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Noronha, Elisa e Semedo, Alice (2009) Plataformas e outras conversações: Web quê?

,
Museologia.pt, Nº 3., Instituto dos Museus e Conservação, pags. 193-197, ISNN 1646-6705.

Plataformas e outras conversações: web quê?


alice semedo e elisa noronha

Resumo
Neste inicio do século é cada vez maior o número de museus que se aventuram no mundo das novas tecnologias e
utilizam as aplicações da Web 2.0, esforçando-se por integrar e, por vezes, verdadeiramente re-desenhar as suas
estratégias de comunicação e de investigação. Mas de que forma a utilização destas novas tecnologias sociais está a
mudar os museus e a própria postura / atitude dos profissionais de museus e dos seus visitantes?

Palavras-chave: web 2.0, arquitectura da participação, museu-plataforma-recurso-conversação.

Platforms and other conversations: web what?


alice semedo e elisa noronha

Abstract
At the beginning of a new century the number of museums using new media and web 2.0 applications is growing fast,
attempting to include and sometimes even redesigning different communication and research strategies. But in which
ways is the use of these social media technologies changing professionals’ and visitors’ approaches towards museums?

Key-words: web 2.0, architecture of participation, museum-platform-resource-conversation

Plataformas e outras conversações: web quê?

alice semedo e elisa noronha

Significados e valores relacionados quer com as colecções quer com os próprios espaços
museológicos são cada vez menos compreendidos como fixos e óbvios. Os debates e reflexões
sobre o objecto museu têm também abandonado os contextos mais restritos e disciplinares (e
disciplinados?), movendo parcerias – por vezes improváveis – de olhares diferentes,
académicos e outros. Democracia e participação, reflexividade e profissionalização,
sustentabilidade e relevância são alguns dos contextos profusamente referidos (e re-
produzidos?) pela já longa lista de trabalhos / objectos entretanto publicados / produzidos /
expostos. As rápidas e marcantes mudanças tecnológicas e as diferentes posturas / atitudes
de utilização que exigem, constituem-se como outro dos contextos contemporâneos
determinantes para a discussão, produção e disseminação cultural e de conhecimento em
museus. As colecções museológicas relacionam-se crescentemente com o mundo global e com

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fluxos de informação. A colocação de informação e imagens sobre as colecções em espaços
sociais permite relacioná-las com diferentes contextos sociais e culturais. Interacções com
colecções (algumas planeadas outras talvez mais serendipidiosas) acontecem através destas
conexões múltiplas e alargadas de ideias, pessoas, objectos, ultrapassando tantas vezes
fronteiras demasiado disciplinadas.

E são estas instituições – tradicionais, ainda no olhar de muitos – que se aventuram agora no
mundo das novas tecnologias, esforçando-se por integrar e, por vezes, verdadeiramente re-
desenhar as suas estratégias de comunicação e de investigação. Neste inicio do século é cada
vez maior o número de museus que utilizam as aplicações da Web 2.0, ArtShare, Wikis,
Twitter, Flickr, Facebook, Youtube, Delicious, Voicethread, Second Life, Digg, Ning (e tantos
outros dispositivos que todos os dias nos são disponibilizados na Web), convidando as
comunidades on-line quer para utilizar os recursos que aí oferecem quer, por exemplo, para
colaborarem na conceptualização de exposições e documentação de colecções. Tagging, por
exemplo, é um daqueles termos que se evadiu do espaço profissional, afirmando-se como
instrumento criativo, de acessibilidade e de documentação das colecções on-line. Os léxicos
propostos são significativamente diferentes dos produzidos pela documentação normativa
museológica e deixam-nos adivinhar os problemas de os relacionar com os léxicos
museológicos normalizados. Todavia, as abordagens diferentes – e por vezes desconcertantes
– acerca dos objectos propostas pelos visitantes têm exposto olhares inexistentes na
documentação anterior. No contexto dos museus de arte, por exemplo, esta contribuição dos
visitantes pode ajudar a reflectir a amplitude de abordagens possível, podendo oferecer, por
outro lado, acesso a pontos de vista alternativos e um outro nível de catalogação que
suplementa e complementa a documentação dos catálogos profissionais.

