Вы находитесь на странице: 1из 51

V

0
SUMÁRIO

1 CONCEITO DE NUTRIÇÃO............................................................................ 2

2 CONCEITO DE IDOSO ................................................................................... 4

3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS ESPECÍFICAS DOS IDOSOS EM


RELAÇÃO À POPULAÇÃO ADULTA EM GERAL .......................................................... 8

3.1 Principais alterações fisiológicas ligadas ao envelhecimento ................... 8

4 IMPACTO DAS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NAS NECESSIDADES


NUTRICIONAIS DOS IDOSOS ..................................................................................... 11

4.1 Vitaminas ................................................................................................ 11

4.2 Minerais .................................................................................................. 13

5 RELAÇÃO DOS FÁRMACOS COM A ABSORÇÃO DE NUTRIENTES ....... 14

6 PRINCIPAIS CAUSAS DO DÉFICE VITAMÍNICO NOS IDOSOS ................ 16

7 IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO 18

7.1 Fatores determinantes do estado nutricional em idosos......................... 20

8 ALTERNATIVAS ALIMENTARES ................................................................. 21

8.1 Dieta Mediterrânica................................................................................. 22

8.2 Dieta Vegetariana ................................................................................... 23

9 ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA ............... 24

10 FATORES QUE AFETAM O CONSUMO DE NUTRIENTES NOS IDOSOS


26

10.1 Fatores Socioeconômicos ................................................................... 27

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 29

11 LEITURA COMPLEMENTAR..................................................................... 31

1
1
1 CONCEITO DE NUTRIÇÃO

Fonte:vidanutritiva.net

O conceito de nutrição, como hoje a entendemos, é relativamente recente e re-


sulta do aprofundamento da noção de alimentação que, no senso comum, estava muito
mais ligada à quantidade de alimentos do que à sua composição ou qualidade. Assim,
podemos dizer de modo simplista que a magreza estava conotada com uma “má” ali-
mentação e a gordura, pelo contrário, com uma “boa” alimentação. Duma criança se
dizia, como uma apreciação positiva, “é muito gordinha”, ao passo que “está muito ma-
grinha” tinha normalmente uma conotação contrária. Do mesmo modo se aconselhava
uma grávida a “alimentar-se bem” porque tinha de comer por dois.
Conforme foi havendo maior conhecimento das necessidades nutricionais do bebé
e da criança para que se desenvolvessem de forma saudável, maiores foram também as
preocupações nessa área o que, conjuntamente com a administração de vacinas, con-
tribuiu em muito para a queda da mortalidade infantil que, no caso concreto de Portugal,
foi verdadeiramente espetacular.

1
Texto origina extraído no link: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/3565/1/TeseMariaJoaoFerreira.pdf

2
Os estudos sobre nutrição centram-se sobretudo na criança e, mais tarde, tam-
bém um pouco sobre os adolescentes, isto é, nas fases de crescimento do indivíduo. Só
bastante mais tarde, e em parte devido ao progressivo envelhecimento da população
que chamou a atenção para novas questões e problemas relacionados com uma parte
cada vez mais numerosa da sociedade, começam a surgir estudos e publicações com
recomendações alimentares e nutricionais para idosos, nomeadamente as de Cathcart
e Murray (1931), as da Liga das Nações (1935) e as Atas da Sociedade da Nutrição, em
1944. A partir dos finais do século XX, a nutrição é reconhecida como uma preocupação
de saúde pública, para todos em geral e para os idosos em particular.

Fonte:www.estaciocarreiras.com.br

O dicionário define nutrição como “o conjunto de processos ocorridos no interior


do organismo, através dos quais este retira dos alimentos os nutrientes que os consti-
tuem e os distribui por todas as células do corpo, que os absorvem para realizar o seu
metabolismo”.
A nutrição é, pois, um processo complexo pelo qual os organismos obtêm nutri-
entes e os utilizam para o seu crescimento, metabolismo e reparação. Terminada a fase
de crescimento, no idoso a nutrição assegura o metabolismo do organismo e exerce
funções reparadoras, capazes de retardar o envelhecimento. Com base na esperança
média de vida, que está a aumentar, a relação entre nutrição e envelhecimento emerge
como questão de saúde pública no século XX (Kravchenko, 2008).

3
2 CONCEITO DE IDOSO

Fonte:fazendocontas.com.br

Também o conceito de “idoso” se tem vindo a modificar. Embora sabendo que a


vida é um processo contínuo, sem divisões estanques, tornou-se necessário, por razões
de ordem prática, estabelecer uma distinção entre as fases da vida e, neste caso, quando
se considera que um indivíduo é “idoso”.
Sendo os 65 anos a idade da reforma na generalidade dos países industrializados,
foi esse o marco mais ou menos consensual. Em 2002 a WHO (World Health Organiza-
tion) considerou idosa a população com 65 e mais anos mas, já em 2007, as Nações
Unidas baixaram esse patamar para 60 anos. Considera-se esse grupo relativamente
homogéneo mas, com o progressivo aumento da esperança de vida, sentiu-se a neces-
sidade de constituir, pelo menos, 2 grupos: um dos 60 ou 65 anos até 80 e outro acima
dos 80 anos. Esta distinção reconhece haver nestes grupos diferentes capacidades físi-
cas, cognitivas e psicológicas que, por sua vez, influenciam as necessidades nutricionais
dos indivíduos que os constituem. É curioso verificar que o que se passou com os estu-
dos sobre a infância, que levaram à necessidade de definir vários estádios de desenvol-
vimento, se passa agora com os idosos, na fase de declínio, por razões semelhantes. E
podemos prever que outras categorias poderão ser criadas, dado que já se verifica que
um número apreciável de indivíduos atinge os 100 anos.

4
Mas, para além destas distinções de ordem puramente prática, interessa lembrar
que as representações sociais do idoso têm variado através dos tempos, determinando
também comportamentos diferentes.

Fonte:nutrixesaude.blogspot.com.br

A história da humanidade, desde os seus primórdios, mostra-nos que eram raros


os indivíduos que atingiam uma idade avançada. Era esses os detentores e transmisso-
res dos conhecimentos adquiridos pelas gerações anteriores, pelo que eram respeitados,
acarinhados ou temidos e consultados em diferentes situações. A fase final do seu ciclo
de vida era vista como algo natural, no seio da família ou do grupo a que pertencia.
Esta situação manteve-se praticamente até à Revolução Industrial, que originou
várias rupturas sociais. O êxodo dos mais novos para as cidades, em busca de melhores
condições de vida, levou a que os idosos ficassem mais sós nas terras onde permane-
ceram. Mantinha-se no entanto uma rede social de proximidade que, de certo modo e
durante algum tempo, colmatava a ausência dos familiares.

5
Fonte:odontopalladium.com.br

Mas é sobretudo a partir da segunda metade do século XX, com o notável au-
mento da esperança de vida das populações e o consequente aumento do número de
idosos que estes começam a ser encarados, muitas vezes, como um encargo para as
famílias e para a sociedade. Muitas vezes a solução encontrada é a institucionalização
do idoso ou o seu acompanhamento por alguém que desconhece o seu percurso de vida,
os seus gostos, as suas necessidades. Em ambos os casos há uma ruptura com o seu
passado e esse desconhecimento leva a um reforço dos estereótipos ligados ao idoso,
já que a sua individualidade, aquilo que o torna diferente dos outros, é desvalorizado. Há
a tendência para perceber todas as pessoas de determinada idade como um grupo ho-
mogéneo que é caracterizado geralmente por determinados traços negativos, como a
incapacidade, a dependência, a doença. A esta tendência deu-se o nome de “idadismo”
(ageism). Em termos gerais, refere-se às atitudes e práticas negativas generalizadas em
relação a certos indivíduos baseadas apenas numa característica – a sua idade. Na
nossa sociedade, o idadismo está associado sobretudo às crenças, estereótipos ou pre-
conceitos em relação às pessoas idosas. Não é apenas uma atitude negativa individua-
lizada, mas revela os nossos valores culturais mais profundos e está presente na maioria
das práticas institucionais da nossa sociedade. Pode manifestar-se através de atitudes
de desdém ou mesmo desprezo em relação às pessoas mais velhas ou, pelo contrário,
de piedade ou paternalismo, igualmente humilhantes.

6
Fonte:blogjp.jovempan.uol.com.br

Atualmente verifica-se uma grande indefinição e ambivalência em relação a esta


etapa de vida. Por um lado, continua a existir o paradigma anterior. Mas, cada vez mais
começa a evidenciar-se um tipo de pessoa idosa que remete para uma população mais
urbana, mais saudável, com uma situação económica razoável, bem integrada social e
familiarmente e com bom nível cultural e intelectual. O próprio momento da reforma, que
muitas vezes era sentido como um “fim de vida”, é muitas vezes antecipado por vontade
própria, dando oportunidade a novas atividades culturais ou de lazer. Estas pessoas ido-
sas, mais preparadas intelectual e culturalmente, vão exigir aos responsáveis pelas po-
líticas sociais o seu reconhecimento e a sua participação ativa na sociedade. Tanto mais
que começam a adquirir certa importância quer pelo seu poder económico quer pelo seu
número, o que lhe dá um peso eleitoral e não pode ser ignorado nos programas dos
partidos políticos. Estes fatores internos, aliados à pressão dos organismos internacio-
nais no sentido da implementação de políticas sociais que tenham em conta os idosos,
levará certamente a uma alteração das estruturas e legislação que com eles se relacio-
nam, o que contribuirá para a sua melhor integração na sociedade e ao desaparecimento
gradual dos estereótipos negativos a eles associados.

7
3 NECESSIDADES NUTRICIONAIS ESPECÍFICAS DOS IDOSOS EM RELAÇÃO À
POPULAÇÃO ADULTA EM GERAL

Fonte:www.youtube.com

Para compreendermos por que razão os idosos têm necessidades nutricionais


que diferem, em vários aspetos, dos indivíduos de meia-idade, teremos que conhecer e
ter em conta algumas alterações fisiológicas ligadas ao envelhecimento e o seu impacto
sobre as necessidades nutricionais de cada um.

