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Biologia

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Biologia

Circulação comparada

Resumo

O sistema circulatório tem como função a distribuição de nutrientes e oxigênio para o organismo, bem como
manter o equilíbrio hídrico do corpo e transportar excretas e hormônios. Seu órgão central é o coração,
bombeando o fluido sanguíneo ao longo de vasos. Este líquido que circula pode ser a hemolinfa, incolor,
como no caso dos insetos, ou o sangue pigmentado, como é o caso dos vertebrados, cujas células
apresentam um pigmento transportador conhecido como hemoglobina.
O sistema circulatório pode ser:
• Aberto: O sangue abandona os vasos, sendo derramado em lacunas corporais (hemocele). O sangue
retorna ao coração, de onde será novamente bombeado aos tecidos.

Esquema anatômico de um inseto, mostrando a cavidade corporal (hemocele). Neste tipo de circulação, quando vasos sanguíenos
estão presentes, eles não formam um circiuto fechado, como indica a imagem inferior.

• Fechado: O sangue corre sempre em vasos sanguíneos, sem abandoná-los para banhar os tecidos.

Esquema anatômico de uma minhoca, mostrando um sistema circulatório fechado, onde o sangue está em todo a momento dentro de
vasos condutores..

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A circulação pode ser:

• Simples: quando o sangue passa uma única vez pelo coração.


• Dupla: quando o sangue passa duas vezes pelo coração para cumprir todas as suas funções.

O trajeto do sangue é sair do coração, ir em direção dos órgãos respiratórios (brânquias ou pulmões), receber
oxigênio através da hematose, seguir ao corpo (no caso da circulação simples) ou ao coração novamente
(no caso da circulação dupla), seguir ao corpo e então retornar ao coração.

A circulação fechada dupla ainda pode ser dividida em:

• Incompleta: quando há mistura de sangue venoso (pobre em O2) e sangue arterial (rico em O2) no
coração.
• Completa: O sangue venoso não se mistura ao sangue arterial no ventrículo.

O sistema circulatório é o mais demorado a aparecer na escala evolutiva dos animais, surgindo
primeiramente nos anelídeos. Entre os animais, a circulação é classificada como:
• Poríferos, Cnidários, Platelmintos, Nematelmintos: sistema circulatório ausente.
• Anelídeos: Circulação fechada. Ocorre pelo bombeamento de sangue por corações laterais.

Circulação fechada, com vasos e corações, de um anelídeo

Moluscos: Circulação aberta, com exceção dos cefalópodes (polvos, lulas e nautilus), cuja circulação é
fechada.

Circulação aberta de um molusco, onde observamos lacunas onde o sangue circula fora de vasos.

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Artrópodes: Aberta (embora alguns crustáceos apresentem circulação semi-fechada), sem conexão com o
sistema respiratório no caso dos insetos, sua hemolinfa não apresenta pigmentos respiratórios.

Circulação aberta de um artrópode

A evolução da circulação fechada está relacionada com as cavidades encontradas no coração, onde o
sangue sempre entrará pelos átrios e sairá pelos ventrículos.

Esquema do coração e das circulações dos grupos de vertebrados: peixes, anfíbios, répteis e aves e mamíferos. Disponível em:
http://pedropimpaocn.blogspot.com.br/

Vamos entender como se deu a evolução deles:


• Peixes: circulação é simples e venosa, pois o coração com apenas um átrio e um ventrículo bombeia
apenas o sangue venoso.
• Anfíbio: possui circulação dupla e incompleta, pois possui dois átrios e um ventrículo. Cada átrio
receberá um tipo de sangue (arterial ou venoso) e ocorrerá a mistura no ventrículo.
• Réptil: possuem circulação dupla e incompleta, pois possui dois átrios e um ventrículo. Cada átrio
receberá um tipo de sangue (arterial ou venoso) e ocorrerá a mistura no ventrículo. A diferença em
relação aos Anfíbios é que o ventrículo já possui uma estrutura que permite que ocorra menos mistura,
chamada Septo de Sabatier.
• Crocodilianos: eles já possuem o coração com 4 cavidades, tendo uma maior separação do sangue
arterial com o venoso, porém ainda ocorre uma pequena mistura de sangue arterial com venoso no
Forâmen de Panizza (circulação dupla e incompleta).
• Aves e Mamíferos: Possuem circulação dupla e completa, com o coração dividido em dois átrios e dois
ventrículos os quais não ocorre mistura do sangue arterial com o sangue venoso. Acredita-se que a
circulação completa favoreceu o maior transporte de oxigênio aos tecidos e a endotermia.

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Exercícios

1. Para quem tem preocupação com a preservação do meio ambiente e com a fauna em extinção, no site
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – podemos encontrar informações sobre
animais brasileiros em extermínio. Dentre alguns, podemos citar o pica-pau de cara amarela
(Dryocopus galeatus), a onça pintada (Pantera onca palustris) e a tartaruga de couro (Dermochelys
coriacea).
Disponível em: http://www.ibge.com.br/home/geociencias/recursosnaturais/levantamento/default.shtmc=2

Nas três espécies citadas acima, quais características são verdadeiras com relação à sua circulação
sanguínea, na sequência em que foram mencionadas no texto?
a) Fechada, dupla e completa; fechada, dupla e completa; fechada, dupla e incompleta.
b) Fechada, simples e completa; fechada, dupla e completa; aberta, dupla e incompleta.
c) Fechada, dupla e incompleta; fechada, dupla e completa; aberta, dupla e completa.
d) Aberta, dupla e completa; fechada, simples e completa; fechada, simples e incompleta.
e) Aberta, dupla e incompleta; fechada, dupla e incompleta; fechada, dupla e completa.

2. O sistema circulatório dos vertebrados mostra uma evolução ocorrida entre os grandes grupos. Na
maioria das espécies de cada grupo, há um padrão na divisão das cavidades do coração. Isto pode
ser confirmado na frase:
a) O coração dos peixes tem dois átrios e um ventrículo, ocorrendo a mistura do sangue venoso com
o sangue arterial nos primeiros.
b) O coração dos anfíbios tem dois átrios e um ventrículo, ocorrendo a mistura de sangue venoso
com o sangue arterial neste último.
c) O coração dos répteis tem dois átrios e um ventrículo, não ocorrendo mistura do sangue venoso
com o sangue arterial.
d) O coração dos répteis é igual ao das aves, ocorrendo em ambos mistura do sangue venoso com
sangue arterial.
e) O coração dos mamíferos apresenta dois átrios e dois ventrículos, parcialmente separados,
ocorrendo mistura do sangue venoso com o sangue arterial em pequena escala.

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3. As figuras 1 e 2 a seguir representam, esquematicamente, os dois tipos de sistemas circulatórios


apresentados pelos vertebrados. As setas indicam o trajeto percorrido pelo sangue em cada tipo de
circulação.

Com base nas informações anteriores, assinale a alternativa que apresenta, pela ordem, um exemplo
de um grupo de vertebrados com o tipo de circulação representado na figura 1 e outro com o tipo de
circulação representado na figura 2.
a) Anfíbios – aves.
b) Répteis- mamíferos.
c) Anfíbios – mamíferos.
d) Peixes – répteis.
e) Mamíferos – peixes.

4. Comparando-se a estrutura e a fisiologia dos corações dos vertebrados, podemos considerar válida
a seguinte afirmativa:
a) no coração dos peixes passa apenas sangue venoso.
b) o coração dos anfíbios é dotado de quatro câmaras, duas aurículas (ou átrios) e dois ventrículos.
c) no coração das aves passa apenas sangue arterial.
d) o coração dos répteis apresenta-se com três câmaras, uma aurícula (ou átrio) e dois ventrículos.
e) no coração dos mamíferos, as duas aurículas (ou átrios) recebem sangue venoso e os dois
ventrículos recebem sangue arterial.

5. A taxa de consumo de oxigênio em relação à massa corpórea é muito mais alta no mamífero pequeno
que no grande. Por exemplo, 1g de tecido de um camundongo consome oxigênio numa taxa até 100
vezes maior que 1g de tecido de um elefante. Esse elevado consumo de oxigênio do animal pequeno
requer um maior suprimento desse elemento para os tecidos. Assim sendo, espera-se que mamíferos
menores apresentem:
a) Maior frequência cardíaca e menor frequência respiratória que mamíferos maiores.
b) Menor frequência cardíaca e maior frequência respiratória que mamíferos maiores.
c) Menor frequência cardíaca e menor frequência respiratória que mamíferos maiores.
d) Maior frequência cardíaca e maior frequência respiratória que mamíferos maiores.
e) Frequência cardíaca e respiratória igual à dos mamíferos maiores.

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6. O que diferencia, basicamente, a circulação das aves da circulação dos mamíferos é:


a) a circulação das aves é aberta e a dos mamíferos é fechada.
b) nas aves, o sangue flui dos pulmões para o ventrículo direito.
c) o coração das aves não possui septo interventricular.
d) nas aves, a curvatura da aorta é para a direita, e nos mamíferos, para a esquerda.
e) na circulação das aves, o sangue bem oxigenado circula somente nas artérias.

7. Dois animais, A e B, têm sistema circulatório aberto. O sistema respiratório de A é traqueal, e o de B,


branquial. Com base nessa descrição, escolha a alternativa correta.
a) A pode ser uma barata e B pode ser um peixe.
b) A pode ser um gafanhoto e B pode ser um mexilhão.
c) A pode ser um caracol e B pode ser uma mariposa.
d) A pode ser uma minhoca e B pode ser uma aranha.
e) A pode ser uma aranha e B pode ser uma planária

8. O sistema circulatório é responsável pelo transporte de nutrientes, excretas, gases, hormônios e


outras substâncias, entre as diferentes partes do organismo da maioria dos animais. Com relação ao
sistema circulatório, assinale a alternativa correta.
a) Os parasitas do gênero Taenia apresentam sistema circulatório aberto, sem capilares, com um
coração que bombeia sangue para vasos, de onde o sangue segue para banhar as células.
b) Os peixes e as larvas de anfíbios apresentam um coração constituído de um átrio e de um
ventrículo, e o sangue arterial não entra no coração.
c) Os anfíbios adultos e répteis não crocodilianos apresentam coração com um átrio e dois
ventrículos, um dos quais envia o sangue para os pulmões, e, o outro, para todo o corpo.
d) Nas aves e nos mamíferos, o coração apresenta dois átrios e dois ventrículos, mas, nas aves, a
separação entre os ventrículos é incompleta.
e) Na circulação humana, o ritmo da contração cardíaca é determinado pela geração de impulsos
elétricos no fascículo atrioventricular, o que provoca contração dos átrios.

9. A figura a seguir representa diferentes padrões de coração de vertebrados. Qual a seqüência indica a
ordem crescente da eficiência circulatória, com relação ao transporte de gases, conferida pelos três
corações?

a) 1, 2, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, l
d) 2, 1, 3
e) 3, 1, 2

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10. Num exame de Biologia foi formulada uma questão que se solicitava uma descrição da circulação de
sangue nos mamíferos. Em uma das provas constava a seguinte resposta:
“A parede do coração possui uma musculatura que se contrai com força considerável, lançando o
sangue para a pequena e grande circulação (1). Cada metade do coração é uma bomba com dois
compartimentos: o átrio, de paredes relativamente grossas, e o ventrículo de pares finas (2). O sangue
proveniente dos tecidos entra no átrio direito, passa para o ventrículo direito, sendo bombeado através
das artérias pulmonares aos pulmões, onde o gás carbônico é eliminado e o oxigênio apreendido (3).
Os tecidos usam o oxigênio, cedendo o gás carbônico ao sangue, que retorna, pelas artérias, ao lado
direito do coração (4)”.
O número entre parênteses, ao final da cada período, facilitará a resposta a ser dada. Em relação ao
texto, pode-se afirmar que:
a) todos os períodos são certos.
b) apenas o período (4) é errado.
c) apenas os períodos (2) e (4) são errados.
d) apenas os períodos (1) e (3) são errados.
e) apenas os períodos (1), (2) e (3) são errados.

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Gabarito

1. A
A circulação de aves e mamíferos é fechada, dupla e completa, enquanto em répteis é fechada, dupla e
incompleta, já que há mistura de sangue venoso e arterial.

2. B
O coração dos anfíbios não apresenta divisão ventricular, sendo um ventrículo único, no qual há mistura
de sangue venoso e arterial.

3. D
Peixes têm circulação simples, com o sangue passando apenas uma vez pelo coração para realizar suas
funções. Répteis possuem circulação dupla, com o sangue passando duas vezes pelo coração para
realizar suas funções.

4. A
A circulação dos peixes ocorre em um coração com apenas duas cavidades, por onde passam apenas
sangue venoso, do sentido do corpo para as branquias.

5. D
Espera-se que sua frequência cardíaca e respiratória seja maior que a do mamífero maior, tendo em vista
que o aporte de oxigênio deverá ser maior no mamífero menor.

6. D
A diferença entre as circulações de mamíferos e aves está em pequenos detalhes, como a curvatura das
aortas, já que ambos apresentam coração tetracavitário, circulação dupla, fechada e completa.

7. B
Insetos, como o gafanhoto, apresentam circulação aberta e sistema respiratório traqueal. Já mexilhões,
que são moluscos aquáticos, respiram por brânquias, e também possuem sistema circulatório aberto.

8. B
Peixes e as larvas de anfíbios possuem circulação simples e venosa, pois possuem um coração
constituído de um átrio e de um ventrículo, onde só passa sangue venoso.

9. E
O coração 3 possui apenas 3 cavidades (equivalente aos anfíbios) e há mistura completa do sangue no
ventrículo. O coração 1 apresenta o início da separação do ventrículo (como alguns répteis), sendo a
mistura de sangue mais reduzida. Por fim, o coração 2 possui cavidades completamente separadas
(como aves e mamíferos).

10. C
As paredes dos átrios são espessas e o sangue retorna dos tecidos para o coração através das veias.

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Animalia: cordados
Resumo

Os cordados são animais deuterostômios, triblásticos e celomados, com simetria bilateral, segmentação no
período embrionário e sistema digestório completo. O que define um representante do filo Chordata é
presença, em alguma etapa da vida, de notocorda, fendas branquiais e tubo nervoso dorsal, além de uma
cauda.
A notocorda pode permanecer em alguns indivíduos, mas é substituída nos vertebrados pela coluna
vertebral. Importante lembrar que a notocorda não forma o sistema nervoso. Sua função é orientar o eixo do
embrião e ajudar na sustentação dos organismos. No desenvolvimento embrionário, além da notocorda, os
cordados apresentam um sistema nervoso dorsal, fendas branquiais e cauda. Nós, seres humanos,
pertencemos ao filo dos cordados.
É dividido em 3 subfilos: Urocordados, Cefalocordados e Vertebrados, também chamados de Craniados. Os
urocordados e os cefalocordados são chamados de protocordados, de ambiente aquático marinho. Os
craniados englobam as feiticeiras e os vertebrados.

Filogenia simplificada, mostrando as relações entre os grupos de cordados e as principais características dos grupos.

Urochordata
Urocordados não possuem uma coluna vertebral, mas ainda são dotados de notocorda durante a fase larval.
Em sua maioria, são seres vivos sésseis, e recobertos por uma túnica de tunicina, uma molécula semelhante
a celulose. São seres filtradores, e apresentam sistemas bem simples. Podem ser tanto assexuados quanto
sexuados, com reprodução por brotamento nos assexuados.

Exemplo de uma colônia de ascídias e um esquema de sua anatomia interna.

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Cephalochordata
São cordados marinhos e pequenos, que vivem soterrados no substrato. Sua notocorda é permanente e
apresenta um tubo neural dorsal. Sua boca é envolta por estruturas que impedem a passagem de partículas
demasiado grandes, e grande parte de sua digestão ocorre no meio intracelular. São valiosos no estudo da
embriologia, tendo em vista que seu desenvolvimento embrionário inicial é comparável ao dos seres
humanos.

Foto de um anfioxo e um esquema de sua anatomia interna.

Vertebrata
Vertebrados são um grupo de seres vivos extremamente diverso. Compreendem os agnatos, peixes
(cartilaginosos, como os chondrichthyes, e ósseos, como os osteichthyes), anfíbios, mamíferos, répteis e
aves. São caracterizados pela presença de uma coluna vertebral e de um crânio, capaz de proteger o cérebro.

Filogenia de Vertebrados com as principais características evolutivas.

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Agnatha
Agnatos são vertebrados desprovidos de mandíbulas. Essa Classe compreende lampreias e peixes-bruxa.
Em geral, estes seres não apresentam nadadeiras peitorais, e seu esqueleto é cartilaginoso, não havendo
calcificação. Apresentam uma única narina e olho diferenciado. No caso das lampreias, sua alimentação se
dá por parasitismo externo, ou seja, elas se prendem a peixes por sua boca repleta de dentículos e se
alimentam do sangue. Apresentam fendas branquiais.

Ilustração de uma lampreia, representante dos Agnatha.

Chondrichthyes
Esse grupo inclui os peixes cartilaginosos, como tubarões e raias. São peixes geralmente oceânicos, dotados
de escamas que recobrem sua pele e de um esqueleto totalmente formado por cartilagem, com suas fendas
branquiais laterais sem proteção. É interessante ressaltar que esses animais habitam ambientes marinhos,
e que por estarem sempre em meio hipersalino, precisam de mecanismos para garantir sua osmorregulação
(controle do equilíbrio da concentração de sais e água). Para isso, contam com o armazenamento de
excretas (ureia, ao contrário da maioria dos animais aquáticos, que excretam amônia) como forma de não
perder água para o meio, através da manipulação de concentração de sais no meio intra e extracorpóreo.
Não apresentam bexiga natatória como os peixes ósseos (Osteichthyes), portanto contam com o fígado
gorduroso para manter flutuabilidade.

O tubarão é um exemplo de condricte, e podemos observar, logo acima da barbatana, as fendas branqiuais expostas.

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Osteichthyes
Os peixes ósseos (Osteichthyes) são peixes que apresentam esqueletos ósseos. É a vasta maioria dos
peixes, representando a maior biodiversidade dentre os vertebrados. É importante saber que esses animais
apresentam arcos branquiais (responsáveis por sua respiração) protegidos por um opérculo, esqueleto
predominantemente ósseo, excreção de amônia e uma bexiga natatória que os confere flutuabilidade. Peixes
que habitam ambientes de água doce e peixes que habitam ambientes marinhos apresentam diferentes
formas de osmorregulação, sendo os peixes de água doce obrigados a eliminar grandes quantidades de
urina extremamente diluída e não beberem água (tendo em vista o ganho constante de água pelo meio).
Peixes de água salgada, por outro lado, eliminam sal de seu corpo de maneira ativa através de células
especializadas, e bebem água salgada para evitar perda de água excessiva para o meio.

Peixes ósseos. Repare que não vemos fendas branquiais, pois elas estão recobertas por um opérculo.

Amphibia
São os primeiros representantes do grupo dos Tetrapoda, animais que apresentam quatro membros para
locomoção (dois anteriores e dois posteriores). Nos anfíbios inicia-se a conquista do ambiente terrestre.
Apresenta três principais grupos: os anuros (sapos, pererecas e rãs), as gimnofionas (ou cecílias, são
popularmente chamadas de cobras cega) e as salamandras. Seres vivos deste filo apresentam um pulmão
pouquíssimo eficaz, e precisam realizar respiração cutânea para auxiliar no suprimento de sua demanda
gasosa. Isso significa que sua pele deve estar sempre úmida, e, com isso, não podem se distanciar
totalmente de corpos d’água e aventurar-se em ambientes muito secos. Sua reprodução ainda é totalmente
dependente da água, tendo em vista que a vida dos imaturos é aquática. Sendo assim, a conquista do
ambiente terrestre por parte dos anfíbios é apenas parcial.
Grande parte dos anuros apresenta uma fase juvenil chamada de girino, que vive em água doce, fazem
respiração branquial e eliminam amônia como excreta principal; após sofrerem uma metamorfose, os
anfíbios podem deixar a água e viverem em ambiente terrestre. Sua nova forma adulta permite a excreta de
ureia, composto menos tóxico e menos solúvel, mais adaptado a uma vida terrestre. Há algumas espécies
de salamandras que são totalmente aquáticas, e estas apresentam brânquias durante toda a vida.

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Exemplos de anfíbios: uma gimnofiona (superior esquerda), dois anuros e uma salamandra (inferior direita).

Os grupos que evoluíram após os anfíbios formam o grupo Amniota, onde os animais apresentam o
desenvolvimento de anexos embrionários e outras estruturas que permitem a conquista definitiva do
ambiente terrestre, como espessamento da pele, ovo com casca e modos de excreção.

Répteis
Estes animais apresentam esqueleto completamente ossificado. Seus pulmões são mais eficientes,
permitindo o abandono da respiração cutânea, o que por sua vez permite que a pele destes seja revestida
por fortes escamas impermeáveis, que impedem a perda de água para o meio. A excreção destes animais é
com ácido úrico. Dentre os grupos de répteis, podemos citar os testudines (tartarugas), escamados (lagartos
e serpentes) e os crocodilianos (crocodilos e jacarés).

Os lagartos fazem parte do grupo Lacertilia, dentro dos escamados. Na imagem, podemos ver em destaque as escamas que ajudam a
impermeabilizar o corpo.

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Aves
As aves apresentam endotermia (capacidade de regular a própria temperatura, devido a um alto
metabolismo), presença de penas, membros modificados em asas, bico córneo (sem dentes) e ossos
pneumáticos, muitas delas diretamente relacionadas ao voo. O desenvolvimento das penas auxilia na
aerodinâmica (como as penas das asas) e no equilíbrio (penas da cauda), facilitando o voo do animal. Os
ossos pneumáticos, ocos, dotados de orifícios que permitem passagem de ar, conferem resistência e leveza
ao esqueleto desses seres vivos.

Anatomia interna de uma ave, com destaque para o sistema respiratório, sacos aéreos e suas expansões.

Seus pulmões são dotados de sacos aéreos, que, ao inflarem, diminuem a densidade do animal, permitindo
maior facilidade para o voo. Seu esterno é expandido, formando uma quilha, abrindo espaço para a inserção
de músculos peitorais mais desenvolvidos e capazes de movimentar as asas, apêndices geralmente
adaptados ao voo. A ausência de uma bexiga urinária também auxilia em reduzir o peso das aves, e resulta
em constante eliminação de fezes junto a ácido úrico (excreta nitrogenada das aves).

As aves apresentam uma grande diversidade de formas de bico e cores de penas, muitas vezes havendo diferença de cores entre
machos e fêmeas.

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Mammalia
Mamíferos são seres vivos caracterizados pela presença de glândulas mamárias (que produzem leite para o
filhote), diafragma, pulmão alveolar e presença de pelos em alguma fase de seu desenvolvimento. Assim
como as aves, são endotérmicos. São divididos em três grupos:
• Prototérios (ou monotremados): São mamíferos que colocam ovos, com casca e anexos embrionários,
pois não apresentam placenta. São representados pelos ornitorrincos e equidnas.
• Metatérios (ou marsupiais): São mamíferos com placenta parcialmente desenvolvida, porém ela não
suporta o desenvolvimento embrionário até o final da gestação. Por isso, os animais apresentam uma
bolsa, chamada de marsúpio, onde os filhotes terminam o seu crescimento. São representados pelos
gambás, cangurus e coalas, dentre outros.
• Eutérios (ou placentários): São mamíferos com placenta completa, e todo o desenvolvimento do filhote
ocorre dentro do ventre da mãe. São representados por primatas, ruminantes, baleias e golfinhos,
felinos, dentre vários outros.

Exemplos de mamíferos. A) Echdina, um monotremado ou prototério; B) Um gambá, do grupo dos marsupiais, ou metatérios; C)
Veado, um placentário, ou eutério.

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Exercícios

1. A árvore filogenética abaixo foi construída a partir das informações contidas na tabela que a sucede

Com base nos dados apresentados, é correto afirmar que os números I, II e III, na figura, correspondem,
respectivamente, a
a) mandíbula, pulmões, moela.
b) pulmões, garras ou unhas, pelos e glândulas mamárias.
c) mandíbula, garras ou unhas, escamas queratinosas.
d) pulmões, moela, dentes incisivos com crescimento constante.
e) garras ou unhas, escamas queratinosas, penas.

2. “Até recentemente, o aparecimento das baleias era um dos mistérios mais inexplicáveis enfrentados
pelos biólogos evolucionários. Sem pelos e membros posteriores, e incapazes de ir à terra sequer para
um gole de água fresca, os cetáceos atuais são um desvio dramático da norma dos mamíferos”
(Scientific American Brasil, n.1, 2002, pág. 64.)

A característica marcante que inclui os cetáceos na classe dos mamíferos, apesar de sua aparência
pisciforme, está relacionada ao fato desses animais:
a) respirarem o ar.
b) serem triblásticos.
c) serem celomados.
d) apresentarem circulação fechada.
e) terem reprodução sexuada.

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3. Observe a tira abaixo:

Em relação ao ciclo de vida de um anfíbio, é correto afirmar que


a) a respiração ocorre através da pele somente nos indivíduos do primeiro quadrinho.
b) a respiração é unicamente pulmonar na fase adulta.
c) a ordem de surgimento dos membros posteriores e anteriores, ilustrada na tira, está invertida.
d) os indivíduos do primeiro e do segundo quadrinhos apresentam respiração por brânquias.
e) os indivíduos, na fase adulta, possuem estruturas que mantêm a pele impermeável.

4. Num exercício prático, um estudante analisou um animal vertebrado para descobrir a que grupo
pertencia, usando a seguinte chave de classificação

O estudante concluiu que o animal pertencia ao grupo VI. Esse animal pode ser:
a) um gambá.
b) uma cobra.
c) um tubarão.
d) uma sardinha.
e) um sapo.

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5. As temperaturas corporais de um felino e de uma serpente foram registradas em diferentes condições


de temperatura ambiental. Os resultados estão apresentados na tabela.

Com base nesses resultados, pode-se considerar que


a) a serpente é ectotérmica, pois sua temperatura corporal é variável e independe da temperatura
ambiente.
b) o felino é ectotérmico, pois a variação da temperatura ambiente não interfere na sua temperatura
corporal.
c) a serpente e o felino podem ser considerados ectotérmicos, pois na temperatura ambiente de 10°C
apresentam as menores temperaturas corporais.
d) o felino é endotérmico, pois sua temperatura corporal é pouco variável e independe da temperatura
ambiente.
e) a serpente é endotérmica, pois a variação de sua temperatura corporal acompanha a variação da
temperatura ambiente.

6. Em 1861 foi anunciada a existência de um fóssil denominado Arqueopterix, que revolucionou o debate
acerca da evolução dos animais. Tratava-se de um dinossauro que possuía penas em seu corpo. A
partir dessa descoberta, a árvore filogenética dos animais acabou sofrendo transformações quanto
ao ancestral direto das aves. Nessa nova árvore filogenética, de qual grupo as aves se originaram?.
a) Peixes ósseos.
b) Répteis.
c) Mamíferos.
d) Peixes cartilaginosos.
e) Anfíbios

7. A maior parte dos mamíferos -especialmente os grandes - não pode viver sem água doce. Para os
mamíferos marinhos, água doce e ainda mais difícil de ser obtida. Focas e leões-marinhos captam
água dos peixes que consomem e alguns comem neve para obtê-la. Os peixes-boi procuram
regularmente água doce nos rios. As baleias e outros cetáceos obtêm água de seu alimento e de
goladas de água do mar. Para tanto, os cetáceos desenvolveram um sistema capaz de lidar com o
excesso de sal associado à ingestão de água marinha.
WONG, K. Os mamíferos que conquistaram os oceanos. In: Scientific American Brasil. Edição Especial N°5: Dinossauros e
Outros Monstros. (adaptado).
A grande quantidade de sal na água do mar
a) torna impossível a vida de animais vertebrados nos oceanos.
b) faz com que a diversidade biológica no ambiente marinho seja muito reduzida.
c) faz com que apenas os mamíferos adaptados a ingestão direta de água salgada possam viver nos
oceanos.
d) faz com que seja inapropriado seu consumo direto como fonte de água doce por mamíferos
marinhos, por exemplo, as baleias.
e) exige de mamíferos que habitam o ambiente marinho adaptações fisiológicas, morfológicas ou
comportamentais que lhes permitam obter água doce.

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8. Com relação aos animais do grupo Chordata, além da presença de notocorda e da cauda propulsora,
quais dos caracteres abaixo os distinguem de outros grupos de animais?
a) Fendas faringeanas e tubo nervoso dorsal.
b) Respiração pulmonar ou branquial e sistema circulatório com coração.
c) Celoma derivado do arquêntero e clivagem radial indeterminada.
d) Sistema bilateral e triblásticos.
e) Enterocelomados e corpo metamerizado.

9. O filo dos cordados compreende três subfilos: urocordados, cefalocordados e vertebrados. Os dois
primeiros são, costumeiramente, agrupados sob designação de protocordados. A notocorda existe:
a) somente na fase embrionária dos vertebrados e durante toda a vida dos protocordados;
b) na fase adulta dos vertebrados e na vida embrionária dos protocordados;
c) nos embriões de todos os cordados e no estágio adulto de apenas alguns protocordados;
d) durante toda a vida dos cordados;
e) somente na fase embrionária.

10. Uma evolução importante dos répteis em relação aos anfíbios, na conquista do habitat terrestre, é o
fato dos répteis possuírem:
a) respiração pulmonar;
b) coração dividido em quatro cavidades imperfeitas;
c) ovos com casca mole e com pouco vitelo;
d) queratinização da camada superficial da epiderme
e) fecundação interna e desenvolvimento interno do ovo.

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Gabarito

1. C
I indica presença de mandíbula, presente em todos os vertebrados exceto nas lampreias; II indica
garras/unhas, presente apenas nos representantes de amniota; III indica escamas queratinosas,
presentes apenas em répteis e aves.

2. A
Baleias são mamíferos, e todos os mamíferos respiram ar atmosférico através de pulmões alveolares,
ao contrário dos peixes, que respiram oxigênio dissolvido na água por meio de brânquias.

3. D
Os girinos, fase larval dos anfíbios anuros, apresentam respiração branquial, enquanto os adultos
apresentam tanto respiração pulmonar quanto cutânea indireta.

4. B
O animal, segundo o cladograma, apresenta ausencia de pelos, ausencia de penas, presença de
mandíbulas, ausencia de nadadeiras pares e presença de escamas córneas. Isso caracteriza um réptil,
e, dentre os animais descritos, o único réptil é a cobra.

5. D
A variação de temperatura no corpo do felino é mínima e não depende do ambiente, ao contrário da
serpente, logo, o felino é endotérmico e a serpente é ectotérmica.

6. B
Com base na ordem evolutiva: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos e sabendo que os dinossauros
são répteis, observa-se que as aves se originaram dos répteis. Lembrando que aves possuem penas.

7. E
Apenas mamíferos bem adaptados a esse ambiente e com capacidade de obter água doce através de
algum mecanismo estarão aptos a habitar água salgada.

8. A
As fendas faringeanas e o tubo nervoso dorsal são algumas das principais características dos
cordados. Apesar de alguns seres não apresentarem as fendas faringeanas, esta estrutura estará
presente em pelo menos uma fase do desenvolvimento embrionário.

9. C
A notocorda presente nos cordados estará presente pelo menos no desenvolviemnto embrionário de
alguns seres. Nos vertebrados, a notocorda é substituída pela coluna vertebral.

10. D
A queratinização da camada superficial da epiderme permite uma proteção contra a dessecação,
ajudando na conquista do ambiente terrestre.

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Biologia

Circulação humana

Resumo

Através do sistema circulatório há o transporte de oxigênio, hormônios e de nutrientes pelo corpo, bem
como a eliminação de resíduos tóxicos.
Nos seres humanos, a circulação é fechada, dupla e completa, e o órgão central deste processo é o coração.
A circulação humana envolve:
• sistema fechado: o sangue permanece dentro dos vasos sanguíneo;
• órgão central é o coração: musculo que movimenta o sangue e possui 4 cavidades (2 átrios e 2
ventrículos);
• circulação dupla: o sangue passa duas vezes pelo coração até ser enviado para o corpo todo;
• vasos sanguíneos: veias (trazem sangue para o coração), artérias (levam o sague do coração para o
corpo), arteríolas;
• circulação completa: em condições normais (sem patologias) o sangue venoso não se mistura ao
sangue oxigenado;
• circulação pulmonar ou pequena circulação: coração-pulmão;
• circulação sistêmica ou grande circulação: coração-corpo;
• as trocas ocorrem nos capilares.

Imagem representando o coração, suas cavidades e seus componentes.

A circulação humana ocorre em um coração com quatro cavidades. A circulação é separada em duas
fases:
• Circulação sistêmica ou grande circulação: Percorre do ventrículo esquerdo até o átrio direito;
nessa circulação, o sangue oxigenado fornece gás oxigênio aos diversos tecidos do corpo, além
de trazer ao coração o sangue não oxigenado dos tecidos.

1
Biologia

• Circulação pulmonar ou pequena circulação: Percorre do ventrículo direito até o átrio esquerdo.
Nessa circulação, o sangue passa pelos pulmões, onde é oxigenado.

Imagem representando a pequena e a grande circulação.

O coração humano possui válvulas importantes: a tricúspede (lado direito) e a bicúspede (lado esquerdo).
Estas válvulas abrem-se em direção aos ventrículos durante a contração dos átrios e, em seguida, fecham-
se, impedindo o refluxo do sangue.
O coração humano é dividido em quatro cavidades: Dois átrios e dois ventrículos, esquerdos e direitos.
O sangue venoso chega ao coração pelas veias cavas, indo para o átrio direito. Do átrio direito, o sangue é
bombeado ao ventrículo direito, que manda o sangue para os pulmões pelas artérias pulmonares, onde o
sangue venoso será oxigenado, tornando-se arterial, através do processo da hematose.
O sangue, agora arterial, volta ao coração através das veias pulmonares, chegando ao átrio esquerdo, passa
ao ventrículo esquerdo, e deixa o coração pela artéria aorta, que distribuirá o sangue pelo corpo,
completando o ciclo.
Entre o átrio direito e o ventrículo direito há a válvula tricúspide, que impede o refluxo de sangue durante a
contração do ventrículo. Entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, há a válvula mitral, ou bicúspide. Os
movimentos cardíacos são conhecidos como sístole e diástole.
A contração é chamada sístole, enquanto o relaxamento é chamado diástole.
Para manter o ritmo cardíaco, enquanto os átrios estão em sístole, os ventrículos estão em diástole, e vice-
versa.

2
Biologia

Imagem ilustrando o ciclo cardíaco.

Os principais vasos sanguíneos são as veias, as artérias e os capilares. As artérias são aquelas que
saem do coração, levando sangue aos tecidos ou aos pulmões, e não aquelas que carregam sangue
oxigenado, como se acreditava antes. Suas paredes vasculares são fortes, pois o sangue passa por
elas com alta pressão.
As veias conduzem sangue para (chegam) o coração, vindo dos tecidos ou dos pulmões, não
necessariamente carregando apenas sangue venoso (pobre em oxigênio). Como a pressão é menor,
não apresentam paredes tão espessas quanto as artérias. Válvulas auxiliam no percurso do sangue
ao coração, impedindo o refluxo de sangue na direção contrária devido a gravidade ou outras forças.
Os capilares são canais extremamente finos, e permeiam substâncias entre a corrente sanguínea e as
células.

3
Biologia

Exercícios

1. Sabemos que o sangue é composto por uma porção líquida, o plasma, e algumas células e
fragmentos celulares. Esse sangue circula sempre dentro dos vasos sanguíneos, caracterizando um
sistema circulatório fechado. A respeito dos vasos sanguíneos, marque a alternativa incorreta:
a) As artérias levam o sangue do coração para outras partes do corpo.
b) Os vasos sanguíneos de diâmetro microscópio são chamados de capilares sanguíneos.
c) As veias são vasos sanguíneos responsáveis por levar o sangue de diversas partes do corpo
para o coração.
d) As artérias apresentam parede relativamente fina quando comparadas à das veias.
e) As paredes das artérias e veias são constituídas por três camadas de tecidos, denominadas
túnicas.

2. A função do nódulo sinoatrial no coração humano é:


a) regular a circulação coronariana.
b) controlar a abertura e o fechamento da válvula tricúspide.
c) funcionar como marca-passo, controlando a ritmicidade cardíaca.
d) controlar a abertura e o fechamento da válvula mitral.
e) controlar a pressão diastólica da aorta.

3. A imagem representa uma ilustração retirada do livro De Motu Cordis, de autoria do médico inglês
Willian Harvey, que fez importantes contribuições para o entendimento do processo de circulação do
sangue no corpo humano. No experimento ilustrado, Harvey, após aplicar um torniquete (A) no braço
de um voluntário e esperar alguns vasos incharem, pressionava-os em um ponto (H). Mantendo o
ponto pressionado, deslocava o conteúdo de sangue em direção ao cotovelo, percebendo que um
trecho do vaso sanguíneo permanecia vazio após esse processo (H - O).

A demonstração de Harvey permite estabelecer a relação entre circulação sanguínea e


a) pressão arterial.
b) válvulas venosas.
c) circulação linfática.
d) contração cardíaca.
e) transporte de gases.

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Biologia

4. A Circulação sanguínea que se estabelece entre o CORAÇÃO -> PULMÕES -> CORAÇÃO, mais
precisamente entre o ventrículo direito e o átrio esquerdo, tem a função de:
a) Promover a condução apenas do sangue arterial.
b) Promover a oxigenação do sangue, direcionando-o para todo o corpo.
c) Promover a oxigenação dos pulmões e do próprio coração.
d) Promover a oxigenação dos tecidos intermitentes.
e) Promover a condução apenas do sangue venoso.

5. No sistema circulatório humano,


a) a veia cava superior transporta sangue pobre em oxigênio,coletado da cabeça, dos braços e da
parte superior dotronco, e chega ao átrio esquerdo do coração.
b) a veia cava inferior transporta sangue pobre em oxigênio,coletado da parte inferior do tronco e
dos membrosinferiores, e chega ao átrio direito do coração.
c) a artéria pulmonar transporta sangue rico em oxigênio, docoração até os pulmões.
d) as veias pulmonares transportam sangue rico em oxigênio,dos pulmões até o átrio direito do
coração.
e) a artéria aorta transporta sangue rico em oxigênio para ocorpo, por meio da circulação sistêmica,
e sai do ventrículodireito do coração.

6. Se pudéssemos marcar uma única hemácia do sangue de uma pessoa, quando de sua passagem por
um capilar sanguíneo do pé, e seguir seu trajeto pelo corpo a partir dali, detectaríamos sua passagem,
sucessivamente, pelo interior de:
a) artérias -> veias -> coração -> artérias -> pulmão -> veias -> capilares.
b) artérias -> coração -> veias -> pulmão -> veias -> coração -> artérias -> capilares.
c) veias -> artérias -> coração -> veias -> pulmão -> artérias -> capilares.
d) veias -> pulmão -> artérias -> coração -> veias -> pulmão -> artérias -> capilares.
e) veias -> coração -> artérias -> pulmão -> veias -> coração -> artérias -> capilares.

7. O coração humano apresenta uma série de peculiaridades para que a circulação sanguínea se dê de
forma eficiente.
Assinale a opção que apresenta a afirmativa correta em relação a estas características.
a) A musculatura mais espessa do ventrículo esquerdo é necessária para aumentar a pressão do
sangue venoso.
b) O sangue oxigenado nos pulmões entra no coração pela veia pulmonar, e o sangue rico em gás
carbônico entra nos pulmões pela artéria pulmonar.
c) As válvulas do coração têm por função permitir o refluxo do sangue para a cavidade anterior
durante o processo de diástole.
d) As paredes internas do coração permitem uma certa taxa de difusão de gases, o que faz com que
esse órgão seja oxigenado durante a passagem do sangue por ele.
e) A separação das cavidades do coração impede o maior controle do volume sanguíneo.

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Biologia

8. Considerando a trajetória do sangue e o transporte de substâncias através do sistema circulatório,


espera-se atuação mais rápida de um medicamento no cérebro se
a) inalado pelos pulmões
b) injetado numa veia do braço
c) ingerido sob forma líquida ou como comprimido
d) injetado diretamente numa veia acima da linha dos ombros.

9. A configuração anatômica do sistema circulatório humano apresenta, por analogia com os circuitos
elétricos, estruturas posicionadas em série e em paralelo, o que permite a identificação de
resistências vasculares contrárias ao fluxo sanguíneo. A figura mostra como algumas estruturas
estão associadas no sistema circulatório humano.

Assim como na associação entre resistores de um circuito elétrico, no sistema circulatório humano
há aumento da resistência ao fluxo sanguíneo na associação de estruturas em que ocorre
a) filtração do sangue e absorção de nutrientes.
b) produção da bile e reabsorção de água.
c) produção da bile e controle da temperatura.
d) absorção de nutrientes e controle da temperatura.
e) Filtração do sangue e reabsorção de água.

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Biologia

10. Analisando a figura do sistema circulatório do homem, podemos afirmar que

a) cada ciclo cardíaco é iniciado em I pela geração espontânea de um potencial de ação, que se
propaga diretamente para II, promovendo sua contração.
b) o fato de a sístole em II ocorrer primeiro é importante, pois possibilita a IV maior enchimento de
sangue antes de bombeá-lo para a circulação sistêmica.
c) quando II e IV se encontram em diástole, as artérias relaxam, mantendo assim uma pressão
adequada para que o sangue continue circulando até a próxima sístole.
d) ao final da sístole, após o fechamento de V, a pressão em VI cai lentamente durante toda a
diástole.
e) a estimulação parassimpática é responsável pelo aumento das contrações em III, aumentando
também o volume e a pressão de bombeamento do sangue.

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Biologia

Gabarito

1. D
As paredes das artérias são muito mais espessas que as paredes das veias.

2. C
As células do nódulo sinoatrial funcionam como marca-passo, gerando contrações e controlando o ritmo
cardíaco.

3. B
O experimento de Harvey comprovou a existência de estruturas das válvulas venosas. Essas estão
presentes nas veias e nos vasos linfáticos e são responsáveis de impedir retorno do sangue venoso para
o sentido contrário do fluxo, por isso, quando ele empurrou o sangue do ponto H para o O, o sangue não
retornou e preencheu novamente o vazo.

4. B
O sangue sai do ventrículo direito pelas artérias pulmonares, ocorre a hematose, e volta ao coração no
átrio esquerdo pelas veias pulmonares, já oxigenado, pronto para ser direcionado ao corpo.

5. B
A veia cava inferior carrega sangue venenoso (pobre em O2) dis membros inferiores e tronco (parte
inferior) até o coração, mais especificamente, até chegar ao átrio direito.

6. E
Essa hemácia corre para as veias, indo para a veia cava, chegando ao coração, indo para as artérias
pulmonares, pulmão, veias pulmonares, coração, artéria aorta, capilares.

7. B
Há passagem de sangue venoso pelas artérias pulmonares e passagem de sangue arterial pelas veias
pulmonares, após a hematose.

8. A
Se inalada, a substância entra no sangue pelos alvéolos, misturando-se ao sangue arterial, que segue ao
coração para ser distribuído ao corpo (incluindo o cérebro) pela artéria aorta. É o caminho mais curto
dentre os descritos.

9. E
O aumento da resistência ao fluxo sanguíeno ocorre entre as estruturas associadas em série: glomérulo
(filtração sanguínea) e túbulos renais (porção do rim onde ocorre a reabsorção de água do sangue para o
organismo).

10. D
Durante a sístole (contração) a válvula em V se abre, e após a sístole ela se fecha. Durante a diástole, a
válvula está fechada, e a pressão em VI vai diminuindo.

8
Biologia

Criptógamas: briófitas e pteridófitas

Resumo

As briófitas e pteridófitas fazem parte das plantas criptógamas. Esse nome é dado por não terem seus
órgãos sexuais aparentes.

Briófitas

(Disponível em: https://bityli.com/r1JrI)

Conhecidas como “musgos” ou “hepáticas“, são pequenas plantas de ambiente úmido, totalmente
dependentes da água para a reprodução (deslocamento do anterozoide flagelado até a oosfera).
As briófitas não possuem vasos de condução, assim, as substâncias são transportadas célula a célula,
limitando o seu tamanho.
As briófitas não possuem órgãos verdadeiros. Fixam-se ao solo por meio de rizoides, que absorvem a água
e os sais minerais. Além disso, possuem uma haste
denominada cauloide que sustenta o vegetal, sem vasos
condutores. Por fim, suas "folhas" denominam-se filoides

Reprodução
A reprodução se divide em uma fase assexuada e outra
sexuada, conhecido como ciclo haplodiplobionte com
metagênese, sendo que a fase predominante é a gametofítica.
Os gametas masculinos são flagelados e conhecidos como
Anterozoides, enquanto o feminino é chamado de oosfera.
Segue abaixo o ciclo das briófitas.
(Disponível em: https://bityli.com/JwtUV)

1
Biologia

(Disponível em: https://bityli.com/qd4fl)

Pteridófitas
São os primeiros vegetais a apresentarem vasos de condução. Portanto, conseguem atingir um tamanho
maior e já possuem órgãos verdadeiros como raiz, caule e folhas. No entanto, apesar de terem o esporófito
como fase dominante, ainda dependem de água para a reprodução. Os maiores exemplos desse grupo são
as samambaias e as avencas.
Apresentando também o ciclo haplodiplobionte com metagênese, a fase predominante nas pteridófitas é a
esporofítica, sendo o esporófito a forma clássica das samambaias.

(Disponível em: https://bityli.com/SFtk3)

Na época da produção de esporos, são observadas estruturas abaixo das folhas das pteridófitas, os quais
são denominados soros.
Após o amadurecimento dos esporos, se soltam e caem em solo úmido. A partir deles, formam os prótalos,
produtores de gametas (anterozoides e as oosferas) (fase gametofítica). A água é fundamental para o
alcance da oosfera pelos anterozoides e essa fusão originará um novo esporófito.

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Biologia

Exercícios

1. Alguns mutantes de tomate ajudam a entender como as plantas resistem à seca e percebem a luz.
Quando há sol, é preciso avisar ao organismo que é hora de produzir clorofila para a fotossíntese. Os
responsáveis por essa visão vegetal são pigmentos chamados fitocromos. Um mutante com
deficiência de fitocromo percebe mal a luz, e mesmo que esteja em pleno sol fica amarelado e com
ramos compridos, como se faltasse luminosidade.
(Adaptado de Pesquisa FAPESP. Maio 2007. n. 135. p. 53-54)
Num terreno úmido situado ao lado de uma plantação de tomate cresceram musgos e samambaias.
Considerando-se os ciclos de vida desses dois tipos de vegetais, pode-se afirmar corretamente que
a) os esporos do musgo e da samambaia são transportados por correntes de ar, germinando
somente se caírem no solo seco.
b) o esporófito do musgo, bem como o da samambaia, é capaz de realizar fotossíntese e de
absorver nutrientes do solo.
c) o gametófito do musgo e o da samambaia têm tamanho muito pequeno e dão origem a um
esporófito grande e rico em clorofila.
d) a fecundação do musgo necessita de água para o encontro dos gametas, ao passo que na
samambaia o encontro entre os gametas ocorre por meio de correntes de ar.
e) o esporófito do musgo é nutrido pelo gametófito, enquanto, na samambaia, o esporófito realiza
fotossíntese e absorve nutrientes do solo.

2. Leia o texto abaixo.


"Musgo renasce 1.500 anos depois de ficar congelado na Antártica. Pesquisa descreveu pela 1ª vez
espécie que sobreviveu por longo tempo.
Um musgo na Antártica renasceu após passar mais de 1.500 anos sob uma camada de gelo, um
recorde que marca o maior ciclo vital de qualquer planta conhecida, revelou um estudo feito por
cientistas britânicos e divulgado esta semana nos Estados Unidos.
Os cientistas capturaram amostras das profundezas de um banco de musgos congelados na
Antártica. Eles cortaram os núcleos destas plantas e os colocaram em uma incubadora, a
temperaturas e níveis de luz que estimulariam seu crescimento em condições normais.
Depois de algumas semanas, o musgo começou a crescer.”
(Disponível em: https://bityli.com/P9qW7)
Sobre os musgos é correto afirmar que:
a) pertencem ao grupo das pteridófitas, são plantas de grande porte e sua reprodução sexuada não
depende de água para levar o gameta masculino ao encontro do gameta feminino.
b) pertencem ao grupo das pteridófitas, são plantas de pequeno porte e sua reprodução sexuada
depende de água para levar o gameta feminino ao encontro do gameta masculino.
c) pertencem ao grupo das gimnospermas, são plantas de grande porte e sua reprodução sexuada
não depende de água para levar o gameta masculino ao encontro do gameta feminino.
d) pertencem ao grupo das briófitas, são plantas de pequeno porte e sua reprodução sexuada
depende de água para levar o gameta masculino ao encontro do gameta feminino.
e) pertencem ao grupo das briófitas, são plantas de grande porte e sua reprodução sexuada não
depende de água para levar o gameta feminino ao encontro do gameta masculino.

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Biologia

3. Em uma região de mata, um dos efeitos causados pela redução da quantidade de chuva é o prejuízo à
reprodução dos vegetais. O grupo vegetal cuja reprodução é mais prejudicada pela redução da
quantidade de chuva é o das
a) fanerógamas.
b) angiospermas.
c) monocotiledôneas.
d) briófitas.
e) gimnospermas

4. Este trabalho diz respeito ao primeiro registro de fósseis na Bacia de São Paulo, bem como à primeira
ocorrência de restos bem preservados do grupo no Brasil. Isotachis simonesii é uma nova espécie,
que, proposta com base em gametófitos carbonificados, vivia em um paleoambiente úmido.
(Revista do Instituto Geológico, v. 23, 2002, p. 19-22. Adaptado.)
Se a espécie referida no fragmento anterior apresenta, ainda, como característica o protalo como fase
duradoura, infere-se que ela pertence à categoria taxonômica denominada
a) briófita.
b) pteridófita.
c) gimnosperma.
d) angiosperma.
e) Monocotiledônea.

5. Um organismo multicelular, fotossintetizante, que possui sistema vascular e não possui frutos ou
sementes é uma
a) alga.
b) briófita.
c) pteridófita.
d) gimnosperma.
e) angiosperma.

6. Pesquisadores da Unemat e da UnB têm investigado a diversidade das briófitas do cerrado mato-
grossense. Algumas espécies ainda desconhecidas pela comunidade científica estão em processo de
descrição.
Sobre as briófitas, marque a alternativa correta:
a) Se os pesquisadores fizessem o cariótipo das briófitas coletadas, as células seriam diploides
(2n) na parte superior (esporófitos) e haploides (n) na parte inferior (gametófitos) e nos esporos.
b) Os pesquisadores encontraram muitas briófitas no cerrado desmatado, já que briófitas são
organismos pioneiros comuns na sucessão ecológica, graças à sua tolerância a ambientes
secos e ensolarados.
c) Os pesquisadores precisaram usar técnicas de escalada para subir nas briófitas e coletá-las,
porque esse grupo de vegetais alcança alturas consideráveis por possuírem xilema, floema e
tecido de sustentação com lignina.

4
Biologia

d) Os pesquisadores sempre coletaram as flores das briófitas, já que a forma e a composição


dessa estrutura são importantes para identificar e diferenciar as espécies de briófitas entre si.
e) Os pesquisadores diriam, com razão, que a maior biomassa vegetal do cerrado é composta por
briófitas, ou seja, se retirássemos a vegetação do cerrado e pesássemos cada grupo, o grupo
com o maior peso seria o das briófitas.

7. Leia o texto seguinte,


“Em uma trilha dentro da Mata Atlântica, no Parque Estadual de Murici, próximo a um riacho, entre
rochas, observou-se uma planta pequena, delicada, com um rizoma crescendo sobre uma rocha
úmida, com folhas simples de filotaxia alterna tendo na superfície abaxial esporângios organizados
em soros e a folha nova com venação circinada.”
refere-se a qual grupo de organismos?
a) Fungos.
b) Briófitas.
c) Pteridófitas.
d) Gimnospermas.
e) Angiospermas.

8. São plantas que se caracterizam por apresentar grandes folhas, geralmente pinadas, chamadas
frondes. O esporófito é a geração dominante, mas o gametófito é independente. O anterozoide é
flagelado e os esporângios formam-se, caracteristicamente, na face inferior das folhas. Assinale a
alternativa que contém os vegetais aos quais o texto se refere.
a) Cavalinhas
b) Briófitas
c) Samambaias
d) Selaginelas

9. São vegetais que apresentam estruturas chamadas rizoides, as quais, servindo à fixação, também se
relacionam à condução de água e dos sais mineiras para o corpo da planta. Apresentam sempre
pequeno porte, em decorrência da falta de um sistema vascular. Nenhum dos seus representantes é
encontrado no meio marinho.
O texto acima se aplica a um estudo:
a) das pteridpófitas.
b) dos mixofitos.
c) das briófitas.
d) das clorofitas.
e) das gimnospermas.

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Biologia

10. Atualmente, encontram-se catalogadas mais de 320 mil espécies de plantas, algumas de estruturas
relativamente simples, como os musgos, e outras de organizações corporais complexas, como as
árvores. Assim sendo, a alternativa que melhor explica a classificação dos vegetais é:
a) Gimnospermas: plantas avasculares, com raízes, caule, folhas, flores e frutos, cujas sementes
estão protegidas dentro desses frutos. Ex.: arroz.
b) Briófitas: plantas de pequeno porte, vasculares, sem corpo vegetativo. Ex.: algas cianofíceas.
c) Angiospermas: plantas cujas sementes não se encontram no interior dos frutos. Ex.: pinheiros.
d) Gimnospermas: plantas avasculares; possuem somente raízes, caule, plantas de pequeno porte.
Ex.: musgo.
e) Pteridófitas: plantas vasculares, sem flores; apresentam raízes, caule e folhas; possuem maior
porte do que as briófitas. Ex.: samambaias.

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Biologia

Gabarito

1. E
Nas briófitas, o esporófito é dependente do gametófito, enquanto nas pteridófitas, o esporófito é
independente do gametófito, sendo a fase dominante.

2. D
As briófitas são plantas de pequeno porte, pois não possuem vasos condutores de seiva e a fase
dominante no ciclo reprodutivo é gametofítica, tendo a dependência da água para reprodução com
gametas flagelados.

3. D
Briófitas são o grupo vegetal cuja reprodução é mais prejudicada pela falta de água, já que são os
vegetais mais dependentes.

4. A
Protalo é sinônimo de gametófito, e a planta cujo protalo é a fase duradoura, a questão refere-se a
briófitas.

5. C
As pteridófitas são vasculares (traqueófitas), porém não possuem sementes e frutos.

6. A
O esporófito é 2n, e sofre meiose para originar os esporos (n), que dão origem aos gametófitos, também
n.

7. C
As pteridófitas possuem órgãos verdadeiros (raiz, caule e folhas) e os soros como estrutura reprodutiva.

8. C
Formação de esporófitos na parte inferior da folha e anterozoide flagelado indicam que é uma pteridófita,
como samambaias.

9. C
Briófitas são plantas avasculares e sem órgaõs verdadeiros, apresentando rizoides, ao invés de raízes,
por exemplo.

10. E
As Pteridófitas são plantas vasculares (traqueófitas) com órgãos verdadeiros (raízes, caule e folhas),
permitindo assim maior porte do que as briófitas.

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Biologia

Excreção comparada e humana

Resumo

Excreção é o mecanismo de eliminação das excretas, restos do metabolismo celular, de modo que essas
excretas não acumulem no organismo e causem possíveis estragos. Entre as excretas, podem-se destacar
as excretas nitrogenadas, oriundas do metabolismo dos aminoácidos. A metabolização destes aminoácidos
gera amônia, que em alguns animais será convertida em outros compostos. As excretas nitrogenadas são
as principais excretas do organismo.
Ao contrário do que se pensa, fezes não são excretas, e sim restos da digestão fisiológica. No corpo humano,
um exemplo mais correto de excreta seria a ureia, contida na urina.
Entre as excretas nitrogenadas, destacam-se a amônia, a ureia e o ácido úrico.
• Amônia: Altamente tóxica, altamente solúvel, adotada por animais que habitam ambientes aquáticos,
como equinodermos, moluscos, larvas de anfíbios, peixes ósseos, crustáceos e cnidários.
• Ureia: Toxicidade média, solubilidade média, adotada por alguns animais terrestres, como minhocas,
mamíferos e anfíbios adultos, e também é adotada por peixes cartilaginosos, influenciando na sua
osmorregulação.
• Ácido Úrico: baixa toxicidade, baixa solubilidade, excreta mais adaptada ao meio terrestre, devido ao
baixo gasto de água em sua eliminação, ideal para animais ovíparos, adotada por aves, répteis e insetos.
A conversão da amônia nestes compostos ocorre no fígado. Mamíferos adotam a ureia como excreta
nitrogenada para economizar água (já que a amônia é tóxica demais e gasta um excesso de água em sua
eliminação) e devido a sua solubilidade maior que o ácido úrico, já que há trocas entre o organismo do feto
e o organismo da mãe, sendo as excretas do feto eliminadas pelo corpo da mãe, e a pouca solubilidade do
ácido úrico tornaria isso inviável.

Protrozoários
Protozoários de água doce fazem uso de um vacúolo pulsátil para realizar sua osmorregulação, já que são
hipertônicos com relação ao meio. Isso faz com que a água adentre a célula por osmose, e esse processo
poderia, com o tempo, levar ao rompimento da célula (plasmoptise). No entanto, o vacúolo pulsátil permite
a expulsão de água e excretas do meio intracelular, impedindo que a água se acumule em excesso e destrua
a célula.

Platelmintos
Planárias apresentam protonefrídeas, também conhecidas como
células-flama, que são células ciliadas ligadas a dutos. Por difusão,
excretas e substâncias úteis, como sais minerais, caem nestes
dutos junto a água, que chega lá por osmose. As células-flama
então expulsam da célula todos os compostos que caem naqueles
dutos, desempenhando então papel de osmorregulação e de
excreção, ainda que de maneira pouco eficiente.

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Biologia

Anelídeos e Moluscos
Em anelídeos e moluscos, há o surgimento de metanefrídeas. As metanefrídeas apresentam uma
extremidade ciliada que puxa tanto excretas quanto água quanto substâncias úteis do celoma do animal. No
entanto, o duto condutor destas nefrídeas é contorcido, aumentando a superfície de contato e permitindo
assim a reabsorção de substâncias úteis, como sais, glicose e água. Sendo assim, somente excretas e
substâncias em excesso são eliminadas pelo nefridióporo, a extremidade que leva ao meio extracorpóreo.

Artrópodes

Em artrópodes, as estruturas secretoras são variadas. Nos insetos, dutos coletores captam excretas na
hemolinfa do animal, e esses túbulos levam ao intestino, por onde serão eliminadas as excretas junto as
fezes. Esses túbulos são conhecidos como Túbulos de Malpighi, também presentes em miriápodes
(gongolos e lacraias).
Aracnídeos apresentam glândulas coxais, que eliminam as excretas destes animais na região das pernas
que seria equivalente a coxa, enquanto crustáceos excretam pelas glândulas verdes, também conhecidas
como glândulas subantenais, localizadas abaixo das antenas.

Vertebrados
Nos vertebrados, o principal órgão excretor é o rim. O rim surge primeiro nas lampreias, com um rim
pronéfreo, ou cefálico, bem primitivo, que se assemelha a um conjunto de nefrídeas. As excretas passam do
sangue a uma cavidade corpórea e só depois são captadas pelo rim, ou seja, não é um mecanismo muito
eficaz. O rim mesonéfro, ou torácico, está presente em peixes e larvas de anfíbios, e capta excretas do
celoma, mas já apresenta a estrutura de néfrons. Anfíbios adultos, répteis, aves e mamíferos apresentam
rins metanéfricos, ou abdominais, captando excretas direto da corrente sanguínea, sendo o mais eficiente
de todos.

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Biologia

Peixes Cartilaginosos
Quanto a osmorregulação, tubarões e outros peixes cartilaginosos são capazes de se manter isotônicos com
relação ao meio aquático marinho, garantindo assim que não desidratem por osmose. Realizam isso através
do acúmulo de ureia no corpo. O excesso de sais é eliminado através de uma glândula localizada no intestino,
liberando esses sais pelo ânus.

Peixes Ósseos

Peixes ósseos de água salgada estão constantemente perdendo água por osmose para o meio, já que estão
em meio hipertônico. Para compensar isso, eles ingerem a água salgada e eliminam o excesso de sal através
das brânquias, permitindo assim manter sua hidratação. Eles urinam pouco, como outra medida para evitar
a perda de água.
Peixes de água doce estão constantemente ganhando água do meio, já que a água doce é hipotônica em
relação aos seus corpos. Para regular isso, eles evitam ingerir a água e apresentam uma grande liberação
de urina, já que não precisam se preocupar com suas reservas hídricas.

Seres Humanos
A principal excreta nitrogenada humana é a ureia, sintetizada no
fígado a partir da amônia, no ciclo da ureia. O principal órgão
excretor humano são os rins, que sintetizam a urina a partir de suas
unidades funcionais, os néfrons.
Os rins podem ser divididos em uma região periférica (córtex) e uma
região mais interna (medula). Os néfrons estão localizados no
córtex, e terminam em túbulos coletores que, juntos, formam as
pirâmides renais. Essa urina formada nos néfrons segue das
pirâmides renais até o cálice renal, uma câmara no interior do rim, e
de lá segue até a pelve renal, que forma um tubo, originando o ureter,
que segue até a bexiga, onde a urina será armazenada até ser
eliminada pelo canal da uretra.

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Biologia

Néfron
O néfron é a unidade funcional renal, onde ocorre a filtração de sangue para a eliminação da ureia pela urina.
O sangue chega ao glomérulo em alta velocidade por arteríolas, e a alta pressão extravasa diversas
substâncias, como água, glicose, sais minerais (como Sódio), ureia e aminoácidos (não proteínas, já que
estas são moléculas grandes demais). Essas substâncias formam o filtrado glomerular, que é captado pela
Cápsula de Bowman. Ao longo do túbulo contorcido proximal e da alça descendente (parte proximal da Alça
de Henle) há uma reabsorção dos solutos, com exceção da ureia, mediada pelo hormônio aldosterona.O
retorno destas substâncias à corrente sanguínea pode aumentar a pressão arterial, sendo então inibidores
de aldosterona populares remédios contra alta pressão arterial.
A partir da segunda metade da Alça de Henle (porção da alça ascendente) e do tubulo contorcido distal, há
a reabsorção de água, mediada pelo hormônio ADH, que abre canais proteicos conhecidos como
aquaporinas, filtrando a água presente nessa urina semi-formada, deixando-a mais concentrada e evitando
a desidratação por desperdício de água. A produção de ADH pode ser inibida pelo consumo de álcool, o que
significa que a reabsorção de água estará prejudicada, o que causa a exagerada diurese quando o indivíduo
está alcoolizado.
A deficiência na produção ou insensibilidade ao efeito do ADH é causa resultante da doença Diabetes
Insipidus, que é caracterizada por intensa diurese, sede e potencial desidratação do indivíduo.
No caso da diabetes mellitus, doença agregada a um quadro de excesso de açúcar no sangue, essa glicose
excedente permanece na urina, não sendo completamente absorvida, e retendo água por ser osmoticamente
ativa. Essa retenção de água é o motivo dos diabéticos terem muita vontade de urinar.

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Biologia

Exercícios

1. A degradação dos aminoácidos ingeridos na alimentação gera como subproduto a amônia. Nos
mamíferos, a amônia é transformada em ureia. Esse processo ocorre
a) no pâncreas.
b) no fígado
c) nos rins.
d) na bexiga urinária
e) no baço.

2. Borboleta, lula e avestruz têm como principal excreta nitrogenado, respectivamente:


a) ácido úrico, amônia e ácido úrico.
b) ácido úrico, ureia e amônia.
c) amônia, ácido úrico e amônia.
d) amônia, ureia e ácido úrico
e) ureia, amônia e ácido úrico.

3. A excreção é um processo natural que tem como finalidade a eliminação de rejeitos provenientes do
metabolismo, garantindo o equilíbrio interno nos animais. A fisiologia do sistema excretor e a
anatomia dos órgãos que o constitui estão relacionadas ao hábito e ao nicho de cada espécie, pois
funcionam de acordo com a disponibilidade de água no auxílio da excreção de substâncias
nitrogenadas. Com relação à excreção, dentre as alternativas a seguir, os animais que eliminam,
respectivamente, amônia, ureia e ácido úrico, são:
a) pargo, rato e pombo.
b) sapo, lambari e jacaré.
c) jacaré, macaco e lambari.
d) peixe-boi, galinha e pato.

4. Animais aquáticos e terrestres de diferentes classes possuem adaptações morfofisiológicas para


excreção de compostos tóxicos do organismo de forma a manter a homeostase. Sobre este assunto,
é correto afirmar que:
a) mamíferos, como os golfinhos, assim como outros mamíferos terrestres, eliminam compostos
nitrogenados principalmente na forma de ureia.
b) peixes, como os tubarões, eliminam principalmente amônia na água derivada do metabolismo de
aminoácidos.
c) répteis, como o camaleão, eliminam principalmente ureia, esta gerada a partir da amônia, através
da urina.
d) anfíbios, como as tartarugas marinhas, eliminam principalmente ácido úrico, menos tóxico que a
amônia.
e) insetos eliminam amônia e ureia especialmente quando trocam o exoesqueleto durante o
crescimento.

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Biologia

5. Leia a tira a seguir.

Sobre esses peixes e suas relações com o meio, é correto afirmar que os
a) cartilaginosos marinhos apresentam bexiga natatória.
b) ósseos de água doce absorvem sais através das brânquias por transporte ativo.
c) cartilaginosos ocorrem, na maioria, na água doce.
d) ósseos de água doce apresentam uremia fisiológica.
e) ósseos marinhos não possuem opérculo protegendo as brânquias.

6. No homem, várias substâncias presentes no sangue chegam ao néfron, atravessam a cápsula de


Bowman e atingem o túbulo renal. Várias dessas substâncias são, normalmente, reabsorvidas, isto é,
do néfron elas são lançadas novamente ao sangue, retornando a outras partes do corpo. Entre essas
substâncias normalmente reabsorvidas, no nível do néfron, podem ser citadas:
a) água e ureia;
b) água e glicose;
c) glicose e ureia;
d) água e ácido úrico;
e) aminoácidos e ureia.

7. O “The Kidney Project” é um projeto realizado por cientistas que pretendem desenvolver um rim
biônico que executará a maioria das funções biológicas do órgão. O rim biônico possuirá duas
partes que incorporam recentes avanços de nanotecnologia, filtração de membrana e biologia
celular. Esse projeto significará uma grande melhoria na qualidade de vida para aquelas pessoas que
dependem da hemodiálise para sobrevivência.
Disponível em: https://pharm.ucsf.edu. Acesso em: 26 abr. 2019(adaptado)
O dispositivo criado promoverá diretamente a:
a) remoção de ureia
b) excreção de lipídios
c) síntese de vasopressina
d) transformação de amônia
e) fabricação de aldosterona

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Biologia

8. Os consumidores de cerveja sabem que, depois de algum tempo de consumo, é inevitável o desejo de
micção. Esse fenômeno é decorrente da diminuição da secreção de ADH (hormônio antidiurético),
levando a um aumento do volume de urina. Os usuários de cerveja também sabem que, se tomada em
excesso, o álcool nela presente causa distúrbios comportamentais que só se extinguem,
paulatinamente, com a degradação metabólica do álcool. Com base nessas informações e nos
conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que indica, correta e respectivamente, o efeito do
ADH nos túbulos renais e o local de degradação metabólica do álcool.
a) Aumento de secreção de água para o filtrado glomerular; peroxissomos de células tubulares do
rim.
b) Diminuição da reabsorção de água do filtrado; retículo liso de células tubulares renais.
c) Aumento da reabsorção de sódio do filtrado glomerular; retículo granular de macrófagos
hepáticos.
d) Aumento da reabsorção de água do filtrado glomerular; retículo liso de células hepáticas.
Diminuição da reabsorção de sódio do filtrado glomerular; lisossomos de células das glândulas
sudoríparas.

9. O deserto é um bioma que se localiza em regiões de pouca umidade. A fauna é, predominantemente,


composta por animais roedores, aves, répteis e artrópodes.
Uma adaptação, associada a esse bioma, presente nos seres vivos dos grupos citados é o(a)
a) existência de numerosas glândulas sudoríparas na epiderme.
b) eliminação de excretas nitrogenadas de forma concentrada.
c) desenvolvimento do embrião no interior de ovo com casca.
d) capacidade de controlar a temperatura corporal.
e) respiração realizada por pulmões foliáceos.

10. Durante uma expedição, um grupo de estudantes perdeu-se de seu guia. Ao longo do dia em que esse
grupo estava perdido, sem água e debaixo de sol, os estudantes passaram a sentir cada vez mais
sede. Consequentemente, o sistema excretor desses indivíduos teve um acréscimo em um dos seus
processos funcionais. Nessa situação o sistema excretor dos estudantes
a) aumentou a filtração glomerular.
b) produziu maior volume de urina.
c) produziu urina com menos ureia.
d) produziu urina com maior concentração de sais.
e) reduziu a reabsorção de glicose e aminoácidos.

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Biologia

Gabarito

1. B
No fígado ocorre a conversão da amônia em ureia, ao longo do Ciclo da Ornitina.

2. A
A borboleta (inseto) e o avestruz (ave) excretam ácido úrico; a lula (cefalópode/molusco aquático),
excreta amônia.

3. A
Pargo é um tipo de peixe ósseo, logo, excreta amônia. Mamíferos, como o rato, excretam ureia, enquanto
pombos, aves, excretam ácido úrico.

4. A
Todos os mamíferos, incluindo mamíferos aquáticos, como baleias, golfinhos e peixes-boi, excretam
ureia como principal excreta nitrogenada.

5. B
Como forma de manter seu equilíbrio hídrico, peixes ósseos de água doce absorvem sais pelas brânquias
ativamente, ou seja, com gasto de energia.

6. B
Água e glicose são recursos muito úteis e importantes ao corpo, e não podem ser desperdiçados na
excreção, sendo então reabsorvidos.

7. A
A principal excreta nitrogenada humana é a ureia e, o principal órgão excretor humano são os rins, que
sintetizam a urina a partir de suas unidades funcionais, os néfrons.

8. D
O ADH é responsável por aumentar a reabsorção de água no néfron, sendo então fundamental para a
manutenção da hidratação corporal. O álcool, por sua vez, é metabolizado pelo Retículo Endoplasmático
Liso dos hepatócitos.

9. B
A eliminação de urina mais concentrada reduz a perda de água, evitando a desidratação em ambientes
secos. Isso acontece pois há liberação do hormônio ADH, que promove o aumento da permeabilidade e
a reabsorção de água no sistema excretor, além de estruturas glomerulares pequenas e uma alça néfrica
desenvolvida, como no caso dos roedores. Já as aves, répteis e artrópodes excretam ácido úrico, que é
insolúvel em água e evita a perda deste recurso.

10. D
Por causa da necessidade de água, haverá uma maior produção do hormônio ADH, responsável pela
reabsorção de água nos rins. Dessa forma, a urina terá menos água e consequentemente ficará mais
concentrada.

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Biologia

Fanerógamas

Resumo

O reino Plantae também pode ser chamado de reino vegetal, Metaphyta ou mesmo Embriófitas. Apresentam
organismos eucariontes com parede celular de celulose, são autotróficos, capazes de realizar fotossíntese
(apresentam cloroplastos), e uma das principais características do grupo é que, após a fecundação, forma-
se um embrião que fica protegido por células estéreis, chamadas de gametângios. Todas as plantas também
apresentam um ciclo reprodutivo haplodiplobionte, que apresenta duas gerações (metagênese): uma
haploide assexuada (forma o gametófito) e outra diplóide sexuada (forma o esporófito. As Fanerógamas
também podem ser chamadas de Espermatófitas, e são as Gimnospermas e Angiospermas, que apresentam
sementes e não dependem diretamente da água para reprodução. É a partir deste grupo que há conquista
definitiva do ambiente terrestre, onde o gameta não depende da água para realizar a fecundação.

Gimnospermas
São plantas vasculares com tecidos vedadeiros. Possuem folhas perenefólias (permanecem durante todo o
ano) e aciculifoliada (forma de agulha que evita a perda de água). Apresentam sementes que não ficam
protegidas em frutos, sendo um grupo de árvores de médio a grande porte, e comuns de regiões mais frias e
temperadas. Apresentam tecidos verdadeiros e suas folhas recebem o nome de aciculadas, por conta do
formato de agulha. Seus principais representantes são as Coníferas (A; ex. Pinheiros), as Gnetophyta (B –
comuns de áreas subtropicais, não apresentam caule desenvolvido), as Ginkoáceas (C; ex. Ginko biloba) e
as Cicadáceas (D – comuns em regiões tropicais, podem ser semelhantes à samambaias, porém
desenvolvem pinha).

Exemplos de cada um dos filos de Gimnospermas.

A reprodução de Gimnospermas não é dependente da água, e os gametas são formados em estruturas


chamadas estróbilos (pinha) que vão realizar meiose. Nos estróbilos masculinos, formam-se os
microspóros, que dão origem ao grão de pólen (com gametas masculinos, chamados de células
espermáticas), enquanto no interior do óvulo forma-se o megásporo, onde se desenvolvem os arquegônios
(com gametas femininos, chamados de oosfera) (fase haploide – gametofítica). A polinização ocorre
majoritariamente pelo vento (anemofilia) Quando o pólem chega até o estróbilo feminino, de desenvolve o

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Biologia

tubo polínico, que alcança a região do arquegônio e liberando o núcleo espermático, ocorrendo assim a
fecundação e formando um embrião 2n. O óvulo se desenvolve em semente (popularmente chamado de
pinhão), que então cresce na planta adulta (fase diplóide – esporofítica).

Esquema das flores e da formação da semente em Gimnospermas.

Angiospermas
É o grupo vegetal de maior diversidade no planeta. Este sucesso se deve principalmente com a relação dos
animais, principalmente com os insetos. São as únicas plantas que apresentam flores e frutos, possuindo
uma grande diversidade de espécies. As angiospermas são divididas em dois principais grupos:
Monocotiledôneas (ex. Bambu, milho, cana de açúcar) e Dicotiledôneas (ex. roseira, feijão, cacto, tomate).
As principais diferenças entre esses grupos estão listados abaixo. Conceitos importantes:
• cotilédone é primeira folha que surge quando a semente germina
• câmbio é o tecido que auxilia no desenvolvimento e organização dos vasos condutores de seiva
• carpelo é uma estrutura feminina da flor, localizada no ápice do ovário, e no desenvolvimento do
fruto está relacionado a quantos segmentos este fruto terá

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Biologia

Características e exemplos de monocotiledôneas.

Características e exemplos de dicotiledôneas.

As flores chamativas são características das Angiospermas. Elas variam bastante de tamanho, cores e
cheiros, que servem como atrativo para diferentes espécies animais que funcionam como polinizadores (ex.
Enfomofilia – polinização por insetos, Quiropterofilia – polinização por morcegos, Ornitofilia – polinização
por aves). As flores são formadas a partir de folhas modificadas, onde as sépalas formam o cálice
(usualmente verde) e as pétalas a corola (usualmente coloridas). Elas podem ser hermafroditas (produzem
estruturas masculinas e femininas – androceu e gineceu) ou monoicas (possuem apenas androceu ou
apenas gineceu, respectivamente). No androceu, os estames formarão o pólen na região da antera, enquanto
no gineceu, o carpelo formará o óvulo, na região do ovário.

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Biologia

Esquema mostrando as estruturas de uma flor hermafrodita. O nectário é a região onde o néctar é produzido; o pedúnculo também
pode ser chamado de eixo floral.

Assim como nas Gimnospermas, a reprodução não depende da água. Nas anteras, ocorre meiose para a
produção dos micrósporos, que por mitose formam o pólen por meiose, enquanto no óvulo a meiose forma
o megásporo, e neste, por mitose, se formam oosferas (fase haploide – gametofítica). Após o processo de
polinização, o grão de pólen chega ao estigma, desenvolve o tubo polínico e ocorrem duas fecundações: a
primeira forma um zigoto 2n, e a segunda se funde a outras duas células do gametófito feminino (núcleos
polares) e forma o endosperma, que é 3n. O zigoto se desenvolve em um novo indivíduo (fase diplóide –
esporofítica), utilizando o endosperma como fonte de nutriente para o crescimento inicial. Nas
angiospermas, o ovário se desenvolve para formar o fruto, protegendo a semente.

Esquema do ciclo reprodutivo das Angiospermas. No lado esquerdo, a formação do gameta feminino (oosfera), e do lado direito, a
formação do grão de pólen.

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Biologia

Exercícios

1. Ao longo da evolução as plantas desenvolveram estratégias para a vida no ambiente terrestre. Do


ponto de vista reprodutivo uma importante novidade das plantas fanerógamas (gimnospermas e
angiospermas) foi a independência da água líquida para a fecundação. Em briófitas e pteridófitas
ocorrem anterozoides que são flagelados e devem nadar até atingir a oosfera. Nas fanerógamas, as
estruturas adquiridas que tornaram as plantas independentes de água para este processo foram os:
a) Óvulos.
b) Feixes vasculares.
c) Frutos.
d) Grãos de pólen.
e) Estróbilos.

2. Pesquisadores da Universidade de Passo Fundo estão desenvolvendo uma pesquisa sobre a


Conservação e Biodiversidade no Parque Municipal de Sertão e já registraram 22 espécies de anfíbios.
Além de conhecer as espécies da fauna, esses registros contribuem para a conservação de um
fragmento de floresta ombrófila mista do bioma mata Atlântica, que hoje corresponde a menos de 2%
da floresta original. Nesta unidade de conservação destaca-se o pinheiro-do-paraná (Araucaria
angustifolia), planta do grupo das Pinophytas (Gimnospermas). Essa planta tem como característica
reprodutiva:
a) A polinização feita por animais como a entomofilia (insetos), ornitofilia (aves) e quiropterofilia
(morcegos).
b) Estruturas produtoras de gametas pouco evidentes como nas criptógamas.
c) Sementes protegidas no interior dos frutos que se originam do desenvolvimento do ovário da flor.
d) O transporte dos grãos de pólen até o óvulo pelo vento e a transformação do óvulo em semente.
e) A dependência da água para a reprodução sexuada, porque seus gametas masculinos flagelados
precisam alcançar os gametas femininos que são imóveis.

3. Em relação às espermatófitas, é correto afirmar:


a) Gimnospermas e angiospermas apresentam embriões unicelulares que se desenvolvem dentro de
sementes envolvidas por frutos.
b) Nas angiospermas, a geração esporofítica (2n) é dominante, enquanto nas gimnospermas a
geração gametofítica (n) é dominante.
c) Nas espermatófitas, a semente é bitegumentar e envolvida por fruto.
d) As espermatófitas apresentam grão de pólen haploide que corresponde ao gametófito masculino.
e) Briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas possuem embrião multicelular bem como
sementes, motivo pelo qual são denominadas espermatófitas.

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Biologia

4. As angiospermas são o grupo de plantas com o maior número de espécies, disseminadas nos mais
variados ambientes. Como sua fecundação independe da água, adaptaram-se com facilidade ao meio
terrestre. Com relação as estruturas envolvidas e ao processo de reprodução dessas plantas, todas
as afirmativas abaixo estão corretas, exceto:
a) Tanto o embrião quanto o endosperma, formados no processo de dupla fecundação, são
estruturas diploides.
b) O grão de pólen, ao germinar, origina o tubo polínico que abriga dois núcleos espermáticos e um
núcleo vegetativo.
c) Dos verticilos de reprodução, denomina-se androceu ao conjunto de estames e, gineceu ao
conjunto de carpelos.
d) A semente em desenvolvimento produz AIA (ácido indolilacético) e giberelinas, que promovem o
desenvolvimento do ovário para a formação do fruto.

5. Nas plantas superiores (gimnospermas e angiospermas), a fase gametofítica é bastante reduzida e


desenvolve-se no interior do próprio esporângio. Os gametófitos masculino e feminino, nessas
plantas, correspondem, respectivamente, ao:
a) Grão-de-pólen e óvulo.
b) Célula do tubo polínico e endosperma.
c) Tubo polínico e saco embrionário.
d) Microsporócito e megasporócito.
e) Célula espermática e oosfera.

6. Considere o texto a seguir para responder esta questão


O pinhão é uma semente comestível da Araucária, ou Pinheiro-do-Paraná. Essa árvore é uma
gimnosperma. A sazonalidade e a regionalidade de ocorrência da Araucária fazem de suas sementes
iguarias, apreciadas normalmente nos meses frios do sul e sudeste do Brasil.
De acordo com o texto, é incorreto afirmar que:
a) Os frutos da Araucária se desenvolvem a partir do pinhão, que são as sementes da planta.
b) As gimnospermas possuem ramos reprodutivos femininos e masculinos distintos, que podem
estar num mesmo indivíduo ou em indivíduos separados de acordo com a espécie.
c) O pinhão é a semente da Araucária contendo o embrião da planta. Para que haja o
desenvolvimento do pinhão, há necessidade de os grãos de pólen chegar às estruturas femininas
adultas e ocorrer a fecundação.
d) Para se reproduzir, a Araucária depende do processo de polinização, que é a transferência (por
vento ou por insetos) dos gametas masculinos para as estruturas femininas, onde ocorrerá a
fecundação.

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Biologia

7. Dicotiledôneas e monocotiledôneas são duas classes de angiospermas. O que caracteriza as


monocotiledôneas é:
a) Raiz fasciculada, folhas paralelinérveas, flores geralmente trímeras, fruto com um cotilédone.
b) Raiz fasciculada, folhas paralelinérveas, flores geralmente pentâmeras, sementes com dois
cotilédones.
c) Raiz fasciculada, folhas peninérveas, flores geralmente tetrâmeras, fruto com um cotilédone.
d) Raiz axial, folhas peninérveas, flores somente pentâmeras, fruto com um cotilédone.
e) Raiz axial, folhas peninérveas, flores tetrâmeras e pentâmeras, sementes com dois cotilédones.

8. Em algumas espécies de plantas, ocorre autoincompatibilidade entre o grão de pólen e o estigma da


mesma flor. Esse mecanismo, geneticamente determinado, impede que nessas espécies ocorra a:
a) Polinização.
b) Partenogênese.
c) Autofecundação.
d) Fecundação interna.
e) Fecundação cruzada.

9. Camões, em sua obra Os Lusíadas, faz alusão à preciosa madeira do Pau Brasil, árvore símbolo
nacional:
“Mas cá onde mais se alarga ali tereis
Parte também co’o pau vermelho nota,
De Santa Cruz o nome lhe poreis…”

Sobre o Pau-Brasil, esta planta leguminosa, nativa da Mata Atlântica, que possui raiz axial, caule,
folhas, flores, frutos e sementes, podemos afirmar que é:
a) Um exemplo de pteridófita.
b) Uma planta avascular.
c) Uma gimnosperma.
d) Uma monocotiledônea.
e) Uma fanerógama e espermatófita.

10. A polinização, que viabiliza o transporte do grão de pólen de uma planta até o estigma de outra, pode
ser realizada biótica ou abioticamente. Nos processos abióticos, as plantas dependem de fatores
como o vento e a água.
A estratégia evolutiva que resulta em polinização mais eficiente quando esta depende do vento é o(a)
a) diminuição do cálice.
b) alongamento do ovário.
c) disponibilização do néctar.
d) intensificação da cor das pétalas.
e) aumento do número de estames.

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Biologia

Gabarito

1. D
os grãos de pólen permitiram que as fanerógamas não necessitassem mais da água para a reprodução,
pois ele poderá ser carreado pelo vento ou por animais diminuindo a dependência da água.

2. D
As Gimnospermas possuem o transporte dos grãos de pólen pelo vento, onde ocorrerá a polinização e
posteriormente será gerada uma semente, diminuindo a dependência da água para a reprodução.

3. D
as Angiospermas se diferem evolutivamente das Gimnospermas pela presença de fruto, no qual assim
consegue um número maior de dispersores de sementes.

4. A
o endosperma é uma estrutura triploide formado pelo gameta masculino com dois núcleos polares
femininos.

5. C
o tubo polínico e saco embrionário são os gametófitos das plantas superiores ou fanerógamas.

6. A
as Gimnospermas não produzem fruto, sendo esta uma característica somente das Angiospermas.

7. A
Raiz fasciculada, folhas paralelinérveas, flores geralmente trímeras, fruto com um cotilédone, são
características das monocotiledôneas. Além disso, os feixes vasculares são dispostos irregularmente,
diferentemente das dicotiledôneas.

8. C
a autofecundação não geraria variabilidade genética, que é o fator principal da reprodução sexuada
representada pela estrutura das flores.

9. E
as fanerógamas são as únicas que possuem sementes e podem gerar frutos.

10. E
O aumento do número de estames aumenta também a produção de grão de pólen, o que compensa as
possíveis perdas no processo de polinização pelo vento (anemofilia).

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Biologia

Coordenação endócrina: hipófise, pineal, tireoide e paratireóides

Resumo

Glândulas
Podem ser classificadas em endócrinas, exócrinas e mistas.
As glândulas endócrinas liberam hormônios que são lançados no sangue. Por exemplo: Hipófise, suprarrenal,
tireoide.
As glândulas exócrinas liberam sua secreção para o exterior por meio de ductos. Como exemplos, temos as
glândulas sudoríparas, sebáceas, salivares, mamária.
Por fim, as glândulas mistas são aquelas que possuem regiões endócrinas e regiões exócrinas. O maior
exemplo de glândula mista é o pâncreas.

O sistema endócrino é formado por diversas glândulas endócrinas, responsáveis pela síntese e secreção de
hormônios na corrente sanguínea, que regulam diversas funções no organismo, incluindo a atividade de
outras glândulas, como é o caso da hipófise.

Disponível em: <http://s3-sa-east-1.amazonaws.com/descomplica-blog/wp-content/uploads/2015/07/hormonio3.jpg>.


Acesso em 10/05/2017

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Biologia

Hipófise (pituitária)
A hipófise é extremamente importante, pois regula diversas outras glândulas.
É dividida em adeno-hipófise (anterior) e neuro-hipófise (posterior)

Neuro-hipófise
Secreta ocitocina e vasopressina (ADH), que foram produzidos no hipotálamo.
A ocitocina é responsável pela contração uterina durante o parto e pela ejeção do leite durante a
amamentação.
A vasopressina atua nos túbulos coletores renais, na reabsorção de água.

Adeno-hipófise
Secreta diversos hormônios regulatórios de outras glândulas, como ACTH (adrenal), TSH (tireóide), FSH e LH
(gônadas), prolactina (produção do leite), além do GH, responsável pelo crescimento.

Pineal
A Glândula pineal se localiza no interior do terceiro ventrículo (por onde circula o líquido cerebrospinal). É
responsável pela secreção de Melatonina, com maior liberação desse hormônio na ausência de luz. Assim,
a melatonina pode regular o ciclo circadiano e o sono

2
Biologia

Tireoide
Localizada na região anterior do pescoço, possui formato de borboleta. É estimulada pelo TSH (hipofisário)
a secretar os hormônios T3 e T4, que possuem iodo na sua composição. Assim, na deficiência de iodo, há o
aumento da glândula na tentativa de aumentar sua eficácia. A isso se denomina bócio, cuja incidência
reduziu drasticamente após a adição de iodo ao sal de cozinha.
A função dos hormônios tireoidianos é regular o crescimento, desenvolvimento e metabolismo corporal, por
meio da regulação da expressão gênica.
Quando há baixa dos hormônios tireoidianos (pouco T3 e T4), há o hipotireoidismo, caracterizado pelo baixo
metabolismo, fadiga e intolerância ao frio. Já o hipertireoidismo se manifesta por alto metabolismo, perda
de peso e taquicardia (aumento da frequência cardíaca).

A tireoide secreta, ainda, o hormônio calcitonina, que antagoniza as ações do paratormônio. A calcitonina
induz a mineralização do osso, a partir da utilização de cálcio e fósforo presentes no sangue.

Paratiroide
Responsável pela produção do paratormônio, cuja liberação é estimulada por uma redução do cálcio no
sangue (hipocalcemia). Esse hormônio provoca a desmineralização óssea, com o objetivo de aumentar a
calcemia. A calcitonina (tireoidiana) induz a mineralização óssea, com o consequente consumo do cálcio
sanguíneo

3
Biologia

Exercícios

1. O esquema a seguir representa o mecanismo regulador da secreção de hormônios T3e T4 pela


tireoide. Os sinais (+) e (–) significam, respectivamente, ativação e inibição. Baseado nestes dados,
assinale a alternativa correta:

a) Os hormônios tireoidianos T3 e T4 são inibidores da produção de TRF pelo hipotálamo.


b) O hipotálamo, através do TRF estimula a tireoide para a produção dos hormônios tireoidianos T3
e T4.
c) A produção dos hormônios tireoidiano T3 e T4 não sofre influência do hipotálamo.
d) Os hormônios tireoidianos T3 e T4 não interferem na produção hipotalâmica de TFR.
e) O único hormônio regulador da secreção tireoidiana é o THS hipotalâmico.

2. Os hormônios do crescimento, da regulação da glicemia, da regulação de metabolismo basal e da


regulação do cálcio, são produzidos, respectivamente, pelas seguintes glândulas endócrinas.
a) Hipófise, pâncreas, tireoide e paratireoide.
b) Tireoide, pâncreas, hipófise e paratireoide.
c) Hipófise, tireoide, pâncreas e paratireoide.
d) Tireoide, paratireoide, pâncreas e hipófise.
e) Hipófise, pâncreas, paratireoide e tireoide.

4
Biologia

3. A hipófise produz e secreta uma série de hormônios que têm ação em órgãos distintos, sendo,
portanto, considerada a mais importante glândula do sistema endócrino humano. Sobre os hormônios
hipofisários, é correto afirmar que:
a) O FSH, produzido na hipófise anterior, facilita o crescimento dos folículos ovarianos e aumenta a
motilidade das trompas uterinas durante a fecundação.
b) A vasopressina, secretada pelo lobo posterior da hipófise, é responsável pela reabsorção de água
nos túbulos renais.
c) O hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) é um esteroide secretado pela adenohipófise e exerce
efeito inibitório sobre o córtex adrenal.
d) O comportamento maternal e a recomposição do endométrio, após o parto, ocorrem sob a
influência do hormônio prolactina.
e) O hormônio luteinizante atua sobre o ovário e determina aumento nos níveis do hormônio folículo
estimulante (FSH) após a ovulação.

4. A glândula tireoide produz os hormônios triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e calcitonina. O excesso dos
hormônios T3 e T4 causa uma doença que apresenta sintomas como irritabilidade, pele quente e
úmida, insônia, perda de peso e exoftalmia. Essa doença é denominada de:
a) Hipotireoidismo.

b) Hipertireoidismo.

c) Anemia.

d) Nanismo.

e) Acromegalia.

5. A hipófise produz e secreta uma série de hormônios que têm ação em órgãos distintos, sendo,
portanto, considerada a mais importante glândula do sistema endócrino humano. Sobre os hormônios
hipofisários, é CORRETO afirmar que:
a) o FSH, produzido na hipófise anterior, facilita o crescimento dos folículos ovarianos e aumenta a
motilidade das trompas uterinas durante a fecundação.
b) a vasopressina, secretada pelo lobo posterior da hipófise, é responsável pela reabsorção de água
nos túbulos renais.
c) o hormônio adenocorticotrópico (ACTH) é um esteróide secretado pela adeno-hipófise e exerce
efeito inibitório sobre o córtex adrenal.
d) o comportamento maternal e a recomposição do endométrio, após o parto, ocorrem sob a
influência do hormônio prolactina.
e) o hormônio luteinizante atua sobre o ovário e determina aumento nos níveis do hormônio folículo
estimulante (FSH) após a ovulação.

5
Biologia

6. A adrenalina é extremamente importante para a sobrevivência de muitos organismos em variadas


situações de estresse. Sobre este hormônio, podemos afirmar:
a) É produzido pelas glândulas supra-renais e intervém na função glicogênica do fígado.
b) É produzido pela hipófise e produz taquicardia e eriçamento de pelos.
c) É produzido pela mesma glândula exócrina que produz a sudorese.
d) É produzido pela hipófise e intervém na velocidade dos movimentos musculares.
e) É produzido pelo timo e provoca uma redução na velocidade dos atos reflexos.

7. Três pacientes com disfunções hormonais apresentam os seguintes sintomas:


paciente 1: contração da musculatura do útero;
paciente 2: elevado nível de cálcio no sangue e estímulo de liberação de cálcio nos ossos;
paciente 3: aceleração dos batimentos cardíacos.
As glândulas e os hormônios envolvidos na sintomatologia apresentada pelos pacientes 1, 2 e 3 são,
respectivamente,
a) tireoide e calcitonina – pâncreas e insulina – pineal e melatonina.
b) hipófise e ocitocina – paratireoides e paratormônio – adrenal e adrenalina.
c) ovário e progesterona – tireoide e calcitonina – hipófise e luteinizante.
d) hipófise e luteinizante – ovário e progesterona – tireoide e calcitonina.
e) hipófise e tiroxina – tireoide e calcitonina – adrenal e adrenalina.

8. A figura abaixo mostra a localização de uma importante glândula endócrina. Essa glândula apresenta
duas porções: uma anterior e uma posterior e está relacionada com o controle de diversas outras
glândulas na espécie humana. Sobre essa glândula, seus hormônios e respectivas funções, assinale
a única alternativa correta.

a) A adenohipófise ou porção anterior da hipófise produz o hormônio luteinizante que age sobre as
gônadas.
b) A neuro hipófise produz a prolactina ou hormônio lactogênico que age sobre as glândulas
mamárias.
c) A neuro hipófise produz o hormônio antidiurético que age sobre os rins, diminuindo o volume de
urina produzido.
d) A adeno hipófise produz o hormônio tiroxina (T ) que age sobre a tireoide, estimulando o seu
4

funcionamento.
e) A neuro hipófise produz o hormônio adrenocorticotrófico que age sobre o córtex das glândulas
adrenais, controlando as suas funções.

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Biologia

9. Os distúrbios por deficiência de iodo (DDI) são fenômenos naturais e permanentes amplamente
distribuídos em várias regiões do mundo. Populações que vivem em áreas deficientes em iodo tem o
risco de apresentar os distúrbios causados por essa deficiência, cujos impactos sobre os níveis de
desenvolvimento humano, social e econômico são muito graves. No Brasil, vigora uma lei que obriga
os produtores de sal de cozinha a incluírem em seu produto certa quantidade de iodeto de potássio.
Essa inclusão visa prevenir problemas em qual glândula humana?
a) Hipófise.
b) Tireoide.
c) Pâncreas
d) Suprarrenal
e) Paratireoide

10. Um dos fatores determinantes da perda de cálcio dos ossos é o envelhecimento, sobretudo em
mulheres. O esquema abaixo representa a regulação do cálcio no sangue humano, realizada pelas
glândulas X e Y, responsáveis diretas pela produção dos hormônios A e B, respectivamente.

Esse processo de perda de cálcio resulta, principalmente, da atuação intensa do hormônio e da


glândula indicados em:
a) calcitonina - tireoide
b) adrenalina - suprarrenal
c) somatotrófico - hipófise
d) paratormônio - paratireoide

7
Biologia

Gabarito

1. A
Os hormônios T3 e T4 realizam o feedback negativo inibindo a produção de TRF. Assim, ele cessa a
produção cada vez maior de T3 e T4 no organismo, o que é benéfico para o corpo.

2. A
O hormônio do crescimento, conhecido como GH é produzido pela adenohipófise e a regulação da
glicemia é feita pela insulina, produzida no pâncreas. Já a tireóide regula o metabolismo basal com a
produção dos hormônios T3 e T4 e a paratireoide produz o paratormônio que regula o nível de cálcio nos
ossos e no sangue.

3. A
o FSh é produzido pela adenohipófise e vai amadurecer o folículo que junto com o LH promove a ovulação.

4. B
O excesso de T3 e T4 no corpo causa uma aceleração do metabolismo e com issoacarreta os problema
citados no texto. Como se trata de uma hiperatividade da tireóide, chamamos de hipertireoidismo.

5. B
Também chamado de hormônio antidiurético ou ADH, a vasopressina ajuda na reabsorção de água no
néfron.

6. A
A adrenalina é produzida pela região medular das glândulas supra-renais, sendo que isto estimula a
glicogenólise, que é quando ocorre a quebra do glicogênio em glicose no fígado.

7. B
A ocitocina liberada pela neurohipófise promova e contração involuntária do útero que ajuda no parto. A
paratireoide secreta o paratormônio que promove o aumento de cálcio no sangue retirando dos ossos e
a adrenalina secretada pela adrenal possui a função de acelerar os batimentos cardíacos.

8. A
A adenohipófise produz tanto FSH quanto LH que vão atuar juntos na ovulação da mulher.

9. B
O iodo é fundamental para a função da glândula tireoide, que produz os hormônios T3 e T4, envolvidos
no metabolismo corporal. (hormônio, endócrino, tireóide, iodo, T3 e T4).

10. D
O processo da perda de cálcio pelos ossos resulta principalmente pela produção do hormônio
paratormônio pela glândula paratireoide. Esse hormônio estimula a saída de cálcio dos ossos.

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Biologia

Histologia vegetal: meristemas e revestimento


Resumo

Os tecidos vegetais são agrupamentos de células vegetais com forma e funções similares. São responsáveis
por formar as folhas, caules, raízes e outras partes do vegetal. Os tecidos podem ser divididos em tecidos
meristemáticos, constituídos por células indiferenciadas, e em tecidos adultos, que possuem funções
específicas.

Tecidos Meristemáticos
É um tecido de crescimento que possui células indiferenciadas, ou seja, todas podem dar origem a outros
tipos de células. Também são chamadas de células precursoras, ou células totipotentes. Os meristemas dão
origem a todos os tecidos e órgãos vegetais no embrião. O meristema apical dá origem ao caule e à raiz. Os
meristemas podem ser divididos em meristemas primários e meristemas secundários de acordo com o
sentido de seu crescimento.

Corte histológico dos meristemas apicais do caule (superior) e da raiz (inferior). O meristema apical do caule é protegido pelos
primórdios foliolares, enquanto o meristema apical da raiz se encontra abaixo de um tecido de proteção chamado coifa. Dinsponível
em: https://professores.unisanta.br/maramagenta/meristemastecidos.asp

Meristemas primários:
Os meristemas primários são responsáveis pelo crescimento primário, no sentido longitudinal (vertical) dos
tecidos. Estão localizados no ápice do caule e da raiz, e formam:
• protoderme, que originará a epiderme;
• meristema fundamental, que originará diversos tecidos de preenchimento e sustentação;
• procâmbio, que originará os tecidos condutores de seiva.

1
Biologia

Esquema de um vegetal, indicando os meristemas primários. Disponível em: http://www.anatomiavegetal.ib.ufu.br/exercicios-


html/Caule.htm

Meristemas secundários:
São tecidos responsáveis pelo crescimento lateral (horizontal) do vegetal, em espessura, promovendo o
crescimento em diâmetro do caule e da raiz. São eles:
• felogênio, que originará tecidos da parte externa do caule,
• câmbio vascular (que pode ser fascicular ou interfascicular), que faz o crescimento secundário nos
tecidos condutores de seiva.

Corte transversal de um caule, mostrando o felogênio e o câmbio, que são meristemas secundários.

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Biologia

Tecidos Adultos
Os tecidos adultos apresentam células diferenciadas, com formas celulares e funções variadas. São
chamados de tecidos permanentes. Um destes tecidos é o de Revestimento. Os tecidos de proteção e
revestimento se localizam externamente na planta. Esse tecido pode ser a epiderme ou a periderme.

Corte de uma folha e os tecidos vegetais encontrados.

• Epiderme: possui células vivas achatadas e justapostas, podendo existir estômatos e outras estruturas,
e são frequentemente impermeabilizadas pela cutícula (cobertura de cera).
• Periderme: reveste órgãos que estão em crescimento secundário, sendo formada pelo feloderma (um
tipo de tecido de reserva – parênquima), felogênio (também chamados de câmbio da casca) e súber
(também chamado de cortiça). É o tecido que forma a casca das árvores. Aqui, o súber funciona como
impermeabilizante, e é formado por células mortas.

Esquema das camadas de um tronco. O xilema pode ser encontrado na forma de cerne (xilema inativo) ou de alburno (xilema
funcional).

Os estômatos e as lenticelas são estruturas presentes nos tecidos de revestimento dos vegetais.

3
Biologia

• Estômatos se localizam na epiderme e são cercados por um conjunto específico de células, formando
um poro por onde ocorrem trocas gasosas e a transpiração. Quando as células guarda estão túrgidas
(cheias de água) os estômatos se abrem; quando elas estão murchas, os estômatos ficam fechados.
Essa variação da maior ou menor quantidade de água nas células guarda se dá pela presença ou não
de íons de potássio, respectivamente.

Esquema de um estômato aberto e fechado.

• Lenticelas são poros abertos que aparecem em caules lenhosos, servindo para a ventilação e
transpiração do vegetal

Ramo com lenticela e um esquema de corte histológico do tecido com esta estrutura.

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Biologia

Exercícios

1. Em pesquisas desenvolvidas com eucaliptos, constatou-se que a partir das gemas de um único ramo
pode-se gerar cerca de 200.000 novas plantas, em aproximadamente duzentos dias; enquanto os
métodos tradicionais permitem a obtenção de apenas cerca de cem mudas a partir de um mesmo
ramo. A cultura de tecido é feita a partir
a) de células meristemáticas.
b) de células do esclerênquima.
c) de células da epiderme.
d) de células do lenho.
e) de células do súber.

2. Sabemos que os meristemas podem ser classificados em primários e secundários. Como exemplo
desse último tipo, podemos citar o(a):
a) meristema apical da raiz e do caule.
b) meristema apical da raiz e o procâmbio.
c) felogênio e câmbio vascular.
d) periderme e procâmbio.
e) câmbio vascular e protoderme.

3. “Típica de florestas com vegetação de cerrado predominante na Floresta Nacional do Araripe FLONA,
a janaguba tem várias ‘irmãs’ nos cerrados espalhados pelo Brasil. Mas o gênero da planta encontrado
no Cariri é o único utilizado para a cura de doenças. O uso medicinal já ultrapassou os limites da
crença popular e tem chamado a atenção da ciência. Pesquisadores de importantes universidades do
País estão estudando as propriedades da janaguba.
O Povo Online – 15/04/2009.
Sobre essa importante árvore da família Apocynaceae é correto dizer que entre os componentes
histológicos constitutivos de sua casca há:
a) Coifa, parênquima cortical e meristemas primários.
b) Tricomas, meristema intercalar e parênquima aerífico.
c) Felogênio, súber e feloderme.
d) Colênquima, parênquimas aquífero e amilífero.
e) Xilema, floema e endosperma.

4. O estômato é uma estrutura encontrada na epiderme foliar, constituída por duas células denominadas
células-guarda. Estas absorvem água quando há grande concentração de íons potássio em seu
interior, o que leva o estômato a se abrir. Se o suprimento de água na folha é baixo, ocorre saída de
íons potássio das células-guarda para as células vizinhas e, nesse caso, as células-guarda tornam-
se
a) flácidas, provocando o fechamento do estômato.
b) flácidas, provocando a abertura do estômato.
c) flácidas, não alterando o comportamento do estômato.
d) túrgidas, provocando o fechamento do estômato.
e) túrgidas, provocando a abertura do estômato.

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Biologia

5. No corpo de uma planta superior, qual é o tecido que apresenta numerosas mitoses, sendo sempre
formado por células indiferenciadas?
a) parênquima paliçadico
b) colênquima angular
c) colênquima tabular
d) meristema primário

6. O palmito, muito explorado por parte das indústrias de conserva, é retirado da extremidade do caule,
região responsável pelo crescimento longitudinal da palmeira. Essa região é formada, principalmente,
por tecido
a) parenquimático.
b) epidérmico.
c) meristemático.
d) de condução.
e) de sustentação.

7. O meristema é um tecido vegetal cujas células possuem alta capacidade de se dividir, dando origem
aos diversos tecidos vegetais. Com relação a esse tecido e aos tipos de gemas por ele formados, é
correto afirmar que
a) o meristema lateral, existente na maioria das eudicotiledôneas, é responsável pelo crescimento
em espessura do caule dessas plantas.
b) o meristema apical, também localizado na raiz, tem seu desenvolvimento inibido pelo meristema
lateral.
c) é composto por células indiferenciadas, as quais sofrem uma série de divisões celulares
reducionais, promovendo crescimento das plantas.
d) o meristema subapical se localiza abaixo da epiderme e auxilia no crescimento do caule,
estimulando seu meristema apical.
e) quando as células do meristema resultam da desdiferenciação de tecidos maduros, fala-se em
meristema primário.

8. No caule de uma planta dicotiledônea, aparecem dois meristemas que fazem crescerem espessura.
Um deles produz líber para fora e lenho para dentro; o outro, mais periférico, forma súber ou cortiça.
Esses meristemas secundários são respectivamente:
a) Feloderma e esclerênquima.
b) Câmbio e felogênio.
c) Felogênio e endoderma.
d) Câmbio e esclerênquima.
e) Felogênio e câmbio.

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Biologia

9. Pode-se afirmar que os meristemas são tecidos:


a) Formados por células pequenas, de paredes grossas e com muitos vacúolos grandes.
b) Inadequados para observação de células em divisão.
c) Que funcionam como reservatório de nutrientes e preenchimento.
d) Permanentes com funções idênticas às do parênquima.
e) Indiferenciados, que originam os tecidos adultos.

10. O súber é:
a) Um tecido de condução encontrado em vegetais superiores com crescimento primário e
secundário.
b) Um tecido com função de proteção encontrado em vegetais superiores apenas com crescimento
secundário.
c) Uma estrutura utilizada para armazenamento de amido primário, resultante da atividade da
periderme.
d) Um pigmento que é responsável pela coloração das flores.
e) Um tecido de revestimento que permite o aumento ou decréscimo na transpiração da planta.

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Biologia

Gabarito

1. A
Células meristemáticas são indiferenciadas, sendo ideais para a realização de culturas de tecidos.

2. C
O felogênio e o câmbio vascular são exemplos de meristemas secundários. O felogênio é responsável
por originar a periderme, enquanto o câmbio origina os tecidos vasculares secundários.

3. C
A casca é constituída por felogênio, súber e feloderme, tecidos de revestimento.

4. A
Quando as células perdem água, ela também perde sua turgidez, ficando murcha e fechando o orifício
estomatal.

5. D
Dentre os tecidos citados, o único tecido com numerosas mitoses e sempre formado por células não-
diferenciadas é o meristema primário.

6. C
A região responsável pelo crescimento longitudinal da palmeira é formada principalmente por tecido
meristemático, um tecido de células indiferenciadas que é responsável por formar tecidos adultos e
crescimento vegetal.

7. A
O meristema secundário, responsável pelo crescimento em espessura do vegetal, também é chamado
de meristema lateral nas plantas eudicotiledôneas (Angiospermas dicotiledôneas) e nas Gimnospermas.

8. B
O câmbio é o tecido que origina os vasos condutores, enquanto o felogênio dará origem ao súber.

9. E
Os meristemas agem como “células-tronco” vegetais, sendo tecidos de células indiferenciadas que
darão origem a outros tecidos.

10. B
O súber é um tecido morto com função de revestimento para vegetais com crescimento secundário.

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Filosofia

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Filosofia

Sartre e o existencialismo

Resumo

Um dos mais influentes filósofos contemporâneos, o francês Jean-Paul Sartre é


famoso especialmente por ser o maior representante da corrente filosófica
conhecido como existencialismo.
Como seu próprio nome indica, o existencialismo é aquela concepção filosófica
que tem como meta central buscar compreender a existência humana.
Naturalmente, esta pode parecer uma definição bastante vaga, no entanto, para
os existencialistas, ela tem um significado bastante preciso. Com efeito,
segundo Sartre, o grande mal da filosofia ao longo da história foi a sua excessiva
preocupação com temas abstratos e distantes de nossa experiência imediata,
como a existência de Deus, a imortalidade da alma, o fundamento das normas
morais, as bases do conhecimento seguro, etc. Indo, por sua vez, numa direção inteiramente oposta, o
existencialismo entende a busca por compreender a existência humana como uma busca por entender o
homem na sua concretude, na sua experiência real e diária.
Em termos teóricos, afirma Sartre, o ponto de partida do existencialismo é a admissão de uma verdade
básica: no homem, a existência precede a essência. Ora, o que isto significa? Significa basicamente que, para
os existencialistas, não existe uma natureza humana uma essência eterna e inalterável, comum a todos os
homens, um modelo prévio ao qual o homem deve se adequar e que lhe cabe realizar. Ao contrário, segundo
Sarte, o homem, por si mesmo, naturalmente, é apenas um grande vazio, uma grande possibilidade em aberto.
Será a sua história, a sua trajetória de vida, será aquilo que o homem fizer por si mesmo que definirá sua
identidade, sua essência.
Diz Sartre a respeito: “O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência? Significa que, em
primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O
homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é
nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe
natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem é tão-somente, não apenas como
ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer
após esse impulso para a existência.”
Percebe-se aqui facilmente a grande ênfase existencialista no tema da liberdade. De fato, para Sartre, é
justamente porque o homem não tem uma natureza pré-determinada que ele é livre. Os animais, os objetos
inanimados e as plantas, por exemplo, têm essências fixas e estabelecidas previamente, por isso não são
livres, não decidem por si mesmos o que serão. O homem, ao contrário, justamente porque é pura
possibilidade, justamente porque não tem uma natureza própria, é inteiramente livre para construir a si
mesmo, para fazer a si mesmo, para construir sua própria identidade. Escrevendo tecnicamente, o filósofo
existencialista dizia que o homem é para-si, enquanto que os demais seres são apenas em-si. A cada ação
que tomamos, a cada decisão que fazemos, nós estamos constituindo nossa própria essência. Tal processo
só se encerra com a morte, onde, de acordo com Sartre, nossa essência torna-se destino, isto é, uma
realidade efetivamente inalterável e permanente.
Em sua filosofia, Sartre foi um incansável defensor da liberdade. Crítico de todas as espécies de
determinismo, o filósofo existencialista francês negava que houvesse qualquer elemento, seja social,

1
Filosofia

psicológico ou histórico que limite nossa liberdade. De fato, para ele, ainda que nós não possamos escolher
os fatores que atuam sobre nós, podemos sempre escolher o que fazemos com os fatores que atuam sobre
nós. Assim, uma mulher não escolhe quando de seu nascimento viver numa sociedade que lhe exige tais e
quais comportamentos, mas ela pode escolher o que fazer com essas exigências, se irá cumpri-las ou não.
Nota-se neste ponto o vínculo imediato que há, para o existencialismo, entre liberdade e responsabilidade.
Em verdade, como é inteiramente livre e senhor de si mesmo, o homem é também inteiramente responsável
por aquilo que ele faz. A responsabilidade não é oposta à liberdade, mas sim sua consequência inevitável.
Vê-se assim que, para Sartre, a liberdade, ao mesmo tempo que é um dom, um poder, é também um fardo,
um peso, uma vez que o homem é sempre responsável por aquilo que ele faz. Este conflito entre o poder de
autoconstrução permanente que o homem possui e as consequências drásticas de seu exercício (“estamos
condenados a ser livres”, diz Sartre) é a origem da angústia, isto é, do desespero diante das inúmeras
possibilidades de escolha e da dificuldade de se decidir qual sentido dar à própria vida.
Mais: para os existencialistas, a responsabilidade do ser humano não é puramente individual. Com efeito, ao
tomar uma decisão qualquer o homem elege, explicitamente ou implicitamente, valores que julga corretos e
que devem servir como critério de conduta. Assim, ao ser responsável por suas ações, o homem é também
responsável por toda a humanidade, uma vez que promove um modelo de conduta com pretensões
universais. Vê-se, pois, que, ao contrário de um individualismo banal, a liberdade existencialista sempre se
constrói na relação (muitas vezes conflituosa) com o outro.
Diz Sartre sobre o tema: “Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo
que é. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é de
submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, quando dizemos que o homem é responsável
por si mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua estrita individualidade, mas
que ele é responsável por todos os homens. (...) Ao afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo,
queremos dizer que cada um de nós se escolhe, mas queremos dizer também que, escolhendo-se, ele
escolhe todos os homens. De fato, não há um único de nossos atos que, criando o homem que queremos
ser, não esteja criando, simultaneamente, uma imagem do homem tal como julgamos que ele deva ser.
Escolher ser isto ou aquilo é afirmar, concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo, pois não
podemos nunca escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom para nós sem o ser
para todos. Se, por outro lado, a existência precede a essência, e se nós queremos existir ao mesmo tempo
que moldamos nossa imagem, essa imagem é válida para todos e para toda a nossa época. Portanto, a
nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, pois ela engaja a humanidade inteira. Se
eu sou um operário e se escolho aderir a um sindicato cristão em vez de ser comunista, e se, por essa adesão,
quero significar que a resignação é, no fundo, a solução mais adequada ao homem, que o reino do homem
não é sobre a terra, não estou apenas engajando a mim mesmo: quero resignar-me por todos e, portanto, a
minha decisão engaja toda a humanidade. Numa dimensão mais individual, se quero casar-me, ter filhos,
ainda que esse casamento dependa exclusivamente de minha situação, ou de minha paixão, ou de meu
desejo, escolhendo o casamento estou engajando não apenas a mim mesmo, mas a toda a humanidade, na
trilha da monogamia. Sou, desse modo, responsável por mim mesmo e por todos e crio determinada imagem
do homem por mim mesmo escolhido; por outras palavras: escolhendo-me, escolho o homem.”
Chegamos aqui ao conceito de engajamento, central na obra de Sarte. Ora, uma vez que não há uma essência
universal do homem ou natureza humana, não há um padrão pré-estabelecido a respeito de como homem
deve se comportar e, portanto, não faz sentido perguntar-se qual é o tipo de conduta correto ou adequado
para o ser humano, como fizeram tantos filósofos morais, como Kant e Aristóteles. Na verdade, dado que
esse padrão moral universal não existe, o único critério que resta para a avaliação do comportamento dos
indivíduos é o engajamento, isto é, o grau de comprometimento do sujeito com sua própria vida, o nível de
responsabilidade que ele assume por ela, em suma, o grau de intensidade com que o homem exerce sua

2
Filosofia

liberdade. Em suma, como não há um sentido pré-estabelecido para a vida humana, cabe ao homem criar o
seu sentido - cada um criará o seu - e ser vivê-lo com intensidade. Como diz Sartre, o homem é sempre um
projeto que se vive subjetivamente, ou seja, é sempre aquilo que projetar para si mesmo. Neste sentido, o
filósofo existencialista distingue dois tipos de comportamento: o autêntico e o inautêntico.
Para Sartre, por um lado, há aqueles indivíduos que tomam conscientemente suas decisões, exercem sua
liberdade com franqueza e assumem a responsabilidade por seus atos. Estes são os indivíduos autênticos.
Independentemente do que concretamente fizeram, do conteúdo de suas ações, sua conduta tem um mérito:
ela possui engajamento e, portanto, é honesta, assume sua própria natureza, reconhece que a existência
precede a essência, que o homem é o único responsável por seu ser.
Por outro lado, há os indivíduos inautênticos, aqueles que padecem do que Sartre chamava de má-fé, isto é,
aquela tendência de terceirizar responsabilidades, de tentar justificar as próprias ações não pelo puro e
simples exercício da própria liberdade, mas por motivos outros, sejam mandamentos religiosos normais
morais, convenções sociais, etc. Os indivíduos que agem assim não suportam a angústia e por isso fogem
dela, negando sua própria responsabilidade por aquilo que fazem.

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Filosofia

Exercícios

1. Sobre a Liberdade Humana, analise os textos a seguir:


É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a
si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um Humanismo. São Paulo: 1973, p. 15.

Com base no pensamento filosófico de Sartre sobre a liberdade, assinale a alternativa CORRETA.

a) O homem não é, senão o seu projeto, escolha e compromisso.


b) O homem não está condenado à liberdade; ele tem escolha.
c) O homem é livre sem escolha e sem compromisso.
d) O homem é seu projeto responsável sem escolha.
e) O homem é responsável e livre sem escolha.

2. Sobre a dimensão do homem na perspectiva existencialista, considere o texto a seguir:


O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada.
Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto
que não há Deus para a conceber.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 12.

O enfoque existencialista questiona o modo de ser do homem. Entende esse modo de ser como o
modo de ser-no-mundo. Na perspectiva existencialista, sobre o homem, assinale a alternativa
CORRETA.
a) É um projeto de ser.
b) É um seguidor das escolhas dos outros.
c) Na sua própria essencialidade e no trajeto de sua liberdade, não tem escolha.
d) Tem uma natureza concebida por Deus em sua essência.
e) É irresponsável por si próprio ao conceber seus atos.

3. Considere o seguinte trecho, extraído da obra A náusea, do escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre
(1889-1980).
"O essencial é a contingência. O que quero dizer é que, por definição, a existência não é a necessidade.
Existir é simplesmente estar presente; os entes aparecem, deixam que os encontremos, mas nunca
podemos deduzi-los. Creio que há pessoas que compreenderam isso. Só que tentaram superar essa
contingência inventando um ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser necessário pode
explicar a existência: a contingência não é uma ilusão, uma aparência que se pode dissipar; é o
absoluto, por conseguinte, a gratuidade perfeita."
SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES, Danilo
Marcondes. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000.
Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou uma referência ao existencialismo sartriano que se
apresenta como
a) recusa da noção de que tudo é contingente.
b) fundamentado no conceito de angústia, que deriva da consciência de que tudo é contingente.
c) denúncia da noção de má fé, que nos leva a admitir a existência de um ser necessário para aplacar
o sentimento de angústia.
d) crítica à metafísica essencialista.

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Filosofia

4. O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre,
particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional.

Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:
a) O homem primeiramente tem uma essência divinizada e depois uma existência manifestada na
história de sua vida.
b) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.
c) O homem primeiramente existe porque sendo consciente é um ser-em-si e para-o-outro.
d) O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois,
primeiramente não é nada.
e) O homem primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.

5. Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz respeito

a) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio metafísico regulador.


b) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é.
c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder nadificador que o constitui.
d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se pode realizar, não se pode afirmar, porque está
cheio, completo.

6. Na obra “O existencialismo é um humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta

a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é definido pela livre escolha e valores inventados
pelo sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza humana essencial.
b) mostrar o significado ético do existencialismo.
c) criticar toda a discriminação imposta pelo cristianismo, através do discurso, à condição de ser
inexorável, característica natural dos homens.
d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação humanas que só se fortalecem a partir do
exercício da liberdade.

7. “Quando dizemos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se
escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele
escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem que
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser.
Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos
escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para
todos. Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em
que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para a nossa época. Assim, a
nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a
humanidade”.
Sartre.

Considerando o texto citado e o pensamento sartreano, é INCORRETO afirmar que

a) o valor máximo da existência humana é a liberdade, porque o homem é, antes de mais nada, o
que tiver projetado ser, estando “condenado a ser livre”.

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Filosofia

b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao homem é atribuída a total responsabilidade pela
sua existência e, sendo responsável por si, é também responsável por todos os homens.
c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação, pois o homem se define pelos seus atos e atos,
por excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada além do conjunto de seus atos”.
d) o homem é um “projeto que se vive subjetivamente”, pois há uma natureza humana previamente
dada e predefinida, e, portanto, no homem, a essência precede a existência.
e) por não haver valores preestabelecidos, o homem deve inventá-los através de escolhas livres, e,
como escolher é afirmar o valor do que é escolhido, que é sempre o bem, é o homem que, através
de suas escolhas livres, atribui sentido a sua existência.

8. “O que significa aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem
primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o
concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será
alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. (...) O homem é, não apenas como ele se concebe, mas
como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este
impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. (...) Assim, o primeiro esforço do
existencialismo é o de por todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total
responsabilidade de sua existência. (...) Quando dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer
que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-
se a si próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um sequer que, ao
criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos
que deve ser”.
Sartre.

Considerando a concepção existencialista de Sartre e o texto acima, é incorreto afirmar que

a) o homem é um projeto que se vive subjetivamente.


b) o homem é um ser totalmente responsável por sua existência.
c) por haver uma natureza humana determinada, no homem a essência precede a existência.
d) o homem é o que se lança para o futuro e que é consciente deste projetar-se no futuro.
e) em suas escolhas, o homem é responsável por si próprio e por todos os homens, porque, em seus
atos, cria uma imagem do homem como julgamos que deve ser.

9. “Subjetividade” e “intersubjetividade” são conceitos com os quais Sartre pontua o seu existencialismo.
Nesse contexto, tais conceitos revelam que
a) o cogito cartesiano desabou sobre o existencialismo na mesma proporção com que a virtu
socrática precipitou-se sobre o materialismo dialético do século XX.
b) “Penso, logo existo” deve ser o ponto de partida de qualquer filosofia. Tal subjetividade faz com
que o Homem não seja visto como objeto, o que lhe confere verdadeira dignidade. A descoberta
de si mesmo o leva, necessariamente, à descoberta do outro, implicando uma intersubjetividade.
c) o Homem é dado, é unidade, é união e é intersubjetividade; portanto, a sua existência é agregadora
e desapegada da tão apregoada subjetividade clássica, por isso mesmo tão crucial para Sartre.
d) não há um só lampejo de subjetividade que não tenha se reinaugurado na intersubjetividade, isto
é, na idealidade que instrui as prerrogativas para se instalarem as escolhas do sujeito, definindo-
o.

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Filosofia

10. Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que relaciona corretamente duas das principais máximas
do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber:
I. “a existência precede a essência”
II. “estamos condenados a ser livres”

Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma
natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é
liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já prontos, valores ou ordens que
possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas.
É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se
criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por
tudo o que faz.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987.

a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, então jamais o homem pode ser, em sua
existência, condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição.
b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza humana que, concebida por Deus,
precede necessariamente a sua existência.
c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à qual o homem, como existência já lançada
no mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência.
d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque a existência do homem depende da
essência de sua natureza humana, que a precede e que é a liberdade.

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Filosofia

Gabarito

1. A
O pensamento filosófico existencialista sartreano tem como fundamento central que a compreensão da
vida dos indivíduos se dá a partir da condição da existência humana. Com efeito, para os pensadores
dessa vertente filosófica, a existência precede a essência, o que leva à uma perspectiva da existência
humana que independe de qualquer definição preexistente do indivíduo. Assim, para Sartre, a essência
humana se constrói a partir das escolhas que, dentro da sua liberdade, o indivíduo realiza. Nesse sentido,
o sujeito seria um projeto de ser, haja vista que não existiria uma natureza ou essência humana, mas
sim a ação dos homens sobre a construção de si mesmos a partir do seu livre arbítrio.

2. A
O pensamento filosófico existencialista tem como fundamento central que a compreensão da vida dos
indivíduos se dá a partir da condição da existência humana, de modo que, para os existencialistas, a
existência precede a essência, o que leva à uma perspectiva da existência humana independente de
qualquer definição preexistente sobre o indivíduo. Com efeito, na concepção existencialista, a essência
humana se constrói a partir das escolhas que, dentro da sua liberdade, o indivíduo realiza. Nesse sentido,
o sujeito seria um projeto de ser, haja vista que não existiria uma natureza ou essência humana, mas
sim a ação dos homens sobre a construção do ser no seu livre arbítrio.

3. D
Para Sartre, representante do existencialismo, a existência precede a essência, ou seja, o indivíduo,
assim como a realidade e o conhecimento, primeiramente existe e posteriormente se realiza por suas
ações concretas e pela forma que conduz a sua existência. Assim, segundo Sartre, o indivíduo é
condenado à liberdade de suas escolhas e à efetivar a sua existência através delas, pensamento que
vai de encontro à metafísica essencialista, segundo a qual os objetos e o homem possuiriam duas
realidades: uma exterior, caracterizada pela matéria física, e uma interior, onde encontraria-se a
essência, enquanto para Sartre essas realidades se equivalem.

4. E
Para Sartre a existência precede a essência no caso do humano. Somos seres para-si, o que significa
dizer que a essência do ser humano é construída conforme esse vive, pensa e age no mundo de acordo
com a liberdade de que goza, que é na verdade incondicional, ou seja, uma condição a qual todos
estamos condenados.

5. C
O homem é uma entidade que combina características mutuamente exclusivas, a saber, o ser para-si e
o ser em-si. O ser em-si se diz pela identidade, pela inércia, já o ser para-si se diz pela diferença, pela
dinâmica, isto é, o ser para-si depende da negação do ser em-si. Dessa maneira, a essência, ou seja,
aquilo que define a identidade não garante a exposição daquilo que é livre. Isso que é livre apenas é não
sendo aquilo que lhe define circunstancialmente. O homem sendo livre é um projeto, um vir a ser
dependente da sua escolha a qual está condenado a realizar devido a sua condição fundamental.

6. B
A escolha, na concepção sartreana, se refere à vida e esta é a expressão de um projeto que se desdobra
no tempo. Esse projeto não é algo próprio do qual se pode ter um conhecimento óbvio, sendo assim o
projeto é uma interpretação possível e as escolhas específicas de um indivíduo são, portanto, temporais,
derivações de um projeto original desenrolado temporalmente.
Esse desenrolar é descrito pela ontologia de Sartre. Nesta ele diz que o ser em-si e o ser para-si
possuem características mutuamente exclusivas, todavia a vida do homem combina ambas. Aí se
encontra a ambiguidade ontológica da nossa existência. O em-si é sólido, idêntico a si mesmo, passivo,
inerte; já o para-si é fluido, diferente de si mesmo, ativo, dinâmico. O primeiro apenas é, o segundo é sua
própria negação. De maneira mais concreta podemos dizer que um é “facticidade” e o outro é
“transcendência”. O dado da nossa situação como falantes de certa língua, ambientados em certo

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Filosofia

entorno, nossas escolhas prévias e nós mesmo enquanto em-si constituem nossa “facticidade”. Como
indivíduos conscientes “transcendemos” isso que é dado. Ou seja, somos situados, porém na direção
da indeterminação. Somos sempre mais do que a situação na qual estamos e isto é o fundamento
ontológico de nossa liberdade. Estamos, como Sartre diz, condenados a ser livres.
Então, o existencialismo é um humanismo, pois é a única doutrina que abre totalmente a possibilidade
de escolha ao homem. Se Deus não existe e a existência precede a essência, isto é, o homem não é nada
até que ele livremente se defina durante sua vida, então o ser possui fundamentalmente liberdade. O ser
aparece no mundo e depois se define; não há natureza humana pré-concebida por Deus. O homem é
um lançar-se para um futuro, é se projetar conscientemente no futuro. Desse modo, o existencialismo
deve pôr o homem no interior de sua existência e lhe atribuir a total responsabilidade por suas escolhas.

7. D
O homem está condenado à liberdade. Durante sua vida, ele não pode deixar de escolher, e ao fazer
escolhas ele irá sempre escolher aquilo que considera o melhor. Desse modo, o homem ao se posicionar
também posiciona todos os outros homens, pois define, juntamente com a sua escolha, quem são seus
semelhantes e dessemelhantes. Se a sua posição não considerar isto, então ela irá criar confrontos dos
quais foi desde sua primeira escolha responsável. Assim, em cada escolha nos responsabilizamos pela
humanidade que escolhemos.

8. C
A alternativa [C] é justamente o inverso do que defende Sartre. Segundo ele, a existência precede a
essência e não há nada que define o homem de maneira a priori.

9. B
Sartre se apropria do cogito cartesiano considerando que esse é o ponto de partida subjetivo para a
filosofia. A partir dessa descoberta de si, o homem pode descobrir o outro, em uma relação de
intersubjetividade. Dessa forma, podemos dizer que somente a alternativa [B] está correta.

10. C
O homem é uma entidade que combina características mutuamente exclusivas, a saber, o ser para-si e
o ser em-si. O ser em-si se diz pela identidade, pela inércia, já o ser para-si se diz pela diferença, pela
dinâmica, isto é, o ser para-si depende da negação do ser em-si. Dessa maneira, a essência, ou seja,
aquilo que define a identidade não garante a exposição daquilo que é livre. Isso que é livre apenas é não
sendo aquilo que lhe define circunstancialmente. O homem sendo livre é um projeto, um vir a ser
dependente da sua escolha a qual está condenado a realizar devido a sua condição fundamental.

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Filosofia

Hannah Arendt

Resumo

Quem foi Hannah Arendt?


Hannah Arendt (1906 – 1975) foi uma filósofa política alemã de
origem judaica, cujo pensamento constituiu um marco importante
na análise filosófica dos fenômenos políticos do século XX,
especialmente o fenômeno do totalitarismo vivido na Europa – o
fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha. Em seu livro de 1951,
“As origens do totalitarismo”, ela aborda a questão, oferecendo uma
interpretação bastante original sobre as razões pelas quais
governos totalitários conseguem ascender ao poder e sobre a
lógica de funcionamento desses governos.

Sapere aude!
Profundamente influenciada por Kant, Arendt viveu as consequências de praticar uma “filosofia sem
corrimão”. Sapere aude é a essência do pensamento da autora. Sua obra é fiel a essa postura de não se
deixar tutelar, de não ter corrimãos para segurar, tanto que não é fácil encaixar a pensadora numa escola,
tradição, ideologia ou campo político. Seu pensamento é tanto conservador como liberal, de direita e de
esquerda.
Recentemente (2020) o Museu histórico Alemão montou uma exposição sobre a autora. Como chamada do
evento há uma fotografia de Hannah Arendt em uma pose já eternizada pela autora, cigarro entre os dedos,
uma das mãos apoiando a cabeça e um olhar profundo. Na imagem a frase "Nenhum ser humano tem o
direito de obedecer." Essa frase tem tudo a ver com o pensamento de Arendt. Seja na relação entre poder e
violência ou na análise do totalitarismo, o indivíduo deve sempre se manter atento e alerta à ordem que se
estabelece na sociedade.

Sobre a banalidade do mal


Em 1961, a filósofa foi a Jerusalém para assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, alemão que participou de
maneira ativa no extermínio de judeus comandado pelo regime nazista. Seus relatos sobre o julgamento de
Eichmann – que viria a ser condenado à morte – ficaram registrados em sua obra “Eichmann em Jerusalém,
um relato sobre a banalidade do mal”, publicado em 1963.
Havia, segundo Hannah Arendt, um contraste entre a figura apática e aparentemente comum de Eichmann
com as atrocidades por ele praticadas. Como pode uma pessoa, que aparentemente não possui nada de
diferente, que não parece ter nenhuma inclinação para a maldade, ser responsável pela morte de tantas
outras pessoas? Arendt vai explicar esse fenômeno, então, dizendo que pessoas como Eichmann fazem
parte das massas politicamente neutras e indiferentes. Na medida em que são indiferentes às questões
políticas, essas pessoas são facilmente manipuláveis, podendo ser levadas a considerar atitudes de
crueldade em relação ao ser humano como “normais”. É dessa maneira que a filósofa vai formular a ideia
da “banalidade do mal”, ou seja, fenômeno que ocorre quando a crueldade acaba se tornando algo banal,
algo corriqueira na vida das pessoas. Elas não se importam mais, pois estão habituadas e naturalizaram a

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Filosofia

maldade. Eichmann apenas seguia ordens, sem questioná-las e sem refletir sobre as consequências dos
seus atos.
Herdando o conceito de mal radical de Kant, Hannah diferencia o mal banal do mal radical não pela
intensidade, mas pela raiz. Figuras como Goebbels, Himmler e Hitler encarnavam o mal radical. Eles
acreditavam em suas ações e eram realmente antissemitas. Observar Eichmann fez Hannah perceber, no
entanto, que havia uma categoria de pessoas no nazismo que simplesmente não questionava, obedecia
cegamente e só pensava em questões particulares, como progredir na carreira e ser bem visto. Essas
pessoas não necessariamente entendem o mal que produzem, pois ele está banalizado. Segundo Arendt,
Eichmann era uma pessoa medíocre, e o mundo estava cheio dessas pessoas medíocres, incapazes de
refletir sobre a vida e sobre suas ações. Hannah Arendt, pela primeira vez, não analisou o mal pelo viés moral,
mas pelo viés político.
O totalitarismo, no entanto, segundo Hannah Arendt, não teria surgido apenas como consequência da
neutralidade política das pessoas em geral. A crise econômica, que traz o desemprego, o aumento da
pobreza, e muitas dificuldades, leva as pessoas a se sentirem insatisfeitas e, ainda que não sejam engajadas
politicamente, acabam aderindo a projetos políticos cujos fundamentos e objetivos elas desconhecem.
Portanto, quanto menos politizados e críticos são os indivíduos, mais eles estão sujeitos a aceitar projetos
totalitários ou autoritários de poder de acordo com a filósofa alemã.

Crítica a Marx e o trabalho


A condição humana se dá em dois planos: os da preservação da espécie (coletivo) e da individualidade de
cada ser (individual). É nesse ponto que Arendt critica a concepção marxista do trabalho. Diferenciando o
trabalho entre os dois planos, a pensadora apresenta os conceitos de labor e de trabalho. O labor se refere
às atividades básicas de manutenção da vida, são objetivas e mecânicas. Em essência, o labor não é uma
expressão da capacidade criativa humana, antes, é um limitador da liberdade como condição sine qua non
(indispensável). Já o trabalho é um nível de atividade individual e de expressão da pessoa. É uma produção
espelhada e que busca a inserção social marcada pela subjetividade. Arendt então admite a possibilidade
do trabalho produtivo e improdutivo, ambos resultando na produção de objetos.
Um terceiro plano surge no pensamento de Arendt, o da ação. O discurso é a marca distintiva do homem. A
capacidade de narrar, discursar e discutir é a expressão máxima da vida humana em comunidade. As
atividades humanas inclusive encontram permanência no discurso, que revive a ação e atribuí sentido a ela.
É por meio das ações realizadas exclusivamente entre os homens mediadas pelo discurso que é possível
construir a sociedade baseada nos planos anteriores.
Esses conceitos também podem ser encontrados no pensamento da autora como: vida (labor), já que se
trata da sobrevivência imediata do ser; mundanidade (trabalho), que se relaciona com a produção do mundo
a sua volta; e pluralidade (ação), porque traz a construção coletiva para um novo nível, um conceito de forte
sentido político.
Entretanto, para a filósofa, no mundo moderno houve uma sobreposição da garantia da vida sobre a
criatividade do trabalho. O plano do labor é hipervalorizado e a que esfera social passa a priorizar a
reprodução e manutenção da vida. Para Arendt esse movimento é um movimento de inversão de valores em
comparação com a Antiguidade clássica. Para os gregos a vida ativa se expressava através da participação
nas decisões da pólis, na contemplação do eterno e na dedicação aos prazeres do corpo. N mundo moderno,
ao contrário, o que é valorizado é o contínuo fazer, um desassossego de ação e produção constantes. Para
Arendt essas características levam a homogeneização dos discursos levando a todo tipo de despotismo
moderno, inclusive totalitarismos.

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Filosofia

Exercícios

1. De acordo com a filósofa Hannah Arendt, o totalitarismo é uma forma de governo essencialmente
diferente de outras formas de opressão política conhecidas, como o despotismo, a tirania e a ditadura.
Considerando as características e as expressões históricas do totalitarismo no século XX, assinale a
afirmativa INCORRETA.
a) O totalitarismo procura reforçar a distinção entre esfera pública e esfera privada.
b) Nazismo e stalinismo são dois exemplos históricos de regimes totalitários.
c) A propaganda é um meio importante para a difusão da ideologia oficial nos governos totalitários.
d) Terror é um princípio fundamental da ação política totalitária.
e) No totalitarismo o discurso do líder é importante tanto no que diz quanto no que não diz. A mentira
é uma ferramenta fundamental na narrativa totalitária

2. Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países
europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do
século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT. H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

3. As histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas este agente não é autor nem
produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.
ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao filosofar.
São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.

A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo
sobre eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto, o papel histórico das massas etc. No
trecho citado, ela reflete sobre a importância da ação e do discurso como fomentadores do que chama
de “negócios humanos”. Nesse sentido, Arendt defende o seguinte ponto de vista:
a) a condição humana atual não está condicionada por ações anteriores, já que cada um é autor de
sua existência.
b) a necessidade do ser humano de ser autor e produtor de ações históricas lhe tira a
responsabilidade
sobre elas.
c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influência de teias preexistentes de ações anteriores.
d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar em conta discursos anteriores para criar o
seu.
e) Toda ação é original, pois é resultado da inventividade e criatividade humana.

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Filosofia

4. LEIA, abaixo, o comentário que a filósofa Hannah Arendt fez sobre as ações do comandante do Reich,
Adolf Karl Eichmann, acusado de crimes contra o povo judeu: “Os feitos eram monstruosos, mas o
executante (...) era ordinário, comum, e nem demoníaco nem monstruoso.”
Hannah Arendt, A vida do espírito.In: Eduardo Jardim de Moraes e Newton Bignotto, Hannah Arendt:
diálogos, reflexões e memórias. Belo Horizonte: Editora UFMG, p.138.

Assinale a alternativa em que o fator cultural presente nas ações comentadas explicado
CORRETAMENTE o fenômeno histórico acima mencionado:
a) A execução de atos criminosos com requintes de crueldade, ordenada pelas autoridades, foi
praticada por pessoas comuns, afetadas principalmente pela falta de alimento e de emprego.
b) A banalidade na execução de crimes contra a humanidade se deve à burocratização do genocídio,
implementada pela cúpula nazista, para liberar as pessoas de preocupações com a moral comum
e com as leis.
c) A participação da juventude hitlerista no processo de construção do nacionalismo reforçou o
senso político de oposição aos regimes socialistas autoritários.
d) A experiência nazista é um exemplo de fortalecimento da sociedade pelo Estado, criador de
símbolos e valores culturais, que reforçam os princípios autoritários de governo.
e) A banalidade do mal é uma adesão eticamente consciente ao mal radical. A única diferença entre
o mal radical e o mal banal é que o primeiro é a origem e o segundo o desdobramento

5. Durante o século XX, a filósofa Hannah Arendt afirmou que existe uma antiga resposta para a pergunta
sobre o sentido da política tão simples e concludente, que poderia dispensar outras respostas por
completo. De acordo com o que explana Hannah Arendt em O que é política? esse sentido da política
é:
a) o poder
b) a administração
c) a liberdade
d) a igualdade
e) o bem

6. Hannah Arendt, em “A Condição Humana”, aponta que os modos pelos quais os seres humanos se
manifestam uns aos outros, não como meros objetos físicos, mas enquanto homens, são:
a) ação e discurso
b) arte e linguagem
c) liberdade e expressão
d) trabalho e discurso
e) ação e liberdade

4
Filosofia

7. Um tema contemporâneo que faz parte das nossas reflexões é a cidade como espaço cívico. Segundo
Otília Arantes (1993), a principal inspiração de revalorização da vida pública vem de Hannah Arendt
que foi buscar na polis grega o modelo a partir do qual é possível julgar as transformações modernas
da esfera pública. A transição do antigo para o moderno desfez essa distribuição harmoniosa das
funções sociais, alargando indefinidamente o território privado conforme se implantava a propriedade
burguesa. Essa prática não só debilitou como propiciou o declínio do caráter público da liberdade.
Assinale a alternativa que apresenta a definição CORRETA que Hannah Arendt dá para o “privado”:
a) É o cerceamento da coletividade, absoluto e restrito.
b) É o direito de usar, gozar e dispor de uma coisa, a princípio de modo absoluto, exclusivo e perpétuo.
c) É o que não aparece, é o reino do obscuro, do irrelevante, da mais aguda limitação.
d) É o que permanece em função de poucos, totalitário.
e) É o campo da ação humana individual, da expressão de sua liberdade

8. O julgamento de Eichmann no Tribunal de Nuremberg tornou-se um exemplo do tribunal Militar


Internacional, criado na cidade alemã do mesmo nome, para julgar os principais criminosos da
Segunda Guerra Mundial. As querelas envolvendo as defesas e acusações dos réus foram expressas
numa das obras-primas do século XX da filósofa política Hannah Arendt: Eichmann em Jerusalém. Os
argumentos de Arendt são expressos no axioma
a) A singularidade do mal.
b) A raridade do bem.
c) A banalidade do mal.
d) A excepcionalidade do bem.
e) A radicalidade do mal.

9. Subjaz na propaganda tanto política quanto comercial a ideia de que as massas podem ser
conquistadas, dominadas e conduzidas, e, por isso, toda e qualquer propaganda tem um traço de
coerção. Nesse sentido, a filósofa Hanna Arendt diz que “não apenas a propaganda política, mas toda
a moderna publicidade de massa contém um elemento de coerção".
AGUIAR, O. A. Veracidade e propaganda em Hannah Arendt. In: Cadernos de Ética e Filosofia Política 10.
São Paulo: EdUSP, 2007 (adaptado).

À luz do texto, qual a implicação da publicidade de massa para a democracia contemporânea?


a) O fortalecimento da sociedade civil.
b) A transparência política das ações do Estado.
c) A dissociação entre os domínios retóricos e a política.
d) O combate às práticas de distorção de informações.
e) O declínio do debate político na esfera pública.

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Filosofia

10. TEXTO I
Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade ou que dela não tem necessidade, porque se
basta a si mesmo, não é em nada parte da cidade, embora seja quer um animal, quer um deus.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

TEXTO II
Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível
sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos.
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

Associados a contextos históricos distintos, os fragmentos convergem para uma particularidade do


ser humano, caracterizada por uma condição naturalmente propensa à
a) atividade contemplativa.
b) produção econômica.
c) articulação coletiva.
d) criação artística.
e) crença religiosa.

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Filosofia

Gabarito

1. A
De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt, o fenômeno político do século XX denominado
totalitarismo não é caracterizado pelo reforço da distinção entre o âmbito público e o âmbito privado.
Pelo contrário, os regimes totalitários fazem essa distinção desaparecer, de modo que na vida privada
dos indivíduos seja sempre estimulada a obediência e a aceitação passiva da ideologia oficial do
regime. Desse modo, a única alternativa incorreta é a letra (a)

2. B
O texto, hoje clássico de Hannah Arendt sobre o totalitarismo, apresenta um trecho que começa
afirmando que a transição do século XIX para o XX durou três décadas. O texto destaca o imperialismo,
que se estendeu até o continente africano e asiático, expondo os interesses territoriais das potências
europeias, como diz a alternativa b. Tudo isso desemboca na Primeira Guerra Mundial.

3. C
Do trecho citado da filósofa Hannah Arendt pode-se deduzir muito claramente que qualquer ação nova
deverá ocorrer sob a influência de uma gama de acontecimentos anteriores, ou seja, toda ação tem a
influência de uma teia de ações que foram praticadas anteriormente da qual não podemos nos afastar
totalmente. Esse é o nível AÇÃO da condição humana, o plano da pluralidade. Nesse sentido, a única
alternativa correta é a letra (c).

4. B
Quando pensamos na análise que Hannah Arendt faz do julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann,
devemos relembrar do seu conceito de “banalidade do mal”. Esse conceito nos remete a ideia de que
nos regimes totalitários há uma naturalização da maldade, que é vista como algo cotidiano, como algo
que faz parte da rotina e que, portanto, não mereceria uma reflexão mais profunda. Em última análise,
numa sociedade voltada para a obediência, nem mesmo o genocídio passa a ser questionado como
algo que poderia ser evitado. Por conta disso tudo, a alternativa correta é a letra (b).

5. C
De acordo com a filósofa, palavra e ação, para se converterem em política, requerem a existência de um
espaço que permite o aparecimento da liberdade. O sentido da política é a liberdade na medida em que
a ação humana pode desencadear um mundo de possibilidades, pois a existência da humanidade se
deve à necessidade de renovação, mesmo diante do esgotamento do possível. Para Arendt, o milagre
não é algo extra-humano, mas sim a capacidade humana de realizar o improvável e é justamente por
isso que o sentido da política é a liberdade.

6. A
A comunicação entre os seres humanos só existe, de acordo com Hannah Arendt, na medida em que
somos simultaneamente agentes e espectadores. O agente se revela no discurso e na ação, tal como
afirma a filósofa em sua obra A condição humana. É assim que o agente se revela para os outros, para
aqueles que se posicionam como espectadores, ou para si próprio. Nessa medida, os modos pelos quais
os seres humanos se manifestam uns aos outros são ação e discurso.

7. C
De acordo com Hannah Arendt, é preciso buscar na polis grega o modelo para que se possa julgar as
mudanças trazidas pelo mundo moderno. Na antiguidade havia uma distribuição harmoniosa de
funções sociais, favorecendo uma noção forte de comunidade e a valorização daquilo que é público. Já
no mundo moderna, há um alargamento do espaço privado, enquanto se implantava a propriedade
burguesa. Dessa forma, a única alternativa correta é a representada pela letra (c) ao afirmar que o
privado é “o que não aparece, é o reino do obscuro, do irrelevante, da mais aguda limitação.”

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Filosofia

8. C
Os argumentos de Hannah Arendt são explicados com a expressão “banalidade do mal”. O caso do
julgamento de Eichmann leva a filósofa alemã a considerar que aquele homem não parecia ser
monstruoso, não parecia ser capaz de ter participado das atrocidades do regime nazista. Isso ocorre
por conta da banalização do mal, ou seja, quando o mal se torna algo corriqueiro, cotidiano. Essa
situação acontece quando as pessoas aceitam passivamente ordens sem questionar, tornando-se
meros funcionários que obedecem a ordens.

9. E
A propaganda se estabelece como uma forma de convencer e resulta na produção de uma
homogeneidade do pensamento levando ao declínio do debate público. É notável o avanço da influência
da mídia e da propaganda nos tempos atuais em que algoritmos de redes sociais definem o que teremos
contato da esfera supostamente pública e ofertam a nós produtos personalizadamente escolhidos de
acordo com nosso comportamento. Isso tem levado ao isolamento dos grupos sociais em bolhas e ao
atrofiamento do espaço público impedindo o diálogo.

10. C
Hannah Arendt, inspirada nas concepções políticas da Antiguidade, percebe o ser humano como
invariavelmente político, só podendo atribuir sentido à vida quando em coletividade e ativo na esfera
pública. O que distingue o ser humano é o discurso e esse é uma ação estreitamente política que se
manifesta na pluralidade gerando o espaço público

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Focault e a microfísica do poder

Resumo

Nascido em 1926 e morto em 1984, Michel Foucault é, sem dúvida alguma,


um dos mais importantes filósofos contemporâneos. Sua extensa obra, que
influencia áreas do conhecimento tão diversas, como a história, o direito, a
sociologia e a medicina social, tem como central a questão do poder. Todos
os livros de Foucault, por mais diferentes entre si, têm como objetivo central
desvendar o que é o poder e as formas como ele se exerce. Obviamente,
antes do filósofo francês, vários outros filósofos como Maquiavel e Marx,
por exemplo, já haviam discutido esse tema. Entretanto, a abordagem
foucaultiana foi totalmente inovadora – e por várias razões. Em primeiro
lugar, diferentes dos filósofos que o precederam, Foucault não acreditava
que o poder é apenas uma parte, uma área, um âmbito específico das
relações humanas. Ao contrário, para ele, o poder é a própria base das
relações humanas, é a malha a partir da qual essas relações se efetivam. Por isso, todas as relações
humanas são relações de poder. Por outro lado, Foucault também não concordava com a ideia, típica antes
dele, de que haveria formas de poder mais significativas do que as outras, como se a violência e a dominação
pudessem se reduzir a uma única forma ou modelo. Na verdade, para Foucault, como o poder está presente
em tudo o que o homem faz, o que há são variadas formas de exercício do poder, múltiplas e irredutíveis
entre si. Por fim, Foucault também não concordava com a tese de que, nas relações de poder, há alguns
sujeitos que detêm a força e a dominação, enquanto outros são meramente passivos, oprimidos e
violentados. Ao contrário, segundo o filósofo, o poder é sempre relacional, ou seja, ele é sempre uma via de
mão-dupla, de modo que, onde há poder, há resistência: onde se exerce o poder, se constituem também
contrapoderes.
A visão geral que Foucault desenvolveu a respeito do poder, obviamente, moldou também as suas pesquisas
e o seu trabalho como intelectual. Ao pensarem o poder como algo localizado, uniforme e não-relacional, os
filósofos tradicionais, sempre que se dispuseram a analisar o exercício da dominação, acabaram por
privilegiar o estudo das grandes instituições sociais, daqueles que obviamente exercem poder, tais como o
Estado, as forças armadas, as organizações religiosas e o sistema econômico. Por sua vez, ao pensar o
poder como algo sempre presente, múltiplo e relacional, Foucault procurou mostrar, acima de tudo, como o
poder se encontra presente nos ambientes, circunstâncias e relações que menos imaginamos, tais como a
escola, a ciência, o hospital, a loucura, a sexualidade, etc. Desvendar como o poder exercido através das
teorias científicas ou dos discursos a respeito do sexo, por exemplo, foi o modo que Foucault encontrou para
mostrar que o poder se encontra presente em de fato todas as relações humanas, mesmo nas que possam
nos causar mais surpresa.
“Por outro lado, a tarefa mais urgente, imediata, antes de qualquer outra coisa, é considerar a
atitude de que estamos acostumados a pensar, pelo menos em nossa sociedade europeia, que o
poder está localizado nas mãos do governo e é exercido por algumas instituições em particular,
tais como os governos locais, a polícia, o exército. Estas instituições transmitem as ordens, as
aplicam e punem as pessoas que não obedecem. Mas, penso eu, que o poder político também é
exercido por um certo número de outras instituições que não parecem ter nada em comum com o
poder político, o qual parece ser independente, mas que na verdade não é. Todos nós sabemos
que as universidades e todo o sistema educacional, que aparentemente deveria distribuir o saber,

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Filosofia

servem, na verdade, para manter o poder nas mãos de uma certa classe social e para excluir as
demais classes sociais deste instrumento de poder. A psiquiatria, por exemplo, que em aparência
parece se destinar ao bem da humanidade, também é uma maneira de impor o poder político a
um determinado grupo social. A Justiça também. Então me parece que a real tarefa política atual
em uma sociedade como a nossa é criticar os trabalhos das instituições que aparentam tanto ser
neutras quanto independentes; é criticar e atacar estas instituições, de tal maneira que a
violência política que sempre foi exercida e obscurecida por meio destas instituições, surgisse,
para que assim pudéssemos combatê-la”
(Fala de Foucault em um debate com Noam Chomsky)

Em seu esforço por desvendar os mecanismos da dominação, Foucault elaborou uma teoria a respeita da
forma de exercício do poder que ele considerava dominante em nossa sociedade capitalista: o biopoder ou
biopolítica. Como o próprio nome indica, o biopoder está associado à vida, mas como assim? Foucault
considerava que a melhor forma de compreender o biopoder é compará-lo com o modo de exercício do poder
tipicamente vigente antes dele: o chamado poder de morte ou direito de soberania. De fato, nas sociedades
absolutistas e pré-capitalistas, o rei, como soberano, concentrava todo o poder política e tinha total domínio
sobre seus súditos. Esse enorme poder, porém, não se manifestava no dia-a-dia. O rei não tinha um controle
cotidiano da vida de seus súditos, normatizando o que deveriam fazer ou não. Ao contrário, a força do
soberano não se mostrava através da vida, mas sim da morte, seja quando ele condenava alguém à pena
capital, matando tal pessoa diretamente, seja quando ele enviava um súdito à guerra, expondo-o à
possibilidade de morrer. Em outras palavras, o direito de soberania, exercidos pelos reis, era um poder que
controlava a vida encerrando-a, que exercia sua dominação extinguindo as forças vitais do indivíduo. O que
ocorre, porém, com a vitória definitiva do capitalismo, ocasionada pela Revolução Industrial? Com a
industrialização, o ritmo da produtividade aumenta de maneira exponencial e não é mais possível que os
trabalhadores mantenham o ritmo de trabalho antigo. É preciso que os funcionários sejam mais rápidos,
mais proativos, mais eficientes, enfim, que eles acompanhem o ritmo das máquinas. Torna-se necessária,
então, a constituição de um novo tipo de poder, voltado não para diminuir ou violentar a vitalidade dos
indivíduos, mas sim para aumentá-la, desenvolvê-la, fortalecê-la. É necessário um biopoder: um poder que
aumente a vitalidade dos indivíduos para melhor controlá-los. Não à toa, dizia Foucault, o século XIX é o
século da formação da biologia como ciência, do malthusianismo, da preocupação com o controle de
natalidade, do darwinismo social, da condenação da homossexualidade como doença (e não apenas como
pecado), dos ideólogos do racismo, etc. Mais: para Foucault, o próprio nazismo, no século XX, é um fruto e
uma radicalização do biopoder, afinal, genocídios houve vários na história, mas o nazismo é o primeiro deles
justificado em bases biológicas. A própria preocupação com saúde, a anorexia e bulimia, a cultura fitness, a
rejeição da velhice, características tão comuns de nossa sociedade, seriam vistos como esferas de exercício
do biopoder por Foucault. De fato, o biopoder ou biopolítica, em todas as suas manifestações (umas julgadas
comumente como boas e outras como terríveis), parte sempre do mesmo princípio: trata-se de potencializar
a vida humana, de fortalecer a saúde do indivíduo, para que este se torne mais produtivo. Em outras palavras:
para que ele se torne mais útil ao sistema econômico vigente e ao organismo social como um todo. Diferente,
portanto, do direito de soberania, que se exercia pela violência física e pela extinção da vida do indivíduo, o
biopoder se exerce de modo sutil: não pelo enfraquecimento das forças vitais, mas pelo seu controle mais
eficiente; não pela diminuição da saúde do corpo, mas pelo seu adestramento. O modo como o biopoder se
exerce é através, sobretudo, das normas, das regras, dos regulamentos. Sua lógica é a da disciplinarização
dos corpos.
Segundo Foucault, o símbolo por excelência da sociedade disciplinar em que vivemos é um modelo de prisão
que foi proposto pelo filósofo Jeremy Bentham, justamente na época da Revolução Industrial: o panóptico.
Neste modelo prisional, através de uma simples mudança de arquitetura, os vigias não precisariam mais
transitar por entre os corredores para controlar os presos. Ao contrário, a torre de vigia seria posta no centro

2
Filosofia

de um círculo, em cujas extremidade estariam as celas. Assim, sem qualquer uso de violência explícita,
apenas pelo controle do olhar, o panóptico permitia um domínio e disciplinarização total da vida dos presos.
Na verdade, para Foucault, em virtude do biopoder, todos vivemos em um constante panóptico, inteiramente
controlados, não pela força física, mas pelo domínio sutil do olhar. É o Panoptismo social, a sociedade da
disciplina, a sociedade de vigilância.
Os indivíduos nessa sociedade, segundo Foucault, são levados a desenvolver um vigor físico invejável,
incomparável com a condição do camponês medieval. Entretanto, são docilizados, disciplinados, de forma a
não perceber todo o poder que possuem. De fato, estudos recentes demonstram que, em quantidade de
trabalho por ano, nós trabalhamos muito mais que os camponeses do medieval. Voltando 200, 300 ou 400
anos no tempo e principalmente para antes da invenção da lâmpada, podemos perceber que as pessoas
estavam longe de desempenhar oito horas contínuas de trabalho. Longos feriados eram comuns. Além disso,
o camponês passava boa parte do seu tempo se dedicando a manutenção da própria vida (cuidando de sua
residência, cozinhando, alimentando-se e até tirando cochilos diários toda tarde). Em vez de acumular
dinheiro, acumulava-se tempo livre.
Na relação entre conhecimento e poder, Foucault afirma que todo poder é uma forma de conhecimento e
todo conhecimento é uma forma de poder. Podemos supor que Foucault está se referindo ao
estabelecimento da autoridade daquele que sabe, mas o autor está um passo atrás (ou à frente). Por meio
dos métodos da arqueologia e genealogia (graças à influência de Nietzsche), Foucault conclui que o
conhecimento não é natural ao ser humano, não faz parte de sua essência. O saber é contranatural e contra
instintivo. Estudando a história do conhecimento Foucault percebe que este é uma relação de poder e
dominação e que o estabelecimento da verdade pouco tem a ver com sua correspondência a qualquer objeto
ou fato. A verdade, como o conhecimento, é artificial e fruto da construção social. Vejamos o caso da tese
vencedora da Antiguidade Clássica. A filosofia grega defendida por Sócrates, Platão e Aristóteles é devedora
da certeza, da declaração de que há uma verdade absoluta e universal. Quase dois mil anos depois
Descartes, concordando com a possibilidade de se estabelecer uma verdade absoluta, busca outras formas
ter certeza. Entretanto, hoje em dia, poucos filósofos e raros cientistas se atreveriam a afirmar que uma
verdade absoluta existe. E não se trata de admitir os pensadores de hoje como corretos e os de antes como
equivocados. Aqui o ponto é perceber que, primeiro: A verdade flutua socio-historicamente. Segundo: havia
(e há hoje) resistências as concepções de verdade assumidas como certas (por exemplo, os sofistas).
O mesmo ocorre com o Direito. Para o pensador a lei é uma verdade construída de acordo com as
necessidades do poder. O sistema socioeconômico vigente precisa, para se estabelecer e se manter, de uma
delimitação formal, uma justificação abstrata que permita que os indivíduos não percebem sua artificialidade
e converta suas regras em verdade universal e a priori. As regras do direito são a resposta do poder no
sistema social para essa necessidade de produção de “verdades”. Ou seja, as leis e o direito são resultado
de uma construção social que expressa relações de poder e nada tem a ver com um senso universal de
justiça ou de bem. As leis não expressam a justiça, elas expressam o poder.

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Filosofia

Exercícios

1. Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de
tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas
também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia. [...] Na segunda metade
do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto,
fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação
calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente
disponível e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)

Levando em conta essa passagem e a obra em que está inserida, é correto afirmar que, para Michel
Foucault, instituições como escolas, quartéis, hospitais e prisões são exemplos de espaços em que, a
partir do século XVIII, os indivíduos:
a) são educados de modo a se tornarem autônomos.
b) aprendem a conviver uns com os outros.
c) encontram as condições de segurança e bem-estar.
d) se tornam mais vigorosos e valentes.
e) se fazem objeto do poder disciplinar.

2. O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa
não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a
formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil,
e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma
manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.

Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em


a) declínio cultural.
b) segregação racial.
c) redução da hierarquia.
d) totalitarismo dos governos.
e) modelagem dos indivíduos.

3. Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-modernidade, comenta as ideias de Michel Foucault,
nas quais “[...] as sociedades modernas apresentam uma nova organização do poder que se
desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova organização, o poder não se concentra apenas no
setor político e nas suas formas de repressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida
social [...] [e] o poder fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. Assim, em vez
de se deter apenas no macro poder concentrado no Estado, [os] micropoderes se espalham pelas mais
diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de pessoas, por
exemplo: os pais, os porteiros, os enfermeiros, os professores, as secretarias, os guardas, os fiscais
etc.”
Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)

Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no
corpo social é interiorizar e fazer cumprir
a) o ideal de igualdade entre os homens.

4
Filosofia

b) o total direito político de acordo com as etnias.


c) as normas estabelecidas pela disciplina social.
d) a repressão exercida pelos menos instruídos.
e) o ideal de liberdade individual.

4. Texto para a questão.


Para dizer as coisas mais simplesmente: o internamento psiquiátrico, a normalização mental dos
indivíduos, as instituições penais têm, sem dúvida, uma importância muito limitada se se procura
somente sua significação econômica. Em contrapartida, no funcionamento geral das engrenagens do
poder, eles são, sem dúvida, essenciais. Enquanto se colocava a questão do poder subordinando-o à
instância econômica e ao interesse que garantia, dava-se pouca importância a estes problemas.
Michel Foucault. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1977.

Foucault, ao explicar suas ideias no texto, faz-nos inferir que


a) não podemos entender as relações de poder reduzindo-as à sua dimensão econômica ou à esfera
do Estado.
b) devemos entender as relações do poder como responsabilidade somente do Estado.
c) as estruturas de poder não extrapolam o Estado e não são evidentes nas diversas práticas
sociais.
d) os governantes detêm o poder em todas as esferas das relações sociais.
e) o interesse do poder está relacionado às práticas sociais e desvinculado do Estado.

5. Para Foucault, [...] nós sentimos que, a todo momento, estamos sendo vigiados, muito embora não
saibamos se existe realmente alguém nos vigiando. Com o passar do tempo, internalizamos o vigia:
nos tornamos úteis, dóceis e disciplinados, uma vez que incorporamos as regras e normas sociais,
como se houvesse uma torre e alguém a nos vigiar e punir. O fato de termos nossas ações registradas,
vigiadas e gravadas, combinado ao fato de que nós mesmos, espontaneamente, vigiamos uns aos
outros, garantem o funcionamento automático do poder.
[...] Foucault nos mostra como esse sistema nos impõe uma disciplina e um mecanismo de
autorrepressão, que aponta uma única forma de existir, uma única maneira de pensar, uma única
maneira de ser feliz, em suma, uma única maneira de construir-se a si mesmo. Na prática, seria uma
“ditadura interna”, que pode ser tão terrível quanto uma ditadura no sentido político, já que atinge o
âmago de nossa individualidade.
(PARA FOUCAULT... 2018. p. 178).

O processo de disciplinarização, descrito pelo filósofo Michel Foucault, pode ser identificado
a) nos mecanismos de controle estabelecidos dentro das fábricas, como a regulamentação dos
horários de intervalo na produção, e na regulação da vida dos operários fora das indústrias, como
o lazer, no processo da Revolução Industrial.
b) na fase do governo jacobino, durante a época do Terror, no processo da Revolução Francesa,
quando o governo revolucionário suprimiu os princípios básicos da liberdade e fraternidade, em
nome do estabelecimento da igualdade social.
c) na proibição das greves e das organizações trabalhistas, como os sindicatos, como mecanismos
de controle do Estado sobre a vida cotidiana da população, buscando a superação dos efeitos da
Crise de 1929, na sociedade estadunidense.
d) no franquismo, quando o governo fascista espanhol, buscando fortalecer o poder estatal,
controlou as instituições civis, políticas e religiosas, provocando a oposição da Igreja Católica,
dos grandes latifundiários e empresários ao governo de Francisco Franco.

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Filosofia

e) na concepção política do Partido Menchevique, no processo da Revolução Russa, defensor de um


Estado autoritário que controlasse todos os aspectos da vida cotidiana e possibilitasse a
transição imediata do regime czarista para o socialista.

6. Penso que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que poderíamos
encontrar em os lugares. Penso, pelo contrário, que o sujeito se constitui através das práticas de
sujeição ou, de maneira mais autônoma, através de práticas de liberação, de liberdade, como na
Antiguidade — a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, que podemos encontrar
no meio cultural.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

O texto aponta que a subjetivação se efetiva numa dimensão


a) legal, pautada em preceitos jurídicos.
b) racional, baseada em pressupostos lógicos.
c) contingencial, processada em interações sociais.
d) transcendental, efetivada em princípios religiosos.
e) essencial, fundamentada em parâmetros substancialistas.

7. Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a


disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca
dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa incorreta:
a) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a
disciplina mecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste,
estava em falência.
b) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas,
proibitivas e impeditivas.
c) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o
exercício do poder, mediante o modelo panóptico.
d) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplina
mecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos
mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares.
e) A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua,
pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce
automaticamente.

8. Um dos principais pensadores da pós-modernidade, Michel Foucault, afirma, por exemplo, que
vivemos numa sociedade em que há “múltiplas formas de dominação” e que, em grande parte, “marcha
„ao compasso da verdade‟ – ou seja, que produz e faz circular discursos que funcionam como
verdade, que passam por tal e que detêm, por esse motivo, poderes específicos”.
Fonte: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2009, p. 181; 321.

Essas afirmações exemplificam o modo pelo qual Foucault compreende a sociedade pós-moderna

Sobre os resultados das investigações de Foucault acerca das novas formas de organização social,
assinale a alternativa CORRETA.
a) Há uma organização do poder disciplinar que se concentra antes de tudo no terreno político,
independentemente dos diferentes âmbitos da vida social.

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Filosofia

b) Há uma nova forma de compreender o conhecimento, mas sem mudar a noção de verdade,
porquanto esta não pode depender jamais das circunstâncias sociais.
c) Há uma relação direta entre saber e poder enquanto o caminho do conhecimento está
essencialmente ligado às estruturas da organização social.
d) Há uma fragmentação do poder que o torna menos eficaz do que foi nos grandes regimes das
sociedades pré-modernas, quando se concentrava nas mãos do Estado.

9. “O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-
los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser, de
alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução
difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o
nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito — tudo por uma simples ideia de
arquitetura!”
BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da
disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos
a) religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
b) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.
c) repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
d) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle.
e) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as
próprias ações controladas.

10. “A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das
batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror:
a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que
agonizam no dia que está amanhecendo.”
(FOUCAULT, M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à
organização social.
Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é:
a) combater ações violentas na guerra entre as nações.
b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
e) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.

7
Filosofia

Gabarito

1. E
Como aponta Foucault, na passagem do antigo Regime para a modernidade um novo tipo de poder
passou a ser exercido na sociedade, o biopoder. Ele se faz presente através das instituições
responsáveis por docilizar os corpos e adestrar os indivíduos. Essas instituições são escolas, empresas,
hospitais, prisões e quartéis, onde a rígida, porém sutil, disciplina atua sobre o corpo e subjetividade das
pessoas.

2. E
Para Foucault, as formas de poderes existentes na sociedade impõem modificações nos modos de agir
dos indivíduos, a partir da coação de seus corpos, transformando-os em corpos úteis e passíveis de
sujeição. Desse modo, incorporam-se características disciplinadoras nos corpos através do controle e
do adestramento que mede, corrigi e hierarquiza corpos em um processo que modela indivíduos.

3. C
Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática social expressa por um
conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma "coisa" que uns tem e outros não, como,
por exemplo, o pai e o filho, o rei e seus súditos, o presidente e seus governados, etc., mas como uma
relação que se exerce, que opera entre os pares: o filho que negocia com o pai, os súditos que
reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos legais para fiscalizar o presidente, etc. Deste
ponto de vista, poder não se restringe ao governo, mas espalha-se pela sociedade em um conjunto de
práticas, a maioria delas essencial à manutenção do Estado. O poder é uma espécie de rede formada
por mecanismos e dispositivos que se espraiam por todo cotidiano - uma rede da qual ninguém pode
escapar. Ele molda nossos comportamentos, atitudes e discursos. Compreender o Estado como
portador do poder é um equívoco, pois além de ser dispendioso, o poder externo não é capaz de dar
conta dos corpos individuais, este poder não permeia a vida e não é capaz de controlar os indivíduos.
Os micro poderes atuam de forma capilar e moldam por meio dos instrumentos do Estado as reações,
domesticando os indivíduos, hierarquizando-os, normatizando comportamentos em suas relações. Isto
ocorre desde as relações mais simples até as relações mais complexas, criando condições para
estabelecer uma disciplina social ampla.

4. A
Pela perspectiva de Foucault, o poder não é exercido apenas por instituições do poder por excelência.
O poder está em todas as relações, mesmo longe da máquina estatal o do aparato econômico. O poder
está na brincadeira de rua, na relação familiar, em instituições de saúde, na escola etc.

5. A
A alternativa A traz descrito o tipo de procedimento que promove a disciplinarização e que foi adotado
pelas fábricas durante a revolução industrial. Antes do suplício, a instrução. Antes do castigo, o controle.
Desde jovens os membros dessas sociedades são condicionados a ficar em salas fechadas sentados
por longas horas realizando atividades relativamente vazias de sentido. As instituições disciplinadoras
são conhecidas como instituições de sequestro.

6. C
Para Foucault, o corpo está inserido no social e, por isso, é marcado pelo social. Todas as relações
sociais são relações de poder e, de acordo com cada momento sócio histórico, as dinâmicas de sujeição
ou liberação são subjetivadas pelos indivíduos.

7. A
A disciplina-bloco é apresentada por Foucault mediante o caso da peste, enquanto que a disciplina-
mecanismo relaciona-se com o modelo panóptico. Ainda que o aluno não conheça a obra e a
terminologia de Foucault, ele poderá compreender que a alternativa [A] está incorreta, dado que esta
contraria todas as outras alternativas.

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Filosofia

8. C
Como vimos, o conhecimento não é natural nem puro. Não está definido fora da artificialidade das
atividades sociais humanas. O conhecimento é construído e está ligado às estruturas sociais sendo
reflexo, dessa forma, das relações de poder. Por isso, o saber e o poder estão intimamente relacionados

9. D
O panóptico – também citado por Foucault – vai ser uma forma sutil de controle dos comportamentos
humanos, onde, estando o homem ciente das normas sociais, além de obedecê-la, ele vai controlar o
comportamento dos outros indivíduos.

10. E
De acordo com Michel Foucault, as relações humanas se dão através de relações de poder, em que o
ordenamento de forças é que estabelece uma organização das sociedades. É importante ressaltar que,
para Michel Foucault, o poder não é estático, ou seja, de cima para baixo. Não acredita em poder puro e
simples, mas em relações de poder que pode ser utilizado como forma de diálogo de indivíduos em uma
sociedade.

