perícias
realizadas no NOL/IML compreendem exames em vivos, em mortos, e em peças.
EXAMES EM VIVOS
As perícias realizadas pelo NOL/IML em pessoas vivas compreendem os
exames odontolegais de corpo de delito de lesão corporal, incluindo os casos
de responsabilidade profissional envolvendo cirurgiões-dentistas; os exames
de estimativa da idade pela avaliação do desenvolvimento dos dentes; as aná-
lises de marcas de mordidas e os exames de constatação.
Lesão corporal
Os exames de corpo de delito de lesão corporal (diretos e indiretos) são
realizados em vítimas de agressões, acidentes de trânsito, atropelamentos e
outras ocorrências, que tiveram comprometimento da cavidade bucal (mobili-
dades e fraturas dentárias, perdas de elementos dentários) e do complexo máxilo-
mandibular (fraturas ósseas, desordens têmporo-mandibulares). Uma vez cons-
tatada a presença de lesões corporais e fixado o nexo de causalidade, essas
lesões são devidamente qualificadas e quantificadas em conformidade com o
artigo 129 do Código Penal Brasileiro.
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Verificação da idade
De acordo com a literatura (Arbenz, 1961; Gustafson, 1966; Altini, 1983;
Arbenz, 1988; Travassos, 1998), em determinadas situações, os dentes e os arcos
dentários podem oferecer informações de real valor, freqüentemente com resul-
tados superiores e mais fiéis do que aqueles obtidos com outras metodologias
empregadas no estudo da estimativa da idade.
Os exames de estimativa da idade realizados pelo NOL/IML compreendem
os casos de pessoas que não possuem ou perderam o registro anterior da certi-
dão de nascimento, ou aqueles em que existem dúvidas quanto a esse docu-
mento, ou ainda, quando há documentos contraditórios. Tais exames são soli-
citados para instruir processos de adoção de crianças, para auxiliar no estabe-
lecimento da idade real de infratores que já possam ter atingido a maioridade
penal (18 anos) e para subsidiar investigações de violência sexual cuja vítima
seja menor de quatorze anos, o que caracteriza uma violência presumida.
Marcas de mordidas
As impressões dentárias (marcas de mordidas) deixadas no corpo de pessoas
também são estudadas pelo NOL. Essas análises são solicitadas para documentar
investigações de violência física. Os peritos procedem à descrição pormenoriza-
da das características individualizadoras, sua localização e efetuam tomadas fo-
tográficas que permitem avaliar as suas dimensões reais. Esses dados compõem
um arquivo próprio para eventual confronto com possível(eis) suspeito(s) enca-
minhados ao NOL, na tentativa de excluir ou identificar a autoria do delito.
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REQUISIÇÕES/COMPETÊNCIAS
Médicos-Legistas
Autoridade Policial – Delegado de Polícia
Autoridade Judiciária
Ministério Público
QUESITOS
Quesitos oficiais da lesão corporal
Quesitos complementares de lesão corporal
Quesitos específicos de identificação (Núcleo de Antropologia)
Quesitos complementares necroscópicos (Núcleo de Antropologia)
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Requisitante:
Interessado: ______________________________________________________________
Autoridade Requisitante: ___________________________________________________
Referência: ( ) I.P._______ ( ) B.O._______ ( ) Proc. Nº _________ ( )T.C.________
Outros:
Objeto do exame:
( ) Na pessoa
( ) No cadáver
( ) Em ossada
( ) Em peças
( ) Outros Especificar _______________________________________________
Objetivo da perícia:
( ) Lesão Corporal
( ) Constatação
( ) Identificação
( ) Erro Profissional Odontológico
( ) Outros Especificar_______________________________________________
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EXAMES ESPECIALIZADOS
REQUISIÇÕES
As avaliações das especialidades devem ser requisitadas pelo médico legista
que elabora o laudo de lesão corporal, devendo o mesmo aguardar o resultado
para a conclusão do laudo. As avaliações são partes integrantes do laudo e
prestam-se a esclarecer o médico- legista, devendo este utilizar-se apenas das
informações ali contidas para a conclusão do seu respectivo laudo, não deven-
do ser anexadas ao laudo enviado.
A requisição pode ser realizada no impresso já existente de “Pedido de
Exames”, sendo fundamental a legibilidade e dados essenciais:
■ nome do periciando
■ número do laudo
■ procedência (mencionar o posto da EPML)
■ nome do médico requisitante
■ breve histórico (mencionar o que se quer esclarecer)
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COMENTÁRIOS
Os serviços de especialidades atendem essencialmente a capital e grande
São Paulo. Porém não exclusivamente: desde que se faça imprescindível para a
conclusão, pode-se atender os núcleos do Interior, desde que haja disponibili-
dade financeira para o deslocamento.
Ou seja, podem ser realizados em qualquer núcleo ou equipe, desde que
tenham recursos humanos e materiais para tal.
95
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PSIQUIATRIA FORENSE
INTRODUÇÃO
Em uma definição simples, a psiquiatria forense pode ser conceituada como:
“um ramo da Medicina Legal que se propõe a esclarecer os casos em que algu-
ma pessoa, pelo estado especial de sua saúde mental, necessita de considera-
ção particular perante a Lei”.
A psiquiatria forense é considerada como subespecialidade dentro da
psiquiatria. No IML iniciou suas atividades por volta do ano de 1978 em
razão da crescente demanda por perícias psiquiátricas no âmbito crimi-
nal. Atualmente conta, no âmbito da capital, com três médicos-legistas
com especialização em psiquiatria forense e cinco psicólogas que elabo-
ram pareceres psicológicos como subsídios para os laudos psiquiátricos,
além de exames solicitados em sua área de atuação específica. A especia-
lidade não é incluida nas atribuições do IML, embora seja grande a deman-
da de perícias.
Como o IML só atua na esfera penal, os seguintes exames são feitos:
1. Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de insanidade
mental; 2. Verificação da capacidade de imputação nos incidentes de farmacode-
pendência; 3. Avaliação de transtornos mentais em casos de lesões corporais e
crimes sexuais.
Nos itens 1 e 2 acima, a finalidade é estabelecer a capacidade de imputa-
ção dos examinados, em razão de possível ocorrência de transtornos mentais
ou dependência a drogas que interfiram na capacidade de entendimento e/ou
para a determinação da capacidade do examinado à época dos fatos, classifi-
cando-o nos três graus de imputação: imputável, semi-imputável e inimputável.
Por fim, no item 3, a perícia psiquiátrica irá quantificar o dano em indivíduos
que sofreram lesões corporais para classificação da lesão, e, nos casos de vio-
lência sexual, estabelecer se a vítima era alienada ou débil mental.
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LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Código Penal
Artigo 26
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Artigo 28
Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efei-
tos análogos.
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou de força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, intei-
ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embri-
aguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Lei nº 6.368/76
Artigo 19
É isento de pena o agente que, em razão de dependência, ou por estar sob o
efeito de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psí-
quica de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
qualquer que tenha sido a infração praticada, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo em esse entendimento.
Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços se,
por qualquer das circunstâncias previstas neste artigo, o agente não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Artigo 97 – Prazo
Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz
submetê-lo a tratamento ambulatorial
§ 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação
da periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de um a três anos.
§ 2º A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e
deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz
de execução.