Relevância, redes colaborativas e experiência pessoal são conceitos que fazem parte destas
novas infozonas onde se promove a inter-conectividade social e o envolvimento /
conhecimento pessoal, a participação em projectos e processos culturais / de conhecimento.
Nina Simon define bem o princípio básico e orientador desta abordagem ao re-equacionar as
palavras de Tim O’Reilly (que definiu a Web 2.0 como sendo uma plataforma colaborativa de
conexões que se torna melhor cada vez que uma pessoa o utiliza) para o contexto dos
museus: e se um museu se tornasse melhor cada vez que um visitante aí entrasse? / utilizasse
os seus recursos? A Web 2.0 pode – e neste contexto deve – ser compreendida como
instrumento a ter em conta para o envolvimento criativo e genuíno dos visitantes e dos
museus (nas e com comunidades que pretendem habitar).

E aqui reside uma das principais questões que tem dividido o campo dos profissionais de
museus: a filosofia da Web 2.0 relaciona-se, sobretudo, com quem controla os seus

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conteúdos; quem gera, actualiza, interpreta conteúdos. Um dos principais receios dos
profissionais de museus (de todos os profissionais?) relaciona-se com o medo de perda de
controlo. A necessidade de afirmação da própria profissão leva a que abordagens que
pressupõem a delegação, partilha de autoria / curadoria, sejam alvo de desconfiança (mas,
então, o que valorizamos como nossos saberes profissionais? apenas os conhecimentos sobre
as colecções?). Entre os elementos-chave necessários para definir uma profissão como
distinta, encontra-se a capacidade de identificar alguns aspectos do próprio trabalho como
sendo únicos. Ora a criação deste tipo de plataformas que promove o valor da experiência
pessoal, da inter-conectividade e a produção de produtos expansíveis pode ser compreendida
como uma ameaça dos saberes profissionais, uma vez que a questão da autoridade se coloca
de forma completamente diferente. A verdade é que muitos dos museus que criaram páginas
no Facebook, Twitter e Flickr o fizeram apenas como instrumento de marketing (ou apenas
para preencher o quadradinho do envolvimento social), arriscando-se a não aproveitar,
verdadeiramente, as potencialidades deste meio.

Novas oportunidades e instrumentos para os visitantes partilharem histórias, reagruparem


objectos, proporem relações diferentes podem ser consideradas como ameaças e são,
frequentemente, experiências desvalorizadas pelos meios mais conservadores. Mas a verdade
é que existe uma diferença entre controlo, autoridade e conhecimento: o conhecimento
sobre os conteúdos é que é essencial e não o seu controlo! A diferença diz respeito à forma
como o conhecimento é utilizado: se para os próprios fins do museu ou se é disponibilizado
aos visitantes como um instrumento para ser utilizado para objectivos próprios e nos seus
próprios termos, dando aos visitantes a possibilidade de serem autores, gerirem, produzirem
conteúdos, permitindo-lhes utilizar os conteúdos como melhor entenderem. Este tipo de
abordagem não significa que a presença curatorial não seja real (sempre que possível) e que
não seja orientada pela missão do museu / associada aos objectivos do museu: a verdade é
que só faz sentido se acrescentar valor / relevância ao museu / participantes. Porém, esta
mudança é mais complexa do que pode parecer à primeira vista porque, na realidade, se
relaciona com as missões, as razões de ser, as visões do que é e do que pode ser um museu e
não é uma mera questão sobre meios e instrumentos / aplicações tecnológicas. Por outro
lado, o que aqui também está em causa é a nossa compreensão sobre o que entendemos ser a
educação e aprendizagem em museus. Não há dúvida alguma que os museus são e cada vez
mais compreendidos como recursos de conhecimento e instrumentos relevantes para que cada
visitante possa explorar as suas próprias ideias e, sendo assim, a questão que se coloca
quando falamos de educação é se se trata apenas de transferir conhecimentos ou de
promover novas dinâmicas, relevantes, de aprendizagem? Por outro lado, falamos também em
educação personalizada e educação personalizada relaciona-se, sobretudo, com os próprios
instrumentos para aprender, relaciona-se com aprendizagens mais participativas e relevantes
para cada um de nós. Instrumentos e aprendizagens que conduzem a novas questões que, por
sua vez, nos levam a procurar novos instrumentos e provavelmente a desenvolver novas

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competências de aprendizagem. Uma plataforma que ofereça instrumentos flexíveis,
personalização e o respeito pela autodeterminação dos visitantes é, aliás, como Nina Simon
define o seu Museu Web 2.0.