9
Filosofia

Bauman

Resumo

Um dos mais importantes sociólogos da história, Zygmunt Bauman teve como principal objetivo compreender
as especificidades da sociedade contemporânea. Com efeito, em seu entendimento, as teorias tradicionais
de sociólogos como Marx e Weber, ainda que úteis para explicar as origens do capitalismo e o início do
processo de modernização, não são capazes de dar conta da explicação do mundo social de hoje, do
capitalismo globalizado, da sociedade de espetáculo e de consumo.
Embora não haja um consenso sobre o momento exato em que a modernidade se inicia, dois eventos
históricos foram decisivos para o seu desenvolvimento. O primeiro deles, a Revolução Industrial, foi um
conjunto de mudanças ocorridas na Europa, marcadas, sobretudo, pelo êxodo rural e pela invenção da
máquina a vapor que levaram ao aumento da velocidade de produção e, por conseguinte, ao aumento da
quantidade de mercadorias produzidas. O segundo, a Revolução Francesa, foi um momento de ruptura com
as estrututras políticas e sociais do Antigo Regime, que culminou com a proclamação da Assembleia
Constituinte e a queda da Bastilha, ambas em 1789.
Para Bauman, a principal característica da modernidade é a capacidade de derreter sólidos, isto é, de fazer
com que as estruturas políticas, sociais e econômicas, assim como as próprias relações sociais, se dissolvam.
Segundo ele, a modernidade se divide em duas etapas. Na primeira etapa, a modernidade sólida, a
preocupação não é apenas a de dissolver o que foi recebido da tradição, mas também a de construir as bases
para os novos sólidos. Tomemos como exemplo a Revolução Francesa, que destruiu (dissolveu) o Antigo
Regime com o propósito de construir um novo sólido, fundamentado na razão e guiado pelos ideiais de
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Na segunda metade do século XX, os fenômenos sociais da globalização, da individualização e o avanço das
tecnologias de comunicação transformaram a modernidade. Na segunda etapa, a modernidade líquida, os
indivíduos, as instituições e a relação entre eles não têm mais uma forma rígida, duradoura e não há a
perspectiva de criação de novos sólidos. Tudo está em constante transformação. Bauman encontra, na
metáfora do líquido, a chave para descrever as características da sociedade atual, quais sejam, a
incapacidade de manter a forma, a instabilidade e a mobilidade.
Na perspectiva baumaniana, o que caracteriza o mundo em que vivemos é a liquidez das relações sociais.
Essa liquidez, consiste em uma espécie de cultura do descartável, onde tudo se torna fluido, volátil,
impermanente. Os valores substanciais e tradicionais tendem a se enfraquecer, bem como o senso
comunitário, enquanto o individualismo e as novas modalidades de interação social tendem a ganhar força.
A modernidade líquida está presente nos mais diversos aspectos da vida social. A própria percepção do
tempo foi transformada pela liquidez. O tempo já não é mais cíclico, como nas mitologias; também não traz
a ideia de linearidade, comum à visão ocidental. Nosso tempo é pontilhado, isto é, consiste em um conjunto
de instantes encerrados em si mesmos e que não guardam qualquer relação com os instantes anteriores e
nem com os que estão por vir.
As relações afetivas, como o amor e a amizade também sofreram os efeitos da modernidade líquida. As novas
tecnologias de comunicação, sobretudo as redes sociais e os sites de relacionamento, possibilitaram novas
formas de interagir e se relacionar como, por exemplo, o relacionamento online. Escolher um(a) parceiro(a)
pela internet é uma operação que se assemelha, de algum modo, a acessar um site de vendas para comprar
um determinado produto. Tanto o site de vendas quanto o site de relacionamento nos colocam diante de uma
espécie de catálogo, no qual podemos escolher aquilo que mais nos agrada. Nesse sentido, as relações

1
Filosofia

amorosas se confundem com as relações de mercado. A amizade, por sua vez, resume-se ao duplo
movimento de conectar e desconctar. O grande atrativo das redes sociais não está, segundo Bauman, na
facilidade de fazer amizades, mas sim na facilidade de desfazê-las. Os conflitos e constragimentos
provocados pelo término de uma amizade podem ser evitados, no ambiente virtual, com apenas um click.
Outro aspecto importante da teoria de Bauman é o consumo. Segundo ele, o consumo organiza as relações
sociais, sendo capaz de mudar o modo como as pessoas veem a si mesmas e como elas projetam a sua
própria imagem para os demais. Nessa sociedade de consumidores, ninguém se torna sujeito sem primeiro
virar mercadoria, o que também contribui para a instabilidade ou liquidez das relações.

2
Filosofia

Exercícios

1. Zygmunt Bauman e Tim May afirmam que a Sociologia “é uma disciplina dinâmica e progressiva,
produzindo permanentemente novos estudos – o que, aliás, não surpreende, considerando que nossa
vida muda de várias maneiras e de diferentes momentos” (p. 8). Diante do exposto por esses autores
contemporâneos e de seus estudos de Sociologia, assinale a alternativa CORRETA.
a) A Sociologia contribui para o pensar de forma individual e auxilia a nos distanciar das redes de
relações sociais.
b) A Sociologia estuda processos sociais, funções, normas e ações individuais, bem como analisa as
estruturas presentes na sociedade.
c) A Sociologia contribui para a produção de uma visão acrítica dos fenômenos sociais.
d) Por ser uma ciência da pós-modernidade, a Sociologia procura respostas sobre a complexidade
social, apontando situações a serem analisadas em sociedade.
e) Pelo fato da Sociologia ser uma ciência do século XIX, não podemos considera-la como pós-
moderna.

2. Segundo Zygmunt Bauman, a Sociologia é constituída por um conjunto considerável de conhecimentos


acumulados ao longo da história. Pode-se dizer que a sua identidade forma-se na distinção com o
chamado senso comum. Considerando que a Sociologia estabelece diferenças com o senso comum e
estabelece uma fronteira entre o pensamento formal e o senso comum, é correto afirmar que
a) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer afirmações corroboradas por evidências não
verificáveis, baseadas em ideias não previstas e não testadas.
b) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença na ciência e pouca fidedignidade de
seus argumentos. O senso comum, ao contrario, evita explicações imediatas ao conservar o rigor
científico dos fenômenos sociais.
c) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de nossas preocupações diárias e expressões
cotidianas, enquanto o senso comum preocupa-se com a historicidade dos fenômenos sociais.
d) o pensamento sociológico se distingue do senso comum na explicação de alguns eventos e
circunstâncias, ou seja, enquanto o senso comum se preocupa em analisar e cruzar diversos
conhecimentos, a Sociologia se preocupa apenas com as visões particulares do mundo.
e) um dos papéis centrais desempenhados pela Sociologia é a desnaturalização das concepções ou
explicações dos fenômenos sociais, conservando o rigor original exigido no campo cientifico.

3. Texto 1
“A insegurança ambiente concentra-se no medo pela segurança pessoal; que por sua vez aguça ainda
mais a figura ambígua e imprevisível do estranho. Estranho na rua, gatuno perto de casa… Alarmes
contra assalto, bairros vigiados e patrulhados, condomínios fechados, tudo isso serve ao mesmo
propósito: manter os estranhos afastados. A prisão é apenas a mais radical dentre muitas medidas —
diferente do resto pelo suposto grau de eficiência, não por sua natureza. As pessoas que cresceram
numa cultura de alarmes contra ladrões tendem a ser entusiastas naturais das sentenças de prisão e
de condenações cada vez mais longas. Tudo combina muito bem e restaura a lógica ao caos da
existência.”
(Zygmunt Bauman. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999)

3
Filosofia

Texto 2
“Depois de vinte anos sem prestar atenção nas consequências sociais e humanas de um capitalismo
global incontido, o presidente do Banco Mundial chegou à conclusão de que, para a maior parte da
população mundial, a palavra ‘globalização’ sugere ‘medo e insegurança’ em vez de ‘oportunidade e
inclusão’.”
(Eric Hobsbawn, Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007)

Texto 3
“Entre os jovens, cada vez mais prevalece o ‘cada um por si’. Mais do que a amizade, são redes de
cumplicidade que orientam a busca da sobrevivência, a abstenção da balbúrdia política. A sociedade
pretensamente sem classes resulta num egoísmo cheio de cautela. Tal como o capitalismo. Isso
significa que as ‘derivações’, para falar como Pareto, têm pouca influência e o homem continua a ser o
que é (mais hobbesiano e menos rousseauísta), sejam quais forem o sistema político e a ideologia que
o legitimam.”
(Gerard Vincent, Uma história do segredo? São Paulo: Companhia das Letras, 2009)

A cultura contemporânea é marcada pelo medo do outro, pelo egoísmo e pela intolerância; é possível
identificar, ainda, uma ideologia que é caracterizada pela ausência de fraternidade, pela desintegração
dos laços humanos e pela solidão. Entre as principais críticas relacionadas a essa problemática (guerra
civil, democracia e exclusão) estão as queixas ao sistema representativo, as queixas de direito e justiça,
as queixas econômicas. Sobre o tema assinale a alternativa incorreta.
a) O ceticismo quanto à política – sobretudo a democracia – acompanha esta mesma linha de
raciocínio. As relações autônomas minoram a criação de uma identidade e os direitos já
reconhecidos, poucas vezes são efetivados. A solidão cresce na mesma proporção da atitude
cética.
b) Embora haja medo do outro, as culturas de um modo geral estão se abrindo para acolher o
diferente, e isso pode ser percebido tanto na Europa, com relação ao mulçumano, quanto no Brasil,
com relação aos negros e indígenas, por exemplo.
c) As queixas de representatividade se dirigem tanto às distorções de representação internas de cada
Estado, quanto externas, voltadas a atacar as distorções de representatividade existentes na
Organização das Nações Unidas, por exemplo.
d) As queixas de direito e justiça ocorrem porque, a despeito de serem frequentemente reconhecidos
nas constituições nacionais, não são efetivados especialmente no tocante aos grupos minoritários,
isso tanto no mundo desenvolvido quanto no mundo subdesenvolvido, o que tem colaborado para
o aumento do número de movimentos que têm por escopo a reivindicação de direitos, ou da
efetivação dos já reconhecidos.
e) Quanto às queixas econômicas, diga-se que estão relacionadas ao alcance da pobreza no mundo
de hoje. Embora presente no mundo todo, ela é distribuída de forma desigual, de acordo com
critérios de raça, etnia e gênero. Por exemplo, encontram-se no sul da Ásia e na África subsaariana
aproximadamente 70% da população mundial que vivem com menos de um dólar por dia.

4
Filosofia

4. Como observam os pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados da Cultura da Universidade de


Virgínia, os executivos globais que entrevistaram “vivem e trabalham num mundo feito de viagens entre
os principais centros metropolitanos globais – Tóquio, Nova York, Londres e Los Angeles. Passam não
menos do que um terço de seu tempo no exterior. Quando no exterior, a maioria dos entrevistados
tende a interagir e socializar com outros globalizados… Onde quer que vão, hotéis, restaurantes,
academias de ginástica, escritórios e aeroportos são virtualmente idênticos. Num certo sentido
habitam uma bolha sociocultural isolada das diferenças mais ásperas entre diferentes culturas
nacionais… São certamente cosmopolitas, mas de maneira limitada e isolada.” […] A mesmice é a
característica mais notável, e a identidade cosmopolita é feita precisamente da uniformidade mundial
dos passatempos e da semelhança global dos alojamentos cosmopolitas, e isso constrói e sustenta
sua secessão coletiva em relação à diversidade dos nativos. Dentro de muitas ilhas do arquipélago
cosmopolita, o público é homogêneo, as regras de admissão são estrita e meticulosamente (ainda que
de modo informal) impostas, os padrões de conduta precisos e exigentes, demandando conformidade
incondicional. Como todas as “comunidades cercadas”, a probabilidade de encontrar um estrangeiro
genuíno e de enfrentar um genuíno desafio cultural é reduzida ao mínimo inevitável; os estranhos que
não podem ser fisicamente removidos por causa do teor indispensável dos serviços que prestam ao
isolamento e autocontenção ilusória das ilhas cosmopolitas são culturalmente eliminados – jogados
para o fundo “invisível” e “tido como certo”.
(BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. p. 53 -55.)

De acordo com o texto, é correto afirmar que a globalização estimulou


a) a disseminação do cosmopolitismo, que rompe as fronteiras étnicas, quando todos são viajantes.
b) um novo tipo de cosmopolitismo, que reforça o etnocentrismo de classe e de origem étnica.
c) a interação entre as culturas nativas, as classes e as etnias, alargando o cosmopolitismo dos
viajantes de negócio.
d) o desenvolvimento da alteridade através de uma cultura cosmopolita dos viajantes de negócios.
e) a emergência de um novo tipo de viajantes de negócios, envolvidos com as comunidades e
culturas nativas dos países, onde se hospedam.

5. As relações amorosas, após os anos de 1960/1980, tenderam a facilitar os contatos feitos e desfeitos
imediatamente, gerando uma gama de possibilidades de parceiros e experimentos de prazer. Essa
forma de contato amoroso tem sido denominada pelos jovens como “ficar”. Assim, em uma festa pode-
se “ficar” com vários parceiros ou durante um tempo “ir ficando” em diferentes situações, sem que isso
se configure em compromisso, namoro ou outra modalidade institucional de relação. Os processos
sociais que provocaram as mudanças nas relações amorosas, bem como suas consequências para o
indivíduo e para a sociedade, têm sido problematizados por vários cientistas sociais. Assinale a
alternativa em que o texto explica os sentidos das relações amorosas descritas acima.
a) “Hoje as artes de expressão não são as únicas que se propõem às mulheres; muitas delas tentam
atividades criadoras. A situação da mulher predispõe-na a procurar uma salvação na literatura e
na arte. Vivendo à margem do mundo masculino, não o apreende em sua figura universal e sim
através de uma visão singular; ele é para ela, não um conjunto de utensílios e conceitos e sim uma
fonte de sensações e emoções; ela interessa-se pelas qualidades das coisas no que têm de
gratuito e secreto [...]”.
(BEAUVOIR, S. O segundo sexo. 5 ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1980. p. 473.)

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Filosofia

b) “Hoje, no entanto, existe uma renovação, o que significa dizer que os cientistas, quando chegam
através do seu conhecimento a esses problemas fundamentais, tentam por si próprios
compreendê-los e fazem um apelo à sua própria reflexão. Nos próximos anos, por exemplo, após
as experiências do Aspecto, a discussão sobre o espaço e sobre o tempo – problemas filosóficos
– vai ser retomada”.
(MORIN, E. A inteligência da complexidade. 2. ed. São Paulo: Peirópolis, 2000. p. 37.)

c) “Nova era demográfica de declínio populacional não catastrófico pode estar alvorecendo. Fome,
epidemias, enchentes, vulcões e guerras cobraram seu preço no passado, mas que grandes
populações não se reproduzam por escolha individual é uma mudança histórica notável. Na
Europa Ocidental, esse padrão está se estabelecendo em tempos de paz, sob condições de grande
prosperidade, embora, sejam ainda visíveis oscilações conjunturais, significativas na depressão
escandinava do início dos anos de 1990.”
(THERBORN, G. Sexo e poder. São Paulo: Contexto, 2006. p. 446).

d) “É assim numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto para o uso imediato, o
prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados,
receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a
arte de amar é a oferta (falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de
construir a ’experiência amorosa’ à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem
exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e
resultados sem esforço.
(BAUMAN, Z. Amor líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p.21-22).

e) “Viver na grande metrópole significa enfrentar a violência que ela produz, expande e exalta, no
mesmo pacote em que gera e acalenta as criações mais sublimes da cultura.[...] Nesse sentido,
talvez a primeira violência de que somos vítima, já no início do dia, é o jornalismo, sempre muito
sequioso de retratar e reportar, nos mínimos detalhes, o que de mais contundente e chocante a
humanidade produziu no dia anterior [...]”.
(NAFFAH NETO, A. Violência e ressentimento. In: CARDOSO, I. et al (Orgs).
Utopia e mal-estar na cultura. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 99.)

6. “Ver TV é um dos principais deveres do sociólogo. É ali, no mundo tal como ele é visto na TV, que a
maioria das pessoas passa boa parte de suas vidas e adquire grande parcela de seu conhecimento do
mundo. O Lebenswelt [mundo em que vivemos], o principal objeto de nosso estudo e o principal alvo
de nossas mensagens, estaria dolorosamente incompleto hoje se fosse privado dos ingredientes
fornecidos pela TV on-line. Recusar-se a ver TV equivale a dar as costas a uma parte considerável, e
ainda em crescimento, da experiência humana contemporânea. Essa é uma consideração que deveria
orientar e ditar a seleção daquilo que os sociólogos devem ver, e não, lamentavelmente, sua estética
ou outras preferências voltadas para a busca do prazer. Mas quem disse que o trabalho dos sociólogos
deve ser – está fadado a ser – invariavelmente prazeroso?”.
(BAUMAN, Z. P. Para que serve a sociologia? Diálogos com Michael Hviid Jacobsen e Keith Tester.
Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 129 e 130).

A partir do texto acima e de teorias sociológicas sobre mídias, publicidade e consumo, assinale o que
for correto.
a) A televisão, em nossa sociedade, está relacionada ao entretenimento, o que anula o interesse de
qualquer pesquisa objetiva sobre a sociedade a partir de sua observação.

6
Filosofia

b) A análise sociológica de telejornais, telenovelas, programação infantil, pode enfocar os indivíduos


em situação de vulnerabilidade intelectual.
c) Pesquisar programas televisivos é algo irrelevante para a sociologia contemporânea devido à baix
qualidade da programação.
d) Considerando o caráter subjetivo da pesquisa sociológica, seus praticantes devem se ocupar
apenas daquilo que lhes seja agradável.
e) O papel social da TV como meio de expressão, canal midiático e mediador de publicidade e
consumo, a torna um fenômeno sociologicamente relevante.

7. A Conceito central do pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), a


“modernidade líquida” seria o momento histórico que se vive atualmente, em que as instituições, as
ideias e as relações estabelecidas entre as pessoas se transformam de maneira muito rápida e
imprevisível: “Tudo é temporário, a modernidade – tal como os líquidos – caracteriza-se pela
incapacidade de manter a forma”.
Para melhor compreender a modernidade líquida, é preciso voltar ao período que a antecedeu, chamado
por Bauman de modernidade sólida, que está associada aos conceitos de comunidade e laços de
identificação entre as pessoas, que trazem a ideia de perenidade e a sensação de segurança. Na era
sólida, os valores transformavam-se em ritmo lento e previsível. Assim, tinham-se algumas certezas e
a sensação de controle sobre o mundo – sobre a natureza, a tecnologia, a economia, por exemplo.
Alguns acontecimentos da segunda metade do século XX, como a instabilidade econômica mundial, o
surgimento de novas tecnologias e a globalização, contribuíram para o enfraquecimento da ideia de
controle sobre os processos do mundo, trazendo incertezas quanto à capacidade de adequação aos
novos padrões sociais, que se liquefazem e mudam constantemente. Nessa passagem do mundo
sólido ao líquido, Bauman chama atenção para a liquefação das formas sociais: o trabalho, a família, o
engajamento político, o amor, a amizade e, por fim, a própria identidade. Essa situação produz angústia,
ansiedade constante e o medo líquido: temor do desemprego, da violência, do terrorismo, de ficar para
trás, de não se encaixar nesse novo mundo.
Assim, duas das características da modernidade líquida são a substituição da ideia de coletividade e
de solidariedade pelo individualismo; e a transformação do cidadão em consumidor. Nesse contexto,
as relações afetivas se dão por meio de laços momentâneos e volúveis e tornam-se superficiais e
pouco seguras (amor líquido). No lugar da vida em comunidade e do contato próximo e pessoal,
privilegiam-se as chamadas conexões, relações interpessoais que podem ser desfeitas com a mesma
facilidade com que são estabelecidas, assim como mercadorias que podem ser adquiridas e
descartadas. Exemplo disso seriam os relacionamentos virtuais em redes sociais.
A modernidade líquida, no entanto, não se confunde com a pós-modernidade, conceito do qual Bauman
é crítico. De acordo com ele, não há pós-modernidade (no sentido de ruptura ou superação), mas sim
uma continuação da modernidade (o núcleo capitalista se mantém) com uma lógica diferente – a
fixidez da época anterior é substituída pela volatilidade, sob o domínio do imediato, do individualismo
e do consumo..
Com base no texto, é correto afirmar que:
a) a possibilidade de manter a economia mundial estável, o surgimento de novas tecnologias e a
capacidade de adequação do ser humano aos novos padrões sociais, que se liquefazem e mudam
constantemente, contribuem para a redução de sentimentos como a angústia, a ansiedade e o
medo.

7
Filosofia

b) o conceito de modernidade líquida traz a palavra “liquidez” de modo metafórico para referir-se ao
momento atual, em que as instituições, as ideias e as relações estabelecidas entre as pessoas são
perenes e transformam-se de maneira previsível.
c) o sociólogo polonês Bauman entende que, na época atual, o ritmo incessante das transformações
gera angústias e incertezas e dá lugar a uma nova lógica, pautada pelo individualismo e pelo
consumo.
d) o conceito de modernidade líquida pressupõe a substituição da ideia de coletividade e de
solidariedade pelo individualismo; assim, as conexões e os relacionamentos virtuais perdem lugar
para a vida em comunidade que privilegia o contato próximo e pessoal.
e) a pós-modernidade, que segundo Bauman só poderia existir com a manutenção do núcleo
capitalista, consolidaria o consumo e a solidariedade, mas romperia com a ideia de individualidade.

8. “Mas a vocação da sociologia é fornecer orientação em um mundo reconhecidamente em mudança. E


essa vocação só pode ser realizada delineando-se as mudanças e suas consequências, assim como
investigando as estratégias de vida adequadas para lidar com suas exigências. Creio que um mundo
que exige uma reorientação contínua é o hábitat natural da pesquisa sociológica e dos serviços que a
sociologia pode e deve oferecer”.
(BAUMAN, Z. Para que serve a sociologia? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 59).

Considerando o texto citado e conhecimentos sobre o surgimento e a institucionalização das Ciências


Sociais, assinale o que for incorreto.
a) Uma das tarefas da sociologia é mostrar como os problemas pessoais estão interligados a
questões de ordem pública e coletiva.
b) A sociologia se constitui num tipo de conhecimento relevante tanto para os cientistas e
especialistas quanto para todos aqueles afetados pelos resultados de suas pesquisas, ou seja, o
grande público.
c) A sociologia é um conhecimento originário do mundo contemporâneo e, como tal, se mostra
necessária para entender as novas formas de interação e comunicação da pós-modernidade.
d) O pensamento sociológico e as metodologias por ele empregadas não utilizam recursos
matemáticos ou estatísticos na constituição de análises sobre a história e a estrutura social de
grupos ou nações.
e) A sociologia é uma ciência, portanto estabelece problemas, dúvidas e questionamentos sobre a
realidade. Por isso, ela é também uma forma de consciência, na medida em que permite
desenvolver uma nova perspectiva sobre o próprio mundo em que vivemos.

9. Texto 1
O livro Cultura do narcisismo, escrito por Christopher Lasch em 1979, é um clássico. O texto de Lasch
mostra como o que era diagnosticado como patologia narcísica ou limítrofe nos anos 50 torna-se uma
espécie de “normalidade compulsória” depois de duas décadas. Para que alguém seja considerado
“bem-sucedido”, é trivialmente esperado que manipule sua própria imagem como se fosse um
personagem, com a consequente perda do sentimento de autenticidade.
(Christian Dunker. A cultura da indiferença . www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)

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Filosofia

Texto 2
Zigmunt Bauman: Afastar-se da percepção de mundo consumista e do tipo de atitude individualista
contra o mundo e as pessoas não é uma questão a ponderar, mas uma obrigação determinada pelos
limites de sustentabilidade desse modelo da vida que pressupõe a infinidade de crescimento
econômico. Segundo esse modelo, a felicidade está obrigatoriamente vinculada ao acesso a lojas e ao
consumo exacerbado.
(“Lojas são alívio a curto prazo, diz o sociólogo Zigmunt Bauman”. www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)

Considerando os textos, é correto afirmar que:


a) para Bauman, as diretrizes liberais de crescimento econômico ilimitado prescindem de reflexão
ética.
b) ambos tratam do irracionalismo subjacente aos critérios de normalidade e de felicidade.
c) a “cultura do narcisismo” apresenta um estilo de vida incompatível com a mentalidade consumista.
d) a patologia narcísica analisada por Lasch é um fenômeno restrito ao domínio psiquiátrico.
e) ambos abordam problemas historicamente superados pelas sociedades ocidentais modernas.

10. O sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro Globalização: as consequências humanas, afirma que a
globalização‘ tem sido apresentada como o destino irremediável do mundo, mas que, no fenômeno da
globalização, há mais coisas do que pode o olho apreender, pois o fenômeno da globalização tanto
divide como une.
(BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. (adaptado).)

Essa crítica do autor é, também, expressa em outras linguagens como na charge abaixo.

Com base na charge e nas ideias de Zygmunt Bauman, pode-se afirmar que o fenômeno da globalização
a) seleciona povos, países e setores que serão inseridos no processo, determinando a forma da
inserção.
b) uniformiza todos os países e atinge a todos da mesma maneira, sem distinção de etnia, credo e
ideologia.

9
Filosofia

c) distribui igualmente entre povos e países os produtos advindos do desenvolvimento econômico e


tecnológico.
d) transforma as nações em uma só, criando uma verdadeira ―aldeia global‖, na qual todos os povos
são iguais.
e) padroniza o mundo social, cultural, política e economicamente, reduzindo as desigualdades entre
as nações.

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Filosofia

Gabarito

1. D
A Sociologia é uma disciplina contemporânea que busca compreender e explicar os fenômenos sociais.
Nessa medida, a única alternativa correta é a representada pela letra (d).

2. E
A única alternativa que apresenta a relação adequada entre a Sociologia e o senso comum, de acordo com
o pensamento de Zygmunt Bauman, é a representada pela letra e, que afirma que “um dos papéis centrais
desempenhados pela Sociologia é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos
sociais, conservando o rigor original exigido no campo cientifico.” Aquilo que para o senso comum pode
ser compreendido como algo “natural” ou “normal” deve ser estudado pela sociologia no sentido de tentar
desnaturalizá-lo e, portanto, de compreender as razões para a existência de determinados fenômenos
sociais.

3. B
Somente a alternativa [B] está errada. Ainda que a questão do preconceito e do racismo esteja colocada
de maneira mais nítida, verifica-se um movimento de manutenção do etnocentrismo e da intolerância. Isso
pode ser percebido, sobretudo no caso da França, onde, em abril de 2011, entrou em vigor uma lei que
proibia o uso do véu por mulheres muçulmanas em lugares públicos.

4. B
A questão exige do aluno leitura atenta do texto do enunciado. Ali, o autor faz referência explícita à forma
de vida de executivos que vivem em uma “bolha sociocultural”, sendo, por isso, cosmopolitas “de maneira
limitada e isolada”. Assim, o etnocentrismo tradicional é mantido e realocado e as diferenças étnicas não
são superadas. Portanto, somente a alternativa [B] é correta.

5. D
A alternativa [D] é a única correta. O próprio título do livro de Zigmunt Bauman (Amor Líquido) já se mostra
como indício da adequação da sua teoria para a interpretação das relações afetivas contemporâneas. É
assim que as relações sociais podem ser interpretadas no sentido da sociedade do consumo: fluidas e
descartáveis. Na própria terminologia do autor, uma afetividade líquida.

6. E
Todas as outras alternativas apresentam a TV como não possuindo relevância para a abordagem
sociológica, o que não é verdadeiro de acordo com o texto de Bauman.

7. C
No enunciado da questão, há referências explicitas à angústia provocada pela liquidez, à substituição da
ideia de coletividade e solidariedade pelo individualismo e à transformação do cidadão em consumidor.
Portanto, a alternativa [C] é a correta.

8. D
A sociologia continua a ser importante, mesmo nesse contexto de pós-modernidade. Além disso, vale
ressaltar que desde os estudos de Émile Durkheim sobre o suicídio, a estatística e a matemática continuam
sendo importantes para as pesquisas sociológicas.

11
Filosofia

9. B
Os textos-base da questão fazem crítica ao estilo de uma sociedade que impõe critérios para a
“normalidade” e para a “felicidade”. Dunker afirma que, para ser bem-sucedido, é necessário que haja a
construção artificial de um personagem. A busca por uma “normalidade” imposta, paradoxalmente, geraria
a perda da autenticidade. No mesmo sentido, Bauman aponta para a necessidade de se afastar de um
modelo de felicidade imposto – vinculado ao consumo exacerbado – que por si só traz uma clara
incongruência aos próprios limites de sustentabilidade, pois pressupõe crescimento infinito.

10. A
A alternativa (b) está errada na medida em que o processo de globalização não atinge a todos da mesma
maneira. Já a alternativa (c) está equivocada porque a globalização não distribui nada igualmente, mas
aumenta a desigualdade. A letra (d), por sua vez, está errada, pois não se pode afirmar que todos os povos
são iguais. Por fim, a letra (e) não está correta, pois a globalização não reduz a desigualdade entre as
nações. Nesse sentido, apenas a letra (a) aparece como alternativa correta de acordo com o pensamento
de Bauman.

12
Física

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Física

Indução eletromagnética - Fluxo magnetico e Lei de Faraday

Resumo

A experiência de Oersted
O físico Hans Christian Oersted demonstrou experimentalmente, em 1820, que um fio condutor com corrente
elétrica criava um campo magnético a sua volta que provocava o desvio em uma bússola colocada em sua
proximidade. Foi um grande passo para mostrar que fenômenos elétricos e magnéticos estavam ligados.

Figura 01 – Experiência de Oersted (chave aberta)

Ao fechar a chave, a bússola muda de posição

Figura 02 – Experiência de Oersted (chave fechada)

A importância dessa experiência é mostrar que cargas elétricas em movimento provocam campo magnético
nas proximidades do espaço em volta desse movimento.

Cerca de 12 anos depois o físico Michael Faraday conseguiu provar o caminho inverso, isto é, campos
magnéticos variáveis produzem corrente elétrica. Esse princípio é chamado de indução eletromagnética e é
o princípio de funcionamento do gerador mecânico de energia elétrica.
Para se conseguir corrente elétrica é preciso variar o campo magnético em uma região delimitada por fios
condutores.
Imagine a seguinte situação:
Um copo colocado embaixo de um chuveiro.
Coloca-se o copo primeiro de lado e depois vai virando-se o copo até ficar direito.

Figura 03 – Copo embaixo do chuveiro

1
Física

É fácil perceber que na primeira situação não vai entra água no copo, enquanto que na segunda situação
teremos muita água entrando no copo. Podemos dizer que o fluxo de água pela área de entrada do copo é
zero na primeira situação e máximo na segunda. Assim, à medida que o copo vai sendo girado o fluxo vai
aumentando.
Para o fluxo magnético a analogia é igual. No lugar da água, pense em um campo magnético uniforme de
módulo 𝐵. No lugar do copo pense em um aro circular de área 𝐴.

Figura 04 – Fluxo magnético

Isso quer dizer que se modificando a posição do aro (espira), teremos um fluxo magnético (𝜑) através da
área 𝐴 que será dado por

𝛗 = 𝐁. 𝐀. 𝐜𝐨𝐬𝛉

𝛗 = 𝐁𝐀 𝐧𝐚 𝐬𝐢𝐭𝐮𝐚çã𝐨 𝐝𝐞 𝐦á𝐱𝐢𝐦𝐨 𝐟𝐥𝐮𝐱𝐨 (𝐜𝐨𝐬𝛉 = 𝟏)

É importante perceber que aparecerá uma corrente elétrica induzida na espira devido a essa variação do
campo magnético. Há outras formas de produzir essa variação e criar corrente elétrica.
Modificando o campo magnético. Por exemplo aumentando o número de linhas de campo.

Figura 05 – Aumento de fluxo de linhas de campo


• Movimentar a espira através do campo.

Figura 06 – Movimentação da espira no campo magnético

2
Física

• Pela variação na área. Por exemplo, modificando a área da espira.

Figura 07 – Modificação na área da espira

Para calcular o módulo da força eletromotriz induzida (𝜀) por essas variações devemos dividir a variação do
fluxo pelo intervalo de tempo dessa variação.
∆∅
𝛆=−
∆𝐭
∆∅
|𝛆| =
∆𝐭

Lei de Faraday-Neumann

Obs.: O sinal negativo aparece na fórmula anterior porque a corrente induzida aparece no sentido que produz
um fluxo contrário à variação do fluxo indutor. É a chamada Lei de Lenz.

Dica: É importante perceber que:


• cargas elétricas em movimento produzem campo magnético;
• campos magnéticos variáveis podem produzir corrente elétrica.

Os transformadores de tensão, chamados normalmente de transformadores, são dispositivos capazes de


aumentar ou reduzir valores de tensão.
Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um material altamente imantável, e duas bobinas
com número diferente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que recebe a tensão da rede)
e secundário (bobina em que sai a tensão transformada).
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente induzida no secundário, a partir da variação de
fluxo gerada pelo primário.
A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de espiras em cada bobina. Sendo:
𝐔 𝐏 𝐍𝐏
=
𝐔 𝐒 𝐍𝐒

Onde:
• 𝑈𝑃 é a tensão no primário;
• 𝑈𝑆 é a tensão no secundário;
• 𝑁𝑃 é o número de espiras do primário;
• 𝑁𝑆 é o número de espiras do secundário.

3
Física

Exercícios

1. Um ímã natural está próximo a um anel condutor, conforme a figura.

Considere as proposições:
I. Se existir movimento relativo entre eles, haverá variação do fluxo magnético através do anel e
corrente induzida.
II. Se não houver movimento relativo entre eles, existirá fluxo magnético através do anel, mas não
corrente induzida.
III. O sentido da corrente induzida não depende da aproximação ou afastamento do ímã em relação
ao anel.

Estão corretas:
a) todas
b) somente III
c) somente I e II
d) somente I e III
e) somente II e III

2. Um imã preso a um carrinho desloca-se com velocidade constante ao longo de um trilho horizontal.
Envolvendo o trilho há uma espira metálica, como mostra a figura.

Pode-se afirmar que, na espira, a corrente elétrica:


a) é sempre nula;
b) existe somente quando o imã se aproxima da esfera;
c) existe somente quando o imã está dentro da espira;
d) existe somente quando imã se afasta da espira;
e) existe quando o imã se aproxima ou se afasta da espira.

4
Física

3. A figura mostra um imã e um anel metálico. O eixo do imã (eixo x) é perpendicular ao plano do anel e
passa pelo seu centro.

Não haverá corrente elétrica induzida no anel se ele:


a) deslocar-se ao longo do eixo x
b) deslocar-se ao longo do eixo y
c) girar em torno do eixo x
d) girar em torno do eixo y
e) girar em torno do eixo z

4. A figura abaixo representa um gerador elétrico de corrente alternada. Girando-se a espira colocada
entre os pólos do imã, nela é induzida uma corrente elétrica. Com relação a esse procedimento,
considere as alternativas:

I. O pólo norte do imã deve ficar necessariamente na parte superior e o pólo sul, na inferior para que
a intensidade da corrente seja grande.
II. A corrente elétrica aparece, porque varia o fluxo magnético na espira.
III. A intensidade da corrente elétrica independe da rapidez com que a espira é girada

Das suposições levantadas, está correto a indicada por


a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III

5
Física

5. Uma barra metálica condutora de 25 cm de comprimento é movida sobre trilhos condutores a uma
velocidade de 36 km/h. Sendo 10−5 T o módulo do campo magnético externo, a força eletromotriz
induzida sobre a barra, em Volts (V), equivale a:
a) 2,5. 10−5 V
b) 0,25. 10−5 V
c) 25. 10−5 V
d) 2. 10−5 V
e) 5. 10−5 V

6. Determine o valor da tensão elétrica induzida entre as extremidades de um fio condutor de 60 cm de


comprimento que se move com velocidade constante de 40 m/s perpendicularmente às linhas de
indução magnética de um campo de 12 T.
a) ε= 288 V
b) ε = 2,88 V
c) ε = 28,8 V
d) ε = 8,28 V
e) ε = 88,2 V

7. Quando um corpo condutor em formato de barra move-se sobre trilhos condutores e na presença de
um campo magnético externo, uma força eletromotriz (ddp) é induzida sobre os seus extremos.
Assinale a alternativa correta em relação a esse potencial elétrico induzido:
a) A força eletromotriz é inversamente proporcional ao comprimento da barra.
b) A força eletromotriz induzida é nula, pois não haverá corrente elétrica na barra.
c) A força eletromotriz induzida é proporcional ao comprimento da barra metálica, bem como ao
módulo do campo magnético externo e à velocidade da barra em relação a esse campo magnético.
d) A força eletromotriz induzida não depende da velocidade da barra em relação ao campo
magnético.
e) O campo magnético não interfere no módulo da força eletromotriz induzida.

8. Um campo magnético constante, de módulo igual a 10−4 T, atravessa uma espira de área igual a 10−5
m², formando um ângulo de 45º com a reta normal dessa espira. Calcule a intensidade do fluxo de
campo magnético sobre essa espira.
a) (√3/2).10−9 Wb
b) (√2/2). 10−9 Wb
c) 10−9 Wb
d) 10−5 Wb
e) (√3/4). 10−5 Wb

6
Física

9. O fluxo magnético é uma grandeza física que depende diretamente do ângulo θ, utilizado para seu
cálculo. Esse ângulo pode fazer o fluxo magnético assumir valor máximo ou até mesmo nulo. Os
ângulos que maximizam e minimizam o módulo do fluxo magnético, respectivamente, são iguais a:
a) θ = 45° e θ = 90°
b) θ = 90° e θ = 0°
c) θ = 0° e θ = 90°
d) θ = 30° e θ = 60°
e) θ = 90° e θ = 90°

10. Na figura f1 e f2 representam fios condutores paralelos que conduzem a mesma corrente
𝑖0 =constante. ABCD é uma espira de cobre, quadrada, no mesmo plano dos fios. Nas condições do
problema, podemos afirmar que:

a) aparece na espira uma corrente i, constante, no sentido de A para B.


b) aparece na espira uma corrente i, crescente com o tempo, no sentido de A para B.
c) na espira a corrente é nula.
d) aparece na espira uma corrente i, constante, no sentido de B para A.
e) aparece na espira uma corrente i, crescente com o tempo, no sentido de B para A.

7
Física

Gabarito

1. C
I. Correta. Para que haja corrente elétrica induzida, deve haver movimento relativo entre eles e claro que
variação de fluxo magnético
II. Correta. Só existirá corrente elétrica induzida se houver variação de fluxo magnético
III. Falsa. Depende sim — aproximação num sentido e afastamento em sentido contrário

2. E
Devemos lembrar que o fluxo magnético é um fenômeno físico pelo qual os materiais exercem forças de
atração ou repulsão em outros materiais.
A produção de uma força eletromotriz em um meio ou corpo exposto a um campo magnético variável,
seja em um meio móvel em relação a um campo magnético estático não uniforme, seja na variação do
linhas de campo que atravessam essa superfície por um turno é dado pela indução eletromagnética.
Quando o imã preso ao carrinho se aproxima espira metálica, o fluxo magnético aumenta, gerando uma
corrente elétrica na espira metálica, que é induzida num sentido.
Quando o imã preso ao carrinho se afasta da espira metálica, o fluxo magnético diminui, gerando na
espira uma corrente elétrica induzida com sentido oposto ao caso anterior.

3. C
O único caso em que não surgirá variação de fluxo magnético no interior do anel é a alternativa C

4. B
I. Falsa. A intensidade da corrente elétrica induzida independe da polaridade dos imãs.
II. Verdadeira. A espira, ao girar, varia o fluxo magnético que a atravessa.
III. Falsa. Quanto mais rápida a espira gira, maior é a variação do fluxo magnético que a atravessa e
consequentemente, maior corrente i.

5. A
Podemos calcular a força eletromotriz induzida na barra com a equação:
𝜀 = 𝐵. 𝑙. 𝑣
Tomando os dados fornecidos pelo enunciado do exercício, percebe-se que algumas unidades estão
fora do Sistema Internacional de Unidades, dessa forma, a velocidade deve ser transformada para m/s
(metros por segundo). Nesse caso, divide-se o seu módulo pelo fator 3,6, passando a valer 10 m/s. O
comprimento da barra deve ser dado em metros, logo, 0,25 m.
𝜀 = 10−5 . 0,25.10 = 2,5. 10−5 𝑉

6. A
Para determinar a tensão elétrica induzida nos terminais, isto é, nas extremidades de um fio condutor
retilíneo, fazemos uso da seguinte equação:
𝜀 = 𝐵. 𝐿. 𝑣
𝜀 = 12.0,6.40
𝜀 = 288 𝑉

7. C
A força eletromotriz induzida sobre uma barra condutora de comprimento L e que se move em trilhos
condutores, em uma região de campo magnético B, a uma velocidade v, apresenta uma diferença de
potencial induzida em suas extremidades igual a:
𝜀 = 𝐵. 𝑙. 𝑣
Dessa forma, podemos dizer que o valor da ddp induzida sobre a barra é diretamente proporcional a três
grandezas: a intensidade do campo magnético externo (B), ao comprimento da barra (L) e à velocidade
relativa entre a barra e o campo magnético (v).

8
Física

8. B
O fluxo de campo magnético pode ser calculado por meio da equação abaixo:
𝜙 = 𝐵. 𝐴. cos 𝜃
Usando os dados fornecidos pelo enunciado do exercício, teremos o seguinte cálculo:
𝜙 = 10−4 . 10−5 . cos 45°
√2
𝜙 = 1. 10−9 .
2
√2
𝜙= . 10−9 𝑊𝑏
2

9. C
Como o fluxo magnético é diretamente proporcional ao cosseno do ângulo θ, os valores máximos e
mínimos dessa grandeza física surgem para ângulos de 0º e 90º, respectivamente.

10. C
Como o campo magnético 𝐵 ⃗ originado por cada fio é fornecido por 𝐵 = 𝜇𝑖 , em cada ponto entre os fios
2𝜋𝑟
o campo magnético é constante (i constante), não havendo variação de fluxo magnético com o tempo e ,
consequentemente não surgindo corrente elétrica induzida

9
Física

Exercícios de Lentes

Exercícios

1. Um professor resolveu fazer algumas afirmações sobre óptica para seus alunos. Para tanto, contou
com o auxílio de óculos com lentes bifocais (figura abaixo). Esses óculos são compostos por duas
lentes, uma superior para ver de longe e outra inferior para ver de perto.

Com base no exposto acima e nos conhecimentos de óptica, analise as afirmações a seguir, feitas pelo
professor e seus alunos.
I. As lentes inferiores dos óculos são aconselhadas para uma pessoa com miopia.
II. As lentes superiores são lentes divergentes.
III. Pessoas com hipermetropia e presbiopia são aconselhadas a usar as lentes inferiores.
IV. As lentes inferiores possibilitam que as imagens dos objetos, que se formam antes da retina, sejam
formadas sobre a retina.
V. As lentes inferiores podem convergir os raios do Sol.
Todas as afirmações corretas estão em:
a) III e IV
b) IV e V
c) II, III e V
d) I, II e III

2. A receita de óculos para um míope indica que ele deve usar lentes de 2,0 graus, isto é, o valor da
vergência das lentes deve ser 2,0 dioptrias. Com base nos dados fornecidos na receita, conclui-se que
as lentes desses óculos devem ser
a) convergentes, com 2,0 m de distância focal.
b) convergentes, com 50 cm de distância focal.
c) divergentes, com 2,0 m de distância focal.
d) divergentes, com 50 cm de distância focal.

1
Física

3. Numa família composta por 4 pessoas, cada uma com um defeito na visão diferente dos demais, tem-
se que:
• o pai apresenta enrijecimento dos músculos ciliares, e com limitação de sua capacidade de
acomodação visual tem dificuldades para enxergar objetos próximos e longínquos.
• a mãe apresenta um alongamento do globo ocular na direção ântero-posterior com dificuldade para
enxergar objetos distantes;
• a filha apresenta irregularidades na curvatura da córnea e enxerga imagens embaçadas dos objetos
próximos ou distantes;
• o filho apresenta um encurtamento do globo ocular na direção ântero-posterior com dificuldade
para enxergar objetos próximos.

As lentes corretivas indicadas para os membros dessa família, considerando-se a ordem em que foram
citados, são, respectivamente,
a) cilíndricas, bifocais, convergentes e divergentes.
b) divergentes, bifocais, convergentes e cilíndricas.
c) bifocais, divergentes, cilíndricas e convergentes.
d) convergentes, cilíndricas, divergentes e bifocais.

4. No laboratório de Física de uma escola, um aluno observa um objeto real através de uma lente
divergente. A imagem vista por ele é:
a) virtual, direita e menor.
b) real, direita e menor.
c) virtual, invertida e maior.
d) real, invertida e maior.

5. Uma lente convergente de vidro possui distância focal f quando imersa no ar. Essa lente é mergulhada
em glicerina, um tipo de álcool com índice de refração maior que o do ar. Considerando-se que o índice
de refração do vidro é o mesmo da glicerina (iguais a 1,5), conclui-se que o diagrama que representa o
comportamento de um feixe de luz incidindo sobre a lente imersa na glicerina é o seguinte:

2
Física

6. No dia 29 de maior de 1919, uma equipe de astrônomos ingleses visitou a cidade de Sobral, no Ceará,
na tentativa de comprovar a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, publicada em 1915. O objetivo da
comitiva era verificar se a luz que vinha de uma estrela sofreria algum desvio ao passar nas
proximidades do Sol. Nessa teoria, movimentos sob a ação de campos gravitacionais são
compreendidos como movimentos em um espaço curvo, conforme mostra a figura a seguir. Nela
ilustramos como a massa do Sol muda a nossa percepção da posição de uma estrela. Que tipo de
instrumento óptico representa, de forma mais precisa, a função da massa do Sol na alteração do
caminho da luz?

a) Espelho plano.
b) Espelho côncavo.
c) Espelho convexo.
d) Lente convergente.
e) Lente divergente.

7. Ao posicionar um objeto diante de uma lente esférica de características desconhecidas, é conjugada


uma imagem real, invertida e com as mesmas dimensões do objeto. Tanto o objeto quanto sua imagem
estão a 40 cm do plano da lente. Com relação a essa lente, podemos afirmar que:
a) Trata-se de uma lente divergente com distância focal igual a 10 cm.
b) Trata-se de uma lente bicôncava com distância focal superior a 25 cm.
c) Trata-se de uma lente convergente com distância focal inferior a 10 cm.
d) Trata-se de uma lente divergente com distância focal superior a 30 cm.
e) Trata-se de uma lente convergente com distância focal igual a 20 cm.

3
Física

8. A figura abaixo mostra esquematicamente o olho humano, enfatizando nos casos I e II os dois defeitos
de visão mais comuns.

Nessa situação, assinale a alternativa correta que completa, em sequência, as lacunas da frase a seguir.
No caso I trata-se da _______________, que pode ser corrigida com uma lente _______________; já no caso
II trata-se de ________________, que pode ser corrigida com uma lente _______________.

a) hipermetropia – convergente – miopia – divergente.

b) hipermetropia – divergente – miopia – convergente.

c) miopia – divergente – hipermetropia – convergente.

d) miopia – convergente – hipermetropia – divergente.

9. Considere quatro lentes esféricas delgadas de distância focal f1 = +5,0cm, f2 = -10,0 cm, f3 = +20,0 cm
e f4 = -40,0 cm. A justaposição de duas lentes terá a maior convergência quando associarmos as lentes
a) 1e2
b) 2e3
c) 1e3
d) 2e4
e) 1e4

4
Física

10. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas no fim do enunciado que segue, na ordem
em que aparecem.
O olho humano é um sofisticado instrumento óptico. Todo o globo ocular equivale a um sistema de
lentes capaz de focalizar, na retina, imagens de objetos localizados desde distâncias muito grandes até
distâncias mínimas de cerca de 25 cm. O olho humano pode apresentar pequenos defeitos, como a
miopia e a hipermetropia, que podem ser corrigidos com o uso de lentes externas. Quando raios de luz
paralelos incidem sobre um olho míope, eles são focalizados antes da retina, enquanto a focalização
ocorre após a retina, no caso de um olho hipermétrope. Portanto, o globo ocular humano equivale a um
sistema de lentes_________________. As lentes corretivas para um olho míope e para um olho
hipermétrope devem ser, respectivamente, _________________ e _________________.
a) convergentes – divergente – divergente
b) convergentes – divergente – convergente
c) convergentes – convergente – divergente
d) divergentes – divergente – convergente
e) divergentes – convergente – divergente

5
Física

Gabarito

1. C

2. D

3. C

4. A

5. E

6. D

6
Física

7. E

8. A

9. C

7
Física

10. B

8
Física

Lentes: método analítico

Resumo

Método analítico
Uma outra forma de encontrar grandezas ópticas e formar imagens em lentes é através do método analítico,
em que usamos equações no lugar dos raios notáveis. Para isso, é preciso definir as grandezas:
• Distância focal = f
• Distância entre o objeto e a lente = p
• Distância entre a imagem e a lente = p’
• Tamanho do objeto = o
• Tamanho da imagem = i
• Aumento linear transversal = A

Equação dos Pontos Conjugados de Gauss


Igualmente em espelhos, a Equação de Gauss relaciona a distância focal e as distâncias entre o
objeto/imagem e a lente:

Equação do Aumento Linear Transversal


Igualmente em espelhos, a Equação do Aumento Linear relaciona os Tamanhos e/ou as distâncias entre o
objeto/imagem e a lente.

1
Física

O valor de A indica o que aconteceu com a imagem. Sendo:


• A < 0 → Imagem invertida
• A > 0 → Imagem direita

Por exemplo, digamos que o valor de A tenha dado A = -2. Isso significa que a imagem é invertida e 2x maior
que o objeto. Outro exemplo pode ser visto quando A = ½. Isso significa que a imagem é direita e tem metade
do tamanho do objeto.

Óptica da Visão
Dentro do assunto de lentes, uma aplicação comum de encontrar é do olho humano, que funciona como uma
lente. Na imagem abaixo é possível ver a formação da imagem no olho humano. OBS: Apesar da imagem
formada ser invertida, a informação que é passado pelo nervo óptico recebe uma correção pelo cerebelo antes
de chegar no cérebro.

Note que o valor da lente até a imagem (P´) não pode ser alterado pelo ser humano. Logo, analisando pelo
Equação de Gauss, a construção da imagem está relacionada a distância do objeto até o olho e o valor da
distância focal, sendo ambos possíveis de alteração pelo ser humano. Por isso que quando você foca a sua
visão em algum objeto, as imagens dos demais perdem nitidez (turvo). O olho humano normal (sem
problemas visuais) é chamado de olho emétrope.
Um dos problemas de visão conhecido é o da Miopia. A miopia é uma deformidade no globo ocular, fazendo
com que a retina esteja mais afastada. Essa nova distância P´ ocasiona problemas na formação de imagens,
uma vez que os raios luminosos não são focalizados na retina, como mostra a imagem abaixo.

2
Física

Uma das formas de correção é a utilização de óculos, onde as lentes divergentes dos óculos têm a função
de abrir esses raios, focalizando na retina.
Outro problema de visão conhecido é o Hipermetropia. A hipermetropia é o inverso da miopia, fazendo com
que a retina esteja mais próxima. A correção para essa deficiência é a mesmo, só que utilizaremos lentes
convergentes, para os raios incidentes são fechados.

3
Física

Exercícios

1. Um boneco é colocado em frente a uma lente delgada convergente, de distância focal igual a 2,0 m.

A posição da imagem sobre o eixo ótico e o fator de ampliação da imagem do boneco valem,
respectivamente,
a) 2,0 m à direita da lente e -2.
b) 2,0 m à esquerda da lente e -1.
c) 4,0 m à direita da lente e -1.
d) 6,0 m à esquerda da lente e -1.
e) 6,0 m à direta da lente e -2.

2. Uma câmera com uma lente de 50 mm de distância focal é utilizada para fotografar uma árvore de 25
m de altura. Se a imagem da árvore no filme tem 25 mm de altura, nas condições propostas acima, a
distância entre a câmera e a árvore vale
a) 20,25 m
b) 50,05 m
c) 50,25 m
d) 25,50 m

3. Um estudante decidiu fotografar um poste de 2,7 m de altura em uma praça pública. A distância focal
da lente de sua câmera é de 8,0 cm e ele deseja que a altura da imagem em sua fotografia tenha 4,0
cm. A que distância do poste o estudante deve se posicionar?
a) -540 cm
b) -548 cm
c) 532 cm
d) 542 cm
e) 548 cm

4
Física

4. Sabe-se que o objeto fotografado por uma câmera fotográfica digital tem 20 vezes o tamanho da
imagem nítida formada no sensor dessa câmera. A distância focal da câmera é de 30 mm. Para a
resolução desse problema, considere as seguintes equações:

𝑝′ 𝑖
𝐴=− =
𝑝 𝑜
1 1 1
= +
𝑓 𝑝 𝑝′

Assinale a alternativa que apresenta a distância do objeto até a câmera.


a) 630 mm
b) 600 mm
c) 570 mm
d) 31,5 mm
e) 28,5 mm

5. Um datiloscopista munido de uma lupa analisa uma impressão digital. Sua lupa é constituída por uma
lente convergente com distância focal de 10 cm. Ao utilizá-la, ele vê a imagem virtual da impressão
digital aumentada de 10 vezes em relação ao tamanho real. Com base nesses dados, assinale a
alternativa correta para a distância que separa a lupa da impressão digital.
a) 9,0 cm.
b) 20,0 cm.
c) 10,0 cm.
d) 15,0 cm.
e) 5,0 cm.

6. Um objeto delgado, com 10 cm de altura, está posicionando sobre o eixo central de uma lente esférica
delegada convergente, cuja distância focal é igual a 25 cm.
Considerando-se que a distância do objeto à lente é de 50 cm, a imagem formada pela lente é:
a) real e de mesmo tamanho que o objeto.
b) virtual e de mesmo tamanho que o objeto.
c) real e menor que o objeto.
d) virtual e menor que o objeto.
e) virtual e maior que o objeto.

5
Física

7. As figuras mostram um mesmo texto visto de duas formas: na figura 1 a olho nu, e na figura 2 com o
auxílio de uma lente esférica. As medidas nas figuras mostram as dimensões das letras nas duas
situações.

Sabendo que a lente foi posicionada paralelamente à folha e a 12 cm dela, pode-se afirmar que ela é
a) divergente e tem distância focal – 20 cm.
b) divergente e tem distância focal – 40 cm.
c) convergente e tem distância focal 15 cm.
d) convergente e tem distância focal 20 cm.
e) convergente e tem distância focal 45 cm.

8. A macrofotografia é uma técnica utilizada para fotografar pequenos objetos. Uma condição que deve
ser obedecida na realização dessa técnica é que a imagem do objeto no filme deve ter o mesmo
tamanho do objeto real, ou seja, imagem e objeto devem estar na razão 1:1. Suponha uma câmera
formada por uma lente, uma caixa vedada e um filme, como ilustra, esquematicamente, a figura.

Considere que a distância focal da lente é 55mm e que D e 𝐷0 representam, respectivamente, as


distâncias da lente ao filme e do objeto á lente. Nesse caso, para realizar a macrofotografia, os valores
de D e 𝐷0 devem ser
a) D = 110mm e 𝐷0 = 55mm.
b) D = 55mm e 𝐷0 = 110mm.
c) D = 110mm e 𝐷0 = 110mm.
d) D = 55mm e 𝐷0 = 55mm.
e) D = 55mm e 𝐷0 = 220mm.

6
Física

9. Um projetor de slide é um dispositivo bastante usado em salas de aula e/ou conferências, para projetar,
sobre uma tela, imagens ampliadas de objetos. Basicamente, um projetor é constituído por lentes
convergentes. Nesse sentido, considere um projetor formado por apenas uma lente convergente de
distância focal igual a 10 cm. Nesse contexto, a ampliação da imagem projetada, em uma tela de 2 m
de distância do projetor, é de:
a) 20 vezes
b) 19 vezes
c) 18 vezes
d) 17 vezes
e) 16 vezes

10. Um objeto é colocado perpendicularmente ao eixo principal e a 20 cm de uma lente divergente


estigmática de distância focal igual a 5 cm. A imagem obtida é virtual, direita e apresenta 2 cm de
altura. Quando essa lente é substituída por outra convergente estigmática de distância focal igual a
4 cm e colocada exatamente na mesma posição da anterior, e mantendo-se o objeto a 20 cm da lente,
a imagem agora apresenta uma altura de _____ cm.
a) 2,5
b) 4,0
c) 5,0
d) 10,0

7
Física

Gabarito

1. E

2. B

3. E

8
Física

4. A

5. A

6. A

7. D

9
Física

8. C

9. B

10
Física

10. A
Dados do enunciado:
p = 20 cm f2 = 4 cm
f1 = −5 cm i2 = ?
i1 = 2 cm

Posição da imagem para a lente divergente:


1 1 1 1 1 1
= + − = +  p1 ' = −4 cm
f1 p p1 ' 5 20 p1 '

Altura do objeto:
i1 p ' 2 (−4)
=− 1  =−  o = 10 cm
o p o 20

Posição da imagem para a lente convergente:


1 1 1 1 1 1
= +  = +  p2 ' = 5 cm
f2 p p2 ' 4 20 p2 '

Altura da segunda imagem:


i2 p ' i 5
=− 2  2 =−  i2 = −2,5 cm
o p 10 20
Portanto, a nova imagem apresentará uma altura de 2,5 cm.

11
Física

Exercícios sobre Magnetismo

Exercícios

1. Considere um imã em forma de barra apoiado sobre uma mesa. Você segura entre os dedos outro imã
em forma de barra, e investiga as forças magnéticas que agem sobre ele, nas proximidades do imã
apoiado sobre a mesa. Você conclui que o imã entre seus dedos:

a) será sempre atraído pelo imã fixo


b) será sempre repelido pelo imã fixo
c) tenderá sempre a girar
d) não será atraído nem repelido
e) poderá ser atraído ou repelido

2. A figura I adiante representa um imã permanente em forma de barra, onde N e S indicam,


respectivamente, polos norte e sul.

Suponha que a barra seja dividida em três pedaços, como mostra a figura II. Colocando lado a lado os
dois pedaços extremos, como indicado na figura III, é correto afirmar que eles:
a) se atrairão, pois A é polo norte e B é polo sul.
b) se atrairão, pois A é polo sul e B é polo norte.
c) não serão atraídos nem repelidos.
d) se repelirão, pois A é polo norte e B é polo sul.
e) se repelirão, pois A é polo sul e B é polo norte.

1
Física

3. Quatro ímãs iguais em forma de barra, com as polaridades indicadas, estão apoiados sobre uma mesa
horizontal, como na figura, vistos de cima. Uma pequena bússola é também colocada na mesa, no
ponto central P, equidistante dos ímãs, indicando a direção e o sentido do campo magnético dos ímãs
em P.

Não levando em conta o efeito do campo magnético terrestre, a figura que melhor representa a
orientação da agulha da bússola é:

a) c) e)

b) d)

4. Na figura pode-se ver a representação de um ímã. As letras N e S identificam os polos do ímã,


respectivamente, Norte e Sul. Uma carga positiva passa com uma velocidade pela região entre os
polos desse ímã e não sofre nenhum desvio em sua direção. Nessas condições, é correto afirmar que
a direção e o sentido de cujo módulo é diferente de zero, podem ser, respectivamente:

a) perpendicular ao plano desta folha, entrando nele.


b) perpendicular ao plano desta folha, saindo dele.
c) paralela ao plano desta folha, da esquerda para a direita.
d) paralela ao plano desta folha, de cima para baixo.
e) paralela ao plano desta folha, de baixo para cima.

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Física

5. Sabe-se que no ponto P da figura existe um campo magnético na direção da reta RS e apontando de
R para S. Quando um próton (partícula de carga positiva) passa por esse ponto com a velocidade 𝑣⃗
mostrada na figura, atua sobre ele uma força, devida a esse campo magnético,

a) perpendicular ao plano da figura e “penetrando” nele.


b) na mesma direção e sentido do campo magnético.
c) na direção do campo magnético, mas em sentido contrário a ele.
d) na mesma direção e sentido da velocidade.
e) na direção da velocidade, mas em sentido contrário a ela.

6. Assim como ocorre em tubos de TV, um feixe de elétrons move-se em direção ao ponto central O de
uma tela, com velocidade constante. A trajetória dos elétrons é modificada por um campo magnético
vertical B, na direção perpendicular à trajetória do feixe, cuja intensidade varia em função do tempo t
como indicado no gráfico.
Devido a esse campo, os elétrons incidem na tela, deixando um traço representado por uma das
figuras a seguir. A figura que pode representar o padrão visível na tela é:

a) c) e)

b)
d)

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Física

7. Dentro do tubo de imagem de um televisor, a corrente elétrica, numa bobina, aplica sobre um elétron
passante um campo magnético de 5. 10−4 T, de direção perpendicular à direção da velocidade do
elétron, o qual recebe uma força magnética de 1. 10−14 𝑁. Qual o módulo da velocidade desse elétron?
Considere o módulo da carga do elétron como 1,6. 10−19 𝐶
a) 3,34. 103 𝑚/𝑠
b) 1,60. 105 𝑚/𝑠
c) 7,60. 106 𝑚/𝑠
d) 4,33. 107 𝑚/𝑠
e) 1,25. 108 𝑚/𝑠

8. Sob a ação exclusiva de um campo magnético uniforme de intensidade 0,4 T, um próton descreve um
movimento circular uniforme de raio 10 mm em um plano perpendicular à direção deste campo. A
razão entre a sua massa e a sua carga é de 8. 10−8 𝑘𝑔/𝐶 kg C. A velocidade com que o próton descreve
este movimento é de:
a) 4. 105 𝑚/𝑠
b) 2. 105 𝑚/𝑠
c) 8. 104 𝑚/𝑠
d) 6. 104 𝑚/𝑠
e) 5. 103 𝑚/𝑠

9. Analise as proposições relacionadas às linhas de campo elétrico e às de campo magnético.


I. As linhas de força do campo elétrico se estendem apontando para fora de uma carga pontual
positiva e para dentro de uma carga pontual negativa.
II. As linhas de campo magnético não nascem nem morrem nos ímãs, apenas os atravessam, ao
contrário do que ocorre com os corpos condutores eletrizados que originam os campos elétricos.
III. A concentração das linhas de força do campo elétrico ou das linhas de campo magnético indica,
qualitativamente, onde a intensidade do respectivo campo é maior.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

4
Física

10. Um ímã em forma de barra, com seus polos Norte e Sul, é colocado sob uma superfície coberta com
partículas de limalha de ferro, fazendo com que elas se alinhem segundo seu campo magnético. Se
quatro pequenas bússolas, 1, 2, 3 e 4, forem colocadas em repouso nas posições indicadas na figura,
no mesmo plano que contém a limalha, suas agulhas magnéticas orientam-se segundo as linhas do
campo magnético criado pelo ímã.

Desconsiderando o campo magnético terrestre e considerando que a agulha magnética de cada


bússola seja representada por uma seta que se orienta na mesma direção e no mesmo sentido do
vetor campo magnético associado ao ponto em que ela foi colocada, assinale a alternativa que indica,
correta e respectivamente, as configurações das agulhas das bússolas 1, 2, 3 e 4 na situação descrita.
a) c)

b) d)

e)

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Física

Gabarito

1. E
Poderá ser atraído ou repelido dependendo de quais polos estarão próximos

2. E
Observe nas figuras abaixo como ficam as polaridades:

3. A
Observe que na horizontal os dois polos sul anulam a orientação da agulha da bússola, que se alinha na
vertical segundo a alternativa A

4. C
Inicialmente observamos que o campo magnético B parte do polo norte e chega ao polo sul. Para que a
carga elétrica passe com uma velocidade v pela região entre os polos desse ímã e não sofra nenhum
desvio em sua trajetória, a força magnética deve ser nula. Isso acontece, por exemplo, quando v tem o
mesmo sentido de B, isto é, da esquerda para a direita.

5. A
Pela regra da mão esquerda a força magnética sobre a carga estará penetrando na folha

6. E
Utilizando a regra da mão esquerda a força 𝐹⃗𝑚 estaria saindo da folha, mas como a carga é negativa
(elétrons) ela estará desviando os elétrons para dentro da folha, na direção horizontal da tela

6
Física

7. E
𝐹 = |𝑞|. 𝑣. 𝐵. sin 𝜃
𝐹 1,4. 10−14
𝑣= =
𝑞. 𝐵. sin 90° 1,6. 10−19 . 5. 10−4
𝑣 = 1,25. 108 𝑚/𝑠

8. A
A força magnética é a força centrípeta. Portanto
𝑣² 𝑞. 𝐵. 𝑅
𝑞. 𝑣. 𝐵 = 𝑚. ⟶𝑣=
𝑅 𝑚
𝑣 = 4,0. 105 𝑚/𝑠

9. E
Todas as afirmações são verdadeiras.

10. C
As agulhas das bússolas se orientarão no sentido das linhas de indução; como as linhas devem ser
orientadas do polo magnético norte do ímã para o polo magnético sul, as agulhas ficarão com as
seguintes configurações:

7
Física

Indução eletromagnética

Resumo

A experiência de Oersted
O físico Hans Christian Oersted demonstrou experimentalmente, em 1820, que um fio condutor com corrente
elétrica criava um campo magnético a sua volta que provocava o desvio em uma bússola colocada em sua
proximidade. Foi um grande passo para mostrar que fenômenos elétricos e magnéticos estavam ligados.

Figura 01 – Experiência de Oersted (chave aberta)

Ao fechar a chave, a bússola muda de posição

Figura 02 – Experiência de Oersted (chave fechada)

A importância dessa experiência é mostrar que cargas elétricas em movimento provocam campo magnético
nas proximidades do espaço em volta desse movimento.

Cerca de 12 anos depois o físico Michael Faraday conseguiu provar o caminho inverso, isto é, campos
magnéticos variáveis produzem corrente elétrica. Esse princípio é chamado de indução eletromagnética e é
o princípio de funcionamento do gerador mecânico de energia elétrica.
Para se conseguir corrente elétrica é preciso variar o campo magnético em uma região delimitada por fios
condutores.
Imagine a seguinte situação:
Um copo colocado embaixo de um chuveiro.
Coloca-se o copo primeiro de lado e depois vai virando-se o copo até ficar direito.

Figura 03 – Copo embaixo do chuveiro

1
Física

É fácil perceber que na primeira situação não vai entra água no copo, enquanto que na segunda situação
teremos muita água entrando no copo. Podemos dizer que o fluxo de água pela área de entrada do copo é
zero na primeira situação e máximo na segunda. Assim, à medida que o copo vai sendo girado o fluxo vai
aumentando.
Para o fluxo magnético a analogia é igual. No lugar da água, pense em um campo magnético uniforme de
módulo 𝐵. No lugar do copo pense em um aro circular de área 𝐴.

Figura 04 – Fluxo magnético

Isso quer dizer que se modificando a posição do aro (espira), teremos um fluxo magnético (𝜑) através da
área 𝐴 que será dado por

𝛗 = 𝐁. 𝐀. 𝐜𝐨𝐬𝛉

𝛗 = 𝐁𝐀 𝐧𝐚 𝐬𝐢𝐭𝐮𝐚çã𝐨 𝐝𝐞 𝐦á𝐱𝐢𝐦𝐨 𝐟𝐥𝐮𝐱𝐨 (𝐜𝐨𝐬𝛉 = 𝟏)

É importante perceber que aparecerá uma corrente elétrica induzida na espira devido a essa variação do
campo magnético. Há outras formas de produzir essa variação e criar corrente elétrica.
Modificando o campo magnético. Por exemplo aumentando o número de linhas de campo.

Figura 05 – Aumento de fluxo de linhas de campo


• Movimentar a espira através do campo.

Figura 06 – Movimentação da espira no campo magnético

2
Física

• Pela variação na área. Por exemplo, modificando a área da espira.

Figura 07 – Modificação na área da espira

Para calcular o módulo da força eletromotriz induzida (𝜀) por essas variações devemos dividir a variação do
fluxo pelo intervalo de tempo dessa variação.
∆∅
𝛆=−
∆𝐭
∆∅
|𝛆| =
∆𝐭

Lei de Faraday-Neumann

Obs.: O sinal negativo aparece na fórmula anterior porque a corrente induzida aparece no sentido que produz
um fluxo contrário à variação do fluxo indutor. É a chamada Lei de Lenz.

Dica: É importante perceber que:


• cargas elétricas em movimento produzem campo magnético;
• campos magnéticos variáveis podem produzir corrente elétrica.

Os transformadores de tensão, chamados normalmente de transformadores, são dispositivos capazes de


aumentar ou reduzir valores de tensão.
Um transformador é constituído por um núcleo, feito de um material altamente imantável, e duas bobinas
com número diferente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobina que recebe a tensão da rede)
e secundário (bobina em que sai a tensão transformada).
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente induzida no secundário, a partir da variação de
fluxo gerada pelo primário.
A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número de espiras em cada bobina. Sendo:
𝐔 𝐏 𝐍𝐏
=
𝐔 𝐒 𝐍𝐒

Onde:
• 𝑈𝑃 é a tensão no primário;
• 𝑈𝑆 é a tensão no secundário;
• 𝑁𝑃 é o número de espiras do primário;
• 𝑁𝑆 é o número de espiras do secundário.

3
Física

Exercícios

1. Um ímã permanente cai por ação da gravidade através de uma espira condutora circular fixa, mantida
na posição horizontal, como mostra a figura. O polo norte do ímã está dirigido para baixo e a trajetória
do ímã é vertical e passa pelo centro da espira.

Use a lei de Faraday e diga o sentido da corrente induzida na espira no momento ilustrado na figura
e a direção e o sentido da força resultante exercida sobre o ímã, respectivamente.
a) Anti-horário; Vertical para cima.
b) Anti-horário; Vertical para baixo.
c) Horário; Vertical para cima.
d) Horário; Vertical para baixo.

2. Um pequeno corpo imantado está preso à extremidade de uma mola e oscila verticalmente na região
central de uma bobina cujos terminais A e B estão abertos, conforme indica a figura.

Devido à oscilação do ímã, aparece entre os terminais A e B da bobina:


a) Uma corrente elétrica constante
b) Uma corrente elétrica variável
c) Uma tensão elétrica constante
d) Uma tensão elétrica variável
e) Uma tensão e uma corrente elétrica, ambas constantes

4
Física

3. Uma espira circular está imersa em um campo magnético. O gráfico representa o fluxo magnético
através da espira em função do tempo.

O intervalo de tempo em que aparece na espira uma corrente elétrica induzida é de:
a) 0 a 1 s, somente
b) 0a3s
c) 1 s a 2 s, somente
d) 1 s a 3 s, somente
e) 2 s a 3 s, somente

4. (Enem 2011) O manual de funcionamento de um captador de guitarra elétrica apresenta o seguinte


texto:
Esse captador comum consiste de uma bobina, fios condutores enrolados em torno de um ímã
permanente. O campo magnético do ímã induz o ordenamento dos polos magnéticos na corda da
guitarra, que está próxima a ele. Assim, quando a corda é tocada, as oscilações produzem variações,
com o mesmo padrão, no fluxo magnético que atravessa a bobina. Isso induz uma corrente elétrica na
bobina, que é transmitida até o amplificador e, daí, para o alto-falante.
Um guitarrista trocou as cordas originais de sua guitarra, que eram feitas de aço, por outras feitas de
náilon. Com o uso dessas cordas, o amplificador ligado ao instrumento não emitia mais som, porque
a corda de náilon
a) isola a passagem de corrente elétrica da bobina para o alto-falante.
b) varia seu comprimento mais intensamente do que ocorre com o aço.
c) apresenta uma magnetização desprezível sob a ação do ímã permanente.
d) induz correntes elétricas na bobina mais intensas que a capacidade do captador.
e) oscila com uma frequência menor do que a que pode ser percebida pelo captador.

5
Física

5. (Enem 2ª aplicação 2010) Os dínamos são geradores de energia elétrica utilizados em bicicletas para
acender uma pequena lâmpada. Para isso, é necessário que a parte móvel esteja em contato com o
pneu da bicicleta e, quando ela entra em movimento, é gerada energia elétrica para acender a lâmpada.
Dentro desse gerador, encontram-se um imã e uma bobina.

O princípio de funcionamento desse equipamento é explicado pelo fato de que a


a) corrente elétrica no circuito fechado gera um campo magnético nessa região.
b) bobina imersa no campo magnético em circuito fechado gera uma corrente elétrica.
c) bobina em atrito com o campo magnético no circuito fechado gera uma corrente elétrica.
d) corrente elétrica é gerada em circuito fechado por causa da presença do campo magnético.
e) corrente elétrica é gerada em circuito fechado quando há variação do campo magnético.

6. (Enem 2018) A tecnologia de comunicação da etiqueta RFID (chamada de etiqueta inteligente) é usada
há anos para rastrear gado, vagões de trem, bagagem aérea e carros nos pedágios. Um modelo mais
barato dessas etiquetas pode funcionar sem baterias e é constituído por três componentes: um
microprocessador de silício; uma bobina de metal, feita de cobre ou de alumínio, que é enrolada em
um padrão circular; e um encapsulador, que é um material de vidro ou polímero envolvendo o
microprocessador e a bobina. Na presença de um campo de radiofrequência gerado pelo leitor, a
etiqueta transmite sinais. A distância de leitura é determinada pelo tamanho da bobina e pela potência
da onda de rádio emitida pelo leitor.
Disponível em: http:eleletronicos.hsw.uol.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

A etiqueta funciona sem pilhas porque o campo


a) elétrico da onda de rádio agita elétrons da bobina.
b) elétrico da onda de rádio cria uma tensão na bobina.
c) magnético da onda de rádio induz corrente na bobina.
d) magnético da onda de rádio aquece os fios da bobina.
e) magnético da onda de rádio diminui a ressonância no interior da bobina.

6
Física

7. (Enem 2ª aplicação 2010) Há vários tipos de tratamentos de doenças cerebrais que requerem a
estimulação de partes do cérebro por correntes elétricas. Os eletrodos são introduzidos no cérebro
para gerar pequenas correntes em áreas específicas. Para se eliminar a necessidade de introduzir
eletrodos no cérebro, uma alternativa é usar bobinas que, colocadas fora da cabeça, sejam capazes
de induzir correntes elétricas no tecido cerebral.
Para que o tratamento de patologias cerebrais com bobinas seja realizado satisfatoriamente, é
necessário que
a) haja um grande número de espiras nas bobinas, o que diminui a voltagem induzida.
b) o campo magnético criado pelas bobinas seja constante, de forma a haver indução
eletromagnética.
c) se observe que a intensidade das correntes induzidas depende da intensidade da corrente nas
bobinas.
d) a corrente nas bobinas seja contínua, para que o campo magnético possa ser de grande
intensidade.
e) o campo magnético dirija a corrente elétrica das bobinas para dentro do cérebro do paciente.

8. (Upf 2018) A indução eletromagnética é um fenômeno que se encontra presente em diversos


equipamentos que utilizamos cotidianamente. Ela é utilizada para gerar energia elétrica e seu princípio
físico consiste no aparecimento de uma força eletromotriz entre os extremos de um fio condutor. Para
que essa força eletromotriz surja, é necessário haver variação de
a) campo elétrico.
b) resistência elétrica.
c) capacitância elétrica.
d) temperatura.
e) fluxo magnético.

9. (Fuvest 2010) Aproxima-se um ímã de um anel metálico fixo em um suporte isolante, como mostra a
figura. O movimento do ímã, em direção ao anel,

a) não causa efeitos no anel.


b) produz corrente alternada no anel.
c) faz com que o polo sul do ímã vire polo norte e vice versa.
d) produz corrente elétrica no anel, causando uma força de atração entre anel e ímã.
e) produz corrente elétrica no anel, causando uma força de repulsão entre anel e ímã.

7
Física

10. (Ufjf-pism 3 2015) Uma espira circular está imersa em um campo magnético criado por dois ímãs,
conforme a figura abaixo. Um dos ímãs pode deslizar livremente sobre uma mesa que não interfere no
campo gerado. O gráfico da figura, a seguir, representa o fluxo magnético através da espira em função
do tempo.

O intervalo de tempo em que aparece na espira uma corrente elétrica induzida é de:
a) 0 a 1 s, somente.

b) 0 a
1 s e de 3 a 4 s.

3s 5 s.
c) 1 a e de 4 a
2s 5 s.
d) 1 a e de 4 a
e) 2 a 3 s somente.

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Física

Gabarito

1. B
Como o imã esta caindo em direção à espira, o número de linhas de campo magnético que atravessa a
área definida pela espira está aumentando, o que faz surgir uma corrente induzida na espira. O sentido
da corrente é tal que esta gera um campo magnético que se opõe à variação da densidade de linhas de
campo magnético (veja o desenho)

O campo gerado pela corrente induzida na espira comporta-se como um imã cujo polo norte está dirigido
para cima tendendo a repelir verticalmente o imã. Portanto, a força resultante é vertical para baixo e tem
modulo menor que o peso do imã.

2. D
Devido ao movimento do imã haverá uma variação de fluxo magnético que irá originar uma fem induzida
variável no decorrer do tempo. Como os terminais a e b da bobina estão em aberto, a corrente elétrica
será nula, mas entre estes haverá uma tensão variável.

3. D
Para que exista uma corrente induzida é necessário uma fem induzida. Pela lei de faraday, temos:
∆𝝓
𝜺=
∆𝒕
Ou seja, é necessário uma variação de fluxo para que exista uma fem induzida. O intervalo de tempo
durante o qual há variação de fluxo é de t = 1s até t = 3 s.

4. C

De acordo com o enunciado: “O campo magnético do ímã induz o ordenamento dos polos magnéticos
na corda da guitarra...”. Trocando-se as cordas de aço (material ferromagnético) por cordas de nylon, o
efeito de magnetização torna-se muito fraco, desprezível, não enviando sinais ao amplificador.

5. E
De acordo com a lei de Faraday-Neumann, a corrente elétrica induzida num circuito fechado ocorre
quando há variação do fluxo magnético através do circuito.

6. C
De acordo com a Lei de Faraday, uma corrente elétrica é induzida na bobina quando há variação do fluxo
do campo magnético.

7. C
A intensidade da corrente induzida depende da variação do fluxo magnético gerado pela corrente na
bobina: quanto mais intensa for a corrente na bobina, maior será a intensidade da corrente induzida no
cérebro.

9
Física

8. E
Para haver indução eletromagnética é necessária que haja variação do fluxo magnético que atravessa
os condutores por movimento relativo entre imã e enrolamento elétrico.

9. E
A aproximação do ímã provoca variação do fluxo magnético através do anel. De acordo com a Lei de
Lenz, sempre que há variação do fluxo magnético, surge no anel uma corrente induzida. Essa corrente é
num sentido tal que produz no anel uma polaridade que tende a ANULAR a causa que lhe deu origem, no
caso, o movimento do ímã. Como está sendo aproximado o polo norte, surgirá na face do anel frontal ao
ímã, também um polo norte, gerando uma força de repulsão entre eles.

10. C
Só há o surgimento de corrente induzida na espira quando houver variação no fluxo magnético, isto é,
durante os intervalos de 1 a 3 s e de 4 a 5 s.

10
Física

Óptica geométrica: fases da lua

Resumo

O ser humano sempre foi fascinado pela luz. Espelhos simples são encontrados em sítios arqueológicos
antigos estendendo-se do Egito até a China. Nossos ancestrais aprenderam por volta de 1500 anos A.C. a
fazer fogueiras ao focalizar a luz do Sol usando lentes rudimentares. Daí, é só um pequeno passo até
conseguirmos fazer perfurações com feixes a laser.
Para começarmos a contemplar o conteúdo básico por trás da imensidão que a luz nos
proporciona, precisamos entender os princípios e os fenômenos que envolvem a óptica geométrica.

O Modelo de Raios Luminosos


Um holofote produz um facho de luz que corta a escuridão do céu.
Raios de Sol penetram numa sala mal iluminada através da fresta na
janela. Nossa experiência cotidiana de que a luz viaja em linha reta é a
base do modelo de raios luminosos da luz, que, apesar de ser uma
simplificação da realidade, é um pressuposto bem útil em seu domínio
de validade, caracterizando a Óptica Geométrica.

Conceitos básicos
• Luz: onda eletromagnética que se propaga no vácuo e em alguns meios materiais. Velocidade da luz no
vácuo: c = 300.000km/s.
• Raio de luz: segmento de reta orientado no sentido da propagação.

• Fontes primárias: corpos que emitem luz própria.


Ex.: Sol.

• Fontes secundárias: corpos que refletem a luz emitida pelas fontes primárias.
Ex.: Lua.

1
Física

Meios de propagação da luz


• Meio transparente: propagação regular da luz; observador vê objeto com nitidez.

• Meio translúcido: propagação irregular da luz; observador vê objeto sem nitidez.

• Meio opaco: não permite a propagação de luz; ex.: a pele humana.

Princípios da Óptica Geométrica


A luz, durante sua propagação, obedece a uma série de princípios:
• Princípio da Propagação Retilínea dos Raios Luminosos: em meios homogêneos e transparentes, a luz
se propaga em linha reta.

2
Física

• Princípio da Independência dos Raios Luminosos: quando dois raios de luz ou feixes de luz se cruzam,
continuam suas trajetórias individualmente. Um raio não interfere na trajetória de outro.

• Princípio da Reversibilidade dos Raios Luminosos: o caminho seguido por um raio de luz independe do
sentido de propagação.

Sombra e Penumbra
Quando um obstáculo opaco é colocado entre uma fonte de luz e um anteparo, é possível delimitar regiões
de sombra e penumbra.

Se pensarmos em uma fonte de luz pontual, essas regiões recebem o nome de SOMBRA ou UMBRA.

3
Física

Agora, se pensarmos em uma fonte extensa ou várias fontes pontuais, teremos duas regiões distintas. A
região que não recebe luz de região alguma é chamada de sombra, mas a região parcialmente iluminada –
que recebe luz da fonte extensa ou de alguma das fontes pontuais – é chamada de PENUMBRA.

Câmara Escura com Orifício


Uma câmara escura com orifício é constituída por uma caixa de paredes opacas; um pequeno orifício é feito
em uma das faces. Com isso, a luz vinda de um objeto incide pelo orifício e é refletida no fundo da caixa,
gerando uma imagem projetada e invertida em relação ao objeto.

Eclipses

4
Física

As regiões de sombra e penumbra de corpos e fontes esféricas são conceitos importantes para entender o
fenômeno dos eclipses. Trata-se de um fenômeno natural que acontece com relativa frequência. O último
eclipse total do Sol registrado ocorreu em 1999. Como o Sol, a Lua e a Terra são corpos esféricos, valem as
considerações anteriores sobre sombra e penumbra.
O eclipse do Sol ocorre quando a Lua se interpõe entre o Sol e a Terra; o Sol fica eclipsado pela Lua. Já
o eclipse da Lua ocorre quando a Terra se interpõe entre o Sol e a Lua; nesse caso, a Lua entra primeiro no
cone de penumbra da Terra e depois na região de sombra da Terra.
Obs.: Eclipse solar só ocorre em fase de Lua Nova e eclipse lunar só ocorre em fase de Lua Cheia.

Fases da Lua

No hemisfério sul, as fases da Lua seguem, em média, os seguintes períodos de visibilidade:


• Lua Cheia: nasce, tem seu ápice e se põe, respectivamente, às 18h – 24h – 06h.
• Lua Nova: nasce, tem seu ápice e se põe, respectivamente, às 06h – 12h – 18h.
• Lua Crescente: nasce, tem seu ápice e se põe, respectivamente, às 12h – 18h – 24h.
• Lua Minguante: nasce, tem seu ápice e se põe, respectivamente, às 24h – 06h – 12h.

5
Física

Lembre-se que cada fase da Lua dura sete dias, tendo o período lunar, então, uma duração de 28 dias, em
média.

A cor de um Corpo
Ao realizar experimentos com a luz solar no século XVII, Isaac Newton verificou que ela dava origem a feixes
de luz coloridos quando atravessava um prisma, correspondentes às cores do arco-íris. Dispondo de outro
prisma, verificou também que era capaz de recombinar as luzes, fazendo luz solar emanar do prisma, o que
chamou de luz branca.

Um feixe de luz é chamado de monocromático se for formado por apenas uma das cores do espectro
eletromagnético (vermelho, amarelo, alaranjado, verde, azul, anil e violeta), como acontece em um laser.
Falaremos do espectro eletromagnético e a teoria ondulatória em outro momento. Ao contrário, um feixe de
luz é chamado de policromático quando é formado por várias cores, como é o caso da luz branca.
A cor de um corpo iluminado é determinada pela constituição da luz que ele reflete difusamente. Se, por
exemplo, um corpo iluminado com luz branca refletir a luz verde e absorver as demais, este corpo terá cor
verde; quando iluminado com luz branca, absorvendo-a totalmente, terá cor preta.

Se iluminarmos um corpo de cor verde com luz monocromática vermelha, ele nos parecerá preto, pois
absorve a luz vermelha, não enviando nada aos nossos olhos.

6
Física

Exercícios

1. (G1 – cps 2020) SOHO, abreviação de Solar & Heliospheric Observatory, é uma sonda que orbita o Sol
e coleta informações de nossa estrela utilizando vários instrumentos. Um deles registra o
comportamento da coroa solar e, para isso, conta com um pequeno disco opaco que fica
estrategicamente posicionado à frente da câmera, ocultando a visão do disco solar.
Esse instrumento simula o que acontece quando, devidamente protegidos, estamos observando, daqui
da Terra, o Sol no momento em que ocorre um eclipse

a) lunar total, com a Lua se interpondo entre a Terra e o Sol.


b) lunar parcial, com a Terra se interpondo entre a Lua e o Sol.
c) solar total, com a Lua se interpondo entre a Terra e o Sol.
d) solar total, com a Terra se interpondo entre a Lua e o Sol.
e) Solar parcial, com a Lua se interpondo entre a Terra e o Sol.

2. (Enem PPL 2019) A figura mostra, de forma esquemática, uma representação comum em diversos
livros e textos sobre eclipses. Apenas analisando essa figura, um estudante pode concluir que os
eclipses podem ocorrer duas vezes a cada volta completa da Lua em torno da Terra. Apesar de a figura
levar a essa percepção, algumas informações adicionais são necessárias para se concluir que nem o
eclipse solar, nem o lunar ocorrem com tal periodicidade.

A periodicidade dos eclipses ser diferente da possível percepção do estudante ocorre em razão de:

a) eclipses noturnos serem imperceptíveis da Terra.


b) planos das órbitas da Terra e da Lua serem diferentes
c) distância entre a Terra e a Lua variar ao longo da órbita.
d) eclipses serem visíveis apenas em parte da superfície da Terra.
e) o Sol ser uma fonte de luz extensa comparado ao tamanho da lua.

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Física

3. (G1 - cftrj 2019) Durante o ano de 2018, ocorreram 5 eclipses: 3 eclipses solares e 2 eclipses lunares.
No Brasil, só nos foi possível observar o eclipse lunar total que ocorreu em 27 de julho.

O eclipse lunar ocorre porque a Terra se alinha com o Sol e com Lua. O Sol emite seus raios para a
Terra que, devido a suas dimensões, cria uma sombra na Lua. Este efeito será mais visível quanto
melhor for a visibilidade da Lua e, por isso, em alguns casos, o eclipse lunar deixa a Lua com uma
coloração próxima ao vermelho.

Podemos afirmar que a fase em que se encontrava a Lua para o fenômeno do eclipse lunar total,
observado no Brasil, era a:
a) Nova.
b) Crescente.
c) Cheia.
d) Minguante.

4. (Uece 2019) A energia solar fotovoltaica é uma das fontes de energia em franca ascensão no Brasil.
Dentre os diversos componentes de um sistema solar fotovoltaico, destaca-se o painel solar. De modo
simplificado, esse componente é constituído por uma camada de vidro para proteção mecânica,
seguida de uma camada formada por células solares e uma última camada, na parte inferior, também
para proteção e isolamento.
Sendo o vidro um material semitransparente, um raio solar que chega ao painel é
a) parcialmente refletido e totalmente refratado pelo vidro.
b) parcialmente refletido e parcialmente refratado pelo vidro.
c) totalmente refratado pelo vidro.
d) Totalmente refletido pelo vidro.

5. (Unioeste 2019) No dia 27 de julho deste ano de 2018, aconteceu um fenômeno celeste denominado
de “Lua de Sangue”. Considerado o eclipse lunar com maior duração já ocorrido no século 21, o
fenômeno acontece devido à luz do Sol, que é refratada pela atmosfera da Terra e chega à superfície
da Lua no espectro do vermelho (REVISTA GALILEU, 2018). Sobre o fenômeno dos eclipses, a
propagação da luz e as cores dos objetos, assinale a alternativa CORRETA.
(Fonte: REVISTA GALILEU, Lua de Sangue: por que o eclipse será o mais longo do século? Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/07/lua-de-sangue-por-que-o-eclipse-sera-o-mais-longo-
doseculo.html. Acesso em: 20 de agosto de 2018.

a) O eclipse lunar ocorre quando a Lua se encontra entre o Sol e a Terra, em perfeito alinhamento,
projetando sua sombra sobre a superfície do planeta.
b) Eclipses são fenômenos que acontecem como consequência imediata do princípio de
propagação retilínea da luz.
c) O fenômeno da interferência explica a decomposição da luz branca nas diversas cores que
formam o espectro da luz visível quando essa atravessa a atmosfera terrestre.
d) Dentre as cores visíveis, a vermelha é a que possui maior energia, por isso ela consegue
atravessar a atmosfera terrestre e atingir a superfície da Lua durante o eclipse.
e) No fenômeno da “Lua de Sangue”, a Lua absorve apenas a frequência do vermelho e reflete as
demais frequências da luz solar.

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Física

6. (Enem 2019) Os olhos humanos normalmente têm três tipos de cones responsáveis pela percepção
das cores: um tipo para tons vermelhos, um para tons azuis e outro para tons verdes. As diversas
cores que enxergamos são o resultado da percepção das cores básicas, como indica a figura.

A protanopia é um tipo de daltonismo em que há diminuição ou ausência de receptores da cor


vermelha. Considere um teste com dois voluntários: uma pessoa com visão normal e outra com caso
severo de protanopia. Nesse teste, eles devem escrever a cor dos cartões que lhes são mostrados.
São utilizadas as cores indicadas na figura.
Para qual cartão os dois voluntários identificarão a mesma cor?
a) Vermelho
b) Magenta
c) Amarelo
d) Branco
e) Azul

7. (G1 - ifsp 2017) Durante algum tempo, acreditou-se que o eclipse solar representava a ira dos deuses
sobre a humanidade. Hoje, sabe-se que este eclipse é um fenômeno natural no qual a Lua encobre
alguns raios provenientes do Sol, causando uma sombra sobre alguns pontos da Terra. Sobre o eclipse
solar e a propagação da luz, analise as assertivas abaixo.
I. A Lua precisa estar na fase cheia para absorver alguns raios vindos do Sol e causar o eclipse na
Terra.
II. A posição dos astros no eclipse solar é: Sol – Lua – Terra.
III. O princípio da propagação retilínea da luz explica o fenômeno de sombra feito pela Lua sobre a
Terra.
IV. O eclipse solar demonstra a face circular da Terra sobre a Lua.

É correto o que se afirma em


a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, apenas.
e) III, apenas.

9
Física

8. (G1 - cps 2017) Os centros urbanos possuem um problema crônico de aquecimento denominado ilha
de calor.
A cor cinza do concreto e a cor vermelha das telhas de barro nos telhados contribuem para esse
fenômeno.
O adensamento de edificações em uma cidade implica diretamente no aquecimento. Isso acarreta
desperdício de energia, devido ao uso de ar condicionado e ventiladores.
Um estudo realizado por uma ONG aponta que é possível diminuir a temperatura do interior das
construções. Para tanto, sugere que todas as edificações pintem seus telhados de cor branca,
integrando a campanha chamada “One Degree Less” (“Um grau a menos”).

Para justificar a cor proposta pela ONG, o argumento físico é de que a maioria das ondas incidentes
presentes na luz branca são
a) absorvidas pela tinta branca, sendo mantida a energia no telhado.
b) refletidas pela tinta branca, sendo mantida a energia no telhado.
c) refletidas pela tinta branca, sendo devolvida a energia para o exterior da construção.
d) refratadas pela tinta branca, sendo transferida a energia para o interior da construção
e) refratadas pela tinta branca, sendo devolvida a energia para o exterior da construção.

9. (Imed 2016) Um observador na superfície do planeta observa num arco-íris primário, que o vermelho
é a cor que sempre está em __________ da cor azul. Isso porque sofre __________ refração em relação
ao azul. Além disso, é correto dizer que, durante a refração nas gotas de chuva, as frequências das
cores __________.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima.

a) baixo – menor – aumentam


b) cima – menor – aumentam
c) cima – menor – permanecem inalteradas
d) baixo – maior – permanecem inalteradas
e) baixo – maior – diminuem

10. (Unicamp 2016) O Teatro de Luz Negra, típico da República Tcheca, é um tipo de representação cênica
caracterizada pelo uso do cenário escuro com uma iluminação estratégica dos objetos exibidos. No
entanto, o termo Luz Negra é fisicamente incoerente, pois a coloração negra é justamente a ausência
de luz. A luz branca é a composição de luz com vários comprimentos de onda e a cor de um corpo é
dada pelo comprimento de onda da luz que ele predominantemente reflete. Assim, um quadro que
apresente as cores azul e branca quando iluminado pela luz solar, ao ser iluminado por uma luz
monocromática de comprimento de onda correspondente à cor amarela, apresentará,
respectivamente, uma coloração
a) amarela e branca.
b) negra e amarela.
c) azul e negra.
d) Totalmente negra.

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Física

Gabarito

1. C
Se o pequeno disco fica posicionado à frente da câmera, ocultando o disco solar, trata-se de um eclipse
total do Sol. Como mostra a figura, nesse eclipse a Lua posiciona-se entre a Terra e o Sol.

2. B
De acordo com a figura, seria possível concluir que a Lua fica entre a Terra e o Sol, bloqueando os raios
solares (eclipse solar) e também fica bloqueada dos raios solares pela Terra (eclipse lunar) a cada volta
completa. Contudo, esses fenômenos não se dão com tal periodicidade devido à diferença entre os
planos das órbitas da Terra e da Lua.

3. C
O eclipse lunar ocorre quando a Terra está entre o Sol e a Lua e esse fenômeno ocorre na Lua cheia.
O esquema ilustra os eclipses solar e lunar.

4. B
Os raios que incidem num material semitransparente são parcialmente refletidos e parcialmente
refratados.

5. B
O eclipse lunar ocorre quando a Lua penetra a região de sombra da Terra projetada pelo Sol. A
decomposição da luz branca ao atravessar a atmosfera é devido ao fenômeno da refração. Dentre as
cores a que apresenta maior energia é a violeta, a cor vermelha, ao contrário tem a menor energia e maior

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Física

comprimento de onda. A cor que enxergamos no fenômeno é a cor refletida pela Lua, ou seja, a vermelha.
Logo, a resposta correta é da alternativa [B].

6. E
Dentre as opções, o único cartão que não apresenta componente de tom vermelho, é o cartão azul.

7. B
Justificando os itens falsos:
[I] Falso. Como vemos pela figura abaixo o eclipse solar só pode acontecer na fase da Lua Nova.

[IV] Falso. Podemos ver o que acontece na figura abaixo.

8. C
A luz branca é composta por todas as cores, sendo assim, ao pintarmos os telhados de branco, teremos
a reflexão de todo o espectro da luz visível, diminuindo a energia luminosa absorvida pelos telhados, pois
parte do espectro das ondas eletromagnéticas recebidas pelo Sol será enviado de volta para a atmosfera.

9. C
O fenômeno do arco-íris ocorre devido à mudança de meio da luz branca que incide sobre gotas de
chuva, ocorrendo a mudança de velocidade das diversas cores que compõe a luz branca. Cada cor sofre
a refração, sendo que o vermelho tem maior velocidade e refrata em um ângulo menor em relação ao
azul que possui menor velocidade depois de refratado e um ângulo de refração maior, sendo assim, no
arco-íris vemos o vermelho por fora e o azul por dentro do cone de luz. Neste fenômeno, as frequências
das luzes monocromáticas são mantidas constantes.
A alternativa [C] está de acordo com o fenômeno.

10. B
Como somente incide radiação da cor amarela,
- na porção azul, que reflete apenas o comprimento de onda referente a essa radiação, não ocorre
reflexão alguma, e ela apresenta coloração negra;
- na porção branca, que reflete igualmente todas as radiações, há reflexão somente da radiação amarela
e ela apresenta, então, coloração amarela.

12
Física

Efeito Doppler

Resumo

Quando estudamos os fenômenos ondulatórios, falamos do comportamento das ondas em determinadas


situações propostas. Mas sabe o que todas elas têm em comum? Todas estão sendo analisadas por um
referencial inercial, ou seja, todas partem do pressuposto de um observador parado!
O fenômeno ondulatório chamado de Efeito Doppler veio para ser o diferente! O Efeito Doppler é o fenômeno
ondulatório que descreve como o comportamento de ondas emitidas ou refletidas por fontes em movimento
relativo ao observador. Isso que dizer que para ocorrer esse fenômeno, teremos ou um observador em
movimento ou uma fonte em movimento.
O efeito foi descrito teoricamente pela primeira vez em 1842 por Johann Christian Andreas Doppler,
recebendo o nome Efeito Doppler em sua homenagem.

Efeito Doppler em ondas sonoras

Figura 01 – Efeito Doppler no som

Falando de ondas sonoras, o efeito Doppler constitui o fenômeno pelo qual um observador percebe
frequências diferentes das emitidas por uma fonte. Isso ocorre devido à velocidade relativa entre a onda
sonora e o movimento relativo entre o observador e/ou a fonte.
Caso a fonte esteja se afastando de ponto de referencial (observador), notaremos valores de frequência
baixos. Já se a fonte se aproxima do ponto de referencial (observador), notaremos valores de frequência alto.
Consequentemente, já que a velocidade da onda não é alterada durante esse fenômeno (a velocidade do som
é definida no meio que ele pertence e a onda sonora não muda de meio durante o Efeito Doppler), temos que
o aumento da frequência observada provoca uma diminuição no comprimento de onda. Da mesma forma, a
diminuição da frequência observada provoca um aumento no comprimento de onda.
Isso explica por que quando você está na rua e vê um carro de polícia, bombeiro, ou qualquer veículo com
que emita som apresentar um “som diferente” quando ele passa por você. O que você nota é uma mudança

1
Física

nos valores de frequência do som que chega aos seus ouvidos. Mas cuidado! Lembre que a frequência não
é alterada, o que muda é a percepção que temos dessa frequência.

Efeito Doppler na luz


Apesar de grande parte dos exemplos de Efeito Doppler mencionar o fenômeno ocorrendo em ondas sonoras,
esse fenômeno não é exclusivo dela! Podemos notar o Efeito Doppler em todas as ondas, inclusive, na luz. O
Efeito Doppler em ondas eletromagnéticas (como a luz) funciona da mesma forma, ou seja:
• Quando há aproximação entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá um
aumento nas frequências observadas e uma diminuição do comprimento de onda;
• Quando há afastamento entre a fonte de ondas eletromagnéticas e um observador, este perceberá uma
diminuição nas frequências observadas e um aumento do comprimento de onda.

O Efeito Doppler na luz é um fenômeno bastante observado na astronomia, já que estudamos a emissão da
luz visível pelas estrelas. Quando observamos a luz emitida por estrelas de galáxias distantes, observamos
aumentos na frequência da luz. Esse aumento na frequência é chamado pelos astrônomos de blue-shift, já
que a luz visível tende a aproximar-se da frequência da cor azul. Para os casos em que as estrelas se afastam
da Terra, o fenômeno é chamado de red-shift, já que a luz visível tende a aproximar-se da frequência da cor
vermelha.

Figura 02 – Efeito Doppler na luz

2
Física

Exercícios

1. (Uel 2014) As ambulâncias, comuns nas grandes cidades, quando transitam com suas sirenes ligadas,
causam ao sentido auditivo de pedestres parados a percepção de um fenômeno sonoro denominado
efeito Doppler.
Sobre a aproximação da sirene em relação a um pedestre parado, assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, o efeito sonoro percebido por ele causado pelo efeito Doppler.
a) Aumento no comprimento da onda sonora.
b) Aumento na amplitude da onda sonora.
c) Aumento na frequência da onda sonora.
d) Aumento na intensidade da onda sonora.
e) Aumento na velocidade da onda sonora.

2. (Ufrgs 2018) Existe uma possibilidade de mudar a frequência de uma onda eletromagnética por
simples reflexão. Se a superfície refletora estiver em movimento de aproximação ou afastamento da
fonte emissora, a onda refletida terá, respectivamente, frequência maior ou menor do que a onda
original.
Esse fenômeno, utilizado pelos radares (RaDAR é uma sigla de origem inglesa: Radio Detection And
Ranging ), é conhecido como efeito
a) Doppler.
b) Faraday.
c) Fotoelétrico.
d) Magnus.
e) Zeeman.

3. (G1 - ifsul 2015) Leia com atenção o texto que segue:


O som é um tipo de onda que necessita de um meio para se propagar. Quando estamos Analisando a
produção e a captação de uma onda sonora, estamos diante de três participantes: a fonte sonora, o
meio onde ela se propaga e o observador que está captando as ondas. Temos então três referenciais
bem definidos.
O tipo de onda captada dependerá de como a fonte e o observador se movem em relação ao meio de
propagação da onda. Vamos considerar o meio parado em relação ao solo. Neste caso temos ainda
três situações diferentes: a fonte se movimenta e o observador está parado; a fonte está parada e o
observador está em movimento; a fonte e o observador estão em movimento. Nos três casos podemos
ter uma aproximação ou um afastamento entre a fonte e o observador.
Adaptado de:< http://www.fisica.ufpb.br/~romero/ - Notas de Aula – Física Básica Universitária: Ondas Sonoras>

O texto refere-se a um fenômeno ondulatório facilmente observado nas ondas sonoras. Esse
fenômeno é denominado
a) Superposição.
b) Ressonância.
c) Polarização.
d) Efeito Doppler.
e) Interferência.

3
Física

4. (Ufsm 2013) Um recurso muito utilizado na medicina é a ecografia Doppler, que permite obter uma
série de informações úteis para a formação de diagnósticos, utilizando ultrassons e as propriedades
do efeito Doppler. No que se refere a esse efeito, é correto afirmar:
a) A frequência das ondas detectadas por um observador em repouso em um certo referencial é
menor que a frequência das ondas emitidas por uma fonte que se aproxima dele.
b) O movimento relativo entre fonte e observador não afeta o comprimento de onda detectado por
ele.
c) O efeito Doppler explica as alterações que ocorrem na amplitude das ondas, devido ao movimento
relativo entre fonte e observador.
d) O efeito Doppler é um fenômeno que diz respeito tanto a ondas mecânicas quanto a ondas
eletromagnéticas.
e) O movimento relativo entre fonte e observador altera a velocidade de propagação das ondas.

5. (Usf 2018) Há muitas aplicações da Física que são extremamente úteis na Medicina.
Indubitavelmente, o estudo das ondas e de seus fenômenos auxilia a área em vários exames e no
diagnóstico de doenças. A seguir, temos um exemplo de aplicabilidade desse conhecimento.

As características das ondas sonoras ou luminosas sofrem alterações com a movimentação da fonte
emissora de ondas ou do observador. Pode haver a variação da frequência de uma onda quando
refletida em células vermelhas (hemácias) em movimento. Por exemplo, quando uma onda é emitida
pelo equipamento e é refletida em hemácias que se deslocam em sentido oposto à localização do
aparelho, a frequência da onda refletida é maior do que a onda emitida.

Com base nas informações do texto, a partir dessa diferença de frequência da onda emitida e recebida,
sabe-se
a) o número de células presentes no sangue, a partir do fenômeno resultante do batimento das
ondas.
b) a densidade do sangue, a partir da ressonância das ondas na superfície das células sanguíneas.
c) o fluxo sanguíneo decorrente da difração das ondas na superfície das células.
d) a densidade do sangue, a partir da amplitude da onda resultante da entre a onda incidente e a
refletida.
e) a velocidade com que o sangue se movimenta, a partir das relações matemáticas originárias do
efeito Doppler.

4
Física

6. (Fatec 2019) Para explicar o efeito Doppler, um professor do curso de Mecânica brinca com o uso de
personagens de um desenho animado. Ele projeta uma figura do carro de Fred Flintstone no episódio
em que ele e Barney Rubble eram policiais. A figura mostra a representação do carro visto de cima se
deslocando para a direita com velocidade constante em módulo.
Na figura ainda, ele representa, em outra perspectiva, as personagens Betty Rubble e Wilma Flintstone.
Os círculos representam as frentes de ondas sonoras de “YABBA DABBA DOO” emitidas pela sirene.

Considere que as observadoras Betty Rubble e Wilma Flintstone estejam em repouso na posição
apresentada na figura.

Em relação ao som emitido do carro de Fred e Barney, é correto afirmar que


a) Wilma o escutará com uma frequência menor que a de Betty.
b) Wilma o escutará com uma frequência maior que a de Betty.
c) Betty o escutará mais intenso que Wilma.
d) Betty o escutará mais agudo que Wilma.
e) Betty o escutará mais alto que Wilma.

7. (Pucrs 2010) INSTRUÇÃO: Responder à questão relacionando o fenômeno ondulatório da coluna A


com a situação descrita na coluna B, numerando os parênteses.
Coluna B
( ) Um peixe visto da margem de um rio parece estar
a uma profundidade menor do que realmente
Coluna A está.
1 – Reflexão
2 – Refração ( ) Uma pessoa empurra periodicamente uma criança
3 – Ressonância num balanço de modo que o balanço atinja
4 – Efeito Doppler alturas cada vez maiores.
( ) Os morcegos conseguem localizar obstáculos e
suas presas, mesmo no escuro.
( ) O som de uma sirene ligada parece mais agudo
quando a sirene está se aproximando do
observador.

5
Física

A numeração correta da coluna B, de cima para baixo, é:


a) 2 – 4 – 1 – 3
b) 2 – 3 – 1 – 4
c) 2 – 1 – 2 – 3
d) 1 – 3 – 1 – 4
e) 1 – 3 – 2 – 4

8. (Acafe 2014) A previsão do tempo feita em noticiários de TV e jornais costuma exibir mapas
mostrando áreas de chuva forte. Esses mapas são, muitas vezes, produzidos por um radar Doppler,
que tem tecnologia muito superior à do radar convencional. Os radares comuns podem indicar apenas
o tamanho e a distância de partículas, tais como gotas de chuva. O radar Doppler é capaz, além disso,
de registrar a velocidade e a direção na qual as partículas se movimentam, fornecendo um quadro do
fluxo do vento em diferentes elevações.
Fonte: Revista Scientific American Brasil, seção: Como funciona. Ano 1, N 8, Jan 2003, p. 90-91.(Adaptado)

O radar Doppler funciona com base no fenômeno da:


a) difração das ondas e na diferença de direção das ondas difratadas.
b) refração das ondas e na diferença de velocidade das ondas emitidas e refratadas.
c) reflexão das ondas e na diferença de frequência das ondas emitidas e refletidas.
d) interferência das ondas e na diferença entre uma a interferência construtiva e destrutiva.
e) Nenhuma das alternativas.

9. (Unisinos 2012) A expansão do universo foi descoberta em 1926, pelo astrônomo americano Edwin
Hubble, que, ao observar o espectro de emissão das galáxias, percebeu que este estava desviado para
o vermelho. Esse efeito poderia ser explicado devido ao fato de as galáxias estarem se afastando de
nós. A base dessas conclusões é o Efeito Doppler, descrito como uma característica observada em
ondas emitidas ou refletidas por fontes em movimento relativo a um observador. Esse efeito foi
descrito, teoricamente, pela primeira vez, em 1842, por Johann Christian Andreas Doppler, tendo
recebido o nome de Efeito Doppler em sua homenagem.

Uma fonte fixa emite uma onda com certa frequência, que se propaga com determinado comprimento
de onda e é percebida por um observador também fixo. Se, no entanto, a fonte se mover, afastando-

2
Física

se do observador fixo, este perceberá uma onda, comparativamente àquela em que a fonte estava fixa,
de comprimento de onda _____________ e de frequência _____________.

As lacunas são corretamente preenchidas, respectivamente, por


a) maior ; maior.
b) menor ; menor.
c) menor ; maior.
d) maior ; menor.
e) igual ; menor.

Texto para a próxima questão:


Considere um observador O parado na calçada de uma rua quando uma ambulância passa com a sirene
ligada (conforme a figura). O observador nota que a altura do som da sirene diminui repentinamente
depois que a ambulância o ultrapassa. Uma observação mais detalhada revela que a altura sonora da
sirene é maior quando a ambulância se aproxima do observador e menor quando a ambulância se afasta.
Este fenômeno, junto com outras situações físicas nas quais ele ocorre, é denominado efeito Doppler.
(...)
Adaptado de JUNIOR, F. R. Os Fundamentos da Física. 8. ed. vol. 2. São Paulo: Moderna, 2003, p. 429)

10. (Uepb 2013) Acerca do assunto tratado no texto, que descreve o efeito Doppler, analise e identifique,
nas proposições a seguir, a(as) que se refere(m) ao efeito descrito.
I. Quando a ambulância se afasta, o número de cristas de onda por segundo que chegam ao ouvido
do observador é maior.
II. As variações na tonalidade do som da sirene da ambulância percebidas pelo observador devem-
se a variações de frequência da fonte sonora.
III. Quando uma fonte sonora se movimenta, a frequência do som percebida pelo observador parado
é diferente da frequência real emitida pela fonte.
IV. E possível observar o efeito Doppler não apenas com o som, mas também com qualquer outro tipo
de onda.

Após a análise feita, conclui-se que é (são) correta(s) apenas a(s) proposição(ões):
a) I
b) III e IV
c) II
d) I e III
e) II e IV

3
Física

Gabarito

1. C
Quando há aproximação relativa entre o ouvinte e a ambulância, o som se torna mais agudo, portanto,
ocorre aumento na frequência da onda sonora percebida pelo pedestre.

2. A
O efeito Doppler é a alteração da percepção da frequência de uma onda devido ao movimento relativo
entre a fonte emissora e o observador. Este é o princípio físico utilizado em radares. Letra [A].

3. D
Efeito Doppler é o fenômeno ondulatório que ocorre quando há variação na frequência captada pelo
observador devido ao movimento relativo entre ele e a fonte.

4. D
O efeito Doppler é um fenômeno ondulatório, valendo, portanto, para ondas mecânicas ou
eletromagnéticas.

5. E
É o mesmo princípio utilizado em radares pelas polícias rodoviárias chamado efeito Doppler que baseia-
se em descobrir a velocidade relativa entre a fonte da onda e um objeto em movimento através da
diferença entre a frequência de onda emitida e recebida após a reflexão no objeto em movimento.
Portanto, é possível saber a velocidade de circulação do sangue em alguma artéria do corpo com o
mesmo princípio.

6. B
Para Wilma, as frentes de onda sentidas estão sendo comprimidas devido ao movimento do carro em
seu sentido e tem menor comprimento de onda, com isso maior frequência, pois essas grandezas são
inversamente proporcionais.
v = λf

Para Betty, o corre o contrário, os comprimentos de onda são maiores e a frequência menor.

7. B
Analisando cada uma das situações:
Um peixe visto da margem de um rio parece estar a uma profundidade menor do que realmente está.
Refração. A luz refrata da água para o ar, indo do peixe para o observador.

Uma pessoa empurra periodicamente uma criança num balanço de modo que o balanço atinja alturas
cada vez maiores.
Ressonância. Fenômeno que ocorre quando um sistema recebe impulsos na mesma frequência de sua
vibração natural, absorvendo energia e aumentando a amplitude de oscilação.

Os morcegos conseguem localizar obstáculos e suas presas, mesmo no escuro.


Reflexão. Os sons são refletidos nos obstáculos, permitindo que os morcegos possam percebê-los.

O som de uma sirene ligada parece mais agudo quando a sirene está se aproximando do observador.
Efeito Doppler. Variação ocorrida na frequência detectada, quando há movimento relativo entre o
detector e a fonte.

8. C
O efeito Doppler baseia-se no fato de a frequência recebida após a reflexão ser diferente da frequência
emitida. Isso ocorre devido à velocidade relativa entre o detector e o objeto refletor.

4
Física

9. D
Pela figura, nota-se que o observador 1, do qual o veículo se afasta, está recebendo um comprimento
de onda maior. Como a velocidade do som é constante nesse meio, aplicando a equação fundamental
da ondulatória:
v
v=λf  f = .
λ
Se o comprimento de onda é maior, a frequência é menor.

10. B
I. Incorreta. Quando a ambulância se afasta, o número de cristas de onda por segundo que chegam
ao ouvido do observador é menor.
II. Incorreta. As variações na tonalidade do som da sirene da ambulância percebidas pelo observador
devem-se ao movimento relativo entre o observador e a fonte.
III. Correta. Há movimento relativo entre o observador e a fonte.
IV. Correta. O efeito Doppler é um fenômeno ondulatório e não exclusivamente sonoro.

5
Física

Óptica geométrica

Resumo

1. Luz: uma forma de energia radiante


Energia radiante é aquela que se propaga por meio de ondas eletromagnéticas. Dentro dessa concepção,
podemos destacar as ondas de rádio, de TV e de radar, os raios infravermelhos, a luz, os raios ultravioleta, os
raios X, os raios gama etc.1
Sol envia à Terra energia radiante, constituída de radiações infravermelhas (denominadas “ondas de calor”
por interagirem com a matéria aumentando o estado de agitação das partículas), luz e radiações ultravioleta,
entre outras. Essa energia chega ao nosso planeta à taxa de 1,92 caloria por minuto, em cada centímetro
quadrado de superfície normal aos raios solares, denominada constante solar.
Uma característica importantíssima da energia radiante é sua velocidade de propagação, que, no vácuo, vale
aproximadamente:

c ≅ 3,00 . 105 km/s = 3,00 . 108 m/s

Nos meios materiais, como o ar, a água e o vidro, a velocidade de propagação da energia radiante é menor
que c. No diamante, por exemplo, chega a 0,4c, aproximadamente.
Pelo exposto, vimos que a luz é uma forma de energia radiante. Sabe-se, ainda, que a luz difere das demais
radiações eletromagnéticas por sua frequência característica, que se estende desde 4.10 14 Hz (vermelho) até
8.1014 Hz (violeta), aproximadamente.
Entretanto, o conceito de luz que utilizaremos em nosso estudo de Óptica tem um caráter mais específico.
Diremos que:
Luz é o agente físico que, atuando nos órgãos visuais, produz a sensação da visão.

A vida na Terra subordinada à energia radiante recebida do Sol. Todos os seres vivos se nutrem dessa energia, produzida pela fusão
nuclear do hidrogênio, que, ao ser submetido a temperatura de milhões de graus Celsius, se transforma em hélio.

1
Tópico que será estudado em Ondulatória.

1
Física

2. Ótica: divisão e aplicações


A Óptica é a parte da Física que trata dos fenômenos que têm como causa determinante a energia radiante,
em particular a luz.
Por questões de ordem didática, costuma-se estudá-la em dois grandes capítulos: Óptica Geométrica e Óptica
Física.
a) Óptica geométrica: estuda os fenômenos ópticos com enfoque nas trajetórias seguidas pela luz.
Fundamenta-se na noção de raio de luz e nas leis que regulamentam seu comportamento.
b) Óptica física: estuda os fenômenos ópticos que exigem uma teoria sobre a natureza constitutiva
da luz.
A Óptica é um ramo da Física que tem largo emprego prático. Dos simples óculos aos sofisticados
dispositivos de observação, a Óptica, aliada a outros campos do conhecimento científico, dá sua contribuição
por meio de seus princípios e leis. Algumas aplicações da Óptica são:
• Correção de defeitos da visão;
• Construção de instrumentos de observação: lupas, microscópios, periscópios, lunetas e telescópios;
• Fixação de imagens (fotografia e cinematografia);
• Construção de equipamentos de iluminação;
• Medidas geométricas de alta precisão (interferômetros);
• Estudo da estrutura do átomo.

3. Fontes de luz
Os diversos corpos que nos cercam podem ser vistos porque deles recebemos luz, que, incidindo sobre
nossos órgãos visuais, promove os estímulos geradores da sensação da visão. O Sol, a Lua, uma pessoa e
um livro, por exemplo, enviam luz aos olhos, o que lhes permite enxergá-los. No entanto, os corpos
absolutamente negros não são visíveis. Desses corpos não emana luz de espécie alguma e, eventualmente,
nota-se sua presença em razão do contraste com as vizinhanças.
São considerados fontes de luz todos os corpos dos quais se pode receber luz.
Dependendo da procedência da luz distribuída para o meio, os corpos em geral podem ser classificados em
duas categorias: fontes primárias e fontes secundárias.
a) Fontes primárias: são os corpos que emitem luz própria. Por exemplo: o Sol, a chama de uma vela,
as lâmpadas (quando acesas) etc.
b) Fontes secundárias: são os corpos que enviam a luz que recebem de outras fontes. O processo ocorre
por difusão, ou seja, a luz é espalhada aleatoriamente, em geral por reflexão ou mesmo por refração,
para todas as direções dos arredores do corpo. Por exemplo: a Lua, as nuvens, uma árvore, as
lâmpadas (quando apagadas) etc.
Uma fonte de luz é considerada pontual (ou puntiforme) quando suas dimensões são irrelevantes em
comparação com as distâncias aos corpos iluminados por ela. A grande maioria das estrelas
observadas da Terra comporta-se como fonte pontual de luz. De fato, embora as dimensões dessas estrelas
sejam enormes, as distâncias que as separam de nosso planeta são muito maiores.
Fontes de luz de dimensões não desprezíveis são denominadas extensas. O Sol, observado da Terra,
comporta-se como uma fonte extensa de luz.

2
Física

4. Meios transparentes, translúcidos e opacos


Meios transparentes são aqueles que permitem que a luz os atravesse descrevendo trajetórias regulares e
bem definidas.
O único meio absolutamente transparente é o vácuo. Contudo, em camadas de espessura não muito grande,
também podem ser considerados transparentes o ar atmosférico, a água pura, o vidro hialino e outros.

Esquema de meio transparente

Meios translúcidos são aqueles em que a luz descreve


trajetórias irregulares com intensa difusão (espelhamento
aleatório), provocada pelas partículas desses meios. É o que
ocorre, por exemplo, quando a luz atravessa a neblina, o vidro
leitoso, o papel vegetal e o papel-manteiga.

Esquema de meio translúcido

Meios opacos são aqueles através dos quais a luz não se propaga.
Depois de incidir em um meio opaco, a luz é parcialmente absorvida
e parcialmente refletida por ele, sendo a parcela absorvida
convertida em outras formas de energia, como a térmica. Quando se
apresentam em camadas de razoável espessura, são opacos os
seguintes meios: alvenaria, madeira, papelão, metais etc.

Esquema de meio opaco

5. Frente de luz – Raio de luz


Considere uma pequena lâmpada L acesa em uma região de
vácuo. Nessas condições, da lâmpada emanam ondas
luminosas, que atingem todos os pontos de sua vizinhança.
Frente de luz é a fronteira entre a região já atingida por um
pulso luminoso e a região ainda não atingida.
No caso da lâmpada L, a propagação luminosa se faz por meio A região interna à superfície esférica (frente de
de ondas eletromagnéticas esféricas, concêntricas com a luz) já foi atingida pelo pulso luminoso, enquanto
lâmpada. A figura seguinte representa uma frente de luz em um a região externa ainda não foi.
instante t.
Cada frente de luz emitida pela lâmpada L se expande através do vácuo propagando-se com velocidade igual
a c.
Raio de luz é uma linha orientada que tem origem na fonte de luz e é perpendicular às frentes de luz. Os
raios de luz indicam a direção e o sentido de propagação da luz em um meio ou sistema.

3
Física

Para uma onda luminosa esférica, os raios de luz são retilíneos e radiais.

Em pontos situados a grandes distâncias da lâmpada L, as frentes de luz lá recebidas têm raio de curvatura
muito grande, podendo, por isso, ser consideradas praticamente planas. Isso ocorre com a luz que a Terra
recebe do Sol. Essa luz constitui-se de ondas eletromagnéticas esféricas. Entretanto, o diâmetro da Terra
(aproximadamente 12800 km) é desprezível em comparação com a distância do planeta ao Sol (cerca de 150
milhões de quilômetros), permitindo-nos geralmente considerar planas as frentes de luz que nos atingem.

Uma frente de luz tem existência física, mas isso não ocorre com um raio de luz, que apenas indica a direção
e o sentido da propagação luminosa em certo local.

6. Pincel de luz – Feixe de luz


Observe a figura a seguir, que representa uma lanterna comum colocada diante de um anteparo que tem um
orifício de diâmetro relativamente pequeno (da ordem de 2 mm). O conjunto encontra-se sobre uma mesa,
em um ambiente escurecido.

4
Física

Se acendermos a lanterna e espalharmos fumaça na região da montagem, notaremos, à direita do anteparo,


uma região cônica do espaço diretamente iluminada. Essa região, que tem pequena abertura angular em
virtude do pequeno diâmetro do orifício, denomina-se pincel de luz.
Considere, agora, uma lâmpada instalada no interior de um globo difusor. Com a lâmpada acesa, partem de
cada elemento de superfície do globo vários pincéis de luz. Reunindo-se os pincéis emanados de um mesmo
elemento de superfície, obtém-se uma região iluminada de abertura angular relativamente grande, que recebe
o nome de feixe de luz.

Na figura estão representados quatro feixes de luz emanados do globo difusor. Cada feixe é um conjunto de pincéis de luz.

Os pincéis de luz (e também os feixes de luz) admitem a seguinte classificação:


a) Cônicos divergentes: os raios de luz divergem a partir de um mesmo ponto P.

b) Cônicos convergentes: os raios de luz convergem para um mesmo ponto P.

c) Cilíndricos: os raios de luz são paralelos entre si.

5
Física

7. Princípio da independência dos raios de luz


Considere a situação experimental seguinte, em que há, sobre uma mesa no interior de um quarto escuro,
duas lanternas dirigidas para os orifícios existentes em dois anteparos. A figura representa a montagem vista
de cima.

Ligando-se as lanternas e espalhando-se fumaça na região da montagem, dos anteparos “sairão” dois pincéis
de luz que se interceptarão, provocando na região da interseção o fenômeno de interferência. O experimento
mostra, no entanto, que, após essa interseção, cada pincel de luz segue seu caminho — como se não houvesse
o cruzamento. Com base nesse e em outros experimentos similares, podemos enunciar que:
A propagação de um pincel de luz não é perturbada pela propagação de outros na mesma região; um
independe da presença do outro.
Utilizando a noção de raio de luz, podemos dizer que:
Quando ocorre cruzamento de raios de luz, cada um deles continua sua propagação independentemente
da presença dos outros.
A importância prática do Princípio da Independência dos Raios de Luz é que, nos problemas de Óptica,
podemos concentrar nossa atenção em determinado raio de luz sem nos preocuparmos com a presença de
outros, que certamente não perturbam o raio em estudo.

8. Princípio da propagação retilínea da luz


Observe a montagem da figura seguinte, em que a lâmpada L (presa ao suporte S) tem dimensões muito
pequenas. Os anteparos A1 e A2, feitos de material opaco, são dotados dos orifícios O1 e O2, de diâmetros
também muito pequenos. Para que o resultado do experimento seja mais pronunciado, admitamos que os
componentes da montagem estejam no interior de um quarto escuro.

Ao se acender a lâmpada L, um observador, com um dos olhos próximo de O1, perceberá luz direta da lâmpada
somente se L, O2 e O1 estiverem alinhados.

6
Física

Esse e outros experimentos de mesma natureza formam a base prática que permite a seguinte conclusão:
Nos meios transparentes e homogêneos, a luz propaga-se em linha reta.
É importante observar que meio homogêneo é aquele que apresenta as mesmas características em todos os
elementos de volume.
O ar contido em equipamentos ópticos, como microscópios e telescópios, ou mesmo aquele existente em
ambientes pequenos, como uma sala de aula, podem ser considerados um meio transparente e homogêneo
em que a luz se propaga em linha reta.
Se pensarmos, no entanto, na atmosfera terrestre como um todo, essa consideração já não poderá ser feita
em virtude das diferentes constituições físico-químicas encontradas no ar. À medida que sobe, verifica-se que
o ar vai ficando mais rarefeito (menos denso) e praticamente isento de vapor de água. A temperatura e a
pressão vão se tornando diferentes das encontradas nas proximidades do solo e esses fatores bastam para
dizer que a atmosfera terrestre é um meio heterogêneo. Por isso, em geral, a luz não se propaga em linha reta
ao atravessar a atmosfera, realizando curvas espetaculares em situações de incidência oblíqua. Isso ocorre
em razão da sucessão de refrações que a luz sofre até sua chegada ao solo, o que será explicado com mais
detalhes no tópico de Refração da luz.
Obs.: Do ponto de vista óptico, chama-se meio isótropo (ou isotrópico) todo aquele em que a velocidade de
propagação da luz e as demais propriedades ópticas independem da direção em que é realizada a medida.
Obs.: Chama-se meio ordinário todo aquele que é ao mesmo tempo transparente, homogêneo e isótropo. O
vácuo é um meio ordinário.

9. Sombra e penumbra
Na montagem experimental sugerida na figura a seguir, F é uma
fonte luminosa puntiforme, D é um disco opaco e A é um anteparo
também opaco.
Tendo em vista que a propagação da luz é retilínea no local do
experimento, teremos, na região entre D e A, um tronco de cone
desprovido de iluminação direta de F. Essa região é denominada
sombra. Em A, notaremos uma região circular também isenta de
iluminação direta de F. Essa região é chamada de sombra
projetada.
É importante observar que o fato de a sombra de um corpo ser
semelhante a ele atesta que a luz se propaga em linha reta no
meio considerado.
Admita agora o esquema seguinte, em que L é uma fonte extensa de
luz, D é um disco opaco e A é um anteparo também opaco.

Nesse caso, pelo fato de a fonte de luz ser extensa, além das regiões
de sombra e de sombra projetada, teremos ainda regiões de penumbra
e de penumbra projetada. Nas regiões de penumbra a iluminação será
parcial, e aí se observará transição entre sombra e iluminação total.

7
Física

Eclipses são fenômenos astronômicos regulares e previsíveis, mas que aterrorizaram sobremaneira nossos
ancestrais em eras não muito distantes. Acreditava-se que essas ocorrências eram manifestações da ira dos
deuses e serviam de alerta quanto à chegada de pestes, pragas e catástrofes naturais.
A explicação dos eclipses está relacionada ao fato de a luz propagar-se em linha reta. É com base nesse
princípio que se justifica o desaparecimento temporário da Lua em certas ocasiões de lua cheia ou mesmo
do Sol em algumas situações de lua nova. Dois casos merecem destaque:
1º caso: eclipse da Lua
Neste caso, a Lua situa-se no cone de sombra da Terra.

O eclipse da Lua ocorre na fase de lua cheia.

Este eclipes da Lua foi fotografado em 08 de novembro de 2003. Na sequência de imagens podemos notar a gradual imersão do
satélite no cone de sombra da Terra.

8
Física

2º caso: eclipse do Sol


Neste caso, a Lua projeta sobre a Terra uma região de sombra e uma de penumbra.

Ilustração com tamanhos e distâcias fora de escala e em cores-fantasia.

• Região 1: sombra da Lua;


• Região 2: penumbra;
• Região 3: sombra da Lua projetada na Terra. Nessa região ocorre eclipse total ou anular do Sol.
• Região 4: penumbra projetada. Nessa região ocorre o eclipse parcial do Sol, caso em que uma parte
do “disco solar” permanece visível.
• Região 5: não há eclipse nessa região e o “disco solar” é visualizado integralmente.

O eclipse do Sol ocorre na fase de lua nova.

Nos locais da Terra que o esclipse do Nos locais que o eclipse é parcial, uma
Sol é total, o “disco solar” é observado fração do “disco solar” é observada
completemanete encoberto pela Lua. descoberta.

10. Câmara escura de orifício


Esse dispositivo nada mais é que uma caixa de paredes
opacas, sendo uma delas dotada de um orifício O, diante do
qual é colocado um corpo luminoso.
Os raios emanados desse corpo, após atravessarem O,
incidem na parede do fundo da caixa, lá projetando uma
figura semelhante ao corpo considerado, em forma e em
colorido. Tal figura, no entanto, apresenta-se invertida em
relação ao corpo.

9
Física

Observando o esquema, você pode constatar que os triângulos OAB e OA’B’ são semelhantes. Por isso:

𝐀′ 𝐁′ 𝐛
=
𝐀𝐁 𝐚

Para uma mesma câmara e um mesmo corpo luminoso, os comprimentos b (profundidade da câmara) e AB
(comprimento do corpo luminoso) são constantes. Por isso, podemos afirmar que, nesse caso, A’B’
(comprimento da figura projetada) é inversamente proporcional à distância a do corpo luminoso à parede
frontal da câmara. Se, por exemplo, dobrarmos a, A9B9 se reduzirá à metade.
É importante destacar que a figura projetada na parede do fundo da
câmara pode ser contemplada por um observador situado na
posição sugerida no esquema. Para tanto, basta que ele substitua a
parede do fundo por uma lâmina de vidro fosco ou papel vegetal, por
exemplo.
Para obter uma boa definição na figura projetada (boa nitidez), não
se deve aumentar o diâmetro do orifício além de 2 mm.
Pode-se dizer que a câmara escura de orifício constitui um ancestral
da câmara fotográfica, sendo ainda um dispositivo que comprova o
Princípio da Propagação Retilínea da Luz.
O renascentista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) utilizou a
técnica das câmaras escuras de orifício, já conhecidas em sua
época, em seus estudos sobre propagação da luz. Esses
dispositivos serviram também de ferramenta para a elaboração de
algumas de suas perspectivas e pinturas. Há em seus livretos de
anotações — os códices — citações sobre a obtenção de figuras
luminosas invertidas projetadas em anteparos planos. O Homem vitruviano, de Leonardo da Vinci.

Leonardo da Vinci foi um verdadeiro gênio. Já no século XV esboçava aquilo que serviria de base à tecnologia
de nossos tempos. Idealizou uma série de engenhos de rara sofisticação, até mesmo para os padrões atuais.
Há em seus desenhos sistemas utilizando engrenagens, parafusos e rolamentos. São dele as primeiras
concepções do automóvel (com transmissão empregando diferencial), do helicóptero, da bicicleta e do
paraquedas. O estudo acima, um verdadeiro ícone da publicidade globalizada, denomina-se Homem
vitruviano. Nele, Leonardo analisa aquilo que seriam as proporções perfeitas para o corpo humano com base
nos preceitos do arquiteto romano Marcus Vitruvius (século I a.C.).

11. Fenômenos físicos fundamentais na ótica geométrica


A óptica geométrica trata basicamente das trajetórias da luz em sua propagação. São de especial interesse
nesse estudo dois fenômenos físicos fundamentais: a reflexão e a refração.
Considere uma superfície S separadora de dois meios transparentes, 1 e 2. Admita um pincel luminoso
cilíndrico que, propagando-se no meio 1, incide sobre ∑.
Uma parte da energia luminosa incidente retorna ao meio 1, caracterizando, assim, o fenômeno da reflexão.
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se propagar no meio de origem, após incidir
na superfície de separação deste com outro meio.

10
Física

Outra parte da energia luminosa incidente poderá passar para o meio 2, caracterizando, assim, o fenômeno
da refração.
Refração é o fenômeno que consiste no fato de a luz passar de um meio para outro diferente. 2
A figura a seguir ilustra a reflexão e a refração da luz.

Imagine, por exemplo, que você está em um local bastante iluminado, diante de uma porta de vidro
transparente que dá acesso a outro ambiente mais escurecido. Parte da luz difundida por seu corpo sofrerá
reflexão na porta de vidro, permitindo que você veja uma imagem sua. Outra parte da luz difundida por seu
corpo atravessará a porta de vidro, refratando-se e possibilitando que pessoas situadas dentro do outro
ambiente — o mais escurecido — também o vejam.

12. Reflexão e refração regulares e difusas


A maior ou menor regularidade da superfície sobre a qual incide a luz pode determinar dois tipos de reflexão
e de refração: a regular e a difusa. Considere, por exemplo, a superfície da água de um lago isenta de qualquer
perturbação. Nessas condições, essa superfície apresenta-se praticamente desprovida de ondulações ou
irregularidades.
Fazendo incidir sobre a água do lago um pincel cilíndrico de luz monocromática (uma só cor ou frequência),
podemos observar reflexão e refração regulares. Os pincéis luminosos refletido e refratado também serão
cilíndricos, os raios de luz componentes desses pincéis serão paralelos entre si, da mesma forma que os raios
luminosos constituintes do pincel incidente. A figura a seguir ilustra a reflexão e a refração regulares.

2Veremos em Ondulatória que na reflexão se conservam a frequência e a intensidade da velocidade de propagação, enquanto na refração
a frequência conserva-se, mas a intensidade da velocidade de propagação varia na proporção direta do comprimento de onda.

11
Física

Imagine, agora, que a superfície da água do lago seja perturbada pelas gotas de uma chuva torrencial.
Fazendo incidir sobre a água do lago um pincel cilíndrico de luz monocromática, poderemos observar reflexão
e refração difusas. Os pincéis luminosos refletido e refratado não serão cilíndricos, os raios de luz
componentes desses pincéis terão direções diversas, expandindo-se de modo aleatório por todo o espaço. A
figura abaixo ilustra a reflexão e a refração difusas.

Na reflexão e na refração difusas, ao contrário do que se pode imaginar, valem as leis da reflexão e da
refração, o que veremos em breve.
As direções diversas assumidas pelos raios refletidos e refratados devem-se às irregularidades da superfície
de incidência. Como não há superfície perfeitamente lisa, sempre que ocorre reflexão ou refração uma parte
da luz incidente é difundida. É claro que tal parcela será tanto menor quanto mais regular for a superfície.

12
Física

A difusão da luz é decisiva para a visão das coisas que nos cercam. Um pincel de luz que atravessa um quarto
escuro, por exemplo, poderá ser observado se na região abrangida por ele espalharmos fumaça, cujas
partículas constituintes difundem a luz, enviando-a aos nossos olhos.

13. Reflexão e refração seletivas


A luz solar (ou a luz emitida por uma lâmpada fluorescente) é denominada luz branca.
A luz branca solar é policromática, isto é, composta de diversas cores, das quais se costumam destacar sete:
vermelha, alaranjada, amarela, verde, azul, anil e violeta.

Quando iluminadas pela luz solar, as folhas de uma árvore nos parecem verdes, por quê?
Porque essas folhas “selecionam” no espectro solar
principalmente a cor componente verde, refletindo-a de
modo difuso para o meio. Ao recebermos luz verde em
nossos olhos, enxergamos as folhas em verde.
Cumpre observar que as demais cores componentes da
luz branca são predominantemente absorvidas pelas
folhas.
A figura a lado (com tamanhos e distâncias fora de
escala e em cores-fantasia) ilustra a reflexão seletiva.

13
Física

• Se vemos um corpo branco, é porque ele está refletindo todas as cores do espectro solar.
• Se vemos um corpo preto, é porque ele está absorvendo todas as cores do espectro solar.
• Um corpo que nos parece vermelho quando iluminado pela luz branca solar se apresentará escuro
quando iluminado por luz monocromática de cor diferente da vermelha (azul, por exemplo).
Observando os objetos que nos cercam através de uma lâmina de acrílico vermelha, por exemplo,
distinguiremos nesses objetos apenas regiões vermelhas e regiões bem escuras. Isso ocorre porque a lâmina
de acrílico constitui um filtro, que refrata (deixa passar) seletivamente a luz vermelha, absorvendo
substancialmente as demais cores do espectro.

Os filtros são largamente utilizados em fotografia, permitindo que penetrem no interior da câmara apenas as
colorações desejadas.

14. Generalidades sobre sistemas óticos


Em geral, há dois tipos principais de sistemas ópticos: os refletores e os refratores.
No grupo dos sistemas ópticos refletores se encontram os espelhos, que são superfícies polidas de um corpo
opaco, com alto poder de reflexão.

14
Física

No grupo dos sistemas ópticos refratores, por sua vez, encontram-se os dioptros, que são constituídos de
dois meios transparentes separados por uma superfície regular. Associações convenientes de dioptros dão
origem a utensílios ópticos de grande importância prática, como lentes e prismas, entre outros.

15. Ponto objeto e ponto imagem


Definições:
Os conceitos de ponto objeto e ponto imagem são essenciais no estudo de óptica geométrica. Considere as
três figuras a seguir, em que são representados três sistemas ópticos genéricos, S1, S2 e S3, nos quais incide
luz:

Relativamente a determinado sistema óptico, chama-se ponto objeto o vértice do pincel luminoso
incidente.
É importante destacar que:
a) Ponto Objeto Real (POR) é o vértice de um pincel incidente divergente, sendo formado pelo
cruzamento efetivo dos raios de luz. Relativamente a S1, temos um ponto objeto real;
b) Ponto Objeto Virtual (POV) é o vértice de um pincel incidente convergente, sendo formado pelo
cruzamento dos prolongamentos dos raios de luz. Relativamente a S2, temos um ponto objeto virtual;
c) Ponto Objeto Impróprio (POI) é o vértice de um pincel incidente cilíndrico, estando situado no
“infinito”3. Relativamente a S3, temos um ponto objeto impróprio.
Considere, agora, as três figuras a seguir, em que são representados três sistemas ópticos genéricos, S 4, S5 e
S6, dos quais emerge luz:

Relativamente a determinado sistema óptico, chama-se ponto imagem o vértice do pincel luminoso emergente.

3
Essa classificação ficará mais clara quando estudarmos formação de imagens em espelhos e lentes .

15
Física

Convém destacar que:


a) Ponto Imagem Real (PIR) é o vértice de um pincel emergente convergente, sendo formado pelo
cruzamento efetivo dos raios de luz. Relativamente a S4, temos um ponto imagem real;
b) Ponto Imagem Virtual (PIV) é o vértice de um pincel emergente divergente, sendo formado pelo
cruzamento dos prolongamentos dos raios de luz. Relativamente a S5, temos um ponto imagem
virtual;
c) Ponto Imagem Impróprio (PII) é o vértice de um pincel emergente cilíndrico, estando situado no
“infinito”4. Relativamente a S6, temos um ponto imagem impróprio.
Para facilitar a assimilação, observe os exemplos a seguir.
Ex.1:

Ex.2:

A imagem que L1 conjuga (faz corresponder) a P1 é imprópria: essa imagem comporta-se como objeto
impróprio em relação a L2.
Ex.:3

Embora P1 tenha sido formado pelo cruzamento dos prolongamentos dos raios de luz, ele se comporta, em
relação à lente, como ponto imagem real, pois corresponde ao vértice de um pincel emergente convergente.

4
Essa classificação ficará mais clara quando estudarmos formação de imagens em espelhos e lentes.

16
Física

Ex.4:
Uma lupa (lente de aumento) pode concentrar a luz recebida do Sol
em uma pequena região, como P. Colocando-se uma tampinha de
garrafa cheia de água em P, o conjunto irá se aquecer. Em relação
ao sistema óptico lupa, o Sol, situado a grande distância, comporta-
se como objeto impróprio, enquanto P é uma imagem real do Sol
(formada efetivamente por raios luminosos).

Comentários:
As imagens reais podem ser projetadas em anteparos, como telões
ou paredes. Isso ocorre pelo fato de os pontos de imagens reais
constituírem vértices efetivos de feixes luminosos emergentes do
sistema óptico.

Depois de incidir no anteparo, a luz que determina a imagem real é difundida para o ambiente, permitindo a
observação coletiva, isto é, a visão da figura projetada por vários observadores simultaneamente. No cinema,
por exemplo, a imagem projetada na tela é real. Convém salientar, entretanto, que uma imagem real também
pode ser visualizada diretamente, isto é, sem estar projetada em anteparos. Para isso, basta que o observador
posicione seu bulbo do olho de modo que seja atingido pela luz, conforme mostra o esquema a seguir.

As imagens virtuais não podem ser projetadas em


anteparos. Isso ocorre porque não há luz na região em
que se forma uma imagem virtual. Observe que, embora
não possa ser projetada em anteparos, uma imagem
virtual pode ser vista por um observador, comportando-
se em relação ao seu bulbo do olho como um objeto
real. No esquema abaixo representamos o exposto.

Em relação ao sistema óptico S, P’ é um ponto imagem virtual


que não pode ser projetado em anteparos. Entretanto, em
relação ao bulbo do olho do observador, esse ponto comporta-
se como ponto objeto real.

2
Física

16. Reversibilidade na propagação da luz


O experimento que será relatado envolve um observador,
um espelho, uma lente e uma pequena lanterna capaz de
emitir um estreito pincel cilíndrico de luz monocromática.
Ligando a lanterna — ver a figura a seguir —, inicialmente
situada na posição A, o pincel luminoso emitido por ela
descreverá a trajetória mostrada, atingindo o olho do
observador situado na posição B.

Permutando-se, agora, as posições da lanterna e do olho do


observador, notaremos que, acendendo-se a lanterna na
posição B, a luz emitida por ela descreverá a mesma
trajetória do caso anterior, atingindo o olho do observador
situado na posição A. A figura a seguir ilustra o exposto.

Esse experimento e outros similares constituem a evidência de que a propagação da luz é reversível, isto é:
Em idênticas condições, a trajetória seguida pela luz independe do sentido de propagação.
É comum um motorista de táxi, ao olhar pelo retrovisor interno do veículo, ver a imagem dos olhos do
passageiro, que está sentado no banco de trás, fornecida pelo espelho plano retrovisor interno. Graças à
reversibilidade da luz, se o motorista consegue ver no espelho a imagem dos olhos do passageiro, este
também consegue ver, no mesmo espelho, a imagem dos olhos do motorista.

3
Física

4
Física

Exercícios

1. Considere um observador frente a três anteparos, em um meio homogêneo e transparente, cada um


com um orifício em seu respectivo centro, conforme mostra a figura que se segue. Através desses
orifícios, o observador consegue enxergar a chama de uma vela devido a um princípio da Óptica
Geométrica denominado __________.

a) Princípio da independência dos raios de luz.


b) Princípio da reversibilidade dos raios de luz.
c) Princípio da propagação retilínea da luz.
d) Princípio da reflexão dos raios de luz.

2. A uma certa hora da manhã, a inclinação dos raios solares é tal que um muro de 4,0 m de altura projeta,
no chão horizontal, uma sombra de comprimento 6,0 m.
Uma senhora de 1,6 m de altura, caminhando na direção do muro, é totalmente coberta pela sombra
quando se encontra a quantos metros do muro?
a) 2,0
b) 2,4
c) 1,5
d) 3,6
e) 1,1

5
Física

3. Considere a ilustração da bandeira do estado do Amazonas:

A cor de um objeto iluminado é determinada pela radiação luminosa que ele reflete. Assim, corpo verde
reflete apenas luz verde, corpo branco reflete luz de qualquer cor que nele incide, enquanto corpo negro
não reflete luz alguma. Caso a bandeira do Amazonas venha a ser iluminada apenas por luz
monocromática vermelha, as cores que ela mostrará serão somente
a) vermelha e branca.
b) vermelha, branca e preta.
c) vermelha e verde.
d) vermelha, branca e verde.
e) vermelha e preta.

4. A figura ilustra, fora de escala, a ocorrência de um eclipse do Sol em determinada região do planeta
Terra. Esse evento ocorre quando estiverem alinhados o Sol, a Terra e a Lua, funcionando,
respectivamente, como fonte de luz, anteparo e obstáculo.

Para que possamos presenciar um eclipse solar, é preciso que estejamos numa época em que a Lua
esteja na fase
a) nova ou cheia.
b) minguante ou crescente.
c) cheia, apenas.
d) nova, apenas.
e) minguante, apenas.

6
Física

5. A 1 metro da parte frontal de uma câmara escura de orifício, uma vela de comprimento 20 cm projeta
na parede oposta da câmara uma imagem de 4 cm de altura.

A câmara permite que a parede onde é projetada a imagem seja movida, aproximando-se ou afastando-
se do orifício. Se o mesmo objeto for colocado a 50 cm do orifício, para que a imagem obtida no fundo
da câmara tenha o mesmo tamanho da anterior, 4 cm, a distância que deve ser deslocado o fundo da
câmara, relativamente à sua posição original, em cm, é de
a) 50.
b) 40.
c) 20.
d) 10.
e) 5.

6. Em 29 de maio de 1919, em Sobral (CE), a teoria da relatividade de Einstein foi testada medindo-se o
desvio que a luz das estrelas sofre ao passar perto do Sol. Essa medição foi possível porque naquele
dia, naquele local, foi visível um eclipse total do Sol. Assim que o disco lunar ocultou completamente o
Sol foi possível observar a posição aparente das estrelas. Sabendo-se que o diâmetro do Sol é 400
vezes maior do que o da Lua e que durante o eclipse total de 1919 o centro do Sol estava a 151 600
000 km de Sobral, é correto afirmar que a distância do centro da Lua até Sobral era de
a) no máximo 379 000 km
b) no máximo 279 000 km
c) no mínimo 379 000 km
d) no mínimo 479 000 km
e) exatamente 379 000 km

7
Física

7. A figura 1 mostra um quadro de Georges Seurat, grande expressão do pontilhismo.

De forma grosseira podemos dizer que a pintura consiste de uma enorme quantidade de pontos de
cores puras, bem próximos uns dos outros, tal que a composição adequada dos pontos causa a
sensação de vibração e efeitos de luz e sombra impressionantes.
Alguns pontos individuais podem ser notados se chegarmos próximo ao quadro. Isso ocorre porque a
resolução angular do olho humano é θmin  3,3  10−4 rad. A figura 2 indica a configuração geométrica
para que uma pessoa perceba a separação d entre dois pontos vizinhos à distância L  30 cm do
quadro.

Considerando que para ângulos θ  0,17 rad é válida a aproximação tg θ  θ , a distância d aproximada
entre esses dois pontos, representados na figura 2, é, em milímetros, igual a
a) 0,1.
b) 0,2.
c) 0,5.
d) 0,7.
e) 0,9.

8
Física

8. Para que uma substância seja colorida ela deve absorver luz na região do visível. Quando uma amostra
absorve luz visível, a cor que percebemos é a soma das cores restantes que são refletidas ou
transmitidas pelo objeto. A Figura 1 mostra o espectro de absorção para uma substância e é possível
observar que há um comprimento de onda em que a intensidade de absorção é máxima. Um observador
pode prever a cor dessa substância pelo uso da roda de cores (Figura 2): o comprimento de onda
correspondente à cor do objeto é encontrado no lado oposto ao comprimento de onda da absorção
máxima.

Qual a cor da substância que deu origem ao espectro da Figura 1?


a) Azul.
b) Verde.
c) Violeta.
d) Laranja.
e) Vermelho.

9
Física

9. Uma câmara escura de orifício reproduz uma imagem de 10 cm de altura de uma árvore observada. Se
reduzirmos em 15 m a distância horizontal da câmara à árvore, essa imagem passa a ter altura de
15 cm. Qual é a distância horizontal inicial da árvore à câmara?

a) D = 15 cm.
b) D = 30 cm.
c) D = 45 cm.
d) D = 40 cm.
e) D = 50 cm.

10. A figura a seguir (evidentemente fora de escala) mostra o ponto O em que está o olho de um observador
da Terra olhando um eclipse solar total, isto é, aquele no qual a Lua impede toda luz do Sol de chegar
ao observador.

Sabendo que o raio do Sol é 0,70 x 106 km, o da Lua, 1,75 x 103 km, e que a distância entre o centro do
Sol e o observador na Terra é de 150 x 106 km, calcule a distância d entre o observador e o centro da
Lua para a qual ocorre o eclipse total indicado na figura.
a) d = 4,75  105 km.
b) d = 3,90  105 km.
c) d = 3,70  104 km.
d) d = 3,75  105 km.
e) d = 3,75  109 km.

10
Física

Gabarito

1. C
O princípio que explica a situação descrita é o princípio da propagação retilínea dos raios de luz.

2. D
Observe que os triângulos sombreados são semelhantes

Portanto:
4 1,6
= → 24 − 4x = 9,6 → 4x = 14,4 → x = 3,6 m.
6 6−x

3. E
• a faixa vermelha continua refletindo a radiação vermelha, mantendo-se na cor vermelha;
• as duas faixas brancas e o preenchimento branco das estrelinhas passam a refletir apenas a radiação
vermelha, passando, então, a apresentar cor vermelha;
• a faixa azul passa a não refletir radiação alguma, apresentando, então, cor preta.
Concluindo: a bandeira mostrará somente as cores vermelha e preta.

4. D
A figura mostra a Lua em duas posições diferentes. Na situação I, está ilustrado um eclipse solar. A face
escura da Lua está voltada para a Terra, portanto é Lua nova. A situação II mostra um eclipse lunar, que
ocorre na Lua cheia, estando a Lua no cone de sombra da Terra.

11
Física

5. D
Observe a figura abaixo onde se mostra a formação da imagem.

Os triângulos sombreados são semelhantes, portanto:


H h
=
D d
Na primeira situação:
20 4
= → d = 20cm
100 d
20 4
Na segunda situação: = → d' = 10cm
50 d
Portanto: d = d'− d = 10 − 20 = −10cm
O fundo da câmera deve ser deslocado 10 cm para a esquerda.

6. A
Dados: DS = 400 DL; dS = 151.600.000 km.
A figura ilustra a situação descrita.

Da semelhança de triângulos:
dL d dL 151.600.000 1.516.000
= S  =  dL = 
DL DS DL 400 DL 4
dL = 379.000 km.

7. A
d
θ= → d = θ.L = 3,3x10−4 x300 = 0,1mm .
L

8. E
O gráfico nos mostra que essa substância apresenta maior absorção para comprimentos de onda em
torno de 500 nm, o que corresponde à cor verde. De acordo com o enunciado: ... “o comprimento de onda
correspondente à cor do objeto é encontrado no lado oposto ao comprimento de onda da absorção
máxima.”
Na roda de cores, notamos que o comprimento de onda oposto ao da cor verde é o da cor vermelha.

12
Física

9. C
Antes:

Depois:

H → 10cm 
 H.d = 10D
D→d 
H → 15cm 
 H.d = 15(D + 15)
D − 15m → d
10D = 15(D − 15)
10D = 15D − 225
5D = 225
 D = 45m

10. D
Dados: RS = 0,70  106 km; RL = 1,75  103 km, dS = 150  106 km.

Da semelhança de triângulos na figura:


d d d 150  106 1,75  106  150
= S  =  d= 
RL RS 1,75  103 0,7  106 0,7
d = 3,75  105 km.

13
Física

Efeito Doppler - Equação

Resumo

Quando estudamos os fenômenos ondulatórios, falamos do comportamento das ondas em determinadas


situações propostas. Mas sabe o que todas elas têm em comum? Todas estão sendo analisadas por um
referencial inercial, ou seja, todas partem do pressuposto de um observador parado!
O fenômeno ondulatório chamado de Efeito Doppler veio para ser o diferente! O Efeito Doppler é o fenômeno
ondulatório que descreve como o comportamento de ondas emitidas ou refletidas por fontes em movimento
relativo ao observador. Isso quer dizer que para ocorrer esse fenômeno, teremos ou um observador em
movimento ou uma fonte em movimento.
O efeito foi descrito teoricamente pela primeira vez em 1842 por Johann Christian Andreas Doppler,
recebendo o nome Efeito Doppler em sua homenagem.

Equação do Efeito Doppler


Antes de demonstrarmos a equação que descreve os fenômenos ondulatório conhecido como Efeito Doppler,
vamos definir algumas grandezas que vamos utilizar:

𝑓0 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜𝑟


𝑓𝑓 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝑣0 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑣𝑓 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝑣 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑜𝑛𝑑𝑎

Tanto para um observador em movimento quanto para uma fonte em movimento, podemos calcular a
frequência aparente percebida pelo observador da seguinte forma:

𝑣 ∓ 𝑣0
𝑓0 = ( ) . 𝑓𝑓
𝑣 ∓ 𝑣𝑓

O caso mais comum é quando o observador está parado e a fonte está em movimento (exemplo da
ambulância com a sirene ligada trafegando pela rua). Para essa situação, temos que a velocidade do
observador é nula, logo, 𝑣0 = 0. Nossa situação a equação fica:

𝑣
𝑓0 = ( ) . 𝑓𝑓
𝑣 ∓ 𝑣𝑓

A função do sinal da equação é representar o afastamento ou o distanciamento entre a fonte e o observador.


• Caso ocorra uma aproximação entre a fonte e o observador, a expressão utiliza sinal positivo (+)
• Caso ocorra um afastamento entre a fonte e o observador, a expressão utiliza sinal negativo (-)

1
Física

Exercícios

1. (Enem cancelado 2009) Os radares comuns transmitem micro-ondas que refletem na água, gelo e
outras partículas na atmosfera. Podem, assim, indicar apenas o tamanho e a distância das partículas,
tais como gotas de chuva. O radar Doppler, além disso, é capaz de registrar a velocidade e a direção
na qual as partículas se movimentam, fornecendo um quadro do fluxo de ventos em diferentes
elevações.
Nos Estados Unidos, a Nexrad, uma rede de 158 radares Doppler, montada na década de 1990 pela
Diretoria Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), permite que o Serviço Meteorológico Nacional
(NWS) emita alertas sobre situações do tempo potencialmente perigosas com um grau de certeza
muito maior.
O pulso da onda do radar ao atingir uma gota de chuva, devolve uma pequena parte de sua energia
numa onda de retorno, que chega ao disco do radar antes que ele emita a onda seguinte. Os radares
da Nexrad transmitem entre 860 a 1300 pulsos por segundo, na frequência de 3000 MHz.
FISCHETTI, M., Radar Meteorológico: Sinta o Vento. Scientific American Brasil. nº- 08, São Paulo, jan. 2003.

No radar Doppler, a diferença entre as frequências emitidas e recebidas pelo radar é dada por Δ f =
(2ur/c)f0 onde ur é a velocidade relativa entre a fonte e o receptor, c = 3,0 . 10 8 m/s é a velocidade da
onda eletromagnética, e f0 é a frequência emitida pela fonte. Qual é a velocidade, em km/h, de uma
chuva, para a qual se registra no radar Doppler uma diferença de frequência de 300 Hz?
a) 1,5 km/h.
b) 5,4 km/h.
c) 15 km/h.
d) 54 km/h.
e) 108 km/h.

2. (G1 - ifsc 2012) O que define a frequência de uma onda, seja mecânica ou eletromagnética, é a fonte.
Mas existe uma situação em que a frequência percebida por um observador é diferente da frequência
emitida pela fonte. Esta diferença entre a frequência percebida e a emitida é explicada pelo Efeito
Doppler. Este fenômeno é consequência do movimento relativo entre fonte e observador.

Vamos analisar a seguinte situação: Uma viatura da polícia se move com velocidade constante, com
a sirene ligada, emitindo uma frequência de 900Hz. Um observador parado na calçada observa o
movimento da viatura e ouve o som da sirene com uma frequência de 1000Hz. Sabendo que a
velocidade do ar é de 340 m/s, é CORRETO afirmar que a viatura se:
a) aproxima do observador com uma velocidade de 68 m/s.
b) afasta do observador com uma velocidade de 34 m/s.
c) aproxima do observador com uma velocidade de 37,77 m/s.
d) afasta do observador com uma velocidade de 37,77 m/s.
e) aproxima do observador com uma velocidade de 34 m/s.

3. (Ufu 2011) O efeito Doppler recebe esse nome em homenagem ao físico austríaco Johann Christian
Doppler que o propôs em 1842. As primeiras medidas experimentais do efeito foram realizadas por
Buys Ballot, na Holanda, usando uma locomotiva que puxava um vagão aberto com vários
trompetistas que tocavam uma nota bem definida.
Considere uma locomotiva com um único trompetista movendo-se sobre um trilho horizontal da
direita para a esquerda com velocidade constante. O trompetista toca uma nota com frequência única
f. No instante desenhado na figura, cada um dos três observadores detecta uma frequência em sua
posição. Nesse instante, a locomotiva passa justamente pela frente do observador D2.

2
Física

Analise as afirmações abaixo sobre os resultados da experiência.


I. O som percebido pelo detector D1 é mais agudo que o som emitido e escutado pelo trompetista.
II. A frequência medida pelo detector D1 é menor que f.
III. As frequências detectadas por D1 e D2 são iguais e maiores que f, respectivamente.
IV. A frequência detectada por D2 é maior que a detectada por D3.

Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas.


a) Apenas I e IV.
b) Apenas II.
c) Apenas II e IV.
d) Apenas III.
e) Apenas a IV.

Texto para a próxima questão:


O radar é um dos dispositivos mais usados para coibir o excesso de velocidade nas vias de trânsito. O
seu princípio de funcionamento é baseado no efeito Doppler das ondas eletromagnéticas refletidas pelo
carro em movimento.
Considere que a velocidade medida por um radar foi V m = 72 km/h para um carro que se aproximava do
aparelho.

4. (Unicamp 2011) Para se obter Vm o radar mede a diferença de frequências Äf, dada por Äf = f – f0 = ±
𝑉𝑚
f0, sendo f a frequência da onda refletida pelo carro, f0 = 2,4 x1010 Hz a frequência da onda emitida
𝑐
pelo radar e c = 3,0 x108 m/s a velocidade da onda eletromagnética. O sinal (+ ou -) deve ser escolhido
dependendo do sentido do movimento do carro com relação ao radar, sendo que, quando o carro se
aproxima, a frequência da onda refletida é maior que a emitida.
Pode-se afirmar que a diferença de frequência Äf medida pelo radar foi igual a
a) 1600 Hz.
b) 80 Hz.
c) –80 Hz.
d) –1600 Hz.
e) 2800 Hz.

Texto para a próxima questão:


Considere um observador O parado na calçada de uma rua quando uma ambulância passa com a sirene
ligada (conforme a figura). O observador nota que a altura do som da sirene diminui repentinamente
depois que a ambulância o ultrapassa. Uma observação mais detalhada revela que a altura sonora da
sirene é maior quando a ambulância se aproxima do observador e menor quando a ambulância se afasta.
Este fenômeno, junto com outras situações físicas nas quais ele ocorre, é denominado efeito Doppler.
(...)
Adaptado de JUNIOR, F. R. Os Fundamentos da Física. 8. ed. vol. 2. São Paulo: Moderna, 2003, p. 429)

3
Física

5. (Uepb 2013) Ainda acerca do assunto tratado no texto, que descreve o Efeito Doppler, resolva a
seguinte situação-problema:
Considere ainda o observador (conforme a figura) parado na calçada munido de um detector sonoro.
Quando uma ambulância passa por ele a uma velocidade constante com a sirene ligada, o observador
percebe que o som que ele ouvia teve sua frequência diminuída de 1000 Hz para 875 Hz. Sabendo que
a velocidade do som no ar é 333,0 m/s, a velocidade da ambulância que passou pelo observador, em
m/s, é
a) 22,2
b) 23,0
c) 24,6
d) 32,0
e) 36,0

6. (Uefs 2017 - adaptada) Uma onda é um pulso energético que se propaga através do espaço ou através
de um meio líquido, sólido ou gasoso, com velocidade que está relacionada com as propriedades do
meio em que se propaga. Um tipo de onda muito importante é a onda sonora que pode sofrer vários
fenômenos, tais como o Efeito Doppler.

Considerando uma pessoa sentada em uma praça quando se aproxima um carro de som com
velocidade de 28,8 km/h emitindo um som de frequência de 522,0 Hz e sendo a velocidade do som no
ar igual a 340,0 m/s então o comprimento de onda percebido pela pessoa, em mm é,
aproximadamente, igual a
a) 712
b) 650
c) 589
d) 455
e) 314

4
Física

7. (Uepg 2016 - adaptada) Considere uma sirene fixa na parede de uma escola que é acionada a cada
50 minutos. O som produzido por ela tem frequência de 650 Hz. Em um dos intervalos, um aluno sai
correndo da sala de aula pelos corredores, a uma velocidade de 2,6 m/s no sentido da sirene, para
chegar ao campo de futebol da escola.
Dados: 𝑣𝑠𝑜𝑚 = 340 𝑚/𝑠

Sobre o efeito Doppler-Fizeau, assinale o que for correto.


a) O aluno, quando sai da sala de aula correndo, ao se aproximar da sirene, perceberá a frequência
do som com um valor igual a 650 Hz.
b) Em um dia muito frio, se o garoto fizer o mesmo trajeto correndo em direção ao campo de futebol,
aproximando-se da sirene, a frequência do som percebida por ele será de 650 Hz.
c) Caso a sirene fosse móvel e se estivesse na mão de uma pessoa caminhando pelos corredores da
escola, a velocidade de propagação do som produzido (no meio) seria maior se a pessoa passasse
a correr pelos corredores.
d) O efeito Doppler-Fizeau explica as variações que ocorrem na velocidade das ondas mecânicas
com natureza transversal.
e) Caso o menino passe a correr como um atleta olímpico na direção da sirene, a uma velocidade de
10 m/s, ele passará a ouvir um som mais agudo, com frequência de aproximadamente 669 Hz.

8. (EFEI-MG) Uma pessoa parada na beira de uma estrada vê um automóvel aproximar-se com
velocidade 0,1 da velocidade do som no ar. O automóvel está buzinando, e a sua buzina, por
especificação do fabricante, emite um som puro de 990 Hz.
O som ouvido pelo observador terá uma frequência de:
a) 900 Hz
b) 1 100 Hz
c) 1 000 Hz
d) 99 Hz
e) Não é possível calcular por não ter sido dada a velocidade do som no ar.

9. Uma pessoa está sentada em uma praça quando se aproxima um carro de polícia com velocidade de
80 km/h. A sirene do carro está ligada e emite um som de frequência de 800 Hz. Sabendo que a
velocidade do som no ar é 340 m/s, calcule a frequência aparente percebida pelo observador;
a) 850 Hz.
b) 830 Hz.
c) 750 Hz.
d) 730 Hz.
e) 900 Hz.

10. Um trem parte de uma estação com o seu apito ligado, que emite um som com frequência de 940 Hz.
Enquanto ele afasta-se, uma pessoa parada percebe esse som com uma frequência de 900 Hz. Sendo
a velocidade do som no ar igual a 340 m/s, calcule a velocidade do trem ao passar pela estação.
a) 30,5 m/s.
b) 10,0 m/s
c) 15,1 m/s
d) 25,5 m/s
e) 30,0 m/s

5
Física

Gabarito

1. D
Dados: c = 3  108 m/s; f0 = 3.000 MHz = 3  109 Hz; f = 300 Hz.
Da expressão dada:
2 ur  fc  3  10 2  3  10 8 
f= f0 ur = ur = v = 15 m/s  v = 54 km/h.
c 2 f0 2  3  109

2. E
Como o som ouvido tem frequência maior que o som emitido, há aproximação relativa entre o
observador (ouvinte) e a fonte, ou seja, a viatura aproxima-se do observador.
Dados:
Frequência aparente (ouvida): fap = 1.000 Hz;
Frequência emitida pela fonte: fF = 900 Hz;
Velocidade do observador: vO = 0.
Velocidade da fonte: vF = ?

De acordo com a expressão do Efeito Doppler, para o referencial adotado na figura:

v + vO 340 + 0 1 34
fap = f  1.000 = 900  =  vF = 306 − 340 
v + vF 340 + vF 9 340 + vF
vF = −34 m / s.

O sinal negativo indica que o movimento da viatura é em sentido oposto ao adotado, ou seja,
aproximando-se do observador.

3. A
V  Vobservador
Efeito Doppler: f ' = f
V  Vfonte
Vobservador → componente da velocidade do observador na direção que liga o observador à fonte
Vfonte → componente da velocidade da fonte na direção que liga o observador à fonte.
V → velocidade do som.

Numerador: (+) observador aproximando; (-) observador afastando.


Denominador: (-) fonte aproximando; (+) fonte afastando.
Observe a figura.

Os três observadores estão parados ( Vobservador = 0 ) .

6
Física

A fonte está aproximando-se de D1, parada em relação a D2 e afastando-se de D3.


V
f1 = f f
D1 →
V − Vfonte

D2 → f2 = f
V
f3 = f f
D3 →
V + Vfonte

I. O som percebido pelo detector D1 é mais agudo que o som emitido e escutado pelo trompetista.
(Verdadeiro)
II. A frequência medida pelo detector D1 é menor que f. (Falso)
III. As frequências detectadas por D1 e D2 são iguais e maiores que f, respectivamente. (Falso)
IV. A frequência detectada por D2 é maior que a detectada por D3. (Verdadeiro)

4. A
Dados: f0 = 2,4  1010 Hz; v = 72 km/h = 20 m/s; c = 3  108 m/s.
V
Analisando a expressão dada: ∆f = f – f0 = ± m f0. Como o carro se aproximava, de acordo com o
c
enunciado, a frequência refletida é maior que a emitida (f > f 0).

Assim a diferença ∆f = f – f0 deve ser positiva, ou seja, devemos escolher o sinal (+).

Então:
Vm 20
∆f = + f0  ∆f =  2, 4  1010  f = 1.600 Hz.
c 3  10 8

5. A
Aplicando a expressão do efeito Doppler para as duas situações:
 v onda + v fonte
 Aproximação : faparente = ffonte
 v onda 1000 333 + v fonte
   = 
 Afastamento : f v onda − v fonte 875 333 − v fonte
 aparente = ffonte
 v onda
333
7 ( 333 + v fonte ) = 8 ( 333 − v fonte )  (7 + 8 ) v fonte = (8 − 7 )  333  v fonte = 
15
v fonte = 22,2 m / s.

6. B
Esta questão explora o efeito Doppler cuja expressão para o caso de afastamento é dada por:
 v + vo 
f ' = f  
 v − vf 
Onde:
f ' = frequência aparente recebida pelo observador;
f = frequência real emitida pela fonte;
v = velocidade da onda;
vo = velocidade do observador;
v f = velocidade da fonte.

Transformando a velocidade da fonte para o SI:

7
Física

1m s
v f = 28,8 km h   vf = 8 m s
3,6 km h

Substituindo os valores, achamos a frequência aparente observada:


 v + vo   340 + 0 
f ' = f   = 522     f ' = 534,6 Hz
 v − v f   340 − 8 

Logo, o comprimento de onda será;


( 340 + 8 ) m s
v ' = λ ' f '  λ ' =  λ ' = 0,650 m = 650 mm
534,6 Hz

7. E
[I] Falso. Aplicando a fórmula do efeito Doppler para a situação descrita, temos:
v + v ob   340 + 2,6 
fap = f0  som  = 650     fap  655 Hz
 v som   340 

[II] Falso. Análogo ao item acima.

[III] Falso. O que mudaria neste caso seria a frequência aparente, não a velocidade de propagação do
som.

[IV] Falso. O efeito Doppler-Fizeau explica as variações nas ondas de natureza longitudinal.

[V] Verdadeiro. Aplicando novamente a fórmula do efeito Doppler, temos:


 340 + 10 
fap = 650     fap  669 Hz
 340 

8. B
Dados:
𝑣𝑓 = 0,1 𝑣𝑎𝑟
𝑓 = 990 𝐻𝑧

Utilizamos a equação:
𝑓 (𝑣𝑎𝑟 + 𝑣0 )
𝑓0 =
(𝑣𝑎𝑟 − 𝑣𝑓 )
990 (𝑣𝑎𝑟 + 0)
𝑓0 =
(𝑣𝑎𝑟 − 0,1𝑣𝑎𝑟 )
990𝑣𝑎𝑟
𝑓0 =
0,9𝑣𝑎𝑟
Simplificando var, temos: f0 = 1.100 Hz

9. A
Dados:
𝑣𝑓 = 80 𝑘𝑚/ℎ = 22,2 𝑚/𝑠
𝑓 = 800 𝐻𝑧
𝑣𝑎𝑟 = 340 𝑚/𝑠
𝑣0 = 0

Utilizamos a equação:
𝑓 (𝑣𝑎𝑟 + 𝑣0 )
𝑓0 =
(𝑣𝑎𝑟 − 𝑣𝑓 )

8
Física

Substituindo os dados, temos:


800(340 + 0)
𝑓0 =
(340 − 22,2)
𝑓0 = 855 𝐻𝑧

10. C
Dados:
𝑓0 = 900 𝐻𝑧
𝑓 = 940 𝐻𝑧
𝑣𝑎𝑟 = 340 𝑚/𝑠
𝑣0 = 0

Utilizamos a equação:
𝑓 (𝑣𝑎𝑟 + 𝑣0 )
𝑓0 =
(𝑣𝑎𝑟 − 𝑣𝑓 )

Substituindo os dados, temos:


940(340 + 0)
900 =
(340 + 𝑣𝑓 )
𝑣𝑓 = 15,1 𝑚/𝑠

9
Física

Espelhos esféricos: método gráfico

Resumo

Classificação e elementos geométricos dos espelhos esféricos


Você já deve ter notado que, além dos sempre comuns espelhos planos, há
também espelhos com outros formatos, como os esféricos. Estes estão
presentes em situações em que se almeja produzir imagens aumentadas
(espelhos côncavos) ou campos visuais maiores, necessários em
determinados ambientes (espelhos convexos).
O desenhista e pintor holandês Mauritz Cornelis Escher (1898-1972) tem
um trabalho fundamentado em xilografias, litografias e meios-tons que
instiga a imaginação do observador. São figuras impressionantes, algumas
verdadeiras distorções da realidade. Em sua obra reproduzida ao lado, o
artista se autorretrata em seu escritório refletido em uma esfera espelhada
— um espelho convexo — que permite uma visualização mais ampla
do ambiente. Autorretrato de M. C. Escher segurando uma
esfera refletora. Litografia de janeiro de 1935.

Considere a superfície esférica ∑ da figura a seguir, secionada por um plano π. O secionamento corta ∑ e
determina uma “casca” esférica denominada calota.

Chama-se espelho esférico qualquer calota esférica polida e com alto poder refletor.

Se a superfície refletora da calota estiver voltada para dentro da esfera, o espelho esférico correspondente
será denominado côncavo.

Representação de um espelho esférico côncavo.

1
Física

Se a superfície refletora da calota estiver voltada para fora da esfera, o espelho esférico correspondente será
denominado convexo.

Representação de um espelho esférico convexo.

Uma colher de aço inoxidável tem comportamento semelhante ao dos espelhos esféricos. A face sobre a qual
são colocados os alimentos é um espelho côncavo, enquanto a face oposta é um espelho convexo. É
importante observar, entretanto, que essas colheres em geral não são superfícies esféricas.

2
Física

Veja a seguir o esquema de um espelho esférico com seus principais elementos geométricos:

• O centro C da esfera que originou a calota é chamada de centro de curvatura do espelho.


• O polo V da calota é chamado de vértice do espelho .
• A reta que passa por C e V é chamada de eixo principal do espelho.
• Todas as demais retas que contêm o centro C são chamadas de eixos secundários.
• O ângulo α, que tem o vértice no centro C e os lados passando por pontos diametralmente opostos
da calota, é chamdo de abertura do espelho.
• O raio R da esfera que originou a calota é denominado raio de curvatura do espelho.
• Qualquer plano perpendicular ao eixo principal é denominado plano frontal.

Espelhos esféricos gaussianos


Em geral, os espelhos esféricos não são sistemas ópticos estigmáticos, nem aplanéticos, nem ortoscópicos,
como ocorre nos espelhos planos, uma vez que as imagens fornecidas por eles são sensivelmente distorcidas
em comparação com os objetos correspondentes. As distorções provocadas por esses espelhos são
denominadas aberrações de esfericidade.

Entretanto, o físico e matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-1855) observou que, operando- se com
raios luminosos pouco inclinados e pouco afastados em relação ao eixo principal (raios paraxiais), as
aberrações de esfericidade inerentes aos espelhos esféricos ficavam sensivelmente minimizadas.

3
Física

Neste capítulo, salvo recomendação em contrário, abordaremos os espelhos esféricos gaussianos, isto é,
aqueles em que os raios luminosos envolvidos são pouco inclinados e pouco afastados em relação ao eixo
principal. Por raios luminosos “pouco afastados” em relação ao eixo principal entendemos aqueles cuja
distância do ponto de incidência ao referido eixo é pequena em comparação com o raio de curvatura do
espelho. A representação esquemática dos espelhos esféricos gaussianos é a seguinte:

Em relação ao pincel luminoso incidente representado na figura ao lado, o espelho esférico côncavo pode ser
considerado gaussiano. Note que, nessas condições, o ângulo de abertura da região do espelho sobre a qual
a luz incide não deve exceder 10°.