§ 3º A desinternação ou a liberação será sempre condicional, devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de um ano,
pratica fato indicativo da persistência de sua periculosidade.
§ 4º Em qualquer fase do tratamento ambulatorial poderá o juiz determinar a
internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
Artigo 98
Na hipótese do parágrafo único do artigo 26 deste código e necessitando o
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade poderá
ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo
de um a três anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
REQUISIÇÕES E COMPETÊNCIAS
As autoridades competentes para requisitar os exames psiquiátricos são:
delegados de polícia, juízes, promotores e oficiais militares que presidam a
IPM. Os exames psiquiátricos também são solicitados por médicos legistas, na
forma de parecer, para o fornecimento de subsídios para conclusão dos laudos
de lesões corporais e de sexologia forense. Na prática, o maior número de
solicitações são feitas por juízes.
MODELOS
Em nossa prática pericial utilizamos os modelos abaixo, para os exames de
sanidade mental, farmacodependência e cessação de periculosidade.
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■ Denúncia
■ Elementos colhidos nos autos
■ Versão do acusado aos peritos
3 – ANAMNESE
■ Antecedentes pessoais
■ Antecedentes heredológicos
■ Antecedentes psicossociais
4 – EXAME SOMÁTICO
■ Geral
■ Especializado
5 – EXAMES COMPLEMENTARES
■ Eletroencefalografia
■ Tomografia computadorizada
■ Laboratório - análises clínicas
■ Radiologia
■ Exames Psicológicos
■ Outros exames
6 – EXAME PSÍQUICO
7 – DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
■ Considerações psiquiátrico-forenses. Diagnósticos.
8 – RESPOSTA AOS QUESITOS
PERÍCIA
O exame psiquiátrico é feito segundo os modelos acima, e deve ser adap-
tado a cada caso em particular. Cumpre assinalar que, no exame psiquiátrico, o
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QUESITOS
No exame psiquiátrico os quesitos não são padronizados como nos laudos
de lesão corporal, exame necroscópico, etc. Em cada caso os quesitos são for-
mulados pelo juiz, promotor e defesa.
COMENTÁRIOS
A maior dificuldade nos exames psiquiátricos reside na determinação do
momento adequado para sua elaboração. Os textos legais falam “ao tempo da
ação”. Porém, geralmente, examinamos os réus muito tempo após os fatos, o que
pode comprometer, de forma significativa, a realização da perícia. Dada a exces-
siva demanda por laudos psiquiátricos na área criminal seria interessante que as
equipes do Instituto Médico-Legal contassem com o respaldo de psiquiatras.
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EXAME
OTORRINOLARINGOLÓGICO
INTRODUÇÃO
A otorrinolaringologia forense pertence ao Núcleo de Clínica Médica do IML
do Estado de São Paulo, apresentando, como especialidade médica, a finalidade
de realizar exames e apresentar nexo de causalidade para corroborar os exames de
corpo de delito no que tange o enquadramento legal perante o artigo 129 do C.P.B.
Os exames otorrinolaringológicos são realizados por especialistas nas áreas
de atuação (otorrinolaringologista e legista), atendendo a todas solicitações das
EPMLs, incluindo a capital, grande São Paulo e o interior do Estado por
agendamento. No entanto pode ser realizado em qualquer núcleo ou equipe,
desde que tenha condições de fazê-lo.
O periciando, ao ser encaminhado para realização do exame otorrinola-
ringológico, deverá estar munido de requisição e de todos os documentos es-
pecíficos (exames relacionados aos ouvidos, nariz e garganta, além de relatóri-
os médico-hospitalares).
A avaliação otorrinolaringológica será realizada clinicamente, com os apa-
relhos de que o setor dispõe.
O exame otorrinolaringológico, ao ser enviado ao médico-legista solicitante
“NÃO” deverá ser anexado ao laudo de corpo de delito (lesão corporal) e, sim,
sempre transcrito com todos os dados que julgar necessário. Com base no exa-
me otorrinolaringológico e exames complementares apresenta-se o nexo cau-
sal para que o médico-legista solicitante tenha subsídios para o enquadramento
legal e a gradação da lesão perante o artigo 129 do Código Penal Brasileiro.
ROTEIRO PRÁTICO
O exame otorrinolaringológico visa transformar queixas subjetivas em ob-
jetivas, através de exames específicos, desta feita as queixas relativas a área de
atuação deverão ser encaminhadas para avaliação minuciosa:
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Ouvidos:
■ Verificar possíveis alterações externas e internas (lesões em orelha exter-
na/média e interna)
■ Avaliar acuidade auditiva
■ Avaliar alterações labirínticas e/ou cocleares
Nariz:
■ Verificar lesões e seqüelas em conseqüência dos traumatismos prévios
Garganta:
■ Verificar lesões em cavidade oral, faríngea, laríngea, traquéia, cordas
vocais e outros segmentos
Periciando(a): _________________________________________________
_______________________________
Autoridade Solicitante
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HISTÓRICO:
■ Relato do evento, baseado no depoimento do periciando, data, resultado
de exames, relatórios hospitalares
EXAME GERAL:
■ Dados importantes em relação ao evento
EXAME OTORRINOLARINGOLÓGICO:
■ Ouvidos
■ Nariz
■ Garganta
■ Cavidade Oral
■ Face
EXAMES COMPLEMENTARES:
Exames e relatório médico-hospitalares
■ Audiometria
■ Impedanciometria
■ RX (diversos)
■ Diapasão
■ Nasofibrolaringoscopia
CONCLUSÃO:
A conclusão será direcionada para a lesão otorrinolaringológica buscando
o nexo de causalidade.
QUESITOS
O exame otorrinolaringológico abrange aos quesitos oficiais do exame de
corpo de delito de lesão corporal no que tange à gradação da lesão perante o
Artigo 129 C.P.B. (leve, grave e gravíssima), pois, na conclusão da avaliação,
não buscamos diretamente o enquadramento e, sim, o nexo causal.
Quesitos complementares do exame de corpo de delito da lesão corporal.
Quesitos formulados pela autoridade competente para esclarecimento dos
fatos em relação ao objetivo da perícia.
DESTINO
O exame será encaminhado para os postos do IML da capital, grande São
Paulo e interior, com a finalidade de ser incluído no exame de corpo de delito
de lesão corporal e, posteriormente, ser encaminhado ao órgão competente.
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EXAME
OFTALMOLÓGICO
1. Acuidade visual
■ Realizado na maioria dos casos sem correção
■ Muitas vítimas nunca foram a um oftalmologista
■ Tem caráter subjetivo
■ Excluir doenças pregressas, tais como ambliopia, degenerações e
cicatrizes maculares
2. Reflexos pupilares
■ Exame objetivo
■ Via aferente pelo 2° nervo e via eferente pelo 3° nervo
■ Pode ser normal nas alterações centrais (lesões no lobo occiptal)
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NEXO CAUSAL
Após a avaliação, nos compete estabelecer o nexo causal, se houver, assim
como classificar as lesões observadas de acordo com o Art.129 do C.P.
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NEUROLOGIA
A neurologia tem por função oferecer aos colegas subsídios para a elabora-
ção, a discussão e a conclusão dos laudos de exame de corpo de delito, em
situações nas quais ocorreram danos ao sistema nervoso central ou periférico.