3.1 Principais alterações fisiológicas ligadas ao envelhecimento

perda de massa muscular esquelética (sarcopénia) – parece estar relacionada


com uma menor atividade física ligada ao envelhecimento, embora esta interação não
seja ainda muito clara. Claro é, sem dúvida, o papel essencial da nutrição neste pro-
cesso;
envelhecimento bucodentário - a perda de dentes ou problemas nas gengivas mo-
difica a escolha dos alimentos: reduzem o consumo de carne, de frutas e de legumes,

8
mais difíceis de mastigar e deglutir. Além disso, uma má mastigação reduz a saliva, difi-
cultando assim a preparação dos alimentos para serem deglutidos e digeridos. Os pro-
blemas de mastigação podem também ser provocados por próteses dentárias inadequa-
das ou desajustadas que provocam mal – estar ou dor;

Fonte:www.esbocosermao.com

perda ou diminuição de capacidades sensoriais, como o olfato ou o paladar. A


falta de paladar, ou o seu enfraquecimento, leva a salgar ou adoçar os alimentos em
excesso. O excesso de sal contribui para a elevação da tensão arterial e para a retenção
de líquidos que se manifesta por edemas dos tornozelos e pés sobretudo se, o que é
frequente, o idoso tiver um estilo de vida muito sedentário. O excesso de açúcar pode
facilitar o aparecimento da diabetes porque o organismo, ao envelhecer, produz menos
insulina e torna-se menos capaz de processar o açúcar.
O enfraquecimento do olfato pode levar à ingestão de alimentos que já não estão
em boas condições, porque não sente o cheiro;
perda da sensação real de sede O idoso pode estar desidratado e não ter a cor-
respondente sensação de sede No tempo quente isto será ainda mais grave porque a
perda de água é acelerada. Por isso a pirâmide dos alimentos adaptada para idosos põe
em grande evidência vários copos de água diários. Deverá beber água mesmo que não

9
sinta sede. A dose geralmente recomendada é de cerca de 1,5 litros de água, mesmo
tendo em conta a água contida nos alimentos;
alteração no aparelho digestivo – diminui a produção de saliva, como já foi refe-
rido, sobretudo se a mastigação for deficiente e houver défice de hidratação. O estômago
tem menor produção de ácido clorídrico, a passagem dos alimentos do estômago para o
restante tubo digestivo é mais demorada, todo o intestino funciona mais lentamente do
que no jovem. Por isso as digestões são mais demoradas, havendo frequentemente pro-
blemas de obstipação.

Fonte:br.depositphotos.com

A estas dificuldades, frequentes no envelhecimento normal, podemos ainda acres-


centar:
anorexia – devida ao efeito secundário de alguns fármacos, infeções crónicas ou
recorrentes, diversas patologias, depressão e solidão;
desidratação por aumento de perdas devido a infeções, alterações de consciên-
cia, comprometimento cognitivo ou ingestão de diuréticos;
patologia mental e psiquiátrica.
Para além dos problemas atrás referidos, há inúmeros fatores que influenciam a
ingestão alimentar e, consequentemente, o estado nutricional do idoso, e que serão ana-
lisados mais em pormenor no decorrer deste trabalho (vd. Capítulo 6 – “Fatores determi-
nantes do estado nutricional em idosos”).

10
4 IMPACTO DAS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NAS NECESSIDADES NUTRICI-
ONAIS DOS IDOSOS

Fonte:robertaescolastico.blogspot.com.br

Para uma melhor compreensão desta relação, apresenta-se em seguida uma


listagem das vitaminas e minerais nela referidos, suas funções no organismo e alguns
dos alimentos em que se encontram.

4.1 Vitaminas

Vitamina D – encontra-se armazenada na pele. Este “armazenamento” processa-


se através de alimentos que são fonte deste nutriente e é ativado através dos raios ul-
travioletas durante a exposição correta ao sol. Tem também como função a absorção de
cálcio, pois estimula o transporte deste pelas células da mucosa do intestino. Atua na
mobilização do cálcio dos ossos e aumenta a absorção de cálcio e fósforo. É também
importante para o equilíbrio das funções neurológicas e cardíacas e para coagulação
sanguínea. As fontes alimentares desta vitamina são: sardinha, gema de ovo, fígado,
óleo de peixe.
Vitamina B6 ou Piridoxina – atua no equilíbrio hormonal feminino, depressão, ten-
são pré-menstrual, gravidez, stresse, enxaqueca e outros. Fontes alimentares: carne,
fígado, grãos integrais, gérmen de trigo, peixes, aves, ovos, amendoim, leguminosas
(lentilha, feijão, grão de bico, ervilha), banana, abacate, batata e couve-flor.

11
Vitamina E – atua como antioxidante, combatendo os radicais livres, responsáveis
pela oxidação do nosso metabolismo. Combate a agregação plaquetária. Fontes alimen-
tares: óleo de gérmen de trigo, óleo de milho, óleo de soja, óleo de girassol, amêndoas,
batata doce, abacate, damasco, azeite de oliveira, gema de ovo.
Vitamina B12 ou Cobalamina – está relacionada com o metabolismo de todas as
células, especialmente as do trato gastrointestinal, as da medula óssea e as do sistema
nervoso. A sua absorção é facilitada pelo suco gástrico. Como a produção deste diminui
com a idade, é necessária a ingestão diária deste nutriente que, juntamente com outros
micronutrientes como a vitamina C, ácido fólico, ferro, cobre e vitamina B6, é necessário
para a formação de hemácias. Encontra-se quase exclusivamente em alimentos de ori-
gem animal como fígado, leite, ovos, peixe, queijo e carne.
Vitamina C ou ácido ascórbico – tem um papel importante na formação de colá-
geno, pelo que é essencial no metabolismo do tecido conjuntivo, ósseo, cartilaginoso,
bem como nos processos de cicatrização. Principais fontes alimentares: sumo de ace-
rola, sumo de laranja, pimentos verdes, Kiwi, manga, melão, papaia, morangos, entre
outros.
Ácido fólico – é essencial na formação e na maturação de hemácias e de leucóci-
tos na medula óssea. É necessário ao equilíbrio das funções cerebrais e à saúde mental
e emocional. A sua deficiência é comum na gestação, alcoolismo, desnutrição, leucemia,
terceira idade e doença de Hodgkin. As suas principais fontes alimentares são: fígado,
leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico e ervilha), espinafres, espargos, sumo de la-
ranja e brócolos.

12
4.2 Minerais

Fonte:www.mundoboaforma.com.br

Cálcio – é o mineral mais abundante no organismo, representando cerca de 1,5 a


2,0% do peso corporal. Atua na composição estrutural dos ossos e dentes; é necessário
na contração dos músculos; estabiliza a frequência cardíaca e a pressão arterial; ativa
enzimas que ajudam reações metabólicas; ativa hormonas e os neurotransmissores.
Encontra-se em: sardinha, leite e derivados, tofu, espinafres e couve.
Zinco – é o material envolvido no maior número de funções metabólicas que se
conhece. As suas principais funções são: produção de energia, manutenção da pele
saudável, formação de colágeno, participa da estrutura mineral de ossos e dentes, no
sistema imunológico, na produção de anticorpos, atua na preservação do paladar, olfato
e visão, entre outras. Fontes alimentares: gérmen de trigo, carne vermelha, ostras, fí-
gado, ricota e arroz integral.
Ferro – é pouco absorvível a partir dos alimentos de origem vegetal, enquanto as
carnes têm ferro mais bio disponível. A sua absorção é facilitada se ingerido juntamente
com vitamina C. Tem como função o transporte de oxigénio, produção de energia, pro-
teção do organismo (porque reforça o sistema imunológico). Existe no fígado, ervilhas,
feijão, carne vermelha, gérmen de trigo, espinafres, entre outros.

13
5 RELAÇÃO DOS FÁRMACOS COM A ABSORÇÃO DE NUTRIENTES

Fonte:beleza.culturamix.com/dicas/nutrientes-essenciais-para-a-beleza

Com o aumento da longevidade surgem, além das alterações fisiológicas nor-


mais, determinadas patologias que necessitam de medicação que pode interferir com a
absorção de alguns micronutrientes. “Os problemas médicos que está população suscita
são imensos: o idoso português sofre em média de 5,6 patologias distintas e consome
sete medicamentos por dia. As doenças que os afligem são crónicas, complexas e de
duração arrastada”.
Torna-se assim fundamental considerar a interação fármaco – nutriente de modo
a evitar desequilíbrios ou outros efeitos colaterais.
A tabela seguinte apresenta exemplos de alguns fármacos e respetiva interação
com os nutrientes:

14
15
6 PRINCIPAIS CAUSAS DO DÉFICE VITAMÍNICO NOS IDOSOS

Fonte:conaz.com.br/portal/15-nutrientes-que-ajudam-na-concentracao-e-na-memoria/

Embora existam numerosos estudos que tentam determinar quais as necessida-


des vitamínicas nos idosos e também qual a relação destas com determinadas patolo-
gias, essa correlação é difícil de estabelecer porque há muitas variáveis nos grupos es-
tudados que condicionam a generalização dos resultados. Os estudos abrangem popu-
lações idosas heterogéneas, uns englobam pessoas autónomas e saudáveis, outros in-
divíduos hospitalizados, com várias patologias e com polimedicação que interfere com a
absorção de nutrientes. Por outro lado, também não há concordância sobre os valores
“normais” que devem ser recomendados.
No entanto, há certas conclusões que são consensuais:
 As vitaminas ingeridas pelos idosos são frequentemente inferiores ao que seria desejável;
 Há certos estados clínicos em que os doentes melhoram quando são administrados suple-
mentos vitamínicos, o que reforça a teoria de haver uma relação entre eles;
 Há vários fatores que potenciam um défice vitamínico e que se conjugam frequentemente
nos idosos:
 Ingestão de valor energético total fraco. É muito frequente que, por dificuldades de mastiga-
ção ou deglutição, deficiente salivação (boca seca) ou outros problemas bucodentários os ido-
sos vão restringindo a quantidade de alimentos que ingerem, logo, também a quantidade de
micronutrientes. Também uma certa anorexia por perda de gosto, solidão, depressão, podem
ter o mesmo resultado;
 Deficiências na preparação dos alimentos. Uma cozedura demasiado prolongada ou com ex-
cesso de água origina a perda de vitaminas, prejudicando o que deveria ser uma alimentação

16
adequada. O mesmo acontece com sucessivos reaquecimentos, muito frequentes em quem
vive só com dificuldade em se abastecer, por perda de autonomia ou carências económica;
 Necessidades superiores ao habitual por razões fisiológicas ou existência de patologias;
 Perturbações de absorção e do metabolismo das vitaminas por patologias digestivas crónicas,
interferências com medicamentos, alcoolismo, etc....

De entre os défices vitamínicos mais frequentes nos idosos e já referidos em ca-


pítulo anterior, avulta o défice em vitamina D. Sabendo da sua relação com a exposição
da pele à luz solar, podemos associá-lo ao facto de o idoso diminuir a sua atividade no
exterior e estar mais confinado ao seu domicílio, sobretudo se vive só em habitação com
escadas, sem elevador, numa rua íngreme, etc. Isto para além das alterações fisiológicas
devido à idade já atrás referidas e que diminuem a produção desta vitamina. Sendo a
presença da vitamina D importante para a absorção de cálcio pelo organismo, há aqui
um importante fator de risco de osteoporose, de quedas e de fraturas, sobretudo do colo
do fémur.

Fonte:solucaoperfeita.com/substanciasvitais/vitamina-d-colecalciferolergocalciferol/

Em muitos inquéritos se tem verificado a baixa incidência de ingestão de suple-


mentos vitamínicos, que tem algo a ver com uma deficiente avaliação nutricional dos
idosos. Por outro lado, mesmo quando são prescritos, muitas vezes são vistos pelo idoso
como supérfluos em relação a outros medicamentos, sobretudo em época de grandes
dificuldades económicas, como a que se vive atualmente. É este um facto bem conhecido
de todos os farmacêuticos, que se confrontam com ele quase diariamente. Por contraste,
há uma parte da população que, sem esses constrangimentos económicos, se “auto
prescreve” esses suplementos de forma indiscriminada. O “marketing” farmacêutico,
atento a esse nicho de mercados, promove todo o tipo de suplementos, em campanhas

17
que chegam a recomendar um produto que contém “vitaminas e minerais de A a Z”,
sendo o A a vitamina A e o Z o zinco. Raciocinando, facilmente se conclui que nem todos
os indivíduos precisarão da mesma forma destes micronutrientes “de A a Z”, correndo-
se até o risco de provocar desequilíbrios perigosos para a saúde.
Os suplementos vitamínicos são importantes em certos casos, mas devem ser
prescritos por alguém especializado nessa área e depois de uma avaliação séria das
necessidades nutricionais do indivíduo.