Focos dos espelhos esféricos


De maneira geral:
O foco de um sistema óptico qualquer é um ponto que tem por conjugado um ponto impróprio (“situado no
infinito”).
Ex.1:
Radiotelescópios são equipamentos que rastreiam o espaço em busca de sinais — ondas eletromagnéticas
compatíveis com as radiofrequências — provenientes dos mais remotos pontos do Universo. O elemento
receptor desses dispositivos é uma superfície parabólica, cuja parte côncava tem alto poder de reflexão.
Ondas planas incidem sobre o sistema, originando ondas esféricas refletidas que convergem para o foco do
paraboloide, onde está instalado o elemento detector das informações.

Fotografia mostrando radiotelescópios.

4
Física

O fogão solar, projetado para ser utilizado no campo, funciona de maneira similar aos radiotelescópios. Raios
solares paralelos incidem sobre um captador parabólico e, depois de refletidos, convergem para o foco do
sistema, onde é colocada a panela contendo os alimentos.

Esquema de um fogão solar.

Ex.2:
Nos colimadores, holofotes e refletores que emitem feixes luminosos cilíndricos (constituídos de raios
paralelos), uma pequena lâmpada é instalada sobre o foco de um espelho parabólico côncavo que conjuga à
fonte de luz uma imagem imprópria.

Considere os espelhos esféricos gaussianos a seguir, nos quais incidem raios luminosos paralelos entre si e
ao eixo principal. A experiência mostra que as direções dos raios refletidos passam, necessariamente, por um
mesmo ponto do eixo principal, denominado foco principal (F):

Representação esquemática de espelho côncavo. Representação esquemática de espelho convexo.

5
Física

Suponhamos, agora, o caso em que incidem nos espelhos raios luminosos paralelos entre si e a um dos eixos
secundários. Pode-se verificar, também nessa situação, que as direções dos raios refletidos passam por um
mesmo ponto, mas do eixo secundário considerado. Esse ponto é denominado foco secundário (φ):

Prova-se, ainda, que o foco principal e os infinitos focos secundários de um espelho esférico gaussiano se
alojam em um mesmo plano frontal, denominado plano focal.
É importantíssimo perceber que os focos de um espelho côncavo são reais, enquanto os de um espelho
convexo são virtuais. A explicação para esse fato é simples: nos espelhos côncavos, os focos são
determinados efetivamente pelos raios de luz (os focos apresentam-se “na frente” do espelho), enquanto nos
espelhos convexos os focos são determinados pelos prolongamentos dos raios (os focos apresentam-se
“atrás” do espelho). Observe agora o espelho esférico côncavo representado a seguir, no qual incide um raio
luminoso paralelo ao eixo principal. Ao se refletir, o raio intercepta o eixo principal do espelho no ponto F (foco
principal).

Na figura, temos:
𝐂𝐈̂𝐏 ≡ 𝐅𝐈̂𝐂 (𝟐ª 𝐥𝐞𝐢 𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐟𝐥𝐞𝐱ã𝐨)
𝐂𝐈̂𝐏 ≡ 𝐈𝐂̂𝐅 (𝐚𝐥𝐭𝐞𝐫𝐧𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐧𝐨𝐬)

Portanto, 𝐹𝐼̂𝐶 ≡ 𝐼𝐶̂ 𝐹, e o triângulo 𝐹𝐼𝐶 é isósceles, valendo a igualdade:


𝐂𝐅 = 𝐅𝐈

Mas 𝐹𝐼 ≅ 𝐹𝑉, pois o raio incidente considerado é paraxial. Assim:


𝐂𝐅 ≅ 𝐅𝐕
Ou também:
𝐑
𝐟≅
𝟐

2
Física

A conclusão acima permite afirmar:


Nos espelhos esféricos gaussianos, o foco principal é aproximadamente equidistante do centro de
curvatura e do vértice.

Raios luminosos particulares


Nos espelhos esféricos, alguns raios luminosos particulares de simples traçado apresentam grande interesse,
pois facilitam a construção gráfica das imagens.

1º raio particular
Todo raio luminoso que incide no espelho alinhado com o centro
de curvatura se reflete sobre si mesmo.
Essa afirmação pode ser constatada de imediato, pois um raio
luminoso que incide alinhado com o centro de curvatura é normal
à superfície refletora. Como a incidência é normal, o ângulo de
incidência é nulo, o mesmo devendo ocorrer com o ângulo de
reflexão. Daí dizermos que “o raio se reflete sobre si mesmo”.

Usando a representação gaussiana, temos as figuras:

A propriedade que esse raio tem de refletir-se sobre si mesmo é verificada em qualquer tipo de espelho
esférico, gaussiano ou não.

2º raio particular
Todo raio luminoso que incide no vértice do espelho gera,
relativamente ao eixo principal, um raio refletido simétrico.
Essa afirmação é consequência da 2ª Lei da Reflexão. A reta
normal à superfície refletora em V é o próprio eixo principal.
Como o ângulo de reflexão deve ser igual ao de incidência,
justifica-se a simetria citada.

2
Física

Usando a representação gaussiana, temos as figuras:

A propriedade que esse raio tem de refletir-se simetricamente em relação ao eixo principal é verificada com
qualquer tipo de espelho esférico, gaussiano ou não.

3º raio particular
Todo raio luminoso que incide paralelamente ao eixo principal se reflete alinhado com o foco principal.

Note que essa afirmação decorre da própria definição de foco principal.

Considerando a reversibilidade dos raios de luz, podemos enunciar também:


Todo raio luminoso que incide alinhado com o foco principal se reflete paralelamente ao eixo principal.

Esse raio só é verificado em espelhos esféricos gaussianos.

3
Física

Construção gráfica das imagens nos espelhos esféricos


Para construir a imagem de um ponto conjugada por um sistema óptico, necessitamos de pelo menos dois
raios luminosos incidentes. Em relação ao traçado das imagens fornecidas pelos espelhos esféricos,
devemos utilizar os raios luminosos particulares descritos na seção anterior.
Considere, por exemplo, o espelho convexo abaixo, diante do qual há um objeto AB que tem o extremo B no
eixo principal. Nesse caso, para obter a imagem de AB, basta obtermos a imagem do extremo A, pois a
imagem correspondente ao extremo B estará situada no eixo principal.

Observe que, nessa situação, a imagem formada é:


• Virtual: obtida pelo cruzamento dos prolongamentos dos raios refletidos (situada “atrás do espelho”);
• Direita: “de cabeça para cima” em relação ao objeto;
• Menor: o “tamanho” da imagem é menor que o do objeto.
É importante destacar que:
A um objeto real, um espelho esférico convexo conjuga uma imagem sempre virtual, direita e menor,
compreendida entre o foco principal e o vértice, independentemente da distância do objeto à superfície
refletora.

Aumentando ou dimuindo a distâcia entre a vela e a superfície refletora do espelho convexo, a imagem mantém suas
características: virtual, direita e a menor que o objeto.

As características das imagens produzidas pelos espelhos côncavos, por sua vez, dependem da posição do
objeto em relação ao espelho. Há cinco casos importantes a considerar:

4
Física

1º Objeto além do centro de curvatura

Características da imagem:
• Real: formada pelo cruzamento efetivo dos raios refletidos;
• Invertida: “de cabeça para baixo” em relação ao objeto;
• Menor: o “tamanho” da imagem é menor que o do objeto.

Na fotografia, imagem real, inevrtida e menor produzida por um espelho esférico côncavo de um objeto situado além do
seu centro de curvatura.
2º Objeto no plano frontal, que contém o centro de curvatura

Características da imagem:
• Real;
• Invertida;
• Do mesmo tamanho que o objeto.

5
Física

3º Objeto entre o centro de curvatura e o foco

Características da imagem:
• Real;
• Invertida;
• Maior: o “tamanho” da imagem é maior que o do objeto.
Obs.: Observe que as imagens reais obtidas de objetos também reais são sempre invertidas.

4º Objeto no plano focal

Nesse caso, como os raios luminosos emergentes do sistema são paralelos entre si, a imagem “forma-se no
infinito”1, sendo, portanto, imprópria.

5º Objeto entre o foco e o vértice

1
Cuidado! O termo “infinito” não significa que a imagem está super longe e que se forçar os olhos você conseguirá enxerga-lo. Na verdade,
o que ocorre é que a imagem fica borrada quando o objeto se posiciona sobre o foco do sistema ótico. Imagens borradas são imagens
impróprias.

6
Física

Características da imagem:
• Virtual;
• Direita;
• Maior.
Esse é o único caso em que, de um objeto real, o espelho côncavo conjuga imagem virtual.2
Obs.: É muito comum se ouvir falar dos pares: imagem real é sempre invertida e imagem virtual é sempre
direita! Cuidado! Isso só vale para sistemas óticos simples, isto é, um espelho ou uma lente!

2
Observe que o ponto focal do espelho é um ponto de transição, isto é, enquanto o objeto está entre o “infinito” e o foco F, as imagens
conjugadas por esse objeto serão reais. Quando o objeto se posicionar entre o foco F e o vértice V do espelho, as imagens conjugadas
serão virtuais.

7
Física

Exercícios

1. A figura mostra um objeto e sua imagem produzida por um espelho esférico.

Escolha a opção que identifica corretamente o tipo do espelho que produziu a imagem e a posição do
objeto em relação a esse espelho.
a) O espelho é convexo e o objeto está a uma distância maior que o raio do espelho.
b) O espelho é côncavo e o objeto está posicionado entre o foco e o vértice do espelho.
c) O espelho é côncavo e o objeto está posicionado a uma distância maior que o raio do espelho.
d) O espelho é côncavo e o objeto está posicionado entre o centro e o foco do espelho.
e) O espelho é convexo e o objeto está posicionado a uma distância menor que o raio do espelho.

2. Considere a figura a seguir.

Com base no esquema da figura, assinale a alternativa que representa corretamente o gráfico da
imagem do objeto AB, colocado perpendicularmente ao eixo principal de um espelho esférico convexo.

a) c) e)

b) d)

8
Física

3. Os espelhos retrovisores, que deveriam auxiliar os motoristas na hora de estacionar ou mudar de pista,
muitas vezes causam problemas. É que o espelho retrovisor do lado direito, em alguns modelos,
distorce a imagem, dando a impressão de que o veículo está a uma distância maior do que a real.
Este tipo de espelho, chamado convexo, é utilizado com o objetivo de ampliar o campo visual do
motorista, já que no Brasil se adota a direção do lado esquerdo e, assim, o espelho da direita fica muito
mais distante dos olhos do condutor.
Disponível em: <http://noticias.vrum.com.br>. Acesso em: 3 nov. 2010 (adaptado).

Sabe-se que, em um espelho convexo, a imagem formada está mais próxima do espelho do que este
está do objeto, o que parece estar em conflito com a informação apresentada na reportagem. Essa
aparente contradição é explicada pelo fato de
a) a imagem projetada na retina do motorista ser menor do que o objeto.
b) a velocidade do automóvel afetar a percepção da distância.
c) o cérebro humano interpretar como distante uma imagem pequena.
d) o espelho convexo ser capaz de aumentar o campo visual do motorista.
e) o motorista perceber a luz vinda do espelho com a parte lateral do olho.

4. Quando entrou em uma ótica para comprar novos óculos, um rapaz deparou-se com três espelhos
sobre o balcão: um plano, um esférico côncavo e um esférico convexo, todos capazes de formar
imagens nítidas de objetos reais colocados à sua frente. Notou ainda que, ao se posicionar sempre a
mesma distância desses espelhos, via três diferentes imagens de seu rosto, representadas na figura a
seguir.

Em seguida, associou cada imagem vista por ele a um tipo de espelho e classificou-as quanto às suas
naturezas.
Uma associação correta feita pelo rapaz está indicada na alternativa:

a) o espelho A é o côncavo e a imagem conjugada por ele é real.


b) o espelho B é o plano e a imagem conjugada por ele é real.
c) o espelho C é o côncavo e a imagem conjugada por ele é virtual.
d) o espelho A é o plano e a imagem conjugada por ele é virtual.
e) o espelho C é o convexo e a imagem conjugada por ele é virtual.

9
Física

5. A figura ao lado mostra um espelho esférico côncavo de raio de curvatura R, apoiado sobre a horizontal,
com a face refletora voltada para cima. A reta tracejada vertical OP passa sobre o ponto
correspondente ao centro do espelho esférico. Determine a distância y, acima do ponto O e ao longo
da reta OP , para a qual ocorrerá maior incidência de luz solar refletida no espelho, suposta de
incidência vertical. Considere o espelho esférico com pequeno ângulo de abertura, de modo que os
raios incidentes são paralelos e próximos ao seu eixo principal.

Assinale a alternativa que apresenta corretamente essa distância.


a) R/2
b) 3R/4
c) R
d) 3R/2
e) 2R

6. Um estudante dispunha de um espelho côncavo e de uma lente biconvexa de vidro para montar um
dispositivo que amplia a imagem de um objeto. Ele então montou o dispositivo, conforme mostrado no
diagrama. O foco do espelho é F e os das lentes são f e f '. O objeto O é representado pela seta.

Após a montagem, o estudante observou que era possível visualizar duas imagens. As características
dessas imagens são:
a) Imagem 1: real, invertida e maior.
Imagem 2: real, invertida e menor.
b) Imagem 1: real, direta e maior.
Imagem 2: real, invertida e menor.
c) Imagem 1: virtual, direta e maior.
Imagem 2: real, invertida e menor.
d) Imagem 1: virtual, direta e menor.
Imagem 2: real, invertida e maior.

10
Física

7. Um objeto real é colocado perpendicularmente ao eixo principal de um espelho esférico convexo. Nota-
se que, nesse caso, a altura da imagem virtual é i1. Em seguida, o mesmo objeto é aproximado do
espelho, formando uma nova imagem com altura i2 .
Quando se traz para mais perto o objeto, a imagem se
a) aproxima do espelho, sendo i1  i2 .
b) aproxima do espelho, sendo i1  i2 .
c) afasta do espelho sendo i1 = i2 .
d) afasta do espelho sendo i1  i2 .

8. Um jovem odontólogo, desejando montar um consultório, sai em busca de bons equipamentos por um
preço que caiba em seu bolso. Diante da diversidade de instrumentos, pede orientação a um colega
físico sobre qual tipo de instrumento óptico comprar para visualizar com maiores detalhes os dentes
dos seus futuros pacientes. Irá atender às necessidades do dentista
a) um espelho plano, por ser um material de produção em grande escala, seu valor é mais barato e o
mesmo é capaz de produzir aumentos superiores a três vezes.
b) um espelho convexo, pois funciona como uma lupa, produzindo imagens ampliadas de ótima
qualidade independentemente da posição do dente do paciente.
c) uma lente divergente, já que a mesma produz o maior tipo de aumento. No entanto, a posição do
dente deve estar entre o foco e o centro óptico da lente para conseguir uma ampliação satisfatória.
d) um espelho côncavo, pois uma vez que coloque o dente do paciente entre o foco e o vértice desse
espelho, a imagem produzida será maior, virtual e direita.

e) uma lente multifocal. Assim, independentemente da posição em que se encontra o dente em


relação ao espelho, a ampliação será satisfatória.

11
Física

9. A figura representa um espelho esférico gaussiano (E), seu centro de curvatura (C), seu foco principal
(F) e seu vértice (V). A figura também mostra quatro regiões (I, II, III e IV) identificadas por cores
diferentes.

Se um objeto pontual for colocado sucessivamente nos pontos 1 e 2, as imagens conjugadas pelo
espelho se formarão, respectivamente, nas regiões
a) II e IV.
b) III e I.
c) III e IV.
d) II e III.
e) II e I.

10. O edifício 20 Fenchurch Street, localizado em Londres e conhecido como Walkie Talkie, tem causado
diversos problemas para a sua vizinhança. Moradores e funcionários da região têm argumentado que,
desde a sua construção, os ventos estão mais intensos nas imediações do prédio. Além disso, houve
registros de carros estacionados nas proximidades do prédio que tiveram suas pinturas danificadas e
suas peças derretidas por conta da reflexão da luz solar ocasionada pelo arranha-céu.

Os carros foram danificados porque pelo menos uma das faces do prédio tem formato semelhante a
a) um espelho côncavo.
b) um espelho convexo.
c) uma lente divergente.
d) uma lente convergente.

12
Física

Gabarito

1. D
Analisando a figura dada, notamos que a imagem do objeto real está invertida e ampliada. Esse caso só
acontece para um espelho esférico côncavo, quando o objeto está entre o centro de curvatura (C) e o foco
(F) , como ilustra a figura a seguir.

2. D
Todo raio que incide paralelo reflete pelo foco e todo raio que incide pelo centro de curvatura reflete sobre
si mesmo.
Trata-se de um espelho convexo, então a imagem é sempre virtual direita e menor, entre o foco e o vértice.

3. C
Nossos olhos estão acostumados com imagens em espelhos planos, onde imagens de objetos mais
distantes nos parecem cada vez menores.
Esse condicionamento é levado para o espelho convexo: o fato de a imagem ser menor que o objeto é
interpretado pelo cérebro como se o objeto estivesse mais distante do que realmente está.
Essa falsa impressão é desfeita quando o motorista está, por exemplo, dando marcha a ré em uma
garagem, vendo apenas a imagem dessa parede pelo espelho convexo. Ele para o carro quando percebe
pela imagem do espelho convexo que está quase batendo na parede. Ao olhar para trás, por visão direta,
ele percebe que não estava tão próximo assim da parede.

4. C
Para espelhos planos ou esféricos, a imagem de um objeto real é virtual e direita ou é real e invertida.
Essa imagem virtual é reduzida no convexo, de mesmo tamanho no plano e ampliada no côncavo.
Assim, tem-se:
Espelho A → convexo, pois a imagem é virtual direita e menor.
Espelho B → plano, pois a imagem é virtual direita e de mesmo tamanho.
Espelho C → côncavo, pois a imagem é virtual direita e maior.

5. A
Sabemos que os raios solares que atingem a Terra são praticamente paralelos. De acordo com o
enunciado, esses raios solares são verticais, atingindo o espelho paralelamente ao eixo principal. Como
o espelho é gaussiano, os raios refletidos passam pelo foco principal, que fica à distância R/2 do vértice
do espelho.

6. B

13
Física

Para a imagem do objeto no espelho côncavo, através do desenho, nota-se que o mesmo se encontra
entre o foco e o centro de curvatura do espelho, logo, a imagem é real, invertida e maior, mas a mesma
só é vista a partir da lente fazendo novamente a construção para a lente, formando, finalmente a
imagem 1, real, direta e maior, mostrada na figura mais abaixo.
Para a imagem 2 da lente biconvexa, observa-se que o objeto está além do ponto antiprincipal e, sendo
assim, sua imagem é real, invertida e menor.
As construções das imagens estão indicadas nas figuras abaixo:

7. A

14
Física

A figura ilustra a situação proposta.

Essa figura mostra que quando um objeto real se aproxima do vértice de um espelho esférico convexo,
sua imagem virtual também se aproxima do espelho e aumenta de tamanho (i1  i2 ).

8. D
Para ver melhor a imagem de um dente, essa imagem deve ser ampliada e direita. Isso se consegue
com um espelho esférico côncavo, quando o objeto está entre o foco e o vértice.

9. A
As construções das imagens são realizadas nas figuras abaixo:

10. A

15
Física

Uma das faces do prédio é curva, concentrando os raios solares refletidos, semelhante a um espelho
côncavo.

16
Física

Gabarito

1. X

2. X

3. X

4. X

5. X

6. X

7. X

8. X

9. X

10. X

17
Física

Espelhos Planos

Resumo

Reflexão: conceito, elementos e leis


Esse assunto refere-se ao fenômeno da reflexão da luz e suas aplicações em sistemas ópticos, como
espelhos planos e esféricos. Dentro de equipamentos ópticos de larga utilização, a luz também se reflete, o
que pode ser verificado em algumas câmeras fotográficas, periscópios, binóculos e telescópios.
Já vimos previamente que:
Reflexão é o fenômeno que consiste no fato de a luz voltar a se propagar no meio de origem, após incidir
na superfície de separação desse meio com outro.
324
Elementos
Considere o esquema a seguir, que representa a reflexão de um raio de luz, destacando os elementos nela
envolvidos.

S = superfície polida e refletora;


AB = raio incidente;
BC = raio refletido;
N = reta normal a S no ponto de incidência;
T = reta tangente a S no ponto de incidência;
i = ângulo de incidência, formado pelo raio incidente (AB) e pela reta normal (N);
r = ângulo de reflexão, formado pelo raio refletido (BC) e pela reta normal (N).

A reta normal a uma superfície em um plano tangente à superfície no ponto considerado. Veja a figura a
seguir, em que:
• S é a superfície considerada;
• π é o plano tangente a S o ponto P;
• N é a reta normal a S no ponto P.

1
Física

As retas normais a uma superfície esférica são radiais, isto é, têm a mesma direção do raio da superfície em
cada ponto.
Ao plano formado pelo raio incidente e pela reta normal dá-se o nome de plano de incidência.

Leis
O fenômeno da reflexão é regido por duas leis, que podem ser verificadas teórica e experimentalmente.

1ª Lei da Reflexão
O raio refletido pertence ao plano de incidência, ou seja, o raio refletido, a reta normal no ponto de
incidência e o raio incidente são coplanares.

2ª Lei da Reflexão
O ângulo de reflexão é sempre igual ao ângulo de incidência.
Veja o esquema a seguir, que representa a reflexão de um raio luminoso em uma superfície S.

De acordo com as leis da reflexão, se AB e N estiverem contidos no plano do papel, o mesmo deverá acontecer
com BC, e teremos ainda a igualdade r = i. Na fotografia abaixo, um estreito pincel cilíndrico de luz proveniente
de um apontador laser é refletido por um pequeno espelho.

Podemos observar que os pincéis incidente e refletido são coplanares, isto é, estão quase totalmente contidos
no plano de apoio do espelho, e também que o ângulo de reflexão é igual ao de incidência. É possível verificar
ainda a reversibilidade da luz. Repare que, independentemente de a luz provir de cima ou de baixo, sua
trajetória é a mesma.

2. O espelho plano
Chama-se espelho plano qualquer superfície plana, polida e com alto poder refletor.
Bons espelhos planos são obtidos com o polimento de chapas metálicas. Entretanto, os espelhos obtidos
assim nem sempre são baratos e funcionais.

2
Física

Em geral, os espelhos planos são confeccionados a partir de uma lâmina de vidro hialino (transparente) de
faces paralelas, sendo uma delas recoberta por uma película de nitrato de prata que se reduz a prata metálica.
A fixação dessa película é obtida colocando-se sobre ela uma fina camada de cobre que recebe demãos de
tinta e verniz.
Os espelhos planos têm emprego bastante diversificado. São utilizados domesticamente, prestando-se a
variados fins, e também como componentes de vários sistemas ópticos.
Adotaremos o esquema abaixo para representar os espelhos planos.

Convém notar que, em um espelho plano, há predominância da reflexão regular.

3
Física

4
Física

Construção gráfica de imagens nos espelhos planos


Consideremos o espelho plano abaixo e o ponto luminoso P. Pretendemos traçar a imagem de P conjugada
pelo espelho. Para isso, utilizamos dois raios luminosos (pelo menos) que, partindo de P, incidem no espelho.
Esses raios incidentes determinam raios refletidos, cujos prolongamentos se interceptam no ponto P'.

O ponto P', que é o vértice do pincel luminoso emergente do sistema, é a imagem do objeto P, conjugada pelo
espelho. Observe que, no caso, P é um objeto real, enquanto P' é uma imagem virtual (formada “atrás do
espelho”, isto é, obtida pelo cruzamento dos prolongamentos dos raios refletidos). É importante destacar que,
em relação ao olho do observador, P' se comporta como objeto real, como se a luz fosse proveniente desse
ponto.

Nesta ilustração, você pode notar a imagem virtual da


vela situada “atrás do espelho”. Essa imagem não tem Nesta fotografia, você vê um brinquedo de madeira e
existência luminosa, mas funciona como objeto real em sua respectiva imagem fornecida por em espelho plano
relação ao olho do observador. vertical.

Façamos, agora, o traçado da imagem conjugada ao ponto P pelo espelho plano indicado na figura abaixo.

Note que, nesse caso, em relação ao espelho, P é um objeto virtual (formado “atrás do espelho”, ou seja, obtido
pelo cruzamento dos prolongamentos dos raios incidentes), enquanto P' é uma imagem real (vértice efetivo
do pincel luminoso emergente do sistema).

5
Física

O que acaba de ser exposto, além de mostrar o processo de construção gráfica das imagens, permite
uma conclusão importante:
Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm sempre naturezas opostas, isto é, se o primeiro
for real, o outro será virtual e vice-versa.

Em razão da reflexão regular da luz nos espelhos planos, a um objeto impróprio (“situado no infinito”)
corresponde uma imagem imprópria (“situada no infinito”).

Pelo fato de conjugarem uma imagem imprópria a um objeto impróprio, os espelhos planos são sistemas
ópticos afocais.

Propriedade fundamental dos espelhos planos: a simetria


Considere o espelho plano representado na figura a seguir, diante do qual se situa um objeto luminoso pontual
P. Os raios luminosos PR e PQ incidem no espelho, respectivamente, normal e obliquamente. O raio PR se
refletirá sobre si mesmo, enquanto PQ dará origem a um raio refletido oblíquo em relação ao espelho. A
imagem de P é P', obtida pelo cruzamento dos prolongamentos dos raios refletidos. A fim de apresentar a
Propriedade Fundamental dos Espelhos Planos, demonstremos a congruência dos triângulos PQR e P'QR.

- O lado 𝑄𝑅 é comum aos dois triângulos.


- 𝑄𝑃̂ 𝑅 ≡ 𝑖̂ (alternos internos) e 𝑄𝑃′̂ 𝑅 ≡ 𝑟̂ (correspondentes). Mas, como 𝑟̂ = 𝑖̂ (2ª Lei da Reflexão), tem-
se 𝑄𝑃̂ 𝑅 = 𝑄𝑃̂ ′𝑅.
- 𝑄𝑃̂ 𝑅 = 𝑄𝑃̂ ′𝑅 = ângulo reto (por construção).

Demonstrada a congruência dos dois triângulos, podemos afirmar que:


𝐏𝐑 = 𝐏 ′ 𝐑

2
Física

Isso significa que a distância do objeto ao espelho (PR) é igual à distância da imagem ao espelho (P'R). Tal
verificação é conhecida por Propriedade Fundamental dos Espelhos Planos e pode ser enunciada assim:
Nos espelhos planos, a imagem é sempre simétrica do objeto em relação ao espelho.

Estas fotografias ilustram satisfatoriamente a Propriedade Fundamental dos Espelhos Planos: a simetria. Observe que a
distância da imagem ao espelho é idêntica à distância do objeto ao espelho.

A superfície da água do lago comporta-se como um espelho plano, fazendo corresponder aos objetos reais da paisagem
imagens virtuais e simétricas em relação a eles.

Na situação esquematizada a seguir, uma pessoa se aproxima de um espelho plano E, fixo, com velocidade
de módulo v. Por causa da simetria, a imagem também se aproxima do espelho com velocidade de módulo v.
Se, entretanto, adotarmos a pessoa como referencial, a imagem se aproximará dela com velocidade de
módulo 2v.

3
Física

Na situação representada na figura a seguir, um observador O contempla a imagem de uma vela de altura h
por meio de um espelho plano vertical.

Em razão da simetria entre o objeto e a respectiva imagem, a altura da imagem também será h, mesmo que a
vela seja aproximada ou afastada do espelho.
No caso de uma aproximação, por exemplo, o observador terá a sensação de que a altura da imagem aumenta,
mas isso apenas decorre do aumento do ângulo visual de observação.

Quanto mais próxima do olho estiver a imagem, maior será o ângulo visual de observação, dando a impressão de
aumento em sua altura.
Ângulo visual

Nestas fotografias uma câmera fotográfica simples, instalada sobre um tripé, “viu” (fotografou) de uma
mesma posição um mesmo homem. Na fotografia A, o homem estava distante da câmera e, na fotografia B,
ele estava mais próximo dela. Veja como o homem aparenta uma altura maior em B.

4
Física

Isso se deve ao fato de, nessa fotografia, o ângulo visual de obeservação ser maior que em A. Note, no entanto,
que a altura do homem é a mesma. Daí se conclui que, quanto maior for o ângulo visual, maior aparentará ser
o objeto observado.

Imagem e objeto não superponíveis


É importante observar que, devido à simetria, a imagem de um objeto extenso fornecida por um espelho plano,
embora idêntica a ele, não lhe é, em geral, superponível.
Considere, por exemplo, a ilustração abaixo, que representa um espelho plano diante do qual se coloca a letra
F.
Nessas condições, a imagem fornecida pelo espelho é um F ao contrário não superponível ao objeto que lhe
deu origem. Há uma aparente inversão lateral da letra. Diz-se que a imagem é enantiomorfa, isto é, tem forma
contrária à do objeto.

Entretanto, a imagem fornecida por um espelho plano de um objeto monocromático que admite um eixo de
simetria é superponível a ele.
Se, por exemplo, tivermos uma letra A vertical e simétrica diante de um espelho plano vertical, o objeto
produzirá uma imagem que lhe será superponível.

Fotografia mostrando como as palavras aparecem


estampadas em uma ambulância.

Em viaturas utilizadas em emergências, como ambulâncias e carros de bombeiros, é comum pintar a palavra
que as designa “ao contrário”. O objetivo é proporcionar aos motoristas que estão à frente uma leitura
adequada em seus espelhos retrovisores.

Campo de um espelho plano


Chama-se campo de um espelho plano, para determinado observador, a região do espaço que pode ser
contemplada por ele pela reflexão da luz no espelho.

5
Física

A demarcação do campo do espelho é feita da seguinte maneira: na figura a seguir, O é o olho do observador
e PO e QO são raios refletidos na periferia do espelho, que atingem O.

A região destacada corresponde ao campo do espelho em relação a O.

A demarcação do campo pode ser feita de forma mais imediata. Dada a posição do observador O, determina-
se a posição simétrica O' em relação à superfície refletora. A região do espaço visível por
reflexão é determinada ligando-se o ponto O' ao contorno periférico do espelho.

Tudo se passa como se o observador 0 estivesse olhando a partir 0’.

Convém apontar que o campo de um espelho qualquer é uma região tridimensional.

Vista espacial do campo de um espelho plano retangular em relação ao observador 0.

Observação final: Translação de espelhos planos, rotação de espelhos planos e imagens múltiplas em dois
espelhos planos associados serão vistos nas aulas de aprofundamento! Você pode se adiantar e estudar
pelos módulos gravados também!

1
Física

Exercícios

1. A figura abaixo mostra um espelho retrovisor plano na lateral esquerda de um carro. O espelho está
disposto verticalmente e a altura do seu centro coincide com a altura dos olhos do motorista. Os pontos
da figura pertencem a um plano horizontal que passa pelo centro do espelho. Nesse caso, os pontos
que podem ser vistos pelo motorista são:

a) 1, 4, 5 e 9.
b) 4, 7, 8 e 9.
c) 1, 2, 5 e 9.
d) 2, 5, 6 e 9.

2. Na noite do réveillon de 2013, Lucas estava usando uma camisa com o ano estampado na mesma. Ao
visualizá-la através da imagem refletida em um espelho plano, o número do ano em questão observado
por Lucas se apresentava da seguinte forma

a)

b)

c)

d)

2
Física

3. Analise o esquema abaixo referente a um espelho plano.

A imagem do objeto que será vista pelo observador localiza-se no ponto


a) 1
b) 2
c) 3
d) 4

4. Um aluno colocou um objeto “O” entre as superfícies refletoras de dois espelhos planos associados e
que formavam entre si um ângulo θ, obtendo n imagens. Quando reduziu o ângulo entre os espelhos
para θ/4, passou a obter m imagens. A relação entre m e n é:

a) m = 4n + 3
b) m = 4n – 3
c) m = 4(n + 1)
d) m = 4(n – 1)
e) m = 4n

3
Física

5. O ângulo entre dois espelhos planos é de 20°. Um objeto de dimensões desprezíveis é colocado em
uma posição tal que obterá várias imagens formadas pelo conjunto de espelhos. Das imagens
observadas, assinale na opção abaixo, quantas serão enantiomorfas.
a) 8
b) 9
c) 10
d) 17
e) 18

6. Um objeto extenso de altura h está fixo, disposto frontalmente diante de uma superfície refletora de
um espelho plano, a uma distância de 120,0 cm. Aproximando-se o espelho do objeto de uma distância

de 20,0 cm, a imagem conjugada, nessa condição, encontra-se distante do objeto de

a) 100,0 cm

b) 120,0 cm

c) 200,0 cm

d) 240,0 cm

e) 300,0 cm

7. A figura a seguir representa um dispositivo óptico constituído por um laser, um espelho fixo, um espelho
giratório e um detector. A distância entre o laser e o detector é d = 1,0 m, entre o laser e o espelho fixo
é h = 3 m e entre os espelhos fixo e giratório é D = 2,0 m.

Sabendo-se que α = 45, o valor do ângulo β para que o feixe de laser chegue ao detector é:
a) 15°
b) 30°
c) 45°
d) 60°
e) 75°

4
Física

8. Na figura a seguir, o logo do Núcleo de Seleção da UEG é colocado em frente a dois espelhos planos
(E1 e E2) que formam um ângulo de 90º.

Qual alternativa corresponde às três imagens formadas pelos espelhos?

a) c)

b) d)

5
Física

9. Imagine que um raio de luz incida na superfície da janela lateral de um edifício, formando um ângulo de
30°, conforme mostra a figura a seguir.

Considerando o vidro da janela como uma superfície plana e lisa, o valor do ângulo de reflexão é
a) 15°.
b) 25°.
c) 30°.
d) 45°.
e) 60°.

10. A figura a seguir mostra dois espelhos planos, E1 e E2 , que formam um ângulo de 140 entre eles.
Um raio luminoso R1 incide e é refletido no espelho E1, de acordo com a figura a seguir.

Nessa situação, para que o raio refletido R2 seja paralelo ao espelho E2 , o ângulo de incidência de R1
no espelho E1 deve ser de:
a) 20
b) 30
c) 40
d) 50
e) 60

6
Física

Gabarito

1. C
Obs:
1ª) pela simbologia adotada, conclui-se tratar-se de um espelho plano.
2ª) Para ver os pontos, o motorista teria que olhar para o lado esquerdo ou para trás.

Corretamente, a última linha do enunciado deveria ser: “Nesse caso, os pontos cujas imagens podem ser
vistas pelo motorista são:”
Assim entendendo, vamos à resolução:
– por simetria, encontra-se o ponto imagem dos olhos do observador;
– a partir desse ponto, passando pelas bordas do espelho, traçamos as linhas que definem o campo visual
do espelho;
– Serão vistas as imagens dos pontos que estiverem nesse campo, ou seja: 1, 2, 5 e 9.

A figura ilustra a solução:

2. B
No espelho plano, objeto e imagem são simétricos em relação ao plano do espelho. Como consequência,
a imagem é revertida em relação ao objeto.

3. D
No espelho plano, objeto e respectiva imagem são sempre simétricos em relação ao plano do espelho.
Portanto, a imagem desse objeto localiza-se no ponto 4.

7
Física

4. A
Utilizando a expressão que dá o número de imagens formadas numa associação de espelhos planos para
as duas situações propostas:
 360 360
n = θ − 1  = n + 1 (I)
 θ m +1
 360 360 m + 1  (II) = (I)  = n +1 
m =
θ
−1  = (II) 4
 θ 4
 4
m = 4 ( n + 1) − 1  m = 4n + 3.

5. B
O número de imagens formadas é:
360 360
n= −1  n = − 1 = 18 − 1  n = 17.
α 20
Cada reflexão gera uma imagem em cada espelho, sendo a última formada pela superposição de duas
imagens. A primeira reflexão gera duas imagens enantiomorfas, a segunda gera duas imagens diretas, a
terceira, duas imagens enantiomorfas e, assim por diante, até a nona reflexão que gera duas imagens
enantiomorfas superpostas. Chamando de A e B os dois espelhos e ordenando as imagens enantiomorfas
em cada espelho, temos:
1A e 1B; 3A e 3B; 5A e 5B; 7A e 7B; 9AB.

São, portanto, 9 imagens enantiomorfas.

6. C
A distância do objeto à sua imagem em um espelho plano é sempre o dobro da distância entre o objeto e
o espelho, portanto ao mover o espelho 20 cm em direção ao objeto, este fica do espelho 100 cm
distante, logo a sua distância à sua imagem será o dobro deste valor, ou seja, 200 cm.

7. D
A figura simplifica a situação dada.

No triângulo destacado:
3
tg θ = = 3  θ = 60.
1

θ + 2 β = 180  60 + 2 β = 180  β = 60.

8
Física

8. A
Propriedade Fundamental do Espelho Plano: Objeto e imagem são sempre simétricos em ralação ao plano
do espelho. A duas primeiras imagens, nos quadrantes vizinhos ao do objeto, são obtidas girando de 180°
o objeto em torno de um eixo contido no plano de cada espelho. A terceira imagem, no quadrante oposto
ao do objeto, pode ser obtida fazendo o mesmo processo anterior com cada uma das duas primeiras
imagens.

Dica: numa prova, o estudante pode escrever a frase ou desenhar a figura numa folha de papel de forma
que se possa percebê-la quando olha o verso da folha, e fazer a dobradura em cima da linha que simboliza
o espelho.

9. E
Conforme ilustrado na figura a seguir, i = r = 60°.

30° normal
60°

60°

10. D
A figura abaixo mostra os raios e os ângulos envolvidos. Analisando-a de acordo com as leis da reflexão,
concluímos que i = 50.

9
Física

Exercícios de espelhos esféricos

Exercícios

1. Um objeto linear é colocado diante de um espelho côncavo, perpendicularmente ao eixo principal.


Sabe-se que a distância do objeto ao espelho é quatro vezes maior que a distância focal do espelho.
A imagem conjugada por este espelho é
a) virtual, invertida e maior que o objeto.
b) virtual, direita, e menor que o objeto.
c) real, invertida, menor que o objeto.
d) real, direita e maior que o objeto.
e) real, direita e mesmo tamanho do objeto

2. “Tentando se equilibrar sobre a dor e o susto, Salinda contemplou-se no espelho. Sabia que ali
encontraria a sua igual, bastava o gesto contemplativo de si mesma”.
EVARISTO, 2014, p. 57.

Um espelho, mais do que refletir imagens, leva-nos a refletir. Imagens reais, imagens virtuais.
Imagens. Do nosso exterior e do nosso interior.
Salinda contemplou-se diante de um espelho e não se viu igual, mas menor. Era a única alteração vista
na sua imagem. Uma imagem menor.
Diante disso, podemos afirmar que o espelho onde Salinda viu sua imagem refletida poderia ser:
a) Convexo.
b) Plano.
c) Convexo ou plano, dependendo da distância.
d) Côncavo, que pode formar todo tipo de imagem.
e) Côncavo ou plano, dependendo da distância.

3. Observe a figura abaixo.

Na figura, E representa um espelho esférico côncavo com distância focal de 20cm, e O, um objeto
extenso colocado a 60cm do vértice do espelho.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
aparecem.
A imagem do objeto formada pelo espelho é __________, __________ e situa-se a __________ do vértice
do espelho.

1
Física

a) real – direita – 15cm


b) real – invertida – 30cm
c) virtual – direita – 15cm
d) virtual – invertida – 30cm
e) virtual – direita – 40cm

4. Um objeto foi colocado sobre o eixo principal de um espelho côncavo de raio de curvatura igual a 6,0
cm. A partir disso, é possível observar que uma imagem real foi formada a 12,0 cm de distância do
vértice do espelho. Dessa forma, é CORRETO afirmar que o objeto encontra-se a uma distância do
vértice do espelho igual a
a) 2,0 cm
b) 4,0 cm
c) 5,0 cm
d) 6,0 cm
e) 8,0 cm

5. Uma usina heliotérmica é muito parecida com uma usina termoelétrica. A diferença é que, em vez de
usar carvão ou gás como combustível, utiliza o calor do sol para gerar eletricidade. A usina
heliotérmica capta o calor fornecido pelo sol e os direciona para uma tubulação, conforme mostra o
esquema abaixo. Nessa tubulação encontra-se um fluido que, ao ser aquecido, movimenta uma
turbina que, por sua vez, gera eletricidade.

O melhor dispositivo para captação da energia solar e envio para a tubulação será
a) lente divergente.
b) espelho esférico convexo.
c) espelho plano.
d) lente convergente.
e) espelho esférico côncavo.

2
Física

6. Uma garota encontra-se diante de um espelho esférico côncavo e observa que a imagem direita de
seu rosto é ampliada duas vezes. O rosto da garota só pode estar
a) entre o centro de curvatura e o foco do espelho côncavo.
b) sobre o centro de curvatura do espelho côncavo.
c) entre o foco e o vértice do espelho côncavo.
d) sobre o foco do espelho côncavo.
e) antes do centro de curvatura do espelho côncavo.

7. Muitos profissionais precisam de espelhos em seu trabalho. Porteiros, por exemplo, necessitam de
espelhos que lhes permitem ter um campo visual maior, ao passo que dentistas utilizam espelhos que
lhes fornecem imagens com maior riqueza de detalhes. Os espelhos mais adequados para esses
profissionais são, respectivamente, espelhos
a) planos e côncavos.
b) planos e convexos.
c) côncavos e convexos.
d) convexos e côncavos.
e) Côncavos e planos

8. Na figura abaixo, ilustra-se um espelho esférico côncavo E e seus respectivos centro de curvatura
(C), foco (F) e vértice (V). Um dos infinitos raios luminosos que incidem no espelho tem sua
trajetória representada por r. As trajetórias de 1 a 5 se referem a possíveis caminhos seguidos pelo
raio luminoso refletido no espelho.

O número que melhor representa a trajetória percorrida pelo raio r, após refletir no espelho E, é
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

3
Física

9. Uma árvore de natal de 50 cm de altura foi colocada sobre o eixo principal de um espelho côncavo, a
uma distância de 25 cm de seu vértice. Sabendo-se que o espelho possui um raio de curvatura de
25 cm, com relação a imagem formada, pode-se afirmar corretamente que:
a) É direita e maior do que o objeto, estando a 20 cm do vértice do espelho.
b) É direita e maior do que o objeto, estando a 25 cm do vértice do espelho.
c) É invertida e maior do que o objeto, estando a 25 cm do vértice do espelho.
d) É invertida e do mesmo tamanho do objeto, estando a 25 cm do vértice do espelho.
e) É invertida e do mesmo tamanho do objeto, estando a 35 cm do vértice do espelho.

10. Um espelho esférico côncavo tem distância focal (f) igual a 20 cm. Um objeto de 5 cm de altura é
colocado de frente para a superfície refletora desse espelho, sobre o eixo principal, formando uma
imagem real invertida e com 4 cm de altura. A distância, em centímetros, entre o objeto e a imagem é
de
a) 9
b) 12
c) 25
d) 45
e) 75

4
Física

Gabarito

1. C
Resolução Gráfica
A figura mostra o objeto posicionado de acordo com o enunciado. Nota-se que a imagem é real, invertida
e menor que o objeto.

Resolução Analítica
Aplicando a equação de Gauss para espelhos esféricos, tem-se:
1 1 1 pf 4f f 4f2 + 4f
= −  p' =  p' = =  p' = . (p'  0  Imagem real )
p' f p p−f 4f − f 3f 3
Da equação do aumento linear transversal:
−1
 A  0  Imagem invertida
f f f 
A= = =  A= .  1
f −p f − 4f − 3f 3 A =  Imagem três vezes menor
 3
Portanto, a imagem é real, invertida e 3 vezes menor que o objeto.

2. A
Sendo a única alteração da imagem de Salinda diante do espelho a redução do seu tamanho, ela está
diante de um espelho convexo. O espelho côncavo daria uma imagem invertida e real além de menor e o
espelho plano daria uma imagem de mesma altura.

3. B
Fazendo a construção da imagem para o objeto além do centro de curvatura do espelho, obtemos uma
imagem real, invertida e menor conforme a figura abaixo:

Observa-se também, que a distância da imagem ao vértice do espelho é de 30 cm, que pode ser
comprovada pela equação de Gauss:
1 1 1
= +
f di do
sendo:
f = 20 cm e do = 60 cm.
1 1 1 1 1 1
= +  − =  di = 30 cm
20 di 60 20 60 di

5
Física

4. B
Dados: R = 6 cm; p' = 12 cm.
A distância focal do espelho é:
R 6
f= =  f = 3 cm.
2 2
Aplicando a equação dos pontos conjugados:
1 1 1 p' f 12  3 36
+ =  p= = = 
p p' f p'− f 12 − 3 9

p = 4 cm.

5. E
O melhor dispositivo para captação é um espelho esférico côncavo, pois os raios solares, praticamente
paralelos, que atingem a sua superfície refletem pelo foco, por onde deve passar a tubulação. A figura
abaixo ilustra a situação.

6. C
No espelho esférico côncavo, para que a imagem seja virtual direita e maior, o objeto deve estar entre o
foco e o vértice do espelho, como ilustra o esquema.

7. D
O espelho que fornece maior campo visual são os convexos. Para ampliar imagens, são usados espelhos
côncavos.

6
Física

8. D
Esta questão envolve conhecimentos de fundamentos de óptica, com relação á reflexão em espelhos
quaisquer, que nos diz que o raio refletido sempre terá o mesmo ângulo de incidência em relação à reta
normal. O raio incidente r está deslocado em relação à reta normal no ponto de incidência no espelho,
representada pela reta que passa pelo centro (C) e o ângulo entre elas nos revela o trajeto da luz
refletida e tem o mesmo ângulo entre a reta normal, sendo, portanto a reta 4, conforme representação
na figura abaixo.

9. D
Aplicando a equação de Gauss, vem:
1 1 1 1 1 1 2 1 1
= +  = +  − =  p ' = 25 cm
f p p' 25 25 p ' 25 25 p '
2
Pela equação do aumento linear, obtemos:
i −p' i −25
=  =  i = −50 cm
o p 50 25
Portanto, a imagem é invertida, do mesmo tamanho do objeto e está a 25 cm do espelho.

10. A
p' 4 4p
= → p' =
p 5 5
1 1 1 1 1 5 9
= + → = + = → p = 45cm
f p p' 20 p 4p 4p
4x45
p' = = 36cm
5
DO/I = 45 − 36 = 9cm .

7
Física

Refração da luz

Resumo

O assunto deste Tópico, além de possibilitar o entendimento de muitos fenômenos comuns no nosso dia a
dia – como a aparente profundidade menor de uma piscina, as miragens nas rodovias em dias quentes e o
arco-íris –, é a base para a fabricação de muitos instrumentos ópticos extremamente úteis, como lunetas,
microscópios, câmeras fotográficas, óculos, binóculos e projetores de imagens.

A profundida desta piscina é maior do que parece. É a refração da luz que dá ideia de profundidade menor.

Índice de refração

Índice de refração absoluto


Uma grandeza de destaque no estudo da luz, relacionada à sua velocidade de propagação, é o índice de
refração.
Considere uma dada radiação monocromática, que se propaga no vácuo com velocidade c e num
determinado meio com velocidade v. Por definição, o índice de refração absoluto (densidade óptica ou,
simplesmente, índice de refração) desse meio para a radiação monocromática considerada é a grandeza
adimensional n, definida por:
c
n=
v
Observe que, se o meio considerado for o próprio vácuo, teremos v = c e n = c /c = 1. Assim, o índice de
refração absoluto do vácuo é igual a 1. Num meio material, porém, temos sempre v < c, consequentemente o
índice de refração de um meio material é sempre maior que 1.
É importante notar que o índice de refração absoluto de um meio é inversamente proporcional à velocidade
de propagação da luz no meio e nunca é inferior a 1:
No vácuo: n = 1
Nos meios materiais: n > 1

Obs.: É comum em muitos exercícios de vestibulares a adoção do índice de refração absoluto para o ar como
sendo aproximadamente 1.

1
Física

Influência da frequência da luz no índice de refração


O índice de refração do vácuo é igual a 1, qualquer que seja a luz considerada. O índice de refração de um
meio material, por sua vez, mantidas as condições físicas, depende da frequência da luz considerada. Como
a velocidade da luz num meio material diminui com o aumento da frequência (ver representação gráfica no
item anterior), concluímos que o índice de refração aumenta quando a frequência aumenta:

A tabela a seguir mostra os valores do índice de refração do vidro “crown leve” para algumas cores:

O quadro a seguir mostra os índices de refração absolutos de diversos materiais para a luz amarela emitida
pelo sódio, quando, por exemplo, queimamos cloreto de sódio numa chama.

2
Física

Refringência e dioptro

Refringência
O conceito de refringência é importante, sobretudo, para o estudo da refração da luz.
Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando seu índice de refração é maior que o do outro.
Assim, a água (n ≈ 1,3) é mais refringente que o ar (n ≈ 1) e menos refringente que o diamante (n ≈ 2,4).
Em outras palavras, podemos dizer que um meio é mais refringente que outro quando a luz se propaga através
dele com velocidade menor do que no outro.
Dioptro
Dioptro é um sistema constituído por dois meios transparentes de diferentes refringências, que fazem entre
si fronteira regular. Se a fronteira (superfície dióptrica) for plana, teremos o dioptro plano; se for esférica,
teremos o dioptro esférico, e assim por diante.
Os sistemas ar/água e ar/vidro, por exemplo, são dioptros, desde que as fronteiras entre esses meios sejam
regulares.

Refração

Definição e propriedades
Refração da luz é o fenômeno que consiste no fato de a luz ser transmitida de um meio para outro
opticamente diferente.
Nessa passagem de um meio para outro, a velocidade (v) de propagação da luz necessariamente se altera.
A frequência (f) não se altera na refração, fato que é observado não só com ondas luminosas, mas com
qualquer tipo de onda.1 Como você verá, a alteração da velocidade de propagação provoca, em geral, um
desvio2 da luz.
Leis da refração
O fenômeno da refração é regido pelas duas leis seguintes:
1ª Lei da Refração
O raio incidente, o raio refratado e a reta normal traçada pelo ponto de incidência estão contidos no
mesmo plano.
2ª Lei da Refração (Lei de Snell)
A razão entre o seno do ângulo de incidência e o seno do ângulo de refração é constante para cada dioptro
e para cada luz monocromática.

1 Voltaremos a esse assunto em Ondulatória.


2 Cuidado! Refração não é o desvio da luz! O desvio PODE ser uma consequência desse fenômeno, ocorrendo quando há incidência oblíqua
da luz sobre uma superfície! Se o raio incidir perpendicularmente à superfície, NÃO haverá desvio!

3
Física

A Lei de Snell é expressa por:


𝐧𝐨𝐫𝐢𝐠𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐧𝐢̂ = 𝐧𝐝𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨 𝐬𝐞𝐧𝐫̂
norigem = índice de refração absoluto do meio material do qual a luz está partindo;
senî = seno do ângulo de incidência;
ndestino = índice de refração absoluto do meio material do qual a luz se destina;
senr̂ = seno do ângulo de refração.

Ângulo limite e reflexão total


Quando a luz incide na fronteira de um dioptro, ocorrem em geral tanto a refração quanto a reflexão. Para
dado dioptro e determinado pincel de luz incidente, a quantidade de luz refletida é tanto maior quanto maior
o ângulo de incidência.
Considere determinado pincel cilíndrico de luz monocromática dirigindo-se de um meio mais refringente para
outro menos refringente, do vidro (meio 1) para o ar (meio 2), por exemplo, como mostram as figuras abaixo.
Observe que, conforme aumenta o ângulo de incidência, aumenta a quantidade de luz refletida e diminui a
quantidade de luz refratada.
Na figura I, o ângulo de incidência é igual a zero. Nesse caso, a quantidade de luz refratada é bem maior que
a refletida (a reflexão é parcial).

4
Física

Na figura II, o ângulo de incidência aumentou, o que provocou aumento da quantidade de luz refletida
e redução da refratada (a reflexão continua parcial).
Na figura III, o ângulo de incidência aumentou mais ainda, o que acarretou um novo aumento da quantidade
de luz refletida em detrimento da refratada (a reflexão ainda é parcial).
Observe que, enquanto o ângulo de incidência aumenta, o ângulo de refração aumenta, mas a quantidade de
luz refratada é cada vez menor.
Quando o ângulo de incidência tende a um valor L, denominado ângulo limite, o ângulo de refração tende a
90°, mas a quantidade de luz refratada tende a zero. Atingido esse ângulo limite, não mais ocorre refração e
a luz incidente é totalmente refletida. Esse fenômeno é denominado reflexão total e está ilustrado na figura
IV. Para ângulos de incidência maiores que o ângulo limite, continua ocorrendo, evidentemente, a reflexão
total.

Cálculo do ângulo limite


O ângulo limite (L) é calculado pela Lei de Snell, admitindo-se o ângulo de refração igual a 90° (emergência
rasante).

Temos, então:

Fazendo θ1 = L e θ2 = 90°, vem:

Observe que o seno do ângulo limite na fronteira de um dioptro é obtido dividindo-se o menor índice de
refração pelo maior. Nesse cálculo, o engano é inconcebível, pois se dividirmos o índice maior pelo menor
obteremos senL maior que 1, o que é absurdo.
Obs.: É muito importante observar que a consideração desse raio emergente rasante só é válida para efeito
de cálculo do ângulo limite L. Na verdade, esse raio rasante não existe! Das várias razões para a sua
inexistência, podemos citar:
• Se o raio emergente rasante existisse, ele deveria obedecer à reversibilidade da propagação da luz,
isto é, “incidindo” rasante à fronteira (ver figura anterior), passaria “misteriosamente” para o meio 1,
adentrando esse meio por um ponto privilegiado, que evidentemente não existe. “Incidir rasante” é,
na realidade, “não incidir”!

5
Física

• A emergência rasante de luz causaria o colapso do pincel de luz.

Qualquer pincel incidente tem, evidentemente, uma espessura e, diferente de zero. Se houvesse pincel
refratado rasante, sua espessura seria nula (colapso do pincel). Essas e outras razões permitem afirmar, mais
uma vez, que ocorre reflexão total e nenhuma refração quando o ângulo de incidência se iguala ao valor-limite
L. É correto dizer, porém, que, quando o ângulo de incidência tende ao valor-limite L, o ângulo de refração
tende a 90°.
Obs.: Embora o raio rasante, incidente ou emergente, não exista, frequentemente ele aparece em questões
propostas em livros didáticos, em vestibulares e até mesmo em olimpíadas de Física. Nessas situações, se
tivermos que resolver tais questões, não nos restará outra alternativa senão fazer de conta que o raio rasante
existe.

Condições para ocorrer a reflexão total


• A reflexão total só pode ocorrer se forem satisfeitas as seguintes condições:
• A luz deve dirigir-se a o meio mais refringente para o meio menos refringente;
• O ângulo de incidência deve ser igual ou superior ao ângulo limite

Dispersão da luz
Dispersão de uma luz policromática é a sua decomposição nas diversas luzes monocromáticas que a
constituem.
A dispersão é possível porque diferentes luzes monocromáticas, isto é, luzes de diferentes frequências,
propagam-se na matéria com diferentes velocidades, ou seja, percebem na matéria diferentes índices de
refração. Veja, na figura abaixo, a representação esquemática de frentes planas de luz branca solar
propagando-se no ar e incidindo obliquamente na fronteira entre o ar e a água. Todas as luzes
monocromáticas componentes perdem velocidade quando passam do ar para a água. Essa perda de
velocidade é mais acentuada, porém, para a luz violeta e menos acentuada para a vermelha. Por isso, as
diversas cores separam-se.

6
Física

7
Física

É importante notar que:


Na dispersão da luz, a luz monocromática de maior frequência sempre sofre o maior desvio.

Arco-íris (primário)
O arco-íris é um exuberante fenômeno natural decorrente da dispersão da luz solar em gotas de chuva.
Basicamente, o que ocorre é o seguinte: a luz branca penetra na gota, decompondo-se em diversas cores, que
em seguida sofrem reflexão (parcial) nas paredes da gota, como mostra a figura:

Pode-se demonstrar que, se um raio de determinada cor fizer o trajeto indicado na figura acima, de modo que
seu desvio total seja máximo, todos os raios de mesma cor, vizinhos dele, emergirão da gota muito juntos,
reforçando o feixe emergente em determinada direção. A figura a seguir mostra dois feixes de luz
monocromática atingindo uma gota. Observe que os raios do feixe superior emergem da gota muito juntos.
Nesse feixe, o raio em traço mais grosso é o que sofre desvio máximo para a cor considerada.

Para a luz vermelha, esse reforço da luz refletida ocorre quando o ângulo θ indicada na figura vale
aproximadamente 42°; e para a luz violeta, ocorre quando θ é próximo de 40°.

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Física

Refração na atmosfera
Segundo o Princípio da Propagação Retilínea da Luz, a luz propaga-se em linha reta nos meios transparentes
e homogêneos. A atmosfera, porém, não é um meio homogêneo, pois apresenta uma densidade tanto menor
quanto maior a altitude. Além disso, as predominâncias gasosas variam com a altitude. Consequentemente,
quanto maior a altitude, menor é o índice de refração do ar. Então, a trajetória de um raio de luz na atmosfera
é, em geral, curvilínea.

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Física

A atmosfera pode ser representada por meio de um modelo constituído de várias camadas gasosas de
refringência tanto maior quanto menor a altitude. Um raio de luz originário do vácuo segue trajetória
semelhante à da figura acima quando incide obliquamente na atmosfera. Vamos analisar agora algumas
consequências interessantes da refração da luz na atmosfera.

Posição aparente dos astros


Veja, na figura seguinte, um astro representado na posição P, sendo contemplado por um observador O,
situado na Terra.
A luz proveniente do astro situado em P desvia-se ao atravessar a atmosfera. Por isso, quando essa luz atinge
o observador, ele tem a impressão de que o astro está na posição P', que é uma posição aparente. Concluímos,
então, que, em geral, vemos os astros com uma aparente elevação em relação à sua posição real.

Miragens
A temperatura junto ao solo pode determinar a ocorrência do curioso fenômeno da miragem. Quando a
temperatura do solo se torna muito elevada, o ar aquecido junto ao solo fica menos denso e,
consequentemente, menos refringente que o ar que se encontra um pouco mais acima. Por causa disso, um
raio de luz que desce obliquamente de encontro ao solo pode sofrer reflexão total antes de atingi-lo, como se
vê no modelo a seguir.

Esse fenômeno pode ocorrer tanto em temperaturas altas, como em desertos ou no solo em dias quentes,
quanto em temperaturas baixas, especialmente nas regiões polares. A miragem que ocorre sob temperaturas
altas é chamada de inferior, devido ao fato de formar a imagem sob o objeto, como é representado na
ilustração abaixo.

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Física

O observador recebe do objeto P tanto luz direta (a) como luz que o atinge após a reflexão total (b).
Consequentemente, o observador enxerga tanto o objeto (P) como a sua imagem especular (P'), que ele tem
a impressão de estar sendo produzida por um lago.
Pelo mesmo motivo, temos a impressão de que as estradas asfaltadas estão molhadas em dias quentes e
ensolarados, quando observadas de posições convenientes, como mostra a fotografia a seguir.

Também pode ocorrer que a temperatura do solo fique tão baixa que o ar junto dele se torne mais frio e,
portanto, mais denso e mais refringente que o ar situado um pouco acima. Nesse caso, os raios de luz que
partem do objeto e sobem obliquamente passam de camadas de ar mais refringentes para camadas menos
refringentes, até a ocorrência da reflexão total. O observador vê a imagem do objeto “pairando” no ar. É a
chamada miragem superior.

Obs.: A rigor, não é necessário que ocorra a reflexão total da luz para que se observe uma miragem. Basta
que o ângulo de incidência aumente o suficiente para que a reflexão seja bastante acentuada.

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Física

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Física

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Física

Exercícios

1. Em um experimento, coloca-se glicerina dentro de um tubo de vidro liso. Em seguida, parte do tubo é
colocada em um copo de vidro que contém glicerina e a parte do tubo imersa fica invisível.
Esse fenômeno ocorre porque a
a) intensidade da luz é praticamente constante no vidro.
b) parcela de luz refletida pelo vidro é praticamente nula.
c) luz que incide no copo não é transmitida para o tubo de vidro.
d) velocidade da luz é a mesma no vidro e na glicerina.
e) trajetória da luz é alterada quando ela passa da glicerina para o vidro.

2. A figura abaixo representa um raio luminoso propagando-se do meio A para o meio B. Sabendo-se que
a velocidade da luz, no meio A, é 240 000 km/s e que o ângulo α vale 30°, calcule o índice de refração
relativo do meio A em relação ao meio B.

√3
a)
2
√3
b)
3
√2
c)
3
d) √3
e) √2

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Física

3. Um raio de luz monocromática passa do meio 1 para o meio 2 e deste para o meio 3. Sua velocidade
de propagação relativa aos meios citados é v1, v2 e v3, respectivamente.
O gráfico representa a variação da velocidade de propagação da luz em função do tempo ao atravessar
os meios mencionados, considerados homogêneos:

Sabendo-se que os índices de refração do diamante, do vidro e do ar obedecem à desigualdade n diam >
nvidro > nar, podemos afirmar que os meios 1, 2 e 3 são, respectivamente:
a) diamante, vidro, ar.
b) diamante, ar, vidro.
c) ar, diamante, vidro.
d) ar, vidro, diamante.
e) vidro, diamante, ar.

4. A tabela abaixo mostra o valor aproximado dos índices de refração de alguns meios, medidos em
condições normais de temperatura e pressão, para um feixe de luz incidente com comprimento de onda
de 600 nm
Material Índice de refração
Ar 1,0
Água (20º C) 1,3
Safira 1,7
Vidro de altíssima dispersão 1,9
Diamante 2,4

O raio de luz que se propaga inicialmente no diamante incide com um ângulo i = 30º em um meio
desconhecido, sendo o ângulo de refração r = 45º .
O meio desconhecido é:
a) Vidro de altíssima dispersão
b) Ar
c) Água (20ºC)
d) Safira

15
Física

5. Considerando as velocidades de propagação da luz em dois meios homogêneos e distintos,


respectivamente iguais a 200.000 km s e 120.000 km s, determine o índice de refração relativo do
primeiro meio em relação ao segundo. Considere a velocidade da luz no vácuo, igual a 300.000 km s.

a) 0,6

b) 1,0

c) 1,6

d) 1,7

6. Um feixe de luz monocromática, propagando-se em um meio transparente com índice de refração n1,
incide sobre a interface com um meio, também transparente, com índice de refração n2 . Considere θ1
e θ2 , respectivamente, os ângulos de incidência e de refração do feixe luminoso. Assinale a alternativa
que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. Haverá
reflexão total do feixe incidente se __________ e se o valor do ângulo de incidência for tal que __________.
a) n1  n2 – sen θ1  n2 n1

b) n1  n2 – sen θ1  n2 n1

c) n1 = n2 – sen θ1 = n2 n1

d) n1  n2 – sen θ1  n2 n1

e) n1  n2 – sen θ1  n2 n1

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Física

7. Uma lente de Fresnel é composta por um conjunto de anéis concêntricos com uma das faces plana e
a outra inclinada, como mostra a figura (a). Essas lentes, geralmente mais finas que as convencionais,
são usadas principalmente para concentrar um feixe luminoso em determinado ponto, ou para colimar
a luz de uma fonte luminosa, produzindo um feixe paralelo, como ilustra a figura (b). Exemplos desta
última aplicação são os faróis de automóveis e os faróis costeiros. O diagrama da figura (c) mostra um
raio luminoso que passa por um dos anéis de uma lente de Fresnel de acrílico e sai paralelamente ao
seu eixo.

Se sen(θ1) = 0,5 e sen(θ2 ) = 0,75, o valor do índice de refração do acrílico é de

a) 1,50.

b) 1,41.

c) 1,25.
d) 0,66.

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Física

8. Para determinar o índice de refração de um material, uma peça semicilíndrica polida desse material foi
colocada sobre um disco de centro O, como sugere a figura.

Um raio de luz monocromática R1, emitido rente ao disco, incide na peça, obtendo-se o raio refratado
R2. As distâncias s e t foram medidas, encontrando-se s = 8,0 cm e t = 5,0 cm. Calcule o índice de
refração do material da peça.
a) n = 1,2
b) n = 1,3
c) n = 1,6
d) n = 1,4
e) n = 1,8

9.

Um raio de luz monocromática incide em um líquido contido em um tanque, como mostrado na figura.
O fundo do tanque é espelhado, refletindo o raio luminoso sobre a parede posterior do tanque
exatamente no nível do líquido. O índice de refração do líquido em relação ao ar é:
a) 1,35
b) 1,44
c) 1,41
d) 1,73
e) 1,33

18
Física

10. Um grupo de cientistas liderado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech),
nos Estados Unidos, construiu o primeiro metamaterial que apresenta valor negativo do índice de
refração relativo para a luz visível. Denomina-se metamaterial um material óptico artificial,
tridimensional, formado por pequenas estruturas menores do que o comprimento de onda da luz, o que
lhe dá propriedades e comportamentos que não são encontrados em materiais naturais. Esse material
tem sido chamado de “canhoto”.
Disponível em: <http://inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).

Considerando o comportamento atípico desse metamaterial, qual é a figura que representa a refração
da luz ao passar do ar para esse meio?

a) c) e)

b) d)

19
Física

Gabarito

1. D
A glicerina e o vidro se confundem, pois têm o mesmo índice de refração, ou seja, a velocidade da luz é a
mesma nesses dois meios.

2. B

3. D

4. D
Lei de Snell: n1.senθi = n2 .senθr

2
2,4.sen30º = n2 .sen45º → 2,4  0,5 = n2 . → n2  1,70
2

5. A
Pela definição de índice de refração, temos que:
c
n=  c = nv
v
Portanto:
n1 v 2 120000
n1v1 = n2 v 2  = =
n2 v1 200000
n1
 = 0,6
n2

20
Física

6. E
Usando a Lei de Snell-Descartes:
n1  sen θ1 = n2  sen θ2
Para a reflexão total, θ2 = 90 e θ1 = θL (ângulo limite).
n1  sen θL = n2  sen 90
n1  sen θL = n2  1
n
sen θL = 2
n1
Como sen θL  1  n1  n2
Para reflexão total o ângulo de incidência deve ser maior que o ângulo limite, portanto:
n2
sen θ1 
n1
7. A
Dado: nar = 1.
Aplicando a lei de Snell:
sen θ1 nar 0,5 1 0,75
=  =  nac =  nac = 1,5.
sen θ2 nac 0,75 nac 0,5

8. C

21
Física

9. A
Observe o triângulo sombreado da figura

10
X2 = 102 + 143 = 243 → X  15,6 → senr =  0,64
15,6

3 2
Snell → 1xsen60 = nxsenr → n =  1,35
0,64
10. D
Nos materiais naturais, quando ocorre incidência oblíqua da luz, os raios incidente e refratado estão em
meios diferentes e em quadrantes opostos, definidos pela superfície e pela normal a essa superfície. No
metamaterial, esses raios estão em meios diferentes, mas em quadrantes adjacentes.

22
Física

Fenômenos ondulatórios - Interferência

Resumo

Imagina que você está viajando de carro para um outro estado, você passou no vestibular e decidiu se dar
de presente uma viagem para conhecer um lugar novo. Durante a sua viagem você sintoniza uma rádio que
você conhece para dar aquele ar de viagem em alto estrada e, durante a viagem, a estação de rádio que você
tinha sintonizado começa a perder sinal. Você escuta um aquele barulho chato de “chuvisco” e, do nada,
entra uma nova estação de rádio que você não conhece, na mesma frequência. O que você acabou de
presenciar é um fenômeno ondulatório chamado de Interferência. A interferência é o resultado da
superposição entre ondas. Essa superposição pode provocar um aumento na amplitude (interferência
construtiva) ou diminuição na amplitude (interferência destrutiva). Vamos entender isso com calma em
ondas unidimensionais.

Interferência em cordas (superposição)


Como foi dito, a superposição das ondas ou interferência consiste no encontro entre duas ondas. Para que
essa interferência seja capaz de fazer alteração em valores de amplitude, precisamos que essas ondas
tenham a mesma frequência, assim garantimos que as cristas e os vales se encontrem no mesmo ponto.
A interferência é dita construtiva quando as ondas de mesma frequência produzem pulsos em mesma fase

Figura 01 – Interferência construtiva

Nesses casos, teremos a soma das amplitudes geradas pelos pulsos, gerando um pulso resultante maior
que os envolvidos.
𝐴𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐴1 + 𝐴2

Figura 02 – Amplitude resultante na interferência construtiva

Note também que a base aumento, ou seja, a distância no eixo x também é uma soma.

𝑥 = 𝑥1 + 𝑥2

1
Física

Após o encontro dos pulsos, notamos que cada pulso segue o seu caminho, permanecendo com suas
características iniciais conservadas. Isso significa que o fenômeno de interferência não altera a onda.

Figura 03 – Pulsos após a interferência construtiva

Já a interferência é dita destrutiva ocorre quando as ondas de mesma frequência produzem pulsos em fases
opostas

Figura 04 – Interferência destrutiva

Nesses casos, teremos a subtração das amplitudes geradas pelos pulsos. Vamos adotar a amplitude 𝐴1
como negativa, já que ela aponta para o lado negativo do eixo vertical (utilizando o referencial usual)

𝐴𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = −𝐴1 + 𝐴2

Figura 05 – Amplitude resultante na interferência destrutiva

Note também que a base diminui, ou seja, a distância no eixo x também é uma subtração.

𝑥 = −𝑥1 + 𝑥2

2
Física

Da mesma forma que na interferência construtiva. Após o encontro dos pulsos, notamos que cada pulso
segue o seu caminho, permanecendo com suas características iniciais conservadas.

Figura 06 – Pulsos após a interferência construtiva

Equação da interferência
Imagine que temos, em uma sala, duas caixas de som ligadas. Essas caixas conseguem produzir
interferências construtivas e destrutivas em determinados pontos dessa sala. Para analisar essa situação,
podemos utilizar a equação da interferência. A fórmula que identifica a interferência é:
𝜆
|𝑃𝐹 1 − 𝑃𝐹2 | = 𝜂.
2
onde o 𝑃𝐹 1 é a distância do ponto até a fonte 𝐹1 e 𝑃𝐹 2 é a distância do ponto até a fonte 𝐹2 . O valor 𝜂 é um
número inteiro (1, 2, 3...) e 𝜆 é o comprimento de onda. Para saber a interferência no ponto deve-se descobrir
se o n é par ou ímpar. Fontes em fase são fontes ligadas simultaneamente e em oposição de fase há um
atraso entre elas, geralmente o exercício diz se estão ou não em fase.

Fontes em fase Fontes em oposição de fase

N par Int. Construtiva Int. Destrutiva


N ímpar Int. Destrutiva Int. Construtiva

3
Física

Exercícios

1. (Enem 2018) Nos manuais de instalação de equipamentos de som há o alerta aos usuários para que
observem a correta polaridade dos fios ao realizarem as conexões das caixas de som. As figuras
ilustram o esquema de conexão das caixas de som de um equipamento de som mono, no qual os alto-
falantes emitem as mesmas ondas. No primeiro caso, a ligação obedece às especificações do
fabricante e no segundo mostra uma ligação na qual a polaridade está invertida.

O que ocorre com os alto-falantes E e D se forem conectados de acordo com o segundo esquema?
a) O alto-falante E funciona normalmente e o D entra em curto-circuito e não emite som.
b) O alto-falante E emite ondas sonoras com frequências ligeiramente diferentes do alto-falante D
provocando o fenômeno de batimento.
c) O alto-falante E emite ondas sonoras com frequências e fases diferentes do alto-falante D
provocando o fenômeno conhecido como ruído.
d) O alto-falante E emite ondas sonoras que apresentam um lapso de tempo em relação às emitidas
pelo alto-falante D provocando o fenômeno de reverberação.
e) O alto-falante E emite ondas sonoras em oposição de fase às emitidas pelo alto-falante D
provocando o fenômeno de interferência destrutiva nos pontos equidistantes aos alto-falantes.

2. (Famerp 2017) Dois pulsos transversais, 1 e 2 propagam-se por uma mesma corda elástica, em
sentidos opostos, com velocidades escalares constantes e iguais, de módulos 60 cm/s No instante t
= 0s a corda apresenta-se com a configuração representada na figura 1.

4
Física

Após a superposição desses dois pulsos, a corda se apresentará com a configuração representada na
figura 2.

Considerando a superposição apenas desses dois pulsos, a configuração da corda será a


representada na figura 2, pela primeira vez, no instante
a) 1,0 s
b) 1,5 s
c) 2,0 s
d) 2,5 s
e) 3,0 s

3. (Esc. Naval 2017) Analise a figura abaixo.

A figura acima ilustra quatro fontes sonoras pontuais ( 𝐹1 , 𝐹2 , 𝐹3 𝑒 𝐹4 ), isotrópicas, uniformemente


espaçadas de d = 0,2 m ao longo do eixo x Um ponto P também é mostrado sobre o eixo x. As fontes
estão em fase e emitem ondas sonoras na frequência de 825 Hz, com mesma amplitude A e mesma
velocidade de propagação, 330 m/s. Suponha que, quando as ondas se propagam até P suas
amplitudes se mantêm praticamente constantes.

Sendo assim a amplitude da onda resultante no ponto P é


a) zero
b) A/4
c) c)A/2
d) A
e) 2A

5
Física

4. (Enem PPL 2017) O debate a respeito da natureza da luz perdurou por séculos, oscilando entre a teoria
corpuscular e a teoria ondulatória. No início do século XIX, Thomas Young, com a finalidade de auxiliar
na discussão, realizou o experimento apresentado de forma simplificada na figura. Nele, um feixe de
luz monocromático passa por dois anteparos com fendas muito pequenas. No primeiro anteparo há
uma fenda e no segundo, duas fendas. Após passar pelo segundo conjunto de fendas, a luz forma um
padrão com franjas claras e escuras.

Com esse experimento, Young forneceu fortes argumentos para uma interpretação a respeito da
natureza da luz, baseada em uma teoria
a) corpuscular, justificada pelo fato de, no experimento, a luz sofrer dispersão e refração.
b) corpuscular, justificada pelo fato de, no experimento, a luz sofrer dispersão e reflexão.
c) ondulatória, justificada pelo fato de, no experimento, a luz sofrer difração e polarização.
d) ondulatória, justificada pelo fato de, no experimento, a luz sofrer interferência e reflexão.
e) ondulatória, justificada pelo fato de, no experimento, a luz sofrer difração e interferência.

5. (Enem 2013) Em viagens de avião, é solicitado aos passageiros o desligamento de todos os aparelhos
cujo funcionamento envolva a emissão ou a recepção de ondas eletromagnéticas. O procedimento é
utilizado para eliminar fontes de radiação que possam interferir nas comunicações via rádio dos
pilotos com a torre de controle.
A propriedade das ondas emitidas que justifica o procedimento adotado é o fato de
a) terem fases opostas.
b) serem ambas audíveis.
c) terem intensidades inversas.
d) serem de mesma amplitude.
e) terem frequências próximas.

6
Física

6. (Unesp 2009) A figura mostra um fenômeno ondulatório produzido em um dispositivo de


demonstração chamado tanque de ondas, que neste caso são geradas por dois martelinhos que batem
simultaneamente na superfície da água 360 vezes por minuto. Sabe-se que a distância entre dois
círculos consecutivos Mdas ondas geradas é 3,0 cm.

Pode-se afirmar que o fenômeno produzido é a:


a) interferência entre duas ondas circulares que se propagam com velocidade de 18 cm/s.
b) interferência entre duas ondas circulares que se propagam com velocidade de 9,0 cm/s.
c) interferência entre duas ondas circulares que se propagam com velocidade de 2,0 cm/s.
d) difração de ondas circulares que se propagam com velocidade de 18 cm/s.
e) difração de ondas circulares que se propagam com velocidade de 2,0 cm/s.

7. (Enem 2017) O trombone de Quincke é um dispositivo experimental utilizado para demonstrar o


fenômeno da interferência de ondas sonoras. Uma fonte emite ondas sonoras de determinada
frequência na entrada do dispositivo. Essas ondas se dividem pelos dois caminhos ADC e AEC e se
encontram no ponto C a saída do dispositivo, onde se posiciona um detector. O trajeto ADC pode ser
aumentado pelo deslocamento dessa parte do dispositivo. Com o trajeto ADC igual ao AEC capta-se
um som muito intenso na saída. Entretanto, aumentando-se gradativamente o trajeto ADC até que ele
fique como mostrado na figura, a intensidade do som na saída fica praticamente nula. Desta forma,
conhecida a velocidade do som no interior do tubo (320 m/s) é possível determinar o valor da
frequência do som produzido pela fonte.

O valor da frequência, em hertz, do som produzido pela fonte sonora é


a) 3.200
b) 1.600
c) 800
d) 640
e) 400

7
Física

8. (Fuvest 2014) O Sr. Rubinato, um músico aposentado, gosta de ouvir seus velhos discos sentado em
uma poltrona. Está ouvindo um conhecido solo de violino quando sua esposa Matilde afasta a caixa
acústica da direita (Cd) de uma distância l, como visto na figura abaixo.

Em seguida, Sr. Rubinato reclama: _ Não consigo mais ouvir o Lá do violino, que antes soava bastante
forte! Dentre as alternativas abaixo para a distância l, a única compatível com a reclamação do Sr.
Rubinato é
Note e adote: O mesmo sinal elétrico do amplificador é ligado aos dois alto-falantes, cujos cones se
movimentam em fase.
A frequência da nota Lá é 440 Hz.
A velocidade do som no ar é 330 m/s.
A distância entre as orelhas do Sr. Rubinato deve ser ignorada.

a) 38 cm
b) 44 cm
c) 60 cm
d) 75 cm
e) 150 cm

8
Física

9. (FGV) A figura mostra dois pulsos que se movimentam em sentidos contrários, um em direção ao outro
sobre a mesma corda, que pode ser considerada ideal.

No momento em que houver sobreposição total, a disposição esperada para os pontos da corda estará
melhor indicada por:
a) c) e)

b) d)

10. (Enem PPL 2018) Alguns modelos mais modernos de fones de ouvido contam com uma fonte de
energia elétrica para poderem funcionar. Esses novos fones têm um recurso, denominado “Cancelador
de Ruídos Ativo”, constituído de um circuito eletrônico que gera um sinal sonoro semelhante ao sinal
externo de frequência fixa. No entanto, para que o cancelamento seja realizado, o sinal sonoro
produzido pelo circuito precisa apresentar simultaneamente características específicas bem
determinadas.
Quais são as características do sinal gerado pelo circuito desse tipo de fone de ouvido?
a) Sinal com mesma amplitude, mesma frequência e diferença de fase igual a 90° em relação ao sinal
externo.
b) Sinal com mesma amplitude, mesma frequência e diferença de fase igual a 180° em relação ao
sinal externo.
c) Sinal com mesma amplitude, mesma frequência e diferença de fase igual a 45° em relação ao sinal
externo.
d) Sinal de amplitude maior, mesma frequência e diferença de fase igual a 90° em relação ao sinal
externo.
e) Sinal com mesma amplitude, mesma frequência e mesma fase do sinal externo.

9
Física

Gabarito

1. E
Com a inversão da polaridade da caixa de som D, as ondas passam a ser emitidas em oposição de fase,
o que causa uma interferência destrutiva em pontos equidistantes dos alto-falantes.

2. A
Podemos perceber que a situação da figura 2 se dará quando o vale do pulso 1 encontrar o pico do
pulso 2. E isso se dará após cada um deles percorrer 60 cm. Logo:
60 cm
60 cm s =
Δt
 Δt = 1 s

3. A
Cálculo do comprimento de onda das ondas emitidas:
v = λf
330 = λ  825
λ = 0,4 m

Como as fontes estão em fase e as distâncias entre elas são iguais a um número ímpar de semiondas
λ 
 2 = 0,2 m  , ocorrerão interferências destrutivas entre elas, sendo nula a amplitude resultante no
 
ponto P.

4. E
O experimento de Young consistiu no desenvolvimento de um método para a obtenção de duas fontes
de luz em fase pela dupla difração dos raios luminosos através de fendas no anteparo, para assim
provar a natureza ondulatória da luz devido à interferência entre as ondas geradas, ilustrada pelo
aparecimento de franjas claras (interferência construtiva) e franjas escuras (interferência destrutiva).

5. E
Os receptores de rádio possuem filtros passa-faixa, selecionando a frequência a ser decodificada (onda
portadora). Havendo mais de um emissor operando em frequências próximas, poderá haver
interferência.

6. A
O fenômeno mostrado na figura é o da interferência.
A distância entre dois círculos consecutivos é o comprimento de onda:
λ = 3 cm.

A frequência das ondas emitidas é:


360 vezes 360 vezes
f= =  f = 6 Hz.
minuto 60 segundos

Da equação fundamental da ondulatória:


v = λ f = 3(6) = 18 cm s.

10
Física

7. C
Como a intensidade do som foi de muito intensa para nula, a interferência no ponto C foi de construtiva
para destrutiva, sendo a condição para esta última dada por:
λ
dADC − dAEC =
2

Logo, o comprimento de onda deverá ser de:


λ
2 ( 40 − 30 ) =  λ = 40 cm = 0,4 m
2

Pela Equação Fundamental da Ondulatória, obtemos a frequência pedida:


v = λf
320 = 0,4f
 f = 800 Hz

8. A
Dados: v = 330 m/s; f = 440 Hz.
Se o Sr. Rubinato não está mais ouvindo o Lá é porque está ocorrendo interferência destrutiva. Para que
ocorra tal fenômeno é necessário que a diferença de percurso entre o ouvinte e as duas fontes ( no caso,
) seja um número ímpar (i) de meios comprimentos de onda. O menor valor de é para i = 1.
v
 330
=  = f  =  = 0,375 m 
2 2 2  400

= 38 cm.

9. C
No momento da superposição total, ocorrerão interferências construtivas e destrutivas.

As partes da onda em rosa sofreram interferência destrutiva, pois possuem fases invertidas. Como suas
amplitudes são iguais, as ondas serão aniquiladas. As partes da onda em azul sofreram interferência
construtiva, pois possuem fases iguais. Nesse caso, as amplitudes serão somadas.

10. B
Para que o cancelamento seja realizado tem que haver interferência destrutiva. Para tal, os pulsos têm
que tem mesma amplitude, mesma frequência e estar em oposição de fases, ou seja, defasados de
180.

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Geografia

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Geografia

Processos geomorfológicos e a formação da Terra

Resumo

A geomorfologia estuda os processos de formação do relevo terrestre em sua origem e evolução. Os relevos da terra têm
sua formação associada a processos endógenos e exógenos. Os processos endógenos são os processos do interior da
terra, como a movimentação de placas tectônicas, o vulcanismo, a liberação de material do interior da terra que forma
rochas, cordilheiras montanhosas e a própria crosta terrestre. Enquanto os processos exógenos são os agentes externos,
ou seja, que atuam de fora pra dentro na terra, como a ação da chuva, dos rios, o calor do sol, o vento, responsáveis pela
erosão e intemperismo, formando também bacias e rochas sedimentares. Chama-se agentes geomorfológicos os
processos que atuam sobre as formas das terras, ou seja, o que age para compor o formato, as formas de relevo da
terra. Os processos endógenos são chamados de processos formadores de relevo e os exógenos modeladores de relevo.
Processos endógenos
Os agentes internos são aqueles que atuam através da sismicidade do vulcanismo. A movimentação das placas tectônicas,
nos casos convergentes, é responsável por formar cordilheiras de montanhas. O derrame magmático pode formar ilhas e
domos vulcânicos. As placas tectônicas podem se movimentar tanto na horizontal, quanto na vertical.

A Formação da Terra
A geologia estuda o processo de composição e formação do
planeta terra. A terra se formou a cerca de 4,6 bilhões de anos.
Uma das teorias mais aceitas sobre a formação do planeta é a
teoria da Nebulosa, de Kant e Laplace. Ela fala sobre uma grande
nuvem de gás e poeira de estrelas que começa a entrar em colapso
pelas forças gravitacionais, criando forças de explosão e
agregando elementos químicos e causando um movimento de
giro num movimento orbital. Essas reações químicas causaram
um processo de aquecimento. Pode-se dizer com isso que a terra
num primeiro momento era uma grande bola de fogo e, posterior
a esse momento, houve um grande processo de resfriamento,
onde as rochas se formaram a partir desses aglomerados
minerais.
A fusão dos materiais ocorreu de forma que os elementos mais leves ficassem sobre a superfície, enquanto os mais pesados
foram para o interior da terra, causando a diferenciação da estrutura interna da terra, o núcleo interno composto de
ferro e níquel, elementos mais pesados, o manto, material submetido a altíssimas temperaturas e pressão, e a crosta, com
minerais mais leves como sílica e alumínio.
A crosta terrestre começou a se formar a cerca de 600 milhões de anos atrás. Após vários períodos de aquecimento e
resfriamento, a superfície que era mais instável e gasosa passa a se tornar mais estável, reduzindo também a ocorrência
desses eventos. Com isso, se solidificou uma grande massa de terra, o mega continente conhecido como Pangeia, a cerca
de 350 milhões de anos atrás. O processo de separação da Pangeia passa a ocorrer a cerca de 150 milhões de anos atrás.
Isto ocorreu há muito tempo e existe uma escala geológica para entendermos a evolução do planeta até como está hoje.
São esses períodos de evolução da terra, sendo o Cenozoico o mais recente;

1
Geografia

Eras geológicas
Era Período Principais Eventos Duração
Quaternário Surgimento do Homem
1 milhão de anos
Última Era do Gelo
Cenozoica Terciário Formação das montanhas
Surgimentos das aves 70 milhões de anos
Formação dos atuais Continentes
Cretáceo Divisão
Mesozoica Jurássico Extinção do Dinossauros 170 milhões de anos
Triássico Surgimento dos Dinossauros
Permiano Surgimento dos tipos de rocha
Carbonífero Formação das florestas
Devoniano Eras de Gelo
Paleozoica 320 milhões de anos
Siluriano Surgimento do primeiro Continente (Pangeia)
Ordoviciano Surgimento dos peixes e vegetais
Cambriano Surgimento dos répteis
Proterozoico Primeiras formas de vida
Pré-cambriana 4 bilhões de anos
Arqueozoico Formação dos escudos cristalinos

Teoria da Deriva Continental


Criada pelo alemão Alfred Wegener, na qual afirmava que há 200 milhões de anos não existia separação entre os
continentes, existia um único supercontinente, Pangeia, rodeado por um oceano, Pantalassa. Sua teoria era fundamentada
na coincidência entre os contornos dos continentes sul-americano e africano, além das semelhanças entre os tipos de rocha
e de fósseis de plantas e animais encontrados nesses continentes. Depois de milhões de anos, houve uma fragmentação
formando a Laurásia e Godwana. Infelizmente, ele não conseguiu explicar o motivo pelo qual os continentes se movem
e sua teoria foi esquecida após sua morte, em 1930. Em 1960, os geólogos americanos, Harry Hess e Robert Dietz,
resgataram a teoria de Wegener para fundamentar sua Teoria da Expansão dos Fundo dos Oceanos. Juntando os
pontinhos, criou-se a base para Teoria das Placas Tectônicas.

2
Geografia

Teoria da Tectônica de placas


As placas tectônicas são blocos da parte sólida da terra que se movimentam pela diferença de temperatura e pressão do
centro da terra. Elas flutuam sobre a astenosfera, onde o material pastoso está em estado de semifusão. Com o tempo,
viu-se que essas placas não estão à deriva, mas acompanham movimentos que explicam e remontam a posição continental
ao longo dos anos.
Sabe-se que a formação da terra está associada com a teoria da Deriva Continental, no qual as placas tectônicas, pedaços
rachados da crosta, se movimentam sobre um magma que está submetido a condições superiores de temperatura e pressão.
Esse calor gera o movimento convectivo, que quebra a crosta mais dura sobre esse magma.
Essa movimentação ocorre sempre para o mesmo sentido. Por exemplo, a placa sul-americana se separou da africana no
sentido oeste, num movimento divergente, abrindo o oceano Atlântico. Mas
do outro lado ela se encontra com a placa de nazca, num movimento
convergente, formando uma cordilheira de montanhas, os Andes. O limite
leste da placa sul-americana portanto está divergindo, mas o limite oeste está
convergindo.
Esse movimento de separação e convergência ocorre com a subducção das
placas. As placas continentais são menos densas, compostas de materiais
mais leves e tendem a sempre ficar por cima das placas oceânicas, mais
densas, que se reincorporam ao magma do interior da terra. No limite da placa
onde ocorre a convergência a placa mais densa se reincorpora ao material interno e a mais leve “cavalga” sobre a mais
densa, formando as cordilheiras de montanhas. No limite onde ela está divergindo há também interação entre a crosta e o
magma que se expele e solidifica, criando novos pedaços de placa e crosta, uma vez que o magma que ascende à crosta
perde temperatura e pressão e se solidifica. No limite de placas divergentes o material interno tende a ser expelido. Esse
movimento foi responsável pela abertura do oceano atlântico e pela formação da dorsal mesooceânica ou mesoatlântica,
uma cordilheira que está embaixo do oceano, criada por esse material expelido a partir da separação das placas.

3
Geografia

A dinâmica interna do planeta portanto está sempre em movimento, de modo que as porções continentais não são estáticas.
Sobretudo nas áreas de limite das placas, é onde essa movimentação se dá de forma mais intensa. Pode-se dizer que as
placas tectônicas se movem cerca de três centímetros ao ano em média. O material interno da terra está submetido sobre
grande pressão, buscando sair. Então nessas áreas limites é onde existe a maior incidência da liberação dessa energia
presa no interior da terra. Quando há a movimentação desses enormes pedaços do planeta, uma onda de energia é liberada.
Quando essa energia encontra a superfície na área continental, gera os terremotos, quando encontra a superfície na área
oceânica, gera os maremotos ou tsunamis, que vamos ver de maneira aprofundada posteriormente.
As placas, portanto, possuem três diferentes tipos de
encontro. No local onde as placas se chocam formam
limites convergentes, na parte que separam, limites
divergentes e na parte que as placas deslizam uma do lado
da outra, limite transformante. No movimento
transcorrente ou transformante, as placas nem se
chocam nem se divergem, mas deslizam uma ao lado da
outra. Esse atrito é responsável por gerar terremotos, e um
relevo de falhas ou riftes. Um grande exemplo disso é a
falha de San Andreas na Califórnia.

Formação de montanhas
Existem dois processos diferentes de formação de montanhas. O movimento horizontal das placas tectônicas é
denominado orogênese e está associado a formação de cadeias montanhosas. O movimento vertical, que pode ocorrer no
interior da placa continental é denominado epirogênese e está associado à formação de horst (bloco soerguido) e graben
(bloco rebaixado).
Epirogênese é quando o movimento tectônico ocorre verticalmente. São os chamados soerguimento e subsidência.

4
Geografia

Epirogênese negativa Epirogênese positiva

Orogênese; significa a formação de montanhas, quando os movimentos tectônicos se dão de maneira horizontal, a partir
do encontro de placas.

5
Geografia

Exercícios

1. No início do século XX, um jovem meteorologista alemão, Alfred Wegener, levantou uma hipótese que hoje se
confirma, qual seja: há 200 milhões de anos, os continentes formavam uma só massa, a Pangeia, que em grego
quer dizer “toda a terra”, rodeada por um oceano contínuo chamado de “Pantalassa”. Com a intensificação das
pesquisas, também se pode afirmar que, além dos continentes, toda a litosfera se movimenta, pois se encontra
seccionada em placas, conhecidas como “placas tectônicas”, que flutuam e deslizam sobre a astenosfera,
carregando massas continentais e oceânicas.
Muitas teorias foram elaboradas para tentar explicar tais movimentos e, recentemente, descobriu-se que a
explicação está relacionada:
a) ao vulcanismo que movimenta o magma.
b) ao princípio da isostasia (ísos = igual em força + stásis = parada).
c) ao princípio formador de montanhas conhecido por orogênese.
d) aos terremotos e vulcanismos, em razão de sua força na alteração das paisagens.
e) ao movimento das correntes de convecção que ocorrem no interior do planeta.

2. (Enem 2019)

Disponível em: https://hypescience.com. Acesso em: 1 dez. 2018 (adaptado).

A divisão política do mundo como apresentada na imagem seria possível caso o planeta fosse marcado pela
estabilidade do(a)
a) ciclo hidrológico.
b) processo erosivo.
c) estrutura geológica.
d) índice pluviométrico.
e) pressão atmosférica.

3. (Enem 2014)

6
Geografia

Disponível em: www.telescopionaescola.pro.br. Acesso em: 3 abr. 2014 (adaptado).

A partir da análise da imagem, o aparecimento da Dorsal Mesoatlântica está associado ao(à)


a) separação da Pangeia a partir do período Permiano.
b) deslocamento de fraturas no período Triássico.
c) afastamento da Europa no período Jurássico.
d) formação do Atlântico Sul no período Cretáceo.
e) constituição de orogêneses no período Quaternário.
4. A Litosfera é fragmentada em placas que deslizam, convergem e se separam umas em relação às outras à medida
que se movimentam sobre a Astenosfera. Essa dinâmica compõe a Tectônica de Placas, reconhecida inicialmente

7
Geografia

pelo cientista alemão Alfred Wegener, que elaborou a teoria da Deriva Continental no início do século XX, tal
como demonstrado a seguir.

As bases da teoria de Wegener seguiram inúmeras evidências deixadas na superfície dos continentes ao longo do
tempo geológico. Considerando as figuras e seus conhecimentos, indique o fator básico que influenciou o
raciocínio de Wegener.
a) As repartições internas atuais dos continentes no Hemisfério Norte.
b) A continuidade dos sistemas fluviais entre América e África.
c) As ligações atuais entre os continentes no Hemisfério Sul.
d) A semelhança entre os contornos da costa sul‐americana e africana.
e) A distribuição das águas constituindo um só oceano.

5. Leia o trecho abaixo

8
Geografia

Há 250 milhões de anos, no fim da Era Paleozoica, existia na Terra o supercontinente Pangeia, que era circundado
pelo Oceano Pacífico. Há 200 milhões de anos esse supercontinente teria começado a se fragmentar em vários
continentes, adquirindo, com o tempo, as configurações atuais. Essa teoria foi idealizada pelo meteorologista
Alfred Wegener. Ele concebeu a ideia de que os continentes seriam compostos por materiais mais leves que o
fundo oceânico. Desse modo, os continentes estariam “flutuando” e migrariam sobre o fundo oceânico, tal como
os icebergs.
SUGUIO, K., SUZUKI, U. A evolução geológica da Terra e a fragilidade da vida. São Paulo: Blücher, 2009. p. 18.

A teoria citada explicita a ideia de que


a) as áreas oceânicas mantêm-se inalteradas.
b) existem ciclos de movimentação das placas tectônicas.
c) há evidências de reações nucleares no interior do planeta.
d) movimentos convergentes predominam sobre os divergentes.
e) as placas tectônicas não sofrem alterações

6.

Sobre a figura acima, é possível afirmar que:


a) endossa didaticamente o princípio do Atualismo, empregado na análise físico-geográfica do mundo.
b) representa graficamente um dos argumentos da teoria de Alfred Wegener, que antecedeu a hipótese da
Expansão dos Fundos Oceânicos.
c) ilustra graficamente o princípio da superposição de camadas litológicas da litosfera, utilizado na análise
geológica.
d) representa didaticamente o princípio da Geografia Física, conhecido como “Princípio do Catastrofismo”,
defendido por Carl Troll.
e) exemplifica um sistema de projeção cartográfica, conhecido como Projeção Cilíndrica, empregado na análise
geográfica.

7. Observe abaixo a representação do supercontinente do sul.

9
Geografia

Disponível em: <http://www.reservataua.com.br/origens_geologicas_de_buzios_2.htm> Acesso em: 18 maio 2011.

Em 1912, a ideia do movimento dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria científica designada
"Derivados Continentes" e publicada em dois artigos pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener. Ele
argumentou que há cerca de 200 milhões de anos, ainda na Era Paleozoica, havia um supercontinente do sul
denominado:
a) Pantalassa.
b) Gondwana.
c) Laurásia.
d) Pangeia.
e) Litosfera.

8. Graben e Horst são formas de relevo associadas às falhas tectônicas.

Terra – feições ilustradas. UFRGS. 2003


No Brasil, os exemplos para I e II são, respectivamente,
a) Vale do Itajaí e Serra Geral.
b) Vale do Paraíba e Serra do Mar.
c) Planície Amazônica e Serra do Cachimbo.
d) Vale do São Francisco e Chapada Diamantina
e) Planície Costeira e Serra do Espinhaço.

9. Observe o mapa abaixo

10
Geografia

A partir do mapa, é correto afirmar que


a) a divergência das Placas Sul-Americana e Africana é responsável pela expansão do assoalho marinho no
Oceano Pacífico.
b) os terremotos ocorrem com frequência nos limites das placas tectônicas, como, por exemplo, na costa leste
da América do Sul.
c) grandes dobramentos modernos são formados na convergência das Placas Euro-Asiática e Indo-Australiana.
d) o movimento das placas tectônicas indica que a crosta terrestre não é estática e apresenta maior instabilidade
no interior dessas placas.
e) Os grabens se formam na área de contato das placas tectônicas onde o movimento é estático.

10. Tectônica de placas é uma teoria que demonstra a crosta terrestre formada por um conjunto de placa que deslizam
por causa das correntes de convecção no interior da terra. Muitas dessas falhas ocorrem nos oceanos, embora elas
possam se estender para o interior do continente, como por exemplo a Falha de San Andréas, na Califórnia, nos
Estados Unidos.

11
Geografia

Observe a gravura abaixo.

TEIXEIRA, Wilson e outros (org.) Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

Na gravura acima a letra “A” corresponde ao movimento da placa que exemplifica a origem da Falha de San
Andréas. Essa falha se movimenta com bordas
a) construtivas.
b) destrutivas.
c) transformantes.
d) divergentes.
e) Convergentes

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Geografia

Gabarito

1. E
O processo de formação da Terra associa-se ao fato de possuir um interior uma alta temperatura e pressão, sendo o
magma um fluido. Quanto mais próximo da superfície, menor a temperatura e pressão, quanto mais próximo do
núcleo maior é a pressão e respectivamente a temperatura. Tais diferenças resulta em um movimento do magma
denominado de correntes de convecção.

2. C
Na imagem observamos todos os países juntos como se formassem um supercontinente. Isso seria possível se não
tivéssemos o movimento das placas tectônicas, isto é, se tivéssemos uma estabilidade da estrutura geológica.

3. D
Para solucionar a questão é importante saber que a formação da Dorsal Mesoatlântica está associada à separação do
continente africano do continente europeu. A primeira imagem que apresenta uma fratura nesta localidade é a que se
refere ao Cretáceo.

4. D
A deriva continental resulta da dinâmica das placas tectônicas ao longo das Eras Geológicas. Uma das evidências da
deriva é o contorno dos continentes, a exemplo do “encaixe” entre a África e a América do Sul.

5. B
A deriva continental é explicada pela movimentação ininterrupta das placas tectônicas.

6. B
A figura representa a Pangeia, grande continente existente na Era Paleozoica e que depois foi fragmentado conforme
explica a Teoria da Deriva Continental.

7. B
Segundo a teoria da “Deriva dos Continentes”, elaborada por Alfred Wegener, havia originalmente uma única massa
emersa denominada Pangeia, que ao se dividir formou a Laurásia (América do Norte, Europa e Ásia) e a Gondwana
(América do Sul, África, Austrália, Antártica e parte da Ásia)

8. B
O Graben indica uma área baixa, correspondente ao Vale do Paraíba. O vale sempre está próximo de elevações como
serras, podendo ser elucidado como a Serra do Mar que fica principalmente no Rio de Janeiro.

9. C
A placa euroasiática e indo-australiana estão em convergência como mostra o mapa, formando uma área de muitos
dobramentos modernos.

10. C
A gravura A ilustra o movimento conhecimento como transformante entre as placas tectônicas.

13
Geografia

Vulcanismo e abalos sísmicos

Resumo

A relação entre vulcanismo e sismicismo


O vulcanismo e o sismicismo são processos que têm origem na dinâmica interna da Terra e mantêm estreita
relação entre si. Esta relação existe porque a atividade vulcânica pode ocasionar sismos no momento em
que o magma é expelido por uma alta pressão, assim como os tremores de terra podem gerar fraturas na
Terra, levando à ocorrência de atividade vulcânica. Ou seja, sismicidade e vulcanismo esculpem e/ou formam
o relevo da Terra. Esses fenômenos são mais frequentes em áreas de limites de placas tectônicas, pela
interação com o interior da terra se dar de maneira mais ativa, podendo liberar para a superfície esse material
ou causar tremores a partir do alívio de tensão geológica.

O que é vulcanismo?
Vulcanismo é o nome dado ao processo geológico que ocorre no interior da Terra e que alcança a superfície
terrestre. Neste processo, há o extravasamento do magma por uma abertura na superfície terrestre, chamada
de vulcão, estrutura geralmente cônica e montanhosa. Cabe destacar que o magma, ao chegar à superfície,
é chamado de lava.
A maioria dos vulcões surgem nos limites entre placas tectônicas, já que é nessas áreas que acontece maior
interação entre a crosta e o material interno da terra. Isso possibilita que, nesta área de instabilidade
tectônica, seja possível o extravasamento do magma. Um exemplo evidente disso é o Círculo de Fogo do
Pacífico, também conhecido como Anel de Fogo do Pacífico, uma área muito conhecida pelas ocorrências
de tremores de terra e atividade vulcânica, por ser uma área de limites de placas tectônicas. Existem
diferentes formas de liberação desse magma que variam de acordo com a morfologia do vulcão e também
da composição do material magmático.

Erupção
Saída do magma de maneira explosiva. O magma mais básico ou basáltico tende a ser menos destrutivo. Já
o magma granítico ou ácido, rico em sílica, normalmente possui mais dificuldade de sair, entupindo o duto
vulcânico. Quando ele consegue vencer esse entupimento, causa as explosões liberando nuvens de fumaça.
Importante também colocar que, se tratando de erupções, a fumaça cheia de gases e vapor em altíssimas

1
Geografia

temperaturas avinda dessa explosão pode ser muito nociva e causar mortes mesmo antes de algum contato
com a lava.

Erupção explosiva, Ilhas Kurilasw, Russia. Disponível em: "Vulcão de Fogo" Guatemala. Disponível em:
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm https://g1.globo.com/mundo/noticia/fluxo-piroclastico-
?infoid=272&sid=9 entenda-o-fenomeno-que-tornou-mortifera-a-erupcao-de-
vulcao-na-guatemala.ghtml

Erupção do Vesúvio – Pompeia. Disponível em:


https://conhecimentocientifico.r7.com/pompeia-a-cidade-petrificada-por-vulcao/

Derrame
O magma pode sair de maneira lenta. Pode ocorrer a partir de riftiamentos, com a abertura da terra criando
um caminho para o magma escorrer. Isso também depende da composição do magma, sendo o magma
mais básico ou basáltico, o típico desse tipo de liberação. O resfriamento vai ocorrendo e o material se
consolidando de forma mais lenta, formando assim as rochas basálticas. O solo advindo do intemperismo
químico dessas rochas é muito rico em minerais.

Disponível em: https://ferdinandodesousa.com/2018/08/01/o-derrame-de-trapp-e-a-formacao-dos-solos-de-terra-roxa/

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Geografia

Tipos de vulcão
Os vulcões podem ser classificados em três tipos:

• Ativos: são aqueles considerados perigosos, pois a qualquer momento estão sujeitos à atividade
eruptiva.
• Inativos: são aqueles que possuem condições de entrar em erupção, mas passam por momento de
calmaria.
• Extintos: já tiveram períodos de atividade vulcânica, mas, a curto prazo, não entraram em erupção.

Hotspots

Os hotspots (“pontos quentes”) se referem à atividade vulcânica intraplaca tectônica. São áreas no interior
de algumas placas tectônicas em que há a ocorrência de vulcões e a possibilidade de tremores de terra. Esse
tipo de vulcanismo origina vulcões isolados no interior das placas continentais, além de ilhas e vulcões no
interior de placas oceânicas, que são placas que se movimentam sobre um ponto quente fixo.

Sismicidade
Os sismos, também chamados de tremores de terra, abalos sísmicos ou terremotos, são fortes tremores de
terra originados pela liberação da energia acumulada no interior da Terra, gerando ondas sísmicas. Isso
ocorre porque o material que está no interior da terra está submetido a altos índices de temperatura e
pressão, onde essa energia tenta sempre sair.
Existem dois pontos portanto, a área do interior da terra onde
ocorreu a movimentação e liberou uma energia, e o ponto na
crosta terrestre onde essa energia chega e é sentida,
causando os tremores. São esses pontos;
• Hipocentro: região no interior da terra de onde a energia
é liberada;
• Epicentro: ponto na superfície onde o tremor se
manifesta;
Quando essa energia é liberada e encontra uma área continental, causando tremores, chamamos o evento
de terremoto. Quando essa tensão do interior da terra é liberada e encontra a superfície oceânica, damos o
nome de maremotos, que podem causar as ondas gigantes chamadas de tsunamis.

3
Geografia

Terremotos
O Brasil não é um país que possui experiência com terremos e abalos sísmicos no geral. Isso ocorre por
estarmos no centro de uma placa tectônica, e é nas regiões de limites de placa onde existe maiores
movimentações. Apesar disso, é possível que a tensão de dentro da terra provoque tremores no centro das
placas tectônicas.
Os terremotos podem ser classificados quanto a sua Magnitude e quanto a sua Intensidade:
• Magnitude: grau de energia liberado, o quão forte foi a ocorrência. É baseado em cálculos sismográficos,
as medições da intensidade e da força da energia liberada. A escala de medição mais comum para esse
tipo é a Escala Richter.
• Intensidade: não mede apenas a energia, mas a percepção humana e os estragos sociais. A medição
comum para esse tipo de medida é a Escala de Mercalli. Seu diferencial é que ela mede também os
danos causados pelo terremoto. Por exemplo, o Japão é um país desenvolvido que tem muita ocorrência
de tremores. Por isso suas construções urbanas são de certo modo preparadas para esses eventos.
Países mais pobres ou mesmo áreas no Japão onde a infraestrutura urbana adequada não atende todas
as pessoas terão também as maiores consequências desses eventos, e é isso que esse índice leva em
consideração.

Os maremotos
Os maremotos ocorrem quando a energia liberada decorrente
dos movimentos do interior da terra encontra o seu epicentro
em área oceânica e não continental. A propagação de energia
se dá de maneira diferente entre corpos sólidos e líquidos. A
assoalho oceânico ou as placas tectônicas oceânicas também
estão sujeitas a quebras e falhas, advindas da pressão do
interior da terra. Quando isso acontece, a energia propagada
causa um maremoto. Como resultado a esse evento, a
dinâmica de ondas também será afetada, podendo causar
ondas gigantes chamadas de tsunamis.

4
Geografia

Exercícios

1. Observe a imagem da Falha de Santo André, na Califórnia (EUA).

Disponível em: http://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/04/falha-de-san-andreas.jpg

A importante Falha de Santo André está relacionada


a) ao deslizamento horizontal entre as placas do Pacífico e Norte-Americana.
b) ao rebaixamento da placa de Nazca em relação à placa do Pacífico.
c) à meteorização da plataforma continental do litoral Pacífico.
d) à corrosão das rochas que formam o substrato cristalino californiano.
e) ao ravinamento das rochas resultante da semiaridez do oeste californiano.

2. (Enem 2017) De repente, ouve-se uma explosão. Espanto! Num instante, todos estão na rua.
Espetáculo alucinante, o topo do Vesúvio havia se partido em dois. Uma coluna de fogo escapa dali.
Logo depois é a agitação. Em volta começa a desabar uma chuva de projéteis: pedras-pomes, lapíli e,
às vezes, pedaços de rochas — fragmentos arrancados do topo da montanha e da tampa que obstruía
a cratera.
GUERDAN, R. A tragédia de Pompeia. Disponível em: www2.uol.com.br. Acesso em: 24 out. 2015 (adaptado).

A destruição da cidade relatada no texto foi decorrente do seguinte fenômeno natural:


a) Atuação de epirogênese recente.
b) Emissão de material magmático.
c) Rebaixamento da superfície terrestre.
d) Decomposição de estruturas cristalinas.
e) Metamorfismo de horizontes sedimentares.

5
Geografia

3. O vulcanismo é um dos processos da dinâmica terrestre que sempre encantou e amedrontou a


humanidade, existindo diversos registros históricos referentes a esse processo. Sabe-se que as
atividades vulcânicas trazem novos materiais para locais próximos à superfície terrestre. A esse
respeito, pode-se afirmar que o vulcanismo
a) é um dos poucos processos de liberação de energia interna que continuará ocorrendo
indefinidamente na história evolutiva da Terra.
b) é um fenômeno tipicamente terrestre, sem paralelo em outros planetas, pelo que se conhece
atualmente.
c) traz para a atmosfera materiais nos estados líquido e gasoso, tendo em vista originarem-se de
todas as camadas internas da Terra.
d) ocorre, quando aberturas na crosta aliviam a pressão interna, permitindo a ascensão de novos
materiais e mudanças em seus estados físicos.
e) é o processo responsável pelo movimento das placas tectônicas, causando seu rompimento e o
lançamento de materiais fluidos.

4.

TEIXEIRA et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

Sobre a dinâmica geológica apresentada, é correto afirmar que se


a) observa a geração de um sismo por liberação de esforços em uma ruptura.
b) evidenciam áreas de subducção com mergulho de uma camada sobre a outra.
c) percebem camadas que se comprimem e acumulam energia no núcleo terrestre.
d) destacam diferentes linhas de ruptura que propagam vibrações para a superfície.
e) ressalta uma zona de metamorfismo com deformação de rochas sedimentares químicas.

6
Geografia

5. As usinas geotérmicas são uma forma alternativa de geração de energia elétrica por utilizarem as
elevadas temperaturas do próprio subsolo em algumas regiões. Considere as informações do
esquema e do mapa a seguir:

O país cuja localização espacial proporciona condições ideais para amplo aproveitamento da energia
geotérmica é:
a) Islândia
b) Nigéria
c) Uruguai
d) Austrália
e) França

6. (Enem 2012) De repente, sente-se uma vibração que aumenta rapidamente; lustres balançam, objetos
se movem sozinhos e somos invadidos pela estranha sensação de medo do imprevisto. Segundos
parecem horas, poucos minutos são uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de um terremoto,
um tipo de abalo sísmico.
ASSAD, L. Os (não tão) imperceptíveis movimentos da Terra. Com Ciência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, n.º
117, abr. 2010. Disponível em: http://comciencia.br. Acesso em: 2 mar. 2012.

O fenômeno físico descrito no texto afeta intensamente as populações que ocupam espaços próximos
às áreas de
a) alívio da tensão geológica.
b) desgaste da erosão superficial.
c) atuação do intemperismo químico.
d) formação de aquíferos profundos.
e) acúmulo de depósitos sedimentares.

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Geografia

7. Forte terremoto atinge a cidade do méxico no aniversário do tremor de 1985


"Um terremoto de magnitude 7.1 atingiu o México na tarde desta terça-feira (19). O forte tremor foi
sentido em 18 municípios, incluindo a Cidade do México, onde edifícios caíram e pessoas estão
soterradas. Na atualização mais recente, as autoridades do pais confirmaram que ao menos 224
pessoas morreram na região central mexicana."
Reportagem do UOL noticias de 19/09/2017. Disponível em:<https://noticias.uol.com.br/internadonal/ultimas-
noticias/2017/09/19/terremoto-cidade-do mexico.htm>. Acesso em: 08 out.2017.

No que se refere à dinâmica da litosfera terrestre, podemos afirmar que

a) eventos como o que ocorreu recentemente no México estão diretamente relacionados com a
dinâmica das placas tectônicas.
b) a magnitude do terremoto retratado não tem capacidade de destruição em grande proporção, os
desastres ocorridos foram acarretados por ação humana.
c) os limites divergentes de placas tectônicas são os que desencadearam os maiores tremores já
registrados.
d) ocorrem grandes tremores quando duas placas tectônicas colidem, mas isso não provoca
deformação na sua estrutura.
e) surgem estruturas como as grandes cordilheiras, a exemplo dos Andes, Alpes e Himalaia, a partir
de movimentos divergentes de placas tectônicas.

8. Observe o mapa a seguir.

Disponível em: www.gfe-potsdam.de. Adaptado

Pautado na linguagem cartográfica e em aspectos naturais do planeta, o mapa reúne informações


acerca
a) da escassez hídrica, com predomínio nas parcelas meridionais das terras emersas.
b) do impacto antrópico, com ocupações urbanas concentradas nas bordas continentais.
c) do desmatamento, com maior ocorrência em áreas próximas à faixa equatorial.
d) do perigo sísmico, com maior suscetibilidade em áreas de limite de placas.
e) da poluição dos solos, com maior impacto em parcelas densamente povoadas.

8
Geografia

9. A figura abaixo apresenta a ocorrência de derrames basálticos na porção centro-sul do Brasil.

Sobre essa ocorrência, é correto afirmar:

a) Trata-se de uma manifestação eruptiva do Mesozoico, associada com o rifteamento que formou
o Oceano Atlântico, sendo uma das maiores manifestações vulcânicas da história geológica da
Terra. As alterações dessas rochas formam solos muito férteis, chamados de Nitossolos.
b) Trata-se de uma manifestação eruptiva do Quaternário, relacionada a uma série de hotspots
associados à bacia do Paraná. As alterações dessas rochas formam solos muito ácidos, que
acabam por dificultar as atividades agrícolas.
c) Corresponde a um evento vulcânico que foi ativo durante milhões de anos, associado à deriva
continental da América do Sul, em direção leste. As alterações dessas rochas formam solos
extremamente férteis, classificados atualmente como "Terras Roxas”.
d) Foi uma atividade vulcânica entre as maiores da história da Terra, que ocorreu durante o
Paleógeno (antigo Terciário Inferior), quando se iniciou a separação América do Sul-África. Os
solos desenvolvidos sobre essas rochas são extremamente férteis.
e) Corresponde a uma manifestação magmática do Terciário, associada ao processo de criação da
Dorsal Mesoatlântica, formada durante a separação da América do Sul e da África. Os solos
extremamente férteis são denominados Litossolos.

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Geografia

10. (Enem 2017) O terremoto de 8,8 na escala Richter que atingiu a costa oeste do Chile, em fevereiro,
provocou mudanças significativas no mapa da região. Segundo uma análise preliminar, toda a cidade
de Concepción se deslocou pelo menos três metros para a oeste, enquanto Santiago, mais próxima do
local do evento, deslocou-se quase 30 centímetros para a oeste-sudoeste. As cidades de Valparaíso,
no Chile, e Mendoza, na Argentina, também tiveram suas posições alteradas significativamente (13,4
centímetros e 8,8 centímetros, respectivamente).
Revista InfoGNSS, Curitiba, ano 6, n. 31,2010.

No texto, destaca-se um tipo de evento geológico frequente em determinadas partes da superfície


terrestre. Esses eventos estão concentrados em
a) áreas vulcânicas, onde o material magmático se eleva, formando cordilheiras.
b) faixas costeiras, onde o assoalho oceânico recebe sedimentos, provocando tsunamis.
c) estreitas faixas de intensidade sísmica, no contato das placas tectônicas, próximas a
dobramentos modernos.
d) escudos cristalinos, onde as rochas são submetidas aos processos de intemperismo, com
alterações bruscas de temperatura.
e) áreas de bacias sedimentares antigas, localizadas no centro das placas tectônicas, em regiões
conhecidas como pontos quentes.

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Geografia

Gabarito

1. A
A falha de santo André é um exemplo de movimento transcorrente em placas tectônicas, típicas de
placas continentais, que formam essa morfologia observada na imagem.

2. B
O texto descreve a destruição da cidade romana de Pompeia pela explosão vulcânica do Vesúvio. Como
resultado desse processo de erupção é possível observar a ascensão de material magmático em forma
de fragmentos de rochas, cinzas e lava vulcânica.

3. D
O vulcanismo pode ser compreendido didaticamente como um cano que libera a pressão do interior da
terra, expelindo o magma para fora. Ao chegar na superfície o magma se condensa podendo formar até
arcos de ilhas.

4. A
Observa-se a geração de sismo a partir da ruptura em um ponto profundo (hipocentro) de uma estrutura
geológica sedimentar. Após essa ruptura ocorre a liberação de energia que atinge a superfície no ponto
do epicentro.

5. A
A Islândia é conhecida mundialmente pela exploração de energia geotérmica, uma vez que seu território
se encontra no limite das placas eurasiana e norte americana.

6. A
Os terremotos ocorrem pela liberação da energia ocorrida numa movimentação de placas.

7. A
Terremoto é a propagação de ondas sísmicas causadas pela liberação de energia com a ruptura ou
acomodação de camadas da crosta e estão associadas as placas tectônicas.

8. D
O mapa indica a intensidade dos movimentos sísmicos do planeta, cujo hipocentro ocorre em bordas de
placas tectônicas quando há liberação de energia em razão dos movimentos da crosta.

9. A
Com a fragmentação da Gondwana e consecutiva separação entre a América do Sul e a África no
Mesozoico, ocorre um grande derrame vulcânico na região da Bacia Sedimentar do Paraná. Com o tempo,
o processo intempérico transformou essa rocha basáltica em um solo extremamente fértil, denominado
Terra Roxa, cientificamente conhecido como Nitossolo.

10. C
A propagação de ondas sísmicas tem sua origem em áreas de bordas de placas tectônicas, como a
Cordilheira dos Andes localizada em parte, no Chile.

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Geografia

Agentes externos: Intemperismo

Resumo

O processo de intemperismo, também conhecido como meteorização, consiste na


transformação/desintegração das rochas em fragmentos (sedimentos). O principal produto do
intemperismo é o solo. Esse processo de formação dos solos é denominado pedogênese.

Processo de formação do solo e seus horizontes a partir do processo intempérico. Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/.
Adaptado.

O intemperismo pode ser classificado em:


• Físico: Transformações que derivam de fenômenos físicos,
tais como a temperatura e a pressão. A temperatura é um
dos principais agentes desse tipo de intemperismo.
• Químico: Transformações que derivam de fenômenos
químicos, tais como a hidrólise, acidificação e a oxidação. A
água é um dos principais agentes.
• Biológico: Transformações que derivam da ação de seres
vivos e que frequentemente aparecem associadas à um dos
outros dois tipos de intemperismo. Alguns exemplos do
intemperismo biológico podem ser destacados, tais como,
a ação das minhocas, da decomposição de organismos e de
raízes de árvores
Na legenda do mapa, entenda intemperismo de grau muito fraco
como predomínio do intemperismo físico. Enquanto Mapa das regiões de intemperismo do Brasil
intemperismo de grau forte corresponde ao predomínio do
intemperismo químico.
Cabe destacar que as áreas mais secas têm predomínio do intemperismo físico, a exemplo do Sertão
Nordestino. As áreas mais úmidas têm o predomínio do intemperismo químico, a exemplo das áreas
litorâneas e da Amazônia brasileira.

1
Geografia

Mapa mental – Erosão e Intemperismo

Assista o QQD que deu origem a esse mapa clicando aqui.

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Geografia

Exercícios

1. Analise os diagramas

(Dirce Maria A. Suertegaray (org.). Terra: feições ilustradas, 2008. Adaptado.)

Esses diagramas demonstram o processo de


a) desintegração mecânica acompanhada pela decomposição química das rochas na exposição aos
agentes atmosféricos.
b) formação de novos aquíferos pela concentração de fluxos de água em terrenos arenosos.
c) metamorfismo sofrido por rochas magmáticas quando sujeitas ao calor e à pressão.
d) diastrofismo da crosta terrestre pelo falhamento da superfície ao longo das eras geológicas.
e) afloramento de rochas ricas em matéria orgânica na formação de novos escudos cristalinos._

2. As rochas são desagregadas e decompostas e os materiais resultantes de sua ação, tais como seixos,
cascalhos, areias, siltes e argilas, são carregados e depois depositados e, também, substâncias
dissolvidas na água podem precipitar. Em virtude de sua atuação, quaisquer rochas,
independentemente de suas características, podem ficar destacadas no relevo.
BELLOMO, H. R. et al. (Org.). Rio Grande do Sul: aspectos da geografia. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997 (adaptado).

O texto refere-se à modelagem do relevo pelos processos naturais de


a) magmatismo e fusão.
b) vulcanismo e erupção.
c) intemperismo e erosão.
d) tectonismo e subducção.
e) metamorfismo e recristalização.

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Geografia

3. Observe o diagrama abaixo. Esse diagrama representa a relação entre o intemperismo físico e químico
e o clima.

Fonte: PETERSEN, J. S. et al. Fundamentos de Geografia Física. São Paulo: Cengage Learning, 2014, p. 296.

Sobre o intemperismo físico e químico, podemos afirmar:

a) as regiões localizadas em baixa latitude e que possuem climas úmidos possuem intemperismo
químico menos intenso.
b) nas florestas tropicais úmidas e nos climas de monções, o intemperismo químico é mais
significativo do que o intemperismo físico.
c) nas regiões áridas e frias, onde o intemperismo químico predomina, as rochas tendem a ser mais
pontudas, angulares e recortadas.
d) o intemperismo físico é elevado nos climas úmidos de latitudes medianas, sendo evidenciado
pela profundidade dos solos e formas arredondadas.
e) o intemperismo químico é considerado mais intenso em regiões de baixa temperatura e média
precipitação.

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Geografia

4. Intemperismo é o nome que se dá ao conjunto de processos que modificam as rochas, fragmentando-


as (intemperismo físico) ou alterando-as (intemperismo químico). O predomínio de um tipo em relação
a outro, nas diversas regiões da Terra, vai depender das temperaturas, combinadas ao volume das
precipitações e do estado físico da água

Observando o mapa, é possível afirmar que nas regiões A, B e C, há predomínio, respectivamente, do


intemperismo
a) químico – físico – químico.
b) físico – químico – químico
c) químico – químico – físico
d) físico – físico – químico.
e) químico – físico – físico.

5. Tempo rei – Gilberto Gil


“A letra da canção enfoca o tempo e o espaço que transcorrem e transformam tanto a matéria quanto
o pensamento. Os versos da canção de Gilberto Gil, “Pães de Açúcar/ Corcovados/ Fustigados pela
chuva e pelo eterno vento”, podem referir-se a um conceito da geografia física, o qual “constitui o
conjunto de processos operantes na superfície terrestre que ocasionam a decomposição dos minerais
das rochas, graças à ação de agentes atmosféricos e biológicos”
Leinz, V. e Amaral, S. Geologia Geral.
O conceito acima referido é o:
a) Intemperismo;
b) Metamorfismo;
c) Magmatismo;
d) Maganicismo;
e) Tectonismo

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Geografia

6. "O solo não é estável, nem inerte; muito pelo contrário: constitui um meio complexo em perpétua
transformação, submetendo-se a leis próprias que regem sua formação, sua evolução e sua
destruição. Forma-se no ponto de contato da atmosfera, da litosfera e da biosfera; participa
intimamente nesses mundos tão diversos, pois mantém relações constitutivas com o mundo mineral,
assim como com os seres vivos."
Extraído de DORST, Jean. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política. São Paulo: ED. USP, 1973.

A partir do texto acima, é possível afirmar que:

a) Em áreas desmatadas, a velocidade de escoamento superficial é acelerada, e a água diminui sua


capacidade de transportar partículas sólidas em suspensão.
b) As características do solo não estão relacionadas com as formas de relevo e a drenagem da água
dos terrenos.
c) O tipo de solo predominante no Brasil é o permafrost, próprio das regiões de clima quente e úmido,
devido ao processo intenso de lavagem e dissolução dos sais minerais que o compõem - a
lixiviação.
d) O plantio de espécies leguminosas intercaladas entre os cultivos permanentes, como o café, não
garante o equilíbrio orgânico do solo e o protege da erosão.
e) Os solos se desenvolvem a partir de um processo lento de intemperismo físico e químico sobre
uma determinada rocha e sob a influência de seres vivos.

7. Examine a figura a seguir:

A figura ilustra o processo de


a) processo de desertificação em ambientes temperados.
b) formação de terraço fluvial.
c) origem e evolução de solos.
d) efeito da poluição dos neossolos, em face das atividades agrícolas.
e) conjunto de horizontes de uma dobra geológica.

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Geografia

8. (Enem 2015)

FONTES, M. P. F. Intemperismo de rochas e minerais. In: KER, J. C. et al. (Org.). Pedologia: fundamentos. Viçosa (MG): SBCS,
2012 (adaptado).

De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é característica de qual
tipo climático?
a) Tropical.
b) Litorâneo.
c) Equatorial.
d) Semiárido.
e) Subtropical.

9. Analise a imagem abaixo.

ECIENCIA-USP. Disponível em: <http://www.eciencia.usp.br/>. Acesso em: 24 de jul. 2013.

Trata-se da Pedra da Tartaruga, situada no Parque Nacional de Sete Cidades-PI, que retrata o
resultado do processo da desagregação de uma rocha. Nela, os minerais constituintes se dilatam

7
Geografia

quando aquecidos e se contraem quando resfriados. Seus principais agentes de intemperismos são a
variação de temperatura e a cristalização que ocorrem nas áreas de grande amplitude térmica,
desérticas e semiáridas.
O que caracterizou essa modelagem da Pedra da Tartaruga foi o intemperismo
a) cratônico.
b) biológico.
c) químico.
d) fluvial.
e) físico.

10. As variações de temperatura ao longo dos dias e noites nas diferentes estações do ano causam
expansão e contração térmica nos materiais rochosos, levando à fragmentação dos grãos minerais.
Além disso, os minerais, com diferentes coeficientes de dilatação térmica, comportam-se de forma
diferenciada às variações de temperatura, o que provoca deslocamento relativo entre os cristais,
rompendo a coesão inicial entre os grãos.

Todos os processos que causam desagregação das rochas, com separação dos grãos minerais antes
coesos e com sua fragmentação, transformando a rocha inalterada em material descontínuo e friável,
constituem o processo de
a) intemperismo físico.
b) laterização.
c) lixiviação.
d) formação das voçorocas.
e) ravinamento.

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Geografia

Gabarito

1. A
Os blocos diagramas demonstram o processo de intemperismo físico (desintegração mecânica) e
químico (decomposição química das rochas) resultando o processo de formação dos solos,
pedogênese.

2. C
O intemperismo físico (variação de temperatura) e químico (ação da água) é responsável pela
desagregação das rochas. A erosão consiste no desgaste da superfície com remoção de partículas
minerais (cascalho, argila, areia e silte) e matéria orgânica, com a ação de agentes exógenos, como a
água e o vento. Por vezes, a combinação desses processos leva à exposição de rochas na superfície,
inclusive os blocos chamados de matacões.

3. B
O intemperismo químico é mais significativo em áreas de clima úmido, como o clima monçônico e o
tropical.

4. D
Analisando a influência da temperatura, da precipitação e do estado físico da água temos a ocorrência,
respectivamente, de intemperismo físico e químico. A variação de temperatura das rochas, principal
fator do intemperismo físico, se deve ao constante aquecimento pelo sol seguido do brusco
resfriamento pelas chuvas. Com isso, as rochas contraem e dilatam continuamente, o que causa sua
fragmentação. Já nas regiões polares ou de grandes altitudes, a água congela nas fissuras das rochas
e as dilata, fragmentando-as em partes menores. A água, agente mais importante do intemperismo
químico, reage quimicamente com os minerais componentes das rochas, produzindo substâncias
ácidas que as corroem, o que favorece a degradação. Em regiões de climas tropicais, em que os índices
de umidade são elevados, o intemperismo químico é mais intenso.

5. A
O referido trecho da canção de Gilberto Gil faz referência ao processo de intemperismo que consiste na
alteração física, química ou biológica das rochas, que promove a degradação e enfraquecimento delas,
tornando-as mais suscetíveis à erosão.

6. E
O processo de pedogênese – formação de solos – se dá a partir do intemperismo que transforma uma
determinada rocha a partir da qual se desenvolve um determinado tipo de solo dotado de características
particulares.

7. C
A sequência de quadros da figura mostra a evolução de um perfil rochoso sofrendo intemperização e
formando os horizontes do solo.

8. D
Ao relacionar o diagrama e o mapa, é possível identificar que a região que apresenta um grau de
intemperismo muito fraco é aquela com baixas médias de precipitação (espaços de clima semiárido),
visto que a maior ocorrência do processo de intemperismo é decorrente das altas taxas de pluviosidade.
Por isso, o gabarito só poderia ser aquele que destaca o sertão nordestino brasileiro.

9. E
A imagem retrata uma área que está sujeita ao intemperismo físico, visto que ocorre a dilatação da
rocha devido à variação de temperatura.

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Geografia

10. A
O intemperismo físico é a desagregação física das rochas e seus minerais pela variação de temperatura.
Tal tipo de intemperismo predomina em regiões áridas e semiáridas.

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Geografia

Agentes externos: Erosão

Resumo

A erosão é um processo que consiste no desgaste, transporte e deposição dos sedimentos. Nesse sentido é
importante ficar atento aos tipos de erosão e respectivas formas que resultam de cada um desse processo.
Entre os tipos de erosão e suas formas é possível:

• Pluvial: Provocada pela precipitação que leva a formação de sulcos no solo, isto é, ranhuras ou
pequenas fissuras. Com o contínuo processo de escoamento superficial da água, essas ranhuras
evoluem para cicatrizes maiores, levando ao processo de ravinamento do solo e a formação de uma
voçoroca. É agravada pela remoção da cobertura vegetal para ocupação ou atividade agrícola. Nas
encostas, essa erosão produz os movimentos de massa, podendo levar a grandes perdas materiais e
humanas.

Adaptado de: https://professorjamesonnig.files.wordpress.com/

• Fluvial: Provocada pela ação dos rios e leva à formação de vales e cânions.

Adaptado de: http://s2.glbimg.com/

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Geografia

• Eólica: Provocada pela ação dos ventos e é comumente associada ao relevo em forma de taça.

Adaptado de: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/

• Marinha: Provocada pelo mar, principalmente a ação das ondas. É denominada abrasão marinha e
produz formas características, como a falésia.

Adaptado de: https://www.abc.net.au/

• Glacial ou nival: Provocada pela ação de geleiras, que conseguem carregar grandes massas. Formam
vales em forma de U, denominados fiordes. São grandes vales rochosos com paredões. Também
produzem as morainas e as estrias glaciares.

Adaptado de: https://wikimedia.org/

A erosão pode ainda ser agravada pelas ações antrópicas; dentre estas, cabe destacar as seguintes:

• Retirada da cobertura vegetal: em muitos casos, ao ocupar uma área, por exemplo, de encosta, o ser
humano aumenta a possibilidade de erosão. Isso ocorre porque, ao retirar a cobertura vegetal de um

2
Geografia

solo, este se torna mais vulnerável à infiltração da água das chuvas, pois as plantas e raízes que antes
a absorveriam não existem mais.
• Atividades mineradoras: a mineração também é um exemplo de causa humana da erosão. Isso porque
uma das etapas desta atividade é a retirada de parte do solo para a descoberta de um minério, o que
ocasiona a perda da estrutura de sustentação do solo, podendo levar à erosão das áreas próximas.

Mapa mental – Erosão e Intemperismo

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Geografia

Exercícios

1. […] causado pela água das chuvas, tem abrangência em quase toda a superfície terrestre, em especial
nas áreas com clima tropical, cujos totais pluviométricos são bem mais elevados do que em outras
regiões do planeta. O processo tende a se acelerar à medida que mais terras são desmatadas […] uma
vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, consequentemente, as chuvas incidem
direto sobre a superfície dos terrenos.
GUERRA, A. J. T. Geomorfologia urbana. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 2011.

O texto descreve um processo que pode ser acelerado com:


a) a manutenção da vegetação.
b) a construção de curvas de nível.
c) o planejamento urbano e ambiental.
d) o aumento da matéria orgânica do solo.
e) a construção nas encostas de morros.

2. (Enem 2010)

O esquema representa um processo de erosão em encosta. Que prática realizada por um agricultor
pode resultar em aceleração desse processo?
a) Plantio direto.
b) Associação de culturas.
c) Implantação de curvas de nível.
d) Aração do solo, do topo ao vale.
e) Terraceamento na propriedade.

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Geografia

3. (Enem 2017 PPL) A destruição, o transporte e a deposição de pequenos fragmentos rochosos


dependem da direção e intensidade com que este agente atua na superfície terrestre, sobretudo em
regiões áridas e semiáridas, com pouca presença de vegetação. É nesse ambiente que se verifica o
constante trabalho de formação, destruição e reconstrução de elevações de areia que recebem o nome
de dunas.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1995 (adaptado).

A modelagem do relevo apresentado relaciona-se ao processo de erosão decorrente da ação


a) glacial.
b) fluvial.
c) eólica.
d) pluvial.
e) marinha.

4. Enem 2017 PPL

SUERTEGARAY, D. M. A. (Org.). Terra: feições ilustradas. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

As características morfológicas do terreno estão representadas no bloco diagrama, que mostra uma
região acometida por processos erosivos decorrentes da
a) resistência geológica.
b) instabilidade do terreno.
c) profundidade do solo.
d) intervenção antrópica.
e) ação de cursos de água.

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Geografia

5.

Disponível em: http://www.botanic.com.br. Acesso em: 08/12/2013

A imagem mostra um dos maiores problemas da atualidade, a perda de solo devido à ocupação
irregular ou o mau aproveitamento da terra. O processo de destruição do solo mostrado na figura, uma
vez iniciado, não tem retorno, há medidas para conter seu avanço, mas não há garantias de
recuperação da fertilidade perdida. Esses buracos são chamados de
a) deslizamento.
b) voçoroca.
c) afundamento.
d) assoreamento.
e) lixiviação.

6. A figura representa o processo de evolução de uma forma de relevo associada à água

Assinale a alternativa que contém o tipo de paisagem, o processo geomorfológico atuante e o


resultado final.
a) Paisagem lacustre; sedimentação; desaparecimento do lago.
b) Paisagem marinha; assoreamento; falésia.
c) Paisagem fluvial; abrasão; terraço.
d) Paisagem pluvial; desmatamento; revegetação.
e) Paisagem desértica; pedimentação; dunas.

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Geografia

7. (Enem 2015)

SUERTEGARAY, D. M. A. (Org.). Terra: feições ilustradas. Porto Alegre: EdUFRGS, 2003 (adaptado).

A imagem representa o resultado da erosão que ocorre em rochas nos leitos dos rios, que decorre do
processo natural de
a) fraturamento geológico, derivado da força dos agentes internos.
b) solapamento de camadas de argilas, transportadas pela correnteza.
c) movimento circular de seixos e areias, arrastados por águas turbilhonares.
d) decomposição das camadas sedimentares, resultante da alteração química.
e) assoreamento no fundo do rio, proporcionado pela chegada de material sedimentar.

8. (Enem 2011) Um dos principais objetivos de se dar continuidade às pesquisas em erosão dos solos é
o de procurar resolver os problemas oriundos desse processo, que, em última análise, geram uma série
de impactos ambientais. Além disso, para a adoção de técnicas de conservação dos solos, é preciso
conhecer como a água executa seu trabalho de remoção, transporte e deposição de sedimentos. A
erosão causa, quase sempre, uma série de problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em
grandes áreas.
GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de
bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007 (adaptado).

A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, pode ser uma solução para evitar
catástrofes em função da intensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no caminho
contrário a essa solução é
a) a aração.
b) o terraceamento.
c) o pousio.
d) a drenagem.
e) o desmatamento.

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Geografia

9. (Enem 2018 PPL)

LEINZ, V. Geologia geral. São Paulo: Editora Nacional, 1989 (adaptado).

A causa da formação do curso-d'água encachoeirado, tal como ilustrado na imagem, é a


a) deposição de fragmentos rochosos.
b) circulação das águas em redemoinho.
c) quantidade de material sólido transportado.
d) escavação de caldeirões pelo turbilhonamento.
e) diferente resistência à erosão oferecida pelas rochas.

10. O conceito de erosão apresenta definições mais amplas ou mais restritas. A mais abrangente envolve
os processos de denudação da superfície terrestre de forma geral, incluindo desde os processos de
intemperismo de todos os tipos até os de transporte e deposição de material. Outro conceito, mais
restrito, envolve apenas o deslocamento do material intemperizado, seja solo ou rocha, por agentes
de transporte como a água corrente, o vento, o gelo ou a gravidade, produzindo formas erosivas
características.
R. Fairbridge. The Encyclopedia of Geomorphology, 1968. Adaptado.

Exemplo de processo ao qual se aplica o conceito mais restrito de erosão é


a) a formação de rochas.
b) a oxidação de rochas.
c) a formação de sulcos no solo.
d) a formação de concreções no solo.
e) o vulcanismo da crosta.

8
Geografia

Gabarito

1. E
A construção nas encostas de morros contribui para a aceleração do processo erosivo visto que exerce
um peso sobre o solo, solo este que em muitos casos já está instável devido à retirada de vegetação e
outras ações antrópicas somadas às condições naturais como incidência de chuvas, ocasionando os
chamados movimentos de massa.

2. D
Caso um agricultor promovesse a aração no solo representado no esquema isto intensificaria o
processo de transporte de sedimentos, isso porque a prática consiste em “soltar” a terra em que as
sementes serão depositadas, tornando-a mais fofa e permeável. Por outro lado, essa técnica contribui
para que o solo fique mais suscetível à erosão, visto que os sedimentos estarão menos agregados.

3. C
Em regiões áridas e semiáridas, com escassez de água, predomina o intemperismo físico
(desagregação das rochas pela variação de temperatura: dilatação e contração) e a erosão eólica
(desgaste da superfície com remoção de partículas minerais pelo vento). Esses processos levam à
modelagem das formas de relevo dessas regiões, como os inselbergs do semiárido do Sertão
Nordestino, os cogumelos (formas residuais) e as dunas nos desertos.

4. E
No bloco diagrama é possível observar a formação de vales fluviais bem como da rede de drenagem a
partir da ação de cursos de água. Não é possível observar intervenção antrópica e nem possuímos
informação sobre a profundidade dos solos. Não há indicação da instabilidade do terreno pela
existência de falhas e a resistência geológica não está bem definida para afirmar que o rio segue um
curso determinado por falhas.

5. B
O buraco apresentado pela imagem é chamado de voçoroca, fenômeno geológico que consiste na
formação de grandes buracos a partir da erosão, causados pela chuva principalmente, em solos onde a
vegetação é escassa e não mais protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por
enxurradas.

6. A
A evolução da paisagem apresentada evidencia uma consequência do processo erosivo em que
incialmente tem-se um lago que ao longo do tempo sofre o processo de sedimentação – acúmulo no
fundo do lago de sedimentos resultantes de processo erosivo – o que culmina no desaparecimento do
lago.

7. C
A forma resultante da ação erosiva – tendo como a gente as águas dos rios – aponta que o processo
que a originou foram sucessivos movimentos circulares, com a presença de sedimentos. Sendo assim,
a única opção que faz a descrição destes movimentos é a que fala sobre as águas turbilhonares com a
presença de seixos e areias.

8. E
É necessário conhecer os impactos do desmatamento e o nome de algumas técnicas que ajudam a
conservar o solo, visando não deixa-lo sobrecarregado, como o pousio. A questão é sobre impactos
ambientais, porém um conhecimento sobre os impactos da agricultura e algumas soluções auxiliariam
a resolver a questão.

9
Geografia

9. E
Conforme a figura, a formação da cachoeira deve-se a erosão diferencial provocada pela água do rio
nas rochas. A queda d’água ocorre onde a rocha oferece maior resistência à erosão remontante.

10. C
A erosão em seu conceito mais restrito limita-se ao transporte e sedimentação. Nesse sentido, a ação
da chuva pode levar a formação de feições erosivas no solo, como pequenos sulcos, que devido a
remoção de sedimentos, pode evoluir para uma ravina e, posteriormente, uma voçoroca.

10
Geografia

Estrutura Geológica (Arcabouço)

Resumo

A estrutura geológica refere-se à composição interna de uma determinada área, sua distribuição, idade e o
processo geológico que a formou, enquanto o relevo
refere-se à forma que a superfície terrestre assume.
Nesse sentido, a estrutura geológica pode conter
diferentes formas de relevo; em uma bacia sedimentar
(estrutura) é possível observar a formação de uma planície
ou de planaltos escarpados denominados chapadas. As
estruturas do relevo também chamadas de províncias
geológicas, são importantes para se compreender a
composição de um relevo de uma determinada localidade,
mesmo que se refira à uma área que pouco se conheça o
relevo. São três as estruturas geológicas conhecidas: os
Disponível em: https://slideplayer.com.br/. Adaptado.
dobramentos modernos, os maciços antigos e as bacias
sedimentares.

• Dobramentos modernos: formados a partir do choque entre placas tectônicas (movimento convergente
de placas) em que uma das placas desce e a outra soergue (dobra). Essa estrutura é chamada de
moderna pois, na escala geológica, teve origem em um período recente, o Cenozoico. A consequência
disto é a formação de um relevo pontiagudo, alto e pouco erodido e, devido à altitude e ao gradiente de
inclinação elevado, as áreas de dobramentos modernos tendem a possuir alto potencial hidrológico.
Cabe destacar ainda que são áreas propensas à ocorrência de terremotos e vulcanismos. A Cordilheira
dos Andes, na América do Sul, as Montanhas Rochosas na América do Norte e o Himalaia na Ásia, são
exemplos de dobramentos modernos.
• Maciços antigos ou escudos cristalinos: estrutura formada a partir de um processo lento, antigo e
resistente de formação que data do período Arqueano (entre 3,8 a 2,5 bilhões de anos atrás) e do
Proterozoico (entre 2,5 bilhões a 542 milhões de anos), ou seja, são formações Pré-cambrianas. É uma
formação de um relevo rebaixado, devido à ação erosiva, e mais arredondado. Cabe destacar que estes
escudos são ricos em diferentes minerais, principalmente, os metálicos, como ferro, manganês, estanho,
bauxita e cobre. No Brasil destacam-se o Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais, a Serra do Carajás no
Pará e o Maciço do Urucum no Mato Grosso do Sul, como importantes áreas de escudo cristalino e de
recursos minerais.
• Bacias sedimentares: são áreas mais baixas formadas pela deposição de sedimentos que levam à
formação de camadas de deposição. O acesso à esta estrutura é muito disputado pelos países, isso
porque nessas áreas chega também matéria orgânica que pela ação da pressão se transforma em
combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral e xisto). Um exemplo de bacia sedimentar é
a região do Golfo Pérsico, no Oriente Médio, que conta com extensas áreas de exploração de petróleo.
No Brasil, a maior disponibilidade de petróleo está localizada nas bacias costeiras como a de Campos
e a Santos.
No caso brasileiro só existem duas estruturas geológicas que compõem o território, os maciços antigos,
representando 36%, e as bacias sedimentares, com 64%.

1
Geografia

Exercícios

1. Observe a estrutura geológica esboçada a seguir.

Nesse esboço, a seta está indicando a seguinte estrutura:


a) bacia sedimentar.
b) dobra assimétrica.
c) fiorde.
d) falha geológica.
e) domo.

2. A Eurásia apresenta uma grande variedade de compartimentos de relevo, explicados pelas ações
tectônicas, morfoclimáticas e litológicas. Afigura esquemática a seguir explica, didaticamente, a
gênese de um importante compartimento de relevo dessa região do planeta.

Fonte www.google com.br

Assinale a alternativa que indica o principal compartimento de relevo representado na figura.


a) Península Arábica
b) Cordilheira do Himalaia
c) Planície do Ganges
d) Península da Indochina
e) Peneplano soerguido da Rússia

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Geografia

3. A estrutura geológica do Brasil é basicamente constituída por crátons (ou escudos cristalinos e
maciços antigos) e bacias sedimentares. Essas últimas são predominantes, ocupando cerca de 60%
do território, o que pode indicar:
a) uma boa disponibilidade de combustíveis fósseis
b) a predominância de áreas de planície
c) a ausência de depressões relativas
d) uma acentuada amplitude altimetria
e) a não existência de terras verdadeiramente férteis

4. Leia o texto e analise os mapas.


As terras-raras formam um grupo de 17 elementos químicos, com propriedades muito semelhantes
entre si, em termos de maleabilidade e resistência, que permitem aplicações diversas. Indispensáveis
à indústria de alta tecnologia, elas estão no centro de uma disputa global. As maiores reservas em
potencial estão situadas no Brasil. A extração e principalmente o refino das terras-raras são, porém,
altamente poluentes; por esta razão, cientistas estudam novos meios de exploração e novas
aplicações que poluam menos.

(Martha San Juan França. Terras que valem ouro. Unesp Ciência, abril de 2012. Adaptado.) (IBGE. Atlas Geográfico Escolar,
2009. Adaptado.)

De acordo com a leitura do texto e a observação dos mapas, é correto afirmar que as duas maiores
concentrações de reservas de terras-raras estão localizadas nas regiões de integração e
desenvolvimento do
a) Oeste e Araguaia-Tocantins.
b) Sudoeste e Sul.
c) Arco Norte e Madeira-Amazonas.
d) São Francisco e Transnordestino.
e) Sudeste e Transnordestino.

3
Geografia

5. Atente à seguinte definição de minerais:


“Minerais são elementos ou compostos químicos com composição definida dentro de certos limites,
cristalizados e formados naturalmente por meio de processos geológicos inorgânicos
Filho. J. B. M.; Atendo. D.; McReath. I. In: Teixeira, Wilson. Decifrando a Terra. São Paulo, 2000. p. 28.

Os minerais são muito importantes para o homem em todos os aspectos, desde a alimentação até os
processos industriais. No entanto, os processos e fatores ligados às suas origens
a) estão intimamente ligados às condições físicas locais e aos elementos químicos.
b) limitam-se apenas às condições presentes no interior da Terra.
c) estão presentes somente na superfície da Terra, e nas áreas oceânicas.
d) são eminentemente químicos, não sofrendo as influências das condições de temperatura e
pressão.
e) não se relacionam com a estrutura geológica e são encontrados por acaso em diferentes
condições.

6. Leia o texto que descreve uma estrutura geológica localizada na porção ocidental da América do Sul:
Observamos como principais características da estrutura o fato de ser um relevo mais recente que o
encontrado no restante do continente, bem como o fato de apresentar áreas de instabilidade
geológica. Além do retratado observamos sinais de vulcanismo ativo e de tectonismo recente.
A leitura do texto nos permite afirmar que a estrutura geológica encontrada pode se tratar de um(a):
a) Escudo cristalino
b) Bacia Sedimentar
c) Plataforma cratônica
d) Dobramentos modernos
e) Maciços antigos

7. (Enem 2012) As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por
muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas
metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas
antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a
das Guianas, a Sul amazônica e a São Francisco.”
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

As regiões cratônicas das Guianas e a Sul amazônica têm como arcabouço geológico vastas
extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e
estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).
b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro.
c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país.
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural.
e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura.

4
Geografia

8. No Brasil encontramos grandes depósitos importantes de minérios. Parte destes minerais


encontrados são metálicos e estão presente em 4% do território brasileiro. O que poucos sabem é que
os minerais metálicos não são renováveis, ou seja, a natureza não repõe.
Disponível em: <http://www.citra.com.br/minerais-metalicos-no-brasil/>Acesso em: 14 de fev. 2015

A ocorrência, no território brasileiro, do recurso natural apresentado está relacionada


a) à antiguidade de sua estrutura geológica associada a afloramentos cristalinos.
b) à formação de bacias sedimentares acompanhada de processos erosivos.
c) à geração de dobramentos modernos seguida de intemperismo físico.
d) aos processos tectônicos da era cenozoica coligada a formação de rochas metamórficas.
e) a deposição de sedimentos orgânicos ao longo do tempo geológico.

9. Todos os continentes têm um núcleo de crosta continental estável, total ou amplamente formado por
rochas pré-cambrianas com estruturas complexas, normalmente gnáissicas e xistosas, e injetadas
por batólitos graníticos.
ADAS, M. Panorama geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 2001.

Sobre a estrutura geológica descrita, pode-se afirmar:


a) Possui importantes jazidas de combustíveis fósseis e de minerais não metálicos.
b) Corresponde a grandes curvamentos, resultantes de forças tectônicas orogenéticas antigas.
c) Apresenta sedimentação contínua, causada por agentes externos, como a água, o vento e a
temperatura.
d) Configura-se como planícies fanerozoicas ou assumem feições de depressões interplanálticas.
e) Apresenta relevos rebaixados, por sofrer intenso processo erosivo, no decorrer do tempo
geológico.

10. Observe o mapa.

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Geografia

No mapa observa-se a distribuição das indústrias siderúrgicas no país, além de uma mancha escura
sem legenda. Essa mancha no Sul do país possui intima ligação com a distribuição desse tipo de
indústria.
Essa mancha pode ser identificada como:
a) Gasoduto Bolívia-Brasil
b) Maciço do Urucum
c) Cinturão Carbonífero
d) Hidrovia Tietê-Paraná
e) Quadrilátero Ferrífero

6
Geografia

Gabarito

1. A
O esboço representa uma depressão preenchida por sedimentos correspondendo, portanto, ao conceito
de bacias sedimentares.

2. B
A ilustração destaca o cavalgamento das placas tectônicas formando a Cordilheira do Himalaia, um
dobramento moderno.

3. A
Os combustíveis fosseis são formados em áreas de bacias sedimentares que facilitam a formação de
petróleo e gás natural.

4. E
A maioria das terras-raras, recursos minerais estratégicos para a indústria de alta tecnologia e com
reservas limitadas na crosta terrestre, localizam-se nas regiões de integração e desenvolvimento do
Sudeste e Transnordestino. São exemplos as reservas de lítio em MG e no CE.

5. A
Em sua maioria, os minerais apresentam formação natural, composição química definida e estado físico
sólido. A formação está associada a características e processos ambientais físicos e químicos.

6. D
O texto apresenta as características da estrutura chamada dobramentos modernos. Este tipo de
estrutura surgiu na Era Cenozoica e corresponde às formas jovens de relevo e por isso são mais flexíveis
e maleáveis. Situam-se nas regiões de encontro de placas tectônicas onde, devido à pressão ocasionada
pelo movimento convergente em que uma placa desce e a outra soergue, as rochas – magmáticas e
sedimentares – são deformadas, formando as montanhas. Alguns exemplos são a Cordilheira do
Himalaia, os Alpes e os Andes.

7. A
Os escudos cristalinos (crátons) são estruturas geológicas muito antigas que datam do pré-cambriano.
Essas áreas se caracterizam pela formação de minerais metálicos, tais como ferro, ouro e manganês.

8. A
As principais jazidas de minerais metálicos são encontradas em áreas de maciço antigo / escudo
cristalino (rochas magmáticas intrusivas e metamórficas) formados no Pré-Cambriano. Assim, a
ocorrência desses minerais no território brasileiro está associada a antiguidade de sua estrutura
geológica.

9. E
O texto refere-se aos Escudos Cristalinos, a estrutura geológica mais antiga (Eon Pré-Cambriano) e
integrada principalmente por rochas magmáticas intrusivas (granito) e metamórficas (gnaisse). Devido
à idade, estas estruturas foram bastante desgastadas pela erosão dando origem na superfície a
depressões e planaltos com média e baixa altitude.

10. C
O mapa mostra a localização das mais importantes reservas de carvão mineral encontrada no território
brasileiro, este encontrado nas bacias sedimentares da região Sul. Neste sentido, as indústrias
siderúrgicas por se utilizarem deste recurso como principal matéria prima no processo produtivo, se
localizam próximas à estas reservas.

7
Geografia

Relevo brasileiro e as riquezas minerais

Resumo

O relevo brasileiro formou-se sobre estruturas geológicas compostas, principalmente, por bacia sedimentar
(64% do território) e escudo cristalino (36% do território). Nesse sentido, caracteriza-se pelo predomínio de
áreas de médias e baixas altitudes, já que não há dobramentos modernos, uma vez que o território brasileiro
está no meio da placa tectônica. Maciços antigos ou escudos cristalinos são ricos em minerais metálicos,
nesse sentido as províncias minerais que se destacam no Brasil são: Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais,
a Serra do Carajás no Pará e o Maciço do Urucum no Mato Grosso do Sul. As Bacias sedimentares são
caracterizadas pela grande riqueza em combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral e xisto).
No Brasil, a maior disponibilidade de petróleo está localizada nas bacias sedimentares costeiras como a de
Campos e a de Santos.

Classificações do relevo brasileiro


A primeira classificação do relevo brasileiro foi
proposta por Aroldo de Azevedo, em 1949, e tinha por
critério a altitude, isto é, o nível altimétrico das
estruturas. O relevo foi dividido em planalto e planície.
A segunda classificação foi de Aziz Ab’Saber, proposta
em 1962. Adotou-se um critério baseado em
processos geomorfológicos – erosão e intemperismo.
O relevo seria então formado por planícies, em que
predominam a sedimentação, e por planaltos, em que
predominam a erosão. A terceira e atual a classificação
foi proposta por Jurandyr Ross, que se baseou nos
estudos anteriores e no projeto RadamBrasil, que
realizou mapeamento sistemático do território
brasileiro com o auxílio de imagens aéreas. Essa
classificação utilizou como critérios o processo de
formação das formas de relevo, o nível altimétrico e a
estrutura geológica do terreno. De acordo com essa
classificação, o relevo brasileiro pode ser dividido em Disponível em: https://www.slideshare.net/agendab/slide-relevo-brasileiro
28 unidades, sendo elas áreas de:
• Planaltos: Áreas de médias a altas altitudes, com superfícies irregulares e predomínio de processos de
erosão. De acordo com essa classificação, as áreas de planalto no Brasil constituem onze unidades do
relevo: Planalto da Amazônia Oriental, Planalto da Amazônia Ocidental, Planalto e Chapadas da Bacia
do Parnaíba, Planalto e Chapadas da Bacia do Paraná, Planaltos Residuais Norte-amazônicos, Planaltos
Residuais Sul-amazônicos, Planaltos e Chapadas dos Parecis, Planalto da Borborema, Planalto sul-rio-
grandense, Planalto e Serras do Atlântico Leste, Planaltos e Serras de Goiás-Minas, Serras Residuais do
Alto Paraguai.
• Planícies: Superfícies, geralmente planas e de baixa altitude, formadas a partir do acúmulo de
sedimentos de origem marinha, lacustre ou fluvial. Segundo essa classificação, o país possui seis áreas
de planície: Planície do Rio Amazonas, Planície do Rio Araguaia, Planície e Pantanal do Rio Guaporé,
Planície e Pantanal do Rio Paraguai ou Mato-grossense, Planície das Lagoas dos Patos- Mirim,
Planícies e Tabuleiros Litorâneos.

1
Geografia

• Depressões: Áreas formadas a partir de processos erosivos nas áreas de contato entre as bacias
sedimentares (material menos resistente) e os maciços cristalinos (material mais resistentes). Nessa
classificação, o Brasil possui onze unidades de depressões: Depressões Marginal Norte-amazônica,
Depressão Marginal Sul-amazônica, Depressão do Araguaia, Depressão Cuiabana, Depressão do Alto
do Paraguai-Guaporé, Depressão do Miranda, Depressão Sertaneja e do Rio São Francisco, Depressão
do Tocantins, Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e Depressão Periférica Sul-rio-
grandense.

Outras formas do relevo brasileiro


• Escarpa: forma de relevo localizada nas bordas dos planaltos que apresenta declive acentuado. Existem
dois tipos, a escarpa de falha, originada a partir de movimento tectônico, e a escarpa de erosão,
originada pela ação dos agentes externos. Exemplo: Escarpada Serra do Mar (SP).
• Cuesta: forma de relevo com declividade suave de um lado e declividade abrupta em outro, originada
pela ação dos agentes externos sobre rochas que apresentam diferentes resistências. Exemplos:
Cuesta de Botucatu (SP).
• Chapada: relevo de altitude considerável, em formato tabular e encostas escarpadas, encontradas no
Nordeste e Centro-Oeste. Exemplo: Chapada Diamantina (BA).
• Morro ou monte: forma do relevo que corresponde a uma elevação no terreno de topo arredondado.
Exemplo: Monte Pascoal (BA).
• Montanha: relevo protuberante, com o cume definido. Na maioria das vezes tem a origem associada ao
choque entre placas tectônicas, contudo, pode ter também como origem o vulcanismo. A um conjunto
de montanhas dá-se o nome de cordilheira. Exemplo: Pico da neblina (AM).
• Inselberg: forma do relevo que é uma protuberância encontrada em áreas que apresentam o clima árido
ou clima semiárido e que foi formada pela maior resistência à erosão do que a área no seu entorno.
Exemplo: Inselberg de Itaberaba (BA).

Disponível em: https://lyrics-letra.com/PT/Ensino-Fundamental. Adaptado.

2
Geografia

Exercícios

1. “A Amazônia, até o Terciário Médio, comportava-se como um paleogolfão[1] da fachada pacífica do


continente, intercalado entre os terrenos do escudo guianense e o escudo brasileiro. Era uma espécie
de mediterrâneo de “boca larga”, voltada para o oeste. Quando se processou o desdobramento e
soerguimento das Cordilheiras Andinas, restou um largo espaço no centro da Amazônia, exposto à
sedimentação flúvio-lacustre e fluvial extensiva.”
Aziz Nacib Ab’ Saber (1924-2012) Escritos Ecológicos. São Paulo:Lazuli Editora, 2006- p. 130-131. Adaptado

Glossário:
Paleogolfão: ampla reentrância da costa, com grande abertura, constituindo em amplas baías,
constatada em antiga era geológica.

As características atuais do domínio morfoclimático amazônico têm sua origem na dinâmica dos
processos naturais que ocorreram no passado, conforme explica o geógrafo Aziz Ab S
́ aber. Sobre
esses processos mencionados, avalia-se que
a) contribuíram para a formação das planícies e dos tabuleiros.
b) favoreceram a gênese da bacia sedimentar.
c) alteraram a direção da drenagem, de leste para oeste.
d) atenuaram as características do clima regional.
e) provocaram a expansão do cerrado sobre a floresta

2. “As altitudes do relevo brasileiro são, em geral, modestas. O ponto mais alto do país não ultrapassa
os 3 mil metros: o pico da Neblina (2993m), perto da fronteira do Amazonas com a Venezuela. Cerca
de 41% do território nacional tem, no máximo, 200m de altitude; 78% tem até 500m; e 92,7% até 900m
de altitude”.
Adaptado de: VESENTINI, J. W. Brasil: sociedade e espaço. Geografia do Brasil. 32º edição. São Paulo: Editora Ática, 2006.
p.252.

As características descritas acima indicam que o relevo brasileiro é:

a) bastante acidentado, com elevada incidência de dobramentos modernos.


b) diretamente influenciado pelas ações recentes de tectonismos.
c) geologicamente antigo, portanto mais desgastado.
d) pouco transformado pelos agentes erosivos e intempéricos.
e) totalmente aplainado, com poucas áreas de depressão.

3
Geografia

3. A mineração é o ato de extrair minerais existentes nas rochas e/ou nos solos. É uma atividade
econômica que tem importância significativa para muitos países. O principal minério exportado pelo
Brasil é o de ferro. A formação desse minério esta relacionada com as lentas transformações
geológicas da Terra e ele é encontrado na natureza na forma de rochas, misturado com outros
compostos. Por meio de diversos processos, esse minério é beneficiado para poder ser
comercializado.

No Brasil, a extração do minério de ferro ocorre principalmente em


a) bacias sedimentares recentes.
b) dobramentos modernos.
c) depressões absolutas.
d) escudos cristalinos.
e) planícies costeiras.

4. O município de Caçapava do Sul/RS está localizado em uma formação geológica de escudos


cristalinos antigos. Suponha que a prefeitura local pretende estimular a pesquisa e o aproveitamento
econômico dessa área. Que minérios poderíam ser encontrados nesse tipo de formação geológica?
Marque a alternativa que contém os minérios encontrados nessa formação geológica.
a) Granito, ouro, quartzo, carvão mineral.
b) Ouro, cobre, zinco, chumbo.
c) Carvão mineral, ouro, xisto betuminoso, granito.
d) Calcário, granito, ouro, carvão mineral.
e) Granito, xisto betuminoso, carvão mineral, chumbo.

5. Para a atual proposta de identificação das macrounidades do relevo brasileiro, elaborada por Ross
(1989), foram fundamentais os trabalhos de Ab’Saber e os relatórios e mapas produzidos pelo
Projeto Radambrasil. Ross passou a considerar para o relevo brasileiro, conforme as suas origens, as
unidades de planaltos, depressões e planícies.
Adaptação: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005.
Quais as unidades do relevo brasileiro que, de acordo com a gênese, segundo Ross, são resultantes
de deposição de sedimentos recentes de origem marinha, lacustre ou fluvial?
a) Planícies.
b) Depressões.
c) Planaltos cristalinos.
d) Planaltos orogenéticos.
e) Planaltos residuais.

4
Geografia

6. O relevo terrestre é fortemente influenciado pela estrutura geológica. Por exemplo, o tipo de rocha e a
sua disposição na parte superficial da litosfera exercem um papel destacado na definição
das morfoestruturas, como pode ser observado na fotografia a seguir.

Pelas características morfológicas e estruturais, é possível afirmar que esse compartimento de relevo
é do tipo
a) Morfoestrutura tabular.
b) Morfoestrutura dômica.
c) Morfoescultura de planície lacustre.
d) Morfoescultura de crista dissecada.
e) Morfoestrutura de arqueamento.

7. Do ponto de vista tectônico, núcleos rochosos mais antigos, em áreas continentais mais
interiorizadas, tendem a ser os mais estáveis, ou seja, menos sujeitos a abalos sísmicos e
deformações. Em termos geomorfológicos, a maior estabilidade tectônica dessas áreas faz com que
elas apresentem uma forte tendência à ocorrência, ao longo do tempo geológico, de um processo de
a) aplainamento das formas de relevo, decorrente do intemperismo e da erosão.
b) formação de depressões absolutas, gerada por acomodação de blocos rochosos.
c) formação de canyons, decorrente de intensa erosão eólica.
d) produção de desníveis topográficos acentuados, resultante da contínua sedimentação dos rios.
e) geração de relevo serrano, associada a fatores climáticos ligados à glaciação.

8. As áreas de planície no Brasil estão basicamente situadas nas proximidades de grandes rios, lagos e
em algumas zonas costeiras. Dentre essas áreas, merece destaque a planície do Rio Amazonas, que
basicamente segue o leito principal do Rio Amazonas e de alguns de seus afluentes. Existe, nesse
contexto, um debate sobre a possibilidade do aproveitamento das águas desse rio para a construção
de hidrelétricas, o que pode ser considerado como algo:
a) não recomendado, pois a elevada declividade do terreno não favorece a criação de barragens.
b) recomendado, em função da possibilidade de rápido armazenamento das águas nas áreas mais
planas.
c) recomendado, pois as áreas da planície amazônica favorecem a intervenção humana sem
grandes prejuízos ambientais.
d) não recomendado, haja vista que áreas de planície não possuem uma queda d'água acentuada
para a instalação de barragens e turbinas.
e) Recomendado, em função da baixa declividade o que aumenta a velocidade do rio e a
possibilidade de geração de energia

5
Geografia

9. Esta foto ilustra uma das formas do relevo brasileiro, que são as chapadas

É correto afirmar que essa forma de relevo está


a) distribuída pelas regiões Norte e Centro-Oeste, em terrenos cristalinos, geralmente moldados
pela ação do vento.
b) localizada no litoral da região Sul e decorre, em geral, da ação destrutiva da água do mar sobre
rochas sedimentares.
c) concentrada no interior das regiões Sul e Sudeste e formou-se, na maior parte dos casos, a partir
do intemperismo de rochas cristalinas.
d) restrita a trechos do litoral Norte-Nordeste, sendo resultante, sobretudo, da ação modeladora da
chuva, em terrenos cristalinos.
e) presente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, tendo sua formação associada, principalmente, a
processos erosivos em planaltos sedimentares

10. Observe o mapa.

Assinale a alternativa que contém as formas de relevo predominantes em cada porção do território
brasileiro indicada, de acordo com a classificação de Ross.
a) Faixa litorânea: depressões.
b) Amazônia Legal: planícies.
c) Fronteira com o Mercosul: planaltos.
d) Região Sul: planícies.
e) Pantanal: planaltos

6
Geografia

Gabarito

1. B
Quando ocorreu o afastamento do escudo das Guianas e do escudo brasileiro formou-se a bacia
sedimentar amazônica, a qual foi em parte alagada, formando assim os rios da região, e possibilitando
a expansão de espécies vegetais que originaram os recursos encontrados ali.

2. C
O relevo brasileiro é composto por maciços antigos, estruturas antigas que já foram bastante
intemperadas e por isso perderam a altitude. Se difere dos dobramentos modernos por exemplo que
são as grandes cordilheiras, formadas mais recentes no tempo geológico.

3. D
As jazidas de minerais metálicos como ferro, manganês e níquel são encontradas em Escudos
Cristalinos (rochas magmáticas e metamórficas) formadas no Pré-Cambriano (Era Proterozoica).

4. B
Os minerais metálicos são recursos minerais associados aos escudos cristalinos e, portanto, ouro,
cobre, zinco e chumbo são encontrados essa região.

5. A
As planícies são áreas onde predomina a sedimentação, enquanto nos planaltos predomina a erosão.

6. A
Pela imagem podermos perceber a formação de chapadas, de origem sedimentar, com topo aplainado
em formato tabular.

7. A
Os escudos cristalinos apesar de serem uma estrutura do relevo composta por rochas resistentes, por
ser a mais antiga estrutura (datam da Era Pré-cambriana), encontra-se a muito tempo exposta às
intempéries e aos processos erosivos, o que origina formas do relevo mais aplainadas e de média a
baixa altitude.

8. D
A instalação de barragens deve contar com a declividade, que aumenta a potência do rio em gerar
energia.

9. E
As chapadas correspondem à um relevo de altitude considerável, em formato tabular e encostas
escarpadas, encontradas no Nordeste e Centro-Oeste. Exemplo: Chapada Diamantina (BA).

10. C
A partir do mapa verifica-se corretamente que na fronteira do Brasil com países como Paraguai, Uruguai
e Argentina, que compõem o Mercosul, há a presença de planaltos.

7
Geografia

Clima: elementos e fatores

Resumo

Ao estudar a dinâmica atmosférica é importante entender a diferença entre clima e tempo. Nesse sentido,
tempo refere-se à condição momentânea da atmosfera, se está chovendo, nebuloso ou ensolarado. Enquanto
clima refere-se a sucessão habitual do tempo atmosférico em determinada região por um período de 30 anos.
Por exemplo, o clima equatorial significa que é possível observar elevadas temperaturas e precipitação
naquela região. Feita a diferenciação entre clima e tempo, é importante o aprofundamento sobre os fatores e
elementos dos vários tipos de clima, aspectos igualmente importantes para o estudo climático.

Elementos climáticos
Resumidamente, corresponde aos elementos mensuráveis da atmosfera, isto é, que podem ser medidos,
calculados. Temperatura, umidade e pressão atmosférica são os principais, mas não os únicos (radiação,
direção e velocidade do vento, além da precipitação). Porém, inicialmente, vamos focar nestes três:
• Temperatura: É a quantidade de calor na atmosfera. A energia primária do Sol aquece a superfície da
Terra (a hidrosfera e a litosfera) e essa irradia calor para o ar. Portanto, a temperatura do ar é um calor
indireto, já que é irradiado da superfície para a atmosfera.
• Umidade: É a quantidade de vapor de água existente no ar. Varia de um lugar para outro e até em um
mesmo lugar, dependendo do dia, do mês ou da estação do ano. Quando o vapor de água da atmosfera
atinge seu ponto de saturação, ocorrem as precipitações, que podem se apresentar sob várias
formas: chuva, neve e granizo. São as chamadas precipitações não superficiais, pois a condensação
acontece nas camadas mais elevadas da atmosfera. Quando a condensação ocorre na superfície,
formam-se o orvalho, a geada e o nevoeiro, que, por isso, são considerados condensações superficiais,
e não propriamente precipitações.
• Pressão atmosférica: corresponde à força exercida pela coluna de ar sobre uma determina superfície, é
expressa em milibares (mb). Nas áreas de maior temperatura, menor é a pressão, pois as moléculas de
ar estão agitadas e afastadas. O vento é simplesmente o ar em deslocamento e ele sempre se mova das
áreas de alta pressão, para as de baixa pressão.

Fatores climáticos: Os fatores climáticos são aspectos que determinam e alteram os elementos do clima.
São eles que explicam as diferentes condições climáticas dos lugares, inclusive daqueles relativamente
próximos.
Latitude: As diferenças de latitude ou de localização das zonas climáticas podem alterar tanto a temperatura
como a pressão atmosférica. Menor latitude = maior temperatura/menor pressão. Ex.: Zona Equatorial. Maior
latitude = menor temperatura/maior pressão. Exemplo: Zona Polar.

(Disponível em: https://docplayer.com.br/. Adaptado.)

1
Geografia

Altitude: quanto maior é altitude menor é a temperatura.

(Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/)

Maritimidade e Continentalidade: Os corpos


hídricos (grande volume de água) são um
importante regulador do clima, principalmente, nas
regiões litorâneas, e por isso o fenômeno é
denominado maritimidade. Essas regiões
apresentam menores amplitudes térmicas
(diferença entre a máxima e a mínima), decorrente
dos ventos úmidos oceânicos. As áreas situadas no
interior dos continentes (continentalidade) e longe
de grandes corpos hídricos apresentam maiores
amplitudes térmicas essas características.
(Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/12100585/)
Massas de ar: Em função das diferenças de
pressão atmosférica, ocorre a movimentação do ar. Quando esse movimento ocorre em blocos de ar com a
mesma temperatura e umidade, formam-se as massas de ar, que transferem suas características para o clima
dos locais por onde passam. Massas de ar frias e úmidas, por exemplo, são responsáveis por diminuírem as
temperaturas e provocarem precipitação. Quando uma massa de ar frio se desloca sobre uma região com ar
quente, forma-se uma frente fria, e quando uma massa de ar quente se desloca sobre uma região com ar frio,
forma-se uma frente quente.

(Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/1241995)

2
Geografia

Vegetação: Interfere no clima de várias formas diferentes. As principais delas são a contenção ou absorção
dos raios solares, minimizando os seus efeitos, e a elevação da umidade por meio da evapotranspiração, o
que ajuda a diminuir as temperaturas e elevar os índices de chuva. É aqui que a Amazônia possui grande
importância na formação dos rios voadores.

(Disponível em https://arvoresertecnologico.tumblr.com/)

Relevo: Também influencia o clima quando as formações funcionam como obstáculo para as massas de ar,
induzindo a precipitação em uma das vertentes (barlavento) e reduzindo a umidade na outra (sotavento). Pode
contribuir para formação de desertos.

(Disponível em: https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica)

Correntes marítimas: Apresentam condições específicas de temperatura, influenciando diretamente o clima.