Os médicos-legistas executores dos laudos podem solicitar a avaliação
neurológica, sempre que houver necessidade de esclarecimento diagnóstico e
o estabelecimento do nexo causal (há déficit? houve lesão neurológica relacio-
nada com o fato alegado? etc) ou mesmo na evidência do déficit, se houver
dúvidas quanto à sua evolução e recuperação, também se há lesões não evi-
denciadas no exame clínico geral.
Os periciandos serão examinados e avaliados clinicamente, pois não dis-
pomos de exames subsidiários. Depous da avaliação, o médico solicitante re-
ceberá o exame neurológico com a nossa impressão sobre o caso, objetivando
auxiliar na conclusão e na elaboração final do laudo. O mesmo poderá ou não
transcrever toda (ou parte) da avaliação, assim como considerar ou não as nos-
sas conclusões.
As avaliações neurológicas são realizadas no Núcleo de Clínica Médica
sito a rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar nº 600, ou em qualquer núcleo ou
equipe em que haja um neurologista.
Ao encaminhar o periciando, o médico-legista solicitante deverá informar,
de forma sucinta, o objetivo do exame, mencionar ou formular quesitos que
forem de interesse ao caso e, fundamentalmente, orientar a vítima, para que
traga toda documentação médica existente (laudos anteriores, se houver, exa-
mes subsidiários, relatórios médicos e cópias de prontuário etc.), agilizando e
tornando a avaliação mais consistente e conclusiva.
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LAUDO INDIRETO
INTRODUÇÃO
É o laudo realizado pelos peritos quando não existem vestígios materiais
de infração. Nesse caso, a prova é suprida pela informação testemunhal.
Cabem aqui algumas considerações. Em primeiro lugar, a denominação de
“laudo de corpo de delito indireto” não deixa de ser imprópria, posto que, no
dizer de França, “o corpo de delito existe ou não existe, e, não existindo, cons-
titui apenas um fato testemunhado”.
Em segundo lugar, a prova fornecida pela “informação testemunhal”, em
geral, diz respeito às lesões sofridas pela vítima e advém de prontuários médi-
cos, relatórios médico-hospitalares ou mesmo boletins de atendimento médi-
co, comprovando a existência (ou não) e descrevendo a natureza dessas lesões,
principalmente as corporais.
QUEM SOLICITA
Em geral, o laudo indireto é solicitado ao Instituto Médico-Legal pelas au-
toridades policial e judiciária, quando da impossibilidade do periciando com-
parecer perante os peritos de ofício.
QUEM ELABORA
Assim como nos exames de corpo de delito direto, quando o exame é
solicitado ao Instituto Médico-Legal, dois peritos devem realizar o exame indi-
reto, conforme dita o artigo 159 do Código de Processo Penal.
Na capital de São Paulo, esses laudos são elaborados por médicos-legistas
lotados no setor de laudos indiretos, sob a responsabilidade da diretoria do
núcleo da capital e grande São Paulo. Nas cidades da grande São Paulo e inte-
rior, a elaboração de perícias indiretas estão afetas às chefias de cada equipe
médico-legal.
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OPÇÃO 1
1. Sim
2. Agente/Instrumento_______________________________________
3. (Não) (Sem elementos);
4º. e 5º. Não
__________________________________________________________
OPÇÃO 2
1. Sim
2. Agente/instrumento_______________________________________
3. Não temos elementos
4. Sim, incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
5. Não/Demais figuras deste e do quinto quesito na dependência de exame comple-
mentar direto neste instituto
__________________________________________________________
OPÇÃO 3
1. Sim
2. Agente/instrumento_______________________________________
3. Não temos elementos
4. e 5. Na dependência de exame complementar direto para avaliar evolução das le-
sões descritas no documento médico
__________________________________________________________
OPÇÃO 4
1. Não temos elementos. Demais prejudicados
__________________________________________________________
OPÇÃO 5
1. Sim
2. Agente/instrumento_______________________________________
3. Não temos elementos
4. Sim,incapacidade p/ as ocupações habituais por mais de 30 dias e perigo de vida
5. Não/Demais figuras deste e do 5ºquesito na dependência de exame complementar direto
Data ____/____/____
Médico-Legista_____________________________________________
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PARECERES
MÉDICO-LEGAIS
INTRODUÇÃO
Opinião de perito ou comissão, especialistas, versando sobre matéria defi-
nida, contraditória ou mal assentada (duvidosa), com finalidade específica,
incluída em processos judiciais, a pedido do interessado.
Diferenciar de outros documentos médico-legais como: cotas, laudos indi-
retos e laudos complementares (vide capítulos pertinentes).
REQUISIÇÕES
Serão requisitados apenas por autoridades policiais ou judiciárias.
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ENCAMINHAMENTO
Capital
■ Diretamente para a Comissão de Pareceres
Grande São Paulo
■ Cada EPML faz os seus pareceres ou Encaminha para a Comissão de
Pareceres com justificativa
Interior
■ Equipe elabora o parecer (ou encaminha c/ justificativa p/)
■ Núcleo elabora o parecer (ou encaminha c/ justificativa p/)
■ Comissão de Parecer através do centro de perícias (justificado pela
diretoria)
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DESTINO
Autoridade requisitante.
COMENTÁRIOS
Pareceres médico-legais podem ser elaborados por qualquer médico-legista,
a não ser que se julgue incapaz ou por suspeição. Neste caso, deverá então
discutir com seus superiores hierárquicos encaminhamento a outro colega ou a
instâncias superiores para a elaboração dos mesmos.
Deverá opinar sobre procedimentos e não sobre condutas, nunca discutin-
do imperícia, imprudência ou negligência.
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SEXOLOGIA FORENSE
ABORTO
INTRODUÇÃO
Aborto é a interrupção da prenhez, com a morte do produto, haja ou não
expulsão, qualquer que seja o seu estado evolutivo, desde a concepção até o parto.
ROTEIRO TEÓRICO
O histórico deve ser conciso e esclarecedor, com uma narrativa breve e
que mencione todos os dados relevantes, além de os demais que podem vir a
serem utilizados “a posteriori”.
Dados fundamentais:
a. Abortou ou permanece grávida?
b. Em que idade gestacional se encontrava na ocasião do incidente?
c. A data do incidente, o que o ocasionou e a sua conseqüência. Aconse-
lhamos utilizar as datas numerais e não temporais (há 6 dias, há 1 semana, etc)
d. Citar os sinais e/ou sintomas alegados
e. Quais providências tomou, se procurou assistência médica, mencionar
o nome do nosocômio e o tratamento recebido
f. DUM, menarca, o número de gestações pregressas, partos ou abortos e
cirurgias ginecológicas prévias
g. Elaborar a redação de forma narrativa, respeitando a cronologia dos
fatos, tentando manter a coerência descritiva
h. Mencionar dados que, informados, possam nos ajudar na condução do
caso, por exemplo, se houve o encontro do feto, se foi enviado ao IML, se
houve complicações decorrentes do incidente
ENQUADRAMENTO LEGAL
O código penal disciplina a matéria nos seguintes termos:
Art 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Aborto provocado é um crime doloso, contra a vida, de ação pública
incondicionada, sujeito, portanto, a julgamento pelo tribunal de júri. A lei pro-
tege a vida humana, a pessoa humana em formação e não a vida autônoma.
REQUISIÇÕES
Como toda a perícia do IML, as requisições são provenientes de autoridade
judicial /policial.