7 IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO IDOSO

Fonte:krispavezi.com.br/servicos/nutricao-clinica/

Desde que estudos cada vez mais numerosos e abordando aspetos mais diferen-
ciados foram estabelecendo a estreita relação entre a nutrição e o aparecimento de de-
terminadas doenças, têm-se multiplicado as tentativas de melhor compreender como se
relacionam estes dois aspetos e também de criar instrumentos que permitam avaliar o
estado nutricional de um indivíduo.
Com efeito, estes estudos abrem caminho para uma abordagem do envelheci-
mento e da origem de certas patologias um pouco diferente da visão biomédica ou psi-
cossocial, possibilitando prevenir ou atenuar certos problemas que, depois de instalados,
são de difícil tratamento. A desnutrição ou má nutrição têm consequências sobre aspetos
fisiológicos, como a capacidade imunológica ou a fadiga, e psicológicos, como a apatia,

18
o desleixo consigo próprio, a depressão. Estas situações aumentam o risco de doença e
o recurso à hospitalização ou a institucionalização.

Fonte:cursosabrafordes.com.br/area-saude

A má nutrição tem portanto elevados custos de saúde. A sua investigação tem


incidido sobretudo em ambiente hospitalar. No entanto, a sua origem situa-se sobretudo
a nível da família ou da comunidade, onde seria possível evitar o seu agravamento, pelo
que uma intervenção precoce (pela difusão de mais informação, por exemplo) seria muito
benéfica para prevenir males futuros.
A avaliação do estado nutricional em idosos tem como principais objetivos:
 Determinar a adequação da ingestão alimentar/nutricional às necessidades individuais;
 Identificar fatores de risco de desnutrição;
 Diagnosticar situações de mal nutrição;
 Identificar a etiologia dos défices nutricionais;
 Elaborar e aplicar estratégias terapêuticas;
 Avaliar a efetividade da estratégia aplicada (Ferry et al., 2004; Mesa e Dapchich, 2006)

A avaliação do estado nutricional pode ser feita a quatro grandes níveis:


 Avaliação clínica e funcional;
 Avaliação da ingestão alimentar;
 Avaliação antropométrica e da composição corporal;
 Avaliação bioquímica e imunológica

De forma muito simplificada, focaremos alguns aspetos contidos nestes quatro


níveis de avaliação:

19
 A avaliação clínica e funcional engloba a história clínica (antecedentes pessoais e familiares,
atividades diárias habituais, atividade física, medicação alterações de peso, etc.), o exame fí-
sico (sinais de desnutrição visíveis na face unhas, pele, etc., perda de gordura subcutânea,
perda de massa muscular), a força muscular.
 Avaliação da ingestão alimentar, feita pelo próprio (se possível) ou pelo seu cuidador (registo
dos alimentos ingeridos, frequência do seu consumo, etc.)
 Avaliação antropométrica e da composição corporal – baseia-se na estatura, peso, índice de
massa corporal (IMC), perímetros (do braço e da barriga da perna; da cintura – importante
como indicador da gordura visceral), pregas cutâneas, impedância bioeléctrica, dados de re-
ferência e perfis antropométricos (no caso de Portugal, comparação com perfis traçados para
os idosos portugueses)
 Avaliação bioquímica e imunológica – os indicadores bioquímicos são utilizados para aferir o
estado nutricional na prática clínica e na investigação. O nível desses indicadores no orga-
nismo também dá indicações sobre o estado nutricional do indivíduo e da sua capacidade
imunológica. Uma contagem excessivamente baixa de linfócitos, por exemplo, indica mal nu-
trição grave e tem alta correlação com mobilidade e mortalidade.

Para a avaliação destes diferentes níveis existem vários métodos e instrumentos


de avaliação que, separadamente, não permitem uma avaliação global segura, pelo que
diversos autores recomendam o recurso a uma combinação de indicadores. De tudo o
que atrás ficou exposto, podemos concluir que a avaliação nutricional do idoso, sendo
muito importante, é também um processo complexo que terá que ser sempre feito por
alguém habilitado e com experiência destes procedimentos.

7.1 Fatores determinantes do estado nutricional em idosos

Fonte:www.sempretops.com/saude/reeducacao-alimentar-para-idosos/

20
Embora seja geralmente reconhecida a importância da alimentação na saúde de
um indivíduo, é menos conhecido o grande número de fatores que se conjugam para que
essa alimentação seja equilibrada em quantidade e em qualidade, sobretudo nas
pessoas idosas. Fala-se hoje muito de alimentação e nutrição, mas as precauções com
esse
assunto têm-se centrado sobretudo no problema da obesidade, pela dimensão
social que tem vindo a tomar nos países industrializados ou, no extremo oposto, na ano-
rexia.
São raros os programas de divulgação que se dirigem especificamente à nutrição
das pessoas idosas e, no entanto, isso seria de extrema importância para os próprios
idosos e para os seus cuidadores porque, com pequenas alterações nos seus hábitos
alimentares, conseguiriam proporcionar-lhes uma alimentação mais correta.

8 ALTERNATIVAS ALIMENTARES

Durante séculos, a alimentação das populações europeias baseou-se num certo


número de produtos, por vezes bastante restrito, cujo cultivo era condicionado pelas con-
dições climáticas da região mas que satisfazia as necessidades energéticas dessas po-
pulações e do seu modo de vida.
No século XVI, e muito como consequência das navegações portuguesas e espa-
nholas, foram introduzidas na Europa novas espécies, como a batata e o milho, que
rapidamente conheceram um forte consumo, tornando-se a base da alimentação e subs-
tituindo em parte outros produtos, como a castanha. Eram produtos naturais que permi-
tiam uma maior variedade alimentar sem provocar desequilíbrios notórios.

Fonte:dicassobresaude.com/12-dicas-de-alimentacao-saudavel-para-os-idosos/

21
Tudo se modificou, principalmente a partir da segunda metade do século XX. A
facilidade de transporte, que permitiu consumir produtos até então desconhecidos ou
demasiado caros, a substituição de outros até então muito utilizados, como o azeite, por
produtos industriais apoiados por fortíssimas campanhas de marketing, como as marga-
rinas e os óleos industriais (mais baratos), modificaram profundamente os hábitos ali-
mentares tradicionais. Ao mesmo tempo o aparecimento dos mais variados produtos ali-
mentares, enlatados, pré-cozinhados, refeições prontas, das cadeias de “fast food”, etc.,
que em muitos casos vieram dar resposta a um menor tempo disponível para adquirir e
preparar os alimentos, alteraram os hábitos de consumo e os gostos alimentares. Estes
novos hábitos, tornados rotina em muitas famílias, vieram desequilibrar, pelo excesso de
sal, gorduras ou açucares utilizados e a quase ausência do consumo de frutos e legu-
mes, a variedade e quantidade de nutrientes necessários ao nosso organismo e de que
a obesidade e pré-obesidade que se verificam em grande parte da população, mesmo
infantil, são consequência, sendo já consideradas um problema de saúde pública.

8.1 Dieta Mediterrânica

Fonte:emagrecer.eco.br/dieta-e-cardapio/mediterranea/

O conceito de dieta mediterrânica refere-se aos hábitos alimentares tradicionais


nos países da bacia do Mediterrâneo que consistem na variedade e na abundância dali-
mentos de origem vegetal e na moderação de alimentos de origem animal, assim como

22
no consumo de produtos alimentares locais, frescos e sazonais (o que assegura a ne-
cessária variedade). Na confecção dos alimentos, privilegiam-se as sopas, os ensopa-
dos, as caldeiradas, os assados com pouca gordura. A gordura mais utilizada é o azeite
(cuja produção se situa sobretudo na zona mediterrânica).
Embora Portugal não esteja situado mesmo no Mediterrâneo, sofre a sua influên-
cia e a suas culturas são do tipo mediterrânico.
O interesse pela dieta mediterrânica iniciou-se nos Estados Unidos, nos anos 60,
quando o Professor A. Keys, da Universidade de Minnesota notou a baixa incidência de
doenças cardiovasculares e a relativamente elevada esperança de vida nas populações
mediterrânicas, relacionando o consumo de gordura com o aumento do colesterol e o
risco de mortalidade por doença cardiovascular.

8.2 Dieta Vegetariana

Fonte:regimesedietas.com

A dieta vegetariana, que desde sempre foi praticada por alguns grupos (muitas
vezes por razões religiosas) ou individualmente, tem vindo a ganhar adeptos, em parte
por reação aos excessos ou desequilíbrios alimentares das sociedades modernas.
A dieta vegetariana substitui a carne e o peixe por proteínas de origem vegetal. A
soja, por exemplo, é uma boa fonte de proteínas e da maior parte dos aminoácidos es-
senciais. As proteínas de origem animal contêm colesterol e níveis elevados de gorduras

23
saturadas que contribuem para o estreitamento e endurecimento das artérias, com a
agravante de serem ingeridas normalmente em quantidade superior às necessidades do
organismo.
São preferidos os hidratos de carbono integrais porque, em relação aos refinados,
têm mais fibra, mais vitaminas, sais minerais e proteínas.
Só os alimentos de origem animal contêm colesterol, pelo que ele não existe numa
alimentação totalmente vegetariana. Um regime lacto-ovo-vegetariana contém colesterol
numa proporção que depende do número de ovos e produtos lácteos ingeridos.
Como gorduras polinsaturadas, e para substituir o ómega-3 existente no peixe,
podem ser consumidos alimentos que também são ricos em ómega-3, como nozes,
amêndoas, óleo de gérmen de trigo, óleo de soja. As gorduras monoinsaturadas, como
o azeite, são benéficas para o organismo (como foi dito para a dieta mediterrânica). No
entanto, é bom ter em conta que as gorduras, mesmo benéficas, devem ser consumidas
com moderação.