Em regiões de influência de correntes quentes ocorre mais evaporação induzindo maiores volumes de
precipitação. Quando as correntes são mais frias, a umidade local diminui, influenciando na formação de
áreas áridas ou semiáridas.

(Disponível em: MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2010.)

3
Geografia

Exercícios

1. Clima é a sucessão habitual dos estados do tempo meteorológico. A grande variação climática no
planeta é resultante da interação dos fatores climáticos, que são os responsáveis pela grande
heterogeneidade climática da Terra e estão diretamente relacionados com a geografia de cada porção
da superfície terrestre.
Os fatores do clima contribuem para determinar as condições climáticas de uma região do globo. São
considerados fatores climáticos a(s):
a) Correntes marítimas, temperatura do ar, umidade relativa do ar e grau geotérmico.
b) Temperatura do ar, pressão altitude, hidrografia e massas de ar.
c) Hidrografia, correntes marítimas, latitude e relevo.
d) Altitude, massas de ar, maritimidade e latitude.
e) Temperatura do ar, umidade relativa do ar, insolação e grau geotérmico.

2. Um dos elementos climáticos mais importantes para a humanidade é a temperatura atmosférica, ou


seja, o estado térmico do ar atmosférico, de frio ou de calor. A temperatura pode variar de um lugar
para outro, assim como em um mesmo lugar, no decorrer do tempo.
Sobre os fatores responsáveis pela variação da temperatura é correto afirmar que
a) A influência da latitude ocorre fundamentalmente devido à forma esférica da Terra. A insolação
diminui a partir do Equador em direção aos polos, assim a temperatura diminui com o aumento da
latitude.
b) A altitude exerce grande influência, pois o calor é irradiado da superfície terrestre para cima e a
atmosfera aquece por irradiação. Quanto menor a altitude, mais rarefeito se torna o ar, ocorrendo
menor irradiação e aumento da temperatura.
c) A temperatura é aumentada pela presença de serras, chapadas e planaltos nas regiões tropicais,
via de regra muito quentes, assim como, nas regiões temperadas, as altitudes acentuam ainda
mais o rigor da temperatura.
d) A diferença do comportamento térmico das rochas e da água explica o aquecimento e
resfriamento mais lento dos continentes, fazendo com que as variações de temperatura nos
oceanos sejam maiores.
e) As correntes marítimas não apresentam capacidade de provocar alterações de temperatura nas
áreas litorâneas por onde circulam, apesar de possuírem temperaturas diferentes, podendo ser
quentes, quando se formam nas áreas equatoriais, ou frias, quando formadas nas áreas polares.

3. (Enem 2009) Umidade relativa do ar é o termo usado para descrever a quantidade de vapor de água
contido na atmosfera. Ela é definida pela razão entre o conteúdo real de umidade de uma parcela de ar
e a quantidade de umidade que a mesma parcela de ar pode armazenar na mesma temperatura e
pressão quando está saturada de vapor, isto é, com 100% de umidade relativa. O gráfico representa a
relação entre a umidade relativa do ar e sua temperatura ao longo de um período de 24 horas em um
determinado local.

4
Geografia

Considerando-se as informações do texto e do gráfico, conclui-se que


a) a insolação é um fator que provoca variação da umidade relativa do ar.
b) o ar vai adquirindo maior quantidade de vapor de água à medida que se aquece.
c) a presença de umidade relativa do ar é diretamente proporcional à temperatura do ar.
d) a umidade relativa do ar indica, em termos absolutos, a quantidade de vapor de água existente na
atmosfera.
e) a variação da umidade do ar se verifica no verão, e não no inverno, quando as temperaturas
permanecem baixas.

4. A média da amplitude térmica na cidade de Cuiabá (MT) durante o mês de junho é de 15,25 °C, ao passo
que em Salvador (BA) é de 4,8 °C.
(Fonte: http://www.dados.mt.gov.br/)
Considerando-se a localização geográfica dessas cidades, o principal fator climático responsável por
essa diferença na amplitude térmica é a:
a) altitude
b) latitude
c) longitude
d) pressão atmosférica
e) maritimidade/continentalidade

5. (Enem 2012) A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão
e aos modos como as sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e
suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual a
sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas.
(AYOADE. J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado). )

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Geografia

Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma
sociedade torna-se mais vulnerável quando
a) concentra suas atividades no setor primário.
b) apresenta estoques elevados de alimentos.
c) possui um sistema de transporte articulado.
d) diversifica a matriz de geração de energia.
e) introduz tecnologias à produção agrícola.

6. (Enem 2005) A água é um dos fatores determinantes para todos os seres vivos, mas a precipitação
varia muito nos continentes, como podemos observar no mapa abaixo:

(Robert E. Ricklefs. A Economia da Natureza, 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. p. 55)
Ao examinar a tabela da temperatura média anual em algumas latitudes, podemos concluir que as
chuvas são mais abundantes nas latitudes próximas do Equador, porque
a) as grandes extensões de terra fria das latitudes extremas impedem precipitações mais
abundantes.
b) a água superficial é mais quente nos trópicos do que nas regiões temperadas, causando maior
precipitação.
c) o ar mais quente tropical retém mais vapor de água na atmosfera, aumentando as precipitações.
d) o ar mais frio das regiões temperadas retém mais vapor de água, impedindo as precipitações.
e) a água superficial é fria e menos abundante nas latitudes extremas, causando menor precipitação.

7. Leia os trechos a seguir:


"17/07/2017- Canela, Gramado e Caxias do Sul, [...] registraram o fenômeno. Frio chegou com
intensidade ao estado e temperatura deve cair ainda mais ao longo do dia."
(https://g1 .globo.com)

"31/03/2016- Com chances de neve já no outono, o frio em Gramado promete chegar com tudo [...]”
(https://www.dicasdegramado.com.br)

Nos últimos anos, temos observado na mídia uma série de notícias evidenciando o rigor do inverno na
região acima referida. Esta região tem atraído inúmeros turistas que gostam de contemplar o frio, as
comidas típicas locais e têm o anseio de conhecer, ao vivo, a neve e o congelamento das águas em
pleno Brasil. A associação de dois importantes fatores climáticos justifica a ocorrência de tais
fenômenos meteorológicos nesta região. São eles:

6
Geografia

a) latitude e altitude.
b) maritimidade e latitude.
c) continentalidade e maritimidade.
d) altitude e longitude.
e) correntes marítimas e massas de ar.

8. A diversidade de vegetação que acontece em cada um dos sistemas indicados no mapa se dá


principalmente em relação às diferenças de

(Fonte: Adapt. HUDSON, 1999)


a) continentalidade.
b) longitude.
c) maritimidade.
d) idade geológica.
e) altitude.

9. O mapa adiante ilustra a localização de duas cidades paulistas: São Paulo e Campos do Jordão.

O Regime térmico apresentado por estas duas cidades contraria a regra geral, segundo a qual as
temperaturas são menores nas latitudes mais altas. Tal fato é explicado pela influência da:
a) maritimidade.
b) longitude.
c) altitude.
d) latitude.
e) pluviosidade.

7
Geografia

10. (Enem 2019)

(SALGADO-LABOURIAL, M. L. História ecológica da Terra. São Paulo: Edgard Blucher, 1994 (adaptado). )

No Hemisfério Sul, a sequência latitudinal dos desertos representada na imagem sofre uma interrupção
no Brasil devido à seguinte razão:
a) Existência de superfícies de intensa refleti vi d a de.
b) Preponderância de altas pressões atmosféricas.
c) Influência de umidade das áreas florestais.
d) Predomínio de correntes marinhas frias.
e) Ausência de massas de ar continentais.

8
Geografia

Gabarito

1. D
Dentre os aspectos considerados como “causas” dos climas podem ser destacados Altitude, massas de
ar, maritimidade e latitude.

2. A
A latitude está associada à distância de um ponto em relação à Linha do Equador. Este fator climático
relaciona-se com os elementos climáticos radiação e temperatura: quanto maior a latitude, menor será a
radiação recebida e por sua vez menor será a temperatura. Isso ocorre porque os raios solares atingem a
superfície terrestre com diferentes inclinações, devido à forma esférica da Terra. Esta inclinação aumenta
conforme o afastamento da Linha do Equador em direção aos polos, ou seja, quando há o aumento da
latitude. Quanto maior a inclinação, maior é a latitude e a área de abrangência dos raios solares é maior;
sendo assim, o calor deve ser distribuído por uma área maior, fazendo com que as temperaturas sejam
mais baixas.

3. A
Podemos interpretar no gráfico que os horários com a temperatura mais elevada são também os de menor
umidade relativa, sendo eles inversamente proporcionais. Assim, a insolação é um fator que provoca
variação da umidade relativa do ar.

4. E
Considerando a localização das duas cidades, Salvador (litoral Nordeste) e Cuiabá (Centro-Oeste) o fator
climático que explica essa diferença na amplitude térmica é a maritimidade e continentalidade. A água
funciona como um regulador térmico e, aquelas localidades próximas, a grandes corpos hídricos possuem
uma menor amplitude térmica devido à regulação térmica pela maior umidade da atmosfera.

5. A
O setor primário é aquele referente às atividades agrícolas e, mesmo com a evolução das técnicas, muito
dependente das condições climáticas. Sendo assim, uma sociedade cuja relação econômica é dependente
do setor primário se torna mais vulnerável às intempéries climáticas como a seca, por exemplo.

6. C
As áreas de maior insolação situam-se na zona intertropical, isto é, na região entre os trópicos. Essas áreas
apresentam maior evaporação e condensação, favorecendo a precipitação. À medida que se distancia do
Equador, menor é o volume de precipitações.

7. A
Os fragmentos de textos descrevem a ocorrência de frio intenso associado a precipitação de neve, na
região da Serra (Cuesta) Gaúcha no Rio Grande do Sul. Dois fatores contribuem para tal fenômeno, a
latitude, pois a região é localizada mais ao sul do país e a altitude, pois é uma região de serras. Nessa
situação, a combinação desses fatores é responsável pelo frio e ocorrência de precipitação.

8. E
A vegetação indicada no mapa está localizada em regiões montanhosas, como a Cordilheiras do Andes,
na América do Sul, as Rochosas, nos Estados Unidos e a Cordilheira do Himalaia, entre a Índia e a China.
Nesse caso, a altitude é o principal fator que pode influenciar na diversidade da vegetação nessas regiões.

9
Geografia

9. C
A diferença de altitude entre as duas cidades é o fator climático determinante na menor média de
temperatura que a cidade de Campos do Jordão apresenta, mesmo estando em uma latitude menor, que
São Paulo.

10. C
O mapa ilustra a formação de áreas áridas e semiáridas no mundo determinadas a partir do fator latitudinal.
Segundo a distribuição dessas áreas deveria haver uma área semiárida/árida sobre o Sudeste e Centro-
Oeste brasileiro. Entretanto, não ocorre a formação dessa área devido a influência da evapotranspiração
decorrente das florestais ao norte (Floresta Amazônica). Com isso, ocorre a formação de rios voadores
que carregam a umidade da Amazônia para a região Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

10
Geografia

Relevo brasileiro e as riquezas minerais

Resumo

O relevo brasileiro formou-se sobre estruturas geológicas compostas, principalmente, por bacia sedimentar
(64% do território) e escudo cristalino (36% do território). Nesse sentido, caracteriza-se pelo predomínio de
áreas de médias e baixas altitudes, já que não há dobramentos modernos, uma vez que o território brasileiro
está no meio da placa tectônica. Maciços antigos ou escudos cristalinos são ricos em minerais metálicos,
nesse sentido as províncias minerais que se destacam no Brasil são: Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais,
a Serra do Carajás no Pará e o Maciço do Urucum no Mato Grosso do Sul. As Bacias sedimentares são
caracterizadas pela grande riqueza em combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão mineral e xisto).
No Brasil, a maior disponibilidade de petróleo está localizada nas bacias sedimentares costeiras como a de
Campos e a de Santos.

Classificações do relevo brasileiro

(Disponível em: https://www.slideshare.net/agendab/slide-relevo-brasileiro)

A primeira classificação do relevo brasileiro foi proposta por Aroldo de Azevedo, em 1949, e tinha por critério
a altitude, isto é, o nível altimétrico das estruturas. O relevo foi dividido em planalto e planície. A segunda
classificação foi de Aziz Ab’Saber, proposta em 1962. Adotou-se um critério baseado em processos
geomorfológicos – erosão e intemperismo. O relevo seria então formado por planícies, em que predominam
a sedimentação, e por planaltos, em que predominam a erosão. A terceira e atual a classificação foi proposta
por Jurandyr Ross, que se baseou nos estudos anteriores e no projeto RadamBrasil, que realizou mapeamento
sistemático do território brasileiro com o auxílio de imagens aéreas. Essa classificação utilizou como critérios

1
Geografia

o processo de formação das formas de relevo, o nível altimétrico e a estrutura geológica do terreno. De
acordo com essa classificação, o relevo brasileiro pode ser dividido em 28 unidades, sendo elas áreas de:
• Planaltos: Áreas de médias a altas altitudes, com superfícies irregulares e predomínio de processos de
erosão. De acordo com essa classificação, as áreas de planalto no Brasil constituem onze unidades do
relevo: Planalto da Amazônia Oriental, Planalto da Amazônia Ocidental, Planalto e Chapadas da Bacia do
Parnaíba, Planalto e Chapadas da Bacia do Paraná, Planaltos Residuais Norte-amazônicos, Planaltos
Residuais Sul-amazônicos, Planaltos e Chapadas dos Parecis, Planalto da Borborema, Planalto sul-rio-
grandense, Planalto e Serras do Atlântico Leste, Planaltos e Serras de Goiás-Minas, Serras Residuais do
Alto Paraguai.
• Planícies: Superfícies, geralmente planas e de baixa altitude, formadas a partir do acúmulo de
sedimentos de origem marinha, lacustre ou fluvial. Segundo essa classificação, o país possui seis áreas
de planície: Planície do Rio Amazonas, Planície do Rio Araguaia, Planície e Pantanal do Rio Guaporé,
Planície e Pantanal do Rio Paraguai ou Mato-grossense, Planície das Lagoas dos Patos- Mirim, Planícies
e Tabuleiros Litorâneos.
• Depressões: Áreas formadas a partir de processos erosivos nas áreas de contato entre as bacias
sedimentares (material menos resistente) e os maciços cristalinos (material mais resistentes). Nessa
classificação, o Brasil possui onze unidades de depressões: Depressões Marginal Norte-amazônica,
Depressão Marginal Sul-amazônica, Depressão do Araguaia, Depressão Cuiabana, Depressão do Alto do
Paraguai-Guaporé, Depressão do Miranda, Depressão Sertaneja e do Rio São Francisco, Depressão do
Tocantins, Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e Depressão Periférica Sul-rio-
grandense.

Outras formas do relevo brasileiro


• Escarpa: forma de relevo localizada nas bordas dos planaltos que apresenta declive acentuado. Existem
dois tipos, a escarpa de falha, originada a partir de movimento tectônico, e a escarpa de erosão, originada
pela ação dos agentes externos. Exemplo: Escarpada Serra do Mar (SP).
• Cuesta: forma de relevo com declividade suave de um lado e declividade abrupta em outro, originada
pela ação dos agentes externos sobre rochas que apresentam diferentes resistências. Exemplos: Cuesta
de Botucatu (SP).
• Chapada: relevo de altitude considerável, em formato tabular e encostas escarpadas, encontradas no
Nordeste e Centro-Oeste. Exemplo: Chapada Diamantina (BA).
• Morro ou monte: forma do relevo que corresponde a uma elevação no terreno de topo arredondado.
Exemplo: Monte Pascoal (BA).
• Montanha: relevo protuberante, com o cume definido. Na maioria das vezes tem a origem associada ao
choque entre placas tectônicas, contudo, pode ter também como origem o vulcanismo. A um conjunto
de montanhas dá-se o nome de cordilheira. Exemplo: Pico da neblina (AM).
• Inselberg: forma do relevo que é uma protuberância encontrada em áreas que apresentam o clima árido
ou clima semiárido e que foi formada pela maior resistência à erosão do que a área no seu entorno.
Exemplo: Inselberg de Itaberaba (BA).

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Geografia

(Disponível em: https://lyrics-letra.com/PT/Ensino-Fundamental. Adaptado.)

3
Geografia

Exercícios

1. “A Amazônia, até o Terciário Médio, comportava-se como um paleogolfão[1] da fachada pacífica do


continente, intercalado entre os terrenos do escudo guianense e o escudo brasileiro. Era uma espécie
de mediterrâneo de “boca larga”, voltada para o oeste. Quando se processou o desdobramento e
soerguimento das Cordilheiras Andinas, restou um largo espaço no centro da Amazônia, exposto à
sedimentação flúvio-lacustre e fluvial extensiva.”
( -2012) Escritos Ecológicos. São Paulo:
Lazuli Editora, 2006- p. 130-131. Adaptado.)
Glossário:
Paleogolfão: ampla reentrância da costa, com grande abertura, constituindo em amplas baías,
constatada em antiga era geológica.
As características atuais do domínio morfoclimático amazônico têm sua origem na dinâmica dos
processos naturais que ocorreram no passado, conforme explica o geógrafo Aziz Ab ́Saber. Sobre
esses processos mencionados, avalia-se que
a) contribuíram para a formação das planícies e dos tabuleiros.
b) favoreceram a gênese da bacia sedimentar.
c) alteraram a direção da drenagem, de leste para oeste.
d) atenuaram as características do clima regional.
e) provocaram a expansão do cerrado sobre a floresta

2. “As altitudes do relevo brasileiro são, em geral, modestas. O ponto mais alto do país não ultrapassa os
3 mil metros: o pico da Neblina (2993m), perto da fronteira do Amazonas com a Venezuela. Cerca de
41% do território nacional tem, no máximo, 200m de altitude; 78% tem até 500m; e 92,7% até 900m de
altitude”.
(Adaptado de: VESENTINI, J. W. Brasil: sociedade e espaço.
Geografia do Brasil. 32º edição. São Paulo: Editora Ática, 2006. p.252.)

As características descritas acima indicam que o relevo brasileiro é:


a) bastante acidentado, com elevada incidência de dobramentos modernos.
b) diretamente influenciado pelas ações recentes de tectonismos.
c) geologicamente antigo, portanto mais desgastado.
d) pouco transformado pelos agentes erosivos e intempéricos.
e) totalmente aplainado, com poucas áreas de depressão.

4
Geografia

3. A mineração é o ato de extrair minerais existentes nas rochas e/ou nos solos. É uma atividade
econômica que tem importância significativa para muitos países. O principal minério exportado pelo
Brasil é o de ferro. A formação desse minério esta relacionada com as lentas transformações
geológicas da Terra e ele é encontrado na natureza na forma de rochas, misturado com outros
compostos. Por meio de diversos processos, esse minério é beneficiado para poder ser comercializado.

No Brasil, a extração do minério de ferro ocorre principalmente em


a) bacias sedimentares recentes.
b) dobramentos modernos.
c) depressões absolutas.
d) escudos cristalinos.
e) planícies costeiras.

4. O município de Caçapava do Sul/RS está localizado em uma formação geológica de escudos cristalinos
antigos. Suponha que a prefeitura local pretende estimular a pesquisa e o aproveitamento econômico
dessa área. Que minérios poderíam ser encontrados nesse tipo de formação geológica? Marque a
alternativa que contém os minérios encontrados nessa formação geológica.
a) Granito, ouro, quartzo, carvão mineral.
b) Ouro, cobre, zinco, chumbo.
c) Carvão mineral, ouro, xisto betuminoso, granito.
d) Calcário, granito, ouro, carvão mineral.
e) Granito, xisto betuminoso, carvão mineral, chumbo.

5. Para a atual proposta de identificação das macrounidades do relevo brasileiro, elaborada por Ross
(1989), foram fundamentais os trabalhos de Ab’Saber e os relatórios e mapas produzidos pelo
Projeto Radambrasil. Ross passou a considerar para o relevo brasileiro, conforme as suas origens, as
unidades de planaltos, depressões e planícies.
(Adaptação: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005.)

Quais as unidades do relevo brasileiro que, de acordo com a gênese, segundo Ross, são resultantes de
deposição de sedimentos recentes de origem marinha, lacustre ou fluvial?
a) Planícies.
b) Depressões.
c) Planaltos cristalinos.
d) Planaltos orogenéticos.
e) Planaltos residuais.

5
Geografia

6. O relevo terrestre é fortemente influenciado pela estrutura geológica. Por exemplo, o tipo de rocha e a
sua disposição na parte superficial da litosfera exercem um papel destacado na definição
das morfoestruturas, como pode ser observado na fotografia a seguir.

Pelas características morfológicas e estruturais, é possível afirmar que esse compartimento de relevo
é do tipo
a) Morfoestrutura tabular.
b) Morfoestrutura dômica.
c) Morfoescultura de planície lacustre.
d) Morfoescultura de crista dissecada.
e) Morfoestrutura de arqueamento.

7. Do ponto de vista tectônico, núcleos rochosos mais antigos, em áreas continentais mais interiorizadas,
tendem a ser os mais estáveis, ou seja, menos sujeitos a abalos sísmicos e deformações. Em termos
geomorfológicos, a maior estabilidade tectônica dessas áreas faz com que elas apresentem uma forte
tendência à ocorrência, ao longo do tempo geológico, de um processo de
a) aplainamento das formas de relevo, decorrente do intemperismo e da erosão.
b) formação de depressões absolutas, gerada por acomodação de blocos rochosos.
c) formação de canyons, decorrente de intensa erosão eólica.
d) produção de desníveis topográficos acentuados, resultante da contínua sedimentação dos rios.
e) geração de relevo serrano, associada a fatores climáticos ligados à glaciação.

8. As áreas de planície no Brasil estão basicamente situadas nas proximidades de grandes rios, lagos e
em algumas zonas costeiras. Dentre essas áreas, merece destaque a planície do Rio Amazonas, que
basicamente segue o leito principal do Rio Amazonas e de alguns de seus afluentes. Existe, nesse
contexto, um debate sobre a possibilidade do aproveitamento das águas desse rio para a construção
de hidrelétricas, o que pode ser considerado como algo:
a) não recomendado, pois a elevada declividade do terreno não favorece a criação de barragens.
b) recomendado, em função da possibilidade de rápido armazenamento das águas nas áreas mais
planas.
c) recomendado, pois as áreas da planície amazônica favorecem a intervenção humana sem grandes
prejuízos ambientais.
d) não recomendado, haja vista que áreas de planície não possuem uma queda d'água acentuada
para a instalação de barragens e turbinas.
e) Recomendado, em função da baixa declividade o que aumenta a velocidade do rio e a possibilidade
de geração de energia

6
Geografia

9. Esta foto ilustra uma das formas do relevo brasileiro, que são as chapadas

É correto afirmar que essa forma de relevo está


a) distribuída pelas regiões Norte e Centro-Oeste, em terrenos cristalinos, geralmente moldados pela
ação do vento.
b) localizada no litoral da região Sul e decorre, em geral, da ação destrutiva da água do mar sobre
rochas sedimentares.
c) concentrada no interior das regiões Sul e Sudeste e formou-se, na maior parte dos casos, a partir
do intemperismo de rochas cristalinas.
d) restrita a trechos do litoral Norte-Nordeste, sendo resultante, sobretudo, da ação modeladora da
chuva, em terrenos cristalinos.
e) presente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, tendo sua formação associada, principalmente, a
processos erosivos em planaltos sedimentares.

10. Observe o mapa.

Assinale a alternativa que contém as formas de relevo predominantes em cada porção do território
brasileiro indicada, de acordo com a classificação de Ross.
a) Faixa litorânea: depressões.
b) Amazônia Legal: planícies.
c) Fronteira com o Mercosul: planaltos.
d) Região Sul: planícies.
e) Pantanal: planaltos

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Geografia

Gabarito

1. B
Quando ocorreu o afastamento do escudo das Guianas e do escudo brasileiro formou-se a bacia
sedimentar amazônica, a qual foi em parte alagada, formando assim os rios da região, e possibilitando a
expansão de espécies vegetais que originaram os recursos encontrados ali.

2. C
O relevo brasileiro é composto por maciços antigos, estruturas antigas que já foram bastante
intemperadas e por isso perderam a altitude. Se difere dos dobramentos modernos por exemplo que são
as grandes cordilheiras, formadas mais recentes no tempo geológico.

3. D
As jazidas de minerais metálicos como ferro, manganês e níquel são encontradas em Escudos Cristalinos
(rochas magmáticas e metamórficas) formadas no Pré-Cambriano (Era Proterozoica).

4. B
Os minerais metálicos são recursos minerais associados aos escudos cristalinos e, portanto, ouro, cobre,
zinco e chumbo são encontrados essa região.

5. A
As planícies são áreas onde predomina a sedimentação, enquanto nos planaltos predomina a erosão.

6. A
Pela imagem podermos perceber a formação de chapadas, de origem sedimentar, com topo aplainado em
formato tabular.

7. A
Os escudos cristalinos apesar de serem uma estrutura do relevo composta por rochas resistentes, por ser
a mais antiga estrutura (datam da Era Pré-cambriana), encontra-se a muito tempo exposta às intempéries
e aos processos erosivos, o que origina formas do relevo mais aplainadas e de média a baixa altitude.

8. D
A instalação de barragens deve contar com a declividade, que aumenta a potência do rio em gerar energia.

9. E
As chapadas correspondem à um relevo de altitude considerável, em formato tabular e encostas
escarpadas, encontradas no Nordeste e Centro-Oeste. Exemplo: Chapada Diamantina (BA).

10. C
A partir do mapa verifica-se corretamente que na fronteira do Brasil com países como Paraguai, Uruguai e
Argentina, que compõem o Mercosul, há a presença de planaltos.

8
Geografia

Massas de ar e fenômenos climáticos

Resumo

Massas de ar
As massas de ar possuem características próprias, como temperatura, umidade e pressão, de acordo com o
local em que foram formadas. O deslocamento dessas massas ocorre devido à diferença de pressão e
temperatura entre as regiões do globo. Essa interação atmosférica é um importante fator climático.
Áreas de alta temperatura formam centros de baixa pressão atmosférica (ciclonal), e áreas de baixa
temperatura formam centros de alta pressão atmosférica (anticiclonal), condicionando os mecanismos de
circulação atmosférica. Os ventos ocorrem pelo deslocamento de uma massa de ar de uma zona de alta para
baixa pressão. As zonas de baixa pressão atmosférica são quentes e podem formar nuvens e chuva,
enquanto as zonas de alta pressão, com ventos frios e densos, impendem a formação de precipitação, sendo
associados a regiões mais secas.

Adaptado de MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização.

Ventos alísios e contra-alísios


Os ventos alísios ocorrem em uma escala planetária e são ventos constantes, deslocando-se das regiões
subtropicais e tropicais (alta pressão) para a região equatorial (baixa pressão). Os ventos alísios ascendem,
condensando e provocando chuva no Equador, criando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Em alta
altitude, esses ventos começam a soprar no sentido contrário, do Equador para os Trópicos, e passam a ser
denominados contra-alísios.

1
Geografia

Brisas marítima e continental


Ocorrem em uma escala local e são ventos com variação diária.

Brisa marítima ou diurna: ventos originados do mar (alta pressão)


em direção ao continente (baixa pressão), pois o continente se
aquece mais rapidamente durante o dia formando uma célula de
baixa pressão sobre essa área.

Brisa continental ou noturna: ventos originados do continente (alta


pressão) em direção ao mar (baixa pressão), pois o continente
perde calor rapidamente durante à noite apresentando uma
temperatura menor que a superfície do oceano.

Principais fenômenos climáticos


El Niño e La Niña
Esses dois fenômenos são indissociáveis. Primeiramente, antes de estudá-los, é importante compreender a
situação normal na região do Pacífico Equatorial. Nessa área, ventos alísios fortes empurram as águas
superficiais quentes do Pacífico no sentido da Oceania, aumentando a precipitação nesse continente. Na
porção oeste da América do Sul, o fenômeno da ressurgência disponibiliza maior quantidade de nutrientes
nas águas superficiais, atraindo peixes e pescadores.
Nos anos de El Niño, esses ventos alísios enfraquecem (motivo desconhecido) e as águas quentes
superficiais acumulam-se ao longo do Pacífico Equatorial, por isso, é comumente referenciado como
aquecimento superficial das águas do Pacífico Equatorial. Isso altera a dinâmica climática intertropical e
força uma maior precipitação sobre a costa oeste da América do Sul. Nos anos de La Niña, ocorre o inverso,
os ventos alísios sopram com mais intensidade, aumentando as chuvas e tempestades na Oceania e
ampliando o fenômeno da ressurgência na costa oeste da América do Sul.

Adaptado de Giovanna Gomes/Ed. Globo

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Geografia

Impactos do El Niño

Fonte: http://enos.cptec.inpe.br

Impactos da La Niña

Fonte: http://enos.cptec.inpe.br

3
Geografia

Clima tropical de monções


Como em qualquer clima tropical, existem duas estações bem definidas, uma estação seca e outra chuvosa.
O clima tropical de monções diferencia-se no sentido de levar essa condição aos extremos, apresentando
um clima superúmido no verão e uma seca severa no inverno. São dois os fatores climáticos principais que
influenciam esse fenômeno: a continentalidade/maritimidade e as massas de ar. Resumidamente, são
ventos periódicos cuja variação ocorre de uma estação (verão) para outra (inverno).
Monções de inverno: ventos secos originados do continente (alta pressão) em direção ao mar (baixa
pressão), pois o continente perde calor durante o inverno formando uma célula de alta pressão sobre essa
região.

Adaptado de ALMEIDA, L. M. A. de. Fronteiras da globalização.

Monções de verão: ventos úmidos originados do oceano (alta pressão) em direção ao continente (baixa
pressão), pois o continente se aquece mais rapidamente durante o verão formando uma célula de baixa
pressão sobre essa região.

Adaptado de ALMEIDA, L. M. A. de. Fronteiras da globalização.

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Geografia

Ciclones e tornados
Todos esses fenômenos remetem ao movimento de ar giratório ascendente. Correspondem a células de
baixa pressão atmosférica que formam rápidos movimentos de subida do ar quente.
Ciclones tropicais: são sistemas de baixa pressão cujos ventos atingem velocidade superior a 118 km/h.
Formam-se em áreas tropicais e possuem grande calor em seu núcleo. Os furacões formam-se no Oceano
Atlântico e leste do Pacífico, e os tufões formam-se nos Oceanos Pacífico e Índico. São nomes regionais
para o mesmo fenômeno. Uma condição fundamental para sua formação são as águas aquecidas dos
oceanos, com temperaturas superiores a 26,5° C. São enormes tempestades, possíveis de serem
visualizadas por satélites. Quando essas tempestades atingem o continente, elas perdem sua força.

Foto: AFP

Ciclones extratropicais: ocorrem em áreas de latitude média e possuem baixo calor em seu núcleo. Apenas
esse tipo de ciclone associa-se com uma formação de frente fria, que interage com o ar quente ascendente.

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Geografia

Tornado: assim como o ciclone, é um movimento de ar giratório ascendente, todavia em uma área muito
menor e com mais intensidade. Sabe aquele funil que estamos acostumados a ver em filmes e que encosta
no chão causando grande destruição? Então, esses são os tornados. São mais concentrados e podem ser
vistos claramente a olho nu. Seu diâmetro não passa de 2 km e apresenta por característica ter baixa
duração. Formam-se no continente, e não no oceano.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/

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Geografia

Exercícios

1. (Enem 2017)

Disponível em: <http://img0.cptec.inpe.br>. Acesso em: 25 ago. 2014 (adaptado).

Disponível em: <http://imagens.climatempo.com.br>. Acesso em: 25 ago. 2014 (adaptado).

No dia em que foram colhidos os dados meteorológicos apresentados, qual fator climático foi
determinante para explicar os índices de umidade relativa do ar nas regiões Nordeste e Sul?
a) Altitude, que forma barreiras naturais.
b) Vegetação, que afeta a incidência solar.
c) Massas de ar, que provocam precipitações.
d) Correntes marítimas, que atuam na troca de calor.
e) Continentalidade, que influencia na amplitude da temperatura.

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Geografia

2. Frio mata no Brasil


“17 de agosto, 1999 — Duas pessoas morreram numa das mais intensas ondas de frio que atingiram
o sul do Brasil nos últimos anos. Em São Paulo, o frio foi a causa da morte de duas pessoas.”
Adaptado de Earth Alert: 1999.

Considerando a dinâmica atmosférica de inverno na faixa litorânea brasileira, o episódio acima


referido está relacionado com
a) a alternância entre fluxo polar e os sistemas intertropicais, provocando chuvas no Paraná e Santa
Catarina.
b) a carência de ar frio na Patagônia, com diminuição da pressão e domínio do ar tropical marítimo.
c) a forte influência dos sistemas frontais no Sul e Sudeste do país, que se deslocam para o Atlântico.
d) o fluxo de ar frio contínuo dominante que encontra a massa tropical atlântica.
e) a entrada frequente de massas de ar polar muito frio que atingem a América do Sul pela Argentina.

3. Com base na figura, aponte a alternativa correta:

MOREIRA, J.C. e SENE, E. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2007, p.95.
(adaptado).

a) A massa de ar úmido (1), deslocando-se em direção ao continente, aumenta sua temperatura ao


passar sobre a corrente de Humboldt, retardando as chuvas.
b) A corrente fria de Humboldt, no Hemisfério Sul, causa queda da temperatura nas áreas litorâneas
(2). Isso provoca condensação e precipitação. Ao chegar ao continente, a massa de ar se torna
seca (3).
c) Quando a massa de ar úmido (1) se desloca para o continente, resfria-se ao passar sobre a
corrente de Humboldt, atrasando o processo de precipitação e chegando ao continente como
massa de ar seco (3).
d) Ao chegar ao continente, as massas de ar estão quentes e úmidas e originam desertos, como o de
Atacama (Chile) e o da Califórnia (Estados Unidos).
e) A corrente do Golfo, por ser quente, impede o congelamento do Mar do Norte e ameniza os rigores
climáticos do inverno na porção ocidental da Europa. Já a corrente de Humboldt causa queda da
temperatura em áreas litorâneas, diminuindo o processo de condensação do ar e de chuvas no
oceano.

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Geografia

4. (Enem 2017)

SALGADO-LABOURIAU, M. L. História ecológica da Terra. São Paulo: Edgard Blucher, 1994 (adaptado).

Nas imagens constam informações sobre a formação de brisas em áreas litorâneas. Esse processo é
resultado de
a) uniformidade do gradiente de pressão atmosférica.
b) aquecimento diferencial da superfície.
c) quedas acentuadas de médias térmicas.
d) mudanças na umidade relativa do ar.
e) variações altimétricas acentuadas.

5. (Enem 2018)

Disponível em: http://globalwarmingart.com. Acesso em: 12 jul. 2015 (adaptado).

Qual característica do meio físico é condição necessária para a distribuição espacial do fenômeno
representado?
a) Cobertura vegetal com porte arbóreo.
b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas.
c) Pressão atmosférica com diferença acentuada.
d) Superfície continental com refletividade intensa.
e) Correntes marinhas com direções convergentes.

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Geografia

6. Observe a figura e leia o texto abaixo.

Fonte: NASA. Disponível em <https://earthobservatory.nasa.gov/ Acesso em: 16 set 2017.

Entre agosto e setembro de 2017, a Nasa reportou as consequências da passagem do furacão Harvey,
em Houston, a quarta cidade mais populosa dos EUA, quando milhares de pessoas foram resgatadas
das enchentes devido ao volume de precipitação ocorrido. Dias depois, o furacão Irma foi registrado
como o de maior intensidade no Atlântico, quando atingiu áreas como Flórida e ilhas da América
Central, gerando grandes repercussões socioeconômicas.
Sobre essas ocorrências na região, é correto afirmar que os furacões estão relacionados a
a) ciclones tropicais.
b) ciclones extratropicais.
c) monções.
d) margens tectônicas ativas junto ao Golfo do México.
e) ciclones extratropicais formados nas águas aquecidas do Golfo do México.

7. (Enem PPL 2012) Desde a sua formação, há quase 4,5 bilhões de anos, a Terra sofreu várias
modificações em seu clima, com períodos alternados de aquecimento e resfriamento e elevação ou
decréscimo de pluviosidade, sendo algumas em escala global e outras em nível menor.
ROSS, J. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003 (adaptado).

Um dos fenômenos climáticos conhecidos no planeta atualmente é o El Niño que consiste


a) na mudança da dinâmica da altitude e da temperatura.
b) nas temperaturas suavizadas pela proximidade com o mar.
c) na modificação da ação da temperatura em relação à latitude.
d) no aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que altera o clima.
e) na interferência de fatores como pressão e ação dos ventos do Oceano Atlântico.

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Geografia

8. Observe atentamente a figura a seguir:

Fonte: Modificado de MARTIN e SUGUIO. 1992.


Essa situação atmosférica é típica em anos nos quais
a) só sopram, sobre o Nordeste brasileiro, os ventos planetários alísios de nordeste.
b) se instalam, sobre a região Sul do Brasil, fluxos de ar polar setentrional.
c) se configura o fenômeno “El Niño”.
d) se espalham anomalias térmicas negativas na superfície das águas do Pacífico Equatorial.
e) só agem, sobre a região Sudeste do Brasil, os fluxos de ar advectivo polar.

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Geografia

9.

O mapa apresenta os efeitos do fenômeno climático de interação atmosfera-oceano denominado


a) El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico nas proximidades do
equador.
b) Alísios de Nordeste, caracterizado pela atuação em escala local e em curto período de tempo sobre
as águas do Oceano Pacífico.
c) La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico na costa
peruana.
d) Zona de Convergência Intertropical, caracterizado pela formação de núcleos de aumento nas
temperaturas superficiais do Oceano Pacífico.
e) Zona de Convergência do Atlântico Sul, caracterizado pela diminuição da temperatura e da
umidade no equador.

10. Leia o segmento abaixo.


Os 13 membros da equipe de futebol Wild Boar ficaram presos na caverna no dia 23 de junho, após
chuvas fortes inundarem a entrada principal do local. Naquela ocasião, os militares tailandeses
afirmaram que os jovens teriam aulas de mergulho para conseguir deixar o complexo de cavernas de
Tham Luang, localizado em Chiang Rai, no norte da Tailândia, e que é o quarto mais extenso do país,
com cerca de 10 quilômetros.
Disponível em: <https://www.climatempo.com.br/verao/noticia/2018/07/03/o-dificil-resgate-de-jovensem-cavema-na-
tailandia-2473>. Acesso em: 03 jul. 2018.
As chuvas fortes citadas no texto podem estar diretamente relacionadas
a) ao efeito da nevasca sazonal.
b) ao gradiente adiabático sísmico.
c) às monções tropicais.
d) à ondulação extratropical.
e) à circulação termohalina.

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Geografia

Gabarito

1. C
Observa-se que o Sul apresenta baixa temperatura e alta umidade, e o Nordeste, alta temperatura e alta
umidade. O fator do clima responsável por essas características é a ação das massas de ar. Nesse
sentido, massas que nascem no oceano são úmidas e influenciam o clima por onde passam. O Nordeste
e o Sul do país são influenciados por essas massas, o que explica a umidade nessas regiões.

2. E
No inverno e no verão do Brasil, as dinâmicas das massas de ar são distintas. A mPa (Massa Polar
Atlântica), caracterizada por ser fria e úmida, tem sua atuação restrita ao inverno no país e em alguns
países da América do Sul, e acarreta a queda brusca das temperaturas.

3. B
A imagem mostra a ação da Corrente de Humboldt, uma corrente marítima fria que contribui para o
aumento da umidade da região por onde passa, o que provoca a ocorrência de chuvas. Sendo assim, as
massas de ar úmidas que passam sobre essa corrente passam a ficar mais secas e chegam ao
continente nessas condições. Esse fenômeno é um dos principais responsáveis pela existência do
Deserto do Atacama, no Chile.

4. B
As brisas formam-se em razão da diferença de pressão atmosférica provocada pelo aquecimento
diferencial das superfícies, em que, durante o dia, o continente mais aquecido que o oceano forma áreas
de baixa pressão (ciclonais), atraindo os ventos, e, durante a noite, ocorre o inverso, os ventos são
atraídos em direção ao oceano, que está mais aquecido que o continente.

5. C
Os ciclones tropicais se formam devido à diferença de pressão atmosférica.

6. A
A imagem ilustra a formação de um ciclone tropical, que também pode ser denominado furacão ou tufão.
Eles formam-se na atmosfera sobre os oceanos aquecidos a partir de 26,5° C, na Zona Intertropical e
com núcleo de baixa pressão atmosférica. Os ventos atingem velocidades superiores a 118 km/h. Essas
tempestades apresentam alto índice de chuvas, ventos fortes e estimulam a formação de ondas gigantes.

7. D
O El Niño é um fenômeno natural que ocorre em um período de aproximadamente dois a sete anos.
Refere-se ao aquecimento acima da média (de 3 a 7° C) das águas do Oceano Pacífico próximo à Linha
do Equador, e à redução dos ventos alísios (ventos que sopram de leste para oeste) na região equatorial.
Na situação normal, no Hemisfério Sul, os ventos alísios sopram a uma velocidade média de 15 m/s,
aumentando o nível das águas do Oceano Pacífico nas proximidades da Austrália, que é 50 cm maior
que nas proximidades da América do Sul. Além disso, esses ventos provocam correntes que levam as
águas superficiais, que são quentes, nessa direção.

8. C
A situação atmosférica indicada no mapa é uma anomalia ocorrida nos anos em que se registra o
aquecimento das águas do Pacífico, fenômeno conhecido como El Niño.

9. A
O El Niño pode ser definido como o aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico
Equatorial. Causa alterações no clima de diversas regiões do mundo. No Brasil, causa aumento de
temperatura no Sudeste, chuva excessiva no Sul, além de seca no Nordeste e Amazônia.

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Geografia

10. C
As fortes chuvas citadas no texto são decorrentes do clima tropical de monções, atuante no verão, sobre
o Sudeste Asiático, levando os ventos úmidos do oceano para o continente, provocando intensa
precipitação.

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História

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História

A República Democrática: Redemocratização e o governo Dutra


(1945-50)

Resumo

Os militares depuseram Getúlio Vargas em outubro de 1945. O então


presidente, que concordou com a deposição, deixou o cargo e foi para a sua
cidade natal. As novas eleições presidenciais estavam marcadas para o
início de dezembro do mesmo ano. Doze partidos apresentaram candidatos
a deputados e senadores para a Constituinte. Do conjunto, destacavam-se
os quatro maiores: Partido Social Democrático (PSD), União Democrática
Nacional (UDN), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e Partido Comunista do
Brasil (PCB). Dois candidatos com maiores chances eleitorais disputavam a
presidência: Eurico Gaspar Dutra, pela coligação PSD/PTB, e o brigadeiro
Eduardo Gomes, pela UDN.
O PSD era um partido composto por getulistas e, nesse momento, se
mostrou o maior partido do Brasil: elegeu Dutra presidente, além de um
grande número de deputados federais e senadores. A UDN era um partido
ferrenhamente anti-getulista, enquanto o PTB disputava um eleitorado (Jornal Gazeta de Notícias, 1945)
similar ao do PCB que – vale ressaltar – nesse momento teve um curto
período de legalidade.
Em 31 de janeiro de 1945 Dutra tomou posse e governou até 1950. No contexto de sua posse, a atenção do
país estava voltada para a Constituinte recém-eleita. A Constituição foi promulgada no dia 18 de setembro
de 1946, após meses de elaboração, e foi responsável por trazer de volta – ainda que parcialmente –
direitos políticos e democráticos aos cidadãos brasileiros. Com a nova Constituição, homens e mulheres
alfabetizados eram eleitores a partir dos 18 anos. No que diz respeito aos direitos sociais e trabalhistas,
prevaleceu a legislação do Estado Novo. Assim, a Constituição de 1946 determinou:
• A autonomia dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário);
• 5 anos de mandato presidencial;
• A eleição direta para os cargos de presidente, governadores e prefeitos;
• A garantia de liberdade de expressão (em teoria, como veremos);
• O pluripartidarismo;
• O voto obrigatório, mantendo o voto feminino, excluindo ainda os analfabetos;
• A manutenção das leis trabalhistas.
As principais ações tomadas por Dutra, durante o seu governo, estavam diretamente relacionadas com o
contexto da Guerra Fria. Com a bipolarização do mundo em dois blocos hegemônicos, o governo brasileiro
alinhou-se incondicionalmente como aliado dos Estados Unidos e do bloco capitalista. Assim, internamente,
iniciou-se uma forte repressão contra organizações políticas e de trabalhadores que se alinhavam com a
esquerda e o comunismo.
As ações de Dutra nesse sentido levaram ao rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e União
Soviética em 1947. Posteriormente, o governo brasileiro colocou o Partido Comunista do Brasil na
ilegalidade a partir de um dispositivo da Constituição contra partidos “antidemocráticos”. Por fim, no
começo de 1948, os políticos eleitos pelo PCB tiveram seus mandatos políticos cassados.

1
História

A política de perseguição aos comunistas também


foi utilizada pelo governo como justificativa para
intervenções nos sindicatos e repressão aos
movimentos trabalhistas. Ao todo, o governo Dutra
interveio em 143 sindicatos e estipulou condições
extremamente rígidas para a realização de greves.
Do ponto de vista econômico, o Governo Dutra
promoveu grande abertura para o mercado
estrangeiro, principalmente para os produtos norte-
americanos. Essa medida causou o desequilíbrio
das taxas de importação e exportação, e o
esvaziamento das reservas monetárias nacionais. (Jornal do Brasil, 1948)

Nesse mesmo contexto, foi criado o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e
Energia), projeto que previa investimentos na infraestrutura nacional. Entretanto, as
crises econômicas enfrentadas pelo país comprometeram a eficácia do Plano.
Em 1950, com a convocação de novas eleições, o PSD lançou Cristiano Machado como
candidato à presidência da República, a UDN, por sua vez, apostou em Eduardo
Gomes. No entanto, as eleições de 1951 foram vencidas pelo candidato do PTB,
Getúlio Vargas, vitorioso com 18% dos votos, marcando o início do segundo governo
Vargas.

2
História

Exercícios

1. No combate à inflação, o governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) buscou direcionar os gastos
públicos em investimentos nos setores considerados prioritários. Nasceu, então, o Plano Salte,
destinado a investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Mas o desenvolvimento brasileiro,
especialmente da indústria, ficou abaixo das aspirações dos industriais brasileiros. Isso ocorreu em
razão:
a) de políticas econômicas que regulavam os preços dos produtos essenciais, para proteger a
indústria nacional.
b) das facilidades à exportação de bens duráveis, promovidas pelas políticas econômicas do
governo.
c) da abertura do mercado brasileiro à importação de bens supérfluos.
d) de políticas econômicas voltadas para a seleção das importações, priorizando os bens duráveis.
e) da captação de recursos a partir da construção das indústrias de base e da política econômica
nacionalista do governo.

2. (PUC-Camp 2016) No fim de 1944 estávamos em regime de ditadura no Brasil, como todos sabem.
Uma ditadura que já se ia dissolvendo, porque o ditador de então começara a acertar o passo com as
chamadas Potências do Eixo; mas quando os Estados Unidos entraram na guerra e pressionaram no
mesmo sentido os seus dependentes, ele não só passou para o outro lado, como teve de concordar
que o país interviesse efetivamente na luta, como aliás pedia a opinião pública, às vezes em
manifestações de massa que foram as primeiras a quebrar a rotina disciplinada de tranquilidade
aparente nas grandes cidades.
(CÂNDIDO, Antonio. Teresina etc. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980, p. 107-108)

Sobre a dissolução do regime político brasileiro, a que o texto de Antonio Cândido se refere, é correto
afirmar:
a) A oposição da nascente burguesia industrial da região Sudeste às leis trabalhistas formuladas
pelo Ministro do Trabalho e a agitação da Força Pública contribuíram para a desestabilização do
regime autoritário no Estado Novo.
b) As repercussões da Segunda Guerra Mundial se entrelaçaram à crise política interna, formando
uma complexa rede de contradições que resultou na criação de uma conjuntura favorável ao
desmantelamento do Estado Novo.
c) A acirrada disputa entre a esquerda, representada pela Aliança Nacional Libertadora, e a direita
radical e fascista da Ação Integralista Brasileira criou as condições necessárias para a derrocada
da ditadura varguista.
d) A extrema instabilidade política, marcada por tentativas de golpes e contragolpes de caráter
nacionalista, desestabilizou a estrutura do Estado e levou à decadência do governo totalitário
implantado por Getúlio Vargas.
e) As contestações ao regime autoritário, expressas pelo descontentamento de parcelas
significativas da sociedade brasileira, incentivaram rebeliões populares que levaram à queda do
Estado Novo.

3
História

3. A Segunda Guerra Mundial e as transformações subsequentes abalaram profundamente o equilíbrio


de poderes até então existente, abrindo caminho para uma nova ordem político-econômica e militar,
com evidentes implicações no Terceiro Mundo. Neste contexto, a política externa do Governo Eurico
Gaspar Dutra expressava:
a) favorecimento ao bloco socialista.
b) alinhamento à política norte-americana.
c) postura neutralista.
d) visão terceiro-mundista de resistência ao imperialismo.
e) posição de defesa da autodeterminação latino-americana

4. A gestão do Presidente Eurico Gaspar Dutra foi marcada pela adoção de medidas que visavam à
modernização das instituições político-administrativas. Entre essas mudanças, pode ser destacada:
a) a aprovação de uma nova Constituição que, embora seguisse princípios liberais e democráticos,
mantinha a proibição ao direito de voto das mulheres.
b) a aproximação com a União Soviética, em função do enorme prestígio dos parlamentares ligados
ao PCB.
c) a extinção do corporativismo, com a regulamentação de centrais sindicais livres da tutela do
Estado.
d) a implantação de um plano de metas (Plano Salte) que visava atender às necessidades da
industrialização e do abastecimento doméstico.
e) que visava atender às necessidades da industrialização e do abastecimento doméstico e a
recusa de participação na Organização dos Estados Americanos (OEA), por considerá-la um
instrumento de consolidação da hegemonia norte-americana na América Latina.

5. O processo de redemocratização, instaurado no Brasil, em 1946, foi ameaçado durante o governo de


Eurico Gaspar Dutra, em razão da sua posição política, uma vez que o presidente
a) alinhou-se à União Soviética, o que provocou pressões políticas e econômicas dos Estados
Unidos.
b) cassou os mandatos dos representantes do Partido Trabalhista Brasileiro, por ser um partido de
oposição ao seu governo.
c) perseguiu os integralistas e tornou ilegal a Ação Integralista Brasileira, prendendo, inclusive, o
seu líder Plínio Salgado.
d) desenvolveu uma política econômica planificada, que provocou insatisfação das multinacionais
instaladas no país.
e) colocou o Partido Comunista do Brasil na ilegalidade, rompendo inclusive relações diplomáticas
com a URSS.

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História

6. "(...) Todos ainda se lembram dos discursos megalomaníacos de Carlos Prestes (...) nos quais (...)
previa que as hostes da U.D.N. se desagregariam, (...). Quanto ao P.S.D. era uma colcha de retalhos
costurados uns aos outros pelo fio precário da ditadura, e se dissolveria a uma simples ordem do
"Chefe" nacional. Vê agora, o pobre ex-cavaleiro, (...) que nada saiu como previra, (...) Em lugar dos
grupos burgueses se desintegrarem, foi Prestes quem se isolou, quem ficou sozinho com Getúlio, e
agora é obrigado a seguir, direitinho, a reboque, seja de Eduardo Gomes, seja de Dutra; ou levantar um
dr. Jacarandá qualquer para "seu" candidato. A saída forçada de Getúlio obriga os grupos a se
consolidarem definindo-se melhor e, finalmente, a disputarem as eleições como adversários. (...)
Pode-se dizer que a verdadeira campanha de "sucessão presidencial" só iniciou-se a partir de 30 de
outubro."
(Jornal Vanguarda Socialista (16/11/1945) citado de CARONE, Edgard. "Movimento Operário no Brasil"
(1945/1964). São Paulo, Difel, 1998. p.258-9. v.2.)
A conjuntura política brasileira do segundo semestre de 1945 é analisada neste artigo a partir de uma
ótica crítica à ação desenvolvida pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) e seu líder Luís Carlos
Prestes. Abriam-se, na época, novos horizontes para o país com a derrubada da ditadura getulista e
de eleições constituintes e presidenciais. Nestas, saiu vitorioso:
a) o grupo de oposição à ditadura getulista representado pela UDN, que apresentou como
candidato o antigo "tenente" Eduardo Gomes, à frente de um projeto liberal-conservador.
b) o candidato do PCB, Eurico Gaspar Dutra, apoiado por setores do getulismo voltados a levar
adiante as conquistas da legislação trabalhista.
c) o PSD, que acabou por apresentar a candidatura de Getúlio Vargas, seu fundador, o qual
derrubado pouco antes do poder, acabou a ele voltando pelo voto popular.
d) o ex-ministro da Guerra do governo Vargas, Eurico Dutra, com uma política conservadora que
incluiu a perseguição aos comunistas e a movimentos populares.
e) o projeto, articulado por Vargas, de manter o controle do poder a partir do presidente eleito,
Eurico Dutra, apoiado pelos getulistas do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

7. A partir de 1945 e até a década de 50, observaram-se intensas transformações na esfera política
brasileira, impulsionadas pelos resultados da 2° Guerra Mundial. Dentre tais transformações, destaca-
se:
a) o processo de "redemocratização" baseado no multipartidarismo oriundo do fim do Estado Novo;
b) a modernização industrial sob a liderança das oligarquias nordestinas;
c) a manutenção da economia agroexportadora brasileira com o fim do processo de substituição
de importações;
d) a industrialização regional do Vale do Cariri fortalecida pela ação do Estado Novo;
e) a consolidação dos poderes locais determinada pelos projetos de modernização industrial do
Governo Dutra.

8. A política econômica refletia as tensões da política internacional do pós-guerra. Os Estados Unidos


lideravam os países do mundo capitalista e pretendiam deter o crescimento do mundo comunista,
liderado pela União Soviética. A respeito da política econômica de Dutra é INCORRETO afirmar.
a) Promoveu a associação do capital nacional ao capital internacional.
b) Defendeu a intervenção do Estado na economia.
c) Liberou as importações de bens manufaturados.
d) Criou o Plano SALTE.
e) Permitiu a interferência norte-americana na economia brasileira.

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História

9. (ENEM PPL - 2017) Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo
Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo
político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos
que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular… Afinal, o que é que o senhor
Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo,
entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”.
(A D M. C. Getulismo
e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.)

O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por


a) reclamar a participação das agremiações partidárias.
b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
d) reivindicar a transição constitucional sob influência do governante.
e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social.

10. Senado devolve mandatos de senador a Luiz Carlos Prestes e seu suplente.
O Senado Federal promoveu nesta quarta-feira (22/05/2013) sessão especial para a devolução
simbólica dos mandatos de senador ao líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990) e a seu
suplente Abel Chermont (1887-1962). Eleito em 1945 pelo então Partido Comunista do Brasil (PCB),
com a maior votação proporcional da história política brasileira até aquela época, Prestes teve o
mandato cassado em 1947, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter cancelado o registro de seu
partido.
Em discurso de agradecimento na tribuna, a viúva de Luiz Carlos Prestes considerou a devolução
simbólica do mandato de seu marido uma vitória não apenas de sua família, mas de todo o povo
brasileiro, que o elegeu em 1945 com mais de 150 mil votos.
Maria do Carmo destacou o compromisso de Prestes com as causas dos trabalhadores brasileiros e
lembrou sua permanente preocupação com a qualidade dos sistemas públicos de saúde e educação,
com a garantia do direito à moradia e com a defesa de salários decentes a fim de que todos
pudessem viver com dignidade.
(Agência Senado, 22/05/2013.)
A matéria jornalística acima apresentada refere-se a uma reparação por parte do Congresso Nacional
da cassação de mandatos realizada contra membros do PCB em 1947. Essa medida foi deflagrada
pelo governo de Dutra, no contexto do início da Guerra Fria. Entretanto, essa medida entrava em
contradição com a Constituição promulgada em 1946, já que ela tinha um caráter:
a) fascista.
b) liberal.
c) totalitário.
d) autocrático.
e) socialista

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História

Gabarito

1. C
A política econômica de Dutra foi marcada por uma abertura do mercado brasileiro à entrada de
mercadorias importadas principalmente dos EUA. Era uma consequência dos acordos da II Guerra
Mundial e uma tentativa de superar o nacionalismo econômico existente durante o Estado Novo.

2. B
A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial apontou as contradições cada vez mais evidentes no
governo de Vargas que chegará ao fim após o termino do conflito bélico.

3. B
No contexto da Guerra Fria, Dutra se alinha ao bloco capitalista, representado pelos Estados Unidos. Ele
chega, inclusive, a colocar o Partido Comunista (PCB) na ilegalidade.

4. D
O Plano SALTE pretendia estimular as áreas de Saúde, Alimentação, Transporte e Energia – áreas que
correspondiam às letras iniciais do plano. Ele visava direcionar o dinheiro público para setores
emergenciais.

5. E
O Governo Dutra foi marcado por um alinhado com os Estados Unidos, do Bloco capitalista.

6. D
Dutra foi eleito pelo Partido Social Democrático (PSD) em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB).

7. A
A redemocratização será marcada pela volta do multipartidarismo e pelas eleições diretas para
presidente.

8. B
Dutra adotou, ao contrário disso, uma política liberal.

9. D
O trecho fala sobre o final da Era Vargas e as eleições diretas para presidente naquele momento. Relata
também sobre o movimento Queremista que desejava a permanência de Getúlio Vargas no poder.

10. B
A Constituição de 1946 contrastava com o período anterior, o do Estado Novo, que era marcado pela
supressão das liberdades políticas e do poder centrado no Executivo e no fechamento do parlamento.
Mas como houve uma aproximação de Dutra com os EUA, a cassação dos parlamentares do PCB foi
uma consequência da posição tomada na Guerra Fria

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História

O Segundo Governo Vargas (1951-54)

Resumo

Em 1951 Getúlio Vargas retornou ao posto de Presidente da República, agora eleito


democraticamente. Em um clima de tensão política o atual presidente vai assumir em um
momento de instabilidade e crescimento da oposição em relação a sua figura e ao seu
projeto político. Sua atuação vai gerar um importante debate: a forma que o
desenvolvimento econômico do Brasil deveria ser feito. A comunidade política se
fragmentou claramente durante este período: de um lado, aqueles que defendiam o
desenvolvimento através do capital nacional; de outro, aqueles que defendiam a
intervenção do capital internacional.
Com o retorno de Vargas, o populismo, o nacionalismo e o trabalhismo estavam novamente em evidência.
Adepto de um forte intervencionismo na economia, o investimento na indústria de base era um dos pilares
de seu novo governo. Com um forte caráter nacionalista, vai continuar investindo na construção de estatais
nos setores primordiais para a economia brasileira.

“O petróleo é nosso.”
Estrategicamente, Vargas vai investir pesado nos setor de energia e de exploração do petróleo brasileiro
com a criação da Petrobrás. A descoberta de novas reservas de petróleo gerou toda uma discussão em
relação a sua exploração, acirrando ainda mais as disputas entre os defensores da soberania nacional, e
consequentemente apoiadores da construção da estatal e aqueles que defendiam a entrada de empresas
estrangeiras na exploração petrolífera. Os apoiadores do nacionalismo iniciaram uma campanha em favor
do monopólio estatal na exploração do produto com o slogan “O petróleo é nosso.” Contando com o apoio
de uma boa parcela da população, incluindo civis e militares, Vargas vai conseguir que a lei de criação da
estatal seja aprovada em 1953.
O então presidente ainda vai tentar solucionar o problema da energia elétrica que era vista como um
impasse para a expansão industrial brasileira, uma vez que empresas estrangeiras dominavam o setor.
Getúlio vai tentar aprovar o projeto de construção da Eletrobrás no ano de 1954, contudo não vai obter
sucesso porque a oposição, representada principalmente pela UDN e por Carlos Lacerda, ao seu governo
estava cada vez mais forte. Embora a oposição acusasse o presidente de afastar os investimentos de
empresas estrangeiras, é importante salientar que na verdade Vargas era a favor do monopólio estatal em
setores estratégicos e seu governo promoveu uma aproximação com os Estados Unidos, por exemplo, com
a criação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU). O acordo entre os dois países visava a
aprovação de crédito ao governo brasileiro que seria utilizado para o investimento em obras de
infraestrutura para o país.
Ainda no âmbito econômico, Vargas vai criar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) para
assegurar o investimento e financiamento nos diversos setores da economia brasileira. A organização ainda
tinha a missão de estudar a realidade brasileira para compreender qual era a necessidade de investimento
de forma a potencializar a expansão da indústria nacional.

1
História

Aspectos sociais
Apesar de todo investimento, Vargas passava por uma crise econômica com a alta da
inflação que tornava a vida das classes mais baixas cada vez mais difícil. O presidente vai
ter que lidar com a crescente insatisfação da população, que vai começar a promover uma
série de greves com intuito de reivindicar melhores condições de vida. A greve dos 300 mil
é a mais famosa e a que vai causar um grande impacto no governo, uma vez que o
proletariado vai parar o trabalho por quase um mês. A solução encontrada por Getúlio vai
ser a nomeação de João Goulart, popularmente conhecido como Jango, para o cargo de ministro do
trabalho. Jango possuía a simpatia dos trabalhadores e logo em seguida a sua nomeação tomou uma das
medidas mais polemicas do governo Vargas, o aumento de 100 % do salário-mínimo.
Essa medida vai causar aumentar o desgaste do governo
Vargas com a oposição. O acirramento da tensão entre ambos
foi o fato de que nem os empresários, nem os militares e nem
os conservadores estavam de acordo. O desagrado dos
militares foi tão grande que eles enviaram ao presidente um
manifesto relatando o descontentamento, entretanto Vargas
não retirou o aumento. O então presidente contornou a situação
com duas medidas: demitindo Jango e colocando no lugar um
militar.
Toda essa movimentação aumentou a crise política e o
acirramento das críticas da oposição ao governo Vargas.
Lacerda vai utilizar a imprensa a seu favor e as criticas a Getúlio vai aumentar exponencialmente,
principalmente com denúncias de corrupção dentro do governo.

O atentado da Rua Tonelero


Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um atentado na
Rua Tonelero onde morava em Copacabana. Foi ferido na perna,
mas Rubens Florentino Vaz, um major da aeronáutica que o
acompanhava, foi morto. O jornalista fez questão de acusar
abertamente o governo de Vargas, criando uma comoção
nacional pela descoberta dos mandantes do atentado. A
investigação chegou até o chefe da guarda pessoal do
presidente, Gregório Fortunato, o que levou os opositores a
apontarem Vargas como o mandante.
Mediante a rápida investigação e aos indícios que apontavam
para um dos funcionários de Vargas, a insatisfação com o
governo vai ficar cada vez maior. A UDN e alguns setores do
exército pressionavam pela saída de Vargas do poder. Após uma intensa pressão, Vargas avisa que não
aceita renunciar depois de receber no dia 23 de agosto um manifesto de generais pedindo a sua saída. No
dia seguinte, Getulio Vargas é encontrado morto com um tiro no coração dentro do palácio do Catete,
deixando uma carta que ficou conhecida como, “A carta-testamento”. Sua morte causou uma comoção no
país e seu enterro foi acompanhado por milhares de pessoas. Em sua carta, Vargas toma um
posicionamento de mártir da pátria ao afirmar:

2
História

“E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto
para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício
ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do
Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não
abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.” (Trecho da carta de
Getúlio Vargas)
Com sua carta, Vargas conseguiu desestabilizar a oposição. Ela foi suprimida pela reação de pesar da
população com a morte trágica do presidente. Sucedido por seu vice, Café Filho, Getúlio Vargas acaba
assegurando a vitória do candidato da sua base partidária na eleição seguinte.

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História

Exercícios

1. (PUC- Camp 2017) Ao longo da década de 1950, período marcado pelo que se chamou de
“desenvolvimentismo”, manifestou-se uma nova geração de escritores, bastante viva, apostando em
profundo mergulho num Brasil histórico e mítico, como no caso singular de Guimarães Rosa, ou em
tendências de vanguarda, como a dos poetas do “Concretismo”, que concebiam a linguagem como
objeto visual, disposta na página em relação funcional com o espaço branco ou colorido, e
aproveitando ainda, por vezes, o chamamento de recursos gráficos usuais nas mensagens de
propaganda.
(MOREIRA, Tibúrcio. Inédito)
Na década de 1950, o discurso nacionalista ganhou espaço especial a partir do governo de Getúlio
Vargas. Nesse período, o nacional-desenvolvimentismo
a) foi marcado pela ambiguidade e deixava dúvidas sobre qual caminho cultural a ser seguido no
campo das artes e da literatura brasileiras.
b) impediu, em parte, que a estrutura social das cidades se modificasse por influência de valores
culturais, exportados da Europa.
c) buscava definir uma nova cidadania, identificada com os valores culturais nacionais herdados
dos movimentos artísticos europeus.
d) fazia parte dos projetos dos governos e também das discussões culturais na busca dos valores
autênticos, característicos do Brasil.
e) representou a repulsa de setores da elite e também das camadas populares à grande
efervescência cultural e ao movimento concretista.

2. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma agressão constante, incessante, tudo
suportando em silêncio. […] Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo
de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém. […] Lutei contra a espoliação do povo. Eu vos
dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte.
(Carta Testamento de Getúlio Vargas, 1954)

Acerca do contexto e personagem identificados no documento citado, é INCORRETO afirmar que:


a) a referência à escravidão feita pelo ex-presidente é um recurso de retórica para afirmar a sua
identificação com os trabalhadores.
b) os mais poderosos adversários de Vargas, nessa conjuntura, os quais ele alega agredi-lo
constantemente, são os comunistas liderados por Luiz Carlos Prestes.
c) a UDN, oposição ao varguismo, pagou um alto preço político por isso, como evidenciou a eleição
de JK.
d) o mais duradouro legado varguista, a legislação trabalhista, permaneceu sem sofrer grandes
alterações por praticamente todas as décadas subsequentes à sua morte.
e) o suicídio de Vargas é um desdobramento da acentuação da crise política em seu governo após
o Atentado da Rua Tonelero.

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História

3. Apesar das pressões e da inexistência, a essa altura, de uma sólida base de apoio a seu governo,
Getúlio equilibrava-se no poder. Faltava à oposição um acontecimento suficientemente traumático
que levasse as Forças Armadas a ultrapassar os limites da legalidade e depor o presidente. Esse
acontecimento foi proporcionado pelo círculo dos íntimos de Getúlio.
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013, p. 355. )
A respeito do trecho acima, qual foi o acontecimento que levou ao desmoronamento do segundo
governo de Getúlio Vargas?
a) vazamento da proposta de criação da Petrobras.
b) nomeação de João Goulart como ministro.
c) escândalos de corrupção envolvendo propriedades ilegais de Vargas denunciado pelo jornal
Tribuna da Imprensa.
d) Atentado da Rua Tonelero, organizado contra Carlos Lacerda.
e) envolvimento clandestino de familiares de Getúlio Vargas com partidos comunistas.

4. (PUC–RS 2012) Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito pelo voto direto e implementou inúmeras medidas
características de sua concepção de governo.
Dentre tais medidas aprovadas no mandato 1951-1954, destacam-se:
a) a consolidação das leis trabalhistas e a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social.
b) a consolidação das leis trabalhistas e a estatização da Eletrobrás.
c) a criação da Petrobrás e o aumento de 100% do salário-mínimo.
d) a consolidação das leis trabalhistas e a criação da Companhia Siderúrgica Nacional.
e) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e o aumento de 100% do salário-mínimo.

5. (UEA 2012)

A caricatura de Getúlio Vargas e a música tocada no rádio referem-se


a) à candidatura de Vargas pela Aliança Liberal, contrária aos interesses da política do café-com-
leite, no final dos anos 1920.
b) à convocação da Assembleia Nacional Constituinte após o movimento armado dos paulistas
realizado em 1932.
c) à censura dos meios de comunicação durante o Estado Novo, permitindo apenas referências
positivas ao presidente.
d) ao apoio popular conquistado por Getúlio em sua candidatura à Presidência da República nas
eleições de 1950.
e) à forma encontrada pela população para expressar a comoção causada pelo suicídio de Getúlio
em 1954.

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História

6. (UNESP-SP 2015) Examine a charge do cartunista Théo, publicada na revista Careta em 27.12.1952.

O apelido de "pai dos pobres", dado a Getúlio Vargas, pode ser associado
a) ao autoritarismo do presidente diante dos movimentos sociais, manifesto na repressão as
associações de operários e camponeses.
b) aos esforços de negociação com a oposição, com a decorrente distribuição de cargos
administrativos e funções políticas.
c) ao caráter popular do regime, originário de uma revolução social e empenhado no combate à
burguesia industrial brasileira.
d) à política de concessões desenvolvida junto a sindicatos, como contrapartida do apoio político
dos trabalhadores.
e) à supressão de legislação trabalhista no país, que obrigava o governo a agir de forma
assistencialista.

7. (ENEM 2009) Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos
grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o
trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo
nos braços do povo. [...] Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através
da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma.
(VARGAS, Getúlio. Carta Testamento, Rio de Janeiro, 23/08/1954 (fragmento). Disponível em:
<http://www.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas/>.Acesso em: 26 jun. 2009.)

O contexto político tratado refere-se a um significativo período da história do Brasil, o 2º Governo de


Vargas (1951-1954), que foi marcado pelo aumento da infiltração do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) nos sindicatos e pelo distanciamento entre Getúlio e os militares que o haviam apoiado durante
o Estado Novo. O conteúdo da carta testamento de Getúlio aponta para a
a) existência de um conflito ideológico entre as forças nacionais e a pressão do capital
internacional.
b) tendência de instalação de um governo com o apoio do povo e sob a égide das privatizações.
c) construção de um pacto entre o governo e a oposição visando fortalecer a Petrobrás.
d) iminência de um golpe protagonizado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).
e) pressão dos militares contra o monopólio estatal sobre a exploração e a comercialização do
petróleo.

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História

8. Zuenir Ventura, em seu livro "Minhas memórias dos outros" (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005),
referindo-se ao fim da "Era Vargas" e ao suicídio do presidente em 1954, comenta: Quase como
castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de
Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão próprio). Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos
acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus
aliados e a mente de seus inimigos.
A afirmação que aparece "entre parênteses" no comentário e uma consequência política que atingiu
os inimigos de Vargas aparecem, RESPECTIVAMENTE, em:
a) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos elementos do desfecho trágico e
o recuo da ação de políticos conservadores devido ao impacto da reação popular.
b) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda por apoiar os assessores do
presidente que discordavam de suas ideias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela
ação dos militares.
c) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos, como Carlos Lacerda, que o
pressionavam contra a ditadura e os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma
década para concretizar a democracia progressista.
d) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do presidente e este fato veio
impedir definitivamente a ação de grupos conservadores.
e) o presidente cometeu o suicídio para garantir uma definitiva e dramática vitória contra seus
acusadores e oferecendo a própria vida Vargas facilitou as estratégias de regimes autoritários no
país.

9. (PUC-RS 2009) Com base no texto a seguir, sobre as características do governo de Vargas no período
1951-1954.O retorno de Getúlio Vargas ao poder, em 1951, produziu controvérsias, especialmente
com os países alinhados ao bloco liderado pelos EUA, quando do estabelecimento da Guerra Fria. É
possível observar características desse governo pelas afirmações do próprio presidente em relação à
situação econômica do Brasil:
“...é preciso atacar a exploração das forças internacionais para que o país conquiste sua
independência econômica. Assim como é preciso valorizar o trabalhador.”
As características fundamentais desse governo populista de Vargas são
a) intervencionismo e patrimonialismo.
b) entreguismo e nacionalismo.
c) desenvolvimentismo e empreguismo.
d) nacionalismo e trabalhismo.
e) sindicalismo e internacionalismo.

10. Depois de decênios de domínios e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais,
fiz-me chefe de uma revolução e venci. [...] A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-
se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros
extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário-mínimo se
desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade individual na potencialização das nossas riquezas
através da Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi
obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja

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História

independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho.
Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. [...] Lutei contra a exploração do
Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. [...] Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte.
Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar
na História."
(Carta Testamento de Getúlio Vargas - 24/08/1954.)

O documento expressa uma política de


a) liberalismo econômico e nacionalismo, características do período em que governou
provisoriamente.
b) estatização, restrição ao capital externo e financeiro, que corresponde ao período no qual foi
eleito diretamente pelo povo.
c) abertura ao capital externo, criação de empresas estatais, como a Eletrobrás e a Petrobrás,
representando o período do Estado Novo.
d) protecionismo estatal e populismo, sintetizando a ditadura legalizada pela constituição "Polaca",
momento político no qual a Carta foi redigida.
e) assistência aos trabalhadores e liberalismo, que ensejava o "Estado mínimo", durante o seu
Governo Constitucional".

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História

Gabarito

1. D
Essa ideologia vai marcar a forma dos governos agirem em prol do desenvolvimento da nação brasileira
e também vai incidir em outros setores, como o da cultura, que cada vez mais buscará fortalecer a
identidade nacional valorizando aquilo que é produzido aqui dentro.

2. B
A oposição de Luiz Carlos Prestes a Getúlio ocorreu durante o primeiro governo varguista, entre 1930 e
1945, sobretudo na luta idealizada pela ANL e pelo PCB, que resultou na Intentona Comunista, de 1935.
Durante o segundo governo de Getúlio Vargas, seu principal adversário político era Carlos Lacerda,
representante da UDN que possuía um discurso inflamado contra Vargas e utilizava do espaço em seu
jornal, Tribuna da Imprensa, para realizar denúncias contra o governo.

3. D
O Atentado da Rua Tonelero foi o acontecimento que levou ao desmoronamento do segundo governo de
Getúlio Vargas. Que teria sido organizado pelo chefe de segurança do Palácio do Catete (palácio
presidencial), Gregório Fortunato, que havia contratado uma pessoa para matar Carlos Lacerda. O
atentado fracassou e o político teve ferimentos leves. O guarda-costas de Lacerda, o major Rubens Vaz,
foi morto durante a ação. As investigações chegaram ao nome de Gregório Fortunato e, em razão disso,
Vargas começou a ser acusado de mandante da tentativa de assassinato.

4. C
Durante seu mandado democrático, Vargas vai investir em indústria de base e o setor energético vai
encontrar um campo propicio com a criação da Petrobrás e o monopólio da exploração do petróleo.
Algumas medidas polêmicas também foram tomadas durante o governo, como o aumento de 100% no
salário-mínimo.

5. D
Embora houvesse uma grande oposição política, Vargas possuía um forte apoio popular a sua
candidatura democrática.

6. D
O apelido pode ser associado ao fato de Vargas ter sistematizado os sindicatos e ter aprovado
benefícios trabalhistas que vinham sendo batalhados pelos proletariados.

7. A
Vargas fala em sua carta testamento sobre a relação conturbada entre aqueles que acreditavam que o
país deveria ser desenvolvido através do capital nacional e aqueles que queriam que a economia
brasileira se abrisse completamente para o capital estrangeiro.

8. A
A oposição de Lacerda ao então presidente, assim como o atentado da Rua Tonelero são fundamentais
para compreendermos a crise política e culminou no suicídio de Vargas e na enorme mobilização
popular em seu favor.

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História

9. D
O governo de Vargas é marcado por medidas que visavam a melhoria da infraestrutura do país com o
capital nacional, a estatização de setores estratégicos e a promoção de melhorias para as classes
trabalhadoras. Entretanto, se faz importante ressaltar que Vargas também atendeu ao interesse das
elites com diversas medidas econômicas e políticas.

10. B
Essa política promoveu o acirramento do clima político que culminou no suicídio de Getúlio Vargas.

10
História

Os Anos JK (1955 – 1961)

Resumo

O Governo de Juscelino Kubitschek


Juscelino Kubitschek foi eleito nas eleições presidenciais de 1955,
após o suicídio de Getúlio Vargas, tendo João Goulart como vice. Sua
candidatura se dá em uma eleição conturbada marcada pelo suicídio
e pela “carta testamento” deixada por Getúlio.
Para aqueles que lutavam contra o Governo de Vargas, JK significava
a continuidade do getulismo. A Escola Superior de Guerra, por exemplo,
vetou a candidatura de JK e rumores de um golpe, começaram a
circular. Uma vez concluídas as eleições, JK foi vitorioso com 36% dos
votos, no entanto, a oposição tentou impugnar as eleições, sob a
justificava de que o novo presidente eleito não havia obtido maioria
absoluta, ou seja, pelo menos 51% dos votos.
Com o crescimento de rumores de um possível golpe, o general Henrique Teixeira Lott precisou intervir para
garantir a posse de JK, em um movimento que ficou conhecido como “golpe preventivo”. O golpe
proporcionou a continuidade da constituição ao assegurar a chegada de Kubitschek ao poder.

O Plano de Metas
O Governo de JK ficou conhecido como um período de desenvolvimento
econômico, cujo principal instrumento foi o Plano ou Programa de Metas. Sob
o slogan “50 anos em 5”, que sintetizava a promessa de obter cinquenta anos
de progresso em cinco anos do governo, esta foi a principal diretriz
econômica do governo de JK. O Programa estabelecia 31 metas distribuídas
em cinco grandes grupos: energia, transportes, alimentação, educação e
indústrias de base. A construção de Brasília, nova capital, foi apresentada
como a síntese de todas as metas.
Para atingir tal objetivo, JK buscou reorganizar a distribuição de incentivos
fiscais, tecnologias e financiamentos, através de “grupos de trabalho” ligados
diretamente à presidência.
Para JK o projeto só poderia ser viabilizado com o auxilio do capital
estrangeiro aliado ao capital nacional, tanto o privado quanto o capital
estatal. Deste modo, abrindo a economia para o capital internacional, atraiu o
investimento de grandes empresas. Foi no governo JK que entraram no país
grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen,
Willys e GM (General Motors).
Com a maior parte dos investimentos concentrados no setor energético, algumas usinas hidroelétricas
foram construídas no Brasil, contudo é importante ressaltar que boa parte do projeto desenvolvimentista se
concentrou na região sudeste. O bom momento era pautado de relativa tranquilidade política e de grande
desenvolvimento econômico para o país que vivia os chamados “anos dourados”, marcado também por uma
efervescência cultural com o surgimento da Bossa Nova.

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História

Criou a SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste,


que tinha por objetivo desenvolver a indústria e melhorar a agricultura
da região Nordeste devido ao alto índice de pobreza e a seca que
acometia esse território constantemente. Dentre as cinco categorias do
Plano de Metas descritas lá em cima a que recebeu menos investimento
foi o campo da educação. Enquanto isso, o investimento maciço ficou
com o setor de transportes com a construção de novas estradas e a
melhoria na infraestrutura de aeroportos.

De 1955 a 1961, o Brasil recebeu mais de 2 bilhões de dólares


destinados ao Programa de Metas e o valor da produção industrial
cresceu 80%. Nesse mesmo período, o país cresceu ao timo de 7,9% ao
ano, o que representava uma alta taxa de crescimento. No entanto, com
os elevados gastos públicos o Programa começou a entrar em déficit, promovendo o endividamento do
Estado.

A Construção de Brasília
Um dos grandes objetivos do governo de JK, a construção de
Brasília tinha como o objetivo a maior integração do território
nacional e o desenvolvimento de seu interior. Com um projeto
de Óscar Niemeyer e Lúcio Costa[, a construção de Brasília se
deu a partir da mão de obra de trabalhadores imigrantes vindo,
sobretudo da região nordeste, estes ficaram conhecidos como
candangos.

Embalados pela vitória do Brasil na copa de 58 e com a Bossa


Nova representando os bons ventos no país, a construção da
nova capital representou um ideal nacionalista e
integracionista ambicionado por JK, tornando-se o símbolo da modernização pela qual o país estava
passando.

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História

Aquele spoiler maroto

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História

Exercícios

1. (ENEM 2010) Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos imediatamente anteriores ao
golpe militar de 1964. A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocadas
pela inflação, levaram a uma intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas
grevistas de várias categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais. Dessa vez, as
classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas “sobras” do modelo econômico juscelinista.
MENDONÇA S.R. Alndustraiação Brasileira, Sio Paulo: Modema, 2002 (atta)

Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 decorreram principalmente
a) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart.
b) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista.
c) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas.
d) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves.
e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista.

2. Leia o trecho da música abaixo:


“Bossa nova é ser presidente
desta terra descoberta por Cabral.
Para tanto basta ser tão simplesmente:
simpático, risonho, original.
Depois desfrutar da maravilha
de ser o presidente do Brasil,
voar da Velhacap pra Brasília,
ver Alvorada e voar de volta ao Rio.
Voar, voar, voar.[...]”
(Juca Chaves Apud Isabel Lustosa. Histórias de presidentes, 2008.)

A canção Presidente bossa-nova, escrita no final dos anos 1950, brinca com a figura do presidente
Juscelino Kubitschek. Ela pode ser interpretada como a:
a) representação de um Brasil moderno, manifestado na construção da nova capital e na busca de
novos valores e formas de expressão cultural.
b) celebração dos novos meios de transporte, pois Kubitschek foi o primeiro presidente do Brasil a
utilizar aviões nos seus deslocamentos internos.
c) rejeição à transferência da capital para o Planalto Central, pois o Rio de Janeiro continuava a ser
o centro financeiro do país.
d) crítica violenta ao populismo que caracterizou a política brasileira durante todo o período
republicano.
e) recusa da atuação política de Kubitschek, que permitia participação popular direta nas principais
decisões governamentais.

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História

3. “A ideia da transferência da capital se constituiu num dos problemas mais importantes de nossa
evolução histórica, remontando à própria Inconfidência Mineira. As Constituições de 1891, 1934 e
1946 acolheram, expressamente, as aspirações gerais nesse sentido, estabelecendo de forma taxativa
que a transferência se faria para o planalto central do país, sendo que a constituição em vigor ainda
foi mais explícita do que as anteriores, formulando, inclusive, normas para a localização da futura
capital e estabelecendo o processo para a aprovação do local e início da delimitação da área
correspondente, a ser incorporada ao domínio da União.”
BONAVIDES, Paulo, AMARAL, Roberto. Textos políticos da História do Brasil. 3 ed. Brasília: Senado Federal, Conselho
editorial, 2002. v. 7, p. 32.

Na mensagem de JK é claro o histórico interesse do Estado brasileiro em transferir a capital que então
se localizava no Rio de Janeiro. Entre os argumentos favoráveis à transferência da capital, encontrava-
se:
a) a integração nacional, estimulando a ocupação do sertão brasileiro.
b) a saída do Rio de Janeiro, devido à corrupção latente da cidade.
c) a necessidade de deixar a capital longe das ondas modernizantes que chegavam rapidamente às
regiões litorâneas.
d) a necessidade de ocupação do interior do Brasil, já que não houve movimento populacional algum
para essa região durante a história do país.
e) a necessidade de proteger os governantes, na região central do Brasil, era uma estratégia para
em caso de ser deflagrada uma guerra.

4. Observe a Imagem abaixo:

Uma das características do governo de Juscelino Kubitschek foi o estímulo à produção industrial e ao
aumento de consumo por parte das camadas urbanas de rendimento médio. Tal político obteve
sucesso junto à população, e economicamente não teve como consequência:
a) a consolidação do setor de bens de consumo.
b) o aumento da inflação.
c) o aumento da dívida pública.
d) a intensificação da industrialização.
e) o aumento da qualidade de vida da classe operária.

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História

5. (ENEM 2009) A mais profunda objeção que se faz à ideia da criação de uma cidade, como Brasília, é
que o seu desenvolvimento não poderá jamais ser natural. É uma objeção muito séria, pois provém de
uma concepção de vida fundamental: a de que a atividade social e cultural não pode ser uma
construção. Esquecem-se, porém, aqueles que fazem tal crítica, que o Brasil, como praticamente toda
a América, é criação do homem ocidental.
PEDROSA, M. Utopia: obra de arte. Vis – Revista do Programa de Pós-graduação em Arte (UnB), Vol. 5, n. 1, 2006 (adaptado).

As ideias apontadas no texto estão em oposição, porque


a) a cultura dos povos é reduzida a exemplos esquemáticos que não encontram respaldo na história
do Brasil ou da América.
b) as cidades, na primeira afirmação, têm um papel mais fraco na vida social, enquanto a América é
mostrada como um exemplo a ser evitado.
c) a objeção inicial, de que as cidades não podem ser inventadas, é negada logo em seguida pelo
exemplo utópico da colonização da América.
d) a concepção fundamental da primeira afirmação defende a construção de cidades e a segunda
mostra, historicamente, que essa estratégia acarretou sérios problemas.
e) a primeira entende que as cidades devem ser organismos vivos, que nascem de forma
espontânea, e a segunda mostra que há exemplos históricos que demonstram o contrário.

6. (ENEM 2019) Tratava-se agora de construir um ritmo novo. Para tanto, era necessário convocar todas
as forças vivas da Nação, todos os homens que, com vontade de trabalhar e confiança no futuro,
pudessem erguer, num tempo novo, um novo Tempo. E, à grande convocação que conclamava o povo
para a gigantesca tarefa, começaram a chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores:
os homens simples e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de pedra, e no calcanho, em
carro de boi, em lombo de burro, em paus-de-arara, por todas as formas possíveis e imagináveis, em
sua mudez cheia de esperança, muitas vezes deixando para trás mulheres e filhos a aguardar suas
promessas de melhores dias; foram chegando de tantos povoados, tantas cidades cujos nomes
pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, dentro dos antigos ritmos da imensa pátria... Terra de
sol, Terra de luz... Brasil! Brasil! Brasília!
MORAES, V.; JOBIM, A. C. Brasília, sinfonia da alvorada. Ill — A chegada dos candangos. Disponível em:
www.viniciusdemoraes.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

No texto, a narrativa produzida sobre a construção de Brasília articula os elementos políticos e


socioeconômicos indicados, respectivamente, em:
a) Apelo simbólico e migração inter-regional.
b) Organização sindical e expansão do capital.
c) Segurança territorial e estabilidade financeira.
d) Consenso partidário e modernização rodoviária.
e) Perspectiva democrática e eficácia dos transportes.

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História

7. O presidente Juscelino Kubitschek visita a fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP),
em novembro de 1959. Nesse período, a indústria brasileira ingressa definitivamente no restrito clube
de países que dominam a tecnologia de fabricação de automóveis.

A foto e o texto indicam a política adotada por JK durante seu governo. Analise as alternativas abaixo
e assinale a que NÃO apresenta relação com as medidas adotadas por esse governo.
a) Em seus discursos, o referido presidente divulga a ideia de um amplo desenvolvimento industrial
e infra estrutural, com o slogan "50 anos em 5".
b) Ao adotar o "Plano de Metas", JK privilegia setores de infraestrutura, como transporte e produção
(ou geração) de energia.
c) Com a política de incentivos governamentais, como a redução de tarifas, várias multinacionais
foram implantadas em nosso território.
d) A criação da Petrobrás e da Eletrobrás, ambas estatais, serviriam como estratégia para a
implantação de indústrias automobilísticas.
e) Promoção do desenvolvimento regional, com destaque para a criação da SUDENE e abertura de
novas estradas no interior do País.

8. Em um de seus discursos, o presidente Juscelino Kubitschek afirmou: "O puro, o nobre e inteligente
nacionalismo não se confunde com xenofobia. Da mesma maneira que a independência política de
uma nação não significa animosidade contra os estrangeiros, nem a recusa aos intercâmbios
econômicos ou relações financeiras com os países mais ricos ou mais favorecidos em valores
econômicos".
(In: CARDOSO, Miriam Limoeiro. "Ideologia do Desenvolvimento". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 158.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o período JK, é correto afirmar:

a) O discurso nacionalista sob a ótica desenvolvimentista de JK possuía conteúdo semelhante


àquele estabelecido na Era Vargas: ambos minimizaram a importância do capital externo.
b) A ideologia do "desenvolvimentismo" no período JK assumiu a entrada de capitais estrangeiros
no país como um recurso legítimo que expressava o verdadeiro patriotismo.

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História

c) O "desenvolvimentismo" do período JK objetivou a consolidação da vocação agrícola da


economia brasileira, promovendo a "Marcha para Oeste", política que alavancou a agricultura de
exportação.
d) Para a indústria brasileira, que passava por uma fase de retração, o"desenvolvimentismo" de JK
foi pernicioso, pois propunha um nacionalismo xenófobo.
e) O "Plano de Metas", programa de governo do então candidato JK, colocado em prática logo após
sua eleição, visava primordialmente ao desenvolvimento da agricultura de exportação, instituindo,
para esse fim, o "confisco cambial".

9. Existem dois países, entre os quais é difícil distinguir o verdadeiro; na fazenda do interior, o homem do
campo trabalha de enxada e transporta uma colheita insignificante em carroças rangentes (...); na
cidade de São Paulo, a cada hora termina-se um prédio.
(LAMBERT, Jacques. Os dois Brasis. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1984.)

META DE FAMINTO JK - Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas
com asfalto brasileiro, com gasolina brasileira. Que mais quer? JECA - Um prato de feijão brasileiro,
seu doutô!
(THÉO, 1960. In: LEMOS, Renato. "Uma história do Brasil através da caricatura". Rio de Janeiro: Bom Texto, Letras e
Expressões, 2001.)

O texto e a charge representam, de formas diferentes, um dos principais dilemas do


desenvolvimentismo no governo Juscelino Kubitschek, durante a metade da década de 1950. A
alternativa que melhor apresenta esse dilema é:
a) os contrastes culturais e educacionais entre as elites paulistas e nortistas
b) a desigualdade política e ideológica entre as oligarquias nordestinas e sulistas
c) a defasagem histórica e tecnológica entre o setor petrolífero e o agroexportador
d) as disparidades econômicas e sociais entre os setores agrário e urbano-industrial
e) o aumento do poder econômico das classes C e D elevou o consumo no país.

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História

10. Bossa-nova mesmo é ser presidente desta terra descoberta por Cabral. Para tanto basta ser tão
simplesmente simpático... risonho... original.
(Juca Chaves)
RETRATO DO VELHO
Bota o retrato do velho outra vez Bota no mesmo lugar O sorriso do velhinho Faz a gente se animar,
oi. (...) O sorriso do velhinho Faz a gente trabalhar.
(Marino Pinto e Haroldo Lobo)

Os estilos de governar de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek são abordados nas letras de
música acima.

Um elemento comum das políticas econômicas destes dois governos está indicado na seguinte
alternativa:
a) trabalhismo
b) monetarismo
c) industrialismo
d) corporativismo
e) consumismo

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História

Gabarito

1. B
O desenvolvimentismo, uma das características do governo de JK, proporcionou o crescimento da
produção industrial de bens de consumo, como eletrodomésticos e automóveis. Os principais
beneficiados com essa medida foram as camadas urbanas de rendimento médio e os capitalistas
industriais, que viram suas indústrias crescerem. Entretanto, o custo desse crescimento acelerado foi a
alta na inflação, o endividamento do país e o aumento das desigualdades sociais.

2. A
O moderno que é expresso na canção diz respeito tanto à novidade da criação artística do período, com
a bossa-nova, quanto às modernizações que JK se propunha a realizar, como a possibilidade de
encurtar as distâncias, através da utilização de novos meios de transporte.

3. A
Com a construção da nova capital no interior do país, JK pretendia iniciar um projeto histórico de
integração das diversas regiões do país.

4. E
O incentivo ao consumo de bens individuais, como eletrodomésticos e automóveis, beneficiou
principalmente as classes de rendimento mais alto ou médio. O crescimento da inflação aumentava o
custo de vida principalmente para a classe operária, cujo consumo se direcionava a produtos mais
básicos, como alimentação, vestuário e habitação.

5. E
O autor entende que a construção da cidade deve se dar de forma natural, mas ao mesmo tempo cita a
colonização americana pelo ocidente como uma forma de contrapor a afirmativa anterior.

6. A
O texto retrata o apelo criado em torno da construção da nova capital do país, assim como mostra o
intenso fluxo migratório estimulado pela necessidade de mão de obra e pela péssima qualidade de vida
enfrentada pela população, principalmente do nordeste.

7. D
A Eletrobrás e a Petrobrás foram criadas durante o governo de Getúlio Vargas.

8. B
Para JK, os investimentos estrangeiros seriam fundamentais para o desenvolvimento econômico e por
esse motivo expressaria patriotismo.

9. D
A charge e o texto trazem críticas a desigualdade social – especialmente nas zonas agrárias – que o
plano de metas não pôde superar.

10. C
O investimento no desenvolvimento industrial é um dos aspectos comuns dos governos de JK e Getúlio
Vargas.

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História

João Goulart e o Golpe Militar (1961 – 1964)

Resumo

Com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, a presidência da República deveria ser


assumida por João Goulart. Porém, ao longo de sua vida política esteve ligado a
forças getulistas e era visto pelas camadas conservadoras como inclinado ao
comunismo. Para o agravamento das suspeitas, quando Jânio renunciou, Jango se
encontrava em visita a China comunista, o que motivou os setores conservadores a
conspirarem contra a sua posse.
Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, liderou a Campanha da Legalidade
para garantir que o então vice-presidente ocupasse o cargo. Como solução para o
impasse político, adotou-se, então, o sistema de governo parlamentarista, por meio
do qual o poder do presidente estaria limitado. Contudo, em janeiro de 1963 um
plebiscito decidiu pela volta do presidencialismo. João Goulart, conhecido
popurlamente como
Com seus plenos poderes restituídos, Goulart esteve atento às reivindicações Jango.

sociais, o que desagradava os grandes proprietários de terra e empresários. No âmbito econômico, Jango
procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras em importantes setores e instituiu um limite para
a remessa de lucros internacionais. Precisou lidar com a alta inflação que rondava o país a anos e para isso
criou o Plano Trienal. O propósito da sua criação visava mais do que a estabilização da economia, mas
também uma forma de intermediar um aumento no salário mínimo que estivesse de acordo com o aumento
da inflação.
Goulart defendia ainda as chamadas reformas de base, que incluíam reforma agrária, tributária,
administrativa, bancária e educacional. Entretanto, como possuía pouca base de apoio da direita brasileira
que olhava para seu mandato com suspeita, o então presidente vai se aproximar da esquerda para dar inicio
as reformas citadas a cima. Com muitos tópicos polêmicos, como uma maior intervenção do Estado na
economia, Jango vai aumentar o descontentamento do Congresso com seu governo e as tensões ao seu
redor ao começar a participar de diversos comícios para promover suas
reformas.
No dia 13 de março de 1964, durante um comício na Central do Brasil, no
Rio de Janeiro, no qual havia mais de 300 mil pessoas, Jango anunciou o
início às reformas de base. Toda essa movimentação política vai despertar
a preocupação dos setores contrários ao governo de Jango em torno de
uma suposta preocupação com a segurança nacional. Além disso, como
estava inserido no contexto da guerra Fria, muitas de suas medidas serão
vistas como um alinhamento com o bloco socialista, o que vai levar aos
EUA a se juntar com a oposição para a derrubada de João Goulart.
A reação da oposição em relação as medidas tomadas pelo presidente
Reportagem relatava o comicio na central e
foi imediata. Dias depois ocorreu a Marcha da Família com Deus pela
o inicio das reformas de base. Última Hora,
Liberdade, reunindo setores da população contrários às reformas de 1964
base, como empresários, grandes emissores de televisão e até
mesmo setores da Igreja Católica.

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História

Reprodução/Blog CPDOC Jornal do Brasil

No dia 25 de março eclode a Revolta dos marinheiros, aos quais Jango se recusou a punir anistiando-os
após o fim do levante, levando a um descontentamento dos militares de patente mais alta devido a quebra
de hierarquia. Em 31 de março de 1964, os militares, com o apoio dos Estados Unidos, deram início a um
golpe de Estado. O presidente se refugiou no Rio Grande do Sul, de onde seguiu para o exílio no Uruguai e
Argentina.

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História

Exercícios

1. (UNESP 2017) Observe o cartaz, relativo ao plebiscito realizado em janeiro de 1963.

O cartaz alude à situação histórica brasileira marcada por

a) estabilidade política, crescimento da economia agroindustrial e baixas taxas de inflação.


b) renúncia presidencial, debates sobre sistema de governo e projetos de reforma social.
c) ascensão de governos conservadores, despolitização da sociedade e abolição de leis trabalhistas.
d) deposição do presidente da República, privatizações de empresas estatais e adoção do
neoliberalismo.
e) autoritarismos governamentais, restrições à liberdade de expressão e cassações de mandatos
de parlamentares.

2. Após a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, os ministros militares julgaram


inconveniente à segurança nacional o regresso do presidente João Goulart (então no estrangeiro) ao
Brasil, a fim de tomar posse. Temendo a deflagração de uma guerra civil ou golpe militar, o Congresso
contornou a crise aprovando um Ato Adicional à Constituição de 1946 para limitar os poderes do novo
presidente. Por esse Ato Adicional:
a) Foi instaurado o sistema parlamentarista de governo.
b) O vice-presidente não seria mais considerado presidente do Congresso Nacional.
c) Admitia-se a pena de morte para os casos de subversão.
d) Instalava-se a Revolução de 1964
e) Estabeleceu-se o Ato Institucional nº 5, e o Congresso entrou em recesso.

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História

3. Após o parlamentarismo ter sido derrubado no plebiscito de 1963 e os plenos poderes presidenciais
terem sido restabelecidos para João Goulart, foi montado um quadro administrativo com nomes como
Celso Furtado e San Tiago Dantas. A partir disso, foi criado o plano trienal, que tinha como objetivo:
a) promover a emissão de papel-moeda para combater a inflação.
b) promover o combate à inflação e o crescimento econômico.
c) combater a influência estrangeira, principalmente americana, na economia brasileira.
d) promover a integração econômica do Brasil com a China.
e) promover reformas no Exército a fim de anular os elementos que defendiam uma intervenção no
governo.

4. "Perdendo o terreno na luta mobilizatória, os golpistas militares e civis aceitaram uma solução de
compromisso aprovada no Congresso: a instauração do regime parlamentarista. Entre os dias 5 e 7
de setembro, Jango retornou a Brasília, prestou juramento como presidente da República e iniciou um
governo extremamente tenso e instável." (Edgard Luiz de Barros. "O Brasil de 1945 a 1964") Esta "perda
de terreno na luta mobilizatória", à qual o texto se refere, é:
a) ampla participação dos trabalhadores no comício da Central do Brasil, em apoio às medidas
nacionalistas propostas pelo presidente Jango;
b) denominada Rede da Legalidade, liderada por Leonel Brizola, com apoio de outros governadores
e do III Exército, pela posse constitucional de Jango;
c) ampla participação de diferentes setores sociais progressistas na Marcha de Família com Deus
pela Liberdade na defesa do parlamentarismo, como uma saída controlada para a posse de
Jango;
d) articulação de Tancredo Neves com parlamentares, radicalizando-os contra os militares e civis
golpistas em prol da política proposta por Jango;
e) apoio e, simultaneamente, paralisação, por 72 horas, de trabalhadores da cidade e do campo pela
posse de Jango.

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História

5. Observe a charge

A charge publicada no início dos anos 60, apresenta um momento de crise na política brasileira.
Marque a alternativa que APRESENTA a mensagem contida na charge sobre essa crise.
a) João Goulart tentou implementar uma política voltada para os descamisados.
b) A reforma agrária proposta por João Goulart levaria o Brasil a fome e a miséria.
c) o estilo de governo de João Goulart estava entre os modelos soviéticos e americanos.
d) o modelo canadense e americano seria de abundância e fartura para o estrangeiro.
e) o modelo russo é apresentado como a morte, em função do resultado da 2ª Guerra.

6. Observe a charge:

Charge de Lan, Jornal do Brasil, Junho de 1963. In: MOTTA, Rodrigo P. Sá. Jango e o golpe de 1964 na caricatura. Rio
de Janeiro: Zahar, 2006. P. 74

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História

Considerando o contexto em que a charge foi veiculada e as informações por ela mostradas, é possível
relacioná-la ao fato de
a) o presidente colocar-se acima dos embates políticos, valendo-se de um amplo programa
reformista que agradava a todas as tendências políticas.
b) o radicalismo das esquerdas obrigar o presidente a buscar apoio nos setores militares, únicos
capazes de mantê-lo no poder.
c) o crescimento das reivindicações de trabalhadores rurais obrigar o presidente a aprofundar a
reforma agrária, a despeito da oposição conservadora.
d) a intensa pressão soviética sobre o Brasil colocar o presidente numa difícil situação, levando-o a
romper relações com os Estados Unidos.
e) a ambiguidade política do presidente enfraquecia seu poder, e colocava-o sob o risco de ser
derrubado tanto por forças de esquerda quanto pelas Forças Armadas.

7. Observe a foto a seguir. Ela ilustra um acontecimento que levou às ruas 300 mil pessoas e ficou
conhecida como “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.

Fonte: Arquivo O Globo

A “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, realizada em março de 1964 na cidade de São Paulo,
foi:
a) uma demonstração de forças conservadoras de direita contra o que chamavam de esquerdismo
e comunismo do governo João Goulart.
b) uma manifestação de apoio das famílias de trabalhadores brasileiros ao governo do presidente
Goulart.
c) uma resposta das massas populares, apoiando as Reformas de Base, após o Comício na Central
do Brasil em 13 de março de 1964.
d) um movimento das classes trabalhadoras em de repúdio as propostas do atual presidente João
Goulart.
e) as “marchas" foram organizadas principalmente por setores do clero e por entidades femininas e
trabalhadores Urbanos descontentes com o governo.

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História

8. (MACKENZIE 2014) Havia dois golpes em marcha. O de Jango viria amparado no “dispositivo militar”
e nas bases sindicais, que cairiam sobre o Congresso, obrigando-o a aprovar um pacote de reformas
e a mudança das regras do jogo da sucessão presidencial. (...)O ex-governador gaúcho Leonel Brizola
achava que viria de cá, do presidente, seu cunhado....Fazia tempo que Brizola repetia:“Se não dermos
o golpe, eles o darão contra nós”.
Elio Gaspari. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.51

O texto acima relata os momentos decisivos que levaram ao golpe contra João Goulart, em 1964. Nele,
há a citação de “dois golpes em marcha”. Um está explicitado do excerto, o outro está corretamente
indicado em uma das alternativas abaixo. Trata-se
a) das articulações do capital externo, capitaneado pelos Estados Unidos, tendo à frente, no Brasil,
partidos da oposição ao presidente Goulart, como o PTB.
b) do golpe civil-militar - setores opositores das medidas tidas como esquerdizantes do até então
presidente Goulart - apoiados decisivamente pelos Estados Unidos.
c) do golpe militar que resultou na retirada de João Goulart da presidência, impondo um governo de
exceção ao Brasil, marcado, por sua vez, pelas garantias das liberdades individuais.
d) de conspirações oposicionistas às “Reformas de Bases” - amplo programa de base populista,
visando às reformas estruturais -, consolidando uma reforma agrária radical já em curso no Brasil.
e) da luta armada a João Goulart, pois com sua ascensão, o capital externo passou a consolidar seu
domínio sobre o país, com a marginalização das camadas populares.

9. (ENEM 2011) Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a
impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro
Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que
faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o imperialismo”
e seus “aliados internos”.
KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003 .

No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC
da UNE era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores
conservadores e de direita (políticos vinculados à União Democrática Nacional - UDN -, Igreja Católica,
grandes empresários etc.) entendiam que esta organização
a) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
b) contribuia com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular.
c) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da
cultura.
d) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos
mais pobres.
e) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão
política sobre o governo.

7
História

10. (ENEM 2017) No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para
os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-
se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e,
consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os
camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja.
MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).

Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o


posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que
o(a)
a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial.
e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material.

Gabarito

8
História

1. B
O cartaz se refere ao plebiscito de 1963 sobre a continuação do parlamentarismo ou a volta do
presidencialismo. A propaganda certamente era favorável a volta do presidencialismo, o que ampliaria
o poder do então presidente João Goulart que havia prometido colocar em prática as reformas de base.

2. A
Com o parlamentarismo, Jango teria seus poderes limitados, no entanto, o modelo acabou sendo um
acordo entre políticos e militares que defendiam a legalidade de Jango, político do centro e os grupos
que temiam uma postura de esquerda e de reformas sociais do então vice-presidente. O acordo evitou
confrontos mais tensos entre os lados.

3. B
O plano trienal foi adotado pelo governo de João Goulart após o plebiscito de 1963 ter restituído a
integridade de seus poderes políticos. Esse plano pretendia combater a escalada da inflação e promover
o crescimento da economia brasileira, que mostrava sinais de enfraquecimento; entretanto, ele falhou,
pois não havia colaboração dos grupos da sociedade que criticavam as suas propostas. O sinal do
fracasso foi dado pelos índices econômicos de 1963, pois a inflação alcançou 25% até maio, e o PIB
cresceu apenas 1,5% em 1963, diferentemente dos 5,2% do ano anterior.

4. B
Enquanto setores militares tentaram impedir a posse de João Goulart, a Campanha da legalidade
defendeu a manutenção da ordem jurídica e a posse do então vice presidente.

5. C
Adotando medidas reformistas, João Goulart buscava transformações sociais sem o questionamento
do modo de produção capitalista. Por este motivo, podemos dizer que buscava um modelo entre o norte
americano e o soviético.

6. E
As ambiguidades o afastavam tanto de setores das esquerdas (que reivindicavam medidas
revolucionárias), quanto da direita, que temia as suas medidas reformistas.

7. A
A marcha se opunha as “reformas de base” propostas por Jango, acusando-o de uma aproximação ao
comunismo.

8. B
O outro golpe é o civil-militar que se concretizou com o apoio de setores da população que eram contra
o governo de João Goulart e que foram apoiados pelos Estados Unidos através da Operação Condor,
que visava barrar o crescimento do comunismo na América Latina.

9. A
Todas essas manifestações culturais eram vistas como uma forma de doutrinar os trabalhadores em
favor do comunismo, uma vez que eles teciam criticas a exploração promovida pelo capitalismo em
cima do proletariado.

10. E
A Igreja Católica foi uma das instituições civis que apoiaram o golpe civil-militar com o intuito de barrar
uma suposta expansão comunista dentro do país. Pelo texto podemos identificar que um dos ideais da
igreja era o de que a privação material faria com que as pessoas fossem mais facilmente doutrinadas.
Então a solução seria uma ampliação do capitalismo aliado a uma distribuição de riquezas.

9
História

O Governo Jânio Quadros (1961)

Resumo

Jânio Quadros saiu vitorioso das eleições diretas para presidente do Brasil em 1960,
apoiado pela União Democrática Nacional (UDN) que buscava barrar a continuidade
do getulismo e o candidato da oposição marechal Henrique Lott. Embora tenha
conseguido se eleger, seu vice não teve o mesmo sucesso e ele precisou governar ao
lado de João Goulart, o vice da oposição.
Apesar da aparência excêntrica, Jânio Quadros foi um político conservador. Desde o
início, não hesitou em reprimir os protestos camponeses, controlar os sindicados e
mandar prender estudantes em manifestação. No âmbito da política interna, também
levantava a bandeira do combate a corrupção. Durante a campanha eleitoral usou a
vassoura como o símbolo do seu governo, pois prometia varrer do país a corrupção
Jânio Quadros.
nos meios políticos e administrativos.
Para facilitar a administração e diminuir a burocracia, o então presidente ficou conhecido por enviar
memorandos diretamente a sua base governamental que foram apelidados de “bilhetinhos de Jânio”.
No que diz respeito a economia, Jânio se deparou com o endividamento do Estado, herança dos tempos do
governo JK. Para tentar contornar essa situação, adotou medidas impopulares, como o congelamento dos
salários, a restrição ao crédito, desvalorização da moeda nacional e a retirada de subsídios para o petróleo
e outras áreas.
No âmbito da política interna, Jânio buscou uma alternativa para melhorar a sua governabilidade: se
distanciar dos antigos partidos políticos e da “politicagem” que estava alastrada no país. Além disso,
instalou uma corrida contra a corrupção dentro do governo, denunciando políticos independentemente de
partidarismo. Contudo, sua medida causou exatamente o efeito oposto levando a um descontentamento por
parte dos partidos políticos com sua “caça as bruxas”, inclusive daqueles que faziam parte da sua base de
apoio, como a UDN.
Apesar do curto mandato, deu inicio a uma série de medidas importantes, como a criação de reservas
indígenas brasileiras e o Parque Nacional do Xingu. Também criou um projeto de reforma agrária
considerado inovador para o período e uma série de outras medidas que não chegaram a ser postas para
votação no congresso devido a sua baixa popularidade.
O então presidente tomou, ainda, medidas polêmicas, tanto no âmbito interno quanto no externo:

• Proibição das brigas de galo.


• Proibição do lança-perfume.
• Proibição do uso de biquínis nas praias.
• Enviou o vice-presidente, João Goulart, em missão oficial para a China.
• Condecorou, com a ordem do Cruzeiro do Sul, Che Guevara (uma das principais figuras revolucionárias
comunistas do período).

Quanto às relações internacionais, Jânio Quadros se declarou favorável a uma política externa independente.
Reatou relações diplomáticas com o bloco comunista, o que desagradou profundamente ao governo norte
americano e assustou as elites brasileiras que se alarmaram com a possibilidade de um suposto golpe

1
História

comunista. Todo esse contexto aumentou a impopularidade do então presidente junto ao Congresso
Nacional, diminuindo cada vez mais a sua governabilidade e dificultando a aprovação de medidas propostas
por ele.

Jânio Quadros condecorando Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:J%C3%A2nio_Quadros_condecora_Ernesto_Guevara_com_a_Ordem_do_Cruzeiro
do_Sul.jpg

Renúncia
Dentro do contexto de intensa oposição, pouca governabilidade, proposições polêmicas e forte crise
econômica, Janio Quadros vai renunciar ao cargo de chefe do executivo do país após cerca de sete meses
de governo. Em sua carta de renúncia, o ex-presidente acusa as “forças ocultas” de estarem tramando contra
seu governo e sua pessoa. Sua saída aprofundou a crise política que o país vivia, devido ao fato de que os
políticos conservadores e boa parte das Forças Armadas eram contra a presença do seu vice, Jango, no
poder.
Ainda existe uma discussão a cerca a possibilidade de que a renúncia tenha sido uma tentativa de Jânio
Quadros de se manter no poder sem a necessidade de responder ao Congresso Nacional. Tudo não teria
passado de um plano para que a população não aceitasse sua renúncia e pedisse seu retorno imediato ao
cargo de presidente do país e com os poderes ampliados. Entretanto, sua renúncia foi aceita logo de primeira
e não houve sequer uma tentativa popular contra a sua renúncia.

2
História

Exercícios

1. (USS 2017)

Na charge de 1960, estão representados os presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros.


Nela é ironizada a seguinte expectativa que cercava o presidente eleito:
a) revogação do ajuste fiscal
b) implementação da reforma agrária
c) adoção de políticas de austeridade
d) promoção de medidas heterodoxas
e) ampliação do Plano de Metas

2. (CESMAC 2016) Com o slogan “Varre, varre vassourinha. Varre, varre a bandalheira”, Jânio Quadros
venceu as eleições para presidente do Brasil, assumindo o cargo em janeiro de 1961, e tendo o
mandato se encerrado em agosto do mesmo ano. Essa saída do governo de Jânio Quadros se deu por
meio de
a) um golpe militar, em vista da reaproximação diplomática do seu governo com a antiga URSS,
União Soviética.
b) sua renúncia ao poder, anunciada por uma carta ao Congresso, cujo texto ressaltava a existência
de “forças ocultas” a conspirarem contra ele.
c) golpe civil desferido contra seu governo através do Congresso, sob a alegação de prática de crime
contra o tesouro nacional.
d) impeachment ao seu governo através do Supremo Tribunal Federal (STF), por entender que Jânio
teria ferido a Constituição Federal em vigor.
e) sua renúncia ao cargo, minutos antes de se iniciar a votação pela Câmara dos deputados do
pedido de impeachment do seu governo.

3
História

3. (ESA 2015) Jânio Quadros representou uma reviravolta no sistema político da época, sendo eleito
presidente da República por um partido de pouca expressão nacional. O apoio de um partido
tradicional, porém, foi decisivo na obtenção de uma diferença de mais de um milhão de votos.
Trata-se do partido:
a) PTB
b) UDN
c) PSB
d) PSD
e) PSDB

4. Jânio da Silva Quadros (1961) apresenta-se na vida brasileira como um líder carismático e sua política
provoca inquietações nos meios empresariais, entre outros motivos por:
a) revogar medidas que favoreciam a acumulação de capitais estrangeiros.
b) valorizar constantemente o cruzeiro, graças a artifícios contábeis.
c) conceder subsídios federais para vários produtos, como o trigo.
d) adotar uma política populista de descongelamento dos salários.
e) determinar medidas que geraram uma grande restrição creditícia.

5. (UECE 2011) No seu curto governo, Jânio Quadros ensaiou o estabelecimento de relações
diplomáticas com vários países do bloco socialista. Segundo o referido Presidente, o objetivo de tal
ação seria
a) conquistar novos mercados e ampliar as exportações brasileiras.
b) fortalecer as relações entre os países do Cone Sul (América do Sul).
c) tentar estabelecer uma política externa dependente e ao mesmo tempo de neutralidade em
relação aos países socialistas.
d) estabelecer uma política de submissão do terceiro mundo aos países socialistas.
e) afastar o país do dominio do continente europeu e do asiático.

6. (ESPM 2012) No dia 25 de agosto de 2011 completaram-se cinquenta anos da renúncia do presidente
Jânio Quadros.

A imagem apresentada nesta questão remete para uma das passagens mais polêmicas do governo
do presidente Jânio Quadros. Sobre ela é correto afirmar:

4
História

a) mostra o presidente Jânio Quadros, que havia sido eleito pela ARENA, partido situado à direita do
cenário político brasileiro da época, condecorando, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, o
revolucionário cubano-argentino Che Guevara;
b) mostra o presidente Jânio Quadros, que havia sido eleito pelo Partido Comunista Brasileiro,
condecorando, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, o revolucionário cubanoargentino Che Guevara;
c) mostra a condecoração, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, do revolucionário cubano-argentino
Che Guevara, pelo presidente Jânio Quadros, fato que levou o exército brasileiro a exigir a
renúncia do presidente;
d) mostra a condecoração de Che Guevara pelo presidente Jânio Quadros, que levou a embaixada
dos Estados Unidos a articular com o exército brasileiro o movimento que produziu a renúncia do
presidente;
e) mostra a condecoração do revolucionário cubano-argentino Che Guevara, com a Ordem do
Cruzeiro do Sul, ato que pretendia expressar a adoção pelo Brasil de uma Política Externa
Independente.

7. (UNIFESP 2008) ”Proclamo aquilo que toda a Nação reconhece: está caduca a estrutura rural brasileira.
A reforma agrária já não é, assim, tema de discurso, mas objeto de ação imediata: ação legislativa e
ação executiva ...”
(Declaração do presidente Jânio Quadros, publicadano jornal Correio da Manhã, em 03.08.1961.)

No momento dessa declaração, a reforma agrária no Brasil


a) estava na ordem do dia, daí a posição do presidente em seu favor.
b) aparecia como uma questão ultrapassada, como demonstra a posição da presidência.
c) era algo restrito apenas à região nordestina, onde agiam as Ligas Camponesas.
d) há muito que era defendida pela maioria do Congresso, mas não pelo Executivo.
e) jazia adormecida e, por razões demagógicas, foi despertada pelo presidente .

8. Em 1961 o governo Jânio Quadros lançou, em discurso, a “Política Externa Independente”, cujo
conteúdo dizia respeito a:
a) uma cooperação maior com os Estados Unidos no combate ao comunismo.
b) maior autonomia do Executivo em relação ao Legislativo e à sociedade na formulação e
implementação da política externa.
c) uma atuação internacional independente das posições dos países vizinhos, especialmente da
Argentina.
d) uma atuação internacional menos ideológica e mais pragmática e nacionalista.
e) uma ruptura radical em relação à “Operação Pan- Americana”, proposta no governo Kubitschek.

9. “Varre, varre, varre, vassourinha” era a introdução do jingle da campanha presidencial de Jânio
Quadros, um compromisso público no sentido de “varrer” do país:
a) as corridas noturnas de cavalo;
b) a corrupção;
c) todas as formas de jogo;
d) os biquínis, por sua imoralidade;
e) todos os que foram favoráveis à criação da Petrobras.

5
História

10. “Sapatos furados, roupas surradas, capote puído, cabelos em desalinho, colarinho aberto, gravata
torta, barba por fazer, figura caricata rictus nervoso (...) tinha tudo para chamar a atenção (...) muitos
o achavam demagogo, outros procuravam ridicularizá-lo."
(Revista Histórica, Ed. Três, no. 22 )

O personagem acima descrito foi um dos mais controvertidos presidentes do Brasil. Em função do
exposto, assinale a opção correta:
a) O texto refere-se ao presidente-general Artur da Costa e Silva, que se tornou popular pelas "gafes"
cometidas quando em visitas oficiais a outros países.
b) O texto acima refere-se ao presidente Jânio da Silva Quadros, que ficou no poder apenas 7 meses,
iniciando o processo político que levaria os militares ao poder, em 1964.
c) O texto refere-se ao presidente Fernando Collor de Melo, eleito pelo voto popular, por seu combate
aos "marajás", e deposto após manifestação popular e um processo político tumultuado.
d) O texto faz referência ao presidente Jânio da Silva Quadros que governou de 1961 a 1964, sendo
um dos poucos presidentes a entregar o governo ao seu sucessor, Juscelino Kubitschek de
Oliveira.
e) O personagem descrito no texto acima não é real, foi criado pelo escritor Guimarães Rosa, em seu
livro "Grande Sertão: Veredas".

6
História

Gabarito

1. C
Jânio para tentar sanar a crise econômica do país deixada pelo governo anterior de JK, vai lançar mão
de medidas de austeridade visando controlar a inflação. Tais medidas incluíam: o congelamento dos
salários, a restrição ao crédito e a desvalorização da moeda nacional.

2. B
A saída de Jânio foi através de uma renúncia do presidente que enviou uma carta ao Congresso Nacional
sem dar maiores detalhes sobre a motivação da sua abdicação.

3. B
A eleição de Jânio Quadros se deu através da coligação entre PTN/UDN/PR/PL/PDC que tinham como
intuito barrar os canditados “herdeiros” do getulismo.

4. E
Jânio Quadros herda em seu Governo uma insistente crise econômica que precisava ser resolvida. Para
tentar lidar com esta crise, o então presidente buscou sanear a economia nacional impondo ações que
diminuíram a emissão de crédito no mercado nacional. A medida provocou uma grande insatisfação
entre os representantes do empresariado brasileiro.

5. A
No intuito de solucionar a crise econômica aumentando as exportações e em busca de novos acordos
comerciais, o então presidente vai defender uma postura independente nas relações externas
aproximando as relações econômicas do país com o bloco capitalista.

6. E
No meio da Guerra Fria, buscando mostrar que o Brasil iniciava uma relação mais neutra em suas
políticas diplomáticas externas, Jânio condecora Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

7. A
O presidente chegou a apresentar um projeto de reforma agrária que não chegou a ser votado por falta
de apoio no congresso e posteriormente, pela sua renúncia.

8. D
Com a sua Política Externa Independente, Jânio Quadros reatou relações diplomáticas com a União
Soviética, aproximou-se de países africanos e de Cuba visando uma atuação diplomática mais
independente do alinhamento com os EUA.

9. B
A campanha de Jânio Quadros a presidência teve como símbolo a vassoura, pois prometia varrer do
Brasil a corrupção.

10. B
Jânio Quadros inicialmente se popularizou como uma figura caricata, que conquistava o povo pela sua
aparência humilde e comum, vestindo roupas desalinhadas, óculos tortos e cabelo bagunçado. No
entanto, apesar da popularidade inicial, durou apenas 7 meses na presidência.

7
História

O Regime Militar Brasileiro - Anos de Chumbo e o Milagre


Econômico

Resumo

Os Anos de Chumbo
O ano de 1968 ficou conhecido na história como o “Ano que não terminou”,
marcando um período intenso na política e na produção cultural ao redor do
mundo. Além de assassinatos como o do Pastor e líder Martin Luther King, do
Senador norte-americano Robert Kennedy, também marcaram presença a
Guerra do Vietnã, o auge do movimento Hippie, a Primavera de Praga, os
protestos do Maio de 68, na França e, na América Latina, os diversos atos
contra os governos autoritários. No Brasil, não diferente, eventos como a
“Passeata dos cem mil” e a morte do estudante Edson Luís demonstram a
tensão que se construía entre a Ditadura e seus opositores. A resposta do
Governo para essa intensificação nos atos foi, primeiramente, a proibição de manifestações em ruas de
todo o país pelo Ministro da Justiça, em 5 de julho. Em seguida, em um ato ainda mais radical do Governo, é
decretado em dezembro de 1968 o Ato Institucional Nº5 (AI-5).
Assinado pelo presidente Arthur da Costa e Silva, o AI-5 legitimava o fechamento do Congresso Nacional,
das assembleias legislativas e das câmaras municipais. O ato permitia ao chefe do Executivo, no caso, o
presidente, o poder de cassar os mandatos legislativos, executivos, federais, estaduais e municipais, ou seja,
concedia plenos poderes ao presidente que podia, ainda, suspender os direitos políticos dos cidadãos,
demitir, remover, aposentar funcionários civis e militares.
O texto indicava também plenos poderes para demitir e remover juízes,
decretar estado de sítio sem restrições ao país, legislar por decreto e baixar
outros atos institucionais completares. Por meio do texto, o governo retirou o
direito a habeas corpus (liberdade provisória enquanto responde ao processo)
aos acusados de crimes contra a segurança nacional. Esses acusados
passaram a ser julgados por tribunais militares sem direito a recorrer.
Este é considerado um dos capítulos mais tristes da história republicana
brasileira. Com Emílio Garrastazu Médici (1969-74) na presidência, a tortura foi
instituída contra aqueles que se opusessem ao regime. Muitos morreram, desaparecem ou foram obrigados
a partir para o exílio. A tortura se intensificava enquanto no plano econômico os militares ressaltavam os
avanços do dito “milagre econômico”.
Assim, apesar das perseguições, prisões arbitrárias e torturas ocorrerem nos porões da ditadura,
silenciando opositores, o país passava uma imagem de tranquilidade e crescimento para a população.
Com o “milagre econômico” (que apesar do enriquecimento, gerou uma alta concentração de renda e
aprofundou as desigualdades) e a conquista da Copa do Mundo de 1970, o clima de euforia se intensificou,
ajudando, portanto a criar a falsa imagem de um país próspero e que se modernizava. Aproveitando o
contexto, o regime construiu um forte esquema publicitário, que apelava para o nacionalismo e para a
marginalização dos opositores, lançando campanhas ufanistas com frases como “Brasil, ame-o ou deixe-o”
e “Brasil Potência”.

1
História

Propaganda do Período Médici, então presidente segurando a Troféu da Copa do


Mundo de 1970

O chamado “Milagre econômico” fundamentou-se em duas bases: de um lado, um endividamento externa


para a obtenção de tecnologia estrangeira; e de outro, na ampliação do mercado consumidor de tais
produtos (consumidos principalmente pela classe média). No período entre 1964 e 1978, a dívida externa
brasileira passou de 2,5 bilhões para 40 bilhões. Esse modelo, além disso, promoveu um processo de
concentração de renda, excluindo do poder de compra milhões de pessoas. Deste modo, apesar de garantir
o crescimento econômico, tornou inevitável o afloramento de graves tensões sociais, o que era sufocado
pela crescente repressão do período.
Todo esse desenvolvimento econômico levou a um aumento significativo o PIB do país e uma falsa
sensação de crescimento com a diminuição da inflação. Além de tudo, aumentando o clima de euforia com
o crescimento do país houve um aumento nas bolsas de valores brasileiras e a expansão e o investimento
nas indústrias de base brasileiras. Todo esse suposto progresso veio acompanhado de “obras faraônicas”
(chamadas assim por serem obras muito grandes e em alguns casos sem muita utilidade) que aumentaram
a oferta de empregos e melhoraram a infraestrutura do país, como no caso da Ponte Rio-Nitéroi .
Os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs) foram responsáveis pela sistematização da pretensão
dos militares com relação ao crescimento do país. A ideia era torna-lo uma nação desenvolvida em um curto
espaço de tempo investindo em indústrias através da união do capital nacional e o estrangeiro para investir
em áreas essências para esse crescimento. Soma-se a tudo isso a ideia de integrar as áreas mais distantes
do Brasil e não tão produtivas. Foi dentro desse contexto que ocorreu a construção de diversas
hidroelétricas e o investimento em bens de capital.
Esses planos ainda contemplavam outras áreas como a nutrição, a habitação, a educação, a saúde e o
saneamento básico. O que no papel parecia muito bonito e na prática se mostrava eficaz para os
interessados, vai sofrer um baque quando esse modelo desenvolvimentista mostrar sinais de esgotamento
logo em seguida, em meados da década de 1970.

Resistência
Muitas foram as formas de resistência à Ditadura Militar neste período, seja através de recursos legais,
buscando o respeito à direitos básicos, criando expressões culturais críticas, até os movimentos armados,
com guerrilhas urbanas e rurais. Neste período, movimentos culturais como o Cinema Novo e o
Tropicalismo realizaram duras críticas à política brasileira e conviveram com a censura. Diversos protestos
e enfrentamentos diretos entre estudantes e militares também marcaram de sangue as ruas das grandes
capitais. No campo político, destaca-se a atividade de apenas dois partidos oficiais, o ARENA, que apoiava o
governo e o MDB, a oposição consentida.

2
História

Por fim, com atuações mais violentas, grupos guerrilheiros se espalharam pelo país e estimularam
revoltas e tentativas de derrubada do Governo Militar. Neste contexto, destacam-se grupos como o
Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Var-Palmares
(Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), entre outras.
A luta armada era vista como a única forma possível de derrubar a ditadura, uma vez que não existia a
possibilidade de fazer uma oposição política. A mais famosa foi a Guerrilha do Araguaia que se localizou no
Amazonas entre a década de 1960/70 e se estabeleceram na região treinando durante anos para combater
o exército brasileiro. Relatos dão conta de explicar que os guerrilheiros tentaram conquistar a população
local para que ela aderisse às ideias do grupo armado e que obtiveram algum
sucesso, porém não foi algo em grande escala. Visando combater qualquer tipo
de manifestação contrária aos governos militares, uma série de expedições
foram feitas ao território para coibir as ações dos guerrilheiros. Em 1974, o
exército extermina seus participantes com requintes de crueldade.

3
História

Exercício

1. (ENEM 2015)

No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Militar abordada na charge foi caracterizada pela
a) priorização da segurança nacional.
b) captação de financiamentos estrangeiros.
c) execução de cortes nos gastos públicos.
d) nacionalização de empresas multinacionais.
e) promoção de políticas de distribuição de renda.

2. Observe a imagem abaixo.

(...) meu Brasil, Que sonha com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu num rabo de
foguete: chora a nossa pátria-mãe gentil choram marias e clarisses no solo do Brasil. Mas sei, que
uma dor assim pungente não há de ser inutilmente a esperança dança na corda bamba de sombrinha
e em cada passo dessa linha pode se machucar.
(João Bosco e Aldir Blanc, "O bêbado e a equilibrista")
A crítica expressa na charge e a referência histórica da música estão relacionadas, respectivamente,
a) à exaltação do nacionalismo e ao movimento das "Diretas Já".
b) ao autoritarismo do governo e a campanha a favor da anistia.
c) à propaganda comunista e ao retorno dos exilados políticos.
d) ao fim da censura e à política favorável à redemocratização.
e) à outorga do Ato Institucional n. 5 e ao milagre econômico.

4
História

3. Leia a seguir o trecho de uma canção de Chico Buarque, lançada e proibida em 1978:

“Hoje você é quem manda


Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão.”

Identifique nas alternativas abaixo a que corresponde ao contexto da história do Brasil que a canção
criticava.
a) O governo de Getúlio Vargas, caracterizado pela centralização e personalização do poder e pela
suspensão dos direitos constitucionais.
b) O governo de Médici, que intensificou a repressão aos opositores, tornou a censura ainda mais
rígida e manteve o Ato Institucional nº5, que lhe dava poderes para fechar o congresso.
c) O governo de Médici, que, a partir das críticas feitas pela sociedade, foi se encaminhando à
abertura democrática.
d) O governo de Castelo Branco e o Ato Institucional nº3, que extinguiu os partidos, acabou com as
eleições e reprimiu os movimentos de trabalhadores do campo e da cidade.
e) A Junta Militar, que, para resistir aos ataques dos grupos de extrema esquerda, teve de aumentar
o controle sobre os meios de comunicação.

4. O golpe militar em 1964 foi acompanhado por alterações na organização política do Brasil, como a
cassação de direitos políticos, o fechamento de partidos e a censura. A partir de 1969, iniciou-se um
período conhecido como “milagre” econômico brasileiro, em que predominaram os investimentos em
bens de consumo duráveis, a exportação de manufaturados e a abertura do mercado ao capital
estrangeiro. Foi também característica desse modelo econômico:
a) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional.
b) o investimento de capitais nas pequenas indústrias.
c) a redução dos salários dos trabalhadores menos qualificados.
d) a extinção do Sistema Financeiro de Habitação.
e) a criação da Sudene.

5
História

5. (ENEM PPL 2011) Em Brasília, foram mais de cem mil pessoas saudando os campeões. A seleção
voou diretamente da Cidade do México para Brasília. Na festa da vitória, Médici presenteou os
jogadores com dinheiro e posou para os fotógrafos com a taça Jules Rimet nas mãos. Até uma
Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP) chegou a ser criada para mudar a imagem do
governo e cristalizar, junto à opinião pública, a imagem de um país vitorioso, alavancando campanhas
que criavam o mito do “Brasil grande" que “vai para frente". Todos os jogadores principais da Copa de
70 foram usados como garotos-propaganda.
(Bahiana, A. M. Almanaque Anos 70. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006 (adaptado).)
A visibilidade dos esportes, especialmente do futebol, nos meios de comunicação de massa, tornou-
os uma questão de Estado para os governos militares no Brasil, que buscavam, assim,
a) legitimar o Estado autoritário por meio de vitórias esportivas nacionais.
b) mostrar que os governantes estavam entre seus primeiros praticantes.
c) controlar o uso de garotos-propaganda pelas agências de publicidade.
d) valorizar os atletas, integrando-os como funcionários ao aparelho de Estado.
e) incentivar a expansão da propaganda e do consumo de artigos esportivos.

6. A economia brasileira, em fins da década de 1960, apresentou um novo direcionamento analisado de


modo ambíguo pelos especialistas: tanto corresponderia a uma política distributivista, quanto a uma
política econômica altamente concentracionista da riqueza e da renda do país. Apesar dessa
ambiguidade, não se pode negar que, nesse período:
a) o aspecto concentracionista da economia foi determinado pela violência da perseguição política
movida pelo regime militar aos setores médios urbanos.
b) o novo direcionamento econômico elevou o nível médio salarial da classe operária no Brasil.
c) o cunho-distributivista da economia brasileira, para os que o defendem, teve sua origem no
caráter altamente democrático de participação no mercado financeiro.
d) a característica distributivista deveu-se ao aumento da renda dos trabalhadores do setor
primário da economia.
e) a economia concentracionista deveu-se à política de arrocho salarial seletiva, praticada pelos
governos militares.

7. (ENEM PPL 2011) O despotismo é o governo em que o chefe do Estado executa arbitrariamente as
leis que ele dá a si mesmo e em que substitui a vontade pública por sua vontade particular.
(KANT, I. Despotismo. In: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico
de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.)

O conceito de despotismo elaborado pelo filósofo Immanuel Kant pode ser aplicado na interpretação
do contexto político brasileiro posterior ao AI-5, porque descreve
a) o autoritarismo nas relações de poder.
b) as relações democráticas de poder.
c) a usurpação do poder pelo povo.
d) a sociedade sem classes sociais.
e) a divisão dos poderes de Estado.

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História

8. (UEMA 2015) O Governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), o terceiro General-Presidente do


regime que chegou ao poder por meio do Golpe Militar de 31/3/1964, foi profundamente marcado
tanto pelo auge da repressão política quanto pelos elevados níveis de crescimento que ficaram
conhecidos como \'\'Milagre Econômico\'\'. Tomando como referência essa informação, analise a
charge abaixo.

A crítica a um dos desdobramentos do chamado ―Milagre Econômico‖ refere-se à (ao)


a) concentração de renda.
b) aumento do êxodo rural.
c) crescimento dos níveis salariais.
d) redução dos níveis de desemprego
e) elevação da dívida externa brasileira.

7
História

9.

A mencionada “mudança de filosofia”, entre a década de 1970 e a atualidade, refere-se às seguintes


prioridades em cada um desses momentos históricos, respectivamente:
a) estimular a presença militar – valorizar a proteção estrangeira
b) solucionar a disparidade inter-regional – expandir a atividade extrativista
c) garantir o crescimento econômico – promover o equilíbrio socioambiental
d) controlar o deslocamento populacional – redimensionar a propriedade fundiária
e) reduzir a desigualdade social – realizar a reforma agrária

10. (ENEM 2014) A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu representantes de comissões estaduais
e de várias instituições para apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de
cooperação com quatro organizações. O coordenador da CNV estima que, até o momento, a
comissão examinou, “por baixo”, cerca de 30 milhões de páginas de documentos e fez centenas de
entrevistas.
(Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado).)

A notícia descreve uma iniciativa do Estado que resultou da ação de diversos movimentos sociais no
Brasil diante de eventos ocorridos entre 1964 e 1988. O objetivo dessa iniciativa é
a) anular a anistia concedida aos chefes militares.
b) rever as condenações judiciais aos presos políticos.
c) perdoar os crimes atribuídos aos militantes esquerdistas.
d) comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas.
e) esclarecer as circunstâncias de violações aos direitos humanos.

8
História

Gabarito

1. B
O período conhecido como Milagre Econômico proporcionou a sensação de um enorme crescimento
para o país, porém os investimentos foram feitos com empréstimos de outros países o que levou a um
aumento absurdo da divida externa.

2. B
A charge e a música se referem ao autoritarismo do Governo Militar no período e aos opositores que
foram sequestrados ou exilados e esperavam pela anistia.

3. B
A música dialoga com o contexto de opressões e lutas do Governo Médice, que “dava as ordens” e
deveriam ser obedecidas. Com a criação do AI-5, o autoritarismo se intensificaria, deixando assim o país
“triste e obscuro”, como descreve a canção.

4. C
O milagre econômico de 1970 foi acompanhado de uma forte dependência de países estrangeiros, que
ampliou a dívida internacional. Com a alta inflação, o governo também congelou o salário mínimo e
valorizou uma política de concentração de renda, que aumentou ainda mais as desigualdades sociais.

5. A
A propaganda foi um meio utilizado pela ditadura como uma forma de exaltar o nacionalismo e promover
os feitos dos governos militares. O futebol e a vitória na copa de 70 foram utilizados como forma de
campanha do “bom momento” que o país estaria vivendo.

6. E
Com o “arrocho salarial” os reajustes de salário não acompanhavam a inflação. Ele reduzia os custos
dos empresários, mas reduzia o poder de compra dos trabalhadores, o que ampliava a concentração de
renda.

7. A
A partir do AI-5 iniciou-se os “anos de chumbo”, período mais duro da Regime Ditatorial. Através do AI-5
que ampliou-se os poderes do presidente e os militares tiveram brechas para instituir a tortura,
ampliando as perseguições políticas sem precisar prestar contas ao congresso.

8. A
O período conhecido como Milagre Econômico foi marcado por um forte desenvolvimento econômico,
entretanto essa nova renda gerada estava concentrada nas mãos de uma minoria.

9. C
A construção da Transamazônica se deu no contexto de Milagre econômico. Junto a outros
empreendimentos, é considerada uma das “obras faraônicas” realizadas para promover e evidenciar o
crescimento econômico durante a Ditadura. Atualmente, o desejo de promoção do equilíbrio ambiental
motiva posicionamentos distintos em relação a região da floresta Amazônica.

9
História

10. E
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) busca esclarecer e investigar sobre as violações contra os
direitos humanos cometidas durante a ditadura militar brasileira. Uma boa parte dessas violações
foram cometidas durante os Anos de Chumbo onde o regime passou a utilizar métodos mais violentos
no tratamento com seus opositores.

10
História

O Regime Militar Brasileiro – Institucionalização

Resumo

No contexto de radicalização política do governo João Goulart, onde crescia


a demanda pelas “Reformas de Base” e o descontentamento da oposição
com a suposta possibilidade de um golpe comunista, foi deflagrado um golpe
militar que tirou Jango da presidência da República.
O amplo apoio de setores da população civil – como os empresários, parte da classe média e até mesmo
setores da Igreja Católica – levaram os historiadores a chamarem este episódio de golpe “civil-militar”. O
golpe também teve apoio do governo norte-americano, através da Operação Condor, que o considerava o
caminho certo para afastar uma possível “ameaça comunista” do Brasil no contexto de Guerra Fria. É
importante lembrar que Cuba acabava de passar pela sua Revolução, ampliando o temor estadunidense de
que os ideais socialistas se espalhassem pela América.
Logo em seguida ao golpe, foi organizado o Comando Supremo da Revolução que contava com a
participação dos militares chefes da marinha, do exército e da aeronáutica. Com a deposição de Jango do
cargo de chefe do executivo no dia 31 de março de 1964, a presidência foi assumida interinamente por
Ranieri Mazzilli, mas comandada de fato pelo alto comando das Forças Armadas brasileiras até a chegada
de Castelo Branco ao poder. A partir dai, teve inicio a ditadura militar brasileira que durou 21 anos, um
período de intensa repressão e cerceamento da liberdade de expressão dentro do país. A perseguição e a
censura foram instauradas desde o principio com o intuito de combater qualquer pessoa tida como inimigo
do regime que seria automaticamente considerado inimigo da nação. Diversos políticos tiveram seus
mandatos cassados, pessoas foram perseguidas, vigiadas, presas, exiladas e torturadas em nome da
“segurança” do país.
Com a desculpa de manter a ordem, o que na verdade se converteu em um
mecanismo que facilitou a repressão da população no geral, foram criados
Atos Institucionais que permitiam a alteração da constituição de forma a
garantir os interesses dos militares. O Ato Institucional de número I (AI – I) foi
decretado logo em seguida ao golpe e garantia, entre outras coisas, a eleição
indireta para presidente, a cassação de mandatos e direitos políticos por 10
anos e a possibilidade de decretar estado de sitio no país sem consultar
previamente o Congresso. O decreto tinha a intenção de concentrar os poderes na mão do chefe do
executivo, facilitando assim a instalação de mecanismos de controle e censura que foram largamente
utilizados pelos presidentes militares.
A partir do decreto do AI –I, diversos órgãos de foram colocados na ilegalidade, como os sindicatos e a UNE
– União Nacional dos Estudantes, políticos tiveram seus mandatos cassados e funcionários públicos e
professores foram aposentados compulsoriamente. Os meios de comunicação passaram a ser
constantemente vigiados e aqueles que se opunham ou criticavam os militares sofriam com constantes
ataques as suas sedes. Diversos jornalistas foram presos e exilados, assim como muitos artistas, que a
partir daqui precisavam submeter seus trabalhos a aprovação do regime.
Foram criados e reativados mecanismos oficiais para dar conta desse controle, como o Serviço Nacional de
Informações (SNI) que era um serviço secreto da ditadura que tinha como função vigiar e controlar toda e
qualquer atividade ou pessoa considerada suspeita. O Departamento de Ordem Política e Social (Dops),
criado durante o Estado Novo, foi reativado e dentre suas diversas funções, estava o monitoramento a nível

1
História

estadual de órgãos e pessoas considerados suspeitas, como faculdades, militantes e etc. Além disso, foi
criado a partir da Operação Bandeirantes (1969), criada em conjunto com a iniciativa privada para combater
as guerrilhas em São Paulo, o Departamento de Operações Internas e Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-Codi), que servia como um braço da perseguição a todos que fossem considerados suspeitos
de colocar a segurança nacional em risco.

O regime militar foi se consolidando ao longo do governo de Castelo Branco com a


promulgação do Ato Institucional de número 2 e 3, que dentre diversas coisas,
instituía o bipartidarismo no Brasil, permitindo somente a existência de dois partidos
políticos: o ARENA - Aliança Renovadora Nacional e o MDB - Movimento Democrático
Brasileiro. O primeiro era o partido dos militares e o segundo pertencia à oposição consentida pelo governo.
Além disso, foi promulgado ainda em 1967 a Lei de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional que
promoviam uma diminuição dos direitos civis e a confirmação institucional do cerceamento da informação
e da liberdade de imprensa. No mesmo ano, foi criada uma nova Constituição que serviu para consolidar a
instalação do regime ditatorial no país, porém foi necessária a promulgação do AI-4, devido a protestos de
ambos os partidos, permitindo o retorno do Congresso e a formação de uma Assembleia Constituinte para a
criação da nova carta constitucional.
Nos chamados “Anos de Chumbo” (1969-1974), popularmente conhecido assim devido ao recrudescimento
da repressão, a perseguição, a tortura e a censura ganharam um novo capitulo com a promulgação do Ato
Institucional de número (AI -5). Através dele, ficava suspenso o direito de habeas corpus a pessoas que
cometiam crimes políticos, permitia o fechamento do Congresso de acordo com o interesse presidencial,
concedia o direito do chefe do executivo de intervir diretamente nos estados, entre outras coisas. A caçada
aos considerados inimigos do regime se fortaleceu e expandiu durante o período, assim como a censura a
jornais, revistas e qualquer tipo de arte ou posicionamento contrário.
Foi durante esse mesmo período que a economia brasileira apresentou um crescimento que ficou
conhecido como “Milagre Econômico”. Os investimentos em infraestrutura, as obras que se espalharam
pelo país, a expansão do mercado externo, investimentos maciços em energia e transporte fizeram a
economia se recuperar e crescer de forma rápida, além de manter a inflação controlada. Contudo, boa parte
do milagre foi construído a base de empréstimos do capital estrangeiro, o que ocasionou em um aumento
absurdo da divida externa e em um crescimento fictício que cobrou seu alto preço ainda durante o regime
militar. Ademais, a conta dessa estabilização temporária da economia foi cobrada das classes mais baixas,
que sofreram com o arrocho salarial, entre outras coisas.

Resistência
Embora a repressão tenha ocorrido de forma contínua ao longo de todo o regime, as
manifestações de resistência também se fizeram presente. A resistência se deu em
diferentes momentos e de diversas formas: guerrilhas urbanas e rurais com a luta armada,
no campo cultural através das canções-protesto e a manutenção de uma arte mais crítica,
manifestações nas ruas (ainda que tenham sido fortemente reprimidas), greves, mobilizações estudantis,
entre outras.
As manifestações culturais ficaram mais conhecidas com o surgimento do Tropicalismo e das canções-
protesto que através de letras dúbias promoviam criticas ao regime. Cantores como Geraldo Vandré,
Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre tantos outros foram amplamente perseguidos, censurado e muitos foram
exilados devido a repressão do regime militar.

2
História

A participação do Teatro de Arena, Teatro Oficina e do


movimento do Cinema Novo foram essenciais pela criação de
uma frente de resistência e denúncia contra a censura
instalada no país e também por promoverem um movimento
de pensar um novo Brasil e uma nova arte com caráter
nacionalista que abrangesse as diferenças existentes no país.
Embalados por pelo clima de insatisfação e de constante
privação de direitos, a população, principalmente o movimento
estudantil, promoveram uma série de atividades de resistência
contra a manutenção dos militares no poder. Não
coincidentemente, o ano de 1968 foi de efervescência cultural
e política ao redor do mundo com o surgimento de
A Passeata dos 100 mil movimentos que criticavam a ideologia dominante e seu modo
operandis, como o movimento hippie, os movimentos
estudantis de Paris e a Primavera de Praga. O movimento mais famoso no Brasil ficou conhecido como a
Passeata dos Cem Mil, porque cerca de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro,
durante o protesto que pedia o fim do regime militar. Apesar de não terem nenhuma das suas reivindicações
atendidas, os protestos marcaram a participação da população civil contra a imposição do governo militar e
ao mesmo tempo deram um impulso para o recrudescimento do regime.

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História

Exercícios

1. Na presidência da República, em regime que atribui ampla autoridade e poder pessoal ao chefe de
governo, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem dúvida alguma, no mais evidente incentivo a todos
aqueles que desejam ver o país mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil.”
(Manifesto dos ministros militares à Nação, em 29 de agosto de 1961).
Esse Manifesto revela que os militares
a) estavam excluídos de qualquer poder no regime de democracia presidencial.
b) eram favoráveis à manutenção do regime democrático e parlamentarista.
c) justificavam uma possibilidade de intervenção armada em regime democrático.
d) apoiavam a interferência externa nas questões de política interna do país.
e) eram contrários ao regime socialista implantado pelo presidente em exercício.

2.

O Ato Institucional nº 1 foi editado logo após a deposição do presidente João Goulart, em 1964. Nele,
figuraram medidas destinadas a legitimar as ações do novo governo, como indica o texto. Um dos
efeitos imediatos dessas medidas, no que se refere à atuação do Poder Legislativo, foi:
a) ampliação de atribuições decisórias
b) restrição de incumbências tributárias
c) convocação de eleições parlamentares
d) perseguição de grupos oposicionistas
e) o fortalecimento de ideais democráticas

3. (ENEM 2010) Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968


Art. 10 – Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a
segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.
Art. 11 – Excluem–se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este
Ato Institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
(Disponível em: http://www.senado.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010.)

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História

O Ato Institucional nº 5 é considerado por muitos autores um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos
do AI-5 selecionados, o governo militar procurou limitar a atuação do Poder Judiciário, porque isso
significava
a) a substituição da Constituição de 1967.
b) o início do processo de distensão política.
c) a garantia legal para o autoritarismo dos juízes.
d) a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo.
e) a revogação dos instrumentos jurídicos implantados durante o golpe de 1964.

4. (ENEM 2013)

A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de Finados de 1965. Sua relação com os
direitos políticos existentes no período revela a
a) extinção dos partidos nanicos.
b) retomada dos partidos estaduais.
c) adoção do bipartidarismo regulado.
d) superação do fisiologismo tradicional.
e) valorização da representação parlamentar.

5. Leia, com atenção, o depoimento do general Bandeira a respeito da participação dos militares na
política brasileira:
“No movimento de 1964, a ideologia política foi puramente a de preservar o regime democrático. Essa
foi a grande mola que conduziu o movimento”.
(D’ARAÚJO, Maria Celina et al. Visões do golpe: a memória militar sobre 1964.
Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.)
Considerando a tendência interpretativa da História, na atualidade, é correto afirmar que:
a) a real compreensão da situação política nacional fundamenta-se na objetividade do
conhecimento histórico, isento de intencionalidade política.
b) a interpretação do referido militar é inaceitável, pois no estudo da história torna-se imprescindível
um maior distanciamento cronológico entre o depoente e a realidade estudada.
c) a renovação metodológica, decorrente da valorização da história oral no Brasil, propiciou um
novo entendimento a respeito da visão democrática dos militares.
d) a marca da objetividade, nos estudos históricos, comprova a validade da opinião apresentada,
evitando uma versão partidária da história.
e) o testemunho apresentado, mesmo considerando a realidade política brasileira, vivida a partir de
1964, comprova a presença da subjetividade na interpretação histórica.

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História

6.

A imagem é representativa da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e permite caracterizá-la como um


período marcado pela
a) perseguição aos opositores do regime, que sofreram todo tipo de repressão, legitimados pela
Doutrina de Segurança Nacional.
b) estabilidade política marcada pela ausência de oposição e pela adesão imediata e apoio da
maior parte dos brasileiros ao regime militar.
c) ação de diferentes grupos de resistência ao regime militar, que conseguiram impor alguns limites
à repressão no país, através da guerrilha.
d) liberdade de expressão garantida pelo próprio regime, embora a constituição estabelecesse
limites à imprensa através da censura prévia.
e) manutenção dos principais direitos do cidadão, como o voto direto para os cargos do executivo,
embora houvesse forte perseguição à oposição.

7. No início de 1969, a situação política se modifica. A repressão endurece e leva à retração do


movimento de massas. As primeiras greves, de Osasco e Contagem, têm seus dirigentes perseguidos
e são suspensas. O movimento estudantil reflui. A oposição liberal está amordaçada pela censura à
imprensa e pela cassação de mandatos.
(Apolônio de Carvalho. Vale a pena sonhar. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 202.)

O testemunho, dado por um participante da resistência à ditadura militar brasileira, sintetiza o


panorama político dos últimos anos da década de 1960, marcados
a) pela adesão total dos grupos oposicionistas à luta armada e pela subordinação dos sindicatos e
centrais operárias aos partidos de extrema esquerda.
b) pelo bipartidarismo implantado por meio do Ato Institucional nº 2, que eliminou toda forma de
oposição institucional ao regime militar.
c) pela desmobilização do movimento estudantil, que foi bastante combativo nos anos
imediatamente posteriores ao golpe de 64, mas depois passou a defender o regime.
d) pelo apoio da maioria das organizações da sociedade civil ao governo militar, empenhadas em
combater a subversão e afastar, do Brasil, o perigo comunista.
e) pela decretação do Ato Institucional nº 5, que limitou drasticamente a liberdade de expressão e
instituiu medidas que ampliaram a repressão aos opositores do regime.

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História

8. (ENEM 2010) Opinião

Podem me prender
Podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Aqui do morro eu não saio não
Aqui do morro eu não saio não.

Se não tem água


Eu furo um poço

Se não tem carne


Eu compro um osso e ponho na sopa
E deixa andar, deixa andar...

Falem de mim
Quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã seu doutor,
Estou pertinho do céu
(Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.)
Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de
Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra
de música citada, foi o de
a) entretenimento para os grupos intelectuais.
b) valorização do progresso econômico do país.
c) crítica à passividade dos setores populares.
d) denúncia da situação social e política do país.
e) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

9. (ENEM 2009) O ano de 1968 ficou conhecido pela efervescência social, tal como se pode comprovar
pelo seguinte trecho, retirado de texto sobre propostas preliminares para uma revolução cultural: “É
preciso discutir em todos os lugares e com todos. O dever de ser responsável e pensar politicamente
diz respeito a todos, não é privilégio de uma minoria de iniciados. Não devemos nos surpreender com
o caos das ideias, pois essa é a condição para a emergência de novas ideias. Os pais do regime
devem compreender que autonomia não é uma palavra vã; ela supõe a partilha do poder, ou seja, a
mudança de sua natureza. Que ninguém tente rotular o movimento atual; ele não tem etiquetas e não
precisa delas”.
(Journal de la comune étudiante. Textes et documents. Paris: Seuil, 1969 (adaptado).)

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História

Os movimentos sociais, que marcaram o ano de 1968,


a) foram manifestações desprovidas de conotação política, que tinham o objetivo de questionar a
rigidez dos padrões de comportamento social fundados em valores tradicionais da moral
religiosa.
b) restringiram-se às sociedades de países desenvolvidos, onde a industrialização avançada,
a penetração dos meios de comunicação de massa e a alienação cultural que deles resultava
eram mais evidentes.
c) resultaram no fortalecimento do conservadorismo político, social e religioso que prevaleceu nos
países ocidentais durante as décadas de 70 e 80.]
d) tiveram baixa repercussão no plano político, apesar de seus fortes desdobramentos nos planos
social e cultural, expressos na mudança de costumes e na contracultura.
e) inspiraram futuras mobilizações, como o pacifismo, o ambientalismo, a promoção da equidade
de gêneros e a defesa dos direitos das minorias.

10. (ENEM 2016) A Operação Condor está diretamente vinculada às experiências históricas das ditaduras
civil-militares que se disseminaram pelo Cone Sul entre as décadas de 1960 e 1980. Depois do Brasil
(e do Paraguai de Stroessner), foi a vez da Argentina (1966), Bolívia (1966 e 1971), Uruguai e Chile
(1973) e Argentina (novamente, em 1976). Em todos os casos se instalaram ditaduras civil-militares
(em menor ou maior medida) com base na Doutrina de Segurança Nacional e tendo como principais
características um anticomunismo militante, a identificação do inimigo interno, a imposição do papel
político das Forças Armadas e a definição de fronteiras ideológicas.
(PADRÓS, E. S. et al. Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul
(1964-1985): história e memória. Porto Alegre: Corag, 2009 (adaptado).)
Levando-se em conta o contexto em que foi criada, a referida operação tinha como objetivo coordenar
a) modificação de limites
b) sobrevivência de oficiais exilados.
c) interferência de potências mundiais.
d) repressão de ativistas oposicionistas.
e) implantação de governos nacionalistas.

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História

Gabarito

1. C
Por meio do documento, percebe-se que os setores militares já se preocupavam com uma suposta
ameaça comunista ao Brasil, em um contexto de Guerra Fria. Portanto, para manter um ideal de ordem e
segurança nacional, alguns militares já planejavam a possibilidade de uma intervenção armada no
governo para afastar Jango da presidência.

2. D
Através do AI-1, pôde-se encontrar respaldo legal para a perseguição aos opositores do golpe de 1964.
Isso é explicitado pelo trecho ao se falar no direito de “suspender direitos políticos” e “cassar mandatos
parlamentares”.

3. D
O AI-5, que entrou em vigor a partir de 1968, foi o mais violento dos Atos Institucionais, endurecendo a
postura autoritária do governo e desrespeitando a Constituição ao perseguir opositores e restringir
direitos, concentrando o poder nas mãos do presidente do Brasil.

4. C
Em 1964 foi promulgado o Ato Institucional n°2 que decretava o Bipartidarismo no Brasil e a charge faz
uma alusão ao dia de Finados, com os partidos que haviam sido “mortos” pela ditadura que se
implantava no país naquele momento.

5. E
É impossível que um relato histórico seja completamente objetivo, por mais que se queira controlar a
subjetividade da interpretação. Neste caso, o militar afirma que o golpe de 1964, que interrompeu a
democracia, serviu para salvá-la, o que é contraditório. Lembremos que a ditadura durou 21 anos,
período em que o Brasil viveu sem democracia. Portanto, seu relato, embora trate de um dado objetivo (o
“movimento” de 1964), possui elementos subjetivos que o tornam de algum modo parcial. Negar isso
seria conceder à sua interpretação o estatuto de verdade.

6. A
A Charge ironiza a repressão conta aqueles que se apunham ao Regime Ditatorial.

7. E
O AI-5 inaugura o período de mais intensa repressão da ditadura, conhecido como “anos de chumbo”.

8. D
Durante esse período a cultura foi uma importante forma de manifestação contra a censura e a violência
promovida pelos militares, as “canções protesto” foram uma das diversas formas de denúncias que
surgiram.

9. E
O ano de 1968 foi marcado por uma série de revoluções ao redor do mundo que dentro do contexto de
guerra fria questionava a ordem vigente e exigiam mais liberdade de todos os tipos. E no Brasil não foi
diferente, milhares de pessoas foram para as ruas no mesmo ano protestar contra a ditadura e contra a
péssima qualidade de vida no país.

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História

10. D
No contexto de Guerra, era comum que esses regimes fossem apoiados pelos Estados Unidos, com o
objetivo de afastar “ameaças” comunistas, sejam elas reais ou não.

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História

O Regime Militar Brasileiro – Abertura (Geisel)

Resumo

A Ditadura Militar brasileira vigorou no Brasil no período de 1964 até


1985, ou seja, foram quase 20 anos de ausência de democracia. A
redemocratização brasileira se deu oficialmente com o fim do Governo
de João Batista Figueiredo, mas não foi algo simples e rápido: a
abertura política foi um processo lento, gradual e seguro, que começou
a dar os ares no início da década de 70. O milagre econômico, que gerou um crescimento econômico
exponencial durante o governo Médici e contribuiu para a legitimidade da ditadura começou a dar sinais de
esgotamento, provocado principalmente pela crise do petróleo, do aumento da divida externa e o aumento
da inflação. Em meio ao fim do período de crescimento e com a queda real do PIB, cresceram as insatisfações
e questionamentos à ditadura militar. O mandato de Médici chegava ao fim e era necessário que o próximo
presidente fosse alguém capaz de lidar com essas inquietações.
O general Geisel foi o escolhido para suceder o general Médici. Diante das críticas à crise econômica e às
próprias bases da ditadura militar brasileira, ele foi o escolhido para iniciar o processo de abertura política
que segundo suas próprias palavras seria: lenta, gradual e segura. Esses foram os primeiros passos dados
em direção a redemocratização do Brasil. Mas por que deveria ser uma “abertura lenta, gradual e segura”?
Por que não acabaram com a ditadura de uma vez? Diante do barril
de pólvora que o Brasil se encontrava, com o crescimento da
oposição ao regime, foi necessário que a redemocratização
ocorresse devagar, sem que houvesse qualquer “retrocesso” e de
modo a garantir os interesses das elites dominantes. Antes de
tudo, era importante que fosse segura, principalmente, para os
militares, que cometeram uma série de excessos durante o período
ditatorial e que claramente perceberam que não poderiam se
manter no poder infinitamente. Até porque já havia uma
polarização dentro das forças com relação à forma de governar o
país, o que causou um desgaste nas relações internas entre os
próprios militares.

Economia

Como foi falado aqui em cima, o período do Milagre Econômico chegava ao fim deixando uma enorme divida
e uma inflação cada vez maior. Geisel precisou lidar com a crise do petróleo ocasionada devido ao embargo
imposto pela OPEP - Organização dos Países Árabes Exportadores aos países que apoiavam o país recém-
criado, Israel. Durante a Guerra do Yom Kippur e outros conflitos na região oriental do globo, elevaram
drasticamente o valor do barril de petróleo no resto do mundo.
Além disso, os abundantes empréstimos que eram concedidos ao país durante os governos
militares anteriores diminuiram drasticamente, o que encurtou os recursos disponiveis para
investimento nas áreas essenciais do país. A Criação do II Plano Nacional de Desenvolvimento
em 1975 veio com intuito de reestruturar a economia do país e criar possibilidades de manter
os investimentos em áreas estatégicas, como a energetica. A crise do petróleo, que era

1
História

principal fonte de energia utilizada pelo país naquele momento, apontou para a dependência do Brasil em
relação aos outros países produtores.
A solução enocntrada pelo governo foi investir em bens de capital e infraestrutra, ampliando a produção da
cadeia industrial do país. Além disso, aumento o investimento em fontes de energias alternativas e uma série
de investimentos na agropecuária. A intenção do plano era tirar o país da crise e mais do que isso, fazer ele
voltar a crescer. O II PDN teve um sucesso parcial, entretanto não conseguiu colocar em prática tudo aquilo
que se propôs a fazer. No final do mandato de Geisel, a divida externa estava ainda maior, bem como a taxa
de inflação.

Abertura Política
O general Geisel deu início à abertura política brasileira, mas não foi um processo tão tranquilo. Costuma-se
dizer que o governo de Geisel se baseou no binômio “sístole e diástole”, bem parecido com o que você
aprende nas aulas de sistema circulatório. Durante seu governo, foram implementadas medidas de
relaxamento e abertura (diástole), mas também medidas de contenção, repressoras, quando o presidente
considerava necessário (sístole), o que pode ser percebido com as torturas, prisões e assassinatos que se
mantiveram no período, como o do jornalista Vladmir Herzog.
Se liga no esqueminha para entender melhor a chamada “sístole e diástole”:

Dentro desse contexto, diversas medidas contraditórias serão tomadas pelo então presidente do Brasil. Já
em 1974 ocorre a liberação da propaganda eleitoral gratuita o que vai ajudar na vitória da oposição
consentida, o partido do MDB, que conquistou um sucesso expressivo nas eleições. É importante salientar
que isso demonstrou uma insatisfação generalizada com o modelo militar. Entretanto, faz-se necessário
contextualizar que essas vitórias não modificaram drasticamente as bases governamentais uma vez que a
oposição não diferia tanto do projeto dos militares.
Embora tenha ocorrido a liberação parcial das mídias, a repressão continuou a todo vapor como é
constatado na morte do jornalista que foi citado a cima, Hergoz e na morte de outros opositores durante o
período, como Manuel Del Filho. Ambos os opositores foram encontrados mortos no DOI-CODI com sinais
de tortura, o que vai despertar a atenção da mídia internacional sobre o caráter brutal e repressivo do governo
brasileiro. Além disso, gerou uma grande comoção nacional e uniu diversos setores da sociedade que
questionavam os meios utilizados pela ditadura, inclusive grupos que anteriormente haviam apoiado os
militares, como a classe média e a Igreja Católica.
Com interesse de aprovar um projeto que reformulasse o Poder Judiciário juntando com a preocupação que
a crescente manifestação contra o regime poderia causar nas eleições que estavam próximas, em 1977 será
lanço do Pacote de Abril que arrochava as medidas políticas durante o período de “abertura”. As principais
medidas foram:
• Fechamento do Congresso
• Aumento do mandato presidencial para 6 anos
• Continuidade eleições indiretas para Presidente da República, prefeitos e governadores.
• Determinava que 1/3 dos senadores seriam indicados pelo presidente (esses senadores ficaram
conhecidos como “senadores biônicos”)

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História

• Aumento das bancadas de estados menores (O ARENA possuia uma quantidade significativa de
representantes nesses estados)
• Craiação da Lei Falcão ( que instituia uma censura nas propagandas eleitorais)

Movimentos de Resistência

Após um período de desarticulação, o movimento estudantil vai ganhar força novamente entre meados da
década de 1970. Intelectuais de esquerda ou não, promoveram uma articulação importante contra a ditadura,
principalmente nesse momento de “abertura” política. Já no final da década de 70, vários órgãos criados
anteriormente pelos alunos resurgiram com grande força levando a mobilizações e protestos a favor da
democracia.
Assim como o movimento estudantil havia se reorganizado e promovia uma série de manifestações contra
a ditadura militar, os trabalhadores seguiram o mesmo curso. Essa reestruturação ficou conhecida como
Novo Sindicalismo. Uma série de greves eclodiu no país durante o governo de Geisel para reivindicar
condições melhores de vida devido ao arrocho salarial e ao alto custo de vida. É importante lembrar que,
como falamos lá em cima, nesse momento o “milagre econômico” já havia chegado ao fim e o país passava
por uma crise econômica.
É dentro desse contexto que no ano de 1978 vai eclodir uma série de greves, principalmente de operários do
setor metalúrgico, na cidade de São Paulo. A reconfiguração dos sindicatos levou a paralisação de milhares
de trabalhadores do ramo industrial que reivindicavam, principalmente, aumento salarial. Essas greves no
ABC Paulista contou com a participação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que já em 1980 vai
despontar como um dos principais lideres sindicais do Brasil.

Greve dos operários no ABC Paulista durante o governo Geisel.


Acervo público do Estado de São Paulo. Lula discursando
http://memoriasdaditadura.org.br/linha-do-tempo/enfim-o-
durante a ditadura.
acordo/.

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História

Exercícios

1. (Enem 2018)
São Paulo, 10 de janeiro de 1979.
Exmo. Sr. Presidente Ernesto Geisel.

Considerando as instruções dadas por V. S. de que sejam negados os passaportes aos senhores
Francisco Julião, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Luis Prestes, Paulo Schilling, Gregório Bezerra, Márcio
Moreira Alves e Paulo Freire.
Considerando que, desde que nasci, me identifico plena - mente com a pele, a cor dos cabelos, a
cultura, o sorriso, as aspirações, a história e o sangue destes oito senhores.
Considerando tudo isto, por imperativo de minha consciência, venho por meio desta devolver o
passaporte que, negado a eles, me foi concedido pelos órgãos competentes de seu governo.
Carta do cartunista Henrique de Souza Filho, conhecido como Henfil. In: HENFIL. Cartas da mãe. Rio de Janeiro: Codecri, 1981
(adaptado).

No referido contexto histórico, a manifestação do cartunista Henfil expressava uma crítica ao(à)
a) censura moral das produções culturais.
b) limite do processo de distensão política.
c) interferência militar de países estrangeiros.
d) representação social das agremiações partidárias.
e) impedimento de eleição das assembleias estaduais.

2. Assumindo o governo após o período repressivo do general Médici, o general Geisel pretendia iniciar
um processo de liberalização do regime autoritário. Foi, entretanto, um período marcado por
alternâncias de medidas tênues de abertura e outras de natureza discricionária. Em 1977, o governo
publica um conjunto de medidas conhecidas como "o pacote de abril", cuja característica foi:
a) procurar impedir a vitória das oposições nas próximas eleições.
b) atacar de maneira frontal a ação da "linha-dura".
c) editar medidas que atenuassem a ação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5).
d) propor medidas liberalizantes na legislação trabalhista.
e) impor medidas coercitivas ao movimento sindical.

3. (Enem PPL 2013) Depois de dez anos de aparente imobilidade, 77 950 operários estavam em greve
em São Bernardo, Santo André, São Caetano e Diadema – o chamado ABCD, coração industrial do
país. Em todas as fábricas, os operários cruzaram os braços em silêncio. Apanhado de surpresa, o
governo militar ficou por algum tempo sem ação. Os empregadores, por sua vez, sofriam sérios
prejuízos a cada dia de greve.
ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Petrópolis: Vozes, 1984 (adaptado).

O movimento sindical, em fins dos anos 1970, começou a se rearticular e a patrocinar greves de
significativa repercussão. Essas greves aconteceram em um contexto político-institucional de
a) revogação da negociação coletiva entre patrões e empregados.
b) afirmação dos direitos individuais por parte de minorias.
c) suspensão da legislação trabalhista forjada durante a Era Vargas.
d) limitação à liberdade das organizações sindicais e populares.
e) discordância dos empresários com as políticas industriais.

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História

4. (Unesp 2018) Em meados da década de 1970, as condições externas que haviam sustentado o
sucesso econômico do regime militar sofreram alterações profundas.
(Tania Regina de Luca. Indústria e trabalho na história do Brasil, 2001.)

As condições externas que embasaram o sucesso econômico do regime militar e as alterações que
sofreram em meados da década de 1970 podem ser exemplificadas, respectivamente,
a) pelos investimentos oriundos dos países do Leste europeu e pelo aumento gradual dos preços
em dólar das mercadorias importadas.
b) pela ampla disponibilidade de capitais para empréstimos a juros baixos e pelo aumento súbito
do custo de importação do petróleo
c) pelos esforços norte-americanos de ampliar sua intervenção econômica na América Latina e pela
redução acelerada da dívida externa brasileira.
d) pela ampliação da capacidade industrial dos demais países latino-americanos e pelo
crescimento das taxas internacionais de juros
e) pela exportação de tecnologia brasileira de informática e pela recessão econômica enfrentada
pelas principais potências do Ocidente.

5. (Uema 2019)

O texto a seguir mostra realidades vividas e sofridas por crianças durante o período da Ditadura Militar
no Brasil (1964-1985), revelando um lado da história, às vezes, pouco comentado.

Todos(as) que sobrevivemos à ditadura militar de 1964/1985, militantes e descendentes,


convivemos até hoje com os traumas adquiridos naquela época, independentemente de terem sofrido
torturas físicas. Foram tantas as pessoas conhecidas atingidas, presas, torturadas, exiladas,
assassinadas e desaparecidas, que a vida continuou, mas marcada pela ditadura militar. E a vida,
naqueles longos 21 anos, foi uma tensão permanente. Viver sob terror de Estado, por tanto tempo, é
algo realmente difícil de suportar e de descrever. Depois dos anos de chumbo do governo
Médici, Ernesto Geisel assumiu a presidência em 197/4 e trouxe uma esperança de retorno à
democracia com a abertura política lenta e gradual'.
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-filhas-e-os-filhos-das-vitimas-da-ditadura-militar-no-Brasil/4/30591

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História

Os textos anteriores retratam uma face do Regime Autoritário instaurado no período da Ditadura
Militar no Brasil, mas que foi superado, após 21 anos, por uma conjunção de fatores que reunidos
desencadearam o processo de
a) burocratização, com o estabelecimento de novas regras parlamentares e a definição de
procedimentos para a execução das atividades na administração pública do Estado.
b) redemocratização, com a restauração gradual da democracia e do Estado de direito,
representadapela eleição, ainda que indireta, de um Presidente da República e pela promulgação
da Constituição Federal de 1988.
c) reconstituição do poder estatal nas mãos das minorias étnicas, que foram massacradas
anteriormente e passaram a ter seus direitos reconhecidos e assegurados nos códigos jurídicos.
d) liberalização de partidos políticos, que garantiram a igualdade na participação direta de todos os
cidadãos, no que diz respeito aos encaminhamentos econômicos do país.
e) redistribuição da renda, por meio de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades
sociais e econômicas, centrada no bem-estar da população abastada.

6. (USS 2019 - Adaptada) O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, defendeu uma “abertura
lenta, gradual e segura” da economia brasileira e apontou a reforma da Previdência como principal
objetivo do governo no momento.
Adaptado de economia.uol.com.br, 19/03/2019

A expressão utilizada em 2019 pelo presidente em exercício alude a um processo ocorrido no


governo de Ernesto Geisel (1974-1979), durante a Ditadura Militar.

Naquele governo, o uso da expressão se referia ao seguinte processo:


a) transição para os poderes civis
b) exílio para os opositores radicais
c) legalização para os partidos políticos
d) liberdade para os manifestantes presos
e) transição do capital estrangeiro para o nacional

7. (Unipam 2018 - Adaptada) ''O Governo Geisel tinha como alvos a manutenção e o apoio majoritário
dos militares, reduzindo, ao mesmo tempo, o poder da linha dura. [...] Outra meta era o retorno à
democracia [...].''
(SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 320-321).

Assinale a alternativa CORRETA que se relaciona ao governo Ernesto Geisel.


a) Instituição do AI-5, que ampliou os poderes do regime militar, como direito de cassar mandatos
políticos, suspensão do direito de habeas corpus, entre outros.
b) Imposição do ''Pacote de Abril'', um conjunto de medidas autoritárias que revelaram que a
abertura política era bem mais lenta do que a sociedade brasileira exigia.
c) Aprovação da Lei da Anistia, que não foi da maneira como a sociedade civil e os movimentos
organizados contra a ditadura exigiam, mas que permitiu a volta dos exilados políticos.
d) Consolidação do ''Milagre Econômico Brasileiro'', em função das elevadas taxas de crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB) então verificadas, de 11,1% ao ano.
e) Aprovação da Lei Falcão, que acabava com a censura das propagandas eleitorais facilitando o
processo de abertura política.

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História

8. Com o chamado "pacote de abril", baixado pelo então presidente Ernesto Geisel:
a) surgiram os "senadores biônicos" e foram prorrogadas as eleições indiretas dos governadores de
Estados.
b) determinava-se que os presos políticos, trocados por diplomatas seqüestrados, seriam banidos
do Brasil.
c) editou-se um decreto-lei, segundo o qual o presidente podia convocar eleições diretas para o
Executivo.
d) promulgou-se a lei da anistia política, com restrições a quem tinha participado da luta armada.
e) proibiam-se alianças para a escolha de candidatos aos governos dos Estados, bem como o "voto
vinculado".