MODELOS
Roteiro Técnico: utilizar o impresso da Imprensa Oficial de Estado MOD
DEPC – 5ECM – 5;
PERÍCIA
Deve-se proceder ao exame minuciosamente.
a. Exame Físico-Geral – Mucosas, palidez, cianose, orientação têmporo-
espacial etc. e se houver lesões corporais, descrevê-los.
b. Exame Físico-Especializado – Sinais clínicos de gravidez
Mamas: Se há sinais clássicos de gravidez, proceder a expressão bimanual
para a pesquisa de secreções lácteas ou colostro, ou secreção sanguinolenta etc.
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EXAMES COMPLEMENTARES
Exames laboratoriais: bHCG de preferência no sangue.
Exame anatomopatológico de eventuais materiais coletados advindos da
cavidade uterina.
QUESITOS
Primeiro – Houve aborto?
Segundo – Foi ele provocado?
Terceiro – Qual o meio de provocação?
Quarto – Em conseqüência do aborto ou do meio empregado para provocá-
lo, sofreu a gestante: incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias, perigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou
inutilização de membro, sentido ou função ou deformidade permanente?
Quinto – Era a provocação do aborto o único meio de salvar a vida da gestante?
Sexto – A gestante é alienada ou débil mental?
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FINALIDADE
A perícia se destina a:
■ Diagnosticar a existência de gravidez atual ou pregressa
■ Diagnosticar o aborto
■ Diferenciar: aborto espontâneo x traumático x provocado x decorrente
de lesão corporal
■ Comprovação de prática abortiva
■ Identificação do meio causador do aborto
■ Exame de restos fetais (necroscópico ou anatomopatológico )
COMENTÁRIOS
■ Sugere-se que o toque vaginal seja realizado com a devida indicação,
pois manobras intempestivas podem favorecer a intensificação da dinâmica
uterina, nos casos de ameaça de aborto ou trabalho de parto prematuro.
■ Quanto ao encaminhamento de materiais suspeitos de serem restos
ovulares ou restos fetais, os mesmos deverão ser obtidos do interior da cavida-
de vaginal ou uterina, pelo próprio médico-legista, no ato da perícia, e envia-
dos à exame anatomopatológico.
■ Materiais trazidos pela vítima (por exemplo: fetos dentro de recipientes)
ou trazidos por policiais, não serão encaminhados pelo médico-legista, nem
serão analisados no laudo. Estes materiais deverão ser encaminhados direta-
mente pela autoridade requisitante ao Instituto Médico-Legal (Núcleo de Ana-
tomia Patológica), quando for pertinente ao caso.
■ A conclusão do laudo pericial de aborto deverá ser obtida unicamente através
dos dados objetivos obtidos pelos legistas durante a perícia, isto é, não basear a
conclusão em relatórios médico-hospitalares ou relatórios de ginecologistas ou obs-
tetras que prestaram atendimento anterior ou posterior à perícia. Os mesmos pode-
rão ser utilizados para elaboração de laudos indiretos ou pareceres médico-legais.
■ Os materiais colhidos no ato da perícia devem ser realizados “às vistas”
do examinador (coleta de urina), não devendo, jamais, serem aceitos materiais
e/ou resultados de exames laboratoriais que não os realizados dentro do IML.
■ Os resultados de exames ultra-sonográficos devem ser analisados com
restrição, pois lembramos que na clínica privada não se faz a identificação
adequada da paciente que se submete ao exame. Lembramos também que os
resultados impressos são de fácil adulteração, tanto na formatação da imagem,
como no laudo do exame.
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ATO LIBIDINOSO
INTRODUÇÃO
Toda ação destinada a obter prazer sexual ou relacionada à libido, exclu-
indo-se a conjunção carnal.
Em semelhança ao histórico da conjunção carnal, deve–se mencionar em
que consistiu o ato libidinoso (coito anal, coito oral-felação ou cunillingus,
coito interfemore, introdução digital na vagina, manipulação genital, etc).
ENQUADRAMENTO LEGAL
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
MODELOS UTILIZADOS
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (IMESP) Modelo 5ECM4
HISTÓRICO: Informa (a) (o) (acompanhante), (examinada) (o), que teria sido
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
em _____ de______ de _________
QUESITOS:
PERÍCIA
Procedimentos similares à perícia de conjunção carnal, avaliação de le-
sões externas. Exame minucioso de genitais externos, vítima em posição
genupeitoral: examinar região glútea, períneo e ânus (circundar no impresso a
presença de lesões anais – equimose, fissura, rágada). O relaxamento anal iso-
ladamente não tem valor pericial, pois não traduz lesão, mas apenas mecanis-
mo dinâmico. A coleta dos materiais para exames laboratoriais procede-se da
mesma maneira dos exames de conjunção carnal.
CONCLUSÃO E QUESITOS
Conclusões mais freqüentes:
a) O (a) examinado (a) apresenta lesões compatíveis com a prática de atos
libidinosos.
b) O (a) examinado (a) apresenta elementos compatíveis com a prática de
atos libidinosos.
121
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
DESTINO
A vítima deverá ser encaminhada a serviço de prevenção de doenças sexu-
almente transmissíveis, imediatamente após o exame, a prevenção de Aids e
outras doenças venéreas é realizada até 72 horas após o ocorrido.
122
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMENTÁRIOS
a) Não aconselhamos basear a conclusão e os quesitos do laudo em relató-
rios médicos de ginecologistas, pediatras, plantonistas de pronto-socorro, etc,
ou em exames laboratoriais trazidos pela vítima, de clínicas ou laboratórios
alheios ao IML.
b) Não fornecer o resultado do exame para a vítima e sim para a autoridade
solicitante.
■ Na impossibilidade de fazer o exame com auxiliar, deve-se solicitar à
acompanhante da vítima que esteja presente à sala de exame.
■ Se houver possibilidade, pode-se fotografar o hímen, ou as lesões impor-
tantes. Arquivar as fotos, negativos ou disquetes ou CDs, que somente
serão encaminhados mediante requisição judicial expressa. TODOS OS
MATERIAIS COLHIDOS DA VÍTIMA DEVERÃO SER ENCAMINHADOS
ATRAVÉS DE CADEIA DE CUSTÓDIA.
c) Materiais trazidos pela vítima (calcinha, preservativo, swabs) colhidos
por outros médicos não deverão ser aceitos. Estes materiais terão que ser enca-
minhados pela delegacia direto ao Instituto de Criminalística (IC).
123
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CONJUNÇÃO CARNAL
INTRODUÇÃO
Conjunção carnal é a cópula vaginal (introdução do pênis na vagina).
ROTEIRO TEÓRICO
O histórico deve ser sucinto e objetivo.
1. Quem está informando (a vítima, a mãe, o acompanhante etc).
2. O fato ocorrido (tentativa de estupro, constatação de gravidez, estupro).
3. Data da ocorrência.
4. Mencionar se houve atendimento médico-assistencial prévio.
5. Informações adicionais: uso de preservativo, data da última menstrua-
ção, data do último coito consensual, menarca, presença de gestação, se houve
lavagem intravaginal etc.
ENQUADRAMENTO LEGAL
Estupro
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou
grave ameaça (6 a 10 anos), (Lei dos crimes hediondos: n.º 8072/1990).
Posse sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude.