2
9 ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA

2 Texto original extraído no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-


52732000000300002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

24
Fonte:www.luizcouto.com/noticias/3499.html

Em 1989, foi realizada a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), com
o objetivo central de avaliar o estado nutricional da população brasileira mediante a co-
leta de dados antropométricos. Essa pesquisa, de âmbito nacional, revelou que a situa-
ção nutricional de adultos e idosos sofreu grande alteração, nos últimos 15 anos. Estima-
se uma redução de 36% no grupo de baixo peso, com aumento maior dos casos de
sobrepeso e obesidade, tendo reduzido o número de indivíduos antropocentricamente
normais. Essa tendência foi verificada tanto no meio rural quanto no urbano, em todas
as faixas etárias. Portanto, a população adulta e idosa brasileira apresenta alta preva-
lência de baixo peso e também de obesidade.
No que tange a geriatria, no início da década de 90, a frequência do baixo peso
atingia 20,75% dos homens e 17,00% das mulheres. Em números absolutos, o país pos-
suía 1 milhão e 300 mil idosos com baixo peso. Os idosos de baixa renda eram os mais
atingidos, visto que, à medida que aumentava a renda per capita, reduzia o percentual
de baixo peso. O sobrepeso e, principalmente, a obesidade afetava, proporcionalmente,
mais as mulheres do que os homens. Praticamente, metade da população idosa brasi-
leira possuía excesso de peso, em todas as regiões do Brasil (Coitinho et al., 1991).
Estudos realizados em regiões metropolitanas no Brasil têm demonstrado um au-
mento do excesso de peso na população idosa, em ambos os sexos (Chaar, 1996; Frank,
1996; Pereira, 1998).

Fonte:www.revistabrazilcomz.com

25
A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem sendo de-
monstrada por meio de diferentes estudos, em vários países, onde, a desnutrição, o so-
brepeso e a obesidade predominam sobre os indivíduos eutróficos. Esses resultados são
decorrentes das condições peculiares em que os idosos se encontram, seja no ambiente
familiar, vivendo sozinho, ou em residência de Terceira Idade, agravadas pelas condi-
ções socioeconômicas, pelas alterações fisiológicas inerentes à idade e pela progressiva
incapacidade para realizar sozinho as suas atividades cotidianas. Nesse contexto, os
efeitos da alimentação inadequada, tanto por excesso como por déficit de nutrientes, têm
expressiva representação, o que reflete num quadro latente de má nutrição em maior ou
menor grau (Campos,1996).
A situação nutricional da população geriátrica brasileira sinaliza a necessidade de
buscar conhecer e compreender todas as peculiaridades que afetam o consumo alimen-
tar do idoso, levando-se em consideração as características regionais nas quais estão
inseridos.

10 FATORES QUE AFETAM O CONSUMO DE NUTRIENTES NOS IDOSOS

Fonte:debora-enfermagem.blogspot.com.br

Os idosos apresentam condições peculiares que condicionam o seu estado nutri-


cional. Alguns desses condicionantes são devidos às alterações fisiológicas próprias do
envelhecimento, enquanto outros são influenciados pelas enfermidades presentes e por
fatores relacionados com a situação socioeconômica e familiar (Nogués, 1995).

26
10.1 Fatores Socioeconômicos

Entre os fatores mais importantes na gênese da má nutrição do ancião, encon-


tram-se os externos, como os fatores psicossociais, tais como perda do cônjuge, depres-
são, isolamento social, pobreza, integração social, capacidade de deslocamento, capa-
cidade cognitiva e outros associados à própria enfermidade.
Estima-se que mais de 15% dos anciãos têm alimentação diária com menos de
1.000 kcal/dia, aumentando esta porcentagem entre as populações menos favorecidas
economicamente. Grande parte dos idosos consome alimentos de menor custo, em vir-
tude dos insuficientes recursos econômicos provenientes de aposentadorias e, ou, pen-
sões (Nogués, 1995).

Fonte:wwwminhasescolhas.blogspot.com.br

No Brasil, uma das características marcantes da população idosa é o baixo poder


aquisitivo, situação que é agravada em razão da exclusão dos idosos do mercado de
trabalho (Veras, 1994), fato que, certamente, resulta na aquisição de alimentos de custos
mais acessíveis e contribui para a monotonia da alimentação.
Conforme Aranceta-Bartrina (1988), a integração social é outro fator que tem pa-
pel relevante na alteração do consumo alimentar do idoso. A solidão familiar e social
predispõe o idoso à falta de ilusão e preocupação consigo, fazendo com que se alimente
de forma inadequada em quantidade e qualidade. Nesses casos, há tendência ao de-
sestímulo para comprar e preparar alimentos variados e nutritivos (Arhontaki, 1990; Mo-
riguti et al., 1998). Verifica-se, com freqüência, elevado consumo de produtos industria-
lizados, como doces e massas, ou de fácil preparo, como chás e torradas. Essa modifi-

27
cação no comportamento alimentar certamente afeta a adequação de nutrientes ao or-
ganismo dos idosos e coloca-os em risco de má nutrição (Aranceta-Bartrina, 1988;
Arhontaki, 1990; Nogués, 1995).
O estado de ânimo do idoso para ingerir o alimento é, muitas vezes, modificado
por atitudes simples, como posicionar-se confortavelmente à mesa em companhia de
outras pessoas. Os levantamentos que comparam participantes idosos de Programa de
Alimentação com não participantes mostraram que o fornecimento de energia, e a inges-
tão de proteína, vitaminas e minerais pelo primeiro grupo foi aumentado (Podrabsky,
1995). Isso indica que a integração realmente tem conotação social muito importante na
alimentação do idoso e influencia na aceitação ou na recusa do alimento (Nogués, 1995).
De acordo com Morales-Rodriguez et al. (1989), a má nutrição do idoso pode tam-
bém ser decorrente de sua progressiva incapacidade de realizar sozinho as atividades
cotidianas. A coordenação motora, geralmente, é comprometida e tende a piorar com as
doenças neurológicas, o que pode levá-lo a evitar alimentos que possam causar dificul-
dades de manipulação durante a refeição, o que contribui para a inadequação alimentar
(Moriguti et al. , 1998). Nessas circunstâncias, a aquisição de alimentos e a preparação
das refeições podem tornar tarefas muito difíceis (Podrabsky, 1995).

Fonte:www.gazetatoledo.com.br

As questões concernentes à capacidade funcional e à autonomia do idoso podem


ser mais importantes que a própria questão da morbidade, pois se relacionam, direta-
mente, com a qualidade de vida. Os inquéritos domiciliares, realizados em três capitais
do Brasil, demonstraram proporção crescente de indivíduos que necessitam de auxílio

28
para realizar atividades diárias, como transferir-se da cama para o sofá, vestir-se, ali-
mentar-se e cuidar da própria higiene, dependência esta que é intensificada com o
avanço da idade (Chaimowicz, 1998). Outro inquérito domiciliar brasileiro revelou que
pouco mais da metade dos idosos entrevistados podia realizar todas as atividades diárias
sem nenhuma necessidade de ajuda (Ramos et al., 1993). O primeiro estudo epidemio-
lógico longitudinal com idosos residentes na comunidade, no Brasil, revelou que o perfil
da população não diferiu de estudos transversais anteriores, mostrando maioria de mu-
lheres, viúvas, vivendo em domicílios multigeracionais, com alta prevalência de doenças
crônicas, distúrbios psiquiátricos e incapacidade físicas (Ramos et al., 1998). Exata-
mente na velhice, fase da vida em que os indivíduos necessitam de maior apoio familiar
e comunitário, verifica-se que no país está ocorrendo redução desta assistência. A situ-
ação de isolamento vivido pelo idoso brasileiro é ainda potencializada pela sua posição
econômica, que, nos últimos anos, tem contribuído para o aumento da desnutrição (Coi-
tinho et al., 1991).
Na terceira idade, deve-se também estar atento a outros fatores, tais como perda
do cônjuge e depressão, pois ambos levam à perda do apetite ou à recusa do alimento.
Por outro lado, a ansiedade pode desencadear o aumento excessivo de peso.

BIBLIOGRAFIA

Antunes, J. (2012). A Nova Medicina. Fundação Francisco Manuel dos Santos.


Relógio
Braga.
Clara, J.G. (2008). Saber Viver ao Entardecer. Laboratórios Pfizer.
Closas, R.G. (2010). 25 Perguntas frequentes em Nutrição e Função Cogni-
tiva.
Correia, J.F. (2003). Introdução à Gerontologia. Universidade Aberta. ISBN:
972-674-
D`Água Editores.
Ferry, M. & Alix E. (2004). A Nutrição da Pessoa Idosa. Lusociência – Edições
Jornadas de Gerontologia Social. Universidade Católica Portuguesa, Centro Re-
gional de

29
Magaly, R. & Hagen, I. (2008). Ame as suas Rugas. Coisas de Ler Edições, Lda.
ISBN:
Manuel dos Santos. Relógio D`Água Editores.
Marques, S. (2011). Discriminação da Terceira Idade. Fundação Francisco Ma-
nuel dos
Marujo, J. (2012). Envelhecimento e velhice: papel do gerontólogo social”.–
III
Nuland, S.B. (2008). A Arte de Envelhecer. Estrelapolar. ISBN: 978-972-8929-6.
Osório, A.R. & Pinto, F.C. (2007). As Pessoas Idosas. Instituto Piaget. ISBN: 972-
771-
Paúl, C. & Ribeiro, O. (2012). Manual de Gerontologia. LIDEL. ISBN: 978-972-
757-
Permanyer Portugal. ISBN: 978-972-733-262-5.
Rosa, M. (2012). O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Fundação Fran-
cisco
Santos. Relógio D`Água Editores.
Técnicas e Científicas. Revisão Técnica da Tradução: Profª Isabel do Carmo.
ISBN:
Watson, R.R. (2001). Handbook of Nutrition in the Aged. CRC Press. ISBN: 0-
8493-

30
11 LEITURA COMPLEMENTAR

ome do autor: Tatiana Império de Freitas, Marcela Previato, Rita de Cássia


de Aquino e Marcelo de Almeida Buriti
Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/arti-
cle/viewFile/19637/14510
Data de acesso: 26/02/2016

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA DIETA DE IDOSOS NO BRASIL: PRODU-


ÇÃO CIENTÍFICA SOBRE O TEMA

RESUMO
Uma revisão integrativa da literatura sobre a qualidade da dieta de idosos foi rea-
lizada, no presente estudo, com o objetivo de caracterizar as pesquisas correlatas em-
preendidas no Brasil. O levantamento bibliográfico abrangeu publicações nacionais em
nutrição, de 2000 a 2012 na base de dados LILACS e SciELO, sendo identificados 18
artigos científicos. Os resultados apontaram que o Índice de Qualidade da Dieta Revi-
sado (IQD-R) foi o instrumento mais utilizado para a coleta dos dados. Deve-se enfatizar
a importância de novos estudos sobre qualidade da dieta, para contribuir com a identifi-
cação de prioridades nas políticas públicas para a população idosa.

Palavras-chave: Envelhecimento; Consumo Alimentar; Nutrição.

Introdução

Nos últimos anos, o conceito de qualidade de dieta e os fatores dietéticos vêm


sendo associados à redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis (Cervato
& Vieira, 2003).