9. (Enem 2012) Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a opinião pública, nós,
jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no
Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a realização de novas
diligências capazes de levar à completa elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a
ser levantados. Em nome da verdade.
In: O Estado de São Paulo, 3 fev. 1976. Apud. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a medidas
como o abaixo assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A análise dessa medida
tomada indica a
a) certeza do cumprimento das leis.
b) superação do governo de exceção.
c) violência dos terroristas de esquerda.
d) punição dos torturadores da polícia.
e) expectativa da investigação dos culpados.

10. (Unifeso 2018) O 2º Plano Nacional de Desenvolvimento, no governo Geisel, estabelecia medidas para
enfrentar a crise energética que ameaçava a economia brasileira.

A respeito dessas medidas, assinale a alternativa correta.


a) Enfatizou a grande empresa estatal, a austeridade econômica e a abertura política.
b) Aumentou a taxação dos supérfluos, para arrecadar mais e economizar divisas.
c) Aumentou o recurso à poupança interna, evitando empréstimos externos.
d) Incentivou as indústrias de aço, alumínio e petroquímica, para reduzir o consumo de petróleo.
e) Investiu na prospecção e produção de petróleo, criou o Pro-Álcool e assinou o Acordo Nuclear
Brasil – Alemanha.

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História

Gabarito

1. B
A carta representa bem o sistema de “sístole e diástole” pelo qual será conhecido o período. A abertura
estava acontecendo, mas ao mesmo tempo a censura também estava presente.

2. A
Com o fechamento do congresso, Geisel promove um retrocesso à “Abertura Política” e o “Pacote de
Abril” contém novas regras para as eleições de 1978.

3. D
Esses movimentos ocorreram durante o governo Geisel onde apesar da abertura lenta e gradual, a
censura e repressão sobre órgãos trabalhistas e sindicais continuaram a todo vapor.

4. B
O “milagre econômico” foi marcado por uma série de empréstimos concedidos ao Brasil durante o
período. No final da década de 1970 esses empréstimos ficaram cada vez mais escassos e somando-
se a crise do petróleo, puseram um fim ao modelo desenvolvimentista defendido pelos militares.

5. B
A redemocratização vai ser iniciada após o esgotamento do modelo militar, seja no campo político,
econômico, social e cultural. Alguns fatores foram essenciais como: fim do “milagre econômico”,
exposição midiática da repressão promovida pelos órgãos do governo, reagrupamento do movimento
estudantil e do operário.

6. A
A fala utilizada pelo presidente em exercício naquele momento remonta o período da abertura política
na ditadura militar. A frase foi dita pelo próprio presidente Geisel no contexto da redemocratização.

7. B
O Pacote de Abril de 1977 se dá em um momento de abertura política, entretanto o projeto possui um
caráter autoritário e repressor a tomar medidas como, o fechamento do Congresso.

8. A
No contexto do “Pacote de Abril” surgem os “Senadores Biônicos”, que tinham cargos vitalícios e foram
indicados diretamente pelo governo.

9. E
A morte do jornalista em um órgão de repressão do governo com sinais de tortura causou uma comoção
nacional que gerou uma série de manifestações exigindo a investigação e a prisão dos culpados.

10. E
O II PND veio com intuito de reestruturar economicamente o país após a crise do petróleo e o fim do
milagre econômico. As medidas citadas na letra E estão corretas porque foram formas de investimento
do governo para tornar o Brasil mais independente no setor energético.

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História

O Regime Militar Brasileiro – Abertura: Figueiredo e


Redemocratização

Resumo

Com o fim do governo Geisel, Figueiredo foi o candidato indicado pelo mesmo para
dar continuidade ao processo de abertura política de forma lenta, gradual e segura.
Nesse período, cresciam as pressões não só pela redemocratização, mas também
pela Lei da Anistia. Vários movimentos eclodiram no país, mantendo um clima de
tensão e preocupação com a possibilidade de um retrocesso na retomada da
democracia. Com um governo de seis anos, o então presidente precisou lidar com o
descontentamento cada vez maior com o regime militar e mediar o interesse de uma
ala mais radical das Forças Armadas que queriam se manter no poder. Ao final de seu
mandato, Figueiredo cumpriu com a abertura proposta por seu antecessor e a
ditadura militar brasileira chega ao fim após 21 anos.

Economia
Como o seu antecessor, Figueiredo herdou uma crise proveniente do esgotamento do sistema
desenvolvimentista promovido pelos militares durante o período. Precisou lidar com a segunda crise do
petróleo em 1979 em consequência da Revolução Iraniana e de conflitos que eclodiram na mesma região
durante o período. Com a taxa de desemprego cada vez maior, bem como a taxa de inflação a solução foi o
incentivo a política de exportações como forma de viabilizar o crescimento econômico do país.
É dentro desse contexto que será lançado o III Plano Nacional de Desenvolvimento como uma tentativa de
tirar o país da recessão econômica e aumentar o PIB brasileiro. A intenção do então presidente era promover
um arrocho nos gastos públicos e uma política de controle com relação a inflação. Contudo, a divida externa
brasileira que havia crescido absurdamente durante os governos militares devido a sucessivos empréstimos,
pesaram nas costas do novo governo que tentava remediar os interesses econômicos das elites e as
reivindicações dos proletariados.

Lei da Anistia (1979)


Conturbado em todos os campos, a política vai ser provavelmente a área mais
polêmica e movimentada do governo Figueiredo, que buscava dar
continuidade ao processo de abertura política Desde o principio, os militares
haviam perseguido seus opositores que eram compostos por políticos, mas
que possuíam uma maioria ligada ao meio cultural. Diversos cantores,
escritores e estudantes haviam sido expulsos do país ou se retirado as
escondidas por manifestarem oposição ao regime. Portanto, cresciam as
demandas pelo retorno dessas pessoas ao país.
Como já é de se imaginar, a discussão em torno da Lei da Anistia também não
foi uma tarefa simples, afinal havia pressões por parte dos militares para que Jornal Opinião – PUC 1979 – Anistia 50-Z-
a anistia se estendesse a eles. Uma vez que diversos crimes brutais haviam 130-5237. Disponível em:
sido cometidos em nome da ditadura e era necessário garantir que as Forças http://www.arquivoestado.sp.gov.br
/uploads /acervo /textual /deops /anistia
/DEOPS50Z130005237.pdf

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História

Armadas não fossem atingidas criminalmente (abertura lenta, gradual e segura, lembram?! Segura
principalmente para aqueles que ainda estavam no poder).
O projeto vencedor será aquele que vai abranger ambos os lados: tanto os militares e figuras próximas ao
regime, como os taxados como seus opositores. A anistia ampla, geral e irrestrita causou certa comoção de
ambos os lados. Em 2012, durante o governo Dilma, foi instalada a Comissão da Verdade, para investigar as
violações aos direitos humanos ocorridas durante a ditadura. No entanto, devido à lei de anistia, mesmo que
alguns fossem comprovadamente culpados, não seria permitida a punição pelos crimes cometidos.

Atentados terroristas
Se atualmente ainda temos debates em torno da Lei da Anistia, é de se esperar
que logo após sua promulgação, em 1979, houvesse críticas. Grupos ligados a
militares da linha dura ficaram muito insatisfeitos com o retorno dos opositores
exilados e a continuidade do processo de redemocratização no país. O grupo
conhecido como “linha dura”, uma ala mais radical das Forças Armadas
promoveram uma série de atentados terroristas como uma tentativa de
desestabilizar o governo.
Um dos atentados foi a explosão da carta-bomba dentro da sede da OAB e -
Ordem dos Advogados do Brasil - no Rio de Janeiro em 1980. A carta era endereçada ao presidente da
instituição e foi aberta por uma funcionaria que faleceu devido ao ataque. Embora não se tenha conseguido
encontrar os culpados, o ataque é creditado a grupos extremistas que lutavam contra a saída dos militares
dos poder.
Outro ataque famoso foi o do Riocentro em um evento em comemoração
ao dia do trabalhador em 1981. Diversos cantores famosos estavam
programados para se apresentarem, inclusive alguns haviam voltado ao
Brasil devido a Lei da Anistia. O plano era explodir a bomba dentro do
evento, contudo a bomba explodiu dentro do carro matando um sargento e
ferindo um oficial, enquanto uma terceira explodiu na área de
equipamentos.

Movimento dos trabalhadores


O fim da ditadura foi marcado pelo povo indo as ruas reivindicar os seus direitos. Um dos setores que mais
impulsionou o fim da ditadura foi o proletariado, que com o novo
sindicalismo pressionou por melhores condições de vida e conjuntamente
manifestou contra o regime militar. Desde o governo Geisel uma série de
greves eclodiram no país, principalmente em São Paulo, durante o mandato
de Figueiredo não seria diferente. Com a expansão dos movimentos
grevistas e uma demissão em massa ocorrida devido a crise econômica, em

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História

1980 vai eclodir uma nova greve que contava com mais de 300 mil participantes na cidade de Guarulhos, em
São Paulo. Contando com a participação do ex-presidente Lula (que será preso enquadrado na Lei de
Segurança Nacional), as manifestações deram base para a formação do Partido dos Trabalhadores (PT) e a
criação de órgãos ligados aos trabalhadores, como a CUT - Central Única dos Trabalhadores.

Diretas já e a Emenda Dante de Oliveira

Dando continuidade ao processo de abertura política, em 1979 é aprovada uma reforma partidária e a Lei
Orgânica dos Partidos que efetivamente significava: o pluripartidarismo. A lei ainda pôs fim aos dois únicos
dois partidos que existiram durante o regime: o MDB e o ARENA. A partir daí, vários partidos surgiram, como
o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democrático Social (PDS), o Partido Democrático Trabalhista
(PDT), o Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido dos Trabalhadores (PT),
Ainda que o processo de abertura política tenha sido marcado pelo o afrouxamento da censura, o fim do AI-
5, a Lei de Anistia, etc., faltava ainda o cumprimento de uma grande demanda da população: o retorno de
eleições diretas para presidente, como exigia a Emenda Dante de Oliveira. Embora tenha ocorrido grandes
manifestações exigindo eleições diretas, a emenda não foi aprovada. O movimento ficou conhecido como
Diretas Já e tomou o país entre os anos de 1983 e 1984 levando o povo para a rua em busca de seus direitos.
Como a emenda não foi aprovada era necessário um novo plano para as eleições que estavam próximas. A
solução foi a eleição indireta, porém somente com candidatos civis. O presidente que sucedeu a Figueiredo,
foi Tancredo Neves, um civil. Porém, a precoce morte de Tancredo fez com que seu vice, José Sarney,
assumisse a presidência, marcando o fim à ditadura militar brasileira e o inicio da Nova República.

Povo vai as ruas pedir a eleição direta para presidente.https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/11017265083/in/photostream/

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História

Exercícios

1. (Enem PPL 2012) "É para abrir mesmo e quem quiser que eu não abra eu prendo e arrebento."
Frase pronunciada pelo presidente João Baptista Figueiredo. Apud RIBEIRO, D. Aos trancos e barrancos e o Brasil deu no que
deu. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

A frase do último presidente do regime militar indicava a ambiguidade da transição política no país.
Neste contexto, houve resistências internas ao processo de distensão planejado pela alta cúpula
militar, que se manifestaram com
a) as campanhas no rádio, TV e jornais em favor da lei de anistia.
b) as posições de prefeitos e governadores em apoio à instalação de eleições diretas.
c) as articulações no Congresso pela convocação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte.
d) os atos criminosos, como a explosão de bombas, de militares inconformados com o fim da
ditadura.
e) as articulações dos parlamentares do PDS, PMDB e PT em prol da candidatura de Tancredo Neves
à presidência.

2. (Enem PPL 2016)

A imagem faz referência a uma instensa mobilização popular e pode ser traduzida com
a) campanha popular que confrontava a legitimidade das eleições indiretas no país.
b) a manifestação de milhares de pessoas em prol da realização de eleições para o Senado.
c) as passeatas realizadas em prol do fim da Ditadura Militar no Brasil e na Argentina.
d) os comícios e manifestações populares pela abertura política de forma lenta e segura.
e) o movimento que exigia o direito à igualdade de voto para homens e mulheres.

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História

3. (Faceres 2018) Observe a imagem a seguir:

A charge, produzida por Latuff, em 2014, satiriza a Lei da Anistia, de 1979. Sobre essa lei, é correto
afirmar que:
a) Foi precursora do Estatuto do Idoso, protegendo os militares em idade avançada dos abusos da
justiça na época.
b) Liberou presos políticos da ditadura, mas também anistiou os militares acusados de praticar
torturas e assassinatos.
c) Liberou presos políticos da ditadura, mas não anistiou os militares acusados de praticar torturas
e assassinatos.
d) Garantiu privilégios aos militares, estendendo-se aos seus herdeiros, o que era ilegal na época.
e) Protegeu os militares idosos que haviam lutado em guerras. A partir de então, não seriam mais
convocados.

4. (UFRGS 2013) A reforma partidária brasileira (Lei Orgânica dos Partidos, de dezembro de 1979) visou
dividir a oposição e dar uma nova roupagem à legenda de apoio ao regime então vigente.
A respeito dessa reforma, é correto afirmar que uma de suas disposições foi:
a) o retorno do pluripartidarismo.
b) o ressurgimento do bipartidarismo.
c) a proibição da criação de novos partidos.
d) o fim do pluripartidarismo.
e) a proibição de legendas de oposição.

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História

5. (Enem 2010)
“A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dentes
Tem gringo pensando que nóis é indigente
Inútil
A gente somos inútil”
MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento).

O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobilização política. A
canção foi censurada por estar associada:
a) ao rock nacional, que sofreu limitações desde o início da ditadura militar.
b) a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em sua fase final, impedia a escolha popular do
presidente.
c) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientização da
sociedade por meio da música.
d) a dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o regime
militar pretendia esconder.
e) à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro.

6. (Enem PPL 2015)

O diálogo entre os personagens da charge evidencia, no Brasil, a(s)


a) reinserção do país na economia globalizada.
b) transformações políticas na vigência do Estado Novo.
c) alterações em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país.
d) suspensão das eleições legislativas durante o período da Ditadura Militar.
e) volta da democracia após um período sem eleições diretas para o Executivo Federal.

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História

7. (Enem 2016) Batizado por Tancredo Neves de “Nova República”, o período que marca o reencontro do
Brasil com os governos civis e a democracia ainda não completou seu quinto ano e já viveu dias de
grande comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu pela euforia do Plano Cruzado,
conheceu as depressões da inflação e das ameaças da hiperinflação e desembocou na movimentação
que antecede as primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos.
O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Jornal do Brasil, 15 nov. 1989.

O período descrito apresenta continuidades e rupturas em relação à conjuntura histórica anterior. Uma
dessas continuidades consistiu na
a) representação do legislativo com a fórmula do bipartidarismo.
b) detenção de lideranças populares por crimes de subversão.
c) presença de políticos com trajetórias no regime autoritário.
d) prorrogação das restrições advindas dos atos institucionais.
e) estabilidade da economia com o congelamento anual de preços.

8. (FGV SP 2018) Era a manhã ensolarada do dia 1o de maio de 1980, e as pessoas que haviam chegado
ao centro de São Bernardo para a comemoração da data se depararam com a cidade ocupada por
8000 policiais armados, com ordens de impedir qualquer concentração.
É que aquele Dia do Trabalhador ocorria quando uma greve dos metalúrgicos da região alcançava já
um mês de duração e levara o chefe do Serviço Nacional de Informação a prometer que dobraria a
república de São Bernardo. O que poderia ter permanecido em dissídio salarial tornara-se um
enfrentamento político que polarizava a sociedade. Movidos pela solidariedade à greve, formaram-se
comitês de apoio em fábricas e bairros da Grande São Paulo. Pastorais da Igreja, parlamentares da
oposição, Ordem dos Advogados, sindicatos, artistas, estudantes, jornalistas, professores assumiram
a greve do ABC como expressão da luta democrática em curso.
(Eder Sader. Quando novos personagens entraram em cena, 1988. Adaptado)
Em relação ao evento apresentado, é correto afirmar que
a) a ação dos sindicatos dos trabalhadores industriais da Grande São Paulo, especialmente na
região do ABC, sob a hegemonia do ilegal Partido Comunista Brasileiro, garantiu uma excepcional
articulação entre os movimentos sociais, como o de moradia, e o denominado sindicalismo
classista.
b) o ponto central de articulação e unidade das organizações sindicais, políticas e do movimento
popular do estado de São Paulo foi à luta contra as modificações na CLT, pretendidas pelo
Ministério do Trabalho, com a anuência da FIESP e de outras confederações e federações
patronais.
c) o sindicalismo brasileiro sofreu um decisivo impulso a partir das greves de boias-frias, em 1978,
ocorridas no interior do estado São Paulo, fazendo com que a organização dos sindicatos de
trabalhadores da indústria se voltassem para a luta pela recuperação das perdas salariais
ocorridas desde 1964.
d) as movimentações operárias da região do ABC paulista foram organizadas por dirigentes do
chamado novo sindicalismo, que buscava a autonomia sindical frente ao Estado e criticava o
sindicalismo dos dirigentes pelegos, cuja ação se baseava em práticas assistencialistas.
e) a reorganização dos movimentos de trabalhadores no Brasil, depois de uma década sem greves
e manifestações de ruas, decorreu da ação dos trabalhadores da administração pública,
especialmente da saúde e da educação, que perderam o direito à sindicalização durante a
Ditadura Militar.

7
História

9. (Unesp 2014)

A charge é de 1979, ano em que João Figueiredo assumiu a Presidência da República. Sua dúvida em
relação à roupa é uma alusão
a) ao estilo de vida de um homem, formado em quartéis mi- litares e habituado à formalidade das
cerimônias oficiais.
b) à oscilação, característica de seu governo, entre a defesa de posições ideológicas de direita e de
esquerda.
c) à decisão de renunciar ao cargo, em meio ao conflito pelo poder entre distintos setores das Forças
Armadas.
d) às denúncias de risco de golpe de esquerda, que atraves- savam o país após o fim do regime
militar.
e) às dificuldades da abertura política, cuja forma e ritmo provocavam tensões e divergências entre
civis e militares.

10. (Mackenzie SP 2013)


Quando João Batista Figueiredo (1979-1985) iniciou seu governo, o Brasil vivenciava um momento
de graves críticas advindas dos diversos setores sociais ao autoritarismo presente durante o
regime militar. Durante o governo Figueiredo, no plano econômico, apontam-se como principais
problemas que não foram solucionados:
a) A alta taxa de desemprego, consequência da redução do crescimento econômico, e o combate
à política monetária de empréstimos junto a bancos estrangeiros.
b) A indexação de preços e salários e o bloqueio dos investimentos ligados ao mercado
financeiro internacional.
c) Redução dos investimentos na área tecnológica e dos subsídios à área rural, agravando e
acirrando a ocupação de terras por parte do trabalhadores rurais.
d) A transformação dos cruzados novos em cruzeiros e o congelamento de preços de salários
dos trabalhadores das indústrias.
e) A questão da dívida externa, em que o governo não conseguia pagar os empréstimos já
obtidos, a enorme alta da inflação e o aumento no nível do desemprego.

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História

Gabarito

1. D
Não havia um consenso dentro das Forças Armadas em relação a redemocratização no país. Alguns
setores se opuseram e são acusados de promover ataques terroristas para desestabilizar o governo de
Figueiredo.

2. A
O movimento Diretas já! promoveu uma grande mobilização nas ruas em defesa das eleições diretas
para presidente do Brasil.

3. B
A Lei da Anistia serviu para conceder o “perdão” aos declarados “inimigos” do regime, contudo também
serviu para anistiar os militares que haviam cometidos crimes durante os governos militares.

4. A
Uma medida aparentemente democrática na verdade foi uma estratégica para fragmentar a oposição, já
visando possíveis eleições presidenciais mais a frente.

5. B
As canções protestos estiveram presentes ao longo de toda ditadura militar, a cultura fazia duras criticas
e sofria forte repressão. A música foi lançada em 1983 que era um momento que o Brasil estava
passando pela redemocratização e discutindo sobre as próximas eleições presidenciais. Em tempo, o
contexto era o das Diretas já, movimento popular que pedia a votação direta para a presidência.

6. E
A descrição de vários acontecimentos históricos evidencia a longevidade da ditadura militar e a charge
evidencia a volta da democracia, representada pela possibilidade de voto.

7. C
Muitos militares continuaram ativos na política uma vez que não tiveram seu direito de se candidatar
restringido.

8. D
O novo sindicalismo promoveu uma reorganização nas instituições sindicais, fortalecendo os
trabalhadores que a partir do final da década de 1970 passaram a fazer uma enorme pressão no regime
militar através de greves históricas e da mobilização nas ruas.

9. E
A escolha da roupa é uma analogia a escolha de como seria feito o projeto de continuidade do projeto
de redemocratização, uma vez que tanto civis quanto militares discordavam de muitos aspectos
promovidos pela abertura política. Logo, todo o processo de redemocratização é marcado por tensões
construídas por esse descontentamento. De um lado, uma ala radical do exército vai promover uma
série de atentados, pois não queriam que os militares saíssem do poder. De outro, o povo começa a ir
as ruas porque quer que seus direitos sejam ampliados de forma mais rápida.

10. E
A grave crise econômica herdada do governo anterior após o fim do “milagre econômico”, deixou o então
presidente Figueiredo com uma série de problemas que ele não conseguiu resolver, como os que foram
citados na alternativa correta.

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Literatura

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Literatura

Modernismo 2ª fase (prosa)

Resumo

A prosa modernista da 2ª fase


Após a consolidação da 1ª fase modernista, também conhecida como “fase heroica”, que propunha uma
revisão do passado nacional a partir de uma visão crítica, a chegada da década de 1930 e os acontecimentos
que marcaram essa época contribuíram para uma literatura voltada às diversidades regionais, sociais e
culturais da realidade brasileira. Em especial, a prosa abordava temas como a subsistência humana, a
miséria, o isolamento político e as relações de trabalho.

Contexto histórico
O contexto histórico do período afeta diretamente a produção literária, uma vez que tivemos vários eventos
significativos nesse período e de posição ideológica em todo o mundo.
• Crise de 1929 em Nova Iorque;
• Revolução de 1930;
• A crise do Café no Brasil;
• A criação do Estado Novo (1930);
• Intentona Comunista (1935);
• Ascenção do Nazifascimo;
• Ideologia Socialista;
• Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
A partir desses acontecimentos, é possível perceber o porquê de as obras possuírem um claro engajamento
sociopolítico e inserirem, em sua narrativa, uma denúncia social.

Características da prosa modernista (2ª fase)


Com o olhar mais crítico da segunda fase modernista, a realidade brasileira passa a ser abordada a partir de
um novo olhar, com intenções claras de denúncia social e engajamento político por parte dos autores. Como
já vimos desde o pré-modernismo, a literatura brasileira começa a destacar aspectos de várias regiões do
Brasil, valorizando o regionalismo e a identidade brasileira. Na segunda fase do Modernismo, a abordagem
de uma ficção sobre o sertão nordestino contribuiu para denunciar a condição do homem, relatar a questão
da imigração e as dificuldades enfrentadas pela fome, miséria e pobreza.
Além disso, percebemos que as obras também destacam aspectos como o cangaço, o fanatismo religioso,
a disputa entre terras, o coronelismo e a crise dos engenhos. É válido ressaltar que a região do Nordeste não
foi a única a ser abordada na ficção literária, o Sul do país também se destacou nos romances. Desse modo,
percebemos a presença de relatos do cotidiano da vida urbana na região sul, a questão de valores sociais e
morais, uma abordagem mais abrangente sobre a formação do Rio Grande do Sul e as questões políticas da
região. O autor gaúcho, Dionélio Machado, aprofundou suas obras com a presença de um romance urbano
e também, psicológico.

1
Literatura

Outro ponto importante é a questão de uma linguagem coloquial, que se aproxima das variedades
linguísticas de cada local. Entre os grandes autores desse momento, podemos citar: Graciliano Ramos,
Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Dionélio Machado, Érico Veríssimo e Jorge Amado.
Leia um trecho da obra "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, e observe como o próprio personagem tem
consciência de sua condição e da maneira como vive:
“Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome,
comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a
mulher e os filhos tinham-se habituado a camarinha escura, pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos
passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aio um
pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,
pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho,
queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de
animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-
a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela
situação medonha - e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
— Um bicho, Fabiano.
Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e
sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se
desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que
tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.”

Assinatura de Jorge Amado Graciliano Ramos

2
Literatura

Textos de Apoio
Texto 1
Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos – esqueletos redivivos, com o aspecto
terroso e o fedor das covas podres.
Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de
quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas.
Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não
sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no
arrastão dos maus fados.
Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomandismo.
Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-
lhes aos joelhos, de mãos abanando.
Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos – de ascite consecutiva à alimentação tóxica – com os fardos das
barrigas alarmantes.
Não tinha sexo, nem idade, nem condição nenhuma.
Eram os retirantes. Nada mais.
Meninotas, com as pregas da súbita velhice, careteavam, torcendo as carinhas decrépitas de ex-voto. Os
vaqueiros másculos, como titãs alquebrados, em petição de miséria. Pequenos fazendeiros, no arremesso
igualitário, baralhavam-se nesse anônimo aniquilamento.
Mais mortos do que vivos. Vimos, vivíssimos só no olhar. Pupilas do sol da seca. Uns olhos espasmódicos
de pânico, como se estivessem assombrados de si próprios. Agônica concentração de vitalidade faiscante.
Fariscavam o cheiro enjoativo do melado que lhes exarcebava os estômagos jejuns. E, em vez de comerem,
eram comidos pela própria fome numa autofagia erosiva.
(ALMEIDA, José Américo. A Bagaceira.)

Texto 2
— Um dia um homem faz besteira e se desgraça.
Pois não estavam vendo que ele é de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros,
naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte?
Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para
amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o
avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue.
Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um
desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam
uma parte do osso? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas, 1984, p.96)

Texto 3
– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,
pensando bem, ele não era um homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-
a, murmurando:
–Você é um bicho, Fabiano.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.)

2
Literatura

Texto 4
Eles tinham saído na véspera, de manhã, da Canoa.
Eram duas horas da tarde.
Cordulina, que vinha quase cambaleando, sentou-se numa pedra e falou, numa voz quebrada e penosa: -
Chico, eu não posso mais... Acho até que vou morrer. Dá-me aquela zoeira na cabeça!
Chico Bento olhou dolorosamente a mulher. o cabelo, em falripas sujas, como que gasto, acabado, caia, por
cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na boca. A pele, empretecida como uma casca, pregueava nos
braços e nos peitos, que o casaco e a camisa rasgada descobriam.
(...)
No colo da mulher, o Duquinha, também só́ osso e pele, levava, com um gemido abafado, a mãozinha imunda,
de dedos ressequidos, aos pobres olhos doentes.
E com a outra tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão triste que era mais uma tentativa
do que um gesto.
Lentamente o vaqueiro voltou as costas; cabisbaixo, o Pedro o seguiu. E foram andando à toa, devagarinho,
costeando a margem da caatinga. (...)
De repente, um bé!, agudo e longo, estridulou na calma.
E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por entre a orla de galhos secos do
caminho, aguçando os rudimentos de orelha, evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sen-
tidos, uma longínqua resposta a seu apelo.
Chico Bento, perto, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera, os olhos afogueados.
O animal soltou novamente o seu clamor aflito.
Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.
E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá́ zuniu; a cabra entonteceu, amunhecou, e
caiu em cheio por terra.
Chico Bento tirou do cinto a faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara quem lhe desse um tostão por
ela.
Abriu no animal um corte que foi de debaixo da boca até separar ao meio o úbere branco de tetas secas,
escorridas.
Rapidamente iniciou a esfolação. A faca afiada corria entre a carne e o couro. Na pressa, arrancava aqui
pedaços de lombo, afinava ali a pele, deixando-a quase transparente.
Mas Chico Bento cortava, cortava sempre, com um movimento febril de mãos, enquanto Pedro, comovido e
ansioso, ia segurando o couro descarnado.
Afinal, toda a pele destacada estirou-se no chão.
E o vaqueiro, batendo com o cacete no cabo da faca, abriu ao meio a criação morta.
Mas Pedro, que fitava a estrada, o interrompeu:
— Olha, pai!
Um homem de mescla azul vinha para eles em grandes passadas. Agitava os braços em fúria, aos berros:
— Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e, ainda de cócoras, tartamudeava explicações confusas.
O homem avançou, arrebatou-lhe a cabra e procurou enrolá-la no couro.
Dentro da sua perturbação, Chico Bento compreendeu apenas que lhe tomavam aquela carne em que seus
olhos famintos já́ se regalavam, da qual suas mãos febris já́ tinham sentido o calor confortante.
E lhe veio agudamente à lembrança Cordulina exânime na pedra da estrada... o Duquinha tão morto que já́
nem chorava...
Caindo quase de joelhos, com os olhos vermelhos cheios de lágrimas que lhe corriam pela face áspera,
suplicou, de mãos juntas:
— Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um taquinho ao menos,
que dê um caldo para a mulher mais os meninos! Foi pra eles que eu matei! já́ caíram com a fome!...

3
Literatura

— Não dou nada! Ladrão! Sem-vergonha! Cabra sem-vergonha!


A energia abatida do vaqueiro não se estimulou nem mesmo diante daquela palavra.
Antes se abateu mais, e ele ficou na mesma atitude de súplica.
E o homem disse afinal, num gesto brusco, arrancando as tripas da criação e atirando-as para o vaqueiro:
— Tome! Só́ se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se tripas é até demais!...
A faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.
Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa, mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender
a mão, faltou-lhe o ânimo.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e
marchava para a casa cujo telhado vermelhava, lá́ além.
Pedro, sem perder tempo, apanhou o fato que ficara no chão e correu para a mãe. Chico Bento ainda esteve
uns momentos na mesma postura, ajoelhado.
E antes de se erguer, chupou os dedos sujos de sangue, que lhe deixaram na boca um gosto amargo de vida.
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze.)

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Literatura

Exercícios

1. Leia o trecho a seguir:


“E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali
na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se
adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A
viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a
prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver
num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era
o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o
cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da
cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria
necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos."
(Vidas secas, Graciliano Ramos)

Assinale a alternativa incorreta:

a) O trecho mostra as conquistas recentes de Fabiano e a desilusão dele ao perceber que todo seu
esforço foi em vão.
b) Podemos perceber um momento “congelado” da narrativa, ou seja, uma suspensão temporária,
permitindo que o foco narrativo se volte à dimensão psicológica de Fabiano.
c) No momento em que o narrador menciona “coisas alheias”, está reforçando a crítica presente em
toda obra, na qual a marginalização social acontece pela exclusão econômica.
d) Fabiano resiste em abandonar a fazenda, pois sua incapacidade de articular logicamente é
limitada, e o pensamento é incapaz de perceber a inevitável chegada da seca.
e) As referências a “enterro” e “cemitério” radicalizam a caracterização das “vidas secas” do sertão
nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.

2. “A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada… Que
talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos
os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas
maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram
sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que
ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum
engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com
a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”
(José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do
processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha
Totonha:
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que
denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da
influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância
com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.

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Literatura

d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende
retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes
da literatura e da cultura europeia universalizada.

3. Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e
mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele
suas melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo,
negra: Liberdade.
Vê no céu, ele brilha, é a mais poderosa das estrelas. Mas o encontrarás também nas ruas de qualquer
cidade, no quarto de qualquer casa. Seja onde for que haja jovens corações pulsando pela
humanidade, em qualquer desses corações encontrarás Castro Alves.
Dá-me agora tua mão direita, ouve o abc do poeta.
Jorge Amado, ABC de Castro Alves (1941)

a) utilizou vocabulário de linguagens regionais típicas, conferindo um tom peculiar a uma literatura
de caráter social.
b) a prosa foi afetada pelas crises sociais, econômicas e pela instabilidade política.
c) os romances do período são documentos da realidade brasileira, destacando as tensões entre o
eu e o mundo no qual este se situa.
d) concedeu destaque para a luta a favor da abolição da escravidão negra, tema presente na maioria
das produções poéticas do período.
e) aproveitou as conquistas literárias obtidas pela geração de 1922.

4. Leia o trecho abaixo:


“[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse
esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para
ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que
passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera
na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde
compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a
mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia,
quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada
canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas
desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um
animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia
nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as
lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como
os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto. “
(Jorge Amado. Capitães da areia.)
Considere as afirmações seguintes.

I. O fragmento do romance, ambientado na cidade de Salvador das primeiras décadas do século


passado, aborda a vida de uma criança em situação de absoluta exclusão social e violência, o
que destoa do projeto literário e ideológico dos escritores brasileiros que compõem a “Geração
de 30”.

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Literatura

II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o romance apresenta linguagem fluente e acessível
ao grande público, utilizando-se de um português coloquial, simples, próximo a um modo natural
de falar, com o largo emprego da frase curta e econômica.
III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora encarne um tipo social claramente delimitado, o do
menino “pobre, abandonado, aleijado e discriminado”, adquire alguma profundidade psicológica,
à medida que seu passado e suas experiências dolorosas vêm à tona.

Conforme o texto, está correto o que se afirma apenas em:


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

5. TEXTO I
“Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que
aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos
dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam,
indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os
lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos as canções que
vinham das embarcações...
(AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).)

TEXTO II
“À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali
os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de
cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado.”
(TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).)

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária
recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos:
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

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Literatura

6. “No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas
independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito
diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso,
deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um
escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade,
literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.”
(CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.)

Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de


determinadas regiões nacionais, sabe-se que:
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em
relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos
culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização
das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo
temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume
frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a
formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que
caracterizam o nosso povo.
e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das
décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em
confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.

7. Leia o fragmento abaixo transcrito da obra “Vidas Secas” e responda à questão a seguir:

“Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não
sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma
linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava
bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações
com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na
verdade, falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir
algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. ”
(Graciliano Ramos)
É correto afirmar, em relação à poesia do segundo momento modernista brasileiro, que
a) deixa de ser influenciada por Mário e Oswald de Andrade.
b) o poeta para de se questionar como indivíduo e como artista.
c) amadurece e amplia as conquistas da geração anterior.
d) fortalece a busca pela poesia construtiva e apolitizada.
e) se liberta das profundas transformações ocorridas no período.

8
Literatura

Texto para as questões 8 e 9

TEXTO I
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um
novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe
pisava o pé não. (…) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los?
Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados
por um soldado amarelo.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23. ed., 1969, p. 75.)

TEXTO II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma
tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de
fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura
romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se
identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele
momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser
humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente
complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa,
dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.
(Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.)

8. A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções
artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.
I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se
em protagonista privilegiado do romance social de 30.
II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da
década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.
III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar
a posição social do sertanejo na realidade nacional.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

9
Literatura

9. No texto II, verifica-se que o autor utiliza:


a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas Secas, a
relação entre o escritor e o personagem popular.
b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao
leitor.
c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de
forma pitoresca.
d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar
determinado momento da literatura brasileira.
e) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo,
para facilitar o entendimento do texto.

10. “Nunca, porém, o tinham amado pelo que ele era, menino abandonado, aleijado e triste. Muita gente o
tinha odiado. E ele odiara a todos. Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam. Para ele é
este homem que corre em sua perseguição na figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo.
Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande
elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que
ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os
braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.”
AMADO, Jorge. Capitães da Areia

Observe as proposições sobre a segunda fase do modernismo e assinale a falsa:


a) O romance produzido nas décadas de 30 e 40, período em que o país e o mundo viveram
profundas crises, pôs-se a serviço da crítica de nossa realidade e teve na obra de Graciliano
Ramos a principal expressão desse momento.
b) Distantes do experimentalismo estético proposto pelos modernistas de 1922, os romancistas de
30 julgavam irreversíveis muitas de suas conquistas, tais como o interesse por temas nacionais,
a busca de uma linguagem mais brasileira e o interesse pela vida cotidiana.
c) O romance de 30 seguiu diferentes caminhos, sendo o regionalismo o mais importante entre
todos. Dentre seus principais nomes, estão Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz.
d) A prosa na segunda geração do modernismo foi marcada pela preocupação com a descoberta e
com a exploração de novas técnicas narrativas, além da exploração do universo social e
psicológico da condição humana. Dentre os marcos, está Macunaíma, de Mário de Andrade.

10
Literatura

Gabarito

1. D
Fabiano hesita em abandonar a fazenda por não ter certeza de que isso significaria mudança, isto é, ele
reflete acerca das condições de vidas presente e futura, o que invalida a alternativa “D”.

2. E
Essencial para o modernismo, a obra de José Lins do Rego aborda a situação econômica dos latifúndios
e engenhos da zona açucareira da Paraíba e do Pernambuco. A partir dos contos criados pela velha
Totonha, o autor aproxima suas histórias da realidade, fazendo associações, o que confirma a alternativa
E. O trecho avaliado não faz nenhuma menção à intenção da personagem de obter lucros a partir de seus
contos literários, o que torna a alternativa A incorreta. Além disso, as associações ao personagem Barba-
Azul refletem um senhor de engenho, mostrando as influências da colonização no país, e a contadora de
histórias busca confluir uma perspectiva europeia junto a uma visão colonial do Brasil Colônia, tornando
incorretas as alternativas B e C. Por fim, não há a intenção em retratar de forma grandiosa a realidade
europeia, mas sim, internamente, promover uma denúncia social à realidade local, o que faz a alternativa
D incorreta.

3. D
A prosa da segunda geração modernista não só foi cenário para a luta da população negra frente às
desigualdades sociais, como também abrangeu temáticas regionalistas e caricatas de seu momento,
uma vez que é no período pós-abolição.

4. E
A afirmativa I é inadequada, pois os escritores da década de 30, período literário em que predomina o
neorrealismo, optam por narrativas em que a denúncia docial, documento de análise da realidade
brasileira, busca a conscientização do leitor. As demais alternativas estão corretas.

5. D
Os textos retratam os espaços em que vivem personagens marginalizados. Esses locais são marcadores
da exclusão social, seja no livro de Jorge Amado, com os meninos abandonados, seja dos bêbados, no
fragmento de Dalton Trevisan.

6. C
O regionalismo surge na literatura em vários momentos, com diversas propostas estilísticas e temáticas.
O romance nordestino é caracterizado pela exploração de regionalismos linguísticos e pelo retrato da
luta do homem contra a realidade do sertão.

7. C
Como é demonstrado no excerto de Graciliano Ramos, em “Vidas Secas”, a segunda geração modernista,
apresentada no âmbito da prosa, é rica de regionalismos e da consolidação dos preceitoas já iniciados
na geração de 1922.

8. D
Os romances de 30 são voltados para retratar as condições de vida do homem pobre que sobrevivia à
precariedade do meio e da natureza onde estava inserido – tornando-se, assim, principal elemento de
sua narrativa a fim de despi-lo de estereótipos pré-estabelecidos e colocando-o posição de destaque.

11
Literatura

9. A
A linguagem formal é utilizada pelo autor para discorrer acerca das questões trazidas em Vidas Secas.

10. D
A proposição “D” refere-se à primeira geração do Modernismo, principalmente à obra de Mário de
Andrade que, junto a Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, integrou a famosa tríade modernista.

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Literatura

Exercícios sobre Modernismo 2ª fase (prosa)


Exercícios

1. “A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada… Que
talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos
os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas
maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram
sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que
ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum
engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com
a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”
(José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do
processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha
Totonha:
a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que
denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.
b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da
influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.
c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância
com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende
retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.
e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da
literatura e da cultura europeia universalizada.

2. O nosso Modernismo importa, essencialmente, na libertação de uma série de recalques históricos,


sociais, étnicos, que são trazidos triunfalmente à tona da consciência literária. Esse sentimento de
triunfo, que assinala o fim da posição de inferioridade no diálogo secular com Portugal e já nem o leva
mais em conta, define a originalidade própria do Modernismo na dialética do geral e do particular.
Na nossa cultura há uma ambiguidade fundamental: a de sermos um povo latino, de herança cultural
europeia, mas etnicamente mestiço, situado no trópico, influenciado por culturas primitivas,
ameríndias e africanas. Essa ambiguidade deu sempre às afirmações particularistas um tom de
constrangimento, que geralmente se resolvia pela idealização.
O Modernismo rompe com esse estado de coisas. As nossas deficiências, supostas ou reais, são
reinterpretadas como superioridades, através das vanguardas. A filosofia cósmica e superficial, que
alguns adotaram certo momento nas pegadas de Graça Aranha, atribui um significado construtivo,
heroico, ao cadinho de raças e culturas localizado numa natureza áspera. O mulato e o negro são
definitivamente incorporados como temas de estudo, inspiração, exemplo. O primitivismo é agora
fonte de beleza e não mais empecilho à elaboração da cultura. Isso, na literatura, na pintura, na música,
nas ciências do homem.
Antonio Candido. Literatura e cultura de 1900 a 1945. In: Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2006, p.
126-7 (com adaptações)
De acordo com o texto, o Modernismo renova a estética literária brasileira porque:
a) acentua a crítica às deficiências nacionais.
b) valoriza esteticamente elementos anteriormente rebaixados.
c) produz uma estética desvinculada da realidade brasileira.
d) idealiza a natureza brasileira e os seus habitantes.
e) rebaixa criticamente grupos sociais marginalizados.

1
Literatura

3. “No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas
independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito
diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso,
deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um
escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade,
literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais.”
(CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003.)

Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de


determinadas regiões nacionais, sabe-se que:
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em
relevo formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais
trazidos de fora pela imigração europeia.
b) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização
das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças.
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo
temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume
frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a
formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que
caracterizam o nosso povo.
e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das
décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto
com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.

4. Texto I
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes
proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que
aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os
nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam,
indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os
lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos
presos às canções que vinham das embarcações...
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
Texto II
À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali
os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de
cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado.
TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária
recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

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Literatura

5. O romance regionalista nordestino que surge e se desenvolve a partir de 1930, aproximadamente, pode
ser chamado "neorrealista". Isso se deve a que esse romance:
a) retoma o filão da temática regionalista, descoberto e explorado inicialmente pelos realistas do
século XIX.
b) apresenta, através do discurso narrativo, uma visão realista e crítica das relações entre as classes
que estruturam a sociedade do Nordeste.
c) tenta explicar o comportamento do homem nordestino, com base numa postura estritamente
científica, pelos fatores raça, meio e momento.
d) abandona todos os pressupostos teóricos do Realismo do século passado, buscando as causas
do comportamento humano mais no individual que no social.
e) procura fazer do romance a anotação fiel e minuciosa da nova realidade urbana do Nordeste.

6. Considere o seguinte trecho do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos:


As vacas vinham abrigar-se junto à parede da casa, pegada ao curral, e a chuva fustigava-as, os
chocalhos batiam. Iriam engordar com o pasto novo, dar crias. O pasto cresceria no campo, as árvores
se enfeitariam, o gado se multiplicaria. Engordariam todos, ele Fabiano, a mulher, os dois filhos e a
cachorra Baleia. Talvez Sinhá Vitória adquirisse uma cama de lastro de couro. Realmente o jirau de
varas onde se espichavam era incômodo.
Nesse trecho, fica claro que:
a) o narrador imagina uma cena que nada tem a ver com o cenário real em que se encontram suas
personagens.
b) Sinhá Vitória gostava de imaginar coisas, com a chegada das chuvas e a prosperidade da família.
c) Fabiano, em certos momentos, tinha consciência de que a situação em que viviam era irreversível.
d) Fabiano não deixava de alimentar esperanças de um melhor destino para sua família.
e) Sinhá Vitória, em certos momentos, deixava de alimentar qualquer esperança quanto ao futuro da
família.

7. "Entre os sonhos de um futuro melhor para filhas, genros e netos, e a lembrança daquele passado
esplendoroso, vive Don'Ana Badaró. Onde está aquela morena tímida de antigamente, tímida ante os
olhos namorados de João Magalhães, afoita e decidida, no entanto, como o mais corajoso dos homens,
num momento de barulho, de luta e sangue? Trinta anos tinham rolado sobre ela e hoje seu cabelo
embranqueceu, seus olhos tão belos murcharam, suas carnes duras amoleceram. Trinta anos de vida
pobre quebram uma pessoa. Em Don'Ana, porém, residia um orgulho que a sustentava por dentro, que
impedia o ruir dos seus sonhos juntamente com o envelhecimento do seu corpo. Numa arca que
jamais era aberta estavam as lembranças mais queridas dos tempos da fortuna dos Badarós. O seu
véu de noiva, a Bíblia que Sinhô fazia ler antes de iniciar qualquer empresa, dois revólveres: um que
Teodoro das Baraúnas oferecera a João no dia do casamento e um de Juca, o tio inesquecível, 'o mais
galante e perfeito conquistador de terras, que atravessara sobre cadáveres para plantar cacau'. Quem
escrevera isso/ Don'Ana conservara também o recorte do jornal. Um moço que anda remexendo nos
acontecimentos de há trinta nos escrevera umas crônicas para os jornais e de Juca dissera aquilo.
Don'Ana juntara o recorte às relíquias que a arca escondia num recanto orgulhoso, que era quebrado,
entretanto, pelos ABCs que os cegos cantavam nas feiras, recordando os barulhos do Sequeiro Grande.
Às vezes, quando Don'Ana aparecia numa feira de Itabuna ou Pirangi, ouvia o violeiro esmoler
cantando sua história de espantar para os curiosos recém-chegados às terras do cacau. Dentro dela
havia então um choque de sentimentos, uma vontade de chegar perto, de se embeber no relato das
valentias do seu pai e do seu tio (ela mesma figurava num ABC), uma vontade de fugir para longe,
envergonhada da sua pobreza atual. A voz do cego, esganiçada e no entanto perfeita para aquele canto
primitivo e simples, levava ao conhecimento de todos as ferozes lutas dos Badarós e Horácio. Não
tardava que alguém a reconhecesse e a apontasse às escondidas para os demais.

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Literatura

– Aquela é Don'Ana Badaró. A filha de Sinhô...

– Diz que atirava que nem homem...

E ela fugia numa súbita revolta contra aquela gente que levantava seus mortos, que os fazia de tolos.
Mas era pouco duradouro aquele sentimento. Em verdade ela gostava que o pai e o tio, ela mesma
também, andassem na boca dos cegos violeiros nas estradas do cacau e nas estradas do sertão."

De acordo com o texto, assinale a afirmativa correta.


a) Don'Ana fugia da fama que envolvia seu nome.
b) Envergonhada de sua atual condição de pobreza, Don'Ana fugia para o Sequeiro Grande.
c) Don'Ana era uma mulher sem passado.
d) Agradava a Don'Ana a fama que marcava a si e aos seus.
e) Só o futuro da família importava a Don'Ana.

8. Assinale a afirmativa incorreta.


a) O movimento modernista brasileiro tem a Semana de Arte Moderna como marco cronológico.
b) A literatura regionalista surgiu com o Modernismo.
c) A primeira fase do nosso Modernismo caracterizou-se por um aspecto demolidor e combativo.
d) Um dos objetivos do Modernismo brasileiro foi a formação da consciência criadora nacional.

9. Graciliano Ramos é o autor que fez parte da


a) fase destruidora do modernismo, que procurou romper com o passado.
b) segunda fase do modernismo, em que se destacou a ficção regionalista.
c) fase irreverente do modernismo, que buscou motivos no primitivismo.
d) geração de 45 do modernismo, que procurou estabelecer uma ordem no caos anterior.
e) década de 60 do modernismo, que transcendentalizou o regionalismo.

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Literatura

Gabarito

1. E
Essencial para o modernismo, a obra de José Lins do Rego aborda a situação econômica dos latifúndios
e engenhos da zona açucareira da Paraíba e do Pernambuco. A partir dos contos criados pela velha
Totonha, o autor aproxima suas histórias da realidade, fazendo associações, o que confirma a alternativa
E. O trecho avaliado não faz nenhuma menção à intenção da personagem de obter lucros a partir de seus
contos literários, o que torna a alternativa A incorreta. Além disso, as associações ao personagem Barba-
Azul refletem um senhor de engenho, mostrando as influências da colonização no país, e a contadora de
histórias busca confluir uma perspectiva europeia junto a uma visão colonial do Brasil Colônia, tornando
incorretas as alternativas B e C. Por fim, não há a intenção em retratar de forma grandiosa a realidade
europeia, mas sim, internamente, promover uma denúncia social à realidade local, o que faz a alternativa
D incorreta.

2. B
O modernismo considerava todas as manifestações populares e se interessava pelo rotineiro cotidiano:
linguagem simples e acessível, por exemplo, era uma de suas características marcantes.

3. C
No modernismo, o romance de 30 e a valorização do regionalismo contribuíram para a formação de uma
cultura brasileira, além de incitarem uma perspectiva a partir da realidade local e das questões de
subsistência enfrentadas pelo homem, como a fome, miséria, pobreza e os aspectos naturais, o que
confirma a letra C. Embora o romance do Sul tenha abordado uma temática mais urbana, temos também
a presença de contextos sociais e políticos sobre a formação da região, o que elimina a letra A. Além
disso, quando mencionamos José de Alencar, que não fez parte do modernismo, é importante perceber
que durante o século XIX ainda se vivia a partir de uma visão muito conservadora, e o autor não faz
nenhuma denúncia social sobre o questões raciais, o que torna a alternativa B incorreta. As letras D e E
também estão incorretas, uma vez que a literatura urbana brasileira não menciona a questão das raízes
africanas e indígenas; além disso, na década de 30, o contexto histórico era muito conflituoso e os
autores do modernismo estavam relacionados a um maior engajamento político e social sobre a
realidade brasileira.

4. D
Os textos representam os espaços em que vivem personagens marginalizados. Tais locais são
marcadores da exclusão social, seja no romance de Jorge Amado, com os meninos abandonados, seja
dos bêbados, no fragmento de Dalton Trevisan.

5. B
Os romances dessa época estavam compromissados com a exposição da realidade brasileira e muitos
se interessavam pela estrutura social do nordeste, que sempre foi negligenciado.

6. D
“Engordariam todos, ele Fabiano, a mulher, os dois filhos e a cachorra Baleia.” O tempo verbal que sugere
hipótese deixa clara a esperança de Fabiano.

7. D
O trecho a seguir comprova o exposto pela alternativa “D”: “Às vezes, quando Don'Ana aparecia numa
feira de Itabuna ou Pirangi, ouvia o violeiro esmoler cantando sua história de espantar para os curiosos
recém-chegados às terras do cacau. Dentro dela havia então um choque de sentimentos, uma vontade
de chegar perto, de se embeber no relato das valentias do seu pai e do seu tio[...]”.

8. B
“Inocência”, Obra Romântica de Visconde de Taunay deixa claro que o romance regionalista já existia
antes do advento modernista.

5
Literatura

9. B
O autor Graciliano Ramos é um importante nome na criação de romances durante a segunda fase do
modernismo, também conhecida como “a geração de 30”. Seus romances abordavam o universo do
sertanejo nordestino e as condições sociais e do meio natural, mostrando a questão da subsistência
humana, o que confirma a letra B. As alternativas A e C estão incorretas, uma vez que, durante a
consolidação do modernismo na primeira fase, o autor ainda não havia se destacado no plano literário
com seu foco regionalista. Também devemos desconsiderar as alternativas D e E, pois a obra de
Graciliano Ramos é conhecida por seu conteúdo crítico, a linguagem rigorosa e os aspectos
universalistas.

6
Literatura

Pós-Modernismo (Poesia)

Resumo

Em seu estudo Quadro sintético da literatura brasileira (1956), Alceu Amoroso Lima incluiu a expressão Pós-
modernismo, com o significado - sobretudo cronológico - como diferença em relação ao Modernismo, que
apresentava sinais de desgaste.
Devido a multiplicidade de tendências, a certeza de que o Pós-modernismo, ou Terceira Geração Modernista,
representa a ruptura e não a continuidade do Modernismo é pouco nítida: em razão das especificações
culturais e históricas e das diferenças artísticas no contexto brasileiro, o conceito de Pós-modernismo é
difuso e impreciso. A heterogeneidade das formas artísticas, as expressões pouco comuns, os hibridismos,
as tentativas de novas formas de expressão são inerentes e fazem referência à pós-modernidade. Deste
modo, a definição de pós-modernidade é controversa e polêmica devido à sua complexidade e à pluralidade
de elementos que seu conceito envolve.
O Pós-modernismo, desse modo, não se deu só na literatura. O termo passou a designar as mudanças
ocorridas nos campos das artes, das ciências, da filosofia a partir do final da década de 60. A crítica brasileira
elegeu Clarice Lispector e Guimarães Rosa como representantes mais conhecidos da prosa; Já no ambiente
poético, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e o movimento concretista ganharam espaço como os
precursores do Pós-modernismo no Brasil.

Características do Pós-modernismo
● Pesquisa da linguagem (instrumentalismo);
● Renovação na estrutura da narrativa;
● Apelo fantástico (realismo mágico), crítica do real através da ilógica, do irreal;
● Identificação com os Modernistas da primeira geração: o caráter renovador e experimental reaparece;
● Valorização de contos e minicontos como forma de espelhar o tempo moderno;
● Popularização da literatura com a documentação da realidade brasileira cotidiana por meio de
linguagem antiliterária;
● Caráter vanguardista da poesia: concretismo, poema-processo, poesia-práxis, poesia-social.

João Cabral de Melo Neto


João Cabral de Melo Neto (1920-1999) foi um poeta e diplomata brasileiro.
Autor de “Morte e Vida Severina”, poema dramático que o consagrou. Foi eleito
membro da Academia Brasileira de Letras. Recebeu o Prêmio da Poesia, do
Instituto Nacional do Livro, o Prêmio Jabuti da Academia Brasileira do Livro e o
Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro “Crime na Calle Relator”.
Nasceu no Recife, Pernambuco. Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de
Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo. Irmão do historiador Evaldo Cabral de
Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do Sociólogo Gilberto freire. Passou
sua infância entre os engenhos da família nas cidades de São Loureço da Mata
e Moreno. Estudou no Colégio Marista, no Recife. Amante da leitura lia tudo o
que tinha acesso, no colégio e na casa da avó.
Literatura

Em 1941, participa do Primeiro Congresso de Poesia do Recife, lendo o opúsculo "Considerações sobre o
Poeta Dormindo". Em 1942 publica sua primeira coletânea de poemas, com o livro "Pedra do Sono", onde
predomina uma atmosfera vaga de surrealismo e absurdo. Depois de se tornar amigo do poeta Joaquim
Cardoso e do pintor Vicente do Rego Monteiro, transfere-se para o Rio de Janeiro.
Durante os anos de 1943 e 1944, trabalhou no Departamento de Arregimentação e Seleção de Pessoal do
Rio de Janeiro. Em 1945 publica seu segundo livro "O Engenheiro", custeado pelo empresário e poeta Augusto
Frederico Schmidt. Realiza seu segundo concurso público, e em 1947 ingressa na carreira diplomática
passando a viver em várias cidades do mundo, como Barcelona, Londres, Sevilha, Marselha, Genebra, Berna,
Assunção, Dacar e outras.
Em 1950, publicou o poema "O Cão Sem Plumas", a partir de então começa a escrever sobre temas sociais.
Em 1956 escreve o poema "Morte e Vida Severina", responsável por sua popularidade. Trata-se de um auto
de Natal que persegue a tradição dos autos medievais, fazendo uso da redondilha, do ritmo e da
musicalidade. Foi levado ao palco do Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA), em 1966,
musicada por Chico Buarque de Holanda. O poema narra a trajetória de um retirante, que para livrar-se de
uma vida de privações no interior, ruma para a capital. Na cidade grande o retirante depara-se com uma vida
de dificuldades e miséria.
João Cabral de Melo Neto foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve cinco filhos.
Casou pela segunda vez com a poetisa Marly de Oliveira. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras,
para a cadeira nº 37, tomando posse em 6 de maio de 1969. Em 1992, começa a sofrer de cegueira
progressiva, doença que o leva à depressão. Morreu no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro de 1999, vítima
de ataque cardíaco.
Disponível em: https://www.ebiografia.com/joao_cabral_de_melo_neto/

Ferreira Gullar
Ferreira Gullar, pseudônimo de José de Ribamar Ferreira, foi um poeta,
crítico de arte e ensaísta brasileiro. Abriu caminho para a "Poesia
Concreta" com o livro "A Luta Corporal". Organizou e liderou o movimento
literário "Neoconcreto". Recebeu o Prêmio Camões, em 2010. Em 2014, foi
eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930. Iniciou
seus estudos em sua cidade natal. Com 13 anos passou a se dedicar à
poesia. Com 18 anos começou a assinar Ferreira Gullar e publicou seu
primeiro livro de poesias intitulado "Um Pouco Acima do Chão". Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde atuou
como jornalista. Participou do Centro Popular de Cultura da extinta União Nacional do Estudante.
Ferreira Gullar iniciou sua obra sob os princípios da poesia concreta, logo deixou os vanguardistas de São
Paulo, numa luta para construir uma expressão própria. Em 1954 escreveu a "A Luta Corporal", livro que
prenunciava a Poesia Concreta. Em 1956, depois de participar da primeira exposição de Poesia Concreta,
realizada em São Paulo, organizou e liderou o grupo "Neoconcreto", no qual participaram Lígia Clark e Hélio
Oiticica. Após romper com os concretistas, aproxima-se da realidade popular e do pensamento progressista
da época, todo ele ligado ao populismo.
Ferreira Gullar presidia o Centro Popular de Cultura da UNE, quando em 1964, veio o golpe militar. Filiado ao
PC e um dos fundadores do grupo Opinião, foi preso e viveu fora do país de 1971 a 1977. Esteve exilado em
Paris e depois em Buenos Aires.
Em 1976, publica o "Poema Sujo", escrito em 1975, no exílio em Buenos Aires, que representa a solução dos
problemas vividos por todos os intelectuais do período, que viram seus ideais populistas serem sufocados
pela revolução de 1964. Em 1977 é absolvido pelo STF e retorna ao Brasil.
Literatura

Para o teatro, Ferreira Gullar escreveu, em 1966, em parceria com Oduvaldo Vianna Filho, a peça "Se Correr
o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come". Em parceria com Arnaldo Costa e A.C. Fontoura, escreveu, em 1967,
"A Saída? Onde Fica a Saída?". Junto com Dias Gomes, em 1968, escreveu "Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória".
Para a televisão, colaborou para as novelas Araponga em 1990, Irmãos Coragem, em 1995 e Dona Flor e
Seus Dois Maridos, em 1998.
Ferreira Gullar ganhou diversos prêmios de literatura, entre eles, o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção
de 2007, com "Resmungos". Também teve reconhecimento com Prêmio Camões, em 2010. No mesmo ano,
recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da UFRJ. Em 2011, recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia.
No dia 9 de outubro de 2014, Ferreira Gullar foi eleito para a cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras.
Em dezembro desse mesmo ano realizou a exposição "A Revelação do Avesso" onde apresentou 30 quadros
feitos a partir de colagens com papel colorido, que foram produzidas como passatempo. A mostra foi
acompanhada por um livro com fotos da coleção completa e também com poemas do autor.
Ferreira Gullar faleceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de dezembro de 2016.
Disponível em: https://www.ebiografia.com/ferreira_gullar/

Movimentos da poesia pós-moderna


Poesia Concreta
Revista Noigrandes, 1958(São Paulo): o manual da Poesia Concreta foi publicado. Assinado pelos poetas
Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, o manifesto foi batizado - ironicamente - de
Plano Piloto Para Poesia Concreta. As propostas dos idealizadores eram: poesia concreta: produto de uma
evolução crítica de formas dando por encerrado o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia
concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutura. espaço qualificado:
estrutura espaço-temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico-linear, daí a importância
da ideia de ideograma, desde o seu sentido geral de sintaxe espacial ou visual, até o seu sentido específico
(fenollosa/pound) de método de compor baseado na justaposição direta – analógica, não lógico-discursiva
– de elementos.

Pós-tudo. Augusto de Campos


Literatura

Velocidade. Ronaldo Azeredo

Quer saber mais sobre o movimento Pós-Modernista? Acesse ao mapa mental disponível em nosso blog
clicando aqui!

Textos de apoio
Texto I
O Cão Sem Plumas
A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava


a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos


de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Literatura

Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.
João Cabral de Melo Neto

Texto II
Morte e Vida Severina magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
— O meu nome é Severino,
iguais em tudo na vida:
como não tenho outro de pia.
na mesma cabeça grande
Como há muitos Severinos,
que a custo é que se equilibra,
que é santo de romaria,
no mesmo ventre crescido
deram então de me chamar
sobre as mesmas pernas finas,
Severino de Maria;
e iguais também porque o sangue
como há muitos Severinos
que usamos tem pouca tinta.
com mães chamadas Maria,
E se somos Severinos
fiquei sendo o da Maria
iguais em tudo na vida,
do finado Zacarias.
morremos de morte igual,
Mas isso ainda diz pouco:
mesma morte severina:
há muitos na freguesia,
que é a morte de que se morre
por causa de um coronel
de velhice antes dos trinta,
que se chamou Zacarias
de emboscada antes dos vinte,
e que foi o mais antigo
de fome um pouco por dia
senhor desta sesmaria.
(de fraqueza e de doença
Como então dizer quem fala
é que a morte Severina
ora a Vossas Senhorias?
ataca em qualquer idade,
Vejamos: é o Severino
e até gente não nascida).
da Maria do Zacarias,
Somos muitos Severinos
lá da serra da Costela,
iguais em tudo e na sina:
limites da Paraíba.
a de abrandar estas pedras
Mas isso ainda diz pouco:
suando-se muito em cima,
se ao menos mais cinco havia
a de tentar despertar
com nome de Severino
terra sempre mais extinta,
filhos de tantas Marias
a de querer arrancar
mulheres de outros tantos,
algum roçado da cinza.
já finados, Zacarias, João Cabral de Melo Neto
vivendo na mesma serra
Literatura

Texto III
Poema Sujo azul
turvo turvo teu cu
a turva tua gengiva igual a tua bocetinha
mão do sopro que parecia sorrir entre as folhas de
contra o muro banana entre os cheiros de flor
escuro e bosta de porco aberta como
menos menos uma boca do corpo
menos que escuro (não como a tua boca de palavras) como uma
menos que mole e duro entrada para
menos que fosso e muro: menos que furo eu não sabia tu
escuro não sabias
mais que escuro: fazer girar a vida
claro com seu montão de estrelas e oceano
como água? como pluma? entrando-nos em ti
claro mais que claro claro: coisa alguma bela bela
e tudo mais que bela
(ou quase) mas como era o nome dela?
um bicho que o universo fabrica Não era Helena nem Vera
e vem sonhando desde as entranhas nem Nara nem Gabriela
azul nem Tereza nem Maria
era o gato Seu nome seu nome era…
azul Perdeu-se na carne fria
era o galo perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
azul Trecho de Poema Sujo, de Ferreira Gullar.
o cavalo
Literatura

Texto IV
Não há vagas
Não há vagas Texto V
O preço do feijão Traduzir-se
não cabe no poema. O preço Uma parte de mim
do arroz é todo mundo:
não cabe no poema. outra parte é ninguém:
Não cabem no poema o gás fundo sem fundo.
a luz o telefone Uma parte de mim
a sonegação é multidão:
do leite outra parte estranheza
da carne e solidão.
do açúcar Uma parte de mim
do pão pesa, pondera:
O funcionário público outra parte
não cabe no poema delira.
com seu salário de fome Uma parte de mim
sua vida fechada almoça e janta:
em arquivos. outra parte
Como não cabe no poema se espanta.
o operário Uma parte de mim
que esmerila seu dia de aço é permanente:
e carvão outra parte
nas oficinas escuras se sabe de repente.
– porque o poema, senhores, Uma parte de mim
está fechado: é só vertigem:
“não há vagas” outra parte,
Só cabe no poema linguagem.
o homem sem estômago Traduzir-se uma parte
a mulher de nuvens na outra parte
a fruta sem preço – que é uma questão
O poema, senhores, de vida ou morte –
não fede será arte?
nem cheira. Ferreira Gullar
Ferreira Gullar
Literatura

Exercícios

1. Sobre o pós-modernismo na poesia, é correto afirmar, exceto:


a) Pós-modernismo é o nome dado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades
desde 1930.
b) O pós-modernismo é um termo de periodização artística e literária que se refere ao que vem depois
do modernismo, abrangendo suas três fases: primeiro modernismo dos anos 20, modernismo dos
anos 30-45, modernismo canônico de meados dos anos 60.
c) Os poemas pós-modernos apoiam-se no cotidiano, assim como nas relações internas e familiares,
dando prioridade ao íntimo do indivíduo.
d) Os temas da poesia pós-modernista são extraídos do cotidiano e tratados com irreverência. Essa
abordagem tinha como objetivo destruir e contestar os valores artísticos do passado, bem como
os valores ideológicos, sociais e históricos, sem a obrigatoriedade de seguimento de regras na
convenção escrita.
e) Enquanto o Concretismo consolidava suas características na poesia, autores, como João Cabral
de Melo Neto, desenvolveram suas temáticas nos poemas de modo a valorizar o regionalismo
puro, ingênuo e retomado ao contexto indianista.

2. Sobre as principais características do Concretismo, é incorreto afirmar:


a) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, o Concretismo foi fortemente
influenciado pelas vanguardas europeias do começo do século XX.
b) O Concretismo foi responsável por marcar um avanço na arte multimídia, pois a poesia passou a
ter relação imediata com outras artes.
c) O Concretismo foi marcado pelas experiências estéticas no campo da linguagem, apresentando
poucas inovações em relação à forma.
d) Uma das principais características do Concretismo foi a ruptura com a estrutura discursiva do
verso tradicional.
e) Entre os recursos da poesia concretista estão: experiências sonoras, emprego de caracteres
tipográficos de diferentes formas e tamanhos e criação de neologismos.

3. Na obra Quaderna (1960), João Cabral de Melo Neto incluiu um conjunto de textos, intitulado “Poemas
da cabra”, cujo tema é o papel desse animal no universo social e cultural nordestino. Um desses
poemas é reproduzido abaixo

Um núcleo de cabra é visível


por debaixo de muitas coisas.
Com a natureza da cabra
outras aprendem sua crosta.
Um núcleo de cabra é visível
em certos atributos roucos
que têm as coisas obrigadas
a fazer de seu corpo couro.
A fazer de seu couro sola.
a armar-se em couraças, escamas:
como se dá com certas coisas
e muitas condições humanas.
Literatura

Os jumentos são animais


que muito aprenderam com a cabra.
O nordestino, convivendo-a,
fez-se de sua mesma casta.

Acerca desse poema, NÃO se pode afirmar que

a) o poeta vê a cabra como um animal forte e que influencia outros seres que vivem em condições
adversas.
b) aquilo que a cabra parece ensinar aos demais seres é a resignação e a paciência diante da
adversidade.
c) a cabra oferece uma espécie de modelo comportamental para aqueles que precisam ser fortes
para enfrentar uma vida dura.
d) a cabra é um animal resistente ao meio hostil em que vive, assim como outros animais também o
são, como o jumento.
e) há no poema uma aproximação entre a cabra e o homem nordestino, pois ambos são fortes e
resistentes.

4. Cidade, City, Cité


atrocaducapacaustiduplielastifeliferofugahisto-
riloqualubrimendimultipliorganiperiodiplasti-
publirapareciprorustisagasimplitenaveloveravi-
vaunivoracidade
city
cité

O primeiro dos três “versos” do poema “Cidade/City/Cité”, de Augusto de Campos, se compõe de uma
longa “palavra” em que se pode subentender o termo “cidade” após “atro[cidade]”, “cadu[cidade]”,
“causti[cidade]”, “dupli[cidade]” e assim por diante, até “voracidade”, a que se seguem os versos “city”
e “cité”.

Com base nessa obra, é CORRETO afirmar que

a) Poesia Concreta defendia o êxodo urbano, ou seja, a fuga da cidade para o campo em busca de
condições mais saudáveis de vida.
b) o caráter cosmopolita de Poesia Concreta se pode ilustrar com a presença plurilingue de
vocábulos como “cidade”, “city”e “cité”.
c) o poema de Augusto de Campos busca, a um tempo, a “fero[cidade]” e a “simpli[cidade]” da Bossa-
nova e da Tropicália, respectivamente.
d) os poemas concretistas privilegiaram o trabalho com versos de métrica regular e bastante
extensos (como em “velo[cidade]” e “multipli[cidade]”.
e) o termo “voracidade” (“atributo daquele que devora”) fechando o verso, confirma o caráter
monótono e homogêneo que a cidade possui.
Literatura

5. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:
“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida
seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na
adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a
situação da miséria no Nordeste.”
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para
determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu
texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do
leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos
os leitores.
e) linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o
leitor.

6. Uma Faca só Lâmina


Assim como uma bala relógio que tivesse
enterrada no corpo, o gume de uma faca
fazendo mais espesso e toda a impiedade
um dos lados do morto; de lâmina azulada;

assim como uma bala assim como uma faca


do chumbo mais pesado, que sem bolso ou bainha
no músculo de um homem se transformasse em parte
pesando-o mais de um lado; de vossa anatomia;

qual bala que tivesse um qual uma faca íntima


vivo mecanismo, ou faca de uso interno,
bala que possuísse habitando num corpo
um coração ativo como o próprio esqueleto

igual ao de um relógio de um homem que o tivesse,


submerso em algum corpo, e sempre, doloroso
ao de um relógio vivo de homem que se ferisse
e também revoltoso, contra seus próprios ossos.

São características da poesia de João Cabral de Melo Neto:


a) Corte profundo entre a poesia romântica e a poesia moderna. O poeta criou um novo conceito de
poesia, que dessacraliza a chamada “poesia profunda”, ou seja, a poesia em que predominam os
versos de sentimentos ou de abordagem introspectiva. Sua poesia é antilírica, presa ao real e
direcionada ao intelecto, não às emoções.
b) Para o poeta, todo o ato de escrever provém da inspiração, fruto de uma investigação íntima que
privilegia os sentimentos e o lirismo.
c) O lirismo de João Cabral de Melo Neto, que tem raízes no neossimbolismo, concilia o humor com
temas do cotidiano, como a infância, a vida, a morte e o amor.
d) Dada sua farta produção poética, a poesia de João Cabral de Melo Neto costuma ser dividida em
quatro fases: a fase gauche; a fase social; a fase do “não” e a fase da memória.
e) João Cabral de Melo Neto integra o grupo de poetas religiosos que se formou no Rio de Janeiro
entre as décadas de 1930 e 40. Sua poesia é dividida em duas fases: a fase transcendental e a
fase material.
Literatura

7. O trecho abaixo é um fragmento de “Morte e vida severina”, poema escrito por João Cabral de Melo
Neto. O poema conta a história de Severino, um retirante que foge da seca, saindo dos confins da
Paraíba para chegar ao litoral de Pernambuco (Recife). Lá, o retirante acredita que irá encontrar
melhores condições de vida. Este excerto (trecho) conta o momento em que, no final de sua
caminhada, Severino chega ao litoral. Mas, mesmo ali, encontra apenas sinais de morte, como quando
estava no sertão. Completamente desacreditado, sugere a um morador da região que pretende o
suicídio. Então, inicia com ele uma discussão. Acompanhe:

"- Seu José, mestre Carpina


Para cobrir corpo de homem
Não é preciso muita água.
Basta que chegue ao abdômen
Basta que tenha fundura igual a de sua fome.
- Severino retirante,
O mar de nossa conversa
Precisa ser combatido
Sempre, de qualquer maneira.
Porque senão ele alaga e destrói a terra inteira.
- Seu José, mestre Carpina,
Em que nos faz diferença
Que como frieira se alastre,
Ou como rio na cheia
Se acabamos naufragados
num braço do mar da miséria?"
NETO, J. C. de M. Morte vida Severina,1955.

O argumento central de Severino para defender sua intenção de suicidar-se é:


a) o de que o rio, tendo fundura suficiente, será o melhor meio, naquela situação, para conseguir seu
intento.
b) o de que não é possível lutar com as mãos, já que as mãos não podem conter a água que se alastra.
c) o de que não é possível conter o mar daquela conversa, dada sua extensão e volume.
d) o de que a miséria, entendida como mar, irá naufragar mesmo a todos, independentemente do que
se faça.
e) o de que abandonando as mãos para trás será mais fácil afogar-se, já que não poderá nadar.
Literatura

8. O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(…)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa
poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
Literatura

9. Texto I
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias,
mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).

Texto II
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o
Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial
do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços
biográficos são sempre partilhados por outros homens.
SECCHIN, A. C João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a
relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema
social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?“.
A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da
a) descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.
c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua
condição.
d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise
existencial.
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel
Zacarias.
Literatura

10. Meu povo, meu poema


Meu povo e meu poema crescem juntos
Como cresce no fruto
A árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
Como no canavial
Nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
Como o sol
Na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
Se reflete
Como espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
Menos como quem canta
Do que planta
FERREIRA GULLAR. Toda poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.

O texto Meu povo, meu poema, de Ferreira Gullar, foi escrito na década de 1970. Nele, o diálogo com o
contexto sociopolítico em que se insere expressa uma voz poética que
a) precisa do povo para produzir seu texto, mas se esquiva de enfrentar as desigualdades sociais.
b) dilui a importância das contingências políticas e sociais na construção de seu universo poético.
c) associa o engajamento político à grandeza do fazer poético, fator de superação da alienação do
povo.
d) afirma que a poesia depende do povo, mas esse nem sempre vê a importância daquela nas lutas
de classe.
e) reconhece, na identidade entre o povo e a poesia, uma etapa de seu fortalecimento humano e
social.
Literatura

Gabarito

1. D
A poesia pós-modernista buscou desenvolver temáticas cotidianas, mas sem precedente de regras e
objeções voltadas a um convencionalismo na escrita, o que possibilitou a licença poética de autores
brasileiros.

2. C
O Concretismo apresentou grandes inovações estéticas não só no campo da linguagem, mas também
na estrutura discursiva do poema, valendo-se de materiais gráficos e visuais.

3. B
Nenhum elemento no poema remete a resignação ou paciência. Em contrapartida, a força e a resistência
são características que, segundo o eu lírico, foram aprendidas por jumentos e homens em sua
convivência com a cabra: “Com a natureza da cabra Outras aprendem sua crosta”.

4. B
A poesia concreta, de fato, tem um caráter cosmopolita que é, no poema, ilustrado pela presença
plurilíngue de vocábulos como “cidade”, “city”e “cité”.

5. A
Além de harmonizar forma e conteúdo, a arte literária reflete um fato social; portanto, a única alternativa
possível sobre a função dos textos de João Cabral é a alternativa a.

6. A
A obra de João Cabral de Melo Neto reinventa o conceito de poesia, que dessacraliza a chamada “poesia
profunda”, isto é, a poesia em que predominam os versos de sentimentos ou de abordagem introspectiva.
Sua poesia é antilírica, presa ao real e direcionada ao intelecto, não às emoções.

7. D
“Em que nos faz diferença /Que como frieira se alastre, /Ou como rio na cheia/Se acabamos
naufragados/num braço do mar da miséria?" os versos anteriores deixam clara a desesperança de
Severino, justificando a alternativa “D”

8. A
Como vimos, a antítese trata da aproximação de palavras com sentidos opostos. Observe que a
alternativa (E) traz o adjetivo “amarga”, opondo-se à doçura do açúcar. Já na expressão “usinas escuras”,
temos uma oposição à brancura do açúcar. Logo, é a única alternativa que apresenta, de fato, uma
oposição clara entre as palavras. Observe que nenhuma alternativa traz palavras que se opõem ao que
foi pedido no enunciado, pois falam de situações que se completam.

9. C
A afirmação correta, alternativa C, é resposta à pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossas
Senhorias?”. Expressa no poema a representação de muitos Severinos que compartilham a mesma
condição, ou seja, da figura do retirante nordestino.

10. E
Nota-se que o povo e o poema são indissociáveis, em todo o texto. Percebe-se que o poema nasce do
povo (1ª estrofe), cresce (2ª estrofe) e amadurece (3ª estrofe) junto com ele e, por fim, nele se reflete (4ª
estrofe). Ferreira Gullar buscava, por meio da arte, lutar contra a injustiça social e contra a opressão.
Literatura

Pós-Modernismo: Clarice Lispector

Resumo

Clarice Lispector
Nascida em Tchetchelnik, aldeia da Ucrânia, em 1925, e falecida no Rio
de Janeiro, em 1977, Clarice Lispector, brasileira naturalizada, passou a
infância em Recife, mudando-se para o Rio de Janeiro entre os 12 e 13
anos.
Em 1944, com apenas 19 anos, publicou Perto do Coração Selvagem,
romance que causou estranheza à crítica, pelas novidades que trazia: a
sondagem do mundo interior, as profundezas do subconsciente
relativizando o enredo, a ação, como em Virgínia Wolf, James Joyce e
Marcel Proust.
Além de outros romances, como O Lustre, A Cidade Sitiada, A Maçã no Escuro, A Paixão Segundo G.H., Uma
Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, A Hora da Estrela e Água Viva, Clarice publicou alguns livros de contos,
sendo o primeiro Laços de Família, um verdadeiro mergulho nos bastidores do universo familiar, e em especial
na “doce náusea” da condição feminina dentro desse universo. Alguns contos e A Legião estrangeira, com
contos e crônicas, constituem outras obras da escritora.
“A leitura de Clarice é difícil e trabalhosa. Exige do leitor a mesma atenção concentrada e tensa, mas também
o mesmo intenso abandono que se intui presente no ato da escrita. Se Clarice escreve com o corpo, o seu
leitor não pode lhe conceder apenas a fria racionalidade de seu intelecto. Deve deixar-se invadir, aceitar a
agressão.
[...]
Às vezes, a página pega-nos como uma droga, uma súbita alegria do corpo todo, por simpatia, sintonia,
revelação. Outras vezes, queremos recusá-la como um prato demasiado gorduroso, álcool puro sem base
material. Daí as razões de sua popular impopularidade. Seus fãs são como uma confraria de adeptos, sempre
a relembrarem-se, um ao outro, não episódios ou personagens, nem situações ou palavras [...] mas a
reviverem sensações: um cheiro, um arrepiar de pele, um vazio de alma”.
(Luciana Stegagno Picchio. Epifania de Clarice. Revista Remate de Males . nº9,
UNICAMP/Campinas, 1989.)

Características das Obras de Clarice Lispector


• Narrativa altamente intimista
• Narrativa fragmentada: sobreposição dos planos narrativos
• Mergulho profundo no fluxo de consciência dos personagens
• Desmoronamento das barreiras espaço-temporais
• Geralmente os personagens se encontram em busca de “algo”: suas identidades/individualidades
• Técnica digressiva de narrar
• Tempo da narrativa: psicológico
• Epifania: revelação
• A linguagem traduz os sentimentos das personagens e os transmite ao leitor.

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Literatura

Temáticas Clariceanas
• Temáticas humanas e universais
• O difícil reconhecimento do outro
• Hipocrisia das relações sociais familiares
• Papel social da mulher
• A própria linguagem

Texto de Apoio: Conto "As Caridades Odiosas", de Clarice Lispector.

As Caridades odiosas

(...)Foi em uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu passava pela rua depressa, emaranhada nos
meus pensamentos, como às vezes acontece. Foi quando meu vestido me reteve: alguma coisa se
encanchara na minha saia. Voltei-me e vi que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino
a que a sujeira e o sangue interno davam um tom quente de pele. O menino estava de pé no degrau da grande
confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente aflição.
Paciente demais. Percebi vagamente um pedido, antes de compreender o seu sentido concreto. Um pouco
aturdida eu o olhava, ainda em dúvida se fora a mão da criança o que me ceifara os pensamentos. -Um doce,
moça, compre um doce pra mim. Acordei finalmente. O que estivera pensando antes de encontrar o menino?
O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar uma resposta que podia servir para qualquer
pergunta, assim como uma grande chuva pode matar a sede de quem queria uns goles de água.Sem olhar
para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde possivelmente algum
conhecido tomava sorvete, entrei, fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce
para o menino. De que tinha eu medo? Eu não olhava a criança, queria que a cena, humilhante para mim,
terminasse logo. Perguntei-lhe: que doce você...Antes de terminar, o menino disse apontando depressa com
o dedo: aquelezinho ali, com chocolate por cima. Por um instante perplexa, eu me recompus logo e ordenei,
com aspereza, à caixeira que o servisse. -Que outro doce você quer? Perguntei ao menino escuro. Este, que
mexendo as mãos e a boca ainda esperava com ansiedade pelo primeiro, interrompeu-se, olhou-me um
instante e disse com delicadeza insuportável, mostrando os dentes: não precisa de outro não. Ele poupava a
minha bondade. -Precisa sim, corte eu ofegante, empurrando-o para a frente. O menino hesitou e disse: aquele
amarelo de ovo. Recebeu um doec em cada mão, levantando as duas acima da cabeça, com medo talvez de
apertá-los. Mesmo os doces estavam tão acima do menino escuro. E foi sem olhar para mim que ele, mais do
que foi embora, fugiu. A caixeirinha olhava tudo:-Afinal, uma alma caridosa apareceu. Esse menino estava
nesta porta há mais de uma hora, puxando todas as pessoas que passavam, mas ninguém quis dar.Fui
embora, com o rosto corado de vergonha. De verogonha mesmo? Era inútil querer voltar aos pensamentos
anteriores. Eu estava cheia de um sentimento de amor, gratidão, revolta e vergonha. Mas, como se costuma
dizer, o sol parecia brilhar com mais força. Eu tivera a oportunidade de... E para isso fora necessário um
menino magro e escuro... E para isso fora necessário que outros não lhe tivessem dado um doce.E as pessoas
que tomavam sorvete? Agora, o que eu queria saber com autocrueldade era o seguinte: temera que os outros
me vissem ou que os outros não me vissem? O fato é que, quando atravessei a rua, o que teria sido piedade
já se estrangulara sob outros sentimentos. E, agora sozinha, meus pensamentos voltaram lentamente a ser
os anteriores, só que inúteis.
(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo.)

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Literatura

Exercícios

Texto para as questões 1 e 2.

1. O texto de Clarice Lispector aborda, genericamente, o insucesso de relações amorosas. Esse enfoque
genérico está confirmado pelo uso da seguinte estratégia de construção textual:
a) inadequação de tempo e de espaço na narrativa
b) incoerência do discurso e da enunciação em 3ª pessoa
c) indiferença do autor e do enunciador aos fatos narrados
d) indeterminação dos nomes e de características dos personagens
e) certeza da percepção do autor sobre os fatos decorridos no trecho

2. O título do texto – Por não estarem distraídos – refere-se à causa do distanciamento dos amantes ao
longo da relação estabelecida entre eles. A expressão não estarem distraídos apresenta o sentido de:
a) falta de dedicação
b) excesso de cobrança
c) necessidade de confiança
d) ausência de comprometimento
e) escassez de vontade

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Literatura

3. A tentação é comer direto da fonte. A tentação é comer direto na lei. E o castigo é não querer mais
parar de comer, e comer-se a si próprio que sou matéria igualmente comível.
(LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.)

O romance A Paixão Segundo G. H. é a tentativa de dar forma ao inenarrável, esbarrando a todo


momento no limite intransponível das palavras. Tal paradoxo, vale dizer, é o que funda toda literatura
clariceana.
(ROSENBAUM, Y. No território das pulsões. In: Clarice Lispector. Cadernos de Literatura
Brasileira. Instituto Moreira Salles. Edição Especial, cadernos 17 e 18, dez. 2004, p. 266. )

A repetição de palavras é um dos traços constantes na obra de Clarice Lispector e remete à


impossibilidade de descrever a experiência vivida. A repetição de “comer”, no trecho citado, sugere:
a) União de significados contrários realizados para reforçar o sentido da palavra.
b) Realce de significado obtido pela gradação de diferentes expressões articuladas em sequência.
c) Ausência de significação em consequência do acréscimo de novas expressões relacionadas em
cadeia.
d) Equívoco no emprego do verbo em consequência do acúmulo de significados relacionados em
sequência.
e) Uniformidade de sentido expressa pela impossibilidade de transformação do significado
denotativo do verbo.

4. A partida de trem
“Marcava seis horas da manhã, Angela Prain pagou o táxi e pegou sua pequena valise, Dona Maria Rita
de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha
bem vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade,
e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto
— e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo
gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que
neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento,
surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas
para o caminho.
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:
-A senhora deseja trocar de lugar comigo?
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo, Mas
parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filligranado de ouro espetado no peito,
passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:
- É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?”
(LISPECTOR, C. Onde estiveste de noite. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. )

A descoberta de experiências emocionais com base no Cotidiano é recorrente na obra de Clarice


Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a):
a) comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada
b) anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.
c) incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.
d) constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.
e) sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

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Literatura

5. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas
antes da pré-história havia pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve.
Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[…]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início,
se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros
apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois
juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida,
inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio
venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde
saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que
justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos
antecedentes.
(LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (f ragmento).)

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector,
culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se
essa peculiaridade porque o narrador:
a) Observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às
personagens.
b) Relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos
que a compõem.
c) Reflete-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) Admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolheras palavras
exatas.
e) Propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

6. Leia com atenção os seguintes excertos de contos do livro Laços de família, de Clarice Lispector:
Mas ninguém poderia adivinhar o que ela pensava. E para aqueles que junto da porta ainda a olharam
uma vez, a aniversariante era apenas o que parecia ser: sentada à cabeceira da mesa imunda, com a
mão fechada sobre a toalha como encerrando um cetro, e com aquela mudez que era a sua última
palavra.
(Feliz aniversário)

Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia
lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto - ela o abafava com a mesma habilidade que as lides
em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar,
cuidando do lar e da família à revelia deles.
(Amor)

Em ambos os excertos destaca-se um dos temas estruturadores do livro Laços de família, já que nele
a autora:
a) Explora o imaginário feminino, cuja natureza idealizante liberta a mulher de qualquer preocupação
existencial.
b) Denuncia o conformismo burguês da mulher, fazendo-nos ver que seus inúteis devaneios a
afastam da realidade.

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Literatura

c) Satiriza a hipocrisia dos laços familiares, propondo em lugar deles a harmonia de um mundo
politicamente mais aberto e mais democrático.
d) Desvela as tensões entre o universo íntimo e complexo da mulher e as condições objetivas do
cotidiano em que ela deve desempenhar seu papel.
e) Revela a solidez íntima da mulher, mais preparada para o sucesso das relações familiares do que
o homem, obcecado por valores materiais.

7.

(Disponível em: https://bityli.com/m7icn.)

Podemos observar uma conexão entre a fala de Clarice Lispector, o anúncio do comercial de TV e a
reação da personagem a ele. Sendo assim, Analise a crítica contida na tira cômica, e assinale a
alternativa que explique essas relações para fazer uma referência ao comportamento da sociedade
atual.
a) Buscando relacionar os preceitos da autora com o terceiro quadrinho, vê-se uma composição da
crítica de Lispector em seu livro “Perto de Um coração Selvagem”, uma vez que o desejo da
personagem se baseia na futilidade do Modernismo.
b) A citação da autora garante efeito de oposição em relação ao terceiro quadrinho, uma vez que a
liberdade não pode ser mensurada em preceitos consumistas.
c) Não é possível perceber certa crítica sobre o texto, mas sim vê-se a infuência dos canais de
comunicação, como televisões, em detrimento ao fazer poético e literário.
d) A tira cômica traz uma perspectiva similar sobre a frase dita pela autora, em relação ao conteúdo
no terceiro quadrinho, pois suas vontades são são mínimas que podem ser supridas com um novo
produto.
e) Os quadrinhos em sequência retratam uma das principais características de Clarice Lispector:
ironia. Inspirada por Machado de Assis, Lispector retrata a vida moderna de um jeito cômico e
sutil.

8. “Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta
história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia
por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa.”
(Clarice Lispector, A Hora da Estrela)

Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a


história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador:
a) Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário.
b) Pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas.
c) Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato.

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Literatura

d) Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.


e) Autocrítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.

9. "Bem, é verdade que também eu não tenho piedade do meu personagem principal, a nordestina: é um
relato que desejo frio. (...) Não se trata apenas da narrativa, é antes de tudo vida primária que respira,
respira, respira. (...) Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama
num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa.
Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam."
(Clarice Lispector)

Em uma das alternativas abaixo, há um aspecto do livro de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, presente
no fragmento acima, que o aproxima do chamado "romance de 30", realizado por escritores como
Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz:
a) A preocupação excessiva com o próprio ato de narrar.
b) O intimismo da narrativa, que ignora os problemas sociais de seus personagens.
c) A construção de personagens que têm sua condição humana degradada por culpa do meio e da
opressão.
d) A necessidade de provar que as ações humanas resultam do meio, da raça e do momento.
e) A busca de traços peculiares da Região Nordeste

10. A questão a seguir refere-se à passagem transcrita do conto “Feliz Aniversário” (Laços de Família,
1960), de Clarice Lispector (1920-1977).

Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe. A
aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de todos. E se de
repente não se ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a
aniversariante ficou mais dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a
sufocasse, ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os piscando. Todos
aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne de seu joelho, pensou de repente
como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era o único a ser a carne de seu coração. Rodrigo, com
aquela carinha dura, viril e despenteada, cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido
naquela cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os outros, a
aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo sido tão forte pudera dar à luz
aqueles seres opacos, com braços moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo
devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, respeitara; a quem respeitara e que
lhe fizera filhos e lhe pagara os partos, lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas dera aqueles
azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera ela dar à luz
aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas,
era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a
sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.
LISPECTOR, Clarice. "Feliz Aniversário". In: Laços de Família. 28. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 78-79.

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Literatura

Ainda que Clarice Lispector tenha morrido um dia antes de completar cinquenta e sete anos, a
problemática das mulheres de terceira idade faz-se presente em muitos de seus contos. “Feliz
Aniversário” registra tal tema. Neste conto, sentada à cabeceira da mesa preparada para a
comemoração de seu octogésimo-nono aniversário, D. Anita:
a) Vê, horrorizada, sua descendência constituída por seres mesquinhos.
b) Lembra-se, saudosa, da época em que seu marido era vivo e com ela dividia as dificuldades
cotidianas.
c) Contempla seu neto, Rodrigo, a trazer-lhe ao presente a imagem do falecido marido quando jovem.
d) Rememora, com rancor, sua vida de mulher, seja enquanto esposa, seja enquanto mãe, mostrando-
se indignada com a atual falta de afeto de filhos, netos e bisnetos.
e) Mistura presente e passado, deixando emergir a saudade que há tempo domina seu cotidiano

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Literatura

Gabarito

1. D
O status genérico típico da estratégia do texto é omitir características específicas, para que a identificação
dos personagens seja subjetiva e particular para cada leitor.

2. B
O excesso de cobranças, a falta de espontaneidade impede o casal de se perceber, tornando-os distantes,
pauta evidenciada nas obras clariceanas: a relação intimista do cenário pós-moderno.

3. B
A repetição acontece para enfatizar e esgotar os sentidos da palavra, característica exacerbada da
repetição cansativa da pós-modernidade e dos novos costumes.

4. E
No texto, a frase “uma velha não pode comunicar-se” evidencia o sentimento de solidão alimentado pelo
processo de envelhecimento.

5. C
Os questionamentos sobre o mundo e a existência são combustíveis para a escrita do autor. Assim como
mencionado no resumo, a reflexão do autor sobre sua perspectiva na nova modernidade, tornam essa
relação extremamente íntima.

6. D
As personagens femininas de Clarice sempre são questionadoras do lugar comum, de modo existencial e
intimista, é necessário observar a escola literária da autora, assim como suas perspectivas sobre o mundo.

7. B
A fala de Clarice Lispector contrasta com a sua reação ao ouvir a propaganda de TV, porque a primeira
transmite a ideia de que há um desejo/sentimento de liberdade tão grande que ultrapassa os limites de
seu próprio nome; já a reação exprime clara submissão a propaganda, que vende fácil uma “nova droga”
que “ainda não tinha nome”. Podemos identificar uma crítica ao forte consumismo e ao poder dos meios
propagandísticos que influenciam diretamente o comportamento e desejos da sociedade.

8. E
Pautada na narrativa popular do cotidiano moderno, o narrador em primeira pessoa de “A Hora da Estrela”
busca investigar, como um todo, a razão de sua existência, baseada na normalidade do século XX.

9. C
A ideia que permeia o texto é a do determinismo, oriunda do século XVIII, na escola literária naturalista.
Desse modo, é possível perceber que o pós-modernismo caminha para uma absorção de ideias vindas de
outros períodos.

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10. A
A narrativa Clariceana, como mencionada anteriormente, prevê o questionamento da vida sobre o cenário
vigente da época de modo extremamente presente. Assim, como evidenciado e interpretado no trecho da
questão, pode-se entender o horror da personagem ao completar mais um ano de vida.

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Pós-Modernismo – Guimarães Rosa

Resumo

Considerado por muitos como o maior criador, em prosa, do século XX no Brasil e um dos maiores da cultura
ocidental moderna, João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 1908. Estudou medicina
e trabalhou no interior de seu estado como médico da Força Pública.
Conhecendo mais de uma dezena de idiomas, em 1934 prestou concurso para o Itamaraty, onde trabalhou
como diplomata e como embaixador. Faleceu aos 59 anos, no Rio de Janeiro, três dias após sua posse na
Academia Brasileira de Letras.
Estreou com Sagarana (1946), que renova o conto brasileiro. Em 1956, aparecem as sete novelas poéticas
de Corpo de baile e Grande Sertão: veredas, romance filosófico, mítico e poético, em que funde prosa e poesia,
narrativa intensa e criação de ritmos, metáforas e alegorias.
Seus últimos livros compõem-se de histórias cada vez mais densas de
poeticidade e simultaneamente mais breves. Primeiras estórias é um
conjunto de contos nos quais as crianças, os velhos, os loucos - seres
rústicos e em disponibilidade para a travessia existencial - vivem momentos
de encantamento, de iluminação, de rara e ancestral poesia, que
universalizam e reinventam literariamente o sertão, como ocorre em
Tutaméia, Estas histórias e Ave palavra.
Em “O dorso do Tigre”, Benedito Nunes discorre sobre Guimarães Rosa e diz
“Os espaços que se entreabrem, na obra de Guimarães Rosa, são
modalidades de travessia humana. Sertão e existência fundem-se na figura
da viagem, sempre recomeçada - viagem que forma, deforma e transforma
e que, submetendo as coisas à lei do tempo e da causalidade, tudo repõe
afinal nos seus justos lugares.” confirmando a complexidade das obras do autor.
Rosa, em 1963 ganha a concessão de uma cadeira na ABL – Academia Brasileira de Letras, mas a posse só
ocorre quatro anos mais tarde. Em seu discurso, disse que “a gente morre para provar que viveu” – como
uma confirmação de sua conquista. O autor ocupou a segunda cadeira por apenas três dias, falecendo logo
em seguida do acontecimento.

Guimarães Rosa. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/guimaraes-rosa/ | Acesso em: 22.04.2020.

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Literatura

Características das obras de Guimarães Rosa


Por ser um autor pós-modernista, é possível perceber certa particularização no estilo de escrita de Rosa,
bem como nas temáticas abordadas ao longo de suas obras. Vejamos as principais características do autor:
• Regionalismo (universal: Sertão → mundo).
• Vasculha com profundidade a natureza humana, captando seus anseios, inquietudes e desejos.
• Dialeto mágico → reinvenção da linguagem.
• Reprodução da fala do Sertanejo.
• Sintaxe revolucionária.
• Uso de neologismos.
• Emprego de recursos poéticos (aliterações, assonâncias, ritmo, rimas).
• Travessia: caráter concreto e simbólico (Sertão, Diabo, Amor, Medo).

Trecho de Grande sertão: veredas


De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de
difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp´ro, não fantasêia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e
sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei neste gosto, de especular ideia. O diabo
existe e não existe? Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas
cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz
o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso...
Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem - ou é o homem arruinado,
ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! - é o que digo. O
senhor aprova? Me declare tudo, franco é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso – por
estúrdio que me vejam é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor,
assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia.
Já sabia, esperava por ela - já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter sua aragem de descanso. Lhe
agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso
servidor. Fosse lhe contar...Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens.
Até: nas crianças - eu digo. Pois não é ditado: “menino - trem do diabo"? E nos usos, nas plantas, nas águas,
na terra, no vento... Estrumes...O diabo na, rua, no meio do redemunho...
Hem? Hem? Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mal haja-me! Sofro pena de
contar
não... Melhor, se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá a mandioca
mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A
mandioca-doce pode de repente virar azangada -motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no
terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas - vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma
toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo,
de se comer sem nenhum mal. E que isso é? Eh, o senhor já viu, por ver, a feiúra de ódio franzido, carantonho,
nas faces duma cobra cascavel? Observou o porco gordo, cada dia mais feliz bruto, capaz de, pudesse, roncar
e engulir por sua suja comodidade o mundo todo? E gavião, corvo, alguns, as feições deles já representam a
precisão de talhar para adiante, rasgar e estraçalhar a bico, parece uma quicé muito afiada por ruim desejo.
Tudo. Tem até tortas raças de pedras, horrorosas, venenosas -que estragam mortal a água, se estão jazendo
em fundo de poço; o diabo dentro delas dorme: são o demo. Se sabe? E o demo - que é só assim o significado
dum azougue maligno - tem ordem de seguir o caminho dele, tem licença para campear?!
Arre, ele está misturado em tudo.
Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos, é o razoável sofrer. E a
alegria de amor - compadre meu Quelemém diz. Família. Deveras? É, e não é. O senhor ache e não ache.

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Literatura

Tudo é e não é... Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom
pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! Sei desses. Só que tem os depois - e Deus, junto. Vi muitas nuvens.
ROSA, J. G. Grande Sertão: veredas. 15. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962 p. 11-12.

Trecho de A Terceira Margem do Rio


“Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que
testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me
alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto.
Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu
que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa,
como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria
para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele,
que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa
casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo
grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso,
do dia em que a canoa ficou pronta.
Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou
outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que
ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — “Cê vai, ocê fique, você
nunca volte!” Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por
uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que
um propósito perguntei: — “Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?” Ele só retornou o olhar em mim,
e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato,
para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela
por igual, feito um jacaré, comprida longa.”
Disponível em: http://contobrasileiro.com.br/a-terceira-margem-do-rio-conto-de-guimaraes-rosa/

“Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não
foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a
vida me ensionou.”
Guimarães Rosa. Cadernos da literatura brasileira.

“Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim ruim, que
dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da
tristeza! Quero os todos pastos demarcados... Como é que posso com este mundo? Este mundo é muito
misturado.”
Guimarães Rosa.

3
Literatura

Exercícios

1. O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e
depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço.
A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a):
a) diário, por trazer lembranças pessoais.
b) fábula, por apresentar uma lição de moral.
c) notícia, por informar sobre um acontecimento.
d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.

2. A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas
diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não
parava, andorinhava, espiava agora - o xixixi e o empapar-se da paisagem - as pestanas til-til. Porém,
disse-se-dizia ela, pouco se vê, pelos entrefios: - “Tanto chove, que me gela!”
ROSA, J. G. “Partida do audaz navegante”, Primeiras estórias.

Os diminutivos com que o narrador caracteriza a personagem traduzem também sua atitude em
relação a ela. De que modo essa atitude pode ser identificada?
a) Os diminutivos caracterizam a personagem tanto fisicamente, como subjetivamente.
b) Não há um impacto sobre a personagem (quanto aos diminutivos), mas sim em relação ao cenário.
c) Os diminutivos desenvolvem um papel essencial para a escrita do trecho, uma vez que são eles
parte de uma característica marcante do autor.
d) Parte de um regionalismo, os diminutivos competem uma construção de um cenário distante do
urbanizado.

3. As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no
meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro
queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência
dos pastos de lá do sertão...

“Um boi preto, um boi pintado,


Cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
De mostrar o seu amor.”

Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando ...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito ...
Vai, Vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando ... “

Todo passarinh’ do mato


Tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doído
Não carece ter rompante ...”

4
Literatura

O trecho anterior integra o conto O Burrinho Pedrês, da obra Sagarana, escrita por João Guimarães
Rosa. Dele é correto afirmar que
a) escreve o movimento agitado dos bois por meio de uma linguagem construída apenas pelo
emprego abusivo de frases nominais e de gerúndios.
b) apresenta um jogo entre a forma poética e a prosaica e, em ambos os gêneros, é possível constatar
a presença de ritmo marcado pelo uso de redondilhas.
c) há presença significativa de figuras sonoras como as aliterações que emprestam ao texto ritmo
duro e pesado, impedindo a musicalidade e o lirismo próprios da arte popular.
d) há uma mistura de textos narrativos e textos poéticos que quebra a sequência do conto e oferece
ao leitor um texto de duvidosa qualidade estética.

4. O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza,
em especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos
são recursos estéticos importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde
vivem, estabelecendo relações entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro
Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas para representar o estado febril de Primo
Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da
maleita sobre a personagem Argemiro:
a) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de
pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente
da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.”
b) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o vôo de uma garça,
em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos
olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo.”
c) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o
carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés
de prata e asas de xadrez.”
d) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos... olhos grandes escuros e meio de-quina, como
os de uma suaçuapara... para a boquinha vermelha, como flor de suinã....”
e) “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha... Não entende. Mas sabe que está
acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”

5. Esta é a estória.
Ia um menino, com os tios, passar dias no lugar onde se construía a grande cidade. Era uma viagem
inventada no feliz; para ele, produzia-se em caso de sonho. Saíam ainda com o escuro, o ar fino de
cheiros desconhecidos. A mãe e o pai vinham trazê-lo ao aeroporto. A tia e o tio tomavam conta dele,
justínhamente. Sorria-se, saudava-se, todos se ouviam e falavam. O avião era da companhia, especial,
de quatro lugares. Respondiam-lhe a todas as perguntas, até o piloto conversou com ele. O voo ia ser
pouco mais de duas horas. O menino fremla no acorçoo, alegre de se rir para si, confortavelzinho, com
um jeito de folha a cair. A vida podia às vezes ralar numa verdade extraordinária. Mesmo o afivelarem-
lhe o cinto de segurança virava forte afago, de proteção, e logo novo senso de esperança: ao não-
sabido, ao mais. Assim um crescer e desconter-se — certo como o ato de respirar — o de fugir para o
espaço em branco. O menino. E as coisas vinham docemente de repente, seguindo harmonia prévia,
benfazeja, em movimentos concordantes: as satisfações antes da consciência das necessidades.
Davam-lhe balas, chicles, à escolha. Solicito de bem-humorado, o tio ensinava-lhe como eta recllnável
o assento bastando a gente premer manivela. Seu lugar era o da janelinha, para o amável mundo.
Rosa, Guimarães. Primeiras Estórias, 1962.

5
Literatura

A respeito de Guimarães Rosa, é correto afirmar que:


a) transmitiu ao nosso regionalismo valores universais, ao abordar dúvidas do próprio homem, numa
linguagem recriada poeticamente.
b) continuou a tradição das obras regionalistas anteriores, especialmente as do ciclo da cana-de-
açúcar, que denunciam a injustiça social.
c) foi mais valorizado como poeta, pela retomada dos recursos expressivos da língua, com sua
linguagem plena de sonoridades e figuras literárias.
d) retomou a influência científica e a linguagem objetiva e enxuta de Euclides da Cunha, autor de Os
sertões, para explicar a psicologia do sertanejo.
e) foi um autor de vanguarda que procurou mostrar as várias regiões do país, a partir de uma visão
subjetiva e extremamente poética.

6. O leitor brasileiro que porventura entrar em contato com a arte de Guimarães Rosa através de
Primeiras Estórias inevitavelmente haverá de experimentar um choque, devido à agressiva novidade
de estilo, à qual os leitores antigos do autor se vêm habituando progressivamente (falamos no leitor
brasileiro, porque o estrangeiro, que a conhecer através da tradução, terá forçosamente sob os olhos
um texto atenuado e filtrado, adaptado pelo tradutor aos padrões existentes da língua acolhedora).
Lembre-se de que o autor fez sua aparição na literatura como escritor regionalista. Não adotara,
porém, nenhuma das três técnicas à disposição do regionalismo: servir-se da linguagem regional
indistintamente em todo o livro, restringi-Ia à fala das personagens, ou substituí-Ia integralmente por
uma linguagem literária, convencional. A quarta solução, adotada por ele, consistia em deixar as
formas, rodeios e processos da língua popular infiltrarem o estilo expositivo e as da língua elaborada
embeber a linguagem dos figurantes. Disse língua elaborada e não culta: Guimarães Rosa, conhecedor
dos mais profundos do idioma, não se satisfaz em explorar-lhe todo o tesouro registrado e codificado,
mas submete-o a uma experimentação incessante, para testar-lhe flexibilidade. Daí um estilo
personalíssimo, que das obras de caráter regionalístico se alastrou por toda obra de ficção de nosso
autor, e até por suas raras produções ensaísticas. [...]
RÓNAI, Paulo. Os vastos espaços. In: ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. 4” ed., Rio de Janeiro: José
Olympio, 1968, p. XI-XII. (Fragmento) “
De acordo com o texto, assinale a alternativa INCORRETA.
a) Em: “...não se satisfaz em explorar-lhe todo o tesouro registrado e codificado, mas submete-o a
uma experimentação incessante ...”, na expressão em negrito, Rónai está se referindo ao emprego
dos vocábulos da língua dicionarizados.
b) Deduz-se do excerto que a obra de Guimarães requer uma leitura mais atenta, em virtude da
atualização de variedades linguísticas socialmente estigmatizadas.
c) Ao frisar que Guimarães empregava “língua elaborada e não culta”, Rónai corrobora a máxima do
choque estilístico que as obras de Guimarães suscitam.
d) O segmento parentético no primeiro parágrafo é uma forma de encaixamento que, todavia, não
compromete o fluxo da exposição.

O fragmento textual que segue, retirado da narrativa A terceira margem do rio, de João Guimarães
Rosa, servirá de base para as questões 7 e 8.

Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre
fazendo ausência: e o rio-rio-rio — o rio — pondo perpétuo [grifo nosso]. Eu sofria já o começo da

6
Literatura

velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços,
perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais.
De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que
bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da
cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha
tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas
fossem outras. E fui tomando idéia.
ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.

7. No quadro do Modernismo literário no Brasil, a obra de Guimarães Rosa destaca-se pela inventividade
da criação estética. Considerando-se o fragmento em análise, essa inventividade da narrativa roseana
pode ser constatada através do(a):
a) recriação do mundo sertanejo pela linguagem, a partir da apropriação de recursos da oralidade.
b) aproveitamento de elementos pitorescos da cultura regional que tematizam a visão de mundo
simplista do homem sertanejo.
c) resgate de histórias que procedem do universo popular, contadas de modo original, opondo
realidade e fantasia.
d) sondagem da natureza universal da existência humana, através de referência a aspectos da
religiosidade popular.

8. Pode-se afirmar que, na expressão em destaque no fragmento textual, a manifestação da função


poética da linguagem evidencia o dinamismo do tempo.
Esse dinamismo é representado por
a) ritmo cadente e neologismo.
b) assonância e reiteração de vocábulo.
c) onomatopéia e uso de metáfora.
d) efeitos de eco e uso de metonímia.

9. “A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento,
uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as
coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez
daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido, desgovernado. Assim eu acho,
assim eu conto (…). Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de
recente data.”
O trecho acima, de Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa, esclarece um dos aspectos do
tratamento dado ao tempo nessa obra. Assinale a alternativa em que se explicita esse tratamento.
a) narrador alterna o relato de fatos importantes do passado com a narração de pequenos episódios
mais recentes.
b) A ordem cronológica da narrativa vai conferindo aos fatos relatados a importância real que tiveram
no passado.
c) A narrativa constrói-se a partir de um tempo reestruturado pela memória, em que os
acontecimentos se classificam segundo uma ordem de importância subjetiva.
d) relato dos acontecimentos não é feito em ordem cronológica, porque, se o fosse, ficaria falseada
a importância dos fatos narrados, visto que a memória é mentirosa.
e) tempo da narrativa confunde na memória os acontecimentos significativos com aqueles que têm
importância menor.

7
Literatura

10. Leia o texto a seguir e responda à questão.

Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado,
ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! — é o que
digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido.
Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não
diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta
opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece
de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém
devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu
estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o
ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes...
O diabo na rua, no meio do redemunho...
Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.

A fala expressa no texto é de Riobaldo. Como é o diabo, de acordo com o narrador?


a) Real
b) Uma personificação da sociedade doente.
c) Um estado de espírito, uma vez que ele regula a sociedade.
d) Ele é coadjuvante no trecho supracitado, sendo um lado de duas vertentes.
e) n.d.a

8
Literatura

Gabarito

1. D
O desabafo de Riobaldo se aproxima de um aforismo, que é uma máxima que enuncia através de poucas
palavras uma regra, por expor e sintetizar sua vida em oposições como “esquenta e esfria”.

2. A
Os diminutivos caracterizam a personagem tanto fisicamente (ela era 'pequena'), como subjetivamente,
indicando o afeto que o narrador nutria por ela.

3. B
João Guimarães Rosa, assim como muitos autores do conceito pós-moderno, buscou utilizar a
complexidade entre prosa e poesia em algum de seus contos, como o caso do trecho destacado. Sendo
característica estrutural da escola literária, os parâmetros de métrica, rima e musicalidade podem (ou
não) estar presentes.

4. B
Para Guimarães, a interação do personagem-natureza torna-se única, de modo que um só poderá ser
resultado do ambiente que lhe acolhe. Dessa forma, o espaço de fauna e flora, para o autor, é uma forma
de reflexão do íntimo de cada personagem, fato que toca o leitor de modo a entender como única essa
relação intrínseca.

5. A
A alternativa A, como explica o material de apoio, aborda as características principais do autor João
Guimarães Rosa, uma vez que sua temática, apesar de trabalhar com o regionalismo (exemplo: sertão
mineiro), abordava questionamentos inseridos em qualquer contexto do globo. Através de uma
linguagem simples e revolucionária, o autor pós-moderno abordou temáticas sobre o homem, a vida e
sua existência.

6. A
Segundo a leitura do texto, é possível perceber que o entendimento de João Guimarães Rosa requer
extrema atenção pelo seu forte contato com a diversidade linguística, regional e cultural. Desse modo,
a alternativa A faz-se incorreta.

7. A
Como já mencionado anteriormente, a linguagem usual e inovadora de Guimarães Rosa trouxe uma
nova perspectiva ao cenário moderno. Desse modo, é estabelecida essa como uma de suas principais
características.

8. B
Parte da prosa Roseana é evidenciada através do alto uso de figuras de linguagem que irão exacerbar
o conteúdo da língua, em relação ao cenário e aos personagens. Assim, a assonância se faz presente
no trecho destacado, para ampliar os sentidos da palavra desejada.

9. C
A obra “Grande Sertão: Veredas” narra a história de Riobaldo, a partir de suas memórias e lembranças
como jagunço. Desse modo, é possível perceber ao longo do romance a reiteração constante do
contexto memorialista para a narrativa presente.

10. C
De acordo com o texto, o diabo não é real, não é um ser, mas um estado de espírito. Ele não existe de
forma autônoma, como fica claro no trecho: “Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. [...] Bem, o
diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo.”

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Matemática

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Matemática

Matrizes: Definição, matriz genérica, matriz transposta

Resumo

Matrizes
A matemática dispõe de um ramo da álgebra que considera números reais organizados na forma de tabela,
ou seja, em linhas e colunas. A estrutura matemática estudada nesse ramo é chamada de matriz. Uma matriz
organiza os números em linhas e colunas atendendo às seguintes condições.
● A matriz é representada por uma letra maiúscula do alfabeto greco-romano.
● As linhas e as colunas determinam as dimensões da matriz. Se expressarmos o número de linhas por m

e o número de colunas por n, sua dimensão será dada por .


● Os números reais que ocupam as linhas e colunas são chamados de elementos da matriz. Cada elemento

está posicionado em uma linha i e uma coluna j, sendo representado pela forma .
● Os elementos da matriz ficam dispostos entre dois parênteses, ( ), ou entre dois colchetes, [ ].
● A forma genérica de escrita de uma matriz é dada por:

Exemplo: Seja a matriz A = (


1 2 3). Ela possui duas linhas e três colunas, sendo da forma .
4 5 6

Observe que o elemento 5 está na segunda linha e segunda coluna, assim, ele é representado por . Já o

elemento 3 está na primeira linha e terceira coluna, sendo representado por .


É importante representar uma matriz de uma forma genérica, ou seja, representando seus elementos por suas

posições ocupadas. Veja a representação de uma matriz genérica de dimensão :

Em alguns exercícios, precisaremos construir a matriz. Observe o exemplo abaixo:

Exemplo: Encontre os elementos da matriz dada por , tal que .

1
Matemática

Tipos de matrizes
Matriz quadrada: é toda matriz em que o número de linhas é igual ao número de colunas. Assim, a matriz

é quadrada se, e somente se, .Nesse caso dizemos que a matriz é quadrada de ordem n
(ou de ordem m). As matrizes quadradas têm elementos importantes:

● Diagonal principal: é formada por aqueles elementos em que , ou seja, a linha e a coluna ocupadas
pelo elemento são representadas pelo mesmo número.
A = [𝑎11 𝑎12 𝑎21 𝑎22 ]
Diagonal Primária

● Diagonal secundária: são os elementos da matriz em que .


A = [𝑎11 𝑎12 𝑎21 𝑎22 ]
Diagonal secundária

Matriz retangular: uma matriz é retangular se o número de linhas é diferente do número de colunas.

Matriz linha: uma matriz é linha se apresenta uma única linha.

Matriz coluna: uma matriz é coluna se apresenta uma única coluna.

Matriz nula: uma matriz é nula quando todos os seus elementos são iguais a zero.

Matriz diagonal: uma matriz diagonal é uma matriz quadrada com todos os elementos iguais a zero, com
exceção dos elementos da diagonal principal.

Matriz identidade: matriz identidade é a matriz quadrada com todos os elementos iguais a zero, com exceção
dos elementos da diagonal principal, que são iguais a 1.

ou

2
Matemática

Matriz transposta: seja a matriz . Chamamos de matriz transposta de A a matriz denotada por

, tal que . Observe as matrizes a seguir:

e
De acordo com essas matrizes podemos dizer que:

● tem dimensão .

● tem dimensão .
Na prática, trocamos as colunas pelas linhas e as linhas pelas colunas.

3
Matemática

Exercícios

1. Um professor aplica, durante os cinco dias úteis de uma semana, testes com quatro questões de
múltipla escolha a cinco alunos. Os resultados foram representados na matriz.

Nessa matriz os elementos das linhas de 1 a 5 representam as quantidades de questões acertadas


pelos alunos Ana, Bruno, Carlos, Denis e Érica, respectivamente, enquanto que as colunas de 1 a 5
indicam os dias da semana, de segunda-feira a sexta-feira, respectivamente, em que os testes foram
aplicados. O teste que apresentou maior quantidade de acertos foi o aplicado na:
a) segunda-feira.
b) terça-feira.
c) quarta-feira.
d) quinta-feira.
e) sexta-feira.

2. A Transferência Eletrônica Disponível (TED) é uma transação financeira de valores entre diferentes
bancos. Um economista decide analisar os valores enviados por meio de TEDs entre cinco bancos (1, 2,

3, 4 e 5) durante um mês. Para isso, ele dispõe esses valores em uma matriz , em

que e , e o elemento corresponde ao total proveniente das operações feitas via


TED, em milhão de real, transferidos do banco i para o banco j durante o mês. Observe que os elementos

, uma vez que TED é uma transferência entre bancos distintos. Esta é a matriz obtida para essa
análise:

Com base nessas informações, o banco que transferiu a maior quantia via TED é o banco
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

4
Matemática

3. Observe a matriz A, quadrada e de ordem três.

Considere que cada elemento aij dessa matriz é o valor do logaritmo decimal de (i + j). O valor de x é
igual a:
a) 0,50
b) 0,70
c) 0,77
d) 0,87
e) 0,93

4. Se a matriz

É simétrica, o valor de x é:
a) 0
b) 1
c) 6
d) 3
e) – 5

5. A matriz tem lei de formação . Nessas condições, o valor de det(M) + det(2M)


é:
a) – 9
b) – 10
c) – 15
d) – 3
e) – 0

6. Em uma matriz, chamam-se elementos internos aqueles que não pertencem à primeira nem à última
linha ou coluna. O número de elementos internos em uma matriz com 5 linhas e 6 colunas é igual a
a) 12.
b) 15.
c) 16.
d) 20.
e) 23.

5
Matemática

7. Num jogo, foram sorteados 6 números para compor uma matriz M=( ) de ordem 2 x 3. Após o sorteio

observou se que esses números obedeceram à regra =4i-j. Assim, a matriz M é igual a:

𝟏 𝟐 𝟑
a) [ ]
𝟓 𝟔 𝟕
𝟏 𝟐 𝟑
b) [ ]
𝟒 𝟓 𝟔
𝟑 𝟐 𝟏
c) [ ]
𝟕 𝟔 𝟓
𝟑 𝟐
d) [𝟕 𝟔]
𝟏𝟏 𝟏𝟎
𝟑 𝟕𝟕
e) [𝟐 𝟔]
𝟏 𝟓

8. (ESPM) A distribuição dos n moradores de um pequeno prédio de apartamentos é dada pela matriz
4 x 5
[1 3 y ] onde cada elemento Aij representa a quantidade de moradores do apartamento j do
6 y x+1
andar i. Sabe-se que, no 1º andar, moram 3 pessoas a mais que no 2º e que os apartamentos de número
3 comportam 12 pessoas ao todo. O valor de n é:
a) 30
b) 31
c) 32
d) 33
e) 34

9. UESC - O fluxo de veículos que circulam pelas ruas de mão dupla 1, 2 e 3 é controlado por um semáforo,
de tal modo que, cada vez que sinaliza a passagem de veículos, é possível que passem até 12 carros,
0 90 36
por minuto, de uma rua para outra. Na matriz S = [90 0 75] , cada termo SIJ indica o tempo, em
36 75 0
segundos, que o semáforo fica aberto, num período de 2 minutos, para que haja o fluxo da rua i para a
rua j.
Então, o número máximo de automóveis que podem passar da rua 2 para a rua 3, das 8h às 10h de um
mesmo dia, é:
a) 1100
b) 1080
c) 900
d) 576
e) 432

6
Matemática

10. (PUC-RS) No projeto Sobremesa musical, o Instituto de Cultura Musical da PUC-RS realiza
apresentações semanais gratuitas para a comunidade universitária.O número de músicos que atuaram
na apresentação de número j do i-ésimo mês da primeira temporada de 2009 está registrado como
elemento aij da matriz a seguir:

A apresentação na qual atuou o maior número de músicos ocorreu na _______ , semana do ________
mês.
a) Quinta – Segundo
b) Quarta – Quarto
c) Quarta – Terceiro
d) Terceira – Quarto
e) Primeira – Terceiro

7
Matemática

Gabarito

1. A

2. A

8
Matemática

3. B
O x representa o elemento na 2ª linha e 3ª coluna e o elemento na 3ª linha e 2ª coluna. Usando a lei de
formação

4. C

5. C

6. A
Uma matriz com 5 linhas e 6 colunas possui 5x6 = 30 elementos, conforme exemplo a seguir:

Para obtermos os elementos internos devemos excluir a primeira e última linhas, e a primeira e última
colunas, resultando uma nova matriz com 3 linhas, 4 colunas e, portanto, 12 elementos.

9
Matemática

7. C

8. C
Nos apartamentos de número 3 comportam 12 pessoas ao logo, logo
5+y+x+1=12, logo x+y=6. Sendo assim, o valor de N é
4 + 1 + 6 + x + +3 + y + 5 + y + x + 1 =
4 + 1 + 6 + 6 + 63 + 5 + 6 + 1 = 32

9. C
Se a cada minuto podem passar até 12 carros, temos que em 75 (s23 ) segundos podem passar até
75 s ∙12 carros
=15 carros.
60 s
120
Como de 8h às 10h existem = 60 períodos de 2 minutos, segue que podem passar até 15 ∙ 60 = 900
5
automóveis no período considerado.

10. D
O maior número de músicos (54) aparece na quarta linha e na terceira coluna. Como i indica o mês e j a
semana, esta apresentaç]ao ocorreu no quarto mês e na terceira semana.

10
Matemática

Matrizes: Operações com matrizes, matriz identidade

Resumo

Matriz identidade
A matriz identidade de ordem n em que todos os elementos da diagonal principal são iguais a 1 e os outros
elementos são iguais a zero é chamada de matriz identidade e seu símbolo é In.
I3 = [1 0 0 0 1 0 0 0 1 ]

Adição de matrizes
Consideramos duas matrizes A e B do tipo 2x3, a matriz C = A + B, é dada por:
cij = aij + bij,, logo basta somar os elementos correspondentes às mesmas posições.
Exemplo:
(3 5 − 2 2 8 − 6 ) e (1 − 4 − 1 7 0 2 )
C = A + B = (3 + 1 5 + (−4) − 2 + (−1) 2 + 7 8 + 0 − 6 + 2 ) = (4 1 − 3 9 8 − 4 )

Subtração de matrizes
Sendo A e B duas matrizes do tipo mxn, denomina-se diferença entre A e B (representada por A – b) a soma
da matriz A com a matriz oposta de B.
A – B = A + (-B)
A = (3 5 − 2 2 8 − 6 ) e (1 − 4 − 1 7 0 2 )
A – B = − 1 5 − (−4) − 2 − (−1) 2 − 7 8 − 0 − 6 − 2 ) = (2 9 − 1 − 5 8 − 8 )
(3

Multiplicação de um número real por uma matriz


Se A é uma matriz mxn, de elementos aij, e 𝛼 é um número real, então 𝛼.A é uma matriz mxn cujos elementos
são bij = 𝛼𝑎𝑖𝑗 . Isto é, você multiplica o número por todos os elementos da matriz.
Exemplo: Sendo A a matriz dada abaixo defina a matriz 3A.
A = [5 − 4 2 10 ]
3 . A = [3.5 3. (−4) 3.2 3.10 ] = [15 − 12 6 30 ]

Multiplicação de matrizes
Condição para existência do produto : Am x n . Bn x p = Cm x p
Assim o número de colunas de A deve ser igual ao de linhas de B, se isso acontecer, resulta-se uma matriz C
com o número de linhas de A e colunas de B.
Multiplicação: linhas da primeira matriz são multiplicados por colunas da segunda matriz.
Exemplo: Dados as matrizes A e B, determine AB.
A = (3 2 5 0 1 4 ) e B = (3 1 6 2 )
A.B = (3 2 5 0 1 4 ) . (3 1 6 2 ) = (3.3 + 2.6 3.1 + 2.2 5.3 + 0.6 5.1 + 2.0 1.3 + 4.6 1.1 + 2.4 ) =
(21 7 15 5 27 9 )

1
Matemática

Exercícios

1 2
1. Sejam 𝑎 e 𝑏 números reais tais que a matriz A = [ ] satisfaz a equação 𝐴2 = 𝑎𝐴 + 𝑏𝐼 , em que 𝐼 é
0 1
a matriz identidade de ordem 2. Logo, o produto 𝑎𝑏 é igual a
a) −2.
b) −1.
c) 1.
d) 2.
e) 0.

2. Uma matriz B possui i linhas e j colunas e seus elementos são obtidos a partir da expressão bij = i - 2j.
Seja uma matriz A = [Aij ]2x3 cujos elementos da primeira coluna são nulos e I2 a matriz identidade de
ordem 2, tal que AB =I2. O valor numérico do maior elemento da matriz A é igual a
a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4

3. Uma matriz A de ordem 2 transmite uma palavra de 4 letras em que cada elemento da matriz representa
uma letra do alfabeto. A fim de dificultar a leitura da palavra, por se tratar de informação secreta, a
3 −1
matriz A é multiplicada pela matriz B = [ ] obtendo-se a matriz codificada B.A. Sabendo que a
−5 2
10 27
matriz B.A é igual a [ ], podemos afirmar que a soma dos elementos da matriz A é:
21 −39
a) 48
b) 46
c) 47
d) 49
e) 50

1 a
4. Sendo a um número real, considere a matriz ( ). Então A2017 é igual a:
0 −1
1 0
a) ( )
0 1
1 a
b) ( )
0 −1
1 1
c) ( )
1 1
d) (1 a2017 )
1 1
e) (1 a2 )
0 1

2
Matemática

5. Para combater a subnutrição infantil, foi desenvolvida uma mistura alimentícia composta por três tipos
de suplementos alimentares: I, II e III. Esses suplementos, por sua vez, contêm diferentes
concentrações de três nutrientes: A, B e C. Observe as tabelas a seguir, que indicam a concentração de
nutrientes nos suplementos e a porcentagem de suplementos na mistura, respectivamente.

A quantidade do nutriente C, em g/kg, encontrada na mistura alimentícia é igual a:


a) 0,235
b) 0,265
c) 0,275
d) 0,295
e) 0,375

6. Um aluno registrou as notas bimestrais de algumas de suas disciplinas numa tabela. Ele observou que
as entradas numéricas da tabela formavam uma matriz 4x4, e que poderia calcular as médias anuais
dessas disciplinas usando produto de matrizes. Todas as provas possuíam o mesmo peso, e a tabela
que ele conseguiu é mostrada a seguir.

Para obter essas médias, ele multiplicou a matriz obtida a partir da tabela por:

1 1 1 1
a) [ ]
2 2 2 2
1 1 1 1
b) [ ]
4 4 4 4
1
1
c) [ ]
1
1

3
Matemática
1
2
1
2
d) 1
2
1

[2]
1
4
1
4
e) 1
4
1

[4]

a 0
7. Considere a matriz A=( ) onde a e b são números reais. Se 𝐴2 = 𝐴 e A é invertível, então:
b 1
a) a = 1 e b = 1.
b) a = 1 e b = 0.
c) a = 0 e b = 0.
d) a = 0 e b = 1.
e) a = - 1 e b = - 1.

8. Um criador de cães observou que as rações das marcas A, B, C e D contêm diferentes quantidades de
três nutrientes, medidos em miligramas por quilograma, como indicado na primeira matriz abaixo. O
criador decidiu misturar os quatro tipos de ração para proporcionar um alimento adequado para seus
cães. A segunda matriz abaixo dá os percentuais de cada tipo de ração nessa mistura.

A B C D percentuais de mistura

Quantos miligramas do nutriente 2 estão presentes em um quilograma da mistura de rações?


a) 389 mg.
b) 330 mg.
c) 280 mg.
d) 210 mg.
e) 190 mg.

4
Matemática

1 1 2 5 0 −3
9. Sejam A= ( )e B= ( )e é a transposta de B. O produto da matriz A pela matriz
4 −3 0 1 −2 6
é:

9 2 10
a) (−8 6 0)
21 −21 −6
5 0 −6
b) ( )
4 6 0

5 4
c) ( 0 6)
−6 0

−1 11
d) ( )
20 10

−1 10
e) ( )
−2 101

10. Uma metalúrgica produz parafusos para móveis de madeira em três tipos, denominados soft,
escareado e sextavado, que são vendidos em caixas grandes, com 2000 parafusos e pequenas, com
900, cada caixa contendo parafusos dos três tipos. A tabela 1, a seguir, fornece a quantidade de
parafusos de cada tipo contida em cada caixa, grande ou pequena. A tabela 2 fornece a
quantidade de caixas de cada tipo produzida em cada mês do primeiro trimestre de um ano.

200 500
1500 2200 1300
Associando as matrizes 𝐴 = [400 800] e 𝐵 = [ ] às tabelas 1 e 2, respectivamente,
1200 1500 1800
300 700
o produto A × B fornece
a) o número de caixas fabricadas no trimestre.
b) a produção do trimestre de um tipo de parafuso, em cada coluna.
c) a produção mensal de cada tipo de parafuso.
d) a produção total de parafusos por caixa.
e) a produção média de parafusos por caixa

5
Matemática

Gabarito

1. A

2. B
Pelo enunciado, A= (aij )2x3 e AB = I2 . Além disso, B = (bij )3x2 tem a lei de formação bij = i- 2j,
−1 −3
portanto B =( 0 −2). Sendo assim:
1 −1
−1 −3
0 a b 1 0
A ∙ b = I2 ⟺ ( ) ∙ ( 0 −2) =
0 c d 0 1
1 −1
b −2a − b 1 0
⟺( )=( )
d −2c − d 0 1
a = −1
b=1
⟺ c=1
2

{d=0
O maior elemento é o B que vale 1.

3. C
−10 27 3 −1 a b −10 27
B∙A=[ ]⟹[ ]∙[ ]=[ ]
21 −39 −5 2 c d 21 −39
3a − c 3b − d 10 27
[ ]=[ ]
−5a + 2c −5b + 2d 21 −39
3a − c a=1
{ ⟹⟨
−5a + 2c c = 13
3b − d b = 15
{ ⟹⟨
−5b + 2d d = 18
a + b + c + d = 1 +13 + 15 + 18 = 47

6
Matemática

4. B

5. D
Conforme dados das tabelas: C = 0,1 ∙ 0,45 + 0,4 ∙ 0,25 + 0,5 ∙ 0,30 → C = 0,295/kg

6. E
A média de cada matéria é a soma das notas dividindo por 4, e a única matriz que posibilita esta
condição é a da alternativa E.
1 5,9 + 6,2 + 4,5 + 5,5
4 4
5,9 6,2 4,5 5,5 1 6,6 + 7,1 + 6,5 + 8,4
6,6 7,1 6,5 8,4 4 4
[ ]∙ =
8,6 6,8 7,8 9,0 1 8,6 + 6,8 + 7,8 + 9
6,2 5,6 6,9 7,7 4 4
1 6,2 + 5,6 + 5,9 + 7,7
[4] 4

7. B

8. A
Fazendo o produto das matrizes
35%
[340 520 305 485] ∙ [25%] = 340 ∙ 0,35 + 520 ∙ 0,25 + 305 ∙ 0,30 + 485 ∙ 0,10 = 389mg
30%
10%

7
Matemática

9. D
5 1
1 1 2 5+0 1 − 2 + 12 −1 11
( )∙( 0 −2) = ( )=( )
4 −3 0 20 + 0 + 0 4+6+0 20 10
−3 6

10. C
Se cada linha da matriz A representa o tipo de parafuso e cada coluna da matriz B represente o mês da
produção, o produto das matrizes será a produção mensal de cada tipo de parafuso.

8
Matemática

Números complexos: segunda fórmula de Moivre

Resumo

2ª lei de Moivre
Dado um número complexo z = a + bi e o número complexo u tal que u = z . Chamamos u de raiz de z.
n

Para encontrar seu valor, usando a fórmula:

   + 2 k    + 2 k  
zw = n  cos   + isen  
  n   n 
•  é o módulo do número complexo do qual queremos tirar a raiz.
•  é o argumento do número complexo do qual queremos tirar a raiz.
• n é o índice da raiz.
• k é o índice que deverá ser ajustado a fim de determinar as raízes. Por exemplo, se quisermos tirar a
raiz quadrada de um número, então devemos aplicar k = 0 e k = 1. Por outro lado, se quisermos tirar a
raiz cúbica, fazemos k = 0, k = 1 e k = 2 . E por aí vai, com k sempre começando valendo 0.
Essa relação é conhecida como 2ª lei de Moivre.

Exemplo: Dado o número complexo z = 2 + 2 3i , calcule as raízes quadradas de z.


Repare que, para usarmos a segunda lei de Moivre, precisamos escrever o número z em sua forma
trigonométrica:
1° passo: achando o módulo de z.

z = a 2 + b2
2

( 2) ( )
2
= z = + 2 3 = 4 + 12 = 16 = 4
2

2° passo: achando o argumento de z.

b
2 3 3 
sen = = = 
 4 2 
 = 60
a 2 1
cos  = = = 
 4 2 

3° passo: aplicar a fórmula da segunda lei de Moivre.


Aqui, é importante reparar que, como queremos tirar a raiz quadrada do número z, sabemos que
encontraremos dois resultados. Semelhante à equação a qual estamos acostumados, x = 4  x = 2 , por
2

exemplo, em que encontramos dois valores para a variável x.


Assim, essas duas raízes surgem justamente da alteração da constante k. Ou seja, como queremos duas
raízes, a primeira surgirá quando k = 0 e a segunda, quando k = 1.

1
Matemática

Para k = 0, temos:

  60 + 2  0     60 + 2  0    
z2 = 4 cos   + isen  
  2   2 
  60   60    3 1
z2 = 4 cos   + isen    = 2 ( cos 30 + isen30 ) = 2  + i   = 3 + i
  2   2   2 2
Para k = 1, temos:

  60 + 2 1     60 + 2 1    
z2 = 4 cos   + isen  
  2   2 
  420   420    3 1
z2 = 4 cos   + isen    = 2 ( cos 210 + isen210 ) = 2  − − i   = − 3 − i
  2   2   2 2

Finalmente, as raízes de z são 3 +i e − 3 −i.

2
Matemática

Exercícios

1. Seja z = 1+ i . Calcule o valor de .

  ( 2k + 1)    ( 2k + 1)  
a) 8
2  cos   + isen    , para k = 0, 1, 2 e 3.

  4   4 
  ( 2k + 1)    ( 2k + 1)  
2  cos   + isen    , para k = 1, 2, 3 e 4.
8
b)

  4   4 
  ( 2k + 1)    ( 2k + 1)  
c) 2  cos 
  + isen    , para k = 0, 1, 2 e 3.
  4   4 
  ( 2k + 1)    ( 2k + 1)  
d) 2  cos 
  + isen    , para k = 1, 2, 3 e 4.
  4   4 
  ( 2k + 1)    ( 2k + 1)  
2  cos   + isen    , para k = 0, 1, 2 e 3.
4
e)

  4   4 

2. Um matemático, observando um vitral com o desenho de um polígono inscrito em um círculo, verificou


que os vértices desse polígono poderiam ser representados pelas raízes cúbicas complexas do número
8. A área do polígono observado pelo matemático equivale a:
a) √3
b) 2√3
c) 3√3
d) 4√3

  
3. w = 2  cos + isen  é uma das raízes cúbicas do complexo z. As demais raízes são:
 6 6
a) −2i, − 2 3 + i
b) 3i, 5i
c) 2i, 8i + 6
d) 5i, 2
3 + 7i

3
Matemática

4. O conjunto dos números complexos pode ser representado em um plano munido do sistema de
coordenadas cartesianas usual. As raízes da equação x − 9 = 0 , quando representadas no plano,
4

correspondem a pontos que são vértices de um


a) Trapézio.
b) Losango (não quadrado).
c) Paralelogramo cuja medida do maior lado é três vezes a medida do menor.
d) Quadrado.

5. O produto das raízes cúbicas do número complexo z = −1 é igual a

  
a)  cos + isen 
 3 3

1 − 3i
b)
4
1 3
c) − + i
2 4
1+ 2
d) i
3
e) −1

6. Na iluminação da praça, três novas luminárias são instaladas do seguinte modo: uma dessas
luminárias é instala na bissetriz do primeiro quadrante; a distância de uma delas ao ponto de encontro
das linhas centrais dos dois passeios é 20 metros; a distância entre cada par dessas luminárias é a
mesma. Quais números complexos a seguir representam os pontos onde foram instaladas as três
luminárias?

    11 11   19 19 


a) z1 = 20  cos + isen  ; z2 = 20  cos + isen  ; z3 = 20  cos + isen 
 4 4  12 12   12 12 
       2 2 
b) z1 = 20  cos + isen  ; z2 = 20  cos + isen  ; z3 = 20  cos + isen 
 4 4  6 6  3 3 
  11 11 19 19
c) z1 = cos + isen ; z2 = cos + isen ; z3 = cos + isen
4 4 12 12 12 12
    2 2
d) z1 = cos + isen ; z2 = cos + isen ; z3 = cos + isen
3 3 12 12 3 3
    5 5 
e) z1 = 20  cos + isen  ; z2 = 20 ( cos  + isen ) ; z3 = 20  cos + isen 
 3 3  6 6 

4
Matemática

 3 3 
7. Qual é a raiz cúbica do complexo z = 8  cos + isen ?
 2 2 
a) 2i
b) 3i
c) 4i
d) 5i
e) 6i

8. O diagrama que melhor representa as raízes cúbicas de -i é:


a)

b)

c)

d)

e)

5
Matemática

9. Sejam x1, x2 e x3 as raízes da equação x + 1 = 0 , tomndo como base o conjunto dos números
3

complexos. Ao representarmos geometricamente essas raízes no plano de Argand-Gauss, obtemos um


triângulo, cujos vértices são os afixos de x1 , x2 e x3 .
A área do triângulo é:

3
a)
4
3
b)
4
2 3
c)
4
3 3
d)
4
3
e)
2

10. Três números são representados, no plano complexo, sobre uma circunferência com centro na origem,
dividindo-a em três partes iguais.

Sabendo que um dos números é 3 − i , quais são os outros dois?


a) − 3 −i e 2i
b) 3 +i e 2i
c) − 3 −i e −2i
− 3 −i
d) e i
2
3+i
e) e i
2

6
Matemática

Gabarito

1. A
Tem-se que:
4 π 2kπ π 2kπ 8 (2k + 1) π (2k + 1) π
𝑢𝑘 = √√2 (cos ( + ) + 𝑖 sin ( + )) = √2 (cos ( ) + 𝑖 sin ( ))
4 4 4 4 4 4

Dessa forma,
8
8 π π √2√2
𝑢0 = √2 (cos ( ) + 𝑖 sin ( )) = (1 + 𝑖)
4 4 2
8
8 3π 3π √2√2
u1 = √2 (cos ( ) + 𝑖 sin ( )) = (−1 + 𝑖)
4 4 2
8
8 5π 5π √2√2
𝑢2 = √2 (cos ( ) + 𝑖 sin ( )) = (1 + 𝑖)
4 4 2
8
8 7π 7π √2√2
𝑢3 = √2 cos + 𝑖 sin = (1 + 𝑖)
4 4 2

2. C
x3 - 8 = 0.
Por Briot – Ruffini:
(x – 2)(x2 + 2x + 4) = 0
Resolvendo para a segunda equação, usando Bhaskara, temos:
(x – 2)[x – (-1 - i√3)](x - (-1 + i√3)) = 0
Agora, vamos calcular a área do triângulo cujos vértices são os pontos:
A(2, 0); B(-1, √3); C(-1, -√3).

3. A
Como dito no enunciado, z = w³. Calculando w³:
3π 3π
𝑤 3 = 23 (cos + 𝑖sen ) = 8(cos90° + 𝑖sen90º) = 8𝑖
6 6
Agora, calculamos as raízes cúbicas de 𝑧 = 8(𝑐𝑜𝑠90º + 𝑖𝑠𝑒𝑛90º).
Usando a segunda fórmula de Moivre, temos:
π 2kπ π 2kπ
𝑤 = 2 [cos ( + ) + 𝑖sen ( + )]
6 3 6 3
Fazendo k = 0, 1 e 2, encontramos os valores: -2i, √3 + i e -√3 + i.

7
Matemática

4. D
4
Sendo x = √9 , tem-se que o número complexo 9 possui 4 raíes de ordem 4. As imagens dessas raízes
4
dividem a circunferência de centro (0,0) e raio r = √9 = √3 em quatro arcos congruentes. Portanto, tais
imagens correspondem aos vértices de um quadrado.

5. E
O produto das raízes cúbicas do número completo z=1 corresponde ao produto das raízes da equação
1
algébrica x 3 + 1 = 0 . Portanto, das Relações de Girard, segue que o resultado oedido é − = −1 .
1

6. A
Os pontos dividem a circunferêcia de raio 20 em 3 partes iguais, portanto, cada arco que separa duas

iluminárias deverá medir 120º ou rad. Logo, a resposta correta é a letra A, pois os argumentos
3
π 11π 19π 2π
apresentatos , e formam uma P.A. de razão rad.
4 12 12 3

7. A
A raiz quadrada do complexo z é dada pela segunda fórmula da Moivre, com n = 3:
3𝜋 3𝜋
+ 2𝑘𝜋 + 2𝑘𝜋
8
𝑢 = √8 [𝑐𝑜𝑠 ( 2 ) + 𝑖𝑠𝑒𝑛 ( 2 )]
3 3
Para k = 0, temos:
     
u = 3 cos   + isen    = 3i
 2  2 

8. B
3 3
Escrevendo –i na forma trigonométrica, temos −i = cos + isen .
2 2
Pela segunda fórmula de moivre, podemos fazer:
  3   3 
  2 + 2 k   2 + 2 k     2 k    2 k 
3
−i = 1  cos 
3
 + isen    =  cos  +  + isen  + 
  3   3    2 3  2 3 
    
   
Para k = 0, temos cos   + isen   = i
2 2
  2    2  3 1
Para k = 1, temos cos  +  + isen  + =− − i
2 3  2 3  2 2
  4    4  3 3 3 1
Para k = 2, temos cos  +  + isen  + =− − i= − i
2 3  2 3  2 2 2 2
Assim, a o diagrama correto é o da letra B.

8
Matemática

9. D

10. A

Escrevendo o número 3 −i na forma trigonométrica, temos:

3 − i = 2 ( cos 330 + isen330 )


Aplicando a terceira lei de moivre, temos que as raízes estão separadas por 120°, assim, as outras duas
raízes são:

→ 2 ( cos ( 330 + 120 ) + isen ( 330 + 120 ) ) = 2 ( cos ( 90 ) + isen ( 90 ) ) = 2i
→ 2 ( cos ( 330 + 240 ) + isen ( 330 + 240 ) ) = 2 ( cos ( 210 ) + isen ( 210 ) ) = − 3 − i

9
Matemática

Pediu pra parar parou - Setembro

Exercícios

1. De quantas maneiras diferentes podemos escolher seis pessoas, incluindo pelo menos duas mulheres,
de um grupo composto de sete homens e quatro mulheres?
a) 210
b) 250
c) 371
d) 462
e) 756

2. Tomando os algarismos ímpares para formar números com quatro algarismos distintos, a quantidade
de números divisíveis por 5 que se pode obter é:
a) 12.
b) 14.
c) 22.
d) 24.
e) 26.

3. No desenho a seguir, as linhas horizontais e verticais representam ruas, e os quadrados representam


quarteirões. A quantidade de trajetos de comprimento mínimo ligando A e B que passam por C é:

a) 12
b) 13
c) 15
d) 24
e) 30

1
Matemática

4. Dois candidatos, 𝐴 e 𝐵, disputam a presidência de uma empresa. A probabilidade de o candidato 𝐴


vencer é de 0,70; ao passo que a de 𝐵 vencer é de 0,30. Se o candidato 𝐴 vencer essa disputa, a
probabilidade de Heloísa ser promovida a diretora dessa empresa é de 0,80; já se o candidato 𝐵 vencer,
essa probabilidade será de 0,30.
A probabilidade de Heloísa, após a disputa da presidência dessa empresa, ser promovida a diretora, é
de:
a) 0,50
b) 0,45
c) 0,65
d) 0,56
e) 0,55

5. Uma urna possui 5 bolas verdes e 4 amarelas. São retiradas duas bolas aleatoriamente e sem
reposição. A probabilidade de ter saído bolas de cores diferentes é:
5
a)
9
5
b)
18
5
c)
12
9
d)
17
20
e)
17

6. Um laboratório está desenvolvendo um teste rápido para detectar a presença de determinado vírus na
saliva. Para conhecer a acurácia do teste é necessário avaliá-lo em indivíduos sabidamente doentes e
nos sadios. A acurácia de um teste é dada pela capacidade de reconhecer os verdadeiros positivos
(presença de vírus) e os verdadeiros negativos (ausência de vírus). A probabilidade de o teste
reconhecer os verdadeiros negativos é denominada especificidade, definida pela probabilidade de o
teste resultar negativo, dado que o indivíduo é sadio. O laboratório realizou um estudo com 150
indivíduos e os resultados estão no quadro.

Resultado do Doentes Sadios Total


teste da
saliva
Positivo 57 10 67
Negativo 3 80 83
Total 60 90 150

Considerando os resultados apresentados no quadro, a especificidade do teste da saliva tem valor igual
a:
a) 0,11
b) 0,15
c) 0,60
d) 0,89
e) 0,96

2
Matemática

7. A figura a seguir mostra o vetor 𝑣⃗ representado no plano cartesiano.

A representação e o módulo desse vetor são, respectivamente,


a) 𝑣⃗ = (5,  1) e |𝑣⃗| = 3
b) 𝑣⃗ = (3,  0) e |𝑣⃗| = 3
c) 𝑣⃗ = (−3, −4) e |𝑣⃗| = 4
d) 𝑣⃗ = (−3, −4) e |𝑣⃗| = 5
e) 𝑣⃗ = (−1, −4) e |𝑣⃗| = 5

8. A Bíblia nos conta sobre a viagem de Abraão à Terra Prometida. Abraão saiu da cidade de Ur, na
Mesopotâmia (atual Iraque) e caminhou até a cidade de Harã. Depois, caminhou até Canaã, a Terra
prometida (atual Israel). Fixando um sistema de coordenadas cartesianas retangulares, em um mapa
do Mundo Antigo, considere a cidade de Canaã localizada no ponto O = (0,0), a cidade de Harã
localizada no ponto H = (2, 7/2), a cidade de Ur localizada no ponto U e o vetor UH = (- 1/2, 11/2) .
Nesse sistema de coordenadas, pode-se afirmar que o ponto U é:
a) (5/2, -2)
b) (2, -2/5)
c) (-2, 2/5)
d) (-2/5, 5/2)
e) (5, 2/5)

9. A parte real das raízes complexas da equação 𝑥 2 − 4𝑥 + 13 = 0, é igual a


a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) -1

3
Matemática

10. Uma estratégia para obter efeito humorístico em quadrinhos é atribuir a objetos abstratos
características e ações tipicamente humanas. A figura a seguir é um exemplo de aplicação desse
recurso.

Supondo que cada número diga uma verdade matemática sobre si mesmo, relacione as frases (de I a
IV) aos balões de diálogo (de A a D).
I. Meu cubo é irracional.
II. Sou racional.
III. Sou puramente imaginário.
IV. Meu inverso multiplicativo coincide com meu conjugado.

Assinale a alternativa que contém a associação correta.


a) I-B, II-C, III-A, IV-D.
b) I-C, II-B, III-A, IV-D.
c) I-D, II-A, III-C, IV-B.
d) I-D, II-A, III-B, IV-C.
e) I-D, II-C, III-B, IV-A.

4
Matemática

Gabarito

1. C
A escolha poderá ser feita das seguintes maneiras:
4! 7!
I. 2 mulheres e 4 homens: 𝐶4,2 ⋅ 𝐶7,4 = ⋅ = 6 ⋅ 35 = 210
2!⋅2! 4!⋅3!
4! 7!
II. 3 mulheres e 3 homens: 𝐶4,3 ⋅ 𝐶7,4 = ⋅ = 4 ⋅ 35 = 140
3!⋅1! 3!⋅4!
4! 7!
III. 4 mulheres e 2 homens: 𝐶4,4 ⋅ 𝐶7,2 = ⋅ = 1 ⋅ 21 = 21
4!⋅0! 2!⋅5!

Logo, o número de maneiras de se escolher 6 pessoas, com pelo menos duas mulheres, será dado por:
210 + 140 + 21 = 371.

2. D
Como os números devem ser divisíveis por 5, o último algarismo deve ser 5.
Então devemos formar números com 3 algarismos distintos escolhidos dentre os números do conjunto
{1,  3,  7,  9}.
Assim, pelo princípio multiplicativo, temos:
4 ⋅ 3 ⋅ 2 = 24

3. E
Para ele ir de A até C:
Permutação de 5(total de ruas que se anda até chegar em C, partindo e A) com repetição de 3(ruas
horizontais) e 2(ruas verticais) => P5(3,2)
Para ele ir de C até B:
Permutação de 3 com repetição de 2 e 1 , utilizando a mesma lógica explicada anteriormente.
P3(2,1)
Sendo assim, para se ir de A até B, passando por C:
P5(3,2) x P3(2,1) = 5!/3!2! x 3!/1!2! = 30.

4. C
A resposta é dada por 0,7 ⋅ 0,8 + 0,3 ⋅ 0,3 = 0,65.

5. A
(Considerando que 𝑃 seja a probabilidade pedida, temos:)/
𝑃 = (probabilidade de se retirar uma bola amarela e depois uma verde) + (probabilidade de se retirar uma
bola verde e depois uma amarela)
Portanto:
4 5 5 4 40 5
𝑃= ⋅ + ⋅ = =
9 8 9 8 72 9

6. D
80
O resultado é dado por 𝑃(negativo|sadio) = ≅ 0,89.
90

5
Matemática

7. D
Tem-se que 𝑣⃗ = (1,  1) − (4,  5) = (−3, −4). Portanto, segue |𝑣⃗|   = √(−3)2 + (−4)2 = 5.

8. A
7 1 11
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑈𝐻 = 𝐻 − 𝑈 = (2, ) − (𝑥, 𝑦) = (− , )
2 2 2
1 5
2–x=− →𝑥=
2 2
7 11
−𝑦 = → 𝑦 = −2
2 2

9. B
Do enunciado, temos:
−(−4) ± √(−4)2 − 4 ⋅ 1 ⋅ 13
𝑥=
2⋅1
4 ± √−36
𝑥=
2
4 ± 6𝑖
𝑥=
2
𝑥 = 2 ± 3𝑖
Logo, a parte real das raízes complexas é 2.

10. E
3
I. deve ser relacionada com a letra D, pois √7 = 7√7 (irracional)
9 9
II. deve ser relacionado com a letra C, pois ⋅ 𝑙𝑜𝑔√2 2 = ⋅ 2 = 9 (racional)
2 2
III. deve ser relacionado com a letra B, pois 2𝑖 é imaginário puro.
1+√3⋅𝑖 1−√3⋅𝑖 12 +3
IV. deve ser relacionado com a letra A, pois ⋅ = =1
2 2 4

Logo, a opção correta será dada por:


[E] I-D, II-C, III-B, IV-A

6
Matemática

Determinantes: Ordem 2 e Ordem 3

Resumo

Determinante é um número associado a uma matriz quadrada que tem inúmeras aplicações na Matemática,
dentre as quais podemos destacar as operações entre vetores na Álgebra Linear e o Teorema de Cramer para
a resolução de sistemas lineares. Vamos aprender a calcular determinantes!
Matriz quadrada de ordem 1: é o valor único da matriz.
A = [a11] → det A = a11

Matriz quadrada de ordem 2: é a diferença entre o produto dos termos das diagonais principal e secundária.

a b 
A= 
c d 
a b
det A = = ad − bc
c d
Exemplo:
1 1 
A= 
3 2 
det A = 2.1 − 3.1 = 2 − 3 = −1

Matriz quadrada de ordem 3: usamos a regra de Sarrus.


a b c 
A =  d e f 
 g h i 
a b c
det A = d e f =
g h i

det A = aei + bfg + cdh – ceg – afh – bdi


Exemplo:
1 3 4 
A = 0 0 1 
1 1 2 
Pela regra de Sarrus, duplicamos as duas primeiras colunas e fazer a conta:

1 3 41 3
detA = 0 0 1 0 0 = (1.0.2 ) + ( 3.1.1) + ( 4.0.1) - ( 4.0.1) - (1.1.1) - ( 3.0.2 ) = 0 + 3 + 0 - 0 -1- 0 = 2
1 1 21 1

1
Matemática

Exercícios

 a b  0 1  a   2 
1. É dada a matriz A=  onde a e b são números reais. Se   .   =   , então o
 −b a   3 5   b   22 
determinante de A é igual a:
a) 3b + 4a.

b) 2b 2 + a 2 .
c) b2 + 5 .
d) 5a + 2.
e) 5a.

3 + t −4 
2. Observe a matriz  3 t − 4  . Para que o determinante dessa matriz seja nulo, o maior valor real
 
de t deve ser igual a:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

3. Uma matriz é dita singular quando seu determinante é nulo. Então os valores de c que tornam singular
1 1 1
a matriz 1 9 c  são:
 
1 c 3
a) 1 e 3.
b) 0 e 9.
c) –2 e 4.
d) –3 e 5.
e) –9 e –3.

 cos x − sen x 
4. O valor do determinante   é:
 sen x cos x 
a) 1.
b) cos 2x.
c) sen 2x.
d) tg 2x.

e) cos 2 x – sen 2 x

2
Matemática

1 a 1
 
5. Sabendo que a e b são números reais, considere a matriz quadrada de ordem 3, A = b 1 a Se a
 
2 b 2
 
soma dos elementos em cada linha da matriz A tem sempre o mesmo valor, então o determinante de
A é igual a:
a) 0
b) 2
c) 5
d) 10
e) 12
1
0 log3 3 log 1
3 3

6. O valor do determinante 1 log3 27 log 1 27 é:


3

0 log3 81 log 3 243

a) 0
b) 1
c) –1
d) 3
e) 1/3

 x 2 1
7.  
Se o determinante da matriz A = 1 −1 1 é nulo, então:
 
 2 x −1 3 
 
a) x = –3.
7
b) x=− .
4
c) x = –1.
d) x = 0.
7
e) x=4.

3
Matemática

p 2
8. Sabendo que p é um número real, considere a matriz A= e a sua transposta 𝐴𝑇 . Se 𝐴 + 𝐴𝑇
0 p 
é singular (não invertível), então:
a) p=0
b) |p|=1
c) |p|=2
d) p=3
e) p=4

-3 0 
M = 
9. Considere a matriz  4 5  . Os valores de K que tornam nulo o determinante da matriz M – K.I,
sendo I a matriz identidade, são:
a) 0e4
b) 4e5
c) -3 e 5
d) -3 e 4
e) 0e5

x y 3x + 1 8
10. Sendo = 6 , o valor de é:
1 1 3y +1 8

a) 6.
b) 8.
c) 24.
d) 128.
e) 144

4
Matemática

Gabarito

1. E
 0 1  a   2 
  .  =  
 3 5   b   22 
 b  2
 = 
 3a + 5b   22 
b=2
3a + 5.2 = 22
3a = 12
a=4
 a b   4 2
A= = 
 −b a   −2 4 
DetA = 20 = 5a

2. A

3. D
Calculando-se o determinante pela regra de sarrus e igualando a 0:
27 + c + c − 9 − c ² − 3 = 0
−c ² + 2c + 15 = 0
c ² − 2c − 15 = 0
c ' = −3
c" = 5

4. A
Calculando o determinante temos cos²x-(-sen²x)=cos²x+sen²x=1 (relação fundamental da
trigonometria)

5
Matemática

5. D

6. C

7. E
Aplicando a regra de sarrus temos
−3x + 4 x − 1 + 2 x + x − 6 = 0
7
x=
4

8. B

6
Matemática

9. C
Seja i a identidade de ordem 2

1 0  K 0 
K .I = K  = 
0 1  0 K 
 −3 − K 0 
M − K .I =  
 4 5− K 
Para det (m-k.i)=0
-3-k=0 ou 5-k=0
Logo k=-3 ou k=5

10. E
x y
=6→ x− y =6
1 1
3x + 1 8
→ 24 x + 8 − 24 y − 8 = 24( x − y ) = 24.6 = 144
3y +1 8

7
Matemática

Matrizes: Matriz inversa

Resumo

Dada uma matriz A, dizemos que a matriz A-1 sua inversa se A . A-1 = In. Onde 𝛪 n é a matriz identidade. Quando
existe a matriz inversa de A, dizemos que A é uma matriz invertível ou não singular.

5 8
A=
Exemplo: Verifique se existe e, em caso afirmativo, determine a matriz inversa de 
2 3
a b   5 8  a b   1 0
Seja B a matriz quadrada de ordem 2 procurada, temos: B =   , temos:   = 
c d  2 3  c d  0 1

 5a + 8c 5b + 8d   1 0 
 = 
 2a + 3c 2b + 3d   0 1 
 5a + 8c = 1
 → a = −3, c = 2
2a + 3c = 0
5b + 8d = 0
 → b = 8, d = −5
 2b + 3d = 1

 −3 8 
Logo, A é invertível e sua inversa é  .
 2 −5 

1
Matemática

Exercícios

5 0 1 −2
1. Determine uma matriz invertível P que satisfaça a equação P-1. A = [ ] , sendo A= [ ].
0 −2 3 3
5 10
3 9
a) P = [2 2]

3 9

b) P = [210 ]
6 −15
1 2 10
c) P= [ ]
10 3 −3

− 29 − 23
d) P=[ ]
− 10
9
5
3
1
1
5
e) P =3[3 3]

2 2

𝑎2𝑎 + 1
2. Considere a matriz A=[ ] em que a é um número real. Sabendo que A admite
𝑎−1𝑎+1
2𝑎 − 1
inversa cuja primeira coluna é [ ], a soma dos elementos da diagonal principal de é
1
igual a
a) 5
b) 6
c) 7
d) 8
e) 9

2 0 −1
3. A matriz inversa de A=[2 1 10 ] é:
0 0 −1
−2 0 1
a) A=[−2 −1 −10]
0 0 1
1/2 0 −1/2
b) A=[ −1 1 11 ]
0 0 −1
2 2 0
c) A=[ 0 1 0]
−1 10 −1
−2 −2 0
d) A=[ 0 −1 0]
1 −10 1
−1/2 0 1/2
e) A= [ 1 1 11 ]
0 0 −1

2
Matemática

−1 0
4. A matriz quadrada M=[ ] representa uma mensagem codificada. A mensagem decodificada é
0 2
𝑥 𝑦
a matriz quadrada 𝑀−1 = [ ], tal que M −1 é a inversa da matriz M. Sendo assim, o valor de
𝑧 𝑤
x+y+z+w é:
a) –1
b) 0
c) 1

d) 1
2
e) – 1
2

−𝑗 𝑖 , 𝑠𝑒 𝑖 = 𝑗 −1
5. Seja 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 )22 uma matriz tal que 𝑎𝑖𝑗 = { . A inversa da matriz A, denotada por A
(−𝑖)𝑗 , 𝑠𝑒 𝑖 ≠ 𝑗
é a matriz:
−2 1/2
a) [ ]
1 −1/2
−2 1/2
b) [ ]
−1 1/2
−1/6 −2/3
c) [ ]
1/6 −2/3
−1/6 −2/3
d) [ ]
1/6 2/3
−2/3 −1/6
e) [ ]
1/3 −1/6

1 0 1
6. O elemento da segunda linha e terceira coluna da matriz inversa da matriz (2 1 0) é:
0 1 1
2
a)
3
3
b)
2
c) 0
d) -2

e) −1
3

3
Matemática

1 2
7. Calcular x tal que a matriz A=[ ] seja igual a sua inversa:
0 𝑥
a) -2
b) 1
c) -1
d) 2
e) 0

1 2 𝑥 −1
8. Sejam as matrizes 𝐴 = [ ] e M=[
−1 𝑦
] onde x e y são números reais e M é a matriz inversa
2 6
de A. Então o produto xy é:
3
a)
2
2
b)
3
1
c)
2
3
d)
4
4
e)
1

9. João comeu uma salada de frutas com a, m e p porções de 100g de abacaxi, manga e pera,
respectivamente, conforme a matriz X. A matriz A representa as quantidades de calorias, vitamina C e
cálcio, em miligramas, e a matriz B indica os preços, em reais, dessas frutas em 3 diferentes
supermercados. A matriz C mostra que João ingeriu 295,6cal, 143,9mg de vitamina C e 93mg de cálcio.

Considerando que as matrizes inversas de A e B são A -1 e B-1, o custo dessa salada de frutas, em
cada supermercado, é determinado pelas seguintes operações:
a) B.A-1.C
b) C.A-1.B
c) A-1.B-1.C
d) B-1.A-1.C
e) C.A.B-1

4
Matemática

√3
𝑘
2
10. Dada a matriz M= ( ) , se M −1 = M t , então K pode ser:
√3
−𝑘
2
√3
a)
4

√3
b) −
4
1
c)
4

√3
d) −
24
1
e)
2

5
Matemática

Gabarito

1. E
𝑥 𝑦
Seja p= [ ].
𝑧 𝑤

2. A
A.A-1 = I2
a 2a + 1 2a − 1 x 1 0
[ ]∙ [ ]=[ ]
a−1 a+1 −1 y 0 1
a. (2a − 1) − (2a + 1) = 1
Temos o sistema {
(a − 1) ∙ (2a − 1) − 1(a + 1) = 1
2 5 3 −5
Resolvendo o sistema temos a = 2, A = [ ] e A−1 = [ ] 2,
1 3 −1 2
Portanto, a soma dos elementos da diagonal principal é 3 + 2 = 5

3. B
2 0 −1 a b c 1 0 0
[2 1 10 ] ∙ [d e f ] = [0 1 0]
0 0 −1 g h i 0 0 1
2a − g = 1 → a 1/2
{2a + d + 10g = 0 → d = −1
−g = 0 → g = 0
2b − h = 0 → b = 0
{2b + e + 10h = 1 → e = 1
−h = 0 → h = 0
2c − i = 0 → c = −1/2
{2c + f + 10i = 0 → f = 11
−i = 1i = −1
1 1
a b c 0 −
[d e f ] = [ 2 2]
g h i −1 1 11
0 0 −1

6
Matemática

4. E

5. E

6. A
Para descobrir a inversa, calculamos:
1 0 1 𝑎 𝑏 𝑐 1 0 0
[ 2 1 0] ∙ [ 𝑑 𝑒 𝑓 ] = [0 1 0]
0 1 1 𝑔 ℎ 𝑖 0 0 1
Como a questão pede apenas o 𝑎23 , só precisamos descobrir o elemento 𝑎23 da matriz inversa, nesse
caso o f. Fazendo o produto da matriz pela última coluna da matriz inversa temos:
c + 1 = 0 → C = −i → c = −1 + f
2
2c = f = 0 → 2(−1 = f) + f = 0 → 3f = 2 → f −
3
f =1=1→i=1−f

7. C
Como 𝐴 = 𝐴−1 então a.a=i, ou seja:
1 2 1 2 1 0
[ ]∙[ ]=[ ]
0 𝑥 0 𝑥 0 1
Multiplicando a primeira linha da matriz a pela segunda coluna da matriz inversa, temos:
2 + 2x = 0
X = -1

7
Matemática

8. A
1 2 x −1 1 0
[ ]∙[ ]=[ ]
2 6 −1 y 0 1
x−2=1→x=3
1
−1 + 2y = 0 → y =
2
1 3
xy = 3 ∙ =
2 2

9. A
O produto de a por x calcula a quantidade de calorias, vitamina c e cálcio consumidos. Igualando esse
produto a c, calculamos os valores de a, m e p. O produto de b por x calcula o gasto em cada
supermercado. Seja g a matriz dos gastos:
A.X = C
(A−1 .A).X = A−1 .C
I.X = A−1 .C → X = A−1 .C
G = B.X → B. A−1 .C

10. E

√3
𝐾
𝑀= 2
√3
−𝐾
( 2)
√3
𝐾
𝑀−1 = 𝑀 = 2
√3
−𝐾
( 2)
√3/2 𝐾 √3/2 −𝐾 1 0
( )∙( )=[ ]
−𝐾 √3/2 𝐾 √3/2 0 1

3 1 1
= 𝐾 2 = 1 → 3 + 4𝐾 2 = 4 → → 𝐾 =
4 4 2
1 1
𝐾 = 2 ou 𝐾 = − 2

8
Matemática

Polinômios: Definição, grau, identidade

Resumo

Polinômios
Um polinômio é toda expressão do tipo:

𝑃 (𝑥 ) = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 𝑛 + 𝑎0
Em que:
𝑎𝑛 , 𝑎𝑛−1 , … , 𝑎1 , 𝑎𝑎 são coeficientes.
x é variável.
a0 é o termo independente.
𝑛 é o grau do polinômio, se an ≠ 0.

Grau de um Polinômio
O grau de um polinômio é o valor do maior expoente de x, desde que o coeficiente dessa potência seja
diferente de 0.
Exemplo:
𝑃 (𝑥) = 2𝑥 3 − 7𝑥 + 6 → 𝐺𝑟(𝑃 ) = 3
𝑃 (𝑥) = 3𝑥 53 − 𝑥 4 + 2 → 𝐺𝑟(𝑃 ) = 5

Identidades Polinomiais
Polinômio Identicamente Nulo
Diz-se que um polinômio é identicamente nulo quando seu valor numérico é 0, qualquer que seja o valor de x.
Para tal, todos os seus coeficientes são nulos.

𝑃(𝑥 ) = 0 ⟺ ∀𝑥; 𝑃 (𝑥 ) = 0

Polinômios Idênticos
Dois polinômios são idênticos quando seus valores numéricos são iguais, qualquer que seja o valor atribuído
a x. Para tal, os coeficientes dos termos de mesmo grau desses polinômios são iguais.

𝑃 (𝑥 ) = 𝑄 (𝑥 ) ⟺ ∀𝑥; 𝑃 (𝑥 ) = 𝑄(𝑥)

1
Matemática

Exercícios

1. Qual é o grau do polinômio 𝑃 (𝑥) = 10𝑥 6 − 𝑥 5 + 3𝑥 3 − 5𝑥 2 + 13?


a) 0
b) 2
c) 5
d) 6
e) 7

2. Dados os polinômios 𝑝(𝑥) = (𝑎 − 1)𝑥 2 − (𝑎 − 𝑏)𝑥 + (2𝑎 − 𝑏 + 𝑐) e 𝑞(𝑥) = 4𝑥 2 − 5𝑥 + 1,


determine a, b e c para que tenhamos p(x)=q(x).
a) a = 6, b = 0 e c = –9
b) a = 5, b = 0 e c = –9.
c) a = 5, b = 1 e c = –9
d) a = 5, b = 0 e c = 6
e) a = 6, b = 1, c = 6

3. Os polinômios p(x), q(x), f(x), h(x) em ℂ , nessa ordem, estão com seus graus em progressão
geométrica. Os graus de p(x) e h(x), são respectivamente, 16 e 2. A soma do número de raízes de
q(x) com o número de raízes de f(x) é:
a) 24
b) 16
c) 12
d) 8
e) 4

4. Determine para que o polinômio 𝑝(𝑥) = (𝑚 − 4)𝑥 3 + (𝑚 5 − 16)𝑥 2 + (𝑚 + 4)𝑥 + 4 seja do


2º grau.
a) 4
b) 9
c) 6
d) Não há valor que satisfaça as condições.
e) 5

2
Matemática

5. Considerando o polinômio 𝑃 (𝑥) = 4𝑥 3 + 8𝑥 2 + 𝑥 + 1 é correto afirmar que o valor da soma,


1
𝑃 (−1) + 𝑃 (3)é um número localizado entre:
a) 5,0 e 5,5.
b) 4,0 e 4,5
c) 4,5 e 5,0
d) 5,5 e 6,0
e) 6,5 e 7,0

6. Se uma das raízes do polinômio𝑃 (𝑥) = 𝑥 4 − 8𝑥 2 + 𝑎𝑥 + 𝑏 é 2 e P(1) = 9, então o valor de 𝑎 5 − 4𝑏 é:


a) – 64
b) – 28
c) 16
d) 24
e) 36

7. Calcule os valores de a, b e c para que o polinômio 𝑝(𝑥) = 𝑎 (𝑥 + 𝑐)3 + 𝑏(𝑥 + 𝑑) seja idêntico a
𝑝(𝑥) = 𝑥 3 + 6𝑥 3 + 15𝑥 + 14 seja idêntico a .
a) 2, 5, 6
b) 1, 3, 2
c) 4, 5, 6
d) 1, 3, 6
e) 2, 4, 5

8. Quais são os valores de m, n e l, respectivamente, para os quais o polinômio 𝑝 (𝑥) = (2𝑚 − 1)𝑥 3 −
(5𝑛 − 2)𝑥 3 + 3 − 2𝑙) é nulo?
2 3 2
a) , ,
3 4 7
b) 3, 2, 5
1 2 3
c) , ,
2 5 2
2 1 9
d) , ,
6 5 6
1 1 5
e) , ,
2 5 6

3
Matemática

9. Considere 𝑃(𝑥) = 2𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐𝑥 , tal que P(1) = -2 e P(2) = 6. Assim, os valores de b e c são,


respectivamente,
a) 1e2
b) 1e–2
c) –1e3
d) –1e–3
e) –1e2

10. Considerando que 𝑝(𝑥) = 2𝑥 3 − 𝑘𝑥 2 + 3𝑥 − 2𝑘 , para que valores de k temos p(x) = 4?


a) 6
b) 2
c) 1
d) 3
e) 4

4
Matemática

Gabarito

1. D
Como sabemos, O grau de um polinômio é o valor do maior expoente de x. Assim, Gr(P) = 6.

2. B
p(x) = q(x)
(a – 1)x2 – (a – b)x + (2a – b + c) = 4x2 – 5x + 1
a–1=4
a=4+1
a=5
– (a – b) = –5
– (5 – b) = – 5
– 5 + b = –5
b=5–5
b=0
2a – b + c = 1
10 – 0 + c = 1
c = 1 – 10
c=–9
Portanto, para que os polinômios sejam iguais, os coeficientes devem valer: a = 5, b = 0 e c = –9.

3. C
1
Se q é a razão da progressão geométrica (16, 16, 16q2, 2), então 16q3 = 2 ⟺ 𝑞 = .
2
Em consequência, os graus de q e f são, respectivamente, iguais a 8 e 4. Portanto, a resposta é 8 + 4 = 12.

4. D
As condições para que o polinômio dado seja do 2º grau são as seguintes:
m–4=0
m=4
m2 – 16 ≠ 0
m2 ≠ 16
m≠4em≠–4
Para m = 4, temos:
p(x) = (m – 4)x3 + (m2– 16)x2 + (m + 4)x + 4
p(x) = (4 – 4)x3 + (42 – 16)x2 + (4 + 4)x + 4
p(x) = 0x3 + 0x2 + 8x + 4
p(x) = 8x + 4
Grau 1
Para m = –4, temos:
p(x) = (–4 – 4)x3 + ((–4) 2 – 16)x2 + (–4 + 4)x + 4
p(x) = –8x3 + 0x2 + 0x + 4
p(x) = –8x3 + 4
Grau 3
Não existe valor para m de forma que p(x) tenha grau 2.

5
Matemática

5. A
Tem-se que 𝑃(−1) = 4 ∙ (−1)3 + 8 ∙ (−1)2 − 1 + 1 = 4 e
1 1 3 1 2 1
𝑃 (− ) = 4 ∙ (− ) + 8 ∙ (− ) − + 1.
3 3 3 3
4 8 2
=− + +
27 9 3
−4 + 24 + 18
=
27
11
= 1+
27
Em consequência, vem:
1 11
𝑃(−1) + 𝑃 (− ) = 4 + 1 +
3 27
= 5 + 27
11 13,5
Portanto, como 5 < 5 + 27 < 5 + 27
= 5,5, segue o resultato.

6. A
Se P(2) = 0, então 24 − 8 ∙ 22 + 𝑎 ∙ 2 + 𝑏 = 0 ⟺ 2𝑎 + 𝑏 = 16.
Ademais, sendo P(1) = 9, vem 14 − 8 ∙ 12 + 𝑎 ∙ 2 + 𝑏 = 9 ⟺ 𝑎 + 𝑏 = 16
Resolvendo o sustema em x e y, obtemos a = 0 e b = 16.
Portanto, a resposta é 𝑎 5 − 4𝑏 = 05 − 4 ∙ 16 = −64.