Assédio sexual
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hie-
rárquico ou ascendência, inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
124
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
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MODELOS
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (IMESP) Modelo DEPC – 5ECM3
IML / /
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PERÍCIA
a - Recomenda-se realizar a perícia com a presença de uma auxiliar, de
preferência, auxiliar de enfermagem.
b - Anotar as lesões corporais (se presentes). Após a vítima estar posicionada
na mesa ginecológica, deve-se verificar os genitais externos, períneo e o hímen.
c - Proceder à coleta de materiais e ao exame especular, se necessário. (O
exame do ânus deve ser realizado com a paciente em posição genupeitoral).
Se houver disponibilidade, usar o colposcópio, para verificar as lesões himenais.
d - Seguir o roteiro do impresso.
■ Na descrição do hímen o primeiro espaço destina-se a descrever a forma
(anular, semilunar, carúnculas, septado, etc).
■ Os demais itens devem ser assinalados circundando a alternativa sele-
cionada.
■ Na localização das roturas deve-se descrever a sua posição conforme os
quadrantes (ex. anterior esquerdo, posterior direito, junção dos quadrantes
posteriores...) em relação a examinanda, e não fazer referências confor-
me os ponteiros do relógio.
■ Altura uterina: deverá ser medida a partir da borda superior da sínfise
púbica com fita métrica. Mamas: Descrever o aspecto externo e a pre-
sença de secreções (quantidade e coloração).
EXAMES LABORATORIAIS
a) Teste de gravidez: Beta-HCG (no sangue, se possível); se houver atraso
menstrual ou se solicitado pela autoridade requisitante:
b) Pesquisa de espermatozóides:
Proceder a coleta no canal vaginal até 72 horas após o fato, e na pele, boca
ou ânus até 24 horas. Recomenda-se utilizar a espátula de Ayres para a coleta
de secreção no canal vaginal, devendo introduzir delicadamente até o fundo
de saco posterior, que é região natural de acúmulo. Distender o material cole-
tado em três lâminas, (a primeira destina-se à leitura e a segunda, para
contraprova. A terceira deve ser armazenada para eventual confronto de DNA),
e acondicionadas em tubetes identificados com o nome completo da vítima e o
número do laudo (SEM QUALQUER CONSERVANTE E SEM QUALQUER FI-
XAÇÃO). As lâminas são identificadas com as iniciais da vítima, o número do
laudo, e anotar o local da coleta: “V” se for vaginal, “A” se for anal, “P” se for
coletada com auxílio de soro fisiológico da pele, e “O” se for obtido da cavida-
de oral. A anotação será feita na parte fosca da lâmina, a LÁPIS.
127
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONCLUSÃO E QUESITOS
Conclusões mais comuns:
a) Não apresenta rotura himenal.
b) Apresenta hímen sem roturas. Atos libidinosos, se ocorreram, não deixa-
ram vestígios.
c) Não apresenta rotura himenal. Vide laudo de atos libidinosos.
d) Está deflorada de data recente. Tem lesão corporal de natureza leve (agente
contundente).
e) Está deflorada de data não recente.
f) Está deflorada de data não recente. Não podemos afirmar ou negar con-
junção carnal recente.
g) Está deflorada de data não recente. Foi submetida à conjunção carnal recente.
h) Está deflorada de data não recente. Apresenta sinais clínicos e laboratoriais
de gestação em curso.
i) Apresenta hímen complacente. Não temos como afirmar ou negar con-
junção carnal (pesquisa de espermatozóides: negativa).
j) Apresenta hímen complacente. Foi submetida a conjunção carnal recen-
te (pesquisa de espermatozóides: positiva).
k) Não apresenta rotura himenal. Mas do ponto de vista médico-legal hou-
ve conjunção carnal (gravidez presente, em curso).
l) A examinada não permitiu o exame, estando prejudicada a presente perícia.
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DESTINO
Da sexologia forense, a vítima deverá ser encaminhada a serviço ginecoló-
gico de urgência para os procedimentos cabíveis nas primeiras 72 horas do
ocorrido, ou seja, prevenção de doenças Venéreas e contracepção de emergên-
cia. Se passadas as 72 horas, poderá ser encaminhada a um ambulatório de
ginecologia ou de DST-Aids.
COMENTÁRIOS
a) Não aconselhamos basear a conclusão e os quesitos do laudo em relatórios
médicos de ginecologistas, pediatras, plantonistas de pronto-socorro, ou em exa-
mes laboratoriais trazidos pela vítima, de clínicas ou laboratórios alheios ao IML.
b) Não fornecer o resultado do exame para a vítima, e, sim, para a autori-
dade solicitante.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONTÁGIO VENÉREO
INTRODUÇÃO
São doenças transmitidas através do contato sexual, podendo ser exclusiva
ou preferencialmente transmitidas por meio de conjunções carnais ou qual-
quer outro ato libidinoso.
As leis estrangeiras incluem nesta categoria apenas três entidades mórbidas:
sífilis, blenorragia e granuloma inguinal.Na interpretação do nosso código penal,
é incluído também o linfogranuloma venéreo. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) preconiza a nomenclatura “Doenças Sexualmente Transmissíveis” (DSTs).
ROTEIRO TÉCNICO
No histórico deve-se abordar não somente o possível ato delituoso do con-
tágio, mas também deve constar uma investigação de outras possíveis fontes de
contágio (transfusão sanguínea, históricos de familiares referentes à doença
alegada), lembrando-se do período de incubação e das possíveis formas de
transmissão para cada tipo de moléstia. Deve-se fazer referências quanto aos
elementos ou sintomas que levaram à suspeita da doença. Mencionar e especi-
ficar os tratamentos eventualmente realizados, com a sua cronologia, assim
como os dados epidemiológicos pertinentes ao acompanhamento prospectivos.
ENQUADRAMENTO LEGAL
Art. 130 – Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
contaminado:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo 1o. Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena – reclu-
são, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo 2o. Somente se procede mediante representação.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
MODELOS
No momento não há modelo padronizado para este tipo de perícia, deven-
do, por isso, os dados serem digitados, não esquecendo do padrão oficial de
laudo médico-legal, onde consta o preâmbulo, quesitos, histórico, descrição,
discussão, conclusão e finalmente as respostas aos quesitos (os oficiais ou os
formulados pela autoridade requisitante).
PERÍCIA
O objetivo da perícia é determinar a exposição ao contágio venéreo por
meio dos seguintes elementos:
■ A prática pelo agente do contato sexual
■ Estar o agente acometido de doença venérea
■ Se em caso positivo, deve ainda estar a doença na sua fase contagiante
■ Idoneidade do ato para a produção do contágio
■ Dolo
Deve-se, desta forma, realizar a perícia tanto na vítima como no indiciado.
O exame pericial deve obedecer a seqüência de todo laudo médico-legal.
Histórico: vide acima.
Descrição:
■ O exame físico geral, coloração de mucosas, presença de gânglios linfá-
ticos, observação criteriosa e, se possível, documentada de lesões cutâneo-
mucosas sugestivas ou típicas de DST, assim como investigação de órgãos
freqüentemente comprometidos pelas mesmas.
■ Exame físico especializado: observação de genitais externos e internos,
região perianal e outras possíveis localizações.