31
Com isso, surgem os índices dietéticos, instrumentos usados para determinar a
qualidade da dieta por meio de parâmetros como ingestão adequada de nutrientes, nú-
mero de porções consumidas de grupos alimentares e quantidade e variabilidade de ali-
mentos (Patterson et al., 1994).
Esses instrumentos fundamentam-se em conhecimentos sobre os constituintes da
dieta na saúde, e os componentes avaliados são os grupos alimentares, alimentos ou
nutrientes (Trichopoulos & Lagiou, 2001), e geralmente objetivam sintetizar os padrões
alimentares e possíveis relações entre dieta e doenças crônicas (Kant, 2004).
O primeiro Índice Dietético publicado foi o Dietary Quality Index (DQI), baseado
nas recomendações dietéticas americanas para dieta e saúde. O DQI é formado por oito
componentes: frutas, verduras e legumes, cereais, leguminosas e gorduras (total, gor-
dura saturada e colesterol), cálcio, sódio além de proteínas (Patterson et al., 1994).
Com o passar dos anos, o DQI sofreu alterações, originando outros índices, des-
tacando-se o Healthy Eating Index (HEI) desenvolvido pelo United States Department of
Agriculture (USDA), considerado pela American Dietetic Association (ADA) adequado
para medir a qualidade da dieta e também a avaliar os impactos de ações para interven-
ção nutricional da população americana (Kennedy et al., 1995; Hann et al., 2001).
Esse índice é constituído de dez componentes, sendo cinco grupos de alimentos
(cereais, pães, tubérculos e raízes; verduras e legumes; frutas, leite e produtos lácteos;
carnes, ovos e leguminosas), quatro nutrientes (gordura total, gordura saturada, coleste-
rol e sódio) e uma medida de variedade da dieta (Bowman et al., 1998).
Após publicações do Dietary Guidelines for Americans no ano de 2005, o HEI
sofreu modificações nos aspectos qualitativos importantes na qualidade da dieta, como
a inclusão de cereais integrais, de vários tipos de vegetais e o uso de “calorias vazias”
(Gunther et al., 2007).
O uso de índices dietéticos em outros países requer adaptações para a realidade
populacional (Kennedy et al., 1995; USDA, 1995). No primeiro trabalho realizado no Bra-
sil, Fisberg et al. (2006) adaptaram o HEI com a substituição do componente gordura
saturada pelo grupo das leguminosas, por conta do alto consumo de feijões pela popu-
lação, considerando o tamanho das porções dos alimentos para calcular a variedade da
dieta, e a pontuação, distribuída em dez componentes, foi mantida do modelo original.
A avaliação da qualidade da dieta pode ser realizada em qualquer estágio de vida
sendo que a alimentação na terceira idade não vem recebendo a atenção devida. É

32
quase desconhecida a situação alimentar da população idosa, no Brasil, e esse fato
exige pesquisas sobre a atual realidade demográfica (Malta et al., 2013).
Os trabalhos de metaciência são fundamentais para avaliação do avanço cientí-
fico de uma determinada área do conhecimento e também para verificar a necessidade
de outras pesquisas em determinado assunto (Cristofi & Witter, 2007).
A pesquisa de revisão de literatura permite informar ao leitor o estado da arte na
área pesquisada e identificar as relações, contradições e inconsistências na literatura e,
ao mesmo tempo, sugerir soluções para resolução de problemas (Ferreira, 2010). De
acordo com Brasil (2008), a produção científica no Brasil vem tomando outras proporções
na ampliação de sua participação no cenário mundial.
O Brasil, hoje, corresponde a 2,02% da produção científica no mundo com valores
próximos aos países da Holanda, Bélgica e Rússia; no mesmo período o Brasil passou
de 15ª para 13ª posição no ranking de produções científicas em números de artigos pu-
blicados em revistas especializadas (Brasil, 2008).
Assim, tendo em vista a relevância do tema e o nosso interesse em desenvolver
uma revisão integrativa, o presente estudo teve como objetivo geral analisar a produção
científica na base de dados LILACS e SciELO no período de 2000 a 2012, referente à
qualidade da dieta dos idosos no Brasil, que merece ser explorada à altura relativamente
ao segmento idoso para possibilitar as necessárias intervenções futuras.

Método

Para o alcance do objetivo geral, optou-se pelo método da revisão integrativa,


visto que possibilita sumarizar as pesquisas concluídas e avaliar os resultados obtidos.
Uma revisão integrativa realizada com sucesso exige os mesmos padrões de rigor, cla-
reza e replicação utilizada em outros estudos (Beyea, 1998).
Este estudo consiste em uma pesquisa do tipo descritiva de estratégia documental
para produção científica, realizada com artigos científicos sobre qualidade da dieta dos
idosos no Brasil a partir das bases de dados LILACS e SciELO.
Embora os métodos para a condução de revisões integrativas se modifiquem,
existem padrões a serem observados. Na operacionalização desta revisão, utilizamos as
etapas: seleção das temáticas, estabelecimento dos critérios para a seleção da amostra,
análise dos dados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão (Ganong,
1987).

33
O LILACS (Literatura Latino-Americano em Ciências da Saúde) é o mais impor-
tante e abrangente índice de literatura científica da América Latina e Caribe, há 27 anos
contribuindo para o aumento da visibilidade, acesso e qualidade da informação em saúde
na região.
Em relação aos números, o LILACS apresenta-se em 27 países, possuindo 856
periódicos, 639.407 registros, 521.108 artigos, 81.746 monografias, 29.801 teses e
252.543 textos completos. A metodologia é um componente da biblioteca virtual em sa-
úde em contínuo desenvolvimento, constituído de normas, manuais, guias e aplicativos,
destinados à coleta, seleção, descrição, indexação de documentos e geração de bases
de dados. Esta metodologia foi desenvolvida a partir de 1982, e surgiu diante da neces-
sidade de uma metodologia comum para o tratamento descentralizado da literatura cien-
tífico-técnica em saúde produzida na América Latina e Caribe (BVS, 2013).
O modelo SciELO contém três componentes, sendo: Metodologia SciELO, Aplica-
ção à Metodologia SciELO na operação de websites de coleções de revistas eletrônicas
e Desenvolvimento de alianças entres os atores nacionais e internacionais da comuni-
cação científica (autores, editores, instituições científico-tecnológicas, agências de finan-
ciamento, universidades, bibliotecas, centros de informação científica e tecnológica etc.),
componentes estes com o objetivo de acrescentar no desenvolvimento da pesquisa ci-
entífica nacional, aperfeiçoando e ampliando os meios de disseminação, publicação e
avaliação de seus resultados, oferecendo subsídios para avaliação dos periódicos, mo-
nitorando o desempenho destes e produzindo indicadores de sua eficácia (SciELO,
2013).
Para levantamento dos dados no presente estudo, foram utilizados os descritores
“qualidade da dieta” e “idoso” no período de 2000 a 2012, limitado ao idioma português.
Foram incluídos estudos originais, realizados no Brasil e com seres humanos, contendo
textos completos e tema compatível ao pesquisado.
A partir desses critérios, foram identificadas 17 publicações, das quais um artigo
foi selecionado pelo resumo por conter os instrumentos de avaliação de qualidade da
dieta. As demais foram excluídas por não abordar o tema compatível ao pesquisado.
Ampliando-se a busca, e não limitando os estudos quanto à população de idosos, resul-
taram 490 trabalhos.
Posteriormente, procedeu-se à leitura dos resumos, selecionando-se apenas arti-
gos compatíveis ao tema pesquisado, totalizando 29 artigos, tendo sido descartadas dis-
sertações e monografias. Ao final do levantamento, totalizaram-se 18 artigos científicos.

34
Resultados
Quanto à temática, a maior frequência observada nos estudos (Tabela 1) foi a
qualidade da dieta (66,67%), seguida de outros temas (18,52%) como consumo alimen-
tar, reeducação alimentar, comportamento alimentar, padrão alimentar e fatores socioe-
conômicos.
Vale ressaltar que a frequência observada é maior do que o número de estudos
selecionados para as análises, visto que um estudo poderia abordar mais que uma te-
mática.
Aplicando o teste do Qui-quadrado, x 2 0= 7,35 (x2 c = 3,84 p. = 0,05 e n.g.l. = 1),
observou-se que houve diferença estatisticamente quanto às temáticas. Para o tipo de
interconexão das ciências, os estudos apresentaram-se desta forma: 66,66% como mul-
tidisciplinares; e 33,33% como interdisciplinares.
Para a tipologia da pesquisa - a categoria descritiva - incluem-se investigações
que apresentaram informações dos dados coletados por meio de entrevistas, aplicação
de questionários, escalas ou demais recursos, cujo objetivo foi investigar e interpretar a
realidade, entretanto sem nela intervir.
Nos trabalhos teóricos, incluem-se apenas estudos que apresentam revisões nar-
rativas ou sistemáticas que abordam diversos temas.
Verificou-se que as pesquisas descritivas somaram 83,33%, enquanto as pesqui-
sas teóricas representavam 16,67% dos artigos pesquisados. As pesquisas que mais se
destacaram na área da nutrição foram as descritivas.
Quanto ao delineamento dos trabalhos publicados, as pesquisas de levantamento
tiveram a maior frequência (72,22%) e pesquisa correlacional, 27,77%. Aplicando o teste
estatístico do qui-quadrado x 2 0 = 3,56 (x 2 c = 3,84 e n.g.l = 3), não se observou dife-
rença estatisticamente significante.
Outra variável estudada foi o tipo de instrumento utilizado para a coleta de dados
(Tabela 2, a seguir).
Verificou-se que a frequência observada é superior ao número de resumos de
pesquisas que compõe o corpus deste trabalho, tendo em vista que uma mesma pes-
quisa pode utilizar-se de mais de um instrumento para a coleta dos dados.
No total, pode-se observar que os instrumentos mais utilizados para analisar a
qualidade das dietas foram os índices de qualidade da dieta com 28,85% (Índice de Qua-

35
lidade da Dieta Revisado- IQD-R; Índice de Qualidade da dieta- IQD; Healthy Eating In-
dex- HEI; Índice de Alimentação Saudável- IAS; Índice de Alimentação Saudável Alter-
nado- IASA; Índice de Alimentação Saudável Adaptado- IASAd; Índice de Qualidade da
Dieta Infantil Revisado- RC-DQI; “Como está a sua alimentação”?) seguido da avaliação
dietética (28,85%) representados por questionário de frequência alimentar (QFA) e re-
cordatório de 24 horas (R24h).
A avaliação antropométrica (15,38%) foi representada por índice de massa corpo-
ral (IMC); circunferência abdominal (CA) e circunferência cintura-quadril (CCQ).
O questionário sociodemográfico (21,15%) abrange variáveis de idade, gênero,
escolaridade, estado civil, composição familiar e renda mensal familiar. No item “Sem
instrumentos” foram categorizados apenas os artigos científicos de revisão, que são uma
forma de pesquisa utilizando de informações bibliográficas ou eletrônicas para obtenção
de resultados de outros autores e fundamentar teoricamente um determinado objetivo
(Rother, 2007).
Recorrendo-se ao teste Qui-quadrado, obtendo ᵡ 2 0 = 2,83 (ᵡ 2 c = 7,82; p = 0,05
e n.g.l = 3), nota-se que não houve diferença estatisticamente significante quanto aos
instrumentos utilizados para a coleta dos dados.
Os resultados demonstram que as pesquisas quantitativas procuram seguir com
rigor um plano estabelecido, baseado em hipótese e variáveis, que são objeto operacio-
nal.
As pesquisas qualitativas não buscam enumerar ou medir eventos e, geralmente,
não empregam o poder estatístico para a análise dos dados; faz parte obter dados des-
critivos do pesquisador com o objeto de estudo; nessas pesquisas é frequente o pesqui-
sador procurar entender os fenômenos (Neves, 1996).
Mostra-se, então, que a pesquisa qualitativa obteve 33,33% e as pesquisas quan-
titativas 66,67% dos artigos analisados, destacando-se nesse caso as pesquisas quan-
titativas.
Para a qualidade da dieta, as pesquisas quantitativas são importantes para de-
monstrar a realidade da população estudada com possíveis intervenções futuras, dife-
rentemente das pesquisas qualitativas, que utilizam levantamento bibliográfico sobre o
assunto para discutir seus objetivos.
Aplicando-se o teste Qui-quadrado para verificar se existia diferença estatistica-
mente significante entre as análises, obteve-se x 2 0= 2,00 (x2 c = 3,84 p. = 0,05 e n.g.l.