7. B
a(x + c) 3 + b(x + d) = x3 + 6x2 + 15x + 14
a(x3 + 3x2c + 3xc2 + c3) + bx + bd = x3 + 6x2 + 15x + 14
ax3 + 3x2ac + 3axc2 + ac3 + bx + bd = x3 + 6x2 + 15x + 14
ax3 + 3x2ac + x(3ac2 + b) + (ac3 + bd) = x3 + 6x2 + 15x + 14
a=1
3ac = 6
3ac2 + b = 15
ac3 + bd = 14
Dessa forma:
3ac = 6
3 .1.c = 6
3c = 6
c=2
3ac² + b = 15
3.1.22 + b = 15
12 + b = 15
b=3
ac³ + bd = 14
1 .23 + 3.d = 14
8 + 3d = 14
3d = 14 – 8
3d = 6
d=2
Os números a, b e c são respectivamente 1, 3 e 2.

6
Matemática

8. C
2m – 1 = 0
2m = 1
m = 1/2

5n – 2 = 0
5n = 2
n = 2/5

3 – 2l = 0
–2l = –3
2l = 3
l = 3/2

9. D
Tem-se que 𝑃 (1) = −2 ⟺ 2 ∙ 13 + 𝑏 ∙ 12 + 𝑐 ∙ 1 = −2 ⟺ 𝑏 + 𝑐 = −4 e
𝑃 (2) = 6 ⟺ 2 ∙ 23 + 𝑏 ∙ 22 + 𝑐 ∙ 2 = 6 ⟺ 2𝑏 + 𝑐 = −5. Portanto, reslvendo o sistema formado por
essas equações, encontramos b = -1 e c = -3.

10. D
p(x) = 2x3 – kx2 + 3x – 2k
p(2) = 4
2.23 – k.22 + 3.2 – 2k = 4
16 – 4k + 6 – 2k = 4
– 4k – 2k = – 16 – 6 + 4
– 6k = –18(–1)
6k = 18
k=3
Temos que o valor de k é igual a 3.

7
Matemática

Operações com Polinômios

Resumo

Definição
Expressão polinomial ou polinômio na variável x é toda expressão da forma:

an xn + an−1xn−1 + an−2 xn−2 + ... + a2 x2 + a1x1 + a0


• an , an−1 ,, ..., a2 , a1 e a0 são números denominados coeficientes.
• n é um número inteiro positivo ou nulo.
• O maior expoente de x, com coeficiente não nulo, é o grau da expressão.
• As parcelas do polinômio são chamados de monômios.

Operações
Adição e subtração
Quando dois polinômios apresentam monômios semelhantes, podemos adicioná-los ou subtraí-los. Veja o
exemplo: A ( x ) = 3x 4 + 2 x 2
Sendo A ( x ) = 3x4 + 2x2 , B ( x ) = − x4 + 2x3 e C ( x ) = 2x3 + 4x2 , vamos calcular A ( x ) + B ( x ) − C ( x ) :
A ( x ) + B ( x ) − C ( x ) = ( 3x 4 + 2 x 2 ) + ( − x 4 + 2 x 3 ) − ( 2 x 3 + 4 x 2 ) =
A ( x ) + B ( x ) − C ( x ) = 3x 4 + 2 x 2 − x 4 + 2 x 3 − 2 x 3 − 4 x 2 = 2 x 4 − 2 x 2

Multiplicação
Multiplicamos cada termo de um polinômio por todos os termos do outro polinômio, usando a distributiva.
Veja o exemplo:
Sendo A ( x ) = ( 2x − 3) e B ( x ) = ( 3x 2 + 4 x − 5) , vamos calcular A ( x )  B ( x ) :

A ( x )  B ( x ) = ( 2 x − 3) ( 3x 2 + 4 x − 5) = 6 x3 + 8x 2 − 10 x − 9 x 2 − 12 x + 15
A ( x )  B ( x ) = 6 x3 − x 2 − 22 x + 15

Divisão

Dividir o polinômio P ( x ) pelo polinômio D ( x ) , sendo o grau de P ( x ) maior do que o de D ( x ) , significa


encontrar o quociente Q ( x ) e o resto R ( x ) , tais que: P ( x ) = D ( x ) .Q ( x ) + R ( x )
• Grau do quociente: Gr ( Q) = Gr ( P ) − Gr ( D )
• Grau do resto: Gr ( R )  Gr ( D )

1
Matemática

Agora, vamos aprender algumas técnicas para dividir polinômios!

Método da chave
Este método consiste em literalmente montar a conta de divisão na chave. Veja o exemplo:

Sejam f ( x ) = 2x3 − 4x2 + 3x − 8 e g ( x ) = x2 + 2x − 4 . Iremos dividir f ( x ) por g ( x ) . Primeiro


dispomos os polinômios na chave.
2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 3𝑥 − 8 𝑥 2 + 2𝑥 − 4
2
O objetivo é encontrar qual termo multiplicado por x irá resulta em 2x 3 . No caso, o termo que faz isso é 2x ,
2 x3
pois = 2 x . Ele é colocado no espaço do quociente.
x2
2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 3𝑥 − 8 𝑥 2 + 2𝑥 − 4 𝑥 2 + 2𝑥 − 4
2𝑥
Agora, distribuímos o 2x por todo o polinômio divisor, trocando o sinal de cada termo (para que sejam
subtraídos). O resultado é somado ao polinômio dividendo:
2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 3𝑥 − 8 𝑥 2 + 2𝑥 − 4
−2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 8𝑥 2𝑥
−8𝑥 2 + 11𝑥 − 8
Agora, o objetivo é encontrar um termo que multiplica x e resulta em −8x . Neste caso, o termo é −8 , não
2 2

é necessário colocar x pois o grau já é o mesmo. Ele é colocado ao lado do 2x que já estava no quociente:
2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 3𝑥 − 8 𝒙𝟐 + 2𝑥 − 4
−2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 8𝑥 2𝑥 − 8
−𝟖𝒙𝟐 + 11𝑥 − 8
Agora distribuímos −8 encontrado pelo divisor. Os resultados novamente são colocados abaixo do
dividendo, com os sinais trocados (para indicar que serão subtraídos).
2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 3𝑥 − 8 𝒙𝟐 + 2𝑥 − 4
−2𝑥 3 − 4𝑥 2 + 8𝑥 2𝑥 − 8
−8𝑥 2 + 11𝑥 − 8
+ 8𝑥 2 + 16𝑥 + 32
27𝑥 + 16
Agora repare que o resto da divisão ( 27 x + 16) possui grau 1 e o divisor possui grau 2. Quando o resto
possui grau menor do que o divisor, a divisão está encerrada. Assim, o quociente é 2 x − 8 e
o resto é 27 x + 16 .
𝑥 2 + 2𝑥 − 4
2𝑥 − 8

2
Matemática

Exercícios

A ( x ) = x2 − x + 1 , B ( x ) = ( x − 2 ) e C ( x ) = −3x , calcule A ( x ) + B ( x )  C ( x ) .
2
1. Se

a) −3x3 + 13x 2 − 13x + 1


b) 3x3 + 13x 2 + 13x + 1
c) −3x3 − 13x 2 − 13x + 1
d) 3x3 + 13x 2 + 13x − 1
e) −3x3 − 13x 2 − 13x − 1

2. Ao redor do jardim da casa de Carlos, vai ser construída uma calçada revestida de pedra. As medidas
estão em metros.

Escreva, na forma reduzida, um polinômio que expresse a área ocupada pela calçada.
a) 4 x 2 − 28 x
b) x 2 + 28 x
c) 4x 2 + x
d) x 2 − 28 x
e) 4 x 2 + 28 x

3. Seja p(x) um polinômio divisível por (x-2). Se dividirmos o polinômio P(x) por (x2+2x), obteremos como
quociente o polinômio (x2-2) e resto igual a R(x). Se R(3)=6, então, a soma de todos os coeficientes de
P(x) é igual a:
a) -38
b) -41
c) 91
d) 79

3
Matemática

4. Sejam Q ( x ) e R ( x ) o quociente e o resto, respectivamente, da divisão do polinômio


x3 − 6 x 2 + 9 x − 3 pelo polinômio x 2 − 5 x + 6 , em que x pertence aos reais.
O gráfico que representa a função real definida por P ( x ) = Q ( x ) + R ( x ) é:

a) c)

b)
d)

5. Qual é o polinômio que ao ser multiplicado por g ( x) = 3x3 + 2x2 + 5x − 4 tem como o resultado o
polinômio h( x) = 3x6 +11x5 + 8x4 + 9x3 −17x2 + 4x ?
a) x3 + x 2 + x
b) x3 + x 2 − x
c) x3 + 3x 2 + x
d) x3 + 3x 2 + 2 x
e) x3 + 3x 2 − x

(x − 1) ( x 2 + x + 2 ) é:
3 2
6. O termo independente de x no desenvolvimento da expressão algébrica
2

a) 4
b) -4
c) 8
d) -8

4
Matemática

7. P( x) = x4 − 8x2 + ax + b é 2 e P (1) = 9 , então o valor de a − 4b


5
Se uma das raízes do polinômio
é:
a) -64
b) -28
c) 16
d) 24

8. O resto da divisão de 2 ( 64
+ 1) por ( 232 + 1) é igual a:

a) 1
b) 0
c) 4
d) 2

9. O polinômio f ( x ) = x5 − x3 + x2 + 1 quando dividido por q ( x ) = x3 − 3x + 2 deixa resto r ( x ) .


Sabendo disso, o valor numérico de r ( −1) é
a) – 10
b) –4
c) 0
d) 4
e) 10

10. O quociente e o resto da divisão do polinômio x 2 + x − 1 pelo binômio x + 3 são, respectivamente:


a) x−2 e 5
b) x+2 e6
c) x −3 e 2
d) x +1 e 0
e) x − 1 e −2

11. Assinale a alternativa correta:


a) x 4 = ( x − 2 ) ( x3 + 2 x 2 − 8) + 16
b) x 4 = ( x − 2 ) ( x3 + 2 x 2 + 4 x + 8) + 16
c) x 4 = ( x − 2 ) ( x3 + 2 x 2 + 4 x + 8) − 16
d) x 4 = ( x − 2 ) ( x3 − 2 x 2 − 4 ) + 8
e) x 4 = ( x − 2 ) ( − x3 + 2 x 2 − 4 ) + 8

5
Matemática

12. Sejam q ( x) e r ( x) , respectivamente, o quociente e o resto da divisão de

f ( x ) = 6x4 − x3 − 9x2 − 3x + 7 por g ( x ) = 2 x2 + x + 1 . O produto entre todas as raízes de q ( x ) e


r ( x ) é igual a
7
a) −
3
b) 3
3
c)
5
d) 5
5
e)
3

6
Matemática

Gabarito

1. A
B(x) = x2 – 4x + 4
B(x).C(x) = -3x.( x2 – 4x + 4) = -3x3 + 12x2 – 12x
A(x) + B(x).C(x) = x2 – x + 1 - 3x3 + 12x2 – 12x = -3x3 + 13x2 – 13x + 1

2. E
A(total) = (2x + 10)·(2x + 4)
A(total) = 4x² + 8x + 20x + 40
A(total) = 4x² + 28x + 40
A(calçada) = A(total) - A(jardim)
A(calçada) = 4x² + 28x + 40 - 40
A(calçada) = 4x² + 28x

3. B

4. A
Efetuando a divisão dos polinômios, temos:
𝑥 3 − 6𝑥 2 + 9𝑥 − 3 𝑥 2 − 5𝑥 + 6
−𝑥 3 + 5𝑥 2 − 6𝑥 𝑥−1

−𝑥 2 + 3𝑥 − 3
𝑥 2 − 5𝑥 + 6

−2𝑥 + 3
Portanto,
P(x) = x – 1 – 2x + 3

7
Matemática

P(x) = -x + 2

Construindo o gráfico de P(x), temos:

5. E
Calculando:
(3𝑥 3 + 2𝑥 2 + 5𝑥 − 4) ∙ (𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐𝑥) = 3𝑥 6 + 11𝑥 5 + 8𝑥 4 + 9𝑥 3 − 17𝑥 2 + 4𝑥
3𝑎𝑥 6 +
+(3𝑏𝑥 5 + 2𝑎𝑥 2 ) +
+(3𝑐𝑥 4 + 2𝑏𝑥 4 + 5𝑎𝑥 4 ) +
+(2𝑐𝑥 3 + 5𝑏𝑥 3 − 4𝑎𝑥 3 ) +
+(5𝑐𝑥 2 + 4𝑏𝑥 2 ) +
3𝑎𝑥 6 = 3𝑥 6 ⟹ 𝑎 = 1
3𝑏𝑥 5 + 2𝑎𝑥 5 = 3𝑏𝑥 5 + 2𝑥 5 = 11𝑥 5 ⟹ 3𝑏𝑥 5 = 9𝑥 5 ⟹ 𝑏 = 3
3𝑐𝑥 4 + 2𝑏𝑥 4 + 5𝑎𝑥 4 = 3𝑐𝑥 4 + 6𝑥 4 + 5𝑥 4 = 8𝑥 4 ⟹ 3𝑐𝑥 4 = −3𝑥 4 ⟹ 𝑐 = −1
Assim:
𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 = 𝑥 3 + 3𝑥 2 − 𝑥

Portanto, a melhor opção é a letra A.

6. B
Para determinar o termo independente de um polinômio, devemos admitir x = 0. Portanto, o termo
independente de (𝑥 2 − 1)3 ∙ (𝑥 2 + 𝑥 + 2)2 será dado por: (02 − 1)3 ∙ (02 + 0 + 2)2 = −1 ∙ 4 = −4.

7. A
Se P(2) = 0, então 24 − 8 ∙ 22 + 𝑎 ∙ 2 + 𝑏 = 0 ⟺ 2𝑎 + 𝑏 = 16
Ademais, sendo P(1) = 9, vem 14 + 8 ∙ 12 + 𝑎 ∙ 1 + 𝑏 = 9 ⟺ 𝑎 + 𝑏 = 16
Resolvendo o sistema em x e y, obtemos a = 0 e b = 16.
Portanto, a resposta é 𝑎5 − 4𝑏 = 05 − 4 ∙ 16 = −64

8
Matemática

8. D

9. A
𝑥 5 − 0𝑥 4 − 𝑥 3 + x 2 + 0x + 1 𝑥 3 + 0x − 3x 2 + 2
−𝑥 5 + 0𝑥 4 + 3𝑥 3 − 2𝑥 2 𝑥2 + 2

+2𝑥 3 − 𝑥 2 + 0x + 1
−2𝑥 3 − 0𝑥 2 + 6x − 4

−𝑥 2 + 6x − 3

Portanto, r(x) = −𝑥 2 + 6𝑥 − 3 e r(-1) = −(−1)2 + 6(−1) − 3 = −10

10. A
Resolvendo a divisão, temos:

11. B
Tomando convenientemente x = 2, é fácil ver que as únicas opções possíveis são as identidades dos
itens [A] e [B]. Agora, basta fazer x = - 2 para concluir que a identidade correta é a do item [B].

12. D
Dividindo f po g, obtemos:
6𝑥 4 − 𝑥 3 − 9𝑥 2 − 3x + 7 2𝑥 2 + x + 1
4 3 2
−6𝑥 − 3𝑥 − 3𝑥 3𝑥 2 − 2x − 5
−4𝑥 3 − 12𝑥 2 − 3x + 7
4𝑥 3 + 2𝑥 2 + 2x
−10𝑥 2 − x + 7
10𝑥 2 + 5x + 5
4𝑥 + 12
5
Portanto, como q(x) = 3𝑥 2 − 2𝑥 − 5 = 3 ∙ (𝑥 + 1) ∙ (𝑥 − ) e r(x) = 4𝑥 + 12 = 4 ∙ (𝑥 + 3), segue que o
3
5
protudo pedido é (−1) ∙ ∙ (−3) = 5.
3

9
Matemática

Determinantes: propriedades

Resumo

Propriedades dos determinantes

Matriz transposta
𝑡
det 𝐴 = det A
Casos em que o determinante é nulo
• Quando todos os elementos de uma fila (linha ou coluna) são nulos, o determinante dessa matriz é nulo.

=0
• Se duas filas de uma matriz são iguais, então seu determinante é nulo.

• Se duas filas paralelas de uma matriz são proporcionais, então seu determinante é nulo.

• Se os elementos de uma fila de uma matriz são combinações lineares dos elementos correspondentes
de filas paralelas, então seu determinante é nulo.

Troca de fileiras
Ao trocarmos duas fileiras de uma matriz quadrada, seu determinante fica multiplicado por -1.

1
Matemática

Multiplicação de uma fila por uma constante


Multiplicando toda uma fileira por uma constante real, o determinante dessa matriz fica multiplicado pela
mesma constante.

Já se multiplicarmos todos os elementos da matriz por uma constante real α, temos que:

det(𝑎𝐴)= 𝑎" det A


em que n é a ordem da matriz.

Ou seja, o determinante da matriz inversa é o inverso do determinante da matriz. Sendo assim, fica fácil
reparar que, se uma determinada matriz tiver determinante valendo 0, então ela não é inversível.

2
Matemática

Exercícios

1. Sejam A, B e C matrizes reais 3x3, tais que A.B = C-1, B = 2A e det C = 8. Então, |det A| vale:
1
a)
16
1
b)
8
c) 1
d) 8
e) 16

2. Considere as matrizes:

e
É correto afirmar que o determinante da matriz A.B é
a) 32
b) 44
c) 51
d) 63
e) 74

3. Se A é uma matriz quadrada de ordem 3 com det A = 3 e se k é um número real tal que det(kA) = 192,
então o valor de k é:
a) 4
b) 8
c) 32
d) 64
e) 96

cos 𝜃 2 sen 𝜃
4. Considere a matriz A = [ 3 1 3 ]. Sabendo-se que sen 𝜃 = − cos 𝜃, em que 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋, o
− sen 𝜃 0 cos 𝜃
determinante da matriz inversa de A, indicado por det 𝐴−1 , vale:
a) –1.
b) 0.
c) 1.
d) 2.
e) –5.

3
Matemática

5. M é uma matriz quadrada de ordem 3, e seu determinante é det M = 2.. O valor da expressão é: det M
+ det(2M) + (3M) é:
a) 12
b) 15
c) 36
d) 54
e) 72

6. Sejam A e B matrizes 3 × 3 tais que det A = 3 e det B = 4. Então, det (A.2.B) é igual a:
a) 32.
b) 48.
c) 64.
d) 80.
e) 96.

7. Seja A uma matriz quadrada de ordem 2 com determinante maior que zero e a sua inversa. Se
16.det.𝐴−1 = det(2ª), então o determinante de A vale:
a) 4.
b) 6.
c) 8.
d) 2.
e) 16.

8. A Sendo A uma matriz real quadrada de ordem 3, cujo determinante é igual a 6, qual o valor de x na
equação det(2.A.𝐴−1 ) = 4x?
a) 72
b) 18
c) 12
d) 2
1
e)
2

4
Matemática

9. A é uma matriz quadrada de ordem 2 e det A = 7. Nessas condições, det(3A) e det(𝐴−1 ) valem,
respectivamente:
a) 7 e –7.
b) 21 e 1/7.
c) 21 e –7.
d) 63 e –7.
e) 63 e 1/7.

𝑐𝑜𝑠 𝑥 0 −𝑠𝑒𝑛 𝑥
10. Considere a matriz quadrada de ordem 3, A = [ 0 1 0 ], onde x é um número real. Podemos
𝑠𝑒𝑛 𝑥 0 𝑐𝑜𝑠 𝑥
afirmar que:
a) A não é invertível para nenhum valor de x.
b) A é invertível para um único valor de x.
c) A é invertível para exatamente dois valores de x.
d) A é invertível para todos os valores de x.
e) A é invertível para exatamente 3 valores de x.

5
Matemática

Gabarito

1. B
Se B = 2A, então Det B = Det 2A.
Como A é de ordem 3, então det 2A = 23 det A = 8 det A, logo B = 8 det A
1
Se det C = 8, então det 𝐶 −1 = .
8
Se A.B = 𝐶 −1 , então
det(A.B) = det 𝐶 −1
det A.det B = det 𝐶 −1
1
det A.8 det A =
8
1
det 2 A =
64
± 1 1
det A = √ = ±8
64
1
Como se deseja |det A| = .
8

2. B
det(A.B) = det A.det B
Det A= 11, Det B = 4
Det (A.B)=11.4=44

3. A
det(k.A) = 𝑘 3 . det A = 𝑘 3 .3 = 192
𝑘 3 = 64
k=4

4. C
Calculando o determinante pela Regra de Sarrus:
det A = 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 – 6sen𝜃 + 0 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 – 6cos𝜃
𝑠𝑒𝑛𝜃 = - cos𝜃
𝑠𝑒𝑛2 + 𝑐𝑜𝑠 2 = 1
1 + 6sen𝜃 – 6sen𝜃 = 1
1
det 𝐴−1 = 𝑑𝑒𝑡 𝐴 = 1

6
Matemática

5. E
det M = 2
det M – 23 .2 = 16
det 3M = 33 .2 = 54
54 + 16 + 2 = 72

6. E
det (A.2B) = det A.det 2B
3.23 .4 = 96

7. D
1
Sabendo que det 𝐴−1 =
𝑑𝑒𝑡 𝐴

16.det 𝐴−1 = det (2A)


1
16.det 𝑑𝑒𝑡 𝐴 = 2−1 .det A
𝑑𝑒𝑡 2 A = 4
det A = 2

8. D
det(2.A.𝐴−1 ) = 4x
det 2.A.det 𝐴−1 = 4x
1
23 .6. = 4x
6

8 = 4x
x=2

9. E
det A = 7
det 3A = 32 .7 = 63
1 1
det 𝐴−1 = 𝑑𝑒𝑡𝐴 = 7

10. D
Calculando o determinante pela regra de Sarrus:
𝑐𝑜𝑠 𝑥 0 −𝑠𝑒𝑛 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑥 0
[ 0 1 0 ] 0 1
𝑠𝑒𝑛 𝑥 0 𝑐𝑜𝑠 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑥 0
𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 + 0 + 0 + 𝑠𝑒𝑛2 𝑥 + 0 + 0 = 1
Como det A ≠ 0, para todos os valores de x, logo, é invertível para todos os valores de x.

7
Matemática

Métodos de resolução de sistemas lineares

Resumo

Método da substituição
Solução de sistemas pelo método da substituição:
Passo 1: Escolher uma incógnita em uma das euqações e calcular seu valor algébrico.
Passo 2: Substituir o valor algébrico da incógnita na outra equação.
Passo 3: Calcular o valor numérico de uma das incógnitas.
Passo 4: Substituir o valor numérico de x em qualquer uma das duas equações e encontrar o valor numérico
de y.
Exemplo:
Encontre a solução do sistema a seguir:

3x − y = 10

2 x + 5 y = 1
Escolhi a incógnita y na 1ª equação:
3x – y = 10
-y =10 - 3x
y = 3x - 10
Substituindo na segunda equação esse valor algébrico de y.
2x + 5y = 1
2x + 5. (3x- 10) = 1
2x + 15x – 50 = 1
17x = 51
x=3
Após encontrar o valor numérico de x, escolha uma das equações para cumprir o quarto e último passo:
obter o valor numérico de y. Escolhemos, para isso, a primeira equação. Observe:
2x + 5y = 1
2 . 3 + 5y = 1
5y = 1 – 6
5y = -5
y = -1
A solução desse sistema é S = {3, -1}.

1
Matemática

Método da adição
Este método é bem eficaz em sistemas lineares 2x2:
Passo 1: Escolher uma incógnita e multiplique sua equação pelo valor numérico da mesma incógnita em
outra equação.
Passo 2: Faça o mesmo na outra equação escolhida, mas agora multiplicando pelo valor numérico da
incógnita da primeira equação.
Passo 3: Soma essas duas equações.
Passo 4: Após encontrar o valor de uma incógnita, volte em qualquer uma das duas equações originais e
substitua o valor encontrado para encontrar o valor da outra incógnita.
Exemplo:
Resolva o sistema linear a seguir pelo método da adição.

3x − y = 10

2 x + 5 y = 1

Escolhi a incógnita y, então, vou multiplicar uma pela outra.


(3x − y = 10)  5

 (2 x + 5 y = 1) 1
15 x − 5 y = 50
 +
 2 x + 5 y = 1
17 x + 0 y = 51
17 x = 51
51
x= =3
17

Volto para qualquer uma das equações originais e substituo o valor de x = 3.


3x - y = 10
3 . 3 – y = 10
- y = 10 – 9
y = -1
S = {3, -1}

Escalonamento através de matrizes


Escalonamento é um método de classificar, resolver e discutir sistemas lineares. Seja S um sistema genérico,
ele é dito escalonado, se o número de coeficientes nulos, antes do primeiro coeficiente não-nulo aumenta de
equação para equação.
Exemplo:
3x − y + z = 2

 2 y − 3z = 2
 z = −5

2
Matemática

Relembrando, esse sistema pode ser escrito como:

3 −1 1   x   2 
0 2 −3  y  =  −1
    
0 0 −1  z   5 
A matriz 3x3 é chamada matriz dos coeficientes. E a matriz coluna após o sinal de matriz dos termos
independentes.
A matriz aumentada do sistema é formada pelos coeficientes e termos independentes:

3 −1 1 2 
0 2 −3 −1
 
0 0 −1 5 
Note que cada uma das 3 primeiras colunas representa uma das incógnitas e a ultima representa os
termos independentes (T.I.)

Sistema equivalente
Se dois sistemas são ditos equivalentes, então admitem a mesma solução:
x + y = 5 2 x + 2 y = 10
S1 =  S2 = 
Seja x + y =1 e  2 x + 2 y = 2 . Eles são equivalentes, pois admitem o mesmo conjunto

solução (2,3). Notação


S1 S2 .

Resolução de escalonamento por eliminação de Gauss-Jordan


O método de eliminação de Gauss-Jordan é um dos métodos mais eficazes para escalonar. Para entende-
lo melhor, é necessário saber as operações elementares:
Operações elementares: são operações que podem ser realizadas e sistemas lineares a fim de transformá-
lo em um sistema mais simples. As três operações são: trocar a posição de duas linhas do sistema,
multiplicar uma linha por um escalar (número) e somar duas linhas.
Observação: Combinando a 2ª operação elementar com a 3ª implica em multiplicar uma linha por um escalar
e somar com outra.

Roteiro para eliminação de Gauss-Jordan:


1° Tome a matriz ampliada do sistema
2° Aplique alguma transformação elementar e torne o primeiro elemento da primeira linha igual a 1
3° Aplique transformações lineares para anular os termos abaixo dele

3
Matemática

4° Continue o processo no segundo elemento da segunda linha


Observação: O objetivo de escalonar é obter uma matriz com a diagonal formada por 1 e os outros elementos
igual a 0.

Exemplo:
Resolva por escalonamento de matrizes:
2𝑥 − 2𝑦 + 𝑧 = 1
{ 𝑥 + 𝑦 +𝑧 = 3
3𝑥 + 𝑧 = 4

Note que o sistema não está escalonado.


Representaremos L1 como a linha 1, L2 como a linha 2 e L3 como a linha 3
2 −2 1 1
[1 1 1 3]  L1  L2
3 0 1 4

A primeira operação será trocar a segunda linha com a primeira (as operações podem ser feita em outras
ordens).
2 −2 1 1 1 1 1 3
 L1[1= L21– 2L1
1 3] ~ [2 −2 1 1]
 L3 3
= L30– 3L1
1 4 3 0 1 4

Agora vamos anular os elementos abaixo do 1° elemento da matriz (lembrando as operações elementares
são aplicadas em todos os elementos da linha).
1 1 1 3 1 1 1 3
1
[2 −2 1 1] ~ [0 −4 −1 −5]  L2 = - L2
4
3 0 1 4 0 −3 −2 −5

Nessa operação tornaremos o -4 em 1 e repetiremos o processo


 L1 = L1 – L2 1 1 1 3
1 1 1 3 1 5
 L3 = L3 – 3L2 [0 −4 −1 −5] ~ [0 1 ]
0 −3 −2 −5 4 4
0 −3 −2 −5
3 7 4
3 1 0  L3 = - L3
1 1 1 4 4
5
1 5 1 5
[0 1 − ]~ 0 1
4
4 4 4
0 −3 −2 −5 5 −5
[0 0 −
4 4 ]
3 7
1 0 4 1 0
3 7
4 1 0 0 1
1 5 4 4 x=1
0 1 ~ [0 1
1 5] ~...~ [0 1 0 1]. Logo:
4 4
4 4 y=1
5 −5 0 0 1 1
[0 0 −
4 4 ] 0 0 1 1 z =1

O escalonamento poderia ter sido feito aplicando as operações elementares no sistema sem necessitar da
matriz aumentada.

4
Matemática

Exercícios

1. Visando atingir metas econômicas previamente estabelecidas, é comum no final do mês algumas lojas
colocarem certos produtos em promoção. Uma determinada loja de departamentos colocou em oferta
os seguintes produtos: televisão, sofá e estante. Na compra da televisão mais o sofá, o cliente pagaria
R$ 3 800,00. Se ele levasse o sofá mais a estante, pagaria R$ 3 400,00. A televisão mais a estante
sairiam por R$ 4 200,00. Um cliente resolveu levar duas televisões e um sofá que estavam na
promoção, conseguindo ainda mais 5% de desconto pelo pagamento à vista.
O valor total, em real, pago pelo cliente foi de
a) 3 610,00.
b) 5 035,00.
c) 5 415,00.
d) 5 795,00.
e) 6 100,00.

2. Um cientista, em seus estudos para modelar a pressão arterial de uma pessoa, utiliza uma função do
tipo P(t) = A + Bcos(kt) em que A, B e k são constantes reais positivas e t representa a variável tempo,
medida em segundo. Considere que um batimento cardíaco representa o intervalo de tempo entre duas
sucessivas pressões máximas.
Ao analisar um caso específico, o cientista obteve os dados:

A função P(t) obtida, por este cientista, ao analisar o caso específico foi
a) P ( t ) = 99 + 21cos (3 t )
b) P(t ) = 78 + 42cos(3 t )
c) P(t ) = 99 + 21cos(2 t )
d) P(t) = 99 + 21cos(t)
e) P(t) = 78 + 42cos(t)

3. Uma pessoa encheu o cartão de memória de sua câmera duas vezes, somente com vídeos e fotos. Na
primeira vez, conseguiu armazenar 10 minutos de vídeo e 190 fotos. Já na segunda, foi possível
realizar 15 minutos de vídeo e tirar 150 fotos. Todos os vídeos possuem a mesma qualidade de
imagem entre si, assim como todas as fotos. Agora, essa pessoa deseja armazenar nesse cartão de
memória exclusivamente fotos, com a mesma qualidade das anteriores.
(Disponível em: www.techlider.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.)
O número máximo de fotos que ela poderá armazenar é
a) 200.
b) 209.
c) 270.
d) 340
e) 475.

5
Matemática

4. A prefeitura de uma cidade detectou que as galerias pluviais, que possuem seção transversal na forma
de um quadrado de lado 2m, são insuficientes para comportar o escoamento da água em caso de
enchentes. Por essa razão, essas galerias foram reformadas e passaram a ter seções quadradas de
lado igual ao dobro das anteriores, permitindo uma vazão de 400m /s. O cálculo da vazão V (em m
/s) é dado pelo produto entre a área por onde passa a água (em m ) e a velocidade da água (em m/s).
Supondo que a velocidade da água não se alterou, qual era a vazão máxima?
a) 25m3/s
b) 50m3/s
c) 100m3/s
d) 200m3/s
e) 300m3/s

5. Na figura estão representadas três retas no plano cartesiano, sendo P, Q e R os pontos de intersecções
entre as retas, e A, B e C s pontos de intersecções dessas retas com o eixo x.

Essa figura é a representação gráfica de um sistema linear de três equações e duas incógnitas que
a) possui três soluções reais e distintas, representadas pelos pontos P, Q e R, pois eles indicam onde
as retas se intersectam.
b) possui três soluções reais e distintas, representadas pelos pontos A, B e C, pois eles indicam onde
as retas intersectam o eixo das abscissas.
c) possui infinitas soluções reais, pois as retas se intersectam em mais de um ponto.
d) não possui solução real, pois não há ponto que pertença simultaneamente às três retas.
e) possui uma única solução real, pois as retas possuem pontos em que se intersectam.

6. Um técnico precisa consertar o termostato do aparelho de ar-condicionado de um escritório, que está


desregulado. A temperatura T, em graus Celsius, no escritório, varia de acordo com a função
𝜋
𝑇(ℎ) = 𝐴 + 𝐵𝑠𝑒𝑛 (12 (ℎ − 12)), sendo h o tempo, medido em horas, a partir da meia-noite (0 ≤h ≤
24) e A e B os parâmetros que o técnico precisa regular. Os funcionários do escritório pediram que a
temperatura máxima fosse 26°C, a mínima 18°C, e que durante a tarde a temperatura fosse menor do
que durante a manhã.
Quais devem ser os valores de A e de B para que o pedido dos funcionários seja atendido?
a) A = 18 e B = 8
b) A = 22 e B = - 4
c) A = 22 e B = 4
d) A = 26 e B = - 8
e) A = 26 e B = 8

6
Matemática

7. Uma barraca de tiro ao alvo de um parque de diversões dará um prêmio de R$ 20,00 ao participante,
cada vez que ele acertar o alvo. Por outro lado, cada vez que ele errar o alvo, deverá pagar R$ 10,00.
Não há cobrança inicial para participar do jogo. Um participante deu 80 tiros e, ao final, recebeu
R$100,00.
Qual foi o número de vezes que esse participante acertou o alvo?
a) 30
b) 36
c) 50
d) 60
e) 64

8. Na aferição de um novo semáforo, os tempos são ajustados de modo que, em cada ciclo completo
(verde-amarelo-vermelho), a luz amarela permaneça acesa por 5 segundos, e o tempo em que a luz
verde permaneça acesa seja igual a 2/3 do tempo em que a luz vermelha fique acesa. A luz verde fica
acesa, em cada ciclo, durante X segundos e cada ciclo dura Y segundos.
Qual é a expressão que representa a relação entre X e Y?
a) 5X – 3 Y + 15 = 0
b) 5X – 2Y + 10 = 0
c) 3X – 3Y + 15 = 0
d) 3X – 2Y + 15 = 0
e) 3X – 2Y + 10 = 0

9. Algumas pesquisas estão sendo desenvolvidas para se obter arroz e feijão com maiores teores de
ferro e zinco e tolerantes a seca. Em média, para cada 100g de arroz cozido, o teor de ferro é de 1,5 mg
e o de zinco é de 2,0 mg. Para 100 g de feijão, é de 7 mg o teor de ferro e de 3mg o de zinco. Sabe-se
que as necessidades diárias do dois micronutrientes para uma pessoa é de aproximadamente
12,25mg de ferro e de 10mg de zinco.
(Disponível em http://www.empraba.br. Acesso em: 29 de abril de 2010. (adaptado).)

Considere que uma pessoa adulta deseja satisfazer suas necessidades diárias de ferro e zinco
ingerindo apenas arroz e feijão. Suponha que seu organismo absorva completamente todos os
nutrientes oriundos desses alimentos. Na situação descrita, que quantidade a pessoa deveria comer
diariamente de arroz e feijão, respectivamente?
a) 58 g e 456 g.
b) 200 g e 200 g.
c) 350 g e 100 g.
d) 375 g e 500 g.
e) 400 g e 89 g.

7
Matemática

10. Uma companhia de seguros levantou dados sobre os carros de determinada cidade e constatou que
são roubados, em média, 150 carros por ano.
O número de carros roubados da marca X é o dobro do número de carros roubados da marca Y, e as
marcas X e Y juntas respondem por cerca de 60% dos carros roubados. O número esperado de carros
roubados da marca Y é:
a) 20
b) 30
c) 40
d) 50
e) 60

8
Matemática

Gabarito

1. D
Sejam t, s e e, respectivamente o preço de uma televisão, o preço de um sofa e o preço de uma estante.
Logo, vem
𝑡 + 𝑠 = 3800
𝑡 + 𝑠 = 3800
{𝑠 + 𝑒 = 3400 ⟹ {
𝑡 − 𝑠 = 800
𝑡 + 𝑒 = 4200
𝑡 = 2300
⟹{
𝑠 = 1500
A resposta é 0,95 . (2 . 2300 + 1500) = R$5.795,00

2. A
Calculando:
P(t) = A + Bcos(kt)
𝐴 + 𝐵 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑡) = 120
{ ⟹ 2𝐴 = 198 ⟹ 𝐴 = 99
𝐴 − 𝐵 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑡) = 78
𝑃𝑚á𝑥 ⟹ 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑡) = 1
99 + 𝐵 = 120 ⟹ 𝐵 = 21
90 𝑏𝑎𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 1 6 2
= ⟹𝑇= 𝑠= 𝑠
60 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑑𝑜𝑠 𝑡 9 3
2𝜋 3
𝑘= = ∙ 2𝜋 = 3𝜋
𝑇 2
Assim:
P(t) = 99 + 21 . cos(3𝜋𝑡)

3. C
Sejam x a memória ocupada por um minuto de vídeo e y a memória ocupada por uma foto. Logo, temos
10x + 190y = 15x + 150y ⟺ x = 8y.
Portanto, a capacidade total do disco é 10.8y + 190y = 270y e, assim, o resultado é 270.

4. C

5. D
É imediato que o sistema não possui solução real, pois não há ponto que pertença simultaneamente às
três retas.

6. B
Substituindo os valores na equação por 26ºC pela manhã, às 6h e 18ºC às 18h, tem-se:
𝜋
𝑇(ℎ) = 𝐴 + 𝐵 𝑠𝑒𝑛 ( (ℎ − 12))
12
𝜋 𝜋
𝑇(6) = 26 = 𝐴 + 𝐵𝑠𝑒𝑛 ( (6 − 12)) → 26 = 𝐴 + 𝐵𝑠𝑒𝑛 (− ) → 26 = 𝐴 − 𝐵
12 12

9
Matemática

𝜋 𝜋
𝑇(18) = 18 = 𝐴 + 𝐵𝑠𝑒𝑛 ( (6 − 12)) → 18 = 𝐴 + 𝐵𝑠𝑒𝑛 ( ) → 18 = 𝐴 + 𝐵
12 12
𝐴 − 𝐵 = 26
{
𝐴 + 𝐵 = 18
2𝐴 = 44 → 𝐴 = 22 → 𝐵 = −4

7. A
Sendo x o número de acertos e y o número de erros, montando um sistema de equações, tem-se:
20𝑥 − 10𝑦 = 100
{
𝑥 + 𝑦 = 80
20x – 10.(80 – x) = 100
20x – 800 + 10x = 100
30x = 900
X = 30

8. B
Seja Z o tempo que a luz vermelha fica acesa. Logo, temos
2𝑍 3𝑋
𝑋= ⟺𝑍= e, portanto,
3 2
3𝑋
𝑌 =5+𝑋+𝑍 ⟺𝑌 =5+𝑋+
2
⟺ 5𝑋 − 2𝑌 + 10 = 0

9. C
Sejam a e f, respectivamente, os números de porções de 100 gramas de arroz e de feijão que deverão ser
1,5𝑎 + 7𝑓 = 12,25 6𝑎 + 28𝑓 = 49
ingeridas. De acordo com o enunciado, obtemos o sistema{ −{ −
2𝑎 + 3𝑓 = 10 −6𝑎 − 9𝑓 = −30
𝑎 = 3,5
{ . Portanto, as quantidades de arroz e feijão que deverão ser ingeridas são, respectivamente,
𝑓=1
3,5.100 = 350g e 1 . 100 = 100g.

10. B
X = número de carros roubados da marca X
Y = número de carros roubados da marca Y
𝑥 = 2𝑦
{ 60
𝑥+𝑦= ∙ 150
100
2𝑦 + 𝑦 = 90 ⟺ 𝑦 = 30
Portanto, o número de carros roubados da marca Y é 30.

10
Matemática

Polinômios: Relações de Girard

Resumo

Equações do 2º grau
Considerando a equação 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 = 0, e suas raízes 𝑥1 𝑒 𝑥2 .
A soma das raízes é dado por
𝑏
𝑥1 + 𝑥2 = −
𝑎
Produto das raízes é dado por
𝑐
𝑥1 . 𝑥2 =
𝑎

Equações do 3º grau
Considerando a equação 𝑎𝑥 3 + 𝑏𝑥 2 + 𝑐𝑥 + 𝑑 = 0, e suas raízes 𝑥1 , 𝑥2 𝑒 𝑥3 .

A soma das raízes é dado por


𝑏
𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 = −
𝑎
Produto das raízes é dado por
𝑑
𝑥1 . 𝑥2 . 𝑥3 = −
𝑎

Equações do n-ésimo grau


Considerando a equação 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + 𝑎𝑛−2 𝑥 𝑛−2 + ⋯ + 𝑎2 𝑥 2 + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 = 0, e suas raízes
𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , … , 𝑥𝑛 .
A soma das raízes é dado por
𝑎𝑛−1
𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 + ⋯ + 𝑥𝑛 = −
𝑎𝑛
Produto das raízes é dado por
𝑎0
𝑥1 . 𝑥2 . 𝑥3 . … . 𝑥𝑛 = (−1)𝑛 −
𝑎𝑛

1
Matemática

Exercícios

1. A equação algébrica x³-7x²+kx+216=0, em que k é um número real, possui três raízes reais. Sabendo-
se que o quadrado de uma das raízes dessa equação é igual ao produto das outras duas, então o valor
de k é igual a:
a) -64
b) -42
c) -36
d) 18
e) 24

2. A solução do sistema:

Pode ser representada pelas raízes do polinômio:


a)
b)
c)
d)
e)

3. Podemos dizer que o polinômio p(x)=x³-2x²-5x+6.


a) tem três raízes reais
b) tem duas raízes reais e uma imaginária
c) tem uma raiz real e duas imaginárias
d) não tem raiz real
e) tem duas raízes reais e duas imaginárias

4. Se o coeficiente do termo de maior grau de um polinômio de 4° grau é 1 e suas raízes são


e então o polinômio em questão é:

a)
b)
c)
d)

2
Matemática

5. Seja um polinômio do 3° grau e 2x-1 um de seus fatores. A média aritmética


das raízes de P(x) é:
a) 7/2
b) 8/2
c) 9/2
d) 10/2
e) 11/6

6. Considere o polinômio P(x) tal que . A soma de todas as raízes da equação P(3x)=7 é
igual a:
a) -1/9
b) -1/3
c) 0
d) 5/9
e) 5/3

7. Considere os polinômios em x pertencente aos reais da forma . As raízes


de p(x)=0 constituem uma progressão aritmética de razão ½ quando é igual a:

a)

b)

c)

d)

e)

8. Se são as raízes da equação onde p e q são coeficientes reais e é


uma das raízes dessa equação, então é igual a:
a) 15
b) 9
c) -15
d) -12
e) -9

3
Matemática

9. Considere o polinômio p ( x ) = x3 − 8x2 + 19x − 12 . A soma dos quadrados das raízes desse
polinômio é

a) 12
b) 24
c) 26
d) 38
e) 64

10. Considere a equação polinomial a seguir.


2 x3 − 15 x 2 + 34 x − 24 = 0
Sabe-se que cada uma das raízes dessa equação corresponde a uma das medidas, em cm, do
comprimento, da largura e da altura de um paralelepípedo retângulo.
Com base nessa informação, a área total e o volume desse paralelepípedo são, respectivamente, iguais
a
a) 32cm2 e 14cm2
b) 24cm2 e 12cm2
c) 22cm2 e 14cm2
d) 34cm2 e 12cm2
e) 34cm2 e 22cm2

4
Matemática

Gabarito

1. B
Sejam a, b e c as raízes da equação, com a = b  c . Logo, pelas Relações de Girard, segue que
2

a+b+c = 7 a+b+c = 7 b + c = 13 b + c = 13
ab + ac + bc = k  a ( b + c ) + a = k  −6  13 + 36 = k  k = −42
2

abc = −216 a 3 = −216 a = −6 a = −6

2. C
Seja p ( x ) = ax4 + bx3 + cx2 + dx + e o polinômio procurado. Pelas Relações de Girard, vem
 b
x + y + z + w = − 4 = 7

 xy + xy + xw + yz + yw + wy = c = 4
 a

 xyz + xyw + xzw + yzw = − d = 6
 a
 e
 xyzw = = 1
 a
Logo, supondo a  0 , temos b  0, c  0, d  0 e e  0 . O único polinômio que satisfaz essas
condições é 2 x − 14 x + 8 x − 12 x + 2 .
4 3 2

3. A

4. A

5
Matemática

5. E

6. A

7. C

8. C

6
Matemática

9. C

10. D

7
Matemática

Polinômios: teorema do resto e dispositivo prático de Briot-Ruffini

Resumo

Algoritmo de Briot-Ruffini
Este dispositivo só pode ser utilizado para efetuar uma divisão em que o polinômio divisor for do primeiro

grau, ou seja, da forma


( x − a ) . Chamemos de P ( x ) o polinômio a ser dividido e d ( x ) o divisor. Com isso,
a estrutura do dispositivo é a seguinte:

Vejamos um exemplo:
p ( x ) = x2 + 4x + 3
d ( x) = x +1

Agora, para preencher o restante, multiplique esse termo repetido pela raiz a , ou seja, −1. O resultado será
somado ao próximo coeficiente de p ( x ) , ou seja, 4 .

Repita o processo até completar toda a parte de baixo do dispositivo.

Assim, obtemos o resto 0 e um quociente q ( x ) = 1x + 3 . Ou seja, podemos reescrever p ( x ) como


( x + 1)( x + 3) .

1
Matemática

Teorema do Resto
Na divisão de um polinômio p ( x ) por um divisor do primeiro grau d ( x ) = ax + b , é possível calcular
diretamente o resto dessa divisão sem a necessidade de se calcular o quociente. Para tal, substituímos em
p ( x ) o valor da raiz de d ( x ) , ou seja:

 −a 
r ( x) = p  
 b 
Ex.: Calculando o resto de p ( x ) = x2 + 4x + 3 dividido por d ( x ) = x + 1 , que já sabemos que vale 0 .
.
Primeiro, calculamos a raiz de d ( x) :
d ( x) = 0 = x +1
x = −1

Agora, calculamos p ( −1) :4

p ( −1) = ( −1) + 4 ( −1) + 3 = 0 .


2

Como queríamos, vimos que r = p ( −1) = 0 .

2
Matemática

Exercícios

1. Um polinômio p ( x ) dividido por x + 1 deixa resto 16 ; por x − 1 deixa resto 12 , e por x deixa resto
−1. Sabendo que o resto da divisão de p ( x ) por ( x + 1)( x −1) x é da forma ax 2 + bx + c , então o
valor numérico da soma das raízes do polinômio ax 2 + bx + c é:
3
a)
5
b) 2
2
c)
15
d) 4
e) -2

2. Sabe-se que na equação x3+4x2+x-6=0, uma das raízes é igual à soma das outras duas. O conjunto
solução (S) desta equação é:
a) S={-3,-2,-1}
b) S={-3,-2,+1}
c) S={+1,+2+3}
d) S={-1,+2,+3}
e) S={-2,+1,+3]

3. Se 2 é raiz dupla do polinômio p ( x ) = 2x4 − 7 x3 + 3x2 + 8x − 4 , então a soma das outras raízes é
a) -1.
b) -0,5.
c) 0.
d) 0,5.
e) 1.

4. A divisão do polinômio x3 + 2 x 2 − 5 x − 6 por ( x + 1)( x − 2) é igual a:

a) x −3
b) x +3
c) x −6
d) x+6

3
Matemática

5. Qual o valor de m para que o polinômio x3 + 2 x 2 − 3x + m ao ser dividido por ( x + 1) , deixe resto 3?
a) 2
b) -1
c) 3
d) 4

6. Um dos fatores do polinômio P ( x ) = x3 + 2x2 − 5x − 6 é ( x + 3) . Outro fator desse polinômio é:

a) ( x + 8)
b) ( x − 5)
c) ( x + 4)
d) ( x −1)
e) ( x +1)

7. Considere os polinômios
p ( x ) = x4 + 3x3 − 2x2 − 2x + 12
r ( x) = x + 2
p ( x)
q ( x) =
r ( x)
Sobre as raízes da equação q ( x ) = 0 , é correto afirmar que:
a) a soma de todas as raízes é igual a -1.
b) duas raízes são inteiras.
c) duas raízes são números complexos, um localizado no 1° quadrante e outro localizado no 3°
quadrante do plano de Argand-Gauss.
d) a soma das raízes inteiras é 2.

8. Dividindo-se o polinômio p( x) = 3x4 − 2x³ + mx +1 por ( x −1) ou por ( x +1) , os restos são iguais.
Nesse caso, o valor de m é igual a
a) -2
b) -1
c) 1
d) 2
e) 3

4
Matemática

9. O polinômio p( x) = ax ³ + bx ² + cx , nos reais, é divisível por ( x −1) . Podemos afirmar que p ( p (1))
é
a) -1
b) 0
c) 1
d) a+b+c
e) –a+b–c

10. Considere o polinômio p( x) = x4 + 2x3 − 7x2 − 8x +12 . Se p(2) = 0 e p (−2) = 0 , então, as raízes
de p( x) são
a) – 2, 0, 1 e 2
b) – 2, - 1, 2 e 3
c) – 2, - 1, 1 e 2
d) – 2, - 1, 0 e 2
e) – 3, - 2, 1 e 2

11. Dividindo-se o polinômio P ( x ) = 2 x4 − 5x3 + kx − 1 por ( x − 3) e ( x + 2 ) , os restos são iguais.


Neste caso, o valor de k é igual a
a) 10
b) 9
c) 8
d) 7
e) 6

5
Matemática

Gabarito

1. C
Tem-se, pelo Teorema do Resto, que p(-1) = 16, p(0) = -1. Além disso, sabemos que p(x) = (x+1) (x-1) x .
q(x) + ax² + bx + c, com q(x) sendo o quociente da divisão de p(x) por (x + 1) (x – 1)x. Desse modo, temos:
p(-1) = a – b + c <> a – b + x = 16.
P(1) = a + b + c = 12
e p(0) = c <> c = -1.
Resolvendo o sistema formado pelas equações a – b = 17 e a + b = 13, concluimos que a = 15, b = -2.
−2 2
Portanto, vem ax² + bx + c = 15x² - 2x-1 e, assim, o resultado pedido é − =
15 15

2. B

3. B
Aplicando dispositivo prático de Briot-Ruffini, temos:
2 2 -7 3 8 -4
2 2 -3 -3 2 0
2 1 -1 0
Obtemos:
1
𝑥 =
2x² + 1x – 1 = 0 > raízes { 1 2 , cuja soma vale -0,5.
𝑥2 = −1

6
Matemática

4. B
Aplicando o dispositivo prático de Briot-Ruffini, obtemos:

Logo, x³ + 2x² - 5x – 6 = (x+1) (x – 2) (x + 3) e, portanto, a divisão do polinômio x² + 2x² - 5x – 6 por (x + 1)


(x – 2) é igual a x + 3.

5. B
Utilizando o dispositivo de Briot-Ruffini, temos:
–1 1 2 –3 m
1 1 –4 4+m

Como o resto deve ser 3, temos: 4 + m = 3 => m = 3 – 4 = – 1.

6. E
Como um dos fatores de P(x) é x + 3, x = -3 é uma raiz de P(x). Assim, usando o dispositivo prático de
Briot-Fuffini, temos:

Dessa forma, P(x) = (x + 3) . (x² - x – 2)


Calculando as raízes de x² - x – 2 = 0, obtemos x2 = 2 e x3 = -1,
Logo, x² - x – 2 = (x – 2) . (x – (-1))
x² - x – 2 = (x – 2) . (x + 1)
Voltando ao polinômio P(x), obtemos: P(x) = (x + 3 ) . (x – 2) . (x + 1)

7. A
Determinando o polinômio q(x) = p(x) / r(x)

1
Portanto, q(x) = x³ + x² - 4x + 6 e a soma de suas raízes srão dads por S = − = 1
1

8. D
Pelo teorema do resto, temos:
P(1) = P(-1)
3 . 14 - . 1³ + m . 1 + 1 = 3.(-1)4 -2.(-1) = m.(-1) + 1
3–2+m+1=3+2–m+1
2m = 4
m=2

7
Matemática

9. B
Se p(x) é divisivel por (x – 1), então, p(1) = 0
Logo, p(p(1)) = p(0) = a . 0³ + b . 0² + c . 0 = 0

10. E
Sabendo que 2 e -2 são raízes de p(x), temos:

p(x) = x4 + 2x³ - 7x² - 8x + 12 = (x – 2) . (x+2) . (x² + 2x -3) = 0


Resolvendo a equação x² + 2 x – 3 = 0, temos x = -3 ou x = 1
Portanto, as raízes da equação são -3, -2, 1 e 2

11. B
Sabendo que os restos são iguais, pelo Teorema do Resto, vem
P(3) = P(-2) ⇔ 2 . 34 – 5 .3³ + k . 3 – 1 = 2 . (-2)4 – 5 . (-2)³ + k . (-2) – 1
⇔ 27 + 3k = 72 – 2k
⇔k=9

8
Matemática

Classificação de sistemas lineares

Resumo

Um sistema linear é classificado de acordo com o número de soluções. Podemos ter:

Sistema possível e determinado (SPD)


Neste caso temos apenas uma solução.
O sistema: {−𝑥 + 𝑦 = 5 3𝑥 − 𝑦 = −3
É possível e determinado pois o par ordenado (1,6) é sua única solução.

Sistema Possível Indeterminado (SPI)


Neste caso temos infinitas soluções.
O sistema: {5𝑥 − 5𝑦 + 5𝑧 = 1 𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 2
Apresenta infinitas soluções como por exemplo: (1,1,2), (0,2,4), (1,0,1),…

Sistema Impossível (SI)


Neste caso não temos solução.
O sistema: {𝑥 − 𝑦 = −3 𝑥 − 𝑦 = 5
Não possui nenhum par ordenado que satisfaça as duas equações ao mesmo tempo.

Método para classificar


O processo de escalonamento pode também ser utilizado na discussão de sistemas lineares, porém é mais
conveniente utilizar o cálculo do determinante da matriz dos coeficientes aliado ao escalonamento.
1º) Calcula-se o determinante;
● Se o determinante for diferente de zero, temos as condições dos parâmetros para que o sistema seja
SPD;
2º) Assumimos o determinante igual a zero e substituímos no sistema;
3º) Escalonamos o sistema obtido até a última linha;

Exemplo: Discuta o sistema {𝑎𝑥 + 2𝑦 = 1 𝑥 + 𝑦 = 𝑏


1º) Calculamos o determinante:
D = |𝑎 2 1 1 | 🡪 D = a – 2
Se D ≠ 0 🡪 a ≠ 2, teremos SPD (Sistema Possível e Determinado).

1
Matemática

2º) Assume D = 0, logo a = 2 e substituímos no sistema: {2𝑥 + 2𝑦 = 1 𝑥 + 𝑦 = 𝑏


1
Resolvendo temos que b =
2
Logo, temos
a ≠ 2 🡪 SPD
1
a=2eb=
2 🡪 SPI
1
a=2 eb≠ 🡪 SI
2

2
Matemática

Exercícios

5𝑥 + 4𝑦 + 2 = 0
1. O sistema de equações{ possui:
3𝑥 − 4𝑦 − 18 = 0
a) nenhuma solução.
b) uma solução.
c) duas soluções.
d) três soluções.
e) infinitas soluções.

5𝑥 + 3𝑦 + 4𝑧 = 3
2. Considerando o sistema { 15𝑥 − 9𝑦 + 8𝑧 = 6 analise as afirmativas abaixo e conclua.
10𝑥 + 12𝑦 + 16𝑧 = 12
a) O sistema é impossível.
b) O sistema é possível e indeterminado.
c) O sistema é possível e determinado.
d) O sistema admite como solução única x = 4, y = 8, z = –11.
e) O sistema admite como solução, para qualquer valor de x a terna (x, x, 5x).

3. Analise as afirmativas abaixo.


𝑥+𝑦 = 5
I. O sistema { é possível e indeterminado.
2𝑥 − 𝑦 = 1
𝑥+𝑦−𝑧 =4
II. O sistema{2𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 = −5 é possível e determinado.
𝑥 + 2𝑦 − 2𝑧 = 7
2𝑥 + 𝑦 = 5
III. O sistema{ é impossível.
4𝑥 + 2𝑦 = 10
Marque a alternativa correta.
a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas II é verdadeira.
c) Apenas III é verdadeira.
d) Apenas I é falsa.
e) Apenas III é falsa.

4. Sejam as matrizes
1 1 1 𝑋1 𝑘
𝐴 = [1 1 2 ], 𝑋 = [𝑋2 ] e 𝐵 = [3]
1 1 −2 𝑋3 5
Em relação à equação matricial AX = B é correto afirmar que

3
Matemática

7
a) é impossível para 𝐾 =
2
7
b) admite solução única para 𝐾 =
2
c) toda solução satisfaz à condição X1+ X2 = 4.
1
d) admite a terna ordenada (2, 1, − ) como solução.
2
e) toda solução satisfaz à condição X1+ X2 = -5.

5. Sobre o sistema linear de equações:


𝑥−𝑦 =3
{ 2𝑥 − 𝑦 − 𝑧 = 0
3𝑥 − 𝑦 + 2𝑧 = 6
É dito que:
I. O sistema é indeterminado
II. x=1,y=0,z=2 é solução do sistema
III. O sistema possui uma e somente uma solução
IV. Se z=1, então x=1 e y=-1
V. O sistema é homogêneo
São verdadeiras a(s) assertiva(s):
a) I
b) II
c) II e III
d) III e IV
e) V

4
Matemática

6. Considere o seguinte problema: Determinar dois números inteiros tais que a diferença entre seus
dobros seja igual a 4 e a soma de seus triplos seja igual a 9. Esse problema pode ser resolvido por meio
do sistema de equações.
2𝑥 − 2𝑦 = 4
{
3𝑥 + 3𝑦 = 9
e a conclusão correta a que se chega é que esse problema
a) não admite soluções.
b) admite infinitas soluções.
c) admite uma única solução, com valores de x e y menores que 5.
d) admite uma única solução, com valores de x e y compreendidos entre 5 e 10.
e) admite uma única solução, com valores de x e y maiores que 10.

7. Na peça “Um xadrez diferente”, que encenava a vida de um preso condenado por crime de “colarinho
branco”, foi utilizado como cenário um mosaico formado por retângulos de três materiais diferentes,
nas cores verde, violeta e vermelha. Considere que x, y e z são, respectivamente, as quantidades, em
quilos, dos materiais verde, violeta e vermelho utilizados na confecção do painel e que essas
quantidades satisfazem o sistema linear.
𝑥 + 3𝑦 + 2𝑧 = 250
{ 2𝑥 + 5𝑦 + 3𝑧 = 420
3𝑥 + 5𝑦 + 2𝑦 = 430
Sobre a solução desse sistema e a quantidade dos materiais verde, violeta e vermelho utilizada no
painel, afirma-se:
I. O sistema tem solução única e x + y + z = 120, isto é, a soma das quantidades dos três materiais
empregados é 120 quilo.
II. O sistema não tem solução, é impossível determinar a quantidade de cada material empregado.
III. O determinante da matriz dos coeficientes a qual está associada ao sistema é diferente de zero e
x = 2y e y = 3z.
IV. O determinante da matriz dos coeficientes a qual está associada ao sistema é zero. O sistema tem
solução, porém, para determinar a quantidade dos materiais utilizados, é necessário saber
previamente a quantidade de um desses materiais.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e III.
e) apenas IV.

𝑥 + 𝑚𝑦 = 𝑚 − 1
8. É dado o sistema { . Determine o valor de m para que o sistema seja homogêneo
2𝑥 + 6𝑦 = 𝑚2 − 1
a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4

5
Matemática

3𝑥 − 3𝑦 = 0
9. Dado o sistema { , para que valores de m o sistema admite somente a solução trivial:
(𝑚 + 1)𝑦 = 0
a) m = -1
b) m ≠ -1
c) m=2
d) m≠2
e) m ≠0

2𝑥 + 3𝑦 + 𝑧 = 1
10. Considere o sistema S seguinte: 𝑆 = { 4𝑥 + 6𝑦 + 𝑧 = 5
6𝑥 + 9𝑦 + 3𝑧 = 8
a) S possui uma única solução
b) S possui uma infinidade de soluções
c) S não possui soluções
d) S possui exatamente duas soluções
e) S possui exatamente três soluções

6
Matemática

Gabarito

1. B

2. B

Note que temos 2 equações e 3 incógnitas logo pelo menos uma das incógnitas ficará em função das
outras. Como as linhas não são múltiplas o sistema não é impossível. Logo é possível e indeterminado.

3. B
𝑥+𝑦 =5
I. é falso, pois { tem uma única solução (2,3)
2𝑥 − 𝑦 = 1
𝑥+𝑦−𝑧 =4
II. é verdadeiro, {2𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 = −5, pois
𝑥 + 2𝑦 − 2𝑧 = 7

(1,2,-1) é solução única.


2𝑥 + 𝑦 = 5
III. é falso, { pois admite infinitas soluções, pois as linhas são proporcionais.
4𝑥 + 2𝑦 = 10
Logo apenas a II é verdadeira.

7
Matemática

4. C

Somando a segunda equação com a tereira, temos:


2 ∙ (𝑥1 + 𝑥2 ) = 8 ⟹ 𝑥1 + 𝑥2 = 4

5. D
Somando as duas primeiras equações, temos: 3x=3, logo x=1. Substituindo esse valor nas demais
equações
y–z=2
-y + 2z = 3
Z=1
1–y +1=3
Y = -1
Analisando as letras, apenas a III e IV são verdadeiras, as outras são falsas.

6. A

Como é exigido que eles sejam inteiros e nem x nem y são, logo não tem solução.

7. E
A matriz aumentada do sistema será:

O determinante da matriz dos coeficientes será:

8
Matemática

8. B
𝑚−1=0⟺𝑚 =1
𝑚2 − 1 = 0 ⟺ 𝑚 = 1 𝑜𝑢 𝑚 ≡ −1

9. B
Para admitir apenas a solução trivial, x=0 e y=0. Para isso, 𝑚 + 1 ≠ 0 ⟺ 𝑚 ≠ −1.

10. B
2𝑥 + 3𝑦 = 4
{ 4𝑥. 6𝑦 = 8
6𝑥 + 9𝑦 = 11
Os coeficientes são proporcionais, mas os termos independentes não. Logo não possui soluções

9
Matemática

Escalonamento

Resumo

Método de escalonamento
Um sistema linear é dito escalonado se a última linha tiver apenas uma incógnita, a penúltima duas, e assim
sucessivamente até a primeira linha onde terão todas as incógnitas. Segue exemplo de um sistema
escalonado:
a11x1 + a12x2 + a13x3 +...+a1nxn = b1
a22x2 + a23x3 +...+ a2nxn = b2
a33x3 +...+a3nxn = b2
annxn = bn

Procedimentos para escalonar um sistema


• Fixamos como 1ª equação uma das que possuam o coeficiente da 1ª incógnita diferente de zero.
• Utilizando as propriedades de sistemas equivalentes, anulamos todos os coeficientes da 1ª incógnita
das demais equações.
• Anulamos todos os coeficientes da 2ª incógnita a partir da 3ª equação.
• Repetimos o processo com as demais incógnitas, até que o sistema se torne escalonado.

Exemplo:
Dado o sistema linear:
𝑥 + 2𝑦 + 4𝑧 = 0
{ 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 0
− 𝑥 + 16𝑧 = 4

Vamos resolver o sistema pelo método de escalonamento.


𝑥 + 2𝑦 + 4𝑧 = 0 → 𝑥 (−3)
{ 2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 0 → 𝑥2
− 𝑥 + 16𝑧 = 4
-3x – 6y – 12z = 0
4x + 6y – 2z = 0
x – 14z = 0

Substitua na segunda equação:


𝑥 + 2𝑦 + 4𝑧 = 0
{ 𝑥 − 14𝑧 = 0
− 𝑥 + 16𝑧 = 4

Soma a segunda equação com a terceira:


𝑥 + 2𝑦 + 4𝑧 = 0
{ 𝑥 − 14𝑧 = 0
2𝑧 = 4

1
Matemática

Exercícios

1. Escalonando o sistema abaixo, o conjunto solução obtido é:


 x + 2y + z = 9

 2x + y − z = 3
3x − y − 2 z = −4

a) (1,2,3)
b) (1,3,2)
c) (2,3,1)
d) (2,1,3)

2. Qual a soma dos elementos do conjunto solução?


 x+ y =3

 x+z =4
 y + z = −3

a) 3
b) 2
c) -8
d) 6

 x + 2y + z = 9

 2x + y − z = 3
3 x − y − 2 y = −4
3. Se a terna (a, b, c) é solução do sistema  , qual o valor numérico (a+b+c)?
a) 2
b) 4
c) 6
d) 8
e) 10

4. Uma padaria possui 3 tipos de padeiros, classificados como A, B e C. Essa padaria é bem conhecida na
cidade pela qualidade do pão francês, da baguete e do pão de batata.
Cada padeiro do tipo A produz, diariamente, 30 pães franceses, 100 baguetes e 20 pães de batata.
Cada padeiro do tipo B produz, diariamente, 30 pães franceses, 70 baguetes e 20 pães de batata.
Cada padeiro do tipo C produz, diariamente, 90 pães franceses, 30 baguetes e 100 pães de batata.
Quantos padeiros do tipo A, do tipo B e do tipo C são necessários para que em um dia a padaria produza,
exatamente, 420 pães franceses, 770 baguetes e 360 pães de batata?
a) 5 padeiros do tipo A, 3 padeiros do tipo B e 2 padeiros do tipo C.
b) 3 padeiros do tipo A, 3 padeiros do tipo B e 2 padeiros do tipo C.
c) 3 padeiros do tipo A, 5 padeiros do tipo B e 2 padeiros do tipo C.

2
Matemática

d) 5 padeiros do tipo A, 5 padeiros do tipo B e 5 padeiros do tipo C.


e) 5 padeiros do tipo A, 2 padeiros do tipo B e 3 padeiros do tipo C.

5. Qual o valor de x no sistema abaixo?

a) 1
b) -1
c) 3
d) -2
e) -3

 x + y + z + 2w = 1
x + y + 2z + w = 4

6. é (x,y,z,w) então o valor de x + z é:
y w
Se a solução do sistema: 
x + 2 y + z + w = 2
 2 x + y + z + w = 3
a) -2

b)

c)
d) 2

e)

7. Considere o sistema linear nas variáveis reais e


 x − y = 1,

 y + z = 2,
w − z = 3.

Logo, a soma é igual a

a)
b)
c)
d)

3
Matemática

8. Resolvendo o sistema a seguir, obtém-se para z o valor:


x + y + z = 0

2x −y −2z = 1
6y + 3z = −12

a) -3
b) -2
c) 0
d) 2
e) 3

9. A solução do sistema de equações lineares representado abaixo é:


x−2y−2z=−1

x−2z=3
y−z=1

a) x = -5, y = -2 e z = -1.
b) x = -5, y = -2 e z = 1.
c) x = -5, y = 2 e z = 1.
d) x = 5, y = 2 e z = -1.
e) x = 5, y = 2 e z = 1.

 3x − y + 2 x = 7

10. Resolvendo o sistema de equações lineares 2 x − 3 y + z = −1 , encontramos y igual a:
 x + 2y − z = 2

a) 1
b) 3
c) 5
d) 2
e) 4

2 x + y = 4

11. Se a terna (a,b,c) é solução do sistema  y − z = 4 , então:
 4x + z = 1

a) a+c=-1
b) a+b=1
c) b+c=2
d) 2a=2
e) 3b=3

4
Matemática

12. Determine o valor de b no sistema:


a + b + 3c + d = 1
 −b + 7c − d = 2


 10c − d = −3

 3d = 39
a) -22
b) -8
c) -4
d) 4
e) 8

5
Matemática

Gabarito

1. B
1 2 1 9 
A matriz aumentada do sistema é:   .Efetuando as operações elementares, chega-se em
2 1 −1 3 
3 −1 −2 −4 

 1 0 0 1
  . Logo x=1, y=3 e z=2.
0 1 0 3
0 0 1 2

2. B
1 1 0 3 
A matriz aumentada do sistema é:  1 0 1 4  .Efetuando as operações elementares, chega-se em
 
0 1 1 −3
1 0 0 5 
  . Logo x=5, y=-2 e z=-1.
0 1 0 −2
0 0 1 −1

3. C
Tomando a matriz ampliada do sistema e escalonando, obtemos

𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 = 9
Portanto, o sistema escalonado equivalente é { −𝑦 + 𝑧 = −1
−6𝑧 = −12
Resolvendo esse sistema, obtemos facilmente x=1, y=3 e z=2. Portanto, segue que a+b+c=1+3+2=6.

6
Matemática

4. A
Sejam a, b e c, respectivamente, o número de padeiros do tipo A, do tipo B e do tipo C. Temos:

5. A

1 1 1 61
 
0 1 −1 −1 1 
A matriz aumentada do sistema é  .Efetuando as operações elementares, chega-se
0 0 3 2 2
 
0 0 0 9 36 

1 0 0 0 1
 
0 1 0 0 3
em  . Logo x=1.
0 0 1 0 −2
 
0 0 0 1 4

6. E
 1 1 1 2 1
 
 1 1 2 1 4
A matriz aumentada do sistema é: . Efetuando as operações elementares, chega-se
 1 2 1 1 2
 
2 1 1 1 3
1 0 0 0 1
 
 0 1 0 0 0 −1 1 3
Portanto, x=1, y=0, z=2 e w=-1 Assim x + z = 1 + 2 = 1+ =
y w 0
em
0 0 1 0 2  2 2
 
0 0 0 1 −1

7. D
Somando todas as equações do sistema, vem x+w=6. Logo, somando essa equação à segunda, obtemos
x+y+z+w=6+2=8.

7
Matemática

8. D

1 1 1 0 
 
A matriz aumentada do sistema é 2 −1 −2 1  . Aplicando as operações elementares conclui-se

0 6 3 −12
 1 0 0 1
 
que 0 1 0 3 Logo z=2
 
0 0 1 2

9. E

 1 −2 −2 −1
 
A matriz aumentada do sistema é 1 0 −2 3 aplicando as operações elementares conclui-se que
 
0 1 −1 1 

 1 0 0 5
 
0 1 0 2 Assim, x=5, y=2 e z=1.
0 0 1 1

10. D
3 −1 2 7 
 
A matriz aumentada do sistema é 2 −3 1 −1 . Aplicando as operações elementares conclui-
 
 1 2 −1 2 

 1 0 0 1
 
se que 0 1 0 2 . Portanto, y=2
 
0 0 1 3

11. C

2 1 0 4
 
A matriz aumentada do sistema é 0 1 −1 4 . Aplicando as operações elementares conclui-se que
 
4 0 1 1

1 0 0 1 
 2
0 1 0 3  . Logo B+C=2.
 
0 0 1 −1
 

8
Matemática

12. B

1 1 3 1 1 
0 −1 7 −1 2 
A matriz aumentada do sistema é   . Aplicando as operações elementares conclui-
0 0 10 −1 −3
 
0 0 0 3 39 
1 0 0 0 −7 
0 1 0 0 −8 
se que  . Logo y=-8
0 0 1 0 1
 
0 0 0 1 13 

9
Matemática

Pediu pra parar, parou

Exercícios

1. Sabendo que 𝑎 e 𝑏 são números reais, considere a matriz quadrada de ordem 3,

1 𝑎 1
𝐴 = (𝑏 1 𝑎 ).
2 𝑏 2

Se a soma dos elementos em cada linha da matriz 𝐴 tem sempre o mesmo valor, então o determinante
de 𝐴 é igual a
a) 0.
b) 2.
c) 5.
d) 10.
e) 12.

1 2
2. Sejam 𝑎 e 𝑏 números reais tais que a matriz 𝐴 = [ ] satisfaz a equação 𝐴2 = 𝑎𝐴 + 𝑏𝐼, em que 𝐼 é a
0 1
matriz identidade de ordem 2. Logo, o produto 𝑎𝑏 é igual a
a) −2.
b) −1.
c) 1.
d) 2.
e) 3.

1
Matemática

3. A temperatura da cidade de Porto Alegre – RS foi medida, em graus Celsius, três vezes ao dia, durante
6 dias. Cada elemento 𝑎𝑖𝑗 da matriz

9,4 8,1 12,4 15,7 13 11,7


𝐴 = [12,2 10,5 15 18,2 14,2 13,1]
15,7 13,2 17,5 21 16,3 18,5

corresponde à temperatura observada no tempo 𝑖 do dia 𝑗. Com base nos dados da matriz 𝐴, analise
as seguintes proposições:
I. A temperatura mínima registrada está na posição 𝑎12
II. A maior variação de temperatura registrada entre os tempos 1 e 2 aconteceu no primeiro dia.
III. A temperatura máxima registrada está na posição 𝑎34
Estão corretas as afirmativas
a) I e III apenas.
b) I e II apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.
e) III apenas.

4. Uma pessoa necessita de 5 mg de vitamina E por semana, a serem obtidos com a ingestão de dois
complementos alimentares 𝛼 e 𝛽. Cada pacote desses complementos fornece, respectivamente, 1 mg
e 0,25 mg de vitamina E. Essa pessoa dispõe de exatamente 𝑅$47,00 semanais para gastar com os
complementos, sendo que cada pacote de 𝛼 custa 𝑅$5,00 e de 𝛽 𝑅$4,00.
O número mínimo de pacotes do complemento alimentar 𝛼 que essa pessoa deve ingerir
semanalmente, para garantir os 5 mg de vitamina E ao custo fixado para o mesmo período, é de:
a) 3.
5
b) 3
16

c) 5,5.
3
d) 6 .
4

e) 8.

2
Matemática

5. Dados os números complexos 𝑧1 = (2, −1) e 𝑧2 = (3,  𝑥), sabe-se que 𝑧1 ⋅ 𝑧2 ∈ ℝ. Então 𝑥 é igual a
a) −6.
3
b) − .
2

c) 0.
3
d) .
2

e) 6.

6. Sejam 𝑎 e 𝑏 números reais não nulos. Se o número complexo 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 é uma raiz da equação
quadrática 𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑎 = 0, então
1
a) |𝑧| = .
√3
1
b) |𝑧| = .
√5

c) |𝑧| = √3.

d) |𝑧| = √5.
e) |z| = 5.

3+2𝑖
7. O resultado da expressão
1−4𝑖
na forma 𝑥 + 𝑦𝑖 é
5 14
a) − + 𝑖
17 17
11 14
b) + 𝑖
15 15
11 14
c) − 𝑖
17 17
11 14
d) − 𝑖
15 15
1
e) 3 − 𝑖
2

3
Matemática

8. Considerando o polinômio 𝑃(𝑥) = 4𝑥 3 + 8𝑥 2 + 𝑥 + 1, é correto afirmar que o valor da soma 𝑃(−1) +


1
𝑃 (− ) é um número localizado entre
3

a) 5,0 e 5,5.
b) 4,0 e 4,5.
c) 4,5 e 5,0.
d) 5,5 e 6,0.
e) 6,0 e 7,5.

2
9. Sendo 𝑥 um número real maior que , a área de um retângulo é dada pelo polinômio 3𝑥 2 + 19𝑥 − 14. Se
3
a base desse retângulo é dada pelo polinômio 𝑥 + 7, o quadrado da diagonal do retângulo é expresso
pelo polinômio
a) 10𝑥 2 + 26𝑥 + 29.
b) 10𝑥 2 + 53.
c) 10𝑥 2 + 65.
d) 4𝑥 2 + 2𝑥 + 53.
e) 10𝑥 2 + 2𝑥 + 53.

10. O quociente e o resto da divisão do polinômio 𝑥 2 + 𝑥 − 1 pelo binômio 𝑥 + 3 são, respectivamente:


a) 𝑥 − 2 e 5
b) 𝑥 + 2 e 6
c) 𝑥 − 3 e 2
d) 𝑥 + 1 e 0
e) 𝑥 − 1 e −2

4
Matemática

Gabarito

1. D
Desde que 2 + 𝑎 = 𝑎 + 𝑏 + 1 = 𝑏 + 4, temos 𝑎 = 3 e 𝑏 = 1. Logo, vem
1 3 1
det A = 1 1 3
2 1 2
Chió −2 2
=
−5 0
= 10.

2. A
Tem-se que
1 2 1 2 1 2 1 0
𝐴2 = 𝑎𝐴 + 𝑏𝐼 ⇔ [ ]⋅[ ] = 𝑎[ ]+𝑏[ ]
0 1 0 1 0 1 0 1
1 4 𝑎+𝑏 2𝑎
   ⇔ [ ]=[ ]
0 1 0 𝑎+𝑏
𝑎+𝑏 =1
   ⇔ {
2𝑎 = 4
𝑎=2
   ⇔ {  ⋅
𝑏 = −1

Por conseguinte, vem 𝑎 ⋅ 𝑏 = 2 ⋅ (−1) = −2.

3. D
I. Correta, pois, a temperatura registrada na posição 𝑎12 é o menor valor dentre todos os valores
presentes na matriz. Ou seja, 8,1 = 𝑎12 < 𝑎𝑖𝑗 ,  𝑖 ≠ 1  𝑒  𝑗 ≠ 2.
II. Correta, pois, a maior variação entre os tempos 1 e 2 está registrada no primeiro dia. Observe que as
variações do primeiro ao sexto dia, respectivamente são: 2,8;  2,4;  2,6;  2,5;  1,2;  1,4. Logo, a maior
variação é 2,8 respectivo ao primeiro dia.
III. Correta, pois a temperatura registrada na posição 𝑎34 é o maior valor dentre todos os valores
presentes na matriz. Ou seja, 21 = 𝑎34 > 𝑎𝑖𝑗 ,  𝑖 ≠ 3  𝑒  𝑗 ≠ 4.

4. A
Sejam 𝑥 e 𝑦, respectivamente, as quantidades de pacotes dos complementos 𝛼 e 𝛽 que serão
ingeridos.
𝑥 + 0,25𝑦 = 5 −16𝑥 − 4𝑦 = −80
{ ∼{ .
5𝑥 + 4𝑦 = 47 5𝑥 + 4𝑦 = 47

Adicionando-se as duas equações, vem que −11𝑥 = −33 ⇔ 𝑥 = 3.


Portanto, deverão ser ingeridos 3 pacotes do complemento 𝛼.

5
Matemática

5. D
Calculando:
(2 − 𝑖) ⋅ (3 + 𝑥𝑖) = 6 + 2𝑥𝑖 − 3𝑖 + 𝑥
2𝑥 − 3 = 0
3
2𝑥 = 3 ⇒ 𝑥 =
2

6. B
Se 𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 é raiz, então 𝑧 = 𝑎 − 𝑏𝑖 também é raiz. Logo, pelas Relações de Girard, temos
𝑏
𝑎 + 𝑏𝑖 + 𝑎 − 𝑏𝑖 = − 𝑏 = −2𝑎
| 1
𝑎 ⇔ |𝑎 2 − 𝑎 + 𝑏 2 = 0
(𝑎 + 𝑏𝑖)(𝑎 − 𝑏𝑖) =
1
𝑏 = −2𝑎
 ⇔| 2
5𝑎 − 𝑎 = 0
2
𝑏=−
 ⇒| 5 .
1
𝑎=
5

Portanto, segue que


1 2 2 2 1
|𝑧| = √( ) + (− ) = .
5 5 √5

7. A
Lembrando que 𝑖 2 = −1, temos:
3 + 2i 3 + 2i 1 + 4i
= 
1 − 4i 1 − 4i 1 + 4i
3 + 12i + 2i + 8i2
=
1 − 16i2
5 14
=− + i.
17 17

6
Matemática

8. A
Tem-se que
𝑃(−1) = 4 ⋅ (−1)3 + 8 ⋅ (−1)2 − 1 + 1 = 4
e
3 2
 1  1  1 1
P −  = 4   −  + 8   −  − + 1
 3   3   3  3
4 8 2
=− + +
27 9 3
−4 + 24 + 18
=
27
11
= 1+ .
27

Em consequência, vem
 1 11
P( −1) + P  −  = 4 + 1 +
 3 27
11
=5+ .
27

Portanto, como
11 13,5
5<5+ < 5+ = 5,5,
27 27

segue o resultado.

9. E
Queremos calcular 𝑑 2 = 𝑏 2 + ℎ2 , em que 𝑑 é a diagonal do retângulo, 𝑏 = 𝑥 + 7 é a base do retângulo e
ℎ é a altura do retângulo. Logo, tem-se que
3𝑥 2 + 19𝑥 − 14 = (𝑥 + 7) ⋅ ℎ ⇔ ℎ = 3𝑥 − 2

e, portanto, vem
𝑑 2 = (𝑥 + 7)2 + (3𝑥 − 2)2 = 10𝑥 2 + 2𝑥 + 53.

10. A
Desde que 𝑥 2 + 𝑥 − 1 = (𝑥 + 3)(𝑥 − 2) + 5, segue o resultado.

7
Matemática

Polinômios: Teorema fundamental da álgebra, equação polinomial


e pesquisa de raízes

Resumo

Divisão com método das chaves


Faremos como na divisão de números, isto é, com o mesmo método da divisão conhecida.
Exemplo:

Briot Ruffini
Considere o polinômio p ( x ) = 3x 4 − 2 x3 + 2 x 2 − x + 1 e você vai dividir pelo polinômio q ( x ) = x − 2

Teorema da decomposição

Seja p ( x ) um polinômio de grau n , n  1 , dado por:


p ( x ) = a0 x n + a1 x n−1 + a2 x n−2 + ... + an−1 x + an | a0  0
Então p ( x ) pode ser decomposto em n fatores do 1° grau sob a forma:
p ( x ) = a0  ( x − r1 )  ( x − r2 )  ...  ( x − rn )
Sendo raízes do polinômio.

1
Matemática

Multiplicidade de uma raiz

O número complexo r é uma raiz de multiplicidade m, da equação p ( x ) = 0 se a forma fatorada de


p ( x ) é:
p ( x ) = ( x − r )  ( x − r )  ...  ( x − r )  q ( x )

p ( x) = ( x − r )  q ( x)
m

Na decomposição de um polinômio de grau n > 0 em um produto de n fatores do 1º grau, podemos encontrar


dois ou mais fatores idênticos. O número de vezes que uma mesma raiz aparece indica a multiplicidade da
raiz.

Exemplo: Seja o polinômio p ( x ) = x5 − 6 x 4 + 13x3 − 14 x 2 + 12 x − 8 , identifique a multiplicidade da raiz 2.

Obtivemos zero como resto nas três primeiras divisões, logo 2 é raiz tripla (multiplicidade 3).

Teorema das raízes complexas


Vamos enunciar um teorema que se trata das raízes complexas não reais de uma equação polinomial de
coeficientes reais, isto é, das raízes complexas da forma z = a + bi, com b 

Se um número complexo z = a + bi com a pertencente aos reais e b pertencente aos reais não nulos, é
raiz de uma equação polinomial p(x) = 0 com coeficientes reais, o conjugado de z, isto é,

z = a − bi também é solução.

Como consequência desse teorema temos que:


1. Se um número complexo z = a + bi é raiz com multiplicidade m de uma equação polinomial p(x) = 0 de
coeficientes reais, então seu conjugado z = a − bi também o é.
2. A quantidade de raízes complexas não reais de uma equação polinomial de coeficientes reais é
necessariamente par. Assim, se uma equação polinomial de coeficientes reais tem grau ímpar, admite
pelo menos uma raiz real.

2
Matemática

Teorema fundamental da álgebra


Em 1798 o matemático alemão Gauss demonstrou em sua tese de doutorado, um teorema de grande
importância na matemática conhecido como teorema fundamental da álgebra. A seguir, iremos enunciar esse
teorema admitindo-o.

Todo polinômio de grau n, n ≥ 1 admite ao menos uma raiz complexa.

Aos vinte anos de idade, Gauss


escreveu sua tese de doutorado na
universidade de Helmstadt, na qual
apresentou a primeira demonstração do
teorema fundamental da álgebra que foi
aceita entre os matemáticos. Apesar de
nesta ocasião a demonstração envolver
aspectos geométricos, posteriormente
Gauss publicou outras demonstrações
para este teorema, visando obter uma
que fosse completamente algébrica.

3
Matemática

Exercícios

1. No século XVI, divertidos duelos intelectuais entre professores das academias contribuíram para o
avanço da Matemática. Motivado por um desses duelos, o matemático italiano Niccólo Fontana
(Tartaglia) (1500 – 1557) encontrou uma fórmula para resolver equações polinomiais de terceiro grau.
No entanto, os outros matemáticos da época não tinham acesso a tal descoberta, tendo que encontrar
formas alternativas para resolver aqueles problemas. Uma dessas formas alternativas é a fatoração,
que facilita a observação das raízes (soluções), pois transforma a adição dos termos da equação em
uma multiplicação igualada a zero. Veja o exemplo:

x3 + 6 x 2 + 5x − 12 = 0  ( x − 1)( x + 3)( x + 4 ) = 0
Analisando o exemplo dado, é correto afirmar que essa equação
a) possui três raízes naturais distintas.
b) possui três raízes inteiras distintas.
c) possui duas raízes naturais distintas e uma raiz irracional.
d) possui duas raízes irracionais distintas e uma raiz inteira.
e) não possui raízes reais.

2. Um polinômio de terceiro grau, cujo coeficiente do termo dominante é igual a 1, admite apenas raízes
reais e distintas que quando multiplicadas resultam em 15 e quando somadas resultam em 1. Se o
resto da divisão desse polinômio por g(x) = x + 2 é igual a 7, então o quociente dessa divisão é igual a:
a) x² - 3x - 11
b) x² + 3x - 7
c) x² - x - 15
d) x² - x - 11
e) x² + x + 15

3. Sejam P ( x ) = x5 + x 4 + x3 + x 2 + x + 1 um polinômio e M o conjunto dos números reais k tais que


P(k)-0. O número de elementos de M é:

a) 1
b) 2
c) 4
d) 5

4. A soma dos quadrados dos números complexos que são as raízes da equação é igual a:
a) 8
b) 0
c) 4
d) 2

4
Matemática

5. Se os números de divisores de 6, de 9 e de 16 são as raízes da equação x³ + ax² + bx + c = 0, onde os


coeficientes a, b e c são números reais, então o valor do coeficiente b é:
a) 41
b) 45
c) 43
d) 47

6. Considere a equação ax² + bx + c = 0, sabemos que a + b + c = 0 e que x=3 é raiz da equação. Quanto
vale o produto das duas raízes da equação?
a) -6
b) -3
c) 3
d) 6

7. Se 2 é a única raiz real da equação x − 4 x + 6 x − 4 = 0 então relativamente às demais raízes desta


3 2

equação, é verdade que são números complexos:


a) cujas imagens pertencem ao primeiro e quarto quadrante do plano complexo.
b) que tem módulos iguais a 2
c) cujos argumentos principais são 45° e 135°
d) suja soma é igual a 2i.

8. Considere o polinômio de variável real p ( x ) = x3 − kx + 150 , com k sendo um número natural fixo
não nulo. Se o número complexo z = 3 + ai é uma raiz de p(x), em que a é um número real positivo e i é
a unidade imaginária, então o valor do produto k.a é igual a:
a) 44
b) 66
c) 24
d) 96

9. A culinária está em alta nos programas televisivos. Em um desses programas, os participantes foram
desafiados a elaborar um prato no qual fossem utilizados, entre outros, os ingredientes A, B e C, cujas
quantidades, em kg, numericamente, não excedessem às raízes do polinômio
P( x) = 8 x ³ − 14 x ² + 7 x − 1 .
Sabendo-se que os participantes receberam 250g do ingrediente A, pode-se afirmar que as quantidades
máximas que podem ser utilizadas dos ingredientes B e C diferem em
a) 200 g
b) 275 g
c) 350 g
d) 425 g
e) 500 g

5
Matemática

10. Se P ( z ) é um polinômio do quarto grau na variável complexa z, com coeficientes reais, que satisfaz
as seguintes condições:
P ( i ) = P ( −i ) = P ( i + 1) = P (1 − i ) = 0 e P (1) = 1, então, P ( −1) é igual a
Observação: i é o número complexo cujo quadrado é igual a -1.
a) 3.
b) -3.
c) 5.
d) -5.
e) 7.

6
Matemática

Gabarito

1. B
Da equação ( x − 1)( x + 3)( x + 4) = 0 , temos:
x − 1 = 0 ou x + 3 = 0 ou x + 4 = 0, ou seja, x = 1 ou x = −3 ou x = −4 .
Assim, a equação dada apresenta três raízes inteiras distintas.

2. A
Seja, f ( x ) = x3 − Sx 2 + bx − P , em que S = 1 e P = 15 são, respectivamente, a soma e o produto das
raízes de f . Pelo Teorema do Resto, vem

7 = ( −2 ) − 1  ( −2 ) + b  ( −2 ) − 15  b = −17
3 2

Portanto, como
x3 − x2 − 17 x − 15 = ( x + 2 ) ( x 2 − 3x − 11) + 7
Segue que o resultado é q ( x ) = x 2 − 3x − 11

3. A
( )
É fácil ver, por inspeção, que x = -1 é raiz de P. Logo, temos P ( x ) = ( x + 1) x + x + 1 . Daí, como
4 2

x + x + 1 = 0 não possui raízes reais, podemos concluir que a única raiz real de P é x = -1.
4 2

Portanto, sendo M o conjunto das raízes de P, vem que a resposta é 1.

4. B
Tem-se que
x4 − 1 = ( x2 − 1)( x2 + 1) = ( x − 1)( x + 1)( x + i )( x − i )

Por conseguinte, as raízes da equação são -1, 1, -i, e i.


A resposta é ( −1) + 1 + ( −i ) + i = 0
2 2 2 2

5. D
É imadiato que 6 possui 4 divisores positivos, 9 possui 3 divisores positivos e 16 possui 5 divisores
positivos. Logo, temos
( x − 4)( x − 3)( x − 5) = x3 − 12 x2 + 47 x − 60 = x3 + ax2 + bx + c
Portanto, comparando os coeficientes dos termos de mesmo grau, vem b = 47.

6. C
Tomando x = 1, vem a  1 + b  1 + c = a + b + c = 0 . Logo, segue que x = 1 é raiz da equação e, portanto,
2

a resposta é 1 3 = 3 .

7
Matemática

7. A
Aplicando o dispositivo de Brior-Ruffini, temos:

Ou seja,
x3 − 4 x 2 + 6 x − 4 = ( x − 2 ) ( x 2 − 2 x + 2 ) = 0

Determinando as demais raízes através da equação:


2  2i x = 1 + i
x2 − 2x + 2 = 0  x =
2 x = 1− i
Estas raízes possuem afixos localizados no primeiro e quarto quadrantes. Portanto, a alternativa [A] está
correta.

8. A
Se z = 3 + ai é raiz de p(x), então z = 3 – ai também é raiz. Chamaremos a terceira raiz de r.
Considerando as relações de Girard podemos escrever que:
0
3 + a  1 + 3 − a  i + r = −  r = −6
1
( 3 + a  i )  ( 3 − a  i )  ( −6 ) = −150  a = 4
P ( −6 ) = 0  ( −6 ) − k  ( −6 ) + 150 = 0  k = 11
3

Portanto, k  a = 11 4 = 44

9. E
Por inspeção, é fácil ver que x = 1 é raiz de P. Ademais, pelo dispositivo de Briot-Ruffini, temos

( )
Desse modo, vem P ( x ) = ( x − 1) 8x − 6 x + 1 e, portanto, as outras raízes de P são x =
2 1
4
1
e x= .
2
1
Em consequência, as quantidades dos ingredientes B e C não podem superar 1kg e kg, ou vice-versa.
2
A resposta, em qualquer caso, é 1000 – 500 = 500g.

8
Matemática

10. C
Do enunciado, sendo a um número real,
P ( x ) = a  ( x − i )  ( x + i ) ( x − (1 + i ) )  ( x − ( x − i ) )
P ( x ) = a  ( x 2 − i 2 )  ( ( x − 1) − i )  ( ( x − 1) + i )

(
P ( x ) = a  ( x 2 + 1)  ( x − 1) − i 2) 2

P ( x ) = a  ( x + 1)  ( ( x − 1) + 1)
2 2

Como P(1) = 1

(
1 = a  (12 + 1) (1 − 1) + 1
2
)
1 = a  2 1
1
a=
2

Logo,

P ( x) =
1
2
(
 ( x 2 + 1) ( x − 1) + 1
2
)
1
(
P ( −1) =  ( −1) + 1 ( −1 − 1) + 1
2
2
)(2
)
1
P ( −1) =  2  5
2
P ( −1) = 5

9
Matemática

Resolução de Exercícios de Provas Anteriores 1

Exercícios

1. A prefeitura de uma cidade detectou que as galerias pluviais, que possuem seção transversal na forma
de um quadrado de lado 2m, são insuficientes para comportar o escoamento da água em caso de
enchentes. Por essa razão, essas galerias foram reformadas e passaram a ter seções quadradas de
lado igual ao dobro das anteriores, permitindo uma vazão de 400m3/s. O cálculo da vazão V (em m3/s)
é dado pelo produto entre a área por onde passa a água (em m 2) e a velocidade da água (em m/s).
Supondo que a velocidade da água não se alterou, qual era a vazão máxima?
a) 25m3/s
b) 50m3/s
c) 100m3/s
d) 200m3/s
e) 300m3/s

2. A prefeitura de um pequeno município do interior decide colocar postes para iluminação ao longo de
uma estrada retilínea, que inicia em uma praça central e termina numa fazenda na zona rural. Como a
praça já possui iluminação, o primeiro poste será colocado a 80 metros da praça, o segundo, a 100
metros, o terceiro, a 120 metros, e assim sucessivamente, mantendo-se sempre uma distância de
vinte metros entre os postes, até que o último poste seja colocado a uma distância de 1 380 metros
da praça. Se a prefeitura pode pagar, no máximo, R$ 8 000,00 por poste colocado, o maior valor que
poderá gastar com a colocação desses postes é
a) R$512 000,00.
b) R$520 000,00.
c) R$528 000,00.
d) R$552 000,00.
e) R$584 000,00.

1
Matemática

3. Um quebra-cabeça consiste em recobrir um quadrado com triângulos retângulos isósceles, como


ilustra a figura.

Uma artesã confecciona um quebra-cabeça como o descrito, de tal modo que a menor das peças é
um triângulo retângulo isósceles cujos catetos medem 2 cm. O quebra-cabeça, quando montado,
resultará em um quadrado cuja medida de lado, em centímetro, é:
a) 14
b) 12

c) 7√2

d) 6 + 4√2

e) 6 + 2√2

4. Na figura estão representadas três retas no plano cartesiano, sendo P, Q e R os pontos de intersecções
entre as retas, e A, B e C s pontos de intersecções dessas retas com o eixo x.

Essa figura é a representação gráfica de um sistema linear de três equações e duas incógnitas que
a) possui três soluções reais e distintas, representadas pelos pontos P, Q e R, pois eles indicam onde
as retas se intersectam.
b) possui três soluções reais e distintas, representadas pelos pontos A, B e C, pois eles indicam onde
as retas intersectam o eixo das abscissas.
c) possui infinitas soluções reais, pois as retas se intersectam em mais de um ponto.
d) não possui solução real, pois não há ponto que pertença simultaneamente às três retas.
e) possui uma única solução real, pois as retas possuem pontos em que se intersectam.

2
Matemática

5. Um arquiteto está reformando uma casa. De modo a contribuir com o meio ambiente, decide
reaproveitar tábuas de madeira retiradas da casa. Ele dispõe de 40 tábuas de 540 cm, 30 de 810 cm e
10 de 1 080 cm, todas de mesma largura e espessura. Ele pediu a um carpinteiro que cortasse as
tábuas em peças de mesmo comprimento, sem deixar sobras, e de modo que as novas peças ficassem
com o maior tamanho possível, mas de comprimento menor que 2 m. Atendendo o pedido do arquiteto,
o carpinteiro deverá produzir
a) 105 peças.
b) 120 peças.
c) 210 peças.
d) 243 peças.
e) 420 peças

6. O gerente de um cinema fornece anualmente ingressos gratuitos para escolas. Este ano serão
distribuídos 400 ingressos para uma sessão vespertina e 320 ingressos para uma sessão noturna de
um mesmo filme. Várias escolas podem ser escolhidas para receberem ingressos. Há alguns critérios
para a distribuição dos ingressos:
1) cada escola deverá receber ingressos para uma única sessão;
2) todas as escolas contempladas deverão receber o mesmo número de ingressos;
3) não haverá sobra de ingressos (ou seja, todos os ingressos serão distribuídos).

O número mínimo de escolas que podem ser escolhidas para obter ingressos, segundo os critérios
estabelecidos, é
a) 2.
b) 4.
c) 9.
d) 40.
e) 80

3
Matemática

7. Uma carga de 100 contêineres, idênticos ao modelo apresentado na Figura 1, deverá ser descarregada
no porto de uma cidade. Para isso, uma área retangular de 10m por 32 m foi cedida para o
empilhamento desses contêineres (Figura 2).

De acordo com as normas desse porto, os contêineres deverão ser empilhados de forma a não
sobrarem espaços nem ultrapassarem a área delimitada.
Após o empilhamento total da carga e atendendo à norma do porto, a altura mínima a ser atingida por
essa pilha de contêineres é
a) 12,5 m.
b) 17,5 m.
c) 25,0 m.
d) 22,5 m.
e) 32,5 m.

4
Matemática

8. Um dos grandes problemas enfrentados nas rodovias brasileiras é o excesso de carga transportada
pelos caminhões. Dimensionado para o tráfego dentro dos limites legais de carga, o piso das estradas
se deteriora com o peso excessivo dos caminhões. Além disso, o excesso de carga interfere na
capacidade de frenagem e no funcionamento da suspensão do veículo, causas frequentes de
acidentes. Ciente dessa responsabilidade e com base na experiência adquirida com pesagens, um
caminhoneiro sabe que seu caminhão pode carregar no máximo 1 500 telhas ou 1 200
tijolos.Considerando esse caminhão carregado com 900 telhas, quantos tijolos, no máximo, podem
ser acrescentados à carga de modo a não ultrapassar a carga máxima do caminhão?
a) 300 tijolos
b) 360 tijolos
c) 400 tijolos
d) 480 tijolos
e) 600 tijolos

9. O ciclo de atividade magnética do Sol tem um período de 11 anos. O início do primeiro ciclo registrado
se deu no começo de 1755 e se estendeu até o final de 1765. Desde então, todos os ciclos de atividade
magnética do Sol têm sido registrados.
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 27 fev. 2013.

No ano de 2101, o Sol estará no ciclo de atividade magnética de número


a) 32.
b) 34.
c) 33.
d) 35.
e) 31

5
Matemática

10. O número mensal de passagens de uma determinada empresa aérea aumentou no ano passado nas
seguintes condições: em janeiro foram vendidas 33.000 passagens; em fevereiro, 34.500; em março,
36.000. Esse padrão de crescimento se mantém para os meses subsequentes. Quantas passagens
foram vendidas por essa empresa em julho do ano passado?
a) 38.000
b) 40.500
c) 41.000
d) 42.000
e) 48.000

6
Matemática

Gabarito

1. B

2. C

3. A
Observe que as hipotenusas dos triângulos retângulos crescem segundo uma P.G. de primeiro termo
2√𝟐 e razão √𝟐.

4. D

7
Matemática

5. E

6. C

7. A

8. D

9. A

8
Matemática

10. D

9
Matemática

Resolução de Exercícios de Provas Anteriores 2

Exercícios

1. Um mapa é a representação reduzida e simplificada de uma localidade. Essa redução, que é feita com
o uso de uma escala, mantém a proporção do espaço representado em relação ao espaço real. Certo
mapa tem escala 1 : 58 000 000.

Considere que, nesse mapa, o segmento de reta que liga o navio à marca do tesouro meça 7,6 cm. A
medida real, em quilômetro, desse segmento de reta é:
a) 4 408.
b) 7 632.
c) 44 080.
d) 76 316.
e) 440 800.

1
Matemática

2. Os tipos de prata normalmente vendidos são 975, 950 e 925. Essa classificação é feita de acordo com
a sua pureza. Por exemplo, a prata 975 é a substância constituída de 975 partes de prata pura e 25
partes de cobre em 1 000 partes da substância. Já a prata 950 é constituída de 950 partes de prata
pura e 50 de cobre em 1 000; e a prata 925 é constituída de 925 partes de prata pura e 75 partes de
cobre em 1 000. Um ourives possui 10 gramas de prata 925 e deseja obter 40 gramas de prata 950
para produção de uma joia. Nessas condições, quantos gramas de prata e de cobre, respectivamente,
devem ser fundidos com os 10 gramas de prata 925?
a) 29,25 e 0,75
b) 28,75 e 1,25
c) 28,50 e 1,50
d) 27,75 e 2,25
e) 25,00 e 5,00

2
Matemática

3. A Ecofont possui design baseado na velha fonte Vera Sans. Porém, ela tem um diferencial: pequenos
buraquinhos circulares congruentes, e em todo o seu corpo, presentes em cada símbolo. Esses furos
proporcionam um gasto de tinta menor na hora da impressão.

Suponha que a palavra ECO esteja escrita nessa fonte, com tamanho 192, e que seja composta por
letras

formadas por quadrados de lados x com furos circulares de raio . Para que a área a ser pintada

seja reduzida a da área inicial, pretende-se reduzir o tamanho da fonte.


Sabe-se que, ao alterar o tamanho da fonte, o tamanho da letra é alterado na mesma proporção.
Nessas condições, o tamanho adequado da fonte será:
a) 64.
b) 48.
c) 24.
d) 21.
e) 12.

3
Matemática

4. Uma empresa deseja iniciar uma campanha publicitária divulgando uma promoção para seus
possíveis consumidores. Para esse tipo de campanha, os meios mais viáveis são a distribuição de
panfletos na rua e anúncios na rádio local. Considera-se que a população alcançada pela distribuição
de panfletos seja igual à quantidade de panfletos distribuídos, enquanto que a alcançada por um
anúncio na rádio seja igual à quantidade de ouvintes desse anúncio. O custo de cada anúncio na rádio
é de R$ 120,00, e a estimativa é de que seja ouvido por 1 500 pessoas. Já a produção e a distribuição
dos panfletos custam R$ 180,00 cada 1 000 unidades. Considerando que cada pessoa será alcançada
por um único desses meios de divulgação, a empresa pretende investir em ambas as mídias.
Considere X e Y os valores (em real) gastos em anúncios na rádio e com panfletos, respectivamente.
O número de pessoas alcançadas pela campanha será dado pela expressão.

a)

b)

c)

d)

e)

5. Um produtor de milho utiliza uma área de 160 hectares para as suas atividades agrícolas. Essa área é
dividida em duas partes: uma de 40 hectares, com maior produtividade, e outra, de 120 hectares, com
menor produtividade. A produtividade é dada pela razão entre a produção, em tonelada, e a área
cultivada. Sabe-se que a área de 40 hectares tem produtividade igual a 2,5 vezes à da outra. Esse
fazendeiro pretende aumentar sua produção total em 15%, aumentando o tamanho da sua
propriedade. Para tanto, pretende comprar uma parte de uma fazenda vizinha, que possui a mesma
produtividade da parte de 120 hectares de suas terras. Qual é a área mínima, em hectare, que o
produtor precisará comprar?
a) 36
b) 33
c) 27
d) 24
e) 21

4
Matemática

6. De acordo com a Lei Universal da Gravitação, proposta por Isaac Newton, a intensidade da força
gravitacional F que a Terra exerce sobre um satélite em órbita circular é proporcional à massa m do
satélite e inversamente proporcional ao quadrado do raio r da órbita, ou seja,

No plano cartesiano, três satélites, A, B e C, estão representados, cada um, por um ponto (m; r) cujas
coordenadas são, respectivamente, a massa do satélite e o raio da sua órbita em torno da Terra.

Com base nas posições relativas dos pontos no gráfico, deseja-se comparar as intensidades e

da força gravitacional que a Terra exerce sobre os satélites A, B e C, respectivamente. As

intensidades e expressas no gráfico satisfazem a relação:

a)
b)
c)
d)
e)

5
Matemática

7. Uma empresa de comunicação tem a tarefa de elaborar um material publicitário de um estaleiro para
divulgar um novo navio, equipado com um guindaste de 15 m de altura e uma esteira de 90 m de
comprimento. No desenho desse navio, a representação do guindaste deve ter sua altura entre 0,5 cm
e 1 cm, enquanto a esteira deve apresentar comprimento superior a 4 cm. Todo o desenho deverá ser
feito em uma escala 1 : X. Os valores possíveis para X são, apenas,
a) X > 1 500.
b) X < 3 000.
c) 1 500 < X < 2 250.
d) 1 500 < X < 3 000.
e) 2250 < X < 3000.

8. Numa atividade de treinamento realizada no Exército de um determinado país, três equipes – Alpha,
Beta e Gama – foram designadas a percorrer diferentes caminhos, todos com os mesmos pontos de
partida e de chegada.
• A equipe Alpha realizou seu percurso em 90 minutos com uma velocidade média de 6,0 km/h.
• A equipe Beta também percorreu sua trajetória em 90 minutos, mas sua velocidade média foi de 5,0
km/h.
• Com uma velocidade média de 6,5 km/h, a equipe Gama concluiu seu caminho em 60 minutos.

Com base nesses dados, foram comparadas as distâncias e percorridas pelas


três equipes. A ordem das distâncias percorridas pelas equipes Alpha, Beta e Gama é

a)

b)

c)

d)

e)

9. Sabe-se que a distância real, em linha reta, de uma cidade A, localizada no estado de São Paulo, a uma
cidade B, localizada no estado de Alagoas, é igual a 2 000 km. Um estudante, ao analisar um mapa,
verificou com sua régua que a distância entre essas duas cidades, A e B, era 8 cm.
Os dados nos indicam que o mapa observado pelo estudante está na escala de
a) 1 : 250.
b) 1 : 2500.
c) 1 : 25000.
d) 1 : 250000.
e) 1 : 25000000.

6
Matemática

10. A Figura 1 representa uma gravura retangular com 8 m de comprimento e 6 m de altura.

Figura 1
Deseja-se reproduzi-la numa folha de papel retangular com 42 cm de comprimento e 30 cm de altura,
deixando livres 3 cm em cada margem, conforme a Figura 2

Figura 2
A reprodução da gravura deve ocupar o máximo possível da região disponível, mantendo-se as
proporções da Figura 1.
PRADO, A. C. Superinteressante, ed. 301, fev. 2012 (adaptado).

A escala da gravura reproduzida na folha de papel é:


a) 1:3
b) 1:4
c) 1:20
d) 1:25
e) 1 : 32

7
Matemática

Gabarito

1. A

2. B

3. B

4. A

5. B

6. E

8
Matemática

7. C

8. A

9. E
O mapa observado pelo estudante está na escala de:
8 cm/2 000 km = 8 cm/ 200 000 000 cm = 1/ 25 000 000 = 1 : 25 000 000

10. D
A figura possui dimensões 800 cm x 600 cm e a folha possui dimensões 36 cm x 24 cm, portanto,
fazendo a razão entre os lados temos que 800/36 é aproximadamente 22 e 600/24 = 25.
Assim, a gravura ocupará o máximo possível da folha de papel se for desenhada na escala 1 : 25.

9
Matemática

Resolução de exercícios de provas anteriores 1

1. O dono de um sítio pretende colocar uma haste de sustentação para melhor firmar dois postes de
comprimentos iguais a 6 m e 4 m. A figura representa a situação real na qual os postes são descritos
pelos segmentos AC e BD e a haste é representada pelo segmento EF, todos perpendiculares ao solo,
que é indicado pelo segmento de reta AB. Os segmentos AD e BC representam cabos de aço que serão
instalados.

Qual deve ser o valor do comprimento da haste EF?


a) 1m
b) 2m
c) 2,4 m
d) 3m
e) 2 6 mm

2. Em canteiros de obras de construção civil é comum perceber trabalhadores realizando medidas de


comprimento e de ângulos e fazendo demarcações por onde a obra deve começar ou se erguer. Em um
desses canteiros foram feitas algumas marcas no chão plano. Foi possível perceber que, das seis
estacas colocadas, três eram vértices de um triângulo retângulo e as outras três eram os pontos médios
dos lados desse triângulo, foram indicadas por letras.

A região demarcada pelas estacas A, B, M e N deveria ser calçada com concreto. Nessas condições, a
área a ser calçada corresponde
a) a mesma área do triângulo AMC.
b) a mesma área do triângulo BNC.
c) a metade da área formada pelo triângulo ABC.
d) ao dobro da área do triângulo MNC.
e) ao triplo da área do triângulo MNC.

1
Matemática

3. A sombra de uma pessoa que tem 1,80 m de altura mede 60 cm. No mesmo momento, a seu lado, a
sombra projetada de um poste mede 2,00 m. Se, mais tarde, a sombra do poste diminuiu 50 cm, a
sombra da pessoa passou a medir:
a) 30 cm.
b) 45 cm.
c) 50 cm.
d) 80 cm.
e) 90 cm.

4. Em sua vez de jogar, um jogador precisa dar uma tacada na bola branca, de forma a acertar a bola 9 e
fazê-la cair em uma das caçapas de uma mesa de bilhar. Como a bola 8 encontra-se entre a bola branca
e a bola 9, esse jogador adota a estratégia de dar uma tacada na bola branca em direção a uma das
laterais da mesa, de forma que, ao rebater, ela saia em uma trajetória retilínea, formando um ângulo de
90º com a trajetória da tacada, conforme ilustrado na figura.

Com essa estratégia, o jogador conseguiu encaçapar a bola 9. Considere um sistema cartesiano de
eixos sobre o plano da mesa, no qual o ponto de contato da bola com a mesa define sua posição nesse
sistema. As coordenadas do ponto que representa a bola 9 são (3;3), o centro da caçapa de destino
tem coordenadas (6;0) e a abscissa da bola branca é 0,5, como representados na figura.
Se a estratégia deu certo, a ordenada da posição original da bola branca era
a) 1,3.
b) 1,5.
c) 2,1.
d) 2,2.
e) 2,5.

2
Matemática

5. Pretende-se construir um mosaico com o formato de um triângulo retângulo, dispondo-se de três peças,
sendo duas delas triângulos retângulos congruentes e a terceira um triângulo isósceles. A figura
apresenta cinco mosaicos formados por três peças.

Na figura, o mosaico que tem as características daquele que se pretende construir é o


a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

6. A fotografia mostra uma turista aparentemente beijando a esfinge de Gizé, no Egito. A figura a seguir
mostra como, na verdade, foram posicionadas a câmera fotográfica, a turista e a esfinge.

Medindo-se com uma régua diretamente na fotografia, verifica-se que a medida do queixo até o alto da
cabeça da turista é igual a 2/3 da medida do queixo da esfinge até o alto da sua cabeça. Considere que
essas medidas na realidade são representadas por d e d’, respectivamente, que a distância da esfinge à
lente da câmera fotográfica, localizada no plano horizontal do queixo da turista e da esfinge, é
representada por b, e que a distância da turista à mesma lente, por a. A razão entre b e a será dada por:

3
Matemática

b d'
a) =
a c
b 2d
b) =
a 3c
b 3d '
c) =
a 2c
b 2d '
d) =
a 3c
b 2d '
e) =
a c

7. Uma folha de papel retangular (Figura 1) é dobrada conforme indicado na Figura 2 abaixo:

A área do triângulo cinza escuro na figura 2, formado após a dobra da folha, mede, em centímetros
quadrados,
a) 31,50
b) 34,65
c) 47,25
d) 63,00
e) 189,00

8. Os lados de um triângulo medem, respectivamente, 5cm, 7cm e 8 cm. Quais são as respectivas medidas
dos lados de um triângulo semelhante a este cujo perímetro mede 0,6 m ?
a) 15 cm, 21 cm e 24 cm
b) 12 cm, 22 cm e 26 cm
c) 18 cm, 20 cm e 22 cm
d) 11 cm, 23 cm e 26 cm
e) 16 cm, 18 cm e 26 cm

4
Matemática

9. Na figura abaixo, temos um quadrado AEDF e AC = 4 E AB = 6 .

Qual é o valor do lado do quadrado ?


a) 2
b) 2,4
c) 2,5
d) 3
e) 4

10. Na figura, o losango FGCE possui dois lados sobrepostos aos do losango ABCD e sua área é igual à
área indicada em verde.

Se o lado do losango ABCD mede 6cm, o lado do losango FGCE mede


a) 2 5 cm.
b) 2 6 cm.
c) 4 2 cm.
d) 3 3 cm.
e) 3 2 cm.

5
Matemática

Gabarito

1. C
Os triângulos FEB e ACB são semelhantes por apresentarem ângulos congruentes entre si, assim
EF FB EF FB
= , como AC = 4, = . Os triângulos FEA e BDA também são semelhantes pela mesma
AC AB 4 AB
EF FE EF FE
razão, assim = , como BD = 6, = . Somando as equações encontradas a partir das
BD AB 6 AB
EF EF EF EF
semelhanças, tem-se que + . Como FB + FE = AB, + = 1;
4 6 4 6
5
EF = 1
12

12
EF = = 2, 4 m
5

2. E
2
S MNC  1 
=    S ABC = 4  S MNC
S ABC  2 
S ABMN = S ABC − S MNC
S ABMN = 4  S MNC  S MNC
S ABMN = 3  SCMN (TRIPLO)

3. B

1,8 0, 6
=  h = 6m
h 2

1,8 x
=  x = 0, 45m = 45cm
6 1,5

6
Matemática

4. E
Considerando os dados do enunciado:

ABC = CFG  AB = AC
BM = CM  BM = 1  B (1 ; 3)
ABC = DBE
DE = DB  DE = 0,5  E ( 0,5 ; 2,5 )

5. B
Bom primeiramente devemos analisar cada mosaico e cada tipo de triângulo existente.
E buscando o que queremos que é ‘’sendo duas delas triângulos retângulos congruentes e a terceira um
triângulo isósceles’’

Mosaico 1: Temos que os dois triângulos retângulos não são congruentes pois percebemos que as
medidas dos catetos do triângulo de baixo são menores do que as do de cima.
Mosaico 2:Temos dois triângulos retângulos congruentes e um isósceles.
Mosaico 3:O terceiro triângulo não é isósceles.
Mosaico 4: A terceira figura não é um triângulo isósceles.
Mosaico 5: Não possui triângulo retângulo.

Logo a figura que se adequa é a de número 2.

6. D

Na figura, o ABC ~ ADE , logo:

7
Matemática

b d
=
a c
Como
2
d= d'
3
Temos:
b 2d '
=
a 3c

7. C
Calculando:
9 6 10,5  9
=  x = 10,5  S = = 47, 25 cm 2
x 7 2

8. A
Sejam a, b e c, as medidas dos lados do triângulo semelhante, em centímetris, Logo, como o perímetro do
triângulo cujos lados queremos determinar mede 0,6 m = 60 cm, temos
a b c a+b+c a b c
= = =  = = =3
5 7 8 5+7+8 5 7 8
a = 15 cm
 b = 21 cm
c = 24 cm

9. B

Considerando x a medida do lado do quadrado, temos:


CED ~ CAB
4−x x
=
4 6
4 x = 24 − 6 x
10 x = 24
x = 2, 4

8
Matemática

10. E
Desde que os losangos FGCE e ABCD são semelhantes, temos
( FGCE ) 1 2
= =k com k sendo a razão de semelhança.
( ABCD ) 2
FG 1
Por conseguinte, dado que AB = 6 cm , vem =  FG = 3 2 cm .
AB 2

9
Matemática

Resolução de exercícios de provas anteriores 2

1. Para decorar uma mesa de festa infantil, um chefe de cozinha usará um melão esférico com diâmetro
medindo 10 cm, o qual servirá de suporte para espetar diversos doces. Ele irá retirar uma calota esférica
do melão, conforme ilustra a figura, e, para garantir a estabilidade deste suporte, dificultando que o
melão role sobre a mesa, o chefe fará o corte de modo que o raio r da seção circular de corte seja de
pelo menos 3 cm. Por outro lado, o chefe desejará dispor da maior área possível da região em que serão
afixados os doces.

Para atingir todos os seus objetivos, o chefe deverá cortar a calota do melão numa altura h, em
centímetro, igual a
91
a) 5−
2
b) 10 − 91
c) 1
d) 4
e) 5

2.

Na figura acima, que representa o projeto de uma escada com 5 degraus de mesma altura, o
comprimento total do corrimão é igual a
a) 1,8 m.
b) 1,9 m.
c) 2,0 m.
d) 2,1 m.
e) 2,2 m.

1
Matemática

3. Quatro estações distribuidoras de energia A, B, C e D estão dispostas como vértices de um quadrado


de 40 km de lado. Deseja-se construir uma estação central que seja ao mesmo tempo equidistante das
estações A e B e da estrada (reta) que liga as estações C e D. A nova estação deve ser localizada:
a) no centro do quadrado;
b) na perpendicular à estrada que liga C e D passando por seu ponto médio, a 15km dessa estrada;
c) na perpendicular à estrada que liga C e D passando por seu ponto médio, a 25km dessa estrada;
d) no vértice de um triângulo equilátero de base AB, oposto a essa base;
e) no ponto médio da estrada que liga as estações A e B.

4. A unidade de medida utilizada para anunciar o tamanho das telas de televisores no Brasil é a polegada,
que corresponde a 2,54 cm. Diferentemente do que muitos imaginam, dizer que a tela de uma TV tem
X polegadas significa que a diagonal do retângulo que representa sua tela mede X polegadas, conforme
ilustração.

O administrador de um museu recebeu uma TV convencional de 20 polegadas, que tem como razão do
comprimento (C) pela altura (A) a proporção 4 : 3, e precisa calcular o comprimento (C) dessa TV a fim
de colocá-la em uma estante para exposição.
A tela dessa TV tem medida do comprimento C, em centímetro, igual a
a) 12,00.
b) 16,00.
c) 30,48.
d) 40,64.
e) 50,80.

5. A inclinação de um telhado depende do tipo e da marca das telhas escolhidas. A figura é o esboço do
telhado da casa de um específico proprietário. As telhas serão apoiadas sobre a superfície quadrada
plana ABCD, sendo BOC um triângulo retângulo em O. Sabe-se que h é a altura do telhado em relação
ao forro da casa (a figura plana ABOE), b = 10 é o comprimento do segmento OB, e d é a largura do
telhado (segmento AB), todas as medidas dadas em metro.

2
Matemática

Sabe-se que, em função do tipo de telha escolhida pelo proprietário, a porcentagem i de inclinação
h  100
ideal do telhado, descrita por meio da relação i = , é de 40%, e que a expressão que
b
determina o número N de telhas necessárias na cobertura é dada por N = d2 x 10,5. Além disso,
essas telhas são vendidas somente em milheiros.

O proprietário avalia ser fundamental respeitar a inclinação ideal informada pelo fabricante, por isso
argumenta ser necessário adquirir a quantidade mínima de telhas correspondente a

a) um milheiro.
b) dois milheiros.
c) três milheiros.
d) seis milheiros.
e) oito milheiros.

6. Convenciona-se que o tamanho dos televisores, de tela plana e retangular, é medido pelo comprimento
da diagonal da tela, expresso em polegadas. Define-se a proporção dessa tela como sendo o quociente
do lado menor pelo lado maior, também em polegadas. Essas informações estão dispostas na figura a
seguir.

Suponha que Eurico e Hermengarda tenham televisores como dado na figura e de proporção 3/4.
Sabendo que o tamanho do televisor de Hermengarda é 5 polegadas maior que o de Eurico, assinale
a alternativa que apresenta, corretamente, quantas polegadas o lado maior da tela do televisor de
Hermengarda excede o lado correspondente do televisor de Eurico.
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5
e) 6

7. Foram construídos círculos concêntricos de raios 5 cm e 13 cm. Em seguida, foi construído um


segmento de reta com maior comprimento possível, contido internamente na região interna ao círculo
maior e externa ao menor.
O valor do segmento é
a) 8,5 cm
b) 11,75 cm
c) 19,25 cm
d) 24 cm
e) 27 cm

3
Matemática

8. No retângulo ABCD, o lado AB mede 4b e o lado BC mede 3b.

1
Sabendo-se que a medida do segmento AE é da medida de AD , então, o perímetro do triângulo
3
ACE é
a) 16b
b) 46b
c) (
b 5+4 5 )
d) b (6 + 2 5 )

e) b (6 + 4 5 )

9. Uma empresa utiliza bicicletas para entregar pequenos pacotes em locais próximos à sua sede. O
preço de entrega praticado por essa empresa é definido a partir da distância, em quilômetros e em linha
reta, entre a sede e o local de entrega, sendo obtido a partir da seguinte fórmula:
Preço da entrega = R$ 1,80 x distância + R$ 5,00
Considere o seguinte esquema que apresenta a distância entre a sede da empresa e o local de entrega.

Nesse caso, o valor da entrega será de


a) R$ 44,20.
b) R$ 28,40.
c) R$ 26,60.
d) R$ 16,70.
e) R$ 15,80.

4
Matemática

10. Inaugurado em agosto de 2015, o Observatório da Torre Alta da Amazônia (Atto, em inglês) é um
projeto binacional Brasil-Alemanha que busca entender o papel da Amazônia no clima do planeta e os
efeitos das mudanças climáticas no funcionamento da floresta. Construída numa região de mata
preservada, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uamatã, a torre Atto tem 325 m de
altura e é a maior estrutura de pesquisa desse tipo em florestas tropicais no mundo.

Considere a torre posicionada perpendicularmente ao solo e admita que o cabo tensionado fixado no
solo a uma distância de 75 m da base da torre esteja preso à torre em um determinado ponto, cuja
altura, em relação ao solo, seja igual a 100 m. Nesse caso, é correto afirmar que o comprimento desse
cabo é igual a
a) 135 m.
b) 150 m.
c) 130 m.
d) 110 m.
e) 125 m.

5
Matemática

Gabarito

1. C
O triângulo OAB é um triângulo pitagórico do tipo 3-4-5, portanto:
OA = 4
AB = r = 3
R=5
h = R − OA = 5 − 4  h = 1

2. D
Considere a figura, em que BC = x .

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo ABC, obtemos


x2 = 902 + 1202  x = 22500 = 150cm = 1,5m
Portanto, o comprimento total do corrimão é 1,5 + 2.(0,3) = 2,1 m.

3. C
Considere a figura abaixo, em que P é o ponto onde deverá ser construída a estação.

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo APH, obtemos

x 2 = 202 + ( 40 − x )  x 2 = 400 + 1600 − 80 x + x 2


2

 80 x = 2000
 x = 25km.
Por conseguinte, a nova estação deverá ser construída na perpendicular à estrada que liga C e D passando
por seu ponto médio, a 25 km dessa estrada.

6
Matemática

4. D
Tem-se que
c 4 3c
= a= .
a 3 4
Se x = 20 polegadas, então, pelo Teorema de Pitágoras, vem
x2 = c2 + a2
2
 3c 
 20 = c +  
2 2

 4
 c = 16 pol.
A resposta é 16.(2,54) = 40,64 cm.

5. B
Se b = 10 m e i = 40%, então
h  100
40 =  h = 4m .
10
Ademais, sendo ABCD um quadrado, pelo Teorema de Pitágoras, vem
d 2 = b 2 + h 2  d 2 = 102 + 42  d 2 = 166 m 2
Portanto, temos N = 166  10,5 = 1218 e, assim, serão necessários no mínimo dois milheiros.

6. C
Televisor de Eurico.

a 2 = ( 3x ) + ( 4 x )  a = 5 x
2 2

Televisor de Hermengarda.

b2 = ( 3 y ) + ( 4 y )  b = 5 y
2 2

Como b = a + 5, temos:
5 y = 5x + 5  y = x + 1
Portanto, o lado maior da tela do televisor de Hermengarda excede o lado correspondente do televisor de
Eurico em: 4 y − 4 x = 4 ( x + 1) − 4 x = 4 polegadas.

7
Matemática

7. D

132 = x 2 + 52  x = 12
Portanto:
AB = 2 12 = 24 cm

8. D
Calculando:
Triângulo AEC  do tipo 3 / 4 / 5  AC = 5b
AE = b  DE = 2b
EC = DE + DC  EC = ( 2b ) + ( 4b )  EC = 20b 2  EC = 2b 5
2 2 2 2 2 2 2

(
Perímetro = 5b + b + 2b 5 = b 6 + 2 5 )
9. D
A linha que representa a distância entre a sede da empresa e o destino forma um triângulo retângulo
juntamente com o comprimento e a largura do retângulo mostrado na figura, sendo assim usando o
teorema de Pitágoras é possível calcular a distância dentre os pontos.
Uma vez que cada quadradinho possui 0,5km de lado logo tem-se que:
- O comprimento possui 12 quadradinho, logo 6 km.
- A largura possui 5 quadradinhos, logo 2,5 km.
Temos:
A² = B² + C ²
A² = 6² + 2,5²
A² = 36 + 6,25
A² = 42,25
A = √42,25
A = 6,5
Achando então A que representa a distância da empresa até o destino basta substituir A no lugar de X na
função que a própria questão deu.
Preço da entrega = R$ 1,80 x distância + R$ 5,00
Preço da entrega = R$ 1,80 . 6,5 + R$ 5,00
Preço da entrega = R$ 11,70 + R$ 5,00
Preço da entrega = R$ 16,70

8
Matemática

10. E
O cabo está fixado no solo a uma distância de 75 metros da base, e preso na torre a uma altura de 100
metros. O nosso objetivo é descobrir o valor de x na figura abaixo, onde utilizaremos o Teorema de
Pitágoras

x² = 100² + 75²
x² = 10000 + 5625
x² = 15625
x = 125 metros

9
Português

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Português

Gêneros textuais (narrativo, notícia/reportagem)

Resumo

Narração
Antes de falarmos sobre os gêneros textuais que seguem uma tipologia narrativa, é importante falarmos
sobre essa estrutura textual. A narração é um tipo textual, também conhecido como modo de organização
do discurso. Essa classificação tem como objetivo indicar as características presentes nesses textos, por
exemplo, a estrutura, as construções frasais, a linguagem, o vocabulário, os tempos verbais, as relações
lógicas de ideias e o modo de interação com o leitor. Um texto narrativo, portanto, tem como objetivo contar
uma história a partir deuma sequência de ações.
Os textos que seguem uma tipologia narrativa possuem características em comum, são elas:

O foco narrativo

• Narrador em 1ª pessoa: No narrador-personagem. A narrativa é vista de dentro para fora, de acordo


com as perspectivas do personagem, que é caracterizado, também, por meio das relações que faz, da
linguagem que usa e de suas experiências.

• Narrador em 3ª pessoa: Narrador-observador. Ele conhece todos os elementos da narrativa, dominando


e controlando o modo de pensar dos personagens. Não há reconhecimento nem revelação de todo o
ambiente por parte de quem narra e isso mantém o mistério e dá um certo limite ao leitor, além de não
se intrometer muito na história.

Os tipos de discurso
Discurso direto
Dá voz à personagem. Confere mais rapidez e dinamismo à narrativa. Possui enunciado em 1ª ou 2ª pessoa.

Exemplo:
“– Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
– Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim,
continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura.”
(trecho do livro “Quincas Borba” de Machado de Assis)

Discurso indireto
A fala do personagem passa a ter a voz do narrador. É ele quem reproduz a fala do personagem. Possui
enunciado em 3ª pessoa.

Exemplo:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem
relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze
horas.”
(trecho do livro “Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto)

1
Português

Discurso indireto livre


Há a mescla das vozes do personagem e do narrador, o que pode ocasionar certa confusão ao leitor.

Exemplo:
“O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de
St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora
o único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer»
como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão
sério, ótimo para chefe de Estado…”
(Trecho de “Os Maias” de Eça de Queirós)

O enredo
É o conjunto de fatos que se desenrola na história, os acontecimentos, intrigas, encontros. O enredo é a
própria narrativa. Em sua estrutura lógica podemos identificar:
• Situação inicial: Começo da história e apresentação dos personagens e suas características, espaço
e tempo.
• Complicação: Ruptura do equilíbrio inicial, surgimento do conflito e encadeamento dos fatos da
narrativa.
• Clímax: Ponto alto do conflito, resultante dos encontro de vários conflitos entre as personagens.
• Desfecho: Solução final dos conflitos. Assim como na situação inicial, há novamente um equilíbrio
no texto.

O tempo
Responsável pelo ritmo rápido ou lento da narrativa. Podemos ter dois tipos de tempo: o cronológico
(passagem normal do tempo) e o psicológico (narrativa reflexiva, por dentro da subjetividade do narrador.

O espaço
O espaço pode ser real ou virtual. O espaço é classificado como real quando está no mundo que nós
conhecemos. Podemos pensar também que, por exemplo, o mundo dos elfos é real dentro do contexto em
que está inserido, pois os eventos da sua história acontecem nele. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele
que modifica a realidade do que é narrado, ou seja, são espaços fora da realidade mais palpável: fantasias,
sonhos, imaginação.

ATENÇÃO! Agora que você já sabe que a narração é um tipo textual, é importante destacar que essa estrutura
pode ser encontrada em diferentes gêneros textuais. No entanto, os gêneros textuais são textos que
possuem uma função social (objetivo/finalidade) em determinada situação comunicativa.
São exemplos de gêneros textuais que utilizam-se da tipologia narrativa:
• Crônicas – Narrativas curtas que costumam abordar temáticas cotidianas de maneira criativa. É comum
que a linguagem seja simples. Além disso, normalmente, são publicadas em jornais, revistas e blogs.

Inimigos
“O apelido de Maria Tereza, para Norberto, era ‘Quequinha’. Depois do casamento, sempre que queria contar
para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava:
- Pois a Quequinha...
E a Quequinha, dengosa, protestava:
-Ora, Beto!

2
Português

Com o passar do tempo o Norberto deixou de chamar a Maria Tereza de Quequinha. Se ela estivesse ao seu
lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:
-A mulher aqui...
Ou, às vezes:
-Esta mulherzinha...
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca o silêncio. O tempo
usa armas químicas.)
Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.
-Ela odeia o Charles Brason.
-Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chama-se de Ela, ainda usava um vago gesto de mão
para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘essa ai’ e a apontava com o queixo.
- Essa ai...
E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.
(O tempo, o tempo. Tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois cura)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, O Norberto nem olha na direção. Faz um meneio de lado
com a cabeça e diz:
- Aquilo...”
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996.

• Fábulas – Narrativas curtas em que os personagens são animas que apresentam características
humanas. Além disso, possuem caráter educativo e apresentam uma “moral”.

A cigarra e a Formiga
A cada bela estação uma formiga incansável levava para sua casa os mais abundantes mantimentos:
quando chegou o inverno, estava farta. Uma cigarra, que todo o verão levara a cantar, achou-se então na
maior miséria. Quase a morrer de fome, veio esta, de mãos postas, suplicar à formiga lhe emprestasse um
pouco do que lhe sobrava, prometendo pagar-lhe com o juro que quisesse. A formiga, que não é de gênio
emprestador; perguntou-lhe, pois, o que fizera no verão que não se precavera.
— No verão, cantei, o calor não me deixou trabalhar.
— Cantastes! tornou a formiga; pois agora dançai.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/fabulas-de-esopo/

• Romances – Narrativas normalmente longas (em prosa), que contam uma história que gira em torno
de personagens e seguem uma sequência temporal.

• Contos – Narrativas mais curtas que os romances, que, normalmente, giram em torno de menos
personagens.

Mineirinho
É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devo procurar por que está doendo a
morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que
os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena
convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações
contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a
violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que
Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um

3
Português

pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua
alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso?
Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que
não matou”.Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não
matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me
deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. (...)
(Clarice Lispector)

• Novelas – A novela está situada entre o conto e o romance, pois costuma ser uma narrativa menor que
o romance e maior que o conto. Dentro da novela, é comum haver o desenvolvimento de vários enredos
ao longo da narrativa. Ao contrário do romance, a novela segue um ritmo mais acelerado.

Textos jornalísticos
Os textos jornalísticos são veiculados com intuito de comunicar e informar sobre algo. A linguagem desses
textos deve, em geral, ser objetiva, clara e imparcial, para que o leitor compreenda as informações mais
relevantes sobre o tema. Em geral, o desenvolvimento textual responde às perguntas “O que?” (fato ocorrido),
“Quem?” (pessoas envolvidas), “Quando?” (horário em que ocorreu o fato), “Onde” (local onde ocorreu o fato),
“Como” (circunstância em que ocorreu o evento) e “Por quê?” (causa do fato). A função social dos textos de
caráter informativo é informar o leitor sobre algo. São caracterizados pela presença da linguagem denotativa
e pela organização das informações que são expostas de acordo com o enfoque definido pelo emissor e
organização das fotos para complementarem o sentido do texto.
São exemplos de textos jornalísticos os seguintes gêneros textuais:

1. Notícia: Apresenta um fato de forma simples e objetiva. É uma publicação imediata, com conteúdo
válido a curto prazo, visto que o objetivo é informar de maneira rápida.

Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/04/explosao-em-beirute.ghtml

2. Reportagem: Apresenta um fato de forma aprofundada, questiona causas e efeitos de um fato


determinado. Por ter um prazo maior de elaboração de conteúdo, é válido a longo prazo devido a sua
apuração extensa dos acontecimentos.

Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/07/explosao-no-libano-de-onde-veio-e-para-onde-ia-


nitrato-de-amonio-que-causou-desastre-em-beirute.ghtml

4
Português

Exercícios

1. Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida.
Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre
houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início,
se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré- história já havia os monstros
apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois
juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida,
inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio
venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde
saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que
justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos
antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector,
culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-
se essa peculiaridade porque o narrador:
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às
personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que
a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as
palavras exatas.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

2. Mudança
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como
haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas
que procuravam uma sombra.
Afolhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de
folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano
aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. Deixaram a margem do rio,
acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam
sombra.
RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2008 (fragmento).

Valendo-se de uma narrativa que mantém o distanciamento na abordagem da realidade social em


questão, o texto expõe a condição de extrema carência dos personagens acuados pela miséria. O
recurso utilizado na construção dessa passagem, o qual comprova a postura distanciada do narrador,
é a:
a) caracterização pitoresca da paisagem natural.
b) descrição equilibrada entre os referentes físicos e psicológicos dos personagens.
c) narração marcada pela sobriedade lexical e sequência temporal linear.
d) caricatura dos personagens, compatível com o aspecto degradado que apresentam.
e) metaforização do espaço sertanejo, alinhada com o projeto de crítica social.

5
Português

3. Querido diário
Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho
[...]
Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na Curva do rio
Trouxe um porrete a mó de me quebrar
Mas eu não quebro porque sou macio, viu
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro:Biscoito Fino, 2013 (fragmento).

Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a):
a) diálogo com interlocutores próximos.
b) recorrência de verbos no infinitivo.
c) predominância de tom poético.
d) uso de rimas na composição.
e) narrativa autorreflexiva.

4. Adolescentes: mais altos, gordos e preguiçosos


A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabilidade no
aumento da silhueta dos jovens. “Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mudaram muito”,
observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no Brasil, estamos exagerando no sal e no açúcar,
além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão.
Outro pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge como
marca da nova geração: a preguiça, “Cem por cento das meninas que participam do Programa não
praticavam nenhum esporte”, revela a psicóloga Cristina Freire, que monitora o desenvolvimento
emocional das voluntárias.
Você provavelmente já sabe quais são as consequências de uma rotina sedentária e cheia de
gordura. “E não é novidade que os obesos têm uma sobrevida menor”, acredita Claudia Cozer,
endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas,
se há cinco anos os estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as
doenças que viriam na velhice já são parte da rotina deles. “Os adolescentes já estão sofrendo com
hipertensão e diabete”, exemplifica Claudia.
DESGUALDO, P. Revista Saúde. Disponível em: http://saude.abril.com.br. Acesso em 28 jul. 2012 (adaptado).

Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saúde, as


informações apresentadas no texto indicam que
a) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada
constituem fatores relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os adolescentes.
b) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior
consumo de alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade entre os
adolescentes.
c) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população
adolescente tem tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o equilíbrio
metabólico.
d) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das condições de
alimentação, enquanto que na população adulta os fatores hereditários são preponderantes.
e) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a
população adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica.

6
Português

5. Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO)

Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu
Emilio Goeldi, no Pará

O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio
Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra.
Atretochoana eiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia
registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles
tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do
ano passado, mas apenas agora foi divulgada.
XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012.

A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa
predominância evidencia-se pelo(a)
a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor.
b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação.
c) questionamento do código linguístico na construção da notícia.
d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor.
e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor.

6. O "Portal Domínio Público", lançado em novembro de 2004, propõe o compartilhamento de


conhecimentos de forma equânime e gratuita, colocando à disposição de todos os usuários da
Internet, uma biblioteca virtual que deverá constituir referência para professores, alunos,
pesquisadores e para a população em geral.
Esse portal constitui um ambiente virtual que permite a coleta, a integração, a preservação e o
compartilhamento de conhecimentos, sendo seu principal objetivo o de promover o amplo acesso às
obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio
público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada.
BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2009 (adaptado).

Considerando a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação,
o ambiente virtual descrito no texto exemplifica
a) a dependência das escolas públicas quanto ao uso de sistemas de informação.
b) a ampliação do grau de interação entre as pessoas, a partir de tecnologia convencional.
c) a democratização da informação, por meio da disponibilização de conteúdo cultural e científico
à sociedade.
d) a comercialização do acesso a diversas produções culturais nacionais e estrangeiras via
tecnologia da informação e da comunicação.
e) a produção de repertório cultural direcionado a acadêmicos e educadore

7
Português

7. A marcha galopante das tecnologias teve por primeiro resultado multiplicar em enormes proporções
tanto a massa das notícias que circulam quanto as ocasiões de sermos solicitados por elas. Os
profissionais têm tendência a considerar esta inflação como automaticamente favorável ao público,
pois dela tiram proveito e tornam-se obcecados pela imagem liberal do grande mercado em que cada
um, dotado de luzes por definição iguais, pode fazer sua escolha em toda liberdade. Isso jamais foi
realizado e tende a nunca ser. Na verdade, os leitores, ouvintes, telespectadores, mesmo se se
abandonam a sua bulimia*, não são realmente nutridos por esta indigesta sopa de informações e sua
busca finaliza em frustração. Cada vez mais frequentemente, até, eles ressentem esse bombardeio de
riquezas falsas como agressivo e se refugiam na resistência a toda ou qualquer informação.
O verdadeiro problema das sociedades pós industriais não é a penúria**, mas a abundância. As
sociedades modernas têm a sua disposição muito mais do que necessitam em objetos, informações
e contatos. Ou, mais exatamente, disso resulta uma desarmonia entre uma oferta, não excessiva, mas
incoerente, e uma demanda que, confusamente, exige uma escolha muito mais rápida a absorver. Por
isso os órgãos de informação devem escolher, uma vez que o homem contemporâneo apressado,
estressado, desorientado busca uma linha diretriz, uma classificação mais clara, um condensado do
que é realmente importante.
(*) fome excessiva, desejo descontrolado.
(**) miséria, pobreza.
VOYENNE, B. Informação hoje. Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado).

Com o uso das novas tecnologias, os domínios midiáticos obtiveram um avanço maior e uma presença
mais atuante junto ao público, marcada ora pela quase simultaneidade das informações, ora pelo uso
abundante de imagens. A relação entre as necessidades da sociedade moderna e a oferta de
informação, segundo o texto, é desarmônica, porque:
a) o jornalista seleciona as informações mais importantes antes de publicá-las.
b) o ser humano precisa de muito mais conhecimento do que a tecnologia pode dar.
c) o problema da sociedade moderna é a abundância de informações e de liberdade de escolha.
d) a oferta é incoerente com o tempo que as pessoas têm para digerir a quantidade de informação
disponível.
e) a utilização dos meios de informação acontece de maneira desorganizada e sem controle efetivo.

8. História de assombração

Ah! Eu alembro uma história que aconteceu com meu tii. Era dia de Sexta-Feira da Paixão, diz que eles
falava pra meu tii não num vai pescá não. Ele foi assim mesmo, aí chegô lá, ele tá pescano... tá
pescano... e nada de pexe. Aí saiu um mundo véi de cobra em cima dele, aí ele foi embora... Aí até ele
memo contava isso e falava É... nunca mais eu vou pescar no dia de Sexta-Feira da Paixão...
COSTA, S. A. S. Narrativas tradicionais tapuias. Goiânia: UFG, 2011 (adaptado).

Quanto ao gênero do discurso e à finalidade social do texto História de assombração, a organização


textual e as escolhas lexicais do locutor indicam que se trata de um(a):
a) criação literária em prosa, que provoca reflexão acerca de problemas cotidianos.
b) texto acadêmico, que valoriza o estudo da linguagem regional e de suas variantes.
c) relato oral, que objetiva a preservação da herança cultural da comunidade.
d) conversa particular, que favorece o compartilhar de informações e experiências pessoais.
e) anedota regional, que evidencia a fala e o vocabulário exclusivo de um grupo social.

8
Português

9. TEXTO I TEXTO II
Eles se beijavam no elevador, nos Invejoso
corredores do prédio. Se amavam tanto, que O carro do vizinho é muito mais possante
o vizinho solteirão da esquerda guardava E aquela mulher dele é tão interessante
por eles uma vermelha inveja. Uma tarde, Por isso ele parece muito mais potente
sem que ninguém soubesse por que, eles se Sua casa foi pintada recentemente
enforcaram no banheiro. Houve muito E quando encontra o seu colega de
tumulto, carros da polícia parados em trabalho
frente ao edifício, as equipes de TV.O sol Só pensa em quanto deve ser o seu salário
caía sobre as marquises e a cabeça dos Queria ter a secretária do patrão
curiosos na rua. Um senhor dizia para uma Mas sua conta bancária já chegou ao chão
mulher passando ali: [...]
— Eles se suicidaram. Invejoso
Uma comerciária acrescentava: Querer o que é dos outros é o seu gozo
— Dizem que eles se gostavam muito. E fica remoendo até o osso
— Que coisa! Mas sua fruta só lhe dá o caroço
Enquanto isso, o solteirão, na janela do seu Invejoso
apartamento, vendo todos lá embaixo, O bem alheio é o seu desgosto
mordia com sabor a carne acesa de uma Queria um palácio suntuoso
enorme goiaba. Mas acabou no fundo desse poço
FERNANDES, R. O caçador. João Pessoa: UFPB, 1997 ANTUNES, A. Iê Iê Iê. São Paulo: Rosa Celeste, 2009
(fragmento). (fragmento).

O conto e a letra de canção abordam o mesmo tema, a inveja. Embora empreguem recursos
linguísticos diferentes, ambos lançam mão de um mecanismo em comum, que consiste em:
a) referir-se, em terceira pessoa, a um indivíduo qualificado como invejoso.
b) conferir à inveja aspectos humanos ao fazer dela personagem de narrativa.
c) expressar o ponto de vista do invejoso por meio da fala de uma personagem.
d) dissertar sobre a inveja, apresentando argumentos contrários e favoráveis.
e) fazer uma descrição do perfil psicológico de alguém caracterizado como invejoso.

1
Português

10. A maratona é a mais longa, difícil e emocionante prova olímpica. Desde 1924, seu percurso é de 42,195
km. Tudo começou no ano de 490 a.C., quando os soldados gregos e persas travaram uma batalha
que se desenrolou entre a cidade de Maratona e o mar Egeu. A luta estava difícil para os gregos.
Comandados por Dario, os persas avançavam seu exército em direção a Maratona. Milcíades, o
comandante grego, chamou o soldado Fílcides para pedir reforços. Ele levou o apelo de cidade em
cidade até chegar a Atenas, 40 km distante. Com os reforços, os gregos venceram. Milcíades ordenou
que Fílcides fosse outra vez a Atenas para informar que tinham vencido a batalha. Quando Fílcides
chegou ao seu destino, só teve forças para dizer uma palavra: “Vencemos”. E caiu morto.
DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos, São Paulo, Companhia das Letras, 1995, p. 197.

No texto, de natureza informativa:


a) os dois primeiros períodos são dissertativos e os seguintes são narrativos.
b) descrição, argumentação e narração estão entrelaçadas nos fatos apresentados.
c) os três primeiros períodos são argumentativos e os seguintes são narrativos.
d) os segmentos argumentativos e descritivos predominam.
e) todos os períodos constituem-se como narrativas.

1
Português

Gabarito

1. C
O narrador se utiliza de metalinguagem ao explicar por que escreve, quais seus motivos para a escrita e,
por fim, justifica a forma como registra os fatos.

2. C
A sobriedade lexical se dá pela construção do discurso em ordem direta, respeitando o lugar comum das
palavras. A sequência é linear, porque apresenta os fatos/acontecimentos com início, meio e fim.

3. E
Os diários normalmente são espaços em que seus autores depositam suas reflexões íntimas e seus
sentimentos.

4. A
O texto levanta que os maus hábitos alimentares e a falta de prática de exercícios como as principais
causas da obesidade e de algumas doenças crônicas.

5. B
O texto é uma notícia, logo a objetividade para a transmissão da informação faz parte da função
referencial da língua.

6. C
O primeiro período do texto confirma a afirmativa correta. No excerto “Portal Domínio Público”, vemos
que se trata de um ambiente virtual no qual as informações serão disponibilizadas e isentas de qualquer
restrição, tendo como objetivo levar informações à comunidade como um todo.

7. D
A escolha do homem moderno precisa ser cada vez mais rápida, logo a quantidade de informações
disponíveis faz com que essa rapidez seja prejudicada.

8. C
As marcas de oralidade e o texto fragmentado, mostram características de uma narrativa reproduzida
oralmente.

9. A
O conto é uma breve narrativa com foco narrativo em terceira pessoa, nesse caso, narrador onisciente,
uma vez que o narrador não é personagem da trama, no entanto, conhece os sentimentos das
personagens. De modo semelhante, o eu lírico, na música, tece observações sobre o comportamento do
indivíduo invejoso. Assim, em ambos os casos referem-se ao invejoso em terceira pessoa.

10. A
Pode-se dizer que os dois primeiros períodos são dissertativos porque apresentam uma
contextualização por definição histórica, ou seja, períodos expositivos/informativos (característicos de
textos dissertativos).Os demais narram a história dos jogos olímpicos.

2
Português

Gêneros textuais (receita, manual, bula de remédio, piada, aforismo


e propaganda)

Resumo

Receita
O gênero textual receita apresenta duas características básicas: os ingredientes e o modo de preparo.
Pertencente ao modo de organização textual injuntivo, tem por objetivo instruir alguém, ditando o passo a
passo de algum procedimento.
ATENÇÃO! As receitas médicas também se encaixam nesse grupo, já que apresentam a prescrição de um
medicamento e/ou procedimentos de saúde com as informações de uso e recomendações. Normalmente,
os verbos utilizados estão no modo imperativo (que expressa ordem, pedido, conselho), a linguagem é clara
e objetiva.
Exemplo:
Suco de coco * Ao comprar o coco, peça para o vendedor retirar
Ingredientes (para quatro porções): a água e parti-lo ao meio.
500 ml de água de coco verde*;
polpa de coco verde*; Como fazer:
1 colher de sopa de açúcar (opcional); Coloque todos os ingredientes no liquidificador.
4 cubos de gelo. Bata bem até que fique um liquido branco e
espumoso.

Manual
O manual é um gênero textual de cunho instrucional, que aparece no formato de livro, folheto e ou arquivo
informativo, que ensina a montar, utilizar, operar determinada ação/objeto. Os verbos, assim como na receita,
aparecem no modo imperativo. Em alguns equipamentos, o idioma do manual pode variar e as imagens
também são empregadas nesse gênero para ilustrar e também para ajudar na compreensão.
Exemplo:

1
Português

Bula de remédio
Bula é o nome dado ao conjunto de informações sobre um medicamento que obrigatoriamente
os laboratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no varejo. As
informações podem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos profissionais de saúde ou a
ambos. As informações encontradas nas bulas de medicamentos são, geralmente, divididas e organizadas
segundo os tópicos:
• Nome do medicamento;
• Apresentação, formas ou formulações;
• Composição - Ingredientes e suas dosagens;
• Informações ao paciente - Cuidados de armazenamento, prazo de validade;
• Informações técnicas - Dados farmacológicos gerais sobre o medicamento
• Indicações;
• Contraindicações - Indicam condições em que o medicamento não deverá ser utilizado;
• Precauções - Cuidados a serem tomados durante o uso do medicamento;
• Interações - Dados sobre o uso concomitante com outras substâncias;
• Reações adversas - Efeitos colaterais possíveis ou esperados do medicamento;
• Posologia - Informações sobre a dosagem e os intervalos de administração;
• Superdosagem - Informações sobre o uso excessivo ou em altas doses.
• Conclusão
• Informações adicionais.

Exemplo:

Piada
Também conhecida como anedota, é um gênero textual humorístico que tem por objetivo provocar o riso.
Normalmente, aparece na forma de um texto narrativo curto, de fácil memorização já que seu caráter é muito
mais de oralidade a registro escrito.

Exemplo:
O menino chega em casa no final do ano e diz:
— PAI, tenho uma notícia pra você!
— O que é? - pergunta o pai.
— Você não me prometeu uma bicicleta se eu passasse de ano????
— Sim, meu filho.

2
Português

— Então se deu bem. Economizou um dinheirão


Disponível em: http://www.piadas.com.br/

Aforismos
É um texto breve que enuncia uma regra, um pensamento, um princípio ou uma advertência. É um estilo de
sentença que articula literatura e filosofia em que a percepção da vida, da sociedade, ou tudo que venha a
ser objeto de pensamento, é realçado pela expressividade de uma mensagem verdadeira e concisa. Aforismo
é qualquer forma de expressão sucinta de um pensamento moral. Do grego “aphorismus”, que significa
“definição breve”, “sentença”. Alguns sinônimos de aforismos são: ditado, máxima, adágio, axioma, provérbio
e sentença.

Exemplos:
“A vida é breve, a velhice é longa”.
“Seria cômico se não fosse trágico”.
“Rir é o melhor remédio”.
“Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca”.
“O tempo dura bastante para aqueles que sabem aproveitá-lo”.
“Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele provavelmente não leva a lugar nenhum”.
Disponível em: https://www.significados.com.br/aforismo/

Propaganda
A função social do texto publicitário é persuadir o leitor, destacando determinadas qualidades de um objeto
que tornem seu consumo atraente. Geralmente, a linguagem publicitária é utilizada para evidenciar as
características reais do produto e suas características subjetivas. A principal função da linguagem presente
em textos desse gênero é a apelativa (ou conativa). Suas principais características são:
• Uso de verbos no imperativo
• Presença de vocativos
• Pronomes de 2a pessoa
• Interlocução

Exemplo:

3
Português

Exercícios

1.

Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o objetivo de atingir o
público-alvo, influenciando seu comportamento. Considerando as informações verbais e não verbais
trazidas no texto a respeito da hepatite, verifica-se que
a) o tom lúdico é empregado como recurso de consolidação do pacto de confiança entre médico e a
população.
b) a figura do profissional da saúde é legitimada, evocando-se o discurso autorizado como estratégia
argumentativa.
c) o uso de construções coloquiais e específicas da oralidade são recursos de argumentação que
simulam o discurso do médico.
d) a empresa anunciada deixa de se autopromover ao mostrar preocupação social e assumir a
responsabilidade pelas informações.
e) o discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subjetividade no trecho
sobre as maneiras de prevenção.

4
Português

2. O tapete vermelho na porta é para você se sentir nas nuvens antes mesmo de tirar os pés do chão.
(Campanha publicitária de empresa aérea.). Disponível em: http://quasepublicitarios.wordpress.com. Acesso em: 3 dez. 2012.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo


configurações de especificidade, de forma e de conteúdo. Para atingir seu objetivo, esse texto
publicitário vale-se do procedimento argumentativo de
a) valorizar o cliente, oferecendo-lhe, além dos serviços de voo, um atendimento que o faça se sentir
especial.
b) persuadir o consumidor a escolher companhias aéreas que ofereçam regalias inclusas em seus
serviços.
c) destacar que a companhia aérea oferece luxo aos consumidores que utilizam seus serviços.
d) enfatizar a importância de oferecer o melhor ao cliente ao ingressar em suas aeronaves.
e) definir parâmetros para um bom atendimento do cliente durante a prestação de serviços.

3.

Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado

a) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a dengue.


b) conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito da dengue.
c) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à dengue.
d) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate ao mosquito
da dengue.
e) apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais no combate ao
mosquito da dengue.

5
Português

4. Câncer 21/06 a 21/07

O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. O que ficou
guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações,
já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre
os irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida
amorosa, que será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências
de modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da
intimidade com os assuntos da alma.
Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função específica, seu
objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos
socioculturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é
a) vender um produto anunciado.
b) informar sobre astronomia.
c) ensinar os cuidados com a saúde.
d) expor a opinião de leitores em um jornal.
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

5.

Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto
da campanha publicitária e o da charge apresentam, respectivamente, composição textual pautada
por uma estratégia
a) expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta
intercâmbio verbal entre dois personagens.

6
Português

b) descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à dengue; e narrativa, pois um dos
personagens conta um fato, um acontecimento.
c) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque
estabelece uma interação oral.
d) narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realizadas; e descritiva, pois um dos
personagens descreve a ação realizada.
e) persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a combater a dengue; e dialogal, pois há
a interação oral entre os personagens.

6. Receitas de vida por um mundo mais doce

Pé de moleque

Ingredientes
2 filhos que não param quietos
3 sobrinhos da mesma espécie
1 cachorro que adora uma farra
1 fim de semana ao ar livre

Preparo
Junte tudo com os ingredientes do Açúcar Naturale, mexa bem e deixe descansar. Não as crianças,
que não vai adiantar. Sirva imediatamente, porque pé de moleque não para. Quer essa e outras receitas
completas?

Entre no site cianaturale.com.br.


Onde tem doce, tem Naturale.
Revista Saúde, n. 351, jun. 2012 (adaptado).

O texto é resultante do hibridismo de dois gêneros textuais. A respeito desse hibridismo, observa-se
que a
a) receita mistura-se ao gênero propaganda com a finalidade de instruir o leitor.
b) receita é utilizada no gênero propaganda a fim de divulgar exemplos de vida.
c) propaganda assume a forma do gênero receita para divulgar um produto alimentício.
d) propaganda perde poder de persuasão ao assumir a forma do gênero receita.
e) receita está a serviço do gênero propaganda ao solicitar que o leitor faça o doce.

7. O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e
depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura
do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a):
a) diário, por trazer lembranças pessoais.
b) fábula, por apresentar uma lição de moral.
c) notícia, por informar sobre um acontecimento.
d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.

7
Português

8. O humor e a língua

Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição linguística.
Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que posso garantir que se
trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos
dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados
impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser
descobrir os problemas com os quais uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá
excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola, casamento,
política), morte, tudo isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são
ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida
atenção a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas
participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se
pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado)

A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo
na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
a) sua função humorística.
b) sua ocorrência universal.
c) sua diversidade temática.
d) seu papel como veículo de preconceitos.
e) seu potencial como objeto de investigação.

9. Dúvida

Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de fazenda quando um bicho cruzou a frente do
carro.
Um dos compadres falou:
— Passou um largato ali!
O outro perguntou:
— Lagarto ou largato?
O primeiro respondeu:
— Num sei não, o bicho passou muito rápido.
Piadas coloridas. Rio de Janeiro: Gênero, 2006.

Na piada, a quebra de expectativa contribui para produzir o efeito de humor. Esse efeito ocorre porque
um dos personagens
a) reconhece a espécie do animal avistado.
b) tem dúvida sobre a pronúncia do nome do réptil.
c) desconsidera o conteúdo linguístico da pergunta.
d) constata o fato de um bicho cruzar a frente do carro.
e) apresenta duas possibilidades de sentido para a mesma palavra.

8
Português

10. Receita

Tome-se um poeta não cansado,


Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se em


função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois
a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.
b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.
c) explora elementos temáticos presentes em uma receita.
d) apresenta organização estrutural típica de um poema.
e) utiliza linguagem figurada na construção do poema.

9
Português

Gabarito

1. B
A figura do médico confere credibilidade aos itens como necessários à prevenção de contágio do vírus
da hepatite, já que a estratégia proposta e utilizada é a de argumento de autoridade. A figura do
profissional de saúde dá embasamento e credibilidade à mensagem.

2. A
Ao mencionar o tapete vermelho na entrada da aeronave, o anúncio expressa a sensação de que alguém
importante está chegando e o merecimento de quem pisa em sua supercífie. Assim, o anúncio pretende
valorizar o cliente, oferecendo-lhe, além dos serviços do voo, um atendimento que o faça se sentir
especial.

3. C
A campanha busca incentivar os prefeitos a mobilizarem suas cidades na luta contra a Dengue.

4. E
O texto é classificado como “horóscopo” e é normalmente publicado em colunas de jornais e revistas ou
em sites de astrologia, fazendo prognósticos sobre a vida dos leitores. Assim, tem como objetivo dar
conselhos sobre a vida das pessoas, sua função é vista como de entretenimento.

5. E
Apesar de ser uma charge, a imagem tem caráter persuasivo já que tem como intenção a mudança de
um comportamento e busca sensibilizar o leitor para desenvolver uma ação de combate à doença da
dengue. O diálogo acontece porque há interação por meio de fala entre os personagens.

6. C
Há a mistura dos gêneros receita, utilizando a função apelativa da linguagem e a receita. É, portanto, um
caso de hibridismo, visto que mescla características de diferentes gêneros textuais.

7. D
O desabafo de Riobaldo se aproxima de um aforismo, que é uma máxima que enuncia através de poucas
palavras uma regra, por expor e sintetizar sua vida em oposições como “esquenta e esfria”.

8. E
No texto, o autor afirma que as piadas não apenas fornecem um dos melhores retratos dos valores e
problemas de uma sociedade, como também oferecem uma coleção de dados e fatos sobre o
funcionamento da língua.

9. C
O humor da tirinha se dá justamente porque um dos personagens não consegue distinguir “lagarto” de
“lagarto”, acreditando que são dois animais diferentes, provavelmente por desconhecer a grafia correta
da palavra.

10. A
O poema, apesar de ser estruturado em versos, apresenta frases prescritivas que são típicas de textos
injuntivos.

10
Português

Gêneros textuais: ensaio, biografia, poema

Resumo

Gênero ensaístico
É um gênero textual que transita entre o poético e o didático, no qual são expostas críticas, reflexões éticas
e/ou filosóficas acerca de um determinado tema, obra. Nele, há, muitas vezes, a defesa de um ponto de vista
pessoal obtido a partir de uma análise subjetiva feita pelo autor num fluxo natural de ideias, sendo muito
solicitado no meio escolar e acadêmico.
Originalmente, o ensaio se divide em formal ou discursivo e informal ou comum. No formal, os textos são
objetivos, metódicos e estruturados, dirigidos mais a assuntos didáticos, críticas oficiais, etc... Já o informal
é mais subjetivo e caprichoso em fantasia, o que o torna muito mais veiculável.

Tipos de ensaios
De modo geral, os ensaios são textos em prosa, de teor didático, sendo menos formais e flexíveis. Eles são
classificados em dois tipos: ensaio literário (ou informal) e ensaio científico (ou formal). Assim, o ensaio
literário (ou artístico) pode não apresentar uma fundamentação científica, ou seja, propõe uma reflexão mais
subjetiva do autor, exibindo uma linguagem mais informal ou coloquial.
Já o ensaio científico é baseado em teorias e apresenta uma linguagem mais culta, destituída de gírias ou
expressões conotativas. O ensaio acadêmico ou científico é teórico e muitas vezes filosófico, possuindo uma
fundamentação a partir de investigações e recolha de informações sobre um tema. Embora sejam baseados
em teorias, eles podem apresentam uma linguagem mais despretensiosa, que por vezes, se aproxima a uma
linguagem mais poética e literária. As principais características do gênero textual ensaio são:
• Julgamento pessoal;
• Reflexões subjetivas;
• Exposição e defesa de ideias;
• Originalidade e criatividade;
• Texto crítico e problematizador;
• Temas variados.

Gênero biografia
A biografia é um gênero textual no qual o autor narra a história de vida de uma ou várias pessoas.
Características:
• Texto narrado em terceira pessoa;
• Ordem cronológica dos fatos;
• Conjunto de informações sobre a vida de alguém;
• Relato de fatos marcantes da vida de alguém;
• Uso de pronomes pessoais e possessivos;
• Uso de marcadores temporais (na infância, na adolescência, naquela época, etc.);
• Predomínio de verbos no pretérito (perfeito e imperfeito);
• Verossimilhança dos fatos narrados.

1
Português

Gênero Poema
A palavra poema deriva do verbo grego poein, que significa “fazer, criar, compor”; trata-se de um gênero
textual que se estrutura em versos e estrofes. É a manifestação mais comum de poesia (forma de expressão
estética por meio da língua). Até a Idade Média, os poemas eram cantados acompanhados pelo som da Lira.
Algumas características do poema:
• Texto disposto em versos que se agrupam em estrofes;
• Alguns poemas apresentam formas fixas como os sonetos, haikai;
• Rima;
• Métrica;
• Versos livres;
• Subjetividade.

2
Português

Exercícios

1. João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de junho de 1935, em Glória de Goitá (PE).
Marceneiro, entalhador, xilógrafo, poeta repentista e escritor de literatura de cordel, já publicou 33
folhetos e ainda tem vários inéditos. Reside em São Paulo desde 1973, vivendo exclusivamente da
venda de livretos de cordel e das cantigas de improviso, ao som da viola. Grande divulgador da poesia
popular nordestina no Sul, tem dado frequentemente entrevistas à imprensa paulista sobre o assunto.
EVARISTO. M. C. O cordel em sala de aula. In: BRANDÃO. H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel,
discurso político, divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2000.

A biografia é um gênero textual que descreve a trajetória de determinado indivíduo, evidenciando sua
singularidade. No caso específico de uma biografia como a de João Antônio de Barros, um dos
principais elementos que a constitui é:
a) A estilização dos eventos reais de sua vida, para que o relato biográfico surta os efeitos desejados.
b) O relato de eventos de sua vida em perspectiva histórica, que valorize seu percurso artístico.
c) A narração de eventos de sua vida que demonstrem a qualidade de sua obra.
d) Uma retórica que enfatize alguns eventos da vida exemplar da pessoa biografada.
e) Uma exposição de eventos de sua vida que mescle objetividade e construção ficcional.

2. Esses chopes dourados


[…]
quando a geração de meu pai
batia na minha
a minha achava que era normal
que a geração de cima
só podia educar a de baixo
batendo
quando a minha geração batia na de vocês
ainda não sabia que estava errado
mas a geração de vocês já sabia
e cresceu odiando a geração de cima
aí chegou esta hora
em que todas as gerações já sabem de tudo
e é péssimo
ter pertencido à geração do meio
tendo errado quando apanhou da de cima
e errado quando bateu na de baixo
e sabendo que apesar de amaldiçoados
éramos todos inocentes.
WANDERLEY, J. In: MORICONI, II (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001
(fragmento)

Ao expressar uma percepção de atitudes e valores situados na passagem do tempo, o eu lírico


manifesta uma angústia sintetizada na:
a) Compreensão da efemeridade das convicções antes vistas como sólidas.
b) Consciência das imperfeições aceitas na construção do senso comum.
c) Revolta das novas gerações contra modelos tradicionais de educação.
d) Incerteza da expectativa de mudança por parte das futuras gerações.
e) Crueldade atribuída à forma de punição praticada pelos mais velhos.

3
Português

3. Das irmãs
os meus irmãos sujando-se
na lama
e eis-me aqui cercada
de alvura e enxovais
eles se provocando e provando
do fogo
e eu aqui fechada
provendo a comida
eles se lambuzando e arrotando
na mesa
e eu a temperada
servindo, contida
os meus irmãos jogando-se
na cama
e eis-me afiançada
por dote e marido
QUEIROZ, S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980

O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do homem
ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que:
a) A mulher deve conservar uma assepsia que a distingue de homens, que podem se jogar na lama.
b) A palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.
c) A luta pela igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das mulheres.
d) A cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço
doméstico.
e) Os papéis sociais destinados aos gêneros produzem efeitos e graus de autorrealização desiguais.

4. Primeira lição
Os gêneros de poesia são: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro.
O gênero lírico compreende o lirismo.
Lirismo é a tradução de um sentimento subjetivo, sincero
e pessoal.
É a linguagem do coração, do amor.
O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os
versos sentimentais eram declamados ao som da lira.
O lirismo pode ser:
a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte.
b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.
c) Erótico, quando versa sobre o amor.
O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio.
Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes.
Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado.
Endecha é uma poesia que revela as dores do coração.
Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares.
Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.
CESAR. A. C. Poética. São Paulo. Companhia das Letras, 2013

4
Português

No poema de Ana Cristina Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de


construção do texto indica que o(a):
a) Caráter descritivo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo.
b) Tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de expressão poética.
c) Seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação artística.
d) Enumeração de distintas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade.
e) Referência a gêneros poéticos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições literárias.

5. Dia 20/10

É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e não beber: é preciso não sentir
vontade de beber. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É
preciso não dar de comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a poeira. É
preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É preciso não morrer por enquanto. É
preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na solidão de Rogério, e deixá-lo. É preciso não
dar de comer aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via pública.
TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira. São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa,
2012.

O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele dimensionada, uma vez que
a) configura o estreitamento da linguagem poética.
b) reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.
c) projeta a persistência das emoções reprimidas.
d) repercute a consciência da agonia antecipada.
e) revela a fragmentação das relações humanas.

6. Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista,
romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de
um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado
de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe
muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o
matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis.

Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de


a) fatos ficcionais, relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado
escritor
b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida
cotidiana.
c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como
tema seus principais feitos.
d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua
intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.
e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da
narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.

5
Português

7. Mais big do que bang

A comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a confirmação oficial de uma


descoberta sobre a qual se falava com enorme expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro
de Astrofísica Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora de que o
universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi explosão, e sim uma súbita
expansão de matéria e energia infinitas concentradas em um ponto microscópico que, sem muitas
opções semânticas, os cientistas chamam de “singularidade”. Essa semente cósmica permanecia em
estado latente e, sem que exista ainda uma explicação definitiva, começou a inchar rapidamente […].
No intervalo de um piscar de olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que ocorressem mais de 10
trilhões de Big Bangs.
ALLEGRETTI, F. Veja, 26 mar. 2014 (adaptado).

No título proposto para esse texto de divulgação científica, ao dissociar os elementos da expressão
Big Bang, a autora revela a intenção de
a) evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria e energia.
b) resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a teoria do Big Bang.
c) sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia substitui a teoria da explosão.
d) destacar a experiência que confirma uma investigação anterior sobre a teoria de matéria e energia.
e) condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre em um ponto microscópico.

8. o que será que ela quer


essa mulher de vermelho
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse vestido
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
e ela escolheu vestido
e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
que conheço o seu desejo
caro watson, elementar:
o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
só pode ser euzinho
o que mais podia ser
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui representa
a:
a) Hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.
b) Mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.
c) Tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.
d) Importância da correlação entre ações e efeitos causados.
e) Valorização da sensibilidade como característica de gênero.

6
Português

9. À garrafa
Contigo adquiro a astúcia
de conter e de conter-me.
Teu estreito gargalo
é uma lição de angústia.
Por translúcida pões
o dentro fora e o fora dentro
para que a forma se cumpra
e o espaço ressoe.
Até que, farta da constante
prisão da forma, saltes
da mão para o chão
e te estilhaces, suicida,
numa explosão
de diamantes.
PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.

A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária
contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um(a):
a) Reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão
“Por translúcidas pões".
b) Subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se
em "prisão da forma".
c) Visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme
expressa o verso "e te estilhaces, suicida".
d) Processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos
"numa explosão / de diamantes".
e) Necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente
comparada à "garrafa" a ser "estilhaçada".

10. Posso mandar por e-mail?

Atualmente, é comum “disparar” currículos na interent com a expectativa de alcançar o maior número
possível de selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia equivocada: é preciso saber quem vai
receber seu currículo e se a vaga é realmente indicada para seu perfil, sob risco de estar “queimando
o filme” com um futuro empregador. Ao enviar o currículo por e-mail, tente saber quem vai recebê-lo
e faça um texto sucinto de apresentação, com a sugestão a seguir:
Assunto: Currículo para a vaga de gerente de marketing
Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gostaria de me candidatar à vaga de gerente de
marketing. Meu currículo segue anexo.
Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portuguesa, 2010 (adaptado).

O texto integra um guia de modelos e técnicas de elaboração de textos e cumpre a função social de:
a) divulgar padrão oficial de redação e envio de currículos.
b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma vaga de emprego.
c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de currículo por e-mail.
d) responder a uma pergunta de um assinante da revista sobre o envio de currículo por e-mail.
e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número possível de selecionadores de currículos.

7
Português

Gabarito

1. B
O texto traz a biografia a partir de referências históricas, valorizando o seu percurso.

2. B
A angústia do eu-lírico decorre da constatação que as convicções se alteram de geração para geração.
Ou seja, a angústia acontece pela consciência das imperfeições aceitas na construção do senso comum.

3. E
O poema destacas as diferenças nos papeis sociais entre homens e mulheres e seus reflexos na
realização do indivíduo.

4. B
Não houve ironia, pessimismo ou pessoalidade. A autora, de maneira peculiar, explica o que é o lirismo.

5. C
Trata-se de um enunciado complexo que exige a correlação entre aspectos linguísticos (“processo de
construção”) e conteúdo (“mensagem”). Em razão de as repetições se mostrarem constantes, sugere-
se a ênfase na persistência de pensamentos ou estados de espírito do emissor.

6. E
A biografia de Machado de Assis é apresentada de maneira cronológica e está marcada pela
objetividade, evidenciando assim que ali existem informações sobre a vida do escritor, não impressões
pessoais do enunciador sobre elas.

7. C
De acordo com o fragmento, a revista busca informar ao leitor que o Big Bang não foi uma explosão, mas
sim uma expansão de matéria e energia. Assim, por meio de um jogo de palavras, o título sintetiza a ideia
apresentada no texto de que foi algo maior.

8. A
A autora apresenta a partir da fala do eu-lírico sobre o discurso masculino baseado no senso comum,
que pode ser comprovado pelos primeiros seis versos do poema.

9. D
O texto trabalha gradativamente o processo de construção poética, associando a imagem final dos
“diamantes” à riqueza da plurissignificação das palavras possibilitada pela poesia.