■ Exames complementares: de acordo com a disponibilidade do serviço,
deve-se solicitar:
V.D.R.L. e bacterioscopia de secreções
132
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONCLUSÃO
A finalidade pericial é estabelecer o nexo causal. Exigindo a lei que a expo-
sição de alguém a contágio venéreo se faça por meio de relações sexuais ou
qualquer ato libidinoso, conclui-se que é necessário um contato pessoal direto
entre os dois sujeitos, ativo e passivo, que tanto pode ser homem como mulher,
um e outro. Como na grande maioria das moléstias sexualmente transmissíveis
há os casos de transmissão de outra natureza, deve-se sempre realizar uma
discussão, citando as outras formas de contágio, que não a sexual, e, se possí-
vel, indicar referências bibliográficas, antes da conclusão final do laudo, que
no caso as outras formas de contágio são enquadradas em outro artigo (Art.131).
QUESITOS
Os formulados pela autoridade requisitante.
DESTINO
Se forem detectados elementos positivos na perícia para doença sexual-
mente transmissível, recomenda-se orientar o examinado(a) a procurar um ser-
viço especializado em tratamento de DSTs/AIDS e outros.
COMENTÁRIOS
Ao discutir e concluir o laudo pericial, o médico-legista deverá ater-se tam-
bém ao período de incubação da doença, história clínica e outros possíveis
contágios, que não o alegado no histórico.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONFRONTO GENÉTICO
INTRODUÇÃO
O exame de confronto, como o próprio nome indica, é um método compa-
rativo, onde se realiza a comparação genética de um material biológico (que é
o questionado) com o material genético do suspeito.
ROTEIRO TEÓRICO
Todo material coletado no ato da perícia deve ser armazenado de forma
adequada para a sua conservação:
a) Swabs de secreções diversas – Deve-se secá-los bem em temperatura
ambiente e identificá-los com etiqueta contendo o nome e o número do laudo.
Acondicionar em envelope de papel pardo, identificar o envelope com o nome,
número do laudo, data e tipo de material (anal, vaginal, oral, etc) e armazená-
lo na geladeira.
b) Lâminas – coletar sempre em três amostras, a saber: a 1a lâmina destina-
se à leitura, a 2a é a contraprova quando solicitada, e a 3a destina-se para even-
tual confronto de DNA quando a extração no swab não tiver êxito. Deve-se
secá-las e armazená-las em temperatura ambiente sem corar. As lâminas de-
vem ser identificadas com as iniciais do periciando, o número do laudo e a
natureza do material (anal, vaginal, oral, pele, etc)
c) Fetos e/ou partes – Jamais usar conservantes. Acondicionar em saco plás-
tico, identificado e lacrado. Armazenar em freezer.
Observação
O material coletado é o corpo do delito, ou seja, é a prova material do
crime. Assim sendo, deverá manter toda a cadeia de custódia, cabendo ao
posto que executou, a perícia, o armazenamento, e a guarda.
Quando solicitado pelas autoridades competentes, o material deverá ser
encaminhado ao Núcleo de Biologia e Bioquímica Forense – Laboratório de
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONFRONTOS
a. Confrontos de material biológico questionado com o material conheci-
do. Ex. secreção vaginal com pesquisa de espermatozóides positivo com o san-
gue do suspeito.
b. Confronto de paternidade – No âmbito criminal: Feto ou nascituros com
o suspeito, nos casos de crimes de estupro.
c. Confronto de feto e/ou conteúdo uterino com restos ovulares com o
sangue da indiciada, nos casos de aborto criminoso.
Observação
Nos casos de confronto, o IML somente faz a coleta do sangue dos envolvi-
dos. Encaminhar junto ao material armazenado sob a sua custódia ao destino
final => IC – Núcleo de Biologia Forense – Laboratório de DNA.
COMENTÁRIOS
Todas as etapas do procedimento devem ser documentadas em livro de
registro e/ou pasta de arquivos, e sempre exigida a comprovação dos recebi-
mentos. Cabe ao posto de atendimento a responsabilidade desde a coleta ao
armazenamento e o transporte dos materiais.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÁLCOOL ETÍLICO,
DROGAS DE EFEITOS ANÁLOGOS E
O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO
As questões relativas à ingestão de álcool e dirigir veículo automotor há
quase um século ensejam opiniões e discussões.
Os primeiros trabalhos sistematizados, representando pesquisa científica,
datam de 1922 quando Milles elaborou a correlação entre a ingestão progressi-
va de álcool etílico e seus efeitos ao organismo humano.
Desde então, diversas tabelas correlacionando o teor sangüíneo de álcool etílico
(alcoolemia) com os sinais e sintomas da embriaguez alcoólica foram publicadas,
tais como: Amdur e Klassen (em anexo), Dubowski, Homburger, entre outras.
Não há dúvidas de que a ação do álcool etílico no ser humano é depressora
do sistema nervoso central, ação esta progressiva, dose dependente, variável ain-
da com fatores individuais, tais como, peso corpóreo, hábito de ingerir bebida
alcoólica, idade e sexo. Por tais motivos, muitas vezes indivíduos com semelhan-
tes valores de alcoolemia podem apresentar diferentes sinais e sintomas.
Para correlacionar-se o valor apontado em uma tabela, a alcoolemia e o
estado clínico da pessoa, devemos primeiramente entender que a tabela é elabo-
rada a partir de pesquisas, cujas amostras mais se aproximam da realidade quan-
to maior o número de pessoas “testadas”. Assim, a correlação expressa para de-
terminada alcoolemia é a reação esperada na maioria dos indivíduos sadios e
adultos, e, portanto, não corresponderá à reação de todos os indivíduos.
Por outro lado, temos que consignar que, nas últimas décadas, houve gran-
de progresso nos métodos e equipamentos de análises laboratoriais, de tal sorte
que se aumentaram a sensibilidade dos equipamentos (capacidade de detectar
concentrações mínimas) e a especificidade da análise (capacidade de diferen-
ciar álcool etílico de outras substâncias como éter, aldeído, acetona).
Quanto à metodologia de aferição dos efeitos no organismo humano também
houve sensível evolução, principalmente a partir do uso de equipamentos
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
DISCUSSÃO
A embriaguez produzida pelo álcool (senso estrito), e/ou por substância de
efeitos análogos (senso lato) consiste em um estado de intoxicação aguda, vo-
luntária ou culposa dessas substâncias, cujos efeitos residem, predominante-
mente, no sistema nervoso central. Por isso, o exame clínico de verificação de
embriaguez busca sinais e sintomas de sua ação no sistema nervoso central,
manifestados nas esferas psíquica e neurológica. O exame toxicológico, como
parte do exame de verificação de embriaguez, busca encontrar, através da aná-
lise de fluidos biológicos (principalmente sangue e urina), a substância ou subs-
tâncias causadoras do estado de embriaguez e respectiva concentração. Nem
sempre é possível sua realização, seja por razões legais ou por razões de ordem
técnica. Deve, portanto, prevalecer sempre o exame clínico.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONCLUSÃO
Pelo acima exposto e observado no presente exame de verificação de em-
briaguez, concluímos que o examinado apresenta-se num estado de: não-em-
briagado; alcoolizado não- embriagado; embriagado; completamente embria-
gado.
Obs.: A embriaguez eventualmente apurada pode ser resultante somente
da ingestão de bebidas alcoólicas e/ou de sua associação com substâncias de
efeitos análogos.
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EXAMES COMPLEMENTARES
ANATOMIA PATOLÓGICA
INTRODUÇÃO
O NAP (Núcleo de Anatomia Patológica) realiza exames histopatológicos
de amostras teciduais escolhidas e encaminhadas pelos médicos-legistas, origi-
nadas de exames em tanatologia, clínica e sexologia médico-legais.
Desde já deve ser esclarecido que o NAP tem por finalidade realizar os
exames histopatológicos humanos, não sendo de sua competência nem de sua
atribuição receber, guardar, encaminhar exames para outros núcleos do Institu-
to Médico Legal e aqueles de interesse ou competência de outras instituições.
HISTÓRICO/ROTEIRO TEÓRICO
Com a vigência do Decreto n.º 42.847, que criou e organizou a Superinten-
dência de Polícia Técnico Científica (SPTC), ocorreu completa modificação do
antigo Setor de Biologia e Bioquímica do Instituto Médico-Legal, que, extinto,
deixou de ser responsável por inúmeros exames laboratoriais que subsidiavam as
perícias médico-legais. Decorridos cerca de seis anos da publicação do decreto,
há a necessidade de difundi-lo, orientar os usuários quanto às atribuições do
NAP, estritamente da esfera criminal (portanto excluídos exames na esfera cível,
em mortes naturais sem assistência médica), assim como orientar-se, quanto aos
exames, a coleta, armazenamento e transporte adequados, pois, se inconvenien-
tes, resultarão em perda da qualidade e graves prejuízos à perícia médica que
invariavelmente não mais será recuperada. Sugerimos, portanto, o conhecimen-
to do mencionado decreto para orientação quanto às competências e atribuições
dos mencionados exames das esferas bioquímica e biológica.
As diretorias técnicas de departamento de divisão e de serviços elaboraram
este capítulo do Manual Técnico constituindo-se em guia de consulta rápida
que, esclarecendo dúvidas comuns, permite sinergismo de esforços para melhoria
da qualidade dos trabalhos técnicos.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
ENQUADRAMENTO LEGAL
Criado pelo Decreto n.º 42.847 de 9 de fevereiro de 1998 na Subseção III
artigo 6 º inciso “a”, o Núcleo de Anatomia Patológica (NAP), em nível de
diretoria técnica de serviços, subordina-se ao Centro de Exames Análises e Pes-
quisas (CEAP) diretoria técnica de divisão, que por sua vez subordina-se à Dire-
toria Técnica de Departamento (DTD).
REQUISIÇÕES
As requisições padronizadas modelo (5ECM x) devem ser preenchidas,
datadas e assinadas, especificando-se legivelmente o nome do médico legista
solicitante, assim como a seção técnica na qual exerce funções.
Em caráter excepcional, a critério das diretorias técnicas de departamento
e divisão, o NAP receberá e procederá a exames histopatológicos atendendo
técnicas de corte e coloração especiais, ou a requerimento de autoridades judi-
ciárias, Ministério Público, policiais e outras.
PERÍCIA/DESCRIÇÃO
As amostras teciduais originárias das perícias médico-legais serão sistematica-
mente submetidas a exames microscópicos após técnica de cortes e colorações
histológicas, havendo, portanto, necessidade de seleção, coleta e imediata conserva-
ção das amostras teciduais, como regra, em solução formolizada, o que implica
também na identificação adequada dos locais nos quais as amostras se originam.
Lembrando-se: os materiais colhidos devem ser encaminhados acompanhados das
requisições de exames histopatológicos. Relembramos que as amostras colhidas não
devem ser congeladas, sob pena de dano irreversível tecidual para as técnicas de
microscopia, e usadas exclusivamente para as finalidades e competências do NAP.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
QUESITOS
Não há classicamente os quesitos específicos do laudo pericial médico-
legal, e a finalidade do exame histopatológico vincula-se à hipótese diagnóstica
médico-legal, a qual confirmará, negará ou modificará.
DESTINO
Por tratar-se de exame subsidiário, o exame anatomopatológico destina-se
a compor o item descritivo (visum et repertum) do laudo pericial (tanatológico,
médico-legal, sexológico).
COMENTÁRIOS
Ao Instituto Médico-Legal compete realizar perícias criminais exclusiva-
mente nos seres humanos, não lhe sendo atribuição qualquer exame em ani-
mais ou plantas, quer íntegros, quer fragmentados. Por fim salientamos que as
amostras destinadas ao NAP são inúteis para análises toxicológicas e genéticas.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
TOXICOLOGIA FORENSE
COMPETÊNCIA
Compete ao PERITO CRIMINAL do NTF/IML:
■ Orientar e proceder às análises e outras que a seu critério devam ser
feitas, relativas às perícias a ele distribuídas;
■ Desenvolver na sua área de atuação novas metodologias, visando a
otimizar os procedimentos do laboratório do NTF;
■ Manter a cadeia de custódia através do registro do material recebido e
do andamento da perícia;
■ Descrever o material, identificando-o através do número do registro, ano,
código do perito;
144
MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
REQUISIÇÕES
As requisições de exame encaminhadas ao laboratório de toxicologia do
NTF devem ser preenchidas com o tipo de exame solicitado (Dosagem Alcoó-
lica ou Exame Toxicológico) e com o maior número disponível de informações,
independente da unidade requisitante. Nas situações em que a unidade
requisitante for Núcleo ou Equipe de Perícias Médico Legais as requisições de
exame (modelo DEPC – 5EDES até a presente data não existe novo modelo)
devem ser preenchidas conforme Portaria do Diretor de Departamento do IML
de 25/03/1999, publicada no Diário Oficial nº 109 (58) de 27/03/1999. Dados
a serem preenchidos:
■ Nome (vítima ou indiciado);
■ Origem (Núcleo ou Equipe);
■ Histórico;
■ Achados do exame (necroscópico ou clínico);
■ Tipo de amostra;
■ Exame solicitado (Dosagem alcoólica ou Exame toxicológico);
■ Data da coleta;
■ Data da ocorrência;
■ Nome e carimbo do médico requisitante.
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
AMOSTRA E COLETA
O Núcleo de Toxicologia Forense realiza exames em amostras biológicas
de seres humanos conforme o disposto no artigo 34, do Decreto nº 48.009 de
11 de Agosto de 2003.
As amostras colhidas dependem das circunstâncias que envolvem o caso,
e podem ser diferentes das preconizadas para os casos normais. Entretanto, em
todas as investigações médico-legais, amostras de sangue devem ser colhidas
quando o sangue estiver disponível. Não enviar material biológico formolizado
e não usar soluções alcoólicas no local de coleta.
Tradicionalmente o sangue da cavidade cardíaca é colhido na autópsia.
Todavia, estudos recentes preconizam que seja colhido sangue periférico
(femural).
O Núcleo de Toxicologia Forense não realiza exames em amostras de cabelo.
Nas situações em que o doador da amostra for indivíduo vivo, colher a
amostra de sangue em tubo de coleta a vácuo com anticoagulante.
ARMAZENAMENTO / TRANSPORTE
As amostras normalmente devem ser mantidas refrigeradas (4°C) até serem
transportadas ao laboratório durante um período de cinco dias e em freezer (-
10°C) quando armazenadas por períodos mais longos. Para manter o controle
durante o transporte de amostras biológicas para o laboratório de toxicologia/
IML, as seguintes recomendações devem ser consideradas:
■ Todos os recipientes que contenham amostras biológicas (por exemplo,
frascos de sangue), devem ser checados antes de serem usados quanto à
integridade dos mesmos. Utilizar somente frascos íntegros;
■ Todos os recipientes contendo amostras biológicas devem ser lacrados;
■ Documentos relacionados ao pedido de exame e identificação dos reci-
pientes devem estar preenchidos claramente;
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MANUAL TÉCNICO-OPERACIONAL PARA OS MÉDICOS-LEGISTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
■ Todas as tampas dos frascos das amostras devem ser checadas antes do
transporte para verificar se estão fechadas com segurança;
■ Os recipientes contendo as amostras biológicas devem ser colocados
em caixas térmicas lacradas que mantenham as amostras biológicas pre-
servadas durante o transporte (por exemplo, geladeiras térmicas com gelo
reciclável fechadas com selo de segurança);
■ O transporte deve ser feito com a apresentação ao transportador dos se-
guintes documentos: requisição de exame e relação de encaminhamento;
■ A relação de encaminhamento deve conter campos quanto ao nome
(vítima ou indiciado), número do laudo (clínica médica ou necrotério),
origem, B.O, nome, RG e assinatura do servidor responsável pela confe-
rência do lote enviado, nome, RG e assinatura do funcionário responsá-
vel pelo transporte, local, data e hora do encaminhamento e da entrega;
■ O material deverá ser entregue ao pessoal responsável pela recepção do
laboratório que somente receberá a caixa térmica após checar a integri-
dade do lacre, relação das amostras e dos documentos;
RECOMENDAÇÕES
Conforme Circular Informativa nº 001/99 de 11/01/1999, Circular nº 003/
99 de 29/07/1999 e Ofício nº 1152/00 de 09/02/2000 a todos da diretoria téc-
nica de divisão recomenda-se:
I. Nos casos em que a causa jurídica da morte está bem estabelecida, tais
como: homicídio, acidente de trânsito, atropelamento, afogamento, fulguração,
eletroplessão, queimaduras, etc., colher:
■ SANGUE (50mL);
■ URINA (50 mL ou a quantidade disponível).
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III. Nos exames toxicológicos solicitados através da clínica médica (vivo) colher:
■ SANGUE (10 mL de sangue colhido em tubo de coleta a vácuo com
anticoagulante);
■ URINA (50 mL ou a quantidade disponível).
INFORMAÇÕES
O Núcleo de Toxicologia Forense não procede à pesquisa de:
■ Agentes cáusticos e corrosivos (encaminhar para exame anatomia pato-
lógica);
■ Agentes tóxicos em cabelo;
■ Doenças infecto-contagiosas (Hepatite, AIDS etc);
■ Eletrólitos tais como sódio e potássio;
■ Tipagem sanguínea e exame de DNA;
■ Exames bioquímicos (hemograma, glicose, uréia, creatinina, dosagem
hormonal etc);
■ Pesquisa de plantas e suas partes, cogumelos e assemelhados;
■ Pesquisa de: agentes cáusticos e corrosivos (enviar para anatomia patológica).
Os métodos empregados neste no Núcleo de Toxicologia Forense estão
padronizados para intoxicação aguda – e não para dosagem terapêutica ou
farmacodependência.
Para se obter informações sobre o quadro clínico e outros achados de exame
relacionados aos demais produtos químicos, o perito poderá se cadastrar na Rede
NETTOX através do site http://www.unoeste.br/ceatox. Após o cadastramento, ao
enviar um e-mail com a pergunta, esta será distribuída entre os vários serviços de
toxicologia do país e da América Latina. O profissional que souber sobre o assun-
to responderá e poderá, inclusive, indicar a bibliografia relacionada. Este serviço
é totalmente gratuito.
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Rim 100g
Fígado 100g
Nos casos que a causa jurídica da morte está bem estabelecida, tais como:
homicídio, acidente de trânsito, atropelamento, afogamento, fulguração,
eletroplessão, queimaduras, etc.
(*) Se o exame solicitado for somente dosagem alcoólica enviar 5ml. de sangue.
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(*) Se o exame solicitado for somente dosagem alcoólica enviar 5ml. de sangue
com anticoagulante
CÁUSTICOS
Podem causar efeitos coagulantes ou liquefacientes.
Coagulante: escaras endurecidas com tonalidade diversa
Liquefaciente: escaras úmidas e moles
A gravidade dependerá da natureza, quantidade e concentração do com-
posto e das complicações apresentadas (infecção secundária, cicatriz retrátil,
extensão do dano).
Identidade da substância
Ácidos ➞ escaras secas
Cor:
Ácido sulfúrico e Ácido fênico: esbranquiçadas
Ácido nítrico: amarelada
Ácido clorídrico: cinza-escura
Álcalis ➞ escaras úmidas e moles
A natureza jurídica das lesões é geralmente acidental ou intencional. A
localização na face e tórax pode indicar a intenção do agressor de induzir uma
deformidade à vítima.
Diferenciação entre lesão ocorrida em vida/pós-morte
Após a morte não há a forma de escara, existe o apergaminhamento da pele
de tonalidade marrom-escura. Histologicamente não apresenta reação vital.
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VENENOS
“Tudo pode ser tóxico depende da dose!” ( Paracelso 1493-1541)
Paracelso considerado o pai da Toxicologia deixou em seus ensinamentos
o princípio básico desta ciência, a capacidade de qualquer substância química
ser tóxica.
A exposição a intoxicações agudas, subcrônicas e crônicas é devida à grande
utilização de compostos químicos pelo homem no lar, trabalho, lazer etc.
Os venenos podem ser líquidos, gasosos e sólidos. A fisiopatologia inclui a
fase de exposição, absorção (gastro-intestinal, pulmonar, pele e mucosas, sub-
cutânea, intravenosa, intra-arterial e intratecal), distribuição, metabolização e
eliminação.
Alguns Conceitos:
■ Idiossincrasia – Maior sensibilidade e susceptibilidade aos efeitos das
substâncias tóxicas.
■ Mitridatização – Maior resistência orgânica aos efeitos das substâncias
tóxicas.
■ Sinergismo – A ação potencializadora de duas ou mais substâncias que
apresentam uma ou mais ações semelhantes.
➞ A intoxicação pode ocorrer devido a uma causa acidental, criminosa ou
voluntária.
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Diagnóstico
É importante que o perito observe o fato de que pode haver a identificação
do veneno sem a apresentação dos sinais e sintomas referentes ao envenena-
mento; ou o surgimento de uma síndrome relacionada a um envenenamento
sem a identificação de qual o agente responsável.
O diagnóstico deve ser realizado baseando-se na avaliação cuidadosa da
composição de um grupo de elementos:
■ Conjunto das informações registradas no histórico médico, policial e ou-
tros que descrevam as circunstâncias envolvidas;
■ Sinais e sintomas apresentados pela vítima;
■ Elementos observados na necropsia, como por exemplo, a mucosa ver-
melha e tumefeita do estômago e o odor de amêndoas amargas na into-
xicação por cianureto de potássio;
■ Resultados de exames complementares: anatomopatológicos, toxicológi-
cológicos e outros.
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DGPS DE INTERESSE DO
INSTITUTO MÉDICO LEGAL
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