Duncan Cameron denominou-o de museu fórum já nos anos sessenta; este museu-fórum que
é aqui também compreendido como museu plataforma-recurso-conversação; como campo
aberto para estas recriações individuais, abrindo espaços de diversidade, de celebração, de
criação e expressão pessoal. A aplicação de modelos da Web 2.0 à organização e actividades
de museus é para Nina Simon o ponto de partida deste modelo conversacional de museu. Este
conjunto de aplicações da Web social caracteriza-se, particularmente, por promover não só
pontos de encontro de conteúdos (um mero provimento de conteúdos) mas também uma
arquitectura de participação com efeitos distribuídos na rede. Para além disso, argumenta,
estas plataformas encontram-se num contínuo estado beta, quer dizer, são compreendidas
como produtos inacabados, em permanente desenvolvimento; são plataformas distribuídas,
flexíveis, que apresentam um desenvolvimento modular de produtos expansíveis.

Imagens de um ponto de encontro – como plataforma que apoia a criação, manipulação e


distribuição de conteúdos gerados pelos utilizadores – são constantemente utilizadas por Nina
Simon para promover este conceito. Os museus constituem-se como meros provedores de
conteúdos quando são apenas os profissionais que determinam que objectos, mensagens e
experiências são disponibilizadas aos visitantes, transformando-se, porém, em plataformas de
conteúdos quando entregam / renunciam ao seu controlo e, em vez disso, oferecem aos
visitantes oportunidades para gerarem esses objectos, mensagens e experiências. Em segundo
lugar, e no contexto museológico, a arquitectura da participação significa incorporar
interacções entre os visitantes nas próprias experiências museológicas. Um exemplo muito
simples e que encontramos frequentemente, e a que Nina Simon também se refere, é o das
paredes com cartões-resposta nas quais os visitantes partilham e reagem aos conteúdos
inscritos por cada um. Esta arquitectura de participação pode tornar-se ainda mais
interessante quando promove redes sustentáveis de interacção entre os visitantes, agindo
como um verdadeiro catalisador na comunidade. Em terceiro lugar, as aplicações da Web 2.0
estão em desenvolvimento contínuo, o que quer dizer que se adaptam e crescem de acordo
com as necessidades dos seus utilizadores. Em museus, o estado beta pode relacionar-se não
só com a necessidade contínua de auto-reflexividade mas também de abertura e re-
negociação, co-conceptualizando exposições com os visitantes e transformando as exposições
em projectos em curso. Também aqui se trata de delegar controlo e compreender os
visitantes como co-proprietários na definição do que um museu é / pode ser. Finalmente,
Nina Simon refere que, frequentemente, as aplicações da Web 2.0 apresentam
enquadramentos abertos e encorajam os seus criadores a criar Plug-ins que possam
facilmente ser anexados aos núcleos centrais, combinando diferentes valências e,

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eventualmente, instituições. Por exemplo, um grupo diversificado de experiencias é
conectado numa mesma plataforma / instituição (espaço de exposições, fórum de discussão,
etc.). Abrir a porta e o nosso espaço a criadores de fora não é fácil! Compreende-se que
alguns museus se preocupem com a diluição da sua identidade mas se os museus querem
verdadeiramente tornar-se inclusivos e agir como espaços-fórum-plataformas-conversacionais,
espaços públicos por excelência, então talvez tenham que incluir serviços e prestadores com
quem eventualmente (e tradicionalmente) nunca estiveram associados.

Perguntámos, ainda, a Jim Richardson de que forma a utilização destas novas tecnologias
sociais estava a mudar os museus e os próprios trabalhadores-do-conhecimento, que nos
respondeu que aos museus se exigia que respondessem activamente às expectativas em
mudança dos seus públicos. A verdade é que os websites como o Facebook, MySpace e o
Twitter, são também responsáveis por estas mudanças: os nossos visitantes já não se
contentam em consumir apenas conteúdos conceptualizados por outros; querem, sim,
repensar, nos seus próprios termos, as colecções e partilhar o que criaram com os seus
próprios públicos. De alguma forma, os websites dos museus demonstram já esta sensibilidade
mas Richardson acredita que o design participativo não se limitará ao espaço virtual e pode
ter impactos profundos na forma quer como (re)construímos os nossos espaços museológicos
(materiais), ampliando o impacto no museu físico, quer como os visitantes interagem com as
exposições e o museu. Neste contexto, os profissionais têm um papel extremamente
complexo a desempenhar, procurando equilibrar, por um lado, a integridade académica da
instituição e da sua colecção e, por outro, um diálogo mais aberto e mais pensado em torno
dos visitantes.

Inovador, flexível, aberto e inspirador são competências frequentemente associadas aos


profissionais de museus nestes contextos. Lynda Kelly e outras redes (como a nossa
museologia.porto!) lançaram a questão no Facebook e no Ning e estas foram algumas das
caracterizações propostas pela comunidade e ainda que incluem a necessidade básica dos
profissionais compreenderem o conhecimento transversalmente, desenvolvendo competências
neste sentido (competências tecnológicas, também, obviamente!). A confiança na instituição
continua a ser essencial; confiança cada vez mais personalizada. O conceito de profissional
activista de Judyth Sachs (2000) pode bem ser incluído nesta caracterização. De certa forma,
o conceito de profissional activista – para além de reforçar a necessidade de acção colectiva
e colaboradora no grupo e na communitas, de inclusão, de promoção de contextos de
confiança e respeito, de responsabilidade, de prazer e paixão – repensa os papéis profissionais
e políticos que desempenhamos, reconhecendo as responsabilidades e competências
profissionais particulares mas apelando para um envolvimento mais alargado com a
comunidade e, fundamentalmente, para as responsabilidades profissionais colectivas. Estes
princípios levam-nos para além da estreiteza do auto-interesse, constituindo-se tanto como

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um grupo de princípios prospectivos de orientação para o desenvolvimento da profissão
museológica como uma agenda reflexiva para a considerar.

Discussão, reflexão, partilha de ideias e informação, abertura e disponibilização de arquivos


pessoais, desenvolvimento e criação de projectos, inter-conectividade são contextos que
fazem parte das plataformas de grupos com características profissionais que têm surgido um
pouco por todo o lado, no mundo dos museus. A comunidade organiza-se também entre si,
criando infozonas colaborativas, actuando como recurso, convidando à reflexão e à
participação, tentando anular barreiras e promover a constituição de uma comunidade de
prática, profundamente heterogénea mas onde os contactos pessoais são possíveis e as
centralidades se desvanecem.

Agradecimentos muito especiais são devidos a Angelina Russo, Jim Richardson, Lynda Kelly,
Nina Simon, Susana Medina e a todos os participantes nas discussões propostas pelas
diferentes plataformas aqui referidas.

DEixamos, por último, a questão que se tem colocado um pouco por todas estas
plataformas: e o que nos trará a Web 3.0?

Museologia.Porto - Acedido em 29.07.09. http://museologiaporto.ning.com/

Museum 3.0 - what will the museum of the future be like?, Acedido em 29.07.09. http://museum30.ning.com/

KELLY, Lynda - Organizational change in museums, Acedido em 29.07.09.


http://www.facebook.com/group.php?gid=17672003360

RICHARDSON, Jim - Facebook is more than a fad—and museums need to learn from it museums should embrace the
idea that 'everyone is a curator’, he Art Newspaper From issue 202, May 2009, Published online 23.4.09. Acedido em
29.07.09. http://www.theartnewspaper.com/articles/Facebook-is-more-than-a-fad-and-museums-need-to-learn-
from-it/17207

SACHS, J. - The activist professional. Journal of Educational Change. 1:1, 2000.

SIMON, Nina - Beyond Hands On: Web 2.0 and New Models for Engagement, Acedido em 29.07.09.
http://www.museumtwo.com/publications/beyond_hands_on.pdf

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