10. C
O texto contém instruções sobre boas práticas do envio de e-mails.

8
Português

Gêneros textuais: tirinha, resenha, placa, memes

Resumo

Tirinha
A tira ou tirinha é um gênero textual assim definido por Sérgio Roberto Costa:
Segmento ou fragmento de HQs, geralmente com três ou quatro quadrinhos, apresenta um texto sincrético
que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas,
numa só faixa horizontal de mais ou menos 14 cm x 4 cm, em geral, na seção “Quadrinhos” do caderno de
diversões, amenidades ou também conhecido como recreativo, onde se podem encontrar Cruzadas,
Horóscopo, HQs, etc.
Já o dicionário Houaiss (versão eletrônica) apresenta a seguinte definição para “tira”:
Segmento ou fragmento de história em quadrinhos, ger. com três ou quatro quadros, e apresentado em
jornais ou revistas numa só faixa horizontal.
As tirinhas também são muito comuns na última página dos gibis. Entretanto, nesse espaço, aparecem na
vertical. São principalmente reconhecidas por seu caráter humorístico e pelo número reduzido de
quadrinhos.
Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18937

Resenha

• Resenha-resumo: é um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme,


de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de
um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

• Resenha-crítica: é um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica,
apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de
opinião, também denominado de recensão crítica.

Quem é o resenhista
A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na
área, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente.

1
Português

Objetivo da resenha
O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peças de teatro, etc. Por isso a
resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de
natureza opinativa.

Veiculação da resenha
A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas.

Extensão da resenha
A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Observe-se
que, em geral, não se trata de um texto longo, "um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores ...
Para melhor compreender este item, basta ler resenhas veiculadas por boas revistas.

O que deve constar numa resenha


Devem constar:
• O título
• A referência bibliográfica da obra
• Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada
• O resumo, ou síntese do conteúdo
• A avaliação crítica

O título da resenha
O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo.
Disponível em: http://pucrs.br/gpt/resenha.php

Placa
As placas são gêneros textuais utilizados para sinalizar, instruir e /ou informar alguém sobre algo. Existem
as placas de trânsito/de sinalização, os outdoors (que apresentam em maioria propagandas), as
informativas que direcionam, por exemplo, o comprador para a seção de peças masculinas e as instrucionais
que demonstram algum comando, movimento e/ou ação. Normalmente, a linguagem é direta e curta. Há
texto híbrido ou somente imagens/símbolos.

2
Português

Memes
Os memes são imagens, gifs ou vídeos relacionados ao humor que se espalham de forma viral via internet.
No mundo virtual, podemos encontrar os mais diversos: satíricos, críticos, musicais e literários!

3
Português

Exercícios

1. O viral “Hotline Bling” nasceu com a explosão de memes que foram sendo feitos a partir das piadas
em torno dos passos de dança e das expressões faciais do cantor. O rapper adotou um estilo meio
“bobo” e “desengonçado” em seus movimentos, algo que não é normalmente visto em clipes de
artistas pop em geral. O meme invadiu as redes sociais, especialmente o Facebook, sendo que quase
todos os usuários que curtiam páginas de memes diversos foram atingidos pelo “vírus Drake”.
Disponível em: http://www.museudememes.com.br/sermons/hotline-bling/

O recurso utilizado nos memes para reproduzir novas versões de “Hotline Bling” é
a) epígrafe, registro escrito introdutório que possui a capacidade de sintetizar a filosofia do escritor.
b) citação, acompanha a identidade do criador em uma nova criação.
c) paródia, recriação de uma obra já existente, a partir de um ponto de vista cômico.
d) tradução, recriação em que um texto passa por uma adequação em outra língua.
e) paráfrase, o escritor reinventa um texto pré-existente com outras palavras.

2. Uma noite em 67, de Renato Tera e Ricardo Calil.


Editora Planeta, 296 páginas.

Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso país. Parou pra
ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos chamado Eduardo Lobo, o Edu
Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo depois de ganhar o prêmio máximo do
festival com Ponteio, que cantou acompanhado da charmosa e iniciante Marília Medalha.
Foi naquele noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro, o arranjador.
Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao com das guitarras dos Beat
Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com os Mutantes.
Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo Calil, agora virou
livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite, ampliada e em estado que no
jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o filme vai se deliciar com as histórias – e
algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem os contes necessários que um filme
exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de histórias, pensando bem, de História.
VILLAS, A. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acessado em: 18 jun. 2014 (adaptado).

4
Português

Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade, nesse


fragmento de resenha predominam
a) caracterização de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960.
b) questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960.
c) relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967.
d) explicação sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960.
e) opinião a respeito de uma obra sobre cena musical de 1967.

3. Leia estes textos.

TEXTO 2
Sonho Impossível

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
(J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)

5
Português

A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que
os dois textos
a) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
b) concordam que o desarmamento é inatingível.
c) julgam que o sonho é um desafio invencível.
d) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
e) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.

4.

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de
interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma
atitude
a) crítica, expressa pelas ironias.
b) resignada, expressa pelas enumerações.
c) indignada, expressa pelos discursos diretos.
d) agressiva, expressa pela contra argumentação.

6
Português

5.

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em 24 set. 2011. (Foto: Reprodução)

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
a) a opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.

6. A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente


simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e
rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida
pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se
dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair
um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único
vínculo
com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. A vida ao redor é a pseudorrealidade criada
em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do
Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à
narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso
absoluto – e raro – de crítica e público.
Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 24jun. 2014

Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por seus objetivos. Esse
fragmento é um(a)
a) reportagem, pois busca convencer o interlocutor da tese defendida ao longo do texto.
b) resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação desconhecida.
c) sinopse, pois sintetiza as informações relevantes de uma obra de modo impessoal.
d) instrução, pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra específica.
e) resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crítica.

7
Português

7.

Na tirinha, o leitor é conduzido a refletir sobre relacionamentos afetivos. A articulação dos recursos
verbais e não verbais tem o objetivo de
a) criticar a superficialidade com que as relações amorosas são expostas nas redes sociais.
b) negar antigos conceitos ou experiências afetivas ligadas à vida amorosa dos adolescentes.
c) enfatizar a importância de incorporar novas experiências na vida amorosa dos adolescentes.
d) valorizar as manifestações nas redes sociais como medida do sucesso de uma relação amorosa.
e) associar a popularidade de uma mensagem nas redes sociais à profundidade de uma relação
amorosa.

8
Português

8. Observe a imagem abaixo

Disponível em: https://i.pinimg.com/originals/93/cb/c8/93cbc8992c6ac69b5d19be3210e09371.jpg

O vocábulo “falsiane” encontra-se no campo coloquial da língua portuguesa. Tal termo é utilizado para
designar aqueles que agem com falsidade e/ou fingem sentimentos para com o outro. Considerando
os processos de formação de palavra, podemos concluir que o termo teve sua origem a partir de:
a) releitura por paráfrase
b) composição por aglutinação
c) derivação por prefixação
d) neologismo
e) composição por justaposição

9.

Disponível em: www.paradapelavida.com.br. Acesso em: 15 nov. 2014.

9
Português

COMPARTILHE
Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se como estratégia
argumentativa para
a) manifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres.
b) associar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças.
c) orientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone móvel.
d) influenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no trânsito.
e) alertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes cidades.

10.

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar
informações à Terra.
A charge apresenta uma crítica ao(à)
a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas.
b) exploração indiscriminada de outros planetas.
c) circulação digital excessiva de autorretratos.
d) vulgarização das descobertas espaciais.
e) mecanização das atividades humanas.

10
Português

Gabarito

1. C
A paródia acontece com a recriação das imagens do clipe do cantor Drake para um novo contexto que
tem por intuito o humor.

2. E
O excerto da resenha do livro Uma noite em 67 sintetiza fatos fundamentais ocorridos na final do III
Festival da Record em 1967, destacando as principais intervenções dos artistas que conferiram ao
evento papel importante na história da música brasileira ao sinalizar o início do movimento tropicalista.

3. D
Mafalda apresenta uma visão pessimista sobre a questão do desarmamento no mundo, já que o avião
feito do jornal em que a notícia é veiculada cai ao chão. No poema, o eu-lírico acredita que, apesar de
todas as dificuldades, o futuro será melhor.

4. A
A oposição entre o que é afirmado no cabeçalho de cada quadro e as posturas assumidas pelos
personagens revela a crítica e, também, ironia, figura de linguagem em que se declara o contrário do que
se pensa.

5. E
Podemos observar, no cartum, a imagem de indivíduos com uma corda, indo na mesma direção, como
se fossem controlados, e a imagem de um indivíduo retratado com outra cor em relação aos demais,
sem a corda e indo em outra direção, como se ele tivesse a possibilidade de escolha. Essa crítica está
associada ao conceito de massificação.

6. E
O texto se configura como uma resenha, pois além de apresentar resumidamente detalhes sobre a obra,
apresenta, também, opiniões do autor sobre o livro.

7. A
A tirinha tem como finalidade demonstrar que as redes sociais sobrepõem os relacionamentos na
atualidade. (interpretação, tirinha, redes sociais).

8. D
Neologismo é a criação de uma nova palavra a partir do léxico disponível na língua.

9. D
No texto, os elementos verbais e não verbais se combinam a fim de motivar uma mudança
comportamental no motorista, visto que a sua distração com o celular pode ocasionar acidentes.

10. C
A charge apresenta uma crítica à circulação digital excessiva de autorretrato, ou seja, a “selfie”, pois tem
como particularidade – e até mesmo finalidade – ser tirada com o objetivo de ser compartilhada em uma
rede social.

11
Português

Revisão geral (exercícios de figuras e funções)

Exercícios

1. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do racismo

Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra,
especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do
nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina
um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e
normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material
imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização
da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O
discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética
racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho
antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma
“descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e
protagonismo na construção de uma ética da diversidade.

Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.


SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza
e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar. Versão digital. Abaetetuba, n.16,jun.
2017 (adaptado).

O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de


artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela
a) impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por
finalidade” e “Evidencia-se”.
b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética
do negro”.
c) metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões
“descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.
d) nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como
“inferiorização” e “desvalorização”.
e) adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade”
e “descolonização estética”.

1
Português

2. Leia a tirinha de Calvin e Haroldo para responder à questão:

Para tentar convencer o pai a comprar seu desenho, Calvin empregou uma função de linguagem
específica. Assinale a alternativa que indica a resposta correta:
a) função metalinguística.
b) função fática.
c) função poética.
d) função emotiva.
e) função conativa.

3. A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da
goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
(Manoel de Barros Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.)

“O pai era uma onça” (v.4)


Nesse verso, a palavra onça está empregada em um sentido que se define como:
a) Enfático
b) Antitético
c) Metafórico
d) Metonímico

2
Português

4. Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas
as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico
querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno
agudo, falta de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e,
como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar
nominalmente a própria existência.
(ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).

Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções
da
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para
explicar a própria língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito
ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso
o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por
isso o emprego de “hipotrélico”.
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do
advérbio de dúvida “talvez”.

5. Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.

Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada


no café, em frente da chávena de café, enquanto
alisa os cabelos com a mão. Mas não posso escrever este
poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra
rapariga não quer dizer o que ela diz em Portugal. Então,
terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café,
a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga
que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não
fique estragada para sempre quando este poema atravessar o
atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo
sem pensar em áfrica, porque aí lá terei
de escrever sobre a moça do café, para
evitar o tom demasiado continental da rapariga, que é
uma palavra que já me está a pôr com dores
de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria
era escrever um poema sobre a rapariga do
café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a
escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma
rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão.
JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.
O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se
pela
a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo.
b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX.
c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros.
d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra.
e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida.

3
Português

6. O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
(ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.)

Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.

7. Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:


ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)

“E se encorpando em tela, entre todos,


se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo…”

Nos versos destacados, tem-se exemplo de


a) Eufemismo
b) Antítese
c) Aliteração
d) Silepse
e) Sinestesia

4
Português

8.

Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos


verbais e não verbais desse cartum, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico
denominado:
a) comparação, cotejando os valores e o lugar dos sujeitos em uma sociedade excludente.
b) paradoxo, sugerindo uma incompatibilidade ideológica referente aos que representam a força e a
fraqueza.
c) oxímoro, explicitando, através de conceitos contrários, elementos que se complementam no
contexto público.
d) antítese, denunciando, por meio de figuras e vocábulos antagônicos, a desigualdade, a opressão
e a exploração social.
e) metonímia, substituindo os indivíduos e suas classes sociais por nomes que apresentam entre si
ideias contraditórias.

9. Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

5
Português

10.

O humor da tirinha foi conferido, sobretudo, pela não compreensão por parte da personagem Chico
Bento da figura de linguagem utilizada por seu interlocutor. A essa referida figura de linguagem dá-se
o nome de
a) Anáfora
b) Metonímia
c) Perífrase
d) Hipérbole
e) Aliteração

6
Português

Gabarito

1. A
A função referencial tem como foco o contexto de produção da mensagem, além de ter como forma a
objetividade da linguagem. O texto pode ser considerado referencial pelo uso da linguagem denotativa.

2. E
A função conativa/apelativa é aquela que busca influenciar o comportamento do interlocutor. Assim,
podemos dizer que, ao se dirigir ao pai, usando o imperativo e a interlocução, Calvin está empregando
essa função da linguagem.

3. C
Metafórico, pois, na verdade, a linguagem é figurada; o pai está sendo comparado a uma onça.

4. A
A função metalinguística é aquela que se utiliza de um código para falar do código. Nesse texto, o
principal objetivo é falar sobre vocábulos da língua portuguesa, portanto, há metalinguagem.

5. D
A metalinguagem consiste em explicar o código usando o próprio código. O caráter metalinguístico do
texto está relacionado ao fato de o autor abordar como tema o próprio fazer artístico e o processo de
construção da obra. Ou seja, ele falou sobre a construção do poema por meio de um poema.

6. B
A função fática é responsável pela manutenção da comunicação.

7. C
Aliteração, pois existe a repetição do fonema “en”.

8. D
A antítese acontece entre a imagem e o texto escrito, onde os “fracos” sustentam aqueles chamados
de“fortes”.

9. C
No poema de Drummond, é possível perceber a ironia quando ele elogia o crescimento de Montes Claros,
comparando-a ao Rio de Janeiro. Na verdade, ele desaprova esse crescimento e isso fica claro nos
últimos versos.

10. B
Metonímia, pois existe uma relação entre a parte e o todo.

7
Português

Revisão geral (Exercícios sobre gêneros e fenômenos linguísticos)

Exercícios

1. Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente

Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de lixo.
Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas. O hábito de descartar
embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias persiste e tem aumentado nos
últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o meio ambiente,
pode impedir o escoamento da água, contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o
trânsito e até causar acidentes. Além dos perigos que o lixo representa para os motoristas, o material
descartado poderia ser devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas
rodovias poderia ter melhor destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se
transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros.
Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto, determinados pelo


contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade. Pela leitura
do texto apresentado, reconhece-se que sua função é
a) apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.
b) alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis.
c) divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras.
d) revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos.
e) conscientizar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias.

2. Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para:

a) condenar a prática de exercícios físicos.


b) valorizar aspectos da vida moderna
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

1
Português

3. TEXTO I
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou


Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar


No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier


Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
Canção da América, Milton Nascimento

TEXTO II

Disponível em: http://www.whatstube.com.br/wp-content/uploads/2016/10/debaixo-de-sete-chaves-jpg

Ao analisarmos os dois textos, podemos perceber que há uma relação entre eles. O primeiro, uma
canção de Milton Nascimento, se utiliza de linguagem verbal. O segundo, um meme retirado da internet,
mescla tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. Considerando as estratégias linguísticas para a
composição do texto dois, obtemos:
a) intertextualidade, no texto híbrido.
b) paráfrase, no texto releitura.
c) metáfora, no texto sinonímico.
d) alusão, no texto referencial.
e) prosopopeia, no texto artístico.

2
Português

4. TEXTO I
Criatividade em publicidade: teorias e reflexões
Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de
aclamada pelos departamentos de Criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo
anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico, no qual os Conceitos são tratados à luz da
publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada
uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a publicidade criativa é
essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano.
Depexe, S D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008.

Os dois textos apresentados versam sobre o tema Criatividade. O texto I é um resumo de caráter
científico e o texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira o texto
II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no texto I?
a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos.
b) Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.
c) Explorando a polissemia do termo “criação”.
d) Recorrendo a uma estrutura linguística simples.
e) Utilizando recursos gráficos diversificados.

3
Português

5. Câncer 21/06 a 21/07


O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se ressentirá. este novo ciclo
exige uma “desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se
recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra
preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada. Melhor
conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá vontade
de intimidade com os assuntos da alma.
Revista Cláudia. No 7, ano 48, jul. 2009.

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função social específica,
seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos conhecimentos construídos
socioculturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é
a) vender um produto anunciado.
b) informar sobre astronomia.
c) ensinar os cuidados com a saúde.
d) expor a opinião de leitores em um jornal.
e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

6. É muito raro que um novo modo de comunicação ou de expressão suplante completamente os


anteriores. Fala- se menos desde que a escrita foi inventada? Claro que não. Contudo, a função da
palavra viva mudou, uma parte de suas missões nas culturas puramente orais tendo sido preenchida
pela escrita: transmissão dos conhecimentos e das narrativas, estabelecimento de contratos,
realização dos principais atos rituais ou sociais etc. Novos estilos de conhecimento (o conhecimento
“teórico”, por exemplo) e novos gêneros (o código de leis, o romance etc.) surgiram. A escrita não fez
com que a o sistema da comunicação e da memória social.

A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que
nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram as obras dos artistas para pendurá-las em
casa. Em contrapartida, é verdade que os pintores, os desenhistas, os gravadores, os escultores não
são mais – como foram até o século XIX – os únicos produtores de imagens.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999 (fragmento).

A substituição pura e simples do antigo pelo novo ou do natural pelo técnico tem sido motivo de
preocupação de muita gente. O texto encaminha uma discussão em torno desse temor ao
a) considerar as relações entre o conhecimento teórico e o conhecimento empírico e acrescenta que
novos gêneros textuais surgiram com o progresso.
b) observar que a língua escrita não é uma transcrição fiel da língua oral e explica que as palavras
antigas devem ser utilizadas para preservar a tradição.
c) perguntar sobre a razão das pessoas visitarem museus, exposições, etc., e reafirma que os
fotógrafos são os únicos responsáveis pela produção de obras de arte.
d) reconhecer que as pessoas temem que o avanço dos meios de comunicação, inclusive on-line,
substitua o homem e leve alguns profissionais ao esquecimento.
e) revelar o receio das pessoas em experimentar novos meios de comunicação, com medo de
sentirem retrógradas.

4
Português

7. A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão
idêntica so - bre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a
100 ou 200 anos, mas, mes - mo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou
Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico,
em “chips quânticos“, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em
corpos variados: página impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book“ , cópia manuscrita,
arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é
Moby Dick ou Viagem a São Saruê , se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via
eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia.
b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores culturais.
c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes
impressos.
d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo que os livros
desapareçam.
e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais
diversos gêneros.

8. Do texto, abaixo, é possível concluir que o termo “chatear” foi usado:

a) De maneira ambígua, sem nenhuma pista que possa ajudar na busca dos sentidos do termo.
b) De forma figurada, exemplificando unicamente a polissemia da linguagem.
c) Com o sentido literal do termo, ocasionando uma redundância.
d) Com mais de um sentido, cuja alteração se faz perceber pelos recursos linguísticos e visuais que
servem de pistas para o entendimento do texto.
e) De forma equivocada, pois não existe um destinatário declarado a quem se dirige a mensagem.

5
Português

9. Os textos 1 (manchete de capa da revista Época de 26/08/2013), 2 (manchete de capa da revista Veja
de 28/08/2013) e 3 serão analisados em conjunto, na perspectiva da polifonia, do dialogismo e da
intertextualidade, isto é, das relações mantidas entre eles.

TEXTO I TEXTO II

TEXTO III
Cair das nuvens (expressão popular)
1. Espantar-se, surpreender-se (com algo que é muito diferente do que se pensava ou se desejava);
perceber o próprio equívoco ou engano.
2. Restr. Decepcionar-se intensamente; desiludir-se.
3. Chegar de modo imprevisto; aparecer repentinamente; cair do céu.
Dicionário Caldas Aulete. http://aulete.uol.com.br/nuvem#ixzz2ggk52qoh

Assinale a alternativa incorreta acerca do que é dito sobre o texto 1.


a) O aviãozinho de papel despencando do alto é um recurso para dar mais força de persuasão à
manchete, cujos termos estão dispostos um abaixo do outro, o que sugere uma queda.
b) É correto afirmar que a capa da revista Época emprega um recurso da poesia concreta.
c) O processo de construção da manchete de capa da revista Época inclui substituição e acréscimo
de elementos linguísticos, em relação ao texto fonte.
d) O criador da manchete de Época fez um jogo com dois sentidos do termo real, jogo que foi possível
graças à mudança de gênero desse vocábulo.
e) Na manchete de Época, apresenta-se apenas uma das funções da linguagem: a função
informativa.

10. Ele: – Pois é.


Ela: – Pois é o quê?
Ele: – Eu só disse pois é!
Ela: – Mas “pois é” o quê?
Ele: – Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: – Entender o quê?
Ele: – Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já!
Ela: – Falar então de quê?
Ele: – Por exemplo, de você.
Ela: – Eu?!

6
Português

Ele: – Por que esse espanto? Você não é gente? Gente fala de gente.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 48.

Há três conceitos clássicos de discursos, estudados pela gramática tradicional, que designam três
modos de reproduzir ou citar um ato de enunciação. O texto acima é constituído por apenas um tipo
de discurso. Analise as proposições em relação a ele e aos tipos de discursos.
I. O discurso direto é a forma de citação do discurso em que o narrador indica o discurso do outro,
e depois reproduz literalmente a fala dele.
II. O discurso direto é uma operação que confere ao discurso a vivacidade e naturalidade típicas da
oralidade, pelos recursos das interjeições, exclamações, interrogações diretas e dos vocativos,
entre outros elementos.
III. O discurso direto e o indireto são expedientes linguísticos para mostrar as diferentes vozes bem
demarcadas no texto.
IV. As frases que, no discurso direto, têm a forma interrogativa ou imperativa convertem-se no
discurso indireto, em orações declarativas, conforme “Ele: – Por que esse espanto? Você não é
gente? Gente fala de gente” (linha 11): Ele perguntou por que o espanto, se ela não era gente,
porque gente fala sobre gente.
V. Em uma mesma mensagem verbal pode-se reconhecer mais de uma função da linguagem, embora
uma seja dominante. No diálogo entre Macabéa e Olímpio a função da linguagem predominante é
a fática.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

7
Português

Gabarito

1. E
O texto é claro e objetivo, apresentando números que informam sobre as grandes quantidades de lixo
nas rodovias brasileiras e as consequências que advêm desse fato. Assim, conclui-se que seu objetivo
é influenciar o leitor para a necessidade de preservação do meio ambiente e segurança nas rodovias.

2. E
Ao associar a bicicleta ergométrica à postura do pai perante a vida, o personagem ironiza e critica esse
tipo de atitude. As definições das demais opções estão corretas, mas não se aplicam à tirinha.

3. A
A intertextualidade é a relação entre dois ou mais textos. Em relação aos textos apresentados, canção
musical e meme, nota-se uma relação de um texto base (canção) no texto secundário (meme) devido à
polissemia do vocábulo “chaves” em referência ao objeto utilizado para abrir fechaduras e ao
personagem do seriado mexicano “Chaves”.

4. C
Os dois textos falam sobre criatividade, entretanto, o texto II apresenta uma particularidade “13 de maio
– Dia das Mães”. Esse fator nos faz pensar sobre as possibilidades de significado da palavra “criação”
e nos leva a outra possível interpretação: “criação” também está relacionada à criação de um filho.
Portanto, o gabarito é letra C., pois a polissemia é um fenômeno linguístico que consiste na
multiplicidade de significados que podem ser assumidos por uma palavra.

5. E
O horóscopo, com características vinculadas ao texto injuntivo, visa orientar e/ou aconselhar o leitor
sobre a sua vida. Entre os temas, é possível notar um direcionamento para questões amorosas,
familiares, de trabalho e, inclusive, sobre a saúde.

6. A
Ao estabelecer a hipótese, teórica, de que um novo modo de comunicação suplanta completamente os
anteriores, e ao verificar, na prática que isso não acontece de fato, contrapõem-se os conhecimentos
teórico e empírico e confirma-se a evidência de que novos gêneros textuais surgiram com o progresso.

7. D
De acordo com o autor, o texto pode ser considerado eterno (“O texto é uma espécie de alma imortal”),
independentemente do formato em que é difundido seja ele “página impressa, livro em Braille, folheto,
‘coffee-table book’, cópia manuscrita, arquivo PDF”.

8. D
A imagem da personagem Mônica, em frente ao computador, sugere que o termo “chatear”, na segunda
ocorrência, adquire o sentido do vocábulo “conversar”. Trata-se, portanto, de um neologismo originado
do inglês “chat” e que, em português, significa “conversação” ou “bate-papo” para designar uma
conversação em tempo real.

9. E
A alternativa é incorreta, visto que o jogo de palavras provocado pelo vocábulo “real” (moeda brasileira
e sinônimo de “realidade”) indica a presença da função poética da linguagem, reforçada pela disposição
da frase na direção vertical, não indicando, portanto, função informativa.

10. E
As alternativas são verdadeiras, pois: a) no discurso direto, os personagens criam voz através de
diálogos que marcam o tipo da fala de cada um e, com isso, indique o comportamento que define um
personagem no texto, sendo, portanto, reproduzidas fielmente para conferir maior realismo no diálogo;
b) o discurso direto introduz mais vivacidade por reproduzir fielmente a fala das personagens e, para
isso, a autora utiliza interjeições, vocativos, interrogações para indicar maior realismo ao diálogo; c) o

8
Português

discurso direto representa fielmente a fala através dos diálogos, aparecendo na narrativa sem
intermediários, já o indireto o narrador conta a história , as tramas passam pela sua interpretação; d) a
transposição do discurso direto para o indireto está correta; e) a função da linguagem predominante é a
fática, porque não há um assunto sendo conversado, há apenas a comunicação básica entre pessoas
que pouco se conhecem, somente para tentar estabelecer um contato ou para testar se o contato está
sendo efetivado.

9
Português

Noções básicas de compreensão textual: formas de enunciação, público-alvo,


níveis de linguagem e conhecimentos extralinguísticos

Resumo

Público-alvo
Todo texto (verbal ou não verbal) apresenta uma intencionalidade e uma função social. Para isso, seus
autores utilizam diversos mecanismos linguísticos, trabalhando desde a oralidade até as combinações
visuais. O público-alvo se enquadra na intencionalidade e objetivo do texto. É para ele que a mensagem está
ou será direcionada. Observe, por exemplo, a propaganda:

Texto: Gabriela vivia sonhando com seu príncipe encantado. Mas, depois que ela passou a usar O Boticário,
foram os príncipes que perderam o sono.
Note que, em uma análise superficial, a propaganda se dirige ao público feminino, utiliza de intertextualidade
com os contos de fadas e apresenta seus produtos como impulsionadores e intensificadores de atributos
físicos (beleza) em benefício de seus clientes.

Níveis de linguagem
Podemos entender os níveis de linguagem como os diferentes registros nos quais a linguagem pode ser
utilizada pelos falantes conforme o contexto comunicativo, formalidades, regionalidade, função social.
Existem dois níveis macros da linguagem: O culto (registro formal; utilizado em situações de maior
“seriedade”: trabalhos acadêmicos, situações formais) e o coloquial (linguagem informal e linguagem popular,
é a linguagem falada em situações cotidianas de comunicação).
Algumas classificações para os níveis de linguagem:

1
Português

• Linguagem regional: São as variações específicas e particulares de determinadas regiões. O Brasil é


um país com território extenso, por isso há expressões idiomáticas que são características de dialetos
próprios de uma determinada região:

• Informal x Formal: Identificamos a formalidade ou informalidade da linguagem como a percepção


que o emissor e receptor possuem para identificar qual linguagem dever ser utilizada no discurso
construído e qual está presente no discurso a ser entendido. A informalidade acontece em situações
comunicativas específicas:

• Técnica: A linguagem técnica normalmente está presente em textos técnicos, voltados para um grupo
específico com função determinada. Podemos citar os manuais, os artigos científicos, leis.
• Informativa/denotativa x poética/conotativa: A linguagem informativa é aquela presente em
reportagens, notícias e em todo texto que tem por objetivo transmitir uma mensagem de forma objetiva
e impessoal.

2
Português

A linguagem poética é aquela que apresenta maior subjetividade e/ou se utiliza de recursos expressivos da
língua para se construir. É exemplo de linguagem poética sem necessariamente ser subjetiva ou emotiva:

— O meu nome é Severino,


como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
João Cabral de Melo Neto Morte e Vida Severina

É exemplo de linguagem poética subjetiva e emotiva:

Cântico XIII
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles

3
Português

Exercícios

1.

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma


situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto,
predomina a função que se caracteriza por
a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se tomarem certas medidas para a elaboração
de um livro.
b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias.
c) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor e
o livro.
d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de
um livro.
e) retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor
e obra.

2. Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode
ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma
que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes.
Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta
que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o
nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês.
Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem
precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o
Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.
(TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).)

4
Português

Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua portuguesa é
empregada com a finalidade de:
a) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna.
b) situar os dois lados da interlocução em posições simétricas.
c) comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos.
d) mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.
e) ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional.

3. O que é possível dizer em 140 caracteres?


Sucesso do Twitter no Brasil é oportunidade única de compreender a importância da concisão nos
gêneros de escrita A máxima “menos é mais” nunca fez tanto sentido como no caso do microblog
Twitter, cuja premissa é dizer algo — não importa o quê — em 140 caracteres. Desde que o serviço foi
criado, em 2006, o número de usuários da ferramenta é cada vez maior, assim como a diversidade de
usos que se faz dela. Do estilo “querido diário” à literatura concisa, passando por aforismo, citações,
jornalismo, fofoca, humor etc., tudo ganha o espaço de um tweet (“pio” em inglês), e entender seu
sucesso pode indicar um caminho para o aprimoramento de um recurso vital à escrita: a concisão.
(Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010 (adaptado).)

O Twitter se presta a diversas finalidades, entre elas, à comunicação concisa, por isso essa rede social
a) é um recurso elitizado, cujo público precisa dominar a língua padrão.
b) constitui recurso próprio para a aquisição da modalidade escrita da língua.
c) é restrita à divulgação de textos curtos e pouco significativos e, portanto, é pouco útil.
d) interfere negativamente no processo de escrita e acaba por revelar uma cultura pouco reflexiva.
e) estimula a produção de frases com clareza e objetividade, fatores que potencializam a
comunicação interativa.

4. O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa “epitalâmio”,
poema ou canto em homenagem aos que se casam.

Considerando que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao serem
incorporados no poema “Epithalamium - II”,
a) adquirem novo potencial de significação.
b) eliminam a subjetividade do poema.
c) opõem-se ao tema principal do poema.
d) invertem seu sentido original.
e) tornam-se confusos e equivocados.

5
Português

5.

(Disponível em: www.separeolixo.gov.br. Acesso em: 4 dez. 2017 (adaptado).)


Nessa campanha, a principal estratégia para convencer o leitor a fazer a reciclagem do lixo é a
utilização da linguagem não verbal como argumento para
a) reaproveitamento de material.
b) facilidade na separação do lixo.
c) melhoria da condição do catador.
d) preservação de recursos naturais.
e) geração de renda para o trabalhador.

6. A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um


dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em
relação à aplicação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e
Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial,
tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e
cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não
mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com
concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua.
Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir
o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante
de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da
UFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

6
Português

7. O léxico e a cultura
Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer
conteúdo. A pesquisa linguística do século XX demonstrou que não há diferença qualitativa entre os
idiomas do mundo — ou seja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos ou mais desenvolvidos.
Entretanto, para que possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisa realizar-se na
prática histórica do idioma, o que nem sempre acontece. Teoricamente, uma língua com pouca tradição
escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ou uma língua já extinta (como o latim ou o grego
clássicos) podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto, como, digamos, física quântica
ou biologia molecular. Na prática, contudo, não é possível, de uma hora para outra, expressar tais
conteúdos em camaiurá ou latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio para esses
conteúdos. É perfeitamente possível desenvolver esse vocabulário específico, seja por meio de
empréstimos de outras línguas, seja por meio da criação de novos termos na língua em questão, mas
tal tarefa não se realizaria em pouco tempo nem com pouco esforço.
(BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa.
Manual do professor. Curitiba: Positivo, 2004 (fragmento).)
Estudos contemporâneos mostram que cada língua possui sua própria complexidade e dinâmica de
funcionamento. O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza
a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas, pois o léxico contempla visão de mundo
particular específica de uma cultura.
b) a existência de línguas limitadas por não permitirem ao falante nativo se comunicar perfeitamente
a respeito de qualquer conteúdo.
c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e a gramática de línguas indígenas, se
comparados com outras línguas de origem europeia.
d) a existência de diferenças vocabulares entre os idiomas, especificidades relacionadas à própria
cultura dos falantes de uma comunidade.
e) a atribuição de maior importância sociocultural às línguas contemporâneas, pois permitem que
sejam abordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades.

8. Cabeludinho
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no
Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de
ateu. Como quem dissesse no carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia
de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada
podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras e
uma solenidade de amor. E pode ser instrmento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino
gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um
perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar
com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi
a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvir um
vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao
verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
(BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.)
No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre diferentes possibilidades de uso da língua e sobre os
sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões “voltou de ateu”, “disilimina esse”
e “eu não sei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca

7
Português

a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagens do texto.


b) a importância de certos fenômenos gramaticais para o conhecimento da língua portuguesa.
c) a distinção clara entre a norma culta e as outras variedades linguísticas.
d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinho durante as suas férias.
e) a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem.

9.

(Disponível em: www.sul21.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).)


Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da associação de
verbos no modo imperativo à
a) indicação de diversos canais de atendimento.
b) divulgação do Centro de Defesa da Mulher.
c) informação sobre a duração da campanha.
d) apresentação dos diversos apoiadores.
e) utilização da imagem das três mulheres.

10.

(Disponível em: www.facebook.com/omeusegredinho.Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado) .)

8
Português

Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos de alimentos
sem glúten. Essas reações indicam que, em geral, os rótulos desses produtos
a) trazem informações explícitas sobre a presença do glúten.
b) oferecem várias opções de sabor para esses consumidores.
c) classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco.
d) influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores.
e) variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse público.

9
Português

Gabarito

1. D
A função da linguagem que também pode ser identificada no quadrinho é a metalinguística, pois o
quadrinho utiliza a linguagem para explicar o seu processo de produção, referentes à forma e ao conteúdo.

2. B
O seguinte excerto expresso pelo texto: “quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês”
denota a posição de respeito por parte do emissor (no caso, o indígena) frente ao código linguístico (no
caso, a língua portuguesa). O emissor demonstra respeito e quer ser respeitado também.

3. E
O twitter é uma plataforma de comunicação concisa. logo, leva à prática de uma produção escrita objetiva
e clara.

4. A
A poesia concreta trabalhava todas as potencialidades da palavra: semântica, fonética e disposição na
página. Assim, o poema da questão é um enigma a ser decifrado a partir da sensibilidade do leitor. As
letras que compõem a as palavras “he” e “she” também relacionam a ideia homem/mulher e até mesmo
sugerem o matrimônio.

5. A
A linguagem verbal presente na questão tem como objetivo mostrar como a reciclagem na garrafa pet
pode se tornar um novo produto, por exemplo, um tecido. Assim, a imagem é utilizada como estratégia
argumentativa para influenciar o comportamento do leitor.

6. E
A autora, ao explicar os usos do “ter” e do “haver” ao longo da história, critica o comportamento purista ao
questionar uma visão hierárquica do uso da língua sobre apenas um dos verbos.

7. D
Segundo o texto, o desenvolvimento de uma língua pode acontecer a partir de empréstimos linguísticos e
a partir da criação de novos temos. Assim, a cultura de uma comunidade é imprescindível na formação de
uma língua.

8. E
O autor ao trazer para o texto expressões que fujam à norma culta, mas que são carregadas de significado
e são compreensíveis dentro da situação comunicativa, desenvolve uma reflexão sobre o uso da
linguagem, enfatizando sua dimensão lúdica e poética.

9. E
As mulheres são o principal público-alvo dessa campanha.

10. E
Tendo em vista que celíacos só podem comer alimentos sem glúten, as informações contidas no rótulo
não são capazes de fazê-los ingerir ou não determinados produtos, e sim aumentar a importância do que
pode ser escrito nas embalagens, para validar o fator informativo dos rótulos. Ademais, as múltiplas
possibilidades de reações diante dos rótulos elucidam que eles aparecem de formas distintas.

10
Português

Noções básicas de compreensão textual: textos verbal e não verbal,


hipertexto, denotação, conotação, subjetividade, objetividade

Resumo

Textos verbais e não verbais


A leitura é uma atividade de captação de ideias de um autor e, para isso, espera-se que o leitor processe,
critique ou avalie a informação que possui para obter um sentido e significado à leitura. De acordo com o
dicionário Michaelis, interpretar é determinar com precisão o sentido de um texto. Logo, o leitor deve não só
ler um texto, mas sim prestar atenção aos detalhes presentes na leitura, por exemplo, os elementos verbais
(palavras) e não verbais (imagens, símbolos).
Para interpretar um texto verbal é necessário, primeiramente, identificar se é um texto literário ou não literário.
Observe a estrutura, se é escrito em prosa ou em verso e parta para a bibliografia para investigar outras
informações, por exemplo, se a fonte é de um periódico ou de um livro de um autor conhecido da literatura.
Dessa forma, pode-se inferir que o texto não literário apresenta uma informação e a importância é no que se
diz, enquanto o texto literário o mais importante é a forma, o como se diz.
Além disso, os elementos verbais e não verbais, podem aparecer em um texto de forma integrada ou
independente, apenas compartilhando o mesmo espaço. Logo, deve-se perceber o nível de interação entre os
elementos para melhor interpretar um texto e saber decodificar a interação que os elementos possuem e que
mensagem veiculam ao leitor.
Por fim, em um texto verbal, deve-se:
• Observar quem fala no texto: eu lírico (poema), narrador, cronista, articulista (prosa);
• Perceber o ponto de vista do enunciador, ou seja, a utilização da 1ª pessoa pessoa (visão particular) ou
da 3º pessoa (visão coletiva);
• Analisar os aspectos linguísticos (gramaticais), lexicais (escolha vocabular) e estilística (como se faz o
uso da gramática);
• Descobrir o estilo do poema;
• Identificar recursos expressivos (figuras e funções da linguagem);
• Relacionar à época contextual.
Enquanto nos textos não verbais, deve-se:
● Observar os recursos gráficos;
● Identificar os elementos fora da imagem;
● Relacionar o texto não verbal com o conhecimento de mundo, de acordo com a coerência externa.

Hipertexto
O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson, na década de 1960, para denominar a forma de escrita e
de leitura não linear na informática. O hipertexto se assemelha à forma como o cérebro humano processa o
conhecimento: fazendo relações, acessando informações diversas, construindo ligações entre fatos, imagens,
sons, enfim, produzindo uma teia de conhecimentos.
É a apresentação de informações escritas, organizada de tal maneira que o leitor tem liberdade de escolher
vários caminhos, a partir de sequências associativas possíveis entre blocos vinculados por remissões, sem
estar preso a um encadeamento linear único.

1
Português

Principais características:
1. Intertextualidade;
2. Velocidade;
3. Precisão;
4. Dinamismo;
5. Interatividade;
6. Acessibilidade;
7. Estrutura em rede;
8. Transitoriedade;
9. Organização multilinear.

Conotação e Denotação
Conotação é o nome dado ao recurso expressivo da linguagem que possibilita uma palavra assumir sentido
figurado, apresentando diferentes significados sujeitos a diferentes interpretações dependentes dos
contextos nos quais se insere. Nesse sentido, temos referências e associações que vão além do significado
original e comum da palavra, ampliando, assim, a sua significação mediante circunstância de uso. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em conversas cotidianas, em
letras de música, em anúncios publicitários, entre outros.

Denotação é o nome dado ao uso comum, próprio e/ou literal da palavra. Quando nos referimos ao significado
mais objetivo e simples do termo, ao qual ele é imediatamente reconhecido e associado. É o sentido
dicionarístico da palavra. É utilizada para expressar mensagens de forma clara e objetiva, assumindo caráter
prático e utilitário. Aparece em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas
de medicamentos, textos científicos, entre outros.

2
Português

Subjetividade e Objetividade
A Subjetividade é tida como característica, particularidade ou domínio do que é subjetivo (particular e íntimo).
Na Filosofia, é o estado psíquico e cognitivo do sujeito cuja manifestação pode ocorrer tanto no âmbito
individual quanto no coletivo, fazendo com que esse sujeito tome conhecimento dos objetos externos a partir
de referenciais próprios.
Na linguagem, temos a subjetividade como forma de expressão particular e pessoal manifestada no texto.
Aqui se encontram as figuras de linguagens e todos os recursos expressivos que demonstram pessoalidade
em seus sentidos e usos.
A Objetividade é tida como uma característica ou particularidade daquilo ou daquele que não é subjetivo. Para
a Filosofia, é realidade externa ou que não se assemelha ao sujeito, podendo ser por ele transformada e
conhecida. Na linguagem, podemos entender a objetividade como expressão direta da mensagem com o
intuito de relatar ou informar sem pareceres pessoais.

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Português

Exercícios

1. O hipertexto refere-se à escritura eletrônica não sequencial e não linear, que se bifurca e permite ao
leitor o acesso a um número praticamente ilimitado de outros textos a partir de escolhas locais e
sucessivas, em tempo real. Assim, o leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua
leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma sequência fixa ou a tópicos
estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor
simultaneamente coautor do texto final. O hipertexto se caracteriza, pois, como um processo de
escritura/leitura eletrônica multilinearizado, multisequencial e indeterminado, realizado em um novo
espaço de escrita. Assim, ao permitir vários níveis de tratamento de um tema, o hipertexto oferece a
possibilidade de múltiplos graus de profundidade simultaneamente, já que não tem sequência definida,
mas liga textos não necessariamente correlacionados.
(MARCUSCHI, L. A. Disponível em: http://www.pucsp.br. Acesso em: 29 jun. 2011.)

O computador mudou nossa maneira de ler e escrever, e o hipertexto pode ser considerado como um
novo espaço de escrita e leitura. Definido como um conjunto de blocos autônomos de texto,
apresentado em meio eletrônico computadorizado e no qual há remissões associando entre si diversos
elementos, o hipertexto
a) é uma estratégia que, ao possibilitar caminhos totalmente abertos, desfavorece o leitor, ao
confundir os conceitos cristalizados tradicionalmente.
b) é uma forma artificial de produção da escrita, que, ao desviar o foco da leitura, pode ter como
consequência o menosprezo pela escrita tradicional.
c) exige do leitor um maior grau de conhecimentos prévios, por isso deve ser evitado pelos
estudantes nas suas pesquisas escolares.
d) facilita a pesquisa, pois proporciona uma informação específica, segura e verdadeira, em qualquer
site de busca ou blog oferecidos na internet.
e) possibilita ao leitor escolher seu próprio percurso de leitura, sem seguir sequência predeterminada,
constituindo-se em atividade mais coletiva e colaborativa

2. Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde de nossas matas
o amarelo de nosso ouro
o azul de nosso céu
o branco o negro o negro
(HOLLANDA, H. B. CACASO, 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.)
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 70, o poema de Cacaso
edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando

4
Português

a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura


b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.
d) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.

3.

Dois ciclistas profissionais chocaram-se em um parque público e culparam a ineficiência da


sinalização local, uma vez que ambos leram e respeitaram a placa dirigida a esse tipo de esportista.
Os fatos relatados e a leitura da referida placa revelam que
a) a obediência às regras de segurança é fundamental na prática de esportes.
b) a prática de esporte dificulta a concentração do ciclista em outras informações.
c) a interpretação dos textos pode ser prejudicada por equívocos em sua elaboração.
d) a capacidade de leitura do ciclista é fundamental para o alcance de um bom rendimento físico.
e) a responsabilidade pelas informações produzidas pelas placas de trânsito é de quem vai usar a via
pública.

4.

5
Português

Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal de televisão é adequado aos seus filhos. Para
tanto, o locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estratégias argumentativas de
a) manipulação, ao detalhar os programas infantis que compõem a grade da emissora.
b) persuasão, ao evidenciar as características da programação dirigida ao público infantil.
c) intimidação, ao dirigir-se diretamente às mães para chamá-las à reflexão.
d) comoção, ao tranquilizar as mães sobre a qualidade dos programas da emissora.
e) comparação, ao elencar os serviços oferecidos por outras emissoras ao público infantil.

5. Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio


Há um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianças desaprenderem quando
navegam, medo de elas viciarem, de obterem informação não confiável, de elas se isolarem do mundo
real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse medo é reforçado pela mídia, que
costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socialização dos
usuários. Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes
digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes
interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros
temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou
daquelas que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele não seja
exclusivo, uma vez que há outros meios de comunicação, outros meios de informação e outras
alternativas de lazer. É uma questão de equilibrar e não de culpar.
(COSCARELLI, C. V. Linguagem em (Dis)curso, n. 3, set.-dez. 2009.)

A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientação
a esse uso, pois essa tecnologia
a) está repleta de informações confiáveis que constituem fonte única para a aprendizagem dos
alunos.
b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abusivo para evitar que se torne um vício.
c) tende a se tomar um agente negativo na aprendizagem e na socialização de crianças e jovens.
d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mundo quando a aprendizagem é direcionada.
e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo do computador se a navegação for
desmedida.

6. O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns casos, até mesmo exige – a participação de
diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos modelos
tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele
facilita o desenvolvimento de trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a
aquisição de informação de maneira cooperativa.
Embora haja quem identifique o hipertexto exclusiva – mente com os textos eletrônicos, produzidos
em determinado tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já que consiste numa
forma organizacional que tanto pode ser concebida para o papel como para os ambientes digitais. É
claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis:
a conexão imediata, a comparação de trechos de textos na mesma tela, o “mergulho” nos diversos
aprofundamentos de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos.
(RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura,
escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.)

6
Português

Considerando-se a linguagem específica de cada sistema de comunicação, como rádio, jornal, TV,
internet, segundo o texto, a hipertextualidade configura-se como um(a)
a) elemento originário dos textos eletrônicos.
b) conexão imediata e reduzida ao texto digital.
c) novo modo de leitura e de organização da escrita.
d) estratégia de manutenção do papel do leitor com perfil definido.
e) modelo de leitura baseado nas informações da superfície do texto.

7. Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli publicou Le Diverse et Artificiose Machine, no
qual descrevia uma máquina de ler livros. Montada para girar verticalmente, como uma roda de hamster,
a invenção permitia que o leitor fosse de um texto ao outro sem se levantar de sua cadeira.
Hoje podemos alternar entre documentos com muito mais facilidade – um clique no mouse é suficiente
para acessarmos imagens, textos, vídeos e sons instantaneamente. Para isso, usamos o computador,
e principalmente a internet – tecnologias que não estavam disponíveis no Renascimento, época em
que Romelli viveu.
(BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa. Ano II. N°14.)

O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos princípios definidores do hipertexto: a quebra de
linearidade na leitura e a possibilidade de acesso ao texto conforme o interesse do leitor. Além de ser
característica essencial da internet, do ponto de vista da produção do texto, a hipertextualidade se
manifesta também em textos impressos, como
a) dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de acesso à informação.
b) documentários, pois o autor faz uma seleção dos fatos e das imagens.
c) relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua percepção dos fatos.
d) editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem detalhada dos fatos.
e) romances românticos, pois os eventos ocorrem em diversos cenários.

8. Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir outra vez à Galiza
e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte da mesa, mas também com
novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos, com toda certeza, está também o
destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino do Galego incorporado à grande família
lusófona.
E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema apresentado. Escolhi
como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam a língua portuguesa no seu
tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está agora completando 110 anos, foi
organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas que se reuniam na secretaria da Revista
Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e
desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia
Brasileira de Letras.
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua inauguração até a data de
sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser uma academia de Letras, portanto,
de literatos.
(BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.)

7
Português

No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galega da Língua Portuguesa,
verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua. Esse uso
a) torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.
b) contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado para a situação.
c) atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua portuguesa.
d) dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.
e) evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos do gênero
palestra.

9.

(SILVA, I.; SANTOS, M. E. P.; JUNG, N. M. Domínios de Linguagem, n.4, out.-dez. 2016 (adaptado).)

A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça


é marcada tanto pelo limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa
fachada revela o(a)
a) apagamento da identidade linguística.
b) planejamento linguístico no espaço urbano.
c) presença marcante da tradição oral na cidade.
d) disputa de comunidades linguísticas diferentes.
e) poluição visual promovida pelo multilinguismo.

8
Português

10. Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
(MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas
lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das
maneiras de se guardar o que se quer, o texto
a) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo.
b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas.
c) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.
d) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural.
e) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural.

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Português

Gabarito

1. E
A publicação de textos em meios eletrônicos, como nas páginas de Internet, por exemplo, permite a criação
de links, recursos que direcionam o leitor a outros textos, relacionados àquele que está sendo lido. O
conjunto desses textos relacionados compõe um todo, um hipertexto. Sua compreensão prescinde da
leitura de todos os links, que serão acessados de acordo apenas com a necessidade ou o interesse do
leitor. Como o acesso aos links é opcional, o leitor pode escolher seu próprio percurso de leitura, o que
torna sua atividade mais coletiva e colaborativa.

2. D
O poema apresenta imagens de dor e sofrimento que são exploradas juntamente com a decomposição
das cores representativas dos símbolos nacionais.

3. C
A disposição dos elementos e sinais da imagem são passíveis de interpretações errôneas.

4. B
A propaganda passa a mensagem de convencimento da importância e qualidade de seu produto.

5. D
No texto, a autora argumenta no sentido da defesa da internet como método de aprendizagem, embora
considere necessário orientar a criança em busca de temas diferentes dos que está habituado a explorar,
além de sensibilizá-la para outros meios de comunicação e lazer quando o tempo de uso do computador
for excessivo.

6. C
O hipertexto é um novo modelo de leitura e de organização textual, pois permite que o leitor faça uma
leitura não-linear, podendo abrir, por exemplo, diversas abas de sites ao mesmo tempo. Além disso, pode
admitir diversos autores na sua construção. Essas características o diferem dos modelos tradicionais.

7. A
O tipo de texto que melhor exemplifica o que é um hipertexto, caracterizado pela quebra de linearidade, é
o dicionário, pois permite ao leitor interagir com outros textos ao deparar-se com as diversas acepções da
palavra para optar depois por aquela que lhe é mais conveniente.

8. B
A objetividade da mensagem explica a alternativa correta. Não havia espaço nem contexto para
subjetividades.

9. B
Devido ao cenário da cidade de Foz do Iguaçu ser marcado pela presença de diferentes povos linguísticos,
houve um planejamento linguístico do espaço, representando a diversidade idiomática de cada povo.

10. C
A intenção comunicativa do texto visa relacionar a literatura à preservação da memória e acervo cultural,
pois os pensamentos de uma determinada época podem ser identificados a partir da análise de um poema,
como também, compreender a capacidade subjetiva e os valores humanos.

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Português

Recursos estilísticos e efeitos expressivos

Resumo

No que diz respeito ao trabalho com os recursos estilísticos, devemos levar em consideração que se trata de
um ramo da linguística voltado para a análise de meios afetivo-expressivos da língua. Em outras palavras,
seria o estudo destinado a um caráter mais descritivo e mais interpretativo que se pode obter a partir das
possibilidades que a língua nos proporciona.
O resultado desse uso inventivo da língua é a criação expressiva individual, ou seja, os efeitos expressivos. É
importante frisar que tais efeitos não se revelam absolutos; senão, relativos. Essa relativização dos efeitos
expressivos decorre do contexto. O diminutivo, por exemplo, pode ter valor afetivo; no entanto, apenas a
situação de seu uso poderá nos dizer se ele reforça a humildade do personagem, ou sugere a linguagem
infantil, ou expressa o cuidado do rapaz com sua amada...
Por fim, é importante ressaltar que o recurso estilístico, em muitos casos, apresenta-se como uma forma de
desvio em relação ao padrão normativo, explorando aspectos fonéticos, lexicais e sintáticos.

Fonético
Levaremos em consideração os recursos estilísticos fonéticos presentes na língua, verificando estreita
relação entre o som e sua implicação expressiva dentro do contexto em que se insere.
Exemplo: Os sinos, de Manuel Bandeira:
Os sinos Sino de Belém bate bem-bem-bem-bem.
Sino de Belém, (...)
Sino da Paixão... Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém, Sino de Belém, bate bem-bem-bem.
Sino da Paixão... Sino da Paixão... Por meu pai?... – Não! Não!...
Sino do Bonfim!... Sino da Paixão bate bão-bão-bão.
Sino do Bonfim!... Sino do Bonfim, baterás por mim?
Sino de Belém, pelos que inda vêm! Sino de Belém,
Sino de Belém bate bem-bem-bem. Sino da Paixão...
Sino da Paixão, pelos que lá vão! Sino da Paixão, pelo meu irmão...
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão. Sino da Paixão,
Sino do Bonfim, por quem chora assim?... Sino do Bonfim...
Sino de Belém, que graça ele tem! Sino do Bonfim, ai de mim, por mim!
Sino de Belém, que graça ele tem!

Temos a presença de figuras de sonoridade: aliteração e onomatopeia.


• Aliteração: repetição de fonemas idênticos ou parecidos no início de várias palavras na mesma frase
ou verso, visando obter efeito estilístico: repetição do fonema consonantal /b/ reproduz, no plano
sonoro, o tanger dos sinos.
• Onomatopeia: formação de uma palavra a partir da reprodução aproximada, com os recursos de que
a língua dispõe, de um som natural a ela associado: Enquanto o segmento “bem-bem-bem” sugere o

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Português

som metálico e alegre “pelos que inda vêm” (os batizados); o “bão-bão-bão”, o dobre de finados “pelos
que lá vão” (os mortos).

Vejamos agora como a métrica também pode atuar expressivamente:


Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co’as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim.
Casimiro de Abreu

Perceba que o poema de Casimiro de Abreu fala de uma dança que desgasta fisicamente a mulher: a dança
está, sonoramente, sugerida pela métrica de duas sílabas (versos dissílabos). Inclusive, provavelmente se
trata de movimentos de dois passos que se repetem continuamente.
Entrando no semântico, o desgaste físico produzido por esses movimentos está expresso pela metáfora
“rosas”, que, por isso, também apresenta expressividade no contexto em que foi utilizada.
As rimas também podem ser utilizadas como recursos expressivos. Observe:
Porto parado
No movimento
lento
das barcaças
amarradas
o dia,
sonolento
vai inventando as variações das nuvens...
QUINTANA, Mario. Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 2006.

Lexical
No aspecto lexical, desta destacamos a utilização de determinados vocábulos em uma situação específica,
com o intuito de estabelecer efeitos expressivos relevantes para a modificação da análise inicial de um texto.
Vamos ao exemplo, novamente com uma poesia de Manuel Bandeira:
Jaime Cortesão
Honra ao que, bom português,
Baniram do seu torrão;
Ninguém mais que ele cortês,
Ninguém menos cortesão.
Manuel Bandeira

2
Português

Note o jogo de palavras feito com a ausência e presença do sufixo "-ão" em cortês/cortesão, cujo intuito foi
enfatizar o caráter de Jaime Cortesão e também fazer uma denúncia à perseguição que o vitimou.
Outra observação a ser feita sobre os recursos de natureza lexical diz respeito aos aspectos expressivos das
palavras em termos semânticos e morfológicos que, porém, não podem ser completamente separados dos
aspectos sintáticos e contextuais. Podemos notar a estilística em favor do valor afetivo e expressivo das
diversas classes de palavras.
Eis um exemplo: “Não quero a rosa que me dás, quero a rosa que tu és.”
A metaforização do termo "flor" representa a conversão de um substantivo concreto em abstrato. A alusão à
flor passa a valer das características que esse tipo de flor possui. Com isso, há uma relação entre o sentido
denotativo e conotativo, determinantes para esse efeito expressivo.

Sintático
O terceiro e último recurso estilístico é o de natureza sintática. Vamos a um exemplo, retirado do texto de
Machado de Assis:
“É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele (e não deixei-o) na quitanda, enquanto eu ia lá
embaixo na (e não à) cidade”.
Observe que, no trecho acima, retirado do livro Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo LXVIII, os desvios
gramaticais se converteram em interessantes recursos estilísticos. Todavia, o que devemos destacar é que essas
transgressões possuem intencionalidade, haja vista que possuem um determinado efeito expressivo: reproduzir
com fidelidade a fala do escravo Prudêncio. Sendo assim, a fala do escravo é caracterizada por alguém que não
teve a oportunidade de obter educação regular em termos escolares.
Outra forma de manifestação do recurso estilístico de ordem sintática ocorre quando se constrói uma gradação
sintático-semântica. Essa sequência – não mera enumeração – pode ser ascendente ou descendente em uma
mesma sequência e demonstra uma intensidade gradativa, até o momento em que atingimos o clímax da
construção. Eis dois exemplos:
Exemplo: "Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um Não". (Padre Antônio Vieira)
Exemplo: "Eu era pobre. Era um subalterno. Era nada". (Monteiro Lobato)
Observe que, nos dois exemplos, a adjetivação foi utilizada com o intuito de criar uma gradação de intensidade,
culminando no clímax de cada um dos períodos. No exemplo 1, notamos que o vocábulo “Não” é iniciado por letra
maiúscula, o que auxilia no efeito estilístico produzido: a ênfase sobre o quão desagradável é determinada palavra.
Por sua vez, o exemplo 2, por meio dos adjetivos “pobre” e “subalterno” e do pronome “nada”, apresenta a visão
estereotipada que muitas vezes se realiza sobre as classes sociais desfavorecidas economicamente.
Por fim, cabe destacar que algumas figuras de linguagem, mais especificamente de sintaxe, também são
representantes de recursos expressivos sintáticos. Exemplifiquemos algumas:

Polissíndeto
Repetição enfática de conjunção entre as orações do período ou dos termos de uma oração.
“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua”. (Olavo Bilac)
"O quinhão que me coube é humilde, pior do que isto: nulo. Nem glória, nem amores, nem santidade, nem
heroísmo”. (Otto Lara Resende)

Assíndeto
Consiste na supressão de um conectivo estabelecido entre termos coordenados.
"A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos." (Machado de Assis)

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Português

Elipse
Omissão de um ou mais termos que ficam subentendidos na frase, embora reconhecíveis mediante o
contexto em que se inserem.
“Na madrugada, (estou) abandonada, e não atende o celular” (Perlla)

Anáfora
Repetição de palavras no início de versos ou de frases para reforçar, dar coerência ou valorizar algum
elemento da oração.
"Como no tanque de um palácio mago
Dois alvos cisnes na bacia lisa,
Como nas águas que o barqueiro frisa,
Dois nenúfares sobre o azul do lago [...]" (Castro Alves)
“É pau, é pedra, é o fim do caminho”. (Tom Jobim)

Anacoluto
Mudança de construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa, para a
introdução de outra ideia
"Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão
imprestáveis”. (José Lins do Rego)

Silepse
Concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, com a ideia que
elas expressam. Podem ser de três tipos:
• De número: Quando há uma palavra ou sujeito coletivo, que mesmo estando no singular, representa mais
de um ser.
“Deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons." (Machado de Assis)
“Coisa curiosa é gente velha. Como comem [os velhos].” (Aníbal Machado)
• De gênero: Quando há uma discordância entre feminino e masculino.
" – Vossa Excelência parece magoado..." (Carlos Drummond de Andrade)
“É uma criança rebelde; os pais não podem com ele.”
• De pessoa: Quando o sujeito aparece na 3ª pessoa e o verbo na 1ª pessoa do plural.
"Sós os quatro velhos – o desembargador com os três – fazíamos planos futuros." (Machado de Assis)
"No fundo a gente se consolava, pensávamos em nós mesmos. " (Autran Dourado)
“Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” (Machado de Assis).

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Português

Exercícios

1.

Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente.
Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.Nas
alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-se
afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) “Era ele que erguia casas/Onde antes só havia chão.”
b) “… a casa que ele fazia/Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão.”
c) “Naquela casa vazia/Que ele mesmo levantara/Um mundo novo nascia/De que sequer suspeitava.”
d) “… o operário faz a coisa/E a coisa faz o operário.”
e) “Ele, um humilde operário/Um operário que sabia/ Exercer a profissão.”

2. Para o Mano Caetano


O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?

A boca cheia de dentes


De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita vampira, sem o menor aviso

[…]

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Português

E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo


Tipo pra rimar com ouro de tolo?
Oh, Narciso Peixe Ornamental!
Tease me, tease me outra vez 1
Ou em banto baiano
Ou em português de Portugal
De Natal
[…]

1
Tease me: caçoe de mim, importune-me.
(LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).)

Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a
fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma
e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:
a) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
b) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
c) “Que devora a voz do morto” (v. 9)
d) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
e) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)

3. A Casa de Vidro
Houve protestos.
Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar. Elas aprenderam malabarismos incríveis e
algumas viajavam pelo mundo exibindo sua alegre habilidade. (O problema é que muitos, a maioria, não
tinham jeito e eram feios de noite, assustadores. Seria melhor prender essa gente – havia quem
dissesse.)
Houve protestos.
Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços dos cereais e abriram crédito a juros baixos para o
agricultor. O dinheiro que sobrasse, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse!
Houve protestos.
Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o número de assaltos) porque precisamos combater a
inflação e, como se sabe, quando os salários estão acima do índice de produtividade eles se tornam
altamente inflacionários, de modo que.
Houve protestos.
Proibiram os protestos.
E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então surgiu a Casa de Vidro, para acabar com aquele ódio.
(ÂNGELO, I. A casa de vidro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.)
Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura brasileira escritas no período as
marcas o
contexto em que foi produzido, como a
a) referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade de expressão característica
da época.
b) valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de revolta em relação ao
governo instituído.

6
Português

c) utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em relação à situação social e
política do país.
d) tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da população brasileira durante
o Regime Militar.
e) sobreposição das manifestações populares pelo discurso oficial para destacar o autoritarismo do
momento histórico.

4. Zefa, chegou o inverno!


Formigas de asas e tanajuras!
Chegou o inverno!
Lama e mais lama!
Chuva e mais chuva, Zefa!
Vai nascer tudo, Zefa!
Vai haver verde,
verde do bom;
verde nos galhos, v
erde na terra,
verde em ti, Zefa!
Que eu quero bem!
Formigas de asas e tanajuras!
O rio cheio,
barrigas cheias,
mulheres cheias, Zefa!
..................................
trovão, corisco
terras caídas,
corgos [córregos] gemendo,
os caborés piando, Zefa!
Os cururus [sapos] cantando, Zefa!
Dentro da nossa
casa de palha:
carne de sol
chia nas brasas,
farinha d’água,
café, cigarro,
cachaça, Zefa...
... rede gemendo...
Tempo gostoso!
Vai nascer tudo!

7
Português

Nos versos em negrito encontramos a gradação, isto é, a exposição de uma sequência de ideias, neste
caso, crescente. Este recurso da linguagem permitiu a Jorge de Lima destacar
a) a força das águas que traz, ao mesmo tempo, alegria e destruição.
b) o fim dos trabalhos na lavoura e o momento de, enfim, descansar.
c) a cor dos frutos que já pendem das árvores prontos para amadurecer.
d) a chegada de uma época de abundância vinda com o inverno.
e) a surpresa do eu-lírico com a paisagem até então desconhecida.

5. Em volta da moça
Já então os dois gêmeos cursavam, um a Faculdade de Direito, em S. Paulo; outro a Escola de Medicina,
no Rio. Não tardaria muito que saíssem formados e prontos, um para defender o direito e o torto da
gente, outro para ajudá-la a viver e a morrer. Todos os contrastes estão no homem.
Não era tanta a política que os fizesse esquecer Flora, nem tanta Flora que os fizesse esquecer a
política. Também não eram tais as duas que prejudicassem estudos e recreios. Estavam na idade em
que tudo se combina sem quebra de essência de cada coisa. Lá que viessem a amar a pequena com
igual força é o que se podia admitir desde já, sem ser preciso que ela os atraísse de vontade. Ao
contrário, Flora ria com ambos, sem rejeitar nem aceitar especialmente nenhum; pode ser até que nem
percebesse nada. Paulo vivia mais tempo ausente. Quando tornava pelas férias, como que a achava
mais cheia de graça. Era então que Pedro multiplicava as suas finezas para se não deixar vencer do
irmão, que vinha pródigo delas. E Flora recebia-as todas com o mesmo rosto amigo.
Note-se – e este ponto deve ser tirado à luz, – note-se que os dois gêmeos continuavam a ser parecidos
e eram cada vez mais esbeltos. Talvez perdessem estando juntos, porque a semelhança diminuía em
cada um deles a feição pessoal. Demais, Flora simulava às vezes confundi-los, para rir com ambos. E
dizia a Pedro:
– Dr. Paulo!
E dizia a Paulo:
– Dr. Pedro!
Em vão eles mudavam da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Flora mudava os nomes
também, e os três acabavam rindo. A familiaridade desculpava a ação e crescia com ela. Paulo gostava
mais de conversa que de piano; Flora conversava. Pedro ia mais com o piano que com a conversa; Flora
tocava. Ou então fazia ambas as coisas, e tocava falando, soltava a rédea aos dedos e à língua.
Tais artes, postas ao serviço de tais graças, eram realmente de acender os gêmeos, e foi o que sucedeu
pouco a pouco.
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962.

Esaú e Jacó nos traz a narrativa sobre irmãos gêmeos – Pedro e Paulo –, muito diferentes, a não ser
pela aparência física e pelo amor que dedicam a uma mesma mulher – Flora.
No trecho apresentado, o narrador expressa um ponto de vista determinado sobre os sentimentos de
Flora em relação aos gêmeos. Esses sentimentos podem ser caracterizados por:
a) descaso e manipulação
b) desorientação e simpatia
c) ambiguidade e frivolidade
d) ambivalência e inocência

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Português

6. Em algumas passagens, o texto de Machado de Assis apresenta teses às quais se juntam oposições –
antíteses. Essa fusão, por sua vez, transforma-se em síntese.
Um exemplo de síntese está presente no seguinte fragmento:
a) “Estavam na idade em que tudo se combina sem quebra de essência de cada coisa.” (2º parágrafo)
b) “Lá que viessem a amar a pequena com igual força é o que se podia admitir desde já,” (2º
parágrafo)
c) “Demais, Flora simulava às vezes confundi-los, para rir com ambos.” (3º parágrafo)
d) “Em vão eles mudavam da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.” (7º parágrafo)

7. “Não tardaria muito que saíssem formados e prontos, um para defender o direito e o torto da gente,
outro para ajudá-la a viver e a morrer.” (1º parágrafo)
Na passagem destacada, foram explorados diferentes recursos retóricos. Dois desses recursos podem
ser identificados como:
a) metonímia e metáfora
b) antítese e pleonasmo
c) paradoxo e ironia
d) anáfora e alusão

8. O negócio
Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abasteçam de pão e banana:
– Como é o negócio?
De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa:
– Deus me livre, não! Hoje não…Abílio interpelou a velha:
– Como é o negócio?
Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele
se chegou:
– Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal
combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar
os filhos. Ele trazia a capa da viagem, estendida na grama orvalhada.
O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas
pancadas fortes na porta.
O marido em viagem, mas não era de dia do Abílio. Desconfiada, a moça chegou à janela e o vizinho
repetiu:
– Como é o negócio? Diante da recusa, ele ameaçou:
– Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto!
TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento).

Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa crônica tem um caráter
a) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pelos vizinhos.
b) lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento da vizinhança.
c) irônico, pois apresenta com malícia a convivência entre vizinhos.
d) crítico, pois deprecia o que acontece nas relações de vizinhança.
e) didático, pois expõe uma conduta ser evitada na relação entre vizinhos.

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Português

9. Metáfora
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poetatudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa Meta
dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
(Gilberto Gil. Disponível em: <http://www.letras.terra.com.br>. Acesso em: 5 fev. 2009.)

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou


analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata’”.
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”

10. O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio

10
Português

e tampouco o fez o dono da usina.


Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(…)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
(Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227 -8.)

A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa
poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

11
Português

Gabarito

1. B
A liberdade ser, ao mesmo, tempo escravidão é um paradoxo. Desse modo, é constituída a relação de
Garfield.

2. D
A alternativa D é a única que explora termos coloquiais e deixa clara a intenção de rima. As demais
demonstram aliterações, assonâncias e metáforas.

3. C
O texto literário utiliza-se de metáforas e ironias para expressar a censura do período de ditadura militar
vivido no país.

4. D
O inverno simboliza a chegada de bons elementos. “do bom”, “verde em ti”.

5. D
Flora tratava os irmãos da mesma maneira, ria com os dois, conversava com os dois sem rejeitar nem
aceitar especialmente nenhum.

6. A
As duas premissas iniciais são os dois períodos anteriores: Não era tanta a política que os fizesse
esquecer Flora, nem tanta Flora que os fizesse esquecer a política. Também não eram tais as duas que
prejudicassem estudos e recreios.

7. C
Há a presença de paradoxo em “ajudar a viver e a morrer” e também de ironia nas formações dos jovens.

8. C
O texto tematiza a questão da inveja e da cobiça, além da fofoca e interesse pela vida dos outros. As
temáticas se relacionam dentro de um contexto de vizinhança.

9. E
Lata assume diferentes significados. De objeto, de mente, de pensamentos.

10. E
A oposição acontece no seguinte fragmento:
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema

12
Química

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Química

Funções orgânicas: álcool, enol, fenol

Resumo

Funções hidroxiladas: álcool, enol e fenol


Para identificá-las, repare, você precisa apenas analisar o carbono ao qual a hidroxila se liga. Se for um
carbono que só faz ligações simples (“saturado”), identificamos a função como álcool. Se o grupo ‘OH’ se
liga a um carbono pertencente a um anel benzênico (benzeno), dizemos que a função é fenol.
Se o carbono ao qual a hidroxila (também chamada de oxidrila) se liga for um carbono insaturado (que
apresenta pelo menos uma ligação dupla ou tripla) e não é de um anel aromatico, a função será enol.
Analise as imagens para entender:

Figura 1. Exemplo de álcool – hidroxila em carbono saturado

Figura 2. Exemplo de fenol – hidroxila em anel aromático

Figura 3. Exemplo de enol – hidroxila em carbono insaturado.

Nomenclatura dos álcoois


O nome de um álcool deriva da regra de nomenclatura dos hidrocarbonetos com a ressalva de que o sufixo,
o que indica a função da molécula, deve ser “ol”. No exemplo, temos o seguinte nome:

propan-2-ol ou álcool iso-propílico

Antes de ver abaixo a explicação, tente analisar o nome e entender, por você mesmo, a nomenclatura IUPAC.
Depois leia as regras abaixo como uma espécie de feedback.
O nome representa a soma das seguintes partes:

1
Química

Regra 1 (“propan-2-ol ou 2-propanol”)

I. Prefixo indicativo de 3 carbonos na cadeia principal: “prop”


II. Infixo indicativo de ligações exclusivamente simples na cadeia principal: “an”. Obs. Se tivesse uma
ligação dupla na cadeia principal, esta deveria ser indicada entre o prefixo e o infixo. Exemplo de
nomenclatura incluindo uma instauração (ligação dupla ou tripla) na posição 2: but-2-en-3-ol.
III. Sufixo indicativo da função álcool: “ol”
IV. Número referente a posição da hidroxila na molécula: posição 2

Importante: Caso a cadeia seja fechada: Devemos acrescentar a palavra ciclo no início. O restante é igual,
porém a cadeia principal sempre será o ciclo.
Exemplo de álcool cíclico:

Ciclopentanol

Regra 2
Enxergue o grupo carbônico ligado à hidroxila como um radical. O nome seguiria a seguinte regra.
álcool + radical + ílico
Exemplo:

álcool pentílico

OBS: O nome pode ainda ser o vulgar, como o álcool amílico.

Polialcoóis
Álcool com mais de um grupo “OH”. Adicionamos, neste caso, as partículas “di”, “tri”, para indicar o número
de oxidrilas nas moléculas. Perceba abaixo:
Exemplo:

propan-1,2-diol

2
Química

Outros exemplos de álcoois:

Nomenclatura dos enóis e fenóis


Os enóis seguem a mesma regra usada para os álcoois. Só tomando cuidado que agora temos
obrigatoriamente uma ligação dupla.
Exemplo:

Os fenóis seguem a seguinte nomenclatura:


Posição da hidroxila + hidróxi + benzeno (ou naftaleno ou antraceno) ou Radical + fenol
Exemplos:

hidroxibenzeno ou fenol

1-hidroxi-2-etilbenzeno ou 2-etilfenol

2
Química

Exercícios

1. Mercadorias como os condimentos denominados cravo da índia, noz-moscada, pimenta do reino e


canela tiveram uma participação destacada na tecnologia de conservação de alimentos 500 anos
atrás. Eram denominadas especiarias. O uso caseiro do cravo da índia é um exemplo de como certas
técnicas se incorporam à cultura popular. As donas de casa, atualmente, quando usam o cravo da
índia, não o relacionam com a sua função conservante, mas o utilizam por sua ação flavorizante ou
por tradição.

Sabendo que o princípio ativo mais abundante no cravo da índia é o eugenol, estrutura representada
acima, assinale a única alternativa CORRETA.

a) O eugenol apresenta fórmula molecular C8H12O2 .

b) O eugenol apresenta as funções fenol.

c) O eugenol apresenta cinco carbonos sp2.

d) O eugenol apresenta cadeia fechada alicíclica.


e) O eugenol apresenta quatro ligações sigmas.

2. Na composição dos enxaguantes bucais existe um antisséptico para matar as bactérias que causam
o mau hálito. Um dos mais usados possui a seguinte estrutura:

Esse composto é identificado com a função química dos


a) fenóis.
b) álcoois.
c) hidrocarboneto.
d) aromáticos polinucleares.
e) enol

3
Química

3. Na revelação de uma fotografia analógica, ou seja, de película, uma das etapas consiste em utilizar
uma solução reveladora, cuja composição contém hidroquinona.

A função orgânica que caracteriza esse composto é


a) álcool.
b) fenol.
c) hidrocarboneto.
d) benzeno.
e) cetona.

4. Mentol ocorre em várias espécies de hortelã e é utilizado em balas, doces e produtos higiênicos.

Observe a estrutura do mentol e assinale a alternativa correta.


a) A fórmula molecular do mentol é C10H19O.
b) O mentol possui 3 carbonos secundários.
c) Possui um radical propil.
d) Possui a função orgânica fenol.
e) Possui a função álcool.

4
Química

5. Um dos produtos mais usados como desinfetante é a creolina formada por um grupo de compostos
químicos fenólicos, os quais apresentam diferentes fórmulas estruturais, tais como:

Os compostos apresentados no quadro acima são denominados, respectivamente, de


a) o-cresol, p-cresol e m-cresol.
b) p-cresol, m-cresol e o-cresol.
c) o-cresol, m-cresol e p-cresol.
d) p-cresol, o-cresol e m-cresol.
e) o-cresol, o-cresol e m-cresol.

6. Considere as seguintes descrições de um composto orgânico:

I. o composto apresenta 7 (sete) átomos de carbono em sua cadeia carbônica, classificada como
aberta, ramificada e insaturada;
II. a estrutura da cadeia carbônica apresenta apenas 1 carbono com hibridização tipo sp, apenas

2 carbonos com hibridização tipo sp2 e os demais carbonos com hibridização sp3 ;
III. o composto é um álcool terciário.

Considerando as características descritas acima e a nomenclatura de compostos orgânicos regulada


pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), uma possível nomenclatura para o
composto que atenda essas descrições é
2,2-dimetil-pent-3-in-1ol.
a)
b) 3-metil-hex-2-en-2-ol.

c) 2-metil-hex-3,4-dien-2-ol.

d) 3-metil-hex-2,4-dien-1ol.
3-metil-pent-1,4-dien-3-ol.
e)

5
Química

7. A destilação seca da madeira é um processo bastante antigo e ainda muito utilizado para a obtenção
de metanol, também chamado de “espírito da madeira”. A respeito do metanol, assinale a alternativa
correta.

a) Pertence à função álcool, sua massa molar é de


32 g e sua fórmula molecular é CH3CH2OH.

b) É um poliol e sua nomenclatura oficial é álcool metílico.


c) Pertence à função aldeído e é de cadeia insaturada.

d) Pertence à função álcool, sua massa molar é de 32 g e sua fórmula molecular é CH3OH.

e) Pertence à função cetona e é de cadeia saturada.

8. A vitamina C ou ácido ascórbico é uma molécula usada na hidroxilação de várias outras em reações
bioquímicas nas células. A sua principal função é a hidroxilação do colágeno, a proteína fibrilar, que
dá resistência aos ossos, dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos. Além disso, é um poderoso
antioxidante, sendo usado para transformar os radicais livres de oxigênio em formas inertes. É
também usado na síntese de algumas moléculas que servem como hormônios ou
neurotransmissores. Sua fórmula estrutural está apresentada a seguir:

A partir dessa estrutura, podemos afirmar que a função e a respectiva quantidade de carbonos
secundários presentes nela estão corretamente representadas na alternativa:
a) fenol - 5
b) hidrocarboneto alcano - 4
c) álcool - 4
d) hidrocarboneto alcadieno - 5
e) hidrocarboneto alcino - 5

6
Química

9. Os aromas e sabores dos alimentos são essenciais para nossa cultura na escolha, no preparo e na
degustação dos alimentos. A seguir estão representadas algumas das substâncias responsáveis
pelas sensações características do gengibre, da framboesa, do cravo e da baunilha.

A função química presente nas quatro estruturas representadas é


a) enol.
b) álcool.
c) Hidrocarboneto alcano.
d) Hidrocarboneto alcino.
e) fenol.

10. Por motivos históricos, alguns compostos orgânicos podem ter diferentes denominações aceitas
como corretas. Alguns exemplos são o álcool etílico (C 2H6O), a acetona (C3H6O) e o formaldeído
(CH2O). O álcool etílico também é conhecido como
a) hidroxietano
b) etanol
c) propanol.
d) Metanol.
e) metil propan-1-ol.

7
Química

Gabarito
1. B
a) Incorreta. A fórmula molecular do eugenol é C10H12O2 .
b) Correta.

c) Incorreta. O eugenol apresenta 8 carbonos, ligados com ligação dupla, do tipo sp 2 .


d) Incorreta. O eugenol apresenta cadeia mista.
e) Incorreta. O eugenol apresenta 16 ligações do tipo sigma.

2. A

3. B
O fenol é uma função orgânica, caracterizada pela presença de hidroxila ligada diretamente ao anel
benzênico.

4. E

5. C

Nome sistemático: 2-metilfenol, 3-metilfenol e 4-metilfenol


Nome comum: o-cresol, m-cresol e p-cresol.

8
Química

6. C
Uma possível nomenclatura para o composto que atenda essas descrições é
2-metil-hex-3,4-dien-2-ol:

7. D
O metanol pertence à função álcool, pois apresenta o grupo carbinol:

CH3OH = 12 + 3(1) + 16 + 1 = 32 u
CH3OH = 32 g / mol

8. C
Possui a função álcool e enol, com 4 carbonos secundários.

9. E
Ambos as estruturas possuem em comum a função fenol.

10. B
Etanol o nome IUPAC do álcool etílico.

9
Química

Funções orgânicas: cetona, aldeído, ácido carboxílico


Resumo

Compostos carbonilados (cetonas e aldeídos)


Como identificá-los: pela presença de carbonilas nas posições terminais (aldeídos) ou intermediárias
(cetonas).
Repare nas figuras abaixo:

Exemplos de cetonas (carbonilas, “C=O”, nas posições intermediárias, em carbonos secundários)

Exemplos de aldeídos (carbonilas em posições terminais, em carbonos primários)

Nomenclatura de cetonas
Derivado dos nomes dos hidrocarbonetos, a regra aqui é adicionar o sufixo “ona” e a posição da carbonila.
Exemplos:

Propanona Butan-2-ona 3-metilpentan-2-ona


Não indicou-se a posição da carbonila no primeiro caso porque a posição 2 era a única possível para a
carbonila.
Importante: Caso haja mais de uma carbonila na molécula, deve-se indicar com a partículas “di”, “tri” ou
“tetra”, entre os infixo e sufixo.
Exemplo:

pentan-2,3-diona.

1
Química

Nomenclatura dos aldeídos


Aqui, deve-se adicionar o sufixo “al” e não é necessário indicar-se a posição da carbonila uma vez que
subentende-se que esta estará na posição terminal e que a contagem dos carbonos iniciará pela mesma.
Exemplos:

Butanal 5-metilexanal

Observação: Caso haja mais de um grupo C=O, deve-se indicar a presença pela adição da partícula “di”.
Exemplo:

Butanodial
Importante: Existe uma nomenclatura usual que é bastante usada para os aldeídos, vai vai mudar de acordo
com o número de carbonos. Os mais comuns são:
IUPAC – USUAL
1 Carbonos → Metanal - aldeído fórmico
2 Carbonos → Etanal - Aldeído Acético ou acetaldeído
3 Carbonos → Propanal - Aldeído propionico ou propionaldeido
4 Carbonos → Butanal - Aldeído Butiríco
5 Carbonos → Pentanal - Aldeído Valérico ou Valeraldeído

Ácido carboxílico (caracterizado pela presença do grupo carboxila)

Grupo carboxila
Nomenclatura dos ácidos carboxílicos
Inicia-se o nome com ácido e adiciona-se os nomes dos radicais e, em seguida, os prefixo (carbonos da cadeia
principal), infixo(insaturações) e sufixo “oico” (da função ácido carboxílico).
Exemplos:

Exemplos de ácidos carboxílicos

2
Química

Nomenclatura de ácidos carboxílicos


Os ácidos são nomeados da seguinte maneira, respectivamente: Ácido butanoico e ácido propanoico.
Outros exemplos:

ácido 2-metilpentanoico

ácido butanodióico
Observação: Para os ácidos carboxílicos, também existe uma nomenclatura usual muito utilizada. Veja os
mais comuns:
IUPAC - USUAL
1 Carbonos → Ácido metanoico - Ácido fórmico
2 Carbonos → Ácido etanoico – Ácido acético
3 Carbonos → Ácido propanoico - Ácido propiônico
4 Carbonos → Ácido butanoico - Ácido butírico
5 Carbonos → Ácido pentanoico - Ácido caproico

3
Química

Exercícios

1. O ácido salicílico foi originalmente descoberto devido às suas ações antipirética e analgésica. Porém,
descobriu-se, depois, que esse ácido pode ter uma ação corrosiva nas paredes do estômago. Para
contornar esse efeito foi adicionado um radical acetil à hidroxila ligada diretamente ao anel aromático,
dando origem a um éster de acetato, chamado de ácido acetilsalicílico (AAS), menos corrosivo, mas,
também, menos potente.

A estrutura química do ácido salicílico, representada acima, apresenta


a) funções orgânicas fenol e ácido carboxílico.

b) um carbono com hibridação sp3 .


c) funções orgânicas enol e álcool.
d) fórmula molecular C6H2O3 .
e) funções orgânicas fenol e álcool.

2. A glicose e a frutose são as substâncias responsáveis pelo sabor doce do mel e das frutas. São
isômeros, de fórmula C6 H12O6 . Na digestão, a frutose é transformada em glicose, substância capaz
de gerar energia para as atividades corporais. Essas substâncias são chamadas de hidratos de carbono
ou carboidratos. Glicose e frutose possuem respectivamente os seguintes grupos funcionais:

a) álcool e ácido carboxílico; álcool e cetona.


b) álcool e cetona; álcool e ácido carboxílico.
c) álcool e cetona; álcool e aldeído.
d) álcool e aldeído; álcool e cetona.
e) álcool e fenol; álcool e enol.

4
Química

3. Leia o texto.
Feromônios são substâncias químicas secretadas pelos indivíduos que permitem a comunicação com
outros seres vivos. Nos seres humanos, há evidências de que algumas substâncias, como o
androstenol e a copulina, atuam como feromônios.
(Disponível em: http://tinyurl.com/hqfrxbb> Acesso em: 17.09.2016. Adaptado.)

As fórmulas estruturais do androstenol e da copulina encontram-se representadas

As funções orgânicas oxigenadas encontradas no androstenol e na copulina são, respectivamente,


a) fenol e ácido carboxílico.
b) álcool e ácido carboxílico.
c) álcool e aldeído.
d) álcool e cetona.
e) fenol e cetona.

4. Um trabalho publicado na Nature Medicine, em 2016, mostrou que Withaferin A, um componente do


extrato da planta Withania somnifera (cereja de inverno), reduziu o peso, entre 20 a 25%, em ratos
obesos alimentados em dieta de alto teor de gorduras.

Entre as funções orgânicas presentes na Withaferin A, estão


a) ácido carboxílico e cetona.
b) aldeído e fenol.
c) cetona e hidroxila alcoólica.
d) cetona e enol.
e) fenol e hidroxila fenólica.

5
Química

5. Poucos meses antes das Olimpíadas Rio 2016, veio a público um escândalo de doping envolvendo
atletas da Rússia. Entre as substâncias anabolizantes supostamente utilizadas pelos atletas envolvidos
estão o turinabol e a mestaterona. Esses dois compostos são, estruturalmente, muito similares à
testosterona e utilizados para aumento da massa muscular e melhora do desempenho dos atletas.

Quais funções orgânicas oxigenadas estão presentes em todos os compostos citados?


a) Cetona e álcool.
b) Fenol e aldeído.
c) fenol e aldeído.
d) cetona e aldeído.
e) Ácido carboxílico e enol.

6. A seguir está representada a estrutura da crocetina, uma substância natural encontrada no açafrão.

Nessa estrutura, está presente a seguinte função orgânica:


a) álcool.
b) cetona.
c) aldeído.
d) enol.
e) ácido carboxílico.

7. A bactéria anaeróbia Clostridium botulinum é um habitante natural do solo que se introduz nos
alimentos enlatados mal preparados e provoca o botulismo. Ela é absorvida no aparelho digestivo e,
cerca de 24 horas, após a ingestão do alimento contaminado, começa a agir sobre o sistema nervoso
periférico causando vômitos, constipação intestinal, paralisia ocular e afonia. Uma medida preventiva
contra esse tipo de intoxicação é não consumir conservas alimentícias que apresentem a lata estufada
e odor de ranço, devido à formação da substância CH3CH2CH2COOH.
O composto químico identificado, no texto, é classificado como
a) cetona.
b) aldeído.
c) ácido carboxílico.
d) álcool.
e) enol.

6
Química

8. A nomenclatura de substâncias orgânicas segue um rigoroso conjunto de regras que levam em


consideração a função orgânica, a cadeia principal e a posição dos substituintes. Dar o nome oficial a
uma substância orgânica muitas vezes não é algo trivial, e o uso desse nome no dia a dia pode ser
desencorajador. Por conta disso, muitas substâncias são conhecidas pelos seus nomes populares. Por
exemplo, a estrutura orgânica mostrada abaixo lembra a figura de um pinguim, sendo por isso
popularmente conhecida como pinguinona.

O nome oficial dessa substância é:


a) metilcicloexanona.
b) tetrametilcicloexanodienona.
c) 3,4,4,5-tetrametilcicloexanona.
d) 3,4,4,5-metilcicloexanodienona.
e) 3,4,4,5-tetrametilcicloexano-2,5-dienona.

9. O acúmulo do ácido 3-metilbutanoico no organismo humano pode gerar transtornos à saúde. A fórmula
estrutural desse ácido é representada por:

a)

b)

c)

d)

e)

7
Química

10. Acidulantes são substâncias utilizadas principalmente para intensificar o gosto ácido de bebidas e
outros alimentos. Diversos são os ácidos empregados para essa finalidade. Alguns podem ser
classificados como ácidos orgânicos e outros como ácidos inorgânicos. Dentre eles, estão os quatro
descritos pelas fórmulas moleculares e estruturais abaixo.

A alternativa que descreve, respectivamente, a correta nomenclatura oficial destes ácidos é:


a) 1 - Ácido etânico; 2 - Ácido fenóico; 3 - Ácido fosfórico; 4 - Ácido bórico.
b) 1 - Ácido etanoico; 2 - Ácido benzoico; 3 - Ácido fosfórico; 4 - Ácido bórico.
c) 1 - Ácido etanoico; 2 - Ácido benzílico; 3 - Ácido fosforoso; 4 - Ácido borático.
d) 1 - Ácido propílico; 2 - Ácido benzílico; 3 - Ácido fosfático; 4 - Ácido boroso.
e) 1 - Ácido etanoso; 2 - Ácido benzoico; 3 - Ácido fosforoso; 4 - Ácido bárico.

8
Química

Gabarito

1. A
a) Correta.

b) Incorreta. Todos os carbonos presentes na estrutura apresentam uma dupla ligação, ou seja,
apresenta hibridação do tipo sp2 .
c) Incorreta. Apresenta as funções ácido carboxílico e fenol.
d) Incorreta. Sua fórmula molecular é: C7H6O3 .
e) Incorreta. Apresenta as funções ácido carboxílico e fenol.

2. D
Exemplos de moléculas de cadeia aberta:

Exemplos de moléculas de cadeia fechada:

9
Química

3. B

4. C

5. A

6. E

10
Química

7. C
CH3CH2CH2COOH apresenta o grupo carboxila (COOH).
O composto químico identificado, no texto, é classificado como ácido carboxílico.

8. E

9. D
Ácido 3-metilbutanoico:

10. B

11
Química

Funções orgânicas: amina, amida, nitrila, nitrocomposto, haletos e


tiocompostos

Resumo

I - Amina
As aminas são caracterizadas pela substituição de um ou mais hidrogênios da amônia (NH3) por um radical
orgânico:

Onde R é pelo menos um radical orgânico e/ou hidrogênios.

Classificação das aminas

Amina primária

Amina secundária

Amina terciária
Onde os R’s são radicais orgânicos.

Nomenclatura: Radical orgânico + AMINA.


Exemplo:

Dimetilamina

Fenilamina

1
Química

II - Amida
As amidas são caracterizadas pela presença do grupo funcional:

onde R, R’ e R’’ são radicais orgânicos.

Classificação das amidas

Amida primária

Amida secundária

Amida terciária

Nomenclatura: Nome do hidrocarboneto + AMIDA.


Exemplo:

Etanamida

N-meetil etanamida

2
Química

III – Nitrila
As nitrilas são caracterizadas pelo radical:

, onde R é um radicais orgânico.


Exemplo:

Nomenclatura: Nome do hidrocarboneto + NITRILA


Exemplo:

Etanonitrila

Cicloexanonitrila

Propanonitrila

IV – Isonitrila
As isonitrilas são caracterizadas pela presença do radical:

, onde R é um radical orgânico


Exemplo:

CH3 − CH2 − NC

Nomenclatura: Nome do radical + CARBILAMINA.


Exemplo:
CH3 – NC Metilcarbilamina
CH3 – CH2 – CH2 – NC Propilcarbilamina

V – Nitrocomposto
Os nitrocompostos são caracterizados pela presença do grupo funcional:

, onde R é um radical orgânico.


Exemplo:

H3 C − NO2

3
Química

Nomenclatura: NITRO + Nome do hidricarboneto


Exemplo:

2-Nitropropano

Nitrobenzeno

2,4,6 trinitro tolueno (TNT)

VI – Haletos
Os haletos orgânicos são genericamente representados por:

R – X , onde R é um radical orgânico e X é halogênio (F, Cl, Br, I).


Exemplo:

Nomenclatura: Nome do halogênio + nome do hidrocarboneto


Exemplos:

Tricloro metano

Bromo benzeno

4
Química

VII - Haletos de acila


Os haletos de acila são derivados da substituição da hidroxila de um ácido carboxilico por um halogênio.

, onde R é um radical orgânico e X é halogênio (F, Cl, Br, I).


Exemplo:

Nomenclatura: Nome do halogênio + ETO e nome do hidrocarboneto + ILA.

Cloreto de etila

Cloreto de propanoíla

Cloreto de benzoíla

VIII – Tiocompostos
São compostos que possuem os átomos de enxofre (S) como heretoátomo, substituindo o oxigênio.

Exemplo:
• Tio-álcool: R-OH e com enxofre: R-SH
Nomenclatura: Prefixo (no de carbonos) + infixo (tipo de ligações) + TIOL
Exemplo:

butan-2-tiol

5
Química

• Tio-éter: R-C-O-C-R' e com enxofre: R-C-S-C-R'


Nomenclatura: nome do radical menor + TIO + prefixo do radical maior + infixo (do tipo de ligação) + O
Exemplo:

butil-tiohexano

6
Química

Exercícios

1. Tramadol é um opiácio usado como analgésico para o tratamento de dores de intensidade moderada
a severa, atuando sobre células nervosas específicas da medula espinhal e do cérebro. O metronidazol
possui atividade antiprotozoária e antibacteriana contra os bacilos gram-negativos anaeróbios, contra
os bacilos gram-positivos esporulados e os cocos anaeróbios, presentes na cavidade oral.

O tramadol e o metronidazol apresentam em comum as funções orgânicas


a) amina e nitroderivado
b) fenol e nitrila
c) álcool e éter
d) álcool e amina
e) fenol e nitroderivado

2. A cor amarela do xixi se deve a uma substância chamada urobilina, formada em nosso organismo a
partir da degradação da hemoglobina. A hemoglobina liberada pelas hemácias, por exemplo, é
quebrada ainda no sangue, formando compostos menores que são absorvidos pelo fígado, passam
pelo intestino e retornam ao fígado, onde são finalmente transformados em urobilina. Em seguida, a
substância de cor amarelada vai para os rins e se transforma em urina, junto com uma parte da água
que bebemos e outros ingredientes. Xixi amarelo demais pode indicar que você não está bebendo água
o suficiente. O ideal é que a urina seja bem clarinha

Quais são as funções orgânicas representadas na estrutura da urobilina?


a) Aldeído, Ácido Carboxílico e Cetona
b) Amida, Amina, Ácido Carboxílico
c) Cetona, Amina e Hidrocarboneto
d) Ácido Carboxílico, Amida e Fenol
e) Fenol, Amina e Amida

7
Química

3. A melatonina, composto representado abaixo, é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo


humano e é importante na regulação do ciclo circadiano.

Nessa molécula, estão presentes as funções orgânicas


a) amina e éster.
b) amina e ácido carboxílico.
c) hidrocarboneto aromático e éster.
d) amida e ácido carboxílico.
e) amida e éter.

4. O glifosato (C3H8NO5P) é um herbicida pertencente ao grupo químico das glicinas, classificado como
não seletivo. Esse composto possui os grupos funcionais carboxilato, amino e fosfonato. A
degradação do glifosato no solo é muito rápida e realizada por grande variedade de microrganismos,
que usam o produto como fonte de energia e fósforo. Os produtos da degradação são o ácido
aminometilfosfônico (AMPA) e o N-metilglicina (sarcosina):

A partir do texto e dos produtos de degradação apresentados, a estrutura química que representa o
glifosato é:

a)

b)

c)

8
Química

d)

e)

5. As cianotoxinas compõem um grupo de toxinas produzidas por algumas cianobactérias que podem
estar presentes em águas de corpos hídricos na natureza. A microcistina LR é uma das principais
cianotoxinas, devendo ser monitorada sua presença em águas naturais devido ao seu efeito tóxico.
Abaixo é apresentada a representação estrutural da molécula da microcistina LR.

São funções orgânicas que estão presentes na microcistina LR


a) álcool, amida terciária e ácido carboxílico.
b) álcool, amida terciária e éster.
c) álcool, amida primária e ácido carboxílico.
d) amida terciária, amida secundária e cetona.
e) amida terciária, álcool e fenol.

6. A estrutura química ou nomenclatura de cinco compostos orgânicos diferentes estão mostradas a


seguir. Assinale a alternativa que correlaciona corretamente cada composto com o que se pede no
quadro.

9
Química

a)

carbono
hibridização sp3 , amida, etanoato de etila
secundário,

b)
carbono propanoato de
hibridização sp2 , cetona,
secundário, metila

c)
carbono etanoato de
hibridização sp, éster,
primário, metila

d)
carbono propanoato de
hibridização sp2 , amida,
primário, etila

e)

carbono
hibridização sp, amina, ácido propanoico
primário,

7. Em 2015, a dengue tem aumentado muito no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, no período
de 04 de janeiro a 18 de abril de 2015, foram registrados 745.957 casos notificados de dengue no País.
A região Sudeste teve o maior número de casos notificados (489.636 casos; 65,6%) em relação ao
total do País, seguida da região Nordeste (97.591 casos; 13,1%). A forma mais grave da enfermidade
pode ser mortal: nesse período, teve-se a confirmação de 229 óbitos, o que representa um aumento
de 45% em comparação com o mesmo período de 2014. São recomendados contra o Aedes aegypti
repelentes baseados no composto químico que apresenta a seguinte fórmula estrutural:

Pela nomenclatura da IUPAC, o nome correto desse composto é

a) N,N-Dimetil-3-metilbenzamida.
b) N,N-Dietil-benzamida.
c) N,N-Dimetil-benzamida.
d) N,N-Dietil-3-metilbenzamida.
e) N.N-Dietil-5-etilbenzamida

10
Química

8. A substância química representada a seguir é utilizada na fabricação de espumas, por conta de seu
efeito de retardar a propagação de chamas.

Nessa substância, está presente a função orgânica


a) amina
b) aldeído
c) cetona
d) ácido carboxílico
e) haleto orgânico

9. O ácido pícrico originalmente foi usado como corante, especialmente para a seda. Atualmente, na
medicina, é utilizado na produção de fármacos contra queimaduras e para medir a quantidade de
creatinina no sangue. Sua fórmula estrutural é:

Com relação à molécula do ácido pícrico, assinale a alternativa incorreta:


a) Apresenta apenas carbonos secundários.
b) Apresenta carbonos com hibridização sp2.
c) Apresenta um grupo fenólico.
d) É um composto aromático.
e) É um álcool com três grupos nitro.

11
Química

10. O propano e o butano, que constituem o gás liquefeito do petróleo, são gases inodoros. Contudo, o
cheiro característico do chamado “gás butano” existente em nossas cozinhas deve-se à presença de
várias substâncias, dentre as quais o butilmercaptana, que é adicionado ao gás para alertar-nos
quanto a possíveis vazamentos.
Sobre o butilmercaptana, cuja fórmula estrutural é H3C − CH2 − CH2 − CH2 − S − H, é correto afirmar-
se que
a) devido à presença do enxofre, sua cadeia carbônica é heterogênea.
b) a hibridização que ocorre no carbono dos grupos CH2 é do tipo sp2.
c) sua função orgânica é denominada de tiol.
d) pertence à família dos hidrocarbonetos.
e) pertence à família dos álcoois

12
Química

Gabarito

1. D

2. B
A estrutura molecular da urobilina apresenta 2 grupos de ácido caboxílico, 2 grupos amida e 2 grupos
amina, conforme ilustrado a seguir:

3. E

13
Química

4. B
De acordo com o texto o glifosato possui os grupos funcionais carboxilato, amino e fosfonato:

Os produtos da degradação são o ácido aminometilfosfônico (AMPA) e o N-metilglicina (sarcosina):

Então:

Em bastão, teremos:

14
Química

5. A
Funções orgânicas que estão presentes na microcistina LR (de acordo com as alternativas): álcool, amida
terciária e ácido carboxílico.

Observação: alguns autores definem amida terciária como aquela que apresenta três grupos acila ligados
ao átomo de nitrogênio, outros definem amida terciária como aquela que apresenta o átomo de nitrogênio
ligado a um grupo acila e a dois radicais do tipo alquila (ou átomos de carbono ligados a hidrogênio).

6. D

7. D

8. E
Nessa substância, está presente a função orgânica haleto orgânico, ou seja, identifica-se um halogênio
ligado a carbono ligado a outros carbonos e/ou hidrogênio (R − X).

15
Química

9. E
A molécula do ácido pícrico não apresenta a função álcool, mas apresenta a função fenol, além dos grupos
nitro.

10. C
A butilmercaptana, cuja fórmula estrutural é H3C − CH2 − CH2 − CH2 − S − H, é classificada como tiol
devido à presença do átomo de enxofre no grupo SH. Todos os carbonos deste composto apresentam
hibridização do tipo sp3 .

16
Química

Funções orgânicas: éster, sal orgânico, anidrido e éter

Resumo

Éster

Os ésteres são caracterizados pela presença do grupo funcional: , onde R e R’ são radicais
orgânicos.

Os ésteres são produzidos a partir da reação de um ácido carboxílico com um álcool, pela chamada reação
de esterificação.
Ex.:

Nomenclatura: parte derivada do ácido + ATO de parte derivada do álcool + ILA


Ex.:

Metanoato de metila

Metanoato de etila

Sal orgânico
Os ácidos carboxílicos como qualquer outro ácido, é capaz de reagir com uma base e produzir um ácido.
Neste caso é gerado um sal orgânico.
Ex.:

Nomenclatura: parte derivada do ácido + ATO de nome do composto/elemento ligado ao O-


Ex.:

Etanoato de amônio

1
Química

Etanoato de sódio

Anidrido
O anidrido é uma função orgânica derivada da desidratação intermolecular ou intramolecular dos ácidos
carboxílicos.
Desidratação intermolecular
Ex.:

Desidratação intramolecular
Ex.:

Nomenclatura: Anidrido parte derivada dos ácidos + ÓICO


Ex.:

Anidrido butanóico pentanóico

2
Química

Anidrido propanóico

Éter

Os éteres são caracterizados pela presença do grupo funcional: , onde R e R’ são radicais
orgânicos.
Ex.:

Nomenclatura: R menor + OXI - R maior + ANO


Ex.:

Etóxi-etano

Metóxi-etano

3
Química

Exercícios

1. Na cultura de produtos orgânicos é proibido o uso de agrotóxicos, como o herbicida metalaxil que,
segundo a Anvisa, já foi banido do Brasil. Faz parte da estrutura desse herbicida a função orgânica
representada por

Essa função orgânica é denominada


a) álcool.
b) cetona.
c) ácido carboxílico.
d) aldeído.
e) éster.

2. O ano de 2016 foi declarado Ano Internacional das Leguminosas (AIL) pela 68ª Assembleia-Geral das
Nações Unidas, tendo a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) sido
nomeado para facilitar a execução das atividades, em colaboração com os governos. Os agrotóxicos
fazem parte do cultivo de muitos alimentos (dentre eles as leguminosas) de muitos países com o
objetivo de eliminar pragas que infestam as plantações. Porém, quando esses compostos são usados
em excesso podem causar sérios problemas de intoxicação no organismo humano.
Na figura são apresentadas as estruturas químicas da Piretrina e da Coronopilina (agrotóxicos muito
utilizados no combate a pragas nas plantações), identifique as funções orgânicas presentes
simultaneamente nas estruturas apresentadas:

a) Éter e Éster
b) Cetona e Éster
c) Aldeído e Cetona
d) Éter e Ácido Carboxílico
e) Álcool e Cetona

4
Química

3. Especiarias, como anis-estrelado, canela e cravo-da-índia, são deliciosas, sendo comumente


utilizadas na gastronomia, devido aos seus deliciosos aromas. Também são utilizadas na fabricação
de doces, como chicletes, balas e bolachas, na perfumaria e na aromatização de ambientes. Abaixo,
temos as fórmulas estruturais de três compostos orgânicos, presentes no aroma dessas especiarias.

Esses compostos apresentam em suas fórmulas estruturais os grupos funcionais


a) álcool, cetona e fenol.
b) aldeído, álcool, éter e fenol.
c) aldeído, álcool, cetona e éter.
d) álcool, ácido carboxílico, éster e fenol.
e) aldeído, álcool, cetona e fenol.

4. A seguir está representada a estrutura de uma substância orgânica de origem natural.

Nessa substância estão presentes as funções orgânicas


a) álcool e éter.
b) álcool e cetona.
c) éter e cetona.
d) éster e aldeído.
e) éster e ácido carboxílico.

5
Química

5. O esquema a seguir representa a reação de um sal orgânico com o oxigênio. Considerando a


estequiometria da reação e as características químicas dos reagentes e produtos, julgue as
afirmações posteriores.

a) O dióxido de carbono é uma molécula polar com ligações polares.


b) 15,2 g de oxigênio consomem 10 gramas do sal orgânico.
c) O sal orgânico pode ser utilizado na fabricação de detergentes biodegradáveis.
d) A reação produz um sal inorgânico que, quando puro e dissolvido em água, formará uma solução
de caráter básico.
e) O oxigênio molecular é uma molécula polar com ligações polares.

6. A síntese da substância 1 (óleo essencial de banana) é obtida através da reação clássica conhecida
com esterificação de Fischer.

Em relação à reação apresentada, podemos afirmar que


a) os reagentes empregados são aldeído e éter.
b) a reação não pode ser conduzida em meio ácido.
c) o produto orgânico obtido é denominado de etanoato de isoamila.
d) o álcool é denominado de acordo com a IUPAC, 2 − metil butan− 4 − ol.
e) os reagentes empregados são cetona e éster.

7. A própolis é um produto natural conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.


Esse material contém mais de 200 compostos identificados até o momento. Dentre eles, alguns são
de estrutura simples, como é o caso do C6H5CO2CH2CH3, cuja estrutura está mostrada a seguir.

O ácido carboxílico e o álcool capazes de produzir o éster em apreço por meio da reação de
esterificação são, respectivamente,
a) ácido benzoico e etanol.
b) ácido propanoico e hexanol.
c) ácido fenilacético e metanol.
d) ácido propiônico e cicloexanol.
e) ácido acético e álcool benzílico.

6
Química

8. O 2-BHA é um fenol usado como antioxidante para retardar a rancificação em alimentos e cosméticos
que contêm ácidos graxos insaturados. Esse composto caracteriza-se por apresentar uma cadeia
carbônica aromática mononuclear, apresentando o grupo substituinte terc-butil na posição orto e o
grupo metóxi na posição para.

A fórmula estrutural do fenol descrito é

a) c) e)

b) d)

9. A capacidade de limpeza e a eficiência de um sabão dependem de sua propriedade de formar micelas


estáveis, que arrastam com facilidade as moléculas impregnadas no material a ser limpo. Tais micelas
têm em sua estrutura partes capazes de interagir com substâncias polares, como a água, e partes que
podem interagir com substâncias apolares, como as gorduras e os óleos.
SANTOS, W. L. P; MÕL, G. S. (Coords.). Química e sociedade. São Paulo: Nova Geração, 2005 (adaptado).

A substância capaz de formar as estruturas mencionadas é


C18H36 .
a)
C17H33COONa.
b)
CH3CH2COONa.
c)
CH3CH2CH2COOH.
d)
CH3CH2CH2CH2OCH2CH2CH2CH3 .
e)

7
Química

10. A produção mundial de alimentos poderia se reduzir a 40% da atual sem a aplicação de controle sobre
as pragas agrícolas. Por outro lado, o uso frequente dos agrotóxicos pode causar contaminação em
solos, águas superficiais e subterrâneas, atmosfera e alimentos. Os biopesticidas, tais como a
piretrina e coronopilina, têm sido uma alternativa na diminuição dos prejuízos econômicos, sociais e
ambientais gerados pelos agrotóxicos.

Identifique as funções orgânicas presentes simultaneamente nas estruturas dos dois biopesticidas
apresentados:
a) Éter e éster.
b) Cetona e éster.
c) Álcool e cetona.
d) Aldeído e cetona.
e) Éter e ácido carboxílico.

8
Química

Gabarito

1. E

2. B

3. B

4. C

9
Química

5. C
O sal orgânico pode ser utilizado na fabricação de detergentes biodegradáveis.

6. C
a) incorreta. Os reagentes empregados possuem as funções: ácido carboxílico e álcool.
b) incorreta. A reação se processa em meio ácido.
c) correta. O éster formado recebe o nome de acetato de isopentila ou etanoato de isoamila.
d) incorreta. O álcool é denominado de 3-metil butan-1-ol.
e) incorreta. Os reagentes empregados são: ácido carboxílico e álcool.

7. A
Teremos:

8. E

Observação: as posições orto e para são nomeadas a partir do grupo (OH).

10
Química

9. B
As micelas têm em sua estrutura partes capazes de interagir com substâncias polares, como a água, e
partes que podem interagir com substâncias apolares, como as gorduras e os óleos. Concluímos que
se trata de um sabão, C17H33COONa.

10. B
Teremos as funções cetona e éster nas estruturas dos dois biopesticidas apresentados:

11
Química

Isomeria espacial: geométrica

Resumo

O estudo da isomeria plana esclareceu-nos muito a respeito do motivo pelo qual compostos de mesma
fórmula molecular possuem propriedades físicas e químicas diferentes, na medida em que mostrou a
diferença entre a estrutura plana da cadeia desses compostos, chamados de isômeros.
No entanto, ficaram mais dúvidas sobre compostos que possuem tanto fórmulas moleculares como
fórmulas estruturais planas iguais, contudo, apresentam propriedades físicas e químicas diferentes. Assim,
descobriu-se a existência de diferenças entre eles que apenas podem ser observadas em dimensões
espaciais, e surgiu o que chamamos de isomeria espacial ou estereoisomeria.
Esse tipo de isomeria se divide entre GEOMÉTRICA ou CIS-TRANS (sobre a qual aprenderemos neste
material) e ÓPTICA (a ser vista posteriormente).

A isomeria GEOMÉTRICA ou CIS-TRANS pode ocorrer em 2 tipos de compostos:


Cadeia aberta com ligação dupla

Condições de ocorrência
I. Ter ligação dupla na cadeia;
II. Possuir grupos radicais distintos no mesmo carbono da dupla, ou seja, R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4.

Nestes compostos, a ligação dupla impede a rotação entre os átomos de carbono, que existe quando a
ligação entre eles é simples.

Exemplo 1:
1,2-dicloroetano → C2H4Cl2

Ao girarmos um dos carbonos na molécula do 1,2-dicloroetano, a molécula continua a mesma, não altera
sua conformação espacial nem suas propriedades.

1
Química

Exemplo 2:
Observe agora a molécula de 1,2-dicloroeteno abaixo:


Como a molécula do 1,2-dicloroeteno não possui essa livre rotação, devido à ligação dupla entre carbonos,
motivo pelo qual as 2 estruturas abaixo já representam compostos diferentes, com propriedades físicas e
químicas diferentes.
Já que se trata de compostos diferentes, recebem nomes diferentes, da seguinte maneira:
• CIS + nome do composto → quando ligantes iguais estiverem do mesmo lado do plano espacial ou
quando o ligante de menor número atômico de um dos carbonos estiver do mesmo lado do plano
espacial que o ligante de menor número atômico do outro carbono.
• TRANS + nome do composto → quando ligantes iguais estiverem em lados opostos do plano espacial
ou quando o ligante de menor número atômico de um dos carbonos estiver no lado oposto ao do ligante
de menor número atômico do outro carbono.

Utilizando o exemplo 2:

Plano Plano
Espacial Espacial

cis-1,2-dicloroeteno trans-1,2-dicloroeteno

Exemplo 3:

cis-1-cloro-1-fluorpropeno trans-1-cloro-1-fluorpropeno
Exemplo 4:

ácido cis-butenodioico ou ácido maleico ácido trans-butenodioico ou ácido fumárico

Observação: O composto cis é aquele em que os hidrogênios estão para o mesmo lado, formando uma
conformação espacial menos simétrica que na trans, em que os hidrogênios estão em lados opostos.

2
Química

Importante à beça: A isomeria CIS-TRANS foi inicialmente designada para compostos em que R1=R4 e
R2=R4 ou R1=R4 e R2=R3. Por isso, estabeleceu-se a ISOMERIA E-Z para indicar os casos em que não há
igualdade entre ligantes de um e de outro carbono da dupla, da seguinte maneira:
• Z + nome do composto → quando o ligante de menor número atômico de um dos carbonos estiver do
mesmo lado do plano espacial que o ligante de menor número atômico do outro carbono.
• E + nome do composto → quando o ligante de menor número atômico de um dos carbonos estiver no
lado oposto ao do ligante de menor número atômico do outro carbono.
Exemplos:
Z-1-cloro-1-fluorpropeno e E-1-cloro-1-fluorpropeno
Z-11-retinal e E-11-retinal

No entanto, hoje em dia usamos mais a isomeria CIS-TRANS até mesmo para estes casos, como abordado
inicialmente, sendo o isômero Z correspondente ao CIS e o E, ao TRANS.
Exemplo:

Z-11-retinal E-11-retinal

ácido Z-butenodioico ou ácido maleico e ácido E-butenodioico ou ácido fumárico

Cadeia fechada (Isomeria Bayeriana)

Condição de ocorrência
Em pelo menos dois átomos de carbono do ciclo, devemos encontrar dois grupos radicais distintos entre si.
Nestes compostos, o que impede a rotação entre os átomos de carbono é o fato de a cadeia ser fechada.
Exemplo 1:

Mesmo lado do plano Lados opostos do plano

3
Química

Já que se trata de compostos diferentes, recebem nomes diferentes, da seguinte maneira:


• CIS + nome do composto → quando ligantes iguais estiverem do mesmo lado do plano;
• TRANS + nome do composto → quando ligantes iguais estiverem em lados opostos do plano espacial.
Exemplo 2:

cis-1,2-dicloropropano trans-1,2-dicloropropano

Importante à beça:
• Cis:
Menos estável → devido à existência de 2 radicais iguais do mesmo lado, seus pares eletrônicos se repelem
com maior intensidade. Isso cria um momento dipolar diferente de zero, o que reduz sua estabilidade;
Menos simétrico;
MAIOR ponto de ebulição.
• Trans:
Mais estável → devido à existência de 2 radicais iguais em lados opostos, seus pares eletrônicos se repelem
com menor intensidade. Isso cria um momento dipolar igual a zero, o que aumenta sua estabilidade;
Mais simétrico;
MENOR ponto de ebulição.

4
Química

Exercícios

1. Em uma das etapas do ciclo de Krebs, ocorre uma reação química na qual o íon succinato é
consumido. Observe a fórmula estrutural desse íon:

Na reação de consumo, o succinato perde dois átomos de hidrogênio, formando o íon fumarato.
Sabendo que o íon fumarato é um isômero geométrico trans, sua fórmula estrutural corresponde a:

a) c)
e)

b) d)

2. As gorduras de origem animal são constituídas principalmente por gorduras saturadas, colesterol e
gorduras trans. Nos últimos anos, o termo “gordura trans” ganhou uma posição de destaque no dia a
dia em função da divulgação de possíveis malefícios à saúde decorrentes de seu consumo. Esse tipo
de gordura, que se encontra em alimentos como leite integral, queijos gordos, carne de boi e manteiga,
pode aumentar os níveis do colesterol prejudicial ao organismo humano.
Nesse tipo de gordura, a fórmula do composto ao qual a denominação trans faz referência é

a)

b)

c)

d)

e)

5
Química

3. Analise as informações a seguir.


Em 2001, algumas indústrias brasileiras começaram a abolir voluntariamente o uso dos plastificantes
ftalatos em brinquedos e mordedores, entre muitos outros itens fabricados em PVC flexível destinados
à primeira infância, pois os ftalatos causam uma série de problemas à saúde, incluindo danos ao
fígado, aos rins e aos pulmões, bem como anormalidades no sistema reprodutivo e no desen-
volvimento sexual, sendo classificados como prováveis carcinogênicos humanos. A fórmula a seguir
representa a estrutura do dibutilftalato, principal substância identificada nas amostras estudadas, que
pode causar esses efeitos irreversíveis muito graves quando inalado, ingerido ou posto em contato
com a pele.

Em relação ao dibutilftalato, é correto afirmar que é um composto orgânico


a) da função dos éteres.
b) de cadeia alifática.
c) de fórmula molecular C16H22O4 .
d) de elevada solubilidade em água.
e) de isomeria cis-trans.

4. As gorduras
Na hidrogenação parcial de óleos vegetais, efetuada pelas indústrias alimentícias, ocorrem processos
paralelos que conduzem à conversão das gorduras cis em trans. Diversos estudos têm sugerido uma
relação direta entre os ácidos graxos trans e o aumento do risco de doenças vasculares.
(RIBEIRO, A. P.B. et al. Interesterificação química: alternativa
para obtenção de gordura zero e trans. Química Nova, n. 5, 2007 (adaptado).)
Qual tipo de reação química a indústria alimentícia deve evitar para minimizar a obtenção desses
subprodutos?
a) Adição.
b) Ácido-base.
c) Substituição.
d) Oxirredução.
e) Isomerização.

6
Química

5. Na representação abaixo, encontram-se as estruturas de duas substâncias com as mesmas fórmulas


moleculares.

Essas substâncias guardam uma relação de isomeria:


a) de cadeia.
b) de posição.
c) de função.
d) geométrica.
e) compensação

6. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que
aparecem.
O cis-1,2-dicloroeteno é uma molécula __________, e o seu isômero trans apresenta __________ ponto
de ebulição por ser uma molécula __________.
a) apolar – maior – polar
b) apolar – menor – polar
c) polar – mesmo – polar
d) polar – maior – apolar
e) polar – menor – apolar

7. Pesquisas demonstram que nanodispositivos baseados em movimentos de dimensões atômicas,


induzidos por luz, poderão ter aplicações em tecnologias futuras, substituindo micromotores, sem a
necessidade de componentes mecânicos. Exemplo de movimento molecular induzido pela luz pode
ser observado pela flexão de uma lâmina delgada de silício, ligado a um polímero de azobenzeno e a
um material suporte, em dois comprimentos de onda, conforme ilustrado na figura. Com a aplicação
de luz ocorrem reações reversíveis da cadeia do polímero, que promovem o movimento observado.

(TOMA, H. E. A nanotecnologia das moléculas. Química Nova na Escola,


n. 21, maio 2005 (adaptado).)

O fenômeno de movimento molecular, promovido pela incidência de luz, decorre do(a)


a) movimento vibracional dos átomos, que leva ao encurtamento e à relaxação das ligações.
b) isomerização das ligações N = N, sendo a forma cis do polímero mais compacta que a trans.

7
Química

c) tautomerização das unidades monoméricas do polímero, que leva a um composto mais


compacto.
d) ressonância entre os elétrons π do grupo azo e os do anel aromático que encurta as ligações
duplas.
e) variação conformacional das ligações N = N, que resulta em estruturas com diferentes áreas de
superfície.

8. O ácido linoleico, essencial à dieta humana, apresenta a seguinte fórmula estrutural espacial:

Como é possível observar, as ligações duplas presentes nos átomos de carbono 9 e 12 afetam o
formato espacial da molécula.
As conformações espaciais nessas ligações duplas são denominadas, respectivamente:
a) cis e cis
b) cis e trans
c) trans e cis
d) trans e trans
e) tautomeria

9. Em algumas regiões brasileiras, é comum se encontrar um animal com odor característico, o zorrilho.
Esse odor serve para proteção desse animal, afastando seus predadores. Um dos feromônios
responsáveis por esse odor é uma substância que apresenta isomeria trans e um grupo tiol ligado à
sua cadeia.
A estrutura desse feromônio, que ajuda na proteção do zorrilho, é
a)

b)

c)

d)

e)

8
Química

10. O Retinal, molécula apresentada abaixo, associado à enzima rodopsina, é o responsável pela química
da visão. Quando o Retinal absorve luz (fótons), ocorre uma mudança na sua geometria, e essa
alteração inicia uma série de reações químicas, provocando um impulso nervoso que é enviado ao
cérebro, onde é percebido como visão.

Entre as alternativas a seguir, assinale aquela em que a sequência I, II e III apresenta corretamente as
geometrias das duplas ligações circuladas em I e II e a função química circulada em III.
a) I - Cis II - Trans III - Aldeído
b) I - Trans II - Cis III - Álcool
c) I - Trans II - Trans III - Aldeído
d) I - Trans II - Cis III - Aldeído
e) I - Cis II - Trans III – Ácido carboxílico

11. A busca por substâncias capazes de minimizar a ação do inseto que ataca as plantações de tomate
no Brasil levou à síntese e ao emprego de um feromônio sexual com a seguinte fórmula estrutural:

Uma indústria agroquímica necessita sintetizar um derivado com maior eficácia. Para tanto, o
potencial substituto deverá preservar as seguintes propriedades estruturais do feromônio sexual:
função orgânica, cadeia normal e isomeria geométrica original.
A fórmula estrutural do substituto adequado ao feromônio sexual obtido industrialmente é:

a)

b)

c)

d)

e)

9
Química

Gabarito

1. D
Teremos:

2. C
A presença de uma dupla ligação num átomo de carbono faz com que ele fique com duas valências livres,
formando um ângulo de 120° (o carbono sofre uma hibridização do tipo sp 2).
A ligação pi ( π), que é responsável pela dupla ligação, impede a rotação dos átomos de carbono em volta
de um eixo de referência.
Quando os ligantes de maior massa estiverem em semi-espaços opostos, teremos o isômero geométrico
na forma TRANS (que significa do lado de lá, ou seja, opostos).
A fórmula do composto ao qual a denominação trans faz referência é:

3. C
a) Incorreta. A função orgânica presente é o éster:

b) Incorreta. O composto apresenta cadeia aromática.


c) Correta. O dibutilftalato apresenta 16C, 22H e 4O.

10
Química

d) Incorreta. Os ésteres de baixa massa molecular são pouco solúveis em água e os demais são
insolúveis.
e) Incorreta. O composto não apresenta isomeria geométrica, pois esse tipo de isomeria ocorre em
compostos insaturados de cadeia aberta ou cíclica que apresente ligantes diferentes unidos ao
carbono da dupla.

4. E
A indústria alimentícia deve evitar a isomerização, ou seja, a formação dos isômeros do tipo trans no
processo de hidrogenação de óleos vegetais.

5. D
A isomeria geométrica ocorre modificação no arranjo espacial dos grupos ligados aos átomo de
nitrogênio (cis = mesmo lado e trans = lados opostos).

6. E

7. B
O fenômeno de movimento molecular, promovido pela incidência de luz, decorre da isomerização das
ligações N = N, sendo a forma cis do polímero mais compacta do que a trans.

8. A
As conformações espaciais nessas ligações duplas são denominadas, respectivamente: cis e cis, pois os
ligantes de maior massa estão do mesmo lado do plano de referência para os carbonos 9 e 12.

11
Química

9. B
Trans
H3C H

C C

H CH2 SH
Grupo tiol

10. A
Teremos:

11. E
Fórmula do feromônio desenvolvido:

Função orgânica: éster de ácido carboxílico ou éster.


Cadeia carbônica: normal.
Isomeria geométrica: cis e trans.
Fórmula estrutural do substituto adequado, que apresenta estas características:

12
Química

Isomeria plana: função, posição, cadeia, metameria e tautomeria

Resumo

Isomeria
É o fenômeno quando dois ou mais compostos apresentam a mesma fórmula molecular porem com
estruturas diferentes
De um modo amplo, a isomeria pode ser dividida em:
● Isomeria plana: Que depende da localização dos átomos na molécula e que pode ser explicada por
fórmulas estruturais planas
● Isomeria espacial ou estereoisomeria (do grego stéreos, espacial): Que depende da orientação dos
átomos no espaço e só pode ser explicada por fórmulas estruturais espaciais.

Isomeria Plana

I - Isomeria de função (funcional)


Definição: Ocorre quando os isômeros pertencem a funções químicas diferentes.
Os casos mais comuns de isomeria de função ocorrem entre:
● Álcoois e éteres
C3H6O

● Álcoois aromáticos, éteres aromáticos e fenóis


C7H8O

● Aldeídos e cetonas
C3H6O

● Ácidos carboxílicos e ésteres.


C3H6O2

1
Química

● Aminoácidos e nitrocompostos.
C4H9O2N

II - Isomeria de cadeia
Definição: É aquela em que os isômeros têm cadeias, diferentes (aberta/fechada; ramificada/normal...).
Exemplo 1: C4H10

Exemplo 2: C5H10

III - Isomeria de posição


Definição: Ocorre quando os isômeros diferem pela posição de ramificações, de insaturações (duplas,
triplas...) ou da função.
Exemplo 1: C3H8O – Diferença na posição da função álcool.

Exemplo 2: : C4H8– Diferença na posição da ligação pi(insaturação).

Exemplo 3: C7H16 – Diferença na posição da ramificação.

2
Química

IV- Isomeria de compensação (metameria)


Definição: Ocorre quando os isômeros diferem pela posição de um heteroátomo na cadeia carbônica.
Obs: Não confundir com isomeria de posição!
Exemplo 1: C4H10O

Exemplo 2: C4H11N

Exemplo 3: C3H6O2

Atenção: Repare que na metameria não há mudança na quantidade de cadeias carbonicas, essa mudaça
caracteriza isomeria de cadeia.
Exemplo:

e São isometos de cadeia.

V - Tautomeria
Definição: É o caso particular de isomeria funcional em que os dois isômeros ficam em equilíbrio químico
dinâmico.
Os casos mais comuns de tautomeria ocorrem entre:
● Aldeído e enol (chamamos também de equilíbrio aldo-enólico)
C2H4O

● Cetona e enol (chamamos também de equilíbrio ceto-enólico)

3
Química

C2H4O

Observação: Existe uma tautomeria pouco


convencional que é tautomeria de Iminas-Aminas.
Iminas são compostos com ligação Pi carbono-nitrogênio, e com fórmula genérica RR'C=NR'', onde R'' pode
ser um H ou grupo orgânico. Veja o exemplo:

4
Química

Exercícios

1. Examine as estruturas do ortocresol e do álcool benzílico.

O ortocresol e o álcool benzílico


a) apresentam a mesma função orgânica
b) são isômeros
c) são compostos alifáticos
d) apresentam heteroátomo
e) apresentam duas ramificações

2. As abelhas utilizam a sinalização química para distinguir a abelha-rainha de uma operária, sendo
capazes de reconhecer diferenças entre moléculas. A rainha produz o sinalizador químico conhecido
como ácido 9-hidroxidec-2-enoico, enquanto as abelhas-operárias produzem ácido 10-hidroxidec-2-
enoico. Nós podemos distinguir as abelhas-operárias e rainhas por sua aparência, mas, entre si, elas
usam essa sinalização química para perceber a diferença. Pode-se dizer que veem por meio da
química.
(LE COUTEUR, P.; BURRESON, J. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006 (adaptado).)

As moléculas dos sinalizadores químicos produzidas pelas abelhas rainha e operária possuem
diferença na
a) fórmula estrutural.
b) fórmula molecular.
c) identificação dos tipos de ligação.
d) contagem do número de carbonos.
e) identificação dos grupos funcionais.

3. Os nitritos são usados como conservantes químicos em alimentos enlatados e em presuntos,


salsichas, salames, linguiças e frios em geral. Servem para manter a cor desses alimentos e proteger
contra a contaminação bacteriana. Seu uso é discutido, pois essas substâncias, no organismo, podem
converter-se em perigosos agentes cancerígenos, as nitrosaminas. Abaixo temos a representação de
duas nitrosaminas:

5
Química

Essas nitrosaminas são isômeras de:


a) cadeia
b) função
c) posição
d) tautomeria
e) metameria

4. Em uma das etapas do ciclo de Krebs, a enzima aconitase catalisa a isomerização de citrato em
isocitrato, de acordo com a seguinte equação química:

A isomeria plana que ocorre entre o citrato e o isocitrato é denominada de:


a) cadeia
b) função
c) posição
d) compensação
e) tautomeria

5. As cetonas, amplamente usadas na indústria alimentícia para a extração de óleos e gorduras de


sementes de plantas, e os aldeídos, utilizados como produtos intermediários na obtenção de resinas
sintéticas, solventes, corantes, perfumes e curtimento de peles, podem ser isômeros.
Assinale a opção que apresenta a estrutura do isômero do hexanal.

a)
c)
e)

b) d)

6
Química

6. Cientistas brasileiros definem como transgênico um "organismo cujo genoma foi alterado pela
introdução de DNA exógeno, que pode ser derivado de outros indivíduos da mesma espécie, de uma
espécie completamente diferente ou até mesmo de uma construção gênica sintética". A tecnologia de
produção de alimentos transgênicos começou com o desenvolvimento de técnicas de engenharia
genética que visavam a um melhoramento genético que pudesse promover a resistência de vegetais
a doenças e insetos, sua adaptação aos estresses ambientais e melhoria da qualidade nutricional.
Porém, a busca por maior produtividade e maior variabilidade levou ao desenvolvimento da clonagem
de genes. Essa técnica tornou possível isolar um gene de um organismo e introduzi-lo em outro como,
por exemplo, uma planta que, ao expressar esse gene, manifestará a característica que ele determina.
Uma das bases constituintes do DNA é a citosina.

No processo químico mostrado acima, a substância A é um:


a) metâmero da citosina
b) isômero de posição da citosina
c) isômero de cadeia da citosina
d) isômero de compensação da citosina
e) tautômero da citosina

7. O ácido butanoico é formado a partir da ação de micro-organismos sobre moléculas de determinadas


gorduras, como as encontradas na manteiga. Seu odor característico é percebido na manteiga
rançosa e em alguns tipos de queijo. São isômeros do ácido butanoico as substâncias:
a) butanal, butanona e ácido 2-metilbutanoico.
b) acetato de metila, etóxi etano e butan-2-ol.
c) butan-1-ol, acetato de etila e etóxi etano.
d) ácido metilpropanoico, butanona e ácido pentanoico.
e) acetato de etila, ácido metilpropanoico e propanoato de metila.

8. As fórmulas estruturais de alguns componentes de óleos essenciais, responsáveis pelo aroma de


certas ervas e flores, são:

7
Química

Dentre esses compostos, são isômeros:


a) anetol e linalol.
b) eugenol e linalol.
c) citronelal e eugenol.
d) linalol e citronelal.
e) eugenol e anetol.

9. Os compostos p-nitrotolueno e ácido p-amino benzoico (também conhecido como PABA) possuem a
mesma fórmula molecular, C7H7NO2, porém apresentam fórmulas estruturais muito diferentes:

Suas propriedades também diferem bastante. Enquanto o p-nitrotolueno é um composto explosivo, o


PABA é o ingrediente ativo de muitos protetores solares. Compostos como o PABA absorvem luz
ultravioleta exatamente nos comprimentos de onda mais nocivos às células da pele. Esses compostos
apresentam isomeria de:
a) metameria.
b) posição.
c) função.
d) tautomeria.
e) cadeia.

10. Motores a combustão interna apresentam melhor rendimento quando podem ser adotadas taxas de
compressão mais altas nas suas câmaras de combustão, sem que o combustível sofra ignição
espontânea. Combustíveis com maiores índices de resistência à compressão, ou seja, maior
octanagem, estão associados a compostos com cadeias carbônicas menores, com maior número de
ramificações e com ramificações mais afastadas das extremidades da cadeia. Adota-se como valor
padrão de 100% de octanagem o isômero do octano mais resistente à compressão.
Com base nas informações do texto, qual dentre os isômeros seguintes seria esse composto?
a) n-octano.
b) 2,4-dimetil-hexano.
c) 2-metil-heptano.
d) 2,5-dimetil-hexano.
e) 2,2,4-trimetilpentano.

8
Química

11. O ácido butanoico é um composto orgânico que apresenta vários isômeros, entre eles substâncias de
funções orgânicas diferentes. Considerando ésteres e ácidos carboxílicos, o número de isômeros que
esse ácido possui, é
a) 3.
b) 4.
c) 5.
d) 7.
e) 8.

9
Química

Gabarito

1. B

As funções orgânicas são diferentes, ou seja, são isômeros de função.

2. A
A diferença entre o ácido 9-hidroxidec-2-enoico e o ácido 10-hidroxidec-2-enoico está na posição do

grupo hidroxila (OH), , ou seja, na fórmula estrutural.


Estas duas moléculas são isômeros de posição.

3. A
São isômeros de cadeia compostos que apresentam a mesma fórmula molecular, porém, se diferenciam
pelo tipo de cadeia. Nesse caso, tem-se uma cadeia normal e uma ramificada.

4. C
A isomeria plana que ocorre entre o citrato e o isocitrato é denominada de posição, pois a posição do
grupo OH é diferente nos dois ânions.

10
Química

5. D
O isômero do hexanal é a hexanona-2 presente na alternativa [D].

6. E
No processo químico mostrado acima, a substância A é um tautômero da citosina, ou seja, a ligação pi
( π) presente no oxigênio muda de posição.

7. E

A fórmula molecular do ácido butanoico é C4H8O2 .

Os isômeros do ácido butanoico possuem a mesma fórmula molecular, ou seja, C4H8O2 e são eles:
acetato de etila, ácido metilpropanoico e propanoato de metila.

11
Química

8. D
Teremos as seguintes fórmulas estruturais e suas respectivas fórmulas moleculares:

O linalol e citronelal são isômeros, pois possuem a mesma fórmula molecular ( C10H18O ).

9. C
Esses compostos apresentam isomeria de função ou funcional, pois apresentam a mesma fórmula
molecular, porém as funções orgânicas são diferentes, o primeiro é um nitrocomposto e o segundo é um
aminoácido.

10. E
Os isômeros de cadeia citados no texto apresentam a mesma fórmula molecular.
C8H18
(octano)

C8H18 (2,2,4-trimetilpentano)

12
Química

11. C
Cinco isômeros:

13
Química

Isomeria espacial: óptica

Resumo

Existem compostos químicos que apresentam atividade óptica, ou seja, são capazes de desviar o plano da
luz polarizada. Vamos entender passo a passo o que isso significa.
A luz que sai direto da fonte luminosa transita em todos os sentidos, ou seja, não possui nenhum pólo
específico pelo qual as ondas de luz vibrem. Esta luz, portanto, não é polarizada.
Quando se faz a luz de uma fonte passar por um polarizador, ela passa a irradiar em apenas 1 sentido ou
plano, isto é, fica polarizada. Se fizermos esta luz polarizada passar por um composto químico qualquer e, ao
medirmos sua polarização com o auxílio de um polarímetro, ela tiver seu plano de irradiação desviado, acusa-
se atividade óptica em tal substância.

OPA, polarímetro?
Trata-se de um aparelho com função de medir a polarização da luz (se ela é ou não polarizada e em qual
plano ela irradia, caso seja). Ele também contém o polarizador, que faz com que a luz passe a ser irradiada
em apenas 1 sentido, isto é, polariza-a.
Quando a substância possui atividade óptica,
• ela possui ISÔMEROS ÓPTICAMENTE ATIVOS: compostos de mesma fórmula molecular, porém com
propriedades químicas distintas, pelo fato de terem conformações espaciais diferentes;
• ela pode desviar o plano da luz para a esquerda – neste caso, chamamo-la de isômero LEVÓGIRO – ou
para a direita – isômero DEXTRÓGIRO;
• ela deve possuir, no mínimo, 1 CARBONO QUIRAL, ou seja, um carbono assimétrico, que faz com que a
molécula toda seja assimétrica. É essa assimetria que causa o desvio do plano da luz;

OPA, carbono quiral?


É o carbono que tem todos os grupos ligantes diferentes entre si, o que faz dele assimétrico. A imagem
refletida no espelho de qualquer coisa assimétrica não se sobrepõe perfeitamente à coisa real.

1
Química

Exemplo: Ao colocarmos nossa mão esquerda na frente do espelho, a imagem refletida por ele é idêntica à
nossa mão direita, a qual não se sobrepõe com perfeição à outra. Veja:

O mesmo ocorre com a molécula assimétrica. Como um dos carbonos é quiral, haverá 2 conformações
espaciais diferentes para a mesma estrutura, o que determinará 2 compostos com propriedades diferentes
(2 isômeros): 1 conformação espacial e 1 outra exatamente igual à imagem da primeira no espelho, e que não
se sobrepõe com perfeição a ela.
Exemplo: O ácido láctico possui 1 carbono quiral.

Tentativa de sobreposição dos isômeros


• Cada uma dessas conformações é um isômero do ácido láctico, que desvia a luz
polarizada para um lado: esquerdo, no caso do isômero levógiro; e direito, no caso
do isômero dextrógiro.
• Não sabemos com certeza qual deles é dextrógiro e qual é levógiro, mas isso não
importa tanto, uma vez que sabemos que, se um é o dextrógiro, sua imagem é o
levógiro, ou vice-versa.
• Ao par dextrógiro-levógiro, damos o nome de ENANTIÔMEROS.
• Seus isômeros dextrógiro e levógiro desviam a luz com o MESMO ÂNGULO, ainda
que para sentidos divergentes;
• A mistura entre quantidades iguais dos dois enantiômeros (mistura equimolar) não é capaz de desviar o
plano da luz polarizada, já que cada isômero a desvia com ângulo igual em sentidos opostos (um desvio
“anula” o outro). Chamamo-la de MISTURA RACÊMICA ou RACEMATO, e por não apresentar atividade
óptica (propriedade diferente dos 2 outros isômeros), dizemos que é o terceiro isômero da estrutura
assimétrica (o ISÔMERO OPTICAMENTE INATIVO).

Sendo assim, estruturas com 1 CARBONO QUIRAL possuem 3 isômeros ópticos: 2 IOA (isômeros
opticamente ativos) e 1 IOI (isômero opticamente inativo).
E quanto as que possuem mais de 1 carbono quiral? Vejamos.
2 CARBONOS QUIRAIS DIFERENTES
Neste caso,
• CADA CARBONO assimétrico desvia o plano da luz polarizada em 2 SENTIDOS POSSÍVEIS (esquerda ou
direita), ou seja, cada carbono pode ter conformação espacial dextrógira ou levógira;
• UM CARBONO desvia a luz com um ÂNGULO (α) e o OUTRO CARBONO desvia com outro ÂNGULO (β),
já que os carbonos não são iguais. Logo, o desvio total do plano da luz, ao passar pela substância, será
a soma do desvio provocado por cada carbono quiral.

2
Química

Observe o 2-cloro-3-hidroxibutanal:

As conformações espaciais possíveis para esta estrutura são:

Observação: A classificação de cada conformação dos carbonos 1 (C1) e 2 (C2) como dextrógiros ou
levógiros foi aleatória, já que não temos como saber qual é cada conformação de fato. Mas vamos seguir a
explicação tendo essa escolha como base: se na estrutura 1 o C1 está d, sua imagem (estrutura 2)
necessariamente é l; se na mesma estrutura o C2 está d, sua imagem (estrutura 2) necessariamente é l.
Seguindo esse padrão, conseguimos definir qual tipo de desvio cada carbono das demais estruturas
apresenta.
• Os pares 1/2 e 3/4 são pares de ENANTIÔMEROS, uma vez que representam uma estrutura e sua imagem
no espelho;
• Já os pares 1/3, 1/4, 2/3 e 2/4, como não são uma imagem do outro, são chamados
DIASTEREOISÔMEROS.
Vamos ver como ocorrerão os desvios da luz em cada estrutura (1, 2, 3 e 4). Para tanto, grave que:
• α representa o tamanho do desvio feito pelo carbono quiral 2;
• β representa o tamanho do desvio feito pelo carbono quiral 3;
• o sinal positivo (+) representa o desvio para a direita;
• o sinal negativo (–) representa o desvio para a esquerda;
• o desvio +α anula o –α;
• o desvio +β anula o –β;
• IOA = isômero opticamente ativo;
• IOI = isômero opticamente inativo;
• quando os desvios se anulam, o isômero é opticamente inativo.

Estrutura Carbono 2 Carbono 3 Tipo de isômero


1 dextrógiro (desvio +α) dextrógiro (desvio +β) IOA (desvio +α +β)
2 levógiro (desvio –α) levógiro (desvio –β) IOA (desvio –α –β)
3 dextrógiro (desvio +α) levógiro (desvio –β) IOA (desvio +α –β)
4 levógiro (desvio –α) dextrógiro (desvio +β) IOA (desvio –α +β)

3
Química

Agora vamos ver como ocorrerão os desvios da luz nas misturas equimolares dos pares enantiômeros, as
misturas racêmicas.
Mistura Carbonos 2 Carbonos 3 Tipo de isômero
1/2 dextrógiro (desvio +α) e dextrógiro (desvio +β) e IOI (desvio +α –α +β –β)
levógiro (desvio –α) levógiro (desvio –β) desvio nulo
3/4 dextrógiro (desvio +α) e levógiro (desvio –β) e IOI (desvio +α –α +β –β)
levógiro (desvio –α) dextrógiro (desvio +β) desvio nulo
Assim, concluímos que uma molécula com 2 CARBONOS QUIRAIS possui 4 IOA e 2 IOI.
• Generalização: chamando de n o número de carbonos quirais em uma molécula,
• o número de IOA que ela possui é 2n;
• o número de IOI que ela possui é 2n–1 ou 2n/2.

IMPORTANTE!: 2 CARBONOS QUIRAIS IGUAIS OU ISOMERIA MESO

Neste caso,
• A molécula possui um PLANO DE SIMETRIA (PS) interno, embora possua carbonos assimétricos;
• os 2 carbonos quirais possuem os MESMOS LIGANTES;
• CADA CARBONO assimétrico desvia o plano da luz polarizada em 2 SENTIDOS POSSÍVEIS (esquerda ou
direita), ou seja, cada carbono pode ter conformação espacial dextrógira ou levógira;
• UM CARBONO desvia a luz com um ÂNGULO (α) e o OUTRO CARBONO desvia com o mesmo ÂNGULO
(α), já que os carbonos são iguais. Logo, o desvio total do plano da luz, ao passar pela substância, será
a soma do desvio provocado por cada carbono quiral.

Observe o 2,3-butanodiol:

Ligantes do carbono 1:

Ligantes do carbono 2:

4
Química

As conformações espaciais possíveis para esta estrutura são:

• O par 1/2 é um par de ENANTIÔMEROS, uma vez que representa uma estrutura e sua imagem no espelho;
• Já os pares 1/3 e 2/3, como não são uma imagem do outro, são chamados DIASTEREOISÔMEROS.

Vamos ver como ocorrerão os desvios da luz em cada estrutura (1, 2 e 3). Para tanto, grave que:
• α representa o tamanho do desvio feito tanto pelo carbono quiral 2 como pelo carbono 3;
• o sinal positivo (+) representa o desvio para a direita;
• o sinal negativo (–) representa o desvio para a esquerda;
• o desvio +α anula o –α;
• quando os desvios se anulam, o isômero é opticamente inativo.
Estrutura Carbono 2 Carbono 3 Tipo de isômero
1 dextrógiro (desvio +α) dextrógiro (desvio +α) IOA (desvio +α +α)
2 levógiro (desvio –α) levógiro (desvio –α) IOA (desvio –α –α)
3 dextrógiro (desvio +α) levógiro (desvio –α) MESO (desvio +α –α)
desvio nulo
Agora vamos ver como ocorrerão os desvios da luz nas misturas equimolares do par de enantiômeros, as
misturas racêmicas.
Mistura Carbonos 2 Carbonos 3 Tipo de isômero
1/2 dextrógiro (desvio +α) e levógiro dextrógiro (desvio +α) e levógiro IOI (desvio +α –α +α –α)
(desvio –α) (desvio –α) desvio nulo
Como o isômero meso também é opticamente inativo, concluímos que uma molécula com 2 CARBONOS
QUIRAIS possui 4 IOA e 2 IOI, um dos quais é o MESO.

CUIDADO!
Cadeia Fechada
Quando a estrutura tiver cadeia fechada, da qual um carbono tenha 2 ligantes diferentes, ela pode ter atividade
óptica, caso a sequência do sentido horário da cadeia ligada a tal carbono seja diferente da sequência do
sentido anti-horário.
Exemplo:

5
Química

• O carbono possui LIGANTES DIFERENTES entre si;


• Sequência no sentido horário: (C=O) CH CH ;
2 2

• Sequência no sentido anti-horário: CH CH (C=O);


2 2

• Como as 2 SEQUÊNCIAS são DIFERENTES, há isomeria óptica;


• O número de IOA também será 2 ;n

• O número de IOI também será 2 ou 2 /2.


n–1 n

6
Química

Exercícios

1. A isomeria é um fenômeno que ocorre em diversos compostos orgânicos. Assim, assinale a alternativa,
que possui uma molécula orgânica capaz de apresentar simultaneamente isomeria geométrica e
óptica.
a)

b)

c)

d)

e)

2. O óxido de propileno mostrado abaixo é amplamente utilizado na fabricação de polietileno.


Recentemente, esta molécula foi detectada na nuvem interestelar gasosa, localizada a 2,8  103 anos-
luz do nosso planeta, próximo ao centro da Via Láctea.

7
Química

Analise a estrutura do óxido de propileno e assinale a alternativa que melhor representa os tipos de
isomeria que ela pode apresentar.
a) Isomeria geométrica e óptica.
b) Isomeria de função e geométrica.
c) Isomeria óptica e de função.
d) Isomeria de cadeia e de posição.
e) Isomeria de posição e tautomeria.

3. Mais do que classificar os compostos e agrupá-los como funções em virtude de suas semelhanças
químicas, a Química Orgânica consegue estabelecer a existência de inúmeros compostos. Um exemplo
dessa magnitude é a isomeria, que indica que compostos diferentes podem apresentar a mesma
fórmula molecular. A substância a seguir apresenta vários tipos de isomeria, algumas delas
perceptíveis em sua fórmula estrutural e outras a partir do rearranjo de seus átomos, que poderiam
formar outros isômeros planos.

A partir da estrutura apresentada, as funções orgânicas que podem ser observadas e o número de
isômeros opticamente ativos para o referido composto são, respectivamente:
a) ácido carboxílico, amina e dois.
b) álcool, cetona, amina e oito.
c) ácido carboxílico, amida e quatro.
d) ácido carboxílico, amina e quatro.
e) álcool, cetona, amida e dois.

4. A cortisona é um hormônio que atua no combate a inflamações. Em situações extremas, a produção


desse hormônio não é suficiente para frear a inflamação e medicações preparadas à base de cortisona
são necessárias. A estrutura da cortisona é apresentada a seguir.

Ao analisar a estrutura desse hormônio, observamos que a substância


a) apresenta as funções orgânicas fenol e cetona e pode se apresentar até como 6 isômeros
opticamente ativos.

8
Química

b) apresenta as funções orgânicas álcool e cetona e pode se apresentar até como 64 isômeros
opticamente ativos.
c) apresenta as funções orgânicas álcool e éster e pode se apresentar até como 6 isômeros
opticamente ativos.
d) apresenta as funções orgânicas álcool e cetona e pode se apresentar até como 32 isômeros
opticamente ativos.
e) apresenta as funções orgânicas álcool e éster e pode se apresentar até como 32 isômeros
opticamente ativos.

5. O fenômeno da isomeria óptica ocorre em moléculas assimétricas, que possuem no mínimo um átomo
de carbono quiral. Os enantiômeros possuem as mesmas propriedades físico-químicas, exceto a
capacidade de desviar o plano de uma luz polarizada; por isso, esses isômeros são denominados
isômeros ópticos. De acordo com essas informações, o composto orgânico abaixo que apresenta
isomeria óptica está representado em
a)

b)

c)

d)

e)

6. A glicose é uma das principais fontes de energia para o ser humano, sendo também conhecida como
“açúcar do sangue”. Atente à estrutura da glicose:

9
Química

No que diz respeito à isomeria óptica que ocorre com a estrutura da glicose, assinale a afirmação
verdadeira.
a) Na estrutura existem dois átomos de carbono assimétricos.
b) O total de isômeros ópticos ativos gerados por essa estrutura é 16.
c) Essa estrutura representa a glicose levógira.
d) Na estrutura existem três átomos de carbono simétricos.
e) Não possui isomeria óptica.

7. Várias características e propriedades de moléculas orgânicas podem ser inferidas analisando sua
fórmula estrutural. Na natureza, alguns compostos apresentam a mesma fórmula molecular e
diferentes fórmulas estruturais. São os chamados isômeros, como ilustrado nas estruturas.

Entre as moléculas apresentadas, observa-se a ocorrência de isomeria


a) ótica.
b) de função.
c) de cadeia.
d) geométrica.
e) de compensação.

8. A adrenalina, hormônio natural elaborado pelas glândulas suprarrenais e potente estimulante cardíaco
e hipertensor, é um composto orgânico que apresenta a seguinte fórmula estrutural, representada
abaixo:

Quantos isômeros opticamente ativos apresentam esse hormônio?


a) 2
b) 4
c) 6

d) 8
e) 16

10
Química

9. Examine a estrutura do glutamato monossódico, composto utilizado para realçar o sabor de alimentos.

O número de átomos de carbono quiral presente na estrutura do glutamato monossódico é

a) 3.
b) 2.
c) 4.
d) 5.
e) 1.

10. Mentol, limoneno e citronelal são substâncias de origem vegetal, amplamente empregados como matéria-prima
para a produção de aromas e fragrâncias. Suas estruturas estão representadas a seguir:

Sobre essas moléculas, assinale o que for CORRETO:


a) O mentol e o citronelal são isômeros de função.
b) O limoneno possui apenas um (01) carbono quiral.
c) O citronelal possui função orgânica cetona.
d) O mentol e o limoneno são isômeros geométricos.
e) O mentol apresenta um anel benzênico.

11
Química

Gabarito

1. C
Dois exemplos:

2. C
Apresenta isomeria óptica, pois apresenta um carbono quiral:

E isomeria de função formando a função cetona, ambos com a fórmula molecular: C3H6O.

3. A

A presença de 2 carbonos quirais iguais faz com que eles atuem como se fosse apenas um, assim a
molécula apresenta apenas dois isômeros opticamente ativos.

12
Química

4. B
A substância apresenta as funções orgânicas álcool e cetona e pode se apresentar até como 64 isômeros
opticamente ativos:

Seis carbonos assimétricos (*):

2n = 26 = 64 isômeros opticamente ativos.

5. C
O composto orgânico que apresenta isomeria óptica possui carbono quiral ou assimétrico (átomo de
carbono ligado a quatro ligantes diferentes entre si):

6. B
De acordo com a representação da glicose no texto ela apresenta quatro carbonos assimétricos ou
quirais (*):

Número de isômeros opticamente ativos: 2n = 24 = 16.

13
Química

7. A
Entre as moléculas apresentadas, observa-se a ocorrência de isomeria ótica devido à presença de
carbono quiral ou assimétrico.

8. A
Para que tenha isômeros opticamente ativos (IOA), é necessário que a molécula tenha carbonos quirais,
que são carbonos assimétricos, que possuem 4 ligantes diferentes a ele ligados.

IOA = 2n = 21 = 2.

9. E
O glutamato monossódico apresenta um carbono quiral ou assimétrico (carbono ligado a quatro ligantes
diferentes entre si).

10. B
O limoneno possui apenas um carbono quiral ou assimétrico (átomo de carbono ligado a quatro ligantes
diferentes entre si).

14
Química

Propriedades físicas dos compostos orgânicos

Resumo

Neste módulo estudadesmos as principais propriedades físicas dos compostos orgânicos.


Ponto de fusão e ebulição dos compostos orgânicos

Interações Intermoleculares
As forças intermoleculares são as forças que ocorrem entre uma molécula e a molécula vizinha. Durante uma
mudança de estado físico ocorre o afastamento ou a aproximação entre essas moléculas, rompendo ou
formando ligações intermoleculares. As forças intermoleculares podem ser do tipo: Dipolo induzido, Dipolo-
dipolo ou ligação de hidrogênio. Quanto mais fortes forem as forças intermoleculares entre as moléculas,
mais será o ponto de fusão e ebulição da substância, pois mais difícil será de afastar uma molécula da sua
molécula vizinha.
Exemplo:

ATENÇÃO: Os hidrocarbonetos ramificados possuem menor extensão para ação das forças
intermoleculares, portanto para hidrocarbonetos de mesma fórmula molecular, os menos ramificados
possuem maior ponto de ebulição.
Exemplo: C5H12

Veja que o hidrocarboneto ramificado possui menor ponto de ebulição que o hidrocarboneto não ramificado
de mesma fórmula molecular.

1
Química

Massa molar
Quanto maior for a massa molar do composto, maior será o seu ponto de ebulição.

Exemplo: Comparando o ponto de ebulição dos alcanos não ramificados com 1 e 3 carbonos, com base na
tabela acima, indique quem possui o maior ponto de ebulição.
Com base na tabela e nas respectivas massas molares, o C3H8 possui o ponto de ebulição maior que o CH4.

ATENÇÃO: Quando comparamos os pontos de ebulição de hidrocarbonetos, por todos serem apolares e
fazerem ligações de dipolo induzido, a massa molar será o fator decisivo para determinar quem possui maior
ponto de ebulição.

Solubilidade dos compostos orgânicos


A solubilidade dos compostos orgânicos deve ser analisada a partir da polaridade e/ou apolaridade exercida
pela sua estrutura molecular.

Sendo assim, é possível visualizar que com o aumento da parte apolar do hidrocarboneto há o aumento da
solubilidade em hexano, que é um composto apolar. E a diminuição da solubilidade em água, que é um
composto polar.
Vale lembrar, que o aumento da quantidade de hidroxilas (-OH), elevaria a polaridade da molécula,
aumentando a solubilidade em água e diminuindo a solubilidade em hexano.

2
Química

ATENÇÃO: Existem compostos orgânicos conhecidos como anfifílicos, são compostos que possuem tanto
caráter polar quanto caráter apolar, ou seja, elas se solubilizam em compostos polares e apolares. Um ótimo
exemplo dessas moléculas são os sabões. Os sabões são composto anfifílicos que conseguem se misturar
tanto a água, quanto em gordura, sendo assim um ótimo agente de limpeza.
Veja a molécula dos saboões e as suas interações anfifílicas:

Estruruta do sabão:

3
Química

Exercícios

1. Os hidrocarbonetos são moléculas orgânicas com uma série de aplicações industriais. Por exemplo,
eles estão presentes em grande quantidade nas diversas frações do petróleo e normalmente são
separados por destilação fracionada, com base em suas temperaturas de ebulição.
O quadro apresenta as principais frações obtidas na destilação do petróleo em diferentes faixas de
temperaturas.
Número de átomos de carbono
Faixa de temperatura
Fração Exemplos de produtos (hidrocarboneto de fórmula geral
(C)
CnH2n+2 )
Gás natural e gás de
1 Até 20 C1 a C4
cozinha (GLP)
2 30 a 180 Gasolina C6 a C12

3 170 a 290 Querosene C11 a C16

4 260 a 350 Óleo diesel C14 a C18


(SANTA MARIA, L. C. et al. Petróleo: um tema para o ensino de química.
Química Nova na Escola, n.15, maio 2002 (adaptado).)

Na fração 4, a separação dos compostos ocorre em temperaturas mais elevadas porque


a) suas densidades são maiores.
b) o número de ramificações é maior.
c) sua solubilidade no petróleo é maior.
d) as forças intermoleculares são mais intensas.
e) a cadeia carbônica é mais difícil de ser quebrada.

2. Considere os seguintes álcoois:

I. CH3 − OH

II. CH3 − CH2 − CH2 − CH2 − OH

III. CH3 − CH2 − CH2 − OH

IV. CH3 − CH2 − OH


Assinale a alternativa que apresenta em ordem crescente a solubilidade desses alcoóis em água.
a) II  III  IV  I
b) II  I  IV  III
c) I  IV  III  II
d) I  II  III  IV
e) III  II  I  IV

4
Química

3. A característica que os átomos de carbono possuem de ligar-se entre si leva a uma formação de grande
variedade de moléculas orgânicas com diferentes cadeias carbônicas, o que influencia diretamente
suas propriedades físicas.
Dentre os isômeros da molécula do heptano, aquele que apresentará a menor temperatura de ebulição
éo

a) 2 − metilhexano

b) 2,2 − dimetilpentano

c) 2,3 − dimetilpentano

d) 2,2,3 − trimetilbutano
e) 3,3 – dimetilpentano

4. Entre os principais compostos da função dos ácidos carboxílicos utilizados no cotidiano temos o ácido
metanoico, mais conhecido como ácido fórmico, e o ácido etanoico ou ácido acético. O ácido fórmico
é assim chamado porque foi obtido pela primeira vez através da destilação de formigas vermelhas.
Esse ácido é o principal responsável pela dor intensa e coceira sentida na picada desse inseto. O ácido
acético é o principal constituinte do vinagre, que é usado em temperos na cozinha, em limpezas e na
preparação de perfumes, corantes, seda artificial e acetona.
(Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/quimica/os-acidos-carboxilicos.htm>.)
Acerca desses dois compostos, é correto afirmar que
a) não se dissolvem em água.
b) ambos possuem o mesmo ponto de ebulição.
c) o ácido acético possui ponto de ebulição menor.
d) o ácido acético é menos ácido que o ácido fórmico.
e) são bases fortes.

5. O etino (C2H2), conhecido como acetileno, é bastante usado em solda de metais. Quando obtido na
indústria, pode apresentar impurezas como o sulfeto de hidrogênio (H2S), molécula de geometria
angular. Se o gás acetileno contiver essa impureza, pode ser purificado fazendo-o passar através de
a) éter metílico (CH3OCH3), pois o H2S é dissolvido, e o etino, pelo fato de ser formado por moléculas
polares, não se dissolve nele.
b) tetracloreto de carbono líquido ( CC 4 ), pois o H2S é dissolvido, e o etino, pelo fato de ser formado
por moléculas apolares, não se dissolve nele.
c) água líquida (H2O), pois o H2S é dissolvido, e o etino, pelo fato de ser formado por moléculas
apolares, não se dissolve nela.
d) pentano (C5H12), pois o H2S é dissolvido, e o etino, pelo fato de ser formado por moléculas polares
e apolares, não se dissolve nele.
e) água líquida (H2O), pois o H2S é dissolvido, e o etino, pelo fato de ser formado por moléculas
polares, não se dissolve nela.

5
Química

6. Os terpenos formam uma classe de compostos naturais de origem vegetal e estão presentes em
sementes, flores, folhas, caules e raízes. Um exemplo é o geraniol, encontrados nos óleos essenciais
de citronela, gerânio, limão, rosas e outros. Ele apresenta um agradável odor de rosas, o que justifica
seu vasto emprego pelas indústrias de cosméticos e perfumaria. A estrutura do geraniol é apresentada
a seguir:

Considerando-se a estrutura desse composto, é INCORRETO afirmar que


a) sua temperatura de ebulição é maior que a do seu isômero não ramificado.
b) sua fórmula química é C10H18O, que também pode ser a fórmula de uma cetona.
c) apresenta isomeria do tipo cis-trans.
d) tem massa molar igual a do 4-decenal.
e) apresenta a função álcool.

7. Um dos grandes problemas de poluição mundial é o descarte de detergentes não biodegradáveis nos
rios, lagos e mananciais. Os detergentes não biodegradáveis formam densas espumas que impedem
a entrada de gás oxigênio na água e com isso afeta a vida das espécies aeróbicas aquáticas. Para
resolver ou amenizar este problema surgiu o detergente biodegradável, a qual sua estrutura pode ser
observada abaixo:

Com relação aos detergentes biodegradáveis, pode-se afirmar que


a) sua cadeia carbônica saturada apresenta somente uma ramificação.
b) sua estrutura apresenta uma porção polar e uma apolar.
c) o anel aromático é monossubstituído.
d) a parte apolar apresenta uma cadeia insaturada.
e) a porção sulfônica apresenta ligação metálica.

6
Química

8. Vários materiais, quando queimados, podem levar à formação de dioxinas, um composto do grupo dos
organoclorados. Mesmo quando a queima ocorre em incineradores, há liberação de substâncias
derivadas da dioxina no meio ambiente. Tais compostos são produzidos em baixas concentrações,
como resíduos da queima de matéria orgânica em presença de produtos que contenham cloro. Como
consequência de seu amplo espalhamento no meio ambiente, bem como de suas propriedades
estruturais, as dioxinas sofrem magnificação trófica na cadeia alimentar. Mais de 90% da exposição
humana às dioxinas é atribuída aos alimentos contaminados ingeridos. A estrutura típica de uma
dioxina está apresentada a seguir:

A molécula do 2,3,7,8 - TCDD é popularmente conhecida pelo nome ‘dioxina’, sendo a mais tóxica dos
75 isômeros de compostos clorados de dibenzo-p-dioxina existentes.
(FADINI, P. S.; FADINI, A. A. B. Lixo: desafios e compromissos.
Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, maio 2001 (adaptado).)
Com base no texto e na estrutura apresentada, as propriedades químicas das dioxinas que permitem
sua bioacumulação nos organismos estão relacionadas ao seu caráter
a) básico, pois a eliminação de materiais alcalinos é mais lenta do que a dos ácidos.
b) ácido, pois a eliminação de materiais ácidos é mais lenta do que a dos alcalinos.
c) redutor, pois a eliminação de materiais redutores é mais lenta do que a dos oxidantes.
d) lipofílico, pois a eliminação de materiais lipossolúveis é mais lenta do que a dos hidrossolúveis.
e) hidrofílico, pois a eliminação de materiais hidrossolúveis é mais lenta do que a dos lipossolúveis.

9. As aminas I: propilamina, II: etilmetilamina e III: trimetilamina apresentam a mesma massa molar
(59 g mol−1). Entretanto, suas temperaturas de ebulição não são iguais, pois a intensidade das
interações intermoleculares varia entre elas.

Marque a opção que indica corretamente a correspondência da amina com a sua temperatura de
ebulição.
a) I: 48 C II: 37 C III: 3 C
b) I: 37 C II: 48 C III: 3 C
c) I: 3 C II: 37 C III: 48 C
d) I: 3 C II: 48 C III: 37 C
e) I: 37 C II: 3 C III: 48 C

7
Química

10. Diariamente produtos novos são lançados no mercado e muitos possuem como matéria-prima óleos
ou gorduras. Tais substâncias, classificadas como lipídeos, podem ser encontradas em tecidos
animais ou vegetais e são constituídas por uma mistura de diversos compostos químicos, sendo os
mais importantes os ácidos graxos e seus derivados. Os ácidos graxos são compostos orgânicos
lineares que diferem no número de carbonos que constitui a sua cadeia e, também, pela presença de
insaturações.
Existem diversos ácidos graxos conhecidos, sendo alguns listados na tabela abaixo.

Ácido graxo Nome sistemático Fórmula mínima P . F. (ºC)


Láurico Dodecanoico C12H24O2 44,8
Palmítico Hexadecanoico C16H32O2 62,9
Palmito leico cis-9 –hexadecanoico C16H30O2 0,5
Esteárico Octadecanoico C18H36O2 70,1
Oleico cis-9 –octadecanoico C18H34O2 16,0
Linoleico cis-9, cis-12 -Octadecanoico C18H32O2 -5,0

A partir das informações acima e de seus conhecimentos de química, assinale a alternativa incorreta.
a) O ponto de fusão do ácido láurico é menor que o ponto de fusão do ácido esteárico, pois possui
maior massa molar.
b) As moléculas do ácido esteárico são apolares.
c) O ácido linoleico é um ácido graxo insaturado.
d) O sabão é uma mistura de sais alcalinos de ácidos graxos.
e) O Esteárico possui o maior ponto de fusão.

8
Química

Gabarito

1. D
Na fração 4 a separação dos compostos apolares ocorre em temperaturas mais elevadas porque as forças
intermoleculares (dipolo induzido) são mais intensas. Quanto maior o tamanho da cadeia carbônica, maior
a atração intermolecular e, consequentemente, maior a temperatura de separação.

2. A
A solubilidade dos alcoóis em água diminui conforme aumenta a cadeia carbônica, assim, o menos solúvel
será o composto com quatro carbonos na cadeia, seguido de três, dois e um carbono, ou seja,
II  III  IV  I.

3. D
O ponto de ebulição é menor para as cadeias mais ramificadas, assim, o composto 2,2,3-trimetilbutano é
o que irá possuir a menor temperatura de ebulição.

4. D
Numa série, com a elevação do número de átomos de carbono na cadeia carbônica de um ácido
carboxílico, ocorre a diminuição da acidez.
Conclusão: o ácido etanoico (2 carbonos) é mais fraco do que o ácido metanoico (1 carbono).

5. C
A molécula de H2S apresenta, além de sua geometria angular, caráter polar, fazendo com que esse gás
seja solúvel em água. O etino, assim como todos os hidrocarbonetos, é apolar, não sendo solúvel em água.

6. A
Observações sobre as afirmativas:
a) No caso de isômeros de cadeias, podemos considerar que aquele com cadeia mais ramificada, em
geral, apresenta menor temperatura de ebulição. Isto se explica devido à menor intensidade das
forças de London devido à menor superfície das cadeias ramificadas.
b) Verdadeira. Observe a fórmula estrutural abaixo:

c) A ligação assinalada abaixo mostra que o composto apresenta isomeria cis-trans.

9
Química

d) A estrutura do 4-decenal é:

e sua formula molecular é C10H18O. Sendo assim, apresenta a mesma massa molar do geraniol.

7. B
a) Falsa. A cadeia carbônica saturada não apresenta ramificação, pois não possui carbono terciário.
b) Verdadeira. A estrutura do detergente mostra uma região apolar formada pela cadeia carbônica e
outra polar formada pela ligação iônica do grupo sulfonato com o cátion sódio.
c) Falsa. O anel aromático está dissubstituido.
d) Falsa. A cadeia carbônica apolar é saturada.
e) Falsa. A porção sulfônica apresenta uma ligação iônica, o que confere a esta região um caráter polar.

8. D
As propriedades químicas das dioxinas que permitem sua bioacumulação nos organismos estão
relacionadas ao seu caráter lipofílico, ou seja, este composto se acumula no tecido adiposo
(predominantemente apolar).

9. A
Como as três aminas citadas no texto (propilamina, etilmetilamina e trimetilamina) são isômeras, quanto
maior a quantidade de átomos de hidrogênio ligados ao átomo de nitrogênio (do grupo funcional),
maiores serão as interações intermoleculares do tipo ligação de hidrogênio (ou ponte de hidrogênio).
Consequentemente, maior será a temperatura de ebulição da amina.
Conclusão: T.E (I)  T.E (II)  T.E (III) .
48 C 37 C 3 C

10. A
a) Incorreta, pois o ponto de fusão do ácido láurico é menor que o ponto de fusão do ácido esteárico
pelo fato dele possuir menor massa molar que o ácido láurico, o que pode ser confirmado pelo cálculo
das massas molares a partir das fórmulas mínimas. As temperaturas de fusão dos compostos
orgânicos são influenciadas pela massa molar da molécula. Quanto maior a massa molar, maior a
temperatura de fusão.
b) Correta. Moléculas de ácidos carboxílicos com mais de 10 carbonos são consideradas apolares.
c) Correta, já que o ácido linoleico é a forma cis de um composto e a isomeria cis/trans só ocorre em
compostos insaturados.
d) Correta. Sabões são misturas de sais alcalinos de ácidos graxos.

10
Química

Propriedades químicas dos compostos orgânicos (acidez e basicidade)

Resumo

Teorias sobre ácidos e bases


1ª teoria - Teoria de Arrhenius: Substâncias neutras dissolvidas em água formam espécies carregadas ou
íons através de dissociação iônica ou ionização em solução.
Ácido ⇨ substância que se ioniza para produzir prótons (íons H+ ) quando dissolvida em água.
HA(aq) ⇆ H+(aq) + A-(aq)
Ácido próton ânion
Base ⇨ substância que se ioniza para produzir íons hidróxido (íons OH- ) quando dissolvida em água.
M(OH)(aq) ⇆ M+(aq) + OH-(aq)
Base cátion íon hidróxido

2ª teoria - Teoria de Bronsted-Lowry: Um ácido é uma espécie que tem tendência a perder/doar um H+ e uma
base é uma espécie que tem a tendência a receber um H+ .
-
HCl + H2O ⇆ Cl + H3O+
Ácido base base conjugada ácido conjugado
+
Observe que o que antes era ácido doou um H e se tornou uma espécie que pode receber um hidrogênio,
chamamos essa espécie de base conjugada do ácido de origem. A mesma coisa acontece com a água que
faz o papel da base nesse reação.

3ª teoria – Teoria de Lewis:


Ácido - São compostos capazes de receber par de elétrons.
Bases - São compostos capazes de ceder par de elétrons.

NH3 possui N que possui par de elétrons livre para ceder.


H2O possui H que é capaz de receber o par de elétrons livre do N.

Caráter ácido
Propriedades químicas de ácidos carboxílicos
Os ácidos carboxílicos, quando em solução aquosa, se ionizam, originando íons H+(prótons) ou H3O+(íon
hidrônio), portanto, segundo a teoria de Arrhenius são considerados ácidos. Genericamente e de maneira
simplificada, temos:

1
Química

Embora todos os ácidos carboxílicos sofram ionização, ela não ocorre na mesma intensidade em todos os

compostos. Essa ionização está relacionada aos grupos ligados à carboxila:


Esses grupos podem ser de dois tipos:
a) aqueles que aumentam a acidez.
Exemplo: halogênios (F, Cl, Br, I); NO2; OH etc.
b) aqueles que diminuem a acidez.
Exemplo: H3C ; C2H5 etc.

Isso corre quando átomos de diferentes eletronegatividades se encontram ligados ou bem perto no
composto. O átomo mais eletronegativo tem a tendência de trazer os elétrons para perto dele, criando assim
um dipolo. Esse dipolo pode ter um efeito estabilizante na molécula, pois ele “alivia” a carga excessiva em
algumas ocasiões, acomodando melhor as cargas. Chamamos isso de efeito indutivo.
Isso pode ser verificado a partir da análise de alguns ácidos com substituintes diferentes e suas respectivas
constantes de ionização, os quais são dados a seguir:

Observação 1: Quanto maior a constante de ionização (Ki), mais ionizado estará o ácido. Assim, entre os
ácidos apresentados, temos em ordem crescente de força de acidez:

Observação 2: O ácido pícrico é um ácido orgânico diferenciado, pois seus grupo nitro ligados a função fenol
implicam o efeito indutivo, puxando os elétrons das ligações pi do anel aromático, deixando o H da hidroxila
mais suscetível a sair. Esse ácido tem a acidez comparada dos ácidos inorgânicos apesar de ser uma
molécula orgânica. Veja a fórmula do ácido pícrico abaixo.

2
Química

Ácido propanóico < Ácido acético < Ácido monocloroacético < Ácido tricloroacético < Ácido pícrico
Acidez na química orgânica Além dos ácidos carboxílicos, na Química Orgânica existem outros compostos
que se ionizam, liberando H+:

Observação: Alcinos verdadeiros são estruturas com ligação tripla onde essa instauração acontece no
carbono da ponta da cadeia, ex: H – C ≡ C – H. São substâncias que não são ácidas em água, então para
liberar seu hidrogênio é necessário reagir com sódio metálico.