36
= 1), podendo-se afirmar que não se observou diferença estatisticamente significante
entre as categorias dos trabalhos.
Outro aspecto estudado foram as análises estatísticas empregadas nas pesquisas
analisadas, destacando-se as análises inferenciais (79,16%), seguidas de 20,83% das
descritivas.
No que diz respeito às análises estatísticas dos dados, a análise descritiva com-
preende os seguintes testes: mediana, frequência relativa, frequência absoluta e análise
de variância; o teste mais utilizado nos artigos analisados foi à mediana com 40% e os
outros testes apresentaram 20%, respectivamente.
No caso da análise inferencial, está compreende os testes: teste exato de Fisher,
teste de Hausman- Wi, teste de Wald, teste de qui-quadrado de Pearson, regressão li-
near múltipla e simples, variável quantitativa contínua, amplitude inter-quartil, análise bi-
variada, intervalo de confiança, erro-padrão e coeficiente de contingência de correção de
Yates.
Os testes mais utilizados nas pesquisas foram: a regressão linear múltipla com
16,66%, seguido dos testes qui-quadrado de Pearson, erro-padrão, regressão linear sim-
ples e o teste exato de Fisher, representando 11,11% das análises, e com 5,55% foram
os testes de coeficiente de contingência de correção de Yates; intervalo de confiança;
análise bivariada; amplitude inter-quartil; variável quantitativa contínua; regressão logís-
tica multinominal; teste de Wald e o teste de Hasman-Wi.
Para verificar se a diferença era significante, foi calculado o teste Qui-quadrado,
obtendo-se x 2 0= 8,17 (x2 c = 3,84 p. = 0,05 e n.g.l. = 1), observando-se diferença
estatisticamente significante nas análises estatísticas.
Na análise entre os objetivos versus conclusões, observou-se que 83,33% dos
artigos analisados atenderam aos objetivos propostos pelos pesquisadores; em Atende-
ram Parcialmente, ficou com 11,11% e Não Atenderam, 5,55%.
Quanto aos autores (Tabela 3, a seguir), observou-se que os mais referenciados
nos trabalhos de qualidade da dieta, considerando uma relevância de no mínimo 10 re-
ferenciais, apareceu em destaque Fisberg (2004), com 23,15% das pesquisas, a primeira
autora do Brasil em adaptar o índice de qualidade da dieta para a população brasileira.
Kant (2004), com 15,78%, foi o primeiro autor americano a desenvolver o índice
de qualidade da dieta baseado nas recomendações americanas.

37
Para verificar se a diferença era significante, foi calculado o teste Qui-quadrado,
obtendo-se χ²ₒ=7,49 e χ²c=12,59 (n.g.l 6), mostrando-se, assim, que existe diferença es-
tatisticamente significante nos referenciais dos autores para construção do conheci-
mento científico.
Com relação ao ano de publicação, verificou-se que 2008 e 2012 apresentaram
maior produção na área de qualidade da dieta, com três estudos respectivamente.
Observa-se que, nos últimos cinco anos, aumentou a preocupação em investigar
o consumo alimentar populacional brasileiro, para prevenção e tratamento de doenças
na promoção da saúde.
Observou-se variedade na faixa etária desde crianças (2 a 5 anos) até idosos (60
anos ou mais).
A partir do pressuposto do presente trabalho, verificou-se que 33,33% (n=6) ava-
liaram 60 anos ou mais como a principal população de seus estudos.
Dentre os artigos analisados, 40% dos estudos utilizaram o Índice de Qualidade
da Dieta Revisado (IQD-R) para avaliar a qualidade da dieta; e 33,33% o Índice de Ali-
mentação Saudável (IAS); seguido dos instrumentos Índice de Alimentação Saudável
Alternativo (IASA); Revised Children’s Diet Quality Index (RC-DQI); Índice de Alimenta-
ção do Escolar (ALES); e “Como está a sua alimentação”? com uma frequência cada.

Discussão

Atualmente, estudos que avaliem a qualidade da dieta de uma população ou indi-


víduos, principalmente na faixa etária de 60 anos ou mais, são escassos em nosso meio,
sendo isso de suma importância na investigação dos hábitos alimentares.
Estas informações podem servir de subsídios para o desenvolvimento ou aprimo-
ramento de políticas públicas e programas de reeducação alimentar, contribuindo nas
mudanças do comportamento alimentar e estilo de vida, visando à promoção de saúde
e qualidade de vida e, consequentemente, à prevenção e ao tratamento das doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT’s) na idade adulta.
A temática da pesquisa é um aspecto importante para o pesquisador detectar no-
vos temas e hipóteses (Ferreira, 2010).
No presente trabalho, a temática apresentada com maior frequência foi exclusi-
vamente qualidade da dieta, variável estudada para apresentar o atual hábito alimentar
de uma população ou indivíduos.

38
Os resultados aqui apresentados vão ao encontro de Monteiro et al. (2012), que,
utilizando os descritores “Políticas Públicas”, observaram que apenas 2,3% dos artigos
abordavam a temática selecionada no período determinado de 2001 a 2010, nos perió-
dicos que veiculam a produção científica das Ciências Humanas e Sociais.
Na interconexão das ciências dos estudos analisados, verificaram-se, no campo
da nutrição, pesquisas multidisciplinares.
Resultados que podem significar um aumento no interesse por parte de diversos
profissionais da área em gerar novos conhecimentos e ao mesmo tempo contribuir para
a melhoria da saúde da população. Estudos realizados por Silveira e Faro (2008) reve-
laram que a abordagem multidisciplinar na reabilitação pode contribuir para a qualidade
de vida e para a diminuição das doenças crônicas e orgânicas, beneficiando idosos, fa-
miliares e sociedade.
A pesquisa científica e a interconexão das ciências conjuntamente com seus pes-
quisadores buscam o avanço científico para aumentar a produção do campo do conhe-
cimento humano e, assim, apresentar interações positivas de todos os setores da socie-
dade. Estudos na área da nutrição precisam ganhar novos espaços para poder repre-
sentar a ciência na busca de seus resultados.
Na metanálise de Chaves et al. (2007), sobre o periódico de psicologia escolar e
educacional nos anos de 2002-2003, com o objetivo de analisar a produção científica na
área, observou-se que 41,9% das pesquisas publicadas foram descritivas.
Na área da saúde, utilizando os descritores políticas públicas de saúde; idosos e
enfermagem, Camacho e Coelho (2010) encontraram um total de 70% dos estudos vol-
tados para as pesquisas descritivas. O delineamento empregado na área foi de mero
levantamento.
O trabalho de Ferrara e Witter (2007) é um exemplo de pesquisa com delinea-
mento de levantamento, que teve por objetivo levantar e analisar a produção científica
sobre a formação e atuação do psicólogo no periódico “Psicologia, Ciência e Profissão”,
no período entre 2000 a 2004. Estudos de Luiz, Buriti e Witter (2007), sobre a produção
científica em Psicologia, nos anais dos congressos de iniciação científica de uma univer-
sidade privada do alto do Tietê, nos períodos de 1998-2006, resultaram em 94,9% das
pesquisas analisadas com delineamento de levantamento.
O presente estudo encontrou pesquisas do tipo descritivas com delineamento de
levantamento; esses resultados apresentam a Ciência da Nutrição em estágio inicial na

39
busca do conhecimento e colocando desfechos para possíveis investigações experimen-
tais; assim, a maioria de seus estudos demonstra geralmente as condições de grandes
populações identificando, interpretando as variáveis que constituem a realidade para o
avanço científico, sem nela interferir e após buscar subsídios para conseguir interven-
ções futuras necessárias para o público em questão.
Para o trabalho de coleta dos dados, utilizou-se com maior frequência o Índice de
Qualidade da Dieta (IQD), instrumento específico e qualificado na área para avaliar a
dieta de indivíduos ou população; portanto, a utilização deste instrumento demonstra
mais fidedignidade nos métodos para alcançar os resultados propostos. No estudo sobre
a revisão dos índices e instrumentos dietéticos para determinação da qualidade de die-
tas, Volp (2011) encontrou que a determinação dos padrões alimentares por meio dos
índices é um processo relativamente fácil e, para apresentar confiabilidade nos resulta-
dos, é necessário conhecer o viés de cada índice ou instrumento.
Os instrumentos específicos utilizados na área da nutrição para a coleta dos da-
dos permitem acessar os padrões alimentares em relação aos fatores associados, de-
monstrando ferramentas disponíveis para investigar e identificar possíveis característi-
cas aumentando a eficácia da avaliação dietética.
Vale ressaltar que é necessário o desenvolvimento de índices dietéticos mais re-
centes para a realidade da população brasileira, levando em consideração o novo perfil
do consumo, alimentar e epidemiológico, e principalmente recomendações atuais para
uma alimentação saudável.
No estudo de Vasconcelos (1999), sobre revisão de artigos originais publicados
pelo arquivo brasileiro de nutrição no período de 1944 a 1968, observou-se que 36% das
pesquisas apresentaram importantes esforços para construir e aperfeiçoar os instrumen-
tos metodológicos específicos para verificar as condições nutricionais da população bra-
sileira e consolidar o campo da nutrição no Brasil.
Em relação à análise dos dados, as pesquisas quantitativas destacaram-se no
campo da nutrição. Um estudo da área em questão teve por objetivo avaliar a produção
científica no âmbito da atenção primária a saúde no Brasil no período de 2011. Foram
identificados 117 artigos; destes, 104 utilizaram o método de análise quantitativa (Ca-
nella, Silva & Jaime, 2013).
Observou-se que a Ciência da Nutrição utiliza em sua maioria pesquisas que apre-
sentam análises para verificar possíveis relações entre as variáveis estudadas, sendo

40
um importante método que evidencia o esforço dos pesquisadores para um avanço ci-
entífico e tecnológico nas diversas áreas do saber. No campo da nutrição, pesquisas
qualitativas também merecem mais destaque, pois com elas descrevemos as variáveis,
que mais tarde podem ser possíveis de análises.
Nas análises estatísticas, verificou-se predomínio das análises inferenciais, sendo
o conjunto de técnicas utilizadas para identificar relação entre as variáveis que represen-
tam ou não relação de causa e efeito. Dentre as análises inferenciais, destacou-se o
teste de regressão linear múltipla, técnicas estatísticas para construir modelos que des-
crevem, de maneira razoável, relações entre as várias variáveis de um determinado pro-
cesso.
O crescente uso da estatística na pesquisa científica por meio da interpretação
dos resultados vem ao encontro de realizar análises e avaliações objetivas. Essa área
torna-se responsável pelo desenvolvimento no campo científico de modo geral (Ignácio,
2010). Assim, o mais importante é melhorar de forma eficaz e eficiente o avanço científico
nas variadas áreas do saber para a produtividade e o nível de confiança das informações
divulgadas nos diferentes ramos do conhecimento.
Em relação aos objetivos versus conclusões, pesquisadores preocupam-se em
atendê-los; observou-se, na atual pesquisa, que grande parte dos estudos atenderam ao
proposto, mas uma parcela de 11%, quer dizer, duas pesquisas para 18 artigos analisa-
dos não atenderam seus objetivos, um número preocupante para os leitores que possi-
velmente possam deixar de entender o que foi proposto pelo pesquisador em seu estudo.
Os pesquisadores buscam responder a seus objetivos e atender a eles e seus
estudos se tornam mais fidedignos e positivos para o aumento do conhecimento cientí-
fico de seus leitores. Os mesmos poderão compreender todo o recurso metodológico
empregado para, assim, não apresentar falsas interpretações dos resultados encontra-
dos nas pesquisas. É importante que os pesquisadores busquem aprimorar seus conhe-
cimentos na área específica para desenvolver estudos com resultados que apresentam
informações relevantes e necessárias para colaborar com o avanço da atual ciência.
Para conhecer um determinado assunto, deve-se informar sobre os autores refe-
rência na área, permitindo, assim, um conhecimento adequado a ser estudado. Na área
estudada, há destaque para Fisberg et al. (2004) e Kant (2004), contribuindo para o au-
mento ou construção do conhecimento científico na área da avaliação dietética principal-
mente a qualidade da dieta.

41
Segundo Leite (2008), o papel fundamental da produção do conhecimento é servir
de referências para praticantes e estudiosos; assim, a publicação nos periódicos e anais
de congresso da área constitui o caminho da pesquisa científica da área. Em sua pes-
quisa empírico-analítica com o objetivo de analisar anais de congresso e periódicos na
área de contabilidade no Brasil, o autor demonstra que os autores mais prolíficos com
frequência de 10 trabalhos ou mais, corresponderam a 26,3% do total da produção cien-
tífica na área, indo ao encontro do presente estudo que encontrou 39% dos autores re-
ferência contribuindo para a produção do conhecimento na área da avaliação dietética.
Autores-referência na área contribuem imensamente para o aumento do conheci-
mento científico dos atuais pesquisadores, uma contextualização mais adequada e es-
pecífica para o aperfeiçoamento e construção do saber científico na área desejada. Con-
tudo, os autores devem estar atualizados no conhecimento específico da área de atua-
ção para contribuir no avanço da ciência em seus diferentes setores.
Os trabalhos sobre qualidade da dieta em idosos são poucos estudados até o
momento, sendo essencial para o direcionamento de políticas públicas voltadas para
alimentação e nutrição nessa faixa etária, os mesmos merecem uma atenção especial
por parte de todos os profissionais da área para conseguir um envelhecimento saudável
e com qualidade de vida. A realidade epidemiológica brasileira demonstra mudanças
necessárias e novos modelos de atenção à saúde do idoso com propostas de ações
diferentes para o sistema de saúde (Camacho & Coelho, 2010).
Conclusão

A partir desta pesquisa, pode-se concluir que os estudos analisados sobre a qua-
lidade da dieta em idosos, abordam exclusivamente a temática em questão. Os trabalhos
foram principalmente descritivos com o delineamento de levantamento, destacando as
pesquisas quantitativas com ênfase na multidisciplinaridade. Os instrumentos mais utili-
zados foram específicos e qualificados para obter dados qualitativos da dieta do público-
alvo. Observou-se também que os trabalhos quantitativos empregaram as análises infe-
renciais, mais especificamente o teste de regressão linear múltipla. Existe a preocupação
dos pesquisadores em corresponder aos objetivos propostos. Os autores-referência no
assunto mostram-se ativos para a construção do conhecimento científico na área pes-
quisada.

42
Deve-se enfatizar a importância de novos estudos sobre a qualidade da dieta com
a população idosa para aprimorar e desenvolver políticas públicas voltadas à alimenta-
ção e nutrição e, dessa forma, contribuir nas mudanças do comportamento alimentar e
do estilo de vida, visando à promoção da saúde, qualidade de vida e, consequentemente,
a prevenção e o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na idade
adulta.

BIBLIOGRAFIA

Almeida, I.A., Rodrigues, L.O., Buriti, M.A., Witter, G.P. (2007). Meta-análise da
Produção Científica sobre Psicologia do Idoso no LILACS (1991-2003). In: Buriti,
M.A., Witter, C. & Witter, G.P. (Orgs.). Produção Científica e Psicologia Educacional. São
Paulo (SP): Anadarco.
Beyea, S.C. & Nicoll, E.L.H. (s/d.). Writing na integrative review. Aorn J, 67(4),
877- 80.BIREME, OPAS, OMS. (2013). Centro Latino-Americano e do Caribe de In-
formação em Ciências da Saúde. O LILACS em números. Brasil. Recuperado em 30
maio, 2013, de: http://lilacs.bvsalud.org/.
BIREME, OPAS, OMS. (2013). Scientific Eletronic Library Online. Sobre o Sci-
ELO. Recuperado em 01 setembro, 2013, de: http://www.scielo.org/php/le-
vel.php?lang=pt&component=56.
Bowman, A.S., Lino, M., Gerrior, A.S. & Basisotis, P.P. (1998). The healthy eating
index: 1994-1996. Washington (DC): US Department of Agriculture. (Publication n.o
CNPP-5. Recuperado em 02, setembro, 2013, de: http://www.scielo.br/sci-
elo.php?script=sci_nlinks&ref=000107&pid=S1415-
5273200800050000700011&lng=em.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Cresce a produção científica no Bra-
sil. (2008). Brasília (DF). Recuperado em 30 maio, 2013, de: http://portal.mec.gov.br/in-
dex.php?option=com_content&task=view&id=10838.
Camacho, A.C.L.F. & Coelho, M.J. (2010). Políticas públicas para a saúde do
idoso: revisão sistemática. Brasília (DF): Rev Bras de Enferm, 63(2), 279-284
Canella, D.S., Silva, A.C.F. & Jaime, P.C. (2013). Produção Científica sobre nu-
trição no âmbito da Atenção Primária à Saúde no Brasil: uma revisão da literatura.
Rio de Janeiro (RJ): Ciência & Saúde Coletiva, 18(2), 297-308.

43
Cervato, A.M. & Vieira, V.L. (2003). Índices dietéticos na avaliação da quali-
dade global da dieta. Campinas (SP): Rev. Nutr., 18(3), 347-355.
Chaves, P.B., Gerade, N.L., Anjos, C., Buriti, M.A. & Witter, G.P. (2007). Análise
da Produção Científica do Periódico Psicologia Escolar e Educacional. In: Buriti,
M.A., Witter, C. & Witter, G.P. (Orgs.). Produção Científica e Psicologia Educacional. São
Paulo (SP): Anadarco.
Christofi, A.A.S.N. & Witter, C. (2007). Memória e Produção Científica: análise
da base de dados da Capes. In: Buriti, M.A., Witter, C. & Witter, G.P. (Orgs.). Produção
Científica e Psicologia Educacional. São Paulo (SP): Anadarco.
Ferrara, J.N. & Witter, C. (2007). Formação e atuação: Produção Científica na
revista Psicologia Ciência e Profissão (2000-2004). In: Buriti, M.A., Witter, C. & Witter,
G.P. (Orgs.). Produção Científica e Psicologia Educacional. São Paulo (SP): Ana-
darco.
Ferreira, A.A. (2010). Produção Científica sobre idoso na PsycINFO (2003). In:
Witter, G.P. (Org). Envelhecimento, referenciais teóricos e pesquisas. São Paulo
(SP): Alínea.
Fisberg, R.M., Slater, B., Barros, R.R., Lima, F.D., Cesar, C.L.G., Carandina, L.,
Barros, M.B.A. & Goldbaum, M. (2004). Índice de qualidade da dieta: avaliação da
adaptação e aplicabilidade. Campinas (SP): Rev Nutr, 17(3), 301-308.
Fisberg, R.M., Morimoto, J.M., Slater, B., Barros, M.A., Carandina, L., Goldbaum,
M., Latorre, M.R.D.O. & César, C.L.G. (2006). Dietary Quality and Associated Factors
among Adults in State of São Paulo, Brazil. J Am Diet Assoc, 106, 2067-2072.
Ganong, L.H. (s/d.). Integrative review of nursing research. Res Nur Health,
10(1), 01- 11.

ARTIGO PARA REFLEXÃO

Nome do autor: Beatriz Coelho Lima, Mariana Veloso Moreira, Aline Apare-
cida Neiva dos Reis e Valdirene da Silva Elias Esper
Disponível em: http://www.atenas.edu.br/faculdade/arquivos/NucleoInicia-
caoCiencia/REVISTAS/REVIST2013/n2/1%20ORIENTA%C3%87%C3%83O%20NU-
TRICIONAL%20PARA%20IDOSOS%20COM%20HIPERTENS%C3%83O.pdf
Data de acesso: 26/01/2017

44
ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL PARA IDOSOS COM HIPERTENSÃO
RESUMO
O presente estudo teve seu objetivo traçar, fatores de risco, hábitos alimentares e
frequência alimentar dos pacientes idosos hipertensos, bem como sua relação com a
hipertensão arterial sendo que na dietoterapia para hipertensos tem o objetivo de ofere-
cer uma dieta que reduza os níveis pressóricos, que elimine ou minimize a quantidade
de medicamentos, que possa controlar o peso do paciente, evitando a obesidade aju-
dando a melhorar suas condições de vida aliado a prática regular de atividade física. A
dieta de um indivíduo hipertenso deve ser pobre em sal, porém rica em cálcio, magnésio
e potássio. A quantidade de sal deve ser de uma ingestão diária de 6 gramas, o mesmo
que 4 colheres de café rasas para que sejam preparadas as refeições.

Palavras-Chave: Hipertensão, idoso, dietoterapia, atividade física.

INTRODUÇÃO

A nutrição e a alimentação são pouco exploradas na terceira idade, não tendo a


atenção necessária, com o aumento de pessoas acima dos 60 anos de idade, com isso
aumenta-se a necessidade de que seja investigado o perfil nutricional e o estado de
saúde para que as propostas de educação continuem ter adesão e impacto na qualidade
de vida desses indivíduos. O processo de envelhecimento da população aumenta cada
vez mais a necessidade de fatores que incidem sobre a prevalência de doenças crônicas
não transmissíveis associadas à idade, ainda como os fundamentos da nutrição na pro-
moção e manutenção da independência e autonomia dos idosos. Com a chegada da
idade ocorrem alterações em grande parte do corpo trazendo mudanças funcionais ao
organismo do idoso. Dentre elas a redução de massa magra, aumento do tecido adiposo
corpóreo e a menor eficiência de bombeamento do coração, podendo haver diminuição
do fluxo sanguíneo (BUENO, 2008).
A hipertensão arterial sistólica tem o domínio de 60% a 80% no idoso o que
já tem sido considerado um problema comum. Apesar de ser constante a hipertensão
nessa faixa etária ainda não consegue ser controlada. Com a chegada do processo do
envelhecimento fisiológico, os grandes vasos e arteríolas expandindo a espessura da
parede com diminuição de luz, pois há expansão do componente colágeno e diminuição

45
do componente elástico. Essa perda de flexibilidade das artérias abaixa sua capacitância
com expansão da velocidade da onda de pulso. A parede dos vasos quando rígidas
tende a elevar a pressão sistólica e o aumento da velocidade da onda de pulso mantém
a pressão arterial diastólica (GAZONI, 2009).
Acredita-se que até o ano de 2020 as doenças crônicas não transmissíveis
serão a principal causa de incapacidades, e entre a mais comum doença é a hipertensão
arterial (HA), por ser uma eminencia com muitos fatores e depender da participação e
colaboração ativa do indivíduo hipertenso para seu controle, assume-se a um grande
desafio aos profissionais da saúde. A HA é considerada um dos mais importantes fatores
de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), explicando assim
40% das mortes por acidente vascular encefálico (AVE) e 25% de mortes por doença
arterial coronariana no país. É de grande importância que se reflita a gravidade das con-
sequências desses eventos. São dados como este que por si só justificam a importância
dos profissionais da saúde para que estimulem e orientem constantemente o portador
de hipertensão a modificar hábitos nocivos a sua saúde, auxiliando-o a controlar seus
níveis pressóricos (OLIVEIRA, 2010).
METODOLOGIA

A pesquisa a ser desenvolvida, quanto à tipologia, será de revisão bibliográfica


descritiva exploratória. Este tipo de estudo, segundo Gil (2010), é “desenvolvida com
base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.
O referencial teórico será retirado de artigos científicos depositados nas bases de
dados Scielo, Google Acadêmico e Bireme, e também em livros de graduação relacio-
nados ao tema, do acervo da biblioteca da faculdade Atenas.

DESENVOLVIMENTO

A hipertensão sendo uma síndrome de origem multifatorial engloba uma alimen-


tação rica em gorduras e sódio, etilismo, ausência de exercício físico regular, tabagismo
e alterações psicoemocionais, são fortes contribuintes para que ocorra a elevação da
pressão arterial. Nos dias atuais a hipertensão é definida de acordo com valores pressó-
ricos, analisando que quando níveis iguais ou superiores a 140/90 mmHg. Ao contrário

46
do que muitas pessoas dizem não é comum que haja aumento da pressão com a che-
gada da idade, prevenir seu aumento é a maneira mais eficiente para o combate da HA,
evitando desta maneira dificuldades e alto custo com o tratamento (LOPES, 2006).
A dieta de um hipertenso deve ser pobre em sal, porém rica em cálcio, magnésio
e potássio. A quantidade de sal deve ser de uma ingestão diária de 6 gramas, o mesmo
que 4 colheres de café rasas para que sejam preparadas as refeições, é necessário que
seja evitado alimentos como: enlatados, frios, conservas, molhos prontos, embutidos,
salgados, queijos amarelos etc. É permitido o consumo de ervas, pimenta, limão, vina-
gre, azeite de oliva, sendo que estes não influenciam a pressão arterial (LOPES, 2006).
A hipertensão é uma doença que é possível fazer o controle com o uso de medi-
camentos contínuos, sendo necessária uma mudança no estilo de vida, como uma prá-
tica regular de atividade física, procurando uma alimentação saudável e deixando escla-
recido aos seus portadores a necessidade do controle por toda a vida, é necessário um
rigoroso esquema para que haja cuidado e controle permanentes em função de possíveis
sequelas, sendo que pode ser incapacidade funcional, o que deixa em evidência o papel
da família ou cuidador ás suas responsabilidades na condução do cuidado doméstico
(CONTIERO, 2009).
No envelhecimento há uma maior prevalência do consumo de fármacos e enfer-
midades crônico degenerativas, considerando que aumentam a incidência de muitos pro-
blemas em relação ao consumo de medicamentos, levando em consideração que dessa
forma a população se torna mais vulnerável a muitos problemas de saúde e aumentando
o custo do sistema de atenção sanitária, com referência ao uso de medicamentos eles
estão em primeiro lugar em causadores de intoxicações (LYRA JUNIOR, 2006).
Como uma forma de tratamento muitos idosos têm como costume fazer o uso de
plantas medicinais o que corresponde há uma das mais antigas “armas” utilizadas pelo
homem no tratamento de diversas enfermidades, porém o uso indiscriminado destas
plantas e seus derivados podem trazer sérios danos à saúde devido à presença de prin-
cípios tóxicos. As plantas quando usadas na forma correta tem a capacidade de prevenir
e ou reduzir a pressão, levando em consideração que não é qualquer tipo de planta que
contém o princípio ativo que atua nessa função (OLIVEIRA, 2007).
Mudança no estilo de vida é algo primordial para que seja possível obter o controle
da pressão independente dos níveis pressóricos, essas mudanças podem prevenir ou
retardar a instalação da doença. Algumas das modificações com maior impacto são as

47
práticas de atividade física com mudanças de hábitos nutricionais, não esquecer a redu-
ção de ingestão de sódio e o controle de peso. Quando se deparam com pessoas se-
dentárias estas têm uma maior probabilidade de desenvolver a doença quando são com-
paradas com pessoas ativas fisicamente. Há uma falta de valorização no combate ao
sedentarismo do idoso, sendo que é possível diminuir doenças coronarianas, com fator
de risco comparável a hipertensão (GRAVINA, 2007).
Há estudos realizados em que foram feitas comparações em diferentes grupos de
idosos praticantes de atividade física, com intensidade leve e moderada que foram pres-
critas após exames e avaliação clínica, respeitando condicionamento e limitações de
cada indivíduo. Com relação há segurança da prática de atividade não foram observadas
ocorrência de reações adversas. Há relatos que no Brasil existe um percentual maior de
mulheres hipertensas em relação aos homens, considerando que houve resultados com
á prática regular de atividade que no estudo foram seis meses, mas se deve ressaltar
que com uma alimentação equilibrada os resultados seriam mais satisfatórios (BAR-
ROSO, 2008).
A nutrição tem como objetivo oferecer uma dietoterapia para pacientes hiperten-
sos aos quais reduzam os níveis pressóricos, que sejam capazes de minimizar ou elimi-
nar a quantidade de medicamentos, que seja feito o controle de peso do paciente evi-
tando que este se torne obeso e ajudando na qualidade de vida. Devem ser feitos traba-
lhos sociais que sejam capazes de incluir essa população, em sua grande maioria anal-
fabeta ou não conseguiram terminar o ensino fundamental e com uma renda considerada
baixa que seria de um salário mínimo para o sustento de três a quatro pessoas por mês,
já em grupos sociais com um maior poder econômico são baixíssimos os níveis de pes-
soas com hipertensão. Sabe-se também que não é preciso uma renda alta para que se
consiga fazer uma refeição saborosa e de qualidade, precisam aprimorar a criatividade
sem aumentar os custos, conseguindo desta forma aumentar a qualidade de vida
(COCA, 2010).
Na alimentação brasileira houve uma crescente mudança com o passar dos anos,
caracterizada por calorias de densidade elevada, com alto teor de gorduras, sal, açúcar,
que quando aliada ao sedentarismo contribui para o desenvolvimento de doenças crôni-
cas, sabe-se também que a grande maioria de idosos que recebem orientações quanto
a ingestão de água, frutas, verduras, horários das refeições porém não seguem as ori-
entações conformes descritas para cada paciente (WHITE, 2014).

48
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apresentado teve a abordagem de um tema importante nos dias atuais


ao qual há um grande volume da população hipertensa idosa no mundo, tornando-se
validado com todas as pesquisas que foram realizadas foi possível constatar que a ali-
mentação regular consegue manter níveis pressóricos normais e quando aliados a pra-
tica de atividade física regular os resultados são mais satisfatórios.
Com a alimentação regular e balanceada o indivíduo aumenta possibilidades de
ter uma expectativa de vida maior, seguindo todas orientações a melhora será gratifi-
cante.
BIBLIOGRAFIA
BARROSO, Weimar Kunz Sebba. et al. Influência da atividade física programada
na pressão arterial de Idosos hipertensos sob tratamento não-farmacológico. Rev Assoc
Med Bras. Goiânia: v.54, n.4, p.328-33, 2008.
BUENO, Julia Macedo. et al. Avaliação Nutricional e prevalência de doenças crô-
nicas não transmissíveis em idosos pertencentes a um programa assistência., Ciência e
Saúde Coletiva. Viçosa: v. 13, n. 4, p. 1237- 1246, 2008.
COCA, Alyne Lôdo. et al. Consumo alimentar e sua influência no controle da hi-
pertensão arterial de adultos e idosos de ambos os sexos em uma unidade básica de
saúde em Dourados – MS. RBCEH. Passo Fundo: v. 7, n. 2, p. 244-257, maio/ago. 2010.
CONTIERO, Ana Paula. et al. Idoso com hipertensão arterial: dificuldades de
acompanhamento na Estratégia Saúde da Família. Revista Gaúcha Enfermagem Porto
Alegre: v. 30, n.1, p. 62-70, mar. 2009.
GAZONI, Fernanda Martins. et al. Hipertensão sistólica no idoso. Revista Brasi-
leira Hipertensão v.16, n. 1, p. 34-37, 2009.
GRAVINA, Claudia F.; GRESPAN, Stela Maris; BORGES, Jairo L. Tratamento
não-medicamentoso da hipertensão no idoso. Rev. Bras. Hipertens. São Paulo: v. 14, n.
1, p. 33-36, 2007.
LOPES, Louisy Oliveira; MORAES, Elzira Diniz de. Tratamento não medicamen-
toso para hipertensão arterial. Rev. Eletrônica. Londrina: v. 1, n.1, nov. 2006.
LYRA JUNIOR, Divaldo Pereira de. et al. A farmacoterapia no idoso: revisão sobre
a abordagem Multiprofissional no controle da hipertensão arterial sistêmica. Rev Latino-
am Enfermagem; v. 14, n. 3 p. 435-41, maio/jun. 2006.

49
OLIVEIRA, Célida Juliana de; ARAÙJO, Thelma Leite de. Plantas Medicinais: uso
e crenças de idosos portadores de hipertensão arterial. Rev. Eletrônica de Enfermagem
; v. 9, n. 1, p. 93-105, 2007.
OLVEIRA, Célida Juliana de; MOREIRA, Thereza Maria Magalhães. Caracteriza-
ção do tratamento não-farmacológico de idosos portadores de hipertensão arterial. Rev.
Rene. Fortaleza: v. 11, n. 1, p.76-85, jan/mar, 2010.
WHITE, Harriet Jane; LEÓN, Leticia Marín. Orientações nutricionais em serviços
de saúde: a percepção de idosos portadores de hipertensão e diabetes. Demetra: v. 9,
n. 4, p. 867-880, 2014.

50

Вам также может понравиться