Analisando suas constantes de ionização (Ki) podemos comparar o caráter ácido das funções:
Alcinos verdadeiros < Álcool < Água < Fenol < Ácido carboxílico < Ácido pícrico < Ácidos inorgânicos
Exemplo:

Caráter básico
Uma das principais características das aminas é o seu caráter básico por conta do par de elétrons livre(não
ligante – Teoria de Lewis) existente no nitrogênio. Qualquer tipo de amina (primária, secundária e terciária) e
a amônia reagem com a água e com os ácidos de forma semelhante:

As aminas são consideradas as bases orgânicas, portanto, as substâncias que apresentarem grupo amina
(NH2, NH ou N ) têm certo caráter básico. Um tipo de substância essencial à vida e que apresenta o grupo
amina em sua estrutura são os aminoácidos (aa). Os mais importantes são os α(alfa)-aminoácidos, por serem
os responsáveis pela síntese de proteínas:

Como os aminoácidos apresentam dois grupos distintos(um com característica básica e outro ácida)
chamamos essas substâncias de ANFÓTERAS por poderem reagir tanto com ácidos quanto com bases.
Força decrescente das bases orgânicas:
Secundária > primária > terciária > amônia > amina aromática > amina com dois anéis aromáticos
R2NH > RNH2 > R3NH2 > NH3 > ArNH2 > Ar2NH

3
Química

Exercícios

1. A iboga é uma misteriosa raiz africana à qual se atribuem fortes propriedades terapêuticas. Trata-se de
uma raiz subterrânea que chega a atingir 1,50 m de altura, pertencente ao gênero Tabernanthe,
composto por várias espécies. A que tem mais interessado a medicina ocidental é a Tabernanthe iboga,
encontrada sobretudo na região dos Camarões, Gabão, República Central Africana, Congo, República
Democrática do Congo, Angola e Guinea Equatorial.
(Disponível em: https://bityli.com/BVrLY. Acesso em: 26 de janeiro de 2016.)

A ibugaína é extraída dessa raiz e tem fórmula estrutural

A partir da análise de sua estrutura, verifica-se que a ibogaína possui fórmula molecular
a) C19H24N2O e possui caráter básico.
b) C19H23N2O e possui caráter ácido.
c) C20H26N2O e possui caráter alcalino.
d) C20H24N2O e possui caráter adstringente.
e) C20H24N2O e possui caráter ácido.

2. Entre os principais compostos da função dos ácidos carboxílicos utilizados no cotidiano temos o ácido
metanoico, mais conhecido como ácido fórmico, e o ácido etanoico ou ácido acético. O ácido fórmico
é assim chamado porque foi obtido pela primeira vez através da destilação de formigas vermelhas.
Esse ácido é o principal responsável pela dor intensa e coceira sentida na picada desse inseto. O ácido
acético é o principal constituinte do vinagre, que é usado em temperos na cozinha, em limpezas e na
preparação de perfumes, corantes, seda artificial e acetona.
(Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/quimica/os-acidos-carboxilicos.htm>.)
Acerca desses dois compostos, é correto afirmar que
a) não se dissolvem em água.
b) ambos possuem o mesmo ponto de ebulição.
c) o ácido acético possui ponto de ebulição menor.
d) o ácido acético é menos ácido que o ácido fórmico.
e) Ambos possuem caráter básico.

3. O ácido tricloroacético é uma substância aquosa com grande poder cauterizante e muito utilizado no
tratamento de feridas, em doenças de pele, calos, verrugas, entre outros males. Seu caráter ácido é
maior que o do ácido acético. Essa diferença pode ser explicada pelo

4
Química

a) elevado grau de ionização do H+ no ácido acético, que disponibiliza mais esse íon para a solução.
b) valor da constante ácida (Ka) do ácido acético ser maior do que a constante ácida (Ka) do ácido
tricloroacético.
c) efeito que os átomos de cloro exercem na estrutura do ácido tricloroacético.
d) número de átomos de cloro na estrutura do tricloroacético, que fixa melhor o hidrogênio ionizável,
aumentando a acidez.
e) O ácido tricloroacético possui alto caráter básico.

4. Considere as estruturas dos hidrocarbonetos e os seus respectivos pKas.

Em relação à acidez e a basicidade relativa dos hidrocarbonetos e de seus íons, e CORRETO o que se
afirma em

a) Os prótons do etano, H+ , são os de menor acidez.


b) O etino é o hidrocarboneto de menor acidez.
c) O íon carbânio do eteno é o de maior basicidade.

d) O ânion H2C = CH− é a base conjugada do etino.


e) O etano é o mais ácido entre as substanciadas dadas.

5. Assinale a opção que apresenta o ácido mais forte, considerando que todos se encontram nas mesmas
condições de concentração, temperatura e pressão.
a) CH3COOH
b) CH3CH2COOH
c) (CH3)3CCOOH
d) CℓCH2COOH
e) Cℓ3CCOOH

6. As estruturas a seguir referem-se às bases orto, meta e para-hidroxianilina:

5
Química

Considerando as estruturas acima e os valores de pKa de seus ácidos conjugados, 2-hidroxianilina


(4,72); 3-hidroxianilina (4,17) e 4-hidroxianilina (5,47), é correto afirmar que
a) a basicidade não sofre influência da simetria molecular.
b) o ácido conjugado de orto-hidroxianilina é o mais forte.
c) o grupo hidroxila confere maior caráter básico às bases.
d) a para-hidroxianilina é a mais forte de todas as bases.
e) Ambas as moléculas possuem alto caráter ácido.

7. Considere os seguintes compostos orgânicos:


I. CH3CH2OH

II. CH3COOH

III. CH3CH2COOH

IV. CH3CH2NH2

V.

O composto orgânico que apresenta maior caráter básico está representado em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

8. Fatos experimentais mostram que a força de um ácido aumenta com:


• a diminuição de sua cadeia carbônica;
• a substituição de um átomo de hidrogênio por um átomo de halogênio;
• o aumento da eletronegatividade do halogênio;
• a proximidade do átomo do halogênio em relação à carboxila;
• o aumento do número de hidrogênios substituídos.
Usando as informações acima, coloque os ácidos listados a seguir na ordem de suas forças,
numerando-os de 1 a 5, considerando o de número 5 o mais forte e o de número 1 o mais fraco.
( ) ácido 3-bromo-hexanoico
( ) ácido 2,3-diclorobutanoico
( ) ácido 2-cloropentanoico
( ) ácido heptanoico
( ) ácido tricloacético

6
Química

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a) 5, 2, 3, 1, 4.
b) 2, 4, 3, 1, 5.
c) 5, 2, 3, 4, 1.
d) 2, 5, 3, 1, 4.
e) 2, 4, 1, 3, 5.

9. A seguir, estão representadas algumas substâncias químicas e seus respectivos valores para a constante de
ionização ácida (Ka), a 25 C.

Estrutura da Substância Ka

I 6,3  10−5

II 3,8  10−4

III 1,3  10−10

IV 7,2  10−8

V 1,0  10−4

VI 6,5  10−11

7
Química

Considerando os dados apresentados, é correto afirmar que


a) grupos ligados ao anel aromático não influenciam o caráter ácido.
b) a base conjugada mais fraca, entre os fenóis, será a gerada pela ionização da substância III.
c) a substância com maior caráter ácido, de todas as representadas, é a VI.
d) a substância I tem menor caráter ácido do que a substância II.
e) o grupo nitro ligado ao anel aromático diminui o caráter ácido dos fenóis.

10. Em pesquisas recentes, zonas do cérebro se mostraram mais ativadas em pessoas apaixonadas. São
zonas ricas em dopamina e endorfina. São neurotransmissores, sendo que a endorfina tem efeito
semelhante ao da morfina. Estimulam os circuitos de recompensa, os mesmos que nos proporcionam
prazer em comer quando sentimos fome, e em beber quando temos sede. Estar em contato com a alma
gêmea, mesmo que por telefone ou e-mail, resultará na liberação de mais endorfina e dopamina, ou
seja, de mais e mais prazer (Superinteressante, 2006).

Observando as estruturas da dopamina e da morfina, pode-se afirmar que


a) são quirais.
b) são aminas primárias.
c) são amidas primárias.
d) apresentam propriedades alcalinas.
e) apresentam o mesmo percentual de nitrogênio.

8
Química

Gabarito

1. C
A ibogaína possui fórmula molecular C20H26N2O e possui caráter alcalino devido à presença de dois
átomos de nitrogênio em sua estrutura.

2. D
Numa série, com a elevação do número de átomos de carbono na cadeia carbônica de um ácido
carboxílico, ocorre a diminuição da acidez.
Conclusão: o ácido etanoico (2 carbonos) é mais fraco do que o ácido metanoico (1 carbono).

3. C
Quanto maior a quantidade de átomos de cloro ligados ao carbono ligado à carboxila, mais os elétrons das
ligações covalentes são atraídos na direção deles “enfraquecendo” o átomo de oxigênio da hidroxila que
fica “positivado” e consequentemente libera o hidrogênio com mais facilidade, ou seja, a força ácida
aumenta.

4. A
a) Correta. Quanto maior o valor de pKa menor será a acidez do composto.
b) Incorreta. Pelo valor de pKa o etino possui a maior acidez entre os 3 compostos.
c) Incorreta. Como o hidrocarboneto de menor acidez é o etano, seu íon carbânion será o de maior
basicidade.
d) Incorreta. O ânion HC  C− , será a base conjugada do etino.

5. E
O ácido mais forte é:

9
Química

Quanto maior a quantidade de átomos de cloro ligados ao carbono ligado à carboxila, mais os elétrons das
ligações covalentes são atraídos na direção deles “enfraquecendo” o átomo de oxigênio da hidroxila que
fica “positivado” e, consequentemente, libera o hidrogênio com mais facilidade, ou seja, a força ácida
aumenta.

6. D
a) Incorreta. A basicidade varia para cada estrutura de simetrias diferentes ilustradas no enunciado.
b) Incorreta. O ácido conjugado mais forte será do ácido conjugado mais fraco, no caso, a para-
hidroxianilina (pKa = 5,47)
c) Incorreta. Não é a presença do grupo hidroxila que confere caráter básico as bases e sim seus valores
de pKa.
d) Correta. Pois é a que possui maior valor de pKa, pois, o ácido conjugado fraco possui uma base forte.
se é elevado = Ka é baixa
se Ka é baixo = + fraco é o composto
ácido fraco = base conjugada forte

7. D
Por ser uma amina.

8. B
A sequência encontrada (2, 4, 3, 1, 5).

Então,
(2) ácido 3-bromo-hexanoico
(4) ácido 2,3-diclorobutanoico
(3) ácido 2-cloropentanoico
(1) ácido heptanoico
(5) ácido tricloacético
Sequência de cima para baixo: 2, 4, 3, 1, 5.

10
Química

9. D
[A] Incorreto. Grupos ligados ao anel aromático influenciam o caráter ácido.
[B] Incorreto. A base conjugada mais fraca, entre os fenóis, será a gerada pela ionização da substância V,
pois quanto mais forte for o ácido (maior valor de Ka; 1,0  10−4 ), mais fraca será a base conjugada.

[C] Incorreto. A substância com maior caráter ácido, de todas as representadas, é a II, pois apresenta o
maior valor de constante de ionização ácida (Ka), 3,8  10−4.
[D] Correto. A substância I tem menor caráter ácido do que a substância II, pois o valor de sua constante
de ionização ácida (Ka), é menor, comparativamente.

6,3  10−5  3,8  10 −4


K a de I K a de II

[E] Incorreto. O grupo nitro ligado ao anel aromático aumenta o caráter ácido dos fenóis.
 
 1,0  10−4  7,2  10 −8  1,3  10 −10 
 
 V IV III 

10. D
A dopamina (amina primária) e a morfina (amina terciária) possuem a função amina que tem caráter
básico, ou seja, estes compostos apresentam propriedades alcalinas.

11
Química

Reação orgânica: reação de adição

Resumo

Nós já conhecemos, em geral, como as reações com compostos inorgânicos ocorrem, bem como os
mecanismos que utilizam e a forma das equações que as representam. Na química orgânica, já que a
variedade de funções existentes neste ramo é muito maior que na inorgânica, a quantidade de tipos de reação
também é muito maior.
Para nos ajudar a organizar esse universo de especificidades, dividiu-se as reações orgânicas em 4 TIPOS
GERAIS, dos quais se desmembram todos os tipos mais específicos:
• Reações de adição
• Reações de substituição
• Reações de eliminação
• Reações de oxidação

Cisão de ligações
Em toda reação química, há um rearranjo de átomos para a formação de novos compostos a partir dos
reagentes. Para que tal rearranjo ocorra, as ligações existentes entre eles nos compostos reagentes precisam
ser rompidas, ao que damos o nome de cisão. Esta cisão pode ser de 2 formas possíveis:

Homolítica
• Neste caso, a quebra ocorre no meio da ligação, sendo IGUAL para ambos os átomos (por isso o prefixo
“homo”), já que cada grupo liberado fica com um dos elétrons do par anteriormente compartilhado;
• Estes grupos com valência livre são chamados de radicais livres, motivo pelo qual podemos chamar as
reações com cisão homolítica de RADICALARES ou reações por VIA RADICAL LIVRE;
• Ocorrem com catalisadores que podem ser a LUZ (λ ou hƒ), CALOR (Δ), PERÓXIDO (H2O2) ou
CATALISADORES DE SUPERFÍCIE (Pt, Ni, Pd).

Heterolítica
• Neste caso, a quebra não ocorre no meio da ligação, sendo DESIGUAL (por isso o prefixo “hetero”), já que
um grupo liberado fica com os 2 elétrons do par anteriormente compartilhado e o outro grupo perde os
elétrons daquela ligação;
• Estes grupos com carga formados são ÍONS. O que tiver com falta de elétron (carga positiva) vai ser
atraído, na formação de um novo composto, por espécies carregadas negativamente (elétrons), e por isso
chamamo-lo de ELETRÓFILO (E+); já o que tiver com sobra de elétron (carga negativa) vai ser atraído por
espécies carregadas positivamente (prótons, que ficam no núcleo do átomo), e por isso chamamo-lo de
NUCLEÓFILO (Nu–);
• Ocorrem com catalisadores que podem ser ÁCIDOS, BASES, SAIS, ÁGUA ou ÁCIDOS DE LEWIS (AlCl3,
FeBr3, BF3).

1
Química

Sendo assim, as reações podem apresentar 3 diferentes MECANISMOS DE REAÇÃO:


Via radicais livres → em que um radical livre ataca uma ligação covalente enfraquecida;
Via reação nucleofílica → em que uma espécie nucleófila é a primeira a atacar o composto orgânico;
• Ocorre quando o composto orgânico que sofre a reação possui carbono com carga positiva (ou seja,
ligado a um elemento muito eletronegativo). Portanto, a ligação atacada deve ser em carbonila (aldeídos,
cetonas, ácidos carboxílicos e ésteres), em carbono ligado a hidroxila (álcoois) e em carbono ligado a
halogênio (haleto orgânico).
Via reação eletrofílica → em que uma espécie eletrófila é a primeira a atacar o composto orgânico.
• Ocorre quando o composto orgânico que sofre a reação é insaturado (alcenos, alcinos, alcadienos,
cicloalcanos e aromáticos) e a ligação atacada é justamente a dupla/tripla, pois dupla/tripla ligação é
uma nuvem de elétrons, atraindo espécies eletrófilas.

Reações de Adição
Falando de uma forma genérica, as reações de adição ocorrem quando ADICIONAMOS um reagente
(geralmente inorgânico) a um composto orgânico, formando um único produto.
Para que isso ocorra, é necessário sempre haver uma LIGAÇÃO ENFRAQUECIDA NO REAGENTE ORGÂNICO,
a qual se rompe, abrindo 2 valências livres. Ao mesmo tempo, o outro reagente adicionado ao orgânico
também sofre uma cisão, e cada uma de suas partes se liga a uma valência livre do reagente orgânico.
Veja o caso geral abaixo, em que a ligação fraca é uma LIGAÇÃO PI:

Importante à beça: Quando o composto for ALCADIENO CONJUGADO (ou seja, em que 2 ligações duplas são
intercaladas por 1 ligação simples) e participar de uma reação de adição incompleta (com 1 mol de reagente
com fórmula genérica X2), ocorrerá a chamada REAÇÃO 1,4, através da qual o produto formado em maior
proporção sempre terá uma ligação dupla no lugar da ligação simples que intercalava as duplas no alcadieno
reagente. Veja:

2
Química

Agora veja outro caso geral, em que a ligação fraca é uma LIGAÇÃO TENSIONADA EM CADEIA FECHADA:

ATENÇÃO: tensão angular?


Essa teoria é chamada de “Teoria das tensões de Bayer”. Entenda: todos os carbonos dos ciclanos, por serem
compostos cíclicos com ligações simples, possuem hibridização sp³, cujos ângulos entre os pares eletrônicos
(geralmente nas ligações) devem ser 109°28’ para haver estabilidade, devido à geometria tetraédrica. No
entanto, compostos de cadeia fechada possuem geometria que segue o padrão dos polígonos regulares, cada
um com seus ângulos internos.
Exemplo: Ciclopropano → possui geometria triangular, cujos ângulos internos são 60°, valor bem distante de
109°28’. Isso que gera uma tensão angular nessas ligações que as torna fracas, mais suscetíveis à ruptura.
OBS: O ciclo-hexano sofre deformação em sua estrutura, adquirindo forma de bote/barco ou de cadeira, nas
quais o ângulo, em vez de 120° (ângulo interno do hexágono), é 109°28’. Essa deformação angular compensa
a tensão angular, e a ligação entre os átomos de carbono deixa de ser fraca. Logo, não há tensão angular em
anéis com 6 ou mais carbonos.

Hidrogenação catalítica
• Ocorre com ADIÇÃO DE H2 ao alceno, alcino, cicloalcano ou benzeno;
• Utiliza placa metálica de Pt, Ni ou Pd, que adsorve o H2, funcionando como CATALISADOR DE
SUPERFÍCIE;
• Só ocorre sob TEMPERATURA E PRESSÃO ELEVADA;
• Em alceno, o produto formado é um alcano;

• Em alcino, o produto formado pode ser um alceno (caso se adicione 1 mol de H 2, o que configura uma
hidrogenação PARCIAL) ou um alcano (caso se adicionem 2 mols de H2, o que configura uma
hidrogenação TOTAL);

3
Química

• Em cicloalcano, o produto formado é um alcano;

Em benzeno, assim como em alceno e alcino, cada mol de H2 provoca a ruptura de 1 ligação pi, podendo
formar cicloalceno ou cicloalcano.

Halogenação
• Ocorre com ADIÇÃO DE Cl2, Br2 ou I2 (halogênios moleculares, genericamente: X 2) ao alceno, alcino ou
cicloalcano;
Observação: F2 é tão reativo que gera uma reação explosiva, a qual não produz haletos; a reação com o
I2 é muito lenta, motivo pelo qual quase não ocorre. Conclusão: vamos tomar como exemplos apenas
cloração e bromação.
• Não necessita de catalisador para alceno e alcino, mas utiliza ÁCIDOS DE LEWIS (FeCl3, AlCl3, etc) como
catalisador para CICLOALCANO;
• Em alceno, o produto formado é um di-haleto saturado;

• Em alcino, o produto formado pode ser um di-haleto insaturado (caso se adicione 1 mol de X2, o que
configura uma halogenação PARCIAL) ou um tetra-haleto saturado (caso se adicionem 2 mols de X2, o
que configura uma halogenação TOTAL);

4
Química

• Em cicloalcano, o produto formado é um di-haleto saturado;

Hidro-halogenação
• Ocorre com ADIÇÃO DE HCl ou HBr (genericamente: HX) ao alceno, alcino ou cicloalcano;
• Não necessita de catalisador;
• Caso ocorra na AUSÊNCIA DE PERÓXIDO (peróxido de benzoíla, peróxido de hidrogênio, etc), utiliza-se a
regra de MARKOVNIKOV;

ATENÇÃO: Markovnikov?
Diz que quando a ligação dupla for assimétrica (isto é, o ligante de um lado da dupla é diferente do ligante do
outro), o produto principal será aquele em que o H se adiciona ao CARBONO MAIS HIDROGENADO da dupla,
enquanto o halogênio se liga ao menos hidrogenado. Como o produto secundário (em que o halogênio se liga
ao carbono mais hidrogenado e o H se liga ao menos hidrogenado) é formado em quantidade muito menor,
considera-se a formação apenas do produto principal.

• Caso ocorra na PRESENÇA DE PERÓXIDO, utiliza-se a regra de ANTI-MARKOVNIKOV ou regra de


KARASH-MAYO;

ATENÇÃO: Kharasch-Mayo?
Diz que quando a ligação dupla for assimétrica e a hidro-bromação ocorrer na presença de peróxido, o produto
principal formado será aquele em que o H se adiciona ao CARBONO MENOS HIDROGENADO da dupla,
enquanto o bromo se liga ao mais hidrogenado. Da mesma forma, o produto secundário (em que ocorre o
inverso) é formado em quantidade muito menor, motivo pelo qual desconsideramos sua formação.
Importante: Kharasch-Mayo ocorre apenas para o HBr na presença de peróxido!

• Em alceno, o produto formado é um haleto saturado;

5
Química

• Em alcino, o produto formado pode ser um haleto insaturado (caso se adicione 1 mol de HX, o que
configura uma hidro-halogenação PARCIAL) ou um di-haleto saturado com 2 halogênios ligados ao
mesmo carbono (caso se adicionem 2 mols de HX, o que configura uma hidro-halogenação TOTAL);

• Em cicloalcano, o produto formado é um haleto saturado.

Observação: Ciclopentano e ciclohexano não sofrem hidro-halogenação.

Hidratação
• Ocorre com ADIÇÃO DE ÁGUA (para fins didáticos, vamos representá-la por HOH) ao alceno, alcino ou
cicloalcano;
• Só ocorre em MEIO ÁCIDO e sob AQUECIMENTO;
• Em compostos assimétricos, vale a regra de MARKVNIKOV;
• Em alceno, há formação de álcool;

6
Química

• Em alcino, há formação de enol, que entra em equilíbrio dinâmico (tautomeria) com aldeído ou cetona;

• Em cicloalcano, há formação de álcool.

Observação: Ciclopentano e ciclo-hexano não sofrem hidratação.

Reação de Grignard
• Ocorre com a ADIÇÃO DE HALETO DE MAGNÉSIO (também chamado reagente de Grignard, e com
fórmula molecular RMgX, em que R é um radical orgânico e X é um halogênio) e, posteriormente, de
ÁGUA a um composto que contenha carbonila (aldeído ou cetona);
• Sempre há formação de um álcool e um hidroxi-haleto de magnésio (de fómula molecular MgOHX);
• Ocorre em 2 reações, entre as quais se forma um composto intermediário;
• Vejamos como ocorre a reação de adição de cloreto de etilmagnésio ao etanal:

7
Química

Exercícios

1. O 2-bromo-butano pode ser obtido através da reação do ácido bromídrico (HBr) com um composto
orgânico (indicado por X na equação).

Sobre o composto X e o tipo de reação, é CORRETO afirmar que:


a) é um alcano, e a reação é de adição (hidrogenação catalítica).
b) é um alcino, e a reação é de adição (halogenação).
c) é um alceno, e a reação é de adição (hidro-halogenação).
d) é um álcool, e a reação é de adição (hidrogenação catalítica).
e) é uma cetona, e a reação é de adição (hidratação).

2. Em países cuja produção da cana não é economicamente viável, utiliza-se reações do eteno (C2H4 )
em meio ácido para produção do álcool. Essa reação ocorre, porque
a) a tripla ligação entre os carbonos, em presença de catalisador, é atacada por gás hidrogênio.
b) a dupla ligação entre os carbonos, quimicamente ativa, é atacada por água em meio ácido.
c) a ligação simples, entre os carbonos, presente na estrutura, é instável e sofre uma adição.
d) as ligações da molécula, entre hidrogênio e carbono, sofrem adição do grupo OH, característico
do álcool.
e) ocorre uma reação de substituição onde um álcool é formado.

3. Um mol de uma molécula orgânica foi submetido a uma reação de hidrogenação, obtendo-se ao final
um mol do cicloalcano correspondente, sendo consumidos 2 g de H2(g) nesse processo. O composto
orgânico submetido à reação de hidrogenação pode ser o
Dado: H = 1.
a) cicloexeno
b) 1,3-cicloexadieno
c) benzeno
d) 1,4-cicloexadieno
e) naftaleno

8
Química

4. Um medicamento expectorante pode ser sintetizado conforme o seguinte esquema reacional:

A seguir estão propostas cinco possíveis estruturas para esse medicamento.

A estrutura correta é a
a) 1.
b) 2.
c) 3.

d) 4.
e) 5.

5. O cloro ficou muito conhecido devido a sua utilização em uma substância indispensável a nossa
sobrevivência: a água potável. A água encontrada em rios não é recomendável para o consumo, sem
antes passar por um tratamento prévio. Graças à adição de cloro, é possível eliminar todos os
microrganismos patogênicos e tornar a água potável, ou seja, própria para o consumo. Em um
laboratório de química, nas condições adequadas, fez-se a adição do gás cloro em um determinado
hidrocarboneto, que produziu o 2,3-diclorobutano. Assinale a opção que corresponde à fórmula
estrutural desse hidrocarboneto.
a) H2 C = CH − CH2 − CH3
b) H3 C − CH2 − CH2 − CH3
c) H3 C − CH = CH − CH3
d)

e)

9
Química

6. Outro método usado na conservação dos alimentos é a substituição de compostos poli-insaturados


(óleos), que apresentam várias ligações duplas, por compostos em que predominam as ligações
simples (gorduras), pois os óleos são muito mais propensos à oxidação do que as gorduras; portanto
a indústria os substitui por gorduras, dando preferência à gordura trans, devido ao menor custo de
produção, porém, embora ela faça o alimento durar mais, é mais prejudicial para a saúde.
Esse tipo de gordura é produzido através da hidrogenação que transforma ligações duplas em ligações
simples, pela adição de hidrogênio, conforme mostra a figura.

Nas duplas onde não há adição de hidrogênio, pode ocorrer a formação da gordura trans.
Devido ao maior controle dos órgãos de saúde e à conscientização do consumidor sobre esta gordura,
a indústria vem substituindo-a por outro tipo de gordura ou reduzindo o percentual de gordura nos
alimentos.
Analisando o texto e observando o que ocorre na hidrogenação, é correto afirmar que
a) o óleo pode ser transformado em gordura, através da hidrogenação.
b) os compostos que apresentam ligações simples são mais propensos à oxidação.
c) o consumidor prefere alimentos com gordura trans, pois não são prejudiciais à saúde.
d) os alimentos que apresentam compostos poli-insaturados têm maior prazo de validade.
e) os alimentos que apresentam compostos poli-insaturados são mais prejudiciais à saúde.

7. Os alcenos sofrem reação de adição. Considere a reação do eteno com o ácido clorídrico (HC ) e
assinale a alternativa que corresponde ao produto formado.

a) CH3CH3

b) C CH2CH2C

c) C CHCHC

d) CH3CH2C

e) CH2C CH2C

8. Se a reação de Sabatier-Sandres fosse transformar um alceno num alcano, não teria importância
prática. O processo seria antieconômico. No entanto, a ideia geral dessa reação é importantíssima:
consiste em adicionar hidrogênio...
(Ricardo Feltre. Química Orgânica )

Com base no trecho anterior, é correto afirmar que a reação transforma


a) nitrilas em amidas.
b) ácido carboxílico em aldeído.
c) ácidos carboxílicos em álcoois.
d) compostos aromáticos em cíclicos saturados.
e) aldeído em ácido carboxílico.

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Química

9. Um método clássico para a preparação de alcoóis é a hidratação de alcenos catalisada por ácido.
Nessa reação, o hidrogênio se liga ao carbono mais hidrogenado, e o grupo hidroxila se liga ao carbono
menos hidrogenado (regra de Markovnikov). Sabendo-se que os alcoóis formados na hidratação de
dois alcenos são, respectivamente, 2-metil-2-hexanol e 1-etilciclopentanol, quais são os nomes dos
alcenos correspondentes que lhes deram origem?
a) 2-metil-2-hexeno e 2-etilciclopenteno.
b) 2-metil-2-hexeno e 1-etilciclopenteno.
c) 2-metil-3-hexeno e 1-etilciclopenteno.
d) 2-metil-1-hexeno e 2-etilciclopenteno.
e) 3-metil-2-hexeno e 2-etilciclopenteno.

10. Obtido pelo petróleo, o eteno é o alceno mais simples, porém muito importante por ser um dos produtos
mais fabricados no mundo. Analise o que acontece quando o eteno é tratado com os seguintes
reagentes:

De acordo com o esquema acima, é correto afirmar que a reação do eteno com
a) H2 O produzirá, em meio ácido, o etanol.
b) H2 é uma redução e não requer catalisador para ocorrer.
c) Br2 / CC 4 requer energia radiante (luz) para que possa ocorrer.
d) HC é uma reação de hidrogenação.
e) H2 O produzirá, em meio básico, o etanol.

11
Química

Gabarito

1. C
Alcenos sofrem preferencialmente reações de adição (hidro-halogenação) com ácidos halogenídricos, em
função da presença de insaturações, produzindo haletos de alquila:
De acordo com as reações abaixo, há dois alcenos possíveis para sofrer a reação de adição com HBr.

2. B

3. A
H = 1; H2 = 2; MH2 = 2 g / mol.
Conclusão : 2 g de H2 correspondem a 1 mol de H2 .
1 C6H10 + 1 H2 → 1 C6H12
cicloexeno cicloexano

4. A
Os cicloalcenos podem ser hidratados em meio ácido, produzindo álcoois, pelo mecanismo:

12
Química

5. C

6. A
O óleo pode ser transformado em gordura, através da hidrogenação catalítica, ou seja, quebra da ligação
pi da dupla e adição de H2 .

7. D
Teremos:

8. D
A reação transforma compostos aromáticos em cíclicos saturados a partir da adição de átomos de
hidrogênio.

9. B

10. A
A reação do eteno com água (hidratação), em meio ácido, produzirá etanol.

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Redação

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Redação

Eixo temático: meio ambiente e sustentabilidade

Resumo

O eixo temático da aula de hoje é sobre um assunto muito falado nos vestibulares: meio ambiente e
sustentabilidade. Apesar de a humanidade buscar tecnologias cada vez mais avançadas para a facilitação
da sociedade, a preservação da matéria-prima das primeiras invenções é essencial para uma nação
sustentável. Dessa forma, alguns mecanismos, como o reflorestamento, a reutilização de água e,
principalmente, a conscientização da população, são importantes para discussão desse eixo.
Por mais que não seja um tema comum no Enem, há alguns anos tivemos temáticas que passam por esse
eixo temático. São eles:
Enem 2013 (PPL): Cooperativismo como alternativa social.
Enem 2016 (PPL): Alternativas para a diminuição do desperdício de alimentos no Brasil.
Enem 2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
Enem 2008: Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo
financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem
desmatar.

Veremos, então, nas questões abaixo, alguns assuntos que são bastante relevantes para pensar sobre a
preservação do meio ambiente e as práticas sustentáveis no Brasil e no mundo.

1
Redação

Exercícios

1. “O ser sustentável do século XXI não diz respeito apenas ao fazer. O ser sustentável do século XXI diz
respeito a uma visão de futuro, a um ideal de vida a ser vivenciado agora e no futuro. É uma maneira
de ser.”
Marina Silva

Na definição do Relatório Brundtland, de 1987, intitulado “Nosso futuro comum”, sustentabilidade é “o


desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Na sua opinião, considerando a colocação de
Marina Silva, a definição do relatório e a sociedade em que estamos inseridos, é possível, hoje, ser
sustentável?

2.

No ano de 2012, no Rio de Janeiro, líderes de 193 países se reuniram na cidade do Rio de Janeiro para
discutir o desenvolvimento sustentável. A chamada Rio+20, porém, não foi a única conferência a
debater tais problemas. Cite algumas das reuniões com esse foco ao longo da história e seus
principais assuntos e resoluções.

3. "Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-


químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida
humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das
futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de
regeneração, reprodução, e coevolução.”
Leonardo Boff

Desenvolvendo melhor a colocação de Leonardo Boff, importante teólogo e professor brasileiro, é


possível perceber que a ideia de sustentabilidade parte, de certa forma, de um equilíbrio entre
desenvolvimento da sociedade e cuidado com o meio ambiente. Partindo da ideia de que, hoje, é difícil

2
Redação

aliar duas coisas que parecem tão diferentes, aponte obstáculos para esse equilíbrio e formule
propostas de curto e longo prazo que procurem amenizar ou até resolver esses impeditivos.

4. Não é inesperado o que aconteceu em Mariana. Primeiro, pelos alertas dados pelo Ministério Público
de Minas Gerais e por especialistas. Segundo, porque a mineração é uma atividade altamente
agressiva e de elevado risco ambiental. A Vale está fazendo furos e deixando rejeitos em Minas Gerais
há 70 anos. Não pode, diante de um desastre dessa proporção, soltar uma nota lacônica como se não
fosse sua obrigação agir imediatamente.

A atividade mineradora no mundo inteiro tem uma série de procedimentos já consolidados ao longo
do tempo para prevenir e mitigar desastre. Neste caso, se vê a cada novo passo da investigação que
as empresas foram displicentes na prevenção e não demonstraram ter um plano de ação preparado
para o caso de desastre. Prevenção e mitigação de danos é o mínimo que se pode exigir de uma
empresa que lida com atividade de alto risco.
Disponível em: Blog da Miriam Leitão, O Globo.

O desastre de Mariana, em Minas, ajudou a trazer à tona um lado perverso das empresas brasileiras:
o fato de pensarem, apenas, no lucro, deixando de lado o cuidado com o ambiente. Isso gera
consequências que precisam ser discutidas hoje e sempre. Levando em consideração a leitura do
texto de Miriam Leitão, diga o que gera, de certa maneira, essa negligência e que consequências para
o ambiente e a população podem surgir desse comportamento.

5. O desmatamento na Floresta Amazônica cresceu 33% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em
comparação com o mesmo período entre 2018 e 2019, indicam dados do sistema de monitoramento
por satélite Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Neste período, um total de 9.205
km² de floresta foi derrubada, um aumento expressivo em relação aos 6.844 km² registrados no
período anterior. É o maior indice desde o início da série do Deter, que começou em 2015.
Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/brasil/desmatamento-na-amazonia-cresce-34-no-periodo-de-um-ano-
indicam-dados-do-inpe-24572983.html

O problema do desmatamento da Amazônia não é atual, visto que até já foi proposta-tema da prova
do Enem em 2008. Acerca dessa problemática, comente quais são os impactos relacionados ao
desmatamento da Floresta Amazônica.

6. Todo mundo quer um pedacinho desse futuro. Celebridades, de Millie Bobby Brown a Lady Gaga,
lançam suas marcas de beleza vegana. Recentemente a Hilary Duff anunciou parceria com a
canadense Nudestix para a criação de uma linha de maquiagem totalmente plant-based chamada
Daydream. Nesse movimento, gigantes da indústria “não cruelty-free”, como L’Oréal e Avon,
desenvolvem itens livres de produto animal e, no Brasil, graças à categoria de beleza
natural/sustentável, o número de marcas, que antes conseguíamos contar nos dedos, se multiplica a
cada ano. Care Beauty, Be Plus Natural Care, Quintal, Face It... a lista é enorme!
Disponível em: https://vogue.globo.com/Vogue-Gente/noticia/2019/10/o-futuro-da-beleza-e-vegano.html

O fragmento acima indica uma tendência das marcas de produtos de beleza atuais, as chamadas
“cruelty-free”, as quais estão livres de testes em animais e, muitas vezes, optam por elementos
veganos na produção. Acerca dessa questão, comente quais são os benefícios desse rumo da estética
e beleza.

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Redação

7. ONG Projeto Praia Limpa tem realizado mutirões de limpeza com a ajuda de voluntários para remover
o óleo das praias de Coruripe, em Alagoas. Além disso, outras três entidades – Instituto Verdeluz,
Aquasis e Instituto Biota de Conservação –, especializadas em fauna, prestam primeiros socorros a
animais atingidos pelo produto, além de participar de grupos de trabalho montados nos estados para
combater o problema. O Projeto Praia Limpa foi criado há quatro anos e, como o próprio nome diz, tem
o objetivo de atuar em defesa da conservação do litoral.
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/10/21/verificamos-ong-oleo-praias-nordeste/

Um vazameno de petróleo se espalhou pelos nove estados do Nordeste e chegou ao litoral do Rio de
Janeiro e do Espírito Santo em 2019. Comente acerca do importante papel das ONGs no combate a
problemas relacionados à sustentabilidade e ao meio ambiente no Brasil.

8. Cerca de quatro acidentes de trabalho com garis são registrados por mês, em Rondonópolis, a 218 km
de Cuiabá, durante a coleta. Os acidentes acontecem devido ao descarte indevido do lixo por parte dos
moradores, segundo os garis.

Mesmo com as luvas de proteção, Silas Diego da Silva Cardoso conta que é comum eles se
machucarem ao recolher sacolas plásticas com cacos de vidro e outros materiais pontiagudos. “A
gente se machuca muito com vidros ou palitos de espetos. Sempre cortamos a mão ou a perna quando
recolhemos algum saco com esses tipos de materiais”, disse.
Disponível em: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/03/06/em-media-4-garis-sofrem-acidente-de-trabalho-
por-mes-em-rondonopolis-mt-por-descarte-irregular-do-lixo.ghtml

Acerca do fragmento anterior, comente quais são os problemas do descarte irregular de lixo.

9. Analise a imagem abaixo:

Comente, com as suas palavras, qual é o objetivo do princípio dos 3R’s (reduzir – reutilizar – reciclar)
e qual é a importância de projetos como esse para o meio ambiente.

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Redação

10. Um dos temas mais discutidos, ultimamente, é a questão do consumo consciente. Sabe-se,
claramente, que o brasileiro não sabe consumir de forma sustentável e, por isso, é necessário entender
os problemas e impactos envolvidos nisso. Levando isso em consideração, discuta e planeje um texto
sobre a proposta abaixo.

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o
tema Os efeitos da escassez de água no Brasil do século XXI, apresentando proposta de intervenção,
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I
(…) com seu ônus e seu dono;
Agora o clima muda tão depressa, E a tragédia da seca, da escassez,
que cada ação é tardia, cair sobre todos nós,
Que dá paralisia na cabeça, Mas sobretudo sobre os pobres,
que é mais do que se previa. outra vez sem terra, teto, nem voz;
Algo que parecia tão distante Quede água? Quede água?
periga agora tá perto; Agora é encararmos o destino
Flora que verdejava radiante e salvarmos o que resta;
desata a virar deserto. É aprendermos com o nordestino que pra
O lucro a curto prazo, seca se adestra;
o corte raso, o agrotóxiconegócio; E termos como guias os indígenas,
A grana a qualquer preço, e determos o desmate,
o petrogaso-carbocombustível fóssil. E não agirmos que nem alienígenas no
O esgoto de carbono a céu aberto nosso
na atmosfera, no alto; próprio habitat.
O rio enterrado e encoberto Que bem maior que o homem
por cimento e por asfalto. é a Terra, a Terra e o seu arredor,
Quede água? Quede água? Que encerra a vida,
Quando em razão que na Terra não se encerra,
de toda a ação “humana” a vida, a coisa maior,
e de tanta desrazão, Que não existe
A selva não for salva onde não existe água
e se tornar savana; e que há onde há arte,
e o mangue, um lixão; Que nos alaga e nos alegra
Quando minguar o Pantanal, quando a mágoa a alma nos parte,
e entrar em pane Para criarmos alegria para viver
a Mata Atlântica, tão rara; o que houver pra vivermos,
E o mar tomar toda cidade litorânea, Sem esperanças,
e o sertão virar Saara; mas sem desespero,
E todo grande rio virar areia, no futuro que tivermos.
sem verão virar outono; Quede água? Quede água?
E a água for commodity alheia,
Quede água. Lenine/Carlos Rennó.
Disponível em: http://www.lenine.com.br.

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Redação

Texto II

Texto III
A ONU divulgou nesta terça-feira (24) um alerta mundial sobre os efeitos da escassez de água. Água
para beber, água para comer, para produzir a comida, para higiene, limpeza. Água para trabalhar e para
gerar energia para trabalhar. E se ela falta? O relatório das Nações Unidas, divulgado nesta terça-feira
(24), alerta: muitos países estão perto de enfrentar situações de desespero e conflito por falta d’água.
Isso seria uma barreira não só à saúde das populações, mas também ao crescimento econômico e à
estabilidade política.
Segundo os pesquisadores, daqui a apenas dez anos, 48 países não terão água suficiente para as suas
populações. Isso atingiria quase três bilhões de pessoas. E até 2030, a demanda por água doce no
planeta deverá ser 40% maior do que a oferta. O relatório destaca o desafio de administrar a oferta de
água no meio de tantas mudanças climáticas. Mas também aponta como a corrupção é um enorme
ralo de dinheiro que chega a absorver 30% do que poderia ser usado em projetos de abastecimento e
saneamento básico.
O levantamento foi feito em dez países, entre eles Bolívia, Canadá, Uganda, Paquistão e Coreia do Sul.
Mas as conclusões valem para o mundo inteiro. A ONU recomenda que a agricultura busque técnicas
para usar menos água sem comprometer a produção. Que a geração de energia preserve a água e o
meio-ambiente. Que os governos sejam rápidos e transparentes na busca de melhorias.
Corinne Wallace, uma das autoras do relatório, explica que a água tem que ser uma prioridade.
Indivíduos, indústrias, políticos, sociedade civil. “Todo mundo precisa fazer a sua parte”, diz ela. “E a
hora é agora”.
Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/onu-divulga-alerta-mundial-sobre-
efeitos-da-escassez-de-agua.html

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Redação

Gabarito

1. Em relação à fala de Marina Silva, pode-se defender diferentes pontos de vista acerca da
sustentabilidade: sim, não ou depende. Cada ponto de vista depende dos argumentos que serão
utilizados para comprovar esse posicionamento. Por exemplo: Não é possível ser sustentável hoje, visto
que as empresas, em geral, não estão preocupadas com a preservação ambiental e também não há
políticas públicas punitivas contra crimes ambientais, vide os últimos desastres ocorridos no Brasil, por
exemplo, em Mariana, em Brumadinho e o derramento de petróleo nas águas do Nordeste. Outra
possibilidade é afirmar que é possível ser sustentável hoje, visto que há empresas que se preocupam
com o meio ambiente e atuam em prol da fauna e da flora brasileira, por exemplo, as empresas que não
testam seus produtos em animais, as chamadas “Cruelty free”.

2. Pode-se citar alguns encontros e conferências mundiais que tiveram como foco a discussão acerca
do meio ambiente, entre eles: Estocolmo (1972), Convenção de Viena (1985); Eco-92 (1992) ; Rio +10
(2002); Rio +20 (2012).

3. Um possível obstáculo que uma nação sustentável pode enfrentar é o desperdício de lixo de grandes
indústrias, utilização exacerbada de água de indústrias alimentícias e, não obstante, a falta de
conscientização sobre desmatamento ilegal. Dessa forma, medidas protetivas vindas do Estado podem
(e devem) contribuir para uma ação em prol do meio ambiente, juntamente com a conscientização da
população, através de campanhas midiáticas que valorizem a importância da separação de lixo e do
gasto consciente de alimentos e objetos, entre outros.

4. As faltas de leis efetivas para a negligência por parte de empresas sobre os impactos relacionados ao
meio ambiente corroboram para desastres como o ocorrido em Mariana. Além disso, a empresa
relacionada com o acontecimento tem importância significativa para a economia brasileira, sendo
negligenciado, mais uma vez, o devido auxílio e encaminhamento sobre a exploração exacerbada de
minérios.

5. Entre os principais impactos do desmatamento da Floresta Amazônica, pode-se destacar: a perda da


biodiversidade, impactos no ciclo hidrológico da região, empobrecimento do solo, erosão, modificação
do clima terrestre, etc.

6. Algumas marcas de produtos de beleza e higiene estão propagando valores ligados à sustentabilidade
e preocupação com o meio ambiente. Hoje, há os produtos orgânicos, aqueles que têm ingredientes
naturais cultivados sem agrotóxicos, hormônios ou outras química e os verganos, os quais não têm, em
sua fórmula, substância de origem animal . Além disso, há uma nova tendência conhecida como
“cruelty-free”, os quais não fazem testes em animais. Em relação aos produtos veganos, as marcas
buscam a redução da utilização de plástico em seus produtos, e os substituem por materiais de fácil
decomposição ou que possam ser reaproveitados. Já os produtos “cruelty-free” não testam elementos
químicos em animais.

7. As ONGs são entidades privadas da sociedade civil, sem fins lucrativos, cujo propósito é defender e
promover uma causa política. Essas organizações são parte do terceiro setor, grupo que enquadra todas
as entendidades sem fins lucrativos. Eessas entidades são importantes para o país, visto que atuam
em diversas causas, principalmente em relação à sustentabilidade e meio ambiente. Em 2019, após o
vazamento de óleo no litoral brasileiro, diversas organizações não governamentais aturam em mutirões
de limpeza, de modo que prestaram os primeios socorros a animais atingidos pelo produto e limpeza
das praias.

8. O descarte irregular de lixo é prejudicial tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. Em
primeiro lugar, como indicado no texto apresentado, o descarte de vidros, por exemplo, podem
machucar garis e catadores caso não haja um descarte ou aviso adequado do material. Além disso, em

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Redação

relação ao meio ambiente, o descarte de lixo eletrônico, pilhas e baterias podem danificar os solos e os
lençóis freáticos devido à poluição a partir dos elementos químicos.

9. “Um caminho para a solução dos problemas relacionados com o lixo é apontado pelo Princípio dos 3R's
- Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Fatores associados com estes princípios devem ser considerados, como
o ideal de prevenção e não-geração de resíduos, somados à adoção de padrões de consumo sustentável,
visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício.”
Leia mais em: https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-sustentavel/consumo-
consciente-de-embalagem/principio-dos-3rs.html

10. Redação exemplar


Outras vidas, a contínua seca.
Na obra literária “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, é perceptível o contínuo anseio pela
sobrevivência humana, a fim de obter um direito universal inquestionável: a água. A escassez desse
bem hídrico tornou-se um problema atemporal e aflige a sociedade contemporânea à medida que sua
demanda e consumo aumentam. Assim, torna-se imprescindível alterar esse uso desregulado e
combater a desigualdade na obtenção de tal recurso.
Primeiramente, um contribuinte ao emprego irresponsável da água é o chamado “consumo virtual”.
Isto é, a quantidade líquida utilizada para a fabricação de produtos, como, automóveis ou a própria calça
jeans, que necessita de 11.000 litros para atingir a tonalidade ideal. Neste sentido, intuímos que o
desperdício desse composto inorgânico não provém unicamente dos descuidos dos cidadãos, visto que
as indústrias favorecem sua carência, ao visar a promoção de lucros comerciais do sistema de
produção capitalista.
Além disso, o Brasil enfrenta uma crise hídrica, principalmente, o estado de São Paulo, que sofre
com o esgotamento do reservatório da Canteira. Tal fato, somado à ausência de chuvas e à demanda
de suprir as necessidades da população, fomentou um processo de conscientização e controle da
distribuição da água em determinados dias da semana. Porém, ainda que a mídia se volte à localidade
econômica mais desenvolvida do país, a região Nordeste já convive, há anos, com a ausência de
abastecimento total desse fluido.
Por conseguinte, várias áreas nordestinas vivem em estado de emergência com a seca e, antes, o
que se limitava a algumas partes, agora, atinge os grandes centros urbanos, como a Paraíba e Campina
Grande. Essa realidade prova que as dificuldades climáticas, como o período de estiagem e a seca de
rios, além do descaso político contribuíram para o alastramento dessa insuficiência hídrica.
São notáveis, portanto, as causas da escassez desse solvente universal. Logo, o poder midiático
deve alertar e orientar ao público sobre o uso consciente. Em segundo lugar, tratar as águas de esgotos
a fim de as indústrias as reutilizem de forma sustentável e, assim, conter os gastos do consumo virtual.
Ademais, o racionamento no Sudeste prevenirá a seca absoluta da água nesse período de crise. Já o
Nordeste, que recebe esse tratamento e ainda sim, sofre com fatores sociais, o ato humanitário de
transportar parte da água do aquífero Guarani seria a principal medida para promover a igualdade de
distribuição da água, enquanto o poder público investe em pesquisas para driblar os fatores climáticos.

4
Redação

Eixo temático: saúde

Resumo

Nos últimos tempos, temos visto (nos jornais, revistas e até na televisão) diversas notícias relacionadas à
saúde pública e privada no nosso país e no mundo. Isso mostra a relevância desse tema para a atualidade
e, consequentemente, para o nosso vestibular. Por isso, juntamos o que existe de mais importante nesta
questão e trouxemos uma aula sobre isso, para discutirmos conceitos, teorias e práticas relevantes e que
darão o repertório perfeito e consistente para uma boa redação.
Antes, é valido destacar alguns pontos acerca da saúde pública brasileira:

• O sistema único de saúde brasileiro, o SUS, foi instituído em 1988, com a validação da república
federativa do Brasil;
• Pela lei, todas as cidades possuem alguma unidade de saúde público, seja municipal ou estadual, porém
nem sempre com todas as especialidades;
• É um direto constitucional para o cidadão ter acesso aos tratamentos de acordo cobertos pelas redes
públicas (exemplo: diabetes, problemas renais, depressão, câncer, entre outros);

Entretanto, a temática da saúde pública não envolve somente o tratamento por meio de remédios. Engloba,
juntamente com outras instituições (escolas e movimentos midiáticos), uma construção educacional de uma
sociedade em diversas áreas que discutiremos nesta aula. Vamos?

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Redação

Exercícios

1. “Uma universitária brasileira tem, em média, 1,1 filho. Já uma com menos de quatro anos de estudo
tem 4,4."
Disponível em: https://saude.abril.com.br/bem-estar/3-frases-de-drauzio-varella-pra-pensarmos-sobre-nossa-saude/

Drauzio Varella, importante médico brasileiro, é o responsável por essa frase que reflete uma
discussão comum dos nossos tempos: a gravidez precoce. Sabe-se que, além de questão de saúde
pública, o assunto é, também, pauta para debates sobre diferenças socioeconômicas. Aponte de que
maneira essas duas áreas geram impactos como o da frase do médico e que consequências
encontramos, hoje, diante dessa questão.

2. Ainda sobre a questão feminina, práticas como o aborto têm sido muito discutidas, no Brasil, hoje.
Trace um panorama sobre esse debate incluindo os argumentos favoráveis e contrários à legalização.

3. "Nas prisões brasileiras, a morte chega mais rápido por meio de uma tosse do que de um estilete. Em
um ambiente caracterizado pela superlotação e estrutura precária de higiene, onde faltam médicos e
outros profissionais de saúde, o 'massacre silencioso' é comandado não por facções, mas por
doenças tratáveis a exemplo de HIV, tuberculose, hanseníase e até mesmo por infecções de pele."
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/08/14/massacre-silencioso-mortes-por-
doencas-trataveis-superam-mortes-violentas-nas-prisoes-brasileiras.htm

O trecho introduz reportagem da Uol sobre as doenças nas prisões brasileiras e revela um cenário de
violação dos direitos humanos, com base no tratamento que os presos recebem dentro das cadeias.
Comente a situação nos presídios hoje e, especificando a discussão, reflita sobre a questão da mulher,
também nesses espaços.

4. Recentemente, tomou espaço nas mídias, mais uma vez, a discussão sobre a liberação das drogas, no
Brasil. Sabe-se, porém, que o debate é longo e envolve diversas variáveis que precisam ser destacadas
a fim de se chegar a uma decisão comum e viável. Assim como foi feito na temática do aborto, trace
um panorama dessa discussão e indique os argumentos favoráveis e contrários à legalização das
drogas no Brasil.

5. De acordo com o Ministério da Saúde, em pesquisa aplicada nos primeiros meses de 2017, uma em
cada cinco pessoas no Brasil está acima do peso. Nas capitais, os números assustam: os indivíduos
com sobrepeso passaram de 42,6% para 53,8% em 10 anos. Discute-se, então, um dos grandes
problemas dos tempos atuais: a obesidade. Na sua opinião, quais são as causas desse mal e que
consequências para o indivíduo - e a vida em coletivo - essa questão gera?

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Redação

6. Apesar de uma lei aprovada em 2006 já prever o uso medicinal da maconha, a falta de regulamentação
levou a recentes decisões judiciais autorizando pacientes a cultivar cannabis para tratar diversas
patologias, como autismo, epilepsia, Alzheimer, depressão, ansiedade e enxaqueca crônica.
Na mesma linha, duas associações de pacientes conseguiram autorização para cultivar e produzir
remédios para seus milhares de associados. Essas decisões da Justiça, somadas a um maior número
de prescrições médicas e à diminuição da burocracia para importação de remédios, estão criando uma
espécie de "legalização silenciosa" da maconha medicinal no Brasil. O resultado foi o florescimento
desse mercado nos últimos meses, segundo médicos, pacientes, advogados e empresários ouvidos
pela BBC News Brasil.
Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/08/03/a-legalizacao-silenciosa-da-maconha-medicinal-
no-brasil.htm

Acerca do fragmento lido, comente sobre a liberação da “maconha medicinal” no tratamento de


doenças.

7. Na busca por formas eficazes de tratamento contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), pesquisadores
brasileiros descobriram a eficácia de um soro com anticorpos contra a COVID-19, desenvolvido a partir
do sangue de cavalos expostos à parte do vírus. A ideia é que esse soro, feito com o plasma dos
equinos, seja usado como uma forma de imunização passiva contra a doença.

Segundo o coordenador do projeto, Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica da


Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os estudos comprovaram que o soro produzido por
cavalos para tratamento da COVID-19 é superior ao feito com plasma de doentes convalescentes.
Essa é outra técnica, em pesquisa, para combater o coronavírus.
Disponível em: https://canaltech.com.br/saude/soro-produzido-por-cavalos-no-br-tem-anticorpos-potentes-contra-a-covid-
19-169877/

Recentemente, pesquisadores da UFRJ desenvolveram um soro produzido por cavalos para auxiliar
no tratamento da COVID-19. Indique qual é importância da pesquisa científica no tratamento de
doenças e imunização da população.

8. Recentemente o movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global. De acordo com a Organização, os
movimentos antivacina são tão perigosos quanto os vírus que aparecem nesta lista porque ameaçam
reverter o progresso alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como o sarampo e a
poliomielite. Ainda segundo a OMS, as razões pelas quais as pessoas escolhem não se vacinar são
complexas, e incluem falta de confiança, complacência e dificuldades no acesso a elas. Há também
os que alegam motivos religiosos para não se vacinar ou a seus filhos. “A vacinação é uma das formas
mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças. Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de
mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no
mundo”, afirma a OMS.
Disponível em: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/

Em relação ao excerto, elabore um comentário sobre a problemática contemporânea do movimento


antivacina.

Texto de apoio para as questões 9 e 10.


Levando em consideração as discussões que levantamos em aula, seu papel, agora, é o de trabalhar,
em casa, duas proposta que são a cara do ENEM e falam bastante sobre a questão da saúde no Brasil

3
Redação

e no mundo. No fim da discussão, você pode, no gabarito desta folha, ler e analisar duas redações
exemplares sobre os temas. Vamos juntos?

9. A partir da leitura dos textos seguintes e de seus conhecimentos prévios, redija um texto dissertativo-
argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema A importância da humanização
no atendimento ao paciente no Brasil. Para tanto, selecione e organize, de forma coerente e coesa,
argumentos para a defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Seminário discute a necessidade de proximidade no atendimento ao paciente

Profissional qualificado na área da saúde não é aquele com o melhor currículo. O que diferencia
médicos, enfermei- ros, fisioterapeutas, psicólogos ou qualquer outro profissional é o seu lado
humano. Durante uma hora, na noite de quarta, 6 de abril, o médico José Camargo falou sobre a
importância de sensibilizar-se na área da saúde.
O pioneiro em transplantes de pulmão fora dos Estados Unidos encantou a plateia no 1o Seminário de
Saúde Integrada da Unisinos. Emocionou professores, alunos e profissionais. […]
Em algum ponto da trajetória, seja por uma rotina alucinante de hospital ou consultórios, ou pelo curto
tempo de atendimento, a relação com o paciente desapareceu. […]
Compartilhando inúmeras histórias da relação com seus pacientes, José Camargo finaliza sua
palestra falando do segredo para ser um profissional qualificado na área. “Precisamos sempre lembrar
de tratar pessoas doentes, não doenças em pessoas”.
SCHAEFER, C. – 07 de abril de 2016. Disponível em: <http://www.unisinos.br/noticias/eventos/a-
importância-da-humanização>. Acesso em: 26 ago. 2016

TEXTO II
Médico diz que 70% do diagnóstico é feito com atendimento humanizado

O médico e presidente da Sociedade Brasileira em Clinica Medica, Antônio Carlos Lopes, defende que
a relação médico-paciente deve ser humanística e afirma que “70% do atendimento e diagnóstico dado
por um médico clínico geral são realizados através das conversas com os pacientes e cerca de 30%
são feitos com outras intervenções, como exames”.
FREITAS, L. – 16 de setembro de 2015. Disponível em: <http://cidadeverde.com/noticias/202439/medico-diz-
que-70-do-diagnostico-e-feito-com-atendimento-humanizado>. Acesso em: 29 ago. 2016. Adaptado.

10. A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o
tema A questão das drogas como desafio mundial, apresentando proposta de intervenção, que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
A prevalência do uso de drogas continua estável em todo o mundo, de acordo com o Relatório Mundial
sobre Drogas de 2015 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Estima-se
que um total de 246 milhões de pessoas – um pouco mais do que 5% da população mundial com idade
entre 15 e 64 anos – tenha feito uso de drogas ilícitas em 2013. Cerca de 27 milhões de pessoas fazem
uso problemático de drogas, das quais quase a metade são pessoas que usam drogas injetáveis
(PUDI). Estima-se que 1,65 milhão de pessoas que injetam drogas estavam vivendo com HIV em 2013.
Homens são três vezes mais propensos ao uso de maconha, cocaína e anfetamina, enquanto que as
mulheres são mais propensas a usar incorretamente opióides de prescrição e tranquilizantes.
Discursando sobre o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, o Diretor Executivo
do UNODC, Yury Fedotov, observou que, embora o uso de drogas esteja estável no mundo, apenas

4
Redação

uma de cada seis pessoas que fazem uso problemático de drogas tem acesso ao tratamento.
“Mulheres, em particular, parecem enfrentar mais barreiras para ter acesso ao tratamento – enquanto,
mundialmente, um em cada três usuários de drogas é mulher, apenas um em cada cinco usuários de
drogas em tratamento é mulher”. Além disso, Sr. Fedotov declarou que é necessário trabalhar mais
para promover a importância de se entender e abordar a dependência como uma condição crônica de
saúde a qual, assim como diabetes ou hipertensão, requer tratamento e cuidados sustentados a longo
prazo. “Não existe um remédio rápido e simples para o uso problemático de drogas e nós precisamos
investir, a longo prazo, em soluções médicas baseadas em evidências”.
Disponível em: http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/23233-relatório-mundial-sobre-drogas-
de-2015-o-uso-de-drogas-é-estável-mas-o-acesso-ao-tratamento-da-dependência-e-do-hiv-ainda-é-baixo

TEXTO II
A literatura médica é vasta em apontar a influência de fatores ambientais e culturais para o indivíduo
se tornar dependente químico ou se livrar das drogas. O local onde o usuário vive, com quem se
relaciona e sua rotina, têm correlação fundamental para a recuperação ou manutenção da
dependência.
A articulação para reabilitação do usuário é mais favorável se ele está na sua cidade ou bairro de
origem, próximo da rede de assistência social, saúde ou de apoio ao mercado de trabalho.
O que se verifica é que a manutenção de dependentes em tratamento no mesmo local do consumo de
drogas dificulta sua recuperação e favorece vínculos com ações ilícitas. A demanda concentrada
fortalece o tráfico local, que substitui rapidamente criminosos presos e drogas apreendidas.
Disponível em: http://amorexigente.com.br/uniad-unidade-de-pesquisa-em-alcool-e-drogas-o-desafio-das-
drogas-e-o-consumo-nas-ruas/
TEXTO III

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Redação

Gabarito

1. A falta de amparo, pelo Estado (tanto em instituições escolares, como em ações interventoras em
populações mais desvalorizadas economicamente) e pelas campanhas midiáticas, causam o
desconhecimento sobre os riscos da relação sexual sem camisinha. Além disso, a priorização para com
os estudos garante mais conhecimento sobre assuntos de saúde pública.

2. Contra o aborto: O aborto, por ser um procedimento contra a natureza, pode acarretar danos irreversíveis
à mulher, mesmo que legalizado; há outros meios de se evitar a criação de uma criança, como a
legalização da doação voluntária, que a mãe deve fazer no início da gestação para o Estado.
A favor do aborto: O feto é parte do organismo materno e a mulher tem livre disposição do seu corpo;
mulheres de baixa renda submetem-se a aborto clandestinamente, arriscando a vida em lugares sem
higiene; desde a legalização do abordo em alguns países, como o Uruguai, a prática diminuiu.

3. As prisões brasileiras sofrem um processo de lotação desde os últimos anos. A quantidade de infratores
que são reincidentes colabora com esse número pelo fato de não haver um processo de ressocialização
efetivo no ambiente carcereiro. Além disso, requisitos básicos (cama, itens de higiene pessoal, toalhas),
além de uma educação sobre sexualidade e segurança, faltam, por conta da quantidade de presos e do
desinteresse estatal, tornando o ambiente propício para a propagação de doenças.
Quanto ao sistema carcerário para as mulheres, a representação é bem coerente com os ambientes
masculinos. Em outras palavras, o cuidado que a mulher precisa ter quanto aos exames, amamentação
(em relação às mães), itens de higiene (absorventes, por exemplo), não são concebidos na maior parte
das instituições de infratores do Brasil.

4. Defesa da legalização: Não há comprovação científica da relação de uso da maconha e alterações


irreversíveis em jovens; o controle estatal pode reduzir o risco do assunto ser tratado como infração,
mas sim como dependência e a garantia de ambientes especializados com mais liberdade podem reduzir
o uso; Com o controle do Estado, a droga teria procedência e confiabilidade, além de garantir lucros para
a movimentação da nação.
Proibição: Legalização pode aumentar o número de usuários, ainda mais ente os jovens; O uso
terapêutico das drogas ainda está em fase de estudos (inclusive em outros países); a maconha, por
exemplo, multiplica por 3,5 vezes a incidência de desenvolvimento de esquizofrenia e por 5 vezes as
chances de desencadear ansiedade.

5. Em relação às causas, pode-se destacar: tecnologia, sedentarismo, falta de motivação por meio de
familiares para a prática de atividades físicas.

6. De acordo com a reportagem, “No últimos anos, diversos estudos científicos apontaram que substâncias
extraídas da cannabis, como o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabidiol (THC), seu princípio psicoativo,
podem ser usados para fins medicinais, em terapias para pacientes com dores crônicas e outras
enfermidades graves, como câncer, epilepsia e fibromialgia”. Assim, é importante destacar que por mais
que haja uma problemática na liberação das drogas no país, a utilização da “maconha medicinal” é vital
para o tratamento de diversas doenças, muitas vezes, sem cura, de modo que melhore a qualidade de
vida do paciente.

7. A pandemia do novo coronavírus provocou mais de 100 mil mortes só no Brasil e a cada dia, diversos
institutos de pesquisa brasileiros e internacionais estão em busca de medicação que possa tratar o vírus
e também imunizar a população contra a doença. A pesquisa realizada pelos pesquisadores da UFRJ
ilustra a importância em investimento governamental na pesquisa científica, visto que a partir desse
investimento, é possível que estudantes e pesquisadores desenvolvam e promovam a evolução da
medicina.

8. Em relação ao movimento antivacina, é importante destacar que não é somente um problema individual,
mas, sim, um problema de saúde pública. Em primeiro lugar, destaca-se o retorno de doenças já

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Redação

erradicadas devido à falta de imunização de certos grupos. Além disso, há diversas pessas que não
podem se imunizar devido à doenças crônicas ou outros fatores e, por isso, necessitam da chamada
“imunidade de rebanho”, que é um efeito de proteção que surge em uma população quando uma
porcentagem alta de pessoas se vacinou contra uma certa doença.

9. Redação exemplar

A série televisiva “Sob pressão” retrata os problemas vividos no sistema público de saúde brasileiro: a
falta de profissionais, de equipamentos, de medicação e de insumos necessários para o trabalho e
cuidado com o próximo. Embora seja uma produção fictícia, busca retratar o espectador acerca da
precariedade dos hospitais e as condições de trabalho dos médicos. No entanto, por mais que esses
problemas sejam frequentemente discutidos, há outro que também merece discussão no país, visto que
a desumanização do atendimento ao paciente prioriza a rapidez no atendiimento e abandona-se o
quesito humanístico da profissão.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar a perda dos médicos ditos da “família”. Atualmente, encontra-se muitos
profissionais da saúde que estão mais preocupados em atender a maior quantidade possível de pacientes
do que atende-los com qualidade. No entanto, em grandes clássicos da literatura nacional e estrangeira,
o que se retratava em épocas anteriores era sobre o exercício da medicina reconhecido não só pelo seu
“status” social, mas também pelo cuidado e atenção que o profissional tinha com as pessoas que
precisavam de assistência e as respectivas famílias, tanto por analisar o contexto do enfermo quanto
pela cura de sua doença, por exemplo, o marido de Madame Bovary na obra de Flaubert que visitava seus
pacientes frequentemente até a cura.

A medicina, porém, tomou um caminho técnico e frio. À medida que os recursos avançam no tratamento
de doenças, os pacientes são cada vez mais tratados apenas como registros de identificação. A atenção
individual que os profissionais dedicavam foi perdida ao acompanhar o ritmo da sociedade que busca
rapidez e soluções impacientes. Isso pode ser ilustrado de acordo com o pensamento do sociólogo
polonês Zygmunt Bauman, visto que vivemos em uma época de artificialidade nas relações humanas e,
dessa forma, a lógica do imediatismo atinge até mesmo a questão da saúde. Logo, o médico deve saber
aproveitar as altas tecnologias, mas também não se esquecer dos valores humanísticos e filosóficos da
profissão.

Fica claro, portanto, que se deve investir em recuperar valores passados nos quais o paciente era tratado
de forma mais humana. Dessa forma, é importante que o Ministério da Educação, em parceria com o
Ministério da Saúde, deve propor uma alteração nas grades curriculares dos cursos de biomédicos, por
meio da inclusão de disciplinas que abordem a humanização do atendimento dos pacientes. Essa
proposta terá como objetivo promover a reflexão dos estudantes da área da saúde de modo que tenham
mais cuidado para lidar com a vida do outro e, futuramente, possa-se rever os princípios médicos vistos
em textos literários de antigamente.

10. Redação exemplar

Século XIX: China, Guerra do Ópio. Século XXI: Colômbia, Forças Revolucionárias da Colômbia. O mal
causado pelas drogas não se restringe a um país ou a uma época. É um problema que vem assolando
gerações inteiras por um longo período de tempo. Além da violência já mencionada, afeta a saúde do
indivíduo e o equilíbrio da sociedade. Nesse sentido, faz-se necessária uma análise desse hábito nocivo,
porém já enraizado, e procurar soluções para combatê-lo.

Em primeiro lugar, devemos destacar o porquê de esse costume se sustentar após séculos na sociedade.
Há quem faça uso de tóxicos – como é o caso do próprio álcool – apenas de forma recreativa, contudo,
de acordo com estimativas da ONU, 27 milhões de pessoas são viciadas em entorpecentes e similares.
Nesse contexto, surge um hábito ruim, que, segundo Charles Dunnig, em “O poder do hábito”, está ligado
à ideia de que um estímulo gera a expectativa de resposta no cérebro do indivíduo. A droga é o estímulo,
e a respostas, muitas vezes, são a fuga de uma realidade da qual se quer escapar.

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Redação

Além disso, é preciso dimensionar o problema a ser enfrentado. O tráfico de drogas, hoje, é um negócio
altamente lucrativo, atuando de maneira habitual em todos os cinco continentes, sendo, em muitos
lugares, fácil ter acesso a elas. Partindo, ainda, do pressuposto de que as drogas são substâncias que
em contato com o organismo do indivíduo alteram seu funcionamento normal, conclui-se que dosagens
constantes e elevadas dessas substâncias geram graves problemas de saúde. Por não se limitar a um
país e ter proporções alarmantes, podemos dizer, então, que é uma questão de saúde pública mundial.

Nesse sentido, ainda, deve-se apontar o problema social relacionado ao uso de drogas. No Brasil, por
exemplo, onde as “crackolândias” se tornaram parte integrante da paisagem de várias cidades, vê-se
cada vez mais uma segregação no espaço urbano. Isso porque, em regra, zonas mais carentes são
apontadas como centro de consumo dessas substâncias, quando, na verdade, tal prática está presente
em todos os estratos da sociedade. A própria maconha, considerada “relaxante”, é prova disso, presente
nos mais variados ambientes, desde o ator de novela ao porteiro do prédio. Nesse sentido, é uma mazela
quase que democrática.

Dessa forma, portanto, fica claro que o problema em voga é bem mais amplo e complexo do que aparenta.
É preciso, nesse contexto, um esforço conjunto para dirimir o problema. Cabe aos governos, com o apoio
da Organização Mundial da Saúde e da ONU, criarem programas de reabilitação mais completos, fazendo
parcerias com ONGs e com Universidades, por meio de seus especialistas e pesquisadores. Além disso,
a escola e a família também têm papel fundamental no que diz respeito à prevenção. Por fim, a mídia,
como grande formadora de opinião, pode reforçar a mensagem do quão nocivo é o consumo de tais
substâncias. Solucionar a questão das drogas é um processo longo, mas é preciso que se dê o primeiro
grande passo.

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Redação

Uso da vírgula

Resumo

Se você viu, há algumas aulas, nossa análise da banca do ENEM, sabe que a competência 1 analisa a
modalidade escrita culta da língua, né? Em poucas palavras, esse critério vê e corrige erros na sua escrita,
de diferentes naturezas. Se você já sabe tudo isso, então também deve ter noção de que o maior número de
erros nessa competência está relacionado ao uso da vírgula. De fato, o uso correto da pontuação na redação
tem muito a acrescentar às informações apresentadas, uma vez a que as vírgulas podem alterar o significado
do que se fala. Vamos aprender, então, algumas dicas importantes sobre esse uso? Um texto sem erros de
uso da vírgula já tem um pé no 1000!

Disponível em: https://www.buttersafe.com/

Principais usos da vírgula


1. Isolar o vocativo
Todo mundo conhece o vocativo, né? Sim, aquele termo utilizado como forma de chamamento no discurso
direto. O vocativo precisa ser isolado por uma vírgula, sempre. Quando estiver no início da frase, por uma;
no meio, por duas. Sabe quando a sua mãe quer te dar uma bronca, esquece logo o apelido fofo e parte para
o nome completo? É neste momento que ela usa a vírgula com vontade: “Joaquim, venha aqui agora! ”

2. Isolar o aposto explicativo


Sabe quando você precisa explicar, tornar mais clara alguma coisa na sua redação? É exatamente nesse
momento, quando você for utilizar um aposto explicativo, que a vírgula deve aparecer. Quando o Rafa for dar
essa aula, podemos anunciá-la assim: “Hoje, Rafael Cunha, o príncipe da Redação, vai te ensinar a nunca
mais esquecer os diferentes usos da vírgula! ”

1
Redação

3. Enumerar mais de dois elementos


Um exemplo já explica bem este uso: “No Descomplica, você encontra aulas ao vivo diárias, correção de
redação, monitorias e muito mais!” Muitas vezes, ao mostrar dados, exemplos, fatos, é necessário enumerar
algumas coisas. A vírgula, aqui, funciona muito bem.

4. Trabalhar a coesão textual


Lembra-se da aula de coesão? Quando citamos a coesão referencial, que trabalha evitando repetições,
sempre citamos a vírgula. Com um bom uso da vírgula evitando a repetição de verbos em uma oração, sua
nota na competência 4 vai lá no alto! Exemplo: "Minha irmã faz faculdade de Direito; eu, de Medicina."

5. Isolar expressões explicativas


Quando você precisa explicar ou exemplificar alguma coisa, a vírgula sempre funciona bem. Expressões
como “ou melhor”, o “ou seja”, o “isto é”, “por exemplo”, etc. precisam ter a vírgula por perto, acompanhando,
para que tenham o destaque merecido. Elas são importantes na retificação de algumas informações,
deixando tudo mais claro. Apesar desse uso interessante, vale uma dica: evite utilizar tais expressões na
redação. Quando, no texto, surge um “ou melhor”, por exemplo, é como se você estivesse admitindo para o
leitor que tudo o que foi dito antes não ficou tão claro, ou seja, é como se estivesse desmerecendo suas
próprias palavras.

6. Anteceder conjunções adversativas, como, mas, porém, contudo, todavia, explicativas, como: pois,
porque, e suceder conectivos conclusivos, como logo e portanto.

"Nós sabemos que o vestibular cansa, mas é só este ano! Depois passa!"

7. Anteceder a conjunção “e”, quando o sujeito das orações for diferente

"Bruna foi ao shopping, e Manoel foi à praia."

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Redação

Exercícios

1. Atendo-se aos enunciados que seguem, sua tarefa consistirá em analisá-los, levando em
consideração o uso ou não da vírgula. Em seguida, ative seus conhecimentos no sentido de deixar
registradas as impressões obtidas por meio de tal análise.

A mãe da garota eufórica resolveu buscá-la mais cedo no colégio.


A mãe da garota, eufórica, resolveu buscá-la mais cedo no colégio.

2. Justifique as vírgulas empregadas nas seguintes frases:


a) “Em 1695, sete mil homens veteranos marcharam sobre Palmares.”

b) “E vive ainda a lembrança do último Zumbi, o rei de Palmares, o guerreiro que viveu na morte o seu
direito de liberdade e de heroísmo...”

3. Assinale a opção em que está corretamente indicada a ordem dos sinais de pontuação que devem
preencher as lacunas da frase ao lado: Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
ser consideradas ___ uma é a contribuição que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que
possa ter.
a) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
b) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula
c) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
d) ponto e vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
e) ponto e vírgula, vírgula e vírgula

4. Assinale a sequência correta dos sinais de pontuação que devem ser usados nas lacunas da frase
abaixo. Não cabendo qualquer sinal, O indicará essa inexistência.
Aos poucos ____ a necessidade de mão de obra foi aumentando ____ tornando-se necessária a
abertura dos portos ____ para uma outra população de trabalhadores ____ os imigrantes.
a) O - ponto e vírgula - vírgula - vírgula
b) O - O - dois pontos - vírgula
c) vírgula - vírgula - O - dois pontos
d) vírgula - ponto e vírgula - O - dois pontos
e) vírgula - dois pontos - vírgula – vírgula

3
Redação

5. Assinale a alternativa cujo período dispensa o uso de vírgula:


a) Nesse trabalho ficou patente a competência dos jovens frente à nova situação.
b) O autor busca um meio capaz de gerar um conjunto potencialmente infinito de formas com suas
propriedades típicas.
c) Apreensivo ora se voltava para a janela ora examinava o documento.
d) Suas palavras embora gentis continuam um fundo de ironia.
e) Tudo isto é muito válido mas tem seus inconvenientes.

6. Assinale a opção em que o emprego da vírgula está em desacordo com as prescrições das regras
gramaticais da norma culta:
a) Com a vigência da nova lei, as instituições puderam usar processos alternativos ao vestibular
convencional, baseado, principalmente, na avaliação dos conteúdos. (Folha de S. Paulo,
24/8/1999.)
b) Elevar-se é uma aspiração humana a que música, essa arte próxima do divino, assiste com uma
harmonia quase celestial. (Bravo!, 7/1998.)
c) Estamos começando a mudar, mas ainda pagamos um preço alto por isso. (IstoÉ, 5/11/1997.)
d) Medicamentos de última geração, aliás, são apenas coadjuvantes no tratamento dos males do
sono. (Época, 3/8/1998.)
e) Acho impossível, e mesmo raso, analisar que é o teatro infantil fora de um contexto social. (O
Estado de S. Paulo, 4/7/1999.)

7. Em cada um dos retângulos abaixo, você poderá colocar ou não um sinal de pontuação. Sua decisão
não deverá contrariar as regras de pontuação vigentes. Quando decidir utilizar ponto, não é necessário
corrigir, com letra maiúscula, a palavra seguinte. Não reescreva o texto.

Quem ensina ou orienta [ ] precisa desenvolver [ ] a habilidade de ser empático [ ] a empatia [ ]


consiste [ ] na capacidade de colocar-se [ ] no lugar do outro [ ] de ver as coisas da perspectiva dele
[ ] por exemplo [ ] uma professora [ ] ao avaliar um novo jogo de palavras cruzadas destinado a
ampliar [ ] o vocabulário de suas crianças [ ] pode achá-lo fascinante [ ] mas deve perguntar-se [ ]
se as crianças lidarão bem com o novo jogo [ ] será que elas vão gostar [ ] será que vão entender as
regras de funcionamento [ ] será que o vocabulário vai realmente ser ampliado [ ]

8. Leia o fragmento abaixo, do conto A Cartomante, de Machado de Assis. Depois, responda às


perguntas.

"Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o
estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a
repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua
Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de
passagem para a casa da cartomante."

Justifique o uso da vírgula depois da conjunção e, no seguinte trecho do texto: "... e, por mais que a
repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado...

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Redação

9.

Na tira de Garfield, a comicidade se dá por uma dupla possibilidade de leitura.

a) Explicite as duas leituras possíveis e explique como se constrói cada uma delas.
b) Use vírgula(s) para discernir uma leitura da outra.

10. E se baratas, ratos, moscas e mosquitos fossem exterminados? O mundo seria bem menos nojento -
essa é a opinião de muita gente. Mas pense bem: as consequências ruins seriam maiores que as boas.
Lembre-se das aulas na escola sobre equilíbrio ecológico. Baratas, ratos, moscas e mosquitos são
elos fundamentais da cadeia alimentar da qual você também faz parte. Por mais estranha que a ideia
possa parecer, sua vida depende dos pernilongos. Odair Correa Bueno dá um exemplo: "Larvas de
mosquitos se alimentam de partículas em suspensão na água e também servem de comida para
peixes. Sem essas larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios e faltaria alimento para os
peixes."
Cláudia de Castro Lima

Assinale o par de frases em que as vírgulas foram empregadas de acordo com a mesma regra.
a) E se baratas, ratos, moscas e mosquitos fossem exterminados?
Por mais estranha que a ideia possa parecer, sua vida depende dos pernilongos.
b) Baratas, ratos, moscas e mosquitos são elos fundamentais da cadeia alimentar…
Sem essas larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios…
c) Por mais estranha que a ideia possa parecer, sua vida depende dos pernilongos.
Sem essas larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios…
d) Baratas, ratos, moscas e mosquitos são elos fundamentais da cadeia alimentar…
Por mais estranha que a ideia possa parecer, sua vida depende dos pernilongos.
e) E se baratas, ratos, moscas e mosquitos fossem exterminados?
Sem essas larvas, muita matéria orgânica se acumularia nos rios…

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Redação

Gabarito

1. Em se tratando do enunciado primeiro, não identificamos o uso da vírgula, fato perfeitamente


compreensível de modo que o adjetivo “eufórica” seja um adjunto adnominal. Nesse sentido, cabe
ressaltar que o termo faz referência à garota, não à mãe.
Já no segundo, deve-se haver o uso da vírgula, pois é o caso de um aposto explicativo que,
necessariamente, deve aparecer precedida desse sinal de pontuação. Nesse caso, o termo traz
referência à mãe da garota.
2.
a) O uso da vírgula está em concordância com o padrão formal da linguagem, por se tratar de um
adjunto adverbial de tempo.
b) Adequado ao padrão formal da linguagem, deve-se haver o uso da vírgula, que se trata de um aposto
explicativo, fazendo referência ao termo anterior, “último Zumbi”.

3. C
A primeira vírgula separa os termos sintáticos de uma mesma caracterização; os dois pontos trazem
uma explicação ao texto (sendo as duas coisas que devem ser consideradas); por fim, o ponto e vírgula
separam termos quando enumerados.

4. C
As duas vírgulas iniciais separam, novamente, termos de uma mesma caracterização sintática, não
tendo necessidade de colocar vírgula no espaço seguinte e, por fim, trazer a explicação de algum termo
por conta dos “dois pontos”.

5. B
Nesse trabalho ficou patente a competência dos jovens, frente à nova situação.
O autor busca um meio capaz de gerar um conjunto potencialmente infinito de formas com suas
propriedades típicas.
Apreensivo, ora se voltava para a janela, ora examinava o documento.
Suas palavras, embora gentis, continuam um fundo de ironia.
Tudo isto é muito válido, mas tem seus inconvenientes.

6. A
Com a vigência da nova lei, as instituições puderam usar processos alternativos ao vestibular
convencional baseado, principalmente, na avaliação dos conteúdos.

7. Quem ensina ou orienta, ou precisa desenvolver a habilidade de ser empático. A empatia consiste na
capacidade de colocar-se no lugar do outro, de ver as coisas na perspectiva dele; (ou , ou .) por exemplo,
uma professora, ao avaliar um novo jogo de palavras cruzadas destinado a ampliar o vocabulário de
suas crianças, pode achá-lo fascinante, (ou ;) mas deve perguntar-se se as crianças lidarão bem com o
novo jogo: (ou .) será que elas vão gostar? Será que vão entender as regras do funcionamento? Será que
o vocabulário vai realmente ser ampliado?

8. Usa-se a vírgula para separar a oração adverbial "por mais que a repreendesse", que aparece intercalada.

9.
a) A comida, que é para gatos, tem pouca gordura: nesse caso, "pouca gordura" é característica da
comida para gatos.
A comida é para gatos que tenham pouca gordura: nesse caso, "pouca gordura" está se referindo
aos gatos.
b) 1º - Comida, para gato, com pouca gordura. 2º - Comida, para gato com pouca gordura.

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Redação

10. C
A vírgula foi empregada com a finalidade de separar os termos deslocados. Dessa forma, a alternativa
correta é a letra c.

7
Redação

Eixo temático: pensadores contemporâneos

Resumo

Para mais uma aula de eixo temático, trabalharemos, aqui, pensadores contemporâneos e suas mais famosas
teorias, a fim de passearmos por conceitos mais recentes, ligados a algumas temáticas atuais que envolvem
nossa vivência de cultura e sociedade. O objetivo é dar a você a possibilidade de falar sobre qualquer tema
com sustentações mais recentes e, é claro, famosas, a fim de convencer - e impressionar - o leitor. Vamos
juntos?

Contextualização: história – idade contemporânea


De acordo com a história, a Idade Contemporânea tem seu início com
a queda da Bastilha, em 14 de julho 1789, marco principal para o início
da Revolução Francesa. É um período que não só ocorre a
consolidação do sistema capitalista, como também demonstra o
enfraquecimento de monarquias e seu sistema hierarquizado. Assim,
seguidos de movimentos importantes, como o poderio de Napoleão
Bonaparte, a Revolução Russa, guerras mundiais e o avanço
tecnológico, essa medida histórica é tomata até os dias atuais, sendo,
então, caracterizado como contemporâneos todos aqueles que
permeiam os séculos XVIII, XIX, XX e XXI.
Dessa maneira, uma vez entendendo os conceitos da
de Eugène Delacroix (1830).
contemporaneidade, para a redação do ENEM, bem como também
para uma melhor compreensão individual e coletiva sobre os quesitos que desdobram o contexto social, faz-
se necessário desenvolver e garantir conhecimentos externos que permeiem todas as áreas e disciplinas. Por
isso, aqui será discutida a aplicabilidade e definição de pensadores contemporâneos, e também suas obras
e teorias mais importantes.

Alguns pensadores contemporâneos: obras e teorias


• Hanna Arendt: banalidade do mal
Uma das teóricas políticas mais influentes do século 20, Arendt desenvolveu o conceito da pluralismo
política, um dos princípios básicos das democracias modernas. Vejamos:
“A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos”
A preservação do espaço público é tema constante e de grande relevância no pensamento de Arendt:
essa seria a única forma de assegurar as condições da prática da liberdade e da manutenção da
cidadania. Seu livro mais famoso, A Condição Humana, busca, entre outros questionamentos
importantes, compreender como e por que regimes totalitários se fortalecem.

“Poder e violência são opostos; onde um domina absolutamente, o outro está ausente”
O último livro publicado por Arendt, em 1963, traduzido no Brasil sob o título Sobre a Violência, é
inteiramente dedicado a compreender por que o mundo vivia (e ainda vive) uma escalada de destruição
e guerras. Ela mostra que a glorificação da violência não se restringe à minoria de militantes e

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Redação

extremistas. E que a base do poder é, na realidade, convivência e cooperação. Segundo Arendt, a


violência destrói o poder, pois se baseia na exclusão da interação e da cooperação entre as pessoas.
(Disponível em: https://bityli.com/4re5V)
• Pierre Levy: conceito de cibercultura
Filósofo e sociólogo, Pierre vem dedicado sua vida acadêmica em discutir os efeitos e desdobramentos
do mundo virtual, pensando nos seus impactos perante aos indivíduos e ao coletivo.
“O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas
também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam
e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas
(materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.”
(LÉVY, Pierre. Cibercultura 1999, p. 17)
• Jean Paul Sartre: o homem está condenado a ser livre
Representante da teoria do existencialismo, Sartre fora um filósofo e sociólogo francês, que acreditava
que os intelectuais tinham um grande papel para a atividade social. Assim, configurou suas escritas no
imaginário do indivíduo:
“Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca
podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o
seja para todos.”
(SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo, 1978.)
• Florestan Fernandes: Mito da democracia racial
Sociólogo e político brasileiro, lutou para a representatividade e direitos de populações minoritárias,
assim como também discorreu sobre a falácia da democracia étnica presente no país.
“O negro vai ser sempre, enquanto não houver democracia no Brasil, o nosso melhor ponto de referência
para determinar que o Brasil não é uma sociedade democrática. (...) Uma democracia deve ser um
regime político, econômico, cultural, social que permite estabelecer igualdade entre todas as raças.”
(Entrevista para o programa Vox Popolli, 1984)
• Simone de Beauvoir: invisibilidade social
Filósofa e socióloga francesa, Beavoir fora extremamente importante para a construção da visão da
mulher, pensada nos sistemas de hierarquia e dominação do patriarcado.
"Homem é a definição de ser humano e mulher é a definição de fêmea - quando ela se comporta como
ser humano, ela diz que imita o homem"

"Toda opressão cria um estado de guerra; essa não é a exceção"


"No dia em que for possível à mulher o amor não em sua fraqueza, mas em sua força, não para escapar
de si mesma, mas para se encontrar, não para se abater, mas para se afirmar. Naquele dia o amor se
voltará para ela, assim como para o homem, a fonte de vida e não de perigo mortal. Enquanto isso, o
amor representa em sua forma mais tocante a maldição que confina a mulher em seu universo feminino,
mulher mutilada, insuficiente em si mesma"
(Trechos de sua obra, O Segundo Sexo.)
• Sergio Buarque de Holanda: O homem cordial/cordialidade brasileira
Historiador e crítico literário brasileiro, Holanda construiu algumas reflexões sobre o passado conturbado
e ilusório da nação, enquanto colônia, monarquia e república. Pensando na cordialidade brasileira,
dialogou sobre o paradoxo do brasileiro cordial, uma vez que a sociedade se torna recepctiva com
nacionalidades europeias e estadunidenses, mas não recebe da mesma maneira nativos indígenas,
afrodescendentes, dentre outras nações economicamente desfavorecidas.
“Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra
tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos

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Redação

figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais interessantes e mais
importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história.”
(Trechos de sua obra, Livro dos Prefácios.)

• Zygmunt Bauman: Modernidade liquída


O sociólogo polonês é famoso por suas perspectivas de sociedade contemporânea pós-era moderna,
tendo uma visão efêmera das relações humanas. Possui obras como: Modernidade líquida, tempos
líquidos e modernidade e holocausto.
“Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente. Na sociedade
contemporânea, nada é feito para durar.”

“O capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo
período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento.”
(Trechos de obras e entrevistas concedidas pelo autor.)

• Marilena Chauí: filosofia e política brasileira


A filósofa e professora da Universidade de São Paulo, Marilena Chauí, aborda a questão da liberdade,
necessidade e paixão, sobretudo no contexto brasileiro.
“As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar em política, recusam-se a
participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunho políticos, afastam-se de tudo
quanto lembre atividades políticas, mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão
fazendo política, pois estão deixando que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política
existente continue tal qual é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política.”

“A lógica ideológica só pode manter-se pela ocultação de sua gênese, isto é,a divisão social das
classes,pois sendo missão das ideologias dissimular a existência dessa divisão, uma ideologia que
revelasse sua própria origem se autodestruiria.”
(Trechos de obras e entrevistas concedidas pela autora.)

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Redação

Exercícios

1. Analise a tira abaixo..

Qual é a interpretação presente na tira de Mafalda? Busque realizar a reflexão, abordando algum
pensador da contemporaneidade visto que possa refletir essa inversão de valores cotidianos lidos em
jornais, revistas, reportagens, etc.

2. "Agora, o futuro é que está marcado no lado do débito, denunciado inicialmente por sua não-
confiabilidade e por ser incontrolável, com mais vícios que virtudes; enquanto a volta ao passado, com
mais virtudes que vícios, é marcada na coluna do crédito – como um lugar ainda de livre escolha e do
investimento ainda não-desacreditado de esperança.”

O trecho faz parte da introdução do livro póstumo de Zygmunt Bauman, “Retrotopia", ainda não lançado
no Brasil, revelada em parte em entrevista à publicação online britânica Spiked - e traduzido para o
português por Inês Castilho, para o blog Outras Palavras. A fala faz referência ao conceito de
“retrotopia”, que dá nome à obra, e que consiste em uma idealização infantil do passado. Desenvolva
melhor essa definição e apresente exemplos do cenário de crise atual - que caracteriza, de certa
maneira, a sociedade líquida desenhada pelo filósofo - que fundamentem essa descrença no futuro.

3. Analise a imagem a seguir.

(Disponível em: https://bityli.com/hP1LC | Acesso em 11.08.2020)

4
Redação

Ao contemplar a imagem acima, é possível perceber um comportamento extremamente usual por parte
dos indivíduos, alí representados e inseridos em um avião. Como pode ser refletida essa imagem,
pensando na contemporaneirade? De que modo ela se envolve com as reflexões comportamentais em
massa e a dificuldade de se distanciar do comum? Busque refletir, pensando no embasamento de
pensadores já estudados.

4. TEXTO I
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente,
em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos
julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos?
Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi
tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo […]. É um problema de fé em si mesmo.
O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas.
(RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.)

TEXTO II
A melhor banda de todos os tempos da última semana
As músicas mais pedidas
Os discos que vendem mais
As novidades antigas
Nas páginas dos jornais
Um idiota em inglês
Se é idiota, é bem menos que nós
Um idiota em inglês
É bem melhor do que eu e vocês
A melhor banda de todos os tempos da última
semana
O melhor disco brasileiro de música americana
O melhor disco dos últimos anos de sucessos
do passado
O maior sucesso de todos os tempos entre os
dez maiores fracassos
(TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana.
São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).)

O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática com “o nosso vira-latismo”, presente
no Texto I, é:
a) “As novidades antigas”.
b) “Os discos que vendem mais”.
c) “O melhor disco brasileiro de música americana”.
d) “A melhor banda de todos os tempos da última semana”.
e) “O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos”.

5
Redação

5. Analise a charge a seguir.

(Disponível em: https://bityli.com/XLjDv | Acesso em: 11.08.2020)


Por meio da obra acima, é possível perceber que manifestações étnicas em busca de direito perduram
a trajetória histórica da nação brasileira. Visualizando a charge, atrelado aos conhecimentos sobre os
pensadores contemporâneos e a problemática do racismo estrutural no país, reflita sobre as
dificuldades de reconhecimento de direitos, bem como as motivações para a perpetuação da violência
contra minorias sociais.

6. Levando em consideração as ideias que você aprendeu em aula, seu trabalho, agora, é discutir um tema,
com base em algumas das teorias trabalhadas. Em seguida, vá ao gabarito e analise a redação
exemplar, confirmando os argumentos levantados durante a discussão. Vamos lá?
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema
A cordialidade brasileira e suas consequências em questão no século XXI, apresentando proposta de
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade
— daremos ao mundo o “homem cordial”. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes
tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter
brasileiro, na medida, ao menos, em que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões
de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal. Seria engano supor que essas virtudes
possam significar “boas maneiras”, civilidade. São antes de tudo expressões legítimas de um fundo
emotivo extremamente rico e transbordante.
( )

6
Redação

TEXTO II
Poucos conceitos se prestam a tamanha confusão quanto o de “homem cordial”, central no livro Raízes
do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). Logo após a publicação da obra em
1936, o escritor Cassiano Ricardo implicou com a expressão. Para ele, a ideia de cordialidade, como
característica marcante do brasileiro, estaria mal aplicada, pois o termo adquirira, pela dinâmica da
linguagem, o sentido de polidez – justamente o contrário do que queria dizer o autor.
A polêmica sobre a semântica teria ficado perdida no passado não fosse o fato de que, até hoje, muitas
pessoas, ao citar inadvertidamente a obra, emprestam à noção de Buarque de Holanda uma conotação
positiva que, desde a origem, lhe é estranha. Em resposta a Cassiano, o autor explicou ter usado a
palavra em seu verdadeiro sentido, inclusive etimológico, que remete a coração. Opunha, assim,
emoção a razão.
Apesar do zelo do autor, no entanto, o equívoco persistiu. Afinal, o que haveria de errado na cordialidade
brasileira, nesse sentido de afetuosidade típica de um povo? Não haveria nada condenável se a
afabilidade se desse em ambiente privado, em relações entre familiares e amigos. A expressão “homem
cordial”, a propósito, fora cunhada anos antes, por Rui Ribeiro Couto, que julgou ser esse tributo uma
contribuição latina à humanidade.
O problema surge quando a cordialidade se manifesta na esfera pública. Isso porque o tipo cordial –
uma herança portuguesa reforçada por traços das culturas negra e indígena – é individualista, avesso
à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais e afeito ao paternalismo e ao compadrio,
ou seja, não se trata de um perfil adequado para a vida civilizada numa sociedade democrática.
(Disponível em: https://bityli.com/lhVCl)

TEXTO III
Um dos estereótipos mais arraigados em relação à cultura brasileira é a de que somos um povo alegre,
hospitaleiro e festeiro. Ora, de cada 100 assassinatos ocorridos no mundo, 13 verificam-se no Brasil. O
pensamento machista domina a sociedade de alto a baixo —uma em cada três pessoas (homens e
mulheres) acredita que o estupro ocorre por causa do comportamento feminino. A violência no trânsito
é responsável pela terceira maior causa de óbitos no Brasil, logo após as doenças cardíacas e o câncer.
Talvez tenhamos que repensar o caráter do brasileiro. Afirmar que os brasileiros somos naturalmente
alegres é desconhecer a insatisfação latente que vigora nos trens, ônibus e vagões de metrô lotados.
Falar que os brasileiros somos tolerantes é desconhecer nosso machismo, nossa homofobia, nosso
racismo. Dizer que os brasileiros somos solidários é desconhecer nossa imensa covardia para assumir
causas coletivas. A frustração, como já alertou uma canção do Racionais MC, é uma máquina de fazer
vilão. No fundo, estamos empurrando a sociedade para o beco sem saída do autismo social.
(Disponível em: https://bityli.com/Th0AV)

7
Redação

Gabarito

1. Resposta pessoal.

2. Retropia tem, por entendimento, um neologismo que se baseia na visão utópica de um passado em relação
ao presente. Quanto aos movimentos do cenário brasileiro e à crise atual, a retropia se instala a partir do
momento em que há uma comoção nacional para a volta de costumes e situações que não se lembram
por completo, como exemplo a ditadura militar. Esse pensamento ocorre em tempos de instabilidade
social, por conta de uma visão desesperadora de melhoria.

3. Resposta pessoal.

4. C
Segundo Nelson Rodrigues, “Por "complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se
coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na
própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”.
Assim, atrelado ao excerto que contém a música, é possível perceber que os discos brasileiros, uma vez
que produzidos, não conseguem se igualar às produções americanas, apresentando uma inferioridade já
internalizada.

5. Resposta pessoal.

6. Em sua obra “A casa e a rua”, Roberto DaMatta revisita a ideia do homem cordial ao mostrar que, na teoria,
o ambiente privado é o lugar do uso da emoção acima da razão, enquanto, no meio público, a moral, as
leis coletivas regem o indivíduo. Parece, porém, que, nos dias de hoje, a prática tem sido diferente: na
sociedade do “jeitinho” brasileiro, o que tem espaço são as pequenas corrupções, a malandragem,
reduzindo os limites entre o espaço coletivo e o privativo e formando um sujeito que só age com o coração.
Antes de tudo, é importante analisar, ao longo da história, a construção do brasileiro que deixa de lado a
razão em qualquer situação. Analisando a obra de Gilberto Freyre, por exemplo, desde os tempos de
escravidão a relação dos senhores com as escravas que trabalhavam na casa-grande parecia justificar
todo o processo de escravização. Todo e qualquer auxílio dentro do ambiente familiar aproximava as
negras e, consequentemente, mantinha fortes os laços, apesar da condição segregacionista.
Nos dias de hoje, a cordialidade continua presente. Isso porque, em um contexto de frequentes casos de
corrupção em partes importantes do governo, os pequenos “jeitinhos”, que parecem ter sido esquecidos,
são parte da cultura brasileira e têm muita relação com a emoção. Tentativas de suborno e contratações
ilegais de familiares em cargos públicos são exemplos comuns de ações em diversas áreas do país, o que
confirma a existência de uma sociedade que, em detrimento da razão, coloca as relações pessoais em
primeiro lugar e burla regras nas decisões diárias.
Torna-se evidente, portanto, a predominância do indivíduo cordial, que prioriza o coração e deixa de lado
as regras morais do coletivo. Buscando resolver isso, é importante que o poder público, em um trabalho
de fiscalização, identifique os casos de pequenas corrupções, classifique-os como crime e julgue cada
um. No mesmo contexto, a mídia pode denunciar e debater essas ações em ficções engajadas e divulgar
as medidas por parte do governo. A escola, formadora de opinião, pode trabalhar esse comportamento na
raiz, mostrando a necessidade de, no ambiente coletivo – ou na rua de Roberto DaMatta -, a moral imperar
nas atitudes do indivíduo, de forma que, em pouco tempo, a separação entre o público e o privado saia da
teoria e, pelo menos no Brasil, se torne prática no meio social.

8
Redação

Eixo temático: violência

Resumo

Vamos para mais um eixo temático do extensivo! E, dessa vez, falaremos de um assunto que está em
evidência na atualidade, principalmente no Brasil: violência. Como você pode imaginar, existem vários tipos
de violência, sendo que alguns, somente há pouco tempo, se tornaram crime. Vamos ver os principais:
• Violência autodirigida (sendo subdividida em comportamento suicida e auto-abuso): é quando a própria
pessoa exerce algum ato violento sobre ela mesma.
• Violência interpessoal: pode ser dividida em familiar/conjugal (quando pessoas do próprio vínculo
exercem atos violentos como maus-tratos de menores, violência doméstica, abuso de menores por
familiares) e comunitária, ou seja, fora do lar (acontecem por pessoas que não têm vínculo ou podem
não se conhecer, podem ser: estupro, agressão sexual, violência entre estranhos, bullying).
• Violência coletiva: significa grupos maiores de indivíduos ou estados cometendo atos violentos, como
crimes de ódio, atos terroristas, falta de atenção para com a pobreza (se tratando do Estado), entre
outros.

O combate à violência no Brasil


Em busca da erradicação da violência, o Brasil desenvolveu, ao longo de sua história, algumas leis
importantes
para os inúmeros casos de violência existentes, vejamos algumas:

• Preconceito: são punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional;
Enem 2016: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

• Lei maria da Penha: criada em 2006, coíbe e pune a violência doméstica contra a mulher.
Enem 2015: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”

• Bullying: Nove anos após a Maria da Penha, a lei criada proibe qualquer agressão psicológica, moral e
física que podem ser consideradas bullying (inclusive alguns casos de intimidação por meio da
internet).

Agora que já discutimos o que é a violência e a importância desse debate na atualidade, principalmente para
o entendimento das problemáticas sociais levantadas nas propostas de redação do ENEM, precisamos
entender que, principalmente na hora da escrita, é necessário encontrarmos soluções para erradicar o
problema. Assim como podemos acompanhar diariamente, a questão da violência não está ligada, somente,
à falta de policiamento, mas sim a diversos pontos como educação e saúde pública.
Dessa forma, selecionamos algumas questões para debatermos em aula e fixarmos esse eixo temático,
vamos juntos?

1
Redação

Exercícios

1. A partir da explicação do eixo temático, estabeleça distinções entre os conceitos de violência física,
violência moral e violência psicológica.

2. “A prisão favorece o aumento da criminalidade na medida em que é, em si, um espaço criminógeno


como já dizia Foucault – e essa essência criminógena da prisão é fortalecida, no caso brasileiro, pelas
condições destes estabelecimentos. As prisões são produtoras de violência. Quanto mais prisões
construirmos, mais violenta se tornará a sociedade.”
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/527112-as-prisoes-sao-produtoras-de-violencia-quanto-
maisprisoes-construirmos-mais-violenta-se-tornara-a-sociedade-entrevista-especial-com-camila-dias

A entrevista com a professora de políticas públicas, Camila Dias, reflete um cenário atual na sociedade
brasileira: A vontade de justiça com as próprias mãos e a necessidade de punição dos infratores.
Diante essa situação, e analisando a situação carcerária nos últimos anos, como podemos entender
a questão da prisão “aumentar a criminalidade e violência”?

3. “O Brasil perde mais cidadãos para a violência a cada ano do que os Estados Unidos durante toda a
guerra do Vietnã. Cerca de 800 mil brasileiros foram assassinados desde o ano 2000, o que equivale
a eliminar toda a população da cidade de João Pessoa. O País teve relativamente um alto nível de
violência no século 19, em parte por causa da escravidão, mas também por causa do código de honra
e do justiçamento que caracteriza sociedades que têm Estados fracos. No entanto, nos anos 1870 a
taxa de homicídios já era bem mais baixa do que é hoje, sugerindo que o Brasil está vivenciando um
processo de descivilização.”
Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/violencia-no-brasil-e-processo-descivilizatorio-diz-professor/

Ao compararmos o Brasil com outros países em vias de desenvolvimento, perceberemos que nossos
índices de violência são altíssimos, mesmo que as nações apresentem abismos sociais idênticos.
Levando em consideração o texto acima, que fator explicaria essa distorção? Compare a sua análise
com o termo “descivilização”, usado pelo professor.

4. Brasil #1 no ranking da violência


Uma pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com
mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino
médio (alunos de 11 a 16 anos) põe Brasil no topo de um ranking de violência em escolas. O
levantamento é o mais importante do tipo e considera dados de 2013. Uma nova rodada está em
elaboração e os resultados devem ser divulgados apenas em 2019.

Na enquete da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,5% dos


professores ouvidos no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos
pelo menos uma vez por semana.
Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do
Brasil, em a Estônia, com 11%, e a Austrália com 9,7%. Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o
índice é zero.
Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-e-1-no-ranking-da-violencia-contra-professores-entenda-
osdados-e-o-que-se-sabe-sobre-o-tema.ghtml

A notícia feita pelo G1 em 2017 aponta a situação do Brasil na questão da violência escolar, com o
foco na violência contra professores. Como podemos entender esses dados, o cenário brasileiro
encontrase em destaque, abaixo de países como Estônia e Austrália.

2
Redação

Ao analisarmos o panorama atual em relação ao trecho grifado, de que forma podemos relacionar
essa condição às responsabilidades governamentais com a má atuação do combate à violência nas
escolas? Qual é o motivo de crianças e jovens produzirem tantos ataques aos professores, formadores
de um ser crítico para a sociedade?

5. Vacina contra violência


Quanto mais estudantes matriculados no ensino médio, menores as taxas de violência e de gravidez
precoce – essa associação está aparecendo no cruzamento de estatísticas feita pela socióloga Felícia
Madeira, responsável pela Fundação Seade, entidade de pesquisa do governo de São Paulo. Lá, se
atualiza todos os anos o IVJ (Índice de Vulnerabilidade Juvenil), criado em 2000.
Ela tem verificado que os índices de homicídios e a maternidade precoce caem mais rapidamente em
lugares da cidade em que diminui o número absoluto de jovens, devido a mudanças demográficas, e
aumenta a matrícula especialmente no ensino médio. Felícia levanta, entre várias hipóteses, a de que
o jovem que se mantém na escola tende a desenvolver uma perspectiva de vida e, ao mesmo tempo,
aprende regras de convivência.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd240407.htm

O estudo ainda não está concluído, mas, segundo ela, uma sugestão é inevitável: os governantes
devem oferecer um pacote de estímulos, inclusive financeiros, para que o jovem permaneça o maior
tempo possível em sala de aula.

O texto do colunista Gilberto Dimenstein, de 2007, apresenta uma proposta de solução para a
problemática instalada sobre a dificuldade da violência. Faça uma análise sobre o texto e descreva
quais mecanismos podem oferecer ações efetivas para a conclusão desse problema que se estende
sobre todo cenário brasileiro atual.

6. Agora é a sua vez! Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo--argumentativo em norma padrão
da língua portuguesa sobre o tema “Justiça com as próprias mãos: problema ou solução?”,
apresentando proposta de ação social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
O físico Stephen Hawking se tornou assunto nos últimos dias por ter inspirado o filme “A teoria de
tudo”, que rendeu ao britânico Eddie Redmayne o Oscar de Melhor Ator neste domingo. Mas o próprio
cosmólogo, que é considerado um dos mais importantes cientistas da atualidade, também deu o que
falar com uma declaração impressionante. Hawking disse que a agressividade é maior falha da raça
humana e que ela “ameaça destruir todos nós”, antes de pedir que as pessoas sejam mais
compreensivas.

— A falha humana que eu mais gostaria de corrigir é a agressividade — disse o astrofísico à menina.
— Ela pode ter sido uma vantagem na época dos homens das cavernas, para que eles pudessem obter
mais comida, território ou uma parceira com quem se reproduzir, mas, agora, ela ameaça destruir
todos nós. Já a qualidade humana que o cientista gostaria de ampliar seria a empatia. — Ela nos une
de uma forma amorosa e pacífica — opinou Hawking.
Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/stephen--hawking--diz--que--agressividade- -ameaca--destruir-
-raca--humana--15412988. Acesso em 7 abr 2015 (adaptado).

TEXTO II
A violência aumenta, o sistema de segurança pública falha e a sensação de impotência e insegurança
cresce. Diante disso, grupos de pessoas resolvem se reunir para, elas mesmas, julgar e penalizar
suspeitos de cometer crimes. Se auto intitulam como “justiceiros”, que buscam fazer a justiça, que
aparentemente não é feita pelo poder público, com as próprias mãos. As “penas” vão de amarrar

3
Redação

suspeitos a postes, humilhação, espancamento e, em alguns casos, até execução. O Brasil, no entanto,
é um Estado Democrático de Direito, ou seja, um país regido por leis que defendem o direito ao
julgamento pelo sistema judiciário e à aplicação de penas não degradantes e que também não incluem
a pena de morte. Portanto, justiceiros também estariam cometendo crimes, de acordo com a lei.
Disponível em: http://vestibular.brasilescola.com/banco--de--redacoes/tema--justica--com--as-- proprias--
maos.htm.Acesso em 7 abr 2015 (trecho).

Texto III
Num país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, arquiva mais de 80% de
inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos “vingadores” é até compreensível.
O Estado é omisso. A polícia, desmoralizada. A Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem, que,
ainda por cima, foi desarmado? Se defender, claro! O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo
de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E
aos defensores dos Direitos Humanos, que se apiedaram do marginalzinho no poste, lanço uma
campanha: “Faça um favor ao Brasil. Adote um bandido!”
Disponível em: http://rachelsheherazade.blogspot.com.br/2014/02/adote--um--bandido.html. Acesso em 7 abr 2015
(adaptado).

7. “O primeiro que matei foi o porteiro que quis impedir a minha entrada sacando uma arma da cintura.
Escondi o cara atrás do balcão, peguei o elevador. Bati no apartamento do Ziff e matei o cara que abriu
a porta. Fui entrando pela casa e matando tudo o que se mexia na minha frente, acho até que matei
um cachorro, um papagaio e um peixinho dourado dentro de um aquário”.

O romance O seminarista, de Rubem Fonseca, traz como protagonista um matador de aluguel


contando em primeira pessoa suas paixões, seus problemas e os assassinatos que cometeu. Depois
de sua namorada ser morta por outro matador, ele procura vingança à sua maneira, como se vê no
trecho acima.

Acerca do excerto lido, comente sobre a problemática da justiça com as próprias mãos e procure
responder à questão: “é justificável cometer um crime para vingar outro crime?”

8. O movimento hoje conhecido como "cultura do cancelamento" começou, há alguns anos, como uma
forma de chamar a atenção para causas como justiça social e preservação ambiental. Seria uma
maneira de amplificar a voz de grupos oprimidos e forçar ações políticas de marcas ou figuras
públicas.

O cancelamento é diferente da trollagem típica de internet, eventualmente com insultos coordenados,


frequente em disputas de opinião entre usuários das redes. O "cancelamento" é um ataque à reputação
que ameaça o emprego e os meios de subsistência atuais e futuros do cancelado. Extremamente
frequente nos Estados Unidos, ela hoje abate personalidade, mas também anônimos.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53537542

Comente acerca do fenômeno conhecido como “cultura do cancelamento” ou “linchamento virtual” e


relacione-o à questão da violência.

9. LEI Nº13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015.


Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território
nacional.
§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimidação sistemática (bullying) todo ato de
violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado
por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la,
causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

4
Redação

§ 2º O Programa instituído no caput poderá fundamentar as ações do Ministério da Educação e das


Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a matéria diz
respeito.
(...)
Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying),
quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar
fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm

O bullying – também conhecido como intimidação sistemática - é um tipo de violência que ocorre sem
motivação evidente, praticado por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas. Acerca dessa
definição, elabore uma proposta de intervenção que possa ser utilizada nessa temática.

10. Reconhecido pela comunidade científica internacional como meio eficaz de prevenção ao coronavírus,
o uso de máscara ainda é um problema para as autoridades sanitárias do país. Em Santos, o
desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, sem a proteção facial, destratou um
guarda municipal que havia lhe abordado. A "carteirada" do magistrado chamou atenção dos
senadores, que, pelas redes sociais, condenaram o comportamento e pediram a sua punição. Em junho,
o Congresso aprovou um projeto obrigando o uso de máscaras em todo o país (PL 1.562/2020).
Fonte: Agência Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/07/20/senadores-condenam-
reacao-de-juiz-sem-mascara-abordado-por-guarda-em-santos

Elabore um comentário de caráter argumentativo acerca do abuso de autoridade presente no Brasil.

5
Redação

Gabarito

1. Violência física: uso intencional de força e poder sobre si mesmo ou outro. / Violência moral: conduta
definida por calúnia, difamação ou injúria. / Violência psicológica: São palavras e atitudes que ferem a
autoestima e segurança do outro, sem a utilização de força.

2. A condição presenciada pelos infratores é precária, uma vez que a superlotação e a falta de projetos que
contemplem a todos que visem a ressocialização do indivíduo são destaques. Por conta desse descaso,
muitas vezes estatal, a reincidência e a volta para a criminalidade são algumas das poucas opções
disponíveis para alguém que termina de cumprir a pena.

3. A diferença do Brasil para outros países é a falta de investimento, tanto em educação para a diminuição
de violência e criminalidade e a dificuldade em transformar o sistema prisional em um espaço de
reclusão para a volta à sociedade. Isso se reflete muito na questão da “descivilização”, perda de valores
morais e éticos de uma mesma civilização, uma vez que a população deixa de garantir direitos e chances
aos ex-detentos e procura desenvolver o pensamento punitivo, em vez trazê-los de volta para a
socialização.

4. A falta de investimento em educação pública, tanto refletido no salário dos professores quanto em
mecanismos de valorização do aluno, por parte governamental, acarreta uma série de problemáticas
quanto ao desenvolvimento dos alunos, como o desinteresse, a falta de vontade de estar em um
ambiente escolar e a falta de respeito para com os profissionais de ensino. Dessa forma, ataques verbais
e físicos são decorrentes, uma vez que eles não se sentem motivados, tampouco os professores, para
tornar o ambiente escolar respeitoso.

5. Como podemos ver na coluna, o autor pressupõe que, no Brasil, a principal solução para se alterar os
índices de criminalidade está na valorização do ensino e na garantia de melhores instituições escolares,
que entendam o aluno e sua vivência familiar, garantindo possibilidades de desenvolvimento a partir de
suas necessidades. Dessa forma, o governo deve investir em educação, proporcionando ambientes
multimodais e interativos para cativar a atenção dos alunos; aulas interdisciplinares e fora do ambiente
de sala podem ser uma solução, também. Além disso, deve-se investir ainda mais em acompanhamento
psicopedagógico individual nas escolas, conhecendo as dificuldades do aluno, de modo a proporcionar
o necessário para seu desenvolvimento.

6. Redação exemplar

Em um país onde a violência vem alcançando patamares assustadores e ganhando cada vez mais
espaço nos noticiários, é até compreensível que a população reaja das mais diversas formas, tentando
com isso se proteger. Entretanto, mesmo que haja morosidade por parte do judiciário e falhas na
segurança pública que precisam ser corrigidas, tomar decisões sem ser por vias legais, como a de fazer
justiça com as próprias mãos, não é a solução para problemas que precisam ser combatidos de outras
formas.

Em primeiro plano, é preciso refletir sobre o atual cenário do sistema judiciário brasileiro. A demora em
julgar os casos que lhes são encaminhados tem contribuído para que haja um descrédito por certa
parcela da população. Em razão disso, a solução encontrada por muitos foi a criação de um júri popular.
Os denominados ‘’justiceiros’’ assumem o papel da polícia e da justiça, caçando, sentenciando e
penalizando os que cometem infrações. Além de não ser em nada contributivo à ordem social, fazer
justiça com as próprias mãos configura-se como uma prática ilegal, uma vez que somente compete às
autoridades constituídas aplicar medidas punitivas.

Além disso, tomar decisões precipitadas pode gerar consequências drásticas. Vítima de boatos
espalhados nas redes sociais, Fabiane Maria de Jesus, moradora de Guarujá, no litoral paulista, foi
acusada de ser uma sequestradora de crianças que atuava na região. Linchada por centenas de pessoas

6
Redação

enfurecidas, ela não teve sequer o direito de se defender, sendo levada, então, à morte. A atuação desses
revoltosos foi uma prova incontestável de que fazer justiça por conta própria está na contramão do que
preconiza o Estado Democrático de Direito, que têm o contraditório e a ampla defesa como garantias
constitucionais.

Fica claro, portanto, que assumir a função que cabe aos órgãos competentes não é o caminho viável. É
indispensável que a população fiscalize e reivindique dos governantes melhorias na área da segurança
pública e no sistema judiciário. Acresce às medidas a necessidade dos usuários das redes sociais
certificarem as informações que são compartilhadas, evitando, assim, os linchamentos. É inadmissível
que a sociedade retroceda e considere como normais as barbáries que são cometidas por aqueles que
procuram agir conforme as suas próprias leis.

7. A questão da justiça com as próprias mãos é uma problemática na sociedade porque não está de acordo
com os princípios previstos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, visto que desrespeita os
princípios de igualdade de julgamento. Ademais, está relacionado, também, a outra problemática, à
descrença na justiça brasileira.

8. A fenômeno conhecido como “cultura do cancelamento” é uma espécie de violência contra o outro, visto
que eventualmente resulta em insultos coordenados por usuários das redes sociais. É uma espécie de
ataque à reputação de determinada pessoa.
Para se informar mais: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53537542

9. De acordo com a Lei nº 13.185, o Ministério da Educação e as Secretarias Estaduais e Municipais de


Educação podem atuar em relação ao combate da intimidação sistemática. Nesse sentido, é importante
que esses órgãos invistam nas escolas brasileiras a partir da promoção de concursos públicos de modo
que o psicopedagogo possa atuar diretamente nas instituições escolares e promova cursos de
capacitação de profissionais que trabalham em escolas para promover o ensino de habilidades
socioemocionais para não só prepar o aluno para o vestibular, mas também a conviver com as diferenças
e respeitar o próximo.

10. Em 2020, começou a vale a Lei de Abuso de Autoridade que visa coibir e punir ações violentas de
desrespeito e humilhação ao próximo no Brasil. Essa legislação é de suma importância, visto que há
agentes públicos brasileiros que abusam de seus cargos e possuem conduta coercitiva. Essa nova
legislação substitui uma antiga legislação existente desde 1965, mas não era abrangete, pois era
exclusiva para o poder Executivo. Assim, espera-se que condutas abusivas sejam punidas e, cada vez
mais, mitigar esse problema na sociedade brasileira.

7
Sociologia

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Sociologia

Instituições Sociais

Resumo

Se há uma coisa que qualquer estudante de sociologia rapidamente aprende e passa a perceber é que todo
ser humano é profundamente moldado pela sociedade em que vive. Naturalmente, isto não significa que não
somos livres ou que não fazemos nossas próprias escolhas. Significa apenas que nossa liberdade não é
absoluta e ilimitada, mas sim situada e contextual. Em suma, nós não somos determinados pela sociedade,
mas somos radicalmente influenciados por ela. Em sociologia, dá-se o nome técnico de socialização a esse
processo de integração do indivíduo na vida social, no qual o sujeito é profundamente moldado pelos
padrões de funcionamento da sua sociedade.
Naturalmente, o processo de socialização não se dá rapidamente e de imediato, mas gradualmente e por
etapas. Os principais agentes responsáveis pela socialização são as chamadas instituições sociais, isto é,
aquelas estruturas e organizações básicas que sustentam e organizam o funcionamento da vida coletiva.
Essas estruturas são coercitivas, exercem pressão sobre os indivíduos e punem os desviantes. Isso ocorre
através da autoridade moral desses organismos que são guardiões das regras e valores que regem a
sociedade. Por serem históricas, ou seja, existirem antes dos indivíduos e continuarem existindo depois
deles, essas instituições superam os indivíduos na sua formação e impacto social.
Enquanto Durkheim define as instituições sociais como entidades garantidoras de coesão social, Talcott
Parsons afirma que as instituições sociais são interações entre indivíduos com papeis duráveis. Já Mauss
e Fauconnet instituições sociais são um conjunto de ideias ou atos coletivos vivenciados pelos indivíduos.
Por essas definições, podemos perceber que, quando falamos de instituições sociais, não se trata da
materialidade da instituição, mas da relação constituída.
Sobre as instituições sociais, podemos afirmar que as do tipo espontâneas são aquelas que surgem a partir
das relações estabelecidas entre os agentes sociais, por exemplo, a família. Essa instituição não tem sua
origem racionalizada, mas surge espontaneamente pelo simples fato de ter relações parentais. Já as
instituições criadas são aquelas racionalizadas, artificialmente criadas pelos indivíduos com a intenção de
organizar o convício social, como a religião ou a educação. Instituições reguladoras, por sua vez, é aquele
tipo de instituição que dispõe sobre a ordenação de diversos aspectos da sociedade e as relações entre os
indivíduos, como instituições educacionais e religiosas. Já as instituições operacionais é o tipo de instituição
que de caráter mais realizador, que executa ações em diversos âmbitos sociais, como por exemplo, a
economia.
Podemos afirmar como instituições sociais Família, Religião, Educação, Lazer, Economia, Segurança, Lei,
Trabalho, Estado, etc. Tradicionalmente, os sociólogos consideram como mais importantes as instituições
que abordaremos estas nesse resumo. Tais instituições sociais são consideradas as mais relevantes por
serem universais, isto é, estão presentes em toda e qualquer cultura, não há registro de sociedade humana
sem a sua presença.
A família é a instituição social mais básica e inicial, responsável pela chamada socialização primária, isto é,
pela primeira integração do indivíduo em sociedade, através do ensino da língua, da transmissão de valores,
do ensinamento das normas básicas de convívio social, etc. Sua importância é essencial, uma vez que ela é
quem torna o sujeito apto a viver socialmente. Não à toa, famílias desestruturadas tendem a formar pessoas
desajustadas na sociedade.
Há, nas diversas culturas, os mais diferentes modelos de família: patriarcais, nas quais a liderança compete
ao homem, e matriarcais, nas quais a chefia cabe à mulher; monogâmicas, nas quais os dois cônjuges são

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Sociologia

casados apenas entre si, poligâmicas, nas quais um homem é casado com várias mulheres, e poliandrias,
nas quais uma mulher é casada com vários homens; etc. Na sociedade ocidental contemporânea, o papel
desta instituição é cumprido pela família nuclear, ou seja, pai, mãe e filhos. Nas sociedades tradicionais, por
sua vez, a função da instituição familiar era exercida por toda a chamada família extensa, que inclui avós,
tios, primos, etc. Daí a importância dos clãs, das tribos, etc.
A língua é a instituição social que tem como papel garantir a comunicação entre os membros da sociedade.
Sua existência é indispensável, uma vez que, sem comunicação, a sociedade não teria como se organizar e
sobreviver. Há, nas variadas culturas humanas, os mais diversos tipos de língua: umas são ágrafas, isto é,
apenas orais, faladas; outras possuem escrita. Nesta última categoria, a variedade também é grande: há
aquelas que usam alfabetos, as que usam hieróglifos, as que se valem de ideogramas, etc. O que não há é
registro de sociedade humana sem linguagem.
A educação não é a única, mas é a principal instituição responsável pela chamada socialização secundária,
isto é, por todos aqueles processos de integração social que se dão para além do nível familiar. De fato, seu
papel é precisamente transmitir às gerações mais novas os conhecimentos disponíveis em sociedade,
herdados das gerações passadas através da tradição e que a família não tem condições de transmitir por si
só. Neste ponto, é importante, para entendermos bem esta instituição social, não confundirmos educação
com escola. De fato, é claro que há sociedades humanas sem escolas, ou seja, sem estabelecimentos de
ensino voltados para a transmissão de um conhecimento intelectual e acadêmico, cujo aprendizado é
verificado através da aplicação de provas.
Há, efetivamente, sociedades sem esse tipo de educação formal. O que não é sociedade sem educação: sem
transmissão de valores, tradições e cultura adquirida. Um velho cacique que ensina os pequenos indiozinhos
a caçar os está educando, ainda que sua prática de ensino não seja escolar.
A política é a instituição social responsável pela organização e regulação da vida coletiva. Seu papel é
administrar os conflitos sociais e zelar pelo bem daqueles que estão sob sua autoridade. Tal como não há
sociedade sem língua, sem família e sem educação, também não há sociedade sem política. Podem existir
talvez (discute-se muito sobre isso), sociedades sem Estado, isto é, sem uma autoridade burocrática,
impessoal e formal. Não há, no entanto, sociedades sem liderança política, sem chefes que guiem a vida em
comum. Com efeito, o próprio bom funcionamento da sociedade exige a existência dessa autoridade.
Existem, na realidade, os mais diversos tipos de regimes políticos, tradicionalmente agrupados em três
gêneros: os democráticos, nos quais a autoridade política pertence a todo o povo, seja exercendo-a
diretamente, seja mediante a eleição periódica de representantes seus; os aristocráticos, nos quais o poder
pertence a uma pequena elite, seja ela intelectual, religiosa, financeira, militar ou o que for; e os monárquicos,
nos quais a autoridade política cabe a apenas um indivíduo isoladamente, homem ou mulher, normalmente
dono de um título especial, como rei, imperador, príncipe, arquiduque, xá, sultão, etc.
O trabalho é uma das atividades humanas universais. Apesar disso, estamos acostumados a associar como
trabalho um tipo muito específico de atividade, a que realizamos nas sociedades contemporâneas. Esse
trabalho de início e fim de expediente delimita e distorce nossa noção de trabalho. Mas qualquer atividade
humana com hierarquização da vontade, objetivo definido e com transformação resultante em utilidade para
a humanidade pode ser considerada trabalho. De certo, cada tipo de trabalho e divisão social do trabalho
produz um tipo de sociabilidade, sendo todas, no entanto, voltadas para a realização de necessidades.
Por fim, a religião é a instituição social que tem como propósito central oferecer um sentido e explicação
para a vida humana, fazendo-o através do apelo ao sagrado, isto é, a uma instância superior, divina,
sobrenatural. O vínculo do homem como o sagrado, por sua vez, usualmente se dá através da fé, da oração,
da prática de certas normas morais e do cumprimento de determinados ritos religiosos. Evidentemente, há,

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Sociologia

ao longo da história, diversos registros de indivíduos não religiosos e mesmo antirreligiosos. O que não há é
caso conhecido de uma sociedade na qual a religião de maneira geral não exista.
Existem os mais diversos tipos de religiosidade, dentre as quais se destacam o politeísmo, que é a crença
em vários deuses; o monoteísmo, que é a crença em um único Deus; o henoteísmo, que é a crenças em vários
deuses, mas existindo um deus supremo, base de todos demais; o panteísmo, crença de que não há um deus
pessoal, mas sim que Deus é a própria natureza e que, portanto, todas as coisas são parte de Deus; etc. Cabe
lembrar aqui um dado curioso: apesar de ser assim na quase totalidade dos casos, não é necessário, para
uma pessoa ser religiosa, que ela acredite em um Deus ou em deuses. Certos ramos do budismo são ateus,
isto, é não creem em qualquer forma de divindade, mas não deixam de ser correntes religiosas, uma vez que
propõem o vínculo do homem com uma instância sagrada.

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Sociologia

Exercícios

1. A Escola é considerada pela Sociologia uma instituição, pois se trata de um conjunto de relações entre
indivíduos mediadas por normas e procedimentos padronizados de comportamento, aceitos pela
sociedade como importantes para a socialização dos sujeitos e para a transmissão de determinado
conhecimento compartilhado pela cultura. Assinale a alternativa que NÃO indica uma das funções das
instituições escolares.
a) Preparar os sujeitos para os papéis profissionais e ocupacionais.
b) Transmitir a herança cultural do grupo.
c) Promover a mudança social por meio de pesquisas.
d) Estimular a sociabilidade entre os sujeitos.
e) Desenvolver o senso crítico-reflexivo para questionar a autoridade dos adultos e romper com as
regras sociais.

2. O rapaz que pretende se casar não nasceu com esse imperativo. Ele foi insuflado pela sociedade,
reforçado pelas incontáveis pressões de histórias de família, educação, moral, religião, dos meios de
comunicação e da publicidade. Em outras palavras, o casamento não é um instinto, e sim uma
instituição.
BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Vozes, 1986 (adaptado).

O casamento, conforme é tratado no texto, possui como característica o(a)


a) consolidação da igualdade sexual.
b) ordenamento das relações sociais.
c) conservação dos direitos naturais.
d) superação das tradições culturais.
e) questionamento dos valores cristãos.

3. Amor
Menino rejeitado por casais heterossexuais por ser “feio e negro demais” é adotado por casal
homossexual. O garoto de quatro anos havia sido rejeitado por outros três casais heterossexuais.
Atualmente, um dos debates mais acirrados da sociedade brasileira diz respeito à capacidade de
casais homossexuais fornecerem estrutura familiar para o desenvolvimento de uma criança. Ao
contrapor o senso comum de que apenas a família constituída por um homem e uma mulher pode
oferecer essa estrutura, ganhou repercussão, nas redes sociais, o caso do garoto de quatro anos que
foi adotado por um casal homossexual após ser rejeitado por três casais heterossexuais com as
justificativas de ser “feio” e “negro demais”. (...)
Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2015/02/27/> Adaptado. Acesso em: junho 2015

O tema apresentado no texto se refere ao conceito sociológico de


a) Comunidade.
b) Instituição social.
c) Indicadores políticos.
d) Igualdade de gênero.
e) Democratização das classes trabalhadoras.

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Sociologia

4. Um dos fenômenos sociais de destaque nos estudos sociológicos são as instituições sociais.
Conceituadas como “toda forma ou estrutura social estabelecida, constituída, sedimentada na
sociedade e com caráter normativo – ou seja, ela define regras e exerce formas de controle social”.
Por isso, mudanças nas instituições sociais geralmente envolvem disputas entre conservadores e
progressistas.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2008.

A situação que tem gerado disputa ideológica na sociedade brasileira tanto no discurso de senso
comum como nas instâncias de poder, em virtude do processo de mudança na formatação da
instituição social denominada de família, é
a) a comemoração ao divórcio.
b) o casamento religioso entre viúvos.
c) a união estável para os casais idosos.
d) a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
e) a perda da guarda dos filhos por abandono de incapaz.

5. Instituição social é definida pela Sociologia como um conjunto de relações sociais relativamente
permanentes, que absorve valores e procedimentos comuns e atende as necessidades básicas da
sociedade. A Educação é um exemplo de instituição social, cujo papel é o de socializar os indivíduos
no grupo comunitário. Nesse contexto, NÃO é função da educação
a) transmitir a herança cultural.
b) promover mudanças por meio do engajamento na pesquisa.
c) familiarizar os indivíduos com os vários papéis da sociedade.
d) prover a preparação para os papéis ocupacionais e profissionais.
e) preparar os indivíduos para os papéis sociais exigidos exclusivamente pela família.

6. Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de
uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual,
nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval
destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas
identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores.
DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012.

Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à)

a) inversão de regras e rotinas estabelecidas.


b) reprodução das hierarquias de poder existentes.
c) submissão das classes populares ao poder das elites.
d) proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo.
e) consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira.

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Sociologia

7. Escola pública do DF começa a testar chip para monitorar alunos


Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do ensino médio
tem suas entradas e saídas monitoradas no CEM (Centro de Ensino Médio) 414 de Samambaia,
cidade-satélite do Distrito Federal.
O projeto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou
responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.
Segundo a diretora do CEM, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas
de aula. "Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do
término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola".
Folha on-line. 30 out. 2012. Adaptado. Disponível em: <http://folha.com/no1177555>. Acesso em 30 out. 2012.

O texto apresenta uma forma de controle de estudantes dentro da instituição escolar. Esse tipo de
instrumento está vinculado a qual lógica apresentada pelo filósofo Michel Foucault?
a) Emancipação, que tem como fundamento tornar os estudantes sujeitos autônomos.
b) Panoptismo, que tem intenção de controlar, mas também de tornar mais produtivos os corpos
observados.
c) Regime de verdade, que faz com que a Escola esteja comprometida com a emancipação
humana.
d) Luta de Classes, que torna tensa a relação entre estudantes e professores.
e) Violência simbólica, que agride o sujeito através da linguagem.

8. O feminismo teve uma relação direta com o descentramento conceitual do sujeito cartesiano e
sociológico. Ele questionou a clássica distinção entre o “dentro” e o “fora”, o “privado” e o “público”. O
slogan do feminismo era: “o pessoal é político”. Ele abriu, portanto, para a contestação política, arenas
inteiramente novas: a família, a sexualidade, a divisão doméstica do trabalho etc.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011 (adaptado).

O movimento descrito no texto contribui para o processo de transformação das relações humanas, na
medida em que sua atuação
a) subverte os direitos de determinadas parcelas da sociedade.
b) abala a relação da classe dominante com o Estado.
c) constrói a segregação dos segmentos populares.
d) limita os mecanismos de inclusão das minorias.
e) redefine a dinâmica das instituições sociais.

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Sociologia

9. O casamento não é objeto de nenhuma cerimônia, e a acelerada circulação matrimonial dos jovens
faz dele um negócio corriqueiro. No entanto, sempre que uma união se torna pública com a mudança
de domicílio de alguém, produz-se uma sutil comoção na aldeia. O novo casal começa imediatamente
a ser visitado por outros casais, seu pátio é o mais alegre e bulhento à noite; ali se brinca, os homens
se abraçam, as mulheres cochicham e riem. Dentro de alguns dias, nota-se uma associação frequente
entre o recém-casado e um outro homem, bem como entre sua mulher e a mulher deste. Os dois casais
começam a sair juntos à mata, a pintar-se e decorar-se no pátio do casal mais novo. Está criada a
relação de apihi-pihã.
Instituto Socioambiental. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/arawete/106> Acesso em 13 dez. 2012.

O texto acima descreve como se constroem as alianças matrimoniais e as relações de amizade entre
os Araweté, grupo indígena que vive atualmente no estado do Pará.
A respeito da instituição do casamento, assinale a alternativa correta sociologicamente.

a) O casamento deve ser sempre constituído por pessoas de sexos opostos.


b) O casamento, por ser uma construção social, pode existir de formas diversas.
c) O casamento existe somente na sociedade ocidental.
d) Todo casamento pressupõe um rito de passagem.
e) O casamento é desejado somente pelas mulheres.

10. A instituição familiar é essencialmente dinâmica, e este dinamismo tornou-se muito visível na
segunda metade do século XX, não só no Brasil, mas em praticamente todo o mundo ocidental. A
família tradicional foi adquirindo contornos nunca antes imaginados. As novas configurações da
família levaram a sociedade, e inclusive os cientistas sociais, a anunciarem a falência desta instituição
social. Mas, não era o fim, e sim a prova da imensa capacidade criativa do ser humano de adequar-se
a novas necessidades e novos valores.”
PARANÁ. Livro didático de Sociologia. Curitiba, 2006, p.110

Segundo o texto é correto afirmar que

a) a instituição familiar se caracteriza por ser, essencialmente, matrilinear, dinâmica e imutável.


b) atualmente, as famílias se configuraram de maneiras distintas.
c) existe uma estrutura familiar que deve ser seguida por toda sociedade tida como correta.
d) não se configura como família onde não há a presença de um pai ou de uma mãe.
e) a família tradicional é imutável e estática.

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Sociologia

Gabarito

1. E
Ainda que a escola tenha como função desenvolver o senso crítico-reflexivo nos estudantes, ela
também tem uma função de reprodução da sociedade: a de transmitir o legado cultural através das
gerações. Assim sendo, ela não pode ser absolutamente revolucionária, pois isso faria com que ela
deixasse de existir.

2. B
As instituições sociais são importantes, entre outras coisas, para que a sociedade tenha uma
estabilidade. O casamento, por exemplo, tem importante função social ao criar laços mais ou menos
duradouros e que permitem aos indivíduos constituírem famílias e educar os seus filhos de acordo com
as regras sociais que compartilham.

3. B
Implicitamente, o texto faz referência à família como instituição social. Podendo variar historicamente
e culturalmente, a família pode ter diversas configurações, tal como apresenta o texto da questão.

4. D
A família é uma das instituições sociais fundamentais da sociedade. Por esse motivo, ela corresponde
a uma arena de disputa política acerca de sua definição. A demanda por adoção de crianças por parte
de casais do mesmo sexo põe em questão o modelo tradicional de família, baseada em relações
heterossexuais.

5. E
A alternativa [E] é claramente incorreta. A educação faz uma mediação entre o ambiente público e
privado de socialização. Sendo assim, preparar os indivíduos para os papéis exigidos pela família seria
uma função da própria família, e não da educação.

6. A
A festa é vista como uma inversão dos valores cotidianos e por uma liberdade que não se tem nos dias
comuns, assim, o autor vê o carnaval como uma expressão brasileira legítima. (carnaval, liberdade,
sociedade, Brasil, cultura, brasileira).

7. B
Somente a alternativa [B] está de acordo com a argumentação de Michel Foucault. O controle sobre os
corpos não tem intenção somente de vigiar os indivíduos, mas também te torná-los mais úteis e
produtivos. É por isso que a instituição escolar se apropria desse instrumento para fazer os alunos
ficarem na sala de aula.

8. E
O movimento feminista tem como objetivo tornar as relações humanas mais equânimes no prisma do
gênero. Sua luta é marcada pela busca de mudança na dinâmica das relações sociais. Expor a
dominação masculina e seus efeitos na sociedade (nocivos até para homens) e propor soluções para
esses problemas compõe uma atividade multifacetada, de cunho político, social e cultural. Para que
essas transformações sejam alcançadas é preciso mudar as instituições sociais para que essas não
reproduzam mais o machismo e o patriarcado.

9. B
A instituição do casamento é uma construção social. Por isso, pode assumir formas bastante diversas,
como, por exemplo, aquela apresentada no texto do enunciado.

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Sociologia

10. B
Afirmações como “a instituição familiar é essencialmente dinâmica” e “a família tradicional foi
adquirindo contornos nunca antes imaginados” deixam entrever como a instituição familiar tem-se
modificado, assumindo formas várias na sociedade brasileira contemporânea. Sendo assim, somente
a alternativa [B] está correta.

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Sociolgia

Movimentos sociais

Resumo

De uma forma simples, o conceito de movimento


social se refere à ação coletiva de um grupo
organizado que possui o objetivo de alcançar
mudanças sociais através de reivindicações, que
podem ser voltadas para causas políticas,
trabalhistas ou identitárias. Os movimentos
sociais buscam mudança, às vezes até a
transformação completa de um cenário hostil a um
determinado grupo ou classe social, tornando-se
porta-voz de um grupo de pessoas que, em muitos casos, encontram-se nesta situação por séculos.
Neste sentido, a existência dos movimentos sociais é de fundamental importância para a sociedade civil
enquanto meio de manifestação e reivindicação, possibilitando que os cidadãos sejam ouvidos, ou que pelo
menos tentem. Podemos citar como alguns exemplos de movimentos o da causa operária, o movimento
negro (contra racismo e segregação racial), o movimento estudantil, o movimento de trabalhadores do campo,
movimento feminista, movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia, separatistas, movimentos
marxistas, socialista, comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação centralizada em
algumas regiões (como no caso de movimentos separatistas na Europa). Outros, porém, com a expansão do
processo de globalização (tanto do ponto de vista econômico como cultural) e disseminação de meios de
comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras geográficas em razão da natureza de suas
causas, ganhando adeptos por todo o mundo, a exemplo do Greenpeace, movimento ambientalista de forte
atuação internacional.
Os movimentos sociais exigem muita organização e dedicação, o que demanda a mobilização de recursos e
pessoas que se comprometam com a causa. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas
esporádicas, são organizações que insistentemente atuam para atingir seus objetivos, o que significa haver
uma luta constante e a longo prazo dependendo da natureza da causa. Dito de outra forma, os movimentos
sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente, sempre lutando por diferentes ideais,
diferentes demandas.

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Sociolgia

Exercícios

1. Os movimentos sociais têm como uma de suas características surgir de um princípio norteador e um
problema social, que orientam o projeto coletivo dos envolvidos.
Assinale a alternativa que contém o princípio norteador comum dos movimentos brasileiros, Revolta
de Porecatu no Paraná (1950-1951), Ligas Camponesas (1954-1964) e Movimento dos Trabalhadores
Rurais sem Terra (1984):
a) Organizar o agronegócio, modernizando as relações capitalistas no campo através da
incorporação dos trabalhadores rurais.
b) Conservar as relações patriarcais no latifúndio, mas modernizando as relações de produção
baseadas no trabalho assalariado.
c) Articular os sindicatos de trabalhadores rurais e de proprietários de terras, formando cooperativas
sem alterar a estrutura fundiária do país.
d) Transformar a estrutura fundiária do país, fortalecendo os grandes proprietários a partir da
coalizão com os médios e pequenos no sentido de ofertarem mais postos de trabalho em suas
propriedades.
e) Realizar a reforma agrária alterando a secular estrutura latifundiária, distribuindo terra para
famílias de trabalhadores rurais.

2. Leia o trecho a seguir.


“Dezenas de milhares de pessoas marcharam, dia 1 de Abril [2006], pela ponte de Brooklyn até a baixa
de Manhattan, exigindo respeito e legalização para os cerca de 12 milhões de trabalhadores imigrantes
não documentados. Esta foi a última iniciativa de uma onda de manifestações de massas que varreram
o país, de San Diego a Boston, desde que foi aprovada na Câmara dos Representantes, no passado dia
16 de dezembro, a xenófoba lei HR-4437.”
(Disponível em http://.galizacig.com/index.html. Acesso em 19 out. 200 7.)

A partir desse trecho, podemos perceber a articulação e a organização de imigrantes para exigirem
alguns direitos. Sob a ótica dos movimentos sociais, é CORRETO afirmar que
a) a reivindicação por direito ao trabalho, entre outros, pode promover a ação coletiva e propiciar a
articulação de interesses diversos de imigrantes em uma única bandeira de luta, capaz de dar-Ihe
alguma unidade, característica necessária a um movimento social.
b) a organização e a manifestação desses imigrantes não podem constituir um movimento social,
pois esses imigrantes estão em situação ilegal.
c) na luta por cidadania, a problemática de trabalhadores imigrantes traz à tona a incapacidade de
os movimentos sociais lidarem com a relação entre diferença cultural, necessidade de mão de
obra para um mercado globalizado e criação de novos direitos.
d) frente a demandas diversas, os movimentos sociais são inviabilizados, pois a homogeneidade é
característica indispensável à unidade de qualquer movimento.

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Sociolgia

3. Leia o texto a seguir.


Com vestidos de noivas e ternos, três casais gays [...] se apresentaram nesta quarta-feira no cartório
de registro civil de Montevidéu para uma simulação de casamento, no lançamento de uma campanha
em favor do casamento homossexual.
(Folha de S. Paulo, 19 maio 2010, Caderno Mundo. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp>. Acesso em: 19 maio 2010.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre os novos movimentos sociais, considere as afirmativas
a seguir.
I. Desde a segunda metade do século XX, o Ocidente vivencia a explosão de variados movimentos
sociais cujo eixo são as políticas identitárias.
II. Movimentos sociais são expressão de demandas do cotidiano que se transformam em
reivindicações coletivas para a ampliação dos direitos de cidadania.
III. O que diferencia o movimento gay em relação ao antigo movimento operário é a negação da
instância política enquanto elemento mediador da ação reivindicativa.
IV. Dentre as condições para a existência de movimentos sociais está o respeito aos valores morais
tradicionais, como a aceitação da união heterossexual e a negação da homossexual.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

4. "Neste maio de 2014, o sujeito dominante das manifestações coletivas tem cara, nome e até endereço.
Não usa máscara porque ele é a própria máscara. São entidades sindicais e corporativas, as das
reivindicações previsíveis e compreensíveis. Não raro são cúmplices do que questionam, como os
desmandos que culminam na inflação alta, na corrosão dos salários, nas carências que não são as do
catálogo do Fome Zero. Em 2013, o povo supostamente manso, diluído no sistema de cooptações que
enquadrou a sociedade inteira nas conveniências do poder e do partido que governa, deu o primeiro
aviso que mansidão tem limite. A surpresa é que, em 2014, a forma é outra, mas o recado é o mesmo:
a cumplicidade tem seu dia de basta."
(MARTINS, J. S. O variável humor das ruas. In:
O Estado de S. Paulo, Caderno Geral, 24 maio 2014.)

De acordo com as teorias sociológicas sobre movimentos sociais e participação política e com base
no texto acima, assinale o que for correto:
(01) O Movimento do Passe Livre, que ganhou as ruas de várias cidades brasileiras em 2013, não era
legítimo e, por isso, os sindicatos tomaram a frente nas negociações em 2014.
(02) Tanto as manifestações de entidades sindicais e corporativas como as manifestações populares
são expressões coletivas e políticas legítimas.
(04) Em sociedades democráticas, mesmo que os governos recebam apoio popular, não significa que
os movimentos sociais e populares devam abandonar as manifestações públicas de suas críticas
e insatisfações.

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Sociolgia

(08) O Programa Fome Zero solucionou os problemas sociais do Brasil e, por isso, não há necessidade
de manifestação dos movimentos sociais e populares.
(16) Aqueles sindicatos que apoiaram candidatos que foram eleitos nas eleições presidenciais não têm
direito de se manifestar criticamente em relação às decisões do governo atual.
Soma: ( )

5. Sobre o tema movimentos sociais e participação política, assinale o que for correto.
(01) Os movimentos sociais exercem papel importante na tarefa de exigir do Estado o reconhecimento
de direitos de grupos minoritários e a redistribuição de recursos econômicos que minimizem as
injustiças sociais.
(02) Movimentos sociais e partidos políticos têm a mesma tarefa na ordem democrática. Ambos
disputam o poder e o controle do Estado.
(04) Os movimentos sociais, por mais distintas que sejam as suas reivindicações, utilizam todos um
mesmo repertório, ou seja, as mesmas práticas de ação.
(08) Mobilizações com ajuda da internet são formas de ativismo que escapam das formas legítimas
de participação reconhecidas nas sociedades democráticas.
(16) O voto constitui o único instrumento legítimo de participação política nas democracias
representativas.
Soma: ( )

6. Leia o texto a seguir:


Tendo em vista que um dos principais sujeitos da sociedade civil organizada são os movimentos
sociais, é importante registrar que os movimentos pela educação têm caráter histórico, são
processuais e ocorrem, portanto, dentro e fora de escolas e em outros espaços institucionais. As lutas
pela educação envolvem a luta por direitos e são parte da construção da cidadania. Movimentos sociais
pela educação abrangem questões tanto de conteúdo escolar quanto de gênero, etnia, nacionalidade,
religiões, portadores de necessidades especiais, meio ambiente, qualidade de vida, paz, direitos
humanos, direitos culturais etc. Esses movimentos são fontes e agências de produção de saberes.
(Disponível em: https://bityli.com/hmMna. Acesso em: junho 2015.)

A Educação é considerada um aspecto integrador do indivíduo com o grupo social e funciona como um
instrumento de transmissão do patrimônio cultural de uma sociedade. No texto, a forma de
transmissão da educação é denominada de
a) Revolucionária.
b) Sistemática.
c) Burocrática.
d) Informal.
e) Isolada.

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Sociolgia

7. O vídeo Kony 2012 tornou-se o maior sucesso da história virtual, independente da polêmica causada
por ele. Em seis dias, atingiu a espantosa soma de 100 milhões de espectadores, aproximadamente.
No primeiro dia na internet, o vídeo foi visto por aproximadamente 100.000 visitantes.
(PETRY, A. O mocinho vai prender o bandido... e 100 milhões de jovens querem ver.
Veja, ano 45, n. 12, 2.261. ed. 21 mar. 2012. Adaptado.)

A internet revelou-se um poderoso instrumento para a ação política de ONGs e de movimentos sociais.
A respeito das formas de expressão de necessidades coletivas no mundo globalizado, assinale a
alternativa correta.
a) As ONGs e os novos movimentos sociais têm como característica comum a construção de
estruturas hierarquizadas e rígidas para a realização das lutas coletivas.
b) Como toda luta política, a conquista do poder de Estado é o referencial a partir do qual se
constroem as ações das novas reivindicações coletivas de ONGs e movimentos sociais.
c) Demandas ligadas ao trabalho perderam sua importância para as novas lutas coletivas expressas
pelas ONGs e pelos recentes movimentos sociais.
d) Nas novas lutas coletivas há o predomínio dos novos sujeitos sociais, os grupos sociologicamente
minoritários, com um projeto definido e uniforme de construção da sociedade.
e) O ativismo de ONGs e de movimentos sociais nas redes virtuais diversifica as agendas políticas e
as práticas que buscam inovar o modo de fazer política.

8. Que tipo de movimento social está retratado na foto a seguir?

(Disponível em: <https://bityli.com/1lDZC>. Acesso em: 8 ago. 2011.)

a) Regressivo.
b) Reformista.
c) Progressista.
d) Migratório.
e) Conservacionista.

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Sociolgia

9. Assinale o que for correto sobre a temática dos movimentos sociais.


(01) Os movimentos sociais são ações coletivas que visam ao confronto político, objetivando mudar
ou manter uma situação.
(02) Os camponeses, os negros, os jovens e as mulheres estão entre os vários grupos de sujeitos
históricos que realizam movimentos de resistência.
(04) O movimento zapatista não pode ser classificado como um movimento social, pois suas ações
são pontuais, restritas à luta contra um acordo de livre comércio da América do Norte.
(08) A organização dos movimentos sociais pode ser local, regional, nacional ou internacional e está
relacionada à luta por acesso aos direitos civis, políticos e sociais.
(16) A estruturação dos movimentos sociais pode criar uma identidade coletiva para os seus agentes.
Soma: ( )

10. Leia o texto a seguir:


A história do século XX apresenta outros conflitos de interesses que vão além da divisão da sociedade
em classes: conflitos entre homens e mulheres, entre adultos e jovens, entre heterossexuais e
homossexuais, entre brancos e não brancos e/ou minorias étnicas.
(OLIVEIRA, L. F.; COSTA, R. C. R. Sociologia para jovens do século XXI.
Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. p. 115 -116.)

Atualmente, no Brasil, existe um número significativo de grupos que reivindicam direitos sociais e
políticos importantes para a formação de cidadania, identidade e pertencimento no contexto nacional.
Com base nas desigualdades apresentadas no texto e nas reflexões sobre os grupos sociais que as
vivenciam, assinale a alternativa correta.
a) A opressão sofrida pelas mulheres é conhecida como desigualdade de gênero. Ela se refere às
normas sociais que são aceitas pelas mulheres como forma de reconhecimento do seu papel
transformador das condições sociais desiguais.
b) A homossexualidade é representada no Brasil como um desvio de conduta e, por isso, deve ser
tratada como doença psíquica e social. Para isso, há no país leis que garantem a intervenção
médica de indivíduos que apresentam traços do comportamento homossexual.
c) O racismo no Brasil é considerado pelos sociólogos como um preconceito disfarçado. Assim, as
piadas, brincadeiras e frases de duplo sentido com relação a grupos étnicos são consideradas
formas sutis de racismo.
d) Os conflitos entre adultos e jovens têm como base as vivências socioculturais. Todavia, um fator
fundamental para formação e manutenção desses conflitos é a diferença financeira, pois os jovens
recebem menos que os adultos na sua vida profissional.
e) "A marcha das vadias" é um movimento social que tem como objetivo conscientizar a sociedade
acerca da opressão que as mulheres vivenciam diariamente. Isso representa um avanço, pois
todas as reivindicações do movimento são aceitas e acatadas imediatamente pelas instituições
sociais como forma de melhorar a condição das mulheres.

6
Sociolgia

Gabarito

1. E
Todos os movimentos citados têm como temática comum a luta pela reforma agrária, com vistas a corrigir
as fortes distorções que a distribuição das terras no Brasil apresenta. A afirmativa A está errada, esses
movimentos lutam pela posse de pequenas propriedades, voltadas para a agricultura familiar ou sistema
cooperativista; a B está errada, eles combatem as relações de patriarcalismo no campo; C está errada, não
lutam pela união sindical entre trabalhadores e proprietários rurais ou cooperativismo entre eles; D está
errada porque combatem justamente a grande propriedade.

2. A
A afirmativa B está errada, a legalidade não é o pressuposto básico para a definição de um movimento
social. A afirmativa C está errada porque os movimentos sociais lutam justamente nos segmentos
apontados, conseguindo diversas conquistas. A afirmativa D está errada porque não existe essa
obrigatoriedade de homogeneização dos movimentos sociais. Eles se caracterizam justamente pela
diversidade e pelas estratégias para lidar com ela.

3. A
A afirmativa III é incorreta porque o movimento gay não abandona a ação política. Por mais que em
algumas situações o movimento se valha de ações voltadas à conscientização da própria sociedade civil
(como as passeatas LGBT), é na esfera política que ele se articula (e tem de se articular) para transformar
em lei os direitos que reivindicam da sociedade. A afirmativa IV está incorreta porque os movimentos
sociais são articulados justamente na contestação dos valores morais, da tradição e dos costumes
conservadores que se instituíram com o passar do tempo. Sua ideia é justamente revolver essas camadas
de conservadorismo social em busca da aceitação de novas demandas decorrentes do desenvolvimento
da sociedade.

4. 02 + 04 = 06
(01) Incorreta. Uma característica dos movimentos sociais é que não existe um órgão externo que lhe
confira legitimidade. Esta advém de sua própria capacidade de mobilização dos atores sociais.
(08) Incorreta. A eficácia de um programa social não anula motivações para mobilização, pois a
complexidade da vida social sempre traz novas demandas que estão reprimidas.
(16) Incorreta. O apoio a um determinado candidato ou grupo político não é motivo deslegitimador para a
propositura de críticas.

5. 1 + 4 + 8 = 13
(02) Incorreta. Os partidos políticos são instituições constituídas para o exercício da política oficial. Os
movimentos sociais por sua vez, são heterogêneos, representando anseios bem claros ou difusos da
sociedade, não lutando pela obtenção do poder no Estado, mas sim de que o poder constituído os escute
e atenda às suas demandas. (04) Incorreta. A prática de ação dos movimentos sociais é muito ampla,
podendo ser pela arte, pela religião, pela manifestação pública etc. (08) Incorreta. A internet na cultura
contemporânea virou mais um espaço de participação social e o ativismo digital é legítimo.

7
Sociolgia

(16) Incorreta. A participação política pode se dar de diversas formas, que não necessariamente pelo voto.
A vida em sociedade pressupõe política, a capacidade de dialogar, mediar e mesmo disputar espaços de
força que terão implicações posteriores na política institucional.

6. D
O texto fala em movimentos sociais, que são agrupamentos da sociedade civil com um interesse comum
e capacidade de mobilização e organização. Normalmente os movimentos voltam-se contra realidades
adversas aos anseios do grupo ou pelo estimulo a um foco de interesse dele. Um grande estudioso dos
movimentos sociais foi o sociólogo francês Alain Tourane. No exemplo apresentado no texto, temos uma
situação de movimento social voltado para a educação e que pratica estas atividades fora do sistema
convencional de ensino, ou seja, fora da forma institucional. A alternativa correta é a D.

7. E
a) Incorreta. A emergência dos novos movimentos sociais e, posteriormente, das ONGs, foi
caracterizada especialmente pela organização de estruturas de poder relativamente horizontalizadas e
fluidas, em comparação com as antigas formas de lutas coletivas. A redução das hierarquias e a fluidez
das mesmas estão entre as razões para se falar sobre um novo modo de fazer política.
b) Incorreta. A conquista do poder estatal diz respeito aos partidos políticos. Os novos movimentos
sociais e as ONGs, diferentemente, buscam ampliar a noção de política para além do Estado, e suas
reivindicações condensam tal perspectiva, como se observa, por exemplo, nos movimentos de
contracultura. Os referenciais culturais formam uma importante base a partir da qual se configuram os
novos sujeitos, o que é parte integrante das teorizações sobre os novos movimentos sociais.
c) Incorreta. Apesar de uma marcante presença das questões culturais nas novas lutas coletivas, os
novos sujeitos não descartam as reivindicações associadas ao trabalho. Considerem-se, por exemplo, as
demandas das mulheres, dos negros e dos gays ligadas às lutas pelo direito ao trabalho decente.
d) Incorreta. O surgimento dos novos sujeitos sociais coloca em questão qualquer pretensão de um
projeto definido e uniforme de construção da sociedade. Diferentemente das pretensões hegemônicas, o
político define-se pela diversificação, ou fragmentação, dos projetos e dos ideais de sociedade.
e) Correta. Em comparação com os modos tradicionais de fazer política, por exemplo, por intermédio
dos partidos políticos, o ativismo das ONGs e dos movimentos sociais possibilita ampla diversificação da
agenda e das práticas políticas. Essa diversificação é favorecida, nos últimos anos, pela difusão do uso
das redes virtuais. O tema da reportagem é um exemplo desse atual estado das ações coletivas.

8. B
Como podemos perceber pelas requisições das faixas, os estudantes estão fazendo reivindicações,
portanto, trata-se de um movimento reformista. Movimento regressivo pede o retorno a uma situação
anterior; o progressista, propõe novas formas de soluções; o migratório, como o nome diz, está relacionado
à migração; e o conservacionista, à conservação, que pode ser tanto de um status social como do meio
ambiente, do patrimônio histórico etc.

8
Sociolgia

9. 01 + 02 + 08 + 16 = 27
(04) Incorreto. O movimento zapatista pode ser classificado como um movimento social, pois dentre suas
principais bandeiras, desde o início de sua formação, está a luta pela reforma agrária e pelos direitos dos
indígenas.

10. C
a) Incorreta. As desigualdades de gênero atuam no sentido de perpetuação do papel da mulher como
submissa e inferior ao homem.
b) Incorreta. A sociedade brasileira passa por um processo de aceitamento da homossexualidade como
natural e como direito das pessoas. A legislação ampara esse entendimento.
c) Correta. O racismo no Brasil se apresenta de forma velada, aparecendo por meio dos elementos
apontados na afirmativa.
d) Incorreta. A questão financeira não é motivadora dos conflitos entre adultos e jovens, mas diferentes
visões de mundo.
e) Incorreta. A marcha é importante para afirmar o papel feminino e chamar atenção para as condições
de tratamento das mulheres, mas não consegue alcançar todas as reivindicações.

9
Sociolgia

Novos movimentos sociais

Resumo

De uma forma simples, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado
que possui o objetivo de alcançar mudanças sociais através de reivindicações, que podem ser voltadas para
causas políticas, trabalhistas ou identitárias. Os movimentos sociais buscam mudança, às vezes até a
transformação completa de um cenário hostil a um determinado grupo ou classe social, tornando-se porta-
voz de um grupo de pessoas que, em muitos casos, encontram-se nesta situação por séculos.
Neste sentido, a existência dos movimentos sociais é de fundamental importância para a sociedade civil
enquanto meio de manifestação e reivindicação, possibilitando que os cidadãos sejam ouvidos, ou que pelo
menos tentem. Podemos citar como alguns exemplos de movimentos o da causa operária, o movimento
negro (contra racismo e segregação racial), o movimento estudantil, o movimento de trabalhadores do
campo, movimento feminista, movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia, separatistas,
movimentos marxistas, socialista, comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação
centralizada em algumas regiões (como no caso de movimentos separatistas na Europa). Outros, porém,
com a expansão do processo de globalização (tanto do ponto de vista econômico como cultural) e
disseminação de meios de comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras geográficas em
razão da natureza de suas causas, ganhando adeptos por todo o mundo, a exemplo do Greenpeace,
movimento ambientalista de forte atuação internacional.
Os movimentos sociais exigem muita organização e dedicação, o que demanda a mobilização de recursos e
pessoas que se comprometam com a causa. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações
públicas esporádicas, são organizações que insistentemente atuam para atingir seus objetivos, o que
significa haver uma luta constante e a longo prazo dependendo da natureza da causa. Dito de outra forma,
os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente, sempre lutando por
diferentes ideais, diferentes demandas.

1
Sociolgia

Exercícios

1. Leia o seguinte excerto da intelectual e ativista Angela Davis:


A prova das forças acumuladas que as mulheres negras forjaram por meio de trabalho, trabalho e mais
trabalho pode ser encontrada nas contribuições de muitas líderes importantes que surgiram no interior
da comunidade negra. Harriet Tubman, Sojourner Truth, Ida Wells e Rosa Parks não são mulheres
negras excepcionais, na medida em que são epítomes da condição da mulher negra. As mulheres
negras, entretanto, pagaram um preço alto pelas forças que adquiriram e pela relativa independência
de que gozavam. Embora raramente tenham sido “apenas donas de casa”, elas sempre realizaram
tarefas domésticas.
(DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 5253-5259 [kindle edition].)

A respeito do movimento dos Direitos Civis nos EUA, considere as seguintes afirmativas:
1. A célebre Marcha sobre Washington para o Trabalho e Liberdade de 1963 foi marcada pela
participação importante de mulheres negras com um discurso que privilegiava o papel dos negros
em relação aos brancos.
2. A participação feminina nas marchas, boicotes e manifestações de rua que marcaram a década
de 1960 nos EUA teve como demanda principal a igualdade de gênero.
3. Rosa Parks aparece no excerto acima graças a duas questões. A primeira, pelo fato de ser uma
mulher comum negra, que tinha a sua dupla atribuição de trabalho. A segunda, especificamente
por ocupar esse papel é que seu ato de desobediência civil foi mais impactante que o de outras
lideranças.
4. A relativa independência das mulheres negras provém de problemas da condição de risco em que
viviam seus companheiros homens, uma vez que era muito comum o fato de eles serem
encarcerados ou sofrerem outros tipos de violência. Nesse sentido, a independência das mulheres
negras nos EUA era sintoma da desigualdade entre negros e brancos.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

2. A elaboração da Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha) partiu, em grande medida, de uma perspectiva
crítica aos resultados obtidos pela criação dos Juizados Especiais Criminais direcionada à
banalização do conflito de gênero, observada na prática corriqueira da aplicação de medidas
alternativas correspondentes ao pagamento de cestas básicas pelos acusados.
VASCONCELOS, F. B. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 11 dez. 2012 (adaptado).

No contexto descrito, a lei citada pode alterar a situação da mulher ao proporcionar sua
a) atuação como provedora do lar.
b) inserção no mercado de trabalho.
c) presença em instituições policiais.
d) proteção contra ações de violência.
e) participação enquanto gestora pública.

2
Sociolgia

3. No Brasil, assim como em vários outros países, os modernos movimento LGBT representam um
desafio às formas de condenação e perseguição social contra desejos e comportamentos sexuais
anticonvencionais associados à vergonha, imoralidade, pecado, degeneração, doença. Falar do
movimento LGBT implica, portanto, chamar a atenção para a sexualidade como fonte de estigmas,
intolerância, opressão.
In: BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. M. Cidadania, um projeto em construção. São Paulo: Claro Enigma, 2012 (adaptado).

O movimento social abordado justifica-se pela defesa do direito de


a) organização sindical.
b) participação partidária.
c) manifestação religiosa.
d) formação profissional.
e) afirmação identitária.

4. A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um rumo contrário ao imaginário nacional e ao consenso
científico, formado a partir dos anos 1930. Por um lado, o Movimento Negro Unificado, assim como as
demais organizações negras, priorizaram em sua luta a desmistificação do credo da democracia
racial, negando o caráter cordial das relações raciais e afirmando que, no Brasil, o racismo está
entranhado nas relações sociais. O movimento aprofundou, por outro lado, sua política de construção
de identidade racial, chamando de “negros” todos aqueles com alguma ascendência africana, e não
apenas os “pretos”.
GUIMARÃES, A. S. A. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2012.

A estratégia utilizada por esse movimento tinha como objetivo


a) eliminar privilégios de classe.
b) alterar injustiças econômicas.
c) combater discriminações étnicas.
d) identificar preconceitos religiosos.
e) reduzir as desigualdades culturais.

5. O reconhecimento da união homoafetiva levou o debate à esfera pública, dividindo opiniões. Apesar
da grande repercussão gerada pela mídia, a população ainda não se faz suficientemente esclarecida,
confundindo o conceito de união estável com casamento. Apesar de ter sido legitimado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), o reconhecimento da união homoafetiva é fruto do protagonismo dos
movimentos sociais como um todo.
ARÊDES, N.; SOUZA, I.; FERREIRA, E. Disponível em: http://reporterpontocom.wordpress.com. Acesso em: 1 mar. 2012
(adaptado).

As decisões em favor das minorias, tomadas pelo Poder Judiciário, foram possíveis pela organização
desses grupos. Ainda que não sejam assimiladas por toda a população, essas mudanças
a) contribuem para a manutenção da ordem social.
b) reconhecem a legitimidade desses pleitos.
c) dependem da iniciativa do Poder Legislativo Federal.
d) resultam na celebração de um consenso político.
e) excedem o princípio da isonomia jurídica.

3
Sociolgia

6. Ninguém nasce mulher; torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a
forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse
produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento


social que teve como marca o(a)
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

7. O próprio movimento operário não pode ser reduzido a um conflito de interesses econômicos ou a
uma reação contra a proletarização. Ele é animado por uma imagem de “civilização” industrial, pela
ideia de um progresso das forças de produção utilizado para o bem de todos. O que é bem diferente
da utopia igualitarista simples, pouco preocupada com as condições de crescimento.
TOURAINE, A. Os movimentos sociais. In: FORRACHI, M. M.; MARTINS, J. S. (Org.). Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 1997.

Considerando a caracterização apresentada pelo texto, a busca pela igualdade pressupõe o(a)
a) estímulo da luta política.
b) adoção da ideologia marxista.
c) coletivização dos meios de produção.
d) aprofundamento dos conflitos sociais.
e) intensificação do crescimento econômico.

8. Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na condição de homens e mulheres


gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações homossexuais eram ilegais em todos os Estados
Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum
político abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a
tendência era eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.
ROSS, A. “Na máquina do tempo”. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.

A dimensão política da transformação sugerida no texto teve como condição necessária a


a) ampliação da noção de cidadania.
b) reformulação de concepções religiosas.
c) manutenção de ideologias conservadoras.
d) implantação de cotas nas listas partidárias.
e) alteração da composição étnica da população.

4
Sociolgia

9. “Em geral, o feminismo veio demonstrar que a opressão tem muitas faces, uma das quais é a opressão
das mulheres por via da discriminação sexual. Ao privilegiar a opressão de classe, o marxismo
secundarizou e, no fundo, ocultou a opressão sexual e, nessa medida, o seu projeto emancipatório
ficou irremediavelmente truncado. [...] Se para as feministas marxistas, a primazia explicativa das
classes é admissível desde que seja articulada com o poder e a política sexual, para a maioria das
correntes feministas não é possível estabelecer, em geral, a primazia das classes sobre o sexo ou
sobre outro fator de poder e de desigualdade e algumas feministas radicais atribuem mesmo a
primazia explicativa ao poder sexual.”
(SOUZA S., Boaventura. Pela mão de Alice, o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1996. p. 41.)

De acordo com o texto, é correto afirmar:


a) A teoria marxista das classes, como explicação das relações de gênero, é o fundamento dos
movimentos feministas.
b) Ao priorizar a opressão de classe, o marxismo eclipsou a opressão feminina, destituindo-a de sua
relevância social.
c) As feministas marxistas defendem a primazia do poder sexual sobre a de classes.
d) O feminismo radical, ao explicitar a discriminação sexual como forma de opressão, fortaleceu o
entendimento marxista da sociedade.
e) O projeto emancipatório das feministas teve significativo impulso após a adoção do marxismo
enquanto modelo explicativo da opressão feminina.

10. “Era a manhã ensolarada do dia 1º de maio de 1980, e as pessoas que haviam chegado ao centro de
São Bernardo do Campo para a comemoração da data se depararam com a cidade ocupada por 8 mil
policiais armados, com ordens de impedir qualquer concentração. Já desde as primeiras horas
daquele dia as vias de acesso estavam bloqueadas por comandos policiais que vistoriavam ônibus,
caminhões e automóveis [...]. Pela manhã, enquanto um helicóptero sobrevoava os locais previstos
para as manifestações, carros de assalto e brucutus exibiam a disposição repressiva das forças da
ordem”
(SADER, Eder. Quando novos personagens entram em cena. São Paulo: Paz e Terra, 1995. p. 27.)

Com base nos conhecimentos sobre a história recente do Brasil, é correto afirmar que, nesse episódio,
o autor se refere ao:
a) Movimento estudantil, que lutava contra a reforma universitária de perfil privatista, implantada
pelo governo João Figueiredo.
b) Movimento operário, que lutava contra a ditadura militar, contra o arrocho salarial e pela
democratização do país.
c) Movimento das panelas vazias, que, apesar de o país já se encontrar plenamente democratizado,
restringia sua luta à reposição das perdas salariais devido ao arrocho imposto na década anterior
pelo regime militar.
d) Movimento dos desempregados, constituído no processo de abertura política, e que sustentava
a bandeira do pleno emprego.
e) Movimento camponês, que, embora se constituísse numa força política emergente dos
escombros do regime militar, mostrava grande capacidade de mobilização das classes médias
urbanas.

5
Sociolgia

Gabarito

1. C
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]
[1] Incorreta, porque a Marcha sobre Washington de 1963 foi muito mais ampla do que sugere o
enunciado. Articulada por Martin Luther King, a Marcha reuniu 250 mil pessoas na capital norte-
americana e baseou seus discursos no fim da segregação racial nos EUA e na equiparação civil entre
brancos e negros. Em nenhum momento da manifestação houve a defesa da supremacia negra sobre
os brancos.

[2] Incorreta, porque as manifestações ocorridas nos EUA na década de 1960 foram, basicamente, em
defesa da igualdade civil racial, ou seja, em defesa do fim da segregação negra nos EUA.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]


A questão mostra o quanto são complexos os movimentos sociais. Angela Davis e as mulheres citadas
no texto são todas negras ativistas dos anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos, quando a demanda por
direitos civis era defendida de forma bastante forte. O papel das mulheres negras é particular, pois
denunciam três aspectos da desigualdade social: as relações de classe, de gênero e de raça.

2. D
O reconhecimento da necessidade de proteção jurídica e de criação de políticas públicas para as
mulheres foi um importante passo para alterar a situação feminina na sociedade brasileira, culminando
na criação da Lei Maria da Penha.

3. E
Os questionamentos feitos pelo movimento LGBT buscam encontrar alternativas para que a identidade
daqueles que fogem aos padrões normativos de sexualidade possa ser respeitada e não tratada com
violência.

4. C
O movimento em questão busca modificar a situação e o reconhecimento social do negro na sociedade
brasileira. Isso acontece através da demanda por melhores condições de vida e igualdade de
oportunidades, bem como através da busca pelo fim das discriminações étnicas que esse grupo sofre
ao longo da história.

5. B
A mudança social ocorre de forma processual. Assim, ações, como aquela apresentada no texto da
questão, revelam uma mudança de paradigma na sociedade. No caso, a mudança se refere à noção de
casamento.

6. C
Os movimentos sociais pela igualdade de gênero têm, no pensamento de Simone de Beauvoir, uma
grande inspiração. Por questionar o caráter biológico da divisão entre masculino e feminino ao adicionar
as componentes históricas e sociais na questão, a pensadora permite que se ponha em questão a
dominação masculina na sociedade. Assim, se torna possível a constituição de novas vivências de
identidade de gênero.

7. E
O texto em questão focaliza um aspecto das reivindicações do movimento operário, que é o interesse
no crescimento econômico, vinculado a uma “imagem de ‘civilização’ industrial” e a uma “ideia de
progresso das forças de produção”. Sendo assim, a alternativa que pode ser considerada mais de
acordo com essa abordagem é a [E].

6
Sociolgia

8. A
A alternativa [A] é a única correta. Reconhecer a liberdade de orientação sexual corresponde a ampliar
a noção de cidadania, valorizando pessoas e grupos que antes eram marginalizados ou reprimidos pela
sociedade.

9. B
A questão exige do aluno uma boa compreensão do texto. Boaventura procura demonstrar como o
marxismo pode não ser a melhor forma de compreensão da discriminação sexual. A primazia das
classes sobre o sexo acaba por reduzir a problemática a somente uma relação de classes, o que
acabaria por ocultar a relação de opressão sexual a qual as mulheres são submetidas.

10. B
Somente a alternativa [B] está correta. Sobre o referido movimento, a Fundação Perseu Abramo
descreve: “Naquele 1º de Maio de 1980, as atenções de todo o país estavam voltadas para os
acontecimentos em São Bernardo. Ali cerca de 200 mil trabalhadores das indústrias metalúrgicas
estavam em greve, as lideranças do movimento grevista estavam presas, entre elas Lula, o governo
endurecendo ao não abrir negociações. Tudo isso somado a um quadro de insatisfação geral, com a
inflação em alta e o crescimento de vozes pelo fim da ditadura.” (Fonte: <http://www.fpa.org.br/o-que-
fazemos/memoria-e-historia/exposicoes-virtuais/o-1%C2%BA-de-maio-de-1980> Acesso em
14/11/2011.